Cursos de Pós, MBA, Licenciatura e Extensão ...3.4 os impactos 36 3.5 A construção sustentável...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL A LOGISTICA REVERSA E A CONSTRUÇÃO CIVIL: UMA QUESTAO AMBIENTAL PATRICIA NOVAES ROCHA HINGEL RIO DE JANEIRO 2010

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    CURSO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL

    A LOGISTICA REVERSA E A CONSTRUÇÃO CIVIL:

    UMA QUESTAO AMBIENTAL

    PATRICIA NOVAES ROCHA HINGEL

    RIO DE JANEIRO

    2010

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    A LOGISTICA REVERSA E A CONSTRUÇÃO CIVIL:

    UMA QUESTAO AMBIENTAL

    PATRICIA NOVAES ROCHA HINGEL

    Monografia apresentada à

    Universidade Cândido

    Mendes, como requisito

    parcial para obtenção de grau

    de especialista em Logística

    Empresarial.

    Orientador: Jorge Tadeu Vieira Lourenço

    RIO DE JANEIRO

    2010

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    Agradecimentos

    Agradeço aos meus pais, meu namorado, amigos, colegas da pós e

    trabalho por mais uma conquista de muitas que ainda estão por vir.

    E claro a Deus, que sem ele nós não somos nada.

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    A maioria das pessoas não percebeu ainda,

    mas lentamente os conceitos vão se transformando.

    Já existem consumidores que não usam

    determinadas marcas porque há comentários de que

    não pagam bem seus funcionários, que usam

    trabalho infantil ou escravo ou, ainda, que

    contaminam o meio ambiente com seus dejetos e

    não se preocupam com a destinação final do seu

    produto pós-uso. Se a empresa não se preocupar

    com o que chamo de responsabilidade empresarial,

    logo, logo começará a sofrer os danos de sua

    imagem e no seu consumo.

    Paulo Roberto Leite

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    RESUMO

    A solução para os resíduos sólidos da construção é a reciclagem, pois um grande percentual de todo esse resíduo pode ser aproveitado se não na construção, mais em outro setor de produção, como estradas, siderúrgicas etc. Assim sendo, o objetivo do nosso estudo é investigar as soluções encontradas para os resíduos sólidos da construção civil, portanto, buscamos compreender como se dá o processo de logística reversa no setor mencionado. O presente trabalho foi dividido em três capítulos, cujos temas são respectivamente: capítulo I histórico da construção civil, capítulo II: conceitos e definições da logística, capítulo III: a relação entre logística reversa, construção civil e desenvolvimento sustentável. A metodologia aplicada neste trabalho baseou-se em pesquisas bibliográficas, com leitura de artigos, teses, revistas do gênero e matérias de jornais e sites.

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    SUMÁRIO INTRODUÇÃO 05 CAPÍTULO I: A CONSTRUÇÃO CIVIL: BREVE HISTÓRICO 07 1.1 - Urbanismo e a habitação 11 1.2 - As desigualdades urbanísticas ambientais 15 CAPÍTULO II: LOGÍSTICA EMPRESARIAL: A LOGÍSTICA REVERSA EM QUESTÃO 17 2.1 - Conceituando logística reversa 18 2.2 - Fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa 20 2.3 - Informações e planejamento da distribuição física 22 2.4 - Eficiência do processo de logística reversa 23 2.5 - Bons controles de entrada 23 2.6 - Processos padronizados e mapeados 23 2.7 - Tempo de ciclo reduzidos 23 2.8 - Sistemas de informação 24 2.9 - Rede logística planejada 24 2.10 - Relações entre clientes e fornecedores 25 2.11 - A reciclagem 25 CAPÍTULO III: ASUSTENTABILIDADE E A CONSTRUÇÃO CIVIL 27 3.1 - Desenvolvimento sustentável 28 3.2 - As tentativas de proteção e recuperação do meio ambiente 31 3.3 A construção civil 35 3.4 os impactos 36 3.5 A construção sustentável 39 3.6 O meio ambiente 39 3.7 Gerenciamento de resíduos 40 3.8 - Reciclagem RCD 40 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 43

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    INTRODUÇÃO

    A construção civil por ser uma das principais atividades econômicas do

    país, ainda apresenta graves problemas de execução e construção de seus

    projetos. As empresas de construção ainda estão atrasadas em comparação

    ao mercado mundial, em relação ao tratamento de seus materiais e resíduos.

    A grande demanda habitacional durante o longo da história fez com que,

    o consumo de recursos naturais aumentasse desenfreadamente,

    independentemente de sua origem e com isso, os resíduos da construção

    fossem despejados em aterros sanitários saturados. Com a implementação do

    conceito de sustentabilidade, as empresas se vêem obrigadas a adotar novas

    medidas de produção, adequando à base ambiental, econômica, social e

    cultural para as futuras gerações, preservando ao máximo o meio ambiente.

    A necessidade de implementação de projetos habitacionais que visem o

    baixo consumo de energia e materiais não renováveis é necessidade urgente

    em todas as empresas, principalmente nas de construção civil, pois é um

    mercado que cresce no país e precisa estar de acordo com as legislações

    ambientais, pois a população e órgão públicos estão atentos para a qualidade

    dos serviços e produtos.

    A solução para os resíduos sólidos da construção é a reciclagem, pois

    um grande percentual de todo esse resíduo pode ser aproveitado se não na

    construção, mais em outro setor de produção, como estradas, siderúrgicas etc.

    Não podemos deixar de acrescentar a educação ambiental voltada para toda a

    camada da população. Desde os funcionários das empresas de construção

    civil, com certificações pontuais até a população em geral para lidar com as

    novas formas de lidar com o meio ambiente, visando às gerações futuras.

    Diante do grande consumo de recursos naturais ao longo da história da

    humanidade, perpassando pelos estágios de desenvolvimento, Revoluções,

    urbanização das cidades, comercialização de produtos advindos da

    globalização, as empresas a partir de encontros mundiais, onde a pauta é a

    escassez dos recursos naturais e a qualidade de vida da população humana

    ficou evidenciada a necessidade de adoção do conceito de sustentabilidade.

  • 8

    O crescimento populacional juntamente com o movimento cidade x

    campo, campo x cidade, fez com que a construção de residências e obras de

    infra-estrutura das cidades crescesse desenfreadamente. Em conseqüência

    desse crescimento e mobilidade, a construção civil se tornou um setor de

    importante papel no processo de desenvolvimento do país, responsável

    também, pelas bases estruturais da moderna sociedade industrial, sendo um

    dos pilares da estrutura econômica e social no processo de industrialização.

    Com esse crescimento, as atividades, seja ela no campo, indústria e nas

    cidades, a construção civil apoiada pelos governos, principalmente militares,

    proporcionou a separação de classes, impulsionando a proliferação de favelas

    no Brasil.

    É importante no urbanismo das cidades, empregando a forma de

    trabalho à população que vive dessa atividade, mas seu crescimento tomou

    proporções desastrosas por falta de regulamentação no despejo de seus

    resíduos.

    Com o conceito de desenvolvimento sustentável, as empresas vêm

    sendo obrigadas a adotar medidas e de sustentabilidade com redução de

    consumo, adequação de projetos e programas de reciclagem, educação e

    reaproveitamento de seus materiais para enquadra-se em certificações,

    priorizando sua sobrevivência econômica, a preservação dos recursos naturais

    e a sustentabilidade em suas construções e para qualidade de vida das

    gerações futuras.

    É nesta perspectiva que se insere o presente trabalho, o qual foi dividido

    em três capítulos, cujos temas são respectivamente: capítulo I histórico da

    construção civil, capítulo II: conceitos e definições da logística, capítulo III: a

    relação entre logística reversa, construção civil e desenvolvimento sustentável.

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    METODOLOGIA

    A metodologia aplicada neste trabalho baseou-se em pesquisas

    bibliográficas, com leitura de artigos, teses, revistas do gênero e matérias de

    jornais e home pages.

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    CAPÍTULO I: A CONSTRUÇÃO CIVIL: BREVE HISTÓRICO

    As primeiras cidades surgiram no interior das comunidades agrícolas

    mais ou menos 2.000 A.C., no Egito. Na Idade Média, devido ao comércio que

    já era exercido com grande intensidade, as cidades começaram sua expansão

    e a necessidade de fixação nas mesmas foi se reforçando. O aumento

    populacional aliado às migrações geradas pelo comércio e instalações de

    fábricas nos principais centros comerciais demandou a construção de

    edificações, pontes e obras de infra-estrutura para estas cidades. Inicialmente

    as construções eram feitas de madeiras, utilizando-as em grande quantidade,

    fazendo com que as florestas próximas as cidades, que cresciam em grande

    velocidade e todo o recurso natural que ajudasse na construção dessas,

    começassem a ser consumidos, sem preocupação com sua extinção (FARAH,

    1992).

    No primeiro estágio de desenvolvimento da Construção Civil, na época

    do Brasil colônia, as técnicas utilizadas na construção de fortalezas, igrejas e

    mosteiros, edifícios, aquedutos eram as mesmas que os europeus utilizavam,

    adaptadas ao meio e às condições de trabalhos coloniais. Não envolviam

    nenhum conhecimento teórico ou de pesquisa. As obras eram ‘riscadas’ e

    construídas por mestres portugueses ou por militares ‘oficiais de engenharia’

    ou ainda por padres instruídos em questões de arquitetura para a construção

    de mosteiros e igrejas (VARGAS, 1994).

    A partir do primeiro quartel do século 17, tornam-se cada vez mais

    numerosas as construções de pedra e cal, inclusive casas particulares, essas

    casas eram feitas artesanalmente, sem nenhum plano formal, às vezes pelo

    próprio morador ou seus vizinhos e amigos. No período colonial, a atividade

    construtiva consistiu principalmente na execução de edificações residenciais,

    nas propriedades rurais e nas cidades, as quais se caracterizavam pela

    uniformidade de plantas e técnicas construtivas (FARAH, 1992)

    Porém não houve muito desenvolvimento tecnológico na parte de

    engenharia, pois a base operária ainda era escravista, que desestimulava

    investimentos nesta área pelas proibições legais.

  • 11

    Com o crescimento das cidades, a indústria começava a se expandir,

    financiada por bancos de países como Estados Unidos e Inglaterra,

    alavancando a industrialização e forçando um movimento de migração das

    pessoas que viviam no campo, apenas da agricultura, para as cidades. Com

    isso, a necessidade de moradia fez crescer a construção de casas mais sólidas

    e de melhor qualidade para abrigar as autoridades que administravam o

    comércio, bancos e indústrias exigindo projetos de engenharia mais

    sofisticados, de acordo com os estabelecimentos que se instalavam (VARGAS,

    1994).

    Segundo Farah (1998), a então denominada auto-produção, era

    realizada pelo governo ou de iniciativas particulares utilizando a mão de obra

    escrava que, depois foi substituída por mão de obra assalariada, voltando a

    estimular os investimentos na área de construção. Com esse incentivo,

    voltaram a ocorrer as migrações européias, aumentando a demanda por

    construções, principalmente nos centros industriais, vilas operárias e cortiços.

    O setor de construção civil brasileira tem papel importante no processo

    de desenvolvimento do Brasil. A atividade construtora tornou-se um dos

    setores responsáveis pela criação das bases estruturais da moderna sociedade

    industrial, tornando-se uma dos principais pilares de estrutura econômica e

    social, indispensável no prosseguimento do processo de industrialização.

    Com relação ao conhecimento na área de construção, Vargas (1994)

    salienta que, nesse período, o ensino de engenharia era baseado apenas em

    tratados, a maioria dos quais franceses, com predominância nos cálculos

    matemáticos, ficando a qualidade e empregabilidade dos materiais e a

    condução das construções, a cargo dos mestres.

    A migração populacional também influenciou significativamente nos

    moldes da construção, onde a diversificação cultural era aplicada nas

    edificações com a troca de técnicas estrangeiras e a habilidade, tanto de

    engenheiros, como dos empregados nas empresas de fabricação de materiais

    para construção.

    À medida que os edifícios passavam a ser comercializados, seus

    insumos começavam também ter valor de mercado, onde a procura e

  • 12

    exploração dos mesmos tornando-se rentáveis para o mercado. Comerciantes

    com visão na área de construção exploravam áreas como florestas, rios e

    regiões onde a procura e exploração desses insumos pudessem atender a

    nova necessidade do mercado moderno das construções.

    No final do século XIX, a Revolução Industrial já demonstrava sinais de

    grande ameaça para a qualidade de vida de sua população, devido à poluição

    gerada por suas fábricas, primeiramente na Europa. No Brasil, por volta dos

    anos 50, o desenvolvimento econômico teve sua principal atividade

    impulsionadora com o setor automobilístico, que era considerado o “status”

    para a sociedade e o principal meio de transporte para que a produção agrícola

    pudesse ser mais facilmente transportada entre os centros produtores e

    distribuidores (VARGAS, 1994).

    Esse crescimento populacional e a mobilidade industrial, aliado à

    construção civil, que dava início à extração de recursos naturais era, de acordo

    com certo entendimento humano, utilizado, explorado e catalogado em

    benefício da humanidade, não dando importância ao esgotamento destes

    recursos não renováveis utilizados ao longo de sua cadeia de produção e,

    muito menos, com os prejuízos causados pelo desperdício de materiais e o

    destino dado aos rejeitos utilizados.

    A partir do crescimento das cidades, onde a construção civil tornou-se

    um grande investimento financeiro, chegavam ao Brasil arquitetos e

    engenheiros que estudavam em países da Europa estimulados pelo governo

    para alavancar o desenvolvimento através de urbanização copiada dos moldes

    europeus, inclusive com suas edificações que davam status para a classe

    média local. Alguns destes arquitetos e engenheiros já percebiam que após as

    guerras e as revoluções européias, a necessidade de preservação era uma dos

    principais pilares da sustentabilidade e paisagismo urbano, mas já esbarravam

    nos interesses comerciais que impulsionavam as construções (FARAH, 1992).

    No Brasil, nunca existiu consciência ecológica, até o final dos anos 80,

    resultando danos ambientais irreparáveis, junto ao processo de migração

    acontecido na metade do século passado, onde a mecanização da lavoura

    impulsionou a saída do homem do campo, com um percentual de migração

  • 13

    CAMPO X CIDADE na ordem de 75% para 25%, sendo invertida, aumentando

    a necessidade de novas habitações. Esse movimento de migração provocou

    um crescimento descontrolado da população urbana, demandando serviços

    equipamentos públicos, transporte, comércio, escolas, tecnologia, causando

    transtornos nas cidades (VARGAS, 1994).

    Com toda essa explosão gerada com a Revolução Industrial, o campo

    tomou frente aos interesses urbanos, onde a produção agrícola satisfez direta

    ou indiretamente a cidade, pois a produção de alimentos, matéria prima para a

    indústria, estimulava a quebra das barreiras comerciais e industriais e cada vez

    mais o homem buscava novos mercados.

    O crescimento de estruturas públicas construídas abriu espaço para o

    crescimento populacional e grande parte de pessoas excluídas das atividades

    agrícolas foram atraídas pela necessidade de sobrevivência e o sonho de viver

    nas grandes cidades fez com que essas pessoas seguissem às indústrias

    oferecendo mão de obra para a construção desses instrumentos de

    comunicação entre os povos.

    Esse foi o primeiro indício de globalização que começava a crescer no

    mundo, onde a necessidade de consumo aliado à tecnologia faz com que as

    indústrias começassem a exportar para outros centros comerciais os produtos

    e alimentos que eram fabricados no campo e toda matéria prima consumida,

    aumentando o consumo de máquinas, cujo capital era revertido para os bancos

    financiadores da Revolução Industrial.

    Assim, as cidades começaram a crescer e seus problemas

    socioeconômicos também. O número de pessoas a ocupar a cidade começou a

    aumentar em busca por melhores condições de e vida faziam com que os

    serviços de infra-estrutura ficassem precários e a falta de moradia empurrava

    essas pessoas para áreas mais distantes.

    No Brasil entre os anos de 1940 e 1980, mais da metade da população

    abandona o campo e atualmente 1/3 dela permaneceu lá e foram se concentrar

    nas grandes metrópoles. São Paulo, por exemplo, absorve 11% do total

    demográfico, concentrando em uma área de 1% do país. Com isso, vários

    problemas foram surgindo ao longo dos anos, como ocupação desordenada,

  • 14

    carência de moradias, favelização, transporte, falta de emprego, violência,

    atendimento médico hospitalar, uma vez que grandes epidemias surgiam com

    a falta de saneamento junto com a poluição ambiental (FARAH, 1992).

    No início do processo de metropolização as ferrovias e as rodovias

    serviam como eixos centralizadores que faziam com que a população as

    seguisse para o interior das cidades, exemplificando as cidades do Rio de

    Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, pois as indústrias se instalavam ao longo

    dessas vias transportando matéria prima e alimentação retiradas das fazendas

    que se alojavam no interior. Com isso, os loteamentos isolados foram

    ocupados irregularmente, incentivados pela especulação imobiliária, fazendo

    com que a população sem recursos, se alojasse em áreas mais afastadas dos

    grandes centros.

    O surgimento de bairros, incentivados pela urbanização que eram

    levados por pequenas indústrias, fazendas e, construções pesadas

    aumentavam o número de construções de residências e a necessidade de

    desvio de cursos dos rios, utilização de terra, areia e argila para a fabricação

    das edificações já refletia significativamente no meio ambiente da forma como

    era explorado.

    Com o crescimento das cidades os recursos utilizados pelas indústrias

    da construção civil não eram regulados por órgãos do governo, ainda mais a

    partir do Governo Vargas e de Juscelino, onde o incentivo ao desenvolvimento

    era a principal meta de governo. Com isso, todo material utilizado nas

    construções sofriam e ainda sofrem ataques constantes ilegais e são vendidos

    clandestinamente para o setor da construção. Seus resíduos eram e ainda são

    depositados em margens de rios, utilizados como aterro para grandes terrenos

    para novas construções ou despejados em aterros sanitários sem qualquer

    tratamento ou separação (VARGAS, 1994).

  • 15

    1.1 - URBANISMO E A HABITAÇÃO

    O Brasil e os demais países da América Latina apresentam um imenso

    crescimento no processo de urbanização na segunda metade do século XX. A

    população urbana crescia de forma impressionante e já em 1940 a população

    brasileira era em torno de 18,8 milhões de habitantes e pelos números do

    IBGE, em 2000 já estávamos com cerca de 138 milhões. Esse aumento

    considerado em cerca de 125 milhões mostra a necessidade habitacional que

    se criou nesses 60 anos. E novos dados foram estimados em julho de 2009,

    esse número chegou aos 191.480.630 habitantes, demonstrando como o

    crescimento demográfico afeta os padrões de habitação do país. Com todo

    esse movimento e mudança do cenário urbano nacional, a construção de

    assentamentos residenciais para a população, desencadeou a necessidade de

    satisfazer outras necessidades como trabalho, abastecimento, transporte,

    saúde, energia, água etc. Porém, essa necessidade não foi e até hoje não é

    correspondida satisfatoriamente.

    Ainda considerando os países da Américas, o Brasil pela sua posição

    geográfica e o número de riquezas por essa terra oferecida, apresentava

    cidades de grande porte desde o período colonial, mas é somente a partir da

    virada do século XIX e das primeiras décadas do século XX que o processo de

    urbanização começa a tomar forma consolidada, impulsionada pela

    emergência do trabalho livre, pela Proclamação da República e por uma

    indústria impulsionada pelas atividades de cafeicultura para exportação e das

    necessidades básicas do mercado interno.

    Segundo Maricato (2000, p. 22), o final do século XIX e início do século

    XX começaram a ser feitas as obras de saneamento básico e embelezamento

    paisagístico para um mercado imobiliário de corte capitalista e ao mesmo

    tempo a população que não fazia parte deste grupo era excluída e expulsa

    para os morros e as franjas da cidade. Manaus, Belém, Porto Alegre, Curitiba,

    Santos, Recife, São Paulo e principalmente o Rio de Janeiro passaram por

    essas mudanças que conjugaram saneamento ambiental, embelezamento e

    segregação territorial.

  • 16

    Esses trabalhadores que eram a mão de obra de toda urbanização

    dessas cidades foram expulsos dos grandes centros e formaram suas

    comunidades com os mesmos erros dos empreendedores. A falta de

    organização urbanística, o poder aquisitivo que não lhes permitiam comprar ou

    construir suas casas mais próximas aos seus trabalhos com condições

    favoráveis de habitação e aliados à especulação e valorização destas terras

    segregavam cada vez mais a população.

    O setor agrário com toda sua força manteve-se fortalecido até que a

    revolução burguesa denominada por Florestan Fernandes faz com que o

    Estado investisse no desenvolvimento industrial visando a substituição de

    importações. A burguesia industrial acaba assumindo a hegemonia política da

    sociedade. Essa mudança na sociedade brasileira é marcada pelo processo de

    urbanização, quando o país já se tornara República independente.

    O processo de industrialização consolidado pelos anos de 1930 a 1940,

    controlados pelo capital internacional toma outra forma após 1950, quando o

    país começa a produzir bens duráveis, incluindo imóveis, que inicialmente eram

    adquiridos pela classe burguesa capitalista e/ou comerciantes influentes, que

    segregavam ainda mais as faixas de renda e habitação. Houve uma

    transformação profunda na ocupação do solo urbano até a moradia, o que não

    significa que tenha sido homogeneamente moderna. Ao contrário, os bens

    modernos passam a integrar um cenário em que a pré-modernidade sempre foi

    marcante, especialmente na moradia ou no padrão de urbanização dos bairros

    da periferia (MARICATO, 1996).

    A predação ambiental que acompanha cada ciclo econômico brasileiro.

    Além de utilizar os melhores esforços e energia do país, que restam

    imobilizados e abandonados quando produto que é objeto desse movimento

    deixa de ser demandado pelo mercado externo, o território também e arrasado,

    como aconteceu com o ciclo da cana, ouro, do café etc.

    De 1940 a 1980, o PIB brasileiro cresceu a índices superiores a 7% ao

    ano, um dos maiores do mundo fazendo com que tal crescimento econômico

    melhorasse a qualidade de vida das pessoas que tinham migrado do campo

    para a cidade e incentivando ainda, os que estavam por vir.

  • 17

    O BNH (Banco Nacional de Habitação) integrado ao SFH (Sistema

    Financeiro de Habitação), criados pelo regime militar em 1964 fez com que as

    cidades mudassem seus padrões. Recursos financeiros foram integrados ao

    mercado habitacional, onde as cidades começaram um processo de

    verticalização das construções. Apartamentos viraram a principal forma de

    moradia da classe média, ocasionando a promoção imobiliária privada. As

    cidades têm suas características completamente modificadas urbanisticamente,

    mudam o mercado fundiário e vários aspectos da cadeia produtiva (que, apesar

    disso, não abandona suas características de atraso em relação ao processo de

    trabalho).

    Apesar do crescimento da linha de crédito, os governos desviaram a

    atenção dos vazios urbanos para jogar a população em áreas completamente

    inadequadas ao desenvolvimento urbano racional, penalizando seus

    moradores e também todos os contribuintes que tiveram de arcar com a

    extensão da infra-estrutura (MARICATO, 1987).

    O SFH (Sistema Financeiro de Habitação) investiu em grandes obras,

    pois o governo brasileiro tinha a visão de desenvolvimento a qualquer custo,

    estimulada pelos militares, estendendo o serviço de água tratada para a

    população e a construção de vias locais e regionais custeadas, principalmente

    pelos orçamentos estaduais e municipais.

    Na segunda metade dos anos 70, as atividades ligadas à construção

    civil ajudaram a manter o significativo crescimento do PIB, que já dava sinais

    de desaceleração (MARICATO, 1987).

    Esse modelo de crescimento econômico onde a classe média tinha todo

    o privilégio na parte de infra-estrutura das cidades grandes funcionou por

    longos anos mantendo suas bases bem sólidas até hoje, criando também,

    grandes contingentes da população sem acesso aos bens e direitos sociais

    como: previdência, saúde, leis trabalhistas, habitação, educação e

    principalmente saneamento básico.

    Com a recessão dos anos 80 e 90, onde a taxa de crescimento

    demográfico superou ao PIB, fazendo com que a renda per capita das famílias

    chegasse à números negativos, começaram a se agravar as crises nas áreas

  • 18

    social e ambiental, com aumento de moradias irregulares e o crescimento das

    comunidades nas encostas dos morros, várzeas, alagados e em bairros com

    população pequena por todo o país. Essas décadas, chamadas de “décadas

    perdidas” fez com que, pela primeira vez, aglomerados de pessoas vivessem

    com a concentração da pobreza urbana, de onde posteriormente, essa

    especulação de propriedade e territoriedade trouxessem a violência urbana

    atingindo a forma humilde, mas pacífica de convivência social da população.

  • 19

    1.2 - AS DESIGUALDADES URBANÍSTICAS AMBIENTAIS

    O número de comunidades construídas no país não pára de crescer,

    tanto que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não possui

    dados concretos de quantos núcleos são criados e quais situações. Muitas

    delas em terrenos abandonados por empresas que decretaram falência ou

    simplesmente encerraram suas operações por falta de segurança em seu

    entorno ou se transferindo para cidades onde o índice de desenvolvimento

    humano é maior e existem pessoas mais qualificadas para trabalhar em suas

    atividades.

    Outra situação que não devemos desprezar são terrenos pertencentes a

    prefeituras, estados e até mesmo à união, protegidos por órgãos ambientais,

    mas não utilizados e preservados, ficando à disposição de invasões

    estimuladas por forças paralelas que se instalam nos grandes centros,

    aumentando a violência por conta da miséria da população. Estima-se pelo

    IBGE que, entre os anos de 1991 e 2000, houve um aumento de 22% do

    número de comunidades em todo o Brasil, sendo a maior concentração nos

    Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

    A ilegalidade da ocupação do solo, onde o governo tem o dever de zelar,

    virou uma máquina de produzir favelas e agredir ao meio ambiente, porém, não

    devemos simplesmente dizer que a pobreza é a principal causadora dos danos

    ambientais. A função sobre esses problemas ambientais, sociais e econômicos

    são heranças de uma defasagem histórica, onde criaram uma sociedade de

    raízes coloniais, que internamente nunca rompeu com a dominação externa e

    também internamente não rompeu com patrimonialismo e do privilégio.

    Com essa relação de proprietário e poder, o atraso nas políticas públicas

    e registros de propriedade no Brasil, permitiu que as devastações em áreas

    ambientais, invasões e apropriações em terras devolutas constituíssem tais

    atrasos tanto na legislação, ocasionando a proliferação da especulação

    imobiliária, apropriações de patrimônios culturais e moradias irregulares, onde

    o poder público não consegue atender a demanda de emergência que a

    população necessita.

  • 20

    Após os debates internacionais que vieram se formulando sobre meio

    ambiente, tendo início em Estocolmo e consolidando-se no Rio, constatou-se

    que a humanidade chegou a um limite e que temos que adotar urgentemente

    padrões e estilos sustentáveis de desenvolvimento. Os problemas ambientais

    são produto de um desenvolvimento desigual para as sociedades, e nocivo

    para os sistemas naturais. Isto supera a perspectiva tecnocrática no tratamento

    da crise ambiental, indo contra a teoria ilusória de que somente a tecnologia

    resolveria a crise ambiental.

    Hoje o governo, sociedade civil e as empresas têm papel fundamental

    na mudança dessa realidade ambiental e habitacional no país, com leis que

    regulamentem áreas de construção, despejos de resíduos, reciclagem dos

    mesmos, como essas áreas serão afetadas em seus entornos, quais as

    conseqüências que os empreendimentos imobiliários ocasionarão em

    determinada região socialmente, culturalmente e principalmente na questão

    ambiental, pois o quadro atual, claramente demonstrado por estudos

    científicos, indica que os ecossistemas continuam sentindo o impacto de

    padrões insustentáveis de produção e desenvolvimento das cidades.

  • 21

    CAPÍTULO II: LOGÍSTICA EMPRESARIAL: A LOGÍSTICA REVERSA EM

    QUESTÃO

    Nas últimas décadas, ocorreram mudanças relevantes no ambiente

    empresarial. As empresas que antes eram vistas como instituições com

    limitadas responsabilidades perante o mercado consumidor, que não tinham

    que se preocupar com a concorrência e com a satisfação de seus clientes

    depararam-se com uma situação totalmente inusitada e foram obrigadas a

    mudar seus processos de produção e atendimento para manter-se no mercado.

    Para resolver este problema rapidamente de forma a se enquadrarem no

    mesmo patamar de seus concorrentes, as empresas resgataram um antigo

    conceito de administração dos fluxos de bens, serviços e informações,

    utilizando principalmente no contexto militar, que nada mais é que a logística

    empresarial.

    Segundo Ballou (2001), a missão da logística é dispor a mercadoria ou

    serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao

    mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa.

    Verifica-se que a sociedade tem manifestado uma crescente

    sensibilidade ecológica, motivada pelos evidentes crimes ambientais que vêm

    ocorrendo e que exige das empresas maior responsabilidade, no que se refere

    o descarte de resíduos no meio-ambiente.

    Para atender essa nova exigência da sociedade, surge uma nova área

    da Logística Empresarial, a Logística Reversa, que conforme Leite (2003):

    É a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo das informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio de canais de distribuições reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

    Com a abertura de mercados ao comércio internacional, migração de

    capitais, uniformização e expansão tecnológica, avanço do comercio eletrônico

    e expansão dos meios de comunicação, percebe-se que há uma constante

  • 22

    mudança nos hábitos e conceitos, procedimentos e instituições. Globalização

    implica na uniformização de padrões econômicos e culturais em âmbito

    mundial. O mundo passou a ser visto como uma referência para obtenção de

    mercados, locais de investimento e fontes de matérias-primas.

    Nesse universo de crescentes exigências em termos de produtividade e

    de qualidade do serviço oferecido aos clientes, as organizações passaram a se

    preocupar mais com a qualidade do fluxo de bens dentro do processo

    produtivo, com o objetivo de atender bem ao cliente e conseqüentemente

    fidelizá-lo, mas para isso houve a necessidade de mudarem suas estratégias.

    Uma das soluções encontradas para amparar estas mudanças foi à

    logística empresarial, que de acordo com Pozzo (2002), trata de todas as

    atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos

    desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final,

    assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento,

    com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um

    custo razoável.

    Segundo Gomes (2004), logística é o processo de gerenciar

    estrategicamente a aquisição, movimentação, e armazenamento de materiais,

    peças e produtos acabados, sua distribuição, pela organização e pelos seus

    canais de marketing de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e

    futuras por meio de atendimento dos pedidos a baixo custo. Porém,

    atualmente, somente a logística não basta para conquistar e fidelizar o

    mercado consumidor, houve uma mudança na visão de consumo nas

    sociedades modernas, que tem se preocupado cada vez mais com as questões

    que tratam do equilíbrio ambiental.

  • 23

    2.1 - CONCEITUANDO LOGÍSTICA REVERSA

    A logística, no que diz respeito ao aspecto da distribuição direta, já se

    consolidou como agente importante para os mais diversos processos de

    fornecimento, armazenagem, estocagem, produção e distribuição de produtos

    até o consumidor e as empresas. A logística é responsável por planejar,

    implementar e gerenciar, de forma eficaz, o fluxo de matérias-prima, produtos e

    informações ao longo da cadeia.

    Ao contrário da logística direta, a logística reversa por enquanto não

    conta com uma estrutura suficiente para fazer fluir, de forma eficiente, todos os

    resíduos, embalagens, produtos, entre outros, gerados pela cadeia de

    distribuição direta.

    Logística reversa é um tema pouco explorado, de pouca produção

    textual. Foi nos anos 90, que segundo Chaves; Martins (2005), surgiram novas

    abordagens sobre o assunto, destacando o aumento da preocupação com

    questões ambientais, legislação nessa área, órgãos de fiscalização e a

    preocupação com as perdas por parte das empresas, como aspectos que

    contribuíram para a evolução do tema logística reversa.

    A conceituação mais antiga sobre logística reversa data do início dos

    anos 70. Onde se aplica o conceito de distribuição, porém voltados para o

    processo de forma inversa, com o objetivo de se atender as necessidades de

    recolhimento de materiais provenientes do pós-consumo e pós-venda.

    No final dos anos 70, destaca-se a logística reversa dando-se uma maior

    atenção para os aspectos da reciclagem e suas vantagens para o meio

    ambiente, e também seus benefícios econômicos, além da importância dos

    canais reversos como forma de viabilizar o retorno dos efluentes.

    Leite (2003, p. 16-17) conceitua logística reversa da seguinte forma:

    (...) área da logística empresarial que planeja, opera e

    controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-vendas e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômica, ecológica, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

  • 24

    A logística reversa é responsável por tornar possível o retorno de

    materiais e produtos, após sua venda e consumo, aos centros produtivos e de

    negócios, por meio dos canais reversos de distribuição agregando valor aos

    mesmos.

    A rapidez com que um produto é lançado no mercado, o rápido avanço

    da tecnologia, juntamente com um grande fluxo de informações; a alta

    competitividade das empresas e o crescimento da consciência ecológica

    quanto às conseqüências provocadas pelos produtos e seus descartes no meio

    ambiente, estão contribuindo para a adoção de novos comportamentos por

    parte das organizações e da sociedade de um modo geral, sinalizando assim

    para uma valorização maior dos processos de retorno de produtos e materiais

    descartados no meio ambiente.

    Chaves; Martins (2005) destacam um outro aspecto que está

    ocasionando o crescimento da importância da logística reversa nas operações

    de logística empresarial. Segundo eles, a causa desse crescimento dá-se ao

    grande potencial econômico que possui o processo logístico reverso e que no

    momento não tem sido explorado como deveria.

  • 25

    2.2 - FATORES CRÍTICOS QUE INFLUENCIAM A EFICIÊNCIA DO

    PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA

    A disponibilidade de informações é imprescindível á gestão racional da

    distribuição física. Com efeito, as informações são utilizadas para ao

    planejamento, o funcionamento e o controle dos resultados. Evidentemente, a

    existência de informações constitui uma condição necessária apenas, mas não

    suficiente, pois o gestor da distribuição física precisa de informações de

    qualidade, selecionadas, precisas e de fácil acesso.

    Dependendo de como o processo de logística reversa é planejado e

    controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. Alguns dos fatores

    identificados como sendo crítico e que contribuem positivamente para o

    desempenho do sistema de logística reversa são comentados a seguir:

    • Bons Controles de Entrada: No início do processo de logística reversa,

    é preciso identificar corretamente o estado dos materiais que retornam

    para que estes possam seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir

    que materiais que não devam entrar no fluxo o façam. Por exemplo,

    identificando produtos que poderão ser revendidos, produtos que

    poderão ser recondicionados ou que terão de ser totalmente reciclados.

    • Processos padronizados e mapeados Uma das maiores dificuldades

    na logística reversa é que ela é tratada como um processo esporádico,

    contingencial, e não como um processo regular. Ter processos

    corretamente mapeados e procedimentos formalizados é condição

    fundamental para se obter controle e conseguir melhorias.

    • Tempo de ciclo reduzidos Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a

    identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de

    produtos e seu efetivo processamento. Tempos de ciclo longos

    adicionam custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa

    (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros

    aspectos. Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de

    entrada ineficientes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas)

  • 26

    dedicada ao fluxo reverso e falta de procedimentos claros para tratar as

    “ exceções” que são, na verdade, bastante freqüentes.

    • Sistemas de informação A capacidade de rastreamento de retornos,

    medição dos tempos de ciclo, medição do desempenho de fornecedores

    (avarias nos produtos, por exemplo) permite obter informação crucial

    para negociação, melhoria de desempenho e identificação de abusos

    dos consumidores no retorno de produtos. Construir ou mesmo adquirir

    esses sistemas de informação é um mesmo desafio. Praticamente

    inexistem no mercado sistemas capazes de lidar com o nível de

    variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística reversa.

    • Rede logística planejada - Da mesma forma que no processo logístico

    direto, a implementação de processo logístico reversos requer a

    definição de uma infra-estrutura logística adequada para lidar com os

    fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais

    processados. Instalações de processamento e armazenagem e sistemas

    de transporte devem ser desenvolvidos para ligar de forma eficiente os

    pontos de consumo onde os materiais usados devem ser coletados até

    as instalações onde serão utilizados no futuro.

    • Relações colaborativas entre clientes e fornecedores - No

    contexto dos fluxos reversos que existem entre varejistas e indústria,

    onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados, surgem

    questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes envolvidas.

    São comuns conflitos relacionados à interpretação de quem é a

    responsabilidade sobre os danos causados aos produtos. Os varejistas

    tendem a considerar que os danos são causados por problemas no

    transporte ou mesmo por defeitos de fabricação. Os fornecedores

    podem suspeitar que está havendo abuso por parte do varejista ou que

    isto é conseqüência de um mau planejamento. Em situações extremas,

    isso pode gerar disfunções como a recusa para aceitar devoluções, o

    atraso para creditar as devoluções e a adoção de medidas de controle

    dispendiosas.

  • 27

    2.3 - INFORMAÇÕES E PLANEJAMENTO DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA

    Um dos problemas com que se defronta o gerente da distribuição física é

    adequações disponíveis à necessidades específicas do processo de tomada de

    decisão. Se as informações não apresentam a qualidade desejada, ele deverá

    ainda encontrar um meio de melhorá-las, através de uma coleta metódica e de

    uma seleção rigorosa, bem como do processamento e da análise dos dados.

    A utilização de informações de qualidade constitui um meio de reduzir a

    incerteza, e de obter previsões mais confiáveis, permitindo assim ao

    administrador uma tomada de decisão mais coerente. Assim, ele estará em

    condições de:

    • Determinar os custos de distribuição física por produto, por clientes, por

    região etc.;

    • Estabelecer o orçamento de cada um dos subsistemas (armazenagem,

    transporte);

    • Determinar as necessidades atuais e futuras do órgão (em termos de

    construção de novos depósitos).

    2.4 - EFICIÊNCIA DO PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA

    Dependendo de como o processo de logística reversa é planejado e

    controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. alguns dos fatores

    identificados como sendo críticos e que contribuem positivamente para o

    desempenho do sistema de logística reversa são comentados abaixo:

  • 28

    2.5 - BONS CONTROLES DE ENTRADA

    No início do processo de logística reversa é preciso identificar

    corretamente o estado dos materiais que retornam para que estes possam

    seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam

    entrar no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser

    revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser

    totalmente reciclados. Sistemas de logística reversa que não possuem bons

    controles de entrada, dificultam todo o processo subseqüente, gerando

    retrabalho. Podem também ser fonte de atritos entre fornecedores e clientes

    pela falta de confiança sobre as causas dos retornos. Treinamento de pessoal

    é questão chave para obtenção de bons controles de entrada.

    2.6 - PROCESSOS PADRONIZADOS E MAPEADOS

    Um das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada

    como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular.

    Ter processos corretamente mapeados e procedimentos formalizados é

    condição fundamental para se obter controle e conseguir melhorias.

    2.7 - TEMPO DE CICLO REDUZIDOS

    Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade

    de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo processamento.

    Tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a

    geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço,

    dentre outras aspectos.

    Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entradas

    ineficientes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao fluxo

    reverso e falta de procedimentos claros para tratar as "exceções" que são, na

    verdade, bastante freqüentes.

  • 29

    2.8 - SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

    A capacidade de rastreamento de retornos, medição dos tempos de

    ciclo, medição do desempenho de fornecedores (avarias nos produtos, por

    exemplo) permite obter informação crucial para negociação, melhoria de

    desempenho e identificação de abusos dos consumidores no retorno de

    produtos. Construir ou mesmo adquirir estes sistemas de informação é um

    grande desafio. Praticamente inexistem no mercado sistemas capazes de lidar

    com o nível de variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística

    reversa.

    2.9 - REDE LOGÍSTICA PLANEJADA

    Da mesma forma que no processo logístico direto, a implementação de

    processos logísticos reversos requer a definição de uma infra-estrutura

    logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e

    fluxos de saída de materiais processados. Instalações de processamento e

    armazenagem e sistemas de transporte devem desenvolvidos para ligar de

    forma eficiente os pontos de consumo onde os materiais usados devem ser

    coletados até as instalações onde serão utilizados no futuro.

    Questões de escala de movimentação e até mesmo falta de correto

    planejamento podem levar com que as mesmas instalações usadas no fluxo

    direto sejam utilizados no fluxo reverso, o que nem sempre é a melhor opção.

    Instalações centralizadas dedicadas ao recebimento, separação,

    armazenagem, processamento, embalagem e expedição de materiais

    retornados podem ser uma boa solução, desde que haja escala suficiente.

  • 30

    2.10 - RELAÇÕES ENTRE CLIENTES E FORNECEDORES

    No contexto dos fluxos reversos que existem entre varejistas e

    indústrias, onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados,

    surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes

    envolvidas. São comuns conflitos relacionados à interpretação de quem é a

    responsabilidade sobre os danos causados aos produtos.

    Os varejistas tendem a considerar que os danos são causados por

    problemas no transporte ou mesmo por defeitos de fabricação. Os

    fornecedores podem suspeitar que esteja havendo abuso por parte do varejista

    ou que isto é conseqüência de um mau planejamento. Em situações extremas,

    isto pode gerar disfunções como a recusa para aceitar devoluções, o atraso

    para creditar as devoluções e a adoção de medidas de controle dispendiosas.

    Fica claro que práticas mais avançadas de logística reversa só poderão

    ser implementadas se as organizações envolvidas na logística reversa

    desenvolverem relações mais colaborativas.

    2.11 -A RECICLAGEM

    O entulho da construção civil - uma montanha diária de resíduos

    formada por argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis,

    plásticos, pedras, tijolos, tintas etc - tornou-se um sério problema nas grandes

    cidades brasileiras. E deveria estar na pauta das administrações municipais, já

    que a partir de julho de 2004, de acordo com a resolução 307 do Conselho

    Nacional do Meio Ambiente (Conama), as prefeituras estarão proibidas de

    receber os resíduos de construção e demolição no aterro sanitário. Cada

    município deverá ter um plano integrado de gerenciamento de resíduos da

    construção civil.

    Há muitos anos as políticas públicas estão voltadas para o lixo domiciliar

    e ao esgoto. Ignora-se o problema do resíduo da construção. Resultados de

    pesquisas anteriores demonstram que as características dos resíduos de

    construção são muito variáveis. As tecnologias existentes não conseguem

  • 31

    medir as características dos resíduos em tempo real de forma que mesmo

    agregados reciclados de excelente qualidade são empregados em funções

    menos exigentes, desvalorizando o produto.

    Assim, uma das metas mais ambiciosas para a construção civil é

    desenvolver um conjunto de tecnologias de caracterização dos resíduos que

    torne possível a identificação rápida e segura das oportunidades de reciclagem

    mais adequadas para cada lote. O objetivo é ampliar o mercado para os

    produtos reciclados e valorizar a fração de boa qualidade. As pesquisas neste

    campo vêm também gerando diversas publicações e trazendo colaborações na

    produção de documentos na área de reaproveitamento de resíduos da

    construção.

  • 32

    CAPÍTULO III: ASUSTENTABILIDADE E A CONSTRUÇÃO CIVIL

    O termo original foi “desenvolvimento sustentável”, um termo adaptado

    pela Agenda 21, Programa das Nações Unidas. Algumas pessoas hoje se

    referem ao termo “desenvolvimento sustentável” como um termo amplo, pois

    implica desenvolvimento continuado, e insistem que ele deve ser preservado

    somente para as atividades de desenvolvimento. “Sustentabilidade”, então, é

    hoje em dia usado como um termo amplo para todas as atividades humanas

    sejam elas no campo social, econômico, ecológico e cultural. Todos se

    encontram interligados de qualquer forma, pois são interdependentes, fazendo

    com que o conceito tenha várias visões e interpretações.

    Com a explosão habitacional na América Latina, as empresas

    começaram a se capitalizar afim de, explorar esse nicho de mercado que atrai

    as classes populacionais, devido ao desenvolvimento econômico aliado à

    globalização que explodiu no mundo capitalista.

    Os grandes centros começam a crescer e as arquiteturas das cidades

    precisavam de cortes mais modernos, onde pudessem incluir a tecnologia que

    surge à todo momento em seus empreendimentos e conseguir alocar mais

    pessoas por metro construído. A verticalização chega aos centros comerciais e

    residenciais fazendo com que, as cidades tomem dimensões cada vez maiores

    e comporte o número de pessoas à medida que cresce.

    Os bairros que, anteriormente tinham paisagens características da

    classe média do período colonial e depois do início do século XX, tomam um

    novo panorama de verticalização, típico do capitalismo dominante. Com isso,

    as empresas constroem sem parar, mas os problemas ambientais que

    envolvem a construção civil são os mesmos. Seus resíduos para aonde vão e

    como podem ser reaproveitados, seu consumo de eletricidade, água, esgoto e

    característica urbana que determinados bairros e cidades podem tomar com

    esse crescimento.

    A lucratividade das empresas supera os interesses sobre o meio

    ambiente, onde cada vez mais as empresas voltam-se somente para o lucro a

    qualquer custo, sem se preocupar, inclusive, com a dimensão que as

  • 33

    construções desenfreadas podem acarretar na estrutura da cidade. Com o

    número avançados de residências e prédios que determinados bairros podem

    suportar, não tendo preocupação por parte do governo com outros fatores

    como escola, saúde, transporte etc.

    Porém, na maioria das vezes, essas construções que, inicialmente foram

    feitas para a classe média e que tem acesso aos diversos serviços como

    transporte próprio, planos de saúde e escolas particulares, hoje sofrem com o

    mesmo caos urbano, com a de super população desses bairros, ocasionando

    uma segregação de classes.

  • 34

    3.1 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

    Segundo o conceito da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento (1987), que define desenvolvimento sustentável como

    “satisfazer as necessidades presentes sem comprometer as necessidades das

    gerações futuras” significa dar um basta à degradação do meio ambiente e a

    tudo o que ela provoca como escassez dos recursos naturais não renováveis,

    mais a fome e pobreza.

    Esse conceito foi utilizado pela primeira vez na Assembléia Geral das

    Nações unidas em 1979, indicando que o desenvolvimento poderia ser um

    progresso integral que inclui dimensões culturais, éticas, políticas, sociais,

    ambientais, e não somente econômicas. Esse conceito foi mundialmente

    disseminado pelos relatórios do Worldwatch Institute na década de 80 e

    particularmente pelo relatório “Nosso Futuro Comum”, produzido pela

    Comissão das Nações Unidas para o Maio Ambiente e desenvolvimento.

    Muitas críticas e muitos outros conceitos foram posteriormente lançados para

    complementar o conceito, como, “desenvolvimento humano” (PNUD, 1993),

    “desenvolvimento humano sustentável” (CORRAGIO, 1996, P.10), entre outros.

    Desde a origem do homem e o processo evolutivo que a sociedade vem

    sofrendo, sua relação com o meio ambiente é marcada por avanços

    tecnológicos que faz com que haja uma necessidade de consumo crescente.

    Mesmo com a distribuição por territórios, na África, Ásia, Oceania e nas

    Américas, a raça humana sobrevivia na base da subsistência, cuidando do seu

    sustento, com os animais para caça e pesca em suas épocas certas. Suas

    plantas eram cultivadas em seus biomas de origem e suas colheitas

    respeitadas em cada região, sem prejudicar sua geração e preocupada com a

    futura.

    Após as navegações européias, onde a busca de riquezas em terras

    desconhecidas e as guerras entre os povos à procura de novas riquezas e

    dominações, as transformações culturais, alimentares, sócio-econômicas do

    mundo começaram a sofrer uma desigualdade sem tamanho.

  • 35

    Dentro desse contexto, o impacto causado por essas transformações

    repentinas sobre o meio ambiente começou a alterar as características de vida

    e a cultura das populações. As variáveis históricas, como o modo de produção,

    estrutura das classes, recursos tecnológicos e a cultura de cada região são

    preponderantes em toda essa mudança de comportamento das sociedades e a

    resposta da Terra a esta agressão.

    A natureza é a mãe da matéria prima, de onde retiramos todas as

    nossas necessidades. A concepção de que os recursos naturais existem em

    grande quantidade e ilimitado é um erro grave. O crescimento contínuo das

    sociedades humanas remonta as sociedades pré-capitalistas, permanecendo

    em nossa concepção, causando danos irreversíveis à natureza, por ser uma

    concepção falsa.

    A ação da espécie humana sobre o meio ambiente tem uma

    característica qualitativa única: possui um enorme potencial desequilibrador,

    pois as mudanças que provoca nem sempre são assimiláveis pelos

    ecossistemas, ameaçando assim a permanência dos sistemas naturais.

    Com esse poder de desequilibrar o ecossistema com suas

    necessidades, o crescimento sócio-econômico, cultural e social de cada

    sociedade é abordado por Morin (1994), com os seguintes pontos:

    • Maior poder de raciocínio;

    • Capacidade técnica;

    • Densidade populacional; e

    • Atuações do homem sobre o meio ambiente têm como finalidade, não

    apenas a sua reprodução física, mas principalmente a satisfação de

    necessidades socialmente fabricadas.

    Esse quarto ponto demonstra que, dentro da evolução da sociedade, a

    cada período, século que se passa, a necessidade de consumo vem fazendo

    com que a Terra fique casa vez mais carente de seus recursos e mostra a sua

    resistência, perante a incapacidade humana de modificar o quadro que vem se

    mostrando catastrófico.

    A Revolução Industrial ocorrida no séc. XVII e XIX estabeleceu um

    marco na expansão do mercado e no crescimento populacional, onde as

  • 36

    pessoas partiam em busca de melhores condições de vida, porém os

    governantes nunca se preocuparam ou não se prepararam com e para esse

    crescimento desenfreado das grandes cidades e indústrias, com a entrada de

    capital estrangeiro para financiar as fábricas, o comércio começava a crescer,

    demandando uma produção maior de vestimentas, alimentação, espaços para

    a indústria e a necessidade de movimento econômico, onde não havia

    planejamento para tal crescimento e a preocupação com a escassez de nossos

    recursos naturais foram explorados de tal maneira que muitos deles chegaram

    a sua extinção total, como podemos citar o Brasil, rico em ouro, pedras

    preciosas, madeiras nobres que foram exploradas pelos europeus de forma

    predatória e criminosa, que não tinham interesse em fixar moradias no Brasil.

    Com o inchamento do fenômeno industrialização, as cidades

    começaram a crescer de forma desordenada, conforme podemos citar São

    Paulo a partir de 1900, com a chegada de milhares de pessoas em busca de

    emprego e moradia, como acontece até hoje. A infra-estrutura das cidades

    começou a não comportar o número de pessoas que não paravam de chegar

    aos grandes centros, fazendo com que essa migração continuasse para o

    interior. Povos que antes viviam no interior das cidades, de maneira contida e

    vivendo de sua própria produção, viam nas grandes cidades a oportunidade de

    melhor vida, desapontando-se em seguida e vivendo na miséria, fato que

    acompanha nosso cotidiano.

  • 37

    3.2 - AS TENTATIVAS DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO

    AMBIENTE

    No séc. XX surge um incentivo ao consumo constante com inovações

    tecnológicas a todo custo, através da mídia, mudando o comportamento

    cultural de toda sociedade. Esse consumo desenfreado, aliado a falta de

    controle e renovação dos sistemas naturais, se instalou no mundo com sua

    capacidade de domínio sobre a vontade humana manipulando as necessidades

    econômicas e sociais da Terra.

    No período pós Revolução, onde o Capitalismo já estava caminhando a

    longos passos, a sociedade se organizava para enfrentar a pobreza da

    população que era dividida, mas continuava a crescer sem uma preparação e

    começava a devastar os recursos naturais. Ambientalistas, ecologistas e

    sociólogos começaram a questionar aonde chegaria o mundo com essa

    devastação e a desorganização.

    O homem apresenta duas características principais que são: a liberdade

    e a sociabilidade. Ao despertar para a condição que o faz único entre os outros

    elementos da natureza, isto é, a possibilidade de optar, dizer sim ou não, de

    produzir ou construir seu próprio destino, ele dá um salto de qualidade e

    conscientiza-se do imperativo da socialização, não como vontade sua e sim

    pela própria condição humana. (PASSOS, 1990)

    Porém, essa consciência para que a sociedade se organize e decida de

    forma definitiva pela sua evolução e qualidade de vida quantitativa e qualitativa,

    vem sendo refletida ao longo de muitos anos, através de estudos e encontros

    mundiais para que a sociedade humana ganhe um novo rumo, uma nova

    consciência e se organize.

    A falta de cuidado com o meio ambiente em todo o mundo veio

    causando danos irreparáveis a natureza durante séculos, e os países mais

    pobres, hoje sofrem as conseqüências dessa injustiça na devastação de

    recursos que ficou para trás ao longo desses períodos de explorações. Temos

    exemplos na África que foi colonizada, explorada e abandonada durante toda a

  • 38

    história da humanidade e seu povo sofre as conseqüências desse abando dos

    órgãos internacionais.

    A luta do homem por uma igualdade de direitos do uso e preservação de

    seu sustento pode ser avaliada pela idéia dos seringueiros na luta da época de

    Chico Mendes, onde afirmavam que, o seringal era para ser cuidado como se

    estivessem cuidando de si próprios, pois retirar as árvores que lhe dão o

    sustento, o de comer do dia a dia seria o fim daquela comunidade, o fim de

    suas vidas. Por isso, eles se organizavam para impedir que seu sustento

    virasse pastos, mas a ganância e impunidade fizeram e fazem com que muitos

    sejam excluídos desse processo de preservação e cuidado com suas vidas.

    As lutas sociais para introdução de regras democráticas nas relações do

    homem e a natureza devem ser reforçadas, pois somente os movimentos

    sociais podem fazer valer seus direitos para com sua qualidade de vida. Esses

    mesmos movimentos devem manifestar sua satisfação e/ou insatisfação com

    as decisões do Estado para com as decisões e rumos tomados em relação do

    uso dos recursos naturais.

    Hoje a governabilidade dos países está preocupando-se com a falta de

    matéria prima e das condições de clima e água que estão piorando a cada dia.

    Por isso, grupos voltados para o interesse, dito Global, se reúnem em forma de

    protocolo para não decidir e formalizar nada de positivo.

    O que eles não conseguem entender, que os seres humanos devem

    gozar de igualdade no uso dos recursos naturais e deve haver uma distribuição

    justa dos custos em termos ambientais, que outrora fora causado pelo

    desenvolvimento econômico dos países com maior poder de destruição. O que

    falta é equidade no acesso aos recursos naturais, nos limites de capacidade

    que a natureza tem de suportar o desgaste provocado pela exploração.

    Nas duas décadas do século passado, o tema meio ambiente veio à

    tona por conta da preocupação mundial sobre nossa qualidade de vida. Com a

    sociedade mundial um pouco mais organizada, governos, organismos

    internacionais, organizações não governamentais, movimentos populares lutam

    por um desenvolvimento humano, menos econômico e voltado para a causa da

  • 39

    vida. Como o conceito de desenvolvimento sustentável, o conceito de

    desenvolvimento humano é muito amplo, e por vezes, ainda vago.

    A preocupação da comunidade internacional com os limites do

    desenvolvimento do planeta data, desde a década de 60, quando começaram

    as discussões sobre os riscos da degradação do meio ambiente. Tais

    preocupações tomaram o campo de discussões internacionais que levaram a

    ONU a promover uma conferência sobre meio ambiente em Estocolmo (1972).

    A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

    Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 – RIO 92 – mostrou

    um crescimento do interesse mundial pelo futuro do planeta, muitos países

    deixaram de ignorar as relações entre desenvolvimento sócio-econômico e

    modificações no meio ambiente. Entretanto, as discussões foram ofuscadas

    pela declaração dos Estados Unidos, que forçou a retirada dos cronogramas

    pela eliminação da emissão de CO2 (que constavam do acordo sobre o clima)

    e não assinou a convenção sobre a biodiversidade.

    O termo desenvolvimento sustentável define seus princípios em atender

    as populações mais pobres e limitadas tecnologicamente, procurando atender

    e preservar as suas necessidades e preservação cultural das regiões mais

    degradadas. A estratégia de desenvolvimento sustentável visa promover a

    harmonia em seres humanos e entre a natureza.

    Para tanto são necessários:

    • Sistema político com efetiva participação dos cidadãos no processo de

    decisão;

    • Sistema econômico competente para gerar excedente e conhecimentos

    técnicos em bases confiáveis e constantes;

    • Sistema social capaz de resolver as diferenças causadas por um

    desenvolvimento desigual;

    • Sistema tecnológico que busque novas soluções;

    • Sistema internacional com padrões sustentáveis de comércio e

    financiamento;

    • Sistema administrativo flexível e capaz de auto corrigir-se.

  • 40

    O desenvolvimento sustentável não trata somente da redução do

    impacto da atividade econômica no meio ambiente e nem especificamente a

    um problema limitado de adequações ecológicas de um processo social, mas

    principalmente das conseqüências dessa relação na qualidade de vida e no

    bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura.

    Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento

    econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos

    naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao

    esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.

    Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de

    recursos naturais dos países.

    Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade

    biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento

    sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com redução do

    uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da

    reciclagem.

    O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o

    caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados.

    Mesmo porque, não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul

    copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis

    fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes a de recursos minerais,

    200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em

    desenvolvimento, é preciso reduzir ou readequar os níveis de consumo dos

    países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países

    industrializados.

    Na Conferência Rio 92, que foi sem dúvida, o grande marco para o

    desenvolvimento sustentável mundial foi aprovada uma série de documentos

    importantes, dentre os quais a Agenda 21, um plano de ação mundial para

    orientar a transformação desenvolvimentista, identificando, em 40 capítulos,

    115 áreas de ação prioritária. A Agenda 21 apresenta como um dos principais

    fundamentos da sustentabilidade o fortalecimento da democracia e da

    cidadania, através da participação dos indivíduos no processo de

  • 41

    desenvolvimento, combinando ideais de ética, justiça, participação, democracia

    e satisfação de necessidades.

  • 42

    3.3 A CONSTRUÇÃO CIVIL

    Em uma pesquisa realizada pela Civil Engineering Research Foundation

    (CERF), entidade ligada ao American Society of Civil Enginnering (ASCE) dos

    Estados Unidos revelou que a questão ambiental é uma das maiores

    preocupações dos líderes do setor, logo atrás da informática.

    Na pesquisa mostra-se que a construção civil é o maior consumidor de

    recursos naturais, responsável por entre 15 e 50% do consumo dos recursos

    naturais extraídos. Nos países como o Reino Unido, o consumo destes

    materiais chega a aproximadamente a seis toneladas/ano. Habitante.

    Tomando-se por base que as auto-construções e reformas de residências são

    também computadas.

    O consumo de agregados naturais somente na produção de concreto e

    argamassa é de 220 milhões toneladas. Em volta das grandes cidades, areia e

    agregados naturais começam a ficar escassos inclusive, ao crescente controle

    ambiental da extração das matérias primas amparado pela Resolução

    CONAMA 307 (Gestão dos Resíduos da Construção Civil). Em São Paulo, por

    exemplo, a areia natural, em sua grande maioria, viaja distâncias superiores a

    100 km, elevando custo para os consumidores e deixando rastros por toda sua

    trajetória. Rios assoreados ou completamente destruídos, caminhões pesados

    danificando estradas, areia caindo dos caminhões. Tudo isso se torna passivo

    deixado pela retirada deste material.

    Em relação a madeiras naturais utilizadas na construção, cerca de 2/3

    delas são extraídas ilegalmente. Seu tempo de uso nas construções é

    pequeno, uma vez que utilizadas para escoras, construção de alojamentos,

    pilares e formas, sua utilização é única e seu destino é o lixo. As florestas de

    onde foram extraídas, na maioria das vezes, não têm manejo adequado e com

    isso, não há certificação das mesmas.

    Algumas matérias primas tradicionais da construção civil tem reservas

    mapeadas escassas. O Cobre e o Zinco, por exemplo, tem reservas suficientes

    apenas para 60 anos. Embora estes valores possam sempre ser questionados,

    certamente exercem influência no preço, dificultando o uso.

  • 43

    O desperdício de água utilizada na construção também tem que ser

    mensurada, pois a utilização durante a construção não permite seu

    reaproveitamento, mas após o empreendimento pronto, nos dias atuais o

    próprio projeto tem que ter opções de reaproveitamento da água para

    atividades pouco nobres e até aproveitamento da água da chuva para serviços

    como lavanderia, irrigação de jardins, piscinas e refrigeração.

    Além de extrair recursos naturais, a produção de materiais de

    construção também gera poluição: poeira e CO2. O processo produtivo do

    cimento necessariamente gera CO2, gás importante no efeito estufa. Para cada

    tonelada de clinquer produzido, mais de 600 Kg de CO2 são gerados. As

    medidas de produção ambiental de outras indústrias e o crescimento da

    população mundial do cimento fazem com que, a participação do cimento no

    CO2 total gerado tenha mais que dobrado no período 30 anos (1950 a 1980).

    Outros materiais usados em grande escala têm problemas similares.

    O volume de entulho de construção e demolição gerado é até duas

    vezes maiores que o volume de lixo sólido urbano. Na grande São Paulo e no

    Rio de Janeiro a média de geração de entulho chega a 2500 caminhões por

    dia. Já na Finlândia, o volume de entulho é o dobro do lixo sólido urbano. Os

    valores internacionais oscilam entre 0,7 a 1 ton/habitantes ano.

  • 44

    3.4 OS IMPACTOS

    De acordo com o Sinduscon-SP, a falta de efetividade ou, em alguns

    casos, a inexistência de políticas públicas que disciplinam e ordenam os fluxos

    da destinação dos resíduos da construção civil nas cidades, associadas ao

    descompromisso dos geradores no manejo e, principalmente, na destinação

    dos resíduos provocam os seguintes impactos ambientais:

    • Degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;

    • Proliferação de agentes transmissores de doenças;

    • Assoreamento de rios e córregos;

    • Obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias,

    sarjetas etc.;

    • Ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à

    circulação de pessoas e veículos, além da própria degradação da

    paisagem urbana;

    • Existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua

    periculosidade.

    Ressalta ainda que, diante da situação caótica de disposição dos

    resíduos nas cidades, o poder público municipal atua, freqüentemente, com

    medidas paliativas, realizando serviços de coleta e arcando com os custos do

    transporte e da disposição final. Tal prática não soluciona definitivamente o

    problema de limpeza urbana por não conseguir a remoção da totalidade dos

    resíduos. Ao contrário, incentiva a continuidade da disposição irregular nos

    locais atendidos pela limpeza pública da administração municipal. Estudos

    realizados em alguns municípios apontam que os resíduos da construção civil

    formal têm participação entre 15 e 30% na massa dos resíduos da construção

    e de demolição.

    Embora representem uma parcela menor em relação à construção

    informal, os resíduos provenientes da construção formal podem ser destinados

    da mesma maneira, ou seja, desordenadamente, causando impactos

    ambientais significativos e expondo a atividade da construção empresarial a

    riscos de autuações e penalidades decorrentes da responsabilização por crime

  • 45

    ambiental (dispor resíduos sólidos em desacordo com a legislação é

    considerado crime ambiental).

    Portanto, as soluções para a gestão dos resíduos da construção civil e

    demolição nas cidades devem ser viabilizadas de um modo capaz de integrar a

    atuação dos seguintes agentes:

    • Órgão Público municipal – responsável pelo controle e fiscalização sobre

    o transporte e destinação dos resíduos;

    • Geradores de resíduos - responsável pela observância dos padrões

    previstos na legislação específica no que se refere à disposição final dos

    resíduos, fazendo sua gestão interna e externa;

    • Transportadores – responsável pela destinação aos locais licenciados e

    apresentação do comprovante da destinação. Os resíduos da

    construção civil são classificados da seguinte forma, de acordo com a

    Resolução CONAMA 307:

    Classe A – São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,

    tais como:

    • De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

    outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de

    terraplanagem;

    • De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: materiais

    cerâmicos (tijolos, azulejos, blocos, telhas, placas de revestimento... etc)

    argamassa e concreto;

    • De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

    concreto (blocos, tubos, meios-fios etc..) produzidos nos canteiros de

    obras.

    • Classe B – São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais

    como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

    • Classe C – São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

    tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua

    reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

    • Classe D – São os resíduos perigosos oriundos do processo de

    construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles

  • 46

    contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

    radiológicas, instalações industriais e outros. A Resolução nos deixa

    claro que, os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não

    geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a

    reciclagem e a destinação final.

    A Resolução nos aponta também, também como seus principais

    aspectos:

    • Definição – Resíduos da construção e demolição são provenientes da

    construção, demolição, reformas e da preparação e escavação do solo;

    • Princípios – Priorizar a não geração de resíduos e proibir disposição final

    em locais inadequados, como aterros sanitários, em bota-foras, lotes

    vagos, corpos d´água, encostas e páreas protegidas por lei.

    Toda a Resolução CONAMA deixa claro que a responsabilidade de

    transportar o resíduo da construção civil é de responsabilidade do gerador, mas

    as empresas terceirizam esses serviços a outras empreiteiras que são bem

    articuladas com os aterros sanitários clandestinos na execução dessa tarefa,

    fazendo assim, o trabalho de despejo dos resíduos sólidos da construção civil.

    As empresas de construção civil com visão moderna estão adotando

    métodos de certificação, onde a qualidade dos produtos é a tônica do negócio.

    Ter um empreendimento sustentável com consumo reduzido de energia,

    reaproveitamento dos materiais utilizados desde o seu início até o seu término,

    engloba alguns fatores que podemos mencionar abaixo:

  • 47

    3.5 A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

    Para que as obras sejam sustentáveis e não apresentem um custo maior

    do que o esperado, as empresas devem buscar o equilíbrio entre as

    necessidades, expectativas e a qualidade de vida das pessoas, os impactos

    sobre o meio ambiente e a viabilidade econômica. Os empreendimentos

    sustentáveis devem responder a uma série de quesitos, como saúde e conforto

    dos usuários, redução de impactos na infra-estrutura urbana e nos locais de

    implantação, além dos gerados pelos materiais utilizados e pelas atividades de

    construção, uso, operação e demolição.

    Desde a sua concepção, um empreendimento sustentável tem que estar

    apoiado em alguns pilares de sustentabilidade: a) comprometimento com o

    meio ambiente; b) preocupação com os recursos utilizados desde a origem até

    o depósito dos resíduos; c) bem estar, segurança, educação ambiental dos

    funcionários; e principalmente harmonia com os recursos utilizados fazendo-se

    ser reaproveitados ao longo da vida do empreendimento com tecnologias

    renováveis.

    3.6 O MEIO AMBIENTE

    A interação entre a construção e o meio acontece em vários momentos

    de sua existência e envolve diferentes fatores:

    1. Planejamento: Fase inicial onde é feito o estudo de viabilidade física,

    econômica e financeira. É elaborado o projeto com suas especificações e a

    programação do desenvolvimento das atividades construtivas.

    2. Implantação: Fase da construção.

    3. Uso: Fase de operação do empreendimento e fase de ocupação do

    empreendimento por seus usuários.

    4. Manutenção: Fase da reforma seja manutenção de equipamentos

    5. Demolição: Fase de inutilização do edifício.

  • 48

    Além da preocupação com a interação entre o meio ambiente e a

    construção, não deve esquecer-se do tripé da sustentabilidade. A preocupação

    com o tripé deve estar presente em todo o ciclo do edifício.

    3.7 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

    Dentro o que prevê o CONAMA 307, todos os municípios devem

    implementar projetos de Gerenciamento de Resíduos da construção civil, com

    suas diretrizes técnicas de implementação, elaborados pelos grandes

    geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades dos geradores. A

    resolução prevê também, que sejam cadastradas áreas, públicas ou privadas,

    aptas para o recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos

    volumes, como acontece com os ECO-PONTOS da Prefeitura do Rio de

    Janeiro, possibilitando a destinação posterior dos resíduos de pequenos

    geradores às áreas de beneficiamento.

    Para a construção civil, a resolução prevê que, haja uma área licenciada

    para o recebimento de seus resíduos e incentiva a reinserção de resíduos

    reutilizáveis em seu ciclo de produção.

    3.8 - RECICLAGEM RCD

    A reciclagem eficiente de RCD (Resíduo de Construção e Demolição)

    pode reduzir substancialmente o impacto ambiental das atividades de

    construção. A incorporação de reciclados na produção de materiais de

    construção ajuda a reduzir o consumo de recursos naturais; o volume

    necessário de aterros; e pode resultar em materiais mais duráveis. Porém,

    caso não seja desenvolvida toda uma técnica adequada aos critérios técnicos,

    pode apresentar os mesmos riscos de contaminação ambiental e de saúde

    para a população mundial.

  • 49

    Na construção civil, a indústria cimenteira utiliza, em quase sua

    totalidade do cimento produzido, escória de alto forno e cinza volante. As

    siderúrgicas estão reciclando sucata de aço e fornos de arco elétrico para a

    produção de barras de aço para reforço de concreto. Outros segmentos da

    indústria podem adotar os mesmos métodos de reciclarem, a partir de

    incentivos do governo em determinadas áreas de atuação.

    Poucas cidades possuem locais adequados e corretos para reciclagem,

    controlados pelas prefeituras de acordo com a Resolução CONAMA 307, onde

    boa parte do RCD é depositado em locais não apropriados, gerando custos

    para as prefeituras e não fiscalizam os pequenos e grandes geradores.

  • 50

    CONCLUSÃO

    Através deste trabalho foi possível verificar quão importante é o

    desenvolvimento da logística reversa nas empresas, pelo fato de que,

    justamente ela se preocupa em resolver o problema do descarte dos resíduos

    sólidos no meio-ambiente, através da reciclagem, reutilização de materiais.

    A logística reversa é ainda, de maneira geral, uma área com baixa

    prioridade. Isto se reflete no pequeno número de empresas que tem gerências

    dedicadas ao assunto. Pode-se dizer que estamos em um estado inicial no que

    diz respeito ao desenvolvimento das práticas de logística reversa. Esta

    realidade, como vimos, está mudando em resposta a pressões externas como

    um maior rigor da legislação ambiental, a necessidade de reduzir custos e a

    necessidade de oferecer mais serviço através de políticas de devolução mais

    liberais.

    Esta tendência deverá gerar um aumento do fluxo de carga reverso e, é

    claro, de seu custo. Por conseguinte, serão necessários esforços para aumento

    de eficiência, com iniciativas para melhor estruturar os sistemas de logística

    reversa. Deverão ser aplicados os mesmos conceitos de planejamento que no

    fluxo logístico direto tais como estudos de localização de instalações e

    aplicações de sistemas de apoio à decisão (roteirização, programação de

    entregas etc.)

    No caso da logística reversa, verifica-se que diante das ações que visam

    a preservação do meio ambiente, visando o desenvolvimento sustentável, o

    planejamento eficiente da mesma tornou-se fundamental não só para as

    empresas, mas também para a sociedade como um todo

    Pelo exposto, conclui-se que a qualificação da logística reversa pode vir

    a contribuir de forma significativa para o incremento da reutilização de materiais

    recicláveis. Ressalta-se ainda a importância das especificidades de cada setor,

    como por exemplo, do setor de baterias, cuja logística reversa implica em

    cuidados que minimizem os riscos de contaminação no manuseio das mesmas,

    bem como no transporte do consumidor para a empresa

  • 51

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