Custos Metodologia Conab

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL TECNÓLOGO SUCROALCOOLEIRO ANÁLISE DE CUSTOS AGRÍCOLAS 1

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Custos CONAB - cana de açúcar

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ANÁLISE DE CUSTOS AGRÍCOLAS

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INTRODUÇÃO

Conteúdo1. CUSTOS METODOLOGIA CONAB..........................................................................................4

2. DO PACOTE TECNOLÓGICO E DOS COEFICIENTES TÉCNICOS DA PRODUÇÃO......................5

3. TERMOS CONTÁBEIS E ECONÔMICOS – COMPONENTES DOS CUSTOS................................5

3.1 A Descrição Dos Itens Que Compõem O Custo De Produção.......................................6

3.2 As máquinas e implementos agrícolas.........................................................................8

3.2.1 A hora/máquina.......................................................................................................8

3.2.2 A manutenção..........................................................................................................9

3.2.3 A depreciação..........................................................................................................9

3.2.4 A remuneração do capital..............................................................................................9

3.3 As benfeitorias............................................................................................................10

3.3.1 A depreciação........................................................................................................10

3.3.2 A manutenção.......................................................................................................11

3.3.3 A remuneração de capital.......................................................................................12

3.4 Os Agrotóxicos............................................................................................................12

3.5 Os Fertilizantes...........................................................................................................12

3.6 A exaustão..................................................................................................................13

3.7 A Irrigação..................................................................................................................13

3.7.1 A hora/máquina.....................................................................................................14

3.7.2 A depreciação........................................................................................................14

3.7.3 A manutenção.......................................................................................................14

3.7.4 A remuneração do capital......................................................................................15

3.8 O Seguro Rural............................................................................................................15

3.9 A mão de obra (MOB) e os encargos sociais e trabalhistas........................................15

3.10 Os Gastos com o Transporte.......................................................................................16

3.11 As Despesas Administrativas.....................................................................................16

3.12 A remuneração do fator terra....................................................................................17

4. PROCESSO PRODUTIVO AGRÍCOLA (CANA-DE-AÇÚCAR)....................................................17

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4.1 Preparo Do Solo.........................................................................................................17

4.2 Plantio........................................................................................................................18

4.3 Tratos Culturais..........................................................................................................19

4.4 Colheita......................................................................................................................19

5. METODOLOGIA DE CÁLCULO DE CUSTO AGRÍCOLA...........................................................20

5.1 Cálculo Do Custo De Produção Agrícola (Cana-De-Açúcar).........................................21

5.2 Custo Operacional Efetivo.........................................................................................21

5.3 Custo Operacional Total.............................................................................................25

5.4 Custo Total.................................................................................................................26

5.5 Margem Total e Lucro Total.......................................................................................29

6. Resumo da metodologia de Custos Agrícolas.....................................................................29

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................33

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1. CUSTOS METODOLOGIA CONAB

Ao se falar em custos, deve-se definir os conceitos em termos econômicos. O

custo econômico considera os custos explícitos, que se referem ao desembolso

efetivamente realizado, e os custos implícitos que dizem respeito àqueles para os

quais não ocorrem desembolsos efetivos, como é o caso da depreciação e do custo de

oportunidade, que se refere ao valor que um determinado fator poderia receber em

algum uso alternativo (CASTRO et al, 2009).

Outro conceito importante é o de custo operacional, que é o custo de todos os

recursos que exigem desembolso monetário por parte da atividade produtiva para sua

recomposição, incluso a depreciação; e a sua finalidade na análise é a opção de

decisão em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores aos de outras

alternativas, representadas pelo custo de oportunidade (REIS, 2007)

Os custos de produção são divididos em dois tipos. Os custos variáveis totais

(CVT) são a parcela dos custos totais que dependem da produção e por isso mudam

com a variação do volume de produção. Representam as despesas realizadas com os

fatores variáveis de produção. Na contabilidade empresarial, são chamados de custos

diretos (VASCONCELOS e GARCIA, 2004).

Os custos fixos totais (CFT) correspondem às parcelas dos custos totais que

independem da produção. São decorrentes dos gastos com os fatores fixos de

produção. Na contabilidade privada, são chamados de custos indiretos

(VASCONCELOS e GARCIA, 2004).

O custo total (CT) é a soma dos custos fixos totais e variáveis totais.

A metodologia indica como custo variável os gastos com máquinas, mão de

obra temporária e permanente, sementes, fertilizantes, defensivos, transporte externo,

classificação, armazenagem, transporte e seguro.

Nos custos fixos, a metodologia estabelece o registro das despesas com

depreciação, manutenção periódica de máquinas, encargos sociais, seguro de capital

fixo e remuneração esperada sobre o capital fixo e a terra.

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2. DO PACOTE TECNOLÓGICO E DOS COEFICIENTES TÉCNICOS DA PRODUÇÃO

No cálculo do custo de produção de uma determinada cultura deve constar

como informação básica a combinação de insumos, de serviços e de máquinas e

implementos utilizados ao longo do processo produtivo, que é conhecida como pacote

tecnológico e indica a quantidade de cada item em particular, por unidade de área, que

resulta num determinado nível de produtividade (BRASIL, 1996).

Essas quantidades mencionadas, referidas a unidade de área (hectare), são

denominadas de coeficientes técnicos de produção, podendo ser expressas em

tonelada, quilograma ou litro (corretivos, fertilizantes, sementes e defensivos), em

horas (máquinas e equipamentos) e em dia de trabalho (humano ou animal) e, dada

as peculiaridades da atividade agrícola, os referidos coeficientes são Influenciados

diretamente pela diversidade de condições ambientais (clima, solo, topografia, sistema

de cultivo, etc) que moldam, na prática, uma grande variedade de padrões

tecnológicos de produção (BRASIL, 1996).

Os custos de produção, seus coeficientes técnicos e os seus preços, devem

ser observados no processo de elaboração, implementação e avaliação de políticas

públicas e de programas governamentais, principalmente, no que se refere aos

insumos, máquinas e implementos agrícolas, relação trabalhista, meio ambiente,

sistema de cultivo, crédito rural, assistência técnica e extensão rural, infraestrutura e

comercialização.

3. TERMOS CONTÁBEIS E ECONÔMICOS – COMPONENTES DOS CUSTOS

Em termos contábeis, os custos variáveis são separados em despesas de

custeio da lavoura, despesas de pós-colheita e despesa financeira, esta última

incidente sobre o capital de giro utilizado. Da mesma forma, os custos fixos são

diferenciados em depreciação do capital fixo e demais custos fixos envolvidos na

produção e remuneração dos fatores terra e capital fixo.

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Em termos econômicos, os componentes do custo são agrupados, de acordo

com sua função no processo produtivo, nas categorias de custos variáveis, custos

fixos, custo operacional e custo total.

Nos custos variáveis são agrupados todos os componentes que participam do

processo, na medida que a atividade produtiva se desenvolve, ou seja, aqueles que

somente ocorrem ou incidem se houver produção.

Enquadram-se aqui os itens de custeio, as despesas de pós-colheita e as

despesas financeiras, constituindo-se, no curto prazo, numa condição necessária para

que o produtor continue na atividade.

Nos custos fixos, enquadram-se os elementos de despesas que são

suportados pelo produtor, independentemente do volume de produção, tais como

depreciação, seguros e outros.

O custo operacional é composto de todos os itens de custos variáveis

(despesas diretas) e a parcela dos custos fixos diretamente associada à

implementação da lavoura. Difere do custo total apenas por não contemplar a renda

dos fatores fixos, consideradas aqui como remuneração esperada sobre o capital fixo

e sobre a terra. É um conceito de maior aplicação em estudos e análises com

horizontes de médio prazo.

O custo total de produção compreende o somatório do custo operacional mais

a remuneração atribuída aos fatores de produção. Numa perspectiva de longo prazo

todos esses itens devem ser considerados na formulação de políticas para o setor.

3.1 A Descrição Dos Itens Que Compõem O Custo De Produção

Considerando os critérios de organização apresentados acima, os elementos

do custo de produção agrícola são reunidos segundo o padrão a seguir:

A - CUSTO VARIÁVEL

I - DESPESAS DE CUSTEIO DA LAVOURA

1 – Operação com máquinas e implementos

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2 – Mão de obra e encargos sociais e trabalhistas

3 – Sementes

4 – Fertilizantes

5 – Agrotóxicos

6 – Despesas com irrigação

7 – Despesas administrativas

8 – Outros itens

II - DESPESAS PÓS-COLHEITA

1 – Seguro agrícola

2 – Transporte externo

3 – Assistência técnica e extensão rural

4 – Armazenagem

5 – Despesas administrativas

6 – Outros itens

III - DESPESAS FINANCEIRAS

1 - Juros

B - CUSTO FIXO

IV – DEPRECIAÇÕES e EXAUSTÃO

1 – Depreciação de benfeitorias e instalações

2 – Depreciação de máquinas

3 – Depreciação de implementos

4 – Exaustão do cultivo

V - OUTROS CUSTOS FIXOS

1 – Mão de obra e encargos sociais e trabalhistas

2 – Seguro do capital fixo

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C - CUSTO OPERACIONAL (A + B)

VI - RENDA DE FATORES

1 - Remuneração esperada sobre capital fixo

2 - Terra

D - CUSTO TOTAL (C + VI)

3.2 As máquinas e implementos agrícolas

As máquinas e os implementos agrícolas são projetados para realizar a

execução de operações em diversas fases do cultivo (correção e preparo do solo,

plantio, trato cultural, colheita e pós-colheita) e devem ser utilizadas de acordo com as

suas características e com as necessidades do plantio. O levantamento dos

coeficientes técnicos, que são observados a partir do seu uso, se traduzem em

impactos importantes nos custos de produção agrícola.

As principais informações e coeficientes técnicos a serem levantados pela

Conab são: tipo, fabricante, marca, modelo, especificação, potência, tração, preço do

bem novo, quantidade do bem, fase de cultivo, época e intensidade de uso, horas

trabalhadas por hectare, preço do combustível, salário do operador e seus encargos

sociais. São utilizadas, também, informações relacionadas com a vida útil dos bens e

os gastos com sua manutenção.

3.2.1 A hora/máquina

Para calcular o valor da hora trabalhada pelas máquinas é preciso definir o

preço e a quantidade consumida (coeficientes técnicos) dos itens de cada

equipamento, em cada hora de trabalho, levando em consideração a potência, os

gastos com o óleo diesel, filtro/lubrificantes, energia elétrica e os salários e encargos

sociais e trabalhistas dos seus operadores.

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3.2.2 A manutenção

Outro fator que tem reflexo nos custos de produção é a manutenção, que pode

ser entendida como o conjunto de procedimentos que visa manter as máquinas e

implementos nas melhores condições possíveis de funcionamento e prolongar sua

vida útil. Manutenção diz respeito, em resumo, ao abastecimento, lubrificação,

reparos, coleta de óleo, proteção contra ferrugem e deterioração.

3.2.3 A depreciação

Um dos aspectos essenciais para o custo de produção é a depreciação que

refere-se à perda de valor ou eficiência produtiva, causada pelo desgaste pelo uso,

ação da natureza ou obsolescência tecnológica.

Para a unidade produtiva, a perda de valor ou eficiência, independente da sua

natureza, representa um custo real. Nesse ponto, os indicadores de vida útil em anos

e horas são importantes face a implicação desses dados para o cálculo da

depreciação, da hora/máquina e da manutenção desses bens.

Para o cálculo da depreciação de máquinas e implementos, seguinte fórmula:

Depreciação=VN−VRVUh

xHsTr

Onde:

VN = Valor do bem novo

VR = Valor residual do bem

VUh = Vida útil do bem definida em horas

HsTr = Total de horas trabalhadas por hectare pelo bem.

3.2.4 A remuneração do capital

Na composição do custo de produção, é necessário incluir a remuneração do

capital imobilizado pelo agricultor e o seu cálculo refere-se à parcela que é calculada

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sobre o valor do bem adquirido e utilizado na produção e inclusa no custo fixo da

produção.

A Conab entende que o investimento do produtor deve ser remunerado e

utiliza, por convenção, a taxa de 6% ao ano como a taxa de retorno, como se fosse

aplicado o capital em outro investimento alternativo.

A fórmula utilizada é a seguinte:

RC={[( VM xQ M2

CAT )] x (HSTr )}x JOnde:

VM = Valor do bem novo

QM = Quantidade do bem

CAT = Capacidade anual de trabalho do bem em horas, definida como a razão entre a vida útil do bem em horas e a vida útil do bem em anos.

HsTr = Total de horas trabalhadas por hectare pelo bem, em uma safra, para realizar todas as tarefas, do preparo do solo à colheita, em uma dada lavoura.

J = Taxa de remuneração.

3.3 As benfeitorias

As benfeitorias são obras ou serviços realizados num bem com o intuito de

aproveitá-lo e conservá-lo e que não podem ser retirados sem destruição ou dano.

3.3.1 A depreciação

As benfeitorias fazem parte do ativo imobilizado, que é representado pelos

direitos que tenham como objeto os bens destinados à manutenção das atividades da

empresa ou exercidos com essa finalidade e como tal sofrem perda de valor ou

eficiência produtiva, causada pelo desgaste do seu uso, idade e estado de

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conservação. Nesse ponto é fundamental definir com clareza a vida útil em anos para

se calcular o custo da perda de valor ou eficiência desse bem em relação à unidade

produtiva.

Para o cálculo da depreciação de máquinas e implementos, a Conab utilizará a

seguinte fórmula:

Deprecia çã o=[(VN−VR

VUa ) xTocup ]área

Onde:

VN = valor do bem novo

VR = valor residual do bem

VUa = vida útil do bem definida em anos

Tocup = taxa de ocupação do bem, definida como sendo o percentual

de utilização deste bem em uma determinada lavoura, obtido a partir da média

de utilização dos tratores nesta lavoura.

3.3.2 A manutenção

Também nesse item observa-se a necessidade de incorporar no custo os

gastos com a manutenção. É importante compreender que a manutenção é essencial

para se manter um bem em bom estado de uso e nas melhores condições para

prolongamento da sua vida útil. A prevenção e as medidas corretivas são riscos

assumidos pelo proprietário e entendidas como parte do custo de oportunidade da

unidade produtiva.

A Conab utiliza o custo de oportunidade para incluir a manutenção no cálculo

do custo de produção. O valor do bem novo é multiplicado pela taxa de manutenção

definida (1%) e pela taxa de ocupação e dividido pela vida útil do bem em anos. O

resultado da operação é dividido pela área cultivada.

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3.3.3 A remuneração de capital

A remuneração do capital imobilizado pelo produtor é outro fator de

composição do custo fixo da produção.

A Conab entende que o investimento do produtor deve ser remunerado e utiliza

o percentual de 6% ao ano como a taxa de retorno, como se o capital fosse aplicado

em outro investimento alternativo.

3.4 Os Agrotóxicos

A Conab, no levantamento dos coeficientes técnicos deverá obter informações

acerca dos agrotóxicos substitutos ou de rotação temporária àqueles utilizados e

informados pelo produtor no painel, em razão das alterações constantes no mercado

desses produtos e dos cuidados ambientais. A finalidade é, principalmente, facilitar as

pesquisas de preços e a atualização dos custos.

Outro aspecto importante para registro nos custos de produção é quando a

compra do agrotóxico for coletiva ou em grande quantidade, sendo necessário, além

das informações acima citadas, obter a origem do produto adquirido (cooperativa,

importação, direto do fornecedor nacional, etc), a quantidade do produto comprado e o

processo de divisão dos custos e quantidades pela compra.

3.5 Os Fertilizantes

A Conab, no levantamento dos coeficientes técnicos deverá obter informações

acerca de possíveis fertilizantes substitutos em razão da sua utilização de forma

constante ou prolongada àqueles utilizados e informados pelo produtor no painel, em

razão das alterações constantes no mercado desses produtos e dos cuidados

ambientais. A finalidade é, principalmente, facilitar as pesquisas de preços e a

atualização dos custos.

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Outro aspecto importante para registro nos custos de produção é quando a

compra do fertilizante for coletiva ou em grande quantidade, sendo necessário, além

das informações acima citadas, obter a origem do produto adquirido (cooperativa,

importação, direto do fornecedor nacional, etc) e a quantidade do produto comprado e

o processo de divisão dos custos e quantidades pela compra.

3.6 A exaustão

Nos casos das culturas permanentes e semiperenes que proporcionam a

possibilidade de segundo ou outros cortes seguintes, a recuperação do investimento é

através da exaustão, calculada em função do volume extraído em cada período,

confrontando com a produção total esperada, englobando os diversos cortes.

Para efeito de esclarecimentos, a exaustão tem relação com a perda de valor

de bens ou direitos do ativo ao longo do tempo. Propicia a redução dos custos de

produção e reflete na eficiência econômica e tecnológica da atividade agrícola, pois a

escolha do método de produção faz parte de um processo de tomada de decisão,

onde diversas alternativas foram analisadas e pode-se indicar a melhor combinação

de fatores com a tecnologia disponível.

3.7 A Irrigação

A irrigação é uma operação agrícola que tem como objetivo suprir

artificialmente a necessidade de água da planta. O empreendimento de irrigação é o

conjunto de obras e atividades que o compõem, tais como: reservatório e captação,

adução e distribuição de água, drenagem, caminhos internos e a lavoura propriamente

dita, bem como qualquer outra ação indispensável à obtenção do produto final do

sistema de irrigação.

Os métodos de irrigação são por aspersão, localizada e superficial. Aspersão é

o método de aplicação de água às plantas em forma de chuva artificial, por meio de

dispositivos especiais (aspersores), abastecidos com água sob pressão. Pode ser

convencional ou não convencional. Na irrigação localizada, a água é aplicada

diretamente sobre a zona radicular da planta, fornecendo apenas o necessário para o

desenvolvimento do vegetal. Pode ser por gotejamento e microaspersão. O superficial

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é a aplicação/penetração direta da água no solo, podendo ser feita por sulco e

inundação.

3.7.1 A hora/máquina

No cálculo da hora/máquina, o valor da hora trabalhada pelo conjunto de

motobomba ou dos motores, são precisos o preço e a quantidade consumida em cada

hora de trabalho. O custo leva em conta a potência (CV), o combustível, se for o caso,

a energia elétrica consumida, as horas trabalhadas, a vida útil do conjunto de irrigação

e o gasto com manutenção.

O coeficiente técnico do óleo diesel é uma função da potência da máquina. Isto

é, o consumo de óleo diesel é igual a 12% da potência da máquina. Para os motores

estacionários elétricos, usa-se também uma função da potência da máquina para

determinar-se o consumo de energia elétrica; assim, o consumo de energia elétrica é

igual a 75% da potência da máquina.

3.7.2 A depreciação

A depreciação dos conjuntos e motores de irrigação refere-se à desvalorização

desses bens em razão da perda de valor ou eficiência. No seu cálculo, o método

considera a depreciação como uma função linear da idade do bem, variando

uniformemente ao longo da vida útil.

A depreciação do conjunto de irrigação será de acordo com o método e tipo de

irrigação, partindo da premissa de que os equipamentos são novos e de primeiro uso.

A fórmula de cálculo é idêntica à de máquinas e implementos agrícolas.

3.7.3 A manutenção

Com relação à manutenção, observa-se que os conjuntos de irrigação que são

inclusos nos custos de produção são bens que estão sendo comercializados

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normalmente no mercado e o seu preço é pesquisado e registrado como novo e de

primeiro uso, dentro das condições de compra e venda, especialmente quanto à

garantia e assistência técnica e, principalmente, acerca da modernização tecnológica.

A manutenção é entendida como o conjunto de procedimentos que visa manter

os conjuntos de irrigação nas melhores condições possíveis de funcionamento e

prolongar sua vida útil.

3.7.4 A remuneração do capital

A remuneração do capital imobilizado pelo produtor é outro fator de

composição dos custos de produção e os juros referem-se à parcela que é calculada

sobre o valor do bem e utilizado na produção.

A Conab entende que o investimento do produtor deve ser remunerado e utiliza

o percentual de 6% ao ano como a taxa de retorno, como se fosse aplicado o capital

em outro investimento alternativo.

3.8 O Seguro Rural

O seguro rural faz parte dos mecanismos de política agrícola e pode ser

entendido como um meio de atenuar os riscos da atividade agropecuária; podendo ser

um indutor de novas tecnologias de cultivo.

O registro no custo de produção somente ocorrerá se houver desembolso do

produtor, uma vez que esse tipo de seguro é opcional.

3.9 A mão de obra (MOB) e os encargos sociais e trabalhistas

O trabalhador rural, dependendo do meio adotado para sua contratação, pode

ser caracterizado como empregado, eventual ou avulso, e o seu contrato de trabalho

pode ser por tempo indeterminado, temporário, prazo determinado, safra ou de acordo

com o acordo ou convenção coletiva de trabalho.

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O contrato por tempo determinado é aquele que prevê o término da prestação

de serviços pelo trabalhador nos casos expressamente previstos na legislação

consolidada (CLT, artigos 443, 445 e 451). A mais importante justificativa para a

contratação por tempo determinado é a inaplicabilidade de indenização de 40% sobre

os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), bem como do aviso

prévio.

O contrato de safra é aquele que tem sua duração dependente da influência

das estações nas atividades agrárias, assim entendidas as tarefas normalmente

executadas no período compreendido entre o preparo do solo para o cultivo e a

colheita. Trata-se de trabalho não-eventual, inserido na atividade-fim do produtor rural.

No final do contrato o trabalhador será remunerado pela saldo de salário, 13º

salário e férias, ambos proporcionais ao tempo de trabalho. No caso de rescisão do

contrato por parte do empregador sem justa causa o trabalhador será indenizado pela

metade do salário que teria direito, incluindo o salário, as férias e o 13º proporcional,

além do FGTS. No caso de rescisão contratual por parte do empregado não terá

direito a retirada do FGTS e receberá o saldo de salários e o 13º proporcional. A

moradia e a alimentação podem ser abatidas do salário do empregado até 20% e 25%

do salário mínimo respectivamente.

Para efeito dos custos de produção, o salário do trabalhador é entendido como

a remuneração total recebida integral e diretamente como contraprestação pelo seu

serviço ao empregador; a jornada do trabalho é limitada a oito horas diárias, 44 horas

semanais e 220 horas mensais e os encargos sociais e trabalhistas são computados

de acordo com o tipo de contratação.

3.10 Os Gastos com o Transporte

Os gastos com transporte, na hipótese de gasto efetivo pelo produtor, serão

registrados em outras despesas no custo variável.

Para efeito de estudos e cálculo dos custos, poderá ser obtida a seguinte

informação: nome do transportador, o percurso e o preço em tonelada cobrado pelos

serviços de transporte da mercadoria do produtor.

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3.11 As Despesas Administrativas

As despesas administrativas representam os gastos, pagos ou incorridos, para

gestão do empreendimento rural, que não estão ligados à produção (atividade fim).

Referem-se aos gastos de energia elétrica do imóvel, telefone, serviços de

contador, rádio comunicador, material de consumo, computador, internet, veículo de

passeio e combustível, assinatura de revistas e jornais, capacitação (viagens,

hospedagem, pagamento de inscrição, etc), que estão ligados ao processo produtivo.

Admite-se o percentual de 3% sobre o total do custeio.

O registro será em outras despesas (custo variável) e o resultado é o produto

entre o valor de custeio e o percentual adotado (convenção) para as despesas

administrativas.

3.12 A remuneração do fator terra

A metodologia admite que a terra é um dos fatores de produção e para efeito

de cálculo do custo, estima-se que a taxa de remuneração da terra é de 3% sobre o

preço real médio de venda da terra.

4. PROCESSO PRODUTIVO AGRÍCOLA (CANA-DE-AÇÚCAR)

4.1 Preparo Do Solo

O preparo de solo na cultura da cana-de-açúcar é relativamente profundo se

comparado a outras culturas como soja, milho e feijão, isso porque a cultura concentra

cerca de 70 a 80% das raízes em profundidades de 40 a 45 cm de solo. Além disso, a

profundidade de plantio é de 20 a 30 cm, portanto um preparo de solo para o plantio

da cana-de-açúcar deve ser de no mínimo 30 cm.

As operações realizadas nesta etapa não apresentam um padrão definido. Isto

ocorre devido a fatores como condições do terreno, tipo de solo, regime de chuvas,

disponibilidade de máquinas e implementos, declividade, suscetibilidade a erosão, e,

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principalmente, a situação da área, ou seja, se são áreas de expansão ou renovação

do canavial.

Dentre as operações mais usuais encontram-se: aração, calagem, confecção

de terraços, dessecação para plantio, gessagem, gradagem niveladora, manutenção

de estradas e carreadores, sistematização do terreno e subsolagem. As regiões

conhecidas como de expansão são aquelas que realizam maior número de operações

mecanizadas na etapa de preparo do solo, enquanto que a região Nordeste apresenta

características mais ligadas a operações manuais. Tal diferença é explicada pela

declividade do terreno.

4.2 Plantio

O plantio da cana-de-açúcar é realizado em diferentes épocas, dependendo de

sua localização geográfica, o que ocorre, dentre outros fatores, devido às divergências

climáticas dentro do território nacional. No caso da região Centro-Sul, o plantio é

realizado geralmente nos meses de janeiro a maio, sendo caracterizado como plantio

de “18 meses” ou “cana-de-ano-e-meio”, distinguindo-se em plantio de verão,

ocorrendo nos meses de janeiro, fevereiro e março; e plantio de outono, ocorrendo no

período de abril a maio. Pode se fazer ainda, com auxilio de irrigação, o plantio de

inverno, que abrange os meses de junho, julho e agosto (SEGATO et al, 2006). A

região Nordeste, por sua vez, é caracterizada pelo plantio de “12 meses” ou “cana-de-

ano”, sendo o mesmo realizado nos meses de setembro e outubro.

O espaçamento utilizado é de suma importância para um bom desenvolvimento

da cultura. Além de influenciar diretamente na produtividade, diminui a ação de ervas

daninhas e adequada a cultura para o tipo de colheita desejada, evitando casos de

pisoteio da soqueira na colheita mecanizada. As medidas mais utilizadas variam de 1

a 1,6 m e dependem, entre outros fatores, do tipo de colheita a ser realizada. No caso

da colheita mecanizada, o espaçamento mais utilizado é o de 1,5 m, uma vez que este

se adapta de forma mais adequada às colhedoras disponíveis no mercado. Em alguns

casos ainda é realizado o plantio “abacaxi”, combinando linhas duplas distanciadas 0,4

a 0,5 m entre si e 1,4 m entre as duplas (SEGATO et al, 2006).

Como citado acima, o plantio é realizado numa profundidade entre 20 a 30 cm,

sendo recomendado de 10 a 12 gemas por metro, oriundas de viveiros corretamente

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conduzidos, evitando problemas como aborto de gemas e doenças transmissíveis por

muda. De acordo com Segato et al (2006), um plantio econômico não deveria

despender mais que 10 t de cana/ha.

4.3 Tratos Culturais

Tem como finalidade proporcionar melhores condições para o desenvolvimento

da cultura, baseando-se no trinômio planta, ambiente e manejo, alcançando, com isso,

maiores produtividades. Dentre algumas técnicas podem ser citadas: adubações

complementares (cobertura), aplicação de defensivos químicos e biológicos,

irrigação/fertirrigação, aplicação de corretivos, como calcário e gesso, entre outros.

4.4 Colheita

Devido as diferentes épocas de plantio, a colheita da cana-de-açúcar, ocorre

em períodos distintos. No caso do Centro-Sul, o processo inicia-se geralmente em

maio, prolongando-se até o mês de novembro, fazendo com que a “safra canavieira”

se encaixe no ano civil. Especificamente na região Nordeste, a colheita é iniciada no

mês de setembro e vai até março, atravessando o ano civil.

Os sistemas mecanizados, nos quais a matéria-prima é cortada e carregada

por máquinas, sem a utilização direta da mão-de-obra. Com a preocupação ambiental

e humana por parte de vários segmentos da sociedade, a tendência é que este último

sistema seja o mais utilizado nas próximas décadas.

Após as etapas de colheita e carregamento, dá se o processo de transporte da

cana até a unidade processadora. O transporte de cana do campo para as fábricas é

realizado essencialmente por meio do uso de caminhões, uma vez que a forma de

transporte que se apresenta mais adequada para as características de distâncias,

volumes, agilidade, confiabilidade e periodicidade demandada no transporte dessa

matéria-prima a fábrica ao longo do seu ciclo de colheita em campo e processamento

na fábrica.

Existe uma grande diversidade de diferentes conjuntos rodoviários utilizados no

transporte de cana tanto que as capacidades transportadas variam desde 25 a 60

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toneladas de cana-de-açúcar por viagem. Os conjuntos mais utilizados na região

Sudeste são: Sistema “Rodotrem”, também chamado de “Romeu e Julieta”, no qual

um caminhão cavalo-mecânico traciona um semi-reboque canavieiro; e o “Treminhão”,

no qual um caminhão canavieiro traciona dois reboques.

O transporte da cana até a unidade processadora é um fator de extrema

importância não só pelo fato de existir perda de qualidade da matéria-prima durante tal

operação, mas também no que se refere ao montante dos custos de produção. Neste

sentido, a logística e o raio médio do transporte impactam diretamente nos custos,

podendo inclusive, inviabilizar o processo produtivo.

5. METODOLOGIA DE CÁLCULO DE CUSTO AGRÍCOLA

As despesas que compõem “todos os itens de custos variáveis (despesas

diretas) e a parcela dos custos fixos diretamente associada à implementação da

lavoura” fazem parte do custo operacional de produção (BRASIL, 2008). Este pode ser

dividido em Custo Operacional Efetivo (COE) e Custo Operacional Total (COT).

Portanto, o custo operacional efetivo pode ser entendido como sendo os gastos

com recursos de produção que exigem desembolso para sua recomposição por parte

da empresa (DUARTE, 2006). Já o custo operacional total engloba os custos diretos, a

mão-de-obra familiar, que mesmo não sendo remunerada é essencial para a execução

da atividade, e as depreciações, que são apenas uma parte dos custos indiretos.

Assim sendo, o custo operacional total pode ser considerado como o custo realizado

pelo produtor no curto prazo para produzir e repor o maquinário e continuar

produzindo (DUARTE, 2006).

Finalmente, incluindo ao COT a remuneração do capital investido em

benfeitorias, máquinas, implementos, equipamentos e outros ativos imobilizados,

obtêm-se o Custo Total (CT) (GOUVEIA ET AL, 2006).

Dentro do COE devem estar contidos todos os custos desembolsáveis do ciclo

produtivo agroindustrial, sejam eles variáveis ou fixos. Citam-se nesta categoria as

operações com máquinas e implementos, mão-de-obra, insumos, despesas

administrativas, arrendamentos e manutenções. Somando-se ao COE as

depreciações de maquinário, benfeitorias e equipamentos (imobilizados da empresa),

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obtêm-se o COT. Por fim, ao serem considerados os custos de oportunidade da terra e

do capital investido, chega-se o CT.

5.1 Cálculo Do Custo De Produção Agrícola (Cana-De-Açúcar)

A seguir é feita uma descrição detalhada dos itens que compõem cada etapa

do custo operacional de produção da cana-de-açúcar. São apresentadas também as

equações utilizadas.

5.2 Custo Operacional Efetivo

Fernandes (2003) determina que os custos de produção da cana-de-açúcar

podem ser divididos em três etapas distintas, sendo elas:

a) Preparo de solo e plantio

b) Tratos culturais da soqueira

c) Corte, carregamento e transporte (CCT)

Dentro de cada etapa são alocadas as respectivas operações agrícolas. Para a

realização destas, são necessárias combinações de máquinas e implementos (definida

como “operações mecanizadas”), mão-de-obra (“operações manuais”) e insumos

(“insumos”). Portanto, a classe de operações mecanizadas inclui todos os gastos com

máquinas e implementos referentes ao preparo de solo, tratos culturais e CCT. O

mesmo se aplica às classes de mão de obra e insumos. A Tabela 1 resume as

principais operações (mecanizadas e manuais) e tipos de insumos inseridos nas

etapas a), b) e c) descritas acima.

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Tabela 1 – Principais operações agrícolas e tipos de insumos da lavoura de cana-de açúcar

Para cada operação realizada, são designados o coeficiente técnico e seu

preço, bem como o número de hectares que foram contemplados na mesma. Assim,

inicialmente define-se a quantidade necessária da combinação utilizada para a

execução de 1 (um) hectare (horas máquina/ha, homens dia/ha, dose do insumo/ha) e

o seu preço unitário (R$/h, R$/homem dia, R$/dose).

O resultado é um valor monetário, medido em reais, que expõe o quanto custa à realização da respectiva operação em 1 (um) hectare de terra. Conhecendo-se o número de hectares contemplados com a realização de cada uma das operações, obtêm-se o montante total despendido na safra em análise. Matematicamente, defini-se o cálculo acima descrito conforme a Equação 1.

OPERi = [ ( cmaq,i X PHM) + (cMOB,i X PMOB) + (cINS,i X PINS) ] X HAi (1)

Onde:

i = operação em questão;

OPERi = custo da operação i;

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cMAQ = coeficiente de utilização da máquina e/ou equipamento na operação i;

PHM = preço da máquina e/ou equipamento utilizados na operação i, medido em

reais por hora (R$/h), reais por quilômetro (R$/km) ou reais por tonelada de cana

(R$/t);

cMOB = coeficiente de utilização da mão-de-obra na operação i;

PMOB = preço da mão-de-obra utilizada na operação i, medido em reais por dia

trabalhado (R$/dia);

cINS = coeficiente de utilização (dose) do insumo na operação i;

PINS = preço do insumo utilizado na operação i, medido em reais por unidade de

dose (R$/t, R$/kg, R$/L, etc.);

HAi = número de hectares em que a operação i foi realizada.

Nota-se ainda que a presença dos custos administrativos dentro dos custos

operacionais de produção. Neles, salienta-se para os gastos com salários (pessoal

administrativo, contador, ajudantes, pró-labore do proprietário, etc.), materiais de

escritório, seguros e manutenções de benfeitorias, contas diretas em geral (luz, água,

telefone, etc.), alimentação e serviços aos funcionários (médicos, odontológicos, etc.).

Assim, denotam-se os custos administrativos como segue:

ADM = SAL+ MAT+SEG+ MAN+ CONT+ ALIM+ SERV+OUTR (2)

Onde:

ADM = custos administrativos, medido em reais (R$);

SAL = gasto com salários, inclusive encargos, medido em reais (R$);

MAT = gastos com materiais de escritório, medido em reais (R$);

SEG = gasto com seguros de benfeitorias agrícolas, medido em reais (R$);

MAN = gasto com manutenção de benfeitorias agrícolas, medido em reais (R$);

CONT = gasto com contas em geral, medido em reais (R$);

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ALIM = gasto com alimentação dos funcionários, medido em reais (R$);

SERV = gasto com serviços subsidiados para os funcionários, medido em reais

(R$);

OUTR = gasto com outros custos administrativos relevantes, medido em reais

(R$).

O arrendamento é considerado no COE quando o produtor efetivamente

produzir em terras arrendadas, ou seja, quando o arrendamento for caracterizado

como um desembolso direto. Em geral, estas despesas são expressas em função do

ATR padrão regional, do preço pago pelo quilograma de ATR e do preço estipulado

nos contratos de arrendamento. A multiplicação destes três fatores resulta numa

medida, em reais por hectare (R$/ha), que designa o custo do arrendamento de 1 (um)

hectare de terra. Conhecendo-se o número de hectares arrendados é possível obter-

se o montante total gasto com arrendamentos.

ARRED = ( cATRpadrão X PATR X PARRED ) X HA (3)

Onde:

ARREND = gasto total com arrendamentos, medido em reais (R$);

cATRPADRÃO = coeficiente padrão fixado na região em análise, medido em

quilogramas de ATR por tonelada de cana (kg ATR/t);

PATR = preço do quilograma de ATR praticado na região em análise,

medido em reais por quilograma de ATR (R$/kg ATR);

PARREND = preço do contrato de arrendamento praticado na região em análise,

medido em toneladas de cana por hectare (t/ha);

HA = número de hectares arrendados.

Pela soma das equações 1, 2 e 3 obtêm-se o COE, conforme expõe a equação

4:

COE=∑OPERi+ADM+ARREND

24

(4)

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Esta medida (COE) indica a quantidade monetária efetivamente desembolsada

pelo produtor ao longo da safra. Para que a atividade seja rentável no curto prazo,

torna-se necessário que o montante advindo das receitas (RT) supere o COE. Isto

indicaria um fluxo de caixa positivo no momento analisado. Já se COE > RT, então se

constata prejuízo líquido da atividade no respectivo período.

5.3 Custo Operacional Total

Para obtenção do Custo Operacional Total foram considerados os seguintes

itens de depreciações:

Depreciações de benfeitorias

Depreciações de máquinas e equipamentos

Depreciações de equipamentos de irrigação e fertirrigação

Em todos os casos foi estimado o montante de capital investido em cada item,

sendo depreciado segundo uma vida útil pré-determinada, no qual o resultado é

exposto em reais (R$). Matematicamente, obtêm-se o valor a ser depreciado na safra

vigente da seguinte forma:

Di=VIi−VRi

vuixG%

Onde:

i = benfeitorias, máquinas e equipamentos ou equipamentos de irrigação e

fertirrigação;

Di = depreciação do item i, medida em reais por tonelada de cana (R$/t);

VI = valor inicial de i, medido em reais (R$);

VR = valor residual de i, medido em reais (R$);

25

(5)

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vu = vida útil de i, medida em anos;

G% = grau de utilização de i para a cultura da cana-de-açúcar, medido em

termos percentuais (%).

Salienta-se ainda que se deve sempre considerar o grau de utilização da

benfeitoria, máquina, implemento ou equipamento de irrigação dentro da cultura da

cana-de-açúcar. Isto se dá pois determinada construção ou máquina pode ser

empregada em outras atividades existentes na propriedade entrevistada.

Assim, a equação que define o COT pode ser descrita por:

cot=COE+∑ Di

Onde o COE resulta da Equação 4, exposta no item 5.2.

A interpretação econômica do COT retrata as condições de longo prazo da

atividade produtiva. Se as receitas geradas pela produção da safra vigente superarem

o COT, e esta condição se manter por um período relativamente longo de tempo,

então não só puderam ser constatados fluxos de caixa positivos ao produtor, mas

ainda há recursos para que seja feita a reposição de sua frota, benfeitorias e outros

equipamentos considerados nos custos de produção. Para que exista sustentabilidade

da atividade produtiva, é necessário que COT < RT no longo prazo. Caso contrário, o

produtor não estará remunerando adequadamente seu capital imobilizado,

comprometendo assim sua reposição ao final de sua vida útil.

5.4 Custo Total

Finalmente, para obtenção do Custo Total (CT) de produção são considerados

os custos de oportunidade apresentados a seguir:

Custo de oportunidade da terra própriaCusto de oportunidade do capital investido

26

(6)

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No primeiro caso, o custo de oportunidade da terra própria (COP terra) foi

determinado conforme os contratos de arrendamento de cada região, sendo

considerados o valor do ATR padrão regional (kg ATR/t), o preço pago pelo

quilograma de ATR (R$/kg ATR) e o preço de arrendamento vigente, geralmente

expresso em toneladas de cana por hectare (t/ha). Nota-se que o COPterra incide

apenas sobre a terra cultivável, devendo ser desconsideradas as áreas próprias

destinadas a outros propósitos, tais como reserva legal, APP, etc.. A justificativa é de

que o custo intrínseco as áreas não cultiváveis encontra-se incorporado nos preços

dos arrendamentos sendo, portanto, contabilizados dentro dos custos de produção da

lavoura.

Matematicamente, esta relação pode ser expressa por:

COPterra = ATRpadrão x PATR x Parrend x HApróprio (7)

Onde:

COPterra = custo de oportunidade da terra própria, medido em reais (R$);

ATRpadrão = quantidade de ATR fixa estipulada nos contratos de arrendamento

da região analisada, medido em quilogramas de ATR por tonelada de cana (kg ATR/t);

PATR = preço do ATR praticado, medido em reais por quilograma de ATR (R$/kg

ATR);

Parrend = preço do arrendamento praticado, medido em toneladas de cana por

hectare (t/ha);

HApróprio = número de hectares cultiváveis.

Já no segundo caso, o custo de oportunidade do capital investido (COPcapital) foi

dividido segundo:

i) capital investido na fundação da lavoura;

ii) em equipamentos de irrigação/fertirrigação;

iii) em máquinas e implementos;

iv) em benfeitorias.

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A Equação 8 demonstra de forma matemática o cálculo do COPcapital.

COPcapital,i = CIi x r (8)

Onde:

i = fundação da lavoura, equipamentos de irrigação/fertirrigação, máquinas e

implementos ou benfeitorias;

COPcapital = custo de oportunidade do capital investido, medido em reais (R$);

CI = capital investido em i, medido em reais (R$);

r = taxa de juros, medida em percentual ao ano (% a.a.).

Assim, o Custo Total de produção pode ser expresso por:

CT=cot+COPterra+∑ COPcapital , i

Onde o COT resulta da Equação 6, exposta no item 5.3.

Se ao longo do tempo o CT se mantiver abaixo dos encaixes totais advindos da

lavoura de cana-de-açúcar, conclui-se que há lucro econômico na atividade, uma vez

que, além da manutenção e reposição dos ativos imobilizados, o produtor teve de fato

remunerado seu capital e terra aplicados no processo produtivo. Este cenário

caracterizaria uma condição de longo prazo sustentável à atividade canavieira.

Os resultados obtidos nas equações 1 a 9 podem ser expressos tanto em sua

medida original (R$) quanto em unidades diferenciadas. Efetuando a divisão do valor

original pelo respectivo número de hectares cultivados, chega-se a mensuração em

reais por hectare (R$/ha), medida que facilita a comparação dos resultados com outros

estudos disponíveis na literatura e no mercado canavieiro atual. Por outro lado,

dividindo-se o montante total pela produção total de cana, obtêm-se a uma medida

em reais por tonelada de cana (R$/t), a qual serve como dado de entrada aos custos

industriais de produção. Salienta-se que a utilização de uma ou outra medida depende

28

(9)

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do anseio do pesquisador, sendo ambas úteis para as análises econômicas

intrínsecas a atividade produtiva.

5.5 Margem Total e Lucro Total

O primeiro comparativo apresentado é a Margem Bruta Total, que nada mais é do que

a receita total (RT) menos o COE. Isto significa que a atividade agrícola obteve

resultado positivo na análise de curto prazo.

A seguir, pode-se comparar a RT com o COT, definindo assim uma primeira análise de

longo prazo. Esta análise é a Margem Líquida Total, ou seja, a RT menos COT. Isto

significa que, além de seus custos de curto prazo, sua remuneração e as depreciações

do capital investido também foram cobertas pelas receitas.

Finalmente, observando a análise do Lucro Total, que será através das RT menos os

CT. Através desta análise, podemos dimensionar o quanto rentável está sendo a

atividade agrícola, durante o período de longo prazo. Este tipo de análise também

demonstra se a atividade agrícola está sendo capaz de pagar os investimentos da

terra, os quais foram feitos pelo proprietário.

6. Resumo da metodologia de Custos Agrícolas

A metodologia aplicada no estudo seguiu os procedimentos delineados por Marques

(2009) e Xavier et al. (2009), por meio do levantamento dos custos agrícolas (cana-de-

açúcar) de fornecedores autônomos e usinas, e de seus custos industriais (produção

de açúcar e etanol).

A estimativa dos custos é feita a partir do esquema simplificado representado na

Figura 1.

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Figura 1. Esquema de Custos. Fonte: PECEGE/CNA (2012), adaptado de Marques (2009) e Xavier et al (2009).

A Tabela 2 apresenta os grandes grupos de variáveis utilizadas nos modelos dos

custos de produção agrícola e industrial. A fim de torná-las aptas às estimativas de

custos, as mesmas foram padronizadas em forma de coeficientes técnicos, que, cada

qual multiplicado pelo seu preço, resulta em um valor monetário, em reais, equivalente

ao custo da realização da respectiva operação. No primeiro modelo (custo de

produção agrícola), para o cálculo do COE, são consideradas as seguintes variáveis:

utilização de máquinas e/ou equipamentos; mão-de-obra; insumos; gastos com

salários; materiais de escritório; seguros (e/ou manutenção) de benfeitorias agrícolas;

contas em geral (água, luz, etc.); alimentação dos funcionários; serviços subsidiados

para os funcionários; outros custos administrativos relevantes; e, arrendamentos.

Para o cálculo do COT são consideradas as depreciações (segundo uma vida útil pré-

determinada) de benfeitorias, de máquinas e equipamentos, e de equipamentos de

irrigação e fertirrigação, a partir do montante de capital investido. Por fim, o CT de

produção leva em conta os custos de oportunidade da terra própria e do capital

investido. O primeiro incide apenas sobre a terra cultivável, conforme os contratos de

arrendamento de cada região. E o segundo foi dividido em: capitais investidos na

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fundação da lavoura; equipamentos de irrigação e fertirrigação; máquinas e

implementos; e, benfeitorias.

Tabela 2. Variáveis utilizadas no cálculo de custos de produção

AGRÍCOLA INDÚSTRIA ADM.Custo Operacional Efetivo (COE)

Mecanização

Mão-de-obra

Insumos

Arrendamento

Administração

Mão-de-obra

Insumos

Manutenção

Administração

Mão-de-obra

Insumos e serviços

Capital de giro

Custo Operacional Total (COT)

Depreciações Depreciações

Remuneração do Proprietário

Custo Operacional Total (CT)

Remuneração da terra Custo de Oportunidade do Capital

Remuneração do capital

Fonte: PECEGE/CNA (2012) adaptado de CONAB (2008), Marques (2009) e Xavier et al. (2009) .

*Para os cálculos, segue a metodologia de Marques (2009) e Xavier et al. (2009).

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BIBLIOGRAFIA

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Metodologia de cálculo de custo de produção da CONAB. Disponível em: http://www.conab.gov.br

CONSECANA-SP - Conselho Dos Produtores De Cana-De-Açúcar, Açúcar E Álcool do Estado de São Paulo. Manual de Instruções.Piracicaba, 2006. 112 p.

DAL BEM, A. J; KOIKE, G.H.A; PASSARINI, L.C. Modelagem e simulação para oprocesso industrial de fabricação de açúcar e álcool. Revista Minerva – Pesquisa &Tecnologia. Volume 3, Número 1 - janeiro a junho de 2006.

FERNANDES, A.C. Cálculos na Agroindústria da Cana-de-açúcar. Piracicaba: STAB, 2003. 240p.

SEGATO, S.V.; PINTO, A.S.; JENDIROBA, E. e NÓBREGA, J.C.M. Atualizações em produção de cana-de-açúcar. Piracicaba, CP 2, 2006. 415p.

VALLE, F. Manual de Contabilidade Agrária. São Paulo: Atlas, 1987.

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