CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO ... · de cacau foi de R$ 6,80. A...
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Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS1
Paulo Júlio da SILVA NETO2
Olinto Gomes da ROCHA NETO3
Antonio Cordeiro de SANTANA4
RESUMO: O cultivo do cacaueiro em sistemas agroflorestais é uma atividade intensiva em mão-de-obra. Portanto, o fator trabalho é o principal componente dos seus custos de produção. Na formação da lavoura, a mão-de-obra representa mais de 70% dos gastos de implantação. O objetivo deste trabalho é verificar os custos diretos que incidem nos custos variáveis totais no controle de plantas invasoras no processo de implantação de cacaueiros em sistemas agroflorestais. Os dados para elaboração deste trabalho foram levantados junto aos proprietários, através de questionário, pelo método de entrevistas diretas, aplicados em quatro municípios da região da Transamazônica. Foram escolhidos cinco produtores por município. Os gastos médios por hectare em cada uma das operações de roçagem, capina e herbicida foram, respectivamente, R$ 72,00, R$ 120,00 e R$ 65,00. O custo para a formação de lavouras cacaueiras em sistemas agroflorestais foi informado por 15 dos 20 proprietários, e foram observados maiores custos no primeiro ano de implantação, tanto para a mão-de-obra como para os insumos. Os dados médios dos custos de implantação para o primeiro, segundo e terceiro ano foram os seguintes, respectivamente, com relação à mão-de-obra: R$ 673,00; R$ 514,00 e R$ 553,00. Com relação aos insumos, os gastos médios no primeiro, segundo e terceiro ano foram R$ 316,00; R$ 57,00 e R$ 80,00, respectivamente. A renda líquida média anual/ha das áreas cacaueiras foi de R$ 1.703,57 (um mil setecentos e três reais e cinquenta e sete centavos). O preço médio pago pelo quilo de amêndoa de cacau foi de R$ 6,80. A comercialização do cacau seco é realizada em 95% pelos atravessadores.
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Custos de Controle, Planta Daninha, Cacau, Sistema Agroflorestal.
_____________________1 Aprovado para publicação em 15.01.092 Engenheiro Agrônomo, Dr., Fiscal Federal Agropecuário da CEPLAC. E-mail: [email protected]_pa.edu.br.3 Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.4 Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia e Universidade da Amazônia.
CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVODO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS1
70 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
1 INTRODUÇÃO
A adoção de sistemas agroflorestais tem
sido indicada como uma das alternativas para o
desenvolvimento do setor rural da Amazônia,
mediante a geração de renda, emprego e proteção
ao meio ambiente (SANTOS; CAMPOS, 1996;
SANCHES, 1995; SCHEER; CURRENT, 1995).
Do ponto de vista ecológico e biológico, seus
efeitos favoráveis se manifestam na redução da
ocorrência de pragas e doenças, na proteção do
solo contra erosão e outras ações de intempéries,
na melhoria da atividade de microorganismos
do solo, da fauna silvestre e da reciclagem de
nutrientes, entre outros (GREENLAND, 1975;
BRIENZA JÚNIOR; KITAMURA; DUBOIS,
1983; ALVIM; VIRGENS; ARAÚJO, 1989;
SOMARRIBA, 1990; NAIR, 1993).
Do ponto de vista ecológico e social,
as virtudes dos sistemas agroflorestais são
incontestáveis; porém, nos aspectos econômicos
e de custos de implantação e manutenção, as
afirmações de viabilidade desses sistemas são, na
maioria, de caráter estimativo e puramente teórico,
tornando-se apropriada a realização de estudos
para se determinar os custos e a economicidade
desses sistemas.
WEED CONTROL COSTS IN THE CULTIVATION OF COCOA IN AGROFORESTRY SYSTEMS
ABSTRACT: Cocoa cultivation in agroforestry systems is an intensive activity in labor force, and that is why the labor factor is the main compound of its costs. The labor force represents more than 70% of the implementation cost in crop formation. This paper’s objective was to verify, among the total variable costs, the direct weed control expenses in the implementation of cocoa trees in agroforestry systems. The data were obtained from land owners, by means of a direct interview based on a questionnaire, in four municipalities of Transamazônica. Five producers were chosen in each one of them. Slashing, hoeing and herbicide cost on average R$ 72.00; R$120.00 and R$ 65.00 per hectare, respectively. 15 of the 20 owners informed the costs of the formation of the cocoa crops. Higher costs were observed in the first year, including labor force and equipment costs. The average implementation costs for the first, second and third year were, respectively, for labor force: R$ 673.00, R$ 514.00 and R$ 553.00; and for equipment, R$316.00, R$ 57.00 and R$ 80.00. The annual average net income/ha of cocoa areas was R$1.703,57 . The average price of the cocoa almond was R$6.80 and 95% of dry cocoa commercialization is made by middlemen.
INDEX TERMS: Control costs, Weed, Cocoa, Agroforestry System.
70 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
1 INTRODUÇÃO
A adoção de sistemas agroflorestais tem
sido indicada como uma das alternativas para o
desenvolvimento do setor rural da Amazônia,
mediante a geração de renda, emprego e proteção
ao meio ambiente (SANTOS; CAMPOS, 1996;
SANCHES, 1995; SCHEER; CURRENT, 1995).
Do ponto de vista ecológico e biológico, seus
efeitos favoráveis se manifestam na redução da
ocorrência de pragas e doenças, na proteção do
solo contra erosão e outras ações de intempéries,
na melhoria da atividade de microorganismos
do solo, da fauna silvestre e da reciclagem de
nutrientes, entre outros (GREENLAND, 1975;
BRIENZA JÚNIOR; KITAMURA; DUBOIS,
1983; ALVIM; VIRGENS; ARAÚJO, 1989;
SOMARRIBA, 1990; NAIR, 1993).
Do ponto de vista ecológico e social,
as virtudes dos sistemas agroflorestais são
incontestáveis; porém, nos aspectos econômicos
e de custos de implantação e manutenção, as
afirmações de viabilidade desses sistemas são, na
maioria, de caráter estimativo e puramente teórico,
tornando-se apropriada a realização de estudos
para se determinar os custos e a economicidade
desses sistemas.
WEED CONTROL COSTS IN THE CULTIVATION OF COCOA IN AGROFORESTRY SYSTEMS
ABSTRACT: Cocoa cultivation in agroforestry systems is an intensive activity in labor force, and that is why the labor factor is the main compound of its costs. The labor force represents more than 70% of the implementation cost in crop formation. This paper’s objective was to verify, among the total variable costs, the direct weed control expenses in the implementation of cocoa trees in agroforestry systems. The data were obtained from land owners, by means of a direct interview based on a questionnaire, in four municipalities of Transamazônica. Five producers were chosen in each one of them. Slashing, hoeing and herbicide cost on average R$ 72.00; R$120.00 and R$ 65.00 per hectare, respectively. 15 of the 20 owners informed the costs of the formation of the cocoa crops. Higher costs were observed in the first year, including labor force and equipment costs. The average implementation costs for the first, second and third year were, respectively, for labor force: R$ 673.00, R$ 514.00 and R$ 553.00; and for equipment, R$316.00, R$ 57.00 and R$ 80.00. The annual average net income/ha of cocoa areas was R$1.703,57 . The average price of the cocoa almond was R$6.80 and 95% of dry cocoa commercialization is made by middlemen.
INDEX TERMS: Control costs, Weed, Cocoa, Agroforestry System.
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CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Um dos principais obstáculos para o
estabelecimento de sistemas agroflorestais na
região é o controle de plantas daninhas, pois,
com a derrubada da floresta tropical úmida ou da
vegetação secundária “capoeira”, elas multiplicam-
se rapidamente. Um dos métodos mais comuns para
o controle destas plantas é a capina ou roçagem
manual, que onera os custos de implantação e
manutenção dos cultivos, principalmente na
formação de cacauais em sistemas agroflorestais
(SILVA NETO, 1994; SOUZA; DIAS, 2001).
Os custos de produção podem ser
classificados em custos fixos e variáveis. Custos
fixos são aqueles que independem da quantidade
produzida ou da produtividade em curto prazo.
No caso da exploração cacaueira, engloba
a recuperação do capital investido, alguns
impostos, as depreciações (cultura, máquinas e
equipamentos) e conservação de instalações. Os
custos variáveis, por outro lado, são aqueles que
variam diretamente com a quantidade produzida
ou a produtividade. Referem-se, no caso do
cacau, à aquisição de adubo, operações de mão-
de-obra temporária, combate às pragas, colheita,
beneficiamento primário, sacaria e transporte.
Vale ressaltar que, em longo prazo, todos os
custos são variáveis. Em curto prazo, os únicos
custos variáveis para a atividade cacaueira são os
que envolvem a colheita e o beneficiamento e as
outras atividades a ele associadas (GRIEP; AMIN,
1990).
O cultivo do cacaueiro em sistemas
agroflorestais é uma atividade intensiva em mão-
de-obra. Portanto, o fator trabalho é o principal
componente dos seus custos variáveis. Em níveis
superiores de produtividade, a participação da
mão-de-obra chega a representar em torno de
60% dos custos variáveis. Além do mais, na
formação da lavoura, a mão-de-obra representa
mais de 70% dos custos de implantação e, na
maioria das vezes, principalmente no caso dos
pequenos produtores, há uma transformação do
trabalho em capital (representado, no caso, pela
roça de cacau formada), sem passar pela fase de
capital financeiro. Considerada sob esta ótica,
a participação da mão-de-obra nos custos totais
aproxima-se dos 80% (GRIEP; AMIN, 1990).
Nos cultivos perenes, os custos de
formação são considerados no ativo permanente
imobilizado, acumulados na conta cultura
permanente em formação, especificando o tipo
de cultura. Após a formação da cultura, que pode
levar vários anos, transfere-se o saldo acumulado
da conta cultura permanente em formação para a
conta cultura permanente formada (CREPALDI,
1998). O período de formação e crescimento da
72 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
cultura perene até a sua maturidade, denominado
período pré-operacional, é, em alguns casos, de
aproximadamente quatro anos, ao contrário do
que acontece nos cultivos anuais e em empresas
industriais. Considerando que não existe outra
receita operacional, a empresa não apurará
resultado; como não houve realização da receita,
não haverá a apropriação de despesas, uma vez
que não há possibilidade de confronto para a
apuração do resultado. Dessa forma, não haverá
a demonstração em período pré- operacional do
resultado do exercício (MARION, 2002).
Assim, torna-se necessário verificar
os custos de implantação, principalmente os
relacionados à mão-de-obra, para tentar aumentar
a eficiência do sistema agroflorestal, no sentido de
compensar seu elevado custo.
O objetivo deste trabalho é verificar os
custos diretos que incidem nos custos variáveis
totais no controle de plantas invasoras no processo
de implantação de cacaueiros em sistemas
agroflorestais, principalmente os relacionados
com o controle de plantas daninhas. Além de
identificar esses custos, avaliou-se ainda os
níveis de produtividade e de renda existentes na
cacauicultura em sistemas agroflorestais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os dados para elaboração deste trabalho
foram levantados no ano de 2003 junto aos
proprietários, fazendo-se diagnóstico com a
utilização da técnica de questionários aplicados
em entrevistas diretas, realizadas em quatro
municípios da região da Transamazônica, a
saber: Altamira, Latitude 3º 12’00”S e Longitude
52º13’45”W; Brasil Novo, Latitude 3º 18’00” S e
Longitude 52º 32’00”W; Medicilândia, Latitude
3º 30’00” S e Longitude 53º 02’00”W e Uruará,
Latitude 3º 42’54” S e Longitude 54º 44’24”W,
todos localizados no Estado do Pará. Foram
escolhidos, por amostragem, cinco produtores
por município, totalizando 20 produtores. Como
amostragem geral, arbitrou-se a realização de 20
(vinte) questionários.
Baseando-se nos conhecimentos e
indicações da equipe técnica dos escritórios de
Extensão Rural e da Estação Experimental da
CEPLAC, procurou-se 20 propriedades que
representassem a implantação de cacaueiros em
sistemas agroflorestais, de onde foram obtidas
informações de custos de implantação.
O diagnóstico foi realizado em
propriedades com cacaueiros em sistemas
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PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
cultura perene até a sua maturidade, denominado
período pré-operacional, é, em alguns casos, de
aproximadamente quatro anos, ao contrário do
que acontece nos cultivos anuais e em empresas
industriais. Considerando que não existe outra
receita operacional, a empresa não apurará
resultado; como não houve realização da receita,
não haverá a apropriação de despesas, uma vez
que não há possibilidade de confronto para a
apuração do resultado. Dessa forma, não haverá
a demonstração em período pré- operacional do
resultado do exercício (MARION, 2002).
Assim, torna-se necessário verificar
os custos de implantação, principalmente os
relacionados à mão-de-obra, para tentar aumentar
a eficiência do sistema agroflorestal, no sentido de
compensar seu elevado custo.
O objetivo deste trabalho é verificar os
custos diretos que incidem nos custos variáveis
totais no controle de plantas invasoras no processo
de implantação de cacaueiros em sistemas
agroflorestais, principalmente os relacionados
com o controle de plantas daninhas. Além de
identificar esses custos, avaliou-se ainda os
níveis de produtividade e de renda existentes na
cacauicultura em sistemas agroflorestais.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os dados para elaboração deste trabalho
foram levantados no ano de 2003 junto aos
proprietários, fazendo-se diagnóstico com a
utilização da técnica de questionários aplicados
em entrevistas diretas, realizadas em quatro
municípios da região da Transamazônica, a
saber: Altamira, Latitude 3º 12’00”S e Longitude
52º13’45”W; Brasil Novo, Latitude 3º 18’00” S e
Longitude 52º 32’00”W; Medicilândia, Latitude
3º 30’00” S e Longitude 53º 02’00”W e Uruará,
Latitude 3º 42’54” S e Longitude 54º 44’24”W,
todos localizados no Estado do Pará. Foram
escolhidos, por amostragem, cinco produtores
por município, totalizando 20 produtores. Como
amostragem geral, arbitrou-se a realização de 20
(vinte) questionários.
Baseando-se nos conhecimentos e
indicações da equipe técnica dos escritórios de
Extensão Rural e da Estação Experimental da
CEPLAC, procurou-se 20 propriedades que
representassem a implantação de cacaueiros em
sistemas agroflorestais, de onde foram obtidas
informações de custos de implantação.
O diagnóstico foi realizado em
propriedades com cacaueiros em sistemas
73Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
agroflorestais, utilizando-se questionário de
questões mistas (múltipla escolha e perguntas
abertas). Foi também pesquisado, na sede do
município, o preço pago aos produtores dos
principais produtos identificados nas propriedades
visitadas.
No levantamento das plantas daninhas
existentes nas propriedades, utilizou-se formulário
para identificar as espécies que mais comumente
infestam os cacauais em sistemas agroflorestais,
verificando-se o nome científico, nome vulgar e
abundância, sendo esta classificada em: a) Rara
– baixa frequência da planta daninha no cultivo;
b) Eventuais – plantas daninhas que aparecem
eventualmente no meio do cultivo; c) Relativa
abundância – espécies de plantas daninhas que
aparecem com relativa abundância, havendo,
porém, dominância da cultura; d) Dominante –
espécies de plantas daninhas que prevalecem sobre
o cultivo. As espécies foram também identificadas
por comparação com a literatura (LORENZI,
1994, 2000; KISSMAN; GROTH, 1991-1997).
Quando não foi possível a identificação das
plantas daninhas no campo, estas foram coletadas
com técnicas utilizadas por Vieira e Okano (1985)
e enviadas para o laboratório de botânica da
Embrapa - Amazônia Oriental, em Belém-PA,
para identificação.
Após a aplicação dos questionários, os
dados foram tabulados e sintetizados utilizando-
se os programas minitab e excel for windows. Os
procedimentos teóricos relativos a esta pesquisa
enquadram-se na teoria microeconômica, mais
especificamente, na teoria de custos.
Por meio de técnicas estatísticas de
análise tabular, desagregaram-se todos os itens
componentes de custos fixos totais e variáveis
totais do cultivo na região da Transamazônica.
Com isto, procurou-se identificar e ressaltar
dentre os itens de custos de variáveis aqueles mais
importantes para a implantação do cultivo. Avaliou-
se, ainda, verificar os níveis de produtividade e
de renda existentes na cacauicultura em sistemas
agroflorestais nas propriedades visitadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados têm caráter
descritivo, com apresentação de tabelas, gráficos
e medidas estatísticas de tendência central e
variabilidade em alguns dos itens investigados.
Com relação às plantas daninhas, o
levantamento foi realizado em 20 propriedades de
cacau em sistemas agroflorestais, sendo cinco em
cada um dos seguintes municípios: Altamira, Brasil
Novo, Medicilândia e Uruará. Foram identificadas
30 espécies de plantas daninhas que ocorrem em
74 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
cacaueiros em sistemas agroflorestais (Quadro 1).
O Capim –colonião (Panicum maximum Jacq) foi
encontrado em todas elas com relativa abundância
– espécies de plantas daninhas que aparecem com
relativa abundância - havendo, porém dominância
da cultura do cacau. Isto provavelmente é devido
ao processo de pecuarização, ocorrido nesses
municípios, pois os fazendeiros utilizavam
predominantemente as sementes deste capim para
a formação de pastos.
De acordo com Dias-Filho (1987), o
capim-colonião foi talvez a primeira gramínea a
ser utilizada em pastagens cultivadas na Amazônia,
pela relativa facilidade na aquisição das sementes
e tradição de utilização entre os pecuaristas.
Quando não se tem interferência de
plantas daninhas provenientes de áreas de
formação de pastagens, geralmente se observa
uma composição mais equilibrada de espécies.
Neste sentido, Souza et al. (2000), estudando a
composição florística de plantas invasoras em
sistemas agroflorestais com o cupuaçuzeiro,
identificaram 55 espécies de plantas invasoras,
distribuídas em 23 famílias botânicas, sendo 43
espécies dicotiledôneas, 11 monocotiledôneas e
uma pteridófita.
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CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
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76 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
Para o controle de plantas daninhas, o
método mais utilizado foi a roçagem manual,
associada ao herbicida (35%), seguido de apenas
roçagem manual, que foi adotada por 25% dos
produtores pesquisados (Tabela 1). O controle
dessas plantas pode ser feito pela capina manual,
mecânica ou química. O controle realizado pela
roçagem manual é muito comum nas áreas de cacau
em sistemas agroflorestais. De acordo com Silva
Neto (1994), o uso de herbicidas tem apresentado
incremento significativo nas regiões que cultivam
cacau no Brasil, não só pela eficiência desse
método, como também pela redução do custo de
produção quando corretamente empregado.
Tabela 1 – Tipos de controle de plantas daninhas de cacaueiros em sistemas agroflorestais utilizados pelos produtores.
Convém ressaltar que 5% dos produtores
utilizam somente a capina. Silva Neto (1994),
em experimento realizado na região da
Transamazônica, concluiu que, dentre os tipos de
controle realizados: roçagens, capinas e aplicação
de herbicidas, a capina se destacou como um dos
melhores, porém ocupou grande quantidade de
mão-de-obra.
Os maiores gastos financeiros em reais
são direcionados às propriedades que controlam
as plantas daninhas utilizando os seguintes
métodos, distribuídos em operações durante
o ano: a roçagem, a capina e o herbicida. Os
custos medianos por hectare em cada uma das
operações de roçagem, capina e herbicida foram,
respectivamente, R$ 72,00, R$ 120,00 e R$ 65,00.
O coeficiente de variação mostra que há grande
variação entre os gastos de propriedade para a
propriedade (Tabela 2). A roçagem, de acordo
com as informações dos produtores, ainda é o
tratamento mais utilizado.
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PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
Para o controle de plantas daninhas, o
método mais utilizado foi a roçagem manual,
associada ao herbicida (35%), seguido de apenas
roçagem manual, que foi adotada por 25% dos
produtores pesquisados (Tabela 1). O controle
dessas plantas pode ser feito pela capina manual,
mecânica ou química. O controle realizado pela
roçagem manual é muito comum nas áreas de cacau
em sistemas agroflorestais. De acordo com Silva
Neto (1994), o uso de herbicidas tem apresentado
incremento significativo nas regiões que cultivam
cacau no Brasil, não só pela eficiência desse
método, como também pela redução do custo de
produção quando corretamente empregado.
Tabela 1 – Tipos de controle de plantas daninhas de cacaueiros em sistemas agroflorestais utilizados pelos produtores.
Convém ressaltar que 5% dos produtores
utilizam somente a capina. Silva Neto (1994),
em experimento realizado na região da
Transamazônica, concluiu que, dentre os tipos de
controle realizados: roçagens, capinas e aplicação
de herbicidas, a capina se destacou como um dos
melhores, porém ocupou grande quantidade de
mão-de-obra.
Os maiores gastos financeiros em reais
são direcionados às propriedades que controlam
as plantas daninhas utilizando os seguintes
métodos, distribuídos em operações durante
o ano: a roçagem, a capina e o herbicida. Os
custos medianos por hectare em cada uma das
operações de roçagem, capina e herbicida foram,
respectivamente, R$ 72,00, R$ 120,00 e R$ 65,00.
O coeficiente de variação mostra que há grande
variação entre os gastos de propriedade para a
propriedade (Tabela 2). A roçagem, de acordo
com as informações dos produtores, ainda é o
tratamento mais utilizado.
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CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Conforme os dados da Tabela 3,
observou-se que 35% dos produtores possuem
trator e 15% possuem roçadeira costal, o que
aumenta a eficiência da utilização de mão-de-obra
para o controle de invasoras. Convém registrar
que 45% dos produtores adquiriram o maquinário
com recursos próprios. Os que não usam nenhum
tipo de maquinário estão em torno de 40%.
Alguns produtores têm o desejo de adquirir
máquinas agrícolas com os recursos provenientes
dos sistemas de cultivos, sem recorrer ao crédito
bancário.
Tabela 2 – Estatísticas de custos financeiros em reais por hectare para roçagem, capina e herbicidas, no controle de plantas daninhas de cacaueiros em sistemas agroflorestais.
Tabela 3 - Produtores que utilizam maquinário agrícola.
O custo para a formação de lavouras
cacaueiras em sistemas agroflorestais foi
informado por 15 dos 20 proprietários. Este fato
já era esperado, já que os produtores têm, por
motivos diversos, receio de demonstrarem suas
receitas ou por não terem hábito de registrar seus
fluxos de caixa.. Constatou-se, no momento da
entrevista e preenchimento dos questionários, uma
deficiência dos produtores no controle e anotações
de dados referentes aos gastos com mão-de-obra e
insumos (mudas, sacos de polietileno, inseticida e
transporte de materiais).
Analisando a Tabela 5, percebe-se
maiores custos no primeiro ano de implantação,
tanto para a mão-de-obra como para os insumos,
considerando como medida de referência
estatística a média, pois, embora no primeiro ano
o coeficiente de variação seja baixo, o mesmo não
78 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
ocorre no segundo e terceiro ano. Isso se deve à
falta de controle nos gastos pelos proprietários e
também à variação da quantidade de área plantada
de uma propriedade para a outra. Os dados médios
dos custos de implantação para o primeiro, segundo
e terceiro ano por hectare foram, respectivamente,
com relação à mão-de-obra: R$ 673,00; R$ 514,00
e R$ 553,00. Com relação aos insumos, os gastos
médios no primeiro, segundo e terceiro ano foram
R$ 316,00; R$ 57,00 e R$ 80,00, respectivamente
(Tabela 4).
Tabela 4 - Custos de formação, por hectare, da lavoura cacaueira em sistemas agroflorestais (valores em R$ 1,00).
Os principais tratos culturais utilizados
pelos proprietários na implantação da lavoura de
cacau em sistemas agroflorestais são a roçagem
e a desbrota, sendo utilizadas por 11 dos 20
produtores. Quando se acrescenta a capina nestes
tratos culturais, o quantitativo totaliza cinco dos
20 produtores (Tabela 5).
Tabela 5 – Principais tratos culturais executados na implantação do cacau em sistemas agroflorestais.
Quando do levantamento dos dados
através do questionário, o preço médio pago
pelo quilo de amêndoa de cacau era de R$ 6,80
(Tabela 6).
Tabela 6 - Preço pago pelo quilo de amêndoa de cacau na região da Transamazônica.
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PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
ocorre no segundo e terceiro ano. Isso se deve à
falta de controle nos gastos pelos proprietários e
também à variação da quantidade de área plantada
de uma propriedade para a outra. Os dados médios
dos custos de implantação para o primeiro, segundo
e terceiro ano por hectare foram, respectivamente,
com relação à mão-de-obra: R$ 673,00; R$ 514,00
e R$ 553,00. Com relação aos insumos, os gastos
médios no primeiro, segundo e terceiro ano foram
R$ 316,00; R$ 57,00 e R$ 80,00, respectivamente
(Tabela 4).
Tabela 4 - Custos de formação, por hectare, da lavoura cacaueira em sistemas agroflorestais (valores em R$ 1,00).
Os principais tratos culturais utilizados
pelos proprietários na implantação da lavoura de
cacau em sistemas agroflorestais são a roçagem
e a desbrota, sendo utilizadas por 11 dos 20
produtores. Quando se acrescenta a capina nestes
tratos culturais, o quantitativo totaliza cinco dos
20 produtores (Tabela 5).
Tabela 5 – Principais tratos culturais executados na implantação do cacau em sistemas agroflorestais.
Quando do levantamento dos dados
através do questionário, o preço médio pago
pelo quilo de amêndoa de cacau era de R$ 6,80
(Tabela 6).
Tabela 6 - Preço pago pelo quilo de amêndoa de cacau na região da Transamazônica.
79Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Os dados da Tabela 7 apresentam os
preços médios de cacau em amêndoas (R$/kg), no
período de 2000 a 2004, pagos aos produtores de
cacau nos municípios estudados. Verifica-se que a
média dos preços pagos, nos anos de 2000 e 2001,
estavam bem próximos, variando de R$ 1,38 a
R$2,00 por quilo. A partir do final do ano de 2002,
os preços começam a subir, atingindo o patamar
de R$ 7,47/kg em fevereiro/2003. Posteriormente,
a partir do mês de junho/2003, foi constatada uma
tendência de queda, chegando a se estabilizar numa
faixa média de R$ 3,50 a R$ 4,00/kg. Observou-
se que 95% da comercialização do cacau seco é
realizada pelos atravessadores.
Tabela 7- Preços médios pagos pelo quilo de amêndoa de cacau aos produtores nos municípios da Transamazônica, no período de 2000 a 2004. Valores em R$/kg.
Fonte: CEPLAC/SUPOR/SEREX (Dados não publicados)
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PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
Registra-se que, na época em que foi
realizada esta pesquisa junto aos produtores de
cacau em sistemas agroflorestais, o preço do quilo
de cacau em amêndoas estava no pico máximo de
preço dos períodos destes anos relatados.
A receita líquida anual média por
hectare cultivado com a cultura do cacau foi de
R$ 1.703,57. O coeficiente de variação (65%)
mostra, novamente, a variabilidade no lucro dos
proprietários (Tabela 8).
Tabela 8 – Valores médios da receita líquida (R$) por hectare da lavoura cacaueira.
4 CONCLUSÃO
Todas as propriedades apresentam os cultivos a)
infestados por plantas daninhas, sendo
que 42% dessas propriedades apresentam
presença de relativa abundância das invasoras.
Foram identificadas 30 espécies, sendo que
o Panicum maximum Jacq se apresentou
em todos os sistemas agroflorestais com o
cacaueiro. No controle de plantas daninhas, a
prática agrícola mais utilizada é a roçagem.
Os custos medianos por hectare em cada b)
uma das operações de roçagem, capina e
herbicida foram, respectivamente, R$ 72,00,
R$ 120,00 e R$ 65,00. Os dados médios dos
custos de implantação com relação à mão-
de-obra para o primeiro, segundo e terceiro
ano foram os seguintes, respectivamente: R$
673,00; R$ 514,00 e R$ 553,00. Com relação
aos insumos, os custos médios no primeiro,
segundo e terceiro ano foram R$ 316,00; R$
57,00 e R$ 80,00, respectivamente.
O preço médio pago pelo quilo de amêndoa c)
de cacau foi de R$ 6,80, sendo que 95% da
comercialização do cacau seco é realizada
pelos atravessadores. A receita líquida média
por hectare cultivado de cacau foi de R$
1.703,57 (um mil setecentos e três reais e
cinqüenta e sete centavos).
80 Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
PAuLO JúLIO DA SILVA NETO, OLINTO GOMES DA ROCHA NETO, ANTONIO CORDEIRO DE SANTANA
Registra-se que, na época em que foi
realizada esta pesquisa junto aos produtores de
cacau em sistemas agroflorestais, o preço do quilo
de cacau em amêndoas estava no pico máximo de
preço dos períodos destes anos relatados.
A receita líquida anual média por
hectare cultivado com a cultura do cacau foi de
R$ 1.703,57. O coeficiente de variação (65%)
mostra, novamente, a variabilidade no lucro dos
proprietários (Tabela 8).
Tabela 8 – Valores médios da receita líquida (R$) por hectare da lavoura cacaueira.
4 CONCLUSÃO
Todas as propriedades apresentam os cultivos a)
infestados por plantas daninhas, sendo
que 42% dessas propriedades apresentam
presença de relativa abundância das invasoras.
Foram identificadas 30 espécies, sendo que
o Panicum maximum Jacq se apresentou
em todos os sistemas agroflorestais com o
cacaueiro. No controle de plantas daninhas, a
prática agrícola mais utilizada é a roçagem.
Os custos medianos por hectare em cada b)
uma das operações de roçagem, capina e
herbicida foram, respectivamente, R$ 72,00,
R$ 120,00 e R$ 65,00. Os dados médios dos
custos de implantação com relação à mão-
de-obra para o primeiro, segundo e terceiro
ano foram os seguintes, respectivamente: R$
673,00; R$ 514,00 e R$ 553,00. Com relação
aos insumos, os custos médios no primeiro,
segundo e terceiro ano foram R$ 316,00; R$
57,00 e R$ 80,00, respectivamente.
O preço médio pago pelo quilo de amêndoa c)
de cacau foi de R$ 6,80, sendo que 95% da
comercialização do cacau seco é realizada
pelos atravessadores. A receita líquida média
por hectare cultivado de cacau foi de R$
1.703,57 (um mil setecentos e três reais e
cinqüenta e sete centavos).
81Rev. ciênc. agrár., Belém, n. 51, p.69-82, jan./jun. 2009
CUSTOS COM O CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS NO CULTIVO DO CACAUEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS
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