CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica -...

145
CURSO DE ELETROMECÂNICA DISCIPLINA DE GESTÃO INDUSTRIAL

Transcript of CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica -...

Page 1: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

CURSO DE

ELETROMECÂNICA DISCIPLINA DE GESTÃO INDUSTRIAL

Page 2: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

2

CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO EM ELETROMECÂNICA DISCIPLINA DE GESTÃO INDUSTRIAL

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL RIO GRANDENSE – Campus Pelotas

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.

Page 3: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

3

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, bem como a produção de apostilas, sem autorização prévia, por escrito, do IFSUL RIO GRANDENSE.

MORAES, Amilton Cravo Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial

Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009

p. 145

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL RIO GRANDENSE – Campus Pelotas

Praça XX de Setembro, 455 - Centro

CEP: 96020-170 – Pelotas – RS - Brasil

Page 4: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

4

Capítulo I Conceitos fundamentais da qualidade ..................................................... 14

1.1 Conceituando qualidade ........................................................................... 16

1.2 Enfoques para definição da qualidade...................................................... 17

1.2.1 Abordagem Transcendental...................................................................... 18

1.2.2 Abordagem Baseada no Produto.............................................................. 18

1.2.3 Abordagem Baseada no Usuário.............................................................. 18

1.2.4 Abordagem Baseada na Fabricação......................................................... 19

1.2.5 Abordagem Baseada no Valor.................................................................. 19

1.3 Eras da qualidade..................................................................................... 19

1.3.1 Era da Inspeção – Foco no produto.......................................................... 20

1.3.2 Era do controle estatístico da qualidade................................................... 22

1.3.3 Era da Garantia da qualidade................................................................... 24

1.3.4 Era da gestão da qualidade...................................................................... 25

1.3.4.1 Toyotismo (produção enxuta).................................................................... 26

1.4 Principais Gurus da Qualidade.................................................................. 27

1.4.1 Walter A. Shewhart.................................................................................... 27

1.4.2 William Edwards Deming........................................................................... 28

1.4.3 Joseph Moses Juran................................................................................. 32

1.4.4 Armand Vallin Feigenbaum....................................................................... 34

1.4.5 Philip B. Crosby......................................................................................... 34

1.4.6 Kaoru Ishikawa.......................................................................................... 35

1.5 O fator humano na qualidade.................................................................... 35

1.5.1 Frederick Winslow Taylor.......................................................................... 35

1.5.2 Abraham Maslow....................................................................................... 36

1.5.3 Douglas McGregor.................................................................................... 37

1.5.4 FrederickHerzberg..................................................................................... 38

1.6 As dimensões da qualidade total.............................................................. 39

1.7 Explorando outros conceitos..................................................................... 42

1.7.1 Produtividade............................................................................................ 42

1.7.2 Competitividade......................................................................................... 43

1.7.3 Cliente....................................................................................................... 43

1.7.3.1 Cliente externo.......................................................................................... 44

1.7.3.2 Cliente interno........................................................................................... 44

1.7.4 Organização.............................................................................................. 44

1.7.5 Processo.................................................................................................... 44

1.7.5.1 Problemas nos processos......................................................................... 45

1.7.6 O Serviço também é um produto............................................................... 47

1.8 Custos da qualidade.................................................................................. 47

ÍNDICE

Page 5: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

5

1.8.1 Custo da avaliação.................................................................................... 48

1.8.2 .Custo da prevenção................................................................................. 48

1.8.3 Custo das falhas internas.......................................................................... 48

1.8.4 Custo das falhas externas......................................................................... 49

1.8.5 Principais problemas relacionados à qualidade........................................ 49

1.8.6 A importância da satisfação do cliente...................................................... 49

1.9 Uma empresa de qualidade...................................................................... 50

1.10 Medições de desempenho........................................................................ 51

1.10.1 Benchmarck e benchmarking.................................................................... 51

Medindo a qualidade e a produtividade.................................................... 52

1.11 A gestão da qualidade............................................................................... 58

1.11.1 Normalização técnica................................................................................ 58

1.11.2 Modelo para Gestão da Qualidade........................................................... 59

Capítulo 2 Ferramentas Gráficas Aplicadas à Qualidade........................................... 60

2.1 As sete ferramentas básicas..................................................................... 61

2.1.1 Lista de verificação.................................................................................... 61

2.1.1.1 Lista de verificação para distribuição do processo de produção............... 62

2.1.1.2 Lista de verificação para item defeituoso.................................................. 63

2.1.1.3 Folha de verificação de localização de dados........................................... 64

2.1.2 Diagrama de Pareto.................................................................................. 64

2.1.3 Estratificação............................................................................................. 67

2.1.4 Fluxograma de Processo........................................................................... 68

2.1.5 Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama de Ishikawa............................ 72

2.1.5.1 Brainstorming............................................................................................. 74

2.1.6 Histograma de Processo........................................................................... 76

2.1.7 Diagrama de dispersão ou análise de correlação..................................... 81

2.2 As sete ferramentas gerenciais................................................................. 83

2.2.1 Diagrama de relações............................................................................... 83

2.2.2 Diagrama de afinidade (ou método KJ)..................................................... 86

2.2.3 Diagrama sistemático (ou tipo árvore)....................................................... 86

2.2.4 Diagrama matricial..................................................................................... 87

2.2.5 Análise dos dados da matriz..................................................................... 88

2.2.6 Diagrama PDPC........................................................................................ 89

2.2.7 Diagrama de setas..................................................................................... 91

Capítulo 3 C.E.P – Controle Estatístico do Processo................................................. 93

3.1 Introdução.................................................................................................. 93

3.2 Cartas de controle..................................................................................... 93

3.2.1 O que são cartas de controle.................................................................... 93

3.2.2 Síntese das Cartas de Controle................................................................ 95

3.2.3 Cartas de Controle X e R......................................................................... 96

3.2.4 Interpretação das Cartas de Controle....................................................... 97

Page 6: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

6

3.2.4.1 Significado da carta R............................................................................... 97

3.2.4.2 Significado da carta X .............................................................................. 97

3.2.4.3 Interpretação das cartas de médias e amplitudes..................................... 97

3.3 Capabilidade de processo......................................................................... 99

3.3.1 Conceitos básicos...................................................................................... 99

3.3.2 Índices de Capacidade (variáveis)............................................................ 99

3.3.2.1 Índices de Capacidade de Processo (Cp e Cpk)......................................... 99

Capítulo 4 MASP – Metodologia de Análise e Solução de Problemas – Ciclo PDCA 103

4.1 Como funciona o PDCA............................................................................ 103

4.1.1 Metas para manter..................................................................................... 105

4.1.2 Metas de melhoria..................................................................................... 106

4.2 Identificação do problema.......................................................................... 109

4.3 Observação do problema.......................................................................... 110

4.4 Análise do problema.................................................................................. 112

4.5 Plano de ação............................................................................................ 114

4.6 Execução................................................................................................... 115

4.7 Verificação................................................................................................. 115

4.8 Padronização............................................................................................. 116

4.9 Conclusão.................................................................................................. 118

4.10 Exemplo prático......................................................................................... 119

Capítulo 5 Sistemas Integrados de Gestão................................................................ 125

5.1 Foco na qualidade, meio ambiente, saúde e segurança........................... 125

5.2 Sistemas Integrados de Gestão................................................................ 136

5.2.1 Definição de sistema................................................................................. 136

5.2.2 As Normas Internacionais aplicáveis aos Sistemas de Gestão................ 137

5.2.3 Integrando os diversos Sistemas de Gestão............................................. 137

5.2.4 Etapas da estruturação de um SIG........................................................... 138

5.2.5 Os oito princípios que norteiam o SIG....................................................... 139

5.2.6 Elementos de um SIG................................................................................ 139

5.2.6.1 Requisitos gerais....................................................................................... 139

5.2.6.2 Comprometimento da Direção................................................................... 140

5.2.6.3 Política de gestão integrada...................................................................... 140

5.2.6.4 Responsabilidades, autoridade e comunicação........................................ 141

5.2.6.5 Documentação do Sistema de Gestão...................................................... 141

5.2.6.6 Planejamento do SIG................................................................................ 141

5.2.6.7 Planejamento do produto.......................................................................... 142

5.2.6.8 Gestão de recursos................................................................................... 143

5.2.6.9 Realização do produto............................................................................... 143

5.2.6.10 Aquisição................................................................................................... 143

5.2.6.11 Monitoramento e medição......................................................................... 143

5.2.6.12 Controle de produto não – conforme......................................................... 144

Page 7: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

7

5.2.6.13 Auditoria interna........................................................................................ 144

5.2.6.14 Análise e melhorias................................................................................... 144

5.2.6.15 Análise crítica pela Direção....................................................................... 144

5.2.6.16 Ações corretiva e preventiva..................................................................... 145

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 146

Page 8: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

8

Figura 1.1 Exemplo de gráficos de controle............................................................................... 23

Figura 1.2 Ciclo de Shewhart-Deming – PDCA……………………………………………………. 28

Figura 1.3 Cadeia do impacto da qualidade segundo Deming (Tóquio – 1950)........................ 32

Figura 1.4 Diagrama da Trilogia Juran....................................................................................... 32

Figura 1.5 Hierarquia das necessidades de Maslow.................................................................. 36

Figura 1.6 Conceito de produtividade........................................................................................ 42

Figura 1.7 Diagrama de causa e efeito...................................................................................... 44

Figura 1.8 Processo e seus produtos: intencionais e não intencionais...................................... 45

Figura 1.9 Fatores que influenciam em um processo considerando as entradas e saídas....... 45

Figura 1.10 Envolvimento do produto e serviço na aquisição, adaptado de Takashina e Flores 47

Figura 1.11 Custos do controle e custos das falhas.................................................................... 48

Figura 2.1 Lista de verificação para Localização de Dados....................................................... 64

Figura 2.2 Gráfico de Pareto...................................................................................................... 65

Figura 2.3 Estratificação de acidentes no trabalho.................................................................... 68

Figura 2.4 Fluxograma de um processo industrial..................................................................... 71

Figura 2.5 Exemplo da folha do Fluxograma de Operação........................................................ 72

Figura 2.6 Diagrama de Ishikawa............................................................................................. 74

Figura 2.7 Exemplo de Diagrama de Ishikawa........................................................................... 74

Figura 2.8 Configuração de um histograma com curva normal................................................. 77

Figura 2.9 Histograma de Processo – Espessura de material................................................... 79

Figura 2.10 Tipos de histogramas de processo........................................................................... 80

Figura 2.11 Exemplos de histogramas e seus limites de especificação...................................... 81

Figura 2.12 Exemplo de diagrama de dispersão.......................................................................... 82

Figura 2.13 Pontos suspeitos ou anômalos................................................................................. 82

Figura 2.14 Tipos de correlação................................................................................................... 83

Figura 2.15 Exemplo de diagrama de relações............................................................................ 84

Figura 2.16 Exemplo de diagrama de afinidades......................................................................... 86

Figura 2.17 Exemplo da aplicação do diagrama sistemático....................................................... 87

Figura 2.18 Exemplo da aplicação do diagrama matricial............................................................ 87

Figura 2.19 Correlação entre peso e altura.................................................................................. 88

Figura 2.20 Nova variável de peso e altura.................................................................................. 89

Figura 2.21 Exemplo do cotidiano do PDPC................................................................................ 91

Figura 2.22 Diagrama PERT-CPM.............................................................................................. 92

Figura 3.1 Interpretação das cartas de controle das médias..................................................... 98

Figura 4.1 Ciclo PDCA de controle de processos...................................................................... 103

Figura 4.2 Detalhamento do PDCA para manter os resultados................................................. 105

Figura 4.3 Detalhamento do PDCA para melhoria dos resultados............................................ 107

Figura 4.4 Principais padrões das organizações....................................................................... 117

LISTA DE FIGURAS

Page 9: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

9

Figura 4.5 Fase de Identificação do Problema no MASP.......................................................... 119

Figura 4.6 Pareto por tipo de reclamação.................................................................................. 120

Figura 4.7 Pareto por serviço reclamado – Qualidade de serviço........................................................... 121

Figura 4.8 Diagrama de Causa e Efeito – Reclamações de balanceamento............................. 121

Figura 4.9 Fases do plano de ação e execução do MASP........................................................ 122

Figura 4.10 Gráfico para análise da melhoria.............................................................................. 123

Figura 4.11 Fases de padronização e verificação do MASP....................................................... 123

Figura 4.12 Conclusão da ação de melhoria................................................................................ 124

Figura 5.1 A essência da real integração dos sistemas............................................................. 127

Figura 5.2 O sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001.......................................................... 129

Figura 5.3 O sistema de Gestão Ocupacional – BS 8800 OHSAS............................................ 129

Figura 5.4 O sistema de Gestão da Qualidade – ISO 9001-2000.............................................. 130

Figura 5.5 Cadeia de eventos do SGO – Sistema de Garantia Ocupacional........................... 133

Figura 5.6 Determinação de riscos no SGO.............................................................................. 133

Figura 5.7 Cadeia de eventos do SGA – Sistema de Garantia Ambiental................................. 134

Figura 5.8 Determinação de riscos no SGA............................................................................... 135

Figura 5.9 Cadeia de eventos da qualidade............................................................................... 136

Figura 5.10 Sistema de Gestão Integrado................................................................................... 137

Page 10: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

10

Tabela 1.1 Componentes da trilogia Juran (Marshal Jr, 2003)................................................... 33

Tabela 1.2 Lista de suposições sobre as teorias X e Y de McGregor........................................ 38

Tabela 1.3 Fatores de motivação e de higiene segundo Hezberg.............................................. 39

Tabela 1.4 Fatores que influenciam no processo e suas origens............................................... 46

Tabela 1.5 Exemplos de definições de indicadores segundo Takashina e Flores..................... 56

Tabela 1.6 Indicadores para as áreas funcionais da empresa................................................... 57

Tabela 2.1 Listas de verificação para distribuição do processo de produção............................. 62

Tabela 2.2 Listas de verificação para itens defeituosos............................................................. 63

Tabela 2.3 Exemplo de dados para o Diagrama de Pareto........................................................ 65

Tabela 2.4 Quantidade de reclamações de clientes................................................................... 66

Tabela 2.5 Total de consumo previsto de energia elétrica......................................................... 66

Tabela 2.6 Reparos em motores elétricos.................................................................................. 67

Tabela 2.7 Aplicabilidade do Brainstorming................................................................................ 76

Tabela 2.8 Exemplo de dados para um histograma de processo............................................... 77

Tabela 2.9 Determinação do número de classes........................................................................ 78

Tabela 2.10 Tabela de freqüências............................................................................................... 79

Tabela 2.11 Dados exemplificativos da análise de dados da matriz............................................ 88

Tabela 2.12 Dados exemplificativos do diagrama de setas.......................................................... 92

Tabela 3.1 Fórmulas para determinar os limites de controle...................................................... 95

Tabela 3.2 Fatores para determinação dos limites de controle.................................................. 95

Tabela 3.3 Índice de capacidade de processo............................................................................ 100

Tabela 3.4 Fator D2 para determinação do desvio padrão......................................................... 101

Tabela 3.5 Dados do exemplo de cálculo de capabilidade de processo.................................... 102

Tabela 3.6 Planilha de cálculo do exemplo................................................................................. 102

Tabela 4.1 Etapas do MASP e as ferramentas da qualidade..................................................... 108

Tabela 4.2 O que significa o 5W 2H........................................................................................... 111

Tabela 4.3 Tipo de reclamações de clientes............................................................................... 120

Tabela 4.4 Tipo de serviço reclamado........................................................................................ 120

Tabela 4.5 Plano de ação para eliminar as causas.................................................................... 122

Tabela 5.1 Compromissos mínimos da qualidade...................................................................... 128

LISTA DE TABELAS

Page 11: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

11

O contexto econômico caracterizado pela competitividade, tem exigido profundas

mudanças conceituais nas organizações. Na busca de maior lucratividade as empresas passaram

a controlar desperdícios, diminuir a oferta de empregos, modificarem as relações com seus

fornecedores, otimizar a metodologia de trabalho, etc.

Assistimos nos últimos vinte anos uma série de modificações no cenário mundial, tais

como ascensão dos tigres asiáticos, abertura do mercado nacional, invasão de produtos chineses,

fusões, privatizações, globalização. Mudanças como essas, nos campos político, científico,

econômico e social alteraram profundamente as relações de mercado entre fabricantes e

consumidores.

Em função disso, as empresas brasileiras são obrigadas a melhorar, consideravelmente, a

qualidade de produtos e serviços, de forma a atender ao mercado, interno e externo, cada vez

mais exigente e seletivo, onde a principal preocupação é consumir produtos pelo menor custo. Em

um passado não muito distante, a “simples” implantação de sistemas de gestão da qualidade

poderia ser considerada uma vantagem para muitas organizações em relação a seus

concorrentes. Hoje, porém, ela tornou-se apenas um dos requisitos base para a gestão do

negócio e conseqüente perenidade da empresa no mercado.

A necessidade de sobrevivência, nesse ambiente desprotegido, marcada pela acirrada

concorrência, obriga a uma constante adaptação às novas necessidades apontadas pelo

mercado, uma vez que os conceitos e modelos de qualidade vêm sofrendo consideráveis

mudanças ao longo do tempo, sendo agora também influenciados por questões relativas à saúde,

segurança e meio ambiente. Essa nova perspectiva decorre da crescente competição existente no

ambiente global, principalmente onde atuam as grandes corporações, em um clima de adaptação

sustentável. Nesse modelo, a sobrevivência depende fundamentalmente da capacidade de

adaptação da empresa aos fatores críticos de sucesso existentes nos cenários de atuação da

organização.

A perspectiva estratégica da qualidade não apenas cria uma visão ampla da questão, mas,

principalmente, atribui à gestão da qualidade um papel de extrema importância no negócio. Hoje a

qualidade não tem sido apenas uma preocupação das grandes organizações, mas também das

pequenas empresas. O reconhecimento de sua importância tornou a certificação de sistemas de

PREFÁCIO

Page 12: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

12

gestão indispensável para várias delas. A certificação além de aumentar a satisfação e a

confiança dos clientes, reduz custos, aumenta a produtividade, melhora a imagem e os processos

da organização, além de facilitar o acesso a novos mercados. Dentre os modelos de Sistemas da

Qualidade existentes, destaca-se aquele fundamentado na ISO 9001. Essa norma é uma

referência para a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade em qualquer negócio,

independentemente do tipo ou tamanho da empresa.

A meta da elaboração desta literatura é propiciar aos alunos, técnicos e profissionais do

segmento de manutenção, condições de aperfeiçoar, com pouca ajuda, o gerenciamento do seu

trabalho, baseado nos modernos princípios da Qualidade. Como orientação sugiro aos

participantes a leitura e a reflexão sobre as palavras dos Sr. Konusuke Matsushita colocadas a

seguir. Suas palavras são sábias e devem encontrar eco em nossas mentes e em nossas ações.

UMA CONFIDÊNCIA DO PRESIDENTE KONUSUKE MATSUSHITA

Nós venceremos e o Ocidente Industrial perderá a batalha: vocês não podem fazer muito

para evitá-lo, porque já trazem consigo a sua própria derrota. As suas organizações são

Tayloristas; mas o pior é que também o são suas cabeças.

Vocês estão totalmente convencidos de que podem fazer funcionar as suas empresas

distinguindo de um lado os chefes e do outro os executores; de um lado aqueles que pensam, do

outro, os que trabalham.

Para vocês, o “management” é a arte de fazer passar convenientemente as idéias dos

chefes às mãos dos operários. Nós, pelo contrário somos pós-tayloristas: sabemos que o

“business” é muito complicado. A sobrevivência de uma empresa é difícil e problemática, num

ambiente sempre mais perigoso, imprevisível e competitivo, que a obriga a mobilizar toda a

inteligência de todas as pessoas para atingir uma possibilidade de fazê-lo.

Para nós, “management” é precisamente a arte de mobilizar e canalizar toda esta

inteligência a serviço do projeto da empresa. Havendo medido melhor que vocês a amplitude dos

novos desafios tecnológicos e econômicos, sabemos que a inteligência de alguns tecnocratas –

embora brilhante – é insuficiente para vencê-los. Como conseqüência, somente a inteligência de

todos os seus membros pode permitir a uma empresa enfrentar a turbulência e as exigências

deste novo ambiente. É por isto que as nossas empresas investem 3 ou 4 vezes mais na

formação de seus recursos humanos do que fazem as suas; esta é a razão da existência em

nossas empresas de um clima de diálogo em uma comunicação tão intensas. Solicitamos

continuamente as sugestões de todos e, sobretudo, do Sistema Educativo Nacional a preparação

Page 13: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

13

de diplomados generalistas, iluminados e cultos que representam a base indispensável para uma

indústria que deve nutrir-se de inteligência.

Os seus líderes sociais, muitas vezes gente de boa vontade, acham que devem defender o

homem na empresa. Realisticamente pensamos que devemos fazer com que o homem defenda a

empresa, a que lhe renderá 100 vezes o que lhe haverá dado.

KONOSUKE MATSUSHITA FUNDADOR DO GRUPO MATSUSHITA

(NATIONAL – PANASONIC)

Page 14: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

14

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA QUALIDADE

Vivemos atualmente em um mundo de constantes mudanças. Isso significa que as

organizações precisam ser capazes de se adequar rapidamente às novas situações. É importante

que, além de conhecer o que está mudando, as empresas observem as tendências de forma a se

anteciparem a essas mudanças.

Algumas mudanças recentes têm alterado significativamente o ambiente em que as

empresas estão inseridas:

A abertura da economia brasileira a partir da década de 90;

O aumento do número de empresas e o conseqüente aumento da concorrência;

A estabilidade da economia;

As campanhas educativas, o código de defesa do consumidor e a evolução do

mercado tornaram os consumidores mais conscientes e exigentes;

A globalização da economia e a concorrência dos produtos estrangeiros;

Pressões sociais sobre as empresas;

O crescimento da preocupação com o meio ambiente;

A influência da política fiscal do governo;

O “Custo Brasil”.

Estes fatos sinalizam, para o futuro, uma realidade de novas mudanças. Em síntese, a

única verdade que não muda é a certeza de que tudo muda. Esta realidade onde a empresa está

inserida é conhecida como ambiente. O ambiente é formado pelas situações às quais as

empresas estão sujeitas, representado pelo que está fora da empresa e que afeta a sua

existência, constituindo pressões às empresas.

Uma vez que é muito difícil para as empresas controlar os fatores do ambiente, externos a

ela, a alternativa mais viável é que a empresa cuide de sua organização, procurando conhecer os

fatores que alteram a sua existência de forma a se tornar forte o suficiente para suportar as

mudanças.

Nesse sentido é que se faz necessário atuar de modo a reduzir a entropia organizacional

que representa o grau de desorganização das empresas, que afetam a sua competitividade

CAPÍTULO I

Page 15: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

15

devido à deficiência no seu gerenciamento, que tem como conseqüência o aumento dos custos,

atrasos na produção e má qualidade dos produtos.

Assim, apresenta-se como uma solução viável a implementação de um modelo de gestão

que prepare a empresa para as mudanças do ambiente, combata a entropia organizacional,

introduza um modo de organização por processos, induzindo os colaboradores a atuarem em

direção a objetivos claros que representem o sucesso da empresa. A este modelo de gestão

chamamos de “Gestão pela Qualidade Total” ou GQT.

O grande desafio para as empresas atualmente é sobreviver nesse cenário de competição

acirrada. Competir significa conquistar, manter e ampliar sua atuação num mercado onde atuam

as cinco forças competitivas do modelo de Porter:

a) Concorrentes diretos;

b) Novos concorrentes;

c) Fornecedores;

d) Clientes;

e) Substituições aos produtos que ofertam.

Uma empresa para ser competitiva deve conhecer todos os fatos e dados de seu contexto

empresarial. A informação deve envolver todo o contexto do ambiente, as ameaças e

oportunidades no que se denomina “informação competitiva”.

Além de considerar as ameaças e oportunidades externas, a empresa deve também

conhecer suas atividades internas: seus pontos fortes e passíveis de melhoria.

Essas informações servirão de fundamentação para tomada de decisões e traçar a

estratégia competitiva da empresa, considerando:

A definição dos seus produtos e serviços;

Estabelecimento de seus objetivos;

Definição processos organizacionais que garantam a obtenção de produtos

conforme os requisitos dos clientes;

Desenvolvimento dos recursos necessários;

Monitoramento do desempenho;

Redirecionamento dos recursos.

O ponto chave das mais modernas linhas de pensamento estratégico é a informação. O

tratamento das informações externas permite a diferenciação de produtos enquanto que a

Page 16: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

16

organização das informações internas permite obter os produtos diferenciados de acordo com as

expectativas dos clientes. Esta última trata da gestão de processos e produtos através de um

Sistema da Qualidade.

A empresa competitiva possui uma visão estratégica do mercado, oferta produtos e

serviços que atendem aos desejos dos clientes e possuem uma organização que permite produzir

os produtos conforme estabelecido e um modo de gestão que possibilita o melhor aproveitamento

dos recursos disponíveis.

1.1 Conceituando qualidade

Conceituar QUALIDADE é uma tarefa fácil? Sim e não! É um conceito de fácil visualização,

porém, muitas vezes de difícil entendimento. Como podemos afirmar que um produto tem

QUALIDADE? A palavra Qualidade vem do latim Qualitas. É utilizada em diversas situações, mas

o seu significado nem sempre é claro e objetivo. Enquanto conceito é um valor conhecido por

todos, mas definido de forma diferenciada por distintos grupos. Sob o ponto de vista de diferentes

pessoas existem diferentes enfoques para qualidade, a percepção desses indivíduos pode ser

diferente em relação ao mesmo produto, em função de necessidades, experiências e

expectativas. Diversos autores apresentam distintos enfoques para a qualidade, alguns exemplos

serão apresentados a seguir:

"A composição total das características de mercadologia, engenharia, fabricação e

manutenção de um produto ou serviço, através das quais o mesmo produto ou serviço, em

uso, atenderá às expectativas do consumidor".

Feigenbaum

"... o nível de satisfação alcançado por um determinado produto no atendimento aos

objetivos do usuário, durante o seu uso, é chamado de “adequação ao uso”, popularmente

chamado por alguns nomes tais como "qualidade", é um conceito universal, aplicável a

qualquer tipo de bens e serviços...".

Juran

A qualidade quando atribuída a um produto, depende da necessidade, da percepção e da

cultura do usuário, logo, o conceito pode assumir diferentes definições. Ao decidirmos adquirir um

produto, estamos movidos pela necessidade existente em nosso dia a dia. Geralmente, essa

necessidade, vem acompanhada de informações que possibilitam a caracterização daquilo que

esperamos do produto.

Page 17: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

17

Imaginemos que um cidadão deseja adquirir um automóvel. Ele tem duas opções, um

modelo popular e outro mais sofisticado. Dentre os requisitos do futuro usuário estão: espaço

interno para quatro pessoas, porta-malas de pequena capacidade, baixo consumo, disponibilidade

de peças de reposição no mercado nacional e baixo custo. Obviamente, se os parâmetros de

escolha fossem baseados em itens tais como beleza, tecnologia, status, certamente a melhor

opção seria o modelo mais sofisticado. Entretanto o conceito industrial e comercial de qualidade

implica no atendimento aos requisitos pré-estabelecidos e na relação custo-benefício. Portanto,

sob esta ótica, considerando-se os requisitos expostos, é fácil compreender que o modelo popular

melhor atende às necessidades do futuro comprador, uma vez que em todos os requisitos ele

alcança o grau máximo de adequação ao uso.

O fato de um produto não atender aos requisitos de um cliente, não o isenta de qualidade,

mas sim, torna-o inadequado ao uso pretendido. Bastaria modificarmos alguns itens que a

percepção do cliente seria diferente. É importante observar que a adequação é entendida, como o

conjunto das características que os clientes consideram valiosas (agregadoras de valor). Desse

modo, diferentes consumidores possuirão distintos pontos de vista em relação à qualidade.

Portanto, é fundamental a prévia e exata definição da necessidade do cliente, de modo a

fornecermos o produto adequado ao uso pretendido. No exemplo utilizado, escolha entre dois

modelos de automóvel, a análise foi simples.

Contudo, a situação torna-se muito mais complexa quando se trata de uma gama de

produtos que integram um complexo industrial e se pretende que cada um deles atenda a um

nível de qualidade específico, por razões técnicas ou de custo. Percebemos que qualidade é um

conceito incorporado intuitivamente ao nosso cotidiano. Conceito, popularmente associado ao

melhor, ao mais caro, ao mais duradouro. Podemos até definir o que é qualidade, porém é mais

fácil de compreender e identificar a sua ausência, prejuízos e conseqüências, causadas por erros,

defeitos, inconsistência de informações, descumprimento de prazos, a redução nas vendas, etc.

Quem nunca experimentou ou presenciou pelo menos uma dessas desagradáveis sensações?

1.2 Enfoques para definição da qualidade

Vimos que a qualidade é um termo usado em nosso cotidiano, no entanto, se argüirmos

distintas pessoas, sobre o seu significado, receberemos diferentes respostas. Garvin (1992), após

pesquisar inúmeras definições no ambiente empresarial e em distintas literaturas, apontou cinco

abordagens para a definição da qualidade: abordagem transcendental, abordagem baseada no

Page 18: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

18

produto, abordagem baseada no usuário, abordagem baseada na fabricação e abordagem

baseada no valor (Carvalho e Paladini, 2006):

1.2.1 Abordagem Transcendental

"A qualidade não é nem matéria nem espírito, mas uma terceira entidade independente”.

Mesmo porque a qualidade não pode ser definida: “Sabemos o que ela é". De acordo com esta

visão, a qualidade é sinônimo de excelência, a qual se aprende a reconhecer somente através da

experiência, pois a qualidade é absoluta e universalmente reconhecível, um elemento de padrões

rígidos e de alto desempenho.

1.2.2 Abordagem Baseada no Produto

“As diferenças na qualidade resultam em diferenças na quantidade de certos ingredientes

ou atributos”. Esta abordagem avalia a qualidade como uma variável precisa e mensurável.

Segundo esse conceito, melhorar a qualidade do produto significa utilizar melhores materiais e

processos produtivos sofisticados, refinar o projeto do produto com tolerâncias mais justas, e

assim por diante. Nessa visão, uma melhor qualidade só pode ser obtida através da elevação dos

custos, pois a qualidade reflete as características que um produto possui. Como, neste caso, as

características são elementos associados ao aumento de valor na produção, os produtos com

qualidade superior serão mais caros. Dessa forma, a qualidade reflete a presença ou ausência de

atributos mensuráveis inerentes aos produtos, e não incorporados a eles, podendo ser avaliada

objetivamente.

1.2.3 Abordagem Baseada no Usuário

"A qualidade é a capacidade de satisfazer desejos". "Qualidade é adequação ao uso".

Estas definições partem da premissa de que a qualidade está nos olhos do consumidor. Supõem

que os consumidores possuem necessidades diferentes, portanto, os bens que melhor satisfazem

suas preferências são considerados como de alta qualidade. Este enfoque é eminentemente

subjetivo e, ao contrário do anterior, um produto que maximiza a satisfação certamente é

preferível, entretanto, pode não ser tecnicamente o melhor.

Page 19: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

19

1.2.4 Abordagem Baseada na Fabricação

"Qualidade significa conformidade com as especificações”. “Qualidade é o grau em que

determinado produto está de acordo com um projeto ou especificações”. Essas definições estão

intimamente ligadas às técnicas de engenharia de fabricação. Embora o enfoque reconheça o

interesse do consumidor - um produto que não atende às especificações sugere má fabricação,

dando menos satisfação do que se fosse corretamente fabricado, sua abordagem inicial é interna.

A melhoria da qualidade é equivalente à redução das não conformidades que leva a custos

menores. Parte-se do pressuposto de que prevenir a ocorrência de defeitos é mais barato do que

o retrabalho.

1.2.5 Abordagem Baseada no Valor

A qualidade significa a obtenção do ótimo para certas condições de consumidores. Essas

condições são: o uso real e o preço de venda do produto. Esta abordagem considera a qualidade

em termos de custo e preço: um produto de qualidade deve apresentar um desempenho e uma

conformidade a um preço e custos aceitáveis. Neste caso, a qualidade, considerada até então

como uma medida de excelência, está sendo comparada com o valor, que é uma medida de

mérito, dificultando a aplicação prática desta definição. Para Garvin (1992), essas abordagens

explicam as formas de atuação de diferentes áreas dentro das empresas, e até mesmo as

divergências que são observadas entre algumas delas, como as de controle de qualidade e

vendas. A primeira preocupa-se em atender às especificações, enfoque baseado na fabricação.

Já o segmento de vendas, pela natureza das suas funções, se interessa por atender às

necessidades dos clientes, assumindo o enfoque do usuário.

Torna-se útil cultivar enfoques distintos, pois a qualidade do produto é decorrente das

atividades desenvolvidas no ciclo de produção. Inicialmente, são identificadas as necessidades do

usuário. Em seguida, essas informações são traduzidas num projeto onde as necessidades do

usuário são transformadas na linguagem técnica das especificações. E, finalmente, o processo

produtivo é organizado de forma a assegurar a conformidade com as especificações.

1.3 Eras da qualidade

Embora na pré-história a palavra qualidade ainda não existisse, seus requisitos são tão

antigos quanto à existência do homem primitivo, que desde então sempre procurou o que mais se

adequasse as suas necessidades. Práticas e conceitos evoluíram de forma lenta, porém contínua

até a terceira década do século 20. A partir dessa época surgiram novas tendências e modelos

para tratamento do tema qualidade, os quais sofreram profundas modificações após a segunda

Guerra Mundial.

Page 20: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

20

Inúmeros autores fizeram marcações temporais entre as principais tendências e modelos,

embora a intersecção e a complementaridade entre eles sejam grandes. Uma das classificações

mais adotadas é a proposta por Garvin (1992), que tomou como referencial a Revolução Industrial

e segunda Guerra Mundial, dividindo a evolução da qualidade em quatro eras: Inspeção, Controle

Estatístico da Qualidade, Garantia da Qualidade e Gestão da Qualidade (Carvalho e Paladini,

2006). As principais características de cada uma dessas eras estão descritas a seguir.

1.3.1 Era da Inspeção – Foco no produto

Até o final do século XIX, o controle da qualidade conhecido atualmente não existia. O

processo de produção era realizado por artesãos e aprendizes. O volume de produção era

pequeno; as peças eram montadas manualmente. A qualidade dos produtos era determinada pela

perícia e experiência de cada empregado. A inspeção formal só passou a ser necessária com o

surgimento da produção em massa e a necessidade de peças intercambiáveis. Com o aumento

do volume de produção, as peças não podiam mais ser encaixadas umas nas outras

manualmente. O processo exigia um grande grupo de mão de obra qualificada, era caro e

demorado. Os preços eram quase sempre superiores ao poder aquisitivo do consumidor,

especialmente no caso de máquinas e equipamentos (Garvin; 1992).

Os baixos salários na época obrigaram novas invenções de modo a permitir aos

fabricantes produzirem mais e assim conseguir reduzir os preços praticados. Tal necessidade

impulsionou o processo de mecanização da produção. A partir da terceira década do século XVIII

assistiu-se na Inglaterra a aurora da sociedade industrial. Passando-se, em ritmo acelerado, do

sistema doméstico para o sistema fabril de produção. Marcando definitivamente a transição entre

o feudalismo e o capitalismo. Essa ruptura histórica, denominada Revolução Industrial, promoveu

a produção em grande escala, que conseqüentemente originou as primeiras idéias de controle da

produção que tempos mais tarde foram denominadas Controle da Qualidade.

A Revolução Industrial provocou um profundo impacto sobre a estrutura da sociedade, um

processo contínuo e ininterrupto de transformações acompanhadas por notável evolução

tecnológica.

O aumento da expectativa de vida da população3 também contribuiu para o

desenvolvimento da industrialização, uma vez que o mercado passou a mostrar maiores índices

consumo. A ampliação do mercado impulsionou o aumento da produtividade das fábricas através

Page 21: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

21

da implantação de sistemas baseados na divisão do trabalho e na inspeção formal dos itens

produzidos - fundamentada na separação dos bons dos maus produtos - inspeção 100%.

Quadro 1 – Leitura complementar: Tempos e Movimentos

O modelo de administração idealizado pelo americano Frederick Winslow Taylor provocou

uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. Sua

preocupação foi eliminar desperdícios e perdas sofridas pelas indústrias americanas e aumentar

os níveis de produtividade através da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial.

Segundo Taylor, o instrumento básico para aumentar a produtividade dos operários era o estudo

de Tempos e Movimentos, ele percebeu que as tarefas poderiam ser executadas de uma forma

mais econômica através da análise do trabalho, ou seja, da divisão e subdivisão de todos os

movimentos necessários à execução de cada tarefa de um trabalhador. De acordo com a

observação de Taylor, as tarefas e operações poderiam ser feitas de uma forma ordenada de

movimentos simples, então haveria uma economia de tempo e esforço do operário.

O sistema Taylor obteve um êxito surpreendente quanto ao aumento da produtividade e foi

adotado por muitas empresas americanas espalhando-se pelo mundo. O sistema taylorista teve,

no entanto, efeitos indesejáveis ao alterar o equilíbrio entre qualidade e produtividade. A ênfase

dada pela alta gerência à produtividade passou a ser imensa. Supervisores e operários

priorizaram a produtividade e relegaram a qualidade ao segundo plano. Até então, cabia aos

inspetores de qualidade a tarefa de identificar, quantificar e remover os produtos defeituosos da

linha de produção sem qualquer preocupação formal quanto à prevenção de problemas e aos

engenheiros cabia o planejamento da produção. O fordismo idealizado pelo empresário americano

Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, se caracteriza por ser um método de

produção caracterizado pela produção em série, sendo um aperfeiçoamento do taylorismo. Ford

introduziu em suas fábricas as chamadas linhas de montagem, nas quais os veículos a serem

produzidos eram colocados em esteiras rolantes e cada operário realizava uma etapa da

produção, fazendo com que a produção necessitasse de altos investimentos e grandes

instalações.

O método de produção fordista permitiu que Ford produzisse mais de dois milhões de

carros por ano, durante a década de 1920. O veículo pioneiro de Ford no processo de produção

fordista foi o mítico Ford Modelo T, mais conhecido no Brasil como "Ford Bigode".

A partir da divisão do trabalho começaram a surgir problemas com a qualidade dos

produtos. O fracionamento das tarefas fez sobressair às habilidades dos profissionais que

atuavam na produção. Nessa época, o destino dos bens produzidos era o mercado se tivessem

Page 22: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

22

um nível aceitável de qualidade; retrabalho, caso apresentassem a possibilidade de recuperação;

ou sucateamento, caso não existisse possibilidade de reaproveitamento, o que significava

prejuízo.

Paulatinamente, várias medidas foram tomadas com o intuito de reduzir os problemas da

qualidade do processo produtivo, tanto que por volta de 1900 já haviam sido estabelecidas

claramente etapas de inspeção no recebimento de materiais e durante o processo produtivo, além

daquelas já realizadas no produto final. Nessa época, era raro uma empresa apresentar em seu

organograma um departamento dirigido à qualidade. Havia inspetores específicos, mas eles

estavam espalhados pelos diversos departamentos da produção.

1.3.2 Era do controle estatístico da qualidade

A mecanização do sistema produtivo teve como principal objetivo colocar no mercado

produtos com preços acessíveis, porém a onerosa e ineficiente inspeção 100% comprometia esse

propósito, tanto pela quantidade de pessoas envolvidas na atividade, como pelo tempo necessário

para a sua realização. Á medida que a produção aumentava, o modelo de controle baseado na

inspeção 100% tornava-se cada vez mais caro e ineficiente. Então, em 1924 na Bells Telephone

Laboratories,

Walter Shewhart, usou conceitos e técnicas estatísticas, no desenvolvimento de controle

mediante o uso de gráficos de controle (Cerqueira, 2006). As técnicas estatísticas propostas por

Shewhart denominadas Controle Estatístico do Processo (Siqueira, 1997) eram relativamente

simples, baseavam-se na determinação de limites de controle e gráficos para controle do

processo produtivo Esse tipo de controle é apresentado na figura 1.1.

Quadro 2: - Texto complementar: A teoria dos gráficos de controle

O gráfico de controle é uma ferramenta para monitoramento das variações de um

processo. Pode ser utilizado para estudar o desempenho passado, avaliar condições presentes,

como prever comportamentos futuros. Os dados coletados, quando dispostos graficamente

formam a base para a melhoria do processo. Essa ferramenta pode ser utilizada para controle de

diferentes tipos de variáveis - variáveis categorizadas, como a proporção de vôos dos aviões de

uma determinada empresa aérea que estejam com mais de 15 minutos de atraso em determinado

período; para variáveis discretas, como a contagem do número de nódulos existentes na pintura

de uma porta de um carro; e para variáveis contínuas, como a quantidade de óleo lubrificante

contida em garrafas de 1 litro. O principal foco do gráfico é a separação das causas de variações

Page 23: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

23

especiais das causas de variações comuns, além de oferecer uma exposição visual dos dados

que representam o processo.

As causas especiais representam variações que não são inerentes ao processo.

Flutuações, geralmente causadas por mudanças no sistema produtivo, que sinalizam para

problemas que precisam ser identificados ou corrigidos. As causas de variações comuns

representam a variabilidade inerente ao processo. Consistem em inúmeras fontes que ocorrem ao

acaso (aleatoriamente). A distinção entre as duas causas de variação é vital, uma vez que as

causas especiais são consideradas como aquelas que não fazem parte do processo e são

passíveis de correção ou exploração sem modificá-lo, enquanto as causas comuns somente

poderão ser reduzidas por meio de modificações no processo. A forma mais comum de um gráfico

de controle fixa limites de controle que estão entre ± 3 desvios padrão (s) da medida estatística de

interesse (geralmente a média.). De modo geral, isso pode ser representado por: X ± 3s. O limite

superior de controle (LSC) = X + 3s. O limite inferior de controle (LIC) = X - 3s.

Após a definição desses limites, o processo representado pelo gráfico é avaliado a partir

da identificação de qualquer padrão de distribuição anormal que possa existir ao longo do tempo e

da identificação de pontos que não atendam aos limites de controle pré-estabelecidos. A figura 1.1

exemplifica três situações de monitoração de processo: No Painel A, observamos um processo

estável, que apresenta variações de causas comuns. Nele existem padrões de anormalidade ou

tendências ao longo do tempo e não existem pontos que fora dos limites de controle

Figura 1.1 - Exemplo de gráficos de controle

Contrariamente, o Painel B apresenta dois pontos fora dos limites de controle. Cada um desses

pontos precisa ser investigado para se determinar as causas especiais que levaram à sua

ocorrência. O Painel C, embora não apresente quaisquer pontos fora dos limites de controle, tem

uma série de pontos consecutivos que estão abaixo do valor médio. Observa-se a necessidade de

uma investigação para identificar a causa raiz desse padrão de variação, antes de serem iniciadas

quaisquer alterações no processo (Levine et al, 1996).

Page 24: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

24

Ao publicar em 1931, o livro Economic Control of Quality of Manufactured Product,

Shewhart apresentou ao “mundo industrial” um método preciso e muito mais eficaz para controle

do processo de produção. Nesse estudo ele mostrou que a variabilidade era um fato concreto em

todo processo produtivo e que ela seria explicada por princípios probabilísticos e estatísticos.

Shewhart observou que era improvável que duas peças fossem fabricadas com as mesmas

dimensões, até mesmo aquelas produzidas pelo mesmo empregado. Haveria sempre variações

nas matérias-primas, na habilidade dos operários e nos equipamentos. Do ponto de vista

administrativo, essa descoberta exigiu que o problema da qualidade fosse repensado. A questão

agora não era a existência de variação, era certa a continuidade da sua existência

independentemente das medidas de controle, mas sim distinguir as variações aceitáveis daquelas

que indicasse problemas.

Com o advento da segunda Guerra Mundial, os gráficos de controle de Shewhart e as

tabelas para inspeção por amostragem, desenvolvidas por H. F. Dodge e H. G. Romig, tiveram

grande importância na produção de material bélico (Marshall Jr, 2003). Segundo Cerqueira (2006)

o desenvolvimento das técnicas de amostragem foi o marco para criação do Controle Estatístico

da Qualidade, promovendo maior agilidade e redução do custo de inspeção, uma vez que a

inspeção por amostragem oferecia resultados mais confiáveis do que a inspeção 100 %.

1.3.3 Era da Garantia da qualidade

Durante a guerra, os produtos destinados ao uso militar tiveram prioridade no que dizia

respeito a instalações, material, mão de obra capacitada e serviços de toda ordem. A produção de

bens de consumo, incluindo automóveis e eletrodomésticos havia sido interrompida. Com o final

da guerra a prioridade das empresas passou a ser o mercado civil, mediante o cumprimento de

prazos de entregas. Como o foco era prazo, a qualidade ficou em segundo plano, se deteriorando

de forma escandalosa – um fenômeno comum em tempos de escassez. A ausência de produtos

atraiu para o mercado novos competidores, cuja inexperiência contribuiu ainda mais para o

declínio da qualidade (Cerqueira, 2006).

Entre 1950 e 1960, vários trabalhos foram publicados, buscando-se a melhoria da

qualidade. A prevenção passou a ser enfatizada e as técnicas adotadas foram além das

ferramentas estatísticas, incluindo conceitos e habilidades gerenciais. Nesta fase, desenvolveram-

se os conceitos de Custos da Qualidade, Total Quality Control (TQC), Confiabilidade e Zero

Defeito. A era da garantia da qualidade caracterizou-se pela valorização do planejamento, pela

coordenação das atividades entre os diversos departamentos e pelo estabelecimento de padrões

Page 25: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

25

da qualidade. Nesse mesmo período, o fordismo teve seu ápice, porém a crise sofrida pelos

Estados Unidos na década de 1970 marcou o declínio do movimento fordista. A partir da década

de 1980, esboçou-se um novo padrão baseado na tecnologia da informação e denominado

toyotismo ou produção-flexível.

1.3.4 Era da gestão da qualidade

No final da década de 70, diversas indústrias americanas e européias viram-se ameaçadas

pelos produtos japoneses de notável qualidade e confiabilidade. Podemos citar como exemplo o

caso

Xerox, onde as ameaças externas desempenharam um papel importante no despertar da empresa

para a qualidade. Alguns fabricantes japoneses se voltaram para o mercado de copiadoras de

baixo custo. Vários deles introduziram modelos mais baratos e de fácil utilização. Historicamente,

a Xerox ignorava esse segmento de mercado e no começo, dispensou a atenção aos

concorrentes. Porém, as máquinas japonesas logo a obrigaram a mudar de opinião, uma vez que

a participação da Xerox no mercado norte-americano de copiadoras caiu assustadoramente de

96% para 46% (GARVIN, 1992). Assim como a Xerox, outras empresas iniciaram esforços no

sentido de recuperação de mercado, o que determinou a aplicação progressiva da qualidade em

todos os aspectos do negócio.

O milagre japonês é um fato bastante conhecido. O que não é prontamente conhecido,

principalmente pelos jovens, é o fato de que, antes dos anos 1950, esse país tinha uma

reputação, nada invejável, de fabricar produtos copiados e de baixíssima qualidade (Moller, 2002).

Nessa época o Japão era um país pobre, totalmente destruído. Dispunha apenas de um único

recurso: um povo, liderado e motivado por um grupo de jovens empresários dispostos a

reconstruir uma nação. E conseguiram; a ponto de hoje "Made in Japan" ser sinônimo de

qualidade e respeito. Assim sendo, uma pergunta não pode deixar de ser formulada, o que

aconteceu para a mudança dessa reputação?

Parte da resposta está no fato de que, por volta de 1950, a alta-direção das empresas japonesas,

em aliança com a JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers); reconheceu a qualidade

como um elemento estratégico para reestruturação do país.

Os trabalhos desenvolvidos pelos americanos Deming e Juran na reconstrução do parque

industrial japonês reforçaram e agregaram valor ao conceito de qualidade. O êxito do Japão e a

sua maciça divulgação foram decisivos para reforçar difundir os princípios essenciais da

qualidade, disseminando no ocidente uma avalanche de transformações gerencias que

Page 26: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

26

culminaram no que chamamos hoje chamamos de Gestão da Qualidade. Sobre o que foi ensinado

pelo Ocidente, os japoneses agregaram valor, desenvolvendo outras abordagens tais como: a) a

participação dos funcionários em todos os níveis da empresa; b) o foco no cliente com uma

cuidadosa atenção à sua definição de qualidade; c) o aprimoramento contínuo (KAISEN) como

parte do trabalho diário de todos os empregados; d) o programa 5S; dentre outros.

Deming e Juran e foram os principais responsáveis pelo movimento da qualidade no

Japão. Os japoneses os consideram a essência do milagre industrial do país. Contudo, seria

injusto associar o movimento a apenas a esses dois estudiosos. Philip Crosby contribuiu muito

com sua teoria do zero defeito e Armand Feigenbaun foi o impulsionador do conceito de controle

de qualidade total. Do lado japonês, Kaoru Ishikawa foi o responsável pela adaptação da cultura

japonesa aos ensinamentos de Deming e Juran, criando as sete ferramentas da qualidade, além

de ser o inspirador dos Círculos de Controle da Qualidade (Marshall Jr, 2003).

O sucesso japonês e a sua maciça divulgação foram decisivos para reforçar, generalizar e

difundir ainda mais os princípios da qualidade pelo mundo afora. Não podemos esquecer que

muitos desses princípios, que já existiam, e foram ensinados pelos próprios americanos ao

japonês, e por incrível que pareça, até certo ponto ficaram "abandonados" pelas indústrias

americanas.

1.3.4.1 Toyotismo (produção enxuta)

O toyotismo nasceu no Japão após a segunda Guerra Mundial, porém somente a partir da

crise capitalista na década de 1970 é que foi reconhecido como filosofia de produção O Japão foi

o berço da automação flexível, pois apresentava um cenário bastante diferente da Europa e dos

Estados Unidos: um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassa, e grande

disponibilidade de mão-de-obra não-especializada, inviabilizavam a solução taylorista-fordista de

produção em massa. A resposta foi o aumento na produtividade na fabricação de pequenas

quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado externo, de modo a

gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos, quanto para importar os

equipamentos necessários para a reconstrução pós-guerra e para o desenvolvimento da

industrialização. O sistema pode ser caracterizado por quatro aspectos básicos:

1. Mecanização flexível, uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da

inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez.

Page 27: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

27

2. Processo de multifuncionalização de mão-de-obra, uma vez que por se basear na

mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a mão-de-obra não podia

ser especializada em funções únicas e restritas como na fordista. Para atingir esse objetivo os

japoneses investiram na educação e qualificação profissional, o toyotismo, em lugar de avançar

na tradicional divisão do trabalho, seguiu também um caminho inverso, incentivando uma atuação

voltada para o enriquecimento do trabalho.

3. Implantação de sistemas de controle de qualidade em todos os pontos processo. No

sistema fordista de produção em massa, a qualidade era assegurada através de controles

amostrais em apenas alguns pontos do processo produtivo.

4. Sistema just in time que se caracterizava pela minimização dos estoques necessários à

produção de um extenso leque de produtos, através de um planejamento de produção dinâmico.

Como indicado pelo próprio nome, o objetivo final seria produzir produtos no exato momento em

que são demandados.

Em meados de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a supremacia produtiva e

econômica, principalmente pela sua sistemática de produção que consistia em produzir bens

pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao contrário do padrão norte-

americano. Com a crise do petróleo e a conseqüente queda no padrão de consumo, os países

passaram a demandar uma série de produtos que não tinham capacidade, e, a princípio, nem

interesse em produzir, o que favoreceu o cenário para as empresas japonesas toyotistas. A razão

para esse fato é que devido à crise, o aumento da produtividade, embora continuasse importante,

perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a diversidade de produtos para melhor

atendimento dos consumidores.

1.4 Principais Gurus da Qualidade

1.4.1 Walter A. Shewhart

Walter Shewhart nasceu nos Estados Unidos em 1891. Formou-se em engenharia, com

doutorado em Física pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Apesar de ter lecionado em

algumas universidades ao longo de sua vida profissional foi como engenheiro, primeiro na

Western Eletric (1918 a 1924) e depois na Bell Telephone Laboratories, onde sua maior

contribuição para área da qualidade foi desenvolvida. Shewhart é considerado o pai do Controle

Estatístico do Processo, o qual ainda hoje é usado no controle da qualidade de muitas

organizações (Carvalho e Paladini, 2006).

Page 28: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

28

1.4.2 William Edwards Deming

Nascido em 1906, estudou na Universidade de Wyoming, tornando-se mestre na

Universidade do Colorado e phD em Física em Yale em 1924. Durante a segunda Guerra Mundial

foi professor de controle estatístico ligado à produção. Percorreu várias eras da qualidade, tendo

sido discípulo de Shewhart, com quem compartilhou o interesse pelas ferramentas estatísticas

aplicadas ao controle de processo e pelo método de análise e solução de problemas por meio do

ciclo do PDCA (Carvalho e Paladini, 2006). Em 1947, foi indicado como consultor técnico pelo

general MacArtthur, para prestar colaboração às forças americanas de ocupação do Japão. Foi o

primeiro a levar a mensagem da qualidade ao povo japonês (1950), tendo sido o principal

transformador da indústria japonesa em uma nova potência econômica. Durante sua estada no

território japonês, proferiu uma série de palestras para líderes das indústrias locais,

revolucionando os conceitos de qualidade no país (Damazio, 1998). O seu método era

filosoficamente humanístico, tratava os trabalhadores como seres humanos e não como

engrenagens. Segundo Deming, a administração era responsável por 85% dos problemas de uma

organização. Através da sua experiência no Japão, ele desenvolveu um método de gerenciamento

baseado em quatorze princípios, detalhados a seguir:

1. Criar constância de objetivos para melhorar os produtos e serviços: Refere-se ao

modo como uma organização lida com os problemas que surgem no presente e no futuro. A

ênfase está no aperfeiçoamento constante de produtos ou serviços. O processo de

aperfeiçoamento é ilustrado pelo ciclo de Shewhart-Deming.

Figura 1.2 - Ciclo de Shewhart-Deming – PDCA

Diferentemente do método de produção tradicional de "projetar, executar, testar e vender",

o ciclo de Shewhart-Deming representa um ciclo contínuo de "planejar, fazer, verificar e atuar"

(PDCA). A primeira etapa (planejar) representa a fase inicial do projeto para planejar uma

mudança em um processo de produção. A segunda etapa (fazer) envolve a condução da

Page 29: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

29

mudança, de preferência em pequena escala. Para que isso aconteça, experiências planejadas

podem ser um método particularmente valioso. A terceira etapa (verificar) envolve a análise dos

resultados, utilizando instrumentos estatísticos para determinar o que foi aprendido. A quarta

etapa (atuar) envolve a aceitação da mudança, sua rejeição, ou novos estudos sob diferentes

condições.

2. Adotar a nova filosofia: Refere-se à urgência com que as empresas precisam chegar à

conclusão de que estamos em uma nova era da economia, que difere radicalmente do período de

domínio americano do pós-guerra. Em geral, se aceita como característica da natureza humana o

fato que as pessoas só tomam uma atitude quando sobrevém uma crise, uma vez que preferem

continuar fazendo as coisas pelos métodos que elas acreditam que tenham tido sucesso no

passado. No entanto, nessa nova era econômica, a gerência de qualquer organização deve se

preocupar com o que Deming chama de conjunto de "doenças fatais": a falta de constância de

objetivos, a ênfase no lucro de curto prazo, o medo de uma direção não-amigável, avaliações de

desempenho e sistemas de mérito e o excesso de rotatividade de gerentes. Finalmente, a filosofia

de gerenciamento precisa aceitar a idéia de que um nível de qualidade mais elevado custa menos

e não mais, mas que é necessário um investimento inicial para se obter a melhoria da qualidade.

3. Fazer com que a qualidade não dependa de inspeção: Implica no fato de que

qualquer inspeção cujo objetivo seja a melhoria da qualidade está obsoleta. A qualidade já deve

vir embutida no produto. Seria melhor concentrar esforços no sentido de fazer a coisa certa desde

o início. Entre as dificuldades envolvidas na inspeção em massa, além de custos elevados, estão

à dificuldade dos inspetores em concordar com itens fora dos padrões de aceitação e o problema

de separar os itens bons dos ruins.

4. Abandonar a prática de decidir sobre a lucratividade de um negócio com base

apenas no preço: Em vez disso, minimizar o custo total trabalhando com um único fornecedor:

Abandonar a prática de negócios lucrativos com base apenas no preço, representa a antítese da

meta de buscar o menor preço. Ele se concentra no fato de que não pode haver um significado

real de longo prazo para o preço sem que seja conhecida a qualidade do produto. O método do

menor preço ignora as vantagens da variação reduzida ao se adotar um único fornecedor, e deixa

de considerar as vantagens de se desenvolver uma relação de longo prazo entre fornecedor e

consumidor. Tal relação permitiria ao fornecedor tornar-se inovador e, em conseqüência,

organização e consumidor tenderiam a tornarem-se parceiros na busca do sucesso.

5. Melhorar sempre de modo constante, cada processo de planejamento, produção e

serviços: Melhorar sempre e de modo constante o sistema, reforça a importância do foco

Page 30: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

30

constante no ciclo de Shewhart-Deming. A convicção de que a qualidade precisa ser estabelecida

no estágio de planejamento. A obtenção da qualidade é vista como um processo sem fim, na qual

variações menores implicam redução de perdas financeiras. Esse método contrasta com outro

cuja única preocupação seja somente cumprir as especificações. Este último método não associa

qualquer perda financeira a produtos cujas características estejam dentro dos limites de

especificação.

6. Instituir o treinamento no trabalho: O treinamento institucionalizado reflete as

necessidades de todos os colaboradores, incluindo terceirizados, técnicos, engenheiros e

gerentes, etc. É decisivamente importante para a gerência, entender as diferenças entre causas

especiais e causas comuns de variações, de modo que se possa empreender a ação apropriada

em cada circunstância. Em particular, o treinamento precisa concentrar-se em padrões de

desenvolvimento para um trabalho aceitável que não se alterem diariamente. Além disso, a

gerência precisa reconhecer que as pessoas aprendem de modos diferentes; algumas aprendem

melhor com instruções escritas, outras, com instruções verbais. Somando-se a isso, a gerência

precisa decidir quem deve ser treinado e em quê.

7. Adotar e instituir a liderança: Relaciona-se com a diferença entre liderança e

supervisão. O objetivo da liderança deve ser aperfeiçoar o sistema e alcançar maior constância no

desempenho.

8. Eliminar o medo: Um dos grandes problemas dentro das organizações é que as

pessoas vivem amedrontadas. Tal postura é contraproducente, pois conduz a atitudes contrárias

em busca da qualidade. O ser humano sem medo possui uma atitude pró-ativa perante o trabalho.

9. Romper barreiras entre os departamentos: Ao se buscar o objetivo comum de

produzir dentro de uma nova filosofia voltada para a qualidade chega-se à conclusão de que os

demais departamentos da organização não são concorrentes e sim aliados de um mesmo

processo. Todos são clientes e fornecedores internos em algum momento, portanto, todos devem

trabalhar em prol do mesmo objetivo.

10. Eliminar slogans, exortações e metas para a força de trabalho: Exortações,

slogans e coisas do gênero, na maioria das vezes, só servem para criar ansiedade e medo. Salvo

quando tiverem algum significado que lhes dê respaldo, devem ser abandonados.

11. Eliminar cotas numéricas para a força de trabalho e metas quantitativas para a

gerência: Ao invés de aumentar a produtividade, o trabalho por quotas pode apresentar o

resultado inverso, pois cada trabalhador possui capacidade diferenciada. As quotas podem levar o

Page 31: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

31

trabalhador a acomodar-se ou intimidar-se. A liderança, ao contrário, busca o melhor que cada um

é capaz de fazer. O trabalhador precisa ter a consciência da importância de seu trabalho. Por

exemplo, o trabalhador que diz estar assentando uma parede de tijolos e o que diz estar

construindo um hospital tem percepções diferentes quanto ao mesmo trabalho. O segundo tem

orgulho daquilo que faz, enquanto o primeiro não sabe o que faz. O sistema de cotas tem um

efeito negativo na qualidade do produto, uma vez que os supervisores estão mais inclinados a

deixar passar, ao longo do sistema, produtos de qualidade inferior quando precisam cumprir

metas de trabalho. Esses padrões de trabalho mais flexíveis reduzem o orgulho quanto à

capacidade de trabalho do indivíduo e perpetuam um sistema em que a pressão da equiparação

sustenta a metade superior dos trabalhadores no limite da cota estabelecida. Além disso, a ênfase

em metas e exortações pode colocar uma carga inapropriada sobre o trabalhador, uma vez que a

meta da gerência é melhorar o sistema, e não esperar que os trabalhadores produzam além dos

limites do sistema.

12. Eliminar barreiras que tira das pessoas o orgulho pelo seu trabalho: Eliminar a

classificação anual ou o sistema de mérito: Um objetivo deve estar centrado em um contexto, se

for algo isolado, corre o risco de se transformar em uma corrida de obstáculos. As pessoas devem

sentir que seu trabalho faz parte de um objetivo global da organização e de longo prazo (Grifo,

1994). O sistema de classificação anual quanto ao desempenho pode tirar do trabalhador o seu

orgulho próprio, uma vez que, muito freqüentemente, esse sistema de avaliação não fornece uma

medida de desempenho significativa. Para muitos supervisores, o único cliente é o seu gerente.

Isso pode gerar em numerosos casos de esforços concentrados no sentido de distorcer os dados

ou distorcer o sistema a fim de produzir o conjunto de resultados desejados, em vez de se

reunirem esforços para melhoraria da organização. Esse método desestimula o trabalho em

equipe, uma vez que geralmente existem poucas recompensas tangíveis para o trabalho conjunto

entre áreas funcionais. Finalmente, ele recompensa pessoas que trabalham com sucesso dentro

do sistema, em vez das pessoas que trabalham no sentido de melhorar o sistema.

13. Instituir um sólido programa de educação e aprimoramento para todos: Instituir a

educação e o aprimoramento pessoal para todos, reflete a noção de que o recurso mais

importante de qualquer organização são as pessoas, infelizmente para maioria das empresas

esse fato ainda não é verdadeiro. Esforços no sentido de melhorar o conhecimento das pessoas

também servem para aumentar os ativos da organização.

14. Envolver todos na empresa para que trabalhem no sentido de atingir a

transformação: Agir no sentido de atingir a transformação, novamente reflete o método da

Page 32: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

32

gerência como um processo no qual investimos continuamente no aperfeiçoamento, em um ciclo

constante.

Figura 1.3 - Cadeia do impacto da qualidade segundo Deming (Tóquio – 1950)

Os princípios listados não possuem significado consistente, se forem vistos isoladamente,

ou como uma mera receita. Eles constituem a base de uma filosofia administrativa orientada para

a melhoria contínua em todos os sentidos. A filosofia Deming pretendia envolver a todos, desde a

alta direção até o mais simples operário, mesmo aquele terceirizado, num processo ininterrupto de

aprimoramento contínuo. Os princípios de Deming formam a base das normas ISO 9000:2000.

1.4.3 Joseph Moses Juran

Nascido na Romênia em 1904, Juran emigrou para os EUA em 1912. Formou-se em

engenharia pela Universidade de Minesota e ingressou no Departamento de Inspeção da

Hawthorne

Work, em 1924. Durante e após a segunda Guerra Mundial tornou-se consultor em qualidade

(Damazio, 1998). Foi o pioneiro na aplicação dos conceitos de qualidade à estratégia empresarial,

ao invés de associá-la à estatística ou a métodos de controle de qualidade (Marshall Jr, 2003). Em

1951, publicou o livro Quality Control Handbook, tornando-se a obra mais importante para o

aperfeiçoamento da qualidade tanto no Japão como nos Estados Unidos. Para ele, qualidade é o

desempenho do produto que resulta em satisfação do cliente, livre de deficiências. Cada etapa do

processo afeta a próxima etapa e assim por diante. Quando produto passa de um empregado

para outro, o receptor do serviço é um cliente neste relacionamento e o processo torna-se um

encontro de necessidades. Para alcançar resultados satisfatórios, as organizações devem focar

três processos gerenciais de gerenciamento da qualidade conhecidos como a trilogia Juran:

planejamento da qualidade, controle da qualidade e melhoria da qualidade.

Page 33: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

33

Figura 1.4 - Diagrama da Trilogia Juran

• Planejamento da qualidade: é o processo de preparação para obtenção dos objetivos

da qualidade. É um conjunto de atividades que visam desenvolver produtos e processos

necessários para atender às necessidades dos clientes.

• Controle da qualidade: é o processo para assegurar o cumprimento dos objetivos da

qualidade durante as operações.

• Melhoria da qualidade: é o processo para produzir com níveis superiores e inéditos de

execução. Visa elevar a qualidade a novos níveis de desempenho, seja ele incremental (melhoria

contínua) ou inovador (melhoria radical).

PLANEJAMENTO DA

QUALIDADE

CONTROLE DA

QUALIDADE

MELHORIA DA QUALIDADE

* Determinar quem são os clientes

* Determinar as necessidades dos

clientes

* Desenvolver características de

produtos que atendam as

necessidades dos clientes

* Desenvolver processos capazes

de reproduzir estas características

* Capacitar colaboradores

* Avaliar o desempenho

da qualidade real

* Comparar o

desempenho real com as

metas da qualidade

* Atuar sobre as

diferenças

* Estabelecer a infra-estruturar para assegurar

a constante melhoria

* Identificar as necessidades específicas para

a criação de projetos de melhoria

* Definir para cada projeto uma equipe com a

responsabilidade de torná-lo bem sucedido

* Fornecer os recursos e treinamentos

necessários às equipes para diagnosticar as

causas, estimular o estabelecimento de uma

solução e implantar controles para manter os

resultados.

Tabela 1.1 - Componentes da trilogia Juran (Marshal Jr, 2003)

A trilogia Juran é representada por um gráfico com as variáveis “tempo” no eixo horizontal

e “custo da não qualidade” (deficiências da qualidade) no eixo vertical. A atividade inicial é o

planejamento da qualidade. Determinam-se quem são os clientes e quais são as suas

necessidades. Em seguida, são desenvolvidos projetos de produtos e processos capazes de

atender essas necessidades identificadas.

Page 34: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

34

Finalmente os colaboradores são capacitados a implementar os planos e com os padrões

estabelecidos, o controle de qualidade os executam para prevenir desperdício intrínseco. O

controle incluiu a extinção de picos esporádicos e a diminuição da variabilidade. O gráfico mostra

que, com o tempo, o desperdício é reduzido a um nível muito abaixo do valor original.

Esse ganho é conseguido pelo terceiro processo da trilogia, denominada melhoria da qualidade

(Marshall Jr, 2003).

1.4.4 Armand Vallin Feigenbaum

Feigenbaum é considerado o pai do conceito de “controle da qualidade total” (total quality

control – TQC). De acordo com sua abordagem, a qualidade é um instrumento estratégico pelo

qual os trabalhadores devem ser responsáveis. Mais que uma técnica de eliminação de defeitos

nas operações industriais, para ele a qualidade é uma filosofia de gestão e um compromisso com

a excelência. Volta-se para fora da empresa e tem por base a orientação para o cliente (Marshall

Jr, 2003).

1.4.5 Philip B. Crosby

A Philip Crosby está associado o conceito de “zero defeito” e de “fazer certo da primeira

vez”. Para ele, qualidade significava conformidade com especificações, que, por sua vez,

variavam de acordo com as necessidades dos clientes.

O objetivo era produzir, atendendo às especificações, o que encoraja as pessoas melhorar

continuamente. Ele acreditava que a filosofia zero defeito não era um slogan, mas sim uma meta

de melhoria a ser buscada continuamente. Afirmava também que os responsáveis pela falta de

qualidade são os gestores, e não os trabalhadores. As iniciativas voltadas para qualidade

deveriam vir de cima para baixo (efeito top-down) e ser ensinadas através do exemplo.

Isso exigiria o empenho da Alta Direção e a formação dos empregados em técnicas de

melhoraria da qualidade. Semelhante a Deming, Crosby também considerava as técnicas não-

preventivas, como inspeção, testes de controle da qualidade pouco eficazes (Marshall Jr, 2003).

Page 35: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

35

1.4.6 Kaoru Ishikawa

Kaoru Ishikawa esteve na vanguarda da revolução econômica japonesa, com o uso de

técnicas de gestão no final dos anos quarenta. Foi professor de engenharia na Science University

of Tokyo (Damazio, 1998). É conhecido como o pai do controle de qualidade japonês, enfatizando

os aspectos humanos e a implantação dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ). Para ele,

cada elemento dentro da empresa precisava estudar, praticar e participar do controle de

qualidade: o TQC, com a participação de todos os colaboradores, incluindo a alta administração,

enseja que qualquer empresa ofereça produtos melhores a um custo mais baixo, aumente a

participação no mercado, melhores os lucros e se transforme em uma organização melhor

(Marshall Jr, 2003). Além da memorável contribuição ao CCQ’s, Ishikawa foi responsável pela

difusão das sete ferramentas da qualidade (Carvalho e Paladini, 2006).

1.5 O fator humano na qualidade

Hoje, uma das premissas básicas da qualidade é a valorização do ser humano dentro das

empresas, seja pela oportunidade de crescimento, seja pelo ambiente de trabalho. Os quatorze

Princípios de Deming foi fortemente influenciada pelos trabalhos de Maslow, que apresentava

filosofia baseada no fato de que o homem tem uma natureza superior instintiva, com característica

holística (Damazio, 1998).

Paralelo a evolução dos conceitos de qualidade, a psicologia do trabalho levantou pontos

importantes, tais como a vontade das pessoas serem produtivas, a necessidade da existência de

supervisão, necessidade de incentivo para melhor desempenho profissional e a necessidade de

criação de clima agradável e de confiança no ambiente de trabalho (Damazio, 1998). Segundo

Hersey Blanchard (1982) a principal vantagem do estudo das atitudes no trabalho é o aumento da

produtividade, a diminuição do absenteísmo e melhor relacionamento humano no trabalho.

1.5.1 Frederick Winslow Taylor

O fundador da administração científica Frederick Winslow Taylor (1856-1915) desenvolveu

seus princípios durante sua ascensão de operário a engenheiro-chefe na siderúrgica Midvale,

Filadélfia. Tais princípios concentravam-se no aumento da eficiência da organização. O ponto

mais importante do modelo taylorista foi a divisão do trabalho em tarefas menos complexas,

possibilitando alocar operários na execução de tarefas específicas (Wagner III e Hollenbeck,

2003). O planejamento e a organização do trabalho passaram a ser feitos por um grupo de

supervisores, especialistas que fracionavam o trabalho em atividades simples, que mediam os

Page 36: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

36

tempos requeridos e estabeleciam padrões de desempenho que deveriam ser cumpridos pelos

operários na linha de produção. Segundo Taylor, a produtividade de uma empresa seria garantida

apenas pela “melhor maneira” de executar cada tarefa. Os supervisores e engenheiros ensinavam

a técnica aos trabalhadores e utilizavam um sistema de recompensas e punições para obrigar a

sua adoção. A aplicação desses princípios trouxe grande vantagem às organizações a ponto de

ser criado o neologismo taylorismo para definição desse método de produção. O método tinha

uma forte dependência do “líder”, agora chamado de supervisor. A função do supervisor era

estabelecer e fazer cumprir critérios de desempenho para atender aos objetivos da organização.

O líder concentrava-se nas necessidades da organização, e não nas do ser humano (Hersey e

Blanchard, 1982).

Sucederam Taylor, outros estudiosos que realizaram experimentos e desenvolveram novas

teorias, sempre objetivando a produtividade e o incremento financeiro. Em 1930, a tendência

iniciada por Taylor começou a regredir, passando a ser substituída pelo movimento de relações

humanas, defendido por Elton Mayo e seus seguidores (Hersey e Blanchard, 1982). A Escola de

Relações Humanas começou a questionar a alienação pelo trabalho e a importância da

participação do trabalhador. Esse trabalho, pioneiro, sobre motivação humana, somado aos

estudos de Maslow, McGregor e Hezberg teve grande influência e importância nos programas de

qualidade no período pós-guerra, em especial na composição do modelo japonês (Marshall Jr,

2003).

1.5.2 Abraham Maslow

Maslow desenvolveu uma teoria interessante para explicar a intensidade de certas

necessidades do ser humano e classificou-as em cinco categorias: fisiológica, segurança, social,

autoestima e auto-realização. Essas necessidades seguem uma hierarquia de prioridades. Para

passar para a necessidade seguinte, é necessário que a anterior tenha sido atendida, mesmo

ainda que parcialmente.

Figura 1.5 - Hierarquia das necessidades de Maslow.

Page 37: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

37

• Fisiológica: refere-se às necessidades básicas do ser humano para garantir a sua

sobrevivência: alimentação, moradia, saúde, educação, etc. Enquanto essas necessidades não

forem atendidas, pelo menos a nível básico, as demais não são prioritárias.

• Segurança: refere-se a segurança no emprego, segurança em manter o padrão de renda

que permita suprir as necessidades fisiológicas.

• Social: o homem precisa viver em comunidade, não só por questão de proteção como

também por necessidade de comunicação e intercâmbio de experiências.

• Auto-estima: o homem tem uma necessidade de ser respeitado pelos colegas, pela

sociedade em que vive.

• Auto-realização: o nível mais alto é obtido quando o homem se sente como um

elemento que contribui para a sociedade através da criatividade. Partindo desse conhecimento,

haveria necessidade de motivar o homem para o trabalho, fazendo com que o homem trabalhasse

naturalmente, como uma forma de maximizar a satisfação de suas necessidades. A palavra chave

é motivação. Para motivar o trabalhador era necessária uma série de mudanças no ambiente de

trabalho.

1.5.3 Douglas McGregor

Douglas McGregor chamou de Teoria X a forma de administrar a produção segundo os

ensinamentos de Taylor, onde a ênfase era o controle e a produtividade. Essa teoria, fortemente

baseada na autoridade, pode provocar contramedidas por parte dos empregados através da

submissão formal de "fazer apenas o que for mandado", do baixo padrão de desempenho, do

comportamento defensivo e da indiferença em relação aos grandes objetivos da organização. Em

contrapartida estabeleceu a Teoria Y. Essa teoria propõe uma administração participativa, a

descentralização e delegação de poderes, o enriquecimento do trabalho e a participação do

empregado no estabelecimento de objetivos e a sua avaliação.

TEORIA X TEORIA Y

• O trabalho é intrinsecamente desagradável

para a maioria das pessoas.

• Poucas pessoas são ambiciosas, têm desejo

de responsabilidades, a maioria prefere ser

orientada pelos outros.

• A maioria tem pouca capacidade para

criatividade na solução de problemas da

organização.

• O trabalho é tão natural quanto o jogo, desde

que as condições sejam favoráveis.

• O autocontrole é freqüentemente

indispensável para a realização de objetivos da

organização.

• A capacidade para criatividade na solução de

problemas da organização está muito

distribuída na população.

Page 38: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

38

• A motivação ocorre apenas nos níveis

fisiológicos e de segurança.

• Para realização de objetivos da organização, a

maioria das pessoas precisa ser estritamente

controlada e muitas vezes obrigada a buscar os

objetivos da organização.

• A motivação ocorre no nível social, de estima

e auto-realização, bem como no nível fisiológico

e de segurança.

• As pessoas podem orientar-se e ser criativas

no trabalho, desde que adequadamente

motivadas.

Tabela 1.2 - Lista de suposições sobre as teorias X e Y de McGregor, segundo (Hersey e Blanchard, 1982).

1.5.4 Frederick Herzberg

A teoria motivação-higiene Frederick Herzberg resultou de um estudo realizado por ele e

seus colegas no serviço psicológico de Pittsburgh. Ele concluiu que as pessoas têm duas

categorias de necessidades, essencialmente independentes entre si e que influenciavam no

trabalho de maneiras distintas. Hezberg observou que, quando as pessoas se sentiam

insatisfeitas com o seu trabalho, estavam preocupadas com o ambiente que trabalhavam. Por

outro lado, quando se sentiam bem no trabalho, tratava-se do trabalho em si. Hezberg chamou a

primeira categoria de necessidades de fatores de higiene ou de fatores de manutenção. Higiene

porque descrevem o ambiente das pessoas

e têm função primária de prevenir a insatisfação no trabalho; manutenção porque as pessoas

nunca estão completamente satisfeitas, ou seja, precisam ser mantidas continuamente. A

segunda categoria de necessidades chamou fatores motivadores, por que lhe pareciam eficazes,

motivando as pessoas para um desempenho superior (Hersey e Blanchard, 1982).

Os fatores de higiene estão no ambiente que rodeia as pessoas e estão fora do controle

delas: salário, benefícios sociais, tipo de chefia ou supervisão, condições físicas e ambientais de

trabalho, políticas da empresa, relacionamento empresa-empregado, valores da organização,

regulamentos internos, etc. Para Herzberg quando os fatores higiênicos são ótimos, eles apenas

evitam a insatisfação dos empregados e se elevam às satisfações, pois não conseguem sustentá-

la por muito tempo.

Os fatores motivadores são relacionados com o conteúdo do cargo e a natureza das

tarefas que a pessoa executa, estando sob o controle do individuo, pois estão ligados a seu papel

dentro da organização. Envolvem sentimento e desenvolvimento pessoal, reconhecimento

profissional e autorealização. Quando são ótimos, provocam satisfação nas pessoas, porém

quando precários, evitam satisfação.

Page 39: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

39

FATORES DE HIGIENE FATORES MOTIVADORES

Ambiente O trabalho em si

• Política e administração

• Supervisão

• Condições de trabalho

• Relações interpessoais

• Dinheiro, status, segurança.

• Realização

• Reconhecimento do desempenho

• Trabalho desafiante

• Maior responsabilidade

• Crescimento e desenvolvimento

Tabela 1.3 - Fatores de motivação e de higiene segundo Hezberg (Hersey e Blanchard, 1982).

Para proporcionar a continua motivação no trabalho, Herzberg propõe o enriquecimento de

tarefas ou enriquecimento do cargo. Substituir tarefas simples e elementares do cargo por tarefas

mais complexas para acompanhar o crescimento individual, oferecendo condições de desafio e de

satisfação profissional no cargo.

1.6 As dimensões da qualidade total

A noção de Qualidade Total até então analisada, pode ser apresentada de uma maneira

bastante objetiva e abrangente através de cinco dimensões básicas:

• Q Qualidade Intrínseca

• C Custo

• A Atendimento

• M Moral

• S Segurança

Cada uma das dimensões é, por sua vez, subdividida em atributos, estes em número

variável de acordo com o produto em questão. Por qualidade intrínseca entende-se a qualidade

propriamente dita, característica inerente ao produto. Dentre outras, podemos citar a durabilidade,

aparência e ausência de defeitos. A dimensão custo é a dimensão econômica da qualidade,

percebida como preço pelo cliente. O aumento da produtividade alcançado pela redução de

desperdício, retrabalho e de atividades que não agregam valor, resultam em redução de custos de

produção. Essa vantagem competitiva pode ser utilizada na forma de redução de preço ou

aumento na margem de lucro, o que vai depender da estratégia de mercado adotada pela

organização. Em atendimento encontram-se atributos relativos à cortesia, quantidade, prazo,

local, formas de pagamento, garantia, assistência pós-venda, etc.

Page 40: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

40

O moral refere-se aos aspectos motivacionais das pessoas participantes dos processos. A

inclusão de uma dimensão específica ao empregado (cliente interno) vem demonstrar a

importância das pessoas para a concretização da qualidade total. A dimensão segurança abrange

tanto clientes internos quanto externos. Refere-se à segurança do ambiente de trabalho, da

utilização do produto pelo cliente, da comunidade externa e do meio-ambiente. A organização é

responsável pelo impacto de todos os seus produtos, sejam eles intencionais (produto

comercializado) ou nãointencionais (efluentes, poluição sonora, acidentes de trabalho, acidentes

ambientais, etc.). Para exemplificar, vamos considerar os atributos das dimensões da Qualidade

Total de um automóvel.

• AUTOMÓVEL

Qualidade Intrínseca: Conforto, estilo, durabilidade, ausência de defeitos, disponibilidade

de acessórios, opções de cores, potência do motor, economia de combustível, etc.

Custo: Preço do automóvel.

Atendimento: Facilidade de acesso à concessionária, conforto das instalações de

atendimento ao cliente, cortesia, disponibilidade de informações, formas de pagamento

adequadas, disponibilidade para entrega, garantia oferecida, quantidade de oficinas para serviços,

etc.

Moral: Estado motivacional dos empregados.

Segurança: Segurança do automóvel, abrangendo também os componentes e

equipamentos que a afetam diretamente (freio, suspensão, barra de proteção, lataria com

deformação programada, etc.).

Com esse exemplo, que abrange produto (tangível), percebe-se a diversidade de atributos

possíveis para o produto que pode ser ainda mais específico se considerarmos as diferentes

classes de um mesmo produto. No caso de automóveis, por exemplo, se estivermos tratando da

classe de populares, em qualidade intrínseca será privilegiada a economia de combustível em

detrimento da potência do motor. Para a classe de automóveis de luxo, estilo, conforto e potência

serão certamente priorizados, ficando o consumo de combustível como um item de reduzido

impacto na decisão de compra.

Outro aspecto relevante é a inter-relação das dimensões. É naturalmente mais direta a

relação entre a qualidade intrínseca e o preço no processo de decisão de compra. Na maioria dos

casos, para produtos de uma mesma classe com qualidade intrínseca equivalente, a decisão de

compra será pelo produto de menor custo.

Page 41: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

41

A decisão do cliente é, na verdade, multivariável. As variáveis (dimensões e atributos) têm

pesos diferenciados para diferentes tipos de cliente. Exemplificando de modo simples, para

determinado tipo de cliente a cortesia no atendimento ou a forma de pagamento podem ser mais

importantes do que o preço, levando a uma opção pelo mais caro. Uns privilegiam a assistência

pósvenda (assistência técnica) e a garantia oferecida. Outros, ainda, condicionam suas opções de

escolha a aspectos de segurança. Cabe à organização buscar conhecer exatamente o perfil dos

clientes, de forma a tomar decisões que sejam economicamente viáveis e efetivas em satisfazê-

los. A dimensão moral aparentemente não impacta o processo decisório apenas aparentemente!

Quais dimensões podem ser afetadas se as pessoas da organização estiverem insatisfeitas e

desmotivadas? Todas! Sim, todas! Moral baixo leva a maior incidência de falha humana,

retrabalho e acidentes, afetando diretamente a qualidade intrínseca dos produtos, elevando os

custos de produção e reduzindo a segurança em todos os seus aspectos. Não há dúvidas de que

pessoas insatisfeitas estarão menos predispostas a fornecer um atendimento cortês e solícito a

seu cliente.

Podemos concluir que só podemos falar verdadeiramente em qualidade quando todas as

cinco dimensões estiverem sendo adequadamente atendidas pela organização. Ainda que o

cliente privilegie alguns aspectos, o descuido com os demais pode resultar em conseqüências

desastrosas. Uma desatenção à segurança, por exemplo, em virtude da ênfase às dimensões

custo e atendimento, pode eventualmente resultar num acidente envolvendo o seu produto. Os

danos decorrentes poderão ser tão expressivos à imagem institucional que mesmo toda a

excelência demonstrada nas outras dimensões seria insuficiente para manter a fidelidade da

maioria de seus clientes Para uma empresa avaliar a evolução de seus esforços de implantação

da Gestão da Qualidade Total, deve ser capaz de mensurar seu desempenho nos vários atributos

das dimensões: Qualidade, Custo, Atendimento, Moral e Segurança. Todas elas, mesmo as

aparentemente abstratas, podem ser quantificadas, através de indicadores de gestão e

produtividade. A seguir apresentamos alguns exemplos.

• Qualidade Intrínseca: Pode ser quantificada pelo número de defeitos por quantidade

produzida (ou pelo número de reclamações).

• Custo: É um atributo numérico, pode ser comparado com o da concorrência, com dados

históricos próprios ou com parâmetros internacionais.

• Atendimento: Pode ser quantificado pelos atrasos nas entregas dos bens ou da

prestação do serviço, número de reclamações, freqüência em que não se pôde atender a alguma

determinação contratual, etc.

Page 42: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

42

• Moral: Pode ser avaliada diretamente, via pesquisa de clima organizacional, ou

indiretamente por fatores como absenteísmo, freqüência de licença médica, índice de acidentes,

etc.

• Segurança: Pode ser avaliada proativamente via verificação do cumprimento dos planos,

normas e procedimentos que impactam a segurança, ou reativamente, via acompanhamento do

número de acidentes.

Qualquer que sejam os mecanismos de mensuração de desempenho é indispensável que

se ouça a opinião do cliente. A satisfação do cliente é o critério final para se julgar o sucesso de

uma organização na implantação da Gestão da Qualidade Total. A objetivação desse julgamento,

via pesquisa de satisfação, deve ser realizada na forma e periodicidade adequadas a cada

situação. Os indicadores de gestão e produtividade serão estudados posteriormente.

1.7 Explorando outros conceitos

1.7.1 Produtividade

Os caminhos da qualidade implicam necessariamente na redução de custos: retrabalho,

eliminação de atividades que não agreguem de valor e melhoria contínua de processos. Uma

conseqüência direta destes fatores é o aumento da produtividade. A produtividade é o quociente

da produção por um dos fatores da produção. Ela é, portanto, um índice. Os fatores da produção

podem ser: o tempo, a matéria-prima, a energia, o custo. Aumentar a produtividade significa então

produzir mais utilizando o mesmo fator de produção ou produzir o mesmo utilizando um menor

fator de produção. Podemos dizer que a produtividade é uma relação entre o que se produz e o

que se consome na produção e pode ser entendida como uma medida da eficiência no uso dos

recursos em um processo produtivo.

Figura 1.6 - Conceito de produtividade.

Page 43: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

43

1.7.2 Competitividade

A competitividade de uma empresa pode ser medida pela comparação de sua

produtividade com a dos seus concorrentes. Havendo uma equivalência na qualidade, será mais

competitiva a organização que apresentar maior produtividade. A vantagem representada pelos

custos mais baixos, decorrentes da maior produtividade, pode ser utilizada na redução do preço

praticado ao cliente (competição via preço, garantindo margem equivalente à concorrência) ou

mantendo a paridade de preços e reinvestindo o lucro no próprio processo (competição via

diferenciação). Nesse segundo caso, pode fazer parte da estratégia de marketing empresa a sua

atuação numa faixa premium do mercado, com margens ainda mais elevadas.

Estrategicamente podemos afirmar que através da qualidade uma empresa pode

incrementar sua produtividade, possibilitando o alcance da competitividade. A qualidade não é,

certamente, a única resposta à perplexidade das empresas em busca da sobrevivência no

mercado. Contudo, ela é um modelo consistente, fundamentado e aperfeiçoado há mais de seis

décadas, que apresenta vantagens para todos os componentes do trinômio Cliente-Empregado-

Empresário, proporcionando a cada parte o atendimento de suas necessidades e expectativas. A

qualidade, longe de ser uma fórmula mágica de fácil aplicação e resultados imediatos, sob a forma

de gestão requer comprometimento e persistência, a começar da Alta Administração, por se

estruturar principalmente em uma profunda mudança da cultura organizacional.

1.7.3 Cliente

A frase “o cliente em primeiro lugar” exprime uma postura indispensável para o êxito de

qualquer organização. O objetivo comum a todas as empresas deveria ser fornecer soluções para

as necessidades de seus clientes. Philip Crosby ensinou que qualidade significa o cumprimento

de requisitos combinados com o cliente. Para fazer com que isso aconteça é necessário dispor de

ferramentas que nos permitam, primeiramente, identificar quais são os requisitos desejados pelos

clientes e em seguida, medir e monitorar como atendemos esses requisitos. Mas quem são

nossos clientes? Um método simples para a identificação de clientes, consiste em seguir o

produto para verificar quem é afetado por ele. Na verdade, o cliente será todo aquele que recebe

um produto proveniente de um processo. O cliente poderá ser qualquer elemento dentro ou fora

da organização Na verdade, todos que serão afetados pelo processo, direta ou indiretamente, são

considerados clientes. Didaticamente os clientes podem ser classificados como clientes internos

ou clientes externos.

Page 44: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

44

1.7.3.1 Cliente externo

Pessoa ou organização que recebe, compra, utiliza ou é afetada pelo produto, mesmo que

indiretamente, e que não faz parte da equipe da organização responsável pela produção do

produto.

1.7.3.2 Cliente interno

É aquele que, participando do processo, utiliza-se da atividade da etapa anterior do

processo ou por ele é afetado.

1.7.4 Organização

Entendemos por organização8 um grupo de instalações e pessoas com um conjunto de

responsabilidades, autoridades e relações. Por exemplo, companhia, corporação, firma, empresa,

instituições, organização beneficente, comerciante, associação, ou parte ou combinação destes.

1.7.5 Processo

Processo é um conjunto de causas e condições que, repetidamente, provocam um ou mais

efeitos que pode ser convenientemente representado por uma ferramenta da qualidade

denominada diagrama de causa e efeito (figura 1.7). Existem seis fatores que contribuem para

variação de um processo, são eles: máquinas, métodos, materiais, meio ambiente, mão de obra e

medida (SIQUEIRA, 1997), denominadas causas de variação.

Figura 1.7 - Diagrama de causa e efeito.

Os processos de uma organização podem ser divididos em processos menores que

compõem o fluxo do processo principal, como por exemplo, o processo de compras, recebimentos

de matérias primas etc.

Page 45: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

45

Mesmo processos menores podem ser subdivididos em processos ainda menores, de

forma a facilitar o gerenciamento. O conceito de divisibilidade de um processo permite controlar

sistematicamente cada um deles separadamente, podendo desta maneira conduzir a um controle

mais eficaz sobre o processo como um todo. Controlando os processos menores é possível

localizar mais facilmente os problemas e agir mais prontamente sobre as variações.

Figura 1.8 - Processo e seus produtos: intencionais e não intencionais.

Uma empresa é um processo. Dentro dela existem outros processos. Não só processos de

manufatura como também processos de serviços. Infere-se que o controle de processos é uma

prática que se inicia com a Alta Direção empresa, pois o processo maior, a empresa, é de sua

responsabilidade.

1.7.5.1 Problemas nos processos

Mas afinal, o que é um problema? Um problema é o resultado indesejável de um processo.

Por exemplo, para transportar um produto, é preciso que um conjunto de causas produza este

resultado ou efeito, deste modo, fala-se do processo de transporte, que é o conjunto de causas

que resulta na entrega do produto a seu destino (tabela 1.4). Se não conseguimos entregar o

produto no prazo, temos um problema: uma não conformidade.

Figura 1.9 - Fatores que influenciam em um processo considerando as entradas e saídas.

Page 46: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

46

Causa de variação Exemplos

Máquina

Origem no equipamento

• Deficiência na manutenção

• Deterioração por deslizamento

• Deterioração por rotação

Matéria Prima

• Origem no armazenamento

• Origem no Transporte

• Origem no fornecedor

• Temperatura de

armazenamento

• Umidade no armazém

• Prazo de validade vencido

• Controle de qualidade

• Carregamento

• Embalagem

Medida

• Origem no instrumento

• Origem no método

• Origem nas condições locais

• Calibração

• Manutenção

• Treinamento das pessoas

Mão de Obra

• Origem na condição mental

• Origem na condição

emocional

• Origem na condição física

• Doença ocupacional

• Estresse

• Doença,

• Desconforto

• Motivação

Método

• Origem no procedimento de

operação

• Origem na especificação ou

desenho

• Documento inexistente ou

confuso

• Desatualizado

Meio Ambiente

• Origem nas condições de

trabalho

• Origem no clima

• Limpeza, umidade,

temperatura, iluminação

• Chuva, verão, inverno

Tabela 1.4 - Fatores que influenciam no processo e suas origens.

Quando os seis fatores de variação se apresentam nos processos de uma forma normal ou

esperada, dizemos que um padrão de causas comuns está se desenvolvendo. Causas de

variação comuns ou aleatórias são inevitáveis e difíceis de serem identificadas, pois são de

pequena significância.

As causas de variação de grande significância e, portanto, facilmente identificáveis, são

classificadas como causas de variação especiais. Quando apenas causas comuns estão

Page 47: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

47

presentes no processo, dizemos que o mesmo está sob controle. Contudo, quando causas

especiais de variação também estão presentes, a variação se torna excessiva, e o processo é

classificado como fora de controle ou além da expectativa normal de variação (Siqueira, 1997).

1.7.6 O Serviço também é um produto

Produto é o resultado de um processo. Freqüentemente o termo produto é utilizado, de

forma genérica, tanto para produtos como para serviços. Segundo a norma NBR ISO 9000 (2000),

os conceitos, princípios e elementos da gestão da qualidade são aplicáveis para todas as formas

de produtos ou serviços e para qualquer tamanho de organização. Existem quatro categorias

de produtos: serviços (ex. transportes, calibrações), software (ex. programas de computador),

hardware (ex. componentes mecânicos de um motor) e materiais processados (ex. lubrificantes).

Figura 1.10 - Envolvimento do produto e serviço na aquisição, adaptado de Takashina e Flores.

A figura 1.10 mostra que, em qualquer situação, sempre existe um produto envolvido em

um serviço e vice-versa. Na aquisição de um automóvel, por exemplo, há um alto envolvimento do

produto, predominando o valor do produto físico na composição, contrapondo a serviços de

consultoria que apresenta um baixo envolvimento do produto; o produto tangível nessa situação é

um simples documento que contém as recomendações (Takashina e Flores, 1999).

1.8 Custos da qualidade

Definimos como custos da qualidade, aqueles que a empresa incorre ao produzir seus

produtos. Didaticamente são divididos em: custos do controle e custos das falhas.

Page 48: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

48

CÃO

Figura 1.11 - Custos do controle e custos das falhas

1.8.1 Custo da avaliação

Custos ocorridos durante o processo produtivo, cujo objetivo é garantir e assegurar a

qualidade intrínseca do produto. O mais visível deles é o custo da folha de pagamento do

departamento de controle de qualidade. Outros são os instrumentos de inspeção, custo do capital

de giro decorrente do tempo que o material fica indisponível para venda devido à inspeção,etc.

1.8.2 Custo da prevenção

Custos ligados à implantação de um Sistema de Gestão. São os custos relacionados a:

treinamento de pessoal, avaliação e desenvolvimento de fornecedores, elaboração do manual da

qualidade, de procedimentos, manutenção preventiva, calibração, auditorias da qualidade, etc.

1.8.3 Custo das falhas internas

Custos decorrentes da produção com qualidade inferior à desejada, constatados enquanto

o produto ainda não foi expedido para o cliente. São considerados custos de falhas internas a

diferença de faturamento decorrente da venda por um preço menor de um produto sem a

qualidade requerida, conhecido como a venda de produtos de segunda linha ou comercial. Esse é

o elemento de custo mais visível nas empresas. Porém, existem outros que passam quase

despercebidos como: reanálise, reprocessamento ou reparo do produto, tempo consumido na

análise de falhas e nas mudanças dos procedimentos ou no projeto do produto, etc.

Page 49: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

49

1.8.4 Custo das falhas externas

São os custos dos defeitos que foram constatados pelo cliente após o recebimento do

produto. O maior desses custos, e o mais difícil de ser apurado, é a perda da imagem da

organização que, em casos extremos, pode significar a perda do cliente e do mercado. Uma

estatística norte americana diz que o custo de recuperação de um cliente é cinco vezes o custo da

conquista de um novo cliente (Moller, 2002). Também são exemplos de custos de falhas externas:

custos decorrentes da garantia do produto, descontos dados ao cliente nas próximas vendas,

custo do retorno do material, custo das visitas da assistência técnica para solucionar o problema.

1.8.5 Principais problemas relacionados à qualidade

• Perda de matéria-prima durante as fases de fabricação.

• Refugos e defeitos criados por trabalho ou processo incorreto.

• Desperdício: insumos, tempo da máquina, esforço humano.

• Quebras de equipamentos e tempos perdidos nas operações.

• Retrabalho que aumenta os custos e consome tempo que poderia ser utilizado para

produzir outros produtos.

• Alto custo das assistências técnicas para corrigir defeitos.

• Muitas inspeções de processos não confiáveis.

• Reposição de peças e devoluções.

• Burocracia onde a mesma atividade é feita duas ou mais vezes.

• Perda de tempo no atendimento e atraso na entrega.

• Falta de cortesia no atendimento ao cliente.

• Pouca qualificação profissional para o atendimento.

• Transporte inadequado provocando danos aos produtos.

1.8.6 A importância da satisfação do cliente

Embora a insatisfação do cliente tenha maior repercussão que a satisfação, isso não

significa necessariamente que sua insatisfação chegará até ao fornecedor do produto. As

pesquisas de mercado confirmam essa situação. Um estudo publicado pela Harper’s Magazine

em 1986, mostrou que se um consumidor ao adquirir um veículo ficar satisfeito com a compra, ele

contará sua experiência positiva para 8 pessoas. Se ele estiver insatisfeito com o veículo contará

isso para 22 pessoas. Produtos ruins lembram constantemente os consumidores para que mudem

de marcas na próxima vez. Outro estudo, conduzido pela Technical Assistance Research

Programs, revelou que de cada 27 clientes que experimentam um serviço ruim, 26 não reclamam,

Page 50: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

50

por acreditarem que a reclamação seria desgastante e uma perda de tempo. Daqueles que

decidem reclamar, apenas um em cada dez retorna como cliente. (Moller, 2002).

1.9 Uma empresa de qualidade

A qualidade de uma organização pode ser definida pelo grau de atendimento das

exigências e expectativas “técnicas” e “humanas”. Essas exigências e expectativas são fixadas

tanto pelo mundo exterior como pelos próprios empregados da empresa. A qualidade da empresa

é desenvolvida dirigindo-se esforços parar melhorar a qualidade do seu pessoal, seus

departamentos e produtos. Segundo Moller (2002), os indicadores de qualidade de uma

organização são:

1. Foco no desenvolvimento da qualidade: a qualidade é levada a sério. O

desenvolvimento da qualidade faz parte da vida da empresa.

2. Participação da alta administração no processo de qualidade: a alta administração

participa de forma visível do processo de desenvolvimento da qualidade. Ela se esforça para

atingir altos padrões de eficiência e alto grau de relacionamento humano.

3. Clientes satisfeitos: os clientes estão satisfeitos com os produtos e serviços da

empresa e permanecem leais a ela.

4. Funcionários comprometidos: os funcionários prosperam e são comprometidos. O

giro de pessoal e o absenteísmo estão muito abaixo da média.

5. Desenvolvimento da qualidade em longo prazo: a empresa investe mais no

desenvolvimento da qualidade em longo prazo do que em reduções de custos e lucros em curto

prazo.

6. Metas de qualidade claramente definidas: as metas de qualidade estão claramente

definidas para todas as áreas. Os padrões de desempenho são elevados e os resultados são

constantemente monitorados e divulgados para organização.

7. O desempenho de qualidade é premiado: o desempenho de qualidade é premiado de

forma visível e é um pré-requisito para promoções.

8. O controle de qualidade é percebido de forma positiva: o controle de qualidade não

é percebido como sinal de desconfiança, mas sim como um meio para desenvolver e manter a

qualidade. Os desvios em relação às metas de qualidade não são aceitáveis, exigem

investigações e conduzem a ações corretivas.

9. A pessoa seguinte no processo produtivo é um cliente valioso dentro da empresa:

nenhum membro da cadeia deve sofrer devido a erros cometidos por outros. Todos se

comprometem em agir como fornecedores de qualidade aos seus clientes internos.

Page 51: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

51

10. Investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoal: os empregados são

os recursos mais importantes da empresa que investe no treinamento e desenvolvimento de todo

o pessoal.

11. Prevenção e redução de erros: investimentos consideráveis são feitos para evitar e

limitar os erros. A empresa faz distinção entre os erros aceitáveis e inaceitáveis. Erros aceitáveis

são erros criativos que estimulam o desenvolvimento, testam novos conhecimentos e são sinais

de experimentação. Erros inaceitáveis são erros "por descuido" que são desnecessários,

dispendiosos e prejudiciais.

12. Nível de decisão adequado: o nível de tomada de decisões não está localizado mais

alto que o necessário na organização. As decisões informadas são tomadas no nível em que as

exigências de qualidade possam ser satisfeitas.

13. Caminho direto até os usuários finais: os produtos e serviços são produzidos e

passados aos usuários finais pelo método mais direto e eficaz à disposição.

14. Ênfase tanto na qualidade técnica como na humana: a empresa enfatiza tanto a

qualidade técnica como a humana.

15. Ações da empresa dirigidas às necessidades dos clientes: a satisfação das

necessidades dos clientes ou usuários finais se reflete em todas as ações da empresa. As

medições da qualidade têm lugar não só dentro da empresa, mas também junto aos clientes.

16. Análise de valor permanente: análises de valor permanentes são conduzidas para

verificar se as coisas certas estão sendo feitas e verificar se os resultados valem o esforço

despendido. As atividades que não agregam valor são eliminadas.

17. Reconhecimento, pela empresa, do seu papel na sociedade: a empresa reconhece

sua responsabilidade global e assume seu papel ao contribuir para a sociedade.

1.10 Medições de desempenho

1.10.1 Benchmarck e benchmarking

Benchmarck (referencial de excelência) é o indicador de um líder reconhecido, usado para

comparação, enquanto benchmarcking é a atividade de comparar um processo com os líderes

reconhecidos, inclusive de outros ramos, para identificar as oportunidades de melhoria de

Qualidade. O benchmarking (comparação com referências) pode também ser definido como a

busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior. O

benchmarking contribui para a organização fixar uma meta de melhoria, superar as expectativas

do cliente, reprojetar o processo e recuperar o atraso tecnológico. O resultado deve ser

comparado com a meta e com resultados de períodos passados, além de referenciais de

comparação como a média do ramo, o melhor concorrente, um concorrente potencial ou o

Page 52: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

52

referencial de excelência. Uma das maneiras de se coletarem informações externas é realizando

visitas a organizações consideradas líderes em determinadas atividades (Takashina e Flores,

1996).

1.10.2 Medindo a qualidade e a produtividade

Nosso organismo monitora nossos sentimentos, e em função dessa avaliação tomamos

determinadas ações. Por exemplo: São 13h30min, desde que se levantou você não se alimentou,

provavelmente você está faminto. O sentimento FOME funciona como SENSOR - que indica que

sua reserva energética se esgotou. Para contornar esse problema você precisa ATUAR sobre

esse problema, ou seja, se alimentar.

De modo análogo aos seres vivos, às empresas necessitam de sensores, indicadores da

qualidade e produtividade que demonstrem a situação da organização frente à qualidade

requerida, ou seja, a real constatação dos seus pontos fortes, tais como: redução do número de

não conformidades, satisfação dos empregados, redução de paradas de máquina, etc; como seus

pontos vulneráveis, por exemplo: reclamação de clientes, retrabalho, insatisfação dos

empregados, etc. Os indicadores são mecanismos que permitem a organização reagir tão logo

perceba que algo não vai conforme o planejado. Um sistema de gestão é considerado eficiente

quando atinge os resultados desejados através de uma utilização ótima dos processos e recursos

disponíveis.

Os indicadores devem ser organizados de modo a permitir uma fácil visualização dos

resultados da empresa. Geralmente são formas de representação gráficas, quantificáveis das

características de produtos e processos, utilizados para controlar e melhorar a qualidade e o

desempenho de produtos e processos. Os Indicadores da Qualidade estão associados às

características da Qualidade do produto, julgadas pelo cliente:

• Estão mais ligados às saídas do processo

• Representam a eficácia com que o processo sob estudo atende às necessidades de seus

clientes.

• Indicam se seu processo está fazendo seus produtos/serviços certos.

Total de não atendimentos (problemas, erros, desvios) Fórmula Geral = Quantidade total

Page 53: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

53

Os indicadores são parâmetros que comparam a situação desejada e a situação atual, com

isso indicando a possível ocorrência de problemas. Eles permitem quantificar os processos. Os

indicadores devem apresentar as seguintes propriedades:

• Ser representativo;

• Fácil de entender;

• Testado no campo;

• Econômico (não dar trabalho para ser calculado);

• Disponível a tempo (dados atrasados não representam mais a situação atual);

• Compatível (com os métodos de coleta disponíveis).

Os indicadores de produtividade estão associados às características do produto e do

processo, desdobradas pelo processador a partir das características da Qualidade. São

considerados uma medida relativa e, portanto, devem ser comparados com o indicador do período

anterior ou de um período base. O indicador pode ser calculado para cada um dos recursos ou

insumos utilizados.

Como exemplos de indicadores de produtividade, podemos citar:

• Vendas por empregado

• Testes por hora

• Relatórios por profissional

• Custo por unidade produzida ou vendida

• Utilização do equipamento

• Transações por hora

• Tempo de processamento por unidade

• Custo por unidade vendida ou produzida

Os indicadores de flexibilidade do processo, ou de adaptabilidade, medem a capacidade

de um produto ou processo se adaptar aos requisitos individuais e especiais do cliente. São

exemplos:

• Percentuais de pedidos especiais recebidos

• Percentuais de pedidos especiais recusados

• Percentuais de pedidos especiais aceitos

• Percentuais de pedidos especiais atendidos

Page 54: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

54

A apuração de resultados através dos indicadores permite uma avaliação do desempenho

da organização no período, subsidiando as tomadas de decisão e o replanejamento. Para isso o

acompanhamento do indicador deve demonstrar níveis, tendências e comparações:

• O nível refere-se ao patamar em que os resultados se situam no período (p. ex.: custo de

refugos e retrabalhos igual a 2% do custo total).

• A tendência refere-se à variação do nível dos resultados em períodos consecutivos (p.

ex.: redução de 10% no custo de refugos e retrabalhos para 2006 em relação a 2005).

• A comparação pode ser feita em relação aos indicadores compatíveis de outros produtos

ou processos da organização, aos indicadores de outras unidades de negócios ou de outras

organizações.

O valor pretendido para o indicador é chamado meta, que deve ser atingida em

determinadas condições estabelecidas no planejamento. A meta deve ser fixada a partir das

necessidades e expectativas do cliente (interno e externo), levando em conta os objetivos e

estratégias da organização e os referenciais externos de comparação. Todo indicador deve ter um

título que permita identificar sua aplicação. A seguir são apresentados exemplos de títulos,

classificados por tipo-chave

(Takashina e Flores, 1996).

1. Satisfação, retenção e insatisfação de clientes.

• Percentual de clientes satisfeitos com o atendimento;

• Razão entre número de queixas e de vendas realizadas;

• Taxa de verificação do número de clientes;

• Percentual de clientes que retornam;

• Percentual de clientes satisfeitos com o atendimento prestado pela concorrência.

2. Participação no mercado e desenvolvimento de novos mercados

• Percentual de participação no mercado;

• Percentual da participação de novos produtos nas vendas;

• Percentual da participação da concorrência no mercado.

3. Desempenho de produtos

• Taxa de falhas;

• Percentual de entregas no prazo;

Page 55: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

55

• Custo unitário do produto.

4. Desempenho operacional

• Proporção de desperdícios;

• Energia gasta por unidade produzida;

• Produção média diária;

• Tempo médio de produção;

• Taxa de utilização da capacidade instalada.

• Percentual de erros na emissão de faturas.

• Proporção de unidades recebidas com defeitos;

• Percentual de produtos recebidos no prazo;

• Variação do preço médio.

5. Desempenho de recursos humanos

• Percentual de funcionários envolvidos em projetos de melhoria;

• Número médio de sugestões recebidas e implementadas por funcionários;

• Taxa de absenteísmo;

• Taxa de rotatividade de pessoal;

• Taxa de freqüência de acidentes;

• Índice de satisfação dos funcionários.

6. Desempenho na responsabilidade pública e no espírito comunitário

• Índice de satisfação da comunidade com a organização;

• Índice de agressão ao meio ambiente.

A definição de um indicador está relacionada ao seu método de cálculo, geralmente

traduzido para uma expressão matemática.

A tabela 1.5 apresenta alguns exemplos de definições de indicadores, agrupados segundo

as formas de apresentação dos resultados.

Page 56: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

56

Título Definição Forma

- Percentual de pacotes

definidos

- Margem de lucro

- Percentual de clientes

satisfeitos com o tempo de

energia

- (número de pacotes danificados / número total de

encomendas despachadas no período) x 100

- (lucro / vendas no período) x 100

- (número de entrevistados satisfeitos com o tempo de

entrega da encomenda / número de entrevistas no

período) x 100

Proporção ou

percentual

- Entrega média diária

- Pacotes danificados por dia

- Consumo de combustível

por encomenda

- Número de pedidos entregues / número de dias do

período

- Número de pacotes danificados / número de dias do

período

- Combustível gasto / número de encomendas

entregues no período

Relação entre dois

fatores distintos

- Tempo médio de entrega

- Número total de dias entre a postagem e a entrega

das encomendas / número de encomendas entregues

no período

Tempo de ciclo

- Variação de vendas [(vendas no ano / vendas no ano anterior) x 100] - 100 Taxa de variação

Tabela 1.5 - Exemplos de definições de indicadores segundo Takashina e Flores (1996)

Os índices representam o padrão de medida ou unidade de medida dos indicadores,

permitindo uniformidade, estabelecimento de metas e acompanhamento. Sempre que possível,

devem ser usados valores relativos. Exemplos:

• Satisfação do cliente: número de devoluções /número de clientes

• Produtividade: toneladas/hora

• Custo: tonelada/dólar

Page 57: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

57

Área Dados Indicadores

Produção

- Produção mês X = 140 000 Latas de

óleo lubrificante

- Operação da Envasadora:

Teóricas = 168 horas;

Reais = 140 horas

- Produção Planejada = 150.000 Latas

- Disponibilidade da enchedeira =

140/168 = 0,83 (83%)

- Média de produção = 140.000 / 140 =

1000 Latas/hora

- Eficácia do desempenho =

140.000/150.000 = 0,93 (93%)

Vendas

- Vendas mês X = 10.000 Frascos de

Lubricantes

- Clientes visitados = 50

- Clientes que compraram = 35

- Meta do mês = 12.000 frascos

- Pedidos urgentes = 7

- Pedidos urgentes despachados = 6

- Vendas por Cliente = 10.000/35 = 286

frascos/cliente

- Eficácia das vendas = 10.000/12.000

= 0,83 (83%)

- Eficácia das visitas = 35/50 = 0,70

(70%)

- Adaptabilidade = 6 / 7=0,86 (86%)

Administração

- Faturas emitidas = 850

- Faturas cobradas = 750

- Eficácia de cobrança = 750/850 = 0,88

(88%)

Manutenção

- Motores recebidos = 150

- Motores reparados = 130

- Horas trabalhadas = 168

- Horas programadas = 145

- Eficácia = 130/150 = 0,87 (87%)

- Eficiência = 145/168 = 0,86 (86%)

- Capacidade = 130/168 = 0,77 motores

por Hora

Tabela 1.6 - Indicadores para as áreas funcionais da empresa

Page 58: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

58

1.11 A gestão da qualidade

1.11.1 Normalização técnica

Em cima da sua mesa, provavelmente, você possui folhas de papel. Repare cada folha

dessa apostila. Qual é o tamanho que elas possuem? Carta? A4? A5? Talvez você não saiba a

dimensão exata dessas folhas. Mas com certeza você tem a clara noção de que elas obedecem a

dimensões normalizadas, reconhecidas em todo o mundo. Podemos definir rapidamente a

normalização como sendo o processo de elaboração, aplicação e melhoria de normas que

definem regras para uma aproximação ordenada de uma atividade específica com a cooperação

de todas as partes interessadas nessa atividade. A normalização é o elemento em que se apóiam

a industrialização e o desenvolvimento econômico. É uma atividade primordial para evolução

econômica de qualquer nação. Em termos de qualidade o que particularmente interessa são os

regulamentos normalizadores de produtos e serviços. Sob essa ótica, a normalização pode ser

encarada como sendo a comunicação entre a organização e o cliente.

Embora o conceito de normalização seja bastante antigo, a normalização técnica conta

apenas com 100 anos. Somente em 1906, em Londres, foi criada a Comissão Eletrotécnica

Internacional (IEC), primeira organização de normalização que congregava esforços de vários

países em dispor ao mundo normas de segurança para equipamentos elétricos. Não podemos

negar à contribuição da segunda Guerra Mundial a atividade normalizadora. Os Estados Unidos,

devido ao ataque japonês a Pearl Harbour, viram-se envolvidos num esforço de guerra para o qual

eles não haviam se preparado. Repentinamente tiveram que adaptar seu parque industrial,

especialmente as indústrias mecânicas e metalúrgicas, para produzir canhões, aviões, navios,

fuzis, etc.

Como trabalhavam contra o tempo, às etapas de fabricação foram divididas entre as

empresas que tinham maior afinidade e experiência com a produção daquele item específico

(terceirização). Os componentes eram produzidos em locais distantes e enviadas para um local

onde era feita a montagem final dos armamentos. Para que isso funcionasse foi necessário

investir em padronização de medidas e tolerâncias para que as diversas peças se encaixassem

entre si – um notável esforço de normalização.

Após a guerra, em 1946, reuniram-se em Londres delegados de 25 países, inclusive do

Brasil, com o objetivo de criar uma nova organização de âmbito internacional, que iria facilitar a

coordenação e a unificação das normas industriais - International Standardization for

Standardization – ISO (Organização Internacional para Normalização).

Page 59: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

59

1.11.2 Modelo para Gestão da Qualidade

Hoje, a qualidade tem sido uma das maiores preocupações estratégicas das empresas. A

conscientização e o reconhecimento de sua importância e a necessidade das empresas

comunicarem ao mercado a adequação de seu sistema da qualidade às normas de referência

originaram a atividade de certificação, transformando-a em uma ferramenta indispensável para

várias organizações.

A certificação é um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente,

sem relação comercial, com o objetivo de atestar publica e formalmente, que determinado produto

ou processo estão em conformidade com os requisitos especificados. A certificação da qualidade

além de proporcionar o aumento da satisfação e a confiança dos clientes, reduz custos internos,

aumenta a produtividade, melhora a imagem da organização, além de facilitar o acesso a novos

mercados. Dentre modelos de sistema de gestão qualidade, destaca-se aquele fundamentado na

norma NBR ISO 9001. Norma é aplicável a qualquer negócio, independentemente do seu tipo ou

dimensão. As normas dessa série possuem requisitos básicos para a obtenção da qualidade dos

processos empresariais. A verificação desses requisitos, feita através de auditorias externas,

garante a continuidade e a melhoria do sistema de gestão da empresa.

O processo de certificação é efetuado através de organismos certificadores, credenciados

pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), através de

um processo conhecido como certificação de terceira parte, na qual uma entidade independente

realiza a avaliação do sistema de gestão qualidade da empresa. Os requisitos exigidos pela ISO

9001 auxiliam numa maior capacitação dos colaboradores, melhoria dos processos internos,

monitoramento do ambiente de trabalho, verificação da satisfação dos clientes, colaboradores,

fornecedores dentre outros pontos, que proporcionam maior organização e produtividade que

podem ser identificados facilmente pelos clientes.

CUSTOS DA AVALIAÇÃO CUSTOS DA FALHAS INTERNAS CUSTOS DA FALHAS EXTERNAS

CUSTOS DO CONTROL

Page 60: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

60

FERRAMENTAS GRÁFICAS APLICADAS À QUALIDADE

As ferramentas estatísticas utilizadas nos processo de gestão foram estruturadas a partir

de 1950, com base em conceitos e práticas existentes (Marshall Jr, 2003). Há dois grupos:

- As sete ferramentas básicas

* Folha de coleta de dados ou folha de verificação

* Diagrama de Pareto

* Estratificação

* Fluxograma

* Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama de Ishikawa

* Histograma

* Diagrama de Dispersão ou Análise de Correlação

- As sete ferramentas gerenciais

* Diagrama de Afinidades

* Diagrama de Relações

* Diagrama em árvore (Sistemático)

* Diagrama em Matriz

* Análise de Dados da Matriz

* Análise PDPC

* Diagrama em Setas

O número sete é considerado um número de sorte no Japão, fazendo-se assim uma

comparação entre as ferramentas básicas de uma organização, e as sete peças básicas que

constituem o equipamento samurai.

É importante ressaltarmos os seguintes fatos:

1. As ferramentas gerenciais não substituem, mas complementam, as ferramentas básicas

da qualidade: · seu uso isolado não garante bons resultados; o uso combinado é recomendado.

2. Foram desenvolvidas para serem utilizadas, principalmente, pelos níveis gerenciais da

empresa: a utilização em larga escala é recomendada; os usuários devem estar motivados e

comprometidos com a resolução do problema.

3. Visam não apenas a analisar dados, mas permitem: especificar o problema a ser

resolvido; apresentar alternativas de resolução; programar e controlar as atividades de melhoria.

4. Não devem ser utilizadas na resolução de problemas simples, pois o é demorada.

CAPÍTULO II

Page 61: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

61

No quadro a seguir, podemos elucidar a relação entre as ferramentas básicas e as

ferramentas gerenciais, utilizadas na administração de processos e solução de problemas, em

organizações administradas sob os princípios da Gestão pela Qualidade Total.

Quadro 2.1 – Relação entre as ferramentas gerenciais e básicas

2.1. As sete ferramentas básicas

2.1.1 Lista de verificação

A lista de verificação é uma planilha ou formulário para o registro de dados, sendo este um

formulário nos quais os itens a serem verificados já estão definidos, de modo que as informações

sejam coletadas de forma concisa e padronizadas. Essa ferramenta permite uma rápida

percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação. A coleta e o registro dos dados

parecem ser fáceis, mas na realidade não são. Usualmente, quanto mais pessoas processam

dados, maior a possibilidade de erros. Por tal motivo, a folha de verificação torna-se uma

poderosa ferramenta de registro pelo fato dos dados serem imediatamente organizados sem a

Page 62: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

62

necessidade de rearranjo posterior. As listas de verificação são ferramentas que questionam o

processo e são relevantes para alcançar a qualidade, atendendo a diversos propósitos como:

• Facilitar a obtenção e uso de dados;

• Dispor os dados de uma forma mais organizada;

• Verificar o tipo de defeito e sua porcentagem;

• Verificar a localização do defeito: mostrar o local e a forma de ocorrência dos defeitos;

• Verificar as causas das não conformidades.

2.1.1.1 Lista de verificação para distribuição do processo de produção

Esse tipo de lista é utilizado para estudar a distribuição de valores contínuos,

característicos de alguns tipos de processo. Neste caso, normalmente são usados histogramas.

Porém, ao fazer um histograma é duplamente trabalhoso coletar uma grande quantidade de dados

e, em seguida, fazer um gráfico mostrando a distribuição de freqüências. Um modo mais simples é

classificar os dados no momento em que são coletados. No exemplo abaixo, podemos

acompanhar a variação nas dimensões de certo tipo de peça cuja especificação de fabricação é

(8,300 ± 0,005) mm. Cada vez que uma medição é feita, um x é colocado no local apropriado, de

forma a ter-se o histograma pronto quando as medições são completadas.

Desvio Verificações

Freqüência 5 10 15 20

-7

-6

Especif. -5

-4 1

-3 3

-2 6

-1 9

8.300 0 11

1 8

2 7

3 3

4 2

Especif. 5 1

6

7

Total 51

Tabela 2.1 - Listas de verificação para distribuição do processo de produção

Page 63: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

63

2.1.1.2 Lista de verificação para item defeituoso

Esse tipo de lista de verificação permite listar quantidades de defeito para cada item

inspecionado, mostrando quais tipos de defeitos são freqüentes e quais não são, possibilitando

uma estratificação dos dados para auxiliar nas ações corretivas. A Lista de Verificação de

Freqüência é usada para determinar quantas vezes ocorre um evento ao longo de um período de

tempo determinado. Neste instrumento, podem ser colhidas informações dos eventos que estão

acontecendo ou daqueles que já aconteceram. Embora a finalidade da Lista de Verificação de

Freqüência seja o acompanhamento de dados e não a sua análise, ela normalmente indica qual é

o problema e permite observar, entre outros, os seguintes aspectos:

- número de vezes em que alguma coisa acontece;

- tempo necessário para que alguma coisa seja feita;

- custo de uma determinada operação ao longo de certo período de tempo;

- impacto de uma ação ao longo de um dado período de tempo.

São utilizadas para registrar informações sobre o desempenho de um processo e

acompanhar defeitos em itens ou processos.

Para sua elaboração devemos seguir as seguintes etapas:

a) Determine exatamente o que deve ser observado.

b) Defina o período durante o qual os dados serão coletados.

c) Construa um formulário simples e de fácil manuseio para anotar os dados.

d) Faça a coleta de dados, registrando a freqüência de cada item que é observado.

e) Some a freqüência de cada item e registre na coluna Total.

LISTA DE VERIFICAÇÃO

Estágio de fabricação: inspeção final

Produto: plástico moldado

Total inspecionado: 1525

Lote: 2008A001

Data: 06/04/08

Seção: Expedição

Inspetor: João

Turno: A

Defeito Fabricação Subtotal

Marca na superfície / / / / / / / / / / / / / / / / / 17

Trincas / / / / / / / / / / / / 11

Peça incompleta / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / 26

Deformação / / / 03

Outros / / / / / 05

Total 62

Total rejeitado /////////////////////////////////////////// 42

Tabela 2.2 - Listas de verificação para itens defeituosos

Page 64: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

64

862.1.1.3 Folha de verificação de localização de dados

A folha de verificação de localização de dados permite a identificação e o registro da

localização física das não-conformidades, defeitos, acidentes ou outros tipos de observação,

tendo um poderoso papel na solução deste tipo de problema. Geralmente possui um tipo de croqui

ou uma vista ampliada em que são feitas marcas de modo a permitir a observação da distribuição

da ocorrência do defeito, sendo indispensável no diagnóstico do processo.

Figura 2.1 - Lista de verificação para Localização de Dados – Não conformidades em placa de vidro.

2.1.2 Diagrama de Pareto

Problemas relativos à qualidade aparecem sob a forma de perdas (itens defeituosos,

retrabalho, absenteísmo, etc). É extremamente importante esclarecer o modo de distribuição

destas perdas. O diagrama de Pareto surge exatamente como ferramenta ideal para identificação

de quais problemas são responsáveis pela maior parcela das perdas e qual a prioridade. O

diagrama de Pareto, elaborado com base em uma folha de verificação ou em outra fonte de coleta

de dados, nos ajuda a dirigir nossa atenção e esforços para problemas verdadeiramente

importantes. Em geral, termos melhores resultados se aturamos na barra mais alta do gráfico

(Brassard, 1996).

O diagrama de Pareto é um recurso gráfico utilizado para estabelecer uma ordenação nas

causas de perdas que devem ser sanadas. Sua origem decorre de estudos do economista italiano

Pareto e do grande mestre da qualidade Juran. O diagrama de Pareto torna visivelmente clara a

relação ação/benefício, ou seja, prioriza a ação que trará o melhor resultado. Ele consiste num

gráfico de barras que ordena as freqüências das ocorrências da maior para a menor e permite a

localização de problemas vitais e a eliminação de perdas. Para a sua elaboração, devemos

realizar os seguintes passos:

1. Determine o tipo de perda que você quer investigar;

Page 65: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

65

2. Especifique o aspecto de interesse do tipo de perda que você quer investigar;

3. Organize uma folha de verificação com as categorias do aspecto que você decidiu

investigar;

4. Preencha a folha de verificação;

5. Faça as contagens, organize as categorias por ordem decrescente de freqüência,

agrupe aquelas que ocorrem com baixa freqüência sob denominação “outros” e calcule o total;

6. Calcule as freqüências relativas, as freqüências acumuladas e as freqüências relativas

acumuladas. Ex.: Distribuição das peças segundo o tipo de defeitos:

Defeito Freqüência Relativa Freqüência Acumulada

A 0,35 0,35

B 0,25 0,60

C 0,15 0,75

D 0,10 0,85

E 0,10 0,95

F 0,05 1,00

TOTAL 1,00

Tabela 2.3 – Exemplo de dados para o Diagrama de Pareto

Figura 2.2 – Gráfico de Pareto

O diagrama de Pareto estabelece prioridades, isto é, mostra em que ordem os problemas

devem ser resolvidos.

1. Verifique e teste diversas classificações, antes de fazer o diagrama definitivo;

2. Estude o problema medindo-o em várias escalas;

3. Quebre grandes problemas ou grandes causas em problemas ou causas específicas,

estratificando ou subdividindo em aspectos mais específicos.

Page 66: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

66

Exercícios

1. Uma pesquisa sobre satisfação do cliente com uma amostra de 210 clientes que tiveram

veículos em manutenção em uma determinada concessionária veicular durante o mês de junho

levou à seguinte listagem de 384 reclamações:

Motivo de reclamação Quantidade

Não foi efetuada a limpeza no veículo após o serviço 13

Falha no atendimento da recepção dos serviços 34

Não foi efetuada a diagnose correta 28

Demora na realização dos serviços 71

Custo elevado das peças de reposição 38

Serviços mal executados 117

Custo elevado dos reparos 62

Outros itens 21

Total de reclamações 384

Tabela 2.4 – Quantidade de reclamações de clientes

* Construa um diagrama de Pareto

* Faça um resumo dos resultados que encontrou e sugira melhorias.

2. Os dados a seguir representam a previsão de consumo de energia elétrica em uma

indústria metal-mecânica, de acordo com os grupos de equipamentos:

Grupo de Equipamentos Consumo de energia elétrica (KW/H)

Máquinas CNC 99

Equipamentos de informática 11

Instalações elétricas 13

Compressores 33

Máquinas de Soldagem 150

Tratamento Térmico 88

Outros Equipamentos 20

Total de Consumo 414

Tabela 2.5 – Total de consumo previsto de energia elétrica

Analise os dados acima visando à seguinte ação: uma vez que a direção da empresa está

preocupada com o consumo excessivo, escreva um procedimento com base nos resultados

encontrados em sua análise, destacando áreas problemáticas e propondo regras que visem

economizar energia elétrica pela modificação de hábitos da população.

Page 67: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

67

3. Na tabela apresentada abaixo são dados: a freqüência e o custo da recuperação de

motores elétricos com defeitos, segundo o tipo de defeito, em 45 motores. Utilize o diagrama de

Pareto para tentar detectar as principais fontes de problemas.

Tipo de defeito/reparo Freqüência Custo (R$)

Pintura do motor 5 50,00

Troca de rolamentos 2 50,00

Rebobinagem completa 8 200,00

Outros reparos 10 100,00

Base de troca 20 450,00

Total 45

Tabela 2.6 – Reparos em motores elétricos

2.1.3 Estratificação

A técnica de estratificação é muitas vezes utilizada para analisarem dados e pesquisar

oportunidades de melhoria. Ela ajuda na análise dos casos cujos dados mascaram os fatos reais.

Isso geralmente ocorre quando ocorre quando os dados registrados provêm de diferentes fontes

mas são tratados igualmente e sem distinção (Brassard, 1996). Estratificar significa agrupar

elementos com as mesmas características, ou seja, itens iguais ou muito semelhantes, tendo

causas e soluções comuns. Por exemplo, os dados sobre pequenos acidentes ocorridos em uma

indústria podem ser registrados como um simples valor esteja ele aumentando ou diminuindo.

Mas este número é na realidade o somatório de todas as ocorrências (Brassard, 1996):

• Por tipo: Corte, queimaduras, etc.

• Por local afetado: Olhos, mãos, tronco, pés, etc.

• Por setor: Laboratório, manutenção, produção, etc.

• Turnos: Primeiro, segundo ou terceiro

A estratificação consiste no desdobramento de dados, a partir de um levantamento

ocorrido, em categorias, grupos ou, melhor dizendo, estratos, para determinar sua composição

(Marshall Jr et al, 2003).

Page 68: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

68

Figura 2.3 – Estratificação de acidentes no trabalho

2.1.4 Fluxograma de Processo

É a representação gráfica da seqüência de atividades de um processo. Além da seqüência

das atividades, o fluxograma mostra o que é realizado em cada etapa, os materiais ou serviços

que entram e saem do processo, as decisões que devem ser tomadas e as pessoas envolvidas

(cadeia cliente/fornecedor).

O fluxograma torna mais fácil a análise de um processo à identificação:

• das entradas e de seus fornecedores;

• das saídas e de seus clientes;

• de pontos críticos do processo.

J F M A M J J Meses

10

20

30

40

50

60

70

0

me

ro d

e A

cid

en

tes

INDÚSTRIA

Manu

tençã

o

Opera

ção

Depto 3

6

9

12

15

18

21

0

me

ro d

e A

cid

en

tes

MÊS DE JANEIRO

Exped

ição

Mate

rial

Tra

nsporte

Pro

jeto

Outro

s

Local

1

2

3

4

5

6

7

0

me

ro d

e A

cid

en

tes

Depto. de Manutenção

Tipo

1

2

3

0

me

ro d

e A

cid

en

tes

Local – Mãos/ Braços

Page 69: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

69

O fluxograma poderá ser de duas naturezas:

* Fluxograma de Serviços – É aquele onde se especificam as etapas de um processo de

prestação de serviços ou de uma seqüência de etapas de um determinado setor ou departamento,

possibilitando verificar a quantidade de cruzamentos dentro do organograma ou de tomadas de

decisão.

* Fluxograma de Operações ou Procedimento Operacional Padrão (POP) – É aquele onde

se especificam as etapas de uma determinada operação dentro de setor de processo operacional,

possibilitando verificar a quantidade de transportes, esperas e controles.

O fluxograma de Serviços utiliza um conjunto de símbolos para representar as etapas do

processo, as pessoas ou os setores envolvidos, a seqüência das operações e a circulação dos

dados e dos documentos. Os símbolos mais comumente utilizados são os seguintes:

Operação: Indica uma etapa do processo. A etapa e quem a executa são registradas no

interior do retângulo.

Decisão: Indica o ponto em que a decisão deve ser tomada. A questão é escrita dentro do

losango, duas setas, saindo do losango mostram a direção do processo em função da resposta

(geralmente as respostas são SIM e NÃO).

Sentido do fluxo: Indica o sentido e a seqüência das etapas do processo.

Limites: Indica o início e o fim do processo.

Existem ainda, os conectores de etapa e de interligação de página, que são

respectivamente os seguintes:

- Conector de etapa, deverá interligar etapas contendo um caractere alfabético.

- Conector de página, deverá indicar a seqüência de páginas contendo seqüencialmente

um caractere numérico.

O Fluxograma de Operações ou POP utiliza um conjunto de símbolos para representar as

etapas do processo, as pessoas ou os setores envolvidos, a seqüência das operações e a

circulação dos dados e dos documentos. Os símbolos mais comumente utilizados são os

seguintes:

Operação: Indica uma etapa onde ocorre a agregação de valor, com transformação da

matéria prima, modificando a forma de apresentação do produto final.

1

A

Page 70: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

70

Transporte: É a etapa onde ocorre uma movimentação da matéria prima em

transformação ou do produto ainda em sua fase de elaboração.

Verificação ou Controle: Simboliza a etapa operacional onde o produto passa por uma

inspeção ou verificação de suas dimensões ou especificações.

Espera ou Demora: É a etapa onde o produto em transformação aguarda a chegada de

algum item a ser agregado ou necessita de uma espera para se adequar.

Estocagem: Esta etapa define a armazenagem de um produto de pois de transitar pelas

demais etapas de processamento.Geralmente é a parte final do fluxograma.

O fluxograma serve para entender um processo e identificar oportunidades de melhoria

(situação atual). Serve também para desenhar um novo processo, já incorporando as melhorias

(situação desejada). Facilita a comunicação entre as pessoas envolvidas num mesmo processo,

além de possibilitar a disseminação de informações sobre o processo.

Para a elaboração de um fluxograma devemos seguir as seguintes etapas:

a) Defina o processo a ser desenhado.

b) Escolha um processo que crie o produto ou o serviço mais importante.

c) Elabore um macrofluxo do processo, identificando os seus grandes blocos de atividades.

d) Monte, para a elaboração do fluxograma, um grupo, composto pelas pessoas envolvidas

nas atividades do processo.

e) Detalhe as etapas do processo e descreva as atividades e os produtos ou os serviços

que compõem cada uma delas.

f) Identifique os responsáveis pela realização de cada atividade identificada.

g) Cheque se o fluxograma desenhado corresponde à forma como o processo é executado

e faça correções, se necessário.

A seguir temos um exemplo de fluxograma de serviços e um exemplo de fluxograma de

operação, ou POP.

Page 71: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

71

Figura 2.4 – Fluxograma de um processo industrial

Page 72: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

72

Figura 2.5 – Exemplo da folha do Fluxograma de Operação

2.1.5 Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama de Ishikawa

O Diagrama de Causa e Efeito (ou Espinha de peixe) é uma técnica largamente utilizada,

que mostra a relação entre um efeito e as possíveis causas que podem estar contribuindo para

Page 73: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

73

que ele ocorra. Construído com a aparência de uma espinha de peixe, essa ferramenta foi

aplicada, pela primeira vez, em 1953, no Japão, pelo professor da Universidade de Tóquio, Kaoru

Ishikawa, para sintetizar as opiniões de engenheiros de uma fábrica quando estes discutem

problemas de qualidade.

É utilizado para visualizar, em conjunto, as causas principais e secundárias de um

problema. Também permite ampliar a visão das possíveis causas de um problema, enriquecendo

a sua análise e a identificação de soluções. É ferramenta essencial na análise de processos em

busca de melhorias.

Para a sua elaboração sugerimos a seguinte seqüência:

- Estabeleça claramente o problema (efeito) a ser analisado;

- Desenhe uma seta horizontal apontando para a direita e escreva o problema no interior

de um retângulo localizado na ponta da seta.

- Faça um brainstorming para identificar o maior número possível de causas que possam

estar contribuindo para gerar o problema, perguntando “Por que isto está acontecendo?”.

- Agrupe as causas em categorias. Uma forma muita utilizada de agrupamento é o 6M:

Máquina, Mão-de-obra, Método, Medida, Materiais e Meio Ambiente (mas você poderá agrupar

como achar melhor).

Para melhor compreensão do problema, busque as sub-causas das causas já identificadas

ou faça outros diagramas de causa e efeito para cada uma das causas encontradas. Neste caso,

seriam encontradas as causas das causas.

Estes grupos de causas, estão associados a fatores relacionados às dimensões da

qualidade, ou seja, a qualidade intrínseca, ao custo, a moral, o atendimento, e a segurança dos

envolvidos no processo. Portanto, podemos enumerar algumas causas relativas e estes grupos:

- Máquinas: São aquelas causas decorrentes dos equipamentos e ferramentas utilizados

na realização dos processos, tais como: desgaste, uso inadequado ou falta de ajuste em

ferramentas, máquinas ou equipamentos.

- Mão de obra: São as causas decorrentes dos elementos que executam as atividades de

transformação da matéria prima em produto final. Como exemplos de causas temos: falta de

qualificação da mão de obra, mão de obra desmotivada, etc.

- Método: São as causas oriundas dos procedimentos para a execução das atividades do

processo, como falta de padronização do método de trabalho.

Page 74: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

74

- Medida: São causas associadas ao controle dimensional das peças produzidas, tais

como, instrumentos descalibrados.

- Material: Esta relacionada a matéria prima que irá ser transformada em produto final, ou

aos materiais de consumo empregados nos processo. Exemplo: lubrificante com baixa

viscosidade, matéria prima fora de especificação, etc.

- Meio ambiente: São causas relativas ao local onde se realiza o processo. Podemos

exemplificar causas como, falta de iluminação, vazamentos de água, layout inadequado, etc.

Figura 2.6 – Diagrama de Ishikawa

Figura 2.7 – Exemplo de Diagrama de Ishikawa

2.1.5.1 Brainstorming

O Brainstorming é a mais conhecida das técnicas de geração de idéias. Foi originalmente

desenvolvida por Osborn, em 1938. Em Inglês, quer dizer “tempestade cerebral”. O Brainstorming

é uma técnica de idéias em grupo que envolve a contribuição espontânea de todos os

participantes. Soluções criativas e inovadoras para os problemas, rompendo com paradigmas

estabelecidos, são alcançadas com a utilização de Brainstorming. O clima de envolvimento e

Page 75: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

75

motivação gerado pelo Brainstorming assegura melhor qualidade nas decisões tomadas pelo

grupo, maior comprometimento com a ação e um sentimento de responsabilidade compartilhado

por todos.

Todas as pessoas da empresa podem utilizar essa ferramenta, devido à sua facilidade.

Porém o sucesso da aplicação do Brainstorming é seguir as regras, em especial a condução do

processo, que deve ser feita por uma única pessoa. O Brainstorming é usado para gerar um

grande número de idéias em curto período de tempo. Pode ser aplicado em qualquer etapa do

processo de solução de problemas, sendo fundamental na identificação e na seleção das

questões a serem tratadas e na geração de possíveis soluções. Mostra-se muito útil quando se

deseja a participação de todo grupo.

Focaliza a atenção do usuário no aspecto mais importante do problema. Exercita o

raciocínio para englobar vários ângulos de uma situação ou de sua melhoria. Serve com

“lubrificante” num processo de solução de problemas, especialmente se:

1. As causas do problema são difíceis de identificar;

2. A direção a seguir ou opções para a solução do problema não são aparentes.

O Brainstorming possui algumas modalidades:

• estruturado: Nessa forma, todas as pessoas do grupo devem dar uma idéia a cada

rodada ou “passar” até que chegue sua próxima vez. Isso geralmente obriga até mesmo o tímido a

participar, mas pode também criar certa pressão sobre a pessoa.

• não-estruturado: Nessa forma, os membros do grupo simplesmente dão as idéias

conforme elas surgem em suas mentes. Isso tende a criar uma atmosfera mais relaxada, mas

também há o risco de dominação pelos participantes mais extrovertidos.

Os pontos essenciais desta técnica de discussão são as seguintes:

1. Enfatizar a quantidade e não a qualidade das idéias;

2. Evitar críticas, avaliações ou julgamentos sobre as idéias;

3. Apresentar as idéias tais como elas surgem na cabeça, sem rodeios, elaborações ou

maiores considerações. Não deve haver medo de “dizer bobagem”. As idéias consideradas

“loucas” podem oferecer conexões para outras mais criativas;

4. Estimular todas as idéias, por mais “malucas” que possam parecer;

5. “Pegar carona” nas idéias dos outros, criando a partir delas;

6. Escrever as palavras do participante. Não interpretá-las.

A tabela 2.7 a seguir mostra a aplicabilidade do Brainstorming.

Page 76: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

76

Etapa Método Dicas para condução

Introdução

- Inicie a sessão esclarecendo os seus objetivos, a questão ou o problema a ser discutido.

- Crie um clima descontraído e agradável.

-Esteja certo de que todos entenderam a questão a ser tratada.

- Redefina o problema, se necessário.

Geração de idéias

- Dê um tempo para que pensem no problema.

- Solicite, em seqüência, uma idéia a cada participante, registrando-a no flip chart.

- Caso um participante não tenha nada a contribuir, deverá dizer simplesmente "passo". Na próxima rodada, essa pessoa poderá dar uma idéia. São feitas rodadas consecutivas até que ninguém tenha mais nada a acrescentar.

- Não se esqueça de que todas as idéias são importantes, evite avaliações.

- Incentive o grupo a dar o maior

número de idéias.

- Mantenha um ritmo rápido na coleta e no registro das idéias.

- Registre as idéias da forma como forem ditas.

Revisão da lista

- Pergunte se alguém tem alguma dúvida e, se for o caso, peça à pessoa que a gerou para esclarecê-la

- O objetivo dessa etapa é esclarecer e não julgar.

Análise e seleção

- Leve o grupo a discutir as idéias e a escolher aquelas que valem a pena considerar.

- Utilize o consenso nessa seleção preliminar do problema ou da solução.

- Idéias semelhantes devem ser agrupadas; idéias sem importância ou impossíveis devem ser descartadas.

- Cuide para que não haja monopolização ou imposição de algum participante.

Ordenação das idéias

- Solicite que sejam analisadas as idéias que permaneceram na lista.

- Promova a priorização das idéias, solicitando, a cada participante, que escolha as três mais importantes.

- A votação deve ser usada apenas quando o consenso não for possível.

Tabela 2.7 – Aplicabilidade do Brainstorming

2.1.6 Histograma de Processo

O Histograma é um dos métodos gráficos mais utilizados para apresentar informação.

Agrupando os dados em células evidencia-se a freqüência das ocorrências e a dispersão entre os

valores superiores e inferiores dos dados. O histograma é uma forma de descrição gráfica com

barras verticais, as quais representam dados quantitativos agrupados em classes de freqüência

(categorias). Quanto maior o tamanho da amostra mais informação temos sobre a população. Um

histograma típico obedece a uma distribuição normal, apresentando a forma conhecida como

“curva do sino”, também chamada de “curva de Gauss” (Marshall Jr et al, 2003).

Page 77: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

77

Figura 2.8 – Configuração de um histograma com curva normal

Para a construção de um histograma teremos um maior detalhamento nas instruções do

que em outras ferramentas. Isto é necessário pelas interpretações que surgem ao se decidir sobre

o número de classes (barras), os limites de classe, etc. As etapas para a elaboração de um

histograma serão a seguir dispostas, tendo-se como base o levantamento dos dados referentes à

espessura de certo componente de processo, conforme tabela a seguir.

9,9 9,3 10,2 9,4 10,1 9,6 9,9 10,1 9,8

9,8 9,8 10,1 9,9 9,7 9,8 9,9 10,0 9,6

9,7 9,4 9,6 10,0 9,8 9,9 10,1 10,4 10,0

10,2 10,1 9,8 10,1 10,3 10,0 10,2 9,8 10,7

9,9 10,7 9,3 10,3 9,9 9,8 10,3 9,5 9,9

9,3 10,2 9,2 9,9 9,7 9,9 9,8 9,5 9,4

9,0 9,5 9,7 9,7 9,8 9,8 9,3 9,6 9,7

10,0 9,7 9,4 9,8 9,4 9,6 10,0 10,3 9,8

9,5 9,7 10,6 9,5 10,1 10,0 9,8 10,1 9,6

9,6 9,4 10,1 9,5 10,1 10,2 9,8 9,5 9,3

10,3 9,6 9,7 9,7 10,1 9,8 9,7 10,0 10,0

9,5 9,5 9,8 9,9 9,2 10,0 10,0 9,7 9,7

9,9 10,4 9,3 9,6 10,2 9,7 9,7 9,7 10,7

9,9 10,2 9,8 9,3 9,6 9,5 9,6 10,7

Tabela 2.8 – Exemplo de dados para um histograma de processo

Para a elaboração do histograma iremos seguir os seguintes passos:

- Conte a quantidade de valores coletados na tabulação. Para o nosso exemplo acima

existem 125 valores (n=125).

- Determine a amplitude R de toda a tabulação. A amplitude é o menor valor subtraído do

maior valor da tabulação. Em nosso caso, a amplitude é igual a 10,7 menos 9,0. Então a

amplitude é 1,7 (R = 1,7)

- Divida o valor da amplitude em certo número de classes, a que atribuiremos à letra K. A

tabela 2.9 nos fornece uma indicação aproximada para uma determinação razoável do número de

Page 78: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

78

classes. Para o nosso exemplo, 125 valores podem ser divididos em 7 a 12 classes. Nós

usaremos 10 classes (K = 10).

Número de valores da tabulação Número de Classes (K)

Abaixo de 50 5 – 7

50 – 100 6 – 10

100 – 250 7 – 12

Acima de 250 10 - 20 Tabela 2.9 – Determinação do número de classes

- Determine o intervalo de classe, H dividindo-se R por K.

No nosso exemplo teremos: H = 1,7 / 10 , logo H = 0,17

Neste caso, como na maioria deles, é conveniente arredondar H, levando o número para

uma casa decimal acima. Para o nosso exemplo será 0,20 (H = 0,20)

- Determine o limite de classe ou os pontos limites. Para simplificar a determinação do

limite de classe tome a menor medida individual da tabulação. Utiliza-se este número ou

arredonde-o para um valor apropriadamente menor. Este será o valor inferior para a nossa

primeira classe. Em nosso exemplo ele será 9,0. Agora, adicione a este número o valor do

intervalo de classe, 9,0 + 0,20 = 9,20. Então o limite inferior da próxima classe iniciará em 9,20. A

primeira classe compreenderá 9,0 e acima, mas não incluirá 9,20 e sim 9,0 até 9,19. A segunda

classe se iniciará em 9,20 compreendendo os valores acima mas não incluirá o 9,40. Isto faz

cada classe mutuamente exclusiva, isto é, coloca cada um dos valores da tabulação em apenas

uma e, somente uma, classe.

Finalmente, consecutivamente some 0,20 a cada limite de classe inferior até que o número

de classes escolhido, no exemplo igual a 10, que conterá a amplitude total dos valores da

tabulação.

- Construa uma tabela de freqüências baseado nos valores computados acima (ex. –

números de classes, intervalos de classe, limites de classe). A tabela de freqüências das

espessuras medidas é mostrada na tabela 2.10.

Classe Limites de Classe Ponto Médio Freqüência

1 9,00 – 9,19 9,1 1

2 9,20 – 9,39 9,3 9

3 9,40 – 9,59 9,5 16

4 9,60 – 9,79 9,7 27

5 9,80 – 9,99 9,9 31

6 10,00 – 10,19 10,1 22

7 10,20 – 10,39 10,3 12

8 10,40 – 10,59 10,5 2

9 10,60 – 10,79 10,7 5

10 10,80 – 10,99 10,9 0

Tabela 2.10 – Tabela de freqüências

Page 79: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

79

- Construa o histograma baseado na tabela de freqüências. Um histograma é a forma

gráfica de uma tabela de freqüências, o que nos fornece uma rápida visualização da distribuição

para uma característica medida. O Histograma para o nosso exemplo está representado na figura

2.9.

Figura 2.9 – Histograma de Processo – Espessura de material

Como foi dito anteriormente, o Histograma é uma importante ferramenta para diagnóstico

porque permite uma visão geral da variação de um conjunto de dados. Em nosso caso os dados

parecem ter uma tendência central em torno de 9,8 a 9,9. Parece também que os dados criaram

uma curva bastante normal. A especificação para a característica espessura é de 7,5 a 10,5, com

média 9,0. Então nós podemos ver que o nosso histograma indica que o alvo do processo é alto e

que 3% podem estar acima do limite superior da especificação.

Quando organizamos muitos dados em um histograma, podemos conhecer a população de

uma maneira objetiva. É possível obter informações úteis sobre ela através da análise do perfil do

histograma. Os perfis seguintes são típicos, e podemos utilizá-los como modelos para análise de

um processo (Brassard, 1996). Os histogramas são especialmente usados quando se pretende

analisar um grande volume de dados, realçando o impacto visual da informação.

Espessura de Material

9,0 9,2 9,4 9,6 9,8 10,0 10,2 10,4 10,6 10,8

10

20

30

40

0

Fre

ên

cia

Page 80: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

80

Figura 2.10 – Tipos de histogramas de processo

a) Tipo simétrico: O valor médio do histograma está no meio da faixa dos dados. A

freqüência é mais alta no meio e torna-se gradualmente mais baixa na direção dos extremos. O

perfil é simétrico. É o formato encontrado com mais freqüência.

b) Tipo Pente: as classes possuem freqüências altas e baixas alternadamente.Este perfil

ocorre quando a quantidade de dados incluídos na classe varia de classe para classe, ou quando

existe uma tendência particular no modo como os dados são arredondados.

c) Tipo assimétrico positivo (assimétrico negativo): o valor médio do histograma fica

localizado à esquerda (direita) do centro da faixa da variação. A freqüência decresce um tanto

abruptamente em direção à esquerda (direita), porém de forma suave à direita (esquerda). Isto

ocorre quando o limite inferior (superior) é controlado, ou teoricamente, ou por um valor de

especificação, ou quando valores mais baixos (mais altos) do que certo valor não ocorre.

d) Tipo declive à direita (declive à esquerda): O valor médio do histograma fica localizado à

esquerda (direita) do centro da faixa da variação. A freqüência decresce um tanto abruptamente

na esquerda (direita), e lentamente em direção à direita (esquerda). Isto ocorre com freqüência

quando uma triagem de 100% tiver sido feita por causa da baixa capacidade do processo, e

também quando a assimetria positiva (negativa) se tornar ainda mais extrema.

e) Tipo platô: a freqüência em cada classe forma um platô porque as classes possuem

mais ou menos a mesma freqüência exceto aquelas das extremidades. Este formato ocorre

quando há mistura de várias distribuições que têm diferentes médias.

Page 81: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

81

f) Tipo picos duplos: a freqüência é baixa próximo ao meio da faixa de dados e existe um

pico em um e outro lado. Este formato ocorre quando duas distribuições com médias muito

diferentes são misturadas.

g) Tipo pico isolado: Existe um pequeno pico isolado em adição a um histograma do tipo

geral. Este é um perfil que ocorre quando há uma pequena inclusão de dados de uma distribuição

diferente, como no caso de anormalidade do processo, erro de medição, ou inclusão de dados de

um processo diferente..

A distribuição representada pelo histograma poderá ser usada para compará-la com os

limites de especificação: a) e b) Casos em que o histograma satisfaz a especificação; c), d), e)

Casos em que o histograma não satisfaz a especificação. Conforme podemos observar pela figura

a seguir.

Figura 2.11 – Exemplos de histogramas e seus limites de especificação

2.1.7 Diagrama de dispersão ou análise de correlação

Visa identificar a existência de tendências de variação conjunta (correlação), ou seja a

relação de causa e efeito entre duas ou mais variáveis. Na prática, muitas vezes, essencial

estudar a relação entre duas variáveis correspondentes. Por exemplo, como varia a dureza

Rockwell C de peças produzidas com um aço de baixa liga após serem submetidas ao processo

de têmpera? Variam com a mudança do banho de têmpera, água ou óleo? Para estudar a relação

de duas variáveis tais a dureza das peças e a constituição do banho, pode-se utilizar o chamado

“diagrama de dispersão”.

Page 82: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

82

Figura 2.12 – Exemplo de diagrama de dispersão

O diagrama de dispersão ajuda a visualizar graficamente a alteração sofrida por uma

variável quando outra se modifica (Marshall Jr et al, 2003). Pode-se conhecer diretamente o perfil

da distribuição dos pares de dados a partir de sua leitura do seu gráfico. Para isso, a primeira

coisa que se deve fazer é examinar se há ou não pontos anômalos no diagrama.

Pode-se presumir que, em geral, quaisquer destes pontos distantes do grupo principal são

resultados de erros de medição, ou de registro de dados ou foram causados por alguma mudança

nas condições de operação. Existem testes estatísticos para medir o exato grau de correlação

entre as variáveis, mas que não serão tratados nessa publicação (Levine et al, 2000). A fim de

encontrarmos o índice de correlação podemos lançar os dados no Microsoft Excel e, através da

função CORREL encontrar este valor.

Figura 2.13 – Pontos suspeitos ou anômalos

Contudo, ao invés de desprezar estes pontos por completo, deve-se prestar a devida

atenção às causas de tais irregularidades, pois muitas vezes obtêm-se informações inesperadas

porém úteis, descobrindo-se por que eles ocorrem. Existem muitos tipos de padrões de dispersão

que são chamados de correlações. Alguns tipos representativos são dados abaixo (Brassard,

1996).

Page 83: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

83

Figura 2.14 – Tipos de correlação

Para elaborarmos um Diagrama de Dispersão devemos seguir os passos mostrados

abaixo:

- Colete de 50 a 100 pares de amostras de dados que você imagina poderem estar

relacionados e construa uma folha de dados.

- Desenhe o eixo horizontal e vertical do diagrama. Os valores devem ser colocados em

ordem crescente, partindo do zero para cima e para a direita de cada eixo. A variável que está

sendo investigada como possível “causa” é usualmente colocada no eixo horizontal e a variável

“efeito”, no eixo vertical.

- Marque os dados no diagrama. Se houver valores repetidos, circule-os tantas vezes

quanto necessário.

2.2. As sete ferramentas gerenciais

2.2.1 Diagrama de relações

Serve para esclarecer as relações de causa e efeito de um problema ou situação

complexa.

Na vida real, quando se busca a causa fundamental de um problema, as relações entre os fatores

costumam ser intrincadas e não claras. Este diagrama busca desemaranhar esta teia, através de:

1.Isolamento de todos os fatores relacionados ao problema

2.Expressão livre e concisa destes fatores

3.Identificação das relações mediante setas

Page 84: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

84

4.Elaboração de um quadro completo

5.Extração dos principais fatores

Figura 2.15 – Exemplo de diagrama de relações

As setas indicam fatores importantes.

Para a elaboração sugerimos seguir a metodologia abaixo:

1.Formação da equipe

2.Exame dos fatores (via brainstorming)

3.Criação do diagrama

4.Revisão do diagrama

5.Análise e destaque dos fatores importantes

6.Planejamento das ações corretivas com relação aos fatores importantes

7.Revisão do diagrama.

2.2.2 Diagrama de afinidade (ou método KJ)

Serve para esclarecer a natureza, a forma e a extensão dos problemas, agrupando idéias

ou opiniões sob a forma de informações verbais, segundo similaridade. Há diversas situações

onde não se tem disponibilidade de dados numéricos, mas apenas informações verbais que

necessitam ser utilizadas de alguma forma para se chegar a uma solução ou, então, a propostas

para ação.

Page 85: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

85

Para a sua elaboração sugerimos a seguinte seqüência:

1.Seleção do tema

2.Reunião das informações verbais

3.Transferência das informações para fichas

4.Separação das fichas

5.Rotulagem das fichas

6.Desenho do diagrama

7.Apresentação oral e escrita

Como exemplo iremos ter o seguinte estudo de caso: Reclamações feitas por clientes de

um restaurante “por kilo”:

· excesso de saladas verdes

· macarrão com sabor ruim

· ausência de refrigerante dietético

· sobremesas sempre iguais

· cafezinho ruim

· limpeza lenta das mesas

· falta de espaço

· toalhas de plástico

· cardápio pouco variado

· cadeiras bambas

· pessoal pouco atencioso

· demora para pagar conta

· talheres sujos

Page 86: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

86

Figura 2.16 – Exemplo de diagrama de afinidades

2.2.3. Diagrama sistemático (ou tipo árvore)

Servem para determinar os meios necessários para se alcançar metas e objetivos

específicos, esclarecendo a essência do problema e tornando visível a questão.

Os passos para a elaboração do diagrama sistemático são os seguintes:

1.Estabelecer objetivos e metas

2.Descrever os meios

3.Avaliar os meios

4.Preparar os cartões de meios

5.Sistematizar os meios

6.Confirmar os objetivos

Page 87: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

87

Figura 2.17 – Exemplo da aplicação do diagrama sistemático

2.2.4 Diagrama matricial

Serve para identificar elementos correspondentes envolvidos em uma situação,

esclarecendo pontos problemáticos de uma situação multi-dimensional.

Figura 2.18 – Exemplo da aplicação do diagrama matricial

Page 88: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

88

2.2.5 Análise dos dados da matriz

Esta técnica é aplicável a dados apresentados em forma de matriz e permite que se

visualize as informações nestes contidas. A técnica estatística empregada para a análise dos

dados é chamada de análise do componente principal. Ela permite reduzir a quantidade de dados

(multi-variados) existentes em uma matriz (ou tabela) sem perder a informação existente.

Somente será dado um exemplo desta técnica, já que ela é complexa e necessita de um

conhecimento mais profundo de estatística para a sua utilização.

Uma pesquisa foi feita com 100 indivíduos brasileiros, quanto a diversas características

suas e os resultados foram tabulados em uma matriz (Tipo L), apresentados abaixo:

Tabela 2.11 – Dados exemplificativos da análise de dados da matriz

Pode-se perceber que como há muitos indivíduos e muitas características envolvidas fica

difícil se enxergar algumas semelhanças existentes e tirar conclusões. Assim, se fosse possível

diminuir o tamanho da matriz (ordem), sem perder informações contidas nos dados originais,

ficaria mais fácil o trabalho do analista. Esta técnica chama-se Análise do Componente Principal.

Por exemplo, pode-se perceber que peso e altura apresentam uma alta correlação, mediante a

análise do seu diagrama de dispersão.

Figura 2.19 – Correlação entre peso e altura

Page 89: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

89

Então, se for girado o eixo das ordenadas, pode-se criar uma nova variável (X, no caso)

que conterá a toda a informação do peso e altura.

Figura 2.20 – Nova variável de peso e altura

2.2.6 Diagrama PDPC

Auxilia na seleção dos melhores processos para obtenção de resultados através da

avaliação do progresso dos acontecimentos. O Diagrama PDPC (Process Decision Program

Chart) é uma das Ferramentas Gerenciais da Qualidade. Seu uso é recomendado como

ferramenta de apoio na elaboração de planos, identificando riscos potenciais e auxiliando na

identificação de ações para eliminar ou atenuar os efeitos de riscos identificados.

Destina-se a identificar as possíveis falhas ou insucessos que podem ocorrer nas

atividades, durante um caminho (projeto), até alcançarmos um objetivo ou meta. Destina-se ainda

a mapear as formas de correção ou desvio, nos casos em que houver falhas ou insucessos.

Em aplicações mais elaboradas, podem ser consideradas as probabilidades de

insucesso associadas a cada atividade ou caminho, até o objetivo final. Outra abordagem é utilizar

PDPC para identificar oportunidades e alternativas de melhoria, ao invés de riscos. O recurso

típico desta ferramenta é o fluxograma. Durante a construção de um PDPC, analisamos os

diversos cenários, desde o mais otimista até o mais pessimista, então preparamo-nos para eles.

Quando gerentes trabalham “apagando incêndios”, consomem grande parte de seu tempo

e de sua equipe resolvendo problemas cujos custos e prazos não estavam no plano original.

Atividades são refeitas e os resultados são certamente comprometidos, apesar do desgaste

adicional da equipe.

Como alternativa, a prática de análise de riscos potenciais permite reconhecer antecipadamente

os problemas que podem ocorrer e prevenir-se. Mesmo que não seja possível eliminá-los por

completo, é possível prever medidas de atenuação dos efeitos. O PDPC oferece um meio

relativamente simples de realizar esta análise de riscos.

Page 90: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

90

Uma solução trivial é a combinação do Fluxograma (para visualização das atividades) com

o Diagrama de Árvore (para visualização dos problemas associados a cada atividade, e das ações

associadas a cada problema).

Para a elaboração devemos fazer a seguinte seqüência:

1. Definir o objetivo do PDPC.

2. Organize uma equipe multidisciplinar para realizar a construção do PDPC.

3. Defina alguns critérios básicos para a análise; por exemplo:

· quais riscos/problemas serão considerados significativos (em função da probabilidade de

ocorrência? Do impacto em custo/prazo?).

· Como definir quais tipos de ação serão aplicados para cada problema (em função da

natureza do problema? Da probabilidade de ocorrência? Do impacto?).

Ações de prevenção devem ser consideradas para riscos de alta probabilidade e com severas

conseqüências.

Nos demais casos, as soluções de mitigação são aceitáveis; tais soluções são

normalmente mais econômicas e flexíveis, oferecendo condições que comprometem menos o

projeto como um todo.

Soluções de transferência devem ser sempre estudadas com cautela, especialmente por

envolver uma terceira parte.

Para as definições do passo 3, recomenda-se aplicar técnicas como brainstorming, Delphi,

NGT, Votação ou Matriz de Priorização.

4. Analisar o fluxograma do plano; para cada atividade, identificar quais são os problemas

potenciais; decida quais deverão ser tratados, então inclua-os no Diagrama de Árvore.

Utilize as ferramentas de decisão já citadas no passo 3.

5. Analisar cada problema apontado no Diagrama de Árvore, então defina as ações a

serem tomadas para ele. Analise e decida quais ações serão efetivamente tomadas, e qual a

estratégia aplicada (qual tipo de ação será tomada, em que momento, qual o gatilho para que a

ação seja tomada etc).

6. Atualize o plano com as definições desse estudo (PDPC).

A seguir elucidaremos as informações acima, através de um exemplo do cotidiano:

Page 91: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

91

Figura 2.21 – Exemplo do cotidiano do PDPC

2.2.7 Diagrama de setas

Este diagrama é útil para a programação diária e controle do progresso dos trabalhos Na

verdade, este diagrama trata-se da rede de precedências da técnica PERT-CPM.

As etapas para a sua elaboração são:

1.Listar as tarefas necessárias a execução do projeto.

2.Preparar cartões que indique qual é a tarefa e o seu tempo de execução.

3.Ordenar as tarefas, determinando precedências.

4.Fazer esboço do diagrama.

5.Calcular folgas.

6.Determinar caminho crítico.

PERT - Program Evaluation and Review Techinique e o CPM - Critical Path Methodo o

PERT/CPM são técnicas de planejamento e controle de grandes projetos, a partir do

escalonamento das diversas atividades é possível montar gráficos e estudar o planejamento do

projeto. As principais vantagens da utilização deste método são:

Clareza e facilidade de compreensão das fases do projeto e o projeto como um todo;

Verificação das atividades;

Mostrar a coerência técnica do projeto;

Compreensão da lógica interna do projeto e

Guia para execução e controle do projeto.

Page 92: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

92

As redes PERT evidenciam relações de precedência entre atividades e permite calcular o

tempo total de duração do projeto bem como o conjunto de atividades que necessitam de atenção

especial caso contrário os atrasos em sua execução causaram no projeto com um todo, este

conjunto de atividades é denominado de Caminho Crítico. O exemplo a seguir elucida os

comentários anteriores.

Tabela 2.12 – Dados exemplificativos do diagrama de setas

Figura 2.22 – Diagrama PERT-CPM

O caminho crítico, que é o de maior duração, observando o diagrama PERT-CPM, e a duração das

atividades será: C – E – G, totalizando 40 períodos de tempo.

E

C

Page 93: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

93

C. E. P - CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO

3.1 Introdução

As atuações sobre a Produção estão orientadas para o passado, porque implicam a

detecção de produtos não-conformes já produzidos, através de uma inspeção, classificação e

reparação. Este procedimento terá de ser mantido, até que se implementem com sucesso as

ações corretivas necessárias no Processo ou se alterem as especificações, de modo a produzir

produtos conformes, logo à primeira vez.

É óbvio que a inspeção seguida apenas de uma atuação sobre a Produção é um substituto

pobre de fazer certo à primeira vez. Por este motivo, há que se desenvolver e aplicar métodos

dirigidos para a coleta e análise de informação sobre o Processo que permitam a melhoria

contínua do mesmo. As Cartas de Controle são uma das principais ferramentas estatísticas

utilizadas em Controle de Processo.

3.2 Cartas de Controle

3.2.1 O que são as Cartas de Controle

As Cartas de Controle são uma representação gráfica de uma amostra seqüencial que

revelam quando um processo se altera e necessita de ação corretiva. Evitam que sejam tomadas

ações devido a variações aleatórias do processo e asseguram que sejam tomadas ações quando

há uma causa especial de variação. São especialmente utilizadas para controlar processos

repetitivos em que é possível medir características (variáveis) ou classificar itens (atributos) para

determinar se um processo está ou não em Controle Estatístico. São ferramentas muito

importantes de utilização generalizada em Controle Estatístico de Processo.

A metodologia para uso das Cartas de Controle pode ser sintetizada nos seguintes pontos:

1. Determinar o tipo de dados e de distribuição.

- Distribuição contínua. Utilizar os gráficos X e R (Valor médio ou amplitude). Exemplo:

Comprimento de peças confeccionadas.

Nos casos em que não é possível ou conveniente obter mais de uma medição por amostra

(exemplo temperaturas de fornos, pressões de gases, análises químicas) ou em que os dados

são obtidos através de números da contabilidade ou gestão, que só estão disponíveis ao fim de

CAPÍTULO III

Page 94: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

94

um determinado período, deve-se utilizar as Cartas de Controle de valores individuais com limites

de controle baseados na amplitude móvel.

2. Coleta de dados

- A população deverá ser um conjunto completo de itens.

- A amostra deve ser aleatória

- Recolher de 20 a 25 subgrupos com 05 a 10 leituras cada.

3. Determinar a linha central e os limites de controle.

4. Registrar a linha central, os limites de controle e os dados recolhidos na carta.

5. Analisar os dados identificando eventuais causas de variação não-natural.

6. Tomar ações para obter o controle estatístico eliminando as causas de variação não-

natural.

7. Registrar os novos dados (pontos) obtidos para alcançar o controle estatístico.

Nesta fase devem-se calcular os limites de controle a fim de eliminar os efeitos dos

períodos fora de controle, cujas causas foram detectadas e corrigidas. Para tal excluem-se todas

as amostras afetadas pelas causas especiais já corrigidas, efetuam-se novos cálculos e

assinalam-se novos limites de controle. A exclusão destes subgrupos no cálculo dos novos limites

de controle não significa, a eliminação de dados inúteis, mas sim a obtenção de uma idéia mais

correta do nível original de variação devido a causas comuns, o que permitirá detectar mais

facilmente a presença de futuras causas especiais de variação.

Os pontos 1 a 7 correspondem ao que normalmente se denomina estudo de capacidade

do processo.

8. Modificar o processo conforme necessário para obter os resultados desejados.

Diminuição da variação e como resultado, a produção a custo mais econômico.

9. Registrar os novos dados (pontos) para assegurar o controle. Calcular os novos limites

de controle se houver evidência de que a distribuição se alterou.

Adiante serão apresentados exemplos em detalhe, de como elaborar as cartas de controle

X e R (variáveis).

Page 95: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

95

3.2.2 Síntese das Cartas de Controle

As fórmulas de determinação dos limites de controle são as mostradas na tabela 3.1.

Tipo de Carta de Controle

Limite de Controle Superior LSC

Limite Central LC

Limite de Controle Inferior LIC

X RAXLSC 2

XLC

RAXLIC 2

X Valor médio do subgrupo.

X Valor médio de X

2A Fator tabelado

R

RDLSC 4

RLC

RDLIC 3

R Amplitude

R Média das amplitudes

43 DeD Fatores tabelados

Tabela 3.1 – Fórmulas para determinar os limites de controle

A seguir, conforme fora mencionado anteriormente, iremos mostrar através da tabela 3.2,

os valores dos fatores, utilizados nas cartas de controle ReX .

Número de amostras Gráfico X Gráfico R

n A2 D3 D4

2 1,880 0 3,267

3 1,023 0 2,575

4 0,729 0 2,282

5 0,577 0 2,115

6 0,483 0 2,004

7 0,419 0,076 1,924

8 0,373 0,136 1,864

9 0,337 0.184 1,816

10 0,308 0,223 1,777

11 0,285 0,256 1,744

12 0,266 0,284 1,716

13 0,249 0,308 1,692

14 0,235 0,329 1,671

15 0,224 0,348 1,652

16 0,212 0,364 1,636

17 0,203 0,380 1,621

18 0,194 0,391 1,608

19 0,187 0,404 1,596

20 0,180 0,414 1,586

21 0,173 0,425 1,575

22 0,167 0,434 1,566

23 0,162 0,443 1,557

24 0,157 0,452 1,548

25 0,153 0,459 1,541

Tabela 3.2 – Fatores para determinação dos limites de controle

3.2.3 Cartas de Controle X e R

As cartas X e R têm por objetivo permitir, a partir da medição de algumas peças a

Page 96: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

96

avaliação da qualidade de uma produção. Permitem prevenir quanto à qualidade futura da

produção, advertindo quando o processo tende a piorar ou se aproxima do perigo de produzir

peças defeituosas. O processo de controle é realizado através dos seguintes passos:

1. Coleta de dados

A coleta de dados é feita através de uma coleta periódica de amostras retiradas de uma

mesma produção, de tamanho usual igual a 5 (cinco), para estudos experimentais ou se os dados

forem muito limitados utilizamos amostras de duas ou três unidades, que são medidas e cujos

resultados são registrados em uma folha de verificação apropriada.

O tamanho da amostra e a periodicidade são estabelecidos com base na variabilidade do

processo. O número de amostras é usualmente de 25 (vinte e cinco) por folha de registro

correspondendo portanto a 125 (cento e vinte e cinco) resultados individuais.

2. Preparação dos dados

Para um conjunto de 5 valores individuais faz-se o cálculo da média ( X ) e amplitude (R).

3. Escolha da escala

A escolha da escala dos eixos deverá ser feita com cuidado e usualmente é feita

procurando um valor que permita que o eixo horizontal seja o dobro do eixo vertical.

4. Marcação dos pontos

Após a escolha da escala, deve-se marcar os pontos no gráfico que são unidos para

melhor visualização das variações. Caso os valores individuais se apresentarem muito fora do

esperado deveremos efetuar uma verificação nos cálculos.

5. Cálculo dos limites de controle

Inicialmente deveremos calcular a média das médias, ou média do processo, e a amplitude

média. Em seguida iremos calcular os limites de controle superior e inferior, tanto para a carta das

médias como das amplitudes, conforme equacionamento mostrado na tabela anterior.

6. Traçado das linhas da média e limites de controle

Traçam-se as linhas correspondentes as médias de R e X em linhas horizontais contínuas,

e para os limites de controle em linhas horizontais tracejadas. Chama-se atenção que usualmente

as linhas de controle da folha de registro são traçadas com base nos dados da folha inicial, sendo

recalculados quando se verificar uma alteração significativa da distribuição.

3.2.4 Interpretação das Cartas de Controle

É possível aprofundar o estudo das cartas de controle tanto quanto se desejar. No entanto

os principais ensinamentos são bastante simples e, podem ser reunidos nos seguintes pontos.

3.2.4.1 Significado da carta R

A carta R quantifica a uniformidade da distribuição. Se a carta R for estreita o produto é

uniforme, se for longa é não uniforme. Se a carta R estiver fora de controle algo está atuando no

Page 97: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

97

processo de um modo não uniforme. Nestas circunstâncias as possíveis causas poderão ser uma

deficiente reparação e manutenção do equipamento, novos operadores e perturbações no

trabalho (processos controlados pelos operadores) ou uma alteração no sistema de medida (novo

inspetor ou novo instrumento de medida).

3.2.4.2 Significado da carta X

A carta X mostra onde o processo está controlado. Se a carta X for natural ao centro do

processo deverá manter-se. Se revelar uma tendência, significa que o centro do processo esta

aumentando ou diminuindo gradualmente. Se a carta X é instável e fora de controle estaremos

tendo uma alteração do centro do processo de forma rápida e inconsistente.

Normalmente os processos são centrados por:

- Um ajuste no equipamento.

- Qualquer outro ajuste no processo.

- Alterações nas características do material ou peça que está sendo utilizada.

-Uma idéia preconcebida ou alteração técnica na operação, inspeção ou no sistema de

medida. Está prática é muito comum em organizações que estabelecem programas de melhoria

contínua. Quando a carta X estiver fora de controle, devem-se verificar as possíveis causas. As

cartas X também podem ser afetadas por condições fora de controle das cartas R. Por este

motivo, caso as cartas X e R estejam ambas fora de controle, devemos sempre analisar as

cartas R.

3.2.4.3 Interpretação das cartas de médias e amplitudes

A análise dos gráficos de controle possibilita a identificação se o processo está ou não sob

controle, o que significa a ausência de causas especiais de variação. Quando um processo está

controlado ocorre um padrão normal de variação, pois os pontos distribuem-se aleatoriamente em

torno da média, indicando a ausência de tendências crescentes ou decrescentes, ciclos,

estratificações ou misturas e pontos que ultrapassaram os limites de controle. Há uma regra

básica para verificar se o processo se encontra estável: basta dividir o intervalo entre os limites

superior e inferior de controle em seis faixas, ou seja, cerca de 34% dos pontos devem estar em

cada faixa C, 13,5% dos pontos em cada faixa B e 2,5% dos pontos em cada faixa A,.

Um processo também pode ser considerado fora de controle, quando todos os pontos

estiverem dentro dos limites de controle. Isto ocorre quando há um padrão de variação anormal no

processo. Apresentamos abaixo alguns casos de gráficos, nos quais o processo está fora de

controle.

Page 98: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

98

1º Caso:

Um ponto além da zona A, isto é, acima do limite

superior de controle ou abaixo do limite inferior de

controle.

2º Caso:

Nove pontos sucessivos de um mesmo lado do

valor central, ou seja, todos acima ou abaixo da

linha média.

3º Caso:

Seis pontos sucessivos aumentando ou diminuindo

constantemente.

4º Caso:

Quatorze pontos sucessivos alternando-se para

cima e para baixo.

5º Caso:

Dois em três pontos sucessivos na mesma zona A

ou além dela.

6º Caso:

Quatro em cinco pontos sucessivos, situados na

zona A ou B ou além dela, de um mesmo lado do

gráfico.

7º Caso:

Quinze pontos sucessivos situados na zona C,

acima ou abaixo da linha central.

8º Caso:

Oito pontos sucessivos de ambos os lados da linha

central fora da zona C.

Figura 3.1 – Interpretação das cartas de controle das médias

Page 99: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

99

3.3 Capabilidade de Processos

3.3.1 Conceitos básicos

Vejamos quais os principais conceitos utilizados nos estudos de capabilidade de máquinas

ou processos:

- Capabilidade ou capacidade: medida que relaciona o rendimento real de uma máquina ou

processo, com o seu rendimento especificado.

- Máquina: operações discretas (tornos, prensas, etc.) com influências exteriores mínimas.

- Processo: Combinação de pessoas, equipamentos, materiais, métodos e ambiente.

No que diz respeito a variáveis, a capacidade de uma máquina é uma medida das

influências a curto prazo que a máquina por si só exerce sobre a variabilidade do produto. É usual

exigir como requisito mínimo, que 4 (desvio padrão) estejam contidos dentro dos limites de

especificação.

Isto significa que 99,999% dos casos estão dentro da tolerância. Com este requisito,

pretende-se assegurar que se atinge o objetivo de 99,73% ( 3 - desvio padrão) de capacidade

do processo a longo prazo.

Diremos então que um processo nesta situação está em Controle Estatístico. Para os

dados sob a forma de atributos, o índice de capabilidade é uma medida da conformidade da

máquina ou processo.

3.3.2 Índices de Capacidade (variáveis)

Se o histograma do processo apresenta a forma de uma distribuição normal e o processo

estiver em Controle Estatístico (sujeito apenas à variações naturais) é possível avaliar a

capacidade ou capabilidade do processo através do Índice de Capacidade do Processo. Estes

índices são um meio de indicar a variabilidade de um processo ou máquina com relação à

tolerância dos seus componentes.

3.3.2.1 Índices de Capacidade de Processo (Cp e Cpk)

A tabela abaixo contém as expressões que definem os Índices de Capacidade do Processo

(Cp e Cpk) que tem por significado o seguinte:

- O índice Cp índica a dispersão inerente ao processo.

Page 100: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

100

- O índice Cpk irá nos indicar o ajuste e a dispersão do processo.

ÍNDICE DE CAPACIDADE DO PROCESSO

Processo com Média X e desvio padrão e

limites de especificação

Índices de Capacidade do Processo

Cp e Cpk

Superior (LSC)

e

Inferior (LIC)

6

LICLSCCp

33

LICXe

XLSC

deMínimoCpk

Superior (LSC)

3

XLSCC p

Inferior (LIC)

3

LICXCp

Tabela 3.3 – Índice de capacidade de processo

Depois de calculados estes índices analisaremos o processo, conforme iremos descrever.

A análise do índice de capacidade é muito útil na tomada de decisões sobre a adequação do

processo às especificações. Uma regra prática para esta análise é descrita a seguir:

- Processo Vermelho: (Cp < 1), a capacidade do processo é inadequada à tolerância

exigida. Nesta situação,o ideal é realizar o trabalho com outro processo mais adequado às

especificações. Não sendo possível mudar o processo, deve-se tentar diminuir a sua variabilidade.

Por último, resta a possibilidade de se alterar as especificações do produto.

- Processo amarelo: (1 ≤ Cp ≤ 1,33), a capacidade do processo está em torno da

diferença entre as especificações. O tratamento deve ser semelhante àquele dado ao processo

vermelho. Neste caso, cartas de controle são muito úteis para manter o processo sob controle e

evitar a produção de itens fora das especificações.

- Processo Verde: (Cp > 1,33), a capacidade do processo é adequada à tolerância

exigida. Se a capacidade do processo está entre 3/4 e 2/3 da tolerância, é aconselhável coletar

amostras periódicas para acompanhamento do processo. Se a capacidade do processo é menor

Page 101: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

101

que metade da tolerância, não é preciso tomais maiores cuidados como o processo, pode-se dizer

que o mesmo é excelente ou altamente confiável.

A fim de assegurar que o processo está em Controle estatístico, o histograma deve ser

acompanhado de uma carta de controle que demonstre que a variação existente no processo se

deve apenas a casas naturais. De um modo geral, a variação existente nos processos deve-se à

variação natural e não-natural. O estudo de capacidade do processo revela quais as causas de

variação não natural presentes no processo e o que deve ser feito para eliminá-las de modo a

obter a sua verdadeira capacidade de processo.

É possível calcular uma estimativa do desvio padrão através da capacidade estimada do

processo, que será a amplitude máxima encontrada nas classes de amostras.

8

estimadacapacidade

Outra forma de calcularmos o desvio padrão é através da amplitude média do processo

( R ) e o fator D2 (mostrado na tabela 15), onde teremos:

2D

R

Número de

Amostras Fator D2

Número de

Amostras Fator D2

Número de

Amostras Fator D2

2 1,128 10 3,078 18 3,640

3 1,693 11 3,173 19 3,689

4 2,059 12 3,258 20 3,735

5 2,326 13 3,336 21 3,778

6 2,534 14 3,407 22 3,819

7 2,704 15 3,472 23 3,858

8 2,847 16 3,532 24 3,895

9 2,970 17 3,588 25 3,931

Tabela 3.4 – Fator D2 para determinação do desvio padrão

A avaliação da capabilidade do processo é efetuada após a identificação e correção das

causas especiais de variação, quando as cartas de controle demonstram que o processo está em

controle estatístico. O índice de capacidade do processo pode então ser utilizado como base do

Page 102: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

102

sistema de medida de melhoria da qualidade do processo e permite quantificar à sua efetividade.

É necessário confirmar a capabilidade do processo sempre que se recalculam os limites de

controle.

Como exemplo de aplicação temos:

No processo de usinagem de determinada peã da indústria automobilística, um dos

indicadores de qualidade e, conseqüentemente passível de controle, é o diâmetro do alojamento

do eixo de comando, que tem um processo de medição amostral mostrado abaixo. Calcular os

índices de capabilidade para o processo.

MEDIÇÃO 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

8,55 8,90 9,00 8,70 8,55 8,75 9,20 8,65 8,70 9,00

8,75 8,95 8,75 9,10 8,65 8,85 9,10 8,65 8,85 8,80

8,65 8,60 8,75 8,65 8,96 8,65 8,65 8,90 8,60 8,65

8,80 8,60 8,65 8,60 8,70 8,65 8,85 8,90 8,65 8,60

8,80 8,55 8,65 8,60 8,70 8,65 8,70 8,60 8,75 8,80

Média 8,71 8,72 8,76 8,73 8,71 8,71 8,90 8,74 8,71 8,77

Amplitude 0,25 0,40 0,35 0,50 0,40 0,20 0,55 0,30 0,25 0,40

Tabela 3.5 – Dados do exemplo de cálculo de capabilidade de processo

Item calculado Cálculo Resultado

Média do processo

10

101

1

i

iX

X

8,75 mm

Capacidade estimada maxR

0,55 mm

Amplitude média

10

10

1

i

i

i

R

R

0,36

Desvio Padrão

8

estimadaCapacidade

0,068 mm

Limite Superior de Controle RAXLSC 2

8,96 mm

Limite Inferior de Controle RAXLIC 2

8,54 mm

Capabilidade Normal

6

LICLSCCp

1,03

Tabela 3.6 – Planilha de cálculo do exemplo

Page 103: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

103

M.A.S.P. – METODOLOGIA DE ANÁLISE E SOLUÇÃO

DE PROBLEMAS. CICLO PDCA

4.1 Como funciona o PDCA

O Ciclo PDCA é um método gerencial de tomadas de decisões para garantir o alcance das

metas necessárias à sobrevivência da organização. O controle de processos é exercido por meio

do Ciclo PDCA de controle de processos, conforme a figura a seguir:

Figura 4.1 – Ciclo PDCA de controle de processos

CAPÍTULO IV

DEFINIR AS

METAS

DETERMINA OS MÉTODOS

PARA ALCANÇAR AS METAS

EDUQUE E

TREINE

EXECUTE O

TRABALHO

VERIFIQUE OS EFEITOS DO TRABALHO

EXECUTADO

ATUE NO PROCESSO EM FUNÇÃO

DOS

RESULTADOS

P

D C

A

Page 104: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

104

Importante: O Ciclo PDCA de controle de processos deve ser praticado por todos na

organização. O modelo da Gestão da Qualidade Total não distingue classe pensante e classe

executora. O PDCA deve estar na mente de todas as pessoas de uma organização.

Para que seja possível entender como funciona o Ciclo PDCA de controle de processos,

em primeiro lugar, é importante que fique claro a existência de dois tipos de metas, a saber:

a) Metas para manter

Uma meta para manter consta de uma faixa aceitável de valores para o item de controle

considerado, representando especificações do produto/serviços provenientes dos clientes internos

e externos da organização. As metas para manter são denominadas de METAS PADRÃO.

b) Metas para melhorar

As metas para melhorar, ou METAS DE MELHORIA, surgem do fato de que o mercado

(clientes) sempre deseja um produto/serviço cada vez melhor, a um custo cada vez mais baixo

e com uma entrega cada vez mais precisa.

A entrada de novos concorrentes no mercado e o surgimento de novas materiais e novas

tecnologias também leva à necessidade do estabelecimento de metas de melhoria. As metas

de melhoria metas que devem ser atingidas e para que isto seja possível será necessário

modificar a forma atual de trabalhar. Lembrando a definição do problema, percebemos que

cada meta de melhoria gera um problema que deverá ser atacado pela organização.

Importante: Uma meta, seja para manter ou melhorar, deverá ser constituída de três

requisitos:

Um objetivo gerencial Diminuir o índice de defeitos

Um valor em até 50% de redução do custo

Um prazo até o final de dezembro de 2001.

Se faltar um destes requisitos, não é meta. Podemos, então, observar que as metas

vêm do mercado, isto é, resultam dos desejos dos clientes, os quais querem um produto

consistente (metas para manter) e, ao logo do tempo, também desejam um produto cada vez

melhor sob os aspectos qualidade intrínseca, custo e entrega (metas para melhorar).

Para que estas metas (fins) possam ser atingidas, será necessário atuar nos processos

(meios) da organização. Passaremos a analisar agora como devemos atuar para que as metas

para manter e as metas para melhorar possam ser atingidas.

Page 105: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

105

4.1.1 Metas para manter

As metas para manter (metas padrão) são atingidas por meio de operações

padronizadas. Como o plano que permite o alcance da meta padrão é o POP - Procedimento

Operacional Padrão ( “Standard”), o Ciclo PDCA empregado para o alcance das metas para

manter pode ser denominado de SCDA.

Figura 4.2 – Detalhamento do PDCA para manter os resultados

GERENCIAMENTO PARA MANTER

META PADRÃO

META PADRÃO

Qualidade Padrão, Custo padrão, etc.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP P.O. P. para atingir as metas padrão.

EXECUÇÃO

Cumprir o P. O. P.

VERIFICAÇÃO Confirmação da efetividade do P. O. P.

EFETIVO

?

1 2 3 4 5

LSC 10,2

LIC 4,8

LC 8,0

10

8

5

DIA

X

AÇÃO CORRETIVA Remoção do Sintoma Ação na causa

MA

NT

ÉM

S

N

Page 106: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

106

Etapa “S” do Ciclo SDCA

A meta padrão representa o resultado que desejamos atingir com nosso trabalho e o

procedimento operacional padrão (POP) é o planejamento do trabalho repetitivo que deve ser

executado para o alcance da meta padrão. Portanto, o sistema de procedimentos operacionais

padrão da organização é o próprio planejamento operacional a partir do qual decorre todo o

treinamento no trabalho.

Etapa “D” do Ciclo SDCA

Nesta etapa é importante ressaltar os três elementos necessários:

Treinamento no trabalho.

Cada pessoa deve estar bem treinada para executar as tarefas que ela realiza no dia-a-

dia, de tal forma que ela seja a “melhor do mundo” naquilo que faz. Esse treinamento é

baseado no procedimento operacional padrão.

Supervisão.

Cada chefia (inclusive diretores e gerentes) deve acompanhar o trabalho do seu pessoal com o

objetivo de verificar se os procedimentos operacionais padrão estão sendo cumpridos.

Auditoria

O Departamento de Garantia da Qualidade da organização deve providenciar auditorias

regulares (internas e externas) para verificar o cumprimento dos padrões, relatando as não

conformidades.

Etapa “C” do Ciclo SDCA

A verificação (Check) consiste no acompanhamento (monitoramento) da meta e é feita nos

fins (resultado final do processo) e não nos meios.

Etapa “A” do Ciclo SDCA

No caso da meta padrão não Ter sido atingida, deve ser adotada a ação corretiva sobre o

desvio detectado (anomalia), de acordo com o MÉTODO DE ANÃLISE E SOLUÇÃO DE

PROBLEMAS. Portanto dentro do SDCA devem existir os seguintes sistemas:

Sistema de Padronização ( S )

Sistema de treinamento no trabalho ( D )

Sistema de Supervisão e Auditoria ( D )

Sistema de Monitoramento de todas as Mestas Padrão ( C )

Sistema de Tratamento de Anomalias ( A )

4.1.2 Metas de melhoria

Para atingir as metas de melhoria também utilizamos o Ciclo PDCA conhecido como

MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS – MASP, já que cada meta de melhoria

gera um problema que a organização deverá solucionar.

Page 107: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

107

PADRONIZAÇÃO

Eliminação definitiva das causas

Figura 4.3 - Detalhamento do PDCA para melhoria dos resultados

GERENCIAMENTO PARA MELHORIA

META DE MELHORIA

PROBLEMA Identificação do problema

OBSERVAÇÃO Reconhecimento das características do problema.

ANÁLISE Descoberta das causas principais

PLANO DE AÇÃO

Contramedida às causas principais

EXECUÇÃO Atuação de acordo com o “Plano de Ação”.

VERIFICAÇÃO

Confirmação da efetividade da ação.

EFETIVO

?

CONCLUSÃO Revisão das atividades e planejamento futuro.

META

MELHOR

No R

ecla

ma

çõ

es

1999 2000 Jan 2001 Dez S

N

Page 108: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

108

O MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, definido pelo TQC – Total Quality

Control -, tem como enfoque principal definir a solução de problemas removendo as causas

motivadoras da existência deste problema, as quais são obtidas através de uma análise do

processo. No enfoque tradicional, solucionamos os problemas removendo os efeitos. A tabela

abaixo,, associamos as ferramentas da qualidade que podem ser usadas em cada uma das

etapas do MASP. Não significa que devemos utilizar todas as ferramentas, e sim as necessárias.

PROCESSO MASP FERRAMENTAS UTILIZADAS

1. IDENTIFICAÇÃO

DO

PROBLEMA

Estratificação Folha de Verificação Gráfico de Pareto Histograma

2. OBSERVAÇÃO

DO

PROBLEMA

Estratificação folha de Verificação Gráfico de Pareto Histograma

3. ANÁLISE DAS

CAUSAS DO PROBLEMA

Folha de Verificação Diagrama de Causa e Efeito Diagrama de Dispersão Histograma

4. PLANO DE AÇÃO

(PARA BLOQUEAR AS CAUSAS FUNDAMENTAIS)

Diagrama de Causa e Efeito 5W 1H

5. EXECUÇÃO

(CONFORME PLANO DE AÇÃO)

Folha de Verificação Cronogramas 5W 1H

6. VERIFICAÇÃO

(SE O PLANO DE AÇÃO DEU CERTO)

Folha de Verificação Gráfico de Pareto Histogramas Gráficos

7. PADRONIZAÇÃO

(PARA IMPEDIR QUE AS CAUSAS VOLTEM)

P.O.P. – Procedimento Operacional Padrão Fluxograma

8. CONCLUSÃO

(ENUMERAR OS PROBLEMAS REMANESCENTES PARA TRABALHO FUTURO)

Relatórios

Tabela 4.1 – Etapas do MASP e as ferramentas da qualidade

Page 109: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

109

Nos próximos itens desta unidade iremos estudar individualmente cada um dos itens que

compõem o Método de Análise e Solução de Problemas – MASP.

4.2 Identificação do problema

Para que possamos efetuar corretamente a IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA, devemos

seguir algumas etapas seqüencialmente e utilizar algumas ferramentas da qualidade. Estas

etapas serão a seguir descritas.

Primeira etapa ESCOLHA DO PROBLEMA

Um problema é o resultado indesejável de um trabalho (esteja certo de que o problema

escolhido é o mais importante baseado em fatos e dados). Por exemplo: Perda de produção por

parada de equipamentos, pagamentos em atraso, porcentagem de peças defeituosas, etc.

Para a escolha do problema são feitas análise considerando as diretrizes da área de

trabalho, a partir de uma meta de melhoria, sendo analisados os seguintes fatores:

- Qualidade intrínseca

- Custo

- Atendimento

- Moral

- Segurança

Um problema pode ser determinado, considerando-se relatórios de anomalias efetuados

pela área de operação, sendo analisados os seguintes dados:

- Elevado no de acidentes

- Retrabalho

- Reclamações de clientes

- Refugos

- Desperdícios, atrasos, etc.

Segunda etapa HISTÓRICO DO PROBLEMA

Nesta etapa devem ser analisados dados históricos do problema em questão, já que este

problema pode ter ocorrido em um outro momento na empresa.

Page 110: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

110

Nesta análise devem-se buscar informações da freqüência de ocorrência do problema e de

que forma este problema aconteceu. São utilizadas como parâmetros de avaliação dados

históricos, gráficos e fotografias.

Terceira etapa MOSTRAR PERDAS ATUAIS E GANHOS VIÁVEIS

Através de ferramentas de controle do processo, (Gráfico de Tendência) deve ser

analisada qual a situação atual e, qual será a perspectiva de melhora caso o problema seja

solucionado.

Quarta etapa FAZER A ANÁLISE DE PARETO

A Análise de Pareto permite priorizar temas e estabelecer metas numéricas viáveis.

Subtemas podem também ser estabelecidos se necessário. Deve-se observar que não iremos

procurar causas, somente resultados indesejáveis. As causas serão procuradas posteriormente.

Quinta etapa NOMEAR OS RESPONSÁVEIS

Nesta última etapa da Identificação do Problema, devemos nomear a pessoa responsável

ou nomear o grupo responsável e o líder deste grupo. Deve-se propor uma data limite para que o

problema identificado seja solucionado.

4.3 Observação do problema

Para que possamos efetuar corretamente a OBSERVAÇÃO DO PROBLEMA, devemos

seguir algumas etapas seqüencialmente e utilizar algumas ferramentas da qualidade. Estas

etapas serão a seguir descritas.

Primeira etapa DESCOBRIR AS CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA

( COLETA DE DADOS )

Recomendamos que não economize tempo na realização desta etapa, pois isto irá facilitar

fundamentalmente na resolução do problema. A observação do problema é feita sob vários

aspectos e pontos de vista, para isto a estratificação é feita considerando-se:

a) Tempo: Os resultados são diferentes para diferentes turnos de trabalho e diferentes

dias da semana.

Page 111: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

111

b) Local: Os resultados são diferentes em partes diferentes de uma peça (defeitos no

topo, na base, na periferia), ou até locais da própria empresa (diferentes

departamentos)

c) Tipo: Os resultados são diferentes dependendo do produto, matéria-prima, material

usado, etc.

d) Sintoma: Os resultados irão diferir se os defeitos são cavidades ou porosidades, se a

parada é por queima de um motor ou falha mecãnica, etc.

Deverá também ser necessário investigar aspectos específicos, como por exemplo:

- Umidade relativa do ar ou temperatura ambiente

- Condições dos instrumentos de medição

- Confiabilidade dos padrões

- Treinamento da equipe, etc.

Dentro da investigação é muito usual a construção de folhas de verificação, onde a técnica

do 5W 2H é muito utilizada. A técnica do 5W 2H consta de uma série de perguntas acerca do

problema, que está tabulado na tabela abaixo.

- 5 W 2 H -

WHAT WHO WHERE WHY WHEN HOW

HOW MUCH

O que fazer (ação de melhoria)

Quem (responsável pela ação

de melhoria)

Onde (local onde

será executada a

melhoria)

Por que (para o

conhecimento de todos)

Quando (prazo para a execução

da melhoria)

Como (Detalhar como a

ação será executada)

Quanto Custa

(Discriminar o valor da melhoria)

Tabela 4.2 – O que significa o 5W 2H

Para a perfeita observação do problema, deve-se utilizar a Análise de Pareto, que será

obtida a partir da Folha de Verificação, a qual irá nos mostrar de uma forma precisa, por onde

iremos iniciar o ataque ao problema.

Segunda etapa DESCOBRIR AS CARACTERÍSTICAS DO PROBLEMA

( OBSERVAÇÃO LOCAL )

Deve ser feita não no escritório ou no departamento da qualidade, mas sim no próprio local

da ocorrência. Para coleta de informações complementares que não podem ser obtidas na forma

de dados numéricos, podem ser utilizados recursos audiovisuais (filmagem ou fotografias).

Page 112: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

112

É importante nesta etapa a participação das pessoas envolvidas no dia-a-dia do processo,

como operadores e pessoal da manutenção, a fim de que possamos colher detalhes mais

específicos sobre o problema.

Terceira etapa CRONOGRAMA, ORÇAMENTO E META

Nesta etapa já sabedores do problema a ser analisado deveremos elaborar um

cronograma de tempo e financeiro considerando os itens restantes do MASP (análise, plano de

ação, execução, verificação, padronização e conclusão). Nesta etapa é que iremos definir a meta

a ser atingida, como por exemplo, redução de reclamações de clientes para 1%, ou quantidade de

peças defeituosas em 1000 pçs/mês.

4.4 Análise do problema A análise do problema é realizada sobre os meios, que tem por objetivo a descoberta das

causas fundamentais do problema. Devemos investigar o relacionamento existente entre o efeito e

suas causa mais prováveis , focando o processo como um todo.

A análise do problema é uma das etapas mais importantes do MASP, uma vez que

identificadas as verdadeiras causa de um problema, a solução fica mais fácil. A análise do

problema deve ser feita de forma participativa, envolvendo as pessoas ligas ao problema.

Da mesma forma que os itens anteriores, a análise do problema, também será feita

mediante algumas etapas, que a seguir serão mostradas:

Primeira etapa DEFINIÇÃO DAS CAUSAS INFLUENTES

Devemos formar um grupo de trabalho envolvendo todas as pessoas que possam

contribuir na identificação das causas. É importante quando o grupo estiver reunido, que todos

participem, não só dos elementos que exercem funções de nível gerencial.

É fundamental para a análise do problema com o objetivo de descobrir as causas

influentes para que o mesmo ocorra, a elaboração do diagrama de Causa e Efeito, ou Diagrama

de Ishikawa. Deve-se levantar o maior número de causas possíveis, estabelecendo a relação

entre a causa e o efeito entre as causas levantadas.

Na construção do Diagrama de Causa e Efeito coloca-se as causas mais gerais nas

espinhas maiores e causas secundárias e menos influentes nas ramificações menores.

Page 113: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

113

Na construção do diagrama, podemos utilizar a técnica do Brainstorming ou tempestade de

idéias, que consiste numa sistemática de discussão onde a partir de um tema proposto, todas as

pessoas reunidas circunferencialmente irão ser estimuladas a dar objetivamente sua idéia sobre

um determinado tema.

Segunda etapa ESCOLHA AS CAUSAS MAIS PROVÁVEIS

( HIPÓTESES )

As causas assinaladas na etapa anterior devem ser reduzidas por eliminação das causas

menos prováveis com base nos dados levantados no processo de observação.

Devemos aproveitar também as sugestões baseadas na experiência do grupo e dos

superiores hierárquicos. Baseado ainda nas informações colhidas na fase de observação priorize

as causas mais prováveis.

Um cuidado especial deve ser tomado com os efeitos “cruzados”. Problemas que resultam

de dois ou mais fatores simultâneos. Maior atenção nestes casos. Normalmente os problemas são

um resultado de um único fator, que poderá acarretar em uma seqüência de vários outros.

Terceira etapa ANÁLISE DAS CAUSAS MAIS PROVÁVEIS

( VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES )

Visitando o local onde as hipóteses ocorrem, colete informações estratificando as mesmas.

Colete estes dados utilizando a Lista de Verificação para maior facilidade. Através da utilização do

Diagrama de Pareto você terá condições de priorizar suas hipóteses. Uma ferramenta muito útil é

o Diagrama de Dispersão o qual irá permitir você testar a correlação entre a hipótese ou causa

provável e o efeito ou problema. A elaboração de um Histograma de processo irá ser bastante útil

a fim de avaliar a dispersão.

É recomendável que se teste as hipóteses através de experiências. De acordo com o

resultado destas experiências poderemos ter a convicção de que a hipótese é realmente a

causadora do problema. Caso não se confirme está hipótese, deveremos voltar para a segunda

etapa da análise do problema, pois certamente não encontramos a causa motivadora do

problema. Se confirmar que a hipótese está correta, passaremos para a última etapa do item de

análise do problema.

Page 114: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

114

Quarta etapa TESTE DE CONSISTÊNCIA DA CAUSA FUNDAMENTAL

Nesta etapa da análise iremos verificar se a causa fundamental tem condições técnicas de

ser eliminada. Caso o bloqueio seja tecnicamente impossível ou se pode provocar efeitos

indesejáveis (sucateamento, alto custo, retrabalho, complexidades, etc.) pode ser que a causa

determinada ainda não seja a causa fundamental, mas um efeito dela. Transforme esta causa em

um novo problema, então você terá que voltar para o inicio do processo de análise.

Caso o teste de consistência confirme que a causa seja a fundamental na ocorrência do

problema, então iremos avançar no MASP, para o próximo item, que será o Plano de Ação para a

eliminação do problema.

4.5 Plano de ação

Depois de identificadas a(s) causa(s) fundamentais no item de análise do problema,

devemos efetuar um plano de ação com o objetivo de bloquear esta(s) causa(s).

Para a elaboração com êxito do plano de ação, devem ser seguidas as duas etapas que a

seguir serão mostradas.

Primeira etapa ELABORAÇÃO DA ESTRETÁGIA DE AÇÃO

Algumas observações devem ser feitas para a perfeita execução desta etapa:

a) Certifique-se de que as ações serão tomadas sobre as causas fundamentais e não

sobre seus efeitos.

b) Certifique-se de que as ações propostas não produzem efeitos colateriais, se

ocorrerem, adote ações contra eles.

c) Proponha diferentes soluções, analise a eficácia e o custo de cada uma delas,

escolhendo a melhor. Nem sempre a de menor custo, possui melhor eficácia.

Segunda etapa ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA O BLOQUEIO

Para esta etapa a ferramenta fundamental a ser utilizada é o 5W 2H, em que o grupo irá

definir todos os passos necessários para a efetiva ação com o objetivo de eliminar a causa do

problema.

Page 115: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

115

Nesta etapa são definidos os itens que serão controlados durante a verificação da

efetividade da aplicação do plano de ação. Podemos também fazer uma reanálise do cronograma

de tempo e financeiro que fora elaborado na terceira etapa do item de observação anteriormente

realizado.

4.6 Execução A execução consiste em executar o que foi definido no plano de ação, seguindo

cronogramas de tempo e financeiros.

Devemos também, nesta etapa, treinar as pessoas nas tarefas estabelecidas no plano de

ação e, também, na coleta de dados para a etapa seguinte, de confirmação da efetividade das

ações adotada. As etapas para a realização da execução são mostradas abaixo.

Primeira etapa TREINAMENTO

Para que tenhamos eficácia no treinamento devemos verificar quais ações necessitam de

ativa cooperação de todos e, para estas ações devemos então investir nossos esforços para o

treinamento.

Devemos apresentar para todos os envolvidos no processo de uma forma bem clara quais

as tarefas que terão de ser executadas, quais os motivos que nos levaram a tomar estas medidas,

certificando-se de que todos entenderam as medidas a serem tomadas.

Segunda etapa EXECUÇÃO DA AÇÃO

Durante a execução um cuidado especial que devemos ter é de verificar fisicamente e no

local em que as ações estão sendo efetuadas. Quando da aplicação das ações, os sus resultados

devem ser monitorados permanentemente.

4.7 Verificação

Nesta fase do MASP iremos efetivar a confirmação da efetividade das ações de bloqueio

adotadas no processo. Para a realização da verificação, alguns passos serão tomados, os quais

estarão dispostos a seguir:

Page 116: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

116

Primeira etapa COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS

Devem-se utilizar os dados coletados antes e após a ação de bloqueio para verificar a

efetividade da ação e o grau de redução dos resultados indesejáveis. Como forma de comparação

dos dados, antes e depois da ação de bloqueio, são efetivas as Cartas de Controle, Histogramas

e o Diagrama de Pareto.

O efeito da ação de bloqueio tem uma maior expressibilidade quando convertidos em

valores financeiros. Durante a aplicação das ações de bloqueio muitos efeitos secundários irão

aparecer no processo, estes efeitos devem ser listados para posterior avaliação.

Segunda etapa VERIFICAÇÃO DO RESULTADO DA AÇÃO DE BLOQUEIO

De acordo com um gráfico de acompanhamento seqüencial iremos analisar se o resultado

da ação fora de acordo com o esperado. Caso o resultado não seja de acordo com o esperado,

devemos certificarmos se todas as ações planejadas foram implementadas conforme o plano de

ação. Se após esta verificação os efeitos indesejáveis continuam a ocorrer significa que a ação de

bloqueio não foi efetiva e então devemos retornar ao inicio do MASP para a fase de observação.

Se porventura a ação foi eficaz então podemos evoluir no processo avançando para uma nova

fase.

4.8 Padronização

Confirmada a melhoria verificada na fase anterior, padronizam-se as ações cuja

implementação permitiu o alcance da meta.

O padrão definido nesta fase passa a ser a nova maneira de trabalhar, definida a partir do

giro do PDCA, que deverá ser utilizada no dia-a-dia. O PDCA de melhoria modifica o SDCA, que é

a ação gerencial de manutenção da qualidade, colocando-o em um melhor patamar de

desempenho.

Propositalmente não desenvolvemos a padronização juntamente com as ferramentas da

qualidade. Esperamos para inserir este conteúdo nesta fase do MASP, com o objetivo de facilitar

a compreensão do mesmo. Posteriormente a esta explanação iremos mostrar as etapas

necessárias para a execução de uma correta padronização no MASP.

Page 117: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

117

O padrão é o instrumento básico do Gerenciamento da Rotina do Dia-a-dia. É o

instrumento que indica a meta (fim) e os procedimentos (meios) para a execução dos trabalhos,

de tal maneira que cada um tenha condições de assumir a responsabilidade pelos resultados de

seu trabalho, lembrando que:

“NÃO EXISTE GERENCIAMENTO SEM PADRONIZAÇÃO”

A seguir através da figura abaixo iremos mostrar os principais padrões das principais

organizações empresariais.

Figura 4.4 – Principais padrões das organizações

M. OBRA MATERIAL MEIO AMB.

MÁQUINA MÉTODO MEDIDA

PRODUTOS OU

SERVIÇOS

Manuais de Treinamento

Especif. de Mat. Primas; Padrão de

inspeção de materiais

Especificação das condições

ambientais do processo.

Manuais de operação e de manutenção

recomendação do

fabricante.

Proc. Operac. Padrão

Padrões Tecn. de Processo

Detalhamento de equip

tos

Manuais de

aferição e uso.

Padrões de inspeção.

Especificação do produto

Page 118: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

118

4.9 Conclusão Consiste em relatar os problemas remanescentes, em forma de um relatório comum, para

trabalho futuro. E, logicamente, comemora-se os resultados alcançados com a aplicação correta

do Método de Análise e Solução de Problemas. Para então, finalizarmos o MASP devemos

concretizá-lo seguindo estas últimas etapas, a seguir descritas:

Primeira etapa RELAÇÃO DOS PROBLEMAS REMANESCENTES

Uma total aplicação da solução encontrada nem sempre será possível, portanto buscar a

perfeição por um tempo muito longo pode ser improdutivo, logo delimite as atividades quando o

limite de tempo for atingido. Devemos mostrar também os resultados acima do esperado, pois são

indicadores importantes para aumentar a eficiência nos futuros trabalhos.

Segunda etapa PLANEJAMENTO DO ATAQUE AOS PROBLEMAS

REMANESCENTES

Reavalie os itens pendentes, organizando-os para uma futura aplicação do MASP. Se

houver problemas ligados à própria forma que a solução de problemas foi tratada, isto pode se

transformar em tema para projetos futuros.

Terceira etapa REFLEXÃO

Analise as etapas executados do MASP nos seguintes aspectos:

a) Cronograma Houve atrasos significativos ou prazos folgados demais? Quais os

motivos?

b) A elaboração do Diagrama de Causa e Efeito foi superficial? Isto dará uma medida da

maturidade da equipe envolvida. Quanto mais completo o Diagrama de Causa e Efeito

mais habilidosa é a equipe.

c) Houve participação dos membros? O grupo era o melhor para solucionar aquele

problema? As reuniões eram produtivas? O que melhorar?

d) As reuniões ocorreram sem problemas (faltas, brigas, imposições de idéias)?

e) O grupo melhorou a técnica de solução de problemas. Usou todas as técnicas?

Depois de realizadas estas oito fases, teremos completado o MASP, agora iremos colocá-

lo em prática, para isto iremos mostrar inicialmente um exemplo prático da aplicação do MASP.

Page 119: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

119

Elevado número de reclamações dos serviços de oficina

4.10 Exemplo prático Iremos mostrar o processo do MASP, para solucionar o problema do elevado número de

reclamações de clientes existentes no departamento de assistência técnica de uma

concessionária veicular através das figuras que seguem.

Primeira fase do MASP IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

a) Resultado indesejável

b) Meta para 2009

OBJETIVO GERENCIAL

REDUZIR RECLAMAÇÕES DE CLIENTES NOS SERVIÇOS DE OFICINA

VALOR EM 50 %

PRAZO DEZEMBRO DE 2009

Figura 4.5 – Fase de Identificação do Problema no MASP

Segunda fase do MASP OBSERVAÇÃO DO PROBLEMA a) Folha de Verificação das Reclamações na Oficina

08 J F M A M .... O N D

ANO 2009

20

40

dia

de

Re

cla

maçõ

es

po

r M

ês

MELHOR

Problema para 2009

META

Page 120: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

120

TIPO DE RECLAMAÇÃO Jan Fev ... TOTAL MÉDIA ( % )

1. Atendimento 02 5,0

2. Qualidade do Serviço 30 75,0

3. Prazo de Entrega 03 7,5

4. Limpeza do Veículo 05 12,5

TOTAL 40 100

Tabela 4.3 – Tipo de reclamações de clientes

Figura 4.6 – Pareto por tipo de reclamação

b) Folha de Verificação das Reclamações de Qualidade dos Serviços na Oficina

TIPO DE SERVIÇO RECLAMADO Jan Fev ... TOTAL MÉDIA ( % )

1. Suspensão 02 6,7

2. Transmissão 02 6,7

3. Freios 01 3,3

4. Motor 02 6,7

5. Balanceamento 10 33,3

6. Eliminação de Barulhos 06 20,0

7. Lanternagem/Pintura 03 10,0

8. Infiltrações 01 3,3

9. Eletricidade 03 10,0

TOTAL 30 100

Tabela 4.4 – Tipo de serviço reclamado

PARETO POR TIPO

DE RECLAMAÇÃO

25

50

75

100

%

2 4 3 1

Page 121: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

121

Figura 4.7 – Pareto por serviço reclamado – Qualidade de serviço

Terceira fase do MASP ANÁLISE DO PROBLEMA

a) Efeito indesejável prioritário

ELEVADO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES EM SERVIÇOS DE BALANCEAMENTO

b) Diagrama de Causa e Efeito – Buscar as causas fundamentais

Figura 4.8 – Diagrama de Causa e Efeito – Reclamações de balanceamento

PARETO POR TIPO DE

SERVIÇO RECLAMADO

25

50

75

100

5 6 7 9 1 2 4 3 8

%

MATERIAL M. OBRA MEIO AMB.

MÁQUINA MÉTODO MEDIDA

RECLAMAÇÕES DE

BALANCEAMENTO

Falta de treinamento

Manchão Pneus

Rodas tortas

Rodas c/ barro

Equipamento

desrregulado

Comunicação deficiente

entre pessoal

Page 122: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

122

Quarta fase do MASP PLANO DE AÇÃO

a) Para eliminar as causas utilizamos inicialmente um 3W 1H juntamente com um

Brainstorming

O QUE FAZER RESP. COMO FAZER

QUANDO FAZER

PADRONIZAR VERIFICAÇÃO DE RODAS E LIMPEZA

FELIPE FAZER O P. O.P.

TREINAR MECÂNICOS NO

P.O. P.

MAURO APLICAR O

MÉTODO NO LOCAL DE TRABALHO

RETREINAR MECÂNICOS EM

BALANCEAMENTO

MAURO APLICAR O

MÉTODO NO LOCAL DE TRABALHO

AFERIR MÁQUINA DE

BALANCEAMENTO

FELIPE TÉCNICO

ESPECIALIZADO

Tabela 4.5 – Plano de ação para eliminar as causas

Quinta fase do MASP EXECUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO

Figura 4.9 – Fases do plano de ação e execução do MASP

Sexta fase do MASP VERIFICAÇÃO

a) Certificação de que o problema não retorne. Foram utilizadas como fonte de

informação, folhas de verificação do serviço de atendimento ao cliente (pesquisa) e um Gráfico de

Tendência.

J F M A M J J A S O N D

X

X

X

X

CONFECCIONAR O P. O. P.

EFETUAR TREINAMENTO NO P. O. P. PARA OS MECÂNICOS

QUE TRABALHAM NO BALANCEAMENTO

EFETUAR RETREINAMENTO EM BALANCEAMENTO PARA

OS MECÂNICOS BALANCEADORES

PROVIDENCIAR AFERIÇÃO NA MÁQUINA BALANCEADORA

Page 123: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

123

Figura 4.10 – Gráfico para análise da melhoria

Sétima fase do MASP PADRONIZAÇÃO

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

PROCESSO: REPARAÇÃO DE VEÍCULOS

No 001/2009

Data Emissão: 10.01.2009

Tarefa: Balanceamento de rodas de veículos

Executante: Setor de Balanceamento

Revisão no: 001

Data Revisão: 10.02.2009

ETAPA TEMPO SÍMBOLO ATIVIDADES CRÍTICAS

1 Mecânico busca veículo no estacionamento

2 Coloca veículo no Box

3 Eleva veículo no elevador de carros

4 Verifica condição das rodas

5 Se OK. Executa conf. orientação montadora

6 Se não OK. Relata ao chefe da oficina

7 Executado serviço. Carro p/ estacionamento

OPERAÇÃO TRANSPORTE VERIFICAÇÃO/INSPEÇÃO ESTOCAGEM

Cuidados: AS RODAS DEVEM ESTAR LIMPAS E OS PNEUS SEM MANCHÃO

Ações em caso de não conformidade

RELATAR AO CHEFE DA OFICINA PARA QUE ESTE SOLICITE AO CLIENTE REFORMA DE RODAS E/OU PNEUS

Preparado por: Aprovado por:

Figura 4. 11 – Fases de padronização e verificação do MASP

99 J F M A M J J A S O N D

0

50

25

ANO 2009

DIA

DE

RE

CL

AM

ÕE

S

PO

R M

ÊS

META

MELHOR

Page 124: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

124

Oitava fase do MASP CONCLUSÃO

a) Problemas remanescentes

ELEVADO RETORNO DE SERVIÇOS DE ELIMINAÇÃO DE BARULHOS

b) Ganhos com a aplicação do MASP

Figura 4.12 – Conclusão da ação de melhoria

DIMINUIÇÃO DAS RECLAMAÇÕES DE CLIENTES

DIMINUIÇÃO DE RETRABALHOS

DIMINUIÇÃO DE CUSTOS

AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DOS MECÂNICOS

MELHORIA DA SATISFAÇÃO DOS CLIENTES

DIMINUIÇÃO DOS CUSTOS COM RETRABALHO GEROU UMA ECONOMIA = R$ 40.000,00 / ANO

Page 125: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

125

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO

5.1. Foco na qualidade, meio ambiente, saúde e segurança

A grande maioria das certificações no Brasil compreende hoje os Sistemas de Garantia da

Qualidade (normas contratuais da Série ISO 9000) e de Gestão Ambiental (norma ISO 14001).

Por isso mesmo, a integração de sistemas da qualidade e do meio ambiente tem sido o foco

central dos debates sobre o assunto. Contudo, uma tendência que se manifesta atualmente é a

posição de muitas das grandes empresas brasileiras de que não vale a pena implementar um

Sistema de Gestão Ambiental desvinculado da Gestão da Saúde e Segurança.

Essas organizações entendem que um Sistema de Gestão Ambiental só está devidamente

completo quando as dimensões da saúde e da segurança de sua força de trabalho estiverem

incorporadas aos processos, meios e critérios de bem gerenciar o meio ambiente, sob a ótica de

que é artificial a desvinculação do meio ambiente natural do meio ambiente do trabalho.

Muitas dessas organizações também entendem que a abrangência da segurança não deve

se restringir apenas às lesões e doenças associadas ao local de trabalho, e que a segurança deve

se estender à prevenção de danos ou prejuízos que podem ser causados ao patrimônio material e

artificial, composto por instalações, equipamentos e elementos da infra-estrutura, bem como ao

meio ambiente natural e artificial, incluindo populações ou comunidades afetadas pelos processos

da organização, sítios arqueológicos e patrimônios arquitetônicos.

Cabe notar que embora a ISO 14001:1996 não desencoraje que tais visões de maior

abrangência sejam levadas a cabo, ela exclui do processo de certificação e registro os aspectos

da saúde e da segurança no trabalho. Embora a ISO tenha sucessivamente declinado de

empreender uma série para a Gestão da Saúde e Segurança, em que pese o fato de ainda não

existir um sistema internacional ou nacional de credenciamento para certificações de

conformidade a normas da saúde e segurança ocupacional, essas grandes empresas brasileiras

têm implementado e buscado certificações conjuntas de conformidade ao par de ISO 14001 e BS

8800 e, mais recentemente, à ISSO 14001 e OHSAS 18001, muitas delas também têm

CAPÍTULO V

Page 126: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

126

incorporado nesses empreendimentos o conceito de controle de perdas e de prevenção de danos

e prejuízo à propriedade.

Essas iniciativas são louváveis. Demonstram que o empresariado líder e a sociedade em

geral percebem a cada dia a premência das questões sociais que nos afligem, entre elas a

ambiental e a ocupacional, e que o desempenho global dos resultados de qualquer organização

não pode ser dissociado artificialmente dessas questões. Adicionalmente, o enfoque sobre os

processos da nova ISO 9001:2000 admite melhor alinhamento da gestão da qualidade com as

gestões do meio ambiente, da saúde e da segurança ocupacional. Entretanto, a conjugação eficaz

de todos esses sistemas de gestão requer a capacitação para “colar” os mesmos nas práticas e

ações do dia-a-dia da organização, o que por sua vez requer que as semelhanças e diferenças

desses sistemas sejam bem compreendidas em todas as suas nuances.

Antes de iniciar qualquer tentativa de integrar seus sistemas de gestão, as organizações

deveriam se preocupar com o grau de aderência dos processos e práticas que elas desenvolvem,

para assegurar a implementação de normas como a ISO 9001, a ISO 14001 e a OHSAS 18001,

com as suas atividades corriqueiras de todos os dias. Pois é bastante comum a constatação de

que os processos e as práticas desempenhados para atender aos requisitos dessas normas,

isoladamente ou em conjunto, encontram-se bastante dissociados daqueles processos e práticas

que a liderança, a gestão e as demais funções da organização priorizam e valorizam na rotina

diária.

Em outras palavras, é regra geral que o pensamento e a conversa das organizações

estejam significantemente dissociadas dos processos e das atividades formais de bem gerenciar a

qualidade, o meio ambiente, a saúde e segurança ocupacional. As ações para atender a esses

modelos normativos acabam ficando marginalizadas, e em segundo plano, nas mãos de alguém

designado como representante da administração, seja individualmente ou como grupo.

Para mudar essa situação, é necessário que as dimensões (qualidade, meio ambiente,

saúde e segurança) dos sistemas de interesse da organização passem a ser fatores críticos de

sucesso sistematicamente considerados como parte do planejamento estratégico da gestão de

negócios das organizações, dando origem às aspirações estratégicas, objetivos, metas e

indicadores de desempenho incluídos nos planos ou programas de ação que norteiam o foco de

seus líderes e gestores. Adicionalmente, essas dimensões de interesse deveriam estar inseridas e

explicitamente refletidas nos princípios e valores da organização, conforme demonstra a Figura

5.1.

Page 127: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

127

É também imprescindível que as organizações aprendam, no desenvolvimento de sistemas

de gestão com base em normas, “a colar” os processos e as práticas requeridos pelas respectivas

normas nos já desempenhados pela organização, sem criar indiscriminadamente novos processos

e práticas que, dificilmente, podem ser assimilados, quer porque esses novos processos acabam

por inchar a já lotada agenda de atividades de todos, como também porque muitos deles

terminam por concorrer internamente com os já assimilados e valorizados dentro da organização.

Figura 5.1 – A essência da real integração dos sistemas

Concomitantemente a esses cuidados e à incorporação das dimensões dos sistemas de

gestão de interesse no planejamento estratégico da gestão de negócios, é também aconselhável

que a organização reconheça a relatividade de alguns fatores secundários, que, apesar de

importantes, não devem ser encarados como obrigatórios. Entre esses fatores secundários que

devem ser tratados com a devida cautela, incluem-se:

• A unificação de documentos, que é importante serem implementada à medida que

promove a simplificação e a racionalização do documental, porém desde que não comprometa o

entendimento do seu conteúdo; e

• A centralização dos sistemas num único representante, que só se justifica quando esse

representante detém a devida capacitação para lidar conjuntamente com todas as dimensões de

sistemas de gestão que se integram, ademais, é preciso reconhecer que o trabalho em equipe é

um desafio necessário no mundo das organizações de hoje.

Page 128: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

128

Compromissos mínimos da política Qualidade (ISO 9001:2000)

- Compromisso de atendimento aos requisitos de melhoramento continuado da eficácia do

sistema de gestão da qualidade.

Ambiental (ISO 14001) Saúde e Segurança (OHSAS 18001)

* Compromisso de atendimento aos requisitos

legais aplicáveis a outros subscritos pela

organização.

* Compromisso com a melhoria contínua.

* Compromisso com a prevenção da poluição.

* Compromisso de atendimento aos requisitos

legais aplicáveis a outros subscritos pela

organização.

* Compromisso com a melhoria contínua do

desempenho da saúde e segurança.

* Compromisso com a melhoria contínua

Tabela 5.1 – Compromissos mínimos da qualidade

As Figuras 5.2, 5.3 e 5.4 demonstram, respectivamente, as estruturas dos sistemas de

gestão da qualidade (base ISO 9001:2000), ambiental (base ISO 14001) e da saúde e segurança

ocupacional (base BS 8800 e OHSAS 18001). Basta uma rápida observação para se constatar a

grande semelhança de concepção estrutural entre essas estruturas. Todos esses sistemas partem

de uma política, a qual deve conter compromissos específicos (ver Quadro 1 para comparação

entre os requisitos das normas ISO 90001:2000, ISO 14001 e OHSAS 18001 sobre tais

compromissos).

Além dos compromissos específicos, essas políticas devem:

• Ser disponíveis ao público ou a partes interessadas (meio ambiente e saúde e

segurança);

• Ser comunicadas e compreendidas a todos e por todos dentro da organização;

• Fornecer a estrutura para o estabelecimento e análise crítica de objetivos;

• Refletir a natureza e a escala dos impactos ambientais e dos riscos ocupacionais da

organização (meio ambiente e saúde e segurança);

• Ser apropriadas aos propósitos da organização;

• Ser criticamente avaliadas quanto à continuidade de sua adequação para a organização.

Page 129: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

129

Figura 5.2 – O sistema de Gestão Ambiental – ISO 14001

Uma vez que a política esteja estabelecida, objetivos e metas para a melhoria do

desempenho devem ser estabelecidos, à luz dos compromissos dessas políticas, das visões e

demandas de partes interessadas, dos requisitos legais e outros aplicáveis e dos resultados

significativos das determinações de aspectos e impactos ambientais, de riscos ocupacionais ou de

processos para a realização do produto. Ao estabelecer esses objetivos deve-se ainda considerar,

entre outros, as opções tecnológicas, financeiras, operacionais e de negócios da organização. No

caso da qualidade, são preponderantes as informações sobre a satisfação e a insatisfação do

cliente, bem como os dados oriundos dos processos relacionados com o cliente (determinação de

requisitos, análise crítica de contrato e comunicações).

Figura 5.3 – O sistema de Gestão Ocupacional – BS 8800 OHSAS

Page 130: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

130

Os planos ou programas devem ser elaborados para proporcionar a consecução e o

monitoramento do alcance desses desafios. Esses programas devem ser atualizados à medida

que se verifique o progresso da evolução de seus planos de ação, assim como em função de

fatores de mudança. Os planos de ação que compõem esses programas devem definir as

responsabilidades, interfaces, prazos, meios e recursos necessários à consecução das metas. Os

requisitos legais e outros subscritos devem ser obtidos, analisados quanto à sua aplicabilidade na

organização e mantidos atualizados, pela sistemática que também permita comunicá-los às áreas

implicadas para que essas possam assegurar o cumprimento dos mesmos.

Figura 5.4 – O sistema de Gestão da Qualidade – ISO 9001-2000

Ademais, deve haver mecanismos que assegurem verificar, regularmente, a situação do

atendimento das áreas implicadas aos requisitos legais e outros que lhes sejam aplicáveis. Os

aspectos ambientais e os riscos ocupacionais determinados como significativos devem estar

submetidos ao controle operacional, incluindo, como aplicável, as operações de manutenção e as

mudanças de processos, produtos, serviços, instalações e equipamentos, inclusive aqueles que

impliquem alteração do fator humano no trabalho ou da ergonomia.

Esses aspectos e riscos devem abranger também aqueles relacionados com bens e

serviços adquiridos, de forma a assegurar que o controle operacional estenda-se a contratados, e

que uma influência efetiva possa ser exercida sobre fornecedores. Ademais, para os aspectos

ambientais potenciais e riscos ocupacionais, que além de significativos impliquem a plausibilidade

de situações de emergência, deve-se estabelecer as providências para a preparação e o

Page 131: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

131

atendimento a tais emergências. Esses esquemas de combate a situações de emergência devem

estar submetidos, onde praticável, a teste ou simulações, e, em função da análise crítica do

desempenho desses esquemas após teste ou após a ocorrência de emergência, esses esquemas

devem ser corrigidos onde necessário. As variáveis e características associadas ao controle

operacional, aos esquemas de preparação e atendimento a emergências e aos programas da

gestão ambiental e da gestão da saúde e segurança devem, por estar conectado a aspectos ou a

riscos significativos, serem medidas e monitoradas. Os equipamentos usados nessas medições

devem estar calibrados, de modo a assegurar a confiabilidade dos dados colhidos.

Do ponto de vista da qualidade, os processos de linha e de apoio essenciais para a

realização do produto e do serviço devem estar determinados e correlacionados, com foco no

controle para a obtenção dos requisitos que assegurem a satisfação do cliente. Isso inclui, além

das atividades dos processos relacionados com o cliente, o projeto e o desenvolvimento, a

aquisição, a provisão da produção e do serviço (controles, validações, identificação e

rastreabilidade, propriedade do cliente e preservação do produto) e controle de monitoramento de

dispositivos de medição. Os processos e os produtos devem estar submetidos a monitoramento e

medição, incluindo o controle de produto não conforme, com foco nas características críticas que

assegurem a satisfação do cliente.

Vinculados a esses controles, medições e monitoramentos, devem coexistir esquemas de

análise de dados e de melhoria, incluindo, onde aplicável, técnicas estatísticas, com sistemáticas

efetivas para a adoção de ações corretivas e preventivas. Auditorias regulares e realizadas por

auditores qualificados devem verificar a eficácia do sistema de gestão, com programação

priorizada em função de importância das áreas para o sistema (com base na relevância de

aspectos, riscos e/ou processos), bem como nos resultados de auditorias anteriores. No âmbito da

qualidade, os dados da satisfação e da insatisfação dos clientes devem também ser considerados

como elementos de avaliação da eficácia do sistema da qualidade.

Finalmente, a análise crítica pela administração consiste do fórum máximo de avaliação da

adequação, da eficiência e da eficácia dos sistemas implementados, promovendo a gestão dos

fatores de mudança e a consolidação da manutenção e da melhoria desses sistemas, bem como

do aprendizado. Para que esses sistemas possam estar sistematizados, essas normas ainda

prescrevem elementos que tratam:

• Da estrutura organizacional e das responsabilidades, incluindo autoridades, inter-relações

e representante da administração;

• Da gestão de recursos (que na qualidade inclui infra-estrutura e ambiente do trabalho);

Page 132: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

132

• Do treinamento (na qualidade incluindo a verificação da efetividade);

• Da conscientização;

• Das competências;

• Das comunicações com partes interessadas internas e externas (na qualidade o foco da

comunicação externa recai no cliente);

• Das consultas a empregados, especificamente no caso da saúde e segurança;

• Da documentação e controle de documentos e dados (na qualidade o Manual da

Qualidade é um requisito explícito);

• Do controle de registros.

No âmbito da saúde e da segurança, a cadeia de eventos fundamental é aquela de caráter

sempre potencial, que conecta os perigos de natureza física, química, biológica, ergonômica e de

acidentes, diretos e indiretos, com a ocorrência de lesões, doenças, danos e perdas. Do ponto de

vista ocupacional, o gerador do perigo é a exposição ou o contato do ser humano no trabalho a

situações que podem levar a eventos não-planejados, como incidentes e acidentes (ver Figura

5.5). O elemento de quantificação e de controle, por meio de mecanismos de prevenção e de

proteção, é o risco, determinado como o produto ou cruzamento entre a probabilidade e a

severidade. O comportamento e a capacitação das pessoas são fatores cruciais. A determinação

de riscos inclui a identificação dos perigos, a associação às conseqüências, a análise dos riscos

segundo os critérios de probabilidade e severidade, a depuração da análise considerando-se

fatores ambientais e socioeconômicos, o controle dos riscos e o gerenciamento dos riscos ante os

fatores de mudança.

Figura 5.5 – Cadeia de eventos do SGO – Sistema de Garantia Ocupacional

Page 133: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

133

Figura 5.6 – Determinação de riscos no SGO

Quando lidamos com o gerenciamento ambiental, a cadeia de fundamental é aquela que

correlaciona os aspectos (reais e potenciais, diretos e indiretos) com as mudanças ou impactos

ambientais, sejam adversos ou benéficos, quer total ou parcial (ver Figura 5.7).

Figura 5.7 – Cadeia de eventos do SGA – Sistema de Garantia Ambiental

A interação dos aspectos ambientais de processos, atividades, produtos e serviços com o

meio ambiente físico (ar, água, solo e subsolo), biótico (fauna e flora) e antrópico (paisagem,

saúde, bem-estar, cultura, sócio economia etc.) são os elementos de controle, por proteção e/ou

por prevenção. A quantificação se faz pela valoração dos impactos, por meio de critérios que

Page 134: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

134

incluem severidade (se adverso) e atratividade (se benéfico), duração, reversibilidade, freqüência

(se real) e probabilidade (se potencial), entre outros. Os fatores de conhecimento, de tecnologia e

de comportamento são preponderantes. Os passos para a determinação de aspectos e impactos

são análogos aos estágios da determinação de riscos, como mostra a Figura 5.8, sendo a

filtragem que compreende a avaliação final normalmente leva em conta fatores, tais como:

requisitos legais, demandas de stakeholders e preocupações ambientais globais.

Figura 5.8 – Determinação de riscos no SGA

Cabe aqui reconhecer que no campo da responsabilidade ética e social, a cadeia de

eventos fundamental é uma extensão da cadeia de eventos ambiental, a qual liga os aspectos

sociais (fatores de conduta da ética da organização) com as mudanças provocadas sobre os

contextos sociais e econômicos internos e externos à organização. Os códigos de conduta e o

engajamento de partes interessadas internas e externas são os fatores-chaves a serem

considerados.

A concepção atual da qualidade impõe uma cadeia de eventos fundamental que

interrelaciona os processos da organização com a satisfação do cliente, resultante por sua vez da

percepção sobre a qualidade do produto ou do serviço fornecido. As características-chaves de

processos, produtos e serviços são os elementos de medição e controle, que devem ser definidas

em função dos requisitos dos clientes e de outros aplicáveis, A satisfação, a insatisfação e a

Page 135: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

135

fidelidade do cliente são itens estratégicos de medição, controle e feedback. Capacitação,

tecnologia e comportamento são fatores críticos de sucesso (ver Figura 5.9).

Para bem definir essa cadeia de eventos é necessário que a organização determine, em

função dos requisitos de clientes e de outros aplicáveis, os processos necessários, a seqüência e

a inter-relação entre esses processos, as variáveis críticas, os métodos e os controles a serem

exercidos sobre esses processos, assim como sobre seus resultados, os recursos e as

informações necessárias para dar suporte aos mesmos. A integração eficaz de sistemas de

gestão requer, antes de tudo, ações para que os processos e as práticas desses sistemas passem

a ser efetivamente incorporados ao pensamento, à conversa e às ações do dia-a-dia da

organização. Somente depois é que se deve cuidar do planejamento e da implementação de

cunho técnico da integração propriamente dita, Nessa fase mais avançada, é preciso não dar

ênfase descabida a fatores secundários, como: estrutura organizacional e unificação de

documentos, Bom senso e prudência são fundamentais para evitar que se gerem novas atividades

concorrentes, excessivas e marginalizadas dentro da organização.

O mais importante é ter visão sistêmica para reconhecer e considerar as analogias dos

sistemas de gestão que se pretende integrar e, em paralelo, ter discernimento para reconhecer,

distinguir e tratar as diferenças e nuances entre esses sistemas.

Figura 5.9 – Cadeia de eventos da qualidade

Page 136: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

136

5.2. Sistemas Integrado de Gestão

5.2.1 Definição de Sistema

Conjunto de partes organizadas, estruturadas e interdependentes que se juntam para

funcionar como um todo e atingir um objetivo, onde o todo é maior que a soma das partes.

Os elementos componentes dos sistemas empresariais são:

Pessoas (funcionários, trabalhadores ou colaboradores);

Recursos materiais empregados (insumos: matérias-primas, energia, água, entre outros;

Equipamentos; instalações; ferramentas etc.

Processos (específicos de cada empresa e que transforma entradas em saídas);

Políticas, estratégias, procedimentos, regras, manuais, instruções de trabalho e outros

componentes que compõem a cultura, o conhecimento tecnológico e o conhecimento da empresa.

O Sistema de Gestão é o conjunto organizado de elementos interdependentes que

interagem entre si, planejados e realizados com o objetivo de dirigir e controlar a empresa para o

atingir seus objetivos.

5.2.2 - As Normas Internacionais aplicáveis aos Sistemas de Gestão

Normas são documentos estabelecidos por consenso, aprovados por um organismo

reconhecido, e que fornecem regras, diretrizes ou características para atividades ou seus

resultados, para uso comum e repetitivo visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em

um dado contexto.

Série de normas ISO 9000 para os Sistemas de Gestão da Qualidade.

Série de normas ISO 14000 para o Sistema de Gestão Ambiental.

OHSAS 18001:1999 (Specification for occupational health and safety management

systems - Especificação para sistemas de gestão da saúde e segurança no trabalho), publicada

pela BSI (British Standards Institution) em 1999.

Norma SA 8000 para Sistemas de Gestão com foco na responsabilidade social -

desenvolvida, em 1997, sob a coordenação de uma Organização americana denominada Council

on Economic Priorities Acreditation Agency (CEPAA).

Page 137: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

137

Exemplos de requisitos de responsabilidade social segundo a norma SA 8000: trabalho

infantil, trabalho forçado, saúde e segurança, liberdade de associação e direito à negociação

coletiva, discriminação, práticas disciplinares, horário de trabalho e remuneração.

5.2.3 - Integrando os diversos Sistemas de Gestão

A construção de um Sistema Integrado de Gestão - SGI, tem como finalidade básica

unificar as áreas de Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança do trabalho e

Responsabilidade Social de forma integrada, utilizando os modelos das normas ISO 9001

(Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente), OHSAS 18001 (Saúde e Segurança Ocupacional) e SA

8000 (Responsabilidade Social).

Figura 5.10 = Sistema de Gestão Integrado

Qualidade: busca dar, aos parceiros de uma empresa ou clientes, confiabilidade do

fornecimento de produtos ou serviços com a qualidade, atendendo requisitos estabelecidos por

regulamentos técnicos, normas e especificações contratuais;

Meio Ambiente: atender aos aspectos relativos ao meio ambiente, inclusive ao

cumprimento da legislação ambiental vigente;

Saúde e Segurança Ocupacional: tem como foco os aspectos relacionados à saúde e

segurança dos trabalhadores e demais colaboradores em consonância com a legislação própria

promulgadas pelos órgãos governamentais;

Responsabilidade Social: atende aos aspectos desempenhados pelas empresas com

foco na responsabilidade social e exige a adequação aos documentos legais.

Page 138: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

138

5.2.4 - Etapas da estruturação de um SIG

1ª Etapa: Estabelecimento da Política de Gestão Integrada

2ª Etapa: Identificação de Requisitos

• Aspectos e Impactos Ambientais;

• Riscos e Perigos de Saúde e Segurança do Trabalho;

• Requisitos Legais e Outros Requisitos (Qualidade, Meio Ambiente e Saúde e

Segurança Ocupacional e Responsabilidade Social).

3ª Etapa: Definição de Objetivos e Metas

4ª Etapa: Estabelecer como atingir os Objetivos e Metas estabelecidos

• Responsabilidades;

• Prazos;

• Modo de realização de produtos ou serviços levando em consideração o que foi

definido na 2ª Etapa.

5ª Etapa: Implantação e Implementação do que foi definido nas etapas anteriores.

6ª Etapa: Medição e Análise

7ª Etapa: Melhoria Contínua (Ações Preventivas e Corretivas)

Agora que já temos bem definida a lógica de construção do nosso SGI, vamos avaliar

alguns princípios que são extremamente importantes para a sua implantação sustentada.

5.2.5 - Os oito princípios que norteiam o SIG

• 1º Princípio - Foco no cliente

• 2º Princípio - Liderança

• 3º Princípio - Envolvimento das pessoas

• 4º Princípio - Abordagem de processo

• 5º Princípio - Abordagem sistêmica

• 6º Princípio - Melhoria contínua

• 7º Princípio - Tomada de decisão baseada em fatos

• 8º Princípio - Parceria com fornecedores

5.2.6 - Elementos de um SIG

1. Requisitos Gerais

2. Comprometimento da Direção

3. Política de Gestão Integrada

4. Responsabilidades, Autoridade e Comunicação

Page 139: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

139

5. Documentação do Sistema de Gestão

6. Planejamento do SGI

7. Planejamento do Produto

8. Gestão de Recursos (Gestão Recursos Humanos)

9. Realização do Produto / Controle Operacional

10. Aquisição

11. Monitoramento e Medição

12. Controle de Produto Não-Conforme

13. Auditoria Interna

14. Análise e Melhorias

15. Análise Crítica pela Direção

16. Ações Corretiva e Preventiva

5.2.6.1 Requisitos gerais

Requisito no qual será identificado o(s) processo(s) utilizado(s), inclusive determinando a

seqüência e interações entre eles. Para orientação, algumas questões devem ser respondidas:

• Qual é o processo do negócio da empresa?

• Que requisitos são estabelecidos pelos nossos clientes?

• Quais são os processos necessários?

• Quem são os clientes de cada processo (internos e externos)?

• Quais os requisitos desses clientes?

• Quem é o responsável de cada processo?

• Quais processos são terceirizados?

• Quais são as entradas e saídas de cada processo?

• Como os processos identificados se relacionam?

• Onde estes processos começam e terminam? Quais são as interfaces? (limites entre os

processos, entre a empresa e seus clientes, ou, ainda, entre a empresa e seus fornecedores).

5.2.6.2 Comprometimento da Direção

• Estabelecer a Política e Objetivos e Metas;

• Comunicar à organização a importância do atendimento aos requisitos do cliente e às

regulamentações legais;

• Conduzir análises críticas;

• Garantir a disponibilidade dos recursos (humanos, materiais e financeiros) necessários.

Page 140: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

140

5.2.6.3 Política de Gestão Integrada

Instituir uma Política de Gestão Integrada apropriada à missão e a visão da empresa,

considerando:

• o atendimento aos requisitos e com a melhoria contínua da eficácia do Sistema de

Gestão;

• a prevenção da poluição;

• o atendimento à legislação vigente sobre segurança e medicina ocupacional e meio

ambiente.

A Política de Gestão Integrada deve:

• proporcionar uma estrutura para estabelecimento e análise crítica dos objetivos e metas;

• estar documentada, implementada e mantida;

• ser comunicada e entendida por toda a organização;

• ser periodicamente analisada criticamente;

• estar disponível para todas as partes interessadas.

5.2.6.4 Responsabilidades, autoridade e comunicação

Aqui devem estar reunidos todas as questões que dizem respeito a: responsabilidades e

autoridades, comunicação interna com os funcionários e demais colaboradores e à comunicação

externa com todas as partes interessadas. As responsabilidades e autoridades devem estar

definidas, documentadas e devidamente comunicadas. A Alta Direção deve indicar um

representante (Representante da Direção), que, independente de outras atribuições formais na

empresa, deve ter responsabilidade e autoridade para:

• assegurar que os processos necessários para o Sistema de Gestão Integrado sejam

estabelecidos, implementados e mantidos;

• relatar à Alta Direção o desempenho do Sistema de Gestão Integrado e qualquer

necessidade de melhoria;

• assegurar a promoção da conscientização sobre os requisitos do cliente em toda a

empresa.

5.2.6.5 Documentação do Sistema de Gestão

A documentação deve incluir:

• Declarações documentadas da política de Gestão e dos objetivos e metas;

Page 141: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

141

• Manual do Sistema de Gestão;

• Procedimentos documentados requeridos pelas normas;

• Documentos necessários à organização para assegurar o planejamento, a operação e o

controle eficazes de seus processos;

• Descrição dos principais elementos do Sistema de Gestão e a interação entre eles;

• Orientação sobre a documentação relacionada.

5.2.6.6 Planejamento do SIG

Considerações com relação aos Aspectos Ambientais e Perigos/Riscos:

• identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam

ser controlados e que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente;

• identificar continuamente os perigos, avaliação de riscos e a implementação de medidas

de controle necessárias;

• identificar os perigos e avaliação de riscos, incluindo nas atividades de rotina e não

rotineiras; as atividades de todo o pessoal que tem acesso aos locais de trabalho (incluindo

fornecedores e visitantes) e as instalações nos locais de trabalho, tanto as fornecidas pela

organização como por outros.

É importante que os objetivos e metas considerem:

• o comprometimento com a prevenção da poluição;

• o atendimento aos requisitos do produto;

• os requisitos legais e outros requisitos;

• os aspectos ambientais significativos, os riscos e perigos de SSO, as opções

tecnológicas, requisitos financeiros, operacionais, comerciais e a visão das partes interessadas;

• critérios de responsabilidade social.

5.2.6.7 Planejamento do produto

No planejamento da realização do produto pela organização, quando aplicável, deve ser

determinado:

• os objetivos e os requisitos para o produto;

• a necessidade de estabelecer processos e documentos e prover recursos específicos

para o produto;

• a verificação, validação, monitoramento, inspeção e atividades de ensaios requeridos,

específicos para o produto, bem como os critérios para a aceitação do produto;

Page 142: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

142

• os registros necessários para fornecer evidência de que os processos de realização e o

produto resultante atendem aos requisitos definidos.

• os requisitos especificados pelo cliente, incluindo os requisitos para entrega e para

atividades pós-entrega;

• os requisitos não declarados pelo cliente, mas necessários para o uso especificado ou

intencional, onde conhecido;

• os requisitos regulamentares relacionados ao produto;

• qualquer requisito adicional determinado pela empresa.

5.2.6.8 Gestão de recursos

• Recursos humanos;

• Recursos materiais;

• Recursos financeiros.

5.2.6.9 Realização do produto

• Planejamento do projeto e desenvolvimento;

• Entradas de projeto e desenvolvimento;

• Saídas de projeto e desenvolvimento;

• Análise crítica de projeto e desenvolvimento;

• Verificação de projeto e desenvolvimento;

• Validação de projeto e desenvolvimento;

• Controle de alterações de projeto e desenvolvimento.

5.2.6.10 Aquisição

• assegurar que o produto ou serviço adquirido está conforme com os requisitos

especificados de aquisição;

• estabelecer critérios para qualificar fornecedores através da avaliação de desempenho.

5.2.6.11 Monitoramento e medição

• demonstrar a conformidade do produto;

• assegurar a conformidade e desempenho do Sistema de Gestão;

• assegurar a conformidade e o grau de atendimento aos objetivos e metas;

• melhorar continuamente a eficácia do Sistema de Gestão;

• verificar e assegurar o aumento da satisfação dos clientes.

Page 143: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

143

Os procedimentos para medição e monitoramento de processos devem:

• incluir o registro de informações, dados e resultados para acompanhar o desempenho,

controles operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas;

• assegurar medidas pró-ativas de desempenho que monitorem a conformidade com os

requisitos dos programas de gestão, com os critérios operacionais e com a legislação e

regulamentos aplicáveis (ambientais e de SSO);

• assegurar medidas reativas de desempenho para monitorar acidentes, doenças,

incidentes (incluindo quase-acidentes) e outras evidências históricas de deficiências no

desempenho da SSO.

5.2.6.12 Controle de produto não - conforme

• execução de ações para eliminar a não-conformidade detectada;

• autorização do seu uso, liberação ou aceitação sob concessão por uma autoridade

pertinente e, onde aplicável, pelo cliente;

• execução de ação para impedir o seu uso pretendido ou aplicação originais.

5.2.6.13 Auditoria interna

• a situação e importância dos processos e áreas a serem auditadas;

• os resultados das avaliações de riscos (SSO) das atividades;

• a importância ambiental da atividade envolvida;

• os resultados de auditorias anteriores.

5.2.6.14 Análise e melhorias

• política de gestão;

• objetivos e metas;

• resultados de auditorias;

• análise de dados;

• ações corretivas e preventivas;

• análise crítica pela direção.

2.6.15 Análise crítica pela Direção

Entradas:

• Resultados de auditorias

• Feedback do cliente

• Desempenho dos processos e conformidade do produto

Page 144: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

144

• Situação das ações corretivas e preventivas

• Acompanhamento das ações de análises críticas anteriores pela direção

• Mudanças que possam afetar o Sistema de Gestão

• Recomendações para melhoria

Saídas:

• Melhoria da eficácia do Sistema de Gestão e de seus processos (abordagem de todos os

temas: qualidade, meio ambiente, saúde e segurança ocupacional e responsabilidade social);

• Melhoria de produto em relação aos requisitos do cliente;

• Necessidade de recursos.

5.2.6.16 Ações corretiva e preventiva

As ações corretivas e preventivas devem ser:

• apropriadas aos efeitos das não-conformidades encontradas;

• apropriadas aos efeitos dos problemas potenciais;

• adequadas à magnitude dos problemas e proporcional ao impacto ambiental ou ao risco

de SSO verificado.

Procedimento documentado que, além de estabelecer as responsabilidades e autoridades,

contemple os requisitos para:

• tratar, investigar acidentes, incidentes e não-conformidades;

• adotar medidas para reduzir quaisquer conseqüências oriundas de acidentes, incidentes

ou não-conformidades;

• adotar medidas para mitigar quaisquer impactos ambientais;

• analisar criticamente as não-conformidades (incluindo reclamações de clientes);

• determinar as causas de não-conformidades.

Page 145: CURSO DEfaili/lib/exe/fetch.php?media=...Curso Técnico de Nível Médio em Eletromecânica - Gestão Industrial Instituto Sul Rio Grandense Pelotas, 2009 p. 145 INSTITUTO FEDERAL

145

CAMPOS, V. F. TQC - Controle da qualidade total. Belo Horizonte: Fund. Christiano Ottoni,, 1992.

DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.

JURAN, J.M. Juran planejando para a qualidade. São Paulo: Pioneira, 1990.

NORMAS NBR ISO SÉRIE 9000

Moraes, Amilton C. Apostila de Gestão Industrial.. CEFET-RS 2000.

BIBLIOGRAFIA