DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · contexto da contemporaneidade. A proposta do trabalho...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Leitura e teatro: o diálogo da diversidade
Autor Mery Terezinha Arruda dos Santos
Escola de Atuação Col. Estadual D.Pedro I _ E.F.M.P.N
Município da escola Pitanga
Núcleo Regional de Educação
Pitanga
Orientador Profa Dra Níncia Cecília Borges Ribas Teixeira
Instituição de Ensino Superior
UNICENTRO
Disciplina/Área Língua Portuguesa
Produção Didáticopedagógica
Unidade Didática
Relação Interdisciplinar Literatura
Público Alvo Alunos da terceira série do Ensino Médio
Localização Colégio Estadual D.Pedro I – E.F.M.P.N , Rua João Gonçalves Padilha, nº 151
Apresentação: A leitura no Brasil tem sido alvo de inúmeras pesquisas e discussões, nesse sentido, fazse necessário refletir sobre atividades que colaborem e estimulem o processo de formação do leitor no contexto da contemporaneidade. A proposta do trabalho busca a construção de significados que é necessário para a formação de um leitor competente. Existem várias formas de colaborar nesse processo, a leitura ligada a representação teatral, é um desses meios, pelo qual a interação, imaginação e criatividade, tornamse mecanismos eficazes de construção de sentidos. Assim, a leitura
passa a ser uma atividade vivenciada, fazendo com que não se fique apenas nos limites da decodificação. Tal atividade deve ser entendida como parte de um processo maior, no que se inclui o letramento. A metodologia é unir a racionalidade da linguagem com a representação, oportunizando ao educando a ampliação do seu horizonte de expectativas. O trabalho unirá o letramento literário ao prazer estético da arte de representar, colaborando efetivamente para a prática social.
Palavraschave Leitor, texto teatral, letramento, literatura
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIDADE DIDÁTICA
LEITURA E TEATRO: O DIÁLOGO DA DIVERSIDADE
Mery Terezinha Arruda dos Santos
NRE de Pitanga
Professora orientadora:
Níncia Cecília Borges Ribas Teixeira
UNICENTRO
PDE/2010
SUMÁRIO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO............................................................................................05
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................06
CENA I ..................................................................................................................................08
CENA II ..................................................................................................................................20
CENA III ................................................................................................................................25
CENA IV ...............................................................................................................................34
CENA V .................................................................................................................................38
CENA VI ................................................................................................................................44
CONCLUINDO ESTA UNIDADE ......................................................................................51
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................52
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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ESCOLA: Colégio Estadual D. Pedro I EFMNP
NRE: Pitanga
NOME DO PROFESSOR: Mery Terezinha Arruda dos Santos
NOME DO ORIENTADOR: Níncia Cecília Borges Ribas Teixeira
NÍVEL DE ENSINO: Ensino Médio
TEMA: Letramento Literário
TÍTULO: Leitura e teatro: o diálogo da diversidade
DISCIPLINA: Língua Portuguesa
RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR: Literatura
CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Discurso como prática social
CONTEÚDO ESPECÍFICO: Leitura
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ESTADO DO PARANÁSECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDEPRODUÇÃO DIDÁTICOPEDAGÓGICA
APRESENTAÇÃO
Caro Professor:
A presente produção didáticopedagógica – atividade integrante do projeto de
intervenção pedagógica na escola – consiste em uma Unidade Didática a ser utilizada
como subsídio ao trabalho pedagógico do professor de Língua Portuguesa e Literatura. O
material apresenta metodologia e linguagem direcionadas ao que julgamos de interesse
de alunos do ensino médio.
A razão deste projeto tem a ver com minha própria experiência em sala de aula
como professora de literatura, unindo a pesquisa na área de leitura / formação de leitores,
com a minha experiência com algumas atividades de teatro na escola, propondo um
diálogo entre três eixos paralelos: literatura, leitura e teatro. Sua intenção é propor
atividades voltadas ao título do trabalho que nos propomos aplicar na escola: “Leitura e
teatro: o Diálogo da Diversidade”.
Tem como objetivo possibilitar o acesso dos alunos às atividades voltadas para a
leitura do texto teatral com o princípio de que a leitura deste gênero pode constituir um
momento oportuno para o desenvolvimento de exercícios que extrapolem o limite da
recepção passiva do texto dramático e se situam na intersecção da leitura e dos diversos
aspectos da representação do texto teatral. Com a justificativa de que a efetivação da
leitura do texto dramático no contexto escolar assim o exige e pela crença de que o teatro
pode fazerse presente na escola e que a leitura é a sua via de entrada na sala de aula.
Importante lembrar que nesta unidade nos limitamos a apresentar somente
algumas atividades de uma gama de propostas sugeridas por autores e professores de
Língua Portuguesa e de teatro, bem como algumas sugeridas e modificadas pela própria
organizadora desta unidade. O que não impede que o(a) professor(a), ao aplicar esta
unidade com seus alunos, também pesquise e crie atividades que possibilitem ao aluno
entrar e transitar pelo universo do teatro, interagindo com os elementos cênicos por meio
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de jogos e improvisações, com vistas à encenação, à compreensão e interpretação do
texto teatral, desde que com a intenção de possibilitar o conhecimento e a aproximação
dos textos literários dos alunos.
Recomendase aos colegas professores que no decorrer das atividades, levem em
consideração o contexto social, político e cultural dos alunos, para que possam
compreender e refletir sobre o seu papel enquanto sujeito capaz de transformar a
realidade. Lembrando que o(a) professor(a) deve agir como mediador, fazendo, assim, a
instituição escolar cumprir o seu papel na formação de leitores, que, segundo Kleiman
(2000), é o de fornecer um conjunto de instrumentos e estratégias para o aluno realizar
esse trabalho de forma progressivamente autônoma.
Mery Terezinha Arruda Dos Santos
Pitanga, PR 2010
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AUTO DA COMPADECIDAARIANO SUASSUNA
CENA I – (p. 22 a 34)
1. MOTIVAÇÃO
Alunos do grupo de teatro “Arte.Com”, do colégio, entram em cena.
*Esta atividade poderá ser realizada a partir de um vídeo com a primeira parte do filme “Auto Da
Compadecida”, ou com a encenação da primeira parte do texto do livro, das páginas 22 a 34, com alunos
que já tenham experiência em teatro(de preferência alunos de outras séries).
Professor (a): providenciar com antecedência o vídeo e demais equipamentos para
a apresentação da cena em sala de aula. No caso da encenação, reunir os alunos
com antecedência, dividir os personagens e preparar a apresentação da cena. Esta
atividade requer ensaio; por isso, devese disponibilizar tempo para tal tarefa, bem
como orientar os alunos.
Esta atividade tem por objetivos envolver os alunos numa atmosfera
próxima a do texto (obra), possibilitando um prévio conhecimento das personagens
e das situações em que elas estão envolvidas no texto, bem como,despertar a
curiosidade a partir de uma cena, como um exercício introdutório à leitura posterior,
individual e particular.
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Ao abrir o pano, entram todos os atores, com exceção do que vai representar
Manuel, como se tratasse de uma tropa de saltimbancos, correndo, com gestos largos,
exibindose ao público. Se houver algum ator que saiba caminhar sobre as mãos, deverá
entrar assim. Outro trará uma corneta, na qual dará um alegre toque, anunciando a
entrada do grupo. Há de ser uma entrada festiva, na qual as mulheres dão grandes voltas
e os atores agradecerão os aplausos, erguendo os braços, como no circo. A atriz que for
desempenhar o papel de Nossa Senhora deve vir sem caracterização, para deixar bem
claro que, no momento, é somente atriz. Imediatamente após o toque de clarim, o
Palhaço anuncia o espetáculo.
PALHAÇO (grande voz)
Auto da Compadecida! O julgamento de alguns canalhas, entre os quais um sacristão, um
padre e um bispo, para exercício da moralidade. (Toque de clarim)
PALHAÇO
A intervenção de Nossa Senhora no momento propício, para triunfo da misericórdia. Auto
da Compadecida! (Toque de clarim)
A COMPADECIDA
A mulher que vai desempenhar o papel desta excelsa Senhora, declarase indigna de tão
alto mister. (Toque de clarim)
(. . .)
JOÃO GRILO (cortante)
Quer dizer que benze, não é?
PADRE (A Chicó)
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Você o que é que acha?
CHICÓ
Eu não acho nada de mais.
PADRE
Nem eu. Não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas de Deus.
JOÃO GRILO
Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo satisfeito.
PADRE
Digam ao major que venha. Eu estou esperando. (Entra na igreja)
Professor(a): com a encenação ou vídeo até esta parte do texto deixase a
curiosidade do desfecho dessa história. Assim, após as próximas atividades,
os alunos terão a oportunidade de ler as páginas que darão continuidade à
leitura.
2. INTRODUÇÃO: CONVERSANDO SOBRE O TEXTO (ENCENAÇÃO)
Professor(a): Questionar a situação e as personagens envolvidas na parte
lida. No caso temos: 1ª João Grilo – Chico – Padre João: a bênção do
cachorro da mulher do padeiro. Expediente de João Grilo: o cachorro
pertence ao Major Antônio Morais.
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Professor(a): Para a realização da próxima atividade, os alunos precisam
estar de posse do texto a seguir, auxiliando o (a) professor(a) a desenvolver,
uma recepção significativa, informando e inserindo o texto a respeito da obra
num período fundamental da dramaturgia brasileira.
Segundo o autor, a peça “Auto Da Compadecida” nasceu da fusão de três folhetos
de cordel: O enterro do cachorro, O cavalo que defecava dinheiro e O castigo da soberba.
Auto, como designado no título, é um tipo de encenação popular, corrente durante
muito tempo no nordeste do Brasil, e que se propunha a um ensinamento religioso. O
texto propõese como resultado de uma pesquisa sobre a tradição oral dos romanceiros e
narrativas nordestinas, fixados ou não em termos de literatura de cordel. Propõe, portanto,
um enfoque regionalista ou, pelo menos, organiza um acervo regional com vistas a uma
comunicação estética mais trabalhada.
O auto aqui é da compadecida, porque fala justamente de nossa Senhora
Aparecida, padroeira dos brasileiros. (Compadecida porque se compadece do ser
humano, conforme pode ser visto no final da história, quando a mesma é chamada a
interceder em favor de João Grilo.)
Escrita pelo dramaturgo e escritor pernambucano Ariano Suassuna, em meados
da década de 50, reproduz o modelo de textos religiosos encenados em procissões e
átrios de igrejas, como era comum naquele tempo, mantendose uma tradição medieval e
renascentista que parece ter vindo de Portugal, ou do mundo ibérico (entre os autores
mais conhecidos podemos referir Lope da Veja, Calderon de La Barca e Gil Vicente), e
sido introduzido entre nós no século XVIII .
De acordo com o próprio Suassuna, baseado em romances e histórias populares
do Nordeste, e em certa tradição circense. Tradição, aliás, claramente reconhecível na
estruturação dos seus dois personagens principais: João Grilo é o palhaço espertalhão,
secundado por Chico, ingênuo e covarde.
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A síntese de um modelo medieval com um modelo regional resulta, na peça, como
concebida pelo Autor. Se verificar que as tendências mais importantes do Modernismo
definemse no esforço por uma síntese nacional dos processos estáticos, podese
concluir que o texto do Auto da Compadecida se insere nas preocupações gerais desse
estilo de época, deflagrado a partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna, em São
Paulo. Um modelo característico dessa síntese se encontra em Macunaíma, de Mário de
Andrade, de 1927, e em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (1956), entre
outros.
Lendo esta peça, podemos sentir sua força poética e popular, o catolicismo que ela
transmite, a simplicidade dos diálogos. A estrutura teatral e os tipos vivos fazem desta
obra um exemplo raro na dramaturgia brasileira. Vemos os tipos de personagens
nordestinos, e vemos também o tipo bem brasileiro neles, que é o de “dar conta do
recado” com o famoso “jeitinho” brasileiro. O catolicismo está presente devido ao grande
apego que os nordestinos tem a DEUS e o grande medo do diabo, vemos também que os
personagens masculinos expressam o tipo “machões”, mais na verdade alguns deles são
muito medrosos, principalmente quando se envolve a figura de forças superiores.
O livro mostra a esperteza de muitos personagens também, é o caso de João Grilo,
que aplica vários “golpes” ao decorrer da história, dando uma de personagem malandro e
aproveitador dos idiotas e ingênuos.
O Auto da Compadecida é, principalmente, um documento sobre a sociedade
brasileira. Retrata seu lado burlesco, ou seja, aquele em que a própria figura humana,
mesmo vista na sua miserável lida, tornase engraçada.
Cômicas parecem ser as histórias, sem dúvida, porém enormemente trágicas. São
tragicômicas as tramas destas histórias, intricadas por personagens tipicamente
brasileiras, na grandeza de sua fé, na pequenez de pequenos gestos sorrateiros, na
ingenuidade e na esperteza da viva inteligência de alguns, na malfadada sina de outros,
nas traições habilmente urdidas, no poder de poucos sobre muitos e, sobretudo, na
crença da vitória do amor e da justiça divina.
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Nas próprias palavras de Ariano Suassuna, o autor deixa claro que seu teatro é
mais aproximado dos espetáculos de circo e da tradição popular do que do teatro
moderno.
Para o (a) professor(a) saber:
Aqui vemos a forma de criação dos personagens segundo o autor:
Meus personagens ora são recriações de personagens populares e de
folhetos de cordel, ora são familiares ou pessoas que conheci.
No Auto da Compadecida, por exemplo, estão presentes o Palhaço e João
Grilo. O Palhaço é inspirado no palhaço Gregório da minha infância em
Taperoá. Já o João Grilo é o típico nordestino amarelo, que tenta sobreviver
no sertão de forma imaginosa.
Costumo dizer que a astúcia é a coragem do pobre. O nome dele é uma
homenagem ao personagem de cordel e a um vendedor de jornal astucioso
que eu conheci na década de 50 e que tinha esse apelido.
2.1 OFICINA DE TEATRO
Proposta da professoraautora desta pesquisa, baseada no jogo “Bocadeforno”,
apresentada no livro de Ricardo Ottoni Vaz Japiassu. Metodologia do ensino de teatro.
4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. pp.104105106.
Palhaço conduzirá a atividade “Boca do Forno” como mestre do coro.
Desenvolvimento:
1º Momento: Dividir a classe em dois grupos. O Palhaço distribui aos alunos uma tirinha
de papel em branco, onde eles escreverão uma ação que um aluno da outra equipe
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deverá fazer. Como por exemplo: andar a cavalo, comer uma banana, segurar um ovo
cozido bem quente, assisti a um jogo da Seleção brasileira numa final de copa do mundo (
. . .)
2º Momento: Pedese as duas equipes que se posicionem na área de jogo (centro da
sala). As equipes posicionamse voltadas uma para a outra. Definese por sorteio a
equipe que será “mestre” e a equipe que será “coro”, na 1ª parte do jogo. Os participantes
da equipemestre, juntamente com o Palhaço “mestre do coro” interagem verbalmente por
uma espécie de “canto antifonal”, descrito a seguir. Ao final do canto, o Palhaço determina
uma ação lida em um dos papéis. Todos os membros da equipe “coro” devem mostrála
(sem o uso de palavras, apenas através de gestos) e continuar desenvolvendoa até que
o Palhaço,quando achar conveniente, reinicie o “canto antifonal” que interrompe a ação
teatralizada e prepara a equipe para novo desafio.
Estrutura antifonal que instala o jogo:
Palhaço: Boca de forno?!
Coro: Forno!
Palhaço: Tirar um bolo?!
Coro: Bolo!
Palhaço:Vão fazer tudo que o mestre mandar?!
Coro: Tudo!
Palhaço: Então todo mundo . . .(Determina uma ação sorteada no papelzinho)
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Professor(a): Durante a atividade da equipe na área do jogo, chame
atenção para que todos mantenhamse desenvolvendo a ação até que seja
feita a nova chamada para a boca do forno. Devem deixar que os
observadores vejam o que estão fazendo. Só quando a nova chamada para
a boca do forno for feita é que eles deixam de fazer a ação. Após todas as
ações feitas pela 1ª equipe, invertemse os papéis (quem era equipe “coro”
passa a ser equipe “mestre”e seguese novamente as regras do jogo.)
Avaliação coletiva e autoavaliação: todos os jogadores mostraram as ações de forma
semelhante? O que é necessário para mostrar uma ação sem usar as palavras? Há
diferença entre usar palavras para descrever uma ação e mostrála sem palavras, com o
corpo? Qual/quais?
2. APRESENTAÇÃO DO AUTOR / OBRA
Professor(a): Preparar os slides com antecedência e demais equipamentos.
SLIDE 1
AUTO DA COMPADECIDA
ARIANO SUASSUNA
Ariano Suassuna, nascido na cidade de João Pessoa, no Estado da Paraíba é um
dos maiores representantes da forte e pura raiz popular da Arte e da Literatura
nordestinas. Traz ele, em sua bagagem literária, histórias cheias de brasilidade.
16
SLIDE 2
O TÍTULO
* Segundo Hênio Tavares, auto significa toda obra representativa e dramática de assunto
religioso muito comum na idade média. Procede de “actum” – aitoauto. Este termo
assume, hoje, um sentido geral o qual se refere a peças teatrais populares.
* A peça recebeu o nome Auto da Compadecida devido ao fato de ser a compadecida
aquela que auxilia seu filho, Manuel – Jesus Cristo , durante a reflexão de cada
personagem nos dois planos: no celestial, onde se reflete a essência de cada indivíduo, e
no terrestre, onde se reflete a aparência de cada um.
* Dessa forma, a compadecida acaba por estimular cada personagem a refletir sobre eles
mesmos, fazendo um diagnóstico de suas vidas. No grupo, há pecados de toda natureza:
mentira, adultério, assassinato, ganância. . . E o diabo é o promotor. Quando tudo parece
perdido, João Grilo apela para Nossa Senhora, que surge e se compadece.
SLIDE 3
PERSONAGENS
* A peça apresenta quinze personagens de cena e uma personagem de ligação e
comando do espetáculo. As personagens assumem uma posição simbólica, e é desse
simbolismo que deriva a importância do texto.
* PRINCIPAL: João Grilo
João Grilo é a personagem principal, porque atua como criador de todas as situações da
peça. Além disso, representa o nordestino, astuto, inteligente. Seu nome também
simboliza a cultura nordestina, da mesma forma que : Severino, Encourado e Chico.
* OUTRAS (compõem o quadro de cada situação)
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Chicó, Padre João, Sacristão, Padeiro, Mulher do Padeiro, Bispo, Cangaceiro, o
Encourado, Manuel, a Compadecida, Antônio Morais, Frade, Severino do Aracaju,
Demônio.
• LIGAÇÃO: Palhaço.
Representando o autor, liga o circo à representação do Auto da Compadecida.
SLIDE 4
PERSONAGENS
* JOÃO GRILO é uma figura típica do nordestino sabido e analfabeto. Habituado a
sobreviver e a viver a partir de expedientes, trabalha na padaria, vive em desconforto,
e a miséria é sua companheira. Sua fé nas artimanhas que cria, reflete, no fundo, uma
forma de crença arraigada na proteção que recebe, embora sem saber, da
Compadecida.
* CHICÓ : Companheiro constante de João Grilo e, especialmente, seu diálogo. Chico
envolvese nos expedientes de João Grilo e é seu parceiro, mais por solidariedade do
que por convicção íntima. Mas é um amigo leal.
* PADRE JOÃO, O BISPO e o SACRISTÃO. Essas personagens, embora de
atuação diversa, estão concentradas em torno de simonia e da cobiça, relacionada
com a situação contida no testamento do cachorro.
SLIDE 5
PERSONAGENS
* ANTÔNIO MORAIS: É a autoridade decorrente do poder econômico, resquício do
coronelismo nordestino, a quem se curvam a política, os sacerdotes e a gente miúda.
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* PADEIRO e sua MULHER: Encarnam, por um lado, a exploração do homem pelo
homem e, de outro, o adultério.
* SEVERINO DO ARACAJU e o CANGACEIRO: Representam a crueldade sádica, e
desempenham um papel importante na seqüência de número cinco, porque nessa
seqüência matam e são mortos. Com isso, propiciase a ressurreição e o julgamento.
SLIDE 6
PERSONAGENS
* O ENCOURADO e o DEMÔNIO: Julgam, aguardando seu benefício, isto é, o aumento
da clientela do inferno. O encourado é uma espécie de auter ego do diabo, que, segundo
uma crença do sertão do Nordeste, é um homem muito moreno, que se veste como um
vaqueiro. Daí o nome Encourado.
* MANUEL: É o Cristo negro, justo e onisciente, encarnação do verbo e da lei. Atua como
julgador da prudência mundana, do preconceito, do falso testemunho, da velharia, da
arrogância, da simonia (venda dos objetos sagrados, venda de indulgências), da preguiça.
De personagem a personagem, todos têm seu pecado definido e analisado, com
sabedoria e prudência.
SLIDE 7
PERSONAGENS
* A COMPADECIDA: É Nossa Senhora, invocada por João Grilo, o ser que lhe dará a
segunda oportunidade da vida. Funciona efetivamente como medianeira, plena de
misericórdia, intervindo a favor de quem nela crê, João Grilo.
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* O PALHAÇO: Realiza, nessa peça, o papel do Corifeu (mestre do couro), como no
teatro clássico, e sua intervenção corresponde à paráfrase da comédia clássica – trecho
fora do enredo dramático em que as idéias e as intenções ficam claramente expressas,
quando um personagem se dirige ao público.
2. CONVERSANDO SOBRE O PROJETO
_ O que é o projeto;
_ Atividades diversas;
_ Quantas aulas por semana;
Professor(a): * Relatar aos alunos, principalmente, que a proposta do projeto
procura contemplar o significado do texto no contexto históricocultural em
que surge, em diálogo com os significados que o texto pode ter para um leitor
na atualidade.
* A atividade é somente um enfoque artístico diferenciado na metodologia do
ensino da literatura, que privilegia a leitura do texto dramático.
* Tratase de uma experiência de leitura distinta, que parte da oralização do
texto em direção a sua atualização (encenação), promovendo, nesse
processo, a construção do sentido do texto em questão.
20
CENA II
3. LEITURA EM CASA ( Páginas 35 à 71)
Professor(a): Para a realização desta atividade os alunos já devem estar de
posse do livro ou xérox.
3.1 MOTIVAÇÃO (Próxima aula)
OFICINA DE TEATRO A linguagem do corpo
Faça um cumprimento legal ao seu colega
No gênero teatral, a transmissão das mensagens não é feita exclusivamente pela
fala. Há também o papel importante da expressão corporal, dos gestos do ator, que
controla e explora o corpo para transmitir as emoções imaginadas para as cenas.
Desenvolvimento:
Ao som de uma música, os alunos movimentamse pela sala. Cada vez que a
música parar, eles devem cumprimentar seu colega mais próximo com diferentes partes
do corpo nominadas pelo (a) professor(a). Ex: palma das mãos, cotovelos, joelhos,
quadris, testa, nuca, nariz, pés. Observação: Ao invés de cumprimentar com as mãos,
como normalmente fazemos, os alunos deverão bater seu joelho no joelho de seu colega
e assim por diante. Devem ocupar todos os lugares da sala.
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Avaliação coletiva e autoavaliação: E aí? Quantas partes do seu corpo você utilizou?
Qual a sensação de cumprimentar seu colega utilizando partes de seu corpo? Foi difícil?
Qual foi sua maior dificuldade?
CONVERSANDO SOBRE A LEITURA FEITA EM CASA
Professor(A): Questionar a situação e as personagens envolvidas na parte lida.
No caso temos:
2ª. João Grilo Chicó Antônio Morais Padre: chega o Major Antônio Morais.
Expediente de João Grilo: o Padre João está maluco, benze a todos e chama todo
mundo de cachorro.
3ª. João Grilo Padre Mulher Padeiro Chicó Sacristão Bispo: o testamento
do cachorro morto. Expediente de João Grilo: o cachorro morto, encomendado em
latim e tudo mais, deixa no seu testamento dinheiro para o Sacristão, para o Padre
e para o Bispo. Fonte do dinheiro: o Padeiro e sua mulher.
3.2 DIÁLOGO DE LEITURA: Trecho da obra “O Pagador De Promessa”
Um texto teatral pode brincar com situações engraçadas, como você viu, ou tratar
de assuntos sérios que abordam mensagens que nos levam a refletir sobre situações e
conflitos que envolvem a vida humana. Você lerá a seguir um trecho da obra “O Pagador
de Promessas” de Dias Gomes (19221999), um autor também de grande importância
para o teatro nacional.
(...)
22
ZÉ – Sim, é um candomblé que tem duas léguas adiante da minha roça. (Com a
consciência de quem cometeu uma falha, mas não muito grave.) Eu sei que seu Vigário
vai ralhar comigo. Eu também nunca fui muito de freqüentar o terreiro de candomblé. Mas
o pobre Nicolau estava morrendo. Não custava tentar. Se não fizessem bem, mal não
fazia. E eu fui. Contei pra MãedeSanto o meu caso. Ela disse que era mesmo com
Iansã, dona dos raios e das trovoadas. Iansã tinha ferido Nicolau, pra ela eu devia fazer
uma obrigação, quer dizer: uma promessa. Mas tinha que ser uma promessa bem grande,
porque Iansã, que tinha ferido Nicolau com um raio, não ia voltar atrás por qualquer
bobagem. E eu me lembrei então que Iansã é Santa Bárbara e prometi que se Nicolau
ficasse bom eu carregava uma cruz de madeira de minha roça até a Igreja dela, no dia de
sua festa, uma cruz tão pesada como a de Cristo.
PADRE – (Como se anotasse as palavras.) Tão pesada como a de Cristo. O senhor
prometeu isso a...
ZÉ – A Santa Bárbara.
PADRE – A Iansã!
ZÉ – É a mesma coisa...
PADRE – (Grita.) Não é mesma coisa! (Controlase.) Mas continue... (p. 4445)
(. . .)
PADRE – (Procurando, inicialmente, controlarse.) Em primeiro lugar, mesmo admitindo a
intervenção de Santa Bárbara, não se trataria de um milagre, mas apenas de uma graça.
O burro podia terse curado sem intervenção divina.
ZÉ – Como, Padre, se ele sarou de um dia pro outro...
PADRE – (Como se não o ouvisse). E além disso, Santa Bárbara se tivesse de lhe
conceder uma graça, não iria fazêlo num terreiro de candomblé!
ZÉ – É que na capela do meu povoado não tem uma imagem de Santa Bárbara. Mas no
candomblé tem uma imagem de Iansã, que é Santa Bárbara...
PADRE – (Explodindo.) Não é Santa Bárbara! Santa Bárbara é uma santa católica. O
senhor foi a um ritual fetichista [11]. Invocou uma falsa divindade e foi a ela que prometeu
esse sacrifício!
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ZÉ – Não, Padre, foi a Santa Bárbara. Foi até a igreja de Santa Bárbara que prometi vir
com a minha cruz. E é diante do altar que vou cair de joelhos daqui a pouco, pra
agradecer o que ela fez por mim! (p. 46)
(. . .)
ZÉ – (Em desespero). Mas Padre, eu prometi levar a cruz até o altarmor! Preciso cumprir
a minha promessa!
PADRE – Fizessea então numa igreja. Ou em qualquer parte, menos num antro de
feitiçaria.
ZÉ – Eu já expliquei...
PADRE – Não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao Diabo!
ZÉ – Padre...
PADRE – Um ritual pagão, que começou num terreiro de candomblé, não pode terminar
na nave de uma igreja!
ZÉ – Mas Padre, a igreja...
PADRE – A igreja é a casa de Deus. Candomblé é o culto do Diabo!
ZÉ – Padre, eu não andei sete léguas para voltar daqui. O senhor não pode impedir a
minha entrada. A igreja não é sua, é de Deus.
PADRE – Vai desrespeitar a minha autoridade?
ZÉ – Padre, entre o senhor e Santa Bárbara, eu fico com Santa Bárbara.
(GOMES, Alfredo Dias. O pagador de promessas. 36. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002,
p. 4849)
INTERPRETAÇÃO
A obra “O pagador de promessa “ de Dias Gomes foi escrita na década de 60 e
retrata a saga de Zé do Burro, uma homem do interior que faz uma promessa para salvar
seu burro de estimação. Desde o início da trama , Zé do Burro desperta a curiosidade das
24
pessoas que circurdam pela praça e muitas são as opiniões a seu respeito. O Bonitão o
considera um idiota; Marli, um beato pamonha; Minha Tia, um homem bom; Rosa, um
homem bom até demais. Mais importante do que estas opiniões pessoais são aquelas
que refletem a perspectiva do povo e da igreja. O próprio autor admite que sua
preocupação não se restringe à intolerância religiosa, como podemos deduzir a partir do
confronto entre o Padre Olavo e ZédoBurro, mas abarca a intolerância universal.
a) A partir da leitura da obra, percebese também que o burro tem uma importância
diferente para cada personagem. Para você, com base no trecho lido, o que seria
esta intolerância universal com relação à promessa de Zé do Burro, na visão do
padre Olavo?
R (Resposta pessoal) Esperase que o aluno perceba que fazer uma promessa para
receber uma “graça” seria considerado normal, se não se tratasse de um animal e
também pelo fato mencionado de que Zé do Burro prometeu carregar uma cruz tão
pesada como a de Cristo para salvar o amigo Nicolau, não a humanidade. Ou seja, na
visão de muitos, tudo o que fez, foi considerado exagero.
b) Na simplicidade de Zé do Burro, na sua opinião , qual seria a importância do
amigo Nicolau? Justifique.
R Resposta pessoal.
c)Você tem animal de estimação? Faria algo parecido para salválo? Justifique.
R Resposta pessoal.
25
CENA III
4.LEITURA EM CASA (Páginas 72 à 100)
MOTIVAÇÃO (Próxima aula)
OFICINA DE TEATRO (Conduzir e ser conduzido)
Proposta da professoraautora desta pesquisa, baseada no jogo “Pique dos
carros”, apresentada no livro de Ricardo Ottoni Vaz Japiassu. Metodologia do ensino de
teatro. 4. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. p.180181.
Desenvolvimento:
Dividese o grupo em equipes. Definese a ordem de apresentação das equipes na
área de jogo. As equipes são subdivididas em duplas. Em cada dupla, decidese quem
será (condutor) e quem será (conduzido). O jogadorcondutor agirá de acordo com o
código de sinais a seguir.
a) Seguir em frente: dedo indicador do condutor no meio das costas do conduzido.
b) Parar: mão do condutor sobre a cabeça do conduzido.
c) Virar à direita: mão do condutor sobre o ombro esquerdo do conduzido.
d) Virar à esquerda: mão do condutor sobre o ombro esquerdo do conduzido.
e) Marcha à ré: as duas mãos do condutor simultaneamente sobre os ombros
esquerdo e direito do jogadorconduzido.
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Após alguns minutos do desenvolvimento do jogo, o(a) professor(a) a um
determinado sinal, por exemplo: bater palmas, os papéis de condutor e conduzido,
deverão ser invertidos sem interrupção da atividade, ou seja, quem é “condutor” passará a
ser “conduzido” e viceversa.
Avaliação coletiva e autoavaliação: os jogadores mantiveram o acordo “de comando”
necessário para o desenvolvimento da atividade durante todo o tempo? O parece ser
mais difícil: “conduzir” ou ser “conduzido”? Como cada um se sentiu sendo “conduzido”? E
quando estava “conduzindo”?
CONVERSANDO SOBRE A LEITURA FEITA EM CASA
Professor(a): Questionar a situação e as personagens envolvidas na parte
lida. No caso temos:
4ª. João Grilo – Chico – Mulher : a mulher do Padeiro lamenta a perda se seu
cachorro. Expediente de João Grilo: arranjalhe um gato que descome
dinheiro. Vendeo e faz seu lucro.
3.2 DIÁLOGO DE LEITURA: História do boi leitão ou o vaqueiro que não mentia.
Ao entrarmos no mundo da leitura há um processo contínuo de texto puxatexto,
isso porque um tema nunca está inserido dentro de um único gênero textual. Ele
aparecerá sempre nos mais variados gêneros do discurso. Vamos ler o texto a seguir,
fazendo um diálogo entre as histórias e conhecendo melhor a Literatura de Cordel.
Professor(a): Providenciar o texto para a leitura em sala de aula com seus
alunos. Se possível, apresentar o texto em forma de cordel e levar mais
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livrinhos com outras histórias para os alunos conhecerem.
HISTÓRIA DO BOI LEITÃO OU O
VAQUEIRO QUE NÃO MENTIA
1
Numa cidade distante
Há muito tempo existiu
Um distinto fazendeiro
O mais rico que se viu
E tinha um jovem vaqueiro
Homem que nunca mentiu.
(...)
10
Disse o doutor aos amigos
Nós temos que apostar
Dará vinte contos cada
Se o que diga aprovar
Perderei duzentos contos
Se a meu vaqueiro falhar.
11
Eu mandarei minha filha
A Dorgival seduzir
E fazer todo o possível
Dele na laço cair,
E depois veremos ele
Falar verdade ou mentir.
12(...)
13
O vaqueiro Dorgival
Morava um pouco afastado
Em uma grande fazenda
Aonde era encarregado
Ali existia um boi
Do patrão muito estimado.
14 (...)
21
Vá lindamente vestida
Com lindos trajes vermelhos
No rio próximo à fazenda
Preste atenção meus conselhos
Vá passear e levante
A roupa até aos joelhos.
22 (...)
23
A moça chegou no rio
Pôsse ali a passear
Com as vestes aos joelhos
Alegremente a cantar
O vaqueiro ouvindo a voz
Veio fora observar.
24
Dorgival vendo a donzela
28
Disse rindo: oh! minha santa
Me alegro em ver e ouvir
Quem assim tão linda canta
Venha pra lado de cá
Longe assim não adianta.
25
Respondeu ela: eu irei
Se matar o boi Leitão
E tirar ligeiramente
O fígado e o coração
Mandar fazer um cozido
Pra comermos com pirão.
26
O vaqueiro francamente
Deu resposta imediata
Donzela você merece
Por ser gentil e exata
Mas lhe digo: o boi Leitão
Do meu senhor não se mata.
27(...)
28
O vaqueiro não sabia
Que aquela moça bela
Era filha de seu amo
Pois não conhecia ela
Quase não dormiu a noite
Com o pensamento nela.
29 (...)
30
Amanhã você levante
Até as coxas o vestido
Se ele chamar, você diga
Vou se fizer meu pedido
De matar o boi Leitão
Pra comermos um cozido.
31(...)
32
Meu anjo venha pra cá
— Só vou se matar o boi
— Não, assim é impossível
Minha santa me perdoe
— Tem razão respondeu ela
Rapidamente se foi.
33(...)
34
A moça disse: meu pai
Desse jeito é imoral
Disse o doutor: pode ir
Que não lhe "sucede" mal
Eu sei o que estou fazendo
E confio em Dorgival.
35(...)
45
No outro dia o vaqueiro
Amanheceu pensativo
E disse: meu amo pensa
Que o boi Leitão está vivo
Mas vou lhe dizer que não,
Gosto de ser positivo.
46
Ali botou um chapéu
Na cabeça do mourão
29
Se afastando montouse
Em um cavalo cardão
Pôsse a dirigir ao pau
Como se fosse ao patrão.
48
— Bomdia, senhor meu amo,
— Bomdia, meu bom vaqueiro,
Como vai o nosso gado?
— Vai lindo gordo e fagueiro
E o nosso boi Leitão?
— Morreu em um atoleiro.
49(...)
50
— Bomdia, meu bom patrão,
— Bomdia, meu nobre moço.
Como vai o nosso gado?
— Patrão está um colosso
— E o nosso boi Leitão?
— Caiu, quebrou o pescoço.
51(...)
52
— Bomdia, senhor. Bomdia,
Nosso gado ainda existe?
— Tudo em paz graças a Deus
Seu gado a tudo resiste.
— E o nossa boi Leitão?
— Morreu, patrão, dum mal triste.
53(...)
57
Como vai o nosso gado?
— Está gordo e à vontade.
— E o nosso boi Leitão
Também vai sem novidade?
— Ah, meu amo o boi Leitão
Vou lhe falar a verdade.
58
Surgiu por lá uma moça
De rosto lindo e corado
Um olhar muito atraente
Corpo esbelto aveludado
Fiquei hipnotizado.
59
Guardei respeito, porém
Palpitoume o coração
Chameia para minha casa
E matei o boi Leitão
Do coração e o fígado
Comemos um bom pirão.
60
Dorgival que moça é essa?
— Não a conheço patrão
— É minha filha rapaz!
Disse o vaqueiro perdão
Pois eu não a conhecia
Disse o doutor: tem razão.
61
Doutor Cristino Gardano
Abraçou a Dorgival
Disse aos amigos: perderam
Passem logo o capital
Meu vaqueiro e minha filha
Vão dar um belo casal.
30
62 (...)
64
O dinheiro da aposta
Com a fazenda juntamente
O doutor Gardano fez
Ao seu genro presente
Passou de vaqueiro a dono
Viva o homem que não mente.
Dorgival ficou com sua
Estrela do coração
Provou que era fiel
Adquiriu proteção
Urgente ele enriqueceu
Lamento o que sucedeu
Ao pobre do boi Leitão
(BRANDÃO, Téo. Seis contos populares do Brasil. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do
Folclore; Maceió, Universidade Federal de Alagoas, 1982, p.111113)
DIÁLOGO DE LEITURA
Este texto que acabamos de ler vem da Literatura popular, impressa em forma de
versos, apresentada em pequenos folhetos que trazem histórias fantásticas saídas da
imaginação dos seus criadores (“A mãe que xingou o Filho no Ventre e ele Nasceu com
Chifre e com Rabo") ou relatam tragédias ("As Enchentes no Brasil no Ano 74"), fatos
históricos ("A Guerra de Canudos") etc. Por os folhetos ficavam expostos à venda
pendurados num barbante (cordão, cordel), criouse o termo Literatura de Cordel. A
origem do folheto de Cordel, segundo Luís da Câmara Cascudo, devese à iniciativa dos
cantadores de viola em imprimir e vender a sua poesia e à "adaptação à poesia das
histórias em prosa que vieram de Portugal e da Espanha".
Os folhetos são livrinhos de 4 por 6 polegadas, impressos em papel barato e
geralmente têm a capa ilustrada por uma xilogravura. Por muito tempo, esses folhetos
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foram a única fonte de informação e divertimento da população mais pobre do Nordeste e
ainda hoje eles são encontrados em feiraslivres e mercados populares.
Disponível em: http://www.amoremversoeprosa.com/P465cordel.htm
Para ilustrar ainda mais sobre a Literatura de cordel vamos ouvir uma música do
professor Francisco Diniz, que faz palestras e exposições nas escolas da Região
Metropolitana de João PessoaPB, estimulando o resgate da literatura de cordel.
O que é Literatura de Cordel? Texto de: Francisco Diniz
Literatura de CordelÉ poesia popular,
É história contada em versosEm estrofes a rimar,
Escrita em papel comumFeita pra ler ou cantar.
A capa é em xilogravura,Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeiraUm desenho com ponção
Preparando a matrizPra fazer reprodução.
Mas pode ser um desenho,Uma foto, uma pintura,
Cujo título, bem à mostra,Resume a escritura.É uma bela tradição,
Que exprime nossa cultura.
7 sílabas poéticas,Cada verso deve ter
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Pra ficar certo, bonitoE a métrica obedecer,
Pra evitar o pé quebradoE a tradição manter.
Os folhetos de cordel,Nas feiras eram vendidos,Pendurados num cordãoFalando do acontecido,De amor, luta e mistério,De fé e do desassistido.
A minha literaturaDe cordel é reflexão
Sobre a questão socialE orienta o cidadãoA valorizar a cultura
E também a educação.
Mas trata de outros temas:Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancasPor apenas um real.
O cordel é uma expressãoDa autêntica poesia
Do povo da minha terraQue luta pra que um dia
Acabem a fome e miséria,Haja paz e harmonia.
Professor(a): Este texto faz parte do CD Literatura de Cordel, de Francisco Diniz, disponível em: http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/o_que_e_cordel.htm
33
INTERPRETAÇÃO
Você já ouviu repentistas? Esses poetas populares, também chamados de
cantadores, são comuns no Nordeste brasileiro. Uma das formas de os repentistas se
apresentarem é o desafio, disputa poética cantada, em que um começa e o outro
responde, e assim seguem se alternando. Os repentistas, mais usualmente, criam
estrofes de seis versos (denominadas sextilhas) com sete sílabas poéticas
(heptassílabos) e rimas entre o segundo, o quarto e o sexto versos. Veja este trecho de
desafio:
1
Senhor Manuel do Riachão,Que comigo vem cantar,O que é que os olhos vêemQue a mão não pode pegar,De pressinha me responda,Ligeiro, sem imaginar . . .
2
Você, Maria Tebana,Com isso não me embaraça, Pois é o Sol e é a Lua,Estrela, fogo e fumaça.Eu ligeiro lhe respondo, se tem mais pergunta, faça . . .
Luís da Câmara Cascudo. Vaqueiro e cantadores. Rio de Janeiro, Ediouro, 2000.
p. 163. IN (Trabalhando com a linguagem 9º ano / Givan Ferreira ... [et al.]. _ 1.ed.atual. _
São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. _ Coleção trabalhando com a linguagem).
a) Aponte semelhanças entre a forma como é construída o texto História do boi
leitão e ou vaqueiro que nunca mentia e a forma dos repentistas construírem a
conversa cantada no desafio.
34
R A exemplo dos repentistas, as estrofes que compõem o texto de cordel são sextilhas
de sete sílabas poéticas com rimas entre o segundo, o quarto e o sexto versos. Outro
ponto comum é que, assim como procedem os repentistas,narrador, patrão, empregado e
a moça se alternam na apresentação das falas.
b) Apresente uma possível razão para o autor do texto ter feito essa escolha de
semelhanças com o desafio.
R Com o estabelecimento de relações intertextuais com o desafio (forma de literatura oral
bem característica no Nordeste brasileiro), o autor busca aproximar seu texto do leitor ou
espectador.
CENA IV
5.LEITURA EM CASA ( Páginas:101 a 134 )
MOTIVAÇÃO (Próxima aula)
VÍDEO “A Gaita que fecha o corpo”
CONVERSANDO SOBRE O VÍDEO E A LEITURA FEITA EM CASA
Professor(a): Questionar a situação e as personagens envolvidas na parte
lida. No caso temos:
5ª. João Grilo Chicó Bispo Padre Padeiro Frade Sacristão Mulher
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Severino (do Aracaju) Cangaceiro: o assalto do cangaceiro Severino do
Aracaju. Expediente de João Grilo: a gaita que fecha o corpo e ressuscita. A
bexiga cheia de sangue. Evento especial: todas as personagens morrem,
inclusive João Grilo. Salvase Chicó.
5.1 DIÁLOGO DE LEITURA: leitura do conto “Morreu Mesmo”
Conto: “Morreu mesmo”
http://www.polishposter.com/Merchant2/merchant.mvc?Screen=PROD&Product_Code=0583
Professor(a): Apresentar aos alunos o conto abaixo, sem o final.
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INTERPRETAÇÃOFoi um dia um jovem empregarse na prefeitura de uma cidadezinha do interior. No seu
primeiro dia de trabalho lhe mandaram podar umas árvores. Como não tinha prática desse
serviço e era um tanto tapado, apoiou a escada num dos galhos e pôsse a serrálo, quando deu
de acontecer que passava por ali o vigário da freguesia, numa mulinha troncha, vermelha,
guardasol aberto e advertiuo:
— Menino, serrando desse modo, vai cair daí!
O novato era, além de estúpido, teimoso. Fingindo não ter escutado o padre, continuou o
trabalho.
(...)
— A bença, seu vigário.
— Deus te abençoe.
— Vossa Reverendíssima me falhou que eu havia de cair da árvore e, dito e feito, caí
mesmo. Bem... queria que agora me adivinhasse o dia de minha morte.
Bonachão, o padre achou muita graça do pedido que o jovem lhe fazia e resolveu zombar
um pouco com ele.
(...)
— Morri!
Não se moveu mais, certo de que estava morto. Vai daí, que logo depois passaram por ali
uns trabalhadores que deram com ele estendido no meio do caminho. Acreditandoo morto,
foram buscar uma rede no vizinho mais próximo, puseramno dentro e o conduziram para sua
casa, rezando um terço.
Não muito adiante, havia uma encruzilhada. Os trabalhadores ficaram bestando: qual delas
seria o caminho mais curto para chegarem à casa do morto.
(...)
Ricardo Sérgio: Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/contos/938708
37
a)Antes de lermos o final do conto, façam um grupo de até 5 alunos e debatam as
seguintes indagações: (Respostas pessoais)
O que representa , para cada um de vocês , uma encruzilhada?
Na opinião de vocês, a que levam os dois caminhos de uma encruzilhada?
Com base na resposta anterior, você se considera um místico, ou prático ou um
esperançoso?
b)Mão na Massa: Cenas Improvisadas
Objetivo: Trabalhar com a improvisação criando cenas que serão assistidas pelos
colegas.
Chamamos de improvisação quando um ator interpreta uma cena sem ter se preparado
anteriormente, sem ter decorado suas falas. O ator, ou atriz deve, a partir de uma
situação dada, soltar sua imaginação e criar, com ou sem falas, os movimentos e ações
de uma personagem.
Situação a ser improvisada: Criar um final para o conto lido usando a criatividade para
encenar se o jovem morreu ou não morreu.
O grupo terá de 5 a 10 minutos para improvisar a cena e depois apresenta aos
colegas. Façam silêncio durante a apresentação dos colegas. Eles deverão fazer o
mesmo quando forem assistir à de vocês.
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Professor(a): Após as apresentações, ler o final original do conto fazendo
indagações a respeito das semelhanças e / ou não, com as improvisações feitas
pelos alunos.
CENA V
6. LEITURA EM CASA ( Páginas:135 a 170)
MOTIVAÇÃO (próxima aula)
OFICINA DE TEATRO: Vestindo as personagens com jornal
Proposta da professoraautora desta pesquisa, baseada nos exercícios nº4.
p.159160 e nº 5. p.186188, apresentadas no livro _ Teatro de se ler: o texto teatral e a
formação do leitor / Fabiano Tadeu Grazioli. – Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo,
2007.
Professor (a): Visualizamos um maior aproveitamento desta atividade, tendo em
vista a sua potencialidade literária e a sua representação, se for realizada depois
que os alunos já estabeleceram um bom contato com o texto em questão.
A dinâmica aqui descrita pretende, mais uma vez, viabilizar atividades teatrais a
partir do texto dramático. Isso possibilita ao aluno o entendimento de que o texto
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teatral ( de forma geral e especialmente o texto em questão) possui uma
completude e é eficiente tanto para a leitura quanto para uma possível
representação.
– É importante refletir, neste contexto, sobre a função das rubricas de orientar a
leitura e a montagem do texto, reafirmando a potencialidade deste elemento do
texto dramático.
Desenvolvimento:
Dividese a turma em grupos e indica a cada um, uma das personagens : Chico,
João Grilo, padre,sacristão, padeiro, mulher do padeiro,Antônio Morais, Bispo, Severino,
Cangaceiro,Demônio, o Encourado (o Diabo), Manuel (Nosso Senhor Jesus Cristo), a
Compadecida ( Nossa Senhora). Na seqüência, disponibiliza jornal, cola e fita adesiva e
solicita a cada equipe que crie o figurino para a personagem que lhe foi indicada. Em
seguida, realizar um desfile no qual cada personagem, com seu figurino, seja apresentada
por alguém.
Avaliação coletiva e autoavaliação: Promover uma discussão evidenciando a maneira
que cada grupo encontrou para expressar as características das personagens por meio
dos figurinos.
Professor (a): Para o desenvolvimento do exercício propomos a utilização de
jornal, para que cada grupo disponha do mesmo material, o que não aconteceria
se se solicitasse que os figurinos fossem elaborados a partir de peças de vestuário.
Além disso, perpassa pela idéia da utilização do jornal uma questão estética
40
importante: os alunos podem agir sobre um material considerado descartável e
transformálo, com o uso de sua criatividade, em peças de figurino. Cabe destacar
que a utilização do jornal dá coerência visual ao conjunto de figurinos, contribuindo
esteticamente com a encenação, mesmo que esta seja simples.
CONVERSANDO SOBRE A LEITURA FEITA EM CASA
Professor(a): Questionar a situação e as personagens envolvidas na parte
lida.
6ª. Palhaço – João Grilo – Chico – Todas as demais personagens Demônio – O
Encourado – Manuel: ressurreição no picadeiro do circo. O julgamento pelo
Demônio, pelo Encourado e por Manuel (Cristo). Expediente de João Grilo: forçar o
julgamento, ouvindo os pecadores.
6.1 DIÁLOGO DE LEITURA: fragmento da obra “Barca do Inferno” (Gil Vicente)
Escrita em 1517, Auto da Barca do Inferno é uma das obras mais representativas
do teatro vicentino. Como em tantas outras peças, nesta o autor aproveita a temática
religiosa como pretexto para a crítica de costumes.
Auto da Barca do Inferno
Gil VicenteTexto 1
41
Esta barca onde vai ora,que assi está apercebida? [preparada]
DIABOVai pera a ilha perdida, [para o Inferno]e há‐de partir logo ess’ora.
FIDALGOPera lá vai a senhora?
DIABOSenhor, a vosso serviço.
FIDALGOParece‐me isso cortiço...
DIABOPorque a vedes lá de fora.
FIDALGOPorém, a que terra passais?
DIABOPera o inferno, senhor.
FIDALGOTerra é bem sem‐sabor.
DIABOQuê?... E também cá zombais?FIDALGOE passageiros achaispera tal habitação?
Texto 2
PARVOHou daquesta!
DIABOQuem é?
PARVOEu sô.É esta a naviarra nossa?
42
DIABODe quem?
PARVODos tolos.
DIABOVossa.Entra!
PARVODe pulo ou de vôo?Hou! Pesar de meu avô!Soma, vim adoecer [soma = em resumo]e fui má‐hora morrer,e nela, pera mi só. [naquele momento só meu, isto é, ele morreu dediarréia.]
DIABODe que morreste?
PARVODe quê?Samicas de caganeira.
DIABODe quê?
PARVODe cagamerdeira!Má rabugem que te dê!
INTERPRETAÇÃO
Nos textos acima, temos dois fragmentos da peça de Gil Vicente intitulada Auto da barca
do inferno. De acordo com os textos responda:
a) O nível da linguagem empregada nos fragmentos transcritos funciona como instrumento de caracterização das personagens? Justifique.
43
R No tempo de Gil Vicente, os recursos de cenários eram bastante pobres e uma forma
de caracterizar a personagem era através do recurso da fala. Desta forma, como no
fragmento transcrito, uma personagem da corte possui, além das roupas e do criado, um
nível de linguagem condizente com sua origem sócioeconômica. Já uma personagem de
origem humilde possui uma linguagem marcada por expressões vulgares. O Fidalgo se
expressa numa linguagem correta, emprega um vocabulário simples e correto enquanto a
personagem Parvo Joane emprega determinados termos e expressões (Samicas de
caganeiras , por exemplo) típicas das pessoas humildes e sem instrução formal.
b) Ao dirigirse ao Diabo, o Fidalgo comete um engano e o Diabo o corrige imediatamente. De que engano se trata?
R O Fidalgo confunde o sexo do Diabo, tratandoo por “senhora”, o que faz com que o
Diabo diga em seguida “Senhor, a vosso serviço”.
Gil Vicente soube ver os erros humanos de sua época. O Auto da barca do inferno
é uma crença no homem, mesmo se apoiando em certas concepções medievais, pois o
dramaturgo acreditou na arte, no teatro, como uma forma de ensinar aos homens a
possibilidade de melhora e de salvação.
c) Numa época como a nossa, em que consumir parece ser o sentido da existência, a peça de Gil Vicente mostra todo o rigor da sua atualidade, condenando os que se apegam exclusivamente aos valores deste mundo, esquecendose de que a virtude e a moral são valores essenciais para uma vida justa. Na sua opinião, os erros das personagens vicentinas são erros humanos, demasiadamente humanos, e por isso podemos aprender com eles?
R Resposta pessoal. Esperase que o aluno perceba que somos instigados e
condicionados a acreditar que os objetos constituem uma fonte de prazer e adquirilos
deve ser o sentido da vida. Sacrificamos a nossa inteligência, a nossa sensibilidade e a
nossa atenção com o próximo em troca de um tênis e de um automóvel. Freqüentamos
shopping center, mas não lemos um livro; beijamos mil pessoas e não provamos a ternura
de nenhuma; valorizamos o corpo e nos esquecemos do nosso interior.
44
Disponível em:
<http:www.escolapassoapasso.nossodom.com.br/dombosco/.../auto_barca_inferno>.
CENA VI
7. LEITURA EM CASA ( Páginas:171 à 203)
MOTIVAÇÃO (Próxima aula)
OFICINA DE TEATRO
Uma adaptação da professoraautora desta pesquisa para o jogo teatral : Ruas e
Vielas , Fichário de Viola Spolim – ficha A44+.
Professor(a): Caso o espaço da sala de aula ou níveis de barulho sejam restritos,
esse jogo deverá ser feito no pátio ou na quadra.
Preparação
Eleja um (a) jogador (a) para ser o ANJO BOM e outro(a) para ser o ANJO MAU. O
restante da turma será dividida entre os alunos jogadores que serão as ruas ou
vielas e a outra parte serão os pecadores. O Anjo Bom será o instrutor e o Anjo
Mau será o caçador dos pecadores.
Descrição
45
Os jogadores formam fileiras ficando em pé em linhas iguais com os braços
estentidos para os lados na altura dos ombros. A um sinal do instrutor (Anjo Bom),
todos se viram de frente para ele, bloqueando a passagem do pecador ou do Anjo
Mau. Quando o sinal dado for RUAS! todos os jogadores ficam de frente para o
instrutor e quando é dado o sinal RUELAS!, todos ficam de lado. O Anjo Mau e o
pecador não podem atravessar o bloqueio formado pelos braços ou cortar uma rua
ou ruela. Peça para os jogadores formarem a posição de Ruas (veja o diagrama) e
praticar a mudança entre Ruas e Ruelas algumas vezes antes de iniciar a
perseguição.
Instrução Instrução
*Ruas *Ruelas
*____*____*____* *I *I *I *I
*____*____*____* *I *I *I *I
*____*____*____* *I *I *I *I
1) O sucesso do jogo depende do alerta do instrutor ao enunciar as mudanças no
momento em que o Anjo Mau está na iminência de pegar o pecador ou o pecador
esteja por demais seguro em relação ao Anjo Mau. O Anjo Bom envolvese com a
caça e com o destino do pecador, o que cria um estado de crise. Atuar em crises
(salvar ou não salvar) é estimulante para a pessoa como um todo e aumenta o
estado de alerta e as capacidades de aprendizagem.
2)Esse jogo tradicional é especialmente útil para treinar os alunos como
instrutores. De início, escolha alunosinstrutores que têm uma atitude de alerta
natural para o ambiente, pois o jogo deve ser mantido em movimento para evitar
queda de energia ou fadiga. Com o tempo, todos os jogadores devem assumir o
papel de instrutores para aprender a lidar com a crise momentânea que o jogo
apresenta para instrutor.
3)É favorável ir trocando as equipes para que todos tenham visão diferente do
jogo.
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CONVERSANDO SOBRE A LEITURA FEITA EM CASA
Professor(a): Questionar a situação e as personagens envolvidas na parte lida. No caso temos:
7ª. Todas as personagens A Compadecida: condenação dos pecadores. Expediente de João Grilo: apelo à misericórdia da Virgem Maria.
7.1 DIÁLOGO DE LEITURA: Vamos ao teatro!
Professor(a): Seria muito interessante levar a classe assistir a uma apresentação
teatral, já que o próximo passo é ajudálos a preparar a encenação da peça lida.
Representação Teatral
Um texto teatral “ganha vida” quando conquista a cumplicidade dos espectadores,
por isso ele não pode ficar só no papel, precisa ser representado. Ele só fica completo
quando é encenado, seja dentro de um teatro ou na rua, no metrô, na praça ou na escola.
Quando é levado à cena, o texto já não se relaciona com um leitor, mas com um
espectador. E para se montar um texto, encenálo, é preciso que o diretor e as pessoas
envolvidas na encenação façam uma interpretação, uma leitura desse texto.
Além do autor, que escreve a peça, no teatro contamos com os atores (que
interpretam os papéis), com o diretor (que planeja e orienta a encenação), com o
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figurinista (que cria os trajes das personagens), o sonoplasta (encarregado pela
sonorização), o iluminador (que cuida da luz), além de diversos técnicos e outras pessoas
que, juntas, possibilitam que o texto “ganhe vida” nos palcos. É por isso que dizemos que
o teatro é uma arte de equipe.
O objetivo dos realizadores é envolver o espectador, leválo a se emocionar, a
questionar, criando assim um vínculo entre ele e os atores, entre ele e o texto encenado.
Assistir a uma peça é uma experiência estética em que podemos nos identificar com as
personagens e reconhecer os conflitos presentes na ação.
O diferencial do teatro em relação a outras artes é justamente seu caráter vivo,
imediato, que acontece em frente ao público no momento da apresentação. Por isso uma
peça teatral é tão deferente de uma novela na televisão, de um filme a que vamos assistir
no cinema ou da leitura solitária de um livro.
(Português: a arte da palavra, /Gabriela Rodella de Oliveira, Flávio Nigro Rodrigues, João Rocha
Campos ; 1. ed. – São Paulo : Editora AJS Ltda, 2009. p. 58)
Professor(a): Após a leitura e discussão do texto acima,orientar os alunos para a
encenação da peça lida, lembrandoos que o bom êxito do trabalho depende do
empenho de todos os integrantes do grupo. Para isso, as orientações
apresentadas a seguir também devem ser consideradas.
* De posse da parte de seu texto teatral, o grupo se reúne, dialoga e reparte os
papéis, ou seja, define o personagem que cada integrante vai representar. É
importante que essa distribuição seja o mais funcional possível, que cada aluno
combine e fique satisfeito com seu personagem. Na ocasião, a equipe também
decide se elege um dos componentes como diretor para coordenar e supervisionar
todo o trabalho.
48
* Atores e atrizes realizam exercícios preparatórios para interpretar com
expressividade seus personagens e contribuir com a eficiência da apresentação da
peça. Seguem alguns procedimentos que cada participante do elenco deve
considerar:
1. Ler o texto todo várias vezes para ter noção de conjunto e saber as relações do
personagem que vai interpretar com os demais da peça.
2. Estudar profundamente seu personagem, considerando as rubricas de
interpretação com indicações de traços físicos, pensamentos, atitudes e
sentimentos.
3. Memorizar as falas sem perder de vista os contextos da peça em que elas estão
inseridas.
4. Ensaiar as ações e as falas de seu personagem. A busca de um estilo próprio e
natural de interpretação é um ponto que ajudará o desempenho na apresentação.
5. Procurar usar e combinar bem a voz e os movimentos corporais de modo a
expressar a riqueza de sentidos da peça representada e provocar emoções nos
espectadores. Para isso, há necessidade do emprego consciente e cuidadoso de
determinados aspectos, como:
* adequação no volume da voz de maneira que até os ouvintes situados mais longe
possam escutar e entender com clareza;
* boa dicção na pronúncia de palavras e frases;
* variação no ritmo e na entonação das falas para obter diferentes efeitos;
* realização de pausas para destacar idéias e estabelecer maior interação com os
espectadores;
* adoção de posturas ( em pé, sentado, deitado, de frente, de lado . . .) e
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movimentos corporais ( da cabeça, dos olhos, do rosto, do ombro, das mãos, das
pernas, dos pés . . .) para junto com a voz produzir significados;
* nunca é demais lembrar que a capacidade de recriação e improviso de cada ator
e atriz é um ingrediente indispensável na interpretação.
6. Encontrarse algumas vezes com o seu grupo para ensaios coletivos a fim de
que cada integrante possa se avaliar e aperfeiçoar sua atuação, bem como avaliar
o andamento geral dos trabalhos e ajudar os colegas no que for preciso.
Obs: Devido à complexidade da atividade exigida dos alunos, é fundamental o
auxílio e orientação do professor(a) aos grupos, estimulandoos para que se sintam
confiantes no desenvolvimento do trabalho.
A bagagem de experiências dos alunos poderá ser muito enriquecida se for
possível viabilizar que assistam a espetáculos teatrais e conversem com diferentes
profissionais do mundo do teatro. Cabe esclarecer que o objetivo desta atividade
não é formar profissionais de teatro, e sim criar condições favoráveis para a prática
e desenvolvimento da expressão oral e corporal dos alunos. Assim, precisase
cuidar para que as exigências e as avaliações não tornem exaustiva e
desprazerosa a atividade.
(Trabalhando com a linguagem. 9º ano / Givan Ferreira ... [et al.]. _ 1.ed. atual. _ São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. _ Coleção trabalhando com a linguagem, p.103 104).
Em conversa com o(a) professor(a), o grupo deve criar o cenário, aproveitando
coisas simples, úteis e não perigosas; por exemplo, papel e tecido de vários tipos e cores,
painéis, pequenos móveis, caixas de papelão, caixotes, embalagens plásticas, latas,
objetos feitos de isopor ou sucata . . . É claro que dependendo do desejo e possibilidade
do grupo, bem como da adequação à peça, podese montar um cenário mais sofisticado,
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porém mais importante que a sofisticação do cenário é a riqueza de significados nascida
da improvisação e criatividade do grupo.
Quanto ao figurino, os trajes vestidos pelos atores, podese recorrer a roupas
usadas, vestimentas feitas de papel, jornal, plástico colorido ou de outros materiais leves.
O grupo tem ampla liberdade para buscar soluções criativas na construção das roupas,
inclusive criando fantasias típicas. Mas não pode deixar de considerar um aspecto
fundamentas: o figurino deve estar adequado, integrado às características físicas e
psicológicas dos personagens e às situações encenadas na peça.
A partir da análise da peça, o grupo pode estudar a viabilidade de trabalhar a
iluminação, utilizando recursos adequados (lâmpada, lanterna, lamparina, vela, abajur,
luminária, refletor . . .) que proporcionem luz e brilho ao espetáculo. Mais uma vez a
ousadia da equipe pode ser acionada para encontrar “idéias luminosas” para a
encenação.
O que acham de usar sonoplastia – sons, ruídos, músicas – na peça? Muitas
vezes, efeitos sonoros aliados a momentos de silêncio podem valorizar as cenas
interpretadas atraindo ou mantendo o interesse dos espectadores. Vale a pena o grupo
pensar nessa possibilidade. Se a decisão for pelo uso, levem em conta o bom senso e a
sensibilidade para escolher as cenas e aos recursos especiais de sons adequados a elas.
Por exemplo, trechos musicais, sons de apitos, de buzinas e imitativos de animais, ruídos
de passos, barulhos de explosão, de tiros, de batida de porta . . .
O grupo deve escolher o palco – o lugar onde ocorrerá a encenação , a data e o
horário da grande estréia para melhor definir, por exemplo, recursos de cenário e
iluminação a serem usados. Sugerimos que a peça seja montada primeiramente na
escola para os demais colegas da classe e para as pessoas que queiram convidar, depois
encenada também em outros espaços sociais da cidade (praça, clube, feira livre, centro
cultural . . .), conforme a adequação do assunto do texto teatral à circunstância de
interação com os espectadores. Vocês perceberão que fazer teatro, além de propiciar
aprendizado e prazer, constitui um meio de compartilhar vivências enriquecedoras,
questionar coisas do mundo e exercer a cidadania.
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(Trabalhando com a linguagem 9º ano / Givan Ferreira ... [et al.]. _ 1.ed.atual. _ São Paulo:
Quinteto Editorial, 2009. _ Coleção trabalhando com a linguagem, p.104 105).
Professor(a): Se possível, providenciar filmagem da primeira apresentação de
cada grupo para que, num momento posterior, eles possam conferir suas
interpretações e aprimorar as novas representações teatrais que vierem a fazer.
CONCLUINDO ESTA UNIDADE
“O Teatro mostra uma fatia da realidade ou do sonho. Às vezes ácido, às vezes
doce. Faz pensar, rir e chorar. Reflete, recria, revive o exercício da Vida. Assim, espaço
autorespectador forma a química perfeita para um ritual ou cerimônia mágica capaz de
nos levar à fantasia ou à realidade. Ator e espectador tornamse cúmplices na busca da
ilusão ou do conhecimento crítico da realidade – na busca de um olhar consciente e
sensível que projete um novo homem, transformador, capaz de construir um mundo
melhor”. (Ana Lúcia F. Cavalieri – Teatro vivo na escola. In. Teatro de se ler: o texto teatral e a
formação do leitor / Fabiano Tadeu Grazioli. – Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo,
2007. p.198)
Assim, como Fabiano Tadeu Grazioli, na obra já citada, termino aqui parte de um
percurso por recantos especiais da atividade teatral, da literatura dramática e da leitura.
Nesse percurso há a intersecção destas três áreas, com a justificativa de que a efetivação
da leitura do texto dramático no contexto escolar assim o exige e pela crença de que o
teatro pode fazerse presente na escola, tendo na leitura a sua via de entrada na sala de
aula.
REFERÊNCIAS
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