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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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DOS OLHOS AO CORAÇÃO – REDESCOBRINDO O MUNDO: Práticas

Discursivas e Gêneros Textuais

Autor: Maria do Carmo Dias de Arruda 1

Orientadora: Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira 2

RESUMO

O presente trabalho aborda a temática “Desigualdade Social” e objetiva possibilitar, por meio de temáticas relevantes no cotidiano dos alunos sob forma de Sequência Didática (SD), a produção de leituras eficientes que os levem a analisar a realidade na qual estão inseridos levando em consideração a compreensão da produção dos sentidos materializados nos textos, com destaque para o diálogo existente entre os vários gêneros com uma mesma temática. O objetivo do trabalho foi o de contribuir na aprendizagem dos alunos a partir das práticas discursivas por meio da aplicação do trabalho com gêneros textuais em situações cotidianas. Além disso, buscou-se possibilitar, por meio de uma perspectiva interdisciplinar, a motivação do aluno para produzir poesias, resenhas de filmes, artigos de opinião levando em consideração a operação que se efetiva pela inserção explícita de determinado texto em outro texto. A proposta contemplou alunos da oitava série do Ensino Fundamental, e para a sequência foram selecionados os diversos gêneros: Vídeos, Charge, Artigo de Opinião, Poesia e Cinema por se pressupor que o contato deles com esses gêneros possam propiciar à prática, a discussão, a leitura de textos das diferentes esferas sociais. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre o tema e após detectar as dificuldades de comunicação, realizaram-se a intervenção em sala de aula com a aplicação do material didático produzido para esta finalidade, foram desenvolvidos cinco módulos com o propósito de saná-las, de maneira que seja possível encaminhá-los à produção final. O estudo da prática discursiva dos gêneros ocorreu em um contexto significativo, e a produção final consistirá na montagem de Fanzine com as produções dos alunos sobre o tema “Desigualdade Social” e divulgação em toda comunidade escolar.

Palavras-chave: Língua; Desigualdade social; Práticas discursivas; Intertextualidade; Gêneros textuais.

1 Pós-graduada em Pedagogia para o Ensino Religioso, Supervisão Escolar, Saúde para Professores, Graduada em Letras: Português/ Inglês; Ciências: Biologia; Pedagogia – Habilitação em Orientação Educacional. Professora da Rede Estadual de Ensino no Colégio Estadual Projeto Rondon Ensino Fundamental e Médio2 Pós doutora em Ciência da Literatura. Doutora em Letras. Professora adjunta do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO

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1 INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido a respeito de como trabalhar textos nas escolas por

esta não ser uma tarefa fácil encontra-se nas salas de aulas uma forte resistência,

da parte dos alunos, em relação à leitura e a produção e a produção de texto. Nosso

caminho é buscar por meio da diversidade textual práticas de linguagens e

instrumentos que venham ao encontro da curiosidade de nosso educando e

desenvolva suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de

comunicação.

A escolha do tema como objeto de pesquisa, deve-se principalmente a minha

experiência profissional, desde a Alfabetização até o Ensino Médio, como

professora de Língua Portuguesa. Durante esse período, a formação continuada

agregada às reflexões oportunizadas pela SEED sobre o papel do currículo diante

do conteúdo escolar e dos desafios que se põem no dia-a-dia do professor – as

questões sociais, econômicas, políticas, as manifestações culturais, étnicas, as

quais devem ser mediadas, bem como, respeitadas e consideradas sem que tais

demandas secundarizem o papel do conhecimento escolar.

A multiplicidade de aspectos sociais envolvidos na utilização da língua, cada

condição específica de comunicação e suas finalidades estão marcadas por

elementos também específicos que determinam o gênero do discurso: o conteúdo

temático, o estilo e a construção composicional. Estes elementos, segundo Bakhtin

(2003, p. 262): “[...] estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são

igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da

comunicação”.

O trabalho com sequências didáticas é um conjunto de atividades escolares

organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito,

permitindo a elaboração de contexto de produção de forma precisa, por meio de

atividades e exercícios múltiplos e variados. Esse tipo de atividade tem por

finalidade oferecer aos alunos práticas de linguagens e instrumentos que

desenvolvam suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações

de comunicação (DOLZ, 2004).

Como a proposta contemplará alunos de oitava serie do Ensino Fundamental,

para a sequência foram selecionados os diversos gêneros: vídeos, Charge, Artigo de

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Opinião, Poesia e Cinema por se pressupor que o contato deles com esses gêneros

possam propiciar à prática, a discussão, a leitura de textos das diferentes esferas

sociais, assim, preparamos, então, uma sequência de atividades planejadas a partir

de uma situação inicial, em que os alunos demonstrarão seus conhecimentos

prévios, bem como suas dificuldades. Detectadas as dificuldades de comunicação,

serão desenvolvidos cinco módulos com o propósito de saná-las, de maneira que

seja possível encaminhá-los à produção final.

Para muitos estudantes, a ação de expressar suas idéias oralmente é

considerada algo totalmente natural, no entanto, o ato de reproduzir essas idéias em

forma de texto representa um trabalho árduo e penoso.

Trabalhar os gêneros textuais em sala de aula é uma excelente oportunidade

de se lidar com a língua nos seus mais diversos usos do cotidiano. Se a

comunicação se realiza por intermédio dos textos, deve-se possibilitar aos

estudantes a oportunidade de produzir e compreender textos de maneira adequada

a cada situação de interação comunicativa.

Ensinar estratégias de leitura parte do princípio de que, ao apossar-se dos

mecanismos necessários à compreensão e interpretação de textos, o aluno tornar-

se-á um leitor autônomo, capaz de desvendar os implícitos presentes na infinidade

de gêneros textuais com os quais irá se deparar, não somente durante o período

escolar, pois será um aprendizado que se pretende seja apreendido e incorporado

ao seu ato de ler e que o acompanhará para o resto da vida.

A melhor alternativa para trabalhar o ensino de gêneros textuais é envolver

alunos em situações concretas de uso da língua, de modo que consigam, de forma

criativa e consciente, escolher meios adequados aos fins que se deseja alcançar.

Ao explorar a diversidade textual, devemos aproximar o aluno das situações

originais de produção dos textos não escolares. Essa aproximação proporciona

condições para que o aprendiz compreenda o funcionamento dos gêneros textuais,

apropriando-se, a partir disso, de suas peculiaridades, o que facilita o domínio que

deverá ter sobre eles. Além disso, o trabalho com gêneros contribui para o

aprendizado de prática de leitura, de produção textual e de compreensão.

O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão e produção de texto pela

perspectiva dos gêneros discursivos, assim, Preparamos, então, uma seqüência de

atividades planejadas a partir de uma situação inicial, em que os alunos

demonstrarão seus conhecimentos prévios, bem como suas dificuldades.

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Detectadas as dificuldades de comunicação, serão desenvolvidos quatro módulos

com o propósito de saná-las, de maneira que seja possível encaminhá-los à

produção final.

A prática discursiva dos gêneros vídeos, Charge, Artigo de Opinião, Poesia e

Cinema têm valor literário para os alunos, pois há elementos de comédia e drama.

Por meio destes, os alunos poderão reconhecer ensinamentos, refletindo sobre

importância da honestidade, da responsabilidade pessoal, da curiosidade intelectual,

da engenhosidade, da bondade, da empatia e da coragem.

Dessa forma, este estudo ocorrerá em um contexto significativo, o que

possibilitará que os alunos desenvolvam a leitura e a escrita de textos com intenção

de ensinar, aconselhar, convencer, divertir ou criticar. Espera-se, ainda, que possam

identificar as características composicionais do gênero e reconhecê-los em outras

circunstâncias.

A produção final consistirá na montagem de Fanzine com as produções dos

alunos sobre o tema “Desigualdade Social” e divulgação em toda comunidade

escolar.

Aprendizagem criativa é a possibilidade de respirarmos o conhecimento por

meio do belo. E o belo está no singular e no plural, no interno e no externo, no

pensamento e na emoção, no ser e no mundo.

No Colégio Estadual Projeto Rondon – EFM pretende-se aproximar práticas

discursivas por meio de gêneros textuais e traçar o percurso a partir da observação

e da oralidade.

Desse modo, como superar a fragmentação do ensino da língua materna na

escola e o distanciamento da realidade? Como oportunizar ao aluno, aprender não só

os aspectos da língua, mas, sobretudo, os princípios que organizam a articulação

desses aspectos ou recursos dando aos estudantes a oportunidade de produzir e

compreender textos de maneira adequada a cada situação de interação

comunicativa?

A melhor alternativa para trabalhar o ensino de gêneros textuais é envolver os

alunos em situações concretas de uso da língua, de modo que consigam, de forma

criativa e consciente, escolher meios adequados aos fins que se deseja alcançar. É

necessário ter a consciência de que a escola é um “autêntico lugar de comunicação”

e as situações escolares “são ocasiões de produção e recepção de textos”

(Schneuwly e DOLZ, 2004, p. 78).

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Linguagem e Leitura

“O destino das coisas e do mundo, somos nós que traçamos. Nessa aventura, a linguagem

tem um poder central.” (ANTUNES, 2009, p.44)

Educação é um processo de descoberta e de apropriação de valores, que

visa o desenvolvimento e a formação de pessoa humana no seu todo: intuitivo,

consciente, crítico, comunitário, participativo, comprometido com a realidade social,

política e econômica, ou seja, com a vida, como agente da história e construtor de

uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. E a ação pedagógica para o

educador e para o educando passa necessariamente pela relação que cada um

estabelece com o próprio conhecimento onde, educar é em suma, ensinar o outro a

viver as múltiplas e infinitas relações; é andar pelo caminho do risco, da incerteza e

do desafio. E o trabalho com a linguagem em sala de aula é marcado cada vez mais

pela presença do texto, como objeto de leituras e como trabalho de produção. O

específico da aula de Português é, portanto, o trabalho com textos.

Educar para uma sociedade em constante transformação e incertezas

exige um referencial teórico capaz de nortear novos caminhos ou trilhar os mesmos,

porém sob nova perspectiva. Os fundamentos teóricos que alicerçam o ensino da

leitura requerem o discurso concebido como prática social desdobrado em três

aspectos de igual relevância; oralidade, leitura e escrita constitui-se de uma ampla

rede de relações dialógicas a serviço dos interesses do aluno com atividades que

auxiliem na tomada de consciência quanto à formação de um cidadão crítico,

participativo nas tomadas de decisões que podem mudar os rumos de sua vida e da

sociedade na qual esteja inserido.

Por isso, devem-se valorizar as interações na sala de aula proporcionando

questionamentos que auxiliem nas tomadas de decisões para uma mudança de

atitude da escola com relação aos processos de formação do leitor. Toda leitura

envolve um diálogo vivo do leitor com o texto e incitar quem lê a fazer releituras,

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procurar novos caminhos, novos conhecimentos num processo de construção

individual e social do saber é questão primordial.

Assim, deve ser considerado relevante “[...] o processo dinâmico e histórico

dos agentes de interação verbal, tanto na constituição social da linguagem, que

ocorre nas relações sociais, políticas, econômicas, culturais, etc., quanto dos

sujeitos envolvidos nesse processo” (PARANÁ - SEED, D. C. 2008, p. 17).

Neste sentido, pode-se dizer que a leitura, compreensão e interpretação de

texto é uma prática a ser apropriada pelo aluno, sempre se levando em conta que a

leitura é um processo de interação entre leitor e texto. Segundo Kleiman (2004), há

todo um processo interativo em jogo, onde o leitor se utiliza dos diversos níveis de

conhecimento e que estes interagem entre si. Ainda, Kleiman (2004, p.13) enfatiza:

“Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do

leitor não haverá compreensão”.

No âmbito do mais geral, poder ter acesso à leitura significa poder exercer o

direito de acesso à palavra escrita. E a escrita é, sem dúvida, uma das maiores

construções da humanidade.

Ora, a outra face da escrita é a leitura. Tudo o que é escrito se completa

quando é lido por alguém. Escrever e ler são dois atos diferentes do mesmo drama

(ou da mesma trama!). E, neste particular, entra o conceito atual de “letramento”, um

conceito que ultrapassa a simples conquista das competências em decifração dos

sinais da escrita. Em estado de letramento já se encontram as crianças que vêem

que ouvem ou que manuseiam diferentes suportes de escrita (livros, jornais, folhetos,

anúncios, avisos etc.). Esse estado vai-se afirmando, vai-se ampliando,

continuamente, de maneira que, em estado de letramento, estamos nós todos, a

vidas inteira. Assim, entre escrita, leitura e escola se estabelece uma vinculação de

interdependência tão forte que qualquer uma das três, necessariamente, leva às

outras.

A leitura expressa, dessa forma, o respeito ao princípio democrático de que

todos têm direito à informação, ao acesso aos bens culturais já produzidos, aos bens

culturais em vias de produção ou simplesmente previstos, nas sociedades, sejam

elas letradas ou não. E segundo Antunes (2009, p.196) “A leitura é a lenha com que

alimentamos o fogo de nossas buscas”.

Entretanto, não basta ler para escrever bem. A leitura constitui uma das

condições que propiciam o sucesso da escrita. No entanto, não podemos negar que a

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leitura também constitui um meio de acesso às formas particulares e específicas de

escrever. Apenas pela convivência com textos escritos formais, pela leitura e pela

análise das especificidades desses textos, é que alguém pode apreender os modos

de formulação próprios da escrita formal. A leitura é fundamental, ainda, na educação

da pessoa para a afetividade, para o desenvolvimento da sensibilidade artística e do

gosto estético.

Ler textos literários possibilita-nos o contato com a arte da palavra, com o

prazer estético da criação artística, com a beleza gratuita da ficção, da fantasia e do

sonho, expressos por um jeito de falar tão singular, tão carregado de originalidade e

beleza. Leitura que deve acontecer simplesmente pelo prazer de fazê-lo. Pelo prazer

da apreciação, e mais nada. Para entrar no mistério, na transcendência, em mundos

de ficção, em cenários de outras imagens, criadas pela polivalência de sentido das

palavras.

Os sentidos de um texto resultam de uma confluência de elementos que

estão, simultaneamente, dentro e fora dele. No contato com o texto, o leitor mobiliza

os diferentes tipos de conhecimentos: linguístico, textual e de mundo. E os sentidos

do texto resultam também dos elementos que compõem a “cena” de sua produção e

a outra, não menos pertinente, de sua circulação.

A convivência com a informação escrita, com a exposição de idéias, com a

literatura é a condição desse letramento, uma conquista gradativa, que se vai

sedimentando a ponto de tornar-se parte constitutiva das atividades sociais do

sujeito.

Partindo desse contexto, é necessária, em sala de aula, a mediação do

professor para o desenvolvimento do processo condutor ao objetivo final que é a

transformação do aluno em leitor autônomo e participante ativo desse processo.

Assim, intenta-se para o que diz Solé (1998, p. 116), "O processo de leitura

deve garantir que o leitor compreenda os diversos textos que se propõe a ler. É um

processo interno, porém deve ser ensinado". Por isso, deve-se fazer com que os

alunos participem ativamente do processo-modelo, permitindo-lhes verificar e testar

as estratégias em ação em uma situação real e significativa.

Ensinar estratégias de leitura parte do princípio de que, ao apossar-se dos

mecanismos necessários à compreensão e interpretação de textos, o aluno tornar-se-

á um leitor autônomo, capaz de desvendar os implícitos presentes na infinidade de

gêneros textuais com os quais irá se deparar, não somente durante o período escolar,

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pois será um aprendizado que se pretende seja apreendido e incorporado ao seu ato

de ler e que o acompanhará para o resto da vida.

Antes de colocar em prática as estratégias o aluno precisa ter claro o quê,

para quê e como ler. Há diferentes gêneros textuais e, por isso, também diferentes

necessidades e/ou expectativas sobre o que se vai ler. Lê-se para buscar

informações, adquirir conhecimentos, seguir instruções, por prazer e outras tantas

finalidades, e, assim, os objetivos e propósitos específicos para a leitura variam de

momento para momento e de leitor para leitor.

Em síntese, devemos e podemos promover a conversão de escola em favor

da leitura. Por políticas educacionais que priorizem a ampliação das competências

relevantes para o pleno exercício da cidadania. Pela ação não menos consistente de

uma sociedade que se sinta no legítimo direito de contar com uma escola na qual,

pelo exercício pleno da leitura, se aprenda também a pensar, a expressar-se, a

participar, na condição de cidadãos, das decisões da comunidade e a interferir no seu

destino.

2.2 Língua e Cidadania

Para Rodrigues (1985, p. 81): “A Língua é um instrumento de compreensão

e, como tal, de domínio da realidade”.

O ensino e o estudo da Língua têm como objetivo o domínio pelo aluno do

conhecimento e habilidades conexos à Língua Portuguesa, de modo que aprenda a

escrever enquanto sujeito de seu texto, personagem central de sua fala.

A escola deve trabalhar a Língua Portuguesa retratando as buscas e

tentativas de encontrar melhores caminhos para enfatizar os conteúdos dentro do

contexto social e cultural do aluno oportunizando a leitura de sua própria realidade.

Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais (2008, p.38) – “é na aula de

Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de

sua competência lingüística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na

sociedade.” Desta forma, mantendo a consciência da interdependência entre língua,

cultura, identidade e povo, pretendem-se explorar o entrosamento entre língua e

cidadania - o que segundo ANTUNES (2009, p.33) implica a relação direta entre

escola e sociedade. Ou seja, pretendemos considerar a dimensão social e política do

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ensino da língua, ou o ensino da língua como meio e possibilidade de a escola atuar

na formação, cada vez mais consciente e participativa, do cidadão.

Parafraseando Antunes, (2009, p.30) A língua não pode perder sua

identidade, mas também não pode deixar de incorporar mudanças e diferenças

restando aos interlocutores equilibrar os dois lados, devido à própria necessidade que

os falantes têm de garantir a mediação da linguagem em suas atuações sociais. A

escola pode assumir o papel de explicitar esse conflito, orientando os alunos a

perceber a existência das línguas como algo feito e, ao mesmo tempo, fazendo-se.

Nessas análises, a produção literária teria um lugar de destaque; seria uma forma de

vivenciar o gosto pela admiração dos bens simbólicos e estéticos que fazem o

patrimônio nacional. O que existe é uma língua que muda e varia que incorpora

novos sons, novas entonações, novos vocábulos, que altera seus significados, que

cria associações diferentes, que adota padrões sintáticos novos, sobretudo quando

essa língua é exposta a variadas situações de uso, a outras interferências culturais.

E aquela língua-em-função, que só ocorre sob a forma de atividade social,

para fins da interação e da intervenção humana, acontece inevitavelmente sob a

forma da textualidade, isto é, sob a forma de textos orais e escritos, sejam eles

breves ou longos.

E já que a língua só acontece em situações reais, postula-se, para essa

textualidade, além da estrutura lingüística, uma outra, a estrutura extralingüística,

igualmente determinante e relevante. Em desdobramento a esse ponto relativo à

textualidade, queremos lembrar que os materiais pelos quais atuamos verbalmente

constituem gêneros e, como tais, são produzidos conforme padrões mais ou menos

típicos, esses também definidos culturalmente.

Evidentemente, na perspectiva lingüística da interação interpessoal, o texto

proposto como objeto de estudo da escola preocupada com a formação do cidadão é

o texto que é construção e interpretação de um dizer e de um fazer; é o texto que

estabelece um “ponto de encontro” entre dois sujeitos historicamente presentes num

aqui e num agora definido. É o texto vivo, que circula que passa de um interlocutor

para outro, que tem finalidades, que não acontece apenas para servir de treino.

(ANTUNES, 2009, p.39)

Tem-nos ocorrido, assim, que ensinar uma língua-português, por exemplo -

pode tornar-se produtivo se o ensino é ensino do português dos textos em circulação

nos mais variados gêneros e suportes. Uma via de acesso a esta proposta são os

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gêneros textuais, ou as diferentes classes de textos que circulam, por escrito ou

oralmente, nas instituições e na comunidade em geral. (ANTUNES, 2009, p.39)

Saber falar e escutar em contextos formais, estar inserido no mundo da

comunicação escrita e da comunicação virtual, saber apreciar os valores literários e

todas as expressões da cultura, ter consciência das imensas possibilidades de

criação e de participação social promovidos pelo uso da linguagem constitui o amplo

espectro do que poderiam ser os objetivos do ensino da língua. Na verdade, o cerne

das atividades de linguagem deve ser o exercício da interação, possibilitada pela fala

e pela escrita.

Do ponto de vista mais estritamente lingüístico, o ensino de línguas poderia

promover a formação do cidadão acatando e valorizando a pluralidade lingüística.

Somente assim, o sujeito dessa atividade pode assumir a condição de interlocutor;

com autoria e poder de participação, para, como cidadão, intervir no destino das

coisas e do mundo.

2.3 Textualidade e Gêneros Textuais

Por textualidade se pretende considerar a condição que têm as línguas de

somente ocorrerem sob a forma de textos e as propriedades que um conjunto de

palavras deve apresentar para poder funcionarem comunicativamente.

“O estudo das línguas recobraria mais consistência e mais relevância se

elegesse, como ponto de referência, o texto.” (ANTUNES, 2009, p.51) A chegada ao

consenso da textualidade implicou, portanto, uma mudança de perspectiva, e assim,

com a ampliação de paradigmas, trazida pela consciência da textualidade, a

lingüística ficou exposta: a uma maior abrangência do fenômeno original da língua –

o texto.

Fica evidente: o que se tem denominado de gêneros de texto abarca outros

elementos além do lingüístico, pois abrange normas e convenções que são

determinadas pelas práticas sociais que regem a troca efetivada pela linguagem.

Daí que conhecer os diferentes gêneros que circulam oralmente ou por escrito faz

parte de nosso conhecimento de mundo, de nosso acervo cultural.

O conceito de gêneros textuais retoma um pressuposto básico da

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textualidade; o de que a língua usada nos texto-dentro de determinado grupo -

constitui uma forma de comportamento social. (ANTUNES, 2009, p.55)

Segundo Antunes (2009, p.56), o momento atual dos estudos que

contemplam a questão dos gêneros ainda reclama por definições mais precisas e

consistentes. Entretanto, mesmo conhecendo as dificuldades de chegar a

classificações mais precisas e consistentes, vale tomar os gêneros como

referência para o estudo da língua, e, consequentemente, para o

desenvolvimento de competências em fala, em escuta, em leitura e em escrita

dos fatos verbais com que interagimos socialmente.

E por sinal, vale pena acrescentar que o nome do gênero já aponta, por

si só, para o propósito comunicativo do mesmo. Tem sentido, portanto, nomear

os textos que escrevemos, falamos ou analisamos, chamando-os por seu nome

específico, isto é, pelo nome do gênero que realizam.

Em um sentido bem amplo, a noção de intertextualidade remonta, à idéia

de que a humanidade, no curso de sua história, realiza um único e permanente

discurso, que se vai compondo, que se vai completando, articulando e refazendo,

de maneira que poderíamos vê-lo com uma grande linha, inteira e sem rupturas.

Dessa forma, todos os nossos discursos apenas continuam os discursos

anteriores, e a originalidade total de cada discurso está, simplesmente, em nunca

ser a primeira palavra.

Em um sentido mais restrito, se entende a intertextualidade como a

operação que se efetiva pela inserção explícita de determinado texto em outro

texto. De qualquer forma, seja em sentido amplo, seja em sentido restrito, todo

texto, na sua produção e na sua recepção, está ligado ao conhecimento que os

interlocutores têm acerca de outros textos previamente postos em circulação.

A propósito, conforme lembram Halyday&Hasan (1989, p.47), a escola

se constitui num espaço privilegiado dessa intertextualidade, uma vez que cada

unidade conceitual é abordada com base em outras previamente definidas, seja

no mesmo campo do conhecimento, seja em outros.

A linguística textual é um importante elemento para que se possa

entender o processo significativo que as obras literárias nos apresentam, além do

mais, ser capaz de perceber os elementos intertextuais é imprescindível para a

organização e estruturação de um novo texto.

O texto redistribui a língua. Uma das vias dessa reconstrução é a de

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permutar textos, fragmentos de textos, que existiram ou existem ao redor do

texto considerado, e, por fim, dentro dele mesmo; todo texto é um intertexto;

outros textos estão presentes nele, em níveis variáveis, sob formas mais ou

menos reconhecíveis. (BRARTHES, 1974 apud KOCH, 1998, p. 46).

Segundo Koch (1998, p.46) “isto significa que todo texto é um objeto

heterogêneo, que revela uma relação radical de seu interior com seu exterior”, e

a partir disso, fazer parte em outros textos, que lhe permita transferir os

conhecimentos históricos para um novo texto.

Toda leitura que fazemos é necessariamente intertextual, pois quando

lemos fazemos associações a outras leituras. Um mesmo texto lido em épocas

distintas torna-se outro, pois nesse intervalo de tempo o repertório de leitura já se

alterou.

Kock (1998, p. 48) considera “a intertextualidade em sentido restrito a

relação de um texto com outros textos previamente existentes, isto é,

efetivamente produzidos”.

A mesma autora cita que (idem, p. 48/49)

Ocorre intertextualidade de conteúdo, por exemplo, entre textos científicos de uma mesma área do conhecimento, que se serve de conceitos e expressões comuns, já definidos em outros textos daquela área ou correntes; entre matérias de jornais ( da mídia em geral), no mesmo dia ou período de tempo em que dado assunto é focal; entre textos literários de uma mesma escola ou de um mesmo gênero (por exemplo, as epopéias). Tem-se intertextualidade de forma/conteúdo, por exemplo, quando o autor de um texto imita ou parodia, tendo em vista efeitos específicos, estilos, registros ou variedades de língua, como é o caso de textos que reproduzem a linguagem bíblica, a de determinado escritor ou de um lado segmento da sociedade.

2.4 A Produção Intertextual

Os estudos sobre intertextualidade na realidade são tão antigos quanto à

humanidade e sempre constituem um princípio básico de construção de linguagem,

pois é inerente ao processo de construção do “eu” que não independe, mas

complementa, em diálogos constantes com os outros “eus” e com o meio social.

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Segundo Bakhtin, (1979, p.106), “todas as palavras e formas que povoam

a linguagem são vozes sociais e históricas que lhe dão determinadas significações

concretas e que se organizam no romance em um sistema estilístico harmonioso”,

para ele a língua se organiza em conjuntos, pois não é um conjunto abstrato de

normas, mas sim uma opinião plurilíngüe concreta sobre o mundo.

Bakhtin (idem) destaca também a paródia como uma construção dialógica

muito especial em que o discurso que representa estabelece uma relação de

desmascaramento em relação ao discurso representado.

Para a atividade de produção textual o ponto de partida é a leitura. Mas

para isso, é necessário que o aluno leia e compreenda principalmente textos

literários, pois é a partir da compreensão dos textos literários que ele poderá

produzir com segurança os seus próprios textos.

A produção textual exige reflexão, observação, análise, comparação,

conhecimento e imaginação.

A intertextualidade requer um leitor atualizado e capaz de perceber

passado, presente e futuro, estando sempre atento às manifestações de cultura. É

importante ter claro entendimento de que um texto cita outro para enfatizar,

contradizer, polemizar o que foi dito ou até mesmo ridiculizado.

“Foi a leitura que me abriu o mundo”. (SUASSUNA)

A partir desta afirmação do escritor que se confirma pela realidade

intertextual dos seus escritos, é fundamental considerar que não há obra

radicalmente original. O que existe é um elo profundo que une toda criação e

composição literária, quer pela própria linguagem ou pelo gênero.

Se tomarmos como parâmetro a língua escrita, podemos perceber que a

existência de (quase) incontáveis gêneros constitui um campo privilegiado para o

entendimento funcional dessas possibilidades de variação da língua. E a escrita,

como atividade de linguagem, tem que ser percebida na sua dimensão de texto.

Tanto para quem escreve quanto para quem lê.

Os textos estão sempre em correlação com os fatores contextuais

presentes à situação de comunicação, o que, de certa forma, influencia até mesmo

a escolha do tipo e do gênero a ser escrito.

Dentro dessa perspectiva da variação dos textos em função dos contextos

em que circula, a lingüística, sobretudo aquela de orientação pragmática, tem

proposto e desenvolvido a categoria discursiva de gêneros textuais, na pretensão

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de caracterizar s especificidades das manifestações culturais concernentes ao uso

da língua e de facilitar o tratamento cognitivo desse uso, seja oral, seja escrito.

Tais gêneros têm sido definidos como constitutivos da situação discursiva e

como modelos mais ou menos estáveis de textos (Bakhtin, 1995). Essa categoria

soma-se à outra, já bem mais conhecida, dos tipos textuais, porém amplia-a, no

sentido de que especifica e regula os conteúdos, a estrutura de organização e as

próprias configurações dos textos. Por isso, os gêneros supõem regularidades que

não se limitam ao que é dito, mas que especificam um modo próprio de dizer.

Os gêneros constituem modelos específicos de texto, diferentes entre si,

mas essas diferenças são umas mais, outras menos, controladas pelas próprias

convenções sociais. Em suma, os gêneros põem em evidência a complexidade da

constituição dos textos: são multiformes e, simultaneamente, prototípicos, em

atenção mesmo à natureza convencional das instituições sociais em que

acontecem. O conhecimento da diversidade de gêneros em circulação faz parte de

nosso conhecimento de mundo, também constitui parcela de nossa cultura social.

As motivações para escrever na escola deveriam inspirar-se nas

motivações que temos para escrever fora dela. Na literatura relativa à Lingüística

Textual, é freqüente apontar-se como um dos fatores de textualidade a referência -

explícita ou implícita - a outros textos, tomada estes num sentido bem amplo (orais,

escritos, visuais - artes plásticas, cinema - música, propaganda etc.) A esse

“diálogo” entre textos dá-se o nome de intertextualidade.

Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conhecimento de

mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de

textos. A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito amplo e

complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de remissões a obras ou

a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor a

capacidade de interpretar a função daquela citação ou alusão em questão.

Para Koch (2002), a intertextualidade compreende as diversas maneiras

pela qual a produção/recepção de um dado texto depende do conhecimento de

outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos diversos tipos de relação que

um texto mantém com outros textos. Sant’Anna (1985) refere-se à chamada

intertextualidade de semelhanças, que ocorre quando um texto faz referência a

outros textos como exemplos. É assim que os textos reafirmam os intertextos

retomados, reafirmam os seus conteúdos proposicionais e ainda orientam o leitor

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para concluir de forma semelhante àquela do texto-fonte. O texto, dessa forma,

incorpora o intertextos para seguir-lhe a orientação argumentativa. A

intertextualidade das diferenças de Sant’Anna consiste em representar o que foi dito

para propor uma leitura diferente e/ou contrária.

Para Bakhtin, existe uma dialogização interna da palavra, que é

perpassada sempre pela palavra do outro, é sempre e inevitavelmente a palavra do

outro (AUTHIER-REVUZ, 1990, p. 25-27). Isso nos permite dizer que para constituir

um discurso o enunciador leva em conta o discurso de outrem, que está sempre

presente no seu.

Em Bakhtin, as relações dialógicas são os princípios básicos da

intertextualidade. Essas relações consistem basicamente em pensar a história e a

sociedade como textos que o autor assimila e, logo, insere em seu próprio texto.

Assim, entendidas, veremos que a história e a sociedade se escrevem, e

se lêem na infra-estrutura dos textos dos quais elas fazem parte e estes, por sua

vez, fazem parte delas. (KRISTEVA, 1974, p. 62) O diálogo entre textos assegura,

portanto, a continuidade literária e constitui, em nossos dias, um princípio

fundamental de sobrevivência da prática poética. (KRISTEVA, 1974, p. 98)

Kristeva (1979: 13) observa que todo texto se constrói como mosaico de

citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto. As relações

textuais encerram toda a organização de um texto. Este, por sua vez, possui

antecedente(s), ou seja, tem correlação com outro(s) texto(s).

E, conforme nos diz Affonso Romano (1988, p. 31-32),

O que o texto parodístico faz é exatamente uma re-apresentação

daquilo que havia sido recalcado. Uma nova e diferente maneira de

ler o convencional. É um processo de liberação do discurso. É uma

tomada de consciência crítica. A paródia não é um espelho. Ou,

aliás, pode ser um espelho, mas um espelho invertido. Mas é

melhor usar outra imagem. E, ao invés do espelho, dizer que a

paródia é como a lente: exagera os detalhes de tal modo que pode

converter uma parte do elemento focado num elemento dominante,

invertendo, portanto, a parte pelo todo, como se faz na charge e na

caricatura. (...)

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A intertextualidade, portanto, não é o resultado da leitura paralela de muitos

textos, não se dá em função desses textos, mas sim, estabelece uma relação com

eles.

Observando diversas formas de trabalhos relacionados à leitura, podemos

mostrar que o ato da leitura feita pelo leitor tem uma função, isto é, a leitura não é

meramente passar os olhos pela linha, e sim uma atividade de procura pela

memória do leitor, ou seja, o seu conhecimento de mundo, linguístico e textual.

O conhecimento linguístico gira em torno dos conhecimentos relacionados

à gramática, à língua, ao vocabulário e às regras para seu uso. O conhecimento

textual engloba os aspectos relacionados à forma do texto, por exemplo, se ele é

narrativo, argumentativo, dissertativo, descritivo, expositivo, enfim, diversos textos

que utilizamos no nosso dia-a-dia.

Esse aspecto é importante, pois segundo Kleiman (1922, p.20) “quanto

mais conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior for sua exposição a todo tipo

de texto, mais fácil será sua compreensão [...]”. O conhecimento de mundo implica

conhecimento prévio, isto é, tudo que está à volta do leitor, e seus diversos tipos de

leitura, de variados assuntos, que permitam ao leitor fazer inferências necessárias e

coerentes para o entendimento do texto.

Segundo Koch (2000, p.46), “a intertextualidade diz respeito aos modos

como a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento que se tenha

de outros textos com os quais ele, de alguma forma, se relaciona”. A

intertextualidade pode ser dividida em sentido amplo e sentido restrito. O de sentido

amplo refere-se ao que o leitor guarda em sua memória, em relação aos textos que

já leu e tomou conhecimento, isto é, a cultura geral. O sentido restrito refere-se à

relação de um texto com outros.

A intertextualidade pode estar explicita ou implícita no texto. Dependerá de

o leitor ter conhecimento ou não do(s) assunto(s) tratado(s) no texto. A relação entre

textos é bastante utilizada. Até mesmo num trabalho monográfico, encontramos

vestígios dessa intertextualidade, em que o autor “toma emprestados”,

pensamentos e reflexões de determinados autores para explicar o seu enunciado.

Ou então, sem utilizá-los diretamente, ele lembra o que foi lido, e irá adequá-los de

acordo com as suas necessidades para a compreensão do corpo do trabalho. Isso é

o que chamamos de conhecimento de mundo, colocando todo o conhecimento

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adquirido ao longo de sua jornada, para produzir um texto ou fazer a leitura.

Kleiman (2000) destaca a importância, na leitura, das experiências, dos

conhecimentos prévios do leitor, que lhe permitem fazer previsões e inferências

sobre o texto. Considera a autora que o leitor constrói, e não apenas recebe um

significado global para o texto: ele procura pistas formais, formula e reformula

hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, utilizando estratégias baseadas no seu

conhecimento lingüístico e na sua vivência sociocultural (conhecimento de mundo).

Na atribuição de sentido ao texto, por vezes tem que se levar em conta o

diálogo, as relações estabelecidas entre os textos, ou seja, a intertextualidade.

Como comentam Kleiman e Moraes (1999), os textos incorporam modelos,

vestígios, até estilos de outros textos produzidos no passado e apontam para outros

a serem produzidos no futuro.

É nessa dimensão dialógica, discursiva, intertextual, que a leitura deve ser

experienciada, desde a alfabetização, como um ato social em que autor e leitor

participem de um processo interativo no qual o primeiro escreve para ser entendido

pelo segundo. Tal processo vai depender tanto da habilidade do autor no registro de

suas idéias, quanto da habilidade do leitor na captação de tudo aquilo que o autor

colocou e insinuou no texto.

Portanto a produção de significados – que implica uma relação dinâmica

entre aluno/professor – acontece de forma compartilhada, configurando-se como

uma prática ativa, crítica e transformadora, que deve abarcar diferentes tipos de

textos e gêneros textuais.

2.5 Intertextualidade como estratégia de leitura

Bakthin foi o primeiro teórico a apresentar um conceito de "texto" como

sendo "toda produção cultural com base na linguagem". Para esse teórico, o

processo de leitura não pode ser concebido desvinculado da noção de intertextos,

já que o princípio dialógico permeia a linguagem e confere sentido ao discurso,

elaborado sempre a partir de uma multiplicidade de outros textos.

Na própria constituição da palavra intertextualidade, já se pode notar o seu

significado como sendo uma relação entre textos. Considerando-se texto, num

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sentido lato, como um recorte significativo feito no processo ininterrupto de semiose

cultural, pode-se a firmar que a intertextualidade é inerente à produção humana. A

intertextualidade se dá, pois tanto na produção como na recepção da grande rede

cultural, de que todos participam.

Quadros que dialogam com outros quadros, filmes que retomam outros,

poemas escritos com versos alheios, tudo isso são textos em dialogo com outros

textos. Para Julia Kristeva todo texto se constrói como "mosaico de citações", nessa

visão o texto passa a ser entendido como o evento situado na história e na

sociedade. A autora afirma ainda que:

Pelo seu modo de escrever, lendo o corpus literário anterior ou sincrônico,

o autor vive na história, e a sociedade se escreve no texto. Um texto estranho entra

na rede da escritura: esta o absorve segundo leis específicas que estão por

descobrir. “Assim, no programa de um texto, funcionam todos os textos do espaço

lido pelo escritor." (KRISTEVA, 1974)

Pretende-se também ressaltar a importância da leitura através de um

estudo sobre a forma de abordar e trabalhar a questão da leitura em sala de aula,

utilizando processos embasados na intertextualidade. Entende-se por

intertextualidade quando um texto remete a outro(s), seja por citação explícita ou

não claramente expressa, seja por idéias, aspectos formais ou teóricos que o

discurso ou texto lembram.

Retomando Bakhtin, Kristeva afirma que, para se tornarem dialógicas, as

palavras precisam encontrar outra esfera de existência: precisam tornar-se

discurso. A leitura é um ato que coloca o leitor em contato com outras leituras e

seus significantes e significados, promovendo assim a intertextualidade e o

dialogismo.

O leitor experiente tem duas características básicas que tornam a leitura

uma atividade consciente, reflexiva e intencional: primeiro, ele lê porque tem algum

objetivo em mente, isto é, sua leitura é realizada sabendo para que esteja lendo, e,

segundo, ele compreende o que lê, o que seus olhos percebem seletivamente é

interpretado, recorrendo a diversos procedimentos para tornar o texto inteligível

quando não consegue compreender (KLEIMAN, 2000, p. 51).

Para Rojo (2009, p.115)

Cabe, portanto, também à escola potencializar o diálogo multicultural,

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trazendo para dentro de seus muros não somente a cultura

valorizada, dominante, canônica, mas também as culturas locais e

populares e a cultura de massa, para torná-las vozes de um diálogo,

objetos de estudo e de crítica. Para tal, é preciso que a escola se

interesse por e admita as culturas locais de alunos e professores.

Segundo a autora Koch(1998, p. 48), a intertextualidade ocorre quando “ há

relação de um texto com outros textos previamente existentes, isto é, efetivamente

produzido.”

Portanto, se a escola é o lugar de formação do cidadão, se o instrumento

de autonomia da escola é a palavra, falada e escrita, ser cidadão é ser leitor. Assim,

a leitura e a escrita estão, por excelência, presentes na atitude educativa.

3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

No processo de implementação do projeto, o conhecimento do público-alvo

é imprescindível, pois seu perfil determina e reorienta as ações do professor. Para

tanto, aplicou-se a intervenção pedagógica em uma turma de 8ª série sob a regência

do professor PDE no Colégio Estadual Projeto Rondon - Ensino Fundamental e

Médio, localizado no município de Honório Serpa, NRE Pato Branco. /PR

Os percursos deste estudo realizaram-se de acordo com a proposta:

• Seleção de recursos bibliográficos a respeito de Intertextualidade,

Gêneros Textuais.

• Estabelecer as diferenças entre tipologia textual e gênero textual

• Apresentação do projeto à comunidade escolar por meio de oficinas

expositivas sobre como os gêneros contribuem para ordenar e

estabelecer as atividades comunicativas do dia-a-dia.

• Contextualização da função do gênero textual vinculado a uma prática

social

• Vídeos que retratem o tema “Desigualdade social”

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• Desdobramento em trabalhos complementares

• Apresentação dos conhecimentos adquiridos, para a comunidade

escolar através de um momento cultural.

• Entrevista com professores da turma, para verificar se houve mudanças

no comportamento social do educando envolvido no projeto.

• Reflexão das atividades desenvolvidas e possibilidades de

transformação social através da dialogicidade entre os textos sobre a

mesma temática.

• Apresentação de intervenção pedagógica – unidade didática – por meio

de uma perspectiva interdisciplinar e de temáticas relevantes no

cotidiano dos alunos sob forma de Sequência Didática.

Neste contexto, pretende-se possibilitar ao estudante de Ensino

Fundamental que este construa uma nova perspectiva sobre compreender leitura e

escrita como práticas sociais: ações humanas mediadas pela articulação proficiente

da linguagem.

4 METODOLOGIA

4.1 SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA

O trabalho objetiva possibilitar, por meio de temáticas relevantes no

cotidiano dos alunos sob forma de Sequência Didática, produção de leituras

eficientes que levem a analisar a realidade na qual eles estão inseridos levando em

consideração a operação que se efetiva pela inserção explícita de determinado texto

em outro texto. Contribuir na aprendizagem dos alunos a partir das práticas

discursivas por meio da aplicação do trabalho com gêneros textuais em situações

cotidianas. Compreender a produção dos sentidos materializados nos textos, com

destaque para o diálogo existente entre os vários gêneros com uma mesma

temática.

Como a proposta contempla alunos de oitava serie do Ensino Fundamental,

para a sequência foram selecionados os diversos gêneros: vídeos, Charge, Artigo de

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Opinião, Poesia e Cinema por se pressupor que o contato deles com esses gêneros

possam propiciar à prática, a discussão, a leitura de textos das diferentes esferas

sociais, assim, preparamos, então, uma sequência de atividades planejadas a partir

de uma situação inicial, em que os alunos demonstrarão seus conhecimentos

prévios, bem como suas dificuldades. Detectadas as dificuldades de comunicação,

serão desenvolvidos cinco módulos com o propósito de saná-las, de maneira que

seja possível encaminhá-los à produção final.

O estudo da prática discursiva dos gêneros ocorrerá em um contexto

significativo, e a produção final consistirá na montagem de Fanzine com as

produções dos alunos sobre o tema “Desigualdade Social” e divulgação em toda

comunidade escolar.

4.2 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

Para desenvolver as atividades propostas seria necessário, a princípio, um

total de 24 aulas, em que, “passo a passo” tem-se a seguinte prospecção:

Problematização do Tema: A partir de uma situação problema em

metodologia de pesquisa-ação em sala de aula, aproximar o aluno aos diversos

tipos de gêneros textuais e traçar o percurso a partir da observação e da oralidade, a

partir das praticas discursivas e intertextualidade. Como não se deixar seduzir pela

arte poética? E pela arte cinematográfica? E pelo artigo de opinião? E pela Charge?

Após trabalhar em metodologia problematizadora, os alunos serão convidados a

responder um questionário.

Neste primeiro momento, foi exposto, aos alunos, o trabalho que será

realizado, com base na reflexão sobre a Desigualdade Social apresentada em

diversos Gêneros textuais.

Após este esclarecimento, deve-se proporcionar, a eles, a contextualização

com o tipo de texto a ser estudado. Como estágio preparatório para o estudo, à

primeira atividade a ser desenvolvida consiste em estabelecer contato entre esse

tipo de texto. Nesta fase, os alunos da oitava série, do Colégio Estadual Projeto

Rondon – EFM foram levados a uma sondagem dos conhecimentos prévios sobre o

tema Desigualdade Social.

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Ao apresentar aos alunos o gênero poesia sobre o tema. O objetivo de se

trabalhar a poesia em sala é o de estimular a oralidade, a criatividade e a reflexão a

respeito de fatos da vida de cada aluno. Propor aos alunos que criem um poema. Os

textos escritos deverão ser entregues ao professor para correção. Após a correção,

se fizer necessário, os alunos os reescreverão para que, posteriormente, sejam

expostos no mural da sala.

Efetuar a composição de painéis com as imagens e poemas que abordem a

desigualdade social, e expor nos ambientes de trânsito da escola.

Projeção de vídeo no Youtube sobre a Desigualdade Social, correlacionando

com a obra cinematográfica “Escritores da Liberdade”. Todo filme requer

compreensão como suporte efetivo do pensamento e da reflexão e pode ser

utilizado como recurso didático para uma formação mais profunda, reflexiva e crítica.

Assistir ao filme, com interesse fazendo, perguntas e comentários oralmente.

Produzir e reestruturar textos a partir do filme.

Leitura de artigos de opinião sobre o tema Desigualdade Social, localizar

informações explícitas no texto, Levantar e checar hipóteses, Inferir e extrapolar o

texto, e produzir um artigo de opinião sobre o tema.

A produção de Fanzine envolvendo os gêneros abordados nesta Sequência

Didática. Divulgação para a comunidade escolar, incentivando a leitura entre os

estudantes, afinando o seu olhar para a riqueza e a diversidade das diferentes

linguagens presentes no mundo.

4.3 RELATO DA APLICAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

1ª atividade: Pré-teste com a aplicação do questionário oral sobre o tema

Desigualdade Social e gêneros textuais para diagnosticar o que os alunos conhecem

sobre o tema, o que pensam e qual a posição que apresentam sobre o mesmo em

senso comum. Efetuando assim, uma sondagem para diagnosticar a aproximação

da tipologia textual e os diversos gêneros sob uma nova perspectiva e ampliar as

possibilidades da aprendizagem e a influência que isto exerce na cultura em que

estão inseridos.

2ª atividade: Organização Prévia dos conteúdos sobre o tema apresentando os

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vídeos no link Youtube sobre a desigualdade Sócia objetivando explicitar aos alunos

a renovação geral no conhecimento através da vídeos em formato digital,

questionamento se existe algo de inusitado na apresentação destes vídeos.

Pretende-se com esta atividade aprofundar os conceitos Youtube em formato digital;

relacionar os conceitos tecnológicos na era digital, a partir do contexto atual e

promover o diálogo interdisciplinar entre a linguagem cinematográfica e os

conteúdos escolares, como forma de ampliar os conhecimentos de mundo.

3ª atividade: Leitura e apropriação das características típicas do gênero discursivo

Charge. Aquisição de leitura critica sobre o gênero discursivo apresentado, o qual

nesta atividade está mostrando o que os cidadãos fazem pra sobreviver num país

desigual.

O humor da charge pode revelar uma intenção discursiva que vai muito além de

proporcionar simples diversão: na maior parte das vezes, acaba por conduzir o leitor

a um posicionamento sobre as temáticas abordadas.

Acreditamos que as circunstâncias socioculturais de produção, circulação e

consumo desses textos são decisivas para se compreender o processo de

caracterização de seus personagens, cujas práticas verbais e não-verbais podem

veicular significados que vão além do efeito comunicativo imediato, gerando

mecanismo de identificação com o leitor, relacionando-a as questões sociais,

artísticas e culturais, concebendo-a como um tipo de narrativa. Por meio desse

gênero pretende-se reconhecer uma identificação entre a vida dos personagens e a

nossa vida, ou uma oposição entre os valores de alguns personagens, na

reconstrução da realidade.

E para que isso aconteça torna-se necessário desenvolver atividades de

sensibilização a classe a partir da ideia retirada da charge, dialogar e interpretar

observando os elementos essenciais contidos na charge.

E, além disso, fazer com que os alunos pensem sobre o fato de que as

desigualdades sociais estão constantemente aumentando. Que sempre é tempo de

mudança. As portas se abrem quando somos estimulados e encorajados.

4ª atividade: Apresentar um texto gênero “Artigo de opinião” para leitura sobre

Desigualdade Social. Ampliar os conhecimentos e identificar o artigo de opinião

como um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum tema

atual e de interesse de muitos. Localizar informações explícitas no texto, levantar e

checar hipóteses, inferir e extrapolar o texto e analisar os elementos linguísticos.

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Através de atividades contextualizadas procurarem atingir os objetivos propostos até

a produção de texto “artigo de opinião”.

5ª atividade: Apresentar aos alunos o gênero “Poesia” relacionando-a ao tema em

estudo. O objetivo de se trabalhar a poesia em sala é o de estimular a oralidade, a

criatividade e a reflexão a respeito de fatos da vida de cada aluno, oportunizando

momentos lúdicos aos alunos, tendo em vista exercícios de imaginação, de fantasia

e de criatividade e ao mesmo tempo mostrar a vida de uma forma mais poética, com

maior liberdade para construir seu conhecimento.

Propiciar condições para que os alunos se tornem leitores aptos a interpretar e

compreender o que o poeta quis transmitir em meio aos versos; Coordenar

conhecimentos dos vários sentidos que um texto poético proporciona; Partir de uma

leitura poética do mundo, fazendo da poesia motivo de apreciação lúdica e de

motivação para a produção de intertextualidade. Iniciar a atividade recitando o

poema e fazer perguntas aos alunos a respeito do texto, analisar a estrutura

organizacional do texto poético. Expressão oral – declamando, a composição de

painéis com as imagens e poemas que abordem a desigualdade social, e expor nos

ambientes de transito da escola. Introduzir a música “Comida” de Titãs como

elemento reflexivo que aparece no vídeo do You Tube e fazer um trabalho

interdisciplinar, texto em produção – criar poemas.

6ª atividade: Apresentar aos alunos o gênero “Cinema”, que atingiu uma evolução

tecnológica altamente sofisticada e se transformou em uma das linguagens de

expressão visual mais significativa da cultura contemporânea, definindo-se como a

7ª Arte. Considerado uma das principais invenções científico-culturais, caracterizam-

se pelo registro, projeção e ampliação de um conjunto de sons e imagens em

movimento. Com esta atividade pretende-se contribuir para criar situações

importantes de aprendizagens culturais, educativas e estéticas, transformando tais

vivências em experiências culturais de formação. Por meio desta proposta

desafiadora pode-se desafiar, provocar, instigar o pensamento divergente e suas

contradições, a sensibilidade, a busca de significado, a construção de novas

relações. Vê-se a ampliação da educação estético-visual, como possibilidade de

construção da cultura lúdica infantil e como forma privilegiada para desenvolver a

narrativa, a oralidade, a lógica, a imaginação e a criatividade ultrapassando a

percepção ingênua e ampliar o repertório do espectador e pode desenvolver e

aguçar algumas sensibilidades para enriquecer a capacidade do olhar e da

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percepção.

Conhecer a obra cinematográfica dialogando, verificando a ficha técnica e a resenha

da obra, assistir, questões interpretativas. Produzir textos incentivando os colegas de

seu colégio para assistir a este filme em “Sessão Cinema na Escola”. Ver alguns

links na internet sobre o filme. Produção de Fanzine, envolvendo os gêneros

abordados nesta Sequência Didática. Divulgação para a comunidade escolar.

Apresentar sugestões de atividades complementares para ampliação do repertório

cinematográfico com a possibilidade de trazer a cultura de diferentes lugares do

mundo, que interpretam o que aprendem e do que pensam, sente e diz sobre o

mundo e sobre si próprias.

Complementação - Ao concluir a Aplicação da Sequência Didática solicitou-se aos

professores da série que avaliassem indiretamente o desenvolvimento do projeto e

sua aplicabilidade baseando-se nas questões: Percebeu alguma diferença em

relação aos alunos no contexto de sala de aula? Como trabalhar a leitura, a

oralidade e a escrita em sua disciplina objetivando superar as lacunas de

aprendizagem?

As respostas foram satisfatórias porque a maioria dos professores

demonstrou em seu relato evidências de que houve mudanças no comportamento

social do educando envolvido no projeto, inclusive uma professora/mãe salientou

que está percebendo maior interesse de seu filho pela leitura. Entretanto, todos são

sabedores que as mudanças muitas vezes ocorrem em longo prazo e por isso

devem-se buscar metodologias alternativas onde o redimensionar atividades deve

ser uma questão permanente para professores e alunos principalmente fazendo com

que o aluno adquira o gosto pela leitura e que ela ocupe um lugar de destaque na

sua vida e no ambiente escolar.

Dessa forma, considera-se a leitura como elemento fundamental, ainda, na

educação da pessoa para a afetividade, para o desenvolvimento da sensibilidade

artística e do gosto estético. Todos têm o direito ao acesso à leitura e à competência

em escrita de textos.

Além disso, existe coerência entre todos que ao constatar pelo exame do

cotidiano escolar, que as competências em leitura, compreensão e escrita não se

restringem às aulas de línguas. Todo professor, de qualquer disciplina, é um leitor e,

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para sua atividade de ensino, depende, necessariamente, do convívio com textos os

mais diversos. A leitura é, pois, dever de toda a escola. (ANTUNES, 2009, p.187).

4.4 RELATO DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA COM OS ALUNOS

Ação 1: Reflexão “ Desigualdade Social” apresentada nos Gêneros Textuais Ação 2: Módulo 1 - Introduzindo o Gênero Vídeo – Link do Youtube Ação 3: Módulo 2 - Introduzindo o Gênero Charge Ação 4: Módulo 3 - Introduzindo o Gênero Artigo de Opinião Ação 5: Módulo 4 - Introduzindo o Gênero Poesia Ação 6: Módulo 5 – Introduzindo o Gênero Cinema AÇÃO 1:

Para reflexão sobre a temática “Desigualdade Social” apresentada em

diversos Gêneros Textuais preparamos uma sequência de atividades planejadas a

partir de uma situação inicial, em que os alunos demonstraram seus conhecimentos

prévios através de um pré-teste sobre a temática “Desigualdade Social”. E por meio

de uma sequência didática compreender a produção dos sentidos materializados

nos textos, com destaque para o diálogo existente entre os vários gêneros com uma

mesma temática.

Ao expor aos alunos o projeto que será realizado, com base na reflexão sobre

a Desigualdade Social apresentada em diversos Gêneros Textuais proporcionou-se

a contextualização com os tipos de textos a ser estudado: Vídeos, Charge, Artigo de

Opinião, Poesia e Cinema e a influência que isto exerce na cultura em que estão

inseridos. Diagnosticar a aproximação da tipologia textual e os diversos gêneros sob

uma nova perspectiva e ampliar as possibilidades da aprendizagem consiste em

estabelecer contato entre esse tipo de texto e os alunos.

A atividade ocorreu por meio de troca de experiências e relato dos

conhecimentos prévios dos alunos em situações cotidianas. E através da Sondagem

pode-se verificar o conhecimento que os mesmos possuem sobre a temática e os

gêneros textuais elencados. Contemplamos também a tabela de gêneros discursivos

conforme as esferas de circulação contida nas Diretrizes Curriculares de Língua

Portuguesa/Paraná para que o aluno perceba o ambiente no qual circula os gêneros

a ser estudado nessa sequência didática. Optou-se por organizar o material didático

do aluno em um portfólio para posterior encadernação.

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AÇÃO 2:

Ao trabalharmos com vídeos no link Youtube que relatam a desigualdade

social, como forma de ampliar os conhecimentos de mundo visa relacionar os

conceitos tecnológicos na era digital, a partir do contexto atual. Portanto, a melhor

alternativa para trabalhar o ensino de gêneros textuais é envolver alunos em

situações concretas de uso da língua, de modo que consigam, de forma criativa e

consciente, escolher meios adequados aos fins que se deseja alcançar. Nosso

caminho é buscar por meio da diversidade textual práticas de linguagens e

instrumentos que venham ao encontro da curiosidade de nosso educando e

desenvolva suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de

comunicação.

AÇÃO 3:

Aquisição de leitura crítica sobre o gênero discursivo Charge relacionando-a

as questões sociais, artísticas e culturais. Constatamos que as circunstâncias sócio-

culturais de produção, circulação e consumo desses textos são decisivas para se

compreender o processo de caracterização de seus personagens, cujas práticas

verbais e não-verbais podem veicular significados que vão além do efeito

comunicativo imediato, gerando mecanismo de identificação com o leitor.

AÇÃO 4:

Para muitos estudantes, a ação de expressar suas idéias oralmente é

considerada algo totalmente natural, no entanto, o ato de reproduzir essas idéias em

forma de texto representa um trabalho árduo e penoso. E ao identificar o artigo de

opinião como um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum

tema atual e de interesse de muitos o aluno percebe que pode ampliar e demonstrar

o conhecimento adquirido por meio de suas produções, argumentando além de

expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e

admissíveis.

AÇÃO 5:

Ao trabalhar a poesia em sala de aula objetivamos estimular a oralidade, a

criatividade e a reflexão, oportunizando momentos lúdicos aos alunos, tendo em

vista exercícios de imaginação, de fantasia e de criatividade e ao mesmo tempo

mostrar a vida de uma forma mais poética, com maior liberdade para construir seu

conhecimento. Partindo de uma leitura poética do mundo, fazendo da poesia motivo

de apreciação lúdica e de motivação para a produção de intertextualidade pretende-

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se que com o refinamento da sensibilidade haja a compreensão de si própria e do

mundo, o que faz desse tipo de linguagem uma ponte imprescindível entre o

indivíduo e a vida.

AÇÃO 6:

Ao apresentar aos alunos o gênero Cinema, que atingiu uma evolução

tecnológica altamente sofisticada e se transformou em uma das linguagens de

expressão visual mais significativa da cultura contemporânea, definindo-se como a

7ª arte constatou-se a contribuição para criar situações importantes de

aprendizagens culturais, educativas e estéticas, transformando tais vivências em

experiências culturais de formação. E o filme “Escritores da Liberdade” é uma

fabulosa história de vida que nos mostra como as palavras podem emancipar as

pessoas e de que forma a educação, a cultura e o conhecimento são as bases para

que um mundo melhor realmente aconteça e se efetive. O valor desse filme também

está na ousadia da linguagem cinematográfica mostrando os problemas psico-

socioculturais que atingem a escola contemporânea e incentiva os alunos a lerem

literatura.

PRODUÇÃO FINAL:

Este projeto visou à expansão de atividades pedagógicas realizadas na

escola, a fim de atender às especificidades da formação do aluno e de sua

realidade. E por meio da socialização dos conhecimentos adquiridos com

divulgação para a comunidade escolar por meio de painéis sobre o tema

Desigualdade Social e a produção de Fanzine de Práticas Discursivas envolvendo

os gêneros abordados nesta Sequência Didática pretendeu-se dar ênfase ao

trabalho onde o foco é a compreensão e a produção dos sentidos materializados em

gêneros de textos, objetivando capacitar os alunos para a prática social da múltipla e

funcional comunicação oral e escrita.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA SD

Durante a realização deste trabalho, constatamos que no Módulo 1 -

Introduzindo o Gênero Vídeo – Link do Youtube houve a participação ativa, a partir

de questões referentes ao conhecimento já adquirido sobre o Youtube os alunos

entraram em contato com a temática Desigualdade Social por meio de um trabalho

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dirigido apresentando os vídeos no link Youtube.

Ressalta-se que esta atividade precisou ser adiada por duas vezes devido a

problemas relacionados ao acesso da Internet no Laboratório de Informática na

escola. O problema dificultou o prosseguimento do projeto, pois a referida etapa era

sequencial e impossibilitava a viabilidade das outras etapas. Como sequência,

houve criação de paródias relacionadas à temática estudada e a apresentação

realizou-se na sala de aula com a presença de uma Pedagoga e de um professor de

Educação Física e músico de uma banda local. Após trabalharmos com vídeos no

link Youtube que relatam a desigualdade social, como forma de ampliar os

conhecimentos de mundo visa relacionar os conceitos tecnológicos na era digital, a

partir do contexto atual a turma de alunos dividiu-se em grupos criando painéis

relacionados ao tema utilizando recortes de revistas disponíveis na biblioteca da

escola para esta finalidade. Apresentação do trabalho final pelo grupo criador, tendo

a contribuição dos colegas da turma na análise e contextualização. Exposição no

mural da escola e registro de fotografias (celular de aluno). Análise de questões

referentes aos vídeos assistidos, contextualização em nível de conhecimento de

cada aluno e intervenção e complementação da professora instigando a

compreensão e o diálogo interdisciplinar.

No Módulo 2 - Introduzindo o Gênero Charge realizou-se uma pesquisa

sobre o conhecimento de cada aluno sobre a charge. Contato com o gênero e suas

características por meio de uma sequência de atividades dialogadas com o livro

didático “Linguagens no Século XXI – 8ª série de Heloisa Harue Takazaki “ adotado

pela escola e utilizado pelos alunos como mais um recurso a aprendizagem da

leitura e a escrita.

Objetivou-se aquisição de leitura crítica sobre o gênero discursivo Charge

relacionando-a as questões sociais, artísticas e culturais. Constatamos que as

circunstâncias sócio-culturais de produção, circulação e consumo desses textos são

decisivas para se compreender o processo de caracterização de seus personagens,

cujas práticas verbais e não-verbais podem veicular significados que vão além do

efeito comunicativo imediato, gerando mecanismo de identificação com o leitor. E ao

observar que alguns alunos confundiram-se com as atividades do gênero estudado a

professora percebeu a necessidade imediata de aprofundar o conteúdo para

diferenciar ou reconhecer que a produção de charge e os recursos usados na

mesma são os mesmos das histórias em quadrinhos.

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A reflexão das atividades desenvolvidas e possibilidades de transformação

social após a releitura das imagens que a charge apresenta onde os alunos deverão

ter uma visão mais ampla sobre o que a charge tenta nos mostrar é que a grande

parte dos privilégios, poderes e recursos de nosso planeta está nas mãos de

algumas poucas pessoas, tornando estas pessoas extremamente poderosas. Em

grupos - pesquisar em jornais e revistas – charges recentes e analisá-las de acordo

com um roteiro pré-estabelacido/estudado. Coletânea de Charges. Contextualização

de práticas possíveis a partir da análise da charge “De uma idéia de Peter Kreeft”

disponível em http //www.publico.gov.br.

No Módulo 3 - Introduzindo o Gênero Artigo de Opinião houve a sondagem

do conhecimento do aluno sobre o Artigo de Opinião. Leitura de artigos de opinião

do caderno “Olimpíadas de Língua Portuguesa”. Apresentação de um texto gênero

“artigo de opinião” para leitura sobre Desigualdade Social com ampliação de

conhecimentos.

E ao identificar o artigo de opinião como um texto em que o autor expõe seu

posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos o aluno

percebe que pode ampliar e demonstrar o conhecimento adquirido por meio de suas

produções, argumentando além de expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo

através de informações coerentes e admissíveis. Leitura do jornal Diário do

Sudoeste – Pato Branco/PR, datado de 07/10/2010 para reforçar o estudo do artigo

de opinião e do editorial. A seguir, possibilitou-se o contato com o gênero no Projeto

de Implementação na Escola para localizar informações explícitas no texto; levantar

e checar hipóteses; inferir e extrapolar o texto. Pesquisa na Internet sobre a temática

estudada e orientações para produzir um bom artigo de opinião. Leitura de artigos

contidos no livro didático do aluno. Produção de artigos de opinião sobre a temática

Desigualdade Social objetivando após a correção a inserção, no site da escola.

No Módulo 4 - Introduzindo o Gênero Poesia a partir da pergunta “ O que é

poesia para mim ?” cada aluno pode demonstrar o seu conhecimento sobre o

gênero. Proporcionar a “Hora da Poesia” foi uma das alternativas para que o aluno

entrasse em contato com uma variedade de poesias de diversos autores por meio

de livros pré-selecionados pela professora PDE. E ao escolher o livro de acordo com

o seu interesse o aluno tem liberdade para realizar a leitura (em voz alta, silenciosa,

jogralizada, declamada) e trocar experiências com colegas e professora.

Ao trabalhar a poesia em sala objetivamos estimular a oralidade, a

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criatividade e a reflexão, oportunizando momentos lúdicos aos alunos, tendo em

vista exercícios de imaginação, de fantasia e de criatividade e ao mesmo tempo

mostrar a vida de uma forma mais poética, com maior liberdade para construir seu

conhecimento. Após ler uma poesia sobre Desigualdade Social - ocorreu análise do

texto poético e orientações para declamar. Partindo de uma leitura poética do

mundo, fez-se da poesia motivo de apreciação lúdica e de motivação para a

produção de intertextualidade pretende-se que com o refinamento da sensibilidade

haja a compreensão de si própria e do mundo, o que faz desse tipo de linguagem

uma ponte imprescindível entre o indivíduo e a vida.

A arte de criar realizou-se por meio da composição de painéis, com imagens

e poemas que abordem a desigualdade social, expostos nos ambientes de trânsito

da escola. Introduzir a música “Comida” de Titãs como elemento reflexivo que

aparece em vídeos no Youtube e fazer um trabalho interdisciplinar a partir de uma

leitura poética do mundo, fazendo da poesia motivo de apreciação lúdica e de

motivação para a produção de intertextualidade. Texto em produção – criar poemas

e após a correção expor os poemas na sala de aula. Recursos complementares:

vídeo/recital de poesia e organizar uma roda de poemas.

No Módulo 5 – Introduzindo o Gênero Cinema apresentou-se aos alunos o

gênero Cinema, que atingiu uma evolução tecnológica altamente sofisticada e se

transformou em uma das linguagens de expressão visual mais significativa da

cultura contemporânea. Selecionou-se o filme Escritores da Liberdade é uma

história de vida que nos mostra como as palavras podem emancipar as pessoas e

de que forma a educação, a cultura e o conhecimento são as bases para que um

mundo melhor realmente aconteça e se efetive.

Assistir para conhecer a obra cinematográfica dialogando, verificando a ficha

técnica e a resenha da obra. O valor desse filme também está na ousadia da

linguagem cinematográfica mostrando os problemas psico-socioculturais que

atingem a escola contemporânea e incentiva os alunos a lerem literatura

contribuindo assim, para criar situações importantes de aprendizagens culturais,

educativas e estéticas, transformando tais vivências em experiências culturais

solicitou-se a produção de textos.

Produzir um texto incentivando os colegas de seu colégio para assistir a este

filme em “sessão cinema na escola” objetivando ultrapassar a percepção ingênua e

ampliar o repertório do espectador podendo desenvolver e aguçar algumas

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sensibilidades para enriquecer a capacidade do olhar e da percepção. A Atividade

buscou ampliar o repertório cinematográfico para que os alunos entrem em contato

com diferentes produções e encontrem sua identidade na diversidade cultural, com a

possibilidade de trazer a cultura de diferentes lugares do mundo, que interpretam o

que aprendem e do que pensam, sentem e dizem sobre o mundo e sobre si

próprias.

A Produção Final concretiza os objetivos propostos e a socialização dos

conhecimentos adquiridos aconteceu por meio de painéis sobre o tema

Desigualdade Sociais e a produção de Fanzine de Práticas Discursivas envolvendo

os gêneros abordados nesta Sequencia Didática. Esta socialização entendeu-se a

comunidade escolar como um todo objetivando o incentivo a uma leitura crítica da

realidade e, além disso, a possibilidade do despertar e afinar o olhar para a riqueza

e a diversidade das diferentes linguagens presentes no mundo.

6 CONCLUSÃO

As transformações sociais evidentes que ocorrem no País passaram a exigir

da educação, e especialmente dos educadores, novas posturas, fundamentadas

numa reflexão sistemática, profunda e contextual da realidade, seguida de

atividades coerentes com o quadro delineado.

Na condição acima citada, a proposta pedagógica “Dos olhos ao Coração –

Redescobrindo o Mundo: Práticas Discursivas e Gêneros Textuais” abordando a

temática “Desigualdade Social” propiciou aos educando momentos de reflexão sobre

as influências do sistema social e sobre os educadores, transformações estas, que

devem ser promovidas por meio de um trabalho educativo, adequadamente

planejado e eficientemente desenvolvido.

E se um dos objetivos do ensino da leitura e da escrita é criar condições

para que o educando atue de maneira plena no seu meio social a proposta

desenvolvida alcançou o seu objetivo porque a escola é o local privilegiado para se

aprender a viver e a conviver com o êxito.

Sendo assim, durante o desenvolvimento das atividades procurou-se enfatizar

os conteúdos dentro do contexto social e cultural do aluno, oportunizando a leitura

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da própria realidade. Por isso, a diversidade textual que existe fora dela pode e deve

estar a serviço da expansão do conhecimento letrado do aluno, onde a leitura é a

realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido por alguém.

Dessa forma, a escola deve acompanhar a evolução do mundo, mas ela é

também uma guardiã da tradição; e esta deve conhecer também a realidade

linguística do educando, porque a Língua Portuguesa se constitui como elo para a

prática pedagógica escolar, por ser um código linguístico comum a todas as áreas

do conhecimento.

O significado e a importância do ensino da Língua evocam uma exigência

permanente: não permite que o homem seja expropriado dos mecanismos de cultura

que a língua veicula para a organização da sua vida e do mundo. Para isso, devem-

se criar situações e oportunidades que permitam ao aluno expressar aquilo que

sabem através de diferentes linguagens

A escola, inserida num contexto em que a tecnologia domina, pode formar

cidadãos autônomos e conscientes, permitindo que os alunos tenham uma postura

crítica diante da massa de informações com que são bombardeados continuamente.

Neste caso, o professor deve ser o elemento fundamental no processo de

construção do conhecimento porque no cotidiano do trabalho, muitos são os

problemas que acabam por dificultar a aprendizagem do aluno, e, é através de

leituras que novos caminhos emergirão modificando o pensar, para que assim se

possa, a partir da realidade apresentada, buscar metodologias alternativas onde o

redimensionar atividades deve ser uma questão permanente para professores e

alunos.

A construção de um texto é a forma de elaborar e registrar suas experiências.

Todo conhecimento resulta sempre da necessidade que se tem de comunicar-se.

Comunicar percepções, emoções, experiências vividas... PAIN (1993, p. 12) diz que:

“o conhecimento que produzimos só tem valor para cada um de nós quando

sabemos que ele é aceito e validado pelo outro, que compartilha conosco nossas

afirmações”.

A ação educativa deve ser um instrumento que prepara o homem para

reivindicar seu direito de opinar, discutir, criticar e alterar a ordem social e de ter

acesso à cultura e a história de seu tempo.

E a ação pedagógica para o educador e para o educando passa

necessariamente pela relação que cada um estabelece com o próprio conhecimento.

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Sem dúvida, quando o professor ensina algo, ele não está somente ensinando um

conteúdo, mas ensina também a forma pela qual o aluno entra em relação com este

conteúdo pela própria maneira como ensina; como avalia o que considera como

aprendizagem.

Portanto, educar é, em suma, ensinar o outro a viver as múltiplas e infinitas

relações, é andar pelo caminho do risco, da incerteza e do desafio. Os temas e

conteúdos a serem trabalhados partem da própria vida, dos questionamentos frente

às limitações, das experiências e do relacionamento da pessoa consigo mesma e

com o mundo.

É fundamental que a escola, ao mesmo tempo em que divulga o

conhecimento acumulado pela humanidade, faça com que o aluno vivencie o caráter

dialético da construção do conhecimento, que é sempre provisório, superado

detonador de um novo conhecimento.

Com relação ao trabalho desenvolvido durante a implementação do projeto,

constatou-se que com a fundamentação teórica, as leituras, as análises de textos e

as orientações, o trabalho pode ser bem direcionado no qual se percebeu

aceitabilidade, criticidade e interesse dos alunos durante o processo ensino

aprendizagem. Também não pode ser deixada de lado a participação, o

compromisso, a criatividade e a vontade de aprender dos alunos participantes do

projeto. Outro ponto importante a ser destacado é que houve troca de experiências

entre os alunos.

No que se refere ao manuseio das mídias de informática, também houve

interação entre a equipe, pois os mais experientes auxiliaram os demais a utilizarem

o sistema Linux, implantado na rede.

Pode-se perceber com alegria que a leitura de poesias pelos adolescentes

trouxe sabor às nossas aulas dando um gosto especial ao saber científico onde

DEMO (1995, p. 9) cita que: “O homem educado é um ser capaz de adquirir/

construir/ reconstruir os próprios conhecimentos e de ter acesso à herança cultural

da humanidade”.

Porém, o cotidiano da escola tem que conter o inusitado, o prazer e a

surpresa. Todo dia tem que ser um novo dia, onde ensinar é uma arte e aprender,

consequentemente, é uma arte.

Dificuldades surgiram no andamento da implementação, principalmente

quanto ao início da aplicação que somente ocorreu em meados de setembro/2010

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devido à licença médica da professora PDE, ocorrendo certa apreensão e também

pressão quanto ao cumprimento da carga horária em tempo hábil respeitando assim

o cronograma do curso.

Em suma, o trabalho foi um desafio, uma inovação que trouxe uma

experiência gratificante e única. Às vezes parecia que ele estava paralelo as demais

atividades da escola, então, tornam-se necessário articular situações diversificadas

para demonstrar a importância do tal estudo no processo educacional, a sua

fundamentação teórica, a pesquisa e a busca de alternativas e inovações

pedagógicas que venham contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. E, hoje,

ao rever a trajetória acreditamos que a parcela conquistada é suficiente para

disseminar conhecimentos e enriquecê-los.

Sabemos que o trabalho de um educador não se esgota em um projeto, ao

contrário, este apenas marca seu início. E acreditamos que o trabalho desenvolvido

tenha contribuído para a compreensão dos alunos de que a escrita não é um dom e

nem transcrição da fala e que para produzir bons textos é preciso praticar, conhecer

e se apropriar das especificidades de cada gênero.

E durante as atividades percebemos que a mediação do professor é

imprescindível em qualquer proposta pedagógica, pois, é ele que oportuniza ao

aluno exercer e exercitar a sua liberdade de pensar e expor suas idéias.

Vale salientar também a importância da prática educativa na qual há um

comprometimento social e político, retratando assim, as buscas e tentativas de

encontrar melhores caminhos, que estimule o educando a se encontrar consigo

mesmo e a se relacionar mais profunda e criativamente com as pessoas e com os

desafios do ambiente que o cerca.

Reafirmamos que o estudo desenvolvido teve como objetivo contribuir na

aprendizagem dos alunos a partir das práticas discursivas por meio da aplicação do

trabalho com gêneros textuais em situações cotidianas, permitindo-lhes assim,

compreender a produção dos sentidos materializados nos textos, com destaque para

o diálogo existente entre os vários gêneros com uma mesma temática.

Isso levou-nos a repensar a nossa prática em sala de aula e a evidenciar a

necessidade de se trabalhar com os gêneros textuais nas aulas de Língua

Portuguesa, e, acreditamos diante da situação vivenciada após a implementação da

proposta na escola que o objetivo foi alcançado porque os professores das demais

disciplinas da série possibilitaram por meio de uma perspectiva interdisciplinar e de

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temáticas relevantes no cotidiano dos alunos à produção de leituras eficientes que

os levassem a analisar a realidade na qual estão inseridos.

E os alunos participaram ativamente das atividades com questionamentos

e contribuições surgindo assim, propostas alternativas para o ensino da Língua

Portuguesa em sala de aula nos três âmbitos de uso da linguagem: oralidade,

leitura e produção da escrita. Diante disso, possibilita-nos assegurar que o

conhecimento da diversidade de gêneros em circulação faz parte de nosso

conhecimento de mundo, também constitui parcela de nossa cultura social.

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