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CURSO PARA CAPATAZES E GERENTES RURAIS DE EMPRESAS DE GADO DE CORTE ORGANIZAÇÃO NESPRO/UFRGS & ASSOCIAÇÃO RURAL DE URUGUAIANA APOSTILA - MÓDULO II (Manejo da Parição ao Acasalamento) AUTORES Pedro Rocha Marques Silvio Renato Menegassi Luiz Antonio Queiroz Filho Jean Carlos dos Reis Soares Leonardo Canellas Fernanda Gomes Moojen Júlio Barcellos PORTO ALEGRE SETEMBRO 2010 Serviço Público Federal UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

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CURSO PARA CAPATAZES E GERENTES RURAIS DE

EMPRESAS DE GADO DE CORTE

ORGANIZAÇÃO

NESPRO/UFRGS & ASSOCIAÇÃO RURAL DE URUGUAIANA

APOSTILA - MÓDULO II

(Manejo da Parição ao Acasalamento)

AUTORES

Pedro Rocha Marques

Silvio Renato Menegassi

Luiz Antonio Queiroz Filho

Jean Carlos dos Reis Soares

Leonardo Canellas

Fernanda Gomes Moojen

Júlio Barcellos

PORTO ALEGRE – SETEMBRO 2010

Serviço Público Federal UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

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ÍNDICE

Tópico Página

1. A organização de rodeios de parição e os cuidados no parto........... 03

2. Coleta de dados e histogramas dos partos....................................... 12

3. Condição corporal da vaca................................................................

4. Preparação dos rodeios para Inseminação Artificial (IA) e Entoure.

15

19

5. Manejo do pasto com rodeios de cria............................................... 24

6. Preparo, cuidados e uso dos touros durante o entoure................... 34

7. Manejo Sanitário do gado de cria.....................................................

8. Apontamentos..................................................................................

44

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TÓPICO 1

A organização dos rodeios de parição e os cuidados no parto

período de parição pode ser considerado uma das etapas

mais importantes dentro do ciclo pecuário. A partir de

uma parição bem sucedida são gerados os produtos que

resultarão no novilho gordo e na novilha de reposição. Além disso, os cuidados

com a parição podem determinar o desempenho da vaca de cria. Ou seja, uma

parição natural e sem contratempos permite que a vaca se recupere do esforço

do parto e repita prenhez no ano seguinte.

A parição bem sucedida depende de inúmeros cuidados, o que envolve

um planejamento amplo e que deve ser realizado bem antes do período de

parição propriamente dito. A seguir, são enumerados alguns “passos” que

precisam ser considerados com relação à parição:

1º Passo: Conhecer a temporada de entoure e calcular a temporada de

parição

O

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O capataz deve saber a data de início e final da temporada de monta

anual. Em algumas fazendas podem existir duas ou mais temporadas dentro do

ano. A época de entoure mais utilizada é a de primavera-verão, com duração

aproximada de 60 a 90 dias. É comum que as novilhas entrem para o entoure

ou inseminação alguns dias antes das vacas e que permaneçam um menor

número de dias com os touros.

Como exemplo, podemos utilizar uma fazenda onde as novilhas são

entouradas de 15 de novembro até 15 de janeiro (15/11 a 15/01), totalizando

60 dias. Sabendo que a gestação da vaca dura aproximadamente 280 dias (9

meses mais 10 dias), o cálculo das datas de início e final de parição é o

seguinte:

Início do

Entoure

Tempo de

Gestação

Cálculo Início da

Parição

15/11 9 meses + 10 dias 15/11 + 9 meses + 10 dias 25/8

Figura 1. Sabendo que o entoure dura 60 dias, o final da parição será em

25/10.

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2º Passo: Controlar o estado das vacas e prever a quantidade de pasto

Uma boa parição depende do estado das vacas e da alimentação pré e

pós-parto. Normalmente, vacas em boa condição corporal não apresentam

dificuldades na parição e repetem cria. Por isso, a vaca prenhe deve sempre

permanecer em potreiros com boa quantidade de pasto, mesmo que este

pasto seja de média ou baixa qualidade – o que não pode é haver falta de

pasto.

O estado das vacas deve ser controlado no mínimo três vezes no ano: no

outono (normalmente por ocasião do toque), no meio do inverno e próximo à

parição. Esse controle servirá para identificar eventual escassez de pasto e

evitar que o gado perca estado.

3º Passo: Organizar os rodeios de parição

A organização de lotes de parição facilita todo o manejo do rebanho de

cria. A formação de lotes “parelhos” facilita o manejo dos terneiros desde o pé

da vaca até o desmame. Além disso, traz benefícios na organização dos rodeios

para a inseminação ou entoure.

O mais importante na organização de rodeios de parição é estabelecer

quais os critérios para a formação dos lotes. Antes de qualquer decisão, é

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necessário ter conhecimento de quantos potreiros estarão disponíveis para

abrigar as vacas, o tamanho dos potreiros, o estado dos aramados e a

quantidade e qualidade do pasto.

Existem diversas formas de realizar a organização dos lotes, dependendo

do critério utilizado. A seguir, alguns modelos de organização de rodeios de

parição:

Organização apenas por idade do ventre

É a forma mais simples de organizar rodeios de parição. Lembrar que as

novilhas de 1ª cria devem ficar em potreiros com qualidade de pasto

superior.

Lote 1: Novilhas (1ª cria)

Lote 2: Vacas de segunda cria

Lote 3: Vacas adultas

Organização por idade e estado corporal

Permite manejar melhor as vacas magras, dando uma melhor condição

alimentar às mesmas.

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Lote 1: Novilhas (1ª cria)

Lote 2: Vacas de segunda cria

Lote 3: Vacas adultas magras

Lote 4: Vacas adultas em bom estado

Organização pela época de parto

Essa organização pode ocorrer ainda no diagnóstico de gestação (toque),

onde o veterinário responsável pelo serviço indica quais vacas

apresentam prenhez mais adiantada. Em fazendas onde é realizada

inseminação, os rodeios que foram inseminados normalmente resultam

em partos no cedo.

Lote 1: Novilhas (1ª cria)

Lote 2: Vacas de segunda cria

Lote 3: Vacas com partos no cedo

Lote 4: Vacas com partos no meio da estação

Lote 5: Vacas com partos no tarde

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Importante é ressaltar que o número de fêmeas a constituir um rodeio de

parição não deve ser maior do que 150. Rodeios muito grandes dificultam o

manejo e pode haver confusão quando o lote é levado para a mangueira.

Os exemplos acima podem servir de guia para a organização dos lotes de

parição, porém cada fazenda deve possuir uma organização que se adapte

melhor à sua realidade.

4º Passo: Os cuidados no parto

Como relatado anteriormente, a parição bem sucedida depende de uma

série de fatos que ocorrem e devem ser manejados durante o ano todo. Essa

sequência de atitudes culmina com o momento do parto. A maioria dos

nascimentos de terneiros ocorridos nas fazendas se dá de forma natural, sem a

necessidade de intervenção do homem. No entanto, um pequeno percentual

de fêmeas – principalmente novilhas de primeira cria – necessitam de auxílio

humano para que possam parir. Desse modo, o campeiro (neste caso, o

parteiro) deve estar preparado para agir no momento certo e realizar o auxílio

ao parto.

É importante ressaltar que o parto deve ocorrer da maneira mais

natural possível. Qualquer intervenção do homem, seja por necessidade ou

precipitação, certamente irá acarretar em prejuízos para a mãe e para a cria.

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Por isso, o parteiro deve saber esperar o momento certo de agir, e, quando

decidir pelo auxílio ao parto, deve fazê-lo da forma mais correta possível.

Parto normal – é quando o feto e a placenta são expulsos normalmente

pela vaca. Normalmente a vaca mostra sinais de enchimento do úbere

(amojo) alguns dias antes e, próximo ao parto, fica isolada do restante do

lote. O parto pode ser dividido em três estágios, são eles:

- Estágio 1: Começam as contrações uterinas, sendo que as primeiras

ocorrem a cada 15 minutos e as últimas a cada 15-30 segundos. A vaca se

aparta do lote, e as membranas são empurradas para o exterior, ficando

uma “bolsa” com líquido pendurada do lado de fora da vulva. Em

seguida, a bolsa se rompe e há dilatação máxima do cérvix para expulsão

do feto.

- Estágio 2: O feto entra no canal da vagina, provocando mais contrações,

inclusive dos músculos abdominais. Quando as patas dianteiras do

terneiro tocam a vulva da vaca ocorre o rompimento de outra

membrana, que libera um líquido que lubrifica o canal, facilitando a

passagem da cabeça e o corpo.

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- Estágio 3: Há contração uterina para separar o útero das membranas

fetais, que são eliminadas. Em alguns casos as membranas (placenta)

podem ficar retidas, o que é normal até 12 horas pós-parto. A partir daí,

já é considerado retenção de placenta, que deve ser tratada com

antibiótico injetável (terramicina, oxitetraciclina e gentamicina são os

mais utilizados).

Parto distócico – são problemas que ocorrem no momento do parto e

que atrapalham o nascimento normal do terneiro. É importante saber

diferenciar um comportamento normal de uma vaca entrando em

trabalho de parto e de uma vaca que não consegue parir. O principal

sintoma é: a vaca se contrai, mas não consegue expulsar o terneiro. Se

isso ocorrer por mais de 3 horas a partir da primeira contração, é hora de

auxiliar no parto. As contrações podem parar antes dessas 3 horas, caso

haja pouca dilatação na vaca. O parteiro deve estar atento, pois mesmo

que não tenha marcado o tempo ou não tenha visto o início das

contrações, a vaca demonstra sinais de cansaço e impossibilidade de

novas contrações. Uma vez identificado que a vaca não conseguirá parir

sem ajuda, a sequência de ações deve ser a seguinte:

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1. Com luvas adequadas, identificar o tamanho e a posição do terneiro

(Figura mostra a posição normal)

2. Caso o terneiro esteja em uma posição diferente da normal, o

parteiro deve tentar corrigir, colocando o terneiro na posição correta.

Inicialmente deve-se empurrar o feto e tentar acomodá-lo

gradualmente na posição certa. Em seguida, o terneiro pode ser

puxado, sem força exagerada, e em movimentos interrompidos,

visando ajudar a vaca e não “arrancar” o terneiro da mesma.

3. Em alguns casos o terneiro é exageradamente grande, o que

normalmente é verificado quando não é possível retirar via tração.

Nesse caso, se possível, o veterinário deve ser chamado para realizar

a cesareana. Caso não seja possível, uma saída para salvar a vaca é

cortar o feto, retirando uma parte de cada vez.

Figura 2. Mostra a posição normal do terneiro (1) e as posições anormais (2;3).

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TÓPICO 2

Coleta de dados e histogramas dos partos

coleta de dados é parte essencial na organização de uma

fazenda. A parição traz consigo um importante volume de

informações que devem ser colhidas e organizadas

adequadamente. Dentre elas podemos citar:

Data da parição

Sexo do terneiro

Número do brinco (ou outra identificação) da mãe e do terneiro

Abortos (perda da cria)

Distocia (terneiros trancados)

Morte no parto

Peso do terneiro

Retenção de placenta (vaca que não “se limpou”)

A

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Essas são algumas informações preciosas para decisões futuras no

manejo do rebanho, e por isso deve ser apontado na Caderneta de Campo,

item indispensável na recorrida. Ao final de cada recorrida os dados coletados

devem ser repassados para planilhas de parição (quando a fazenda utilizar esse

recurso) e/ou para o Livro de Registros Diários.

O controle do número de terneiros nascidos mensalmente permite

montar um tipo de gráfico chamado histograma de partos. Essa ferramenta

permite uma melhor visualização de como se distribuem os partos ao longo dos

meses de parição. Para isso é necessário estabelecer intervalos em que se

deseja fazer o “balanço” do número de partos. O normal é dividir a parição em

intervalos de 15, 20 ou 30 dias.

A seguir está um exemplo de como se monta um histograma de partos,

com intervalos de 15 dias:

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1º Passo: Montar a tabela com os dados coletados a campo

Período dos partos Número de terneiros

nascidos no mês

Total acumulado de

terneiros nascidos

De 15 a 30 de

Setembro

80

De 01 a 15 de Outubro 120 200 (80 + 120)

De 16 a 31 de Outubro 100 300 (200 + 100)

De 01 a 15 de

Novembro

60 360 (300 + 60)

Total 360

Figura 3. Exemplo de tabela com os dados coletados a campo.

2º Passo: Construir o gráfico de colunas para ilustrar melhor os

resultados

0

20

40

60

80

100

120

140

De 15 a 30 de

Setembro

De 01 a 15 de

Outubro

De 16 a 31 de

Outubro

De 01 a 15 de

Novembro

Número de Partos

Figura 4. Exemplo de gráfico de colunas do numero de partos por épocas.

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TÓPICO 3

Condição corporal da vaca

utilização do Escore de Condição Corporal (ECC) criação de

bovinos de corte é uma ótima ferramenta para avaliarmos a

quantidade de reservas energéticas presentes nos animais

em determinada época do ano. Além disso, o ECC serve como um sinalizador

para o campeiro se a quantidade de pasto está suficiente para aquele número

de animais em um determinado potreiro (invernada) ou não, pois a oferta de

pasto sendo reduzida a vaca apresentará redução na sua condição corporal

(perderá peso). Desse modo, pode-se listar entre os fatores que influenciam o

ECC:

1. Lotação

2. Data de Parto

3. Suplementos minerais, protéicos e energéticos (Sal Proteinado)

4. Genética do Animal

5. Manejo de forragem e espécies forrageiras

A

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6. Idade ao desmame

7. Doenças (verminoses, parasitoses)

A condição corporal pode ser avaliada a partir de duas escalas (1 a 5 ou 1

a 9),: 1= Muito Magro a 5=Muito Gordo ou 1= Muito Magro a 9 =Muito Gordo.

Nesse sentido, vale salientar que existem regiões no corpo da vaca onde se

facilita a avaliação do ECC. Nesse contexto, segue abaixo a figura em onde se

localizam os pontos mais indicados para avaliarmos o ECC.

Figura 5. Regiões preferenciais para a avaliação do escore de condição corporal.

A avaliação do ECC deve ser realizada em períodos estratégicos

permitindo que a vaca obtenha um ECC ao parto de 2,5 a 3,0 na escala de 1 a 5.

Os períodos mais indicados para avaliação do ECC são:

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Diagnóstico de gestação-Outono

60 dias antes do parto- Inverno

Ao parto- Primavera

Ao início da estação de monta- Verão

Na tabela x pode-se observar as metas de ECC para os diferentes épocas

do ano.

Tabela 6. Metas de ECC para partos na Primavera.

Época do Ano Escore de Condição Corporal (ECC)

Estação Monta 3,0

Metade da gestação 3,0-3,5

Parto 2,5-3,0

Na figura 6 pode-se observar as imagens dos diferentes ECCs para que se

possa ter uma noção do estado corporal da vaca em relação ao seu ECC. Além

disso, vale ressaltar que é fundamental que o campeiro calibre o olho para

avaliação do ECC, e para isso ele deve treinar constantemente e desenvolver

metodologia para que durante a avaliação tenha-se um padrão. Embora a

avaliação da condição corporal seja uma análise subjetiva, devemos tentar

torná-la o mais objetiva possível.

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A condição corporal é um espelho da situação atual da fazenda que está

sendo analisada. Desse modo, o maior desafio é garantir que as vacas tenham

quantidade de nutrientes suficientes (reservas corporais e/ou dieta) que

assegurem que essa vaca possa voltar a emprenhar com o menor intervalo de

tempo do parto até a nova concepção.

Figura 7. Diferentes escores de condição corporal.

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TÓPICO 4

Preparação dos Rodeios para Inseminação Artificial (IA) e Entoure

organização dos rodeios de cria deve ser realizada para

evitar que surpresas ocorram no resultado da taxa de

prenhez durante o diagnóstico de gestação, pois quando

preparam-se os rodeios muitos problemas comuns ao rebanho de cria são

detectados antecipadamente, podendo estes serem corrigidos a tempo de não

afetar o desempenho reprodutivo do rebanho. Além disso, vale ressaltar que

existem dois principais fatores que servem como balizadores para a

organização dos rodeios de cria, estes são: condição corporal ou peso corporal

e data de parição.

Como o tema condição corporal da vaca já foi abordado no

tópico anterior (tópico 3) no presente tópico será dado destaque para o peso

corporal no manejo de novilhas. O peso corporal é um sinalizador da situação

atual das novilhas em seus diferentes estágios de vida. Desse modo, os

A

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momentos estratégicos mais indicados para realizar-se às pesagens das

novilhas (vaquilhonas) são:

1. Desmame: A pesagem ao desmame é utilizada para identificar as fêmeas

que “criam bem” os seus terneiros, sendo essas, consideradas fêmeas

mais adaptadas as condições ambientais da fazenda avaliada. Além disso,

a pesagem durante esse período auxilia a identificar os terneiros (as) que

apresentaram maiores peso ao desmame, pois esse serão os animais

mais indicados para serem mantidos no rebanho. Desse modo, quanto

maior o peso ao desmame menor será o número de quilos necessários a

serem ganhos para atingir o peso alvo de acasalamento (280 kg-

Aberdeen Angus, Hereford e Devon; ou 320 kg- Braford, Brangus e

Charolês). Além disso, em caso de excesso de animais no rebanho pode-

se eliminar as terneiras (os) mais leves (menos adaptados) e manter

somente as mais pesadas (os) no rebanho.

2. Sobreano (13-14 meses de idade): A pesagem ao Sobreano é mais

indicada para acasalamento aos 2 anos de idade, pois em rebanhos que

possuem acasalamento aos 14 ou 18 meses de idade não é muito útil.

Esta pesagem é recomendada para identificarmos se será necessário

aumentarmos a quantidade de alimento dessas novilhas (pastagem de

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inverno ou suplementação) ou não, para que elas atinjam o peso alvo no

acasalamento.

3. 60 dias antes do IA ou entoure: A pesagem durante esse período auxilia

a identificar se o rodeio de novilhas segue sendo dividido em ponta e

cola. Nesse sentido, sendo identificado um número considerável de

animais na cola, esses animais devem receber um tratamento

diferenciado (suplementação ou pastagem de inverno) para que possam

chegar com o mesmo peso dos animais ponta para poderem ser

acasaladas ou inseminadas.

Em relação a data de parição, este é um dado confiável para

organizarem-se os rodeios de cria, pois podem-se realizar as inseminações (IA

ou IATF) e entoure em momentos diferentes de acordo com a data de parição.

Exemplificando, vacas que pariram no cedo irão retornar ao cio antes de vacas

que pariram no meio ou no final da época de parição, sendo assim as primeiras

devem ser entouradas ou inseminadas antes das demais fêmeas em

reprodução. No entanto, sabe-se que o grande limitante para formação de

rodeios de acordo com a época da parição (início, meio e fim) é o espaço físico

existente que está cada vez mais reduzido para os rodeios de cria. Desse modo,

indica-se a separação inicialmente em lotes de parição cedo e tarde para que

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possamos identificar o melhor momento para iniciar a estação de monta em

cada um dos lotes do rodeio de cria.

A organização dos rodeios de cria é extremamente eficiente

quando identifica-se o problema e tão logo realiza-se a correção do mesmo.

Desse modo, pode-se concluir que a preparação dos rodeios é indicada para

identificar os animais que apresentam desempenho desfavorável e corrigir essa

situação com alguma alternativa nutricional ou sanitária eficiente para que as

fêmeas em reprodução chamadas de “lote cola” antes da estação monta,

apresentem o mesmo desempenho reprodutivo que os animais chamados

como “lote ponta”.

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TÓPICO 5

Manejo do pasto com rodeios de cria

cria é uma etapa fundamental para a rentabilidade da

produção pecuária, pois é a partir dela que produzimos a

matéria-prima (terneiros e terneiras) do produto final da

pecuária que são os animais para abate e as novilhas para a manutenção do

rebanho e da atividade. Para que possamos produzir matéria-prima de

qualidade com lucro, temos que ter vacas que produzam um terneiro por ano,

terneiros que sejam desmamados com peso entre 180 e 200 kg e novilhas que

ao parirem consigam repetir prenhez.

Esse sistema de produção, a cria, tem como base alimentar o campo

nativo, e em alguma medida, pastagens cultivadas de inverno. E para que

possamos ter um sistema de produção lucrativo esse sistema deve ter alta

produtividade, como vimos anteriormente. Para que possamos atingir os

A

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objetivos colocados acima, devemos suprir as demandas nutricionais nas

diferentes épocas do ano.

No entanto, antes de qualquer coisa devemos conhecer alguns conceitos

relativos ao manejo do pasto.

A Lotação é muito utilizada para termos uma idéia da quantidade de

animais que temos pastando em uma área. A lotação é o número de Unidades

Animais (UA) que temos por hectare, sabendo que 1 UA equivale a 450 kg de

Peso Vivo(PV).

Outra forma de sabermos qual a quantidade de animais temos em uma

área é através da Carga Animal (CA). A CA é a quantidade em quilos de peso

vivo que temos em um hectare.

A seguir temos um exemplo de cálculo da Lotação e da Carga Animal.

Imaginemos um lote de 50 vacas adultas pesando em média 450 kg cada

vaca em um potreiro de 80 hectares (ha), lembrando que 1 UA equivale a 450

kg.

Lotação= Número de UA / Área

Lotação= 50 UA / 80 hectares

Lotação = 0,4 UA / ha

Carga Animal= quilos de peso vivo/ Área

Carga Animal= Peso médio dos animais x Número de animais / Área

Carga Animal= 450 kg x 50 vacas / 80 hectares

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Carga Animal= 281,25 kg / há

Um conceito muito importante para podermos dar condições para que

os animais se alimentem bem é a Oferta de Pasto. A oferta de pasto é a

quantidade de pasto que os animais têm a disposição para pastar. É importante

que os animais tenham a sua disposição cerca de 4 a 5 vezes a sua capacidade

de consumo para que eles ganhem em torno de 400 gramas por dia. Um animal

consome cerca de 2,5% do seu peso vivo, é necessário que se disponibilize a ele

cerca de 10 a 12,5% do seu peso vivo. Portanto dizemos que a oferta de pasto

ideal para que os animais ganhem 400 gramas é de 10 a 12,5%.

Sabendo que a produção de pasto varia durante o ano, ou seja, produz

mais na primavera-verão e menos no outono-inverno, e além de sabermos que

ocorrem variações de ano para ano, é necessário que saibamos o que produz

certa pastagem em determinada época do ano, para que possamos aproveitar

o pasto de forma eficiente, fazendo com que os animais tenham suas

exigências de nutrientes atendidas, e de forma que a pastagem produza ao

longo dos anos sem que seja necessário reformar pastagens. Dessa forma

teremos uma produção sustentável.

A partir da medida da produção de forragem em cada potreiro podemos

ajustar a quantidade de animais que serão colocados nestes potreiros, ou seja,

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a Lotação e a Carga Animal, permitindo que eles possam consumir o pasto

segundo suas exigências e o objetivo que queremos (ganho de peso para

acabamento, ganho de peso moderado para crescimento, manter o peso,

etc...).

Medir a altura do pasto talvez seja a forma mais prática e fácil de

manejarmos o pasto. Muitos trabalhos mostram que a altura do pasto esta

associada à produção de forragem.

A medida da altura do pasto pode ser feita com uma régua, fazendo-se

várias medidas em um potreiro e depois, fazendo-se uma média, ou seja, se

fizermos 5 medições da altura do pasto em um potreiro, por exemplo,

somaremos a altura do pasto de cada medição e depois dividiremos pelo

número de medições que neste caso são 5 medições.

Altura do Pasto = altura do pasto 1 + altura do pasto 2 + altura do pasto

3 + altura do pasto 4 + altura do pasto 5 / número de medições

A maneira mais utilizada para medir o pasto com régua é medirmos

desde o solo até a dobra da folha mais alta, assim temos a altura do pasto,

onde 10 cm de altura do pasto equivalem a 1700 kg de MS por hectare e cada

cm adicional representa em torno de 100 kg de MS por hectare.

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Outra forma de termos uma idéia da altura do pasto seria compararmos

com a altura do tornozelo ou do pé do campeiro. Se o pasto está cobrindo o

tornozelo da pessoa, o pasto terá em torno de 10 cm, se estiver cobrindo o pé,

o pasto terá em torno de 5 cm de altura, assim devemos tomar atitudes

diferentes quando ocorre cada situação, que veremos mais adiante.

A altura do pasto se torna mais importante quando passamos a

considerar como o animal se alimenta ou apreende o pasto, através do que

chamamos bocado.

Cada vez que o animal abaixa a cabeça para pastar, ele utiliza a língua

para segurar o pasto e arranca uma porção de pasto. Toda vez que isso ocorre,

o animal come cerca de 50% da altura do pasto. Portanto, se o pasto tem 10

cm de altura o animal vai comer 5 cm e vai deixar 5 cm; se o pasto tem 5 cm de

altura o animal vai comer 2,5 cm e vai deixar 2,5 cm. Por isso que, se o pasto

está baixo o animal vai comer menos em cada bocado. Portanto ele terá que

dar mais bocados para conseguir suprir as demandas do corpo; ele vai passar

mais tempo pastando, gastando energia, e menos tempo ruminando e

digerindo o alimento, resultando em menor ganho de peso ou até mesmo em

perda de peso, quando o pasto esta tão baixo que o animal come uma

quantidade de pasto que não permite que nem as funções básicas do corpo

sejam supridas e o animal passa a utilizar as reservas do próprio corpo para

viver.

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Rapidamente podemos perceber que a altura de pasto é determinante

para a produção de um estabelecimento que produz bovinos de corte, pois o

ganho de peso pode determinar maior prenhez, animais desmamados mais

pesados, maior repetição de prenhez e assim por diante.

A forma que podemos manipular a altura do pasto é através da Lotação

e da Carga Animal. Outra forma de aumentarmos a altura do pasto é através

da adubação do pasto, fazendo com que a planta cresça, produza mais que os

animais consomem, aumentando, assim, sua altura.

Quando temos uma Lotação muito alta em um determinado potreiro, a

altura do pasto cai e podemos chegar ao ponto dos animais perderem peso.

Outro efeito que ocorrerá será que o pasto não terá folhas para fazer

fotossíntese podendo levar à morte da planta ou atraso no rebrote levando a

animais improdutivos, seja na engorda como na reprodução.

Quando temos uma Lotação muito baixa o pasto vai crescer demais, vai

perfilhar menos e entrará em estágio reprodutivo, ou seja, o pasto vai florescer

e o campo vai acabar engrossando, diminuindo a qualidade da forragem,

diminuindo a produtividade do pasto.

O que queremos é o que está entre o campo muito baixo e o campo

muito alto. Como já referimos anteriormente a quantidade e qualidade do

pasto varia durante o ano e entre os anos, por isso a Lotação não pode ser a

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mesma todo o tempo. A seguir trataremos das alturas de pasto ideal para as

diferentes categorias animais.

Terneiras

As terneiras são desmamadas geralmente em Março. Normalmente,

devem-se reservar potreiros de alta qualidade para esta categoria. Em Maio,

nas propriedades que cultivam azevém, ou mesmo em campos nativos

melhorados, esta categoria deve ser prioritária na utilização destes potreiros. O

pasto para estes animais não necessita estar muito alto, em torno de 5 cm de

altura é suficiente para que este animais ganhem peso moderado, em torno de

100-200 grama, desde que seja pasto de qualidade durante o Outono-Inverno.

Vaquilhonas

Na primavera é o momento que esta categoria deve obter os maiores

ganhos de peso em virtude da disponibilidade de forragem que ocorre durante

esta estação do ano e além da qualidade do pasto devido ao rebrote. Se

pudermos trabalhar com o pasto um pouco mais alto seria o ideal. O campo

nativo e Azevém em torno de 8 cm de altura, deve proporcionar ganhos de

400-600 gramas por dia, visando a primavera seguinte, onde estas terneiras

serão entouradas ou inseminadas como novilhas.

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No verão o campo irá engrossar naturalmente, portanto, devemos dar a

oportunidade para os animais selecionaram o pasto para sua alimentação. Se

deixarmos o pasto com 10 cm de altura, os animais terão a possibilidade de

escolher sua dieta.

Novilhas

O objetivo das novilhas é ficarem prenhes aos dois anos, para isso, é

necessário que elas cheguem à Primavera com 320-340 kg com condição

corporal boa. Para que isso ocorra, elas terão que ganhar peso moderado

durante o Outono-Inverno, em campo nativo com boa oferta, ou seja, com no

mínimo 8 cm de altura. Com essa altura esses animais serão capazes de ganhar

de 200-300 gramas por dia. Ao chegarem a Primavera esses animais

conseguirão aumentar esse ganho e terão uma melhor condição corporal. Após

a estação de monta e/ou inseminação, esse animais podem continuar em

campo nativo com 5 cm de altura durante o Verão e parte do Outono. No terço

final da gestação as novilhas devem pastar em campos com 8 cm de altura, já

que neste período as exigências do feto aumentam, por isso a novilha deve ter

mais pasto, para suprir as exigências do feto e não perder a condição corporal

que ela ganhou durante a Primavera e pois ela necessitará desta condição

corporal para amamentar o terneiro e repetir cria na próxima estação de

reprodução, já que ela será uma primípara.

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Primíparas (Novilhas de primeira cria)

Se for possível reservar uma área de Azevém com altura de 8 cm para

destinar as novilhas que pariram seria interessante, ou então em campo nativo

de boa qualidade e altura de 10 cm, já que a amamentação é uma fase crítica

para as primíparas, pois exige muito do animal e se quisermos, e devemos

querer, que elas retornem ao cio e concebam novamente na próxima estação

de reprodução, as primíparas não devem perder condição corporal e por isso

deve ter pasto em quantidade e qualidade. Nesta fase não podemos

desconsiderar o desmame precoce para que as novilhas não percam muita

condição corporal.

Vacas adultas

Depois de cumprida a fase de crescimento dos animais eles chegam a

maturidade. Nesta fase as exigências caem muito. As vacas adultas têm

basicamente três exigências:

Mantença, energia para manter seu organismo funcionando bem;

Gestação, energia para suprir as suas necessidades e do feto durante a

gestação; e

Amamentação, energia para produzir leite para o terneiro.

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As vacas adultas não necessitam de alimento de alta qualidade, mas sim

de alimento em quantidade. Desde que haja quantidade de pasto, não é

necessário reservar as melhores pastagens para vacas adultas, basta que sejam

destinados as vacas os campos médios com boa disponibilidade de forragem.

Depois da parição as vacas podem ficar em campo nativo com 5 cm de altura

até o desmame. Após o desmame as exigências nutricionais caem e as vacas

podem permanecer em campos médios desde que com boa oferta em torno de

8 cm de altura, os campos de outono tem menor qualidade que na primavera,

por isso deve-se proporcionar que os animais selecionem sua dieta. No terço

final da gestação é importante que as vacas ganhem condição corporal,

preparando-se para a parição e amamentação. Para tanto, basta que deixemos

as vacas em campo com 8 cm de altura durante o fim do Inverno o início da

Primavera. Ultimamente, tem-se utilizado palha de arroz suplementado com

sal proteinado como forma de manter as vacas de cria adultas concentradas

em potreiros menores, a baixo custo, no intuito de termos espaços para outras

categorias que possuem maiores exigências.

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Mês Altura do

pasto (cm)

Campo

Nativo Pastagem

Idade

(meses)

Março 5 X 7

Abril 5 X 8

Maio 5 X 9

Junho 5 X 10

Julho 5 X 11

Agosto 5 X 1 ano

Setembro 8 X X 13

Outubro 8 X X 14

Novembro 8 X 15

Dezembro 8 X 16

Janeiro 10 X 17

Fevereiro 10 X Sobre ano

Março 10 X 19

Abril 8 X 20

Maio 8 X 21

Junho 8 X 22

Julho 8 X 23

Agosto 8 X 2 anos

Setembro 8 X 25

Outubro 8 X 26

Novembro 8 X 27

Dezembro 5 X 28

Janeiro 5 X 29

Fevereiro 5 X 30

Março 5 X 31

Abril 5 X 32

Maio 8 X 33

Junho 8 X 34

Julho 8 X 35

Agosto 10-8 X X 3 anos

Setembro 10-8 X X 37

Outubro 10-8 X X 38

Novembro 10-8 X X 39

Dezembro 5 X 40

Janeiro 5 X 41

Fevereiro 5 X 42

Março 5 X 43

Abril 5 X 44

Maio 5 X 45

Junho 8 X 46

Julho 8 X 47

Agosto 8 X 4 anos

Figura 8. Disponibilidade forrageira no decorrer dos anos.

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TÓPICO 6

Preparo, cuidados e uso dos touros durante o entoure

s touros são responsáveis por 95% dos nascimentos no Rio

Grande do Sul, ou seja, a grande maioria dos sistemas de

acasalamento ocorre pela monta natural onde a

participação do touro é decisiva para a eficiência reprodutiva do rebanho. Sua

importância deve-se principalmente ao fato de ser responsável por 90% da

genética de um rebanho, podendo deixar em sua vida útil uma média de 100

terneiros.

Para garantirmos o desempenho esperado são necessários preparos e

cuidados para uma ótima utilização dos touros durante o entoure, sendo

primeiramente importante um planejamento das atividades que deverão

ser realizadas antes e durante o entoure:

O

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ANTES DO ENTOURE

Exame andrológico (ver o próximo item)

Definição das relações touro/vaca (1:25, 1:30 ou 1:40) que serão

utilizadas separando os touros de acordo com a idade e com grupos de

serviço adequados; para tanto pode-se definir os potreiros conforme a

tabela abaixo:

Touros recentemente

adquiridos e de primeiro serviço

Potreiros que possibilitem controles

mais freqüentes (no máximo 2 a 3 dias);

Touros jovens potreiros menores e em percentual de

4% em relação ao número de fêmeas

Touros maduros (+ 3 anos) um percentual de 2,5 % ao número de

fêmeas;

Figura 9. Relação entre touros e adequações necessárias

DURANTE O ENTOURE

Colocar os touros em serviços somente quando houver no mínimo 2,5%

de fêmeas ciclando;

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Observar continuamente a condição corporal do touro em serviço, o

ideal é a utilização de touros com estado corporal 4 (escala 1 a 5), sendo

necessário a substituição dos touros que apresentarem condição

corporal menor do que 3 (realizar exame clínico para descartar

enfermidades) e de touros que apresentem condição corporal 5,pois

estes serão touros muito pesados para trabalharem a campo,ou seja,

apresentarão dificuldades para cobrirem as vacas.

EXAME ANDROLÓGICO

Os índices produtivos da bovinocultura de corte ainda necessitam de

melhorias no Rio Grande do Sul. Destacam-se limitações relativas à taxa de

desmama, limitações relativas ao uso da inseminação artificial e baixo uso

de reprodutores avaliados por meio do exame andrológico (apenas 10% dos

pecuaristas selecionam seus touros, antes da temporada reprodutiva, por

este método).

Com o objetivo de quantificar as causas de inaptidões de touros de corte

no Estado do Rio Grande do Sul com base no exame andrológico foi

desenvolvido um trabalho chamado: Inaptidões no exame andrológico de

touros de corte; Sobre o qual temos alguns apontamentos importantes:

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Foram avaliados 30.700 touros no Rio Grande do Sul das raças

Abeerden Angus, Red Angus, Hereford, Polled Hereford, Devon,

Shorthorn, Brangus, Braford, Montana, Santa Gertrudis, Charolês,

Limousin, Nelore e Tabapuã.

Dentre as etapas do exame andrológico, o exame clínico especial foi o

que apresentou os maiores percentuais de inaptidões, sendo que

13,71% os touros de dois e três anos de idade apresentaram-se

inaptos, enquanto que, em touros de mais de três anos de idade, o

percentual de inaptidão foi superior a 22%.

Esses resultados sugerem que, com o aumento da idade, há uma

maior predisposição de inaptidões de touros, reforçando a

necessidade de realização de todas as etapas do exame andrológico,

anterior à temporada de monta.

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Resultados totais obtidos no período 2001 - 2004

Ano Número de touros avaliados % de eliminados

2001 30700 4,59% (1409 touros)

2002 29291 6,80% (1992 touros)

2003 27299 4,58% (1250 touros)

2004 14134 4,29% (606 touros)

Figura 10. Relação entre o número de touros avaliados em quatro anos e a

porcentagem eliminada por ano.

Ano % de Touros 2 e 3 anos

descartados

% de Touros de 4 anos ou mais

descartados

2001 2,22 8,47

2002 6,08 8,06

2003 3,93 5,74

2004 3,43 5,47

Figura 11. Comparação da porcentagem (%) de touros de diferentes idades

descartados.

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Ambiente e zona de conforto térmico

AmbienteAmbiente

TROPICAL X TEMPERADO

SUBTROPICAL

IBGE (2004).

Figura 12. Ambiente

O RS está em um zona de clima subtropical, ou seja, apresenta tanto o

clima temperado como o clima tropical. Desse modo, torna-se importante que

durante a escolha de touros para serem colocados em um rebanho de cria,

considera-se o nível de adaptação dos reprodutores tanto a temperaturas

baixas (inverno) como para temperaturas elevadas (verão).

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40

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

taurino zebuino

Te

mp

era

tura

am

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nte

(G

rau

s C

els

ius

)

Taurino Zebuíno

Zona de Conforto TZona de Conforto Téérmicormico

BIANCA (1970); HAHN (1976); SALEM et al. (1882).

Figura 14. Zona de conforto térmico de animais

A zona de conforto térmico é aquela em que o desempenho animal em

função do ambiente é ótima, sendo que fora desta zona os animais necessitam

de compensações para o ajuste da temperatura. Como mostra o gráfico acima

a zona de conforto térmico é mais elevada para animais de origem zebuína em

relação aos animais de origem taurina o que significa que sofrem menos com o

calor e mais com o frio.

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Escore da Condição Corporal do Touro

1- Muito magro – Há total visibilidade das costelas. Há atrofia muscular

evidente

2- Magro – Os ossos estão bastante salientes. As costelas têm pouca

cobertura. A pele está firmemente aderida ao corpo

3- Médio – Há suave cobertura muscular. As costelas estão quase cobertas

e a pele está flexível podendo ser levantada com facilidade.

4- Gordo – Há boa cobertura muscular e algum depósito de gordura. As

costelas estão completamente cobertas. Camperamente diz-se que o

animal está com carne branca.

5- Obeso – Todos os ângulos do corpo estão cobertos, aparecendo gordura

depositada na base da cauda e na maçã do peito. Está pronto para o

abate não para montar e emprenhar vacas a campo.

Hierarquia

Existem fatores hierárquicos que podem influenciar no desempenho

reprodutivo e, portanto, econômico. Esses fatores fazem parte do instinto

animal e devem ser levados em conta no planejamento do entoure, temos

como exemplos:

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O tempo de permanência do touro na propriedade determina

dominância para os mais antigos.

Touros muito jovens ou muito velhos são dominados.

Touros mais pesados são dominantes.

Touros aspados são dominantes frente aos mochos.

Entre touros de dois anos a hierarquia é instável, mas em touros adultos

ela se estabiliza.

Se os touros dominantes apresentarem patologias impeditivas para a

reprodução, corre-se o risco de se ter uma diminuição nos índices de

natalidade na propriedade.

Portanto:

Não utilize potreiros grandes para touros jovens e utilize-os em grupos,

se necessário, da mesma idade.

Após a temporada de monta junte todos os touros e se possível avalie-os

novamente, no mínimo, em um exame físico.

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Herdabilidade

Fatores Características Herdabilidade

Reprodução Fertilidade = maturidade sexual –

facilidade de parto – natalidade –

intervalo entre partos – sobrevivência

(índice de desmama)

Baixa

Produção Peso ao nascer; peso ao desmama; taxa

de crescimento (ganho de peso);

conversão alimentar

Média a alta

Produto Quantidade e qualidade de carne

produzida (área de olho de lombo e

marmoreio)

Média a alta

Figura 15. Relações de fatores e sua herdabilidade

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TÓPICO 7

Manejo Sanitário do gado de cria

manejo sanitário de uma propriedade rural, assim como a

nutrição, reprodução, genética e a gestão é uma prática

muito importante para o sucesso da empresa.Desse modo,

se não for realizado de forma correta, certamente irá prejudicar a produção

animal proporcionando um menor retorno econômico.

O manejo sanitário está diretamente relacionado com a saúde do

rebanho. É um conjunto de atividades veterinárias que visam PREVENIR ou

TRATAR doenças dos animais. Como exemplo de medidas que visam à

prevenção de doenças, podemos destacar a utilização de vacinas, vermífugos,

desinfecção de umbigo, limpeza e desinfecção de instalações e ingestão de

colostro.

Vacinas

A vacinação é uma prática rotineira sendo uma das principais práticas de

manejo sanitário de uma Estância. Ela representa boa relação custo-benefício

O

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para o produtor, evitando uma série de enfermidades. O principal OBJETIVO da

vacinação é a proteção dos animais contra as enfermidades existentes no

rebanho. As vacinas são substâncias que introduzidas no animal levam a uma

reação de defesa do organismo semelhante ao agente que causaria a doença.

Assim, este animal se torna “protegido”.

O correto manuseio das vacinas é importante para manter a integridade

do produto. As vacinas devem ser conservadas e aplicadas de acordo com as

recomendações do fabricante. NUNCA utilizar vacinas com prazos de validades

vencidos.

Algumas vacinas são OBRIGATÓRIAS e controladas pelo governo (Febre

Aftosa e Brucelose) e outras são NÃO OBRIGATÓRIAS (Carbúnculo, Clostridioses

e vacinas reprodutivas). As principais doenças que acometem um rebanho de

cria e podem ser controladas com um bom manejo sanitário estão descritas

abaixo:

Febre Aftosa

A Febre Aftosa é uma virose que ataca animais de casco dividido em duas

partes (bovinos, ovinos, caprinos e suínos). Os sintomas são febre, vesículas e

aftas nas narinas e boca, salivação e inflamação dos cascos. Esta enfermidade

possui grande importância econômica, devido a sua rápida difusão. Também

ocorrem perdas na produção e comercialização de animais e

conseqüentemente nos produtos de origem animal.

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A vacinação contra a Febre Aftosa é obrigatória, devendo-se seguir

rigorosamente as orientações do órgão de defesa sanitária estadual. A

vacinação no Rio Grande do Sul é realizada nos meses de maio e novembro,

sendo que em maio se procede com a vacinação de todos os animais e em

novembro apenas naqueles animais com até 24 meses de idade.

Brucelose

A brucelose é uma doença contagiosa que acomete não só os animais,

mas também o homem (zoonose). É uma das doenças mais importantes nos

bovinos, assim como em saúde pública. Animais acometidos pela enfermidade

produzem menos leite, ocorrem abortos nos últimos três meses da gestação,

diminui a produção de terneiros, interferindo dessa maneira no programa de

reprodução do rebanho bovino.

O controle da Brucelose também é obrigatório e deve ser feita através da

vacinação de fêmeas com 3 a 8 meses de idade. A vacinação deve ser realizada

por um técnico cadastrado na inspetoria veterinária da região. Quando se

realiza a vacina procede-se com a marcação de um “V” e o último dígito do

ano, no lado esquerdo da cara da fêmea. Exemplos: no ano de 2010 a marca

que deve ser utilizada é o V0, no ano de 2011, a marca é V1.

Clostridioses

As clostridioses são bactérias que penetram no organismo do animal

através de alimentos contaminados, feridas ou por inalação, quando

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encontram condições adequadas, passam a se multiplicar, produzindo toxinas e

os quadros patológicos.

As principais clostridioses que acometem o rebanho bovino são:

Gangrena Gasosa, Enterotoxemia, Carbúnculo Sintomático, Hemoglobinúria,

tétano e Botulismo.

A prevenção das clostridioses é muito importante, pois, trazem prejuízos

com mortes muito rápidas e o seu tratamento, quando possível, tem baixa

eficiência. A utilização das vacinas polivalentes (que previnem todas as

doenças) é recomendada para machos e fêmeas a partir dos 3 meses de idade.

Deve ser feito um reforço em aproximadamente 30 dias para os animais

vacinados pela primeira vez. Posteriormente o reforço é de 6 em 6 meses ou

anualmente, de acordo com critérios do Médico Veterinário.

Doenças da Reprodução

Uma das patologias ligadas à reprodução é a Rinotraqueíte Infecciosa

Bovina (IBR). É uma doença causada por um vírus e provoca grandes perdas

econômicas. Os sinais observados são: abortos e morte de terneiros recém-

nascidos. Animais acometidos servem de fonte para aumentar a disseminação.

A contaminação também pode ocorrer através da monta natural ou pelo

sêmen. O controle é realizado através de vacinação antes do início da estação

de monta.

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Outra patologia importante ligada à reprodução é a Diarréia viral bovina

(BVD). Esta doença também é causada por um vírus e transmitida pela placenta

ou contato direto entre os animais, fezes, fetos abortados. Assim como na IBR,

a monta natural também pode contribuir para a contaminação das vacas. Esta

doença provoca abortos, principalmente durante os primeiros 3 e 4 meses de

gestação, infertilidade e atraso no desenvolvimento dos animais infectados. A

diarréia aparece como sintoma, geralmente em rebanhos contaminados, na

faixa etária de seis meses a um ano de idade. O controle é feito através de

vacinação.

A vacinação contra IBR e BVD tem por objetivo, proteger o animal contra

a infecção. Machos e fêmeas a partir dos 3 meses de vida devem ser vacinados

. De forma geral, deve ser feito o reforço após 30 dias para os animais

vacinados pela primeira vez, sendo recomendada a revacinação semestral ou

anual, dependendo da indicação do médico veterinário. Recomenda-se

também, vacinar os bovinos em fase de reprodução pelo menos um mês antes

do começo da estação de monta. No entanto, são vacinas caras e geram nível

de proteção baixo, em torno de 60%. Desse modo, recomenda-se que se faça

um exame sorológico para doenças reprodutivas nas novilhas 6 meses antes da

estação de monta, para identificar se existe a presença dos Vírus para IBR/BVD

no seu rebanho (geralmente identifica-se a presença em rebanhos onde não

controlam-se aborto e não vacinam para essas doenças reprodutivas). Além

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disso, o controle do número de abortos na fase inicial de prenhez é um outro

bom indicador de que IBR/BVD estão sendo prejudiciais para o rebanho de

cria.

A terceira doença e a mais importante ligada à reprodução é a

Leptospirose. Esta doença é de distribuição mundial e mais comum em áreas

ou estações de clima quente e úmido, e principalmente com abundância de

água. A urina é a principal fonte de infecção. O aborto ocorre de 6 a 12

semanas após a instalação da infecção, sendo a maioria dos casos na segunda

metade da gestação. Fetos infectados nos últimos dias de gestação podem

nascer fracos ou mortos.

A vacinação tem por objetivo proteger o bovino contra infecção pelos

microorganismos do gênero Leptospira, que podem causar nos animais

infertilidade, aborto, mastite e até a morte. Esta vacinação pode ser realizada

em ambos os sexos a partir dos 3 meses de idade, com aplicação de dose de

reforço após 30 dias para os animais vacinados pela primeira vez. No entanto, é

recomendada a vacinação semestral ou anual, dependendo do nível de

infestação da região, somente nas categorias em reprodução (Novilhas, Vacas

de Cria e Touros), pois o principal prejuízo da leptospirose é o aborto.

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Parasitos externos (Ectoparasitos)

Carrapatos

O carrapato dos bovinos é o Boophilus microplus. Algumas perdas podem

ser citadas como: queda na produção, anemia, baixo desmame e produção de

terneiros, baixo ganho de peso, bicheiras (miíases), defeitos no couro e

transmissão dos agentes da Tristeza Parasitária Bovina (TPB).

Para que haja o controle efetivo da infestação por carrapatos, é

necessário conciliar o uso correto de carrapaticidas com o manejo dos animais

e da pastagem, pois 95% do carrapato estão no ambiente e somente 5% no

animal. A escolha do carrapaticida deve ser de acordo com o resultado obtido

no Biocarrapaticidograma, sendo esse um exame realizado gratuitamente pelo

IPV (órgão do estado) para determinar qual carrapaticida é mais eficiente para

o tipo de carrapato que se tem em cada fazenda. Para melhor compreensão de

como realizar esse exame, segue a sequência recomendada para definir-se qual

o produto mais indicado para o controle do carrapato em cada fazenda:

1. Coletar cerca de 50 carrapatos dos bovinos na mangueira.

2. Colocar os carrapatos em um pote com pequenos furos na tampa

3. Enviar para o IPVDF (Eldorado do Sul,RS) para realização do

exame.

4. O exame indica qual o medicamento que é 100% eficiente para

controle do carrapato.

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Atualmente para o controle de carrapato têm-se medicamentos com

diferentes formas de apresentação (Injetável, Imersão, Aspersão e Pour-on).

No entanto, a forma de agir dos medicamentos e os princípios ativos são muito

semelhantes, contribuindo assim para apresentação da resistência do

carrapato aos produtos que se encontram no mercado. Desse modo, é

fundamental que o capataz e a sua equipe tenham o olho treinado para

identificar o que é um animal pouco, médio e muito carrapateado,pois a

identificação da hora correta de banhar os seus animais será um dos principais

fatores para uma fazenda apresentar resistência ao carrapato ou não. Além

disso, podem-se mencionar outros fatores importantes no controle do

carrapato:

O intervalo entre banhos não deve ser inferior a 21 dias, caso seja,

esse rebanho está com problema de resistência ao medicamento

utilizado.

Antes de utilizar o banheiro de imersão coletar a calda do mesmo e

avaliar em laboratório se a dosagem está correta ou não.

Alguns cuidados devem ser tomados quando se utiliza os banheiros de

imersão, como por exemplo:

Não banhar os animais em dias chuvosos,

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Homogeneizar bem o produto no banheiro antes de iniciar o

banho.

Cuidar para que o produto cubra todo o corpo do animal.

Também é necessário ter um rígido controle com a quantidade de

produto dentro do banheiro.

É recomendado que se tenha um controle do volume de água que

é perdido ou que entre no banheiro para fazer a recarga na

quantidade adequada evitando assim problemas de subdosagem

do produto (medicamento diluído demais).

Mosca dos chifres (Haematobia irritans)

Recebe este nome devido ao hábito de se agruparem ao redor dos

chifres, região do cupim e dorso do animal. O tratamento é relativamente fácil,

pois, a maioria dos carrapaticidas age contra a mosca. Também, podem ser

utilizados inseticidas misturados aos aditivos alimentares. Embora seja um

animal pequeno, causa um grande problema para os animais. Causa muita

irritação pelas picadas deixando o animal agitado prejudicando o desempenho

do mesmo.

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Bernes (Dematobia honinis)

É conhecida popularmente como “mosca do berne”. Nos bovinos, os

bernes localizam-se preferencialmente na região das costelas, lombo, paletas e

nas patas dianteiras. Isso ocorre por serem as partes mais desprotegidas dos

animais, facilitando a deposição dos ovos da mosca do berne pelas moscas e

mutucas. Pode ocorrer formação de abscessos e até instalação de bicheira.

O tratamento deve ser realizado quando da presença do parasito,

podendo-se utilizar produtos em pulverização ou “pour-on”.

Bicheiras (Cochliomyia hominivorax)

São conhecidas popularmente como “mosca da bicheira” ou “moscas

varejeiras”, depositam seus ovos na borda de ferimentos recentes dos animais.

Alimentam-se de tecido em decomposição e dependendo da gravidade, podem

levar o animal à morte. As bicheiras são mais abundantes durante os meses

mais quentes do ano como no verão.

Como medida de controle das bicheiras é recomendada as recorridas de

campo para inspecionar os animais. Caso encontre um animal com feridas

abertas ou com a bicheira já instalada é necessário tratar imediatamente para

evitar futuras complicações. Cuidados no manejo dos animais é um fator

importante para evitar ferimentos e uma possível fonte de instalação da

mosca.

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Para a cura das bicheiras são indicadas a limpeza e desinfecção da ferida

e após, aplicação de matabicheiras com ação inseticida e repelente.

Parasitos internos (Endoparasitos)

São chamados de “verminoses”, causados por parasitos que se instalam

nos órgãos internos dos bovinos, como: intestinos, rúmen, pulmões, fígado,

etc. Nos bovinos de corte em criação extensiva idade em que ocorrem os

maiores prejuízos é entre o desmame e os 24 meses, ocorrendo com maior

freqüência após o desmame.

A utilização de vermífugos é muito importante para o controle das

verminoses. A infestação por vermes intestinais piora a conversão alimentar,

exigindo uma maior quantidade de pasto para o desenvolvimento do animal.

Os programas de controles parasitários visam maximizar a saúde dos animais

melhorando a produtividade dos mesmos. As infestações parasitárias variam

amplamente para cada região, por isso, é recomendado que sejam planejados

os programas de controle de acordo com a realidade específica da propriedade.

Cura do Umbigo

O umbigo do bezerro recém nascido é uma porta de entrada de

infecções que podem prejudicar o desenvolvimento do animal. Para evitar

prejuízos deve se proceder à cura do umbigo com produtos a base de iodo. O

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iodo deve ser utilizado somente no umbigo, evitando o contato direto com a

pele do animal. Não é recomendado o corte do umbigo a menos que esteja

muito grande.

Planejamento Sanitário

Para se obter um bom resultado sanitário é necessário que seja realizado

um PLANEJAMENTO sanitário da Estância. Neste planejamento é necessário se

determinar um CALENDÁRIO SANITÁRIO e definir o MANEJO OPERACIONAL que

será realizado.

O calendário sanitário deve ser definido com um Médico Veterinário de

acordo com as principais doenças que acometem a região da propriedade,

calendário oficial de vacinações, clima, sexo e idade dos animais. Este

calendário deve ser constantemente avaliado para ver se realmente esta

protegendo o rebanho contras as enfermidades.

Com a definição dos períodos de realização da vacina é possível se

organizar para definir com antecedência a época de compra e a quantidade de

produtos que devem ser adquiridos.

O manejo operacional também deve ser planejado com antecedência

para evitar transtornos e evitar trabalho dobrado no momento de vacinar os

animais. Primeiramente deve ser definido o responsável pela organização do

trabalho. Posteriormente, definir quais os animais que serão vacinados,

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conferir o estoque de medicamentos e as condições dos equipamentos e das

mangueiras onde serão manejados os animais. A manutenção das instalações e

equipamentos deve ser realizada anteriormente para o bom desempenho da

atividade. Outro ponto muito importante é o estoque de peças de reposição de

aparelhos de vacina para trocar no momento que algum estragar.

O responsável pela aplicação da vacina deve ser uma pessoa treinada

para realizar a tarefa. Deve estar focada na sua atividade evitando acúmulo de

funções levando a erros na aplicação do produto.

Geralmente as vacinas são aplicadas por via subcutânea (em baixo da

pele) ou intramuscular. Para vacinação subcutânea utilize agulhas com

tamanho de 10x15, 10x18 ou 15x15. A correta aplicação da vacina é feita na

tábua do pescoço puxando a pele do animal e deixando o aparelho em posição

paralela ao corpo do animal. O ideal para este manejo é que o animal esteja

contido no tronco de contenção.

Dicas para manejo sanitário:

Estabelecer um calendário sanitário com orientação técnica

Adquirir produtos de fornecedores e revendedores idôneos

Conservar os produtos de acordo com as recomendações do

fabricante

Conservar as vacinas em geladeiras com temperatura de 2º a 8ºC

Vacinar todos os animais previstos

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Não vacinar animais doentes ou estressados

Agitar bem o frasco para homogeneizar o produto

Descartar frascos utilizados (incinerar)

Utilizar seringas e agulhas limpas e esterilizadas (com fervura)

Trocar a agulha a cada grupo de 10 animais

Vacinar de preferência na tábua do pescoço

Animais novos na propriedade devem ser vacinados e observados

Anotar os registros das vacinações

Realizar a manutenção dos aparelhos de vacinas

Ter um estoque (farmácia) de medicamentos mais utilizados na

propriedade

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APONTAMENTOS

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