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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Estratégias de Marketing para o consumidor na Base da Pirâmide Por: Raphael Bruno Díaz Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Estratégias de Marketing para o consumidor na Base

da Pirâmide

Por: Raphael Bruno Díaz

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Estratégias de Marketing para o consumidor na Base

da Pirâmide

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Marketing

Por: Raphael Bruno Díaz

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AGRADECIMENTOS

...aos amigos e parentes, clientes,

fornecedores, ao estágio, etc......

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DEDICATÓRIA

.....dedica-se ao pai, mãe, amigo, cônjuge,

familiar, filho,.......

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RESUMO

A base de pirâmide, composta pelas classes C, D e E, compõe a maioria

da população do Brasil.

Apesar disso, durante muitos anos, os profissionais de marketing do

país voltaram suas ações em busca da captação de consumidores de alto

poder aquisitivo, deixando de atender as necessidades específicas da grande

população de baixa renda, tratada antes como um mercado que só adquiriria

produtos de baixo valor. Com o aumento da renda média mensal do brasileiro e

uma melhor distribuição de renda no país, o consumo pela base da

pirâmide começou a se tornar mais expressivo e muitas empresas decidiram

por atender este nicho de mercado. Atualmente, grandes publicações vêm

apresentando, a cada ano, exemplos de empresas que têm obtido sucesso ao

direcionar suas estratégias de marketing na captação deste consumidor que

apesar de baixo poder aquisitivo corresponde a 77% da população brasileira.

Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar as

estratégias de marketing utilizadas por empresas de bens consumo na

captação de consumidores de baixa renda e a efetividade das mesmas no

alcance destes consumidores.

O trabalho inicia com uma revisão de conceitos teóricos sobre conceitos

de marketing e suas funções na empresa. Depois, serão apresentados

conceitos sobre a gestão estratégica de marketing e as ferramentas que

compõem o mix de marketing. Além disso, discorre-se sobre o comportamento

do consumidor.

A partir de então, apresenta-se um panorama histórico da economia

brasileira e sua relevância para o estudo das classes de baixo poder aquisitivo

e também um perfil dos consumidores de baixa renda. Além disso, são

apresentados dois estudos de caso de empresas brasileiras que obtiveram

sucesso voltando suas estratégias para a captação do consumidor na base da

pirâmide.

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Por fim, encontram-se as principais conclusões, recomendações e

direcionamentos futuros para próximas pesquisas.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada neste trabalho será de caráter exploratório, uma

vez que busca-se a compreensão do fenômeno a ser estudado.

Após analisadas as técnicas de coleta de dados, optou-se pelo

levantamento de fontes secundárias para a análise do consumidor de baixa

renda e a realização de estudos de caso para o levantamento das

estratégias de marketing utilizadas por empresas voltadas a esse consumidor

por estes serem os métodos mais adequados a este tipo de pesquisa.

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Sumário

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ............................................................................................................... 4

RESUMO .......................................................................................................................... 5

METODOLOGIA ............................................................................................................. 6

Sumário ............................................................................................................................. 7

INTRODUÇÃO – O CONCEITO ................................................................................... 8

CAPÍTULO I – O MERCADO ........................................................................................ 9

1.2. Objetivo do estudo ............................................................................................. 10

1.2.1. Objetivo geral ................................................................................................... 11

1.2.2. Objetivos específicos ....................................................................................... 11

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................... 11

2.1. Conceitos de Marketing ....................................................................................... 12

2.2 As Funções de Marketing na Empresa ................................................................. 13

2.2.1 Marketing Operacional...................................................................................... 13

2.2.2 Marketing estratégico ................................................................................... 15

2.3 Orientações da empresa para o mercado ............................................................... 16

2.3.1 Orientação para produção ............................................................................ 17

2.3.2 Orientação para produto .............................................................................. 17

2.3.3 Orientação para vendas ................................................................................ 17

2.3.4 Orientação para marketing ................................................................................ 18

2.3.5 Orientação para valor .................................................................................. 18

2.4 Gestão estratégica de marketing ........................................................................... 20

2.4.1 Segmentação do Mercado ............................................................................. 21

2.4.2 Seleção do Mercado Alvo ................................................................................. 22

2.4.3 Composto de Marketing .................................................................................... 23

2.4.3.1 Produto ........................................................................................................... 24

2.4.3.2 Preço ............................................................................................................... 25

2.4.3.3 Promoção ....................................................................................................... 27

2.4.3.3.1 Elementos da comunicação de marketing ................................................... 28

2.4.3.4 Distribuição .................................................................................................... 28

2.4.4 Diferenciação e Posicionamento ....................................................................... 29

2.5 Comportamento do consumidor ....................................................................... 31

CAPÍTULO III – PLANEJAMENTO DA PESQUISA ................................................. 32

3.1 Seleção do tipo de pesquisa .................................................................................. 32

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3.2 Técnica de coleta de dados ................................................................................... 33

3.3 Escolha do setor a ser estudado ............................................................................ 34

3.4 Escolha do caso para estudo ................................................................................. 35

3.5 Determinação da forma de coleta de dados .......................................................... 35

3.6 Processo de coleta dos dados ................................................................................ 36

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E ESTUDO DE CASO ...................................... 37

4.1 CASAS BAHIA .................................................................................................... 37

4.1.1 História da empresa ........................................................................................... 38

4.1.2 Perfil dos consumidores .................................................................................... 42

4.1.3 Concorrência ................................................................................................. 43

4.1.4 Composto de Marketing ............................................................................... 44

4.1.4.1 Produtos ......................................................................................................... 44

4.1.4.2 Preço ............................................................................................................... 48

4.1.4.3 Promoção ....................................................................................................... 51

4.1.4.4 Distribuição .................................................................................................... 55

CAPÍTULO V – CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES, LIMITAÇÕES E DIRECIONAMENTOS FUTUROS ............................................................................... 57

5.1 Conclusões ........................................................................................................... 57

5.1.1 A Casas Bahia, o consumidor na base da pirâmide e as estratégias de marketing da empresa ................................................................................................ 58

5.2. Implicações .......................................................................................................... 61

5.3 Limitações ............................................................................................................. 61

5.4 Proposições para pesquisas futuras ....................................................................... 62

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 62

INTRODUÇÃO

O CONCEITO

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...Deus é maior que todos os obstáculos.

Podemos dar inúmeras definições para motivação. Uma delas, de

Raimar Richers (2008), marketing são as atividades sistemáticas de uma

organização humana, voltada para a busca e realização de trocas com seu

meio ambiente, visando benefícios específicos. Outra, mais diretamente

relacionada com estratégia, define Marketing como “a arte e a ciência da

escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes

por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o

cliente.” Kotler (2000. p.30)

CAPÍTULO I

O MERCADO

O presente trabalho trata das estratégias de marketing utilizadas por

empresas de bens consumo na captação de consumidores de baixa renda e a

efetividade das mesmas no alcance destes consumidores.

1.1. Importância da escolha do assunto

Apesar de a população brasileira ser composta basicamente pelas

classes C, D e E durante muitos anos as empresas de bens de consumo

voltaram seus investimentos para o atendimento das necessidades e desejos

dos consumidores das classes A e B.

Integrada por famílias de renda de 1 a 10 salários mínimos, os

consumidores de baixa renda, denominados por Prahalad (2005) como “a base

da pirâmide”, mesmo possuindo um poder de compra menos significativo que

outros segmentos apresentam participação relevante nos mercados de

produtos de consumo.

De acordo com pesquisas da Data Popular Pesquisa e Consultoria

(2004), estes consumidores correspondem à cerca de 77% da população

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brasileira e detém 71% do consumo, movimentando um valor de

aproximadamente R$ 550 bilhões de reais ao ano. Com tamanha

representatividade, esta parcela da população tem deixado de ser

segundo plano do mercado-alvo das grandes empresas, passando muitas

vezes a ser prioridade atendê-los para se manter no mercado.

De acordo com Prahalad (2005, p.19):

Os pobres são um “mercado latente” para bens e serviços. O

engajamento ativo de empresas privadas na base da pirâmide é um

elemento crucial na criação do capitalismo inclusivo, e o interesse do setor

privado por esse mercado aumentará a participação dos pobres como

consumidores, criando escolhas para eles. Eles não precisarão depender

exclusivamente daquilo que está disponível em seus bairros e vilas. Se as

grandes empresas se aproximarem desse mercado tendo em mente os

interesses dos consumidores da Base da Pirâmide, isso

automaticamente se traduzirá em crescimento e lucros significativos para elas.

Segundo Prahalad (p.29, 2005), “Para transformar a Base da

Pirâmide em um mercado consumidor, é indispensável criar a capacidade de

consumir. Sem dinheiro e com baixo nível de renda, o consumidor da BP

precisa ser acessado de maneira diferente.” Isso significa que, para a

satisfação das necessidades e desejos do consumidor de renda, novas

estratégias de marketing se fazem necessárias. São justamente estas

estratégias que este estudo pretende descobrir.

1.2. Objetivo do estudo

Dada a significância do tema, surgiu o interesse em pesquisar tanto o

consumidor de baixa renda quanto os esforços realizados por parte das

empresas para este público. Para tanto, este trabalho abordará ambas as

partes, consumidores e empresas, com o objetivo de formar de confrontar às

necessidades de um mercado com o que as empresas têm a oferecer para

este segmento.

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1.2.1. Objetivo geral

Desta forma, o objetivo geral do estudo é identificar estratégias de

marketing para atingir os consumidores na base da pirâmide e a efetividade

das mesmas no alcance deste consumidor.

1.2.2. Objetivos específicos

- Identificação das ações relacionadas ao composto de marketing

para este consumidor.

- Identificação do perfil do consumidor brasileiro de baixa renda.

- Analise do comportamento de compra deste consumidor.

- Identificar a motivação e a situação de compra desses

consumidores.

- Abordar os benefícios que podem ser obtidos por parte das

empresas ao direcionar estratégias para captação do consumidor

de baixo poder aquisitivo.

CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo destina-se à apresentação dos principais conceitos e

teorias encontrados na literatura necessários ao embasamento teórico deste

trabalho.

A fundamentação teórica consiste na etapa do trabalho de

aprofundamento sobre o objeto de estudo, tendo como finalidade um maior

entendimento sobre o problema de pesquisa e servindo de base para a análise

e interpretação dos dados do problema.

Os conceitos pesquisados serão apresentados nos seguintes tópicos:

1) Conceitos de marketing

2) As funções de marketing na empresa

3) Gestão estratégica de marketing

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4) Comportamento do consumidor

5) Estudos de caso

2.1. Conceitos de Marketing

Apesar de encontrarmos marcas derivadas do fomento das relações

comerciais na história, o marketing é um campo de estudo relativamente novo

quando comparado com as demais áreas de conhecimento.

O marketing, como conceito, surgiu nos Estados Unidos ainda na

primeira metade do século XX.

Motivo pelo qual, durante muito tempo, a melhor definição de marketing

era a da Associação Americana de Marketing (AMA), a qual definia Marketing

como a área de desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo

de bens e serviços do produtor ao consumidor. No entanto, devido a maior

abertura dos mercados e o desenvolvimento do comércio, houve a

necessidade de ampliar essa definição, a qual precisou ser revista e atualizada

de acordo com as novas funções de Marketing.

Churchill e Peter (2000, p.5) complementam que o marketing pode ser

usado para desenvolver trocas que visam ou não visam lucros e que, na

maioria das vezes, o marketing é utilizado para ambos os fins.

Desde então, o marketing começou a tomar maiores proporções,

agindo em diferentes setores da sociedade. Dentro desta visão mais ampla,

Kotler (2000. p.30) define Marketing como “a arte e a ciência da escolha de

mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio

da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente.”

A mais recente das definições conceituais de marketing surgiu

como conseqüência de repercussões dos movimentos consumidores

mundiais e do reconhecimento de que o conceito deveria ter maior amplitude

em setores não necessariamente restritos à empresas privadas. A partir de

então, Richers (2000, p.5) descreve:

O marketing ultrapassou os limites da atuação comercial das

empresas para se tornar atividade-irmã das funções sociais e culturais, em

apoio a todas as ações humanas que, no meio ambiente, procuram formas

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de ampliar a fortalecer suas estruturas, as quais podem, por conseguinte, ser

usadas como promotoras de um produto, de uma marca e da própria

organização. Baker (2005, p.4) acrescenta que “Marketing é tanto uma

orientação gerencial – há quem diga uma filosofia de negócios – quanto uma

função de negócios”.

Todas essas definições a respeito da função do marketing, apesar de

diferentes, convergem em um ponto de acordo com Kotler (2001, p.11) “[...] o

desejo por parte de alguém de conseguir de outra pessoa uma reação ou ação:

atenção, interesse, desejo, compra, uma boa divulgação boca-a- boca”.

Assim, o marketing surge como ferramenta para possibilitar reações

favoráveis entre indivíduos, na qual uma das partes oferece algo que a outra

parte perceba como tendo valor, de modo que, em troca, produza

voluntariamente a reação esperada. Tal interpretação nos leva entender que o

conceito central subjacente ao marketing, na atualidade, é a satisfação dos

clientes.

Considerando esta visão do conceito de marketing nas

organizações, todas as atividades relacionadas com a busca pela

satisfação dos clientes têm relação direta com as ações de marketing.

2.2 As Funções de Marketing na Empresa

Com relação às funções de marketing, essas são classificadas de

duas formas: marketing operacional e marketing estratégico.

2.2.1 Marketing Operacional

O marketing operacional compreende a dimensão da ação do

conceito de marketing. É o comportamento comercial que se apóia nos

meios táticos ou composto de marketing: política de produto, preço, praça e

propaganda. A função do mix de marketing é permitir desenvolver um conjunto

de decisões básicas que satisfaçam não somente às necessidades do público-

alvo, mas também maximize a performance da organização.

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De acordo com

operacional é criar volu

meio de venda e comun

custos de venda”.

Portanto, para

deve se apoiar em u

mercado e sua evolu

prazo e sua ação

oportunidades e aconte

Desta forma,

primeiramente, da abo

marketing estratégico.

relacionadas ao market

passa-se para a tomad

de “entrega do valor”, c

Figura 1 – Seqü

Fon

Segundo Kotler

‘dever de casa’ que m

equipe de marketing d

adequado e desenvol

o com Lambin (2000, p.8): “a função essenci

r volume de negócios, ou seja, vender e, par

comunicação mais eficazes, sem esquecer a m

para ser efetivo e gerar retorno, o market

em uma reflexão estratégica acerca das ne

evolução. Seu horizonte de atuação é de

ação tem comportamento de reação

contecimentos já existentes. (LAMBIN, 2000, p

rma, verificamos que o marketing operac

a abordagem estratégica da empresa, na

gico. De acordo com Kotler (2000, p.107), ap

arketing estratégico, fase denominada de “se

omada de decisões no âmbito do marketing o

lor”, conforme mostra a figura a seguir:

Seqüência de criação e entrega de valor

Fonte: KOTLER; 2000. p.107

Kotler (2000, p.107): “[...] a seleção do valo

marketing deve fazer antes que o pro

ting deve segmentar o mercado, selecionar o

envolver o posicionamento do valor da

14

sencial do marketing

e, para tal, utilizar os

er a minimização dos

arketing operacional

as necessidades do

é de curto e médio

eação perante as

000, p.10)

peracional depende,

a, na qual opera o

7), após as decisões

de “seleção do valor”,

ting operacional, fase

o valor, representa o

o produto exista. A

nar o mercado-alvo

oferta. A fórmula

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15

“segmentação, seleção de alvo, posicionamento” é a essência do marketing

estratégico”.

2.2.2 Marketing estratégico

Mais abrangente que o próprio conceito de marketing, é o

marketing estratégico, o qual concentra-se no planejamento da estrutura

geral do composto de marketing como parte da posição competitiva da

empresa a longo prazo.

A gestão estratégica de marketing consiste em compreender o

ambiente mercadológico e, a partir deste, adaptar estrategicamente empresas,

produtos ou serviços, ao mercado consumidor, por meio do desenvolvimento

de estratégias de Marketing eficientes. Envolve decisões sobre mercado-

alvo, produto, preço, promoção, distribuição, diferenciação e posicionamento.

Como primeira ação, deve-se tomar decisões relacionadas à

segmentação de mercado e aos mercados-alvo. Para tanto deve-se realizar

uma análise ambiental e verificar se a estratégia mais indicada é o marketing

de massa – quando as necessidades de um mercado inteiro são

relativamente homogêneas – ou a segmentação de mercado – grupos de

consumidores com características comuns. Atualmente esta última vem

sendo a mais utilizada como estratégia competitiva.

De acordo com Lambin (p. 10), a função do marketing estratégico é

orientar a empresa para as oportunidades existentes ou criar oportunidades

atrativas, isto é, bem adaptadas aos seus recursos e suas vantagens

competitivas, os quais oferecem um potencial de crescimento e rentabilidade.

As ferramentas de ação do marketing operacional são principalmente

preço, publicidade, força de venda e rede de distribuição, enquanto o marketing

estratégico baseia-se na escolha dos produtos - mercado, nos quais a

empresa detém uma vantagem competitiva, e na previsão da procura

primária para cada um dos produtos-mercado

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Figura 2

Fon

2.3 Orientações d

Cada empresa

produtos e serviços. A

empresa e a sua form

acordo com Kotler (20

formas nas organizaç

ra 2 – As duas faces do marketing

Fonte: LAMBIN; 2000, p. 7

ções da empresa para o mercado

presa adota uma estratégia para consegu

os. A orientação estratégica norteará todos

forma de agir diante do mercado e dos se

r (2000, p.38), o marketing pode ser orienta

anizações, no entanto 4 se destacam: o

16

nseguir vender seus

odos os negócios da

seus clientes. De

rientado de diversas

m: orientação para

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produção, orientação para produto, orientação para vendas e orientação para

marketing.

2.3.1 Orientação para produção

Na orientação para produção, Kotler (2000, p.39) identifica que os

consumidores dão preferência a produtos de baixo custo e fáceis de encontrar.

Desta forma, a empresa procura produzir cada vez mais a custos

decrescentes, visando baixar seus preços e colocar seus produtos ou serviços

no maior número possível de pontos de venda, para que os clientes os

encontrem com facilidade.

Nesta abordagem não são consideradas as necessidades e desejos

individuais de seus clientes.

2.3.2 Orientação para produto

Na orientação para produto, a empresa considera que os clientes

preferem produtos que ofereçam a melhor relação entre qualidade,

desempenho e atributos.

Normalmente esta orientação costuma ser seguida por empresas que

idolatram seus produtos e de forma alguma pretendem alterá-los, muitas vezes

não percebendo mudanças no mercado.

De acordo com Kotler (2000, p.39), a orientação para produto pode

levar à miopia de marketing.

Este conceito foi desenvolvido por Theodore Levitt em 1960 em um

artigo publicado na Harvard Business Review, o qual revelou uma série de

erros de percepções que leva à atitude de concentração nos produtos da

empresa, sem atender aos mercados e à concorrência

2.3.3 Orientação para vendas

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Na orientação para vendas, a empresa deve induzir seu público-alvo a

decidir pela compra de seu produto. É geralmente utilizada quando há uma

oferta maior que a demanda por um produto ou serviço. Segundo Kotler (2000,

p.40): “A orientação para vendas parte do princípio de que os consumidores e

as empresas, por vontade própria, normalmente não compram os produtos da

organização em quantidade suficiente”. A organização deve, portanto,

empreender um esforço agressivo de vendas e promoção.

Muitas empresas adotam este modelo, e com sucesso. No entanto,

muitas vezes os clientes não estão necessitando do produto, mas são

convencidos a comprá-lo, o que pode levar, posteriormente, à

insatisfação com a compra realizada e passarem a ser propagandistas

negativos do produto.

2.3.4 Orientação para marketing

A orientação para marketing baseia-se no fato de a empresa oferecer

aos seus clientes exatamente o que desejam, de forma mais efetiva que seus

concorrentes. Há uma preocupação constante com às necessidades e

desejos dos clientes em criar produtos para satisfazê-los. Deste modo,

as organizações podem criar lealdade e competir eficientemente no mercado.

A diferença entre a orientação para vendas e a orientação para

marketing é explicada por Kotler (2000, p.41):

A orientação para vendas adota uma perspectiva de dentro para

fora. Começa com a produção, concentra-se nos produtos existentes e exige

ênfase em vendas e promoção para gerar vendas lucrativas. A orientação para

marketing adota uma perspectiva de fora para dentro. Começa com

um mercado bem definido, focaliza as necessidades dos clientes,

coordena todas as atividades que os afetarão e produz lucros

satisfazendo-os.

2.3.5 Orientação para valor

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Churchill e Peter (2000, p.10) inclui ainda uma nova orientação: a

orientação para valor. Esta consiste em uma extensão da orientação de

marketing, na qual desenvolver e entregar um valor superior aos clientes é

visto como o principal modo de alcançar os objetivos da organização.

Desta forma, uma oferta de marketing só alcançará êxito se

proporcionar valor ao seu mercado-alvo.

O valor para o cliente consiste na diferença entre as percepções do

cliente com relação aos benefícios da compra e os custos incorridos para a

efetivação da mesma. Portanto, pressupõe-se que a relação de valor será tanto

maior quanto maior os benefícios da compra excederem seus custos.

Os clientes comprarão da empresa que, segundo a percepção

deles, oferece maior valor. A probabilidade de satisfação e repetição da

compra depende diretamente da oferta atender ou não a expectativa de valor.

Churchill e Peter (2000, p.15) ainda destacam quais os benefícios e

custos envolvidos em uma compra. Com relação aos benefícios, há 4

tipos: benefícios funcionais, benefícios sociais, benefícios pessoais e

benefícios experimentais. Os custos também apresentam-se divididos em 4

categorias: custos monetários, custos temporais, custos psicológicos e custos

comportamentais.

Os benefícios funcionais são benefícios inerentes aos produtos e

serviços, ou seja, atributos que oferecem uma utilidade funcional ao

consumidor. Os benefícios sociais são reações positivas que o cliente recebe

de outras pessoas por consumir determinado produto ou serviço. Geralmente

estão associados à preferência por produtos de marca.

Já os benefícios pessoais estão associados à satisfação que os

clientes obtém na realização da compra e uso dos produtos. Por fim, os

benefícios experimentais associam-se ao prazer sensorial que as pessoas

obtêm com produtos e serviços, como por exemplo, a sensação de prazer

oferecida quando consumido um alimento saboroso.

Com relação aos custos, o principal deles refere-se à quantidade

de dinheiro que deve ser

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disponível em troca de um produto ou serviço, denominado de

custos monetários. Também considera-se aqui os riscos de perda financeira

por mau desempenho do produto.

Os custos temporais consideram o dispêndio de tempo na obtenção de

produtos e serviços. No entanto, para Churchill e Peter (2000 p. 17) nem

sempre tempo pode ser custo: “em situações especiais, alguns clientes gostam

de gastar tempo fazendo compras e apreciam a expectativa de aguardar que

um produto especial seja entregue”.

Já os custos psicológicos envolvem a energia ou a tensão mental e

física envolvida no esforço de comprar e aceitar os riscos do produto. Por

exemplo, a compra de produtos de alto valor monetário pode envolver uma

avaliação mais cuidadosa na hora da compra, a fim de se fazer escolhas certas

e reduzir a dissonância cognitiva.

A dissonância cognitiva é uma teoria da psicologia sobre a motivação

humana que afirma ser psicologicamente desconfortável manter cognições

contraditórias. Ou seja, procura explicar como as pessoas reduzem os

conflitos internos quando se deparam com um choque entre seus

pensamentos e seus atos.

Por fim, os custos comportamentais se relacionam à quantidade de

energia física necessária à compra de um produto ou serviço.

2.4 Gestão estratégica de marketing

Estratégia pode ser definida como um amplo plano de ação, pelo qual

uma organização espera alcançar um ou mais objetivos relacionados à suas

escolhas de negócios e grupos de clientes.

A estratégia de marketing consiste no conjunto de objetivos que a

organização aloca para sua função de marketing, a fim de dar suporte à

estratégia corporativa global, Juntamente com os métodos gerais escolhidos

alcançar estes objetivos. A determinação de objetivos da firma, a seleção de

seus mercados meta, o desenvolvimento de um composto de marketing

apropriado para cada um, e a distribuição dos recursos necessários para

alcançar suas metas.

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21

Desta forma, a gestão estratégica de marketing consiste em

compreender o ambiente mercadológico e, a partir deste, adaptar

estrategicamente empresas, produtos ou serviços, ao mercado consumidor,

por meio do desenvolvimento de estratégias de marketing eficientes.

Envolve decisões sobre mercado-alvo, produto, preço, promoção,

distribuição, diferenciação e posicionamento.

De acordo com Ferrell (p.91, 2000), como primeira ação, deve-se tomar

decisões relacionadas à segmentação de mercado e aos mercados-alvo.

2.4.1 Segmentação do Mercado

Churchill e Peter (2000, p.204) definem segmentação de mercado

como um processo de segmentar um mercado em grupos de potenciais

compradores que possuam necessidades, desejos, percepções de valores ou

comportamentos de compra semelhantes.

Kotler (2000, p.278) define segmento de mercado da seguinte forma:

“Um segmento de mercado consiste em um grande grupo que é identificado a

partir de suas preferências, poder de compra, localização geográfica, atitudes

de compra e hábitos de compra similares”.

Uma vez que os desejos e necessidade dos compradores são diversos,

é compreensível que sejam usadas algumas variáveis quando se deseja

segmentar um mercado consumidor. Segundo Ferrell (2000, p.92), há uma

variedade de variáveis que podem ser usadas na segmentação de mercado em

agrupamentos homogêneos. No entanto, algumas categorias gerais se

destacam: segmentação geográfica, segmentação demográfica, segmentação

psicográfica e segmentação comportamental.

Na segmentação geográfica, o mercado é divido em grupos de acordo

com a localização dos mesmos em diferentes unidades geográficas como

países, regiões, estados, cidades ou bairros.

Churchill e Peter (2000, p.213) ainda complementam essas

variáveis com outros critérios geográficos como densidade populacional ou

clima.

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22

A segmentação demográfica divide o mercado em grupos, tomando

como base características da população, utilizando variáveis como, idade, nível

de escolaridade, religião, raça e nacionalidade.

Tende a ser a mais utilizada porque suas variáveis são relativamente

mais fáceis de mensurar.

A segmentação psicográfica lida o que os consumidores pensam e

sente, portanto utiliza fatores de segmentação classe social, estilo de vida,

características da personalidade, além de atitudes, interesses e opiniões.

Por fim, na segmentação comportamental, há uma divisão de

mercado, tendo por base conhecimento, atitudes ou uso de respostas do

produto. Essas variáveis são bastante enfatizadas por alguns mercadólogos

quando da definição de segmentos de mercado. De acordo com Kotler (2000,

p. 289) “muitos profissionais de marketing acreditam que as variáveis

comportamentais – ocasiões, benefícios, status do usuário, índice de

utilização, status de fidelidade, estágio de prontidão e atitudes em relação

ao produto – são os melhores pontos de partida para se construir segmentos

de mercado”.

2.4.2 Seleção do Mercado Alvo

Na seleção do mercado-alvo se deve dar importância à avaliação dos

segmentos de mercado, a quantos e quais segmentos atender. Na

avaliação dos segmentos de mercado, Kotler (2000, p.296) destaca a

importância aos seguintes elementos: atratividade global do segmento e

objetivos e recursos da empresa.

Com relação ao tamanho e o crescimento do segmento, é

importante que a empresa esteja informada sobre os dados que irão lhe

permitir conjugar, de melhor forma possível, tamanho e crescimento do

segmento. Para algumas empresas, a melhor opção consiste em vender

em grandes quantidades, atingir um índice de crescimento elevado e, por

conseqüência, aumentar os lucros também. Mas, essa estratégia nem sempre

é a melhor para algumas empresas, uma vez que atingir segmentos maiores

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23

implica maiores recursos da empresa. Dessa forma, é imprescindível conciliar o

tamanho dos segmentos com a disponibilidade dos recursos.

Em relação à atratividade global do segmento, Kotler (2000, p.296)

destaca as características que tornam o segmento atrativo, como tamanho,

crescimento, aproveitamento, economias de escala e baixo risco. Quanto ao

tamanho e o crescimento do segmento, é importante que a empresa esteja

informada sobre os dados que irão lhe permitir conjugar, de melhor forma

possível, tamanho e crescimento do segmento. Para algumas empresas, a

melhor opção consiste em vender em grandes quantidades, atingir um

índice de crescimento elevado e, por conseqüência, aumentar os lucros

também. Mas, essa estratégia nem sempre é a melhor para algumas

empresas, uma vez que atingir segmentos maiores implica maiores recursos da

empresa. Dessa forma, é imprescindível conciliar o tamanho dos segmentos

com a disponibilidade dos recursos.

Em segundo lugar, por mais atrativo que seja um segmento,

deverá estar alinhado com os objetivos e recursos da empresa. Caso

contrário, a empresa será penalizada ao adotar um segmento contrário às

suas reais potencialidades.

Necessários ainda para uma gestão estratégica de marketing de

sucesso, deve-se considerar mais dois pontos: diferenciação e posicionamento,

o que irá determinar o modo como os consumidores enxergarão o produto.

2.4.3 Composto de Marketing

O composto de marketing, também denominado de mix de marketing,

foi formulado no início da década de 60 por Jerome McCarthy em seu livro

Basic Marketing e trata do conjunto de ferramentas que uma organização

deve utilizar para alcançar seus objetivos de marketing. O composto é dividido

em 4 grupos freqüentemente chamadas dos 4Ps, são eles: produto, preço,

promoção e praça, ou ponto-de-venda

A seguir, cada uma das ferramentas do composto do marketing serão

melhor explicitadas.

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24

2.4.3.1 Produto

Kotler (2000, p. 416) define: “um produto é algo que pode ser oferecido

para satisfazer uma necessidade ou desejo.” Inclui-se nesta classificação bens

físicos, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares, propriedades,

organizações, informações e idéias.

A gestão de produto lida com especificações e características do bem

em questão e as formas como ele se relaciona com as necessidades que o

usuário pretende. Desta forma, envolve aspectos como embalagem do

produto, qualidade, design, marca, tamanho, garantias e serviços

relacionados.

No planejamento de uma oferta no mercado, Kotler (2000 p.416)

destaca que os envolvidos com marketing devem pensar em cinco níveis

hierárquicos de produto, sendo que cada nível agrega mais valor para o cliente.

O benefício central corresponde ao nível fundamental, encontrado

em qualquer produto ou serviço. É o que o cliente está realmente comprando.

O produto básico consiste nos atributos mínimos que um determinado

produto ou serviço deve oferecer. Já o produto esperado envolve, não só os

atributos mínimos, mas também os atributos que um cliente espera de um

produto ou serviço.

O quarto nível, o produto ampliado, possui características que

excedem as expectativas dos clientes. Nível no qual concorrentes de um

produto ou serviço costumam estabelecer atributos diferenciados.

Por fim, o quinto e último nível abrange todas as características e

atributos que um determinado produto possa ter no futuro. Corresponde ao

nível no qual as empresas fidelizam seus clientes e diferenciam sua oferta.

O modo como uma empresa influencia a percepção dos

consumidores com relação às características de um produto, é chamado de

posicionamento do produto. Este tem como objetivo influenciar a demanda,

por meio da criação de um produto com características específicas

requeridas pelos consumidores e uma imagem definida que o diferencia

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da concorrência. (MOWEN e MINOR, 2004, p. 22). Assim, o posicionamento

atua diretamente nos atributos de marca de um produto.

Já a diferenciação do produto está ligada à atuação no composto de

marketing. Segundo Mowen (2004, p. 22): “Diferenciação do produto é o

processo de manipular o mix de marketing para posicionar um produto de

maneira que os consumidores percebam as diferenças significativas entre uma

marca e seus concorrentes.” Essa diferenciação também proporciona maior

valor de percepção, o que auxilia na maior influência dos outros elementos do

composto de marketing.

2.4.3.2 Preço

O preço, no composto de marketing, deve ser estabelecido de forma a

considerar a quantidade monetária que o consumidor está disposto a pagar e a

quantidade monetária necessária à obtenção de lucro para a empresa.

Do ponto de vista do consumidor, o preço é um elemento inseparável

do bem ou serviço. É através dessa relação que o consumidor pode avaliar a

relação custo-benefício ou, em outros termos, sua possibilidade de extrair

valor do dinheiro que ele despende. No entanto, só corresponde a uma

parte dos custos incorridos em uma transação de compra, já que há ainda os

custos temporais, psicológicos e comportamentais.

Churchill e Peter (2000, p. 314) identificam que o preço desempenha

dois papéis fundamentais no mix de marketing: (1) determina a compra será

feita e, caso seja, qual a quantidade de produto que será comprada pelos

consumidores, (2) determina se a comercialização dos produtos será lucrativa

para a empresa.

Kotler (2000 p.476) destaca a importância do preço no composto de

marketing:

Tradicionalmente, o preço tem funcionado como o principal

determinante na escolha dos compradores. Esse ainda é o caso em

nações mais pobres, entre grupos mais pobres e para produtos

genéricos. Embora outros fatores além do preço tenham se tornado

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26

importantes nas últimas décadas, o preço ainda permanece como

um dos elementos fundamentais na determinação da

participação de mercado e da lucratividade das empresas.

O ato de elaboração de preços é denominado de estratégia de

precificação. Esta compreende as tomadas de decisões com relação ao

estabelecimento de preços que atrairão o mercado-alvo, permitindo assim

alcançar os objetivos de lucro.

Na definição de sua estratégia a empresa se defronta com algumas

opções que irão orientar sua política, em termos de quais variáveis serão

predominantes na sua determinação, a saber: (a) o cliente; (b) os competidores

e (c) custos.

Baker (2005, p.247) afirma que o volume de vendas desempenha um

papel de suma importância no conjunto de relações entre preço, custo e lucro:

“Na qualidade de uma variável dependente, o volume de vendas reflete a

demanda do cliente e é uma função do próprio preço da empresa e também

dos preços dos concorrentes. [...] na qualidade de uma variável independente,

o volume de vendas é um determinante dos custos da empresa [...]”.

Além disso, manter a coerência entre o preço de um produto e os

outros elementos do composto de marketing é uma questão fundamental para

o posicionamento de um produto ou serviço. De acordo com Kotler (2000, p.

477) a organização deve decidir onde posicionar seu produto em termos de

preço e qualidade.

A figura abaixo ilustra as nove estratégias de preço-qualidade no

posicionamento de mercado:

Figura 3 – Estratégia de posicionamento preço-qualidade

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Fon

Como pode ser

preço é reflexo da qua

um preço alto e bens

posicionamento 2,3 e

estratégias anteriores. I

média, mas a preços m

preços excessivos para

a um preço mais alto.

2.4.3.3 Promoção

Antes dos con

conhecê-lo, descobrind

essas informações ao

marketing denominado

substituída por comun

Fonte: KOTLER; 2000, p. 477

de ser observado na figura acima, nas estrat

a qualidade do produto. Assim, bens de alta

bens de baixa qualidade, preço baixo. As

,3 e 6 visam atacar concorrentes que ado

ores. Isso porque eles oferecem produtos de q

ços mais baixos. Por fim, as estratégias 4,7 e

s para um bem, já que oferecem produtos de

moção

s consumidores adquirirem um novo prod

obrindo quais atributos possui e onde encon

s ao mercado-alvo é tarefa do elemento d

inado promoção. Atualmente, esta denominaç

comunicação de marketing, definindo-a de

27

estratégias 1,5 e 9 o

alta qualidade terão

As estratégias de

e adotam as

s de qualidade alta ou

4,7 e 8 estabelecem

s de baixa qualidade

produto, é preciso

encontrá-lo. Fornecer

nto do composto de

minação vem sendo

a de maneira mais

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28

ampla, abrangendo todas as formas de comunicação da empresa com seus

públicos.

De acordo com Lambin (2000, p. 627), a comunicação de

marketing compreende as ações necessárias à comunicação da empresa em

direção à seus diferentes públicos, isto é, mercado- alvo, fornecedores,

distribuidores, acionistas e também a seu próprio pessoal.

2.4.3.3.1 Elementos da comunicação de marketing

Segundo Kotler (2000, p. 570) o mix de comunicação de marketing é

composto por 5 principais elementos de comunicação: propaganda, promoção

de vendas, relações públicas e publicidade, vendas pessoais e marketing

direto.

De acordo com Lambin (2000, p. 627):

Estes meios de comunicação, muito diferentes, são contudo

complementares. O problema não é saber se é necessário fazer

publicidade e promoção, mas antes saber como repartir da melhor forma o

orçamento global de comunicação entre os diversos meios, tendo em conta as

características dos produtos e dos objetivos de comunicação definidos.

2.4.3.4 Distribuição

A distribuição implica na chegada do produto ao público. Refere-se à

distribuição física dos produtos até os clientes e aos canais de marketing.

Kotler (2000, p. 510) define os canais de marketing como

“conjuntos de organizações interdependentes envolvidas no processo de

disponibilização de um produto ou serviço para uso ou consumo”.

As decisões relacionadas aos canais de marketing estão entre as

essenciais, já que é por meio deles que os fabricantes disponibilizam seu

produto aos consumidores, ou seja, os canais facilitam o fluxo de bens e

serviços. De forma geral, os canais, também chamados de intermediários,

alcançam maior eficiência quando disponibilizam produtos em larga

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escala, tornando-as acessíveis ao mercado-alvo. Tal eficiência é obtida

por sua rede de contatos, experiência, especialização e escala de

operação, oferecendo o fabricante mais do que ela conseguiria

trabalhando sozinha. (KOTLER, 2000, p. 511)

De acordo com Churchill e Peter (2000, p. 368) as funções de um canal

podem ser divididas em três categorias: transacionais, logísticas e de

facilitação. As funções transacionais compreendem a compra e venda de

produtos de vários fabricantes para criar trocas. Por esta função, os

intermediários podem tornar os canais muito mais eficientes. Já as funções

logísticas envolvem a movimentação de mercadorias de forma a combiná-las

em quantidades que as tornem fáceis de comprar. Por fim, as funções de

facilitação auxiliam os processos de compra e venda por meio do

financiamento de transações, graduação de produtos e coleta de informações

de marketing.

2.4.4 Diferenciação e Posicionamento

De acordo com Ferrell, (2000, p.1000), após identificar os segmentos

de mercados em que irá atuar e desenvolver um composto dos elementos de

marketing para satisfazer os consumidores, o passo seguinte é posicionar-se

nesse segmento. Tal tarefa envolve posicionar-se com relação às ofertas dos

concorrentes e de modo que o produto pareça possuir as características

desejadas pela maior parte dos consumidores.

Kotler (2000, p.321) define posicionamento como “o ato de desenvolver

a oferta e a imagem da empresa para ocupar um lugar destacado na

mente dos clientes-alvo.” Desta forma, o posicionamento pode ser

entendido como a criação bem-sucedida de uma proposta de valor para o

mercado-alvo comprar o produto.

O posicionamento teve seu conceito desenvolvido por Ries e Trout

que descrevem (2002, p.2):

O posicionamento começa com um produto. Uma mercadoria, um

serviço, uma companhia, uma instituição ou mesmo uma pessoa. Talvez você

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30

mesmo. Mas o posicionamento não pé aquilo que você faz como produto.

Posicionamento é aquilo que você provoca na mente do cliente potencial. Em

outras palavras, você posiciona o produto na mente do cliente potencial.

Com relação às estratégias de diferenciação existem diversas. Existe

diferenciação para certas classes de usuários, contra um concorrente, e para

as classes de produtos. A escolha por uma estratégia à outra, irá depender dos

objetivos de marketing que a empresa espera alcançar num determinado

momento.

Ferrell (2000, p.101) destaca três fatores como estratégias de

posicionamento: descritores do produto, serviços de apoio ao consumidor e

imagem.

Os descritores de produtos estão relacionados às características de um

produto que o diferencia das ofertas dos concorrentes, como embalagem,

qualidade e preço. Já os serviços de apoio ao consumidor geralmente são

utilizados quando há dificuldade de diferenciar um produto quando todos os

produtos deste mercado têm características e qualidade similares. Neste caso,

serviços de pré e pós-venda é uma alternativa para retirar o produto do status

de commodities e diferenciá-los na mente do consumidor. Por fim, a imagem

pode ser considerada a impressão global que um consumidor possui de um

produto ou organização, estabelecendo relações positivas ou negativas com

relação a ela.

Com relação às estratégias de posicionamento, Ferrell (2000, p.103)

destaca o fortalecimento da posição atual, a mudança para uma nova posição

e o reposicionamento do concorrente.

O fortalecimento da posição atual de um produto envolve monitorar

constantemente o que os consumidores do mercado-alvo desejam e de que

forma a empresa direciona suas ações para satisfazê-los. Desta forma, o

fortalecimento de uma posição atual significa a satisfação contínua das

expectativas dos consumidores de forma a fazê-los enxergar, em uma

condição ideal, a empresa como supridora única de suas necessidades,

colocando-a em um novo patamar.

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A mudança para uma nova posição é geralmente utilizada quando os

consumidores perderam a confiança na condição de um produto atender às

suas necessidades. Neste caso, fortalecer a posição atual pode indicar uma

queda ainda maior de desempenho. De acordo com Ferrell (2000, p.103), “o

reposicionamento pode envolver mudança fundamental em qualquer dos

elementos de marketing e, talvez, em todos eles”.

Ainda com relação ao posicionamento, quando da escolha e

implementação de uma estratégia, é essencial comunicá-la ao seu mercado-

alvo. Todo o composto de marketing deverá direcionar-se para o

posicionamento escolhido pela empresa. É importante que este

posicionamento se traduza em ações concretas, não deixando espaço para

que seu mercado-alvo tenha interpretações confusas sobre o mesmo em

nenhum momento.

De forma geral, uma boa gestão estratégica de marketing deve refletir

as macroestratégias da empresa, de forma a satisfazer os desejos e

necessidades de seus consumidores como forma de retorno financeiro para a

empresa.

2.5 Comportamento do consumidor

O sucesso ou o fracasso em ações de marketing depende muitas

vezes das reações dos consumidores expressas sob a forma de padrões de

compra. Dessa forma, torna-se essencial procurar atender os desejos e

necessidades de seus clientes em todos os aspectos, encontrando as

dimensões que influenciam o comportamento de compra e tornando as

ofertas da empresa compatíveis com as expectativas de seu mercado-alvo.

Mowen (2004, p.03) define: “O comportamento do consumidor é

definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de

troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de

mercadorias, serviços, experiências e idéias”.

De acordo com Kotler (2000 p. 182): “O campo do comportamento do

consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam,

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compram, usam e descartam artigos, serviços, ideias ou experiências para

satisfazer suas necessidades e seus desejos.”

Os principais fatores que influenciam o comportamento de compra do

consumidor são os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos, sendo os

fatores culturais os que exercem maior e mais profunda influência (KOTLER,

2000 p. 183). Os fatores culturais compreendem a cultura, subcultura e a

classe social. Com relação aos fatores sociais, encontramos os grupos

de referência, a família, papéis e status. Já os fatores pessoais compreendem

a idade e estágio no ciclo de vida, ocupação e circunstâncias econômicas, o

estilo de vida, além da personalidade e auto-imagem. Por fim, os fatores

psicológicos envolvem motivação, percepção, aprendizagem, crença e atitudes.

CAPÍTULO III

Planejamento da Pesquisa

Definido o problema de pesquisa e seus objetivos específicos,

conforme salientado no Capítulo 1 passa-se ao planejamento da mesma.

3.1 Seleção do tipo de pesquisa

Malhotra (2001, p.105) identifica que uma pesquisa de marketing pode

ser classificada de forma abrangente como exploratória ou conclusiva.

A pesquisa exploratória procura a compreensão de um fenômeno

a ser observado pelo pesquisador. Geralmente é usada quando é necessário

definir o problema com maior precisão e identificar fatores relevantes para o

desenvolvimento de uma abordagem mais estruturada. As informações para a

pesquisa são definidas apenas ao acaso e o processo de pesquisa é

classificado como flexível e não estruturado. A amostra neste caso é pequena

e não-representativa. Por fim, as constatações de pesquisa são

consideradas experimentais, podendo servir como dados para pesquisas

posteriores. (MALHOTRA, 2001, p.106)

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Em contrapartida, a pesquisa conclusiva tem como objetivo testar

hipóteses e examinar relações entre variáveis pré-estabelecidas. As

informações para a pesquisa devem ser claramente definidas e o processo de

pesquisa é formal e estruturado. A amostra deve ser grande e representativa

da população a ser estudada. Por fim, as constatações deste tipo de

pesquisa são de natureza conclusiva e geralmente usadas para a tomada de

decisões gerenciais. (MALHOTRA, 2001, p.106)

Desta forma, qualquer pesquisa realizada neste trabalho será de

caráter exploratório, uma vez que busca- se a compreensão do fenômeno a ser

estudado.

3.2 Técnica de coleta de dados

Mattar (1999, p.81) identifica os seguintes métodos para coleta de

dados: levantamentos de dados secundários, levantamentos de experiências,

observação informal e estudo de casos.

O levantamento de dados secundários compreende a identificação de

dados já coletados para fins que não são os do problema em pauta. Podem ser

provenientes de levantamentos bibliográficos ou externos, correspondendo a

livros, revistas e publicações; levantamentos documentais ou de origem

interna, obtidos geralmente através de dados de dentro de uma empresa;

levantamentos de estatísticas, obtidos por fontes governamentais; ou por

levantamento de pesquisas já realizadas, por meio das quais identifica-se

trabalhos desenvolvidos sobre o tema em questão.

Os levantamentos de experiências relacionam-se a experiências

vivenciadas por determinadas pessoas, portanto não se referem a dados

documentados. Para sua obtenção geralmente são realizadas entrevistas

pessoais com especialistas em determinado assunto.

Já a observação informal está associada à observação natural do

fenômeno. Deve ser realizada de modo informal e sua depende do estado

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de atenção do observador, de sua perspicácia, discernimento e preparo

para interpretação do fenômeno.

Por fim, o estudo de caso é utilizado quando o "como" e o "por que"

são as perguntas centrais, tendo o investigador um pequeno controle sobre os

eventos, e quando o enfoque está em um fenômeno contemporâneo.

Yin (2005, p.32) define o estudo de caso em duas partes. Em primeiro

lugar considera que:

Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga

um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos.

Em segundo lugar, já que um fenômeno e seu contexto não

apresentam-se sempre explícitos nas situações cotidianas, é preciso um

conjunto de outras características técnicas:

A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente

única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de

dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com

os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro

resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas

para conduzir a coleta e a análise de dados.

Desta forma, o estudo de caso pode ser considerado um método de

pesquisa bastante abrangente, envolvendo planejamento, técnicas de coleta de

dados e abordagens específicas à análise destes.

Após analisadas as técnicas de coleta de dados, optou-se pelo

levantamento de fontes secundárias para a análise do consumidor de baixa

renda e a realização de estudos de caso para o levantamento das

estratégias de marketing utilizadas por empresas voltadas a esse consumidor

por estes serem os métodos mais adequados a este tipo de pesquisa.

3.3 Escolha do setor a ser estudado

Nesta pesquisa foi escolhido para estudo o setor varejista de bens de

consumo duráveis. A justificativa para se escolha se deve ao grande

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35

crescimento das redes varejistas nos últimos anos voltadas ao público de

baixa renda e por ser de fácil identificação neste setor empresas voltadas

ao atendimento, quase que exclusivo, deste público.

3.4 Escolha do caso para estudo

Alguns critérios para a seleção da empresa para o estudo de caso

foram determinados como:

- Ser uma empresa nacional;

- Ser uma empresa varejista;

- Possuir grande representatividade no país;

- Ser modelo de sucesso no mercado de baixa renda.

Desta forma, foi escolhida para estudo as Casas Bahia.

A Casas Bahia é considerada a maior rede de móveis e

eletrodomésticos do Brasil e já possui reconhecimento internacional como uma

empresa de sucesso voltada ao público de baixa renda.

Em 2006, a Casas Bahia foi citada na National Retail Federation, maior

feira mundial de varejo, como uma das 250 maiores empresas do setor

varejista no mundo, ao lado de mais uma empresa brasileira, o Grupo Pão de

Açúcar, empresa responsável pelo controle da rede Compre Bem.

3.5 Determinação da forma de coleta de dados

Yin (2005, p.111) identifica seis fontes de evidências para a realização

de estudos de caso: documentação, registros em arquivos, entrevistas,

observação direta, observação participante e artefatos artísticos. Cada uma

delas exigindo habilidades e procedimentos específicos para coleta e

apresentando pontos fortes e fracos. Destaca-se ainda a utilização de outras

fontes como filmes, fotografias, testes psicológicos e histórias de vida.

A documentação a observação de objetos como cartas,

memorandos, minutas de reuniões, documentos administrativos, estudos

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realizados, recortes de jornais ou artigos de circulação na mídia. Para os

estudos de caso, o uso mais relevante de documentos tem como

finalidade corroborar e valorizar informações obtidas de outras fontes. (YIN,

2005, p.112)

Os registros em arquivo geralmente são encontrados sob a forma

de registros de serviço, organizacionais, mapas e gráficos, lista de nomes,

dados de levantamentos e registros pessoais.

Podem ser encontrados tanto como registros físicos como sob a

forma de arquivos de computador

Já as entrevistas são consideradas uma das mais importantes fontes

de informações para um estudo de caso. Podem ser realizadas de forma

aberta, na qual o respondente passa as informações com suas próprias

palavras conforme a entrevista é encaminhada, ou de forma fechada, na

qual as respostas devem ser escolhidas dentro de um número seleto de

alternativas.

Na observação direta, o pesquisador, ao visitar o local de campo

obtém a oportunidade de recolher evidências e fazer observações diretas

com a finalidade de analisar comportamentos ou condições ambientais

relevantes ao estudo.

Na observação participante, diferentemente da observação direta, o

pesquisador não atua apenas de forma passiva no ambiente de estudo, mas

assuma uma diversidade de funções como forma de participar dos eventos que

estão sendo estudados.

Por último, os artefatos físicos, também denominados de culturais,

correspondem a fontes de evidência física como objetos encontrados no local

de estudo. De acordo com Yin (2005, p.124)

“os artefatos físicos têm uma importância potencialmente menor na maioria dos

exemplos típicos de estudos de caso”.

Para a realização dos estudos de caso foram utilizadas 3 das

seis ferramentas citadas: documentação, entrevistas, observação direta.

3.6 Processo de coleta dos dados

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Conforme citado anteriormente, foram utilizados três métodos de

coleta de dados para a realização dos estudos de caso – documentação,

registros em arquivos, entrevistas e observação direta.

O processo de coleta de documentação foi obtido por meio de

pesquisas em fontes secundárias como artigos de revistas, web sites e artigos.

Já o método de entrevista, foi realizado com funcionários e ex-

funcionários de ambas empresas de maneira aberta.

A observação direta foi realizada uma loja de cada uma das redes com

a finalidade de obter evidências não conseguidas por outros métodos. De

acordo com Yin (2005, p.120) “as evidências observacionais são, em geral,

úteis para fornecer informações adicionais sobre o tópico que está sendo

estudado”. Neste caso, a observação foi útil para confirmar, de maneira visual,

evidências já obtidas pelos métodos utilizados anteriormente, uma vez que esta

foi feita após a realização dos outros métodos.

Já com relação a coleta de dados referente aos consumidores, foram

utilizados somente dados de fontes secundárias obtidos por meio de livros,

periódicos, trabalhos, artigos, dentre outros.

CAPÍTULO IV

Apresentação e Estudo de Caso

Nesta parte serão apresentadas a rede de varejo Casas Bahia

selecionada para estudo de caso deste trabalho.

A rede foi escolhida devido à sua representatividade no mercado

brasileiro voltada ao consumidor de baixa renda e seu sucesso em âmbito

nacional.

A partir disso, pretende-se estabelecer algumas comparações entre os

aspectos mais relevantes relacionadas às estratégias de marketing observados

na empresa e os conceitos discutidos na fundamentação teórica.

4.1 CASAS BAHIA

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A rede é apontada por pesquisadores da Michigan Business School

como benchmark no mercado da baixa renda, conforme observou a equipe do

indiano C.K.Prahalad, um dos mais respeitados especialistas em estratégia,

enviada ao Brasil no ano de 2003 para estudar uma empresa

especializada em lidar com a população de baixa renda no Brasil.

Além disso, a rede foi ainda a única empresa brasileira citada como

exemplo de concessão de crédito em estudo da Comissão Sobre o Setor

Privado e Desenvolvimento do PNUD – Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento – realizado no ano de 2004. O Relatório entregue ao

Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, apontava, entre outras observações, a

contribuição da Casas Bahia para o crescimento eqüitativo da humanidade.

4.1.1 História da empresa

Fundada em 1957, na cidade de São Caetano do Sul, no estado de

São Paulo, a história das Casas Bahia se confunde com a história de seu

fundador, o imigrante polonês Samuel Klein que iniciou sua vida profissional no

Brasil como mascate vendendo produtos aos retirantes nordestinos.

Samuel chegou ao Brasil em 1952, apos sobreviver dois anos em um

campo de concentração nazista, com intuito de recomeçar vida com sua família

na América. Tão logo chegou em São Caetano do Sul, Samuel comprou uma

casa e uma charrete e, com a ajuda de um conhecido que transitava bem pelo

comércio no bairro paulista do Bom Retiro, adquiriu uma carteira de 200

clientes e passou a vender roupas de cama, mesa e banho. De porta

em porta, começou a mascatear pelas ruas da cidade do ABC paulista,

oferecendo boas condições de pagamento - prestações no crediário - a quem

não podia pagar.

Iniciando sua carreira de vendedor com uma carteira de 200 clientes,

chegou ao ano de 1957 com 5.000 clientes que pagavam as mercadorias a

prazo. A partir de então, surgiu a oportunidade de expansão do negócio: em

1957, Samuel Klein compra a loja chamada “Casa Bahia”, localizada na

Rua Conde Matarazzo, no centro de São Caetano do Sul. O nome era

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uma referência aos imigrantes nordestinos que haviam se deslocado para

a região em busca de trabalho na indústria automobilística.

Em 1958 é inaugurada a primeira loja das Casas Bahia sob o comando

de Samuel Klein. Entre os principais produtos comercializados se destacavam

os móveis, além de tapetes e colchões. Apesar da inauguração da loja, ainda

continuava o sistema de vendas de porta em porta. Como grande parte da

clientela trabalhava o dia inteiro e mal tinha tempo para ir às compras, Samuel

optou por manter o negócio com visitas de funcionários da “Casa Bahia” às

casas dos clientes.

Com o crescimento dos negócios, após pouco mais de um ano após a

inauguração da primeira loja, Samuel abre sua primeira filial, também da cidade

de São Caetano. A partir de então, a “Casa Bahia” passava a ser denominada

“Casas Bahia”.

Em 1964 é inaugurada a primeira grande loja das “Casas Bahia” e sua

terceira filial. A partir de então foi implementado novos produtos como

eletrodomésticos.

Em 1968, houve a necessidade de maior investimento na empresa. A

empresa crescia de tal forma que precisava aumentar significativamente seu

volume de vendas para compensar os investimentos necessários à

manutenção da mesma. Foi então que iniciaram as vendas a prazo como

forma de alavancar vendas. A idéia inicial era passar essas vendas a prazo,

principalmente as de longo prazo, para as financeiras. No entanto, os juros

cobrados eram altos demais para serem repassados aos clientes. A alternativa

encontrada foi responsabilizar as Casas Bahia pelas contas e pagamentos

dos clientes, passando o dinheiro às financeiras, o que reduziria

significativamente as taxas.

Em 1970 surgiu a oportunidade de adquirir sua própria financeira, a

Intervest, a qual que foi fechada quando o ex-presidente Fernando Collor de

Mello extinguiu as letras de câmbio ao portador. A partir de então havia capital

suficiente para financiar qualquer compra ou cliente. A aquisição da financeira

permitiu à Casas Bahia o crescimento desejado: comprar por um bom preço,

vender com lucro e ainda obter os juros do financiamento dos produtos.

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Com capital para investimento, as Casas Bahia adquiriram as Lojas

Piratininga, passando assim a 7 filiais da rede. Desta fusão, a rede aproveita

João Elias Sobral, antes superintendente das Lojas Piratininga, e o contrata

como responsável pelo departamento de propaganda das Casas Bahia. A

partir de então surge a marca oficial da empresa: o boneco baianinho. O traje

diversificado, marcado pelo chapéu pernambucano, representava a integração

do Brasil dentro das Casas Bahia.

Junto com a imagem, surge também o slogan e jingle da empresa:

“Dedicação total a você”.

Em 1972, já com 15 lojas no ABC paulista, a rede expande seus

negócios para a Baixada Santista. Por meio de pesquisas na região,

descobriu-se quais as redes de varejo mais fortes para aquisição. Meses

depois, a expansão atingia cidades como Cubatão, Vicente de Carvalho,

Santos, Praia Grande, entre outros. E assim, as regiões do ABC paulista e

baixada santista passaram a ser dominadas pelas Casas Bahia.

Pouco tempo depois, houve a inauguração de lojas em cidades

periféricas e bairros da capital de São Paulo. Apesar do crescimento da rede, a

tática de mascate continuava: eram mantidas as vendas de porta em porta

pelos funcionários da empresa. Mas nesta época, o pagamento não mais

era feito aos próprios vendedores. Era preciso o cliente se deslocar até uma

loja das Casas Bahia mais próxima para efetuar o pagamento da mercadoria.

Essa era a grande estratégia da empresa que a diferenciava de seus

concorrentes. Grande parte dos clientes, no dia de pagar a prestação já

havia feito uma nova compra, garantindo sua ida mensal à loja.

Muitas dessas vendas de porta em porta eram realizadas por mulheres. A

explicação para isso se deva o fato de se pensar que uma dona de casa jamais

teria receio de atender outra mulher que batesse à sua porta. Além disso, havia

mais facilidade de conquistar a amizade da clientela, composta basicamente

por donas de casa.

Em meados da década de 80, já com cerca de 40 lojas, as vendas de

porta em porta cessaram por ter havido uma queda substancial de retorno

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neste meio. A partir de então, surge a necessidade de investir maciçamente em

propaganda. Iniciaram os comerciais televisivos, sempre com presenças

de personalidades.

A partir da implantação do Plano Real, em 1994, as Casas

Bahia tiveram um crescimento bastante significativo. Uma vez que o plano

proporcionava maior poder de compra e melhores condições de consumo às

classes de baixa renda, principal público da rede, houve um grande aumento

das vendas da empresa. Por meio de baixas prestações, o consumidor poderia

adquirir tudo que precisasse para sua casa.

A expressividade do Plano Real para a empresa pode ser traduzida em

números: do ano de 1993 para 1994, o faturamento subiu de cerca de 393

milhões de dólares para mais de 841 milhões.

Com este crescimento nas vendas, houve injeção de verba suficiente

para ampliação da rede para outros estados do país. Em 1996, chegava-se ao

número 250 de lojas e a um faturamento de quase 3 bilhões de dólares.

Em 2004, após o fechamento de sua financeira, a Casas Bahia fechou

acordo com o Bradesco, maior banco privado do país, que passou a financiar

25% das vendas a prazo, totalizando cerca de R$ 400 milhões por mês. Tal

acordo proporcionou vantagens a todos os envolvidos: ao Bradesco pelo

financiamento garantido, a Casas Bahia pelo recebimento de recurso

para investir na expansão das vendas e ao consumidor, que pode pagar a

mensalidade do carnê em qualquer uma das agências do banco, além do caixa

das próprias lojas da rede Casas Bahia.

Atualmente, a Casas Bahia é a maior rede varejista de

eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis do país possuindo mais de 500

lojas localizadas em 8 estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas

Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

A intenção à curto prazo é aumentar o número de lojas nestas regiões

e expandir a rede para estados como Espírito Santo, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul e Bahia até meados de 2007.

Com um faturamento de R$ 11,5 bilhões registrados no ano de 2005, a

rede está entre as 10 maiores empresas empregadoras do país, possuindo

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mais de 54 mil colaboradores diretos, todos registrados em carteira. Em 2005,

a empresa encerrou o ano com 18,5 milhões de contratos aprovados e sua

carteira de clientes atingiu o número de 23 milhões de pessoas, sendo 21,5

milhões destes, ativos.

Até hoje, a Casas Bahia continua seguindo os ensinamentos de seu

fundador, Samuel Klein: entender as necessidades emocionais e os hábitos

de compra dos clientes de baixa renda e viabilizar o sonho de consumo

por meio do acesso ao crédito, com qualidade de serviços, presteza na

concessão de crédito e assistência contínua no pós-venda.

4.1.2 Perfil dos consumidores

Segundo dados da empresa, a carteira de clientes da rede

possui cerca de 23 milhões de consumidores distribuídos em todo o país,

sendo 21,5 milhões destes ativos, ou seja, clientes que pagam mensalmente

as parcelas de compras realizadas na empresa. Dentre estes,

aproximadamente setenta por cento dos clientes são pessoas sem renda

formal, cuja renda média mensal é de dois salários mínimos. Em sua

maioria, são operários de construção civil, empregadas domésticas,

cozinheiras e vendedores ambulantes que vivem em cidade metropolitanas.

Quanto a consumo, ao contrário do que se possa imaginar, apesar de

suas rendas modestas, os consumidores da Casas Bahia desejam consumir as

mesmas marcas reverenciadas pela classe média. Isso ocorre principalmente

em produtos de eletroeletrônico e em eletrodomésticos. A justificativa para tal

comportamento se deve ao valor agregado de tais produtos: por serem

produtos de maior valor e durabilidade, o cliente prefere escolher as marcas

com referências de qualidade para ter a garantia de bom desempenho. Com

relação a móveis, a preferência do consumidor é por móveis modulares e

compactos, o que permite adequá-los em qualquer espaço, inclusive em

pequenas residências.

Mesmo conhecendo bem o perfil do consumidor típico da rede, a

Casas Bahia realiza pesquisas anualmente para identificar tendências no

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comportamento de seu consumidor. Grande parte dessas pesquisas é

realizada na superloja da rede realizada uma vez ao ano na cidade de São

Paulo. É a chamada Super Casas Bahia. Isso porque, segundo a empresa, há

um grande fluxo de pessoas (cerca de um milhão de visitantes), das mais

diversas regiões e com as mais diversas intenções de compra. Esse grande

fluxo de pessoas é aproveitado pela empresa para realizar um estudo das

características de seu público e das regiões de onde ele vem. Com base nos

produtos adquiridos e estandes mais visitados pelo consumidor ela

planeja, de forma mais segura, investimentos em novas unidades, produtos

e distribuição logística, de acordo com o perfil do consumidor de cada bairro.

4.1.3 Concorrência

Enquanto a Casas Bahia crescia nos anos 90, alguns concorrentes

tradicionais, como Mesbla, Mappin e a rede G.Aronson, acabaram

desaparecendo. Outros, concordatários, ressurgiram enfraquecidos, caso da

Arapuã. Neste período avançaram novas redes como a Magazine Luiza, e

os hipermercados como o Extra e o Carrefour. No entanto, nenhum deles ainda

possui estrutura suficiente para ameaçar a liderança das Casas Bahia.

Apesar de líder no varejo de móveis, eletrônicos e

eletrodomésticos do país, enfrenta a concorrência de grandes redes e

hipermercados. Os principais concorrentes das Casas Bahia atualmente são

as redes Ponto Frio, Colombo, Magazine Luiza, Lojas Cem, Extra,

Pernambucanas e Eletro. Dentre os citados, os concorrentes de maior

expressividade são as redes Magazine Luiza e Ponto Frio, por terem um

modelo de negócios mais parecido com o das Casas Bahia.

Diferentemente de seus principais concorrentes como Magazine Luiza

e Ponto Frio, a Casas Bahia não adotou o sistema de vendas pela internet. Isso

ocorre porque sua principal forma de manutenção de clientes é feita pela ida à

loja todo mês para efetuação de pagamento. No entanto, a rede vem fazendo

alguns testes nesse sentido. Durante o mês de dezembro de 2005, a empresa

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fez uma experiência no mundo virtual ao colocar seus produtos à venda no

Shop Fácil, o shopping eletrônico do Bradesco.

4.1.4 Composto de Marketing

Nesta parte será apresentado como se comporta cada uma das

ferramentas do composto do marketing na rede Casas Bahia.

4.1.4.1 Produtos

Entre as principais categorias de produtos das Casas Bahia estão

móveis e eletrodomésticos.

Os móveis são a principal categoria, atingindo cerca de trinta e um por

cento das vendas totais, pretendo-se atingir a faixa de 40% nos próximos anos.

A empresa também possui uma fábrica própria de móveis denominada

Bartira, com duas plantas industriais nas cidades de São Caetano do Sul e

de Santo André, no ABC paulista.

Suas fábricas possuem mais de dois mil funcionários e produzem

móveis para cozinha, salas de estar, salas de jantar e dormitórios. Os

estofados ainda são negociados com outros fornecedores.

A necessidade de possuir uma fábrica de móveis própria auxilia a

empresa a garantia de bons produtos ao consumidor e, concomitantemente,

um maior controle de custos.

A projeção dos móveis é feita por um processo denominado integração

vertical reversa. Tal prática consiste em produzir em casa as mercadorias com

base no conhecimento das necessidades do consumidor. A empresa

primeiramente determina o preço do produto e o número de prestações

nas quais poderão ser divididas o pagamento. Após este processo é que o

produto passa a ser desenvolvido. Este processo permite administrar

velozmente todo o ciclo que vai da produção, em sintonia com a escala de

demanda, à venda na loja.

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A empresa preocupa-se em realizar pesquisas periódicas com os

clientes para saber que tipo de produto mais o agrada. Como a maioria dos

clientes não tinha dinheiro para comprar o dormitório completo, a Casas Bahia

passou a vender cada móvel separadamente.

Além do baixo custo, o consumidor prioriza fatores como tamanho dos

móveis e design. Uma vez que este tipo de produto é direcionado ao público de

baixa renda, que em sua maioria mora em casas menores, o tamanho dos

móveis é um fator de compra decisivo.

A programação da produção é realizada a partir das previsões de

vendas, as quais baseiam-se no histórico de vendas, metas e disponibilidade

nos estoques. As equipes das fábricas e das lojas trabalham em conjunto: nada

é lançado sem que antes seja planejada uma ação em conjunto.

Com relação ao estoque de produtos, o ciclo é de 30 dias para móveis

e 45 para os demais produtos.

A venda de móveis é o produto que promove o melhor resultado para a

empresa. A margem bruta obtida com a venda de móveis de fabricação

própria é de 40%, quase o dobro da obtida com os eletrodomésticos. Além

disso, a média de inadimplência nas vendas de dormitórios, mesas, estofados

e móveis em geral é de 4%, a metade em relação aos eletrodomésticos,

enquanto nas empresas concorrentes das Casas Bahia a média sobe para

16%.

Segundo a empresa, isso ocorre pela facilitação de crédito para

clientes que desejam adquirir móveis. Como móveis são bens de primeira

necessidade e difícil revenda, quando há atraso no pagamento quase sempre o

cliente procura renegociar a dívida, em vez de simplesmente devolver a

mercadoria. Desta forma, aumentar a participação de móveis no faturamento

global tornou-se crucial para que a Casas Bahia consiga reduzir a taxa de

inadimplência.

Com relação aos eletrodomésticos e eletroeletrônicos, a maior parte

das vendas é de produtos de marcas de qualidade como Sony, Toshiba, JVC e

Brastemp. Destes, a maior parte das vendas corresponde a televisores,

alcançando catorze por cento das vendas totais, seguido de produtos de áudio,

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com dez por cento do total de vendas. O restante das vendas está distribuído

em telefones, computadores, acessórios eletrônicos e eletrodomésticos.

Entre os eletrodomésticos mais vendidos pode-se citar as

máquinas de lavar e geladeiras, correspondendo aproximadamente 36% e

25%, respectivamente, das vendas totais do mercado. A venda de celulares,

aparelhos de TV e DVD também crescem significativamente nos últimos anos.

Atualmente, as Casas Bahia respondem por 20% das vendas totais desses

aparelhos.

De acordo com a empresa, para a realização de vendas bem-

sucedidas de eletrodomésticos é essencial um estreito relacionamento com os

fornecedores. Como exemplo pode-se citar que cerca de 10% do faturamento

total da empresa registrado no ano de 2005 foram originados de marcas da

Multibrás, maior fabricante de eletrodomésticos de linha branca no país. Neste

caso, há um acordo com o fabricante para que quando as Casas Bahia

tiver intenção de reduzir as encomendas, esta deve notificar a empresa

fabricante com três meses de antecedências para que a produção seja

redimensionada sem grandes transtornos. Segundo dados da empresa, as

Casas Bahia chegam a comprar mais de cento e vinte mil aparelhos de TV ao

mês para repor seus estoques, volume bastante expressivo para negociação

com fornecedores.

Além disso, a empresa tem uma posição de caixa privilegiada o que

permite a negociação dos equipamentos à vista ou por pagamento antecipado,

o que é essencial para os fornecedores. No entanto, as vantagens obtidas com

a barganha com os fornecedores não são repassadas para sua margem. Tais

vantagens obtidas são transferidas para os financiamentos e para arcar com os

custos de serviços aos clientes.

Além dos produtos com liderança de vendas, a empresa há dois anos

adotou a iniciativa de testar novos serviços e produtos dirigidos aos clientes em

suas lojas. Um exemplo disso é a venda de pacotes de turismo, por meio de

uma parceria com a operadora Sancatur Turismo, a rede começou a oferecer

pacotes de viagens nacionais. Inicialmente, o acordo prevê a instalação de

pontos-de-venda em apenas seis filiais - Santo André, São Bernardo, São

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Caetano, Diadema, Mauá e Praça Ramos de Azevedo, no Centro de São

Paulo. Tal parceria se deve a uma tendência de mercado observada pela

empresa nos últimos anos: o crescimento da procura por pacotes de viagens

entre as classes populares devido ao acréscimo na renda média familiar. A

expectativa de venda é de cerca de 1.500 pacotes turísticos e doze mil

passagens aéreas ao ano. Em um segundo momento, o projeto deverá ser

ampliado para as outras filiais da rede espalhadas pelo país.

Outro exemplo de variedade na comercialização dos produtos é

adoção da venda de perfumes importados nas lojas da rede. A empresa está

vendendo, em 21 de suas lojas localizadas em São Paulo, aproximadamente,

95 marcas diversas de perfumes importados. A compra pode ser feita em até

12 vezes sem juros em qualquer cartão de crédito ou pelo carnê da loja. Alguns

perfumes também são vendidos no carnê sem juros. Tal abordagem é

justificada por outra tendência observada em pesquisa junto aos

consumidores de baixa renda: com o aumento da renda, a classe popular

passa a consumir mais produtos supérfluos para uso pessoal. A rede pretende

expandir a venda desses perfumes a todas suas lojas em cerca de três anos.

Também pretende inaugurar nos próximos meses uma joalheria na loja da

Praça Ramos, localizada no centro de São Paulo.

Como complementação da venda de seus produtos, as Casas Bahia

oferecem também alguns serviços adicionais com o intuito de diferenciar-se

ainda mais da concorrência. Entre os principais serviços, destacam-se a

Super Garantia e a Super Troca.

A Super Garantia é um serviço oferecido que garante o conserto do

produto com relação aos defeitos de fabricação ocorridos após o término

da garantia do fabricante. Essa garantia complementar pode ser contratada

no ato da compra para os seguintes produtos linha branca - refrigeradores,

freezers, fogões, fornos de microondas, depuradores, lavadoras, secadoras –

e linha marrom - televisores, vídeos, DVDs, equipamento de áudio,

produtos de informática, telefones celulares, bicicletas e aparelhos de fitness.

Já a Super Troca é um serviço que garante a troca do produto

defeituoso por um novo - igual ou similar - caso ele apresente defeito de

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fabricação após o término da garantia do fabricante. Tal serviço pode ser

adquirido somente para produtos eletroportáteis, como liqüidificador, torradeira,

secador de cabelo, entre outros, de valor até R$ 250,00.

4.1.4.2 Preço

O principal diferencial do sucesso das Casas Bahia está na estratégia

de preço. Por ser voltada ao público de popular, de baixa renda, a rede procura

oferecer a seus clientes os melhores preços do mercado. Segundo a

empresa, o importante não é somente o valor total do produto, mas

principalmente, o valor da parcela da mensalidade.

Detalhes em relação ao valor da mensalidade que o cliente irá pagar

ou à ênfase em um ou outro produto fazem a diferença entre vender muito e

vender pouco, ou seja, o cliente valoriza mais a forma de pagamento que o

preço total do produto por si só. Por meio do processo de integração vertical

reversa, no caso de produtos de fabricação própria, primeiramente é

realizada uma pesquisa junto a vendedores e clientes para determinação do

valor médio do produto e então, em quantas parcelas o pagamento poderá ser

dividido. O desenvolvimento de novos produtos é limitado pela parcela da

prestação. Já no caso de produtos provenientes de outros fabricantes,

devido à compra em escala, as Casas Bahia obtém ótimas condições de

preços de fabricantes, podendo obter uma boa margem em relação o preço

obtido com o produto pelo financiamento repassado a seus clientes.

Como formas de pagamento, os clientes podem fazê-lo em dinheiro,

cheque, carnê – boleto bancário - ou cartões de crédito das bandeiras

Mastercard, Mastercard Eletronic, American Express, Aura, Visa, Diners Club

International, Sorocred ou Maestro ou ainda por débito em conta bancária

através de Rede Shop ou Visa Electron. Cerca de 85% das vendas totais da

empresa são financiadas e as opções de pagamento chegam a se estender por

18 meses.

Entre essas formas de pagamento, a principal é feita por meio do carnê

Casas Bahia, que cobra taxas de juros que variam de 3,9% a 5,9% ao mês. Em

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caso de atraso no pagamento da prestação do carnê, será cobrado 0,25% de

juros ao dia, cerca de 7,80% ao mês, exceto em casos de campanhas

especiais.

O pagamento do carnê pode ser efetuado em qualquer uma das lojas

Casas Bahia, havendo desconto no pagamento caso o cliente pague sua fatura

antes do vencimento. O carnê tipo boleto bancário também pode ser pago na

rede bancária, havendo com uma taxa adicional de R$ 1,50 por prestação,

valor este que corresponde ao custo do boleto. No banco, as prestações pagas

antes do vencimento não têm desconto, e os boletos só poderão ser pagos até

cinco dias após a data de vencimento. Após esse período, o pagamento

somente poderá ser efetuado em uma das lojas da empresa. Este sistema visa

incentivar o pagamento do carnê nas lojas, uma vez que, ao visitar a loja, o

cliente pode ver lançamentos e promoções de outros produtos e realizar uma

nova compra.

Aproximadamente metade dos clientes que retornam para uma

nova compra tem o crédito automaticamente aprovado.

Para liberação de crédito é preciso apresentar em uma das lojas da

rede os seguintes documentos originais: RG, CPF, comprovante de endereço,

comprovante de trabalho e de renda. No caso de o cliente ser trabalhador

autônomo, basta apresentação de RG, CPF e comprovante de endereço. No

entanto, o processo de financiamento de crédito a clientes sem ocupação

formal e sem comprovantes de renda exige um maior cuidado para evitar

inadimplência.

Segundo a empresa, o processo de concessão de crédito envolve

sempre uma conversa com o cliente. Os analistas de crédito são instruídos a

interpretar a linguagem de gestos e formular as perguntas certas em uma

conversa informal com o cliente. Por exemplo, caso o cliente se

apresente como pedreiro ou qualquer outro ofício manual, o analista observará

se há calos nas mãos ou indícios da profissão pela postura do cliente.

Demonstrar interesse pela profissão sutilmente aprofundar algumas

perguntas também é uma das técnicas que auxilia a desmascarar

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farsantes. No caso de o cliente não apresentar a confiança necessária em um

primeiro instante, os analistas são instruídos a fingir estar procurando serviços

relacionados a profissão do cliente como reforma de casa, indicação de

advogado, entre outros. Tal interação, além de filtrar eventuais fraudes,

tem o propósito de ajudar a construir um relacionamento com o cliente.

A rede encara o crédito como uma extensão da venda e por isso

vendedores e analistas trabalham juntos para conquistar a confiança do cliente.

A entrevista inicial com o cliente gera um cadastro que segue para um banco

de dados informatizado. A partir de então, o cliente é classificado em

um nível de risco, de 1 a 3. Um cliente classificado no risco 3, o mais elevado,

poderá ser promovido a 1, o menos vulnerável, se efetuar seus pagamentos

em dia.

Apesar da informatização do sistema, este possui certas limitações.

Por exemplo, o sistema não captura se o cliente obteve promoção, mudou de

emprego ou se aumentou a renda com uma nova ocupação. É o analista que,

baseado na relação com o consumidor, assumirá o risco do crédito. A partir de

então é que se inicia o ciclo de fidelização.

Os analistas são instruídos a inclusive ignorar uma recomendação

negativa do sistema caso sinta- se à vontade a conceder o crédito a um

cliente. Neste caso, um eventual aumento da inadimplência seria

compensado pelo crescimento nas vendas. Isto é denominado pela empresa

como um custo de aquisição de novos clientes. Em lojas recém-

inauguradas, a taxa de inadimplência costuma dobrar, devido à facilitação do

crédito, e só volta à média de 8% após alguns anos.

Para que a inadimplência seja mantida em nível suportável, os

vendedores da Casas Bahia são treinados para convencer o cliente a comprar

de acordo com sua renda mensal. "Vestir o produto no cliente" é a expressão

usada pelos vendedores da empresa. Caso o cliente deseje em produto cujo

preço não caiba seu orçamento, o vendedor o convida a sentar-se, já

que nenhuma negociação é feita de pé, e lhe oferece ao interessado um

modelo de menor valor. Este processo é um fator-chave para a rede, o que

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possibilita a manutenção de uma das menores taxas de inadimplência do

setor.

A Casas Bahia mantém ainda uma equipe de especializada na

cobrança. Essa equipe é chamada internamente de “lembradores”. Quando o

cliente atrasa o pagamento, após seis dias recebe um telefonema da rede,

lembrando que o pagamento não foi efetuado. Na falta de telefone também

pode ser enviado uma carta. Caso o alerta não dê resultado, o devedor recebe

então a visita pessoal do "lembrador", orientado para negociar o pagamento.

Segundo a empresa, a cobrança não pode ser agressiva. É

preciso que os funcionários da cobrança estejam atentos às sutilezas das

necessidades humanas. Por exemplo, em casos de demissões coletivas de

grandes empresas, a equipe deve apurar se há clientes da rede entre os

demissionários e fazer um contato para informar o cliente que a empresa se

preocupa com a situação de seus clientes e assim está disposta a renegociar o

pagamento.

Apesar do sucesso da venda por carnê, algumas mudanças nos

hábitos de compra da população de baixa renda podem afetar negativamente a

empresa. Pelo aumento da disseminação de cartões de crédito entre o público

popular, as compras em cartão tendem a crescer. Se os clientes optarem pelo

uso de cartões nas compras, em vez dos carnês, as visitas às lojas devem

diminuir, e com isso haver uma queda nas vendas. Por enquanto, a maior parte

do crescimento das transações eletrônicas deve-se a clientes da classe média,

que começaram a consumir nas lojas da empresa.

4.1.4.3 Promoção

Um dos fatores responsáveis pelo sucesso das Casas Bahia é sua

campanha publicitária. Há três anos, a empresa se mantém como o maior

anunciante do setor publicitário do país. Considerando apenas os três primeiros

meses do ano de 2006, a verba total gasta em mídia pela empresa chega a R$

1,4 bilhão, sendo que deste montante cerca de R$ 668 milhões foram

destinados a investimentos em mídias televisivas.

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Tal investimento está relacionado a um dos objetivos da empresa em

seu mercado: estar sempre em primeiro lugar na lembrança de seu público-

alvo. Para isso, a principal estratégia utilizada é um alto investimento em

propaganda. Nos últimos cinco anos foi a marca mais lembrada pelos

consumidores na categoria Lojas de departamento, segundo a pesquisa Top of

Mind. Em 2006, ficou com 28% das citações na nova categoria Loja de móveis

e eletrodomésticos.

Até nos lugares aonde a rede ainda não chegou, como em alguns

pontos do Nordeste, existe comercial da empresa, o que acaba se tornando um

eficiente meio de preparar uma possível chegada.

Segundo a empresa, o investimento em campanhas de propaganda é

o efeito direto sobre o retorno de vendas.

Sob o slogan “Dedicação total a você”, a rede criou uma cultura cujo

único propósito é realizar os sonhos de seus clientes. A estratégia para atrair

clientes é anunciar, quase que diariamente, preços baixos de produtos de

marcas conhecidas. Como neste setor, grande parte dos produtos não possui

grande diferenciação, a competição é reforçada pelos investimentos em

propaganda do setor. Seus comerciais aparecem nas grandes redes e em

horários nobres. A empresa chega a produzir cerca de 300 comerciais ao mês,

além de spots de rádio e veiculação em jornais.

Apesar do alto investimento, apenas metade da verba de propaganda

sai do caixa da empresa. O restante vem dos fornecedores dos produtos que

são exibidos nos anúncios. O sistema é chamado de VPC, verba de

propaganda cooperada. A participação de cada fornecedor varia de zero a 3%

do anúncio. Apesar de aparentemente pequena, essa participação dos

fornecedores representa mais de 40% dos gastos com mídia.

As mensagens publicitárias variam entre o anúncio de preços e

informações sobre liquidações à mensagens em que a empresa destaca o

compromisso de cobrir qualquer oferta se o cliente comprovar a existência de

melhores condições na concorrência.

As campanhas costumam ser feitas com base na emoção, contando

com a participação cantores ou atores famosos, além de personagens da

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televisão. No entanto, essa estratégia vem se modificando. Nos últimos

anos, a empresa optou por adotar a imagem de um garoto propaganda, idéia

sugerida pela agência que possui a conta das Casas Bahia. A intenção era ter

a imagem de uma pessoa comum, que lembrasse ao consumidor

referências de pessoas conhecidas como vizinhos ou amigos. Foram

analisados mais de mil candidatos até que chegasse ao garoto-

propaganda escolhido: o ator Fabiano Augusto. Conhecido pelo bordão "Quer

pagar quanto?", baseado na abordagem a clientes de um vendedor da

empresa, o garoto-propaganda da Casas Bahia foi maciçamente veiculado na

TV.

Tempos depois, Fabiano ganhou uma companheira nas campanhas

publicitárias da rede: a atriz Andréa Toledo. A intenção ao colocar uma

personagem feminina nas campanhas, além de dividir as produções semanais

e quinzenais, significou um melhor diálogo com o público feminino e um

desgaste menor para a imagem de Fabiano.

No entanto, no ano de 2006, a empresa modificou sua estratégia.

Houve a substituição dos atores Fabiano Augusto e Andrea Toledo dos

filmes de televisão. Em seu lugar, entraram os personagens Laffey,

Jaderson e Gabriela, interpretados pelos atores José Luiz da Silva, Jaderson

Fialho Ferreira e Gabriela Monteiro Saraiva. Segundo a empresa, o motivo da

substituição se deve à reclamação dos clientes que diziam que a apresentação

de 3 ou 4 ofertas em um comercial de 30 segundos não oferecia às

informações necessárias sobre os produto. A idéia agora é que os novos atores

reproduzam nas peças publicitárias o atendimento atencioso que a rede

oferece, em ritmo menos intenso que a campanha anterior.

Além dos comerciais nas grandes redes de televisão, a empresa está

presente em todos os jornais das cidades onde mantém lojas, em todas as

emissoras de rádio e nas emissoras locais de televisão.

Além da publicidade tradicional nos veículos de comunicação, a Casas

Bahia também investe em mídia alternativa, como propagandas com carros de

som na periferia das cidades, distribuição de panfletos, patrocínio de shows

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artísticos, além de outros eventos que envolvam a comunidade na qual a loja

está presente.

No ponto de venda, um dos maiores atrativos da Casas Bahia é o

ambiente descontraído em que clientes antigos são tratados pelo nome e é

comum o cliente presentear o vendedor favorito com pequenos agrados. O

clima de intimidade e confiança entre clientes e vendedores deve-se

também à preferência na contratação de funcionários do próprio bairro onde se

localiza a loja como forma de estreitamento do relacionamento entre cliente e

empresa. As inaugurações da loja sempre contam com a presença de um

membro da família Klein prestigiando a nova equipe com uma festa que se

estende aos clientes. Segundo a empresa, trata-se da busca do encantamento

do cliente desde o primeiro dia. Todos esses cuidados rendem resultados:

cerca de 78% dos clientes cadastrados voltam a comprar na Casas Bahia.

Com relação a eventos, a partir de 2003, a rede promove todos os

anos o que se tornou o maior evento varejista do mundo: a Super Casas Bahia.

A idéia surgiu com a concepção de um evento que deveria possuir as

seguintes características: ser o maior evento do país, expressar a força da

marca, atrair tanto clientes quanto pessoas que normalmente não compravam

na rede, deixar uma marca de pioneirismo no mercado e alavancar o maior

número de vendas no período do final do ano.

Com a idéia formada, passou-se a criação do evento juntamente com a

agência que atende a empresa, sendo esta responsável pela construção e

operacionalização do evento. A escolha do lugar foi o Centro de Convenções

Anhembi, por sua grandeza, e época escolhida foi o período de fim de ano,

entre final de novembro e final de dezembro. Foi também criado um logo e

slogan específico para o evento. O logo é baseado no símbolo do Super-

Homem, associando ao “Super” do nome Super Casas Bahia. Já o slogan

associa o tamanho do evento com a missão declarada da Casas Bahia, a

realização de sonhos: “Uma loja tão grande quanto os seus sonhos”.

A estratégia de campanha é, a cada ano, relacionar o evento com

ações de entretenimento ao público e manter o apelo natalino, época de

maiores vendas. No ano de 2005, a Super Casas Bahia associou o evento à

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imagem do Mickey, personagem da Disney, e à exclusividade do show 100

anos de Magia Disney. O sucesso do espetáculo foi tanto que na edição de

2006 haverá novas apresentações da Disney. Além das apresentações, o

evento oferece outras atrações como cinema, lan house, sessões de

massagem, espaço para patinação, arvorismo e parede de escalada,

cabelereiro, manicure e maquiagem, entre outros. Tudo isso gratuitamente para

os visitantes.

Para o ano de 2006, a loja que dobrou de espaço chegando a 52 mil

metros quadrados utilizados e um grande centro de compras, expondo linhas já

consagradas na rede e lançamentos de diversos fornecedores.

Para divulgação do evento são usados filmes, anúncios, outdoors,

convites a formadores de opinião para inauguração e sessões exclusivas, hot

site da Super Casas Bahia, mídia alternativa, mídia exterior e mala-direta. No

local do evento encontram-se banners nos estacionamentos, painéis na área

do show, quiosques de troca de ingressos dentro e fora da Super Casas Bahia,

comunicação próxima ao Anhembi e cenografia externa do local.

4.1.4.4 Distribuição

Diferentemente de outras empresas, a Casas Bahia não prioriza a

eficiência da cadeia de suprimentos, a redução do capital de giro ou o

aumento do índice de giro de estoque. O diferencial da empresa é o

processo de negociação com o fornecedor, no qual a melhor oferta é obtida

pela negociação de altos volumes a preços baixos. Tal estratégia resultou na

construção do maior depósito da América do Sul, permitindo a manutenção de

estoques de grande volume. A rede não pode assumir o risco de ficar sem

estoques.

Além do depósito, a empresa conta com quatro centros de distribuição

localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Minas Gerais, e

seis instalações de cross-docking, localizadas em Brasília, Goiânia, Campo

Grande, Belo Horizonte, Curitiba, Itajaí e Porto Alegre. A empresa tem ainda

outros três Centros de Distribuição novos, inaugurados em 2006, que

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pretendem agilizar ainda mais a entrega dos produtos comercializados nas

filiais da rede e dar suporte aos planos de expansão da empresa. Os novos

centros, localizados em Duque de Caxias, São José dos Pinhais e São

Bernardo do Campo, somam 265 m² de área coberta e um investimento total

de mais de R$ 130 milhões.

O transporte é feito por uma frota com cerca de dois mil caminhões

de tipos variados. Os diversos tamanhos de caminhões auxiliam na

entrega em qualquer ponto do país, inclusive favelas, cujas entregas são

feitas com caminhões pequenos e a frota grande permite o agendamento

da data de entrega pelo cliente. Quando ocorre uma venda, o sistema da

empresa revela a área denominada microzona de entrega, a qual baseia-se no

CEP do cliente e calcula a capacidade do caminhão para programar a entrega.

As entregas demoram em média até quarenta e oito horas, mas

também é possível agendá-la para qualquer data dentro de um período de seis

meses. Serviço necessário ao público de baixa renda, uma vez que, em

grande parte, tanto homens quanto as mulheres de um mesmo domicílio

encontram-se trabalhando em horário comercial.

As entregas da maioria dos eletrodomésticos são feitas a partir dos

centros de distribuição ou das sete instalações de cross-docking, sendo o

centro de distribuição de Jundiaí o maior e principal centro da rede,

responsável pelo abastecimento das lojas da grande São Paulo e parte do

interior.

As entregas são realizadas em um raio de 1.000 Km a partir do

depósito mais próximo da loja para que seja cumprido o prazo de entrega de 24

a 48 horas a partir do ato da compra, conforme definição do cliente.

Nas lojas, não há estoque de grande eletrodomésticos, pois estas

não são responsáveis pela entrega. Estas possuem estoque apenas de

pequenos eletrodomésticos, os quais correspondem a produtos de retirada

imediata, sendo seu volume correspondente a quinze dias de vendas.

Conforme as vendas, o reabastecimento é feito automaticamente, por

meio de um sistema que atua de acordo com a localização do ponto de venda

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e o seu giro. O próprio sistema propõe o abastecimento, e analistas das filiais

avaliam os pedidos.

Em meio século de existência, as Casas Bahia recebeu diversas

propostas para terceirização de suas entregas, a maioria financeiramente

interessante. No entanto, a empresa não pretende modificar este processo,

uma vez que o momento da entrega é um dos mais favoráveis para estreitar o

contato direto com o cliente. Ter um sistema de entregas próprias contribui

para a manutenção do padrão de qualidade e o controle absoluto de todo o

processo de logística. Além disso, a entrega tem um papel fundamental para

reduzir os riscos da concessão de crédito, já que é uma forma de comprovar o

endereço do cliente.

Segundo a empresa, somente com entrega própria é que possível

garantir o melhor atendimento.

Se for preciso, a entregador da Casas Bahia deve remover móveis e

içar eletrodomésticos pela janela. Bom atendimento e um sorriso sempre são

importantes para a imagem da empresa.

Nesta operação logística estão envolvidos cerca de 7.600 funcionários,

os quais realizam cerce de 30 000 entregas diárias. Cada caminhão realiza de

35 a 40 entregas diárias com a força de dois ajudantes, além do motorista.

Outra equipe irá depois até a residência do cliente para se encarregar da

montagem dos móveis. Não existem obstáculos para a entrega de um produto:

caso a entrega deva ser realizada em um lugar perigoso, ama escolta armada

faz a segurança e garante a entrega da mercadoria.

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES, LIMITAÇÕES E

DIRECIONAMENTOS FUTUROS

5.1 Conclusões

A partir da análise dos dados sobre o desenvolvimento econômico no

país e as alterações que isto provocou no poder aquisitivo das classes mais

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baixas, observou-se que o período pós Plano Real, implantado em 1994,

provocou uma alteração no mercado de produtos de bens consumo,

estimulado pelo aumento mensal médio da renda do brasileiro. Esta alteração

foi mais sentida nas classes populares, compostas pelas classes C, D e E, uma

vez que o aumento da renda foi mais significativo neste segmento.

Com este cenário, houve uma maior participação das pessoas de baixa

renda no mercado de bens de consumo, o que provocou uma maior atenção

por parte das empresas para estes consumidores.

Não era mais possível ignorar este consumidor. Seu poder de compra

tornou-se tão expressivo e volumoso que muitas empresas readequaram as

ofertas de seus produtos com a finalidade de atingir esse “novo tipo de

consumidor”. Outras empresas decidiram por direcionar suas ações na

captação específica deste público como é o caso das Casas Bahia analisada

no estudo de caso.

A Casas Bahia sempre esteve voltada ao público de baixa renda desde

sua criação. A opção por este mercado não ocorreu por alterações no cenário

econômico e social do país, mas sim pelo modo como seu modelo de negócios

foi sendo desenvolvido desde a década de 50. Após o Plano Real, o que se

observou foi um grande crescimento da empresa, estimulado pelo maior poder

de compra de seu público-alvo.

A seguir serão apresentadas as principais conclusões deste trabalho,

considerando o estudo de caso realizado e os conceitos da teoria.

5.1.1 A Casas Bahia, o consumidor na base da pirâmide e as

estratégias de marketing da empresa

O processo de decisão de compra costuma ser cognitivo, isto é, o

consumidor primeiramente se conscientiza de uma necessidade e identifica um

modo de satisfazê-la. Após esse processo, o consumidor compara as

informações que tem em mente para a realização de seus desejos e as

avalia, optando-o pela qual mais se aproximar dos objetivos do consumidor.

Como já explicitado anteriormente, essas etapas são enumeradas por

Kotler (2000, p.201) como as seguintes: reconhecimento do problema,

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busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e

comportamento pós-compra.

Por meio do estudo de caso, constatou-se que todas as estratégias de

marketing da Casas Bahia trabalham com a finalidade de manter a marca

sempre presente na mente do consumidor. A sucessão de comerciais

televisivos em todos os canais de grande audiência, nos mais diversos horários

atinge um expressivo número de pessoas, tanto homens quanto mulheres, e

procura enaltecer os valores das prestações dos produtos, informação

importante para que o consumidor de baixa renda coloque a Casas Bahia em

seu conjunto de referências em caso de interesse de compra.

Também é destacada nos comerciais a marca do produto em

exibição. Foi verificado neste trabalho que os consumidores na base da

pirâmide nem sempre optam pelos produtos de menor preço, devendo este

estar equilibrado com um nível de qualidade e desempenho satisfatório. Tal

atitude é mais relevante em casos de compra de produtos de alto

desempenho como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, dois dos principais

segmentos de produtos vendidos pela rede. Assim, a rede sempre destaca,

não o preço total do produto, mas sim de que forma isso poderá ser pago pelo

consumidor por meio de prestações, sem pesar no seu bolso.

Com relação aos móveis, a principal marca da rede é a Bartira, marca

própria da empresa já no mercado há algum tempo e conhecida pelo

consumidor típico da rede. Além das baixas prestações ressaltadas nos

anúncios da empresa, a rede dificilmente anuncia um único produto, mas sim

um conjunto de produtos que juntos mobíliam o cômodo de uma casa, como

cozinha, sala e dormitório, oferecendo ao consumidor opções de compra

completas por um preço que o cliente possa pagar.

Entre produtos de mesma categoria, por exemplo, eletrodomésticos, o

consumidor geralmente possui um conjunto de referências pré-estabelecido

sobre as marcas de melhor desempenho. Com isso, o consumidor de baixa

renda irá realizar escolhas não entre as marcas dos produtos, mas,

principalmente, entre as lojas que vendem estes produtos, optando pela que

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oferecer a melhor opção de compra. É justamente isso que a Casas Bahia

procura fazer.

Desta forma a empresa, por meio da estratégia de promoção, procura

trabalhar em dois pontos principais do processo de compra: busca de

informações, avaliação de alternativas e decisão de compra. A idéia é manter-

se posicionada como uma empresa possível para compra no caso do

reconhecimento de uma necessidade ou desejo pelo consumidor. Os

muitos comerciais televisivos procuram facilitar o consumidor no processo de

busca de informações e avaliação de alternativas, apresentando a ele as

principais informações procuradas: produto e preço.

A decisão de compra será feita pela melhor relação custo-benefício. O

fato de a Casas Bahia oferecer bons produtos com formas de pagamento

flexíveis é o principal atrativo do consumidor.

A empresa valoriza tanto este aspecto que em produtos cujo preço

precisa ser desenvolvido, como no caso dos móveis de fabricação própria, o

sistema é inverso à grande parte das indústrias:

primeiro se determina o preço da prestação a ser paga e a partir de então faz-

se o projeto do produto e sua produção. Já no caso de produtos provenientes

de outros fabricantes, a empresa procura obter vantagens pela compra em

grande escala e por meio de bom relacionamento com os fornecedores, para

assim poder repassar a seus clientes melhores condições de pagamento.

O processo de distribuição da empresa também é essencial para o

funcionamento completo do ciclo do processo decisório. Por meio de

grande investimentos em distribuição, a empresa procura estreitar o

relacionamento com seus clientes também no pós-venda, por meio de serviços

de entrega dos produtos conforme optar o cliente – entrega usual ou agendada.

Os entregadores são instruídos a prestar um atendimento diferenciado ao

cliente, uma vez que a satisfação do cliente deve ser completa em todos os

processos presentes no ciclo de compras.

A atuação no pós-venda é de substancial importância para a Casas

Bahia, pois é o que garante a possibilidade de novas vendas no futuro.

Neste caso, ressalta-se também a importância do pagamento do crediário

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em uma das lojas da rede. Estando presente todos os meses na loja, o

consumidor pode observar novas ofertas e promoções, mas diferentemente da

mídia, ele pode interagir com os produtos, fator de grande significância para a

realização de novas compras.

Assim, com este estudo foi possível verificar como atuam as Casas

Bahia com relação às suas estratégias de marketing e quão adequadas elas

estão na captação do público na base da pirâmide.

Os números da empresa confirmam o sucesso da rede: 11,5 bilhões de

reais de faturamento no ano de 2005 e uma carteira de clientes de 23 milhões

de pessoas.

5.2. Implicações

O conteúdo deste estudo torna-se relevante para aqueles que tenham

interesse no estudo das estratégicas de marketing voltadas para o consumidor

de baixa renda e procuram avaliar sua aplicação em diferentes empresas.

Tratando especificamente dos profissionais de marketing, este

estudo procura alertar a importância do mercado de baixa renda e o

direcionamento específico para este público com relação às estratégias de

marketing utilizadas.

5.3 Limitações

Este trabalho foi realizado com base em levantamento de dados

secundários e estudos de caso.

Desta forma, poderia ter sido utilizado um outro método de pesquisa,

com o propósito de colher a opinião dos consumidores de baixa renda e

com isso, ter mais informações reais acerca do consumidor.

Além disso, este trabalho baseou-se apenas em um estudo de caso.

Ao considerar a análise da empresa, a aplicação da teoria e prática podem não

ser aplicáveis a outras empresas ou setores.

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Algumas considerações mais profundas ou específicas podem não ter

sido abordadas de maneira apropriada, e ainda, algumas informações podem

não ter sido fornecidas com a profundidade desejada.

5.4 Proposições para pesquisas futuras

A partir deste estudo, seria oportuno ampliar a pesquisa do tema,

podendo abranger ações como:

• A realização do estudo com mais estudos de casos,

envolvendo também empresas fabricantes e não somente

varejistas;

• Realização de pesquisas junto ao consumidor de baixa renda;

• Estudo da importância do mercado de baixa renda e sua

significância no cenário econômico brasileiro.

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