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ANO XIII • NÚMERO 37 • JANEIRO / ABRIL • 2005 documentos pastorais notícias • secretariados e movimentos reflexões docu • Ordenação episcopal em Fátima | pág. 27 D. Anacleto de Oliveira • João Paulo II - 1920-2005 | pág. 13 Um homem que cumpriu a sua missão • Bento XVI define orientação do pontificado | pág. 17 “Abertura ao mundo e à missão” • Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado | pág. 23 Deixou-nos a última vidente de Fátima

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ANO XIII • NÚMERO 37 • JANEIRO / ABRIL • 2005

documentos pastorais • notícias • secretariados e movimentos • reflexões • docu

• Ordenação episcopal em Fátima | pág. 27

D. Anacleto de Oliveira

• João Paulo II - 1920-2005 | pág. 13

Um homem que cumpriu a sua missão

• Bento XVI define orientação do pontificado | pág. 17

“Abertura ao mundo e à missão”

• Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado | pág. 23

Deixou-nos a última vidente de Fátima

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Leiria-FátimaÓrgão Oficial da Diocese

ANO XIII • NÚMERO 37 • JANEIRO / ABRIL • 2005

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Ficha Técnica

DirectorLuís Inácio João

Chefe de RedacçãoLuís Miguel Ferraz

AdministradorHenrique Dias da Silva

Conselho de RedacçãoBelmira de SousaJorge GuardaLuciano CristinoManuel MelquíadesSaul Gomes

Capa, Grafismo e PaginaçãoLuís Miguel Ferraz

PropriedadeDiocese de Leiria-Fátima

SedeSeminário Diocesano de Leiria2414-011 LeiriaTel. 244 832 760Fax 244 821 102Mail: [email protected]

Periodicidade . QuadrimestralTiragem . 420 exemplares

Assinatura anual - 12 eurosNúmero avulso - 4 euros

Impressão - Gráfica de Leiria

Depósito Legal - 64587/93

Os textos não assinados das secções noticio-sas são elaborados pelo chefe-de-redacção da revista LEIRIA-FÁTIMA, tomando por base os jornais diocesanos A VOZ DO DOMINGO e O MENSAGEIRO. As paróquias, serviços e movimentos poderão enviar-nos ecos das suas iniciativas e programação, para os contactos indicados nesta ficha técnica.

E D I Ç Ã O G R Á F I C A

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Índice

EditorialHumilde trabalhador da vinha do Senhor 5

Documentos PastoraisNota Episcopal para a Quaresma 2005 7Comunicado do Conselho Pastoral Diocesano 8Decreto episcopal - Nova direcção da Cáritas Diocesana 9Nota Episcopal - Ordenação de D. Anacleto Oliveira 10Comunicado do Conselho Presbiteral Diocesano 10Decreto Episcopal - Incardinação 11(Crismas na Diocese de Leiria-Fátima) 12

Em DestaqueJoão Paulo II - 1920-2005 • Um homem que cumpriu a sua missão 13Bento XVI define orientação do seu pontificado • “Abertura ao mundo e à missão” 17Ir. Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado • Deixou-nos a última vidente de Fátima 23Ordenação episcopal em Fátima • D. Anacleto de Oliveira 27Novo sacerdote no dia das vocações • Ordenação na diocese de Leiria-Fátima 2974ª Peregrinação Diocesana a Fátima • Defender a vida é missão cristã 31Dia Nacional da Cáritas • Partilhar o pão, construir a justiça 33

NotíciasCáritas solidária com Sudeste Asiático 35Escola Teológica apresenta Evangelho do ano 35Recepção ao novo capelão das Prisões de Leiria 35Projecto ASA 2005 apresenta-se 36Troféu Turístico distingue Santuário de Fátima 37Homenagem ao padre Joaquim Lourenço 37Clero reflecte sobre a comunhão cristã 38Formação para catequistas 38Bênção dos Ciclistas no Santuário de Fátima 38Tese de doutoramento do P. Vítor Coutinho 39Encontro de hotéis e casas de acolhimento de peregrinos 39Encontro dos Colaboradores da Cáritas de Leiria 41Peregrinação da Família da Consolata 42Celebração dos Beatos Francisco e Jacinta 43Jornada vicarial sobre a Eucaristia, nos Milagres 432º semestre da Escola de Formação Teológica de Leigos 44

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Índice

Jornadas sobre a Nova Concordata 45Retiro diocesano para catequistas 4650 anos das ENS em Portugal 46Retiro da FMME 47Concertos de carrilhão ecoam na cidade 47Retiro eucarístico para leigos 47“Meditações sobre a Paixão” nas Colmeias 47“Agência Ecclesia” completa edição mil 48“Caminhos sem atalho” - Espectáculo ajuda “Ondjoyetu” 49Páscoa nas prisões de Leiria 49Canonização do padre Manuel Formigão 50“Fazermo-nos ao largo” na Semana das Vocações 50Diabético peregrina de bicicleta pela Europa 50Jornada da Fundação Maria Mãe da Esperança 51“Samaritanos” elegem nova direcção 51Encontro Diocesano da Pastoral da Saúde 52

Serviços e MovimentosCPM – Ecos da Formação Nacional • “As crises em Casal” e o diálogo na família 53Movimento dos Cursilhos de Cristandade • Ultreia Diocesana nos Parceiros 57Uma experiência de voluntariado • Férias em missão 581º Encontro Mundial das Com. Portuguesas • Condição migrante no século XXI 59

ReflexõesA nossa Páscoa é Cristo Senhor 61Escolher Deus como Tudo da vida 63João Paulo II, coração sem fronteiras 70

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Editorial

Humilde trabalhador da vinha do Senhor

Progressivamente debilitado, João Paulo II vinha vislumbrando, dia após dia, o termo da sua caminhada. No dia 2 de Abril atingiu a meta. Combatera o bom combate, terminava a corrida, conservou a fé. A sua coroa única esperou-a do Senhor, em quem pôs a sua confiança (cf: 2Tim 4, 6-8).

De súbito, a Igreja sentiu-se como que transportada com o pastor, fortalecida pelo seu exemplo de fé inabalável n’Aquele que o confortava (cf: Lc 22,33; Fl 4,13).

Crente ou não, o mundo inteiro fixou-se na personalidade contagiante do homem que testemunhou de forma inequívoca a razão da sua esperança (cf: 1Pd 3,15). João Paulo II foi ponto de convergência e continuará uma referência, para uma humanidade dividida mas sedenta de unidade. Acreditando profundamente que só Deus, manifestado em Jesus Cristo, revela o homem ao homem, passou a vida a propor insistentemente a redescoberta da transcendência da pessoa como caminho e sentido da humanidade.

Ao ver partir o Papa, a Igreja coloca toda a sua confiança no Senhor Jesus Cristo que prometeu nunca a deixar órfã. O Espírito de Deus, sempre actuante e mobilizador, leva-a a acreditar que a morte se transforma em vida, segundo a garantia do mesmo Senhor de levar consigo os que consigo viveram. Aos Cardeais em conclave na Capela Sistina, juntam-se os fiéis do mundo inteiro, em intensa atitude orante que inclui a evocação e a intercessão de todos os Santos. É o momento de perscrutar os desígnios de Deus e de aguardar, em expectativa confiante, a eleição do novo Papa.

De repente, o anúncio ecoa, simultâneo, por toda terra. A Igreja está de novo provida dum pastor que, em nome do seu Senhor, a conduza e confirme na fé e na unidade. Os sinos tocam nas torres e campanários e os crentes já rejubilam em acção de graças, enquanto aguardam a proclamação do eleito.

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Editorial

O Cardeal Joseph Ratzinger é o novo Papa e tomou o nome de Bento XVI. As suas primeiras palavras surpreendem mesmo os não crentes, numa declaração de humilde disponibilidade, diante de Deus, para o serviço de todos:

Queridos irmãos e irmãs. Depois do Grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me a mim, um simples, humilde trabalhador da vinha do Senhor. Consola-me o facto de que o Senhor sabe trabalhar e actuar com instrumentos insuficientes, e, sobretudo, confio nas vossas orações. Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiados à sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, Sua santíssima Mãe, está ao nosso lado. Obrigado.

A Igreja sabe escutar, pois acredita que Jesus Cristo, Sacramento de Deus no meio dos homens, escolheu Pedro e os seus sucessores para dar continuidade a esta sua presença humanizada. E reconhece também que a sua própria solidez está no mesmo Jesus Cristo, o Filho de Deus, sempre fiel à promessa do Espírito que Ele e o Pai lhe enviam em permanência. Generoso na diversidade de dons confiados a cada membro em ordem ao bem comum, o mesmo Espírito não cessa de suscitar nos corações a abertura serviçal, garantindo deste modo a vitalidade do seu Povo.

O primeiro serviço de uma papa é a disponibilidade confiante de quem acredita que o Senhor sabe trabalhar e actuar com instrumentos insuficientes. O primeiro e mais alto serviço, pois se torna apelo e reconhecimento da essência dinâmica da própria Igreja, constituída por chamados à mesma atitude de fidelidade ao trabalho mobilizador do Espírito divino.

“Leiria-Fátima” partilha com os seus leitores a evocação deste tempo forte da vida da Igreja e une-se a todos na oração à qual se confiou Bento XVI. É nesta que se opera a abertura ao Espírito que suscita a unidade e a comunhão na efectiva disponibilidade dos carismas para o serviço de todos. Sigamos adiante!

O Director

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Documentos Pastorais

Nota Episcopal para a Quaresma 20051. Sabemos que a Quaresma é tempo eclesial e litúrgico para que os

Cristãos preparem a Celebração da Páscoa da Ressurreição, recordando os compromissos do Baptismo, purificando-se das faltas cometidas, e reacendendo a Luz da Esperança, em Cristo.

A Quaresma 2005, marcada por fortes situações sociais, começa no dia 9 de Fevereiro (quarta feira de cinzas) e termina à tarde de quinta-feira Santa (24 de Março).

No 5º Domingo da Quaresma (13 de Março) a nossa Diocese vai realizar a sua 74ª Peregrinação a Fátima, na forma do costume e sob a palavra de ordem que é tema para toda a peregrinação da vida: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4). Os mais jovens terão programa próprio na véspera, e no domingo de tarde (14,30 horas) será repetida a Cantata sobre Santo Agostinho.

2. A Mensagem Pontifícia para a Quaresma 2005 apresenta a “longevidade” como um “especial dom divino” e recomenda para estudar melhor “o mistério da Cruz, que dá sentido pleno à existência humana”.

Na nossa caminhada e meditação quaresmal, vamos reflectir também sobre o sinal da Cruz, símbolo das nossas limitações e do seu imperativo de santificação e redenção.

Vamos recuperar e desenvolver os valores da vida. Sabendo que a longevidade no tempo pode crescer, e que em muitas Nações é escandalosamente baixa, tomaremos mais consciência de respeitar e proteger a própria vida, e testemunhar activa solidariedade para que a ninguém faltem os recursos alimentares e a assistência médica.

João Paulo II diz uma palavra especial a respeito dos “idosos” e sublinha: “Como é importante este recíproco enriquecimento entre as diversas gerações!”.

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Documentos Pastorais

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Documentos Pastorais

3. No final do ano 2004, o Papa instituiu a Fundação “Bom Samaritano” para apoiar os doentes mais necessitados em todo o mundo, nomeadamente os doentes da SIDA, “epidemia e drama dos nossos tempos, e a principal causa de morte das pessoas entre os 15 e os 49 anos”. Segundo um relatório da UNICEF, o número de crianças órfãs, por motivo da SIDA, cresceu entre 2001 e 2003, de 11,5 milhões para 15 milhões, só na Africa.

A Fundação “Bom Samaritano” vai esforçar-se para que não seja transmitido o “terrível flagelo”, mas também sejam atenuados os seus efeitos. O Santo Padre incumbiu o Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde de administrar e desenvolver a Fundação e pede a contribuição de todos nós.

E assim, a renúncia quaresmal que vamos fazer este ano terá também o destino de lutar contra a SIDA. No ano transacto, o total do contributo penitencial e da renúncia quaresmal foi de 62.421 euros, dos quais 50% foram entregues para as rádios de inspiração cristã nas antigas colónias portuguesas. Este ano 2005, a mesma percentagem será destinada para apoiar os objectivos da Fundação Pontifícia “Bom Samaritano”.

Que esta Quaresma 2005 seja uma salutar etapa de caminhada para o Tempo Pascal.

Leiria, 31 de Janeiro 2005, MO de S. João Bosco.† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Comunicado do Conselho Pastoral DiocesanoNo Dia 5 de Fevereiro último reuniu o Conselho Pastoral da Diocese de

Leiria-Fátima, que iniciou os trabalhos congratulando-se com a nomeação do Dr. Anacleto Gonçalves como Bispo Auxiliar de Lisboa.

O principal tema desta reunião foi o Projecto Pastoral Diocesano, que será o motor da acção Pastoral futura na Diocese Leiria-Fátima.

Após a apresentação e análise detalhada, o Projecto Pastoral foi aprovado na generalidade. O Projecto Pastoral abarca o plano de acção para 6 anos, prevendo-se o início da sua execução no próximo ano pastoral, em Setembro de 2005.

Reflectiu-se igualmente sobre as condições que os peregrinos a pé encontram nos Caminhos de Fátima. Considerando os problemas de circulação a pé em estradas que não foram preparadas para esse fim e a situação da circulação dentro do perímetro urbano de Fátima, o Conselho

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Pastoral Diocesano sensibilizará as autoridades competentes para actuarem neste domínio.

Em nota final o Conselho Pastoral Diocesano, secundando a iniciativa do Conselho Permanente da Conferência Episcopal na sua Nota Pastoral “Sobre o Próximo Acto Eleitoral” de 13.02.2005, alerta toda a comunidade diocesana para a oportunidade do tempo de campanha eleitoral servir para tomar conhecimento efectivo dos programas e propostas dos partidos políticos, analisar os mesmos à luz da ética cristã e consequente tomada de opção consciente, pois da participação de cada um depende a construção de um Portugal melhor.

Conselho Pastoral Diocesano

Decreto episcopal - Nova direcção da Cáritas DiocesanaSerafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, havemos por

bem constituir e nomear os seguintes corpos gerentes da Cáritas Diocesana:DirecçãoPresidente - Carlos Henrique Gonçalves JorgeVice-Presidente - Maria Alice Dias CardosoSecretário - Ambrósio Jorge dos SantosTesoureiro - João José Pereira da Silva AntunesVogais - Joaquim Madaíl Brilhante PedrosaPaulo Adriano Jorge dos SantosCláudio Pinto CarvalhoMaria Luzia da Piedade CordeiroAntónio Monteiro de AlmeidaIsabel Pereira Gaio ClementeConselho FiscalJustino Pereira LopesHenrique Dias da SilvaMónica Caldeira de Matos Ventura.Esta nomeação é válida por três anos. Agradecemos a quantos

generosamente trabalharam no mandato anterior e fazemos votos que os actuais responsáveis prossigam com diligência os objectivos deste serviço de caridade.

Leiria, 7 de Fevereiro de 2005† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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Nota Episcopal - Ordenação de D. Anacleto OliveiraO Bispo de Leiria-Fátima comunica que a ordenação episcopal de D.

Anacleto Cordeiro Gonçalves Oliveira será no dia 24 de Abril, às 16,30 horas, no recinto do Santuário de Fátima. A fim de organizar e coordenar todo o programa da Celebração, foi constituída a seguinte comissão:

Mons. Luciano Guerra (249 539 601)Dr. Jorge Guarda (244 832 714)Dr. Pedro e D. Isabel Santiago (244 832 969)D. Raquel Oliveira (964 627 295)Joaquim Gonçalves (249 531 652).

Leiria, 19 de Fevereiro 2005† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Comunicado do Conselho Presbiteral DiocesanoO Presbitério Diocesano manifesta, por meio deste Conselho, a sua

profunda satisfação e gratidão a Deus pela escolha de um dos seus membros, o padre Anacleto Cordeiro Gonçalves de Oliveira, para a condução do povo de Deus no ministério episcopal. Ao padre Anacleto reconhece e agradece o seu serviço e dedicação à nossa diocese em diversos momentos e organismos, desde o Conselho Presbiteral, de que é membro há vários anos, passando pela formação permanente dos padres, dos seminaristas em Leiria e no Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET) de Coimbra, e dos leigos na Escola de Formação Teológica, até diversas actividades pastorais nas paróquias e no Santuário de Fátima. Tem sido significativo o seu trabalho de estudo e formação bíblica, a sua área de especialização. Por tudo isto, este Conselho deseja-lhe os maiores êxitos pastorais no seu serviço à diocese de Lisboa, para a qual será ordenado bispo auxiliar em 24 de Abril, no Santuário de Fátima.

Manifesta ainda a sua alegria pelo dom da vida da Irmã Lúcia de Jesus, vidente de Fátima, falecida em 13 de Fevereiro. A sua simplicidade e profunda união com Deus, vividas em particular no Carmelo de Coimbra, são exemplo de virtude e fé para a nossa diocese, donde é natural, e para toda a Igreja. O senhor Bispo confirmou que os seus restos mortais serão trasladados para a basílica do Santuário de Fátima dentro de aproximadamente um ano e depositados junto do túmulo da beata Jacinta Marto.

O Conselho Presbiteral faz também um voto de pesar pela morte do frei Adelino Pereira, padre franciscano, natural da Caranguejeira, que serviu esta

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Documentos Pastorais

diocese aquando da sua presença no convento dos Franciscanos de Leiria. Sentimo-nos gratos pelo seu trabalho de formação espiritual e académica aos seminaristas diocesanos e mesmo no ensino público, pela sua humildade e sensibilidade para o acolhimento às pessoas em geral e para a área social, mais explícita no seu apoio à Casa do Bom Samaritano de Fátima, onde faleceu após doença prolongada. Foi também membro deste Conselho.

Relativamente ao ponto central da agenda de trabalhos, o Conselho apreciou a proposta para a 2ª parte do Projecto Pastoral Diocesano (PPD), que foi aprovado na generalidade. Foram feitas diversas sugestões para o aperfeiçoamento deste instrumento considerado essencial para o futuro da Igreja Diocesana, que foi uma das propostas fundamentais do Sínodo Diocesano. A sua aplicação está prevista para os próximos seis anos. Salienta-se a importância do trabalho de concretização do programa anual e sua calendarização, a realizar por uma equipa coordenadora a nomear pelo bispo diocesano, do qual deverá ser cabeça um animador, que dê visibilidade ao Projecto.

A fim de dar seguimento a este trabalho, o senhor Bispo propõe-se promover uma assembleia conjunta dos Conselhos Presbiteral e Diocesano.

Ficou agendada a próxima reunião do Conselho para 20 de Junho.O Secretariado Permanente

Decreto Episcopal - IncardinaçãoSerafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima, declara que

o Pe. João Rodrigues foi incardinado nesta Diocese de Leiria-Fátima no dia 11 de Fevereiro de 2005, assumindo todos os direitos e deveres do Clero Diocesano.

O Sacerdote JOÃO RODRIGUES pertencia à Congregação dos Oblatos da Beata Virgem Maria. De há muitos anos residia e trabalhava pastoralmente na nossa Diocese. Perante o rescrito, com data de 10 de Janeiro de 2005, a Congregação dos Institutos da Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, tendo recebido o voto favorável do Superior Geral do referido Instituto dos Oblatos, autorizou a incardinação nesta Diocese, nos termos dos cc. 265, 267, 269 e 693.

Com gratidão e esperança fazemos votos pela boa integração na família sacerdotal e em toda a Diocese.

Leiria, 28 de Fevereiro de 2005† Serafim de Sousa Ferreira e Silva

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Crismas na Diocese de Leiria-FátimaAgendados até fins de Julho de 2005

17 de Abril – 11h30 Mendiga23 de Abril – 15h00 Reguengo do Fetal24 de Abril – 09h00 Memória e 11h00 Cercal7 de Maio – 15h00 Pedreiras8 de Maio – 15h00 Alpedriz e 17h00 Pataias14 de Maio – 15h00 Calvaria e 18h00 Marrazesl5 de Maio – 11h30 Sé, 15h00 Amor e 17h00 S. Mamede22 de Maio – 15h00 Gondomaria e 17h00 Caranguejeira28 de Maio – 18h00 Batalha29 de Maio – 15h00 Barosa e 17h00 Azoia4 de Junho – 15h00 Alqueidão Serra e 17h00 Meirinhas5 de Julho – 11h30 Juncal, 15h00 Vermoil e 17h00 Mira de Aire11 de Junho – 15h00 Parceiros12 de Junho – 15h00 Ourém (Nossa Senhora das Misericórdias)18 de Junho – 15h00 Minde e 17h00 Fátima19 de Junho – 15h00 Ourém (Nossa Senhora da Piedade)25 de Junho – 16h00 Milagres e 18h30 Barreira26 de Junho – 15h00 Pousos e 17h00 Cortes2 de Julho – 16h00 Maceira e 09h00 Vieira de Leiria3 de Julho – 16h00 Arrabal e 18h00 Olival9 de Julho – 15h00 Porto de Mós10 de Julho – 15h00 Souto da Carpalhosa17 de Julho – 15h00 S. Simão de Litém e 17h00 Albergaria dos Doze24 de Julho – 17h00 Carnide31 de Julho – 15h00 Bidoeira

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Em Destaque

João Paulo II - 1920-2005

Um homemque cumpriua sua missãoPor Mónica Monteiro Santos

Nos últimos meses, a sua já debilitada condição física – há dez anos que sofria da doença de Parkinson – agravou-se. Devido a complicações respiratórias provocadas por uma gripe, foi hospitalizado a 1 de Fevereiro na clínica Gemelli, em Roma. Pouco mais de uma semana depois, teve alta. No entanto, o seu estado tornou a piorar e voltou à clínica Gemelli onde se submeteu a uma traqueotomia para facilitar a respiração.

Depois da alta, a 13 de Março, João Paulo II assomou, por algumas vezes, à janela dos seus aposentos, para saudar os peregrinos e turistas presentes na praça de São Pedro. Momentos ténues, que sensibilizaram o mundo para o grande sofrimento deste homem, mas também para a sua grande fé e amor à humanidade. O corpo tornou-se-lhe um fardo demasiado pesado e o Santo Padre já nem sequer pôde participar nas celebrações da Páscoa.

A sua última aparição foi no passado dia 30 de Março. Acenou à janela dos seus aposentos, perante a numerosa multidão de fiéis na praça de São Pedro. Tentou falar, mas já não conseguiu. Nesse mesmo dia, foi-lhe colocada uma sonda naso-gástrica, por já não ser capaz de se alimentar.

Perante o cenário de agonia, o mundo inteiro parece ter-se unido numa oração comum. Cristãos de todo o planeta, mas também crentes de outras religiões, rezaram pela salvação do Papa, numa demonstração de fé, de respeito e de admiração por um homem que, definitivamente, marcou as últimas décadas da história da Igreja e do mundo.

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No passado dia 2 de Abril, às 21:37, hora de Roma (20:37 em Portugal Continental), chegava ao fim o terceiro pontificado mais longo na história da Igreja Católica. O cardeal Camillo Ruini, presidente da Conferência Episcopal Italiana, anunciou oficialmente a morte do Papa, de seu nome de baptismo Karol Wojtyla, através da televisão pública italiana.

O Papa peregrino, a pouco mais de um mês de completar os 85 anos de vida, deixou este mundo. Os media, que ele soube tão bem usar no seu pontificado de quase 27 anos, em prol da sua missão de evangelização e de esperança para a humanidade, também fizeram a sua homenagem. Uma cobertura quase total e em tempo real dos acontecimentos no Vaticano e das reacções no mundo invadiram o pequeno ecrã das nossas casas.

Altas personalidades dos cinco continentes enviaram as suas condolências, fizeram comunicados públicos, expressaram a sua tristeza pela perda de um grande homem. Celebraram-se missas de sufrágio, acenderam-se velas, elevaram-se os sussurros de uma humanidade em oração. E Roma tornou-se, novamente, o centro do mundo. Milhares de peregrinos, vindos dos quatro cantos do planeta, vieram prestar a sua última homenagem a João Paulo II, na Basílica de São Pedro, onde o corpo esteve exposto.

As cerimónias fúnebres realizaram-se no dia 8 de Abril, pelas 10h00 locais. Nelas participaram dois milhões de pessoas e cerca de 200 delegações de Estado. A cripta da Basílica de São Pedro acolheu os restos mortais do Bispo de Roma, onde estão sepultados 147 dos seus antecessores.

Vozes de PortugalReunida em Fátima, em Assembleia Plenária, no dia 4 de Abril, a

Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decidiu, em sinal de comunhão com toda a Igreja, que todas as paróquias de Portugal dobrassem os sinos a finados, às 9h00 do dia 8 de Abril, aquando da tumulação do Santo Padre.

Na abertura da mesma reunião, o episcopado português prestou homenagem ao Papa João Paulo II. D. José Policarpo, presidente da CEP, numa reafirmação da união com o Santo Padre, apesar do seu falecimento, sublinhou que a comunhão com João Paulo II “toma agora a dimensão da eternidade, na comunhão definitiva com Deus, vocação última da Igreja e que João Paulo II já experimenta em plenitude”. “Foram quase 27 anos em que percorremos os caminhos da Igreja, conduzidos por essa grande figura de Pastor. Aqui em Fátima, disse-nos em 1982 que o Pastor é aquele que vai à frente, para identificar os perigos e apontar os novos caminhos da

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peregrinação do Povo de Deus. Ele foi, para toda a Igreja, esse Pastor, que decididamente, com passada larga, tomou sempre a dianteira, apontando obstáculos a vencer, mas, sobretudo, rasgando novos caminhos, alguns nunca andados nem imaginados”, referiu o cardeal de Lisboa, que também integra a lista dos “papabili”.

“A sua morte provocou uma invulgar unidade da humanidade, de cristãos de todas as confissões, de homens crentes de outras religiões, de Governos e de instituições, de degelo de posições rígidas, na manifestação do que de melhor está guardado no coração do homem e no âmago das culturas. Esta unidade universal, verdadeiro sinal de uma esperança nova, tornou-se no “ex-libris” deste pontificado. Ao ouvir reacções como as do Governo de Pequim, mais uma vez se verificou, como já se tinha verificado em Jesus Cristo, que os desejos e intuições mais profundos do coração de um Bom Pastor se alimentam em vida, mas só a morte os merece e realiza. Tenho a certeza de que João Paulo II ofereceu a vida por nós, pela Igreja e pelo mundo e que a sua morte foi salvificamente fecunda. Neste momento, a nossa comunhão com ele é também uma recolhida acção de graças ao Senhor da Igreja, pelo Pastor que nos deu, e uma prece, a ele que já está na comunhão dos Santos, que continue a interceder pela Igreja, que precisa de continuar o seu caminho no tempo, não rejeitando nada da grandeza do drama humano”.

A diocese de Leiria-Fátima, à qual João Paulo II sempre demonstrou ter uma ligação muito próxima, especialmente por Fátima, pela sua devoção a Nossa Senhora, também acompanhou de perto o adeus ao Santo Padre. O Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, elogiou João Paulo II pela sua coragem e autenticidade: “Mesmo quando não cedia a temas como o aborto, a eutanásia e o facilitismo sexual”. O Bispo recordou também que o Papa ordenou que as verbas da Renúncia Quaresmal deste ano revertessem a favor das “vítimas da sida” e para a recém-criada Fundação do Bom Samaritano, destinada a apoiar órfãos de África e Ásia. Um exemplo do seu enorme amor pelos mais desfavorecidos.

O continente africano, um dos mais pobres do planeta, foi, aliás, o destino de eleição deste Papa peregrino, nas suas inúmeras viagens pelo mundo. A Ásia foi também um continente querido para João Paulo II, onde a sua missão de evangelização foi muito bem sucedida. O seu empenho em revitalizar as pequenas Igrejas do Oriente abriu novas perspectivas de evangelização. Conseguiu levar a sua voz para além do Ocidente. É disso exemplo a procura de um restabelecimento das relações entre a China e o Vaticano.

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Devoto de Maria O atentado que João Paulo II sofreu, no dia 13 de Maio de 1981, na praça

de São Pedro, em Roma, iria ligá-lo definitivamente ao culto mariano, a Portugal e às aparições da Cova de Iria. Ofereceu à imagem da Virgem a bala que tentou eliminá-lo e o anel que recebeu no dia da ordenação.

Viu-se no “homem vestido de branco”, enunciado no terceiro segredo de Fátima. Caber-lhe-ia suportar as provações da Igreja e da existência.

Foram três as visitas que empreendeu a Portugal. Em 1982, a 12 e 13 de Maio, precisamente um ano depois do atentado, o Santo Padre desloca-se em peregrinação a Fátima, para agradecer o facto de ter escapado com vida. A segunda visita foi em Maio de 1991. Uma vez mais, visita Fátima como peregrino, no 10º aniversário do atentado, e preside à Peregrinação Internacional Aniversária.

A 13 de Maio de 2000, regressa ao altar do mundo, para a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Foi também nesta terceira visita que abriu as portas à revelação da terceira parte do segredo de Fátima e se encontraria, pela última vez, com a Irmã Lúcia.

É indiscutível a grande devoção do Santo Padre por Nossa Senhora de Fátima. Desde esse fatídico 13 de Maio de 1981, o longo pontificado de João Paulo II esteve sempre muito ligado à mensagem de Fátima.

“Todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem o Terço, e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Santo Rosário, com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação de suas almas”. Este é o texto da Mensagem de Fátima, que exprime a chamada devoção dos Cinco Primeiros Sábados, anunciada no segredo de Julho de 1917 e concretizada na aparição de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, em Pontevedra, em 10 de Dezembro de 1925.

O Santo Padre tinha introduzido o costume de rezar o Rosário pedido por Nossa Senhora, todos os primeiros sábados, na praça de São Pedro, em Roma, às 21horas. Foi precisamente enquanto os fiéis realizavam essa devoção, na praça de São Pedro, que, às 21h37 minutos do passado sábado, 2 de Abril, Nossa Senhora veio buscar João Paulo II para o Céu, cumprindo assim a sua promessa de Fátima.

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Bento XVI define orientação do seu pontificado

“Abertura ao mundo e à missão”Por Mónica Monteiro Santos

À frente dos destinos da Congregação da Doutrina da Fé até agora, o cardeal Joseph Ratzinger é, aos 78 anos de idade, o novo sucessor de Pedro, assumindo para o seu pontificado o nome de Bento XVI. Nascido na Alemanha, o novo papa foi amigo pessoal de João Paulo II e assistiu na intimidade ao percurso do seu longo pontificado. Afirma, convicto, que seguirá as passadas do seu antecessor no diálogo com outras religiões e na procura da paz no mundo. Considerado muito inteligente e um brilhante teólogo, Bento XVI também tem a fama de ser demasiado conservador. Cedo demais para fazer quaisquer juízos de valor, esperamos que o novo ocupante da cadeira de Pedro contribua para uma melhor Igreja e também para um mundo melhor.

Foram precisos apenas dois dias para o Colégio Car-dinalício escolher o sucessor de João Paulo II. O cardeal alemão Joseph Ratzinger é o novo chefe da Igreja Ca-tólica desde o passado dia 19, assumindo o nome de Bento XVI. Passados apenas alguns minutos do anúncio, o recém-eleito papa dirigiu-se à imensa multidão que aguardava a boa nova na praça de São Pedro. Dava então a sua primeira bên-ção apostólica Urbi et Orbi: “Queridos irmãos e irmãs: Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Carde-ais elegeram-me a mim, um

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simples, humilde trabalhador da vinha do Senhor. Consola-me o facto de que o Senhor sabe trabalhar e actuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio nas vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiados à sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, sua santíssima Mãe, está ao nosso lado. Obrigado”.

O novo sucessor de Pedro não é de todo uma figura desconhecida do mundo. Até agora esteve à frente da Congregação da Doutrina da Fé – foi nomeado para o cargo por João Paulo II em 1981. Amigo pessoal de João Paulo II e também identificado como seu conselheiro teológico, Ratzinger terá experienciado e certamente influenciado o caminho percorrido pelo saudoso Santo Padre.

A comparação entre ambos é inevitável e será óbvio que Ratzinger tem plena consciência do peso do legado deixado por João Paulo II. Na primeira eucaristia celebrada por Bento XVI, na passada quarta-feira, dia 20, na mensagem que proferiu em latim, o novo papa afirmou o seu empenho em “dialogar com os que professam outras religiões” e com outras civilizações assim como os não crentes. Uma continuidade? Certamente. Até porque a exigente responsabilidade da missão que exerceu à frente da Congregação da Doutrina da Fé impôs-lhe a constante busca da síntese entre a fé da Igreja e as culturas e problemas do mundo actual. É alguém muito ciente daquilo que se passa na sociedade contemporânea.

João Paulo II foi fervoroso devoto de Nossa Senhora de Fátima. Terá Bento XVI a mesma devoção?

Na visita que realizou em 1996 a Fátima, presidindo à Peregrinação Internacional de 12 e 13 de Outubro, o então cardeal Ratzinger demonstrou na homilia que proferiu perante os cerca de 250 mil peregrinos a sua devoção a Nossa Senhora, considerando o Santuário de Fátima como um importante local de culto e de fé. De salientar que, nesta visita, quis também encontrar-se pessoalmente com a Irmã Lúcia, no Carmelo de Coimbra.

Quando D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, foi cumprimentar Bento XVI após a eleição, o actual sucessor de Pedro disse-lhe: “Portugal, Portugal, Fátima. Não se esqueça de apresentar a Nossa Senhora este pontificado”. Com ligações profundas ao nosso país, o novo papa tem amigos portugueses e alguns dos nossos teólogos foram seus alunos. Ratzinger também já esteve na Faculdade de Teologia do Porto, em 2001, para proferir uma conferência sobre a Europa.

Considerado muito inteligente e um brilhante teólogo, Joseph Ratzinger é

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também um dos mentores do Concílio Vaticano II, realizado na década de 60. Numa época em que a Igreja Católica tentava acertar agulhas com os novos tempos, também foi ele um percursor das mudanças. Poderia ser um bom sinal para quem agora passa a estar à frente dos destinos da Igreja Católica mas, as inevitáveis rotulagens colocam-no actualmente na ala mais conservadora da Igreja. Em que é que ficamos? O facto de o seu nome ter estado envolvido em todas as polémicas da Igreja Católica para travar as tentativas de reforma dos seus correligionários mais progressistas ou ter afirmado “ir contra a corrente e resistir aos ídolos da sociedade contemporânea faz parte da missão da Igreja” poderão, numa primeira análise, criar essa áurea de dogmatismo. De qualquer forma, a missão de um cardeal não é a mesma que a de um Papa. E Ratzinger, melhor que ninguém, sabe-o. Vem muito a propósito uma frase do Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves: “os seis Pontífices Romanos que conheci (desde Pio XII) parecerem sempre distanciar-se do brilho do anterior, mas, passadas as primeiras horas, vê-se logo que são reflectores do mesmo sol. Os nossos olhos é que tiveram de se adaptar à lâmpada”.

Esboçar sequer as linhas mestras com que se coserá este Pontificado seria algo de utópico quando Bento XVI ainda tem apenas alguns dias de pontificado, mas valerá a pena esmiuçar um pouco da vida e pensamento deste homem da Igreja, eleito Papa aos 78 anos de idade.

Uma vida ao serviço da IgrejaDesde a sua adolescência, sonhou ser cardeal. Assim o revela no seu

livro “O Sal da Terra – O Cristianismo e a Igreja Católica no Limiar do III Milénio”. Concretizou-o aos 54 anos e, já durante o Pontificado de João Paulo II, foi nomeado prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, cargo que manteve até ser eleito papa, no passado dia 19 de Abril.

Brilhante teólogo, participou, na década de 60, no Concílio Vaticano II. Foi um dos precursores das grandes mudanças que marcaram a Igreja nessa época mas, a partir da década de 80, assumiu a sua faceta mais forte em defesa da Fé. Quando esteve em Fátima, em 1996, falou da urgência em “combater o cansaço da Fé” e do facto “de as pessoas se esquecerem de que a Igreja serve para conhecer Deus”.

Enquanto Cardeal recusou claramente algumas das realidades actuais, como a integração na União Europeia de um país muçulmano como a Turquia. É contra o preservativo e os anticonceptivos em geral. Também não é a favor da possibilidade de divórcio e é absolutamente contra o aborto. Considera

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os relacionamentos homossexuais uma ameaça à família e à estabilidade da sociedade. No que diz respeito à Igreja, é contra o casamento dos sacerdotes e a ordenação das mulheres. Ao fim e ao cabo, não difere muito das ideias preconizadas por João Paulo II em relação a estas questões. Assumindo a sua nova função como Papa, Bento XVI afirma que dará continuidade ao trabalho que João Paulo II desenvolveu na abertura ao diálogo com outras religiões.

Joseph Ratzinger nasceu na aldeia de Marktl am Inn, na Baviera, a 16 de Abril de 1927. Filho de uma doméstica e de um comissário de polícia, viveu em várias cidades alemãs ao ritmo dos frequentes destacamentos de seu pai. Em 1939, então com 12 anos, entra para o seminário de Traunstein. Quatro anos depois, já em plena II Guerra Mundial, é convocado, juntamente com outros colegas de seminário, para um destacamento anti-aéreo responsável pela protecção de uma fábrica da BMW em Munique. Apesar do caos da guerra, Ratzinger prossegue os seus estudos em Munique. Em 1944, atingindo a idade militar, Joseph é dispensado do destacamento anti-aéreo e alista-se na infantaria alemã. Acabaria por desertar um ano depois, com a aproximação dos exércitos aliados. Foge para casa da família, em Traunstein, vila que encontra ocupada por um destacamento americano. Identificado como soldado alemão, é enviado para um campo de prisioneiros de guerra. Seria libertado meses depois, regressando ao seminário.

No ano de 1947, entra num instituto teológico associado à Universidade de Munique, ao mesmo tempo que estuda filosofia na Escola Superior de Freising. Em Junho de 1951, com apenas 24 anos de idade, é ordenado padre. Depressa, as suas qualidades intelectuais são notadas, e a sua tese de doutoramento em Teologia, que apresentou aos 26 anos de idade, é bastante aplaudida.

Publicaria pouco tempo depois o seu primeiro trabalho importante, “O povo e a Casa de Deus na doutrina de Santo Agostinho para a Igreja”. A sua tese de pós-doutoramento aborda a história da teologia. Em 1959, integra o quadro docente da Universidade de Bona como professor titular de Teologia, tendo também dado aulas na Universidade de Münster entre 1963 e 1966.

Joseph Ratzinger tornou-se um teólogo bastante conhecido, lutando pela abertura da Igreja e ao mesmo tempo combatendo o ateísmo e o marxismo que ganhavam cada vez mais adeptos entre os jovens do seu tempo. Os mais conservadores criticavam esta sua “rebeldia” que, de qualquer forma, duraria pouco tempo.

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Em 1969, regressa à Baviera e vai leccionar Teologia Dogmática e História do Dogma na Universidade de Regensburg, onde chega a reitor. Já na década de 70, Ratzinger conquistava o respeito e admiração dos bispos alemães e tornou-se o seu principal conselheiro teológico. O seu prestígio é reforçado pelo trabalho que desenvolve no jornal trimestral teológico “Communio”, que se transforma numa das mais influentes revistas católicas do mundo.

Em 1977, o então papa Paulo VI investe-o arcebispo de Munique e Freising, sendo-lhe atribuído pouco depois o Ministério Pastoral da Grande Diocese da Baviera. É pela mão de Paulo VI que, naquele mesmo ano, ascende à púrpura cardinalícia. E será já como Cardeal que vê Karol Wojtyla subir à cadeira de Pedro, o mesmo Santo Padre que o nomeia prefeito da Congregação da Doutrina da Fé no ano de 1981.Enquanto chefe do ex-Santo Ofício, Joseph Ratzinger revela a firmeza da sua fé e um forte trabalho de defesa da ortodoxia, contra algumas tendências que estavam a surgir.

Igreja portuguesa fala sobre o novo PapaEm declarações à Agência Lusa, D. José Saraiva Martins, um dos cardeais

portugueses que participou no Conclave de eleição de Bento XVI, afirmou, um dia depois da eleição, que este é o papa que o mundo e a Igreja do século XXI precisam, respondendo aos problemas da modernidade e capaz de gerir o conservadorismo dos valores cristãos com o progressismo obrigatório.

“É um homem de grande cultura, um pensador, de uma profunda espiritualidade e que conhece bem os problemas da Igreja e a rica herança de João Paulo II”, frisou D. José Saraiva Martins. O facto de ter sido prefeito da Congregação da Doutrina da Fé e ter grande experiência de Cúria ajudam a reforçar a sua capacidade de gerir a Igreja. Para este cardeal português, tem todos os requisitos para ser Papa.

Quanto às críticas que têm sido feitas à escolha de Bento XVI, D. José Saraiva Martins, que é um dos portugueses que melhor conhece esta figura, considera que a “descrição mediática” que tem sido feita “não corresponde à realidade”. Este cardeal diz que, quem o conhece bem, percebe logo que é um conservador, “mas todos temos que o ser, se queremos manter a nossa identidade. Mas não no sentido de estar fechado à visão do mundo.”

Para D. José da Cruz Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa e também um dos cardeais que participaram no Conclave, o novo papa é um sinal de continuidade. Em declarações à Agência Lusa, D. Policarpo disse “vejo-o

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sobretudo como um homem que garantirá a continuidade da Igreja, uma realidade de tal maneira implantada e visível que se tornou nos últimos tempos uma referência para religiões e culturas, sobretudo nas grandes causas como a defesa da paz, do homem, da dignidade humana, dos pobres”. Na certeza de que o papa Bento XVI não vai contra este novo papel da Igreja, D. Policarpo justifica que a imagem de rígido conservador do novo papa tem mais a ver com o cargo que ocupou durante mais de duas décadas, à frente da Congregação da Doutrina da Fé. Um cargo difícil mas que, para D. Policarpo, Joseph Ratzinger até conseguiu levar a bom porto “transformando uma congregação de um Santo Ofício – que tinha a responsabilidade de detectar erros e os corrigir – para uma verdadeira congregação da fé”.

D. José Policarpo saúda igualmente a mensagem que Bento XVI proferiu na primeira eucaristia que celebrou como papa, “abertura ao mundo e à missão”. Para o Cardeal Patriarca de Lisboa, esta mensagem evidencia a própria escolha do nome Bento, que se deve mais a São Bento – padroeiro da Europa – do que necessariamente a Bento XV, e em particular, à herança da nova evangelização da Europa. Ou seja, uma das missões de Bento XVI poderá ser a revitalização da Igreja numa Europa cada vez mais distante e indiferente ao catolicismo e aos seus princípios.

O Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, também manifestou os seus sentimentos perante o novo sucessor de Pedro. Para D. Serafim, Bento XVI será um papa capaz de “desenvolver novos campos de acção” para a Igreja Católica, nomeadamente, “no mundo da cultura e da ética”. Convicto que o diálogo inter-religioso iniciado com João Paulo II irá ter continuidade neste papa, o Bispo de Leiria-Fátima tece vários elogios a Joseph Ratzinger, que considera um homem com uma boa formação teológica, grandes capacidades intelectuais e que respeita muito as religiões. Quando o então Cardeal Ratzinger esteve em Fátima, em 1996, presidindo à Peregrinação Internacional de Outubro, o Bispo de Leiria-Fátima recorda uma “figura aberta ao espírito” que existe naquele lugar. “Estou muito esperançado que seja um grande Papa” disse à Agência Lusa, minimizando o facto de ser alemão pois, “na Igreja não há estrangeiros e não há fronteiras”, pelo que Bento XVI será “Papa de todas as gentes e para todas as gentes”.

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Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado

Deixou-nos a última vidente de Fátima- Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.- Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.- Fico cá sozinha? – perguntei, com pena.- Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.

13 de Junho de 1917 - Diálogo entre Lúcia e Nossa Senhorain “Memórias da Irmã Lúcia”

A Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, última vidente viva das aparições de Fátima, faleceu no passado dia 13 de Fevereiro de 2005. A sua morte foi descrita pela médica que a assistiu nos últimos treze anos como “uma vela que se apaga”, serenamente, sem sofri-mento. A médica assegurou que a Vidente de Fátima foi rodeada de todos os cuidados “científica e medicamente possíveis”.

A causa natural do óbito foi uma falência cardio-respirató-ria, aos 97 anos, própria da ida-de avançada.

Considerada a principal fi-gura das Aparições de Fátima,

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não só por ter vivido mais tempo que os seus primos Francisco e Jacinta, mas, e sobretudo, porque, ao tempo das aparições, era a mais velha dos Três Pastorinhos, com dez anos, e se tornou a principal mensageira de Maria.

“Cumpriu-se a vontade de Deus que, através de Maria, nos tinha dito que Lúcia iria ficar mais algum tempo na Terra. Ela teve um papel primordial durante as aparições: era ela que conduzia o grupo, era ela que falava com Nossa Senhora. A Irmã Lúcia teve um papel determinante, como testemunho e como mensageira de Maria”, afirmou o Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra.

No Santuário de Fátima, foram várias as celebrações que se realizaram, a primeira das quais logo no dia seguinte à sua morte, 14 de Fevereiro, presidida por D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, bispo da Diocese de Leiria-Fátima.

O funeral da Irmã Lúcia celebrou-se às 16 horas do dia 15, na Sé Nova de Coimbra. O seu corpo regressou depois ao Carmelo onde repousa em campa rasa. O corpo da Irmã Lúcia será transferido dentro de um ano para o Santuário de Fátima, no respeito do que a Irmã Lúcia estabeleceu, por escrito, como confirmou D. Serafim Ferreira e Silva, bispo de Leiria-Fátima.

A Irmã Lúcia viveu a experiência das aparições de Fátima com Jacinta e Francisco que já foram beatificados. Muitos são os que acreditam que o processo da canonização da última Vidente de Fátima “oportunamente será iniciado por quem de direito”, como referiu D. João Alves, bispo emérito de Coimbra.

Bispos portugueses prestam homenagemA figura e a vida da Irmã Lúcia foram recordadas como um “exemplo de

fé” por vários bispos portugueses que elogiaram a sua discrição apesar do protagonismo da mensagem de Fátima.

D. João Alves, que contactou algumas vezes com a Irmã Lúcia, referiu à Agência Ecclesia guardar “uma imagem muito agradável e positiva”. “A Irmã Lúcia inspirava confiança pela paz em que vivia. Uma paz assente na fé e numa constante união a Deus. Era uma pessoa muito serena e interessada pelos problemas da vida, principalmente pelos problemas dos pobres. Estando num mosteiro de contemplativas, verifiquei que se mantinha a par das grandes preocupações do mundo e da Igreja. Por algum acesso à comunicação social e pela informação que lhe chegava através das visitas que, às vezes, recebia”, relata.

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O actual bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, destaca “a fidelidade àquilo que ela se propôs na sequência do que Nossa Senhora lhe pediu”. “Pessoa humilde, recolhia-se sempre que podia, atendia sempre com caridade as pessoas que lhe pediam entrevista, mas fugia quanto podia desses contactos públicos e protocolares. Era verdadeira carmelita”, aponta, reconhecendo também ele “o seu enorme interesse pela vida da Igreja”.

O bispo de Aveiro, D. António Marcelino, considerou que a irmã Lúcia “representa uma certeza de fidelidade muito forte a Deus”, que “soube estar sempre presente de maneira discreta e eficaz”.

D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa, referiu aos jornalistas que a Irmã Lúcia era uma religiosa fiel: “perde-se uma religiosa fiel que cumpria a sua vocação pela sua simplicidade de vida, não procurando protagonismo”.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, considera que a discrição da Irmã Lúcia permitiu que o Santuário e a mensagem de Fátima criassem uma existência plenamente autónoma da sua vida. “A irmã Lúcia nunca foi vista como uma artista de acontecimentos mundanos”, sustenta.

D. Armindo Lopes Coelho, bispo do Porto, frisou em comunicado que a vida da irmã Lúcia “tem que ver com os acontecimentos de Fátima, as aparições, a mensagem, o culto e devoção, a fé de multidões, a beatificação da Jacinta e do Francisco, as peregrinações e a vida e transformação interior de muita gente”.

Breve Biografia da Irmã LúciaLúcia de Jesus nasceu em Aljustrel, Fátima, a 22 de Março de 1907, e foi

baptizada a 30 de Março de 1907.Depois de, com 10 anos, ter sido uma das protagonistas dos acontecimentos

extraordinários de Fátima, saiu da sua terra, a 17 de Junho de 1921, para o Asilo de Vilar, no Porto. Dali, foi para Pontevedra, em Espanha, a 24 de Outubro de 1925. Entrou como noviça no Instituto de Santa Doroteia, em Tuy, Espanha, em 20 de Julho de 1926, com o nome de Maria Lúcia de Jesus. Ali tomou hábito, em 2 de Outubro de 1926, fez votos simples, em 3 de Outubro de 1928, e votos perpétuos, em 3 de Outubro de 1934.

De regresso a Portugal, em 17 de Maio de 1946, visitou Fátima em 21 e 22 de Maio desse mesmo ano. Entrou para o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, em 25 de Março de 1948, onde tomou o nome de Irmã Maria Lúcia do Imaculado Coração de Maria.

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Voltou a Fátima a 13 de Maio de 1967, no Cinquentenário das Aparições, a pedido do Papa Paulo VI; em 1981, para dirigir, no Carmelo, um trabalho pictórico sobre as Aparições; e em 12 e 13 de Maio de 1982 e de 1991, aquando das peregrinações do Papa João Paulo II.

Nossa Senhora voltou a aparecer-lhe em: 26 de Agosto de 1923, no Asilo de Vilar, no Porto; 10 de Dezembro de 1925, em Pontevedra, Espanha (revelação dos primeiros sábados); 13 de Junho de 1929, em Tuy, Espanha (Nossa Senhora pede a consagração da Rússia); em fins de Dezembro de 1927, a Irmã Lúcia escreve a descrição da Aparição do Menino Jesus que teve lugar em Pontevedra, no dia 15 de Fevereiro de 1926.

Por ordem do Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, Lúcia escreveu as suas Memórias: Primeira Memória em Dezembro de 1935 (sobre a Jacinta), Segunda Memória em 21 de Novembro de 1937 (Aparições do Anjo), Terceira Memória em 31 de Agosto de 1941 (as 2 partes do segredo: visão do Inferno e devoção ao Imaculado Coração de Maria), Quarta Memória em 8 de Dezembro de 1941 (sobre o Francisco e descrição pormenorizada das Aparições do Anjo e de Nossa Senhora). A pedido do Reitor do Santuário, Mons. Luciano Guerra, a Irmã Lúcia escreve uma Quinta Memória em 23 de Fevereiro de 1989 (sobre o pai, António dos Santos, e seu ambiente familiar). Escreveu ainda uma Sexta Memória, sobre a Mãe, datada de 25 de Março de 1993. E, em 2000, foram publicados Apelos da Mensagem de Fátima, da autoria da Irmã Lúcia, datados de 1997.

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Ordenação episcopal em Fátima

D. Anacleto de OliveiraCerca de sete mil pessoas marcaram

presença no Santuário de Fátima, no passa-do dia 24 de Abril, para assistir à cerimónia de ordenação episcopal de D. Anacleto de Oliveira. Natural da paróquia das Cortes, o novo Bispo foi ordenado pelo Bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Fer-reira e Silva. Foram co-sagrantes o Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, e o Bispo de Santarém, D. Manuel Pelino.

D. Anacleto, agora Bispo Titular de Aquae Flaviae e Auxiliar de Lisboa, deu a sua bênção aos presentes e deixou-lhes uma mensagem pessoal: “Como vêem, não trago nada escrito, de propósito, porque neste momento queria exprimir o que sinto no coração, e é claro que antes não sabia o que iria sentir”. Com voz emocionada, afirmou: “sei que me encontro nas melhores mãos, nas do Senhor, que está aqui connosco”.

Na mesma mensagem, o novo Bispo quis agradecer a quatro pessoas, todas ausentes na cerimónia mas, para ele, presentes “de um modo invisível”: aos pais, que lhe deram a vida biológica e espiritual (“Não esqueço as peregrinações a Fátima em criança... a minha mãe rezava e eu dormia! Quando acordava distribuía-se a comunhão. Parece-me que foi nessa altura que me despertou o desejo de também dar a comunhão”); a João Paulo II (“Não imaginam a sensação que eu tive quando ouvi as suas palavras a transmitir confiança em mim”); e ao novo Sumo Pontífice Bento XVI, que nesse mesmo dia iniciava as suas novas funções ao serviço da Igreja.

Por fim, leu uma mensagem enviada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, presente em Roma nas celebrações de inauguração do pontificado de Bento XVI: “Não sei se reparaste num pormenor significativo com os dois novos bispos do Patriarcado (de Lisboa): um (D. Carlos de Azevedo) foi ordenado no dia, e quase na hora, da morte de João Paulo II, e o outro (D. Anacleto de Oliveira) é ordenado no dia da solene celebração do início do pontificado de Bento XVI”. A este propósito, D. Anacleto comentou: “Sentir-me-ei sempre unido a este Papa Bento XVI”.

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BiografiaD. Anacleto Oliveira é natural das Cortes, onde nasceu a 17 de Julho de

1946 e pertenceu ao clero da diocese de Leiria-Fátima.Fez o curso de preparação para o sacerdócio no Seminário Diocesano

de Leiria entre 1957 e 1969 e veio a ser ordenado Presbítero em 15 de Agosto de 1970. Logo a seguir, no ano de 1971 concluiu a Licenciatura em Teologia na Universidade Gregoriana de Roma e depois, em 1974, a Licenciatura em Ciências Bíblicas, no Instituto Bíblico da mesma cidade. Regressado a Portugal, leccionou Exegese Bíblica no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra entre 1974 e 1977, ano em que partiu para a Alemanha. Ali auxiliou no trabalho pastoral da comunidade portuguesa e concluiu o doutoramento em Exegese Bíblica na Faculdade de Teologia Católica da Universidade de Münster.

Desde 1987 é professor de Exegese Bíblica no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra. Também leccionou no Seminário de Leiria, na Escola de Formação Teológica de Leigos da Diocese de Leiria-Fátima e, desde 1988 na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. A partir de 2001 é Presidente da Comissão Directiva do Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra. Ao longo de todos estes anos, D. Anacleto dedicou a sua vida maioritariamente a tarefas académicas, sempre com grande profundidade e seriedade.

Nos últimos anos foi colaborador do Santuário de Fátima em diversas áreas. Nomeadamente, foi secretário da Comissão Científica dos Congressos Internacionais de Fátima e membro do Conselho de Administração e de Gestão de Finanças do Santuário de Fátima. Na diocese de Leiria-Fátima desempenhou ainda outras funções das quais se destacam a de Assistente do Movimento de Educadores Católicos, membro do Conselho Presbiteral, do Colégio de Consultores, da Comissão para a Formação Permanente do Clero, da Comissão para a Aplicação do Regulamento para a Administração dos Bens da Igreja. Deu colaboração muito apreciada na programação e organização da Peregrinação Nacional das Crianças a Fátima, bem como na elaboração dos Catecismos Nacionais do 3º e 4º anos da Catequese Infantil. Foi ainda tradutor da Bíblia Sagrada, da Difusora Bíblica, em 1988.

O lema de D. Anacleto “Escravo de todos”, explica o próprio, foi escolhido por influência do texto de S. Marcos, onde, a respeito da organização dos serviços da Igreja, é referido que “Quem entre vós quiser ser o primeiro será escravo de todos”, ao serviço de Deus e da comunidade (Mc 9, 35-45).

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Novo sacerdote no dia das vocações

Ordenação na diocese de Leiria-FátimaO Dia Mundial de Oração pelas Vocações ficou marcado pela festa da

ordenação de um novo sacerdote para a diocese de Leiria-Fátima, André Antunes Batista, da paróquia do Souto da Carpalhosa. D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva presidiu à celebração, concelebrada por algumas dezenas de padres da diocese e intensamente vivida por centenas de fiéis vindos de vários pontos da Diocese, mas particularmente da sua paróquia de origem, de algumas por onde passou nos trabalhos pastorais dos fins-de-semana enquanto seminarista, e sobretudo da paróquia da Maceira, onde se encontrava desde Outubro último. Presentes estiveram também os formadores do Seminário de Coimbra bem como os alunos, antigos companheiros do padre André.

Filho de José Rosa Batista e de Maria Madalena de Jesus Antunes Batista, então emigrantes na Alemanha, o padre André nasceu a 13 de Outubro de 1979, em Amburgo, onde foi também baptizado. Veio depois com a família para o lugar da Chã da Laranjeira, freguesia do Souto da Carpalhosa. Frequentou o Seminário Menor de Leiria desde o 7º ano de escolaridade e, em 1998, transitou para o Seminário de Coimbra. Aí permaneceu seis anos até à conclusão do Curso Filosófico-Teológico no Instituto Superior de Estudos Filosóficos.

Ao novo sacerdote pedimos um testemunho pessoal de como viveu este dia, que publicamos de seguida:

“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”Passei a SER padre! O mais interessante nesta

expressão não é que tenha passado a ter mais qual-quer coisa, como um título atrás do nome. Sinto que estou mais rico não porque tenha mais, mas porque sou mais qualquer coisa, acolhido por Deus na Sua Igreja como seu servidor mais próximo.

Entretanto as manifestações de apoio foram-se multiplicando. Não posso deixar de destacar as car-tas que recebi de Ordens Contemplativas, especial-mente, a de uma comunidade da nossa Diocese.

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As irmãs contemplativas vivem plenamente a sua vida segundo o mandato de Jesus “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” e, por isso, percebem, como ninguém, o sentido de estar mais rico não porque se tem mais, mas porque se é mais. O segredo está em alimentarem e viverem totalmente mergulhadas na paixão que sentem por Cristo, não em seu favor ou para sua satisfação, mas para bem da Igreja. Daqui resulta a profundidade e a clarividência espantosa acerca do ministério sacerdotal, dos seus desafios e ao mesmo tempo das suas dificuldades no contexto do nosso mundo. Cristo realmente permanece e transparece naquelas palavras cheias de oração.

Daqui que sinta que toda a criação, toda a existência e toda a nossa vida não nos pertencem, mas apenas nos são dadas a administrar e a fazer frutificar. O segredo para que a nossa vida dê fruto é termos consciência de que somos simples ramos da videira que é Cristo. É Ele o dador da força e da seiva que me fazem olhar o sacerdócio com a consciência de que não vou sozinho. Cristo vai comigo. A única condição que Jesus colocava aos discípulos era que permanecessem n’Ele porque, assim, Ele também estaria com eles. Jesus garantiu-nos: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”.

Cada vez mais, sinto que este é o grande desafio para o padre de todos os tempos: viver ligado a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote, para ser também sinal e sacramento dessa permanência para os outros.

Podem pedir que eu seja um funcionário do sagrado, mas a minha missão tem de ir para além disso, consiste em doar-me totalmente a Cristo e à Igreja, para que a Humanidade permaneça em Cristo e para que Cristo permaneça em todos os homens. O primeiro a ter que permanecer em Cristo é o próprio sacerdote.

Este momento é também para dar graças a Deus pela história que vem realizando comigo e eu com Ele. Por todas as pessoas que Ele vem colocando no meu caminho, as que dizem sim e também as que têm coragem de dizer não e repensam a direcção a seguir. É o momento de dar graças pela vida, pelo Baptismo, pela vocação, pela comunidade, pelos pais, irmã, familiares e amigos que estão comigo ou que já permanecem definitivamente com o Pai.

É o momento de dar graças pelo presbitério diocesano do qual sou parte, pelo Seminário e, sobretudo, pela oração de todos. Numa altura em que muito se fala de crise de vocações, sinto que o primeiro segredo da pastoral vocacional está na vida cristã de todos os fiéis e, sobretudo, na forma como nós, os padres, formos capazes de testemunhar a alegria da permanência em Deus, numa entrega total, incondicional, de tudo o que somos: do nosso espírito, da nossa disponibilidade, mas também do nosso corpo e da nossa afectividade para amar a Cristo e à Sua Igreja. Assim Deus me ajude.

Pe. André Antunes Batista

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74ª Peregrinação Diocesana a Fátima

Defender a vida é missão cristãPela 74ª vez, a diocese de Leiria peregrinou ao Santuário de Fátima. Logo

após a declaração do Bispo da Diocese acerca da credibilidade das aparições, deu-se início a esta peregrinação anual, que actualmente se realiza no 5º Domingo da Quaresma.

Este ano a peregrinação decorreu subordinada ao tema geral da Diocese: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”. Esteve presente uma multidão de peregrinos de Leiria-Fátima, mas também muitos outros de várias proveniências, particularmente por ser um dia treze coincidente com o Domingo.

Vários milhares fizeram o caminho a pé, de paróquias próximas e mesmo de algumas mais distantes. A Via-sacra, a partir de quatro pontos diferentes, constituiu um forte momento de meditação do mistério da paixão e morte do Senhor. A assembleia, calculada em cerca de cinquenta mil pessoas, concentrou-se depois na Capelinha das Aparições para uma saudação a Nossa Senhora.

Na celebração da Eucaristia, momento central de toda a peregrinação, o Bispo de Leiria-Fátima fez uma reflexão sobre o tema proposto pelo Santuário para as peregrinações deste ano, o 5º Mandamento: “Não matarás”. A partir dele, D. Serafim salientou a defesa do valor da vida como tarefa e missão do cristão, nos vários campos da sua acção, não só na “recusa de opções como o aborto ou a eutanásia, mas também no modo como se valoriza a vida que se constrói no dia-a-dia”. Esta foi também a leitura da afirmação de Cristo “quem permanece em Mim viverá”. Num gesto muito significativo e não habitual, algumas crianças vieram prostrar-se em adoração diante de Jesus na Eucaristia e acompanharam depois a bênção aos doentes com a oferta de uma rosa branca, sinal de bênção e de partilha.

Durante a tarde, o Centro Pastoral Paulo VI, com o anfiteatro completamente cheio,

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acolheu mais uma apresentação da Cantata “Santo Agostinho, o cantor da sede de Deus”, da autoria do padre António Cartageno. Foi mais uma excelente execução deste concerto que ajudou a vasta plateia a conhecer um pouco mais da vida do grande santo e padroeiro da Diocese.

No próximo ano, a Peregrinação Diocesana de Leiria ao Santuário de Fátima será marcada por um especial entusiasmo, pois será a 75ª. Esta data será assinalada de forma conveniente, conforme anunciou já o Bispo Diocesano, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva.

Testemunho dos jovensPara os que estiveram presentes em Fátima, não passou despercebida a

letra P, de Peregrinação e do Programa próprio para os jovens, iniciado no sábado à tarde, com o tema “Permanecei em mim e eu em vós”. À medida que iam chegando ao Albergue do Peregrino, uns vinham mais cansados do que outros, dado que o percurso a pé tanto vinha de Leiria como do parque de estacionamento, ali ao lado... Imagináramos que o cansaço lhes podia roubar a energia tão necessária para as apresentações e momentos de animação. Muito pelo contrário, tinham atestado o depósito: estavam alegres. E porquê? Vou contar-vos...

Naturalmente, depois deste momento inicial em que a música, o gesto e o sorriso gratuitos foram “naturais”, seguia-se uma tarde de busca. Formaram-se 15 grupos (era mesmo muita gente) e estes tinham de passar por 7 pontos diferentes, em torno do Santuário, onde lhes seria dada a tarefa de refazer o Pai-Nosso – o tema era a Oração... como combustível da Fé. Foi precisamente o que fizeram. Em cada ponto reflectiam sobre cada petição da oração, desde a Sua vontade, até ao perdão, desde o não deixar cair ao livrar-nos do mal.

Sabendo que se aproximava um serão musical, os jovens juntaram-se no Centro Paulo VI para aplaudir e cantar com o grupo Gen “All One”, de Coimbra, que lhes deu energia suficiente para o momento de oração que se seguiria na Basílica. Sabem que ficou cheia de gente? Sim, gente para viver a oração, a simplicidade, o diálogo com Deus, em que não são precisas as tais grandes fórmulas. Agora, deixo-te o papel de concluíres este texto: falta uma letra, o O. Podes iniciar, continuar uma conversa com Deus. Fala com Ele, dos teus desejos, das tuas necessidades, dificuldades, sorrisos. Este espaço é teu e, como dizia o Bispo D. Serafim, “permanece e fica para que não haja ondas que te perturbem”. Podes começar... O...

Leonor Moniz

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Dia Nacional da Cáritas

Partilhar o pão,construir a justiça

A Cáritas, os portugueses conhecem-na e distinguem-na com sinais de muita generosi-dade e confiança. Seja para o Sudeste Asiático, para Timor, Angola ou fogos do Verão em Portugal, milhares de pessoas ele-gem-na como veículo preferencial para a sua participação em muitas acções de solidariedade. Mas a acção da Cáritas, seja em Leiria, em Portugal, ou no mundo, não se esgota nas ajudas que mobiliza por ocasião das grandes ca-tástrofes, nem está confinada a uma circunstância ou lugar. Como instituição oficial da Igreja, a Cáritas está ao serviço da ajuda e elevação das pessoas, cuidando de as promover em todas as dimensões. Mas reconhecem-se nela e nos seus objectivos muitas outras pessoas de boa vontade que continuada-mente lhe transmitem sinais de apoio e de compreensão. A Cáritas é escola de valores que educa e forma para a justiça e para responsabilidade, promove a consciência colectiva dos problemas sociais, e estimula para a partilha, para a solidariedade interpessoal e para o funcionamento solidário das fa-mílias e das comunidades. Para que ninguém seja excluído das condições mínimas com que se reconhece a dignidade humana, e se criem dinamismos de transformação humanizante da própria sociedade.

Dia CáritasPor mais nobre que seja, pode sempre questionar-se o alcance prático de

um dia ou semana de uma qualquer causa. Mas os horizontes dos homens ficariam mais empobrecidos se, de quando em vez, a proposta de um humanismo novo e de uma mesa para todos os homens, firmada na justiça e na caridade, não chegasse à praça pública para inquietar consciências e interpelar comportamentos. Os sucessivos dias Cáritas aí estão, pois, para estimular o compromisso real na edificação duma sociedade mais equitativa e humanizada, constituindo também vigoroso apelo à operosidade fraterna para com os mais fracos e marginalizados.

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À Cáritas cabe também agir nas comunidades cristãs, motivando-as para o compromisso e intervenção na sociedade, ajudando-as a interpretar os sinais de cada tempo, para que possam abrir-se às necessidades dos outros, quaisquer que elas sejam. Até a circunstância de o Dia Cáritas ocorrer invariavelmente no tempo quaresmal, deixará perceber como os valores e propostas que a identificam têm de ser integrados em qualquer projecto individual ou comunitário que se proponha fazer a aproximação às referências maiores da fé.

Neste ano da Eucaristia, que comunidade cristã a poderá celebrar e adorar, com seriedade, fechando-se indiferente a esta dimensão essencial? As palavras do papa, na carta apostólica sobre a Eucaristia, não deixam lugar a subterfúgios ou dúbias interpretações: “Não podemos iludir-nos: pelo amor mútuo e, em particular, pela solicitude por quem passa necessidade, seremos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo. Com base neste critério, será comprovada a autenticidade das nossas celebrações eucarísticas”.

É esta mesma íntima conexão que perpassa pelo lema que a Cáritas Portuguesa escolheu para estes dias, como proposta de reflexão, inspiradora de dinamismos de renovação: “Partilha o Pão, constrói a Justiça”.

Dar sangue e peditório público – o mesmo repartir Foram duas propostas da Cáritas para o seu dia nacional. Dois gestos

distintos, mas o mesmo descentramento de si mesmo, e a mesma abertura às necessidades de outros. Exercícios de cidadania activa para uns, de purificação quaresmal para outros, são gestos afirmativos de um mesmo compromisso activo de participação solidária. Ajudam a fortalecer os laços da solidariedade humana e constituem alicerces firmes de uma convivência fraterna e pacífica.

A dádiva de sangue, em Leiria, realizou-se no dia 22 de Fevereiro, nos Bombeiros Municipais de Leiria. Uma iniciativa que a Cáritas promove pelo oitavo ano consecutivo, com número elevado de adesões.

O peditório público aconteceu por toda a diocese, nos dias 24 a 27. A Cáritas é um espaço de gratuidade voluntária que não pesa um cêntimo ao orçamento do Estado. Assim, os meios que tem para repartir vêm do apoio de quantos se identificam com os seus propósitos e com a sua acção. Na cidade de Leiria, metade deste “peditório” destinou-o a Cáritas ao Centro de Acolhimento aos Sem-Abrigo.

Ambrósio Santos, presidente da Caritas Diocesana de Leiria

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Cáritas solidária com Sudeste AsiáticoO rasto de desolação que varreu campos, aldeias e cidades no Sudeste

Asiático e colocou milhões de pessoas em condições extremamente precárias ou em risco de sobrevivência, não deixou ninguém indiferente. À velocidade da difusão da catástrofe, corresponderam prontamente, um pouco por todo o mundo, as organizações humanitárias e de solidariedade, com uma ampla e complexa operação de socorro às vítimas. A Cáritas Portuguesa envolveu-se também nesta onda de solidariedade. Na primeira hora, enviou um carregamento de 6 toneladas de medicamentos (soro, antibióticos, kits para fracturas, medicamentos para a cólera) e disponibilizou uma verba de 15 mil euros. Depois, apelando à participação da população portuguesa, abriu uma conta com a designação “Cáritas Ajuda as Vítimas do Sudeste Asiático”, na qual muitas pessoas colocaram os seus donativos.

Escola Teológica apresenta Evangelho do anoA Escola Teológica de Leigos da Diocese de Leiria-Fátima promoveu a

apresentação do Evangelho segundo S. Mateus, no centro pastoral de Monte Real, no dia 9 de Janeiro. Na entrada do ano litúrgico em que este texto será lido ao ritmo das celebrações dominicais, a iniciativa pretendeu proporcionar a descoberta dos traços principais do evangelista e da forma como se propôs conduzir os seus leitores na descoberta do Senhor. A apresentação foi feita pelo frei Fernando Ventura, padre capuchinho e especialista em Bíblia.

Recepção ao novo capelão das Prisões de LeiriaNo domingo 9 de Janeiro, os reclusos dos estabelecimentos prisionais

de Leiria receberam a “Visita dos Reis”. Foi uma iniciativa de “Os Samaritanos” – visitadores dos estabelecimentos prisionais de Leiria – que desta forma quiseram levar a festa da Epifania do Senhor ao interior das cadeias. De manhã, as actividades desenrolaram-se na Prisão-Escola e, de tarde, na Cadeia Regional. Numa e noutra, a Eucaristia foi o acto principal, no qual participou a maioria dos reclusos. Na cadeia, antes da missa, as reclusas teatralizaram o evangelho do dia de Reis, com profunda dedicação e interiorização.

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O novo capelão, padre Rui Acácio, que presidiu às celebrações e dará continuidade ao trabalho tão apreciado do padre Albino Carreira, foi acolhido pelo presidente da direcção de “Os Samaritanos”, Joaquim Carrasqueiro. O seu carisma sacerdotal e grande humanidade a todos tocaram, nomeadamente pelas palavras que dirigiu aos reclusos:

“Têm aqui amigos, disse, com os quais podem desabafar e que se preocupam convosco. Cada um pode transformar as situações: uma coisa que é má pode ser transformada em boa. O importante é a mudança interior. No Natal devemos ver-nos, cada vez mais, como irmãos, ter coragem e não desanimar olhando sempre a estrela que nos guia: Jesus. Aos voluntários, o padre Rui deixou como mensagem: “Serem cristãos que, olhando para os reclusos vêem o próprio Cristo”.

O programa prosseguiu com a visita de pequenos grupos de voluntários aos pavilhões da Prisão-Escola, que cantavam com os reclusos: “O Verbo de Deus acampou” e entregavam uma pagela, “Deus nasceu, porquê?”, que deixava a cada um a possibilidade de se exprimir. Distribuiu-se também um puzzle para reconstruir e colar na parede. Nele se descobria a mensagem de Maria João, vencedora do concurso “O sonho é...”, realizado junto dos reclusos na quadra natalícia. Fez-se ainda a entrega do Menino Jesus, seguida dum momento de adoração, e por fim houve distribuição de bolo-rei e de uma agenda.

As Eucaristias foram animadas pelo seminarista Orlando Marques e uma religiosa de S. Romão, que cantaram e acompanharam à viola os cânticos. Jovens da JUFRA – Juventude Franciscana de Leiria – animaram a visita aos rapazes e testemunharam ter vivido momentos de fé e de humanidade que os estimulam para outras experiências de solidariedade fraterna. Na Prisão-Escola, colaboraram 10 alunas da Escola de Dança da Associação de Solidariedade do Clube Académico de Leiria, que foram muito aplaudidas.

Projecto ASA 2005 apresenta-seO Grupo Missionário Diocesano de Leiria-Fátima, “Ondjoyetu”, fez mais

uma apresentação do “Projecto ASA (Acção Solidária com Angola) para 2005, nos dias 15 e 16 de Janeiro, no Centro Pastoral de Nossa Senhora da Piedade, Ourém. Criado em 1999, o grupo que tem revelado grande dinamismo e realizou cinco edições do “Projecto ASA”, no Sumbe, pretendeu dar-se a conhecer melhor e testemunhar do seu trabalho missionário. Participaram

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vários voluntários que utilizaram vídeos e fotos. Ao mesmo tempo esteve patente uma exposição de artesanato angolano e funcionou uma pequena banca de venda. A iniciativa terminou no domingo com a celebração da Eucaristia na igreja paroquial, pelas 17h30.

Troféu Turístico distingue Santuário de FátimaNo âmbito da Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorreu na Feira

Internacional de Lisboa, de 19 a 23 de Janeiro, o Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, foi distinguido com o “Troféu Consagração Turística”, enquanto primeiro responsável do Santuário de Fátima. A cerimónia teve lugar no primeiro dia do certame.

Atribuído anualmente naquela importante Feira de Turismo pela Associação de Jornalistas Portugueses de Turismo (AJOPT), este Prémio pretende distinguir entidades ou pessoas pela sua acção profícua, continuada e persistente a favor do desenvolvimento turístico ou das actividades que possam apoiar este propósito, designadamente de âmbito cultural, ambiental, de defesa do património ou propícias ao estreitamento de relações entre os povos e ao reforço do respectivo conhecimento.

D. Serafim que não pôde marcar presença na cerimónia de entrega, fez-se representar pelo Vigário Geral, Jorge Guarda, que, na ocasião, tomou a palavra e declarou: “Este troféu revela a importância do turismo religioso no contexto do turismo nacional”.

Para além deste galardão, a AJOPT também atribuiu o prémio da ETP – European Travel Press e o “Troféu Personalidade Turística do Ano”. Todos os distinguidos receberam uma peça exclusiva de vidro da Marinha Grande, oferta da Região de Turismo Leiria/Fátima.

Homenagem ao padre Joaquim LourençoFoi assinalado, no passado 24 de Janeiro, ainda que de forma discreta, o

42º aniversário do falecimento do padre Joaquim Lourenço. Naquele dia, foi celebrada Missa de sufrágio por sua alma e de seus familiares. Nascido a 8 de Dezembro de 1905, ocorrerá, este ano, o 1º centenário do seu nascimento.

Foi pároco de Mendiga e Alburitel, missionário na longínqua Índia, professor nos seminários de Tomar e Leiria, reitor do Santuário de Fátima e capelão do Mosteiro da Visitação, na Faniqueira.

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Clero reflecte sobre a comunhão cristãO clero da diocese de Leiria-Fátima, acompanhado pelo seu bispo,

D. Serafim, dedicou o curso de formação permanente no presente ano a aprofundar o tema “A comunhão cristã, resposta aos desafios do presente”. As lições foram orientadas pelo religioso claretiano espanhol Carlos Garcia Andrade, professor em Madrid. As vertentes cultural, teológica, antropológica, eclesiológica e espiritual da comunhão, foram desenvolvidas em ordem a um empenho novo na evangelização dos homens e mulheres do nosso tempo. O curso fez-se em dois turnos, de 24 a 28 de Janeiro e de 31 de Janeiro a 4 de Fevereiro, no Turcifal (Torres Vedras). Além do estudo, o tempo de formação foi ocasião para viver, rezar e experimentar a comunhão em presbitério.

Formação para catequistasO Secretariado Diocesano da Catequese da Infância e Adolescência

realizou uma acção de formação para catequistas de adolescentes, no passado dia 29 de Janeiro. Foi orientado pelo padre Jorge Guarda e decorreu no Seminário de Leiria, com início às 09h00 e fim pelas 17h00. O tema foi “A Oração na Catequese e na Vida”, na sequência do que foi reflectido no passado Encontro Diocesano de Catequistas.

Bênção dos Ciclistas no Santuário de FátimaNo passado dia 30 de Janeiro realizou-se mais uma vez, em Fátima, a

Bênção dos Ciclistas. À hora prevista, 11h30, já se haviam concentrado, no parque nº 2 do Santuário de Fátima, milhares de ciclistas, cicloturistas e BTTistas que aplaudiram calorosamente a presença de D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima. D. Serafim agradeceu e dirigiu a todos uma carinhosa saudação. Depois louvou a União de Ciclismo de Leiria, organizadora do evento, e convidou os seus representantes ao palco, montado expressamente para a circunstância, para poderem recordar aos presentes como nasceu a iniciativa e a dar conhecimento dos principais pontos do programa e indicações úteis para o bom desenrolar das celebrações nesta sua terceira edição.

O momento alto teve lugar ao meio-dia, altura em que o Bispo de Leiria

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e os sacerdotes da Reitoria de Fátima iniciaram a celebração da Santa Missa. Os sinos da Basílica tocaram então, assinalando o momento e reforçando que todos eram acolhidos por Nossa Senhora, como seus filhos, em sua casa, embora as cerimónias tivessem lugar num parque, por razões funcionais. Acompanhou este momento, desde o início, o Coro das Colmeias.

No final, D. Serafim, implorou para todos a bênção de Deus, invocando a intercessão da Virgem Maria. Com todos agradeceu esta ocasião de graça de Deus e implorou protecção e amparo para quantos circulam nas estradas de Portugal e do mundo. E terminou desejando que todos regressassem bem a suas casas e possam voltar no próximo ano com muita fé e saúde. Todos responderam de braços no ar, em comovente manifestação de esperança.

“Bioética e Teologia: paradigma de interacção”Tese de doutoramento do P. Vítor Coutinho O P. Vítor Manuel Leitão Coutinho concluiu no início de Fevereiro o

doutoramento em Teologia Moral, pela Faculdade de Teologia Católica da Universidade de Münster, na Alemanha. A sua tese, já publicada pela Gráfica de Coimbra, situa-se na área da bioética, um tema muitíssimo actual no contexto das novas questões que se põem em torno da vida humana.

O P. Vítor Coutinho é natural da Vieira de Leiria, fez os seus estudos teológicos no Seminário de Leiria, onde veio a trabalhar alguns anos na formação dos seminaristas. Durante a sua permanência na Alemanha, além do estudo, dedicou-se ainda à acção pastoral junto da comunidade portuguesa de Münster, da qual foi pároco.

Na sessão solene de doutoramento estiveram presentes quatro sacerdotes de Leiria, que quiseram testemunhar a sua amizade ao colega e a alegria pelo enriquecimento que traz ao Presbitério diocesano.

Encontro de hotéis e casas de acolhimento de peregrinosO Santuário, os hoteleiros e responsáveis de casas religiosas que acolhem

peregrinos em Fátima reuniram-se, no passado dia 3 de Fevereiro, num encontro anual que se repete pela 27ª vez. A iniciativa voltou a ter como finalidade principal o convívio das pessoas e a discussão de temas que interessam às várias entidades que, nas mais diversas áreas, acolhem os visitantes da Cidade da Paz.

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Entre numerosas presenças destacaram-se os presidentes da Câmara Municipal de Ourém e da Região de Turismo Leiria-Fátima e representantes de instituições locais e regionais das áreas da Saúde (Centro de Saúde de Fátima), Economia (ACISO), Policiamento (PSP) e Protecção Civil (Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fátima). Durante o encontro foi ainda apresentada a Associação de Turismo Leiria/Fátima, associação de dimensão privada que tem como objectivo a promoção de toda aquela zona turística.

O encontro iniciou-se na Capelinha das Aparições, com a celebração da Santa Missa, pelo Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra. Durante a homília, o Reitor sublinhou a centralidade e a importância da Capelinha das Aparições, não só no aspecto físico mas também, e principalmente, na história da mensagem de Fátima. “A universalidade de Fátima”, afirmou Monsenhor Luciano Guerra, “mostra que os peregrinos, de todo o mundo, vêem Fátima como um lugar de salvação e de resposta aos problemas do mundo actual. O mundo não pode vencer sem Deus. A graça de Deus será o nosso conforto”. “Que Nossa Senhora nos dê uma luzinha, uma abertura, para o entendimento do que deve ser a nossa presença neste lugar (de Fátima)”, acrescentou. A finalizar a homilia, o Reitor do Santuário pediu a todos os que vivem e trabalham em Fátima que procurem viver em paz, “para comunicarmos a paz aos que cá vêm”.

Terminada a Eucaristia, o grupo, de mais de uma centena de pessoas, dirigiu-se ao Plazza Hotel, que este ano acolheu o Encontro. No local, o Reitor apresentou o tema do Santuário de Fátima para o ano de 2005. Na continuação da proposta de, até 2010, se dedicar um ano a cada Mandamento da Lei de Deus, 2005 será dedicado ao Quinto Mandamento, com a formulação “Não matarás”. No entanto, em resposta aos apelos do Santo Padre – de um ano dedicado à Eucaristia (Outubro 2004/Outubro 2005) –, os responsáveis do Santuário vão procurar sensibilizar os cristãos para a importância desse sacramento central da vida da Igreja. “Fátima tem um lugar importante, é chamada a uma certa acção positiva, no sentido de os cristãos se afirmarem como pessoas de progresso e de paz”, reflectiu ainda Monsenhor Luciano Guerra.

Balanço do ano de 2004É no Encontro de Hoteleiros que o Santuário de Fátima costuma fazer

a apresentação oficial das estatísticas relativas ao ano civil findo. Assim, o director do Serviço de Peregrinos (SEPE) do Santuário, padre José Baptista,

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tornou públicos os números relativos a 2004, não sem antes frisar que “para o Santuário de Fátima, mais importante que os dados estatísticos, é o propósito de bem acolher os peregrinos e visitantes de Fátima, no sentido de transmitir e comunicar a quem vem ao Santuário a mensagem de esperança e o apelo à conversão deixados por Nossa Senhora”.

Estima-se que, ao longo do ano de 2004, tenham participado nas missas cerca de 3.740.000 pessoas. Em comparação com 2003, regista-se, deste modo, um decréscimo de cerca de 470.000 pessoas. Como hipótese explicativa desta quebra aponta-se a diminuição dos participantes nas peregrinações aniversárias.

O Santuário, que reconhece a dificuldade em contabilizar as participações nas grandes concentrações dos dias 12 e 13, sabe que, em 2004, houve menos 44 mil comunhões, em comparação com 2003. Mesmo assim, e tendo em conta que nem todos os peregrinos que vêm ao Santuário participam na missa, e que estes não participantes não são contabilizados, pode apontar-se para um número de peregrinos, em 2004, superior a 4.500.000.

Marcaram a sua peregrinação no Serviço de Peregrinos do Santuário, 1.049 grupos portugueses, mais 221 que em 2003. Embora havendo mais grupos, os peregrinos portugueses neles integrados foram menos 50.470. Esta diminuição explica-se pela não realização da Peregrinação da Diocese de Lisboa, que habitualmente desloca a Fátima à volta de 50 mil pessoas. Embora aumentasse o número de grupos portugueses inscritos, estes grupos foram menos volumosos.

Relativamente aos grupos estrangeiros, inscreveram-se no SEPE 2.085, ou seja, mais 228 que em 2003. Efectivamente, os peregrinos estrangeiros foram mais 14.782 que no ano anterior. Indicam-se alguns países de origem, comparativamente a 2003: da Áustria em 2004 estiveram mais 800 pessoas; do Brasil mais 9.000 (essencialmente de grupos de brasileiros residentes em Portugal); de Espanha mais 4.500; dos Estados Unidos mais 1.200 pessoas; de Itália mais 8.000 e da Ucrânia mais 1.500 (também essencialmente residentes em Portugal). Da Alemanha vieram menos 900 pessoas.

Encontro dos Colaboradores da Cáritas de LeiriaGrupos paroquiais, voluntários e quantos, de uma forma mais ou menos

regular, estão ligados à Cáritas de Leiria por algum tipo de colaboração, encontraram-se no seu 8º encontro anual, no dia 13 de Fevereiro, no Centro

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Paroquial Paulo VI, em Leiria.Os encontros anuais constituem sempre um espaço de crescimento e uma

oportunidade de formação em matérias relacionadas com a natureza e missão da Caritas diocesana. E são também tempo de convívio. Sentir-se parte de uma família alargada, que partilha motivações e ideais comuns, ajuda a vencer o imobilismo e constitui estímulo vigoroso para uma participação e compromisso renovados. Do programa, destacou-se a intervenção do padre Jorge Guarda, Vigário Geral da Diocese de Leiria-Fátima, que desenvolveu o lema da Cáritas para a sua semana anual, “Partilha o Pão, constrói a Justiça”. No decurso do corrente ano dedicado à Eucaristia, é urgente advertir nas implicações em termos de compromisso e acção social que decorrem do sacramento da Comunhão com o Senhor e com os irmãos.

Peregrinação da Família da ConsolataRealizou-se no dia 19 de Fevereiro, a 15ª Peregrinação da Família

Missionária da Consolata, que trouxe a Fátima cerca de cinco mil pessoas. O tema «Chamou-os para estarem com Ele e para os enviar em missão», inspirou os três momentos centrais: a Via-Sacra, nos Valinhos; a Missão, no Calvário Húngaro, com um momento celebrativo no qual o Padre Gabriel Casadei recebeu o crucifixo missionário; e a Eucaristia, na Capelinha das Aparições, pelas 15 horas. Presidiu o Padre Darci Vilarinho, missionário da Consolata, que desempenha em Roma as funções de secretário do Conselho Geral do Instituto Missionário da Consolata.

Em carta de saudação aos participantes na Peregrinação da Família Missionária, o padre Luís Tomás, Superior Geral dos Missionários da Consolata em Portugal, referiu: “Achamos que numa peregrinação em honra do Beato Allamano nos fica bem salientar os dois traços da sua personalidade e santidade que mais marcaram a sua vida e melhor exprimem a sua obra. Um é a sua grande devoção a Nossa Senhora – que nós expressamos com este peregrinar ao seu santuário. O outro é a missão ad gentes – esta visão ampla do plano de Deus para a salvação de todos – que fazemos ecoar ao longo de toda a Peregrinação. Queremos desta maneira pôr em evidência uma preocupação, que é de toda a Igreja, mas que precisa de quem a escute, se deixe cativar por ela e a divulgue. Este encontro de muitos amigos das missões é o momento propício para fundir numa só paixão – como aconteceu com o Beato Allamano – a devoção a Maria com o amor às missões”.

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Celebração dos Beatos Francisco e JacintaO Santuário de Fátima viveu, no passado dia 20 de Fevereiro, mais uma

Celebração Litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto. Participaram cerca de 4500 pessoas.

Tal como em anos anteriores, no final da Santa Missa, as crianças presentes foram abençoadas pelo Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, que estendeu a mesma bênção às crianças do mundo inteiro.

Durante a Eucaristia, mostrando-se “honrado” com o facto de Deus ter escolhido três crianças portuguesas para nos fazer chegar a Sua Mensagem, através de Nossa Senhora, o prelado referiu-se ao processo de Canonização de Francisco e Jacinta Marto: “Esperamos que o Papa João Paulo II possa declarar a canonização dos Beatos Francisco e Jacinta”, processo que conhece etapas decisivas, no Vaticano, com o encerramento da Positio Super Mira, com a possibilidade de se provar a cura, por intercessão dos dois videntes de Fátima, de um menino filho de emigrantes portugueses residentes na Suiça, o Filipe”.

No final da Celebração, em declarações à Rádio Santa Maria de Toledo e Rádio Maria, ambas de Espanha, D. Serafim esclareceu que o encerramento da Positio significa que “o processo documental está definitivamente encerrado e que foi entregue, este sábado, 19, a Sua Eminência, o senhor Cardeal Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, D. Saraiva Martins. A partir daí, vai ser submetido ao parecer de júris cardinalícios e médicos. E depois, sim, a sentença final é decisão do Papa”.

Acompanhou as celebrações a “Schola Cantorum Os Pastorinhos de Fátima”, coro infantil do Santuário de Fátima cuja primeira apresentação pública decorreu a 20 de Fevereiro de 2004, na Capelinha das Aparições.

Jornada vicarial sobre a Eucaristia, nos MilagresNo passado dia 20 de Fevereiro, a Vigararia dos Milagres promoveu uma

tarde de formação vicarial sobre a “EUCARISTIA – Oração e Vida”. Sendo já um habitual promover na Vigararia uma jornada anual, nada mais natural que este ano fosse este o tema escolhido.

O encontro decorreu no Centro Paroquial dos Milagres, orientado pelo P. Dr. Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas, e terminou no Santuário do Senhor

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Jesus dos Milagres, com uma hora de oração/adoração e a bênção solene do Santíssimo Sacramento.

Mais de cem participantes reuniram-se para reflectir essencialmente sobre a instituição da Eucaristia e os mistérios que lhe estão associados. Em ligação estreitíssima com a vida, a celebração eucarística, mais que melhorada na sua forma, tem que ser participada na fé. Se “como se celebra é importante, o que se celebra é ainda mais importante”.

2º semestre da Escola de Formação Teológica de LeigosProcurando oferecer a todos novas oportunidades de formação, a Escola

Teológica da Diocese de Leiria-Fátima apresentou as seguintes propostas para o segundo semestre:

1 - Curso Pensar a Fé, das 21h00-23h00, as seguintes disciplinas: na Marinha Grande, às segundas-feiras: «Introdução ao Mistério de Cristo», Pe. Doutor Anacleto Oliveira; em Leiria (Sé), às quartas-feiras: «Introdução aos Sacramentos», Pe. Dr. Carlos Cabecinhas; em Ourém, às sextas-feiras: «Introdução à Doutrina Social da Igreja», Pe. Dr. Luís Inácio João.

2 - Curso Geral de Teologia, em Leiria, no edifício do Seminário Diocesano, das 19h00-21h00, às segundas-feiras: «Mistério de Deus», Pe. Dr. António Samelo; às quartas-feiras: «Introdução à Bíblia», Pe. Dr. Virgílio Antunes.

3 – Formação Específica, às quintas-feiras: «O Discurso da Fé», Pe. Doutor Augusto Pascoal.

Pretende-se abordar as questões da linguagem da fé e descobrir o modo como os conceitos teológicos foram sendo elaborados ao longo de séculos. Herdeiros de um percurso de dois mil anos de reflexão sobre o Mistério cristão, muitas vezes elaborado no meio de grandes tensões teológicas e conflitos culturais a nós estranhos, dificilmente chegaremos à descoberta do significado e sentido das afirmações de fé, sem estudar o seu contexto e evolução.

Neste pressuposto e segundo a recomendação de São Pedro para estarmos «sempre dispostos a dar a razão da nossa esperança a todo aquele que no-lo peça» (1 Pe 3, 15), a Escola Teológica da Diocese de Leiria-Fátima convidou o padre e doutor Augusto Pascoal a elaborar este curso.

Nas palavras que explicam o caminho a percorrer, Augusto Pascoal afirma: “Assim como o pensamento, apesar de ser uma faculdade espiritual e própria

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da pessoa, não é possível sem a palavra, que o estrutura e o capacita para a comunicação, também a fé precisa de uma linguagem que a torne «visível» ao próprio crente, que, na medida em que crê, transforma a sua fé em cultura. Esta dependência em relação à linguagem, que se verifica em todas as épocas, para não falar já de indivíduo para indivíduo, gera necessariamente muitos equívocos, alguns dos quais foram, ao longo da história, por falta de diálogo real e sincero, origem de lutas fratricidas e divisões que ainda hoje perduram. Torna-se, pois, necessário reflectir, ainda que de modo muito sumário, sobre as relações fé e linguagem, tanto do ponto de vista diacrónico (ao longo da história), como do ponto de vista sincrónico (na mesma época)”.

Jornadas sobre a Nova ConcordataA 20 de Dezembro de 2004, entrou em vigor o novo tratado (Concordata)

que regulamenta as relações entre a Santa Sé e a República Portuguesa. As mudanças ocorridas nas últimas décadas assim o exigiam.

A cerimónia da troca de instrumentos de ratificação contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros português e do Secretário da Santa Sé para as relações com os Estados. Salientando os princípios de autonomia e independência da Igreja e do Estado, ambos saudaram o “espírito de cooperação” do novo texto concordatário, que possibilita um melhor serviço à sociedade e a cada ser humano, a que ambas as instituições se obrigam.

A vida interna da Igreja Católica e as suas relações externas serão agora regidas por novas regras, com destaque para a fiscalidade que implica o pagamento de impostos por parte dos eclesiásticos e das instituições religiosas. As pessoas jurídicas canónicas, detentoras de actividades diversas das religiosas, como as de solidariedade social, educação e cultura, além dos comerciais e lucrativos, ficam sujeitas ao IRC. Para a resolução de todas as situações indefinidas, a Concordata prevê a criação de uma comissão paritária, que visará encontrar soluções de comum acordo e sugerir quaisquer outras medidas tendentes à sua boa execução.

Querendo oferecer a todos os interessados uma oportunidade para conhecer mais e melhor o conteúdo deste novo acordo entre a Santa Sé e o Estado Português, a Escola Teológica organizou umas Jornadas sobre a Nova Concordata, no Seminário Diocesano de Leiria, nos dias 25 e 26 de Fevereiro de 2005. O programa incluiu um painel «Concordata 2004 – um novo espírito para uma nova relação», por Prof. Doutor Carlos

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André e Dr. Tomás de Oliveira Dias; e duas conferências: «Implicações da Concordata para a organização interna da Igreja», e «Implicações da Concordata para as relações da Igreja com as instituições do Estado e outras», pelo Prof. Doutor Saturino Gomes,

Retiro diocesano para catequistasO Secretariado da Catequese da diocese de Leiria-Fátima continua atento

à formação específica dos catequistas, nas várias vertentes. A área espiritual é uma das mais importantes e fundamentais para o bom desempenho da missão que lhes é confiada. Assim, realizou um retiro para catequistas de toda a Diocese, nos dias 25 a 27 de Fevereiro, no Santuário de Fátima, orientado pelo padre Jorge Manuel Faria Guarda, Vigário Geral da Diocese.

50 anos das ENS em PortugalNos passados dias 26 e 27 de Fevereiro, uma grande parte dos cerca de

5 mil casais portugueses das Equipas de Nossa Senhora (ENS) estiveram em Fátima para comemorar os 50 anos da implantação deste Movimento de espiritualidade conjugal em Portugal.

Nascido em França em 1938, o Movimento das ENS iniciou-se com quatro casais que procuraram o Padre Henri Caffarel como Conselheiro Espiritual. Hoje são mais de 53 000 casais, integrados em cerca de 10 mil equipas (de 5 a 8 casais), espalhados por 65 países dos cinco continentes. Sentindo a necessidade de aprofundar a sua fé e confiantes na graça do Sacramento do Matrimónio, colocam-se sob a protecção da Virgem Maria para progredir em amor de Deus e aprofundarem a sua espiritualidade em casal.

O Santuário de Fátima recebeu cerca de 2 mil casais, que participaram em várias celebrações e tomaram parte em diversas conferências, que tiveram lugar no Centro Pastoral Paulo VI, com o auditório e o salão contíguo a funcionarem em simultâneo, através de vídeo-conferência. O tema central do Encontro foi “ 50 Anos das ENS em Portugal: Semente para o Futuro”. O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, presidiu à Eucaristia de encerramento, na Capelinha das Aparições.

Vários casais estrangeiros, representantes das estruturas internacionais das ENS, juntaram-se em Fátima aos casais portugueses para, em conjunto, comemorar o cinquentenário do Movimento em Portugal.

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Retiro da FMMENo ano da Eucaristia, propondo o aprofundamento da vivência deste

sacramento, a Fundação Maria Mãe da Esperança (FMME) promoveu um retiro, intitulado “O grande dom da Eucaristia”, orientado pelo padre Abel Paulo Guerra, nos dias 3 a 6 de Março. Realizou-se no Centro de Espiritualidade Francisco e Jacinta Marto, em Fátima.

Concertos de carrilhão ecoam na cidadeLeiria inaugurou, no dia 5 de Março, pelas 10h30, a sua temporada

anual de concertos de carrilhão. Foi concertista Abel Chaves, carrilhanista do Palácio Nacional de Mafra e agora também professor da Escola de Artes SAMP, nos Pousos, naquele que é o primeiro curso do género, em Portugal.

Do reportório constaram obras clássicas para carrilhão de compositores belgas e holandeses, bem como música tradicional portuguesa e, ainda, cânticos do tempo quaresmal em curso.

Todos os primeiros sábados de cada mês, sempre às 10h30, os leirienses começaram a poder desfrutar desta música vinda dos céus, numa plateia do tamanho da zona histórica da cidade. Com entrada inevitavelmente livre para quem tomar um café na praça Rodrigues Lobo ou passar na rua Barão de Viamonte (mais conhecida por Rua Direita), fundador da SAMP que partilha com o Cabido da Catedral a organização da temporada.

Retiro eucarístico para leigosA Diocese de Leiria-Fátima promoveu um retiro, de 10 a 13 de Março,

com o fim de ajudar a viver o Ano da Eucaristia. Destinou-se, sobretudo, aos agentes de pastoral, envolvidos nos Secretariados e Comissões diocesanos, na direcção de movimentos ou associações e nos conselhos pastorais diocesano e paroquiais. Foi orientado pelo padre Rui Ribeiro, que foi o delegado da Diocese ao Congresso Eucarístico, no México, em Outubro passado.

“Meditações sobre a Paixão” nas ColmeiasProcurando contribuir para uma vivência mais intensa da Semana Maior

dos Cristãos, a Escola Teológica promoveu, no dia 20 de Março, Domingo

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de Ramos, das 15h30 e as 18h30, na Igreja Paroquial de Colmeias, as “Meditações sobre a Paixão”.

Foram-se sucedendo, ao ritmo dos acontecimentos: a primeira sobre “A intimidade da Última Ceia” (pelo padre Virgílio Antunes); a segunda sobre “A entrega de Deus nas mãos dos homens” (pelo padre Jorge Guarda); a terceira sobre “A fecundidade do silêncio da fé” (pelo padre Luciano Guerra). De meia hora cada, foram intervaladas por um silêncio, para meditação e oração pessoais, e terminaram com o canto de Vésperas, pelas 18h00.

“Agência Ecclesia” - edição milO semanário “Agência Ecclesia” completou mil edições a 22 de Março.

Parabéns para este projecto que já passou por diferentes fases e continua a ser um meio privilegiado para a divulgação de informação de âmbito religioso. Apesar de o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja dispor hoje de outros meios ágeis para prestar a informação religiosa, há unanimidade na Igreja em reconhecer que o “Agência Ecclesia” deve continuar a ser publicado.

A par das informações sobre os mais variados assuntos religiosos e também de âmbito social, o semanário integra comentários de ilustres da Igreja e outras instituições e lança semanalmente um “dossier” sobre um tema da actualidade. É esta diversidade de informação que faz o sucesso de um projecto cuja a génese remonta a 1959, embora só a 5 de Janeiro de 1994 tenha sido publicado o primeiro boletim semanal, sob o número nº 475.

Para além de uma edição semanal impressa, a Agência Ecclesia conta com um sítio na Internet, através do qual mantém on-line uma informação eclesial diária. Em www.ecclesia.pt, on-line desde 1996, os navegadores encontram uma parafernália de assuntos relacionados com a Igreja Católica, abarcando dioceses, movimentos, obras e vida consagrada. A par disto também é possível consultar na sua página informação de outros jornais.

Sob a direcção de António Rego desde finais de 1996, a Agência Ecclesia publica semanalmente um dos textos que é mais reproduzido na imprensa católica de todo o País. Nas palavras do seu director “uma agência eclesial é um instrumento de dar, receber e redistribuir”. E o principal contributo desta agência de informação, seja na vertente on-line ou na edição impressa, é, sem dúvida, utilizando uma vez mais as palavras do seu director, o de “estarmos todos a colocar a Igreja em estado de comunicação”.

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“Caminhos sem atalho” - Espectáculo ajuda “Ondjoyetu”O Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, foi, na tarde do domingo 10 de

Abril, palco de um espectáculo de solidariedade a favor do grupo missionário diocesano Ondjoyetu, que realiza o “Projecto ASA – Acção Solidária com Angola”. Colaboraram na iniciativa a Câmara Municipal de Leiria, que cedeu o teatro, o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, o Instituto Português da Juventude, e algumas empresas que deram patrocínios.

Foi principal intérprete o padre João Paulo Vaz, da diocese de Coimbra, acompanhado da “sua” banda musical. O público foi presenteado com vários temas musicais, uns mais meditativos e interiorizantes, outros mais expansivos, que contaram com a participação do público através das palmas e do canto dos refrães. Foram cerca de duas horas de música com mensagem cristã.

Durante o espectáculo, houve ainda a oportunidade de assistir a um pequeno filme com a duração de dez minutos, que resumiu a actividade do grupo missionário em Angola nos últimos cinco anos.

Páscoa nas prisões de LeiriaO grupo de visitadores dos estabelecimentos prisionais de Leiria realizou,

no passado dia 10 de Abril, uma festa da Páscoa especialmente dedicada aos reclusos. “ Sonhamos passar esta Páscoa contigo” foi o tema escolhido para esta celebração, numa continuação da temática abordada no Natal: “O Sonho é…”, e através da qual houve partilha contínua do sonho.

Com início no Estabelecimento Prisional de Leiria (Prisão-Escola), durante a manhã, e continuação, à tarde, na Prisão Regional, as comemorações da Páscoa foram marcadas pela celebração da Última Ceia, dirigida pelo padre Rui, que retratou este momento da vida de Jesus de forma a explicar aos reclusos o seu significado. Em seguida, os mesmos reclusos tiveram oportunidade de apresentar alguns trabalhos multimédia, inspirados nos seus sonhos, e assistir ao visionamento do filme “Jesus de Nazaré”.

No final da festa, todos receberam as tradicionais amêndoas e um cartão de Boa Páscoa pela mão dos visitadores, que também deixam o seu agradecimento pela participação e colaboração dos reclusos, dos próprios estabelecimentos prisionais e da Juventude Franciscana.

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Canonização do padre Manuel FormigãoNo passado dia 16 de Abril, pelas 17h00, foi encerrado em Fátima, na Casa

Cónego Formigão, pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, o processo diocesano de canonização do padre Manuel Nunes Formigão. É Postulador Diocesano da Causa da Canonização é o Padre Saturino Gomes.

O Padre Formigão viveu no tempo das Aparições de Fátima e chegou a interrogar os Pastorinhos, por mandato da Igreja. Foi fundador da Congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima.

“Fazermo-nos ao largo” na Semana das Vocações No dia 17 de Abril, a Igreja celebrou o 42º Dia Mundial de Oração

pelas Vocações, subordinado ao tema “Chamados a fazermo-nos ao largo”. A Mensagem de João Paulo II para este dia insistia na necessidade de se cultivarem na Igreja as vocações sacerdotais: “…também hoje precisamos de sacerdotes santos, de almas totalmente consagradas ao serviço de Deus!”

Na diocese de Leiria-Fátima o programa da Semana das Vocações incluiu tempos de oração em todas as paróquias e nos mais variados grupos apostólicos. De salientar, na noite de quinta-feira, dia 14, a Vigília de Oração pelas vocações sacerdotais, na igreja do Seminário Diocesano de Leiria.

Mais uma vez, o Dia das Vocações teve um especial tom festivo na diocese, com a ordenação de um novo sacerdote, André Antunes Baptista, da paróquia do Souto da Carpalhosa, actualmente em trabalho pastoral na paróquia da Maceira.

A celebração foi nesse mesmo dia 17 de Abril, na Sé de Leiria, sob a presidência do Bispo da Diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, e com uma catedral cheia de fiéis que rezaram pelas vocações e agradeceram a Deus o dom do sacerdócio no novo presbítero.

Diabético peregrina de bicicleta pela EuropaCom o objectivo de sensibilizar em especial as crianças e os adolescentes

para a importância da vida, e para demonstrar que, apesar da doença, as pessoas podem, e devem, aceitar desafios e viver uma vida normal, o jovem italiano Mauro Talini empreendeu uma viagem de bicicleta que terminou no passado dia 22 de Abril, pelas 11 horas, no Santuário de Fátima, após 2.660

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quilómetros, desde a sua terra natal, Lucca (Região de Toscana), passando pelos Santuários de Lurdes (França) e Santiago de Compostela (Espanha).

A alegria à chegada era evidente. Mauro conseguiu realizar o sonho da sua vida. “Fátima era a minha meta principal”, referiu em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário, ao mesmo tempo que mostrava, em letras grandes, a palavra “Fátima” gravada na camisola.

Saíra de Itália a 5 de Abril, sempre com apoio e patrocínio da Associação Italiana de Atletas Diabéticos. O regresso foi de avião, no dia 25 do mesmo mês. Em terras portuguesas, aproveitou par participar em algumas celebrações religiosas em Fátima e visitou a cidade do Porto.

Jornada da Fundação Maria Mãe da EsperançaNo dia 23 de Abril, a Fundação Maria Mãe da Esperança (FMME)

promoveu a sua quinta Jornada de Espiritualidade, desta feita subordinada ao tema: A Dimensão da Interioridade na Fé. Num mundo em que “o corre-corre nos absorve a ponto de quase tornar a vida irrespirável, é urgente redescobrir a interioridade como um valor profundamente humano, potenciado pela fé, e que é, seguramente, um antídoto contra aquele vírus moderno”, referiram os promotores das jornadas, que se destinaram a todos os que, tendo participado em retiros promovidos pela FMME, desejaram revigorar a força que os anima, em contexto celebrativo, formativo e de convívio.

“Samaritanos” elegem nova direcçãoA associação “Os Samaritanos”, grupo de visitadores das prisões de

Leiria, realizou uma reunião para eleição de corpos directivos para o próximo triénio, no dia 27 de Abril, na sede da Caritas. A composição da lista eleita é a seguinte:

Assembleia-GeralPresidente – Paula Margarida Ferreira Gaspar1º Secretário – Rute Matos dos Santos2º Secretário – Maria Clara Monteiro GasparDirecçãoPresidente – Joaquim Carrasqueiro de SonsaSecretário – Maria Donária da Fonseca SantosTesoureiro – Cláudio Pereira da Silva

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Notícias

Conselho FiscalPresidente - Joaquim Madaíl Brilhante Pedrosa1º Vogal – Adelina Rabaçal Martins 2° Vogal – Gracinda Costa Freitas GomesEste foi um momento importante na vida desta associação, que, na

diocese de Leiria-Fátima, presta um reconhecido serviço de evangelização e acompanhamento social e humano junto dos que se encontram privados da sua liberdade.

Encontro Diocesano da Pastoral da SaúdeNo dia 30 de Abril, a Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde organizou

mais um Encontro Diocesano, sobre o tema “A Oração e a Eucaristia – Fontes vitais da Pastoral da Saúde”, que decorreu aula magna do Seminário Diocesano de Leiria, das 14h30 às 17h30. Dirigiu-se aos grupos de pastoral da saúde diocesanos, aos visitadores de doentes, ministros extraordinários da Comunhão, Caritas, Movimento da Mensagem de Fátima, Conferência de S. Vicente de Paulo, outros movimentos eclesiais e a todas as pessoas que contactam com doentes e se interessam pela Pastoral da Saúde.

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Serviços e Movimentos

CPM – Ecos da Formação Nacional

“As crises em Casal” e o diálogo na famíliaO Salão do Bom Pastor, no Centro Paulo VI, em Fátima, foi pequeno

para mais de 600 pessoas vindas de 18 Dioceses – casais e Assistentes da Associação Portuguesa dos Centros de Preparação para o Matrimónio – que, no dia 29 de Janeiro, participaram numa formação promovida pela Equipa Responsável Nacional.

O tema, “As crises em casal” foi tratado por Manuel Freitas Gomes, Psiquiatra, da Diocese do Porto, e pelo Padre Carlos Carneiro, Jesuíta, de Coimbra, em abordagem reflectida a partir de situações concretas de consultório médico e de acompanhamento e aconselhamento espiritual.

O Dr. Freitas Gomes começou por referir as diferentes fases e etapas do amor, determinadas pela idade das pessoas e pela maturidade dos sentimentos. Se antigamente os jovens começavam o processo amoroso pela conquista, e passavam pelo namoro e pelo noivado, em direcção ao casamento, hoje, por falta de sinais orientadores, de valores e de princípios, e por culpa dos adultos, vivem situações complexas e perdem-se em labirintos de experiências. Se a “conquista” é ainda o ponto de partida, uns optam pelo curtir e enredam-se no sexo, outros caminham para o “namoro” e decidem morar juntos ou casar, com passagem eventual pelo noivado. Quando casados, alguns apostam na unidade em fidelidade, outros, por circunstâncias diversas, desembocam no divórcio e lançam-se em nova conquista. Cabe aos adultos apontar os valores para que os jovens de hoje possam estruturar validamente as suas vidas, com um futuro risonho e feliz.

Uma relação madura é definida pelo desejo, pela elaboração de sentimentos, pelo projecto e pelo sacramento. Não havendo receitas nem remédios, há, contudo, condições que facilitam uma boa convivência entre o casal. É neste contexto que se experimenta a sexualidade de uma forma plena e saudável. Dada a dificuldade natural de gerir dois patrimónios distintos biológica, afectiva e psicológicamente, os jovens deveriam ter mais critério, procurando alguma semelhança de idade, cultura e crenças, desenvolvendo uma comunicação livre, espontânea e honesta, de modo a projectar uma família em que o amor se fortaleça no tempo e no espaço partilhado.

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Serviços e Movimentos

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Serviços e Movimentos

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Mas o casamento, mesmo bem preparado, não é um jardim sem espinhos e sofre internamente das limitações humanas dos seus membros, e externamente de muitas variáveis não controladas – condições de trabalho, mobilidade e influências sociais. Por isso, são inevitáveis certos desentendimentos e crises que geram medos, ansiedades e stress. Há pois que parar, reflectir e tomar medidas. A superação passa pelo diálogo e pelo companheirismo que implicam planeamento e projecto. As crises devem levar a rever os costumes e a criar uma dinâmica que desvalorize algumas dificuldades e reconheça o enriquecimento resultante das que vão sendo superadas. Importa renovar o compromisso do matrimónio, refrescar a vida a dois com mais cor e luz, criando energias para um melhor equilíbrio futuro. Em diálogo e cooperação o relacionamento sai fortalecido e as crises acabam por reforçar o casal e a família. O Dr. Freitas Gomes terminou, afirmando que o amor surge e se mantém quando cada um consegue perceber e aceitar o outro como ser humano diferente.

O P. Carlos Carneiro abordou crises que afectam a família em função das vivências a que os seus elementos e o próprio núcleo estão sujeitos – o relacionamento sexual do casal, o planeamento familiar, nascimento dos filhos, os filhos como solução para as crises, a vida religiosa dos filhos, o trabalho, a relação com ascendentes e a nova família, o filho homossexual, a droga, a doença, a vida sexual activa dos solteiros a viverem em casa… um manancial de situações geradoras de crises para o casal e para a família.

O casal entra em crise porque não se ama o outro como ele gostaria de ser amado. Os cônjuges não questionam o modo como se amam, sabendo que o amor não é abstracto – ama-se uma pessoa que é única na sua expressão corporal, nos afectos e sentimentos, no pensar e no agir. A beleza do casamento está na conjugalidade que não mata a liberdade e permite ir mais longe. Por isso, o casamento não é para todos, mas apenas para os que são capazes de parar, reflectir, eliminar rotinas, viver o dia a dia na criatividade, respeitar as diferenças e crescer com elas. Crescer no amor pressupõe a educação das vontades pois dá trabalho e tem preço. E viver o casamento pressupõe segundo um projecto evangélico, valorizar ainda mais a fidelidade como experiência do amor, a sexualidade como capacidade do corpo dizer o que a alma sente e a união que se transcende reconhecendo em Deus, presente em todas as situações, a sua origem, o seu presente e o seu fim.

A Equipa Responsável Nacional

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Ecos do encontro-peregrinação nacionalCerca de 750 pessoas – casais, assistentes e jovens – de muitas dioceses

do País participaram no Encontro-Peregrinação dos CPM a Fátima, em 5 e 6 de Março. As actividades iniciaram-se na Capelinha das Aparições, em oração presidida D. Jacinto Botelho, Presidente da Comissão Episcopal da Família, continuaram no anfiteatro do Centro Paulo VI onde teve lugar a parte formativa e informativa, e terminaram com a Eucaristia dominical, presidida por D. Serafim Ferreira Silva e Sousa, Bispo de Leiria-Fátima.

O tema internacional de formação, “Que fazer hoje para amar sempre?”, foi apresentado, na vertente psicológica, pelo Psicólogo Eduardo Sá e, na na vertente teológica, pelo Padre Manuel Carvalheiro Dias. Um painel constituído por um par de noivos e por dois casais, de 11 e 46 anos de vida matrimonial, pôs em evidência a necessidade de uma construção permanente, logo desde a preparação, no confronto do ideal com a realidade, em contínuos ajustamentos para o equilíbrio do casal e da família, e na caminhada longa e feliz dos que se esforçaram e colocaram a sua força no amor de Deus que tudo suporta e sustenta. São de realçar algumas das conclusões:

1. Contrariando algum pessimismo corrente, a família dá, aqui e além, sinais de maior aproximação entre os seus membros – mais expressões afectivas, mais diálogo, transparência e solidariedade.

2. O amor é o alicerce da construção conjugal e familiar, e o projecto mais sério e importante da vida.

3. Só ama verdadeiramente quem cria, desenvolve e saboreia a experiência da comunhão.

4. No processo de crescimento pessoal precisamos sempre dos outros. Ninguém cresce só.

5. É fundamental escutar, abrindo a alma e o coração, com humildade, respeito, disponibilidade e tempo.

6. O amor implica o reconhecimento e a reflexão sobre os erros para uma renovação diária.

7. O processo educativo exige que “os pais juntos por fora e separados por dentro” e “os pais juntos por dentro e separados por fora”, se apresentem aos filhos “juntos por fora e juntos por dentro”.

8. A oração – e a Eucaristia privilegiadamente – é o alimento insubstituível na construção do amor perpétuo. O acolhimento e a escuta atenta de Deus são garantia de amor perpétuo.

Resumo da síntese enviada pela Equipa Responsável Nacional

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Jovens reflectemNo mesmo Encontro-Peregrinação, jovens de Santiago de Bougado,

Diocese do Porto, reflectiram sobre a história das tartarugas que convenceram uma cotovia a arrancar todos os dias uma pena das asas. Desta forma, em breve impedida de voar, ficaria sempre com elas e teria alimento em abundância. Irreflectidamente, a ave aceitou o desafio, mesmo renunciando à sua natureza. Já depenada e bem gorda, foi, de súbito, atacada violentamente por uma doninha. Incapaz de voar, em vão pediu socorro às “amigas” tartarugas demasiado lentas. O fim foi triste e fatal. As tartarugas egoístas e possessivas, preocupadas apenas consigo mesmas, haviam menosprezado a verdadeira condição da jovial cotovia. Só pensaram em construir-se mesmo que à custa de alguém tão frágil e influenciável que se deixou descaracterizar, inconsciente dos seus limites e possibilidades, face a um mundo de promessas. As mudanças foram-se operando cada vez mais desastrosas e irreparáveis. Não reparou a tempo no erro e deixou-se subjugar por completo.

Seguir uma vocação no meio de tantas pressões externas e promessas de soluções fáceis, não é uma opção simples e linear. Mas renunciar à sua vocação é morrer na lenta sequência das frustrações acumuladas. Em certa altura pode ser tarde para recomeçar.

Na sociedade ocidental, faltam tempo e coragem para parar e pensar. É essencial escutar o que está dentro de nós e discernir o que nos vem do exterior. Todos somos diferentes e ninguém reage da mesma forma. Só questionando se pode aplaudir e absorver o que permite progredir de forma saudável, oscilando talvez, aqui e ali, mas voltando sempre à posição estável que permita ao edifício crescer e consolidar-se na fidelidade ao projecto. As tartarugas são numerosas e algumas gigantes – moda, media, publicidade, jogos, alimentação, diversões, personalidades famosas, primado do lucro, sucesso, fama, tudo a todo o custo e já, egoísmo camuflado de amor… – fazendo crer que não há regras e tudo é normal e aceitável. Mas não se pode perder a essência, como a cotovia desnudada das suas defesas na hora decisiva. É fundamental conhecer-se e poder contar com um verdadeiro apoio, sobretudo da família que esperamos esteja sempre do nosso lado. Deus deu-nos asas para sermos e tornarmos os outros felizes. Os seus talentos só podem render voando nesse sentido.

Síntese do relato do Grupo de jovens participante no Encontro-Peregrinação.

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Movimento dos Cursilhos de Cristandade

Ultreia Diocesana nos ParceirosNo passado dia 27 de Fevereiro, III Domingo da Quaresma, a Paróquia

dos Parceiros esteve em festa. Cursilhistas de toda a Diocese de Leiria-Fátima vieram participar na Ultreia Diocesana do Movimento dos Cursilhos de Cristandade. Presidiu à Eucaristia o Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, acompanhado na celebração pelo padre Adelino Rodrigues Ferreira, pároco dos Parceiros, e pelo padre Abel José da Silva Santos, pároco da Paróquia da Bajouca.

Depois da Celebração da Eucaristia, na magnífica igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário – quem não conhece vale a pena empreender uma visita –, seguiu-se, no espaço da cave da igreja, a Ultreia.

O tema escolhido para este ano foi o da “Eucaristia”, que o Rolhista soube muito bem desenvolver, transmitindo a mensagem com testemunhos de como devemos viver a Eucaristia nos ambientes onde cada um está inserido.

Seguiram-se as ressonâncias ao Rolho, dentro da linha Kerigmática do Movimento, e, por fim, o nosso Bispo agradeceu a presença de todos, terminando dizendo que lhe tinha feito muito bem estar ali com os Cursilhistas e que ia rezar por todos nós.

Depois, no antigo salão, também agora renovado, seguiu-se o convívio, onde alguns mais afastados do Movimento e outros mais activos trocaram impressões e partilharam o farnel.

Foi uma jornada muito bem preparada pelos Cursilhistas da Paróquia dos Parceiros, com momentos muitos fortes de oração, de louvor e de convívio.

Não podemos nunca estar satisfeitos, a missão não está cumprida, mas são momentos como este que nos encorajam a dizer que o Movimento está cada vez mais empenhado em levar a Boa Nova de Jesus Cristo a todos os ambientes, através da acção renovadora e dos testemunhos de vida de quantos, um dia, se encontraram consigo próprios e com Cristo, num Cursilho de Cristandade.

Agradecemos a todos quantos se empenharam para esta vivência espiritual e humana e ao nosso Reverendíssimo Bispo, pela grande prova de carinho que tem pelos Cursilhistas da Diocese.

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Uma experiência de voluntariado

Férias em missãoAs circunstâncias da vida e o desejo de trabalhar levaram-me a uma

experiência que me marcou para toda a vida, apesar de ter sido só um mês, em Agosto, mas em 24 horas diárias vividas intensamente. Foi na missão dos Dembos, fundada nos anos 40, cerca de 240 km a nordeste de Luanda, numa zona de montanhas, com altitude média de 850m. Na década de 60, esta foi uma região rica, graças à produção de café, o que permitiu à missão construir diversas infra-estruturas, como escolas e centros de saúde.

O projecto em que participei, denominado “Ponte”, visava a ligação das duas margens geograficamente separadas, mas onde trabalham missionários Espiritanos. No nosso caso, era o padre Mota, que está há 40 anos com os Dembos. Ali, frequentemente, põe a vida em risco: tem de fugir para o mato com a população, dividir o que tem na despensa, dormir em sítios isolados... tudo para poder trazer a comida enviada pela Carita para estas terras isoladas, assoladas pela guerra e em constante presença de guerrilheiros.

A ajuda dos dez voluntários foi uma lufada de ar fresco para este missionário, que é uma prova viva de fé. Trabalhámos em três áreas: saúde, educação e pastoral, dando formação aos técnicos existentes. Tínhamos , também, feito chegar atempadamente 350 caixotes. Só o envio custou 10 mil euros e foi possível graças às recolhas nas paróquias e à ajuda dos missionários e da nossa ONG, Sol Sem Fronteiras. Seguiu material de saúde (desinfectantes, pensos, antibióticos...), material escolar, roupas e computadores, que, não sendo “topo de gama”, eram excelentes para o que pretendíamos. Montámos uma escola de informática com 12 computadores.

Eu trabalhei na área da Saúde, directamente com a população, sobretudo crianças, mas também dei formação a enfermeiros seleccionados pelo delegado de saúde. Ao fim-de-semana, íamos a uma cidade, Bula Atumba. Aí “repetíamos” as actividades da missão: formação aos professores e aos enfermeiros. Tive alunos que, ao fim-de-semana, faziam 112 Km a pé. Nesta cidade não pudemos montar a biblioteca, nem a escola de informática, como fizemos na missão, por falta de meios físicos e humanos.

Um mês de trabalho que soube a pouco pelas necessidades e pela vontade de fazer mais. Mas o balanço, de ambos os lados, é muito positivo.

Lúcia Pedrosa - Jovens Sem fronteiras

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1º Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas

Condição migrante no século XXICerca de 150 delegados das Comunidades Católicas Portuguesas de 18

países, participantes no 1º Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas realizado no Porto, de 29 a 31 de Março passado, debruçaram-se sobre a necessidade de reconceptualização da condição de migrante na sociedade de hoje. Sob o tema “Ousar a Memória – Fortalecer a Cidadania”, os debates abrangeram três grandes áreas: “Novos olhares sobre as Migrações Portuguesas”, “A Acção da Igreja nas Migrações” e “Perspectivas Futuras”.

“Novos Olhares sobre as Migrações Portuguesas”, permitiram concluir que o fenómeno emigratório continua a ser uma realidade social significativa em Portugal, mesmo se ainda muito desconhecido e demasiado ignorado. Permanece a diversidade de percursos, de lugares e de situações das diferentes comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Ao lado de traços comuns a diferentes gerações, como as razões de carácter económico e âmbito familiar, regista-se uma crescente mobilidade geográfica e interacção social, com maior facilidade de deslocação das pessoas e de regressos.

Integradas nesta temática, apresentaram-se, também, as novas formas de viver a mobilidade (no espaço europeu, asseguradas pelo direito comunitário de livre circulação e pessoas e bens) que carecem, por parte de entidades competentes, de um maior aprofundamento científico e pastoral.

Entre os “novos” emigrantes verifica-se impreparação para a partida, muita desinformação, isolamento e, de forma preocupante, novas formas de exploração e de desigualdade de tratamento.

Quanto à acção da Igreja nas Comunidades Migrantes, concluiu-se que a Igreja tem tido um papel pioneiro e fundamental no acompanhamento dos migrantes e suas famílias no processo de integração nas sociedades de acolhimento.

Os emigrantes, independentemente das suas vivências religiosas encontraram na igreja uma voz profética na defesa dos seus direitos e valores, um ambiente estruturante da própria identidade e um espaço de reconhecimento da cidadania. Com os seus sucessos e insucessos, os emigrantes despertaram nas igrejas locais a consciência da sua catolicidade/universalidade e nas sociedades o apelo à fraternidade universal.

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As dificuldades enfrentadas pela Igreja, tanto em Portugal como nas dioceses das sociedades de acolhimento, obrigam a uma reestruturação dos modelos pastorais que, se não for bem acompanhada e participada por todos, pode comprometer a construção da “sociedade integrada”.

A intervenção dos leigos e leigas na vida das comunidades deve ser facilitada e valorizada, pelo que urge continuar a apostar na sua formação e capacitação pastoral.

Os actuais modelos de acompanhamento, alguns em profunda crise, têm que evoluir na consciência de que as comunidades de língua materna são parte integrante da Igreja local (não há Igrejas nacionais!) e devem manter e intensificar com esta o diálogo e colaboração.

No âmbito das “Perspectivas Futuras”, as conclusões foram as seguintes: Intensificar a formação de adultos e de lideranças competentes que possam assegurar o futuro da comunidade na falta de presbíteros. Promover o diálogo ecuménico, inter-religioso e intercultural à luz da recente Instrução Pastoral “A caridade de Cristo para com os migrantes”. Valorizar as duplas e múltiplas pertenças a nível cultural, familiar e de cidadania (deveres e direitos), sobretudo, no que diz respeito à 2ª e 3ª gerações. Apoiar a família nas suas funções de educação, despertar dos valores, aprendizagem efectiva da língua e transmissão da cultura portuguesa. Responsabilizar pelo acolhimento e acompanhamento solidário dos “novos migrantes” as comunidades já consolidadas nomeadamente na vida religiosa, no apoio social e na evangelização. Procurar parcerias na sociedade civil (comunicação social, sindicatos, associações, movimentos eclesiais, consulados, conselho das comunidades e outros organismos) para, em consonância, desenvolver estratégias e boas práticas de defesa da vida e dignificação do trabalhador migrante. Sensibilizar a Igreja em Portugal – dioceses e movimentos – para a necessidade de reavivar o contacto e proximidade com as Comunidades migrantes, e seus missionários, servindo de interlocutora permanente entre estas e a Igreja local. Promover responsavelmente o processo da integração em todas as suas fases, sem descuidar o aprofundamento da identidade.

Enfim, os “portugueses no mundo”, conscientes de que o País tem decididamente que entender a Emigração e a Imigração como facetas duma mesma mobilidade, unem-se solidariamente aos imigrantes em Portugal na exigência de que Portugal ratifique a Convenção da ONU para a Protecção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias.

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Reflexões

A nossa Páscoa é Cristo SenhorAmigo leitor, ainda há pouco celebrámos o Natal e já estamos na Páscoa.

De facto, o tempo é para nós um desafio. Passa depressa, não temos tempo para nada. Ou será que nós é que andamos apressados, com um ritmo de vida desgastante, fechados dentro do tempo, como que aprisionados, evitando perguntar o que será de nós depois do tempo, o tempo dos nossos dias?

O tempo e a eternidade são duas margens separadas pelo rio silencioso que é a morte. O maior anseio humano é passar do tempo para fora do tempo: a eternidade. Para alcançar a outra margem temos apenas um caminho. Esta passagem é-nos oferecida por Aquele que é, Ele mesmo, Eternidade e Senhor do tempo: Deus. Oferece-nos Jesus Cristo, como ponte, pelo qual a eternidade se faz tempo – a Encarnação do Verbo de Deus –, e o tempo se faz eternidade – a humanidade divinizada no Mistério Pascal de Cristo. Natal e Páscoa são o mesmo acontecimento: Jesus Cristo. O Mistério, para S. Paulo, é Cristo (Ef 3,3). E o Mistério Pascal de Cristo é a Sua paixão, morte e ressurreição, num sentido estrito. Num sentido lato é a salvação da humanidade, a passagem da vida do pecado para a vida da graça, vivida na passagem de Cristo para o Pai.

Diz-nos Santo Agostinho, no Comentário ao Salmo 120: “Pessoas mais atentas e mais doutas descobriram que Páscoa é uma palavra hebraica, que não significa paixão, mas passagem. O Senhor passou, pela paixão, da morte à vida, e fez-se caminho dos que crêem na Sua Ressurreição, para que também nós passemos da morte à vida. Não é coisa de grande vulto crer que Cristo morreu. Isto também o crêem os pagãos, os judeus e os ímpios. Todos crêem que Cristo morreu. A fé dos cristãos consiste em crer na Ressurreição de Cristo. Consideramos coisa muito importante acreditar que Cristo ressuscitou. Foi então, quando passou, isto é, quando ressuscitou, que Ele quis deixar-se ver. Quis que acreditássemos n’Ele quando passou, porque foi entregue por causa dos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação”.

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Reflexões

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A Ressurreição de Cristo tem para nós uma revelação: Deus é o Deus da vida, ressuscita os mortos. Jesus aceita morrer, sendo fiel ao plano redentor de Deus Pai. E o Mistério da Redenção é um Mistério de Amor. Ao afirmarmos que Jesus ressuscitou, afirmamos que Deus é fiel. Quem confia em Deus, não fica desiludido. No Mistério Pascal de Cristo manifesta-se a revelação da Trindade. Ao mesmo tempo revela-nos que Cristo vive: uma vida que jamais perecerá: é uma vida plena, eterna. Revela que Jesus tinha razão: a Sua ressurreição confirma tudo quanto fez e disse. Por fim, a ressurreição de Cristo revela um sentido profundo para a nossa existência humana. Afirmar a Ressurreição de Cristo é afirmar que vivemos para morrer e ressuscitar como e com Jesus.

A Páscoa cristã que celebra a passagem de Cristo para o Pai, não nos fixa nos sofrimentos de Cristo. Como nos lembra o Santo Padre João Paulo II, na Carta À entrada no novo milénio, “a Igreja, na contemplação do rosto de Cristo não pode deter-se na imagem do Crucificado. Ele é o ressuscitado. Se assim não fosse, seria vã a nossa pregação e a nossa fé (cf. I Cor 15,14)”. É para Cristo ressuscitado que a Igreja olha. E é a partir de Cristo ressuscitado que a Igreja vive.

Amigo leitor, Santo Agostinho adverte que, tendo Cristo morrido e ressuscitado para nossa salvação, também nós passamos da morte à vida, na medida em que participamos do seu Mistério Pascal. Celebrar a Páscoa de Cristo é celebrar a festa da vida, a vitória da vida sobre a morte. Na morte de Cristo sepultamos o homem velho. Na Sua Ressurreição celebramos o homem novo, cujo tempo já não limita, porque vivemos no tempo para fora do tempo. A nossa morada é a casa do Pai. Celebrar a Páscoa é celebrar a glória de Deus e, no dizer de Santo Irineu, “a glória de Deus é o homem vivo”. E foi para que tu e eu vivêssemos que Cristo encarnou e entregou a vida na cruz. Por amor e só por amor. Uma boa Páscoa (passagem) para a outra margem. É possível viver, desde já, a eternidade no tempo. Não percas tempo, pois o tempo foge.

Pe. Pedro Viva

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Testemunho apresentado no encontro dos sacerdotesda diocese de Fátima em 6 de Dezembro de 2004

Escolher Deus como Tudo da vidaPor M. Lourdes Mac.Dowell

Bom dia a todos! Uma saudação muito especial ao Sr. Dom Serafim, a quem agradeço o convite para vos vir falar.

Em geral, quando venho aqui a Fátima, torna-se sempre muito viva a recordação de um momento muito especial que vivi em Lourdes, há muitos anos. Maria tem muito a ver com a minha história, com a minha vida! Não só porque pertenço à Obra de Maria – Movimento dos Focolares – mas também, porque desde a minha infância senti o seu amor especial de mãe, que me tem sempre acompanhado ao longo destes anos.

Poderia começar contando-vos um pouco desta minha experiência com Maria. Sou brasileira. Nasci em Recife, no Nordeste do Brasil, numa família muito numerosa; éramos 11 irmãos: 4 rapazes e 7 raparigas. Sou uma das mais novas. O facto de a minha mãe ter posto como primeiro nome de cada uma das raparigas “Maria” já demonstra o seu grande amor por Nossa Senhora. Portanto, chamo-me Maria de Lourdes.

A minha primeira recordação de um encontro especial com Maria foi aos 6 ou 7 anos. Tinha uma saúde muito frágil e recordo que, quando a minha mãe rezava as orações da noite com todos nós, pedia sempre a Nossa Senhora de Lourdes pela minha saúde. Naqueles momentos, tinha a impressão de que o seu olhar se pousava sobre mim.

Passaram-se alguns anos. Quando terminei o meu curso secundário e estava para ingressar na Faculdade, passava por uma grande crise existencial. Tinha então tudo aquilo que no mundo se pensa que possa dar felicidade: uma bela família, riquezas, a possibilidade de viajar, de me divertir... Tinha sempre boas notas nos estudos. Porém, nada me satisfazia, nada me preenchia. Sentia um grande vazio interior.

Embora a minha mãe fosse profundamente religiosa e cultivasse em nós o amor por Deus… sentia Deus muito distante; era um Ser superior que olhava para o mundo e para todos nós lá do alto. Surgiam dentro de mim muitas perguntas sobre o porquê da vida e do sofrimento. Pensei então em estudar Filosofia – que justamente indaga sobre os “porquês” –, para ver se encontrava alguma resposta. No início, estava empolgada com as

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Reflexões

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teorias dos grandes filósofos da Antiguidade, e depois também com as dos mais modernos. Tudo era uma descoberta, saciava o meu intelecto... Mas, pouco a pouco, comecei a ter uma grande decepção. Comecei a perceber que não poderia procurar a resposta para a minha vida nas teorias. Teorias tão diferentes e muitas vezes tão contrastantes... Onde estava a verdade? No mais íntimo de mim, sentia que só Deus – o criador da Vida – poderia dar a resposta. Mas Deus continuava um Ser distante, inatingível...

Foi nesta ocasião que tive o meu 2º encontro especial com Maria. Tinha então 20 anos. Estávamos em 1958, o ano do centenário das aparições de Lourdes. Com um grupo de amigas, tivemos ocasião de fazer uma viagem à Europa, e no itinerário estava incluída uma passagem por Lourdes. A primeira etapa foi justamente Portugal.

No início, a novidade de tudo o que encontrava, as obras de arte maravilhosas de pintura e escultura, os monumentos e igrejas nos mais variados estilos, tudo me fascinava. Mas, pouco a pouco, foi passando o entusiasmo inicial e, no fim do dia, depois de ter percorrido tantos museus e outros locais, restava só um grande cansaço. Encontrava-me novamente com um grande vazio interior.

No início de Setembro, chegámos a Lourdes. Tudo me falava do sacro daquele local. Ali na gruta, diante da imagem de Nossa Senhora, prostrei-me como uma filha diante da Mãe e pedi-lhe que me fizesse encontrar o sentido da minha vida. Depositei no seu coração, com grande confiança, a minha incessante busca.

Partimos depois para a Itália. Chegando a Roma, por uma providencial circunstância, encontrámos um sacerdote brasileiro que insistiu em nos fazer conhecer um Movimento novo que estava a surgir – o Movimento dos Focolares –, que naquela ocasião existia só na Itália e em poucos países da Europa. Por delicadeza, aceitámos o convite e uma jovem focolarina contou-nos brevemente a história das origens do Movimento e a sua finalidade. Senti que havia por trás das suas palavras algo de novo que me atraía embora não entendesse bem o que era.

Prosseguimos a nossa viagem turística. E mais tarde – durante quase um ano – ficámos em Inglaterra para aperfeiçoar o inglês. Dentro de mim permanecia muito viva a recordação daquele encontro em Roma.

Concluída a permanência em Londres, estávamos de partida para uma nova tournée turística, desta vez começando pelo norte, a Escandinávia. O programa estava feito. Ninguém deveria desistir. Na véspera da viagem,

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chegou-nos uma carta da Fiore, aquela focolarina com quem tínhamos estado em Roma. Se tivesse chegado um dia depois, não nos teria encontrado. Ela tinha feito, com mais uma focolarina e um focolarino, uma viagem ao Brasil, visitando inclusive o Recife. Lá, alguém que nos conhecia tinha-lhe dado o nosso endereço... Convidava-nos para a Mariápolis que se realizava anualmente em Trento, no norte da Itália, durante o Verão.

Percebi que as minhas amigas não se interessaram pelo convite. Dentro de mim sentia, porém, algo de muito forte que me impelia a ir. Não disse nada às outras e decidi que, quando chegasse à França, deixaria o grupo para ir àquele encontro...

Por alguns imprevistos na viagem, chegámos à França no fim de Agosto, justamente quando terminava a Mariápolis... Já não ia a tempo.

Sucedeu, então, algo de totalmente inesperado. Como acontecia em geral quando chegávamos a uma grande cidade, fomos ao consulado brasileiro ver se havia alguma correspondência. Grande surpresa: um cartão postal da Fiore comunicava que a Mariápolis se ia prolongar por mais 10 dias. Não havia dúvidas, Deus estava a perseguir-me! Decidi partir naquela mesma noite. Comuniquei às minhas companheiras. A reacção foi muito forte: uma loucura. Ir para um lugar desconhecido, sozinha... Renunciar a continuar aquela viagem turística, a conhecer ainda muitas coisas... Era mesmo uma loucura! Mas, para mim, a loucura maior seria continuar a girar pelo mundo sem ter ainda encontrado um sentido para minha vida... Estava decidida! Milagrosamente, consegui o visto para Itália no mesmo dia, alegando que era uma questão de “vida ou morte”! Quando me encontrei sozinha no comboio, era noite. Por um momento, assustei-me... Seria mesmo uma loucura?

Cheguei à Mariápolis no dia 1 de Setembro. Naquela altura, um ano antes, tinha feito aquele pedido a nossa Senhora de Lourdes. Ali, na Mariápolis, Cidade de Maria, ela dava-me a resposta: encontrava o sentido da vida. Encontrava, de um modo todo novo, Deus! Deus Amor! Foi uma descoberta que mudou totalmente o rumo da minha existência! Nos primeiros dias parecia-me ter mergulhado num outro mundo! Aquela paz, aquela alegria, aquela plenitude que encontrava entre todos e que se reflectia no rosto de cada um...

Mas onde é que tinha ido parar? Como seria possível? Centenas de pessoas de todas as idades e categorias, jovens, crianças, adultos, famílias... Que harmonia! Todos uma única família. O que estava na base da vida daquelas pessoas?

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Foram muitas as descobertas que fui fazendo no contacto com o Movimento e a sua espiritualidade. Descobri, por exemplo, o Evangelho, de um modo totalmente novo! O Evangelho, antes, para mim, era um livro sagrado, que narrava a história e a vida de Jesus. Mas narrava algo de muito distante, algo que tinha acontecido há 2000 anos atrás. Descobria, então, o quanto eram actuais e verdadeiras as Palavras do Evangelho, também para a época de hoje! Não eram só belas palavras pronunciadas por Jesus, que deviam ser lidas e meditadas, mas palavras que, se postas em práticas no dia-a-dia da minha existência, transmitiam a verdadeira Vida.

Operou-se em mim uma verdadeira revolução. Cada palavra do Evangelho apresentava-se com uma luz nova! Existia entre elas um denominador comum: o amor. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39). Nesta pequena palavra – “como” – encerrava-se um apelo fortíssimo a uma total mudança de mentalidade e de vida! “Como” a ti mesmo, não menos que a ti mesmo... Como estava distante desta realidade! Quanto os meus interesses estavam concentrados na minha pessoa! Comecei a tentar viver assim...

E uma outra frase deu-me um novo impulso: “Todas as vezes que fizestes isto a um dos menores dos meus irmãos, foi a Mim que o fizestes” (Mt 25, 40). Portanto, já não um amor platónico por Jesus, mas bem concreto, ali, em cada próximo que encontrava, Ele estava à espera do meu amor.

Estava muito habituada a classificar as pessoas e a agir em consequência: esta era simpática, aquela não... uma era interessante, culta... outra aborrecia-me com as suas conversas fúteis... Quantos preconceitos, quantas preferências! Agora, tudo mudava: devia tratar cada uma do mesmo modo, com todo o amor, com toda a atenção, como se fizesse ao próprio Jesus!

À medida que fui tentando fazer assim, experimentava uma grande alegria e plenitude! Sob o efeito desta nova luz do Carisma do Movimento, outra grande descoberta: “Nem todo o que Me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu” (Mt 7, 21).

Começava a entender que o amor a Deus não era um sentimentalismo, ou só belas palavras – “Amo-Te, adoro-Te”. Descobria, de um modo fortíssimo, que, para amá-Lo, devia fazer bem a Sua vontade em cada momento. Antes, para mim, a vida era como um móvel cheio de gavetas: tinha a gaveta dos estudos, que abria quando estudava e depois fechava; tinha a gaveta das diversões que abria para ir ao cinema, ou ao teatro, ou quando fazia

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desporto, e depois fechava. Entre as várias gavetas havia também a de Deus, da religião: quando ia à missa ou fazia uma oração, abria e fechava... Às vezes, esta gaveta era relegada apara o último lugar.

Desde então, Deus foi-Se tornando o personagem central da minha vida. Cada coisa que fazia por Ele, adquiria um sentido totalmente novo. Não mais uma vida monótona em que cada dia era como uma repetição dos mesmos hábitos. A vida tornava-se, toda ela, uma divina aventura. Não existiam coisas mais importantes ou menos importantes. A hierarquia das minhas preferências foi pelos ares. Gostava muito de estudar, de ler, dava portanto grande espaço aos meus livros... Estava habituada a que as empregadas me fizessem a cama, arrumassem o meu quarto... Agora, percebia que era também importante pôr em ordem as minhas coisas, estar atenta a ajudar os outros no que precisavam, mesmo nas coisas que antes achava insignificantes. Descobria que tudo o que é feito por amor é importante!

Outra descoberta fundamental foi a do momento presente! Estava muitas vezes presa a recordações ou preocupava-me demasiado com o futuro. Mas o passado e o futuro não me pertenciam, estavam nas mãos de Deus: “Vinde a Mim todos os que estais cansados de carregar o peso do vosso fardo e Eu vos darei descanso” (Mt 11, 28). Percebi que Ele me pedia para lançar n’Ele, com confiança, todas as preocupações! Procurando fazer assim, entregando a Deus – que descobria cada vez mais como Amor – o meu passado e o meu futuro, sentia uma liberdade toda nova, uma grande paz! Vivendo bem a Sua vontade do momento presente, mergulhava totalmente n’Ele, eterno presente!

Outra experiência particularmente forte nos primeiros contactos com a comunidade do Movimento, que vivia em profunda comunhão fazendo que tudo circulasse entre todos – bens materiais e espirituais –foi a impressão de reviver a vida dos primeiros cristãos que não estavam em relevo por fazerem grandes milagres, pregações eloquentes ou obras grandiosas. Distinguiam-se porque se amavam e tudo era posto em comum entre eles. “Vede – diziam os pagãos – como se amam. E convertiam-se”.

Descobria, então, o amor recíproco como o coração da mensagem de Cristo! É o mandamento por excelência, que Ele chama novo e seu: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei” (Jo 13, 34).

Quando veio à terra, Jesus trouxe-nos o estilo de vida que existe no Paraíso, na Trindade: o amor recíproco. As palavras do Pai-Nosso – “Assim na terra

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como nos Céus” – adquiriram para mim um significado completamente novo! Este novo estilo de vida exigia “antes de tudo, a mútua e contínua caridade”. Antes de tudo: até antes de ir à missa, antes de ir à comunhão, antes de tudo – “Se fores apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, vai primeiro fazer as pazes; depois, volta para apresentar a oferta” (Mt 5, 24). Era realmente algo de revolucionário, completamente fora dos esquemas da vida que eu levava antes. Procurando fazer assim, operou-se em mim uma profunda conversão!

No Seu mandamento Jesus diz: “Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13, 14). E, sobre a Cruz, Ele mesmo nos indica a medida deste amor. Ali, suspenso entre Céu e terra, no cume da dor e do amor, quando lança aquele tremendo e misterioso grito: “Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?” (Mt 27, 46) Naquele momento, Ele deu realmente tudo: obscureceu-se n’Ele até mesmo o sentimento da sua união com o Pai.

Descobria então como, na Cruz, no Seu abandono, Ele se manifesta como Amor infinito! Perde tudo, para nos dar tudo! Ele, o Omnipotente, poderia ter encontrado um outro modo de realizar a Redenção. Mas, por amor a cada um, portanto a mim, quis assumir em Si os limites da nossa condição humana e dar um significado às nossas fraquezas, sofrimentos, angústias, solidão. Foi a matéria-prima de que Ele Se serviu para a Redenção.

Para mim, pessoalmente, esta descoberta novíssima do significado da Cruz, da realidade de Jesus crucificado e abandonado – um dos pontos fundamentais da espiritualidade do Movimento – foi uma verdadeira fulguração! Naquele tremendo e misterioso grito, naquele “porquê”, encontrei a resposta a todos os meus porquês... Jesus fez-Se escuridão para me dar a Luz. Fez-Se angústia para me dar a Paz. Sentiu a solidão para me dar a companhia do Pai. A dor, a cruz, que antes se erguia como uma barreira entre mim e Deus, tornou-se a porta que abriu a minha alma para um encontro mais profundo, mais vital com Ele! Não mais um Deus distante, mas sim um Deus próximo, um Deus que desceu até mim!

Foi uma descoberta que transformou totalmente a minha vida! Tudo adquiriu um sentido novo! O sofrimento, que antes era algo do qual gostaria de fugir, tornou-se algo de muito precioso. E com o seu divino exemplo de total abandono – “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito” (Lc 23, 46) – Jesus ensinava-me como me comportar diante de cada dor, pequena ou grande, diante de cada circunstância, até a mais atroz e incompreensível.

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Quando tudo era escuridão e angústia, sem ver, sem entender, Ele continuou a acreditar no amor do Pai. Sublimou a dor com o amor!

Encontrava n’Ele a força para vencer a dor e, por amor, uni-la à Sua. Não mais permanecer suspensa na minha cruz, fechada na minha dor, mas dizer o meu sim e lançar-me fora a amar, fazendo a Sua vontade do momento presente, amando quem estava ao meu lado.

Percebia que os momentos mais dolorosos podiam, então, tornar-se os mais fecundos! Comecei, então, a experimentar que da cruz abraçada com amor jorrava uma alegria nova, uma grande paz, a plenitude do Ressuscitado. A cruz foi e é uma passagem para a Ressurreição! Experimentava o quanto é verdadeiro aquilo que diz Chiara Lubich – fundadora do Movimento dos Focolares – num seu pensamento: “Quando se lança generosamente sobre os braços da cruz, não se encontra tanto a dor, mas sim, Deus, o Amor!”

Se Jesus tinha dado a vida por mim, senti que, como resposta, também eu Lhe deveria dar tudo! Decidi escolhê-Lo como o Tudo da minha vida! Queria contribuir para a realização do Seu testamento: “Pai, que todos sejam um” (Jo 17, 21). Como sabemos, foi o seu último pedido ao Pai, feito pouco antes de morrer, e para a concretização do qual imolou a própria vida. E, assim, a unidade, a fraternidade universal, ideal que propõe o Movimento dos Folares, tornou-se também a meta da minha vida!

Para concluir: poderia contar-vos uma experiência de como Deus quis por à prova esta minha decisão. Com grande entusiasmo, estava a dar os primeiros passos nesta direcção, quando tive de fazer de urgência uma operação a uma hérnia discal. A operação não foi bem sucedida e encontrei-me imobilizada numa cama de hospital, numa grande suspensão... e, novamente, com muitos “porquês”. Iria recuperar? O que seria do meu futuro? Poderia seguir a estrada do Focolare?

De repente, entendi que, naquela cruz, naquela suspensão, era Ele, Aquele que queria escolher como meu Tudo, que vinha ao meu encontro... Parecia que Ele me dissesse: foi o Focolare que escolheste ou foi a mim? Entendi que o que importava era escolhê-Lo acima de tudo, até mesmo daquela que pensava ser a minha vocação... Era o momento de dizer o meu “sim” incondicionado a Ele, pronta para o que Ele quisesse de mim...

Foi um momento particularíssimo de encontro tu-a-tu com Deus, com o Seu Amor, que ficou impresso para sempre na minha alma! Depois, com o tempo, recuperei e pude seguir Jesus, na estrada do Focolare. Talvez Ele quisesse somente pôr à prova o meu amor...

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João Paulo II, coração sem fronteirasPor padre Jorge Manuel Faria Guarda

Após uma longa vida e um prolongado pontificado, finalmente, “o Papa vindo de longe” partiu para a Pátria que sempre desejou. A sua passagem, isto é, a sua páscoa, como é entendida a morte no sentido cristão, constitui ocasião para revermos a sua vida e colhermos dela a herança que nos deixa. João Paulo II revelou-se um homem de coração sem fronteiras, que trabalhou tenazmente para aproximar de Deus e entre si os homens e os povos. Nesse sentido, contribuiu eficazmente para derrubar várias barreiras existentes na humanidade.

A primeira é a que se interpõe entre o homem moderno e Deus. João Paulo II, desde o início do seu pontificado, não se cansou de repetir o apelo “não tenhais medo de abrir as portas a Cristo”. Pessoalmente, sentiu-se sempre muito próximo de Deus e seu mensageiro, como transparecia das suas atitudes. A forma como se situava e o tempo que dedicava à oração revelam muito bem a sua ligação profunda a Deus. Quem não recorda o longo tempo que passou em silêncio em Fátima diante da imagem da Virgem Maria, concentrado na comunhão com Deus, alheio à multidão e às câmaras televisivas que tornavam indiscretamente pública a sua oração?! O Pontífice apontava Deus aos homens como o seu horizonte infinito e Cristo como modelo a seguir e aquele que revela o homem a si mesmo. Pela fé em Cristo, o homem une-se a Deus e participa da sua vida eterna. Não conseguiu tudo o que neste sentido desejava, como aconteceu no que se refere à inserção do nome de Deus no Tratado Constitucional europeu. Houve, no entanto, o reconhecimento do valor cultural das tradições religiosas e espirituais.

Para João Paulo II, nada justifica que os homens não se aproximem entre si. Nada os deve manter separados: nem a religião, a ideologia ou a condição social, nem qualquer outra razão. O Papa polaco evidenciou bem que cada homem é único e tem direito à sua liberdade pessoal e a ser respeitado como pessoa, mas, ao mesmo tempo, não existe sem a solidariedade e o amor do próximo e a ele, sem a relação fraterna, tanto entre gerações como entre as diversas raças. Do empenho pela família à proximidade e afecto pelos jovens e pelas crianças, da estima e valorização dos doentes e idosos até à defesa dos pobres e das vítimas das injustiças e do terrorismo, o Pontífice não se cansou de trabalhar pela fraternidade entre todos os homens.

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Numerosas barreiras separam povos e blocos político-económicos. O Papa vindo do Leste europeu contribuiu decisivamente para derrubar o muro de Berlim, que dividia o mundo em dois blocos ideológicos contrapostos. Quanto se esforçou pelo reconhecimento, respeito mútuo e diálogo entre a civilização islâmica e a ocidental, de matriz cristã. O mesmo se diga entre os diversos mundos, do primeiro, que chegou a um grau elevado de bem-estar, ao quarto mundo, o da miséria extrema nos países ricos. João Paulo II trabalhou para fazer de todos os povos uma família universal, na justiça, na solidariedade e no acesso de cada um ao desenvolvimento e a condições de vida digna. Por isso, falou da globalização da caridade e lutou persistentemente pela paz mundial.

As Igrejas e as Religiões, apesar dos avanços positivos no último século, estavam ainda muito distantes e sem canais de comunicação entre si. João Paulo II empenhou-se incansavelmente na sua aproximação. Da visita à sinagoga de Roma ao encontro com jovens muçulmanos em Marrocos, das iniciativas pela paz em Assis às visitas a países de maioria ortodoxa, muçulmana ou hindú, da oração junto ao Muro das Lamentações em Jerusalém à entrada numa mesquita e aos encontros com diferentes líderes religiosos em muitas das suas viagens, foi enorme o trabalho pelo reconhecimento e respeito mútuos. Para este Papa do diálogo universal, as religiões não podem ser motivo de conflito e de divisão mas sim factores de paz.

No nosso tempo, a idade avançada e a doença atiram, frequentemente, as pessoas para a inutilidade e solidão. Muita gente ficou impressionada por João Paulo II não ter abandonado a sua missão, por falta de saúde. Não o fez, justificou, porque Jesus também não fugiu à cruz. Mesmo reconhecendo e gracejando com as limitações físicas, manteve-se fielmente na sua missão até que Deus o chamou para si. Desta forma, disse e mostrou a todo o mundo que a doença e a velhice não podem ser fronteiras que impeçam as pessoas de dar o seu contributo à humanidade. Este Papa testemunhou, com firmeza e nobreza, que toda a pessoa continua válida e mantém a sua dignidade humana, mesmo na doença e na velhice. A pessoa humana não vale apenas enquanto pode produzir e agir. O seu valor e dignidade derivam principalmente do seu ser e viver e não somente do seu fazer. Derruba-se assim um dos “mitos” da actual sociedade de bem-estar.

A memória dos actos negativos do passado da Igreja tem sido uma barreira na sua relação com a sociedade moderna. Muitos lhe relembram e reprovam tais actos como contra-testemunhos do Evangelho de Cristo. João Paulo II

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procurou purificar esta memória. As ocasiões foram muitas e os pedidos de perdão repetiram-se: do caso Galileu à participação na escravatura, das cruzadas às guerras religiosas. De todo o negativo, este Papa da reconciliação assumiu as responsabilidades da Igreja e por elas pediu perdão, em ordem a sarar as feridas do passado. Desta forma se esforçou por tirar do caminho as “pedras de escândalo” que impedem a Igreja de servir a humanidade como mensageira e instrumento de Jesus Cristo.

Em suma, a partir das suas profundas e firmes convicções cristãs, João Paulo II fez da sua missão um trabalho de verdadeiro “pontífice”, isto é, de construtor de pontes no coração dos homens com Deus, entre eles e entre os povos. O seu coração sem fronteiras levou-o a tornar-se ministro de aproximação entre pessoas, grupos e nações. A sua obra neste campo foi gigantesca, mas não conseguiu superar todas as divisões. A sua herança constitui uma sementeira que, esperamos, possa germinar e dar frutos sempre mais abundantes, com a colaboração de todos aqueles homens e mulheres, de qualquer credo ou nação, que, entretanto, se decidam a dar o próprio contributo na construção da fraternidade universal entre os homens. João Paulo II será seguramente seu protector e referência.

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