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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
DIFICULDADES, POSSIBILIDADES E AS METODOLOGIAS DE ENSINO DA
DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Autor: Marcia de Lourdes Roman1
Orientador: Carmem Helisa Henn Brandl2
Resumo
A dança na Educação Física Escolar assume fundamental importância na expressão corporal, atividade em que o aluno, no seu desenvolvimento, vivencia formas de movimento e de grau de complexidade que contribuem para o conhecimento corporal, cultural, social e psicológico. No entanto, no desenvolvimento das aulas, o esporte é priorizado, enquanto a dança é vivenciada apenas nas comemorações artísticas da escola. Considerando a dificuldade de trabalhar a dança, em que todos os alunos a reconheçam como um conteúdo interessante e importante dentro da cultura corporal, se objetivou o estudo de identificar quais são as dificuldades, as possibilidades e as metodologias de ensino que podem favorecer a inclusão da dança como um conteúdo estruturante necessário nas aulas de Educação Física. Foram desenvolvidos estudos de pesquisa em um estabelecimento da rede pública de ensino em um município da região Oeste do Estado do Paraná, através da técnica de coleta de dados por meio de questionário, aplicado em turmas de 7ª série do Ensino Fundamental matutino e uma entrevista realizada com professores de cinco escolas, sendo um professor de cada escola da zona urbana da mesma cidade. Os dados levantados apresentam a dança como um conteúdo pouco vivenciado no cotidiano das aulas de Educação Física, no que se refere aos alunos a dança é um conteúdo importante e aceitável. Em relação aos professores, reconhecem a importância deste conteúdo mas apontam vários motivos que dificultam a prática da dança no cotidiano das aulas. Conclui-se que há várias possibilidades e metodologias que nos ajudam a incluir a dança, mas que exige estudo e tempo para a organização e sua aplicação.
Palavras-chave: Educação Física; Dança; Exclusão.
1 Introdução
O processo de legitimação da Educação Física passa por vários momentos
desde a sua implantação nas escolas no início do século XX. Surgiu como ginástica
1 Pós -graduada em Didática e Metodologia de Ensino/UNOPAR. Graduada pela Faculdade de Ciências Humanas de Marechal Cândido Rondon. Professora de Educação Física da Escola Estadual Guimarães Rosa.
2 Doutora em Educação Física/Pedagogia do Movimento. UNICAMP/FEF. Docente do Curso de Educação Física na Universidade do Oeste do Paraná/UNIOESTE, campos de Marechal Cândido Rondon. Pesquisadora e e líder do GEPEFE.
e, depois, como Educação Física, servindo a interesses médicos, militares e a
técnicas esportivas. As leis que a regulamentavam também sofreram transformações
no decorrer do século, mediante as tendências que marcaram esse período.
Segundo Guiraldelli Jr. (1989), esse período foi marcado pelas tendências
higienista até 1930, militarista de 1930 a 1945, a pedagogicista de 1945 a 1964 e a
competitivista após 1964.
Como disciplina escolar, influenciada por modelos europeus, a Educação
Física higienista busca a formação de homens e de mulheres fortes e saudáveis,
adotando um programa de ginástica e disciplinando hábitos que não deteriorassem a
saúde.
Seguindo essa linha, Guiraldelli Jr. pontua que a Educação Física militarista,
além do preparo físico, objetivava a formação do “[...] cidadão soldado capaz de
obedecer cegamente e de servir de exemplo para o restante da juventude pela sua
bravura e coragem, eliminando os fracos e premiando os fortes” (p.18).
Ao contrário das tendências acima, a Educação Física pedagogicista faz a
sociedade pensar que essa disciplina não pode ser somente uma “[...] prática capaz
de promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física
como uma prática eminentemente educativa” (Guiraldelli Jr, 1989: 19).
Na Educação Física competitivista, as práticas esportivas são amplamente
difundidas. No caso, o desporto privilegiando a técnica dos movimentos ganha
destaque, com o treinamento desportivo em que o “[...] objetivo fundamental é a
caracterização da competição e da superação individual como valores fundamentais
e desejados para uma sociedade moderna” (p. 20).
A partir da década de 1980, essa tendência foi contestada pelo mundo
acadêmico, valorizando a Educação Física como área do conhecimento que busca
na cultura corporal trabalhar os conteúdos básicos como: esporte, dança, ginástica,
lutas, jogos e brincadeiras, de forma que o conhecimento se construa através do
reconhecimento do próprio corpo, da expressão corporal, das técnicas próprias dos
conteúdos e da reflexão sobre o movimento corporal (PARANÁ, 2008).
Podemos dizer que, em função dessa busca pela identidade da Educação
Física, surgiram muitas concepções:
Atualmente, coexistem na área da Educação Física várias concepções, todas elas tendo em comum a tentativa de romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional. São elas, Humanista, Fenomenológica, Psicomotricidade, baseada nos Jogos Cooperativos, Cultural, Desenvolvimentista, Interacioista-construtivista, Crítico-superadora, Sistêmica, Critico-emancipatória, Saúde Renovada, baseada nos parâmetros Curriculares Nacionais (DARIDO; SANCHES NETO, 2008, p. 5).
Ao analisarmos as concepções pedagógicas desenvolvidas ao longo da
história, mesmo com as mudanças ocorridas nas propostas educacionais da
Educação Física, as práticas pedagógicas dos profissionais ainda sofrem influências
anteriores, priorizando os esportes.
Nesse sentido, o excesso de valorização pelo desempenho não deve ser o
único objetivo na escola, e sim dar lugar a novas intervenções pedagógicas
assumidas pela Educação Física que integram a cultura corporal de movimento
(DARIDO; SANCHES NETO, 2008).
A Educação Física e a atividade da dança estão muito próximas e, ao
mesmo tempo distantes. Estão próximas porque é corpo em movimento, é cultura e,
ao mesmo tempo, distantes porque a dança, apesar da sua trajetória na sociedade e
da sua incorporação nas propostas curriculares desde os anos 1980, a sua prática
como conteúdo da Educação Física ainda não é vivenciada plenamente no contexto
escolar.
As crianças, quando pequenas, se identificam com a dança. Principalmente
entre as meninas é comum, ao som de uma música, logo dançarem os ritmos do
momento. Ao ingressarem na escola, nas séries iniciais do Ensino Fundamental,
essa característica ainda persiste, no entanto, embora ainda praticada, na maioria
das vezes é feita por meninas e em momentos em que a escola promove uma
atividade cultural. Percebe-se que no ensino de 5ª e 6ª séries, alguns meninos
participam das atividades de dança com menos timidez, mas, já nas 7ª e 8ª séries,
os meninos gostam mesmo é de ficar na plateia.
Com a elaboração das Diretrizes Curriculares Estaduais, documento que
orienta as Disciplinas das Escolas Públicas do Estado do Paraná, a dança
novamente está inserida entre os conteúdos estruturantes. O documento ainda cita
os conteúdos específicos como sendo: dança folclórica, dança de rua, dança
criativa, dança circular, dança de salão, podendo adicionar outros conteúdos, de
acordo com a realidade regional.
O tema dança, proposto neste projeto, decorre da experiência de anos de
trabalho sem que houvesse uma prática efetiva deste conteúdo nas aulas de
Educação Física. Os motivos dessa ausência, provavelmente, se devem, ora à falta
de afinidade do professor com o conteúdo, ora à dificuldade de espaço físico, ou
ainda à falta de planejamento, enfim, são fatores que acabam contribuindo para a
concepção, por parte dos alunos, de que aulas de Educação Física devam ser
constituídas somente por esportes.
Tendo em vista a preocupação com o real significado da disciplina de
Educação Física, que é o de levar o aluno a refletir e a vivenciar as mais diversas
práticas corporais, é que se pretende realizar esta proposta de trabalho com o
conteúdo da dança, levando o aluno a refletir sobre essa prática.
A dança é uma das artes mais antigas da humanidade e que permite
inúmeras formas de vivenciá-la. Na Educação Física Escolar, ela assume
fundamental importância na expressão corporal, atividade em que o aluno, no seu
desenvolvimento, vivencia formas de movimento e de grau de complexidade que
contribuem para o conhecimento corporal, cultural, social e psicológico. No entanto,
no desenvolvimento das aulas, se percebe a dificuldade de inserir a dança
especialmente no que diz respeito à aceitação dos alunos e neste sentido, o
professor, ao se deparar com o desinteresse, acaba cedendo em favor do esporte e
a própria estrutura física favorece o desenvolvimento desta prática.
Por outro lado, no cotidiano da escola, a dança está presente em várias
atividades culturais, como no “Dia da Consciência Negra”, na “Olimpíada das
Bandeiras”, no “Projeto Viva a Escola”, entre outras. Partindo dessa situação, surgiu
o seguinte questionamento: É possível superar estas dificuldades, efetivar a dança
nas aulas e concomitantemente interferir com um trabalho específico e diferenciado,
em que meninos e meninas possam superar essa ideia de que Educação Física é só
esporte?
Considerando a dificuldade de trabalhar a dança, em que todos os alunos a
reconheçam como um conteúdo interessante e importante dentro da cultura corporal,
o objetivo geral do trabalho foi de identificar quais são as dificuldades, as
possibilidades e as metodologias de ensino que podem favorecer a inclusão da
dança como um conteúdo estruturante necessário nas aulas de Educação Física.
Neste sentido entendem-se como objetivos específicos: apresentar, a partir de
bibliografia atualizada, as possibilidades da dança na Educação Física Escolar;
analisar, junto aos professores, os fatores que interferem na prática pedagógica do
ensino da dança; verificar, a opinião dos alunos, sobre a inserção da dança nas
aulas de Educação Física; desenvolver ações que possibilitem a prática da dança
nas aulas de Educação Física.
2 Revisão de literatura
2.1 Educação Física escolar
O processo de evolução da Educação Física Escolar como prática
pedagógica passou por vários momentos da história sem uma definição que a
legitimasse como área do conhecimento.
Rangel et al. (2008), ressaltam que a partir da promulgação da Lei Federal
nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), o status da
Educação Física mudou, passando a ser considerada um componente curricular
obrigatório, como qualquer outra disciplina.
O artigo 26, no parágrafo 3º dessa LDB, consta que a Educação Física,
integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da
Educação Básica, sendo sua prática facultativa ao aluno que cumpre jornada de
trabalho igual ou superior a seis horas, que seja maior de 30 anos de idade, que
esteja prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à
prática da educação física, que esteja amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de
outubro de 1969, que dispõe sobre tratamento excepcional para os alunos
portadores de afecções congênitas ou adquiridas, e que tenha prole (LDB
10793/2003).
Essa mudança de “atividade” para “componente curricular obrigatório”
estabeleceu responsabilidades à Educação Física. Assim, os autores entendem que:
Enquanto atividade, a Educação Física era entendida perante a legislação como destituída de um saber próprio, sem conhecimento a ser oferecido aos alunos: um fazer por fazer. Tornar a Educação Física aos olhos da lei componente curricular obrigatório é reconhecer que o seu objeto de estudo e conhecimento próprios presentes nos jogos, esportes, ginástica, lutas, dança e conhecimento sobre o corpo, constituindo então a base que a mantém na escola. (RANGEL; et al. 2008, p. 59).
No início da década de 1970, inspirados pelo momento histórico e contrários
ao modelo da aptidão física e esportivização, entre profissionais e acadêmicos
surgem as abordagens psicomotora, construtivista e desenvolvimentista, onde o
sujeito é visto como um ser que pensa, sente e age, por isso os desenvolvimentos
motor, psicológico, fisiológico, cognitivo, afetivo e social devem ser priorizados nas
aulas de Educação Física (BRASIL, 1998).
Na década de 1980, as ideias se fundiram no materialismo histórico dialético
e surgem algumas abordagens como a crítico-superadora, que se baseia nos
pressupostos da pedagogia histórico-crítica e estipula, como objeto da Educação
Física, a “cultura corporal”, a partir dos conteúdos de esporte, de ginástica, de jogos,
de lutas e da dança, ou seja, são conhecimentos que a sociedade produziu ao longo
da sua civilização no que diz respeito ao movimento corporal. Outra abordagem,
caracterizada como dialógica, é a crítico-emancipatória, que parte do princípio de
que o movimento está presente em todas as vivências do ser humano, sendo
significativo no processo ensino-aprendizagem (PARANÁ, 2008). Para Kunz,
idealizador desta proposta, o professor deve confrontar o aluno com a realidade do
ensino, problematizando e ampliando a visão do conteúdo trabalhado e, após, fazer
a reconstrução coletiva, concluindo, assim, uma aprendizagem consistente e
emancipatória (DARIDO e SANCHES NETO, 2008).
Os autores ainda citam a abordagem denominada de saúde renovada, que
propõe atividade física ligada à saúde, no sentido de informar, mudar atitudes e
promover a prática sistemática de exercícios a todos os alunos, sem excluir os
menos aptos, levando-os a adquirir conhecimentos sobre saúde e bem-estar,
adquirindo hábitos saudáveis para além do período escolar.
No início dos anos 1990, o Estado do Paraná elaborou o “Currículo Básico”
como principal documento oficial relacionado à Educação Básica, documento que
passou a orientar todas as escolas públicas do Paraná, com grande influência sobre
as práticas escolares.
O currículo básico se fundamentava na pedagogia histórico-crítica. Os
conteúdos de ginástica, dança, jogos e esporte deveriam cumprir um papel
verdadeiramente educativo, levando em conta a origem dos movimentos produzidos
pelos homens, o desenvolvimento da criança, evitando exercícios mecânicos,
conhecendo e mudando regras a partir da realidade (PARANÁ, 1990).
A consolidação desta proposta, porém, embora tenha sido apresentada em
um período que despertou para uma nova consciência de como trabalhar a
Educação Física Escolar, não se efetivou devido às mudanças nas políticas públicas
e à formação do professor, que manteve o ensino da Educação Física no
desenvolvimento das aptidões físicas, de aspectos motores e na prática esportiva.
Em 1998, o Ministério da Educação (BRASIL, 1998) apresentou os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), sendo uma proposta alternativa e não
obrigatória, que apresentava caminhos aos Estados e aos Municípios brasileiros,
com a seguinte abordagem:
A abordagem cidadã propõe-se à construção crítica da cidadania, elaborando questões sociais urgentes nos temas transversais: ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo. Assim, a Educação Física na escola deve promover o princípio da inclusão, com a inserção e integração dos alunos à Cultura Corporal de Movimento, por meio de vivências que problematizem criticamente os conteúdos: jogos, esporte, danças, ginástica, lutas e conhecimento sobre o corpo. (DARIDO e RANGEL, 2008, p.18).
A maioria das escolas brasileiras, inclusive no Estado do Paraná, adotou os
PCNs para reformular seus projetos político-pedagógicos, no entanto a efetivação
dessa proposta se deu só parcialmente. Um dos fatores atribui-se a formação inicial
dos professores que se deu sob outra perspectiva, neste sentido as mudanças não
ocorreram instantaneamente, mesmo porque a cultura da esportivização/tecnicista
(Educação Física tradicional) é muito forte.
A partir de 2003, o Estado do Paraná começa a elaborar as Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná, sendo apresentados os textos preliminares aos
professores para discussão e em 2008 sai a versão oficial desse documento.
Esse documento aponta a Educação Física como práticas corporais que o
homem construiu ao longo dos anos através das relações sociais, políticas,
econômicas e culturais estabelecidas, produzidas e demonstradas pela expressão
corporal em jogos e em brincadeiras, em danças, em lutas, em ginástica e em
esporte, eleitos como Cultura Corporal e adota a abordagem crítico-superadora
como proposta pedagógica para a Educação Física (PARANÁ, 2008). Nessa
proposta, os conteúdos da Educação Física são as práticas corporais que a
sociedade produz ao longo de sua história e, ao enfocar esses conteúdos, se faz a
leitura da realidade, adequando-os à estrutura física do ambiente, bem como
propiciar uma nova compreensão dessa realidade, que supere o senso comum
através do constatar, do interpretar, do compreender e do explicar (SOARES et al,
1992).
As abordagens citadas ao longo da história sempre colocaram o movimento
como principal ponto de partida para compor a forma de trabalho da Educação
Física e, algumas vezes, serviu a interesses políticos e econômicos. Nesse sentido,
os conteúdos, como verão a seguir, foram elaborados de acordo com o momento
histórico, tendo como ponto de partida a ginástica.
2.2 Conteúdos da Educação Física
Os conteúdos da Educação Física, em alguns momentos da história,
estiveram servindo aos interesses econômicos e políticos vigentes. No início do
século XX, com a consolidação do sistema capitalista, tornava-se necessário
“construir” um novo homem: mais forte, mais ágil, mais empreendedor (SOARES et
al, 1992), época em que os exercícios físicos ligados ao fator higiênico eram a
receita para conseguir homens aptos para o trabalho. Nesse momento, o conteúdo
trabalhado era o Método de Ginástica Alemã, adaptado à escola e ministrado por
instrutores físicos do exército com o objetivo de formar o “homem disciplinado,
obediente, submisso, profundo respeitador da hierarquia social”, ou seja, na aptidão
física que se evidenciaria, sob a orientação de uma pedagogia tradicional.
Seguindo essa tendência de exercícios físicos como conteúdo da Educação
Física, outros métodos europeus foram incorporados e adaptados à escola
denominados de Métodos Ginásticos que eram compostos de séries de exercícios
seguindo critérios definidos pelas ciências biológicas, como a Ginástica Sueca e a
Francesa, neste sentido desenvolver e fortalecer física e moralmente os indivíduos
era, portanto, uma das funções a serem desempenhadas pela Educação Física no
sistema educacional, e umas das razões para a sua existência (CASTELLANI et al.
2009).
Ainda segundo autores após a Segunda Guerra, surgiram novas tendências
como o Método Natural Austríaco e o Método da Educação Física Generalizada,
onde o conteúdo da Educação Física passa a ser o esporte amparado pela
pedagogia tecnicista que buscava a eficiência e a eficácia.
Nas décadas de 1970 a 1980 surgem alguns movimentos “renovadores”,
como a psicomotricidade e o esporte para todos, sendo um movimento alternativo ao
esporte de rendimento, movimento novo em que os conteúdos têm um caráter
formador, privilegiando e estimulando o desenvolvimento psicomotor, em especial a
organização do esquema corporal e as aptidões motoras (SOARES et al. 1992), com
a intenção de levar o aluno a perceber o seu próprio corpo, o seu movimento e como
consegue transformar-se com a sua ação.
No final da década de 1980 e começo de 1990 surgem as tendências
progressistas, que elegem a cultura corporal de movimento, cultura que tem como
suporte a ideia de seleção, de organização e de sistematização do conhecimento
acumulado historicamente acerca do movimento humano, para ser transformado em
saber escolar (PARANÁ, 2008). Nesse sentido, os conteúdos propostos de jogos, de
esporte, de dança, de lutas e de ginástica se constituem saberes históricos vividos e
produzidos pelo homem, saberes que não se esgotam e estão em constante
mudança. As atividades desenvolvidas fazem uma reflexão pedagógica em que a
solidariedade substitui o individualismo, em que a cooperação é proposta no lugar da
competição acirrada, a liberdade de expressão dos movimentos levando à
emancipação e que, enfim, o lúdico favorece a criatividade sem, contudo,
desmerecer a técnica e a tática, mas não os colocando como exclusivos e únicos
conteúdos da aprendizagem (SOARES et al, 1992).
Para contextualizar os conteúdos e interligar as práticas corporais de forma
reflexiva, as DCEs propõem alguns elementos articuladores da “[...] cultura corporal
como corpo, ludicidade, saúde, mundo do trabalho, desportivização, técnica e tática,
lazer, diversidade e mídia que vão ampliar o conhecimento em conjunto com o
conteúdo vivenciado, melhorando a compreensão e a intervenção na sociedade com
seus problemas, interesses, objetivos e ideais” (PARANÁ, 2008 p. 53).
Entre os conteúdos da Educação Física Escolar, discorro sobre a dança,
tema do meu projeto e estudo. A dança é considerada uma das manifestações da
expressão corporal mais antiga. Nesse sentido, como conhecimento histórico acerca
do movimento, é um conteúdo da Educação Física Escolar.
2.3 A dança na Educação Física escolar
No estudo da evolução humana e de nossos ancestrais, a história nos
mostra que a dança está presente desde os primitivos, quando o ser humano
simulava, através da imitação, os seus desejos, esperando que se tornassem
realidade.
A dança foi evoluindo e, em cada época e espaço geográfico, se tornou para
os povos, a representação de diversos aspectos da vida humana e de suas
características culturais.
Para entender a evolução da dança, Gaspari (2008) classifica a dança,
pelos dados históricos, como étnicas (traduzem a identidade de um país), folclóricas
(expressam as tradições e os costumes de determinados povos e nações), danças
de salão ou sociais e, enfim, dança teatral ou artística para espetáculo. Mas como
estamos falando em dança, como um conteúdo da cultura corporal, as DCEs
sugerem as danças folclóricas, danças de salão, danças de rua, danças criativas e
as danças circulares, por entender que é uma manifestação da cultura corporal
responsável por tratar o corpo e as suas expressões artísticas, estéticas, sensuais,
criativas e técnicas que se concretizam em diferentes práticas (PARANÁ, 2008).
São vários os tipos de dança que se apresentam na contemporaneidade,
contudo o foco na dança criativa será objetivado e discorrido mais profundamente. A
dança criativa tem como precursor Rudolf Laban, coreógrafo e bailarino que, a partir
do século XX, propôs, para as crianças, uma forma diferente de dança escolar, onde
os movimentos rígidos e mecânicos do balé deram lugar à dança criativa, em que a
criança tem a oportunidade de se movimentar de acordo com um tema proposto,
ligado à natureza do ser humano e suas relações com tudo o que o cerca no
universo. Para Marques (2003), esse termo sugere que as aulas de dança devem
permitir e incentivar os alunos a experimentar, explorar, expandir, colocar “seu eu” no
modo de representação de gestos e de movimentos e que elas se tornam educativas
se forem ensinadas de tal modo que os alunos possam compreender, sentir,
verbalizar, contextualizar e apreciar aquilo que estão fazendo.
Cunha (1988) diz que com a orientação do professor, através de estímulos
comparativos, sonoros e a música, é que deverá trabalhar os fundamentos da dança
criativa, buscando conscientizar o esquema corporal em movimento, para que o
aluno vivencie a forma, o espaço e o tempo que se sucedem na movimentação
corporal, percebendo, através dos sentidos, como o movimento acontece.
A autora justifica a dança criativa não só pelo fato de não reproduzir danças
prontas, mas no aprimoramento da ação motora, no desenvolvimento do potencial
criativo, na diversidade de ações psicomotoras que possibilitam a educação rítmica,
exige concentração na realização da sequência dos movimentos, os sentimentos, os
pensamentos e as emoções se refletem na expressividade e o trabalho em grupo e
recreativo favorece a socialização.
Na Educação Física, Barreto (2005) diz que a dança pode contribuir na
medida em que, através da experiência artística e da apreciação, estimula, nos
indivíduos, os exercícios da imaginação e da criação de formas expressivas,
despertando a consciência estética, como um conjunto de atitudes mais equilibradas
diante do mundo.
A dança está presente no cotidiano escolar, mas nem sempre nas aulas
como conteúdo sistematizado. Cabe perguntar: -- Por que isso acontece? Será que
ainda não conseguimos entender as mudanças que ocorreram na Educação Física?
No texto “A Escola Entra na Dança” (BRASIL,1998) encontramos que um dos
maiores empecilhos para a adoção da dança como objeto de ensino e aprendizagem
reside na insegurança dos professores ao movimento corporal que a dança exige,
então adotam os jogos e as brincadeiras que conhecem bem.
Estamos diante de muitos desafios. Verderi (2000) nos mostra que, como
professores de Educação Física, temos objetivos e metas estabelecidas pelo
processo educacional, necessitando estarmos atualizados no que rege o ensino
atual, proporcionando ao aluno toda informação necessária para que ele possa
refletir e construir sua auto-organização.
A dança na escola deve ser vivenciada por todos os alunos, de forma
prazerosa e alegre, sem se preocupar com a técnica, mas com a aprendizagem,
desenvolvendo os conteúdos próprios da dança, que são o ritmo, a musicalidade, as
noções de tempo, o espaço, a direção, planos e fluência e também saberes sobre a
história da dança, cultura e a etnia dos povos que a praticam (GASPARI, 2008).
No Brasil há uma diversidade muito grande de ritmos, realidade que
favorece a sua prática. É um conteúdo que precisa somente do corpo e de um
espaço físico para a sua execução. Para Verderi (2000), as atividades devem partir
dos movimentos naturais, desenvolvendo noções de tamanho, forma, grupamento e
distribuição e, de acordo com uma sequência pedagógica do simples para o
complexo, do individual para o coletivo.
Os objetivos da dança como conteúdo escolar devem possibilitar a
exploração da criatividade através da descoberta e da busca de novas formas de
movimentação corporal, usar diferentes ritmos para aumentar a motivação,
direcionar para a expressividade e transformar a dança em conhecimento
(GASPARI, 2008).
Segundo Barreto (2005), a metodologia para o ensino da dança na escola
deve ser crítica, de liberdade e de espontaneidade, de socialização e de partilha de
conhecimentos e as estratégias devem partir das atividades lúdicas (como jogos,
brincadeiras, interpretações e cenas de músicas), em atividades de conscientização
corporal e atividades inspiradas no cotidiano e em temas da cultura brasileira.
De acordo com o encaminhamento metodológico sugerido pelas DCEs
baseado em Gasparin (2008) a organização metodológica segue alguns passos: o
primeiro momento é a prática social inicial onde o professor faz uma leitura da
realidade a cerca do tema proposto, contextualiza o conteúdo tentando mobilizar e
sensibilizar o aluno, relacionando o conteúdo como uma possibilidade a ser
vivenciada no cotidiano. O segundo momento é a problematização, onde são
lançados desafios e situações problemas que estimulem o raciocínio e as várias
formas de se ver um conteúdo. A instrumentalização é o momento em que professor
e alunos concretizam o conhecimento teórico e prático através de vivências práticas
relacionadas ao conteúdo. No momento da catarse, o aluno irá sintetizar sua nova
maneira de ver o conteúdo e a prática social e por fim a prática social final do
conteúdo que ultrapassa o nível escolar e torna-se um fazer prático teórico no
cotidiano da vida social não se restringindo ao ambiente escolar.
Enfim, sabemos que a dança sempre esteve presente no contexto escolar
como uma atividade importante nas comemorações culturais e artísticas da escola,
mas agora ela assume um papel importante como conteúdo da Educação Física
sendo uma das manifestações da cultura corporal que deve ser utilizada, pois trata
de uma prática corporal prazerosa, que socializa e que sendo vivenciada, poderá
diminuir o preconceito em relação a dança e ser praticada normalmente pelos
alunos.
A dança oferece várias possibilidades de expressão que perpassaram
gerações até chegarmos às danças da contemporaneidade ditadas pelos meios de
comunicação e da indústria cultural, sendo necessário fazer uma reflexão sobre
esses modelos para que não se reproduza uma prática alienante. Nesse sentido, a
dança na Educação Física deve ser um momento de expressão e de criação e não
só de reprodução dos modelos que a mídia propõe, possibilitando a exploração da
criatividade, através de diferentes ritmos e de inúmeras formas de expressar os
movimentos. Segundo Verderi (2000) o professor não deve ensinar ao aluno como
se deve dançar, mas sim favorecer a aprendizagem.
A dança não deve ser considerada apenas como meio ou recurso
educacional, pois deve haver um aprofundamento teórico prático transformando a
dança em conhecimento, seja no fazer-sentir ou na contextualização dos diferentes
ritmos dos diferentes momentos históricos.
No que diz respeito ao aprimoramento da ação motora, a dança se utiliza do
ritmo para trabalhar seus elementos. Segundo Ferreira (2009), trabalhando o ritmo,
desenvolve-se também a flexibilidade, a velocidade, a resistência, a coordenação, o
equilíbrio, o freio inibitório, a percepção auditiva e visual e a orientação espaço-
temporal, contribuindo para o conhecimento do próprio corpo e suas possibilidades
de movimento.
A dança é, para a Educação Física, um conteúdo importante para a sua
legitimação como área do conhecimento da cultura corporal de movimento.
3 Metodologia
Este trabalho foi elaborado em 3 etapas: no primeiro momento foi realizada
uma pesquisa com alunos e professores para identificar porque a dança não
acontece nas aulas de Educação Física. No segundo momento houve a elaboração
de um material proposto como uma unidade didática destinada aos alunos do Ensino
Fundamental que abordou o tema dança com textos e atividades práticas e, no
terceiro momento, houve a implementação do projeto na escola.
3.1 Pesquisa
Esta pesquisa caracterizou-se como descritiva que, segundo GIL (1991,
p.46), “[...] tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno [...]”, justificando ainda que esse tipo de
pesquisa é muito utilizado por pesquisadores que se preocupam com a atuação
prática. Roesch (2005) explica que a pesquisa descritiva possibilita estudar os
fenômenos dentro de um contexto, sendo ela apropriada para a avaliação formativa,
bem como para a análise dos resultados na construção de uma intervenção.
Os participantes da pesquisa foram os alunos da escola estadual, da zona
urbana de um município da região oeste do Paraná, com uma população de 669
alunos de 5ª a 8ª série entre o período matutino e o vespertino, no entanto este
trabalho focou os alunos das 7ª séries matutino, totalizando 3 turmas, com um
número de 111 alunos. A amostra foi constituída por 33 alunos que responderam
voluntariamente o questionário, que teve por objetivo verificar, os motivos que
dificultam a inserção da dança nas aulas de Educação Física.
A outra parte envolvida na pesquisa foram os professores de Educação
Física das escolas estaduais de Ensino Fundamental – anos finais da zona urbana
de um município da região Oeste do Paraná, num total de 13 professores de cinco
escolas. Participou da entrevista o professor com o maior número de aulas de cada
estabelecimento de ensino, totalizando cinco professores.
Como instrumento de coleta de informação, foi aplicado, aos alunos da
Escola Estadual, um questionário com 7 perguntas mistas. O questionário foi
elaborado pela pesquisadora e sua orientadora, testado com alunos da faixa etária
em questão para verificar clareza e objetividade.
Segundo GIL (1991), por questionário entende-se um conjunto de questões
que são respondidas por escrito pelo pesquisado.
Para a coleta de dados com os professores foi realizada uma entrevista
semi-estruturada, com um roteiro elaborado anteriormente pelo pesquisador e pelo
orientador da IES e testada com alguns professores que não fariam parte da
população pesquisada, com o objetivo de verificar o entendimento das questões.
Gil (1991) explica, através de seus estudos, que o instrumento de coleta de
dados tipo entrevista pode ser entendido como a técnica que envolve duas pessoas
numa situação face a face, em que uma delas formula questões e a outra responde.
É instrumento indicado para analisar fatos do contexto social, sendo indicado para
buscar dados que não podem ser encontrados em documentos e que precisa trazer,
nas perguntas, a relação direta com os objetivos.
Com a permissão da diretora do estabelecimento educacional, os alunos
foram convidados a fazer parte da pesquisa, onde os pais assinaram um termo
autorizando a participação dos filhos. Para a realização do questionário, os alunos
foram encaminhados para uma sala específica onde todos responderam as
questões. Quanto aos professores, foram comunicados pessoalmente sobre a
intenção da pesquisa e convidados a participar, onde todos aceitaram prontamente.
As entrevistas foram realizadas no ambiente de trabalho de cada professor durante a
hora atividade, onde assinaram o temo de consentimento livre e esclarecido. A
entrevista foi transcrita pela pesquisadora.
3.2 Elaboração do material didático
Como segunda etapa do estudo, foi elaborado um material didático para ser
utilizado na terceira fase, ou seja, na implementação do projeto na escola.
O material proposto, foi uma Unidade Didática destinada a alunos do Ensino
Fundamental, que abordou o conteúdo dança e as diversas formas de expressão e
finalizando com a dança criativa, onde os alunos escolheram o ritmo e criaram a sua
própria dança.
Fez parte da Unidade Didática textos de fundamentação, sugestões de
reflexões acerca do tema proposto, vídeos, trabalhos de pesquisa, atividades
práticas e atividades em grupo com produção coreográfica da dança.
3.3 A implementação
A implementação do projeto, que contemplou o conteúdo dança, aconteceu
em 3 turmas de 7ª série do período matutino com população de 96 alunos, realizada
em um bimestre de 2010, sendo utilizadas 2 aulas semanais para a realização das
atividades. As atividades correspondem ao material didático e contemplam
momentos de leitura e reflexão; da vivência dos elementos corpo, espaço, forma e
tempo através de atividades práticas utilizando a música e a percussão; e
posteriormente a turma escolheu uma música com ritmo nacional, onde realizaram a
leitura e reflexão da letra da música e divididos em grupos, cada grupo montou
passos de uma parte da música, em seguida os grupos se juntaram e cada grupo
ensinou a sua parte da coreografia aos demais. Assim que todos os grupos
aprenderam a sequência coreográfica de cada parte da música, houve um ensaio
geral e apresentaram a coreografia com a participação de todos os alunos, sendo
convidada a equipe pedagógica e a diretora para assistir a apresentação
4 Resultados e discussões
Este item tem por objetivo apresentar os resultados da proposta realizada
desde a pesquisa com professores e alunos até a implementação do material
didático nas turmas envolvidas no projeto.
4.1 Pesquisa
Neste tópico serão apresentados os resultados da pesquisa, seguido de
discussão, com o objetivo principal de analisar as dificuldades e possibilidades de
vivenciar a dança nas aulas de Educação Física, iniciando-se pelo questionário
aplicado aos alunos.
A primeira questão diz respeito a identificação dos alunos (série, idade e
sexo), onde os 33 alunos eram da 7ª série com idade entre 12 e 15 anos, sendo 17
alunas do sexo feminino e 16 alunos do sexo masculino.
A segunda questão abordou os alunos para verificar se gostam de dançar.
25 alunos responderam que gostam, 7 alunos responderam que em parte e somente
um aluno respondeu que não gosta. A justificativa daqueles que gostam foi de que
é uma atividade legal, que gostam de dançar em festas, gostam dos passos, é
interessante, a música contagia, é importante para a saúde e educação do corpo. Os
que responderam em parte esclareceram que depende da música e do local. E
aquele que respondeu que não gosta, porque não tem jeito para dançar. Diante
dessas respostas fica claro que a dança é um conteúdo da Educação Física que
pode ser explorado com muitas possibilidades, porque, mesmo nas respostas
daqueles que responderam em parte e que não gostam deve-se ressaltar que o
motivo não está no movimento, mas sim em romper algumas barreiras que diz
respeito ao corpo e ao ambiente. Segundo as DCEs (PARANÁ, 2008), o professor,
ao trabalhar com a dança no espaço escolar, deve tratá-la de maneira especial,
considerando-a conteúdo responsável por apresentar as possibilidades de
superação dos limites e das diferenças corporais.
Na terceira questão os alunos responderam sobre a preferência do ritmo da
dança. 19 alunos responderam que preferem a dança moderna, 7 optaram pela
dança de salão, não houve opção pela dança folclórica e 7 responderam outras.
Entre as outras, o rebolation, psay, sertaneja, eletrônica, funk. È provável que essas
respostas comprovem que o meio e a mídia influenciam na preferência pelos estilos
de dança, onde o que está na moda é mais vivenciado, ao contrário das danças
folclóricas que, em nossa região não existe tradição de cultivar as culturas regionais,
ficando evidente o desconhecimento dos alunos e neste sentido, é necessário
entender que algumas dessas preferências são provenientes de modismos ditados
pela indústria midiática e que é na escola que a dança deve ocupar um espaço de
conhecimento e reflexão e não só de reprodução de modelos prontos.
Para Isabel A. Marques:
O Professor, engajado aos contextos dos alunos, se torna um propositor, e, principalmente, um articulador, um interlocutor entre estes contextos e o conhecimento em dança a ser desenvolvido na escola. Ou seja, conectado ao universo sócio-político-cultural dos alunos, cabe ao professor também escolher e intermediar as relações entre a dança dos alunos (seus repertórios pessoais e culturais como o rap, o funk, a dança de rua ou ainda suas escolhas pessoais de movimento), a dança dos artistas (o mestre de capoeira, a passista, um coreógrafo contemporâneo) e o conhecimento em sala de aula. Sem ele as experiências de dança podem se tornar vazias, repetitivas e até mesmo enfadonhas. (MARQUES, 2003. p. 32).
Na questão número quatro, sobre o conteúdo dança, se é trabalhado na
Educação Física. 33 alunos, ou seja, 100% responderam que não é trabalhado.
Questionados sobre o motivo da ausência da dança, responderam que é trabalhado
mais os esportes, porque os professores não dão a dança, porque é muito
complicado, os alunos não sabem, alguns não gostam, há muita dificuldade de fazer
os alunos perderem a vergonha, não há espaço adequado. Esta questão retrata a
realidade de muitas escolas em relação a dança, notamos que pelas respostas dos
alunos a dança não é vivenciada por ser uma conteúdo que requer uma melhor
preparação, que por sinal, deve partir sempre do professor, seja no planejamento, na
preparação com antecedência para ministrar o conteúdo em relação ao espaço
físico, equipamentos adequados e no domínio dos objetivos propostos e das
estratégias que possam superar o medo em relação ao conteúdo dança na
Educação Física, seja pelo professor ou pelos alunos. Segundo Isabel Marques
(2003) a escola não é o único lugar para se aprender dança com qualidade, mas
sem dúvida é hoje um lugar privilegiado para que isto aconteça.
Na sequência foi questionado os alunos, se fora das aulas de Educação
Física, é praticada a dança na escola e em que momento. Na resposta dos alunos
predominou as atividades de dança no “Viva a Escola”, projeto de governo estadual,
no contraturno, com a atividade de dança, e no 'Fera”, outro projeto de governo
estadual, onde a escola inscreve os alunos para participarem em várias atividades
artísticas realizadas em uma semana, numa determinada cidade da região, onde
ficam alojados para se apresentarem e participarem de oficinas. Outro momento
citado, foram as datas comemorativas onde a escola prepara atividades artísticas e
na competição da escola chamada “Olimpíada das Bandeiras”, onde a escola é
dividida em duas cores e os alunos participam de atividades artísticas, intelectuais e
esportivas. Como são atividades opcionais, poucos alunos participam da dança,
principalmente os meninos, pois são atividades preparadas para apresentações
excluindo definitivamente os meninos dessas atividades.
Onde segundo Verderi:
A nossa intenção é de tornar real a dança na escola, fazendo-se deixar de ser um “conteúdo-fantasma”, que só aparece em “festinhas-comemorativas”, e passar a ser uma proposta pedagógica, a partir do momento em que utilizamos suas atividades para contribuição da formação integral dos nossos alunos. (VERDERI, 2000, p.33).
Na sexta questão, se eles acham importante o conteúdo de dança nas aulas
de Educação Física. 27 alunos responderam que sim, que acham importante, 5
responderam em parte, 1 aluno respondeu apenas que não acha importante. A
justificava dos que acham importante foram as seguintes: porque a dança também é
exercício; trabalha o corpo todo; é movimento; é uma modalidade importante; é
cultural; é diferente; é legal; para acabar com o preconceito contra a dança; porque
faz movimentos como todos os outros esportes. Os que responderam em parte,
predominou a justificativa de que a dança deveria ser somente para quem gosta de
dançar. Estas respostas nos levam a pensar que apesar dos alunos não terem a
vivência da dança na Educação Física, predominando os esportes, existe uma
consciência de que a dança é movimento, portanto um conteúdo da Educação
Física, que segundo Gaspari (2008), o aluno vai conhecer as diversas manifestações
dançantes da Cultura Corporal de Movimento, discuti-las e atentar para a
criatividades de suas possibilidades de movimentação corporal, transformando-as
em dança.
Na última questão, como o aluno avalia o espaço físico da escola para a
prática da dança nas aulas de Educação Física, 2 alunos responderam que é ruim e
6 que é regular, justificando que a escola não tem local adequado para a dança. 22
alunos responderam que o espaço é bom e 3 que ele é ótimo, justificando que tem a
quadra coberta e o ginásio que é um espaço fechado. Importante observar que a
maioria dos alunos considera que existe um local apropriado para a prática da
dança, sendo o ginásio, que é um espaço fechado onde podem fazer a dança com
mais tranqüilidade, sem que sejam observados. A dança é uma atividade em que os
envolvidos fazem movimentos diferentes usando o ritmo e nesse sentido, cada
indivíduo tem as suas características individuais, onde vão expor movimentos
corporais que os inibem perante as demais pessoas.
Em relação a entrevista com os professores, apresentaremos o resultado
desse diálogo realizado com 5 professores das escolas estaduais de ensino
fundamental da zona urbana de uma cidade do Oeste do Paraná, onde responderam
a 09 questões sobre a dança nas aulas de Educação Física.
Inicialmente na questão 1, perguntou-se aos professores quanto ao tempo
de atuação. 3 professores tem de 4 a 7 anos de trabalho e 2 estão com 12 e 18
anos. É pertinente colocarmos que há diferenças na formação inicial dos professores
com maior tempo de atuação em relação aos professores com menos tempo. Os
cursos de Educação Física foram incorporando novas disciplinas de acordo com a
necessidade e a demanda do contexto social, portanto os professores que
concluíram a sua formação inicial a pouco tempo podem ter vivenciado um maior
número de disciplinas.
Na questão 2, perguntou-se aos professores, se em sua formação inicial
tiveram a disciplina de dança. 2 professores não tiveram, a dança foi ministrada em
forma de cursos e 3 professores tiveram o conteúdo de dança em dois semestres.
Relacionando com o tempo de conclusão da formação inicial, notamos que os
professores que concluíram a mais tempo não tiveram a disciplina de dança
portanto, constata-se que os currículos de graduação evoluíram com relação às
novas tendências.
Na questão 3, questionou-se sobre a capacitação, ou seja, se nos últimos 5
anos realizou algum curso de capacitação relacionado a dança. Por unanimidade,
não realizaram cursos específicos em dança, somente uma oficina ministrada pelo
NRE sobre dança de salão. Nem sempre o professor tem a oportunidade de se
inscrever em cursos que não sejam oferecidos pela SEED, por vários, motivos tais
como: falta de interesse pelo conteúdo; por não poder faltar no trabalho; pelos
gastos com hospedagem, alimentação e inscrição; e a própria Secretaria de Estado
que não oferece cursos nessa área. Mas todos esses motivos levam a perceber que
o professor, ao terminar sua formação inicial, se acomoda e não busca novos
conhecimentos para que possa melhorar suas aulas.
Na questão 4, sobre se havia afinidade do professor com relação ao
conteúdo de dança. Prevaleceu a pouca afinidade, conseqüência da falta de
aperfeiçoamento, do comodismo e da estrutura física da escola que não ajuda. A
unanimidade com a pouca afinidade comprova a escassez de aperfeiçoamento no
conteúdo de dança e a prioridade basicamente do conteúdo de esportes, onde os
professores dominam bem este conteúdo e sendo bem aceito pela maioria dos
alunos.
Sobre o planejamento anual, na questão 5, perguntou-se as professores se
eles contemplam o conteúdo de dança nas aulas, de que forma e como é distribuído
anualmente. Todos contemplam a dança no planejamento, embora 2 professores
disseram que a dança acontece somente para alguns alunos em datas
comemorativas; 2 professores contemplam somente na teoria e 1 professor
contempla na teoria, porém na prática somente participam os alunos que gostam da
dança enquanto que os demais realizam outra atividade. Notamos que os
professores contemplam no planejamento para cumprir normas da SEED e que na
prática esse conteúdo não é vivenciado por todos os alunos de forma regular no
cotidiano das aulas de Educação Física.
Na questão 6, sobre se há aceitação dos alunos com relação à dança, todos
os professores foram unânimes em dizer que nas turmas de 5ª e 6ª série há maior
aceitação, principalmente entre as meninas e nas 7ª e 8ª séries os adolescentes
tem muita vergonha de se expor. Levantaram também a questão do ritmo, onde os
ritmos atuais têm maior aceitação do que os ritmos que não estão na mídia,
dificultando a prática da dança.
Na questão 7, sobre como é o espaço físico da escola para desenvolver a
dança, todos os professores colocaram como inadequado prevalecendo o local da
quadra de esportes, que muitas vezes está suja ou às vezes tem que dividir o
espaço com outros professores e a sala de aula. Somos da opinião de que para a
dança acontecer deve haver uma preparação do local cuidando para haja
privacidade para que a turma sinta-se mais a vontade em relação a prática dos
movimentos da dança.
Na questão 8, para indicar o grau de motivação para ministrar a dança nas
aulas de Educação Física, prevaleceu a pouca motivação, ocasionada pela falta de
capacitação, falta de um ambiente e aparelhos de som adequados para a prática da
dança. Todos esses motivos acabam desestimulando o professor a começar um
trabalho de dança com suas turmas, que por sua vez, depende dele próprio em
buscar essa motivação, realizando estudos de pesquisa, leitura e dividir experiência
com os colegas, objetivando cumprir com as novas tendências e proporcionar aos
alunos algo a mais que não seja somente os esportes de quadra.
Na questão 9, nos aspectos que devem ser melhorados para que a dança
seja vivenciada nas aulas de Educação Física, os professores citaram: a estrutura
física e a capacitação com professores que tenham experiência em dança escolar.
Esses aspectos são relevantes, mas acima de tudo, deve ter uma cobrança por
parte do NRE para que esse conteúdo seja vivenciado desde a 5ª série para que o
professor não considere este conteúdo como algo impossível e que por fim o próprio
aluno a reconheça como um conteúdo da Educação física.
4.2 Implementação
De acordo com a pesquisa se constatou que a dança não é um conteúdo
vivenciado no cotidiano das aulas de Educação Física, por isso se optou na
implementação deste conteúdo. A implementação foi pautada no material didático,
elaborado pela pesquisadora realizada no terceiro bimestre de 2010 com duas aulas
semanais. O material proposto é uma Unidade Didática destinada a alunos do
Ensino fundamental, que aborda um único tema, no caso, a dança criativa, contendo
textos de fundamentação com as respectivas atividades a serem desenvolvidas. Foi
usado a sala de aula, a TV multimídia e o laboratório de informática para as aulas
teóricas e para as aulas práticas usamos a quadra coberta.
A metodologia utilizada na implementação da unidade didática foi baseada
na pedagogia histórico crítica. Segundo Gasparin (2005) esta pedagogia tem o
seguinte encaminhamento metodológico: primeiramente se faz a leitura da realidade
trazida pelos alunos, que nada mais é do que a prática social inicial, ou seja, quais
as danças que eles conheciam, se eles gostavam de dançar, onde eles dançavam,
quais as danças antigas e quais as danças modernas, qual a relação da dança com
a Educação Física, será que existe preconceito em relação à dança?. No segundo
momento se propôs um desafio, que tinha o objetivo de problematizar a primeira
leitura da realidade, neste caso a problematização foi propor a dança criativa onde
eles deveriam criar a própria dança sem copiar uma dança pronta. O terceiro
momento foi a instrumentalização onde o conteúdo sobre os elementos da dança foi
trabalhado através da explicação dos elementos corpo, espaço, forma e tempo com
atividades práticas utilizando a música ou a percussão, um texto fundamentando a
dança criativa e vídeos que retratavam esse estilo de dança. No quarto momento foi
o processo de criação e assimilação através de atividades corporais que envolvia a
criação de uma coreografia com trabalho em grupo montando a coreografia de
acordo com a música escolhida pelo grande grupo e por fim, no último momento, foi
a apresentação da dança e a avaliação do processo em relação ao desafio de
dançar meninos e meninas nas aulas de Educação Física.
Enfim, os alunos tiveram acesso ao material digitado onde nas aulas
teóricas houve a leitura e a reflexão sobre a dança e as várias formas de expressá-
la, situando a dança como uma atividade importante no desenvolvimento do ser
humano. Para estabelecer uma relação de confiança e quebra de paradigma, os
alunos assistiram trechos de filmes e vídeos onde havia sempre a presença do
homem e da mulher, reforçando a idéia de que dançar não é uma atividade somente
para mulheres. Em seguida os alunos vivenciaram na prática os elementos da
dança, através de atividades com música e brincadeiras, desta forma a proposta foi
sendo aceita pelos meninos e meninas. A opção de se trabalhar a dança criativa foi
com o propósito dos próprios alunos criarem uma coreografia sem a imposição de
movimentos onde eles apenas reproduzissem, no entanto foi necessário intervir na
escolha das músicas e de alguns movimentos, para que a coreografia se adequasse
a todos sem ridicularizar meninos ou meninas. Depois da escolha das músicas e dos
grupos mistos, a participação das meninas foi fundamental, pois elas conseguem se
expor e criar passos com mais facilidade e os meninos aprenderam e reproduziram
os movimentos realizando assim a difícil tarefa de fazer com que meninos e meninas
vivenciem o conteúdo de dança nas aulas de Educação Física.
5 Considerações finais
Considerando a necessidade de refletir sobre as dificuldades, as
possibilidades e as metodologias de ensino da dança nas aulas de Educação Física
e, diante da análise dos dados e das considerações efetuadas, chegou-se a
conclusões:
Com relação ao primeiro objetivo específico do trabalho, apresentar, a partir
de bibliografia atualizada, as possibilidades da dança na Educação Física Escolar,
pode-se apreender que a dança apresenta suas classificações e são muitas as
possibilidades de vivenciá-la na Educação Física escolar. As DCEs, por exemplo,
nos propõem como conteúdos básicos as danças folclóricas, as danças de salão, a
dança de rua, as danças criativas e as danças circulares onde o importante é o
aluno vivenciar os mais variados ritmos, não priorizando a técnica e sim a
possibilidade de todos participarem respeitando as limitações individuais, sendo
também um momento de refletirmos criticamente sobre vários aspectos relacionados
ao contexto social.
Analisar, junto aos professores, os fatores que interferem na prática
pedagógica do ensino da dança; percebeu-se que num primeiro momento é
necessária a mudança de mentalidade do próprio professor em reconhecer os
conteúdos da cultura corporal como conteúdos da Educação Física, sendo assim
entender que a dança é tão importante quanto os esportes. Algumas dificuldades
apontadas pelos professores são a falta de afinidade causada pela falta de
aperfeiçoamento, a estrutura física da escola que não favorece a prática da dança e
sim a prática de esporte, que por sua vez desmotiva o desenvolvimento da
modalidade de dança. Enquanto que as possibilidades indicadas estão nos
momentos de apresentações que acontece na escola em datas comemorativas, que
favorece somente alguns alunos.
Ao verificar a opinião dos alunos sobre a inserção da dança nas aulas de
Educação Física constatamos que os alunos têm consciência de que a dança faz
parte da Educação Física porque é movimento, é cultura e seria a oportunidade de
superar limites e entender as diferenças corporais. Em relação ao estilo de dança
chegou-se a conclusão de que as danças modernas, que estão presentes na mídia e
influenciando as escolhas dos alunos, são possibilidades que devem ser discutidas
para que não se torne uma prática de repetição de gestos e movimentos sem uma
devida reflexão.
Desenvolver ações que possibilitem a prática da dança nas aulas de
Educação Física, representou a última etapa do trabalho. Diante da pesquisa foi
necessário desenvolver ações que possibilitassem a prática da dança nas aulas de
Educação Física e intervir com implementação através de uma Unidade Didática
direcionada aos alunos onde escolhemos um estilo de dança, no caso optamos pela
dança criativa, onde o objetivo foi que os alunos escolhessem o ritmo e criassem de
acordo com a letra da música uma coreografia.
No momento da implementação constatou-se que a dança é uma atividade
socializante , que podemos discutir a questão de gênero, de inclusão, onde todos
podem dançar independente de suas habilidades, refletimos sobre os estilos de
dança e a influência da mídia, reproduziram e criaram as danças contribuindo para
o conhecimento do próprio corpo e de suas possibilidades. Em relação a
metodologia foi necessário contextualizar as várias manifestações da dança, fazer a
leitura da realidade, propor desafios, vivenciar na prática a dança que se pretendia
onde todos os alunos se sentiram capazes de realizar os movimentos de acordo com
o ritmo e acompanhar uma sequência coreográfica de forma que os ajudou a vencer
suas limitações e produzir seus próprios movimentos. Neste sentido esta
metodologia é trabalhosa, requer tempo, conhecimento e dedicação do professor o
que nem sempre é possível.
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