DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013-06-14 · 1.2 PROFESSOR PDE – Ana Cristina de Oliveira...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
ANA CRISTINA DE OLIVEIRA TOINKO
UNIDADE DIDÁTICA
CURITIBA 2010
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ANA CRISTINA DE OLIVEIRA TOINKO
UNIDADE DIDÁTICA
CURITIBA 2010
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SUMÁRIO
IDENTIFICAÇÃO........................................................................................................ 4 TEMA.......................................................................................................................... 4 TÍTULO....................................................................................................................... 4 CONTEÚDOS BÁSICOS........................................................................................... 4 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 4 OBJETIVOS............................................................................................................... 5 ATIVIDADES.............................................................................................................. 5 ANEXOS.................................................................................................................... 14
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1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 ÁREA – Língua Portuguesa
1.2 PROFESSOR PDE – Ana Cristina de Oliveira Toinko
1.3 PROFESSOR ORIENTADOR – Prof. Dr. Altair Pivovar
1.4 IES – Universidade Federal do Paraná - UFPR
1.5 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO – Colégio Estadual Professor Luiz Carlos
de Paula e Souza. Ensino Fundamental, Médio, Profissional.
1.6 PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO – 5ª série do Ensino Fundamental
.
2. TEMA
Ensino e Aprendizagem de Leitura
3. TÍTULO
―Ler: conhecer o passado, entender o presente, projetar o futuro‖
4. CONTEÚDOS BÁSICOS
Leitura, Oralidade e Escrita
5. INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido tendo em vista o contexto atual da escola
pública e como se desenvolve o trabalho com a leitura e seus avanços.
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É nos processos educativos que o estudante tem a oportunidade de
aprimoramento de sua competência lingüística de forma a adquirir condições
de participar ativamente da sociedade.
Esta Unidade Didática trata do ensino da leitura e seu desenvolvimento com
alunos de 5 ª série do Ensino Fundamental.
6. OBJETIVOS
As atividades que serão propostas têm como objetivos:
a) romper com a forma artificial instituída em sala de aula quanto à leitura;
b) propiciar ao aluno condições de compreender o texto que lhe for
proposto;
c) identificar qual o gênero de texto que o aluno de 5ª série sente interesse
em ler;
d) despertar o interesse e curiosidade para que busquem
espontaneamente a leitura
7. ATIVIDADES
Nesta unidade, iremos realizar várias atividades a partir da leitura do conto ―A
carteira‖, de Machado de Assis.
Antes de iniciar a leitura deste conto vamos nos reunir em grupo com dois ou
três componentes para podermos realizar as atividades propostas.
Texto original:
A Carteira – Machado de Assis
…DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira.
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Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém
o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer,
lhe disse rindo:
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
— É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório
tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira
trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição
de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas,
segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família
excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher,
que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta
cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro.
Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos
empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a
crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão
perpétuo, uma voragem.
— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C…,
advogado e familiar da casa.
— Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e
constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, cm
que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que
ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam
mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou
maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se
nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as
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noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e
quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava
muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou
jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de
quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o
que era.
— Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria.
Mas as esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias
melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com, trinta e
quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca
a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou emprestado, para pagar mal, e a
más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis
de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora;
e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma
palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo.
Eram cinco horas da tarde.
Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada.
Ao enfiar pela Rua. da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a,
meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando,
andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes,
— enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua
Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco
de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e
encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia
não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta
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era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia
utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não
sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura.Podia lançar mão do
dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?
Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que
devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe
dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a
ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a
tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas
com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito
dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de
cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil réis ou mais; quando menos,
seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas
urgentes.Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar,
e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira,
e com medo de a perder, tornou a guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o
dinheiro. Contar para quê? era dele? Afinal venceu-se e contou: eram
setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio.Ninguém viu, ninguém
soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo… Honório teve
pena de não crer nos anjos…
Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava,
passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado,
restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.
―Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do
dinheiro,‖ pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu,
bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome;
era do Gustavo. Mas então, a carteira?… Examinou-a por fora, e pareceu-lhe
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efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dous cartões, mais três,
mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar
um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de
um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas.
Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então
reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade
ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
―Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer.‖
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a
própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe
faltava alguma cousa.
— Nada.
— Nada?
— Por quê?
— Mete a mão no bolso; não te falta nada?
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso.
— Sabes se alguém a achou?
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o
amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta
luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o
outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.
— Mas conheceste-a?
— Não; achei os teus bilhetes de visita.
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Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar.
Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos
bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e
estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil
pedaços: era um bilhetinho de amor.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br (acesso em 08 de junho de
2010)
Sequência de atividades propostas a partir do conto ―A carteira‖:
a) Inicialmente o professor irá contextualizar os personagens utilizando
para isso bonecos com diferentes expressões fisionômicas. Ao
mencionar os personagens e suas características ele monta um cenário
capaz de dar elementos para que o aluno situe os personagens. Para
tanto o texto inicial criado para este fim é: ―Num dia comum com
muitas nuvens e aparentando que choveria, em meio a grande
movimentação urbana, caminhava despercebido entre a multidão,
Honório, um homem que parece ter grandes angústias,
considerando seu semblante ansioso. Um homem com boa
aparência, bem vestido...................
b) Cada grupo receberá um trecho do conto, e inicialmente realizará sua
leitura. Na Sequência eles irão produzir o parágrafo anterior visando
despertar sua curiosidade e atentá-los para os detalhes que cada
fragmento apresenta;
c) Após todas as equipes entregarem suas respectivas produções o
professor organizará a sequência dos parágrafos produzidos pelos
alunos no quadro. Nesta etapa da atividade não serão entregues para os
alunos o primeiro e último parágrafo, pois serão abordados no decorrer
da atividade;
d) Em seguida o professor colocará no quadro o texto original logo acima
dos parágrafos produzidos pelos alunos. A intenção nesta etapa da
atividade é provocar no aluno o interesse em voltar ao texto original e
observar os detalhes que não foram considerados. Portanto cabe ao
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professor instigar os alunos a comparar, indicar semelhanças e
diferenças nos textos produzidos por eles com o texto original sem a
intenção de correção e sim provocando o aluno a ler de forma diferente;
e) O parágrafo a ser trabalhado nesta atividade é a cena em que Honório
chega em casa:
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a
própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo
se lhe faltava alguma cousa.
— Nada.
— Nada?
— Por quê?
— Mete a mão no bolso; não te falta nada?
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes
se alguém a achou?
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo.
Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta
luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e,
como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações
precisas.
— Mas conheceste-a?
— Não; achei os teus bilhetes de visita.
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar.
Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos,
tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o
a D. Amélia......
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O professor irá entregar para cada grupo um quadro a ser preenchido com os
personagens que compõe esta cena. Nesta atividade espera-se que o aluno
perceba os sinais presentes nas expressões fisionômicas que aparecem no
texto para que possam, a partir disso, construir o desfecho do conto. Serão
entregues para os grupos os desenhos com os rostos dos personagens com
diferentes expressões como nervoso, triste, bravo, ansioso, para que eles
escolham e colem no quadro acima do corpo de cada personagem compondo
desta maneira a cena. Os desenhos e quadro farão parte do anexo deste
material;
f) Após comporem a cena os alunos irão criar o desfecho do conto,
produzindo o texto do bilhete. O professor irá recolher todos os bilhetes
produzidos e juntará a eles o final do conto original. O professor
realizará a leitura em voz alta para a turma e esta elegerá quais os finais
são mais coerentes. É importante ressaltar que para que o aluno
produza desfecho ele terá que retornar ao texto, realizando novas
leituras para buscar informações suficientes para produzir o seu texto.
Em todas as etapas da atividade o aluno retornará ao texto para buscar
informações para fundamentar suas opções de escrita. A leitura é realizada de
maneira natural sem que ele a realize apenas para atender uma solicitação, e
sim por seu interesse, que foi provocado pelas propostas de atividades.
Cabe ao professor salientar que a intenção não é estabelecer qual é o certo ou
errado, mas levar o aluno a buscar respostas e acima de tudo ver significado
no que estiver lendo, atender a uma necessidade sua e não apenas solicitação
do professor.
Para ler e compreender o que lê, os alunos precisam ser capazes de
estabelecer relações entre elementos do próprio texto e a deduzir informações
que não estão escritas, lendo nas entrelinhas. Atualmente, nossos educandos
demonstram grande fragilidade nessas habilidades, e, para desenvolvê-las,
além de terem contato com uma diversidade de gêneros textuais e autores,
precisam contar com a mediação dos professores, aos quais cabe desenvolver
estratégias para levá-los a extrair o máximo de informações do texto e adquirir
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autonomia nesse processo. Para tanto é necessário o professor conduzir esta
leitura de forma a instigar sua curiosidade e conduzi-los neste processo de
forma natural.
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Anexos:
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