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Aldo Dantas Tásia Hortêncio de Lima Medeiros Introdução à Ciência Geográfica DISCIPLINA A Geografia vidaliana e o seu contexto Autores aula 10

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Aldo Dantas

Tásia Hortêncio de Lima Medeiros

Introdução à Ciência GeográficaD I S C I P L I N A

A Geografia vidaliana e o seu contexto

Autores

aula

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Aula 10  Introdução à Ciência GeográficaCopyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

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Dantas, Aldo.

Introdução à ciência geográfica: geografia / Aldo Dantas, Tásia Hortêncio de Lima Medeiros. –

Natal, RN : EDUFRN, 2008.

176 p.

1. Geografia – Brasil. 2. Geografia - teoria. 3. Geografia científica – Brasil. 4. Sociedade.

5. Prática pedagógica. I. Medeiros, Tásia Hortência de Lima. II. Título.

CDD 910RN/UF/BCZM 2008/35 CDU 918.1

Aula 10  Introdução à Ciência Geográfica 1

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Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Apresentação

Em meados do século XIX, a disputa entre a Prússia e a França se acirra, culminando na guerra de 1870. Dessa guerra, a França sai derrotada e perde o controle da Alsácia e da Lorena. Nesse período, a Geografia obtém grande desenvolvimento e, apoiada pelo

Estado, é implantada em todo o Ensino Básico, surgindo as primeiras cátedras e os institutos de Geografia. Até o advento da guerra, os estudos geográficos eram muito negligenciados pelos franceses, ao contrário da Prússia, que já contava com grandes nomes no ramo da ciência geográfica. Após terem sido derrotados, os franceses perceberam a importância do ensino da geografia e do desenvolvimento da pesquisa geográfica, como mostraremos no decorrer desta aula. Mesmo sendo derrotados pelos alemães, os franceses esforçaram-se para transferir para seu país o modelo de ensino adotado na Alemanha.

Caberá a Paul Vidal de la Blache a tarefa maior de implantação e institucionalização da Geografia francesa. Tomando como referência, as formulações de sábios alemães (Humboldt, Ritter, Ratzel), Vidal de la Blache elabora com originalidade a sua geografia e dá sustentação para a criação de Escola Francesa de Geografia, que irá, durante muito tempo, influenciar o desenvolvimento dessa área em várias partes do mundo.

Para construir o edifício teórico e metodológico da Geografia, Vidal de la Blache se embasará na idéia de totalidade, de “possibilismo”, de mapeamento das densidades e de gênero de vida.

ObjetivosCompreender o contexto em que a Geografia surge como ciência na França, influenciada pelo pensamento geográfico alemão.

Perceber a partir de que fenômenos Vidal de la Blache constrói os conceitos fundamentais para o desenvolvimento da Geografia francesa.

Apreender qual a importância de elementos e conceitos como totalidade, densidade, gênero de vida e possibilismo para a análise geográfica.

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Contexto geral

Para Vincent Berdoulay (grande especialista francês em história do pensamento geográfico), a Escola Francesa de Geografia, formada nas últimas décadas do século XIX e início do século XX, teve em Vidal de la Blache (1845-1918) o seu maior

elaborador e ocupa um lugar importante na história das idéias e das ciências. A formação dessa escola, como veremos, corresponde a um momento crucial do desenvolvimento do pensamento geográfico. Um dado importante é o fato da Geografia se desenvolver tanto como ciência como disciplina escolar no Ensino Básico, Médio e Superior.

A escola de Vidal de la Blache vai ter grande influência e considerável notoriedade no mundo até por volta dos anos 1950. Como veremos na aula 14 (Pierre Monbeig: o nascimento da Geografia científica no Brasil), o pensamento geográfico de Vidal de la Blache terá grande influência na implantação da Geografia no Brasil.

Como estamos fazendo até aqui, é importante elucidar, minimamente, o contexto geral em que se dá a implantação da Geografia na França. Para começar, esse é um período situado entre duas grandes crises: a guerra de 1870 (guerra franco-prussiana) e a primeira guerra mundial. É também um dos períodos cruciais na história da França, que corresponde à implantação de um novo regime político, a Terceira República, o qual implicará em novos ajustamentos de base ideológica e social. É uma época em que o interesse por questões geográficas se dissemina entre os círculos cultos e a população em geral. Ocorre aí um clamor generalizado a favor da acumulação de uma massa de informações sobre o globo e sobre o território nacional. A Geografia se instala de forma impressionante na universidade e nos programas de ensino primário e secundário.

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O desafio alemão

Na segunda metade do século XIX, a França e a Alemanha, no caso ainda a Prússia, disputam a hegemonia, no controle continental da Europa. Havia, entre estes dois países, um choque de interesses nacionais, uma disputa entre imperialismos. Tal situação culminou com a guerra franco-prussiana, em 1870, na qual a Prússia saiu vencedora. A França perde os territórios de Alsácia e Lorena, vitais para sua industrialização, pois neles se localizavam suas principais reservas de carvão. No contexto da guerra, caiu o Segundo Império de Luís Bonaparte, ocorreu o levante da Comuna de Paris, e, sob as suas ruínas, ergueu-se, com o beneplácito prussiano, a Terceira República francesa. Foi nesse período que a Geografia se desenvolveu. E se desenvolveu com apoio deliberado do Estado francês. Esta disciplina foi colocada em todas as séries do ensino básico, na reforma efetuada pela Terceira República. Foram criadas, nessa época, as cátedras e os institutos de Geografia.(MORAES, 1983, p. 63/64).

O resultado da guerra, ou seja, a derrota humilha profundamente grande parte da população francesa. A partir dessa derrota, a Alemanha aparece para os franceses como um desafio nos domínios político, intelectual e econômico.

Após a guerra, os franceses tomam, dolorosamente, a consciência da negligência com os conhecimentos geográficos que tinham até então. Constataram que o inimigo estava mais bem preparado no tocante ao conhecimento do território e descobriram, a duras penas, sua ignorância geográfica. Para eles, a superioridade militar e econômica da Alemanha derivara de seu grande desenvolvimento científico. Dessa forma, a Alemanha se constituía, ao mesmo tempo, em inimigo e exemplo a ser seguido.

Ignorância Geográfica

Essa ignorância geográfica pode ser observada em um relatório feito a pedido do governo francês, logo após a guerra, em que se chegou à conclusão de que os soldados e oficiais prussianos conheciam melhor o território francês do que eles mesmos.

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Vidal nasce no sul da França. Membro de uma família de professores e militares, seu pai, professor, deseja para o filho a mesma profissão, por isso o envia para um colégio interno em Paris onde teria melhores condições para fazer uma carreira brilhante. Na

Escola Normal Superior, onde estuda, se dedica, principalmente, aos estudos de história. Vai para Escola de Atenas, onde fica por três anos, e prepara sua tese sobre a Ásia Menor. Percorrendo a Turquia para preparação de seu trabalho, toma como guia a obra que Carl Ritter havia escrito sobre esse país. A partir desse contato inicial, passa a se dedicar aos estudos geográficos, tornando-se um dos grandes nomes dessa ciência.

Como vimos a pouco, a derrota de 1870 leva a França a uma política de promoção da Geografia que começa pelo ensino primário e secundário, seguido pelo seu desenvolvimento nas universidades e pela política de incentivo à criação de instituições geográficas. Vidal vai saber tirar proveito dessa situação.

Em 1875, é nomeado conferencista de Geografia da Universidade de Nancy; em 1880, torna-se subdiretor da Escola Normal Superior onde fica até 1898, ano em que vai para a Sorbonne.

Vidal foi um professor irrepreensível e um viajante incansável. Conheceu muito bem a França e a Europa, assim como boa parte do norte da África e da América do Norte. Produziu uma obra pouco volumosa, mas muito densa. Formou e incentivou os jovens que estavam à sua volta e que em boa parte se transformaram em grandes geógrafos.

Vidal, mesmo sendo original, nunca escondeu o quanto foi devedor aos mestres alemães, sobretudo Ritter e Ratzel.

O professor Vidal de La Blache

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Para ele, a Geografia deveria partir de uma idéia simples: explicar a desigual repartição dos homens sobre a superfície da Terra e suas densidades. Para tanto, deveríamos dar um tratamento cartográfico aos dados e considerar na análise os sinais expressos pela paisagem e a relação dos assentamentos humanos com o solo.

A geografia de Vidal de la BlacheVeremos aqui quatros aspectos importantes da Geografia vidaliana – a idéia de

totalidade, a questão das densidades e do trabalho de campo, os gêneros de vida e o possibilismo. Na aula seguinte, veremos especificamente a sua noção de região.

A influência de Ritter: a idéia de totalidadeVidal toma como ponto de partida para as suas reflexões geográficas a idéia de totalidade

desenvolvida por Ritter, entretanto, ele vê nessa idéia um convite para a análise de relações complexas e das conexões entre os diversos fenômenos e não um chamamento à reflexão sobre o destino do mundo e da humanidade, como era a preocupação de Ritrter. Veja no texto a seguir um trecho do próprio Vidal sobre esse ponto.

A idéia de que a Terra é um todo, cujas partes estão coordenadas, fornece à Geografia um princípio de método cuja fecundidade aparece melhor à medida que amplia a sua aplicação. Se nada existe isoladamente no organismo terrestre, se por toda parte repercute leis gerais de modo que não se pode tocar em uma parte sem provocar encadeamentos de causa e efeito, a tarefa do geógrafo toma um caráter diferente daquele que lhe é atribuído. Qualquer que seja a fração da Terra que ele estude, ele não pode aí se fechar. Um elemento geral se introduz em toda pesquisa local. Não existe, efetivamente, região cuja fisionomia não dependa de influências múltiplas e longínquas da qual importa determinar o foco. Cada região age imediatamente sobre sua vizinha e é influenciada por ela. (VIDAL DE LA BLACHE, 1896, p.122)

Os mapas de densidade e o trabalho de campoUm dos pontos importantes para os estudos da Geografia vidaliana eram as cartas de

densidade. Para ele, essas cartas colocavam o problema fundamental de toda a Geografia humana: aquele das relações que os grupos humanos estabelecem com os lugares onde vivem e com o seu entorno.

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Dessa forma, a Geografia deve analisar e explicar as relações entre os grupos humanos e o meio ambiente onde moram. Nesse sentido, a tarefa mais importante dela é estudar e explicar os mapas de densidades, porque eles dão uma idéia clara dessas relações.

A prática vidaliana do trabalho de campo é indissociável de suas pesquisas e de sua compreensão de Geografia. O campo, em certa medida, deve substituir o livro, o texto e, até mesmo, o arquivo histórico. Ele adquire um valor heurístico fundamental, visto que constitui o substrato no qual se lê a relação homem/meio e que vai se transformar na problemática explícita da Geografia humana francesa. Assim sendo, as manifestações elementares da vida, as formas de trabalho, de deslocamentos, de habitat, de vestuário, observados no campo, são consideradas como sinais das interações entre as sociedades locais e o meio.

O gênero de vidaAo abordar a relação entre o meio e a ação humana, Vidal de la Blache, considerava

que o meio é uma força viva, que tem movimento próprio e regras de conexão que escapam à intervenção humana. Por outro lado, a ação do homem tem grande capacidade de transformação. O conjunto das ações e as formas através das quais os homens tiram proveito das possibilidades oferecidas pela natureza é dada pela diversidade dos gêneros de vida. A noção de gênero de vida permite à análise geográfica vidaliana compreender as relações que os homens tecem com o seu meio. Relações que são estabelecidas pelas técnicas, pelas formas de trabalho, pelas formas de habitação, pela cultura etc.

No seu entendimento, como os grupos humanos, necessariamente, têm que se adaptarem (se defrontarem, estabelecerem relações com as condições ambientais), essa adaptação se traduz na adoção de um modo de vida, de um gênero de vida: caça, pesca, criação de bovinos, ovelhas, suínos, cavalos, agricultura etc.

O estabelecimento do gênero de vida seria a ação humana destinada a extrair do meio ambiente o que se necessita para comer, vestir-se, proteger-se do vento, da chuva, do frio e a forma como dispor de ferramentas diversas. O gênero de vida aparece como um conjunto de técnicas e hábitos.

Para o mestre francês, a adaptação de um grupo humano a um meio ambiente específico dependia:

1. das técnicas produtivas e da possibilidade de inventar novas técnicas;

2. da capacidade da tradição em transmitir, para gerações futuras, as técnicas produtivas;

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3. das técnicas de transporte e da possibilidade de desenvolver trocas com grupos de localidade diversa;

4. da força do hábito.

O possibilismoO possibilismo é comumente reduzido à seguinte idéia: a natureza propõe, o homem

dispõe. Esta é, sem dúvida, a noção mais conhecida para definir a abordagem das relações homem/meio da escola francesa de Geografia e, em particular, de seu fundador Paul Vidal de la Blache. No entanto, o autor desse neologismo não é Vidal de la Blache e sim o historiador Lucien Febvre, em seu livro A terra e a evolução humana. Nesse livro, Febvre, inspirado nas elaborações de Vidal de la Blache, faz deste a referência para os “possibilistas” em oposição aos “deterministas” e se arroga o papel de encarnar o espírito da escola francesa de Geografia.

O possibilismo constituiria-se, assim, numa alternativa ao determinismo do meio físico na análise das relações que o homem mantém com esse meio. O possibilismo é a rejeição à idéia de que o homem é, antes de tudo, passivo, submisso às condições locais e constrangido a se adaptar.

Na análise vidalina a compreensão das relações homem/meio se dá em toda sua complexidade, dando relevante atenção às iniciativas humanas transformadoras da natureza. Sua posição é frontalmente anti-determinista, ou seja, contrário ao determinismo, mas considera que o homem sofre influências do meio no sentido de que existe uma diferenciação natural frente à qual o homem se depara e que em cada meio dado a natureza apresenta um conjunto de possibilidades, com limites próprios e que é em função dos dados históricos, culturais e técnicos que algumas dessas possibilidades serão exploradas pelos seus habitantes.

Uma individualidade geográfica não resulta da simples consideração da geologia e do clima. Isso não é uma coisa dada de antemão pela natureza. É preciso partir da idéia de que uma região é um reservatório onde dormem energias na qual a natureza depositou o germe, mas cujo emprego depende do homem. É ele quem, ao submetê-las ao seu uso, traz à luz sua individualidade. Ele estabelece uma conexão entre os traços dispersos; aos efeitos incoerentes de circunstâncias locais ele substitui um concurso sistemático de forças. É só então que uma região se precisa e se diferencia e transforma-se, por extensão, numa medalha cunhada à esfinge de um povo. (VIDAL DE LA BLACHE, 1979, p.8)

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Em que circunstâncias se institucionalizou a Geografia francesa?

Em que medida podemos dizer que a Geografia francesa é fruto do desenvolvimento da Geografia alemã, sua maior rival?

Os principais elementos constitutivos do pensamento vidaliano são: totalidade, densidade, gênero de vida e possibilismo. Elabore um pequeno texto mostrando como poderíamos utilizar esses elementos numa análise geográfica atual.

Leitura complementarBERDOULAY, Vincent. La formnation de l’école française de géographie. Paris: CTHS, 1995.

Excelente livro para quem se interessa pelo pensamento geográfico francês, especialmente pelo período de sua institucionalização e a influência do pensamento de Vidal na constituição da Geografia francesa. Obra que analisa o contexto histórico e intelectual da emergência da Geografia na França, assim como se estruturou o seu conjunto conceitual e epistemológico. Infelizmente não existe nenhuma tradução desta obra para o português nem mesmo para o espanhol.

CLAVAL, Paul. Histoire de la Géograhie française de 1��0 à nos jour. Paris: NATHAN, 1998.

Indiscutivelmente o livro mais abrangente sobre a história da Geografia francesa, desde sua institucionalização. O livro traça a história da disciplina, de suas interrogações, de suas crises e de seu enriquecimento ao longo dos anos. Infelizmente, como a obra anterior, não existem traduções deste livro para o português nem para o espanhol.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: HUCITEC, 1983.

Já indicamos este livro na aula 9 (A Geografia ratzeliana e seu contexto); para esta aula, veja especialmente o capítulo 6.

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Resumo

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SILVA, Aldo A. D. da. A idéia de conexidade em Vidal de la Blache. In: SILVA, Aldo; GALENO, Alex (Org.). Geografia ciência do complexus. Porto Alegre: Sulina, 2004.

Coletânea de textos inspirados no pensamento complexo de Edgard Morin e na idéia de transdisciplinaridade, na qual a Geografia é o centro propulsor. O texto de Silva faz uma boa análise da obra de Vidal de la Blache, principalmente no tocante aos princípios da Geografia humana.

Esta aula mostra como, a partir da derrota sofrida pela França frente à Alemanha em 1870, a Geografia obtém grande impulso no ensino francês. Mostra também que Paul Vidal de La Blache é o grande nome da Geografia francesa desse período e é quem desenvolverá os elementos constitutivos da análise geográfica da Escola Francesa de Geografia. Para esse mestre francês, a Geografia deveria ter como base para sua análise noções como totalidade, densidade, gênero de vida e possibilismo.

Auto-avaliaçãoRetome as suas respostas às questões propostas na atividade desta aula. Verifique se você conseguiu relacionar o contexto histórico com o desenvolvimento da Geografia na França.

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Perceba que, na verdade, a Geografia francesa nasce de uma ambigüidade: ela tem no seu maior inimigo seu maior exemplo. Na resposta à questão três, os elementos a serem considerados diz respeito ao fato de que para Vidal o homem é um ser dotado de iniciativa face ao meio; o meio é modificado em função da adaptação e da ação do homem (essa adaptação e ação dependem do momento histórico de cada sociedade, de sua cultura e do grau de desenvolvimento tecnológico); a idéia de totalidade poderia, muito bem, nos ajudar

hoje a pensar dois fenômenos: a globalização e o aquecimento global.

Verifique se as suas respostas contemplam os elementos elencados anteriormente; em seguida elabore um pequeno texto sobre globalização e aquecimento global tomando por base a idéia de totalidade.

ReferênciasANDRADE, Manuel Correia. Geografia, ciência da sociedade: uma introdução à análise do pensamento geográfico. Recife: Editora Universitária/UFPE, 2006.

CLAVAL, Paul. Histoire de la Gèogaphie. Paris: PUF, 1995.

MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: HUCITEC, 1983.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Le principe de la géographie générale. Annales de Géographie, v. 5, n. 20, p. 122-142, 1896.

VIDAL DE LA BLACHE, Paul. Tableau de la géographie de la France. Paris: Tallandier, 1979.

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Anotações

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Anotações

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Ementa

n Aldo Dantas

n Tásia Hortêncio de Lima Medeiros

A construção do conhecimento geográfico. A institucionalização da geografia como ciência. As escolas do pensamento geográfico. A relação sociedade/natureza na ciência geográfica. O pensamento geográfico e seu reflexo no ensino. A geografia brasileira. Atividades práticas voltadas para a aplicação no ensino.

Introdução à Ciência Geográfica – GEOGRAFIA

Autores

Aulas

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01 O saber geográfico

02 A ação humana

03 A Geografia na Antiguidade

04 A Geografia na Idade Média

05 Os tempos modernos

06 Espaço e modernidade

07 A institucionalização da Geografia

08 A Geografia de Humboldt e Ritter

09 A Geografia ratzeliana e seu contexto

10 A Geografia vidaliana e o seu contexto

11 A abordagem regional vidaliana

12 Os movimentos de renovação

13 A institucionalização da Geografia no Brasil

14 O nascimento da Geografia científica no Brasil

15 Milton Santos: o filósofo da técnica