CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeito

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Fundamentos da Psicanálise Tema: O inconsciente e seu sujeito Coordenação Alexandre Simões ALEXANDRE SIMÕES ® Todos os direitos de autor reservados.

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Fundamentos da Psicanálise

Tema:

O inconsciente e seu sujeitoCoordenação Alexandre Simões

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Inconsciente não é um termo absolutamente novo, proposto de forma original por Freud.

Anteriormente, vimos que

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Todavia, a partir de Freud, o inconsciente recebe um lugar

conceitual inédito, comportando também repercussões clínicas originais

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“Sujeito”, “Sujeito do Inconsciente” não são designações presentes no texto de Freud

São referências introduzidas nesse momento e desenvolvidas diretamente por Lacan até o final dos anos 70.

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São os efeitos do ‘retorno a Freud’

proposto por Jacques Lacan, ao

início dos anos 50.

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Todavia, se não presenciamos o termo propriamente dito, encontramos a noção de sujeito introduzida por Freud:

Inicialmente, temos os argumentos contido n’A interpretação dos sonhos, nos quais Freud, ao falar de

inconsciente, refere-se a ‘pensamentos inconscientes’.

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Em outros textos nos quais Freud retorna a essa discussão, ele dá a entender que o

inconsciente é da ordem de uma cogitação.

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Ao mesmo tempo, como já vimos

Freud é bastante cuidadoso quanto ao estatuto desses pensamentos, na medida em que sempre deixou bem claro que o inconsciente não é uma

inconsciência.

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Em outros momentos, Freud também nos indica que o inconsciente é da ordem de uma intencionalidade

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Porém, essa ‘intencionalidade’

tem algo de bastante

específico: ela tem como modelo a

ignorância

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Temos, assim:

pensamentos -> intencionalidade -> ignorância

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um paciente pode não apresentar nenhuma queixa evidente sobre a culpa ou pode não expressar nenhuma formulação ou

questionamento que o exponha nitidamente a isso.

Todavia, ele pode se deparar em sua vida com uma série de atos nos quais sempre se coloca no limite de sua integridade física, sempre se

agride ou se fere, de algum modo.

Um bom exemplo que Freud nos oferece para ilustrar essa circunstância clínica é a

culpabilidade:

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Por outro lado, há pacientes que diante do melhor se sentem - muitas vezes de maneira perplexa – entristecidos, pouco

entusiasmados com o que a vida lhes reserva.

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Em um dado momento de sua análise, uma jovem

profissional, recém formada e já atuante há algum tempo na área da

saúde, chegou a dizer, por conta de um sonho no

qual ela, vestida de branco, tentava correr

mas não conseguia sair do lugar:

“... sempre que eu conquisto uma nova função ou uma posição de

destaque nas instituições em que trabalho, eu arrumo um meio de

ser posta de lado, de ser preterida, de perder meu lugar, e acabo

saindo do emprego, levando o meu dom de sempre: criar inimizades!”

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Isto, quando os pacientes não se deparam com o pior assim que se percebem bem próximos de algumas realizações

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Em situações dessa ordem, nas quais o valor do paciente é depreciado, Freud nos elucida que o

paciente, apesar da lisura de sua

consciência, está arrebatado por uma

intensa culpabilidade.

Culpabilidade cujo motivo e cuja expressão lhe escapam.

“Obscuro sentimento de culpa” é a expressão cunhada por Freud no artigo Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico (1916)

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É precisamente aí que Freud reconhece o ethos do inconsciente e nos propõe a mencionada

intencionalidade associada à ignorância

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Que forma de

ignorância ?

Relembremos o que já observamos junto a Freud: “... os dados da

consciência têm muitas lacunas”

(FREUD, S. O inconsciente, p. 19 [1915; tradução de Luiz Hanns, Rio de Janeiro: Imago, 2006]);

Ser tomado por algo do qual o próprio paciente não sabe muito ao certo; estar embaraçado com uma

circunstância que lhe escapa.

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Assim, podemos fazer uma primeira aproximação mais específica do sujeito que é atribuído ao

inconsciente:

o inconsciente é aquele pensar, fazer, sentir, desejar e falar que nos ultrapassa

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Em outros termos:

“O inconsciente é o fato de que pensamos, fazemos, desejamos e dizemos sem saber. Mais ainda, o inconsciente é o fato de que estamos despertos quando dormimos (é o

caso dos sonhos) e estamos dormindo quando despertamos”

(Jairo Gerbase. Os paradigmas da psicanálise, p. 27. Salvador: Associação Científica do Campo Psicanalítico, 2008)

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Quando Jacques Lacan nos propõe a subversão do sujeito,

devemos compreender que a experiência clínica que Freud nos possibilita comporta o avesso do sujeito

cartesiano

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Sujeito cartesiano

Penso, onde sou

Sujeito do inconsciente

Penso, onde não sou

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atividades mentais, tais como refletir sobre algo ou concentrar a atenção, não solucionam nenhum dos enigmas de uma neurose

(FREUD. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise, p. 153)

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Lembremo-nos aqui das discussões já bem

difundidas sobre o descentramento do sujeito ou, em outros termos, a ‘revolução copernicana empreendida pela psicanálise’

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Nas primeiras etapas de suas pesquisas, o homem acreditou, de início, que o seu domicílio, a Terra, era o centro estacionário do universo, com o sol, a lua e os planetas girando ao seu redor. Seguia, assim, ingenuamente, os ditames das percepções dos seus sentidos, pois não sentia o movimento da Terra e, todas as vezes que conseguia uma visão sem obstáculos, encontrava-se no centro de um círculo que abarcava o mundo exterior. A posição central da Terra, de mais a mais, era para ele um sinal do papel dominante desempenhado por ela no universo e parecia-lhe ajustar muito bem à sua propensão a considerar-se o senhor do mundo.

A destruição dessa ilusão narcisista associa-se, em nossas mentes, com o nome de Copérnico, no século XVI. (...) Quando essa descoberta atingiu um reconhecimento geral, o amor-próprio da humanidade sofreu o seu primeiro golpe, o golpe cosmológico.

(FREUD. Uma dificuldade no caminho da psicanálise, p. 336)

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“Na sequência, dentre outras coisas, Freud nos propõe considerar a psicanálise como um golpe semelhante ao estabelecido inicialmente por Copérnico. Um golpe, segundo ele, sobre o narcisismo dos homens, cuja consequência final seria a disjunção entre o ser e o pensamento (o saber). Assim, ele chega às seguintes proposições:O que está em sua mente não coincide com aquilo de que você está consciente; o que acontece realmente e aquilo que você sabe, são duas coisas distintas. [...]... O eu não é o senhor da sua própria casa...”

(ALEXANDRE SIMÕES. O litoral d’aporia, p. 191)

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Prosseguiremos com o tema: A clínica das neuroses na contemporaneidade

Até lá!

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