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Curso on-line de Agricultura Orgânica Prof. Silvio Penteado Aula 3 HISTÓRICO DA AGRICULTURA ORGÂNICA Este é o 1º Módulo do curso completo sobre agricultura orgânica. Você vai ficar sabendo tudo sobre os conceitos e fundamentos da agricultura orgânica. Também mostraremos os ramos da agroecologia, como ocorreu a degradação da agricultura e da natureza. ATENÇÃO: ESTE MÓDULO É BASTANTE TEÓRICO, POIS HÁ NECESSIDADE DE CONHECER OS CONCEITOS, FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO, ANTES DE ENTRAR NA PARTE PRÁTICA. O primeiro passo é conhecer e observar a natureza e suas relações. Somente depois disso poderemos trabalhar na terra. CURSO DE AGRICULTURA ORGÂNICA Prof. Silvio Roberto Penteado MÓDULO 1- FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA QUESTÕES Como surgiu a orgânica e a agricultura? O que significa a Revolução Verde? O que distingue a agricultura atual da orgânica? Quais foram as tecnologias que impulsionaram a agricultura convencional? NESTA AULA SERÁ ABORDADO Histórico da agricultura e sua degradação. A poluição e contaminação da natureza. As revoluções agrícolas e a agricultura moderna. A reação e o surgimento da agroecologia e da agricultura orgânica Tecnologia da agricultura convencional

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Curso on-line de Agricultura Orgânica

Prof. Silvio Penteado

Aula 3

HISTÓRICO DA AGRICULTURA ORGÂNICA

Este é o 1º Módulo do curso completo sobre agricultura orgânica. Você vai ficar sabendo

tudo sobre os conceitos e fundamentos da agricultura orgânica. Também mostraremos

os ramos da agroecologia, como ocorreu a degradação da agricultura e da natureza.

ATENÇÃO: ESTE MÓDULO É BASTANTE TEÓRICO, POIS HÁ NECESSIDADE DE CONHECER OS CONCEITOS, FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO, ANTES DE ENTRAR NA PARTE PRÁTICA. O primeiro passo é conhecer e observar a natureza e suas relações. Somente depois disso

poderemos trabalhar na terra.

CURSO DE AGRICULTURA ORGÂNICA Prof. Silvio Roberto Penteado

MÓDULO 1- FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA

QUESTÕES

Como surgiu a orgânica e a agricultura?

O que significa a Revolução Verde? O que

distingue a agricultura atual da orgânica?

Quais foram as tecnologias que impulsionaram a

agricultura convencional?

u

NESTA AULA SERÁ ABORDADO

Histórico da agricultura e sua degradação. A

poluição e contaminação da natureza. As

revoluções agrícolas e a agricultura moderna.

A reação e o surgimento da agroecologia e da

agricultura orgânica

Tecnologia da agricultura convencional

AULA 1: HISTÓRICO DA AGRICULTURA

Veja como a agricultura moderna chegou até os dias de hoje.

A agricultura atual passou pelas etapas: 1) Agricultura Tradicional ou

Antiga. 2) Primeira Revolução Agrícola. 3) Segunda Revolução Agrícola e

4ª) Revolução Verde (Agricultura Moderna ou Atual)

1. SISTEMA AGRICOLA TRADICIONAL (Antiga) QUE

PREDOMINOU ATÉ MEADOS DO SÉCULO 18 ( 1.800 DC)

Na antiguidade o sistema de produção de alimentos, era um sistema de

produção de alimentos associados com árvores e arbustos nativos, com as seguintes

características:

Manejo do solo e plantas com técnicas locais, tradicionais, produzidos de acordo

com sua necessidades.

Diversidade, com cultivos associados: leguminosas, cereais, hortaliças, fruteiras,

etc. Eram áreas pequenas e diversificadas para atender ao mercado local e regional.

Adubação: uso de estercos de animais e resíduos orgânicos.

Controle de doenças e pragas: Preparações caseiras (ervas) e combate manual.

2. PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRICOLA (Início do Século 18)

Na antiguidade, a fome existia em virtude da escassez de alimentos. A Primeira

Revolução Agrícola aconteceu ao redor de 1.800 e associou a criação de animais à

agricultura, trazendo um grande aumento da produção com o uso dos excrementos dos

animais para a adubação das lavouras e a rotação de plantas forrageiras com os

campos cultivados.

Nesse novo sistema de produção, predominava a biodiverdade de cultivos, a

seleção de cultivares baseadas na resistência e tolerância às pragas e doenças,

combinadas com as melhores características comerciais (sabor, conservação em pós-

colheita, etc). Não existia ainda o problema da contaminação de alimentos ou do meio

ambiente. Os defensivos utilizados eram naturais e alternativos.

As principais características desse novo sistema foram:

Busca de alta produtividade. Adubação verde/ Diversificação.

Manejo da matéria orgânica. Integração: produção agricola/animal.

Manejo de variedades nativas resistentes e alta produtividade

Características: baixa necessidade de capital / alta demanda mão de obra /

atendimento mercado local – autoconsumo

Controle de pragas e doenças:- Extratos de plantas; Emulsões de querosene, Calda

Bordalesa; Verde de Paris ( acetoarsenito de cobre).

3. SEGUNDA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA (Início do Século 19)

A Segunda Revolução Agrícola se iniciou com a descoberta dos adubos

químicos, em fins do século passado, e trouxe a ilusão de que o problema da nutrição

das plantas estava resolvido; as práticas de uso dos estercos animais, de rotação e de

pousio, foram abandonadas. Esta agricultura se desenvolveu com o desenvolvimento da

motomecanização, o melhoramento genético das sementes, grandes sistemas de

irrigação, os adubos e pesticidas químicos.

Estes fatores permitiram a instalação de grandes monoculturas, as quais

colaboraram para o esgotamento dos solos e para a migração dos trabalhadores rurais

para as cidades; estas incharam rapidamente e se defrontaram com sérios problemas

sociais de desemprego, habitação, educação, saúde, moradia e problemas de

abastecimento de água, saneamento, geração de lixo, etc.

A adubação com o macronutrientes – N,P,K, sem preocupação com a reposição

de matéria orgânica, logo mostrou problemas de deficiências de micronutrientes, ao

mesmo tempo em que as pragas e doenças se tornaram mais sérias; surgiram entao os

agrotóxicos para controlá-las, acarretando um desequilíbrio ainda maior no

funcionamento da natureza, além de intoxicar os trabalhadores e contaminar os

alimentos, os solos e as águas.

As principais características desse sistema eram:

Desenvolvimento da maquinaria agricola, dos fertilizantes e pesticidas químicos

Emprego agricola do DDT.

Grandes extensões de cultivos com monocultivos, com necessidade de irrigação

Surgimento de novas pragas e doenças.

Uso de cultivares melhoradas, baseadas somente na produtividade e no uso de

insumos químicos.

Deixou de lado os adubos orgânicos, resistência das plantas, consorciação, etc.

HISTÓRICO DO CONTROLE DAS PRAGAS

1820- 1920: Enxofre e extrato de plantas inseticidas, como piretro, timbó, fumo,

quássia e outros Emprego de produtos arsenicais (verde-de-paris; arsenitos de cálcio e

chumbo

1920-1940: Novos produtos= Fluossilicato de bário, criolita (fluoaluminato de sódio),

Compostos de selênio (para controle de ácaros), Tiocinatos, Brometo de Metila,

Dicloreto e óxido de Etileno, Óleo de petróleo, Dinitro o-cresol, etc

Produtos mais empregados: arsenicais, tálio, boro, selênio e cianeto.

Preocupação em produtos inócuos ao homem: piretro e dérris

Não havia preocupações quanto ao meio ambiente e efeitos acumulativos.

4. A REVOLUÇÃO VERDE (AGRICULTURA MODERNA=ATUAL)

A chamada Revolução Verde é a evolução da Segunda Revolução Agrícola, que

foi efetivamente introduzida nos países subdesenvolvidos após a 2ª Guerra Mundial,

com a tecnologia nela desenvolvida. No Brasil ela foi divulgada principalmente nas

décadas de 60 e 70. Ela se caracteriza pelo uso intensivo de insumos químicos =

adubos solúveis e agrotóxicos, sementes melhoradas para responderem a esses

insumos e alto grau de mecanização em todas as etapas de produção. Ela requer alto

investimento de capital e alto uso de energia.

Ela é chamada de Revolução Verde (agricultura moderna/atual), porque com o

emprego de toda tecnologia e insumos modernos, trouxe um aumento expressivo na

produção agrícola, que no entanto, decai nos anos seguintes, devido à degradação do

solos e dos evidentes problemas que ela também trouxe consigo, como:

compactação dos solos, erosão, perda da fertilidade dos solos, perda da

biodiversidade, gastos com insumos de fora da propriedade.

contaminação dos alimentos e dos seus consumidores, intoxicações crônicas e

agudas dos trabalhadores rurais, contaminação dos solos e das águas por nitratos e

agrotóxicos, erradicação dos ecossistemas locais (flora e fauna)

aparecimento de pragas resistentes aos agrotóxicos, aparecimento de novas pragas,

alimentos sem sabor e sem durabilidade.

RESUMO DA REVOLUÇÃO VERDE:

Não faz o planejamento para evitar prejuízos para o ecossistema local:

Produção extensiva de alimentos;

Monocultivo;

Abandono da rotação de cultivos, controle biológico, cultivares resistentes e

outros métodos tradicionais;

Uso de insumos externos:

Produção exigente em capital, maquinaria e tecnologia;

Atender mercado nacional e internacional

Agricultura não sustentável, migratória para novas fronteiras agrícolas,

quando o solo e as águas estiverem exauridos.

Controle de Pragas e Doenças: Uso de Defensivos Modernos, ou seja,

pesticidas e adubos químicos que surgiram no pós-guerra. O DDT abriu caminho pra

o desenvolvimento de muitos outros compostos orgânicos sintéticos, como os

organoclorados, organofosforados, carbamatos e difenílicos acaricidas

O MOVIMENTO AGROECOLÓGICO SURGIU EM REAÇÃO À

AGRICULTURA MODERNA, BASEADA NO EMPREGO DE PESTICIDAS

E INSUMOS QUÍMICOS.

Paralelalmente ao desenvolvimento da agricultura química, divulgada pela

Revolução Verde, outras formas de se fazer agricultura também se desenvolveram

desde o início do século, mas elas só ficaram em evidência a partir da constatação dos

problemas que esse pacote técnológico traz consigo.

AULA 2: A DEGRADAÇÃO DA NATUREZA NA AGRICULTURA MODERNA (ATUAL)

POLUIÇÃO AMBIENTAL

A poluição ambiental é considerada um dos principais problemas atuais da

humanidade, tanto no campo, como nas cidades. A poluição pode ocorrer de várias

formas, no ar atmosférico (o efeito estufa e destruição da camada de ozônio); na água

(eutrofização, lançamento de pesticidas e agroquímicos, derrame de petróleo); nos solos

(na forma de erosão, como o arrastamento e acúmulo de nutrientes e lixo; na cadeia

alimentar (pela magnificação trófica ou efeito acumulativo de pesticidas; na poluição

radioativa); nas matas, com prejuízo da fauna e flora e redução da biodiversidade

biológica, como decorrente da exploração e extração que o homem realiza na natureza.

As principais etapas da Poluição Ambiental são:

1. Poluição do Ar

1.1. Monóxido de Carbono

1.2. Efeito Estufa- Dióxido de Carbono

1.3. Redução da Camada de Ozônio – Acúmulo de CO² na atmosfera

1.4. Chuva Ácida - Dióxido de Enxofre

1.5. Queimadas - Acúmulo de CO² na atmosfera

2. Poluição das Águas

2.1. Eutrofização

2.2. Contaminação com metais pesados

2.3. Substâncias químicas e petróleo

2.4. Agrotóxicos e insumos químicos

3. Degradação dos solos

3.1. Degradação Física

3.2. Laterização

3.3. Perda da cobertura vegetal

3.4. Degradação Química

3.5. Degradação Biológica

Vamos caracterizar estas diferentes formas de poluição e suas

conseqüências ambientais.

1. POLUIÇÃO DO AR

A poluição do ar é causada por todas as formas de combustão realizadas em

automóveis, indústrias usinas termoelétricas e queimadas. Por meio das combustões,

são liberados para a atmosfera vários gases tóxicos para a espécie humana e para os

seres vivos em geral.

1.1. MONÓXIDO DE CARBONO

O monóxido de carbono (CO), liberado na atmosfera com a queima de

combustíveis fósseis, como gasolina, carvão e óleo diesel, quando em níveis

inadequados, em contato com os homens e animais, pode afetar sua saúde.

O CO apresenta alta afinidade pela hemoglobina das hemácias, podendo

levar o individuo à morte por asfixia (insuficiência respiratória). O monóxido de carbono

ligado à hemoglobina causa asfixia, porque forma um composto muito estável,

denominado carboxiemoglobina (HbCO).Hb + CO -> HbCO

O esquema a seguir mostra a formação da oxihemoglobina nos pulmões e a

liberação do O² para as células dos tecidos do corpo.

Hb + O²------------ Pulmões -----------------> HbO² <------------Tecidos -----------

1.2. DIOXIDO DE CARBONO

O dióxido de carbono (CO2), liberado na queima dos combustíveis fósseis e

queimadas, torna-se poluente responsável pelo efeito estufa do planeta.

O efeito estufa, fenômeno físico de retenção de parte do CO2 na atmosfera, é

importante para a manutenção da vida no planeta, garantindo uma temperatura ideal

para as atividades dos seres vivos. O efeito estufa, em grandes proporções, pode ser

extremamente prejudicial aos seres vivos, que ficam expostos a altas temperaturas.

1.3. REDUÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO

Nas atividades residenciais, agrícolas e industriais, que utilizam a

refrigeração, como geladeiras, condicionadores de ar, freezers e as embalagens de

sprays, podem liberar para atmosfera o gás CFC (clorofluorcarbono), que é uma

substância prejudicial à camada de ozônio.

A destruição da camada de ozônio é extremamente prejudicial à saúde dos

seres vivos, pois ela funciona como um filtro protetor contra radiações ultravioletas

provenientes do sol.

O excesso de radiação ultravioleta pode provocar câncer de pele,

queimaduras na superfície dos corpos de animais e vegetais e mutações no material

genético dos seres vivos.

1.4.DIOXIDO DE ENXOFRE = CHUVA ÁCIDA

O dióxido de enxofre (SO2 ) , liberado pela queima de óleo diesel e do

carvão mineral, em determinadas condições, quando combinado na atmosfera com

oxigênio e água, forma o ácido sulfúrico (H2SO4).

Esta substância, que é altamente corrosiva, precipitado na forma a chuva ácida,

ataca mármores, latarias de carros, grades metálicas e principalmente a vegetação e

cultivos, causando fitotoxidade nas folhagens e frutos, assim como prejudicando o solo.

1.5. QUEIMADAS

Outro sério problema de poluição ambiental, referente a poluição do ar, está

nas realização de queimadas. A prática de limpeza de pastagens ou do terreno com o

fogo é comum em muitas regiões. Também em regiões de monocultura da cana, ocorre

a prática das queimadas para facilitar o corte da cana. Nas queimadas, além da fuligem,

são liberados gases tóxicos na atmosfera e o excesso de calor é extremamente

prejudicial à população microbiana do solo e o solo fica desprotegido de cobertura

vegetal, sujeito às erosões.

2. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS

2.1. EUTROFIZAÇÃO

Um grave prejuízo para os mananciais de águas é a eutrofização, que

consiste no excesso de nitratos e fosfatos carregados até os rios e lagos, pelas água de

chuvas que os retiram do solo, devido aos adubos solúveis aplicados no terreno ou

através dos esgotos. A eutrofização causada pelo aumento excessivo da fertilidade da

água provoca um grande crescimento e proliferação de algas microscópicas, tornando a

água densa e verde. Essas algas, ao morrerem e se decomporem, geram gases,

exalando mau cheiro.

2.2. CONTAMINAÇÃO COM METAIS PESADOS

Muitas atividades humanas podem levar à poluição da água e do solo, com

metais pesados, que além de provocar prejuízos aos seres vivos, afetam direta ou

indiretamente a fauna e vegetações ciliares dos rios. As atividades de extração mineral,

como no garimpo de ouro, outros processos como: indústrias químicas, de fungicidas,

de pesticidas e de papel, também utilizam o mercúrio e outros metais pesados, cujos

resíduos são lançados na água..

Esse material apresenta efeito cumulativo nas cadeias alimentares,

contaminando a flora e fauna, assim como afeta a saúde dos homens e animais,

provocando distúrbios no sistema nervoso, cegueira, pés e mãos retorcidos nos fetos,

ulcerações nas gengivas e perda de tato.

2.3. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS E PETRÓLEO

Um dos problemas mais sérios de contaminação das águas é o do

derramamento de substâncias químicas e óleo de petróleo nos mananciais de águas,

rios e mares.

Importante: Um das principais formas de contaminação das águas, é a

lavagem de embalagens e tanques de pulverização de agrotóxicos junto às fontes de

água.

Muitos acidentes com caminhões, empresas e navios petroleiros liberam

grande quantidade de produtos químicos ou óleo na água, causando enorme prejuízo ao

fitoplâncton e aos animais aquáticos como aves, peixes, mariscos e mamíferos, entre

outros.Além do efeito fitotóxico, o óleo dificulta a passagem da radiação solar através da

água, diminuindo a taxa de fotossíntese pelo fitoplâncton.

2.4. AGROTÓXICOS E MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA

A atividade agrícola pode ser um problema de poluição ambiental. Muitos

produtos químicos usados no campo pelo homem no combate a pragas e doenças,

podem ser extremamente prejudiciais ao ambiente e à saúde humana.

Sabe-se que apenas 3% dos pesticidas pulverizados atingem o seu alvo, que

são os insetos pragas, os demais permanecem como resíduos nos produtos ou são

levados pela deriva ou caem no solo.

Poluentes como o DDT e outros pesticidas organofosforados que não são

biodegradáveis, e quando pulverizados na atmosfera, retornam á superfície terrestre,

devido as precipitações pluviométricas e são carregados para ambientes distantes do

local de aplicação, por correntes aéreas ou marítimas. Assim encontra-se resíduos de

agrotóxicos até em locais onde eles nunca foram utilizados, como nas geleiras

antárticas.

AGROTÓXICOS E A MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA

Efeito acumulativo do DDT numa cadeia

alimentar

3. DEGRADAÇÃO DOS SOLOS

O uso e manejo inadequado do solo levam a sua completa degradação, que

consiste na perda da capacidade do solo em exercer suas funções, como meio

adequado para o crescimento das plantas, como regulador do regime hídrico e como

filtro ambiental.

As mudanças desfavoráveis nas suas características físicas, químicas e

biológicas, são a causa do solo apresentar efeitos negativos na produtividade e na

qualidade ambiental.

Produtores ex: capim

Consumidores 2 ex: sapo

Consumidores 1 ex: gafanhoto

Consumidores 3 Ex: cobra

3.1. DEGRADAÇÃO FÍSICA DOS SOLOS

Compreende a perda de solo pela erosão (lavagem de partículas finas do solo por

escorrimento), a destruição da estrutura do solo, compactação, entre outros.

Esta degradação ocorre principalmente devido à eliminação da cobertura vegetal

e pelo uso intensivo de lavras convencionais e uso de equipamentos inadequados de

preparo e de cultivo, que modificam desfavoravelmente as propriedades físicas do solo.

Como exemplo, o emprego de grades para o controle das ervas invasores, em culturas

permanentes, como citros, que pulverizam os agregados dos solos.

Os tipos principais de erosão hídrica são:

Erosão laminar, que vem ser a perda uniforme da superfície do solo, afetando

diretamente a fertilidade do solo;

Erosão em sulcos, que é a lavagem do solo, formando depressões pequenas ou

estrias, que se deve principalmente às práticas inadequadas que realiza o homem;

Erosão em voçorocas, que são formadas valetas profundas, como

conseqüência do lavagem contínua das partículas do solo.

3.2. LATERIZAÇÃO

Como conseqüência da erosão e lavagem de nutrientes, em algumas áreas pode

ocorrer a laterização dos solos, que é o processo final da lixiviação.

Este processo consiste na elevada concentração de hidróxidos de alumínio, ferro

e manganês no solo, que leva à formação de uma crosta dura e ferruginosa, conhecida

como laterita, que prejudica o terreno para a agricultura. Outras formas de degradação

física ocorrem pela ação do vento, que desloca a camada superficial do solo,

principalmente nas áreas áridas, formando buracos e dunas. Além disso, os ventos

provocam elevada desidratação das plantas.

3.3. PERDA DA COBERTURA DO SOLO

A cobertura vegetal protege o solo das chuvas, da perda de umidade e evitam

altas temperaturas nos solos. As folhas da cobertura vegetal impedem que as águas

das chuvas caiam diretamente sobre o solo, bem como as raízes fixam-no, evitando a

erosão. Além da retenção da umidade, há muitos outros benefícios.

As matas mantém a reposição de minerais e matéria orgânica no solo,

depositando anualmente sobre ele mais de cinco toneladas de folhas mortas, galhos,

flores e frutos por hectare, matéria que entra em decomposição, transformando-se em

nutrientes para a própria mata.

O desmatamento inadequado, tem provocado uma aceleração nos processos

erosivos e um empobrecimento do solo devido à lixiviação, isto é, sua lavagem pelas

chuvas (enxurradas ou lixiviação) que carregam boa parte dos minerais solúveis, como

o nitrogênio, cálcio, magnésio e fósforo.

3.4. DEGRADAÇÃO QUÍMICA DOS SOLOS

Ela é entendida como a modificação do equilíbrio mineral, com as conseqüentes:

redução da capacidade de catiônica de troca, salinização ou alcalinização, a acidez, a

toxicidade de alumínio e manganês, deficiência de nutrientes e acumulação de

substâncias tóxicas. Esta degradação acontece devido ao manejo incorreto da irrigação,

na acumulação de dejetos minerais e orgânicos, na aplicação indiscriminada de

agroquímicos (fertilizantes e praguicidas) e na excessiva exploração do solo.

O incremento do uso dos fertilizantes sintéticos não só afeta nossa economia,

mas também causa a acidificação e esterilização do solo e o esgotamento dos

micronutrientes (zinco, ferro, cobre, manganês, molibdênio e boro) que influencia

negativamente na saúde das plantas, animais e seres humanos.

3.5. DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA DOS SOLOS

Esta degradação se deve principalmente à eliminação da cobertura vegetal e na

inabilidade de garantir o reciclagem da biomassa produzida na propriedade rural. Esta

situação é piorada pela aplicação de agrotóxicos que afetam a população microbiana

diretamente do solo.

São graves os efeitos dos agroquímicos sobre os microrganismos que atuam na

fixação do nitrogênio atmosférico ou na mineralização ou nitrificação do nitrogênio

amoniacal, porque quando se elimina os microorganismos, perde-se um grande

potencial para manter a fertilidade do solo.

A aplicação dos fungicidas, nematicidas e fumigantes são a causa da alteração

mais drástica no equilíbrio microbiológico, porque sendo agentes antimicrobianos,

exibem vários graus de especificidade para patógenos de plantas no solo, e a ação

deles raramente é limitada ao patógenos, atingindo também os microrganismos

benéficos. A conseqüência é a esterilização parcial, causando mudanças qualitativas e

quantitativas da microflora do solo. Neste processo ficam afetado os microorganismos

benéficos, por longos períodos.