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Vera Lúcia do Amaral Psicologia da Educação DISCIPLINA A dinâmica dos grupos e o processo grupal Autora aula 10

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Vera Lúcia do Amaral

Psicologia da EducaçãoD I S C I P L I N A

A dinâmica dos grupos e o processo grupal

Autora

aula

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Aula 10  Psicologia da EducaçãoCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Secretaria de Educação a Distância- SEDIS

Coordenadora da Produção dos MateriaisMarta Maria Castanho Almeida Pernambuco

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima

Revisores de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJânio Gustavo BarbosaThalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisora das Normas da ABNT

Verônica Pinheiro da Silva

Revisoras de Língua Portuguesa

Janaina Tomaz CapistranoSandra Cristinne Xavier da Câmara

Revisora TipográficaNouraide Queiroz

IlustradoraCarolina Costa

Editoração de ImagensAdauto HarleyCarolina Costa

Diagramadores

Bruno de Souza MeloDimetrius de Carvalho Ferreira

Ivana LimaJohann Jean Evangelista de Melo

Adaptação para Módulo MatemáticoAndré Quintiliano Bezerra da SilvaKalinne Rayana Cavalcanti Pereira

Thaísa Maria Simplício Lemos

Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis

(Secretaria de Educação a Distância) - UFRNFotografias - Adauto HarleyStock.XCHG - www.sxc.hu

Amaral, Vera Lúcia do. Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.208 p.: il.

Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade: alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios de comunicação de massa.

1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didática. I. Título.

ISBN: 978-85-7273-370-0

CDU 159.9RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

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Apresentação

A té agora, discutimos a forma como a Psicologia estuda e descreve o indivíduo. Mesmo quando apresentamos e defendemos uma abordagem que trata desse indivíduo como um ser sócio-histórico, é sempre do indivíduo que estamos falando. A partir desta

aula, vamos começar a discutir um conjunto de temas que analisa o comportamento das pessoas na sua vida em grupos. Iniciaremos, então, conceituando os grupos sociais, como eles se constituem e qual a sua dinâmica.

ObjetivosConhecer os conceitos de instituição, de organização e de grupo.

Distinguir os tipos de grupos.

Distinguir os fenômenos que ocorrem na dinâmica de um grupo.

Conhecer os grupos operativos.

Conhecer algumas técnicas de trabalho em grupo para uso em sala de aula.

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Os estudos iniciais

Passamos a maior parte das nossas vidas convivendo em grupos. Seja a nossa família, seja o grupo de amigos, seja a turma do trabalho, estamos sempre compartilhando nosso cotidiano com outras pessoas. Já em 1919, um estudioso chamado Trotter

(1919-1953) definia o instinto gregário como um dos quatro instintos básicos do homem, sendo os outros: o instinto de autopreservação, o instinto de nutrição e o instinto sexual. O instinto gregário seria aquele que nos faria procurar sempre viver em grupos, como uma forma – conforme explicação darwiniana – de tornarmo-nos mais resistentes à seleção natural.

Para a Psicologia, o estudo dos grupos é um dos seus temas fundamentais, ao ponto de existir um ramo chamado Psicologia Social. A preocupação da Psicologia com o estudo dos grupos começa com os estudos da chamada Psicologia das Massas, que tentava compreender fenômenos coletivos. Na verdade, o início dessas preocupações ocorreu quando os psicólogos, ao se debruçarem sobre a Revolução Francesa, se perguntavam como era possível uma multidão de pessoas ser levada por um líder a comportamentos que muitas vezes colocavam em risco as suas próprias vidas. E assim buscavam saber que fenômeno era aquele capaz de possibilitar a um enorme grupo agir com tamanha coesão.

Figura 1 – A tomada da Bastilha, marco da Revolução Francesa

A referência clássica para essa discussão é o francês Gustave Le Bon (1841-1931), que publicou em 1895 um livro chamado “Psicologia das Massas”, o qual é reeditado até os dias atuais. Para Le Bom, havia uma ruptura profunda entre o fenômeno individual e o fenômeno coletivo, ao ponto de se poder falar de uma “psicologia das multidões” e de uma psicologia do indivíduo. A multidão é apresentada como uma espécie de ser unitário provido de características psicológicas próprias, de modo que os indivíduos que a compõem perdem suas características pessoais, sua autonomia, e passam a agir como uma espécie de “psiquismo coletivo”, muitas vezes, com comportamentos que o sujeito, quando fora da multidão, jamais teria. Há, pois, a perda da individualidade e a formação de um novo todo, que não é a soma das partes. Para Le Bom, isso se daria por três fatores: o sentimento de poder, o contágio mental e a sugestibilidade.

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Figura 2 – As manifestações nazistas: objeto de estudo da Psicologia das Massas

Freud também preocupou-se em estudar a questão dos grupos a partir das idéias de Le Bon. Em seu livro “A Psicologia das Massas e a análise do Eu” (1973), ele propõe que as massas também não podem ser pensadas como tendo uma forma única. Existiriam, então, as multidões efêmeras e as mais duradouras; as homogêneas, formadas por indivíduos semelhantes, e as não homogêneas; as primitivas e aquelas que possuem um alto grau de organização, que ele chama “massas artificiais”. Hoje, conhecemos esses grupamentos organizados e estruturados como “instituições”, como veremos a seguir.

Para Freud, não haveria uma mente grupal ou um “psiquismo coletivo”, como propunha Le Bon. Todos os comportamentos individuais dentro de uma multidão poderiam ser compreendidos a partir do psiquismo dos indivíduos, na medida em que os processos mentais se articulam desde cedo com a dimensão social da existência. As vinculações se dariam em dois eixos: um vertical, no qual os indivíduos se ligariam aos líderes, que encarnariam a figura primordial do chefe da tribo; e um eixo horizontal, no qual haveria uma ligação dos membros uns com os outros, de modo que os indivíduos imersos em uma multidão se sentiriam mais desenvoltos para assumir riscos.

Exemplos de atuações de massas podem ser observados historicamente, como o Nazi-fascismo; mas também na vida cotidiana, como as torcidas organizadas em estádios de futebol, ou mesmo protestos radicais, como as manifestações de “quebra-quebra” em transportes coletivos.

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As instituições, as organizações e os grupos

Retomemos agora a questão inicial: nossa vida cotidiana é marcada pela vida em grupo. Para que possamos viver em grupo, são necessárias certas regras, combinações e acertos. Tomemos como exemplo a rotina do nosso trabalho. Saímos de casa em uma

determinada hora e vamos a um ponto de ônibus. Sabemos que este passará em uma certa hora que nos permitirá estar no trabalho na hora precisa. Para que isso aconteça, ou seja, para

Procure recordar se você já participou de manifestações de massa. Se você não vivenciou manifestações desse tipo, seguramente, já assistiu a algumma nos jornais de TV ou em filmes. Descreva essa situação a seguir, relatando quais foram os seus sentimentos nesse momento.

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que nós tenhamos a tranqüilidade de esperar o ônibus sabendo que ele virá, foram necessários alguns acertos e combinações que, no caso, ocorreram sem que nós precisássemos intervir. Chegando ao trabalho, esperamos encontrar a porta aberta e o espaço organizado para que iniciemos nossas tarefas. Sabemos também que vamos encontrar os nossos colegas. Todos esses eventos acontecem a partir desses acertos implícitos, dessa regularidade, dessas normas, os quais nos permitem conviver em grupo. A isso chamamos institucionalização, ou seja, o estabelecimento de regularidades comportamentais que possibilitam o viver coletivo.

A institucionalização começa como um processo em que as pessoas vão, aos poucos, descobrindo qual a melhor forma, a mais rápida, a mais econômica, de desempenhar suas tarefas. Quando essa forma se repete muitas vezes, torna-se um hábito. Com o passar do tempo, com a transferência desse hábito para as gerações seguintes, começa a haver uma tradição que não exige mais questionamentos e, então, impõe-se por ser uma herança dos antepassados. Depois de muitas gerações, passamos a não nos dar conta do por que continuamos a fazer daquela forma, perdemos a referência de que a herdamos de nossos antepassados. Nesse momento, dizemos que a regra social foi institucionalizada.

A instituição é, pois, “um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e padrão ético para as pessoas em geral [...] é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais” (BOCK, 1999, p. 217).

Esse conjunto de regras e valores concretiza-se na sociedade em uma instância chamada organização. A organização pode ser complexa, como as empresas, ou mais simples, como um pequeno estabelecimento, uma entidade não governamental. De todas as maneiras, é onde vão se manter e reproduzir as instituições sociais, ou seja, é na organização que vamos dar vida ao conjunto de regras que estabelecemos para a convivência em grupo. Assim, tanto as instituições quanto as organizações somente existem em função de um conjunto de pessoas que reproduzem e, às vezes, reformulam as regras e os valores: o grupo.

Os autores definem grupo como sendo uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham normas e objetivos.

Figura 3 – Os grupos de idosos

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Tipos de grupos

Os grupos podem ser classificados como primários ou secundários. Os grupos primários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades básicas da pessoa e a formação de sua identidade. Caracterizam-se por fortes vínculos afetivos

interpessoais e uma hierarquização de poder. Um exemplo pode ser o grupo familiar.

Os grupos secundários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades sistêmicas ou de interesses de grandes grupos e classes. Sua identidade é construída pelo papel social que o indivíduo desempenha e o poder está centrado na capacidade e na ocupação social dos seus membros. Um exemplo de grupo funcional pode ser o grêmio estudantil ou os conselhos de classe de uma escola.

Assim, um conceito-síntese de grupo pode ser o proposto por Martín-Baró: “uma estrutura de vínculos e relações entre pessoas que canaliza em cada circunstância suas necessidades individuais e/ou interesses coletivos” (citado por MARTINS, 2003, p. 204).

Vamos tentar fazer a diferenciação entre institucionalização e organização. Tome como referência alguma organização que você conheça. Cite essa organização e liste alguns procedimentos institucionalizados que nela ocorrem.

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A dinâmica dos grupos

Um grupo é um todo dinâmico. Apesar de ser um conjunto de pessoas, não é simplesmente a soma dos participantes, o que significa que qualquer mudança que ocorra em um dos participantes vai interferir no estado do grupo como um todo. E

por estarmos sempre mudando é que o grupo é dinâmico.

Quando um grupo se estabelece, uma série de fenômenos passa a atuar sobre as pessoas individualmente e, conseqüentemente, sobre o grupo. É o chamado processo grupal. Vamos destacar alguns desses fenômenos:

1) coesão – significa o resultado da aderência do indivíduo ao grupo, a fidelidade aos seus objetivos e a unidade nas suas ações. Todo grupo só consegue sobreviver se mantiver uma atração entre seus membros, assim, faz-se necessário uma certa pressão entre os membros para que nele permaneçam. Um grupo, de acordo com suas características, pode apresentar uma maior ou menor coesão. Uma maior coesão geralmente é obtida quando o grupo observa que as finalidades estão sendo cumpridas e os resultados estão sendo obtidos. Quanto maior a coesão maior a satisfação dos membros e maior a produtividade. Isso pode ser claramente observado em um time de futebol. Quanto mais ele se reveste do sentimento de equipe, melhores são os resultados obtidos. E vice-versa: quanto melhores os resultados, mas aumenta a coesão do time.

2) padrões grupais – são as expectativas de comportamentos partilhados por parte dos membros do grupo. Esses padrões ou normas de comportamento são estabelecidos com a especificação de atitudes ou comportamentos desejáveis por parte dos membros. A partir disso, estabelece-se uma fiscalização por parte do grupo quanto ao cumprimento dessas normas, aplicando-se sanções aos que não as cumprem. Esses padrões muitas vezes não são explicitados, mas espera-se que o indivíduo ao ingressar no grupo os perceba. Por exemplo, não é necessário ressaltar para um membro de um grupo de jovens católico que ele deve comparecer à missa, pois isso está implícito.

3) motivações individuais e objetivos do grupo – são os elementos que estão relacionados com a escolha que cada indivíduo faz quando decide participar de um grupo e são importantes para garantir a adesão. Uma pessoa geralmente escolhe participar de um grupo a partir de suas motivações pessoais, sejam motivações referentes aos objetivos do grupo, sejam atrações exercidas por membros daquele grupo. É importante observar as respostas que o grupo dá a essas manifestações individuais, as quais até podem ser admitidas, desde que não interfiram nos objetivos centrais do grupo, que sempre prevalecerão. Quanto mais o grupo zela pela sua coesão, menos manifestações individuais serão toleradas. Uma manifestação individual que atente contra os objetivos do grupo serão punidas com a exclusão daquele membro.

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4) liderança – A habilidade do líder para motivar e influenciar o grupo produz efeitos na atmosfera deste. O grupo pode desenvolver-se em um clima democrático, autoritário ou relaxado, dependendo da vocação do grupo e de lideranças que viabilizem essa vocação. Assim, por exemplo, um grupo cujos membros acreditam que a melhor forma de organizar as relações é a autoritária, vai necessitar de um líder autoritário, que, por sua vez, reforçará a atmosfera autoritária dentro do grupo. Um dos grandes estudiosos da questão da liderança foi Kurt Lewin (1890-1974). Para ele, os grupos democráticos tinham mais eficiência a longo prazo, enquanto os autoritários tinham uma eficiência imediata. Como as decisões são centralizadas na figura do líder, os membros somente funcionam a partir de sua demanda e são, geralmente, cumpridores de tarefas. Já os grupos democráticos exigem maior participação de seus membros, que dividem as responsabilidades com a liderança. Isso torna a realização dos objetivos mais demorada, entretanto, mais duradoura.

Figura 4 – Os grupos de trabalho funcionam com dinâmicas própria.

Provavelmente, você faça parte de algum grupo. Se não, converse com alguém que esteja vinculado a algum. Analise sua própria participação, ou a de outra pessoa, e anote a seguir a avaliação que você fez do grupo com relação aos quatro itens descritos anteriormente.

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Os grupos operativos e a teoria do vínculo de Pichon-Rivière

O psiquiatra suíço-argentino Pichon Rivière (1907-1977) foi também um estudioso dos grupos. Ele desenvolveu uma nova abordagem, que resultou nos chamados grupos operativos. Para ele, o grupo é um conjunto restrito de pessoas, que, ligadas por

constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna, propõe-se, explícita ou implicitamente, a uma tarefa, que constitui sua finalidade. No entanto, não basta que haja um objetivo comum ou que tenha como finalidade uma tarefa, é preciso que essas pessoas façam parte de uma estrutura dinâmica chamada vínculo. Por exemplo, as pessoas que estão em uma sala de espera de um cinema estão reunidas no mesmo espaço durante o mesmo tempo, com o mesmo objetivo, mas não se constituem em um grupo. Há a necessidade de se vincularem e interagirem na busca de um objetivo comum, por isso, os princípios organizadores do grupo são o vínculo e a tarefa. A teoria do vínculo, portanto, parte do pressuposto de que o homem se revela e se estrutura por meio da ação, ou seja, do desempenho de papéis e do estabelecimento de vínculos.

Figura 5 – Pichon Rivière

Para Pichon Rivière, vínculo é “[...] a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com outro ou outros, criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento” (PICHÓN-RIVIÉRE, 1998, p. 3). É, assim, uma estrutura dinâmica, movida por motivações psicológicas, que rege todas as relações humanas.

Identificamos se o vínculo foi estabelecido, quando:

n somos internalizados pelo outro e a internalizamos também.

n ocorre uma mútua representação interna;

n a indiferença e o esquecimento deixam de existir na relação, passamos a pensar, a falar, a nos referir, a lembrar, a nos identificar, a refletir, a nos interessar, a nos complementar, a nos irritar, a competir, a discordar, a invejar, a admirar, a sonhar com o outro ou com o grupo.

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Tarefa, outro princípio organizador de grupo é um conceito que diz respeito ao modo pelo qual cada integrante do grupo interage a partir de suas próprias necessidades. Necessidades, que para Pichon-Rivière constituem-se em um pólo norteador de conduta: o processo de compartilhar necessidades em torno de objetivos comuns constitui a tarefa grupal. Nesse processo, emergem obstáculos de diversas naturezas: diferenças e necessidades pessoais e transferenciais, diferenças de conceitos e marcos referenciais e do conhecimento formal propriamente dito.

Num primeiro momento do funcionamento do grupo, há um bloqueio da atividade grupal em função das fantasias básicas universais do grupo as quais induzem à utilização de posturas defensivas que dificultam as mudanças de opinião. Nos momentos iniciais, quando o grupo parte para a execução da tarefa, é necessário que as ansiedades sejam explicitadas e resolvidas para, a partir daí, ocorrer a identificação e o estabelecimento do vínculo, configurando-se a relação grupal.

Para Pichon Rivière, um grupo opera melhor quando há em seu conjunto de pessoas pertinência, afiliação, centramento na tarefa, empatia, comunicação, cooperação e aprendizagem. A pertinência pode ser vista como a qualidade da intervenção de cada um no grupo; a afiliação é a intensidade do envolvimento do indivíduo no grupo; o centramento na tarefa é o eixo principal da cooperação, refere-se ao grau de interação com que um participante mantém o vínculo com o trabalho a ser efetuado, e avalia a dispersão e a realização de esforço útil do indivíduo; a empatia é o modo como o grupo pode ganhar força para operar cada vez mais significativamente; a comunicação é essencial para que haja entrosamento; a cooperação é o modo pelo qual o trabalho ganha qualidade e operatividade; a aprendizagem é o resultado do trabalho e deve ser essencialmente colaborativa.

A teoria do vínculo aplicada ao contexto do ensino propõe a quebra da polaridade professor-aluno. Ela introduz um terceiro elemento que deve ser considerado. O sujeito e o outro em interação se dão conta de que há um mundo inteiro em cada um, em interação contínua, que atinge também o nível inconsciente, produzindo imagens ilusórias e ansiedades que necessitam de testes de realidade para a sua elaboração. As dúvidas são compartilhadas e uma representação comum é construída criando condições para a solução surgir. Por exemplo, quando conheço alguém, me vem à lembrança outras pessoas que conheci nas mesmas circunstâncias. Assim, no encontro entre duas pessoas, sempre há um “terceiro”, que é esse outro que conheci, o qual, mesmo não estando presente fisicamente, está na lembrança. E essa lembrança pode ser perturbadora o suficiente para gerar na pessoa fantasias e ansiedades com relação a quem ela está encontrando agora. Posso imaginar que aquele tipo de olhar que vejo em quem encontro agora, me recordando o olhar daquele “outro”, é um olhar de hostilidade e, com isso, fico ansioso. Mas, imediatamente depois me dou conta de que essa pessoa de agora não é a mesma que conheci, ou seja, executo testes de realidade não tendo por que ter ansiedade. Se compartilho esses meus sentimentos com o outro e ele, por sua vez, compartilha comigo as suas ansiedades, criamos uma representação comum que estimula o vínculo.

Na aprendizagem centrada no estudante, os conceitos de papel e vínculo se entrecruzam e por isso é importante abordar tanto a estrutura do vínculo como os diversos papéis, os quais

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professor e aprendizes se atribuem. O papel é decisivo na situação do vínculo, é transitório e possui uma função determinada, que pode aparecer de forma específica e particular em uma determinada situação e em cada pessoa.

Observando-se como opera um grupo ao resolver uma determinada tarefa de aprendizagem, é possível compreender que se trata de um grupo operativo centrado na tarefa de dominar o problema e dar a ele uma solução.

Técnicas de trabalho em grupo

Compreender o funcionamento de um grupo também pode ser importante para a realização de dinâmicas em sala de aula. Certas técnicas, também chamadas de “dinâmicas de grupo”, são muitas vezes utilizadas para possibilitar a organização e a

criatividade na produção do conhecimento. Elas podem gerar um processo de aprendizagem mais coletivo e mais rico. Inúmeras são essas técnicas e vários são os manuais (são alguns deles: “Facilitando o trabalho com grupos”, de Eliane Poranga Costa (Editora Wak, 2003); “Intervenções grupais na Educação”, organizado por Stela Regina de Souza Fava (Editora Ágora, 2005); “Exercícios práticos de dinâmica de grupo”, de Silvio José Fritzen (Editora Vozes, 2001)) que as descrevem, no entanto, sempre que o professor optar por uma deve considerar alguns elementos, os quais descreveremos a seguir.

1) Objetivos – o professor deve ter clareza sobre o que quer com a técnica e deve pensá-la respeitando esses objetivos.

2) Ambiente – o espaço onde se desenvolverá a técnica deve ser adequado e pensado de modo a não inibir os participantes. Algumas técnicas podem ser percebidas como constrangedoras, por isso devem ser pensadas para serem executadas em ambientes fechados, por exemplo.

3) Duração – as técnicas devem ser pensadas com tempo determinado para seu início e fim.

4) Número de participantes – estar atento a quantas pessoas participarão é fundamental para pensar a técnica mais adequada e para providenciar os materiais necessários.

5) Materiais – os recursos necessários ao desenvolvimento da técnica podem ser os mais variados, desde o papel, lápis, tinta, som, até equipamentos mais complexos, como projetores multimídia, filmadoras, iluminação etc.

6) Perguntas e conclusões – o momento da síntese do que foi produzido permite resgatar a experiência e os sentimentos de cada um, bem como chegar a conclusões sobre o tema discutido.

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As técnicas de grupo podem servir para desinibir e diminuir a tensão da turma, para apresentação dos participantes, para integração do grupo, para capacitação e comunicação. A quantidade de técnicas já descritas é muito grande e vários são os manuais que as descrevem. A seguir, vamos apresentar exemplos de algumas técnicas.

1) Técnica do “método científico”

a) Apresentação do tema em uma palavra.

b) Divisão do quadro em partes iguais, com perguntas do tipo:

n o que queremos saber?

n o que pensamos?

n o que concluímos?

c) Apresentação e fixação, no quadro de giz, das questões chaves já preparadas anteriormente sobre o que queremos saber.

d) Oralmente, os participantes vão respondendo à segunda questão (o que pensamos?) e o professor as anota sinteticamente no quadro.

e) Faz-se a leitura de textos para comparar com as respostas dadas.

f) Oralmente, os participantes vão respondendo à terceira questão (o que concluímos?) e o professor anota as conclusões no quadro de forma sintética.

g) Cada participante deverá registrar as conclusões finais e guardá-las consigo para posteriores consultas.

2) Painel de Três

a) Dividir o grupo em três subgrupos: apresentador, opositor e assembléia.

b) O grupo apresentador expõe o tema, sem ser interrompido.

c) O grupo opositor anota aquilo com que não concorda e aquilo com que concorda, e, após o apresentador, expõe suas anotações.

d) A assembléia, que tudo ouviu e anotou, apresenta seu depoimento.

e) O professor conclui. Os textos finais devem, então, ser afixados no quadro.

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3) Brainstorm ou tempestade cerebral

a) Propõe-se um tema para discussão.

b) Solicita-se aos participantes que exponham todas as idéias, mesmo as aparentemente mais descabidas e absurdas, sobre o tema. As idéias devem ser expostas rapidamente, sem nenhuma censura.

c) O professor vai registrando no quadro todas as idéias que foram apresentadas, sem nenhum juízo crítico, e estimula sugestões de outras novas ou associados com alguma já apresentada, até que a turma sinta que não há mais nada a ser falado.

d) O professor convida a turma para fazer a seleção, a eliminação ou o aperfeiçoamento das idéias até que se chegue a um conjunto de idéias adequado ao tema proposto.

Essas são, como dissemos, apenas alguns exemplos de técnicas de grupo. Você pode e deve criar a sua de acordo com as necessidades de sua aula. Vamos experimentar?

Vamos imaginar que você está com dificuldades de fazer sua turma avançar de um conceito do senso comum para o conceito científico. Somente sua explicação em sala de aula não está sendo suficiente. Nesse caso, que tipo de técnica de grupo você poderia propor à turma? Explique-a a seguir.

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Resumo

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Auto-avaliaçãoAnalise uma escola como uma organização e destaque o que você pode observar de comportamentos institucionalizados que nela ocorrem.

Identifique e descreva grupos que podem ocorrer em uma escola.

Descreva os fenômenos que ocorrem na dinâmica de um grupo.

O que é a teoria do vínculo?

O que caracteriza o grupo operativo?

ReferênciasBOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.

FREUD, S. Psicologia de lãs masas y analisis del “yo”. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1973. Tomo III. (Obras completas).

LANE, S. T. O processo grupal. In: LANE, S. T.; CODO, W. (Orgs.). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 18-98.

Nesta aula, discutimos como surge a preocupação da Psicologia com o estudo de manifestações coletivas, resultando no que se conhece hoje como Psicologia Social. Vimos os conceitos de instituição, de organização e de grupo; e analisamos a dinâmica envolvida nesse último. Destacamos a teoria do vínculo e os grupos operativos e, por fim, apresentamos algumas técnicas das chamadas “dinâmicas de grupo”.

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LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1978.

MARTINS, Sueli Terezinha Ferreira. Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró. Psicol. Soc., Porto Alegre, v.15 n.1, jan./jun. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822003000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 02 ago. 2007.

PICHÓN-RIVIÉRE, Enrique. Teoria do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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Anotações

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