DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · cultivo do café, que marcou a economia brasileira por...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE
PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Professor PDE: Francisca de Maria Henrique
Área PDE: Geografia
NRE: Goioerê
Professor Orientador /IES: Fábio Rodrigues da Costa /FECILCAM
IES vinculada: Universidade Estadual de Maringá – UEM
Escola de Implementação: Colégio Estadual Carlos Gomes – Ensino
Fundamental, Médio, Profissional e Normal
Público objeto da intervenção: Alunos do 3º ano do Ensino Médio
Obs: No projeto de Intervenção Pedagógica foi indicado como público alvo o 1º
ano do Ensino Médio, porém, em virtude dos conteúdos estarem relacionados à
proposta curricular do 3º ano, o projeto será trabalhado nesta série.
Material Didático de Geografia apresentado ao
Programa de Desenvolvimento Educacional,
vinculado à Universidade Estadual de Maringá-
UEM /FECILCAM
MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO
TÍTULO: A MOBILIDADE DA POPULAÇÃO E A MODERNIZAÇÃO DAS
TÉCNICAS DE PRODUÇÃO NO CAMPO: O ÊXODO RURAL NO MUNICÍPIO DE
UBIRATÃ
“Um sujeito é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende, e como dele lhe é possível participar (Diretrizes Curriculares, 2008, p.14).”
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SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO...................................................................................................03
2- O QUE É MIGRAÇÃO........................................................................................05
2.1. Momento de refletir..........................................................................................05
2.2. Atividades........................................................................................................06
2.3. Leitura crítica -Texto 1- Migrações Internas no Brasil ....................................07
2.4. Leitura crítica - Texto 2 - As Migrações...........................................................08
2.5. Atividade..........................................................................................................09
2.6. Para refletir e compreender a Mobilidade da População Brasileira................10
3 - O ÊXODO RURAL E A URBANIZAÇÃO...........................................................11
3.1. Momento de refletir..........................................................................................11
3.2. Leitura crítica-Texto 3 - Êxodo Rural e Migração Pendular.............................12
4 - AGRICULTURA, SUA MODERNIZAÇÃO E IMPACTOS NA MIGRAÇÃO.......12
4.1. Atividade..........................................................................................................13
4.2. Leitura crítica-Texto 4 - A Modernização da Agricultura Paranaense.............14
4.3. Leitura crítica-Texto 05 - Migrações Internas no Paraná.................................19
5 - UBIRATA: OCUPAÇÃO E COLONIZAÇÃO......................................................20
5.1. Ubiratã: Economia e modernização da agricultura..........................................25
5.2. Atividades.........................................................................................................28
5.3. Atividade...........................................................................................................29
6. UBIRATÃ: LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS.............................31
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................34
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................................34
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Desde os primórdios da história humana ocorrem movimentos migratórios.
Quando a alimentação ficava escassa, os grupos abandonavam o lugar onde
viviam e saiam à procura de melhores condições de vida. A população que migra
constantemente à procura de alimentos é denominada nômade. Viviam
basicamente da caça, coleta e do que a natureza oferecia, os instrumentos de
trabalho eram simples e consequentemente a produção era pequena. De acordo
com Santos:
“No começo dos tempos históricos, cada grupo humano construía seu espaço de vida com as técnicas que inventava para tirar do seu pedaço de natureza os elementos indispensáveis à sua própria sobrevivência. Organizando a produção, organizava a vida social e organizava o espaço, na medida de suas próprias forças, necessidades e desejos. A cada constelação de recursos correspondia um modelo particular. Pouco a pouco esse esquema se foi desfazendo: as necessidades de comércio entre coletividades introduziam nexos novos e também desejos e necessidades e a organização da sociedade e seu espaço tinha de se fazer segundo parâmetros estranhos às necessidades íntimas ao grupo”. (SANTOS, 2001, p.5)
Como o homem sempre esteve à procura de abrigo e proteção para si e
para seu grupo, começa a buscar novas técnicas de produção para atender as
necessidades da sociedade do momento. Com as mudanças nos instrumentos de
trabalho, os grupos sociais também vão se modificando e vão surgindo novas
formas de pensar, de viver e se relacionar com o espaço, ou seja, começam a ser
desenhados os espaços geográficos típicos de cada sociedade e de cada época.
Mesmo tornando-se sedentários, ou seja, com moradia fixa em razão da
domesticação de animais e da agricultura, os movimentos migratórios
continuaram e permanecem até hoje. No momento em que o homem começou a
modificar a natureza, plantando, colhendo e construindo; passou a transformar o
espaço natural em espaço humanizado, construído através do seu trabalho. Para
entendermos esse processo de transformação basta olhar, (através de
fotografias), a paisagem de algumas décadas atrás para se ter uma idéia do modo
de vida da sociedade que a construiu, do desenvolvimento das técnicas e da
1. INTRODUÇÃO
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cultura. As áreas agrícolas se expandiram, desenvolveram-se as cidades, as
indústrias, construíram-se estradas, enfim, cada vez mais novas técnicas foram
sendo incorporadas e o espaço geográfico vai se transformando continuamente.
Santos afirma que:
A principal forma de relação entre o homem e o meio é dada pela técnica. As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais com as quais o homem realiza a sua vida, produz e, ao mesmo tempo cria espaço (SANTOS, 2001, p. 16).
A interferência do homem no espaço depende do nível do desenvolvimento
das técnicas. Quanto mais complexos são os instrumentos, maior é a intervenção
do homem no meio em que atua. Quanto menor o desenvolvimento da técnica,
menor é a intervenção deste no espaço. Como exemplo, podemos citar a
sociedade capitalista técnico-cientifica atual, que possui um grande nível de
desenvolvimento tecnológico, representado por instrumentos de trabalho tais
como: tratores, colheitadeiras, caminhões, robôs, linha de montagem,
computadores, satélites artificiais, entre outros. Isso possibilita uma grande
intervenção, resultando na produção de espaços com características particulares.
Com o surgimento do capitalismo, a industrialização e o desenvolvimento
tecnológico, o espaço atual é considerado mundial, mas se configura localmente
de forma diferente, em conseqüência do tempo e do dinamismo de cada
sociedade.
Com relação aos movimentos migratórios, estes continuam existindo na
atualidade. Os principais motivos que levam as pessoas a migrarem são: causas
naturais (terremotos, furacões e enchentes), perseguições religiosas e políticas,
guerras, conflitos armados e questões econômicas (desemprego, baixa
remuneração, e busca por melhores condições de vida). Podemos dizer que as
questões econômicas são responsáveis pela maioria das migrações.
No transcorrer deste trabalho objetiva-se trazer para o debate e discussão
o tema mobilidade da população, enfatizado o estudo no município de Ubiratã,
localizado no Estado do Paraná, observando os fatores que atraíram a população
para ocupar o espaço onde hoje se encontra esse município. Por que muitas
pessoas que viviam no município, a partir de um dado momento, migraram para
outras regiões ou Estados? Que transformações ocorreram no espaço de
Ubiratã? Vamos ao estudo!
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2. O QUE É MIGRAÇÃO?
Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000 Pesquisa realizada em 30/06/2010
2.1. Momento de refletir
Você sabe o que é migração?
De onde vieram seus avós? E seus pais, como chegaram a Ubiratã?
Você nasceu neste município ou não?
Porque as pessoas estão constantemente mudando de um local para
outro?
É possível mudar essa dinâmica da população?
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A música “Caboclo na cidade”, de Dino Franco e Mourai, composição de
Geraldo Viola e Dino Guedes, retrata a vida de um sertanejo que abandonou o
campo para viver na cidade. Você conhece essa música? Faça uma pesquisa da
letra, analise-a e em seguida responda às questões a seguir:
2.2. ATIVIDADES
Que mudanças de hábitos a família sofreu ao sair do campo para viver
na cidade?
A qual Estado do Brasil a música está se referindo?
Que tipo de migração a família realizou: regional, estadual ou
internacional?
Qual a característica rural da propriedade do caboclo?
Por que o caboclo afirma não poder voltar ao Triângulo Mineiro?
Sua família ou alguém que você conhece, vizinho ou um parente
próximo, passou por uma experiência igual ou parecida com a do
caboclo?
Para realizar a pesquisa da letra da música consulte o endereço a
seguir:
http://vagalume.uol.com.br/dino-franco-mourai/caboclo-na-cidade.html
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2.3. LEITURA CRÍTICA
TEXTO 1 - MIGRAÇÕES INTERNAS NO BRASIL
Denomina-se migração o deslocamento de pessoas de um lugar para outro, com objetivo de colonizar novas terras, regiões distantes, ou espaços promissores que possam oferecer uma qualidade de vida melhor para os migrantes. Neste movimento destacam-se dois momentos principais: emigração e imigração. Emigração é a saída do homem de seu local de origem ou país para outro; imigração é a entrada no país ou região de destino. Esses movimentos normalmente estão sob a influência dos fatores de expulsão e atração. Os movimentos migratórios da população brasileira sempre estiveram e estão ligados ao processo de ocupação e povoamento de seu extenso território, que, por sua vez, está vinculado a um determinado produto ou atividade econômica, que favoreceu ou favorece esses movimentos populacionais. As pessoas são atraídas por diversos fatores, dentre estes, a oferta de trabalho, facilidade de obtenção de terras ou mesmo enriquecimento rápido. As migrações internas no Brasil, desde o início da colonização, acompanharam os períodos de desenvolvimento econômico, os quais estavam relacionados ao cultivo de produtos agrícolas para a exportação e a criação de animais. Outro fator que também contribuiu para as migrações foi a extração mineral. Os principais ciclos econômicos que marcaram os processos migratórios foram a cana-de-açúcar, no Nordeste, no início da colonização; na Região Sul, a criação de gado; em Minas Gerais, no período colonial, os migrantes foram atraídos pela mineração; o ciclo da borracha, na Amazônia; o cultivo do café, que marcou a economia brasileira por um longo período do século XIX e inicio do século XX, e o crescimento da indústria no Sudeste, especialmente, no Estado de São Paulo. Fonte: Adaptado de: ELIAN ALABI LUCCI et. al.(Geografia Geral e do Brasil. 2007, p.213). Para saber mais sobre migrações internas no Brasil consulte os sites: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010340142001000300014&script=sci_arttext (Migrações internas: evoluções e desafios Alfredo Jose Gonçalves ) http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/ABEP2006_583.pdf (Fausto Brito e José Alberto M. de Carvalho)
Leia o texto a seguir e observe como a concentração da propriedade
fundiária no campo e o desenvolvimento do capitalismo no Brasil expulsou e
continua expulsando milhares de pequenos proprietários de suas terras.
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2.4. LEITURA CRÍTICA
TEXTO 2 - AS MIGRAÇÕES
Os estudos geográficos sobre migrações envolvem uma perspectiva histórica ampla e acompanham o fenômeno desde a Antiguidade até nossos dias. O fenômeno do povoamento não poderia ser compreendido sem as migrações. Considera-se desde migrações intercontinentais até as migrações a curta e média distâncias, mais frequentes (p. 61).
A discussão sobre a migração tem um caráter estratégico no desvendamento da relação entre a dinâmica populacional e o processo de acumulação de capital, para além da concepção de crescimento natural. Tanto as migrações internacionais, como as migrações internas – rural-urbana, rural-rural – comprovam o processo de expropriação (a concentração da propriedade), e de exploração, que marcam o desenvolvimento do capitalismo em países como o Brasil. É preciso fazer um parêntese: o processo de migração envolve interesses contraditórios. É possível grandes proprietários de terra, agentes do processo de expropriação, reagirem, em determinado momento, ao êxodo, diante da perda de mão-de-obra barata, ou gratuita, de suas fazendas; e em outro momento, inversamente, diante da mobilização política dos trabalhadores, induzirem à migração (p.41).
A imigração internacional e migração temporária interna são frutos do mesmo processo: a reprodução da grande propriedade no Brasil, envolvendo, agora, novos personagens. Os antigos latifúndios foram substituídos pelas grandes empresas capitalistas nacionais e multinacionais, com interesses agropecuários beneficiados pelos incentivos do Estado, com assistência técnica gratuita e empréstimos bancários com taxas de juros abaixo dos cobrados pelo mercado. Neste sentido, Jose de Souza Martins trata da expropriação e violência, das barreiras à pequena propriedade, desde a pequena propriedade familiar de colonos, que nasceu condicionada à grande propriedade voltada para mercado externo, até a crise profunda e mais visível da propriedade familiar, no Brasil de hoje.
Um fato fundamental nesse movimento de população é que a migração rural urbana, quando teve caráter mais permanente, criou a expectativa de que, na cidade, o migrante teria um emprego permanente para ele e sua família (p.42)
O processo de concentração da propriedade fundiária no campo, com o desenvolvimento do capitalismo no Brasil, que continua expulsando milhares de pequenos lavradores de suas terras, justifica, segundo José de Souza Martins, que se continue a estudar o processo de expropriação combinado ao de exploração [...] (p 44). Fonte: AMELIA DAMIANI (População e geografia)
Saiba mais sobre migrações consultando os seguintes endereços: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u10187.shtml,
http://www.scielo.br/scielo.php?
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Figura 01 – Migrações no Brasil (2000)
Fonte: IBGE Censo Demográfico 2000. Disponível em:.http://www.ibge.gov.br/ibgeteen pesquisa realizada dia 15/02/2010
2.5. ATIVIDADES
Observe o mapa a seguir e responda quais são os Estados com maior fluxo migratório (imigração e emigração) no Brasil no ano de 2000. Qual Estado é o principal destino dos emigrantes? Existem movimentos migratórios no Paraná? Discuta com os colegas de classe os movimentos migratórios existentes no Brasil e no Paraná.
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2.6. PARA REFLETIR E COMPREENDER A MOBILIDADE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA O censo de 2000, realizado pelo IBGE, aponta que cerca de 26 milhões de
pessoas estão fora da unidade de federação onde nasceram, o que significa um
aumento de aproximadamente 21% no número de migrantes em relação a 1991.
Na tabela a seguir podemos observar as unidades de federação com maior fluxo
de migrantes não- naturais em 2000.
Tabela 1: população não-natural – Brasil – 2000
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
Entre os anos de 1995 a 2000, cerca de 5,2 milhões de pessoas migraram
no país entre as unidades de federação. Foram as áreas urbanas os polos de
maior atração, em contraste com o esvaziamento da zona rural. A tabela abaixo
mostra que o maior fluxo de migrantes ocorreu entre as áreas urbanas.
Tabela 2: migração no Brasil – quinquênio 1995/2000
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
Unidade da Federação População não-natural
1 - São Paulo 8.821.030
2 - Rio de Janeiro 2.476.072
3 - Paraná 1.795.751
4 - Goiás 1.293.733
5 - Minas Gerais 1.221.299
Origem => Destino Migrantes
Rural Urbano 645.089
Rural Rural 248.042
Urbano Rural 398.369
Urbano Urbano 3.904.594
Total 5.136.093
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3. O ÊXODO RURAL E A URBANIZAÇÃO
Êxodo rural é a saída de pessoas do campo para a cidade. Está entre os
principais fluxos migratórios internos no Brasil. Acontece em dois sentidos:
através da aceleração do desenvolvimento econômico industrial que atrai mão-de-
obra rural para a cidade; ao mesmo tempo em que a modernização da agricultura
libera mão-de-obra rural causando a expulsão do homem do campo em direção
às cidades.
A modernização do campo provocou intensa migração de pessoas para as
cidades. Na maioria das vezes eram pequenos proprietários de terras,
arrendatários, meeiros, ou empregados rurais que perderam o seu trabalho. Na
cidade, muitos deles vão enfrentar uma nova realidade com vários problemas
como: desemprego, violência e o abalo de sua identidade rural.
As cidades não estavam preparadas para receber grande quantidade de
imigrantes, pois a infra-estrutura é construída a longo prazo e requer
planejamento e altos investimentos que, infelizmente, a maioria das cidades não
dispõem. O número de postos de trabalho não é suficiente e os migrantes
acabam se ocupando com o trabalho informal e residindo em habitações nos
bairros periféricos.
3.1. Momento de refletir
O que vem a ser êxodo rural? E urbanização?
Quais são as principais causas do êxodo rural?
Você conhece alguma pessoa que deixou de morar no campo e foi viver na
cidade? Se conhecer, faça um relato para seus colegas.
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3.2. LEITURA CRÍTICA
TEXTO 3 - ÊXODO RURAL E MIGRAÇÃO PENDULAR
Esse fenômeno foi mais acentuado a partir de meados da década de 1950, e final dos anos 1970, período de maior aceleração da industrialização nas grandes cidades. Com a modernização do campo ocorreu paralelamente a concentração de terras, a partir daí surgiu um intenso êxodo rural no Brasil, ou seja, a saída do homem do campo dirigindo-se às áreas urbanas. Como as cidades não recebem investimentos públicos suficientes em obras de infra-estrutura para o atendimento da população, tais como: habitação, saneamento básico, saúde, educação, transportes coletivos, lazer e abastecimento; a malha urbana começou a crescer, sendo construídas grandes favelas e loteamentos clandestinos, sobretudo ao redor dos bairros industriais. Com isso, ocorreu o surgimento de um conjunto de cidades interligadas, onde ocorre uma migração diária entre os municípios ou entre o centro e a periferia. A migração pendular ou migração diária é um fenômeno urbano visto especialmente nos grandes centros. As pessoas deixam suas residências antes do horário comercial se dirigindo para o local de trabalho, após o expediente, retornam as suas moradias.
Fonte: Adaptado de: EUSTAQUIO DE SENE e JOÃO CARLOS MOREIRA
(Geografia Geral e do Brasil). Saiba mais sobre migração pendular consultado o site a seguir:
http://www.brasilescola.com/geografia/migracao-pendular.htm
4. AGRICULTURA, MODERNIZAÇÃO E IMPACTOS NA MIGRAÇÃO
A agricultura é a atividade econômica mais antiga de que se tem
conhecimento na história humana e sempre foi a base de sustentação da
sociedade. Responsável pela produção de alimento e matéria-prima, é a forma de
organização do espaço que recebe constantemente investimento tecnológico em
virtude de sua grande importância. Por ser uma atividade econômica muito antiga,
acredita-se que a agricultura tenha surgido na Mesopotâmia, com o cultivo de
grãos e criação de animais.
Será que a agricultura daquela época era igual a que conhecemos hoje?
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Observe as figuras a seguir e discuta com seus colegas a evolução das
técnicas de produção agrícola e o rendimento da produtividade de acordo com o
seu desenvolvimento tecnológico.
Figura 2 – Agricultura moderna Figura 3 – Agricultura tradicional
Fonte: http:// WWW.diadiaeducação.pr.gov.br FONTE: Acervo próprio: HENRIQUE, Francisca (Sitio Olho d’água
(TV multimídia-imagens) 19/05/2010 Ubiratã 19/07/2010)
Leia atentamente o texto a seguir e veja como se deu a modernização da
agricultura no Paraná, de acordo com a visão do professor Dalton Áureo Moro.
4.1. ATIVIDADES
Faça uma pesquisa sobre a agricultura rudimentar e a agricultura
moderna. Observe a evolução da técnica, a diversificação do cultivo e o
rendimento da produtividade.
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4.2. LEITURA CRÍTICA
TEXTO 4 - A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA PARANAENSE
A partir do final da década de 60 e com maior vigor durante a de 70, a agricultura paranaense entra no processo de sua modernização. Modernização considerada parcial, conservadora e dolorosa. Parcial porque limitou-se a algumas regiões do país, a alguns produtos específicos e a certas fases da organização da produção. Conservadora porque não rompeu com a tradicional concentração fundiária, isto é, da posse da terra. Dolorosa porque ocorreu para expoliar no campo milhares de pessoas ligadas às atividades agropecuárias, acentuando o êxodo rural e a miséria.
O processo de modernização da agricultura paranaense é o resultado concreto da política oficial de modernização da agricultura brasileira acionada a partir da década de 60.
A partir de meados da década de 60, o governo brasileiro coloca em ação uma política de desestímulo à cafeicultura e de incentivo à cultura de oleaginosas. O controle do mercado e do câmbio, com preços desestimulantes, somado ao confisco cambial, foram estratégias fundamentais à contenção da cafeicultura. Por outro lado, a política de crédito rural subsidiado, direcionado à modernização da agricultura, estimula a cultura de oleaginosas, sobretudo em rotação com o trigo.
Todavia, cabe lembrar que a marcha do processo da modernização da agricultura paranaense não foi homogênea no tempo e no espaço, segundo as mesorregiões geográficas do Estado. Genericamente, respeitando a proporcionalidade da área, seus efeitos demográficos, durante a década de 70, foram mais dinâmicos no Norte do Estado. Nas demais regiões, embora ela tenha começado na década de 70, não apresentou de início o mesmo ímpeto, seus efeitos demográficos foram mais expressivos na década de 80.
À medida que aumenta o número de tratores, reduzindo a área média por trator, inevitavelmente encolhe-se o número de empregos no campo. A migração campo-cidade intensifica-se, o êxodo rural agrava-se. Regionalmente, foi no Norte do Paraná que o fenômeno apresentou números mais expressivos.
O processo de modernização da agricultura, na sua dinâmica interna, produz mecanismos capazes de alterar profundamente os componentes sócio-espaciais que presidem a organização da estrutura do espaço agrário regional. Os impactos mais importantes manifestaram-se na utilização das terras, na estrutura fundiária, na condição do produtor e na situação rural urbana da população, dentre outros.
Fonte: DALTON AUREO MORO (A modernização da Agricultura paranaense In: Geografia Social e Agricultura no Paraná, p. 91 a 97, 2001). Para saber mais consulte o site a seguir: http://www.ipardes.gov.br/index.php
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A modernização da agricultura no Paraná modificou sensivelmente a
estrutura fundiária do estado. Ao adquirir maquinaria agrícola para melhorar as
condições de produção, o agricultor coloca suas terras como garantia para o
financiamento. Às vezes não consegue honrar seus compromissos com o
finaciamento e acaba sendo obrigado a vender a sua propriedade para pagar a
divída. Tal fato contribuiu para o aumento no tamanho das propriedades rurais,
pois os grandes proprietários compravam as terras dos pequenos. Dessa forma,
ocorreu a alteração da estrutura fundiária no Paraná, diminuindo o número de
pequenas propriedades com até 10 ha e aumentando o número das médias e
grandes propriedades. Portanto, a diminuição das pequenas propriedades é um
reflexo da modernização do campo.
Observe na tabela a seguir a extensão dos estabelecimentos rurais de
1970 a 1996. Você pode perceber a diminuição das pequenas propriedades e,
consequentemente, o aumento das médias e grandes propriedades rurais. Isso
significa que as famílias que perderam sua propriedade tiveram que migrar,
principalmente em direção aos núcleos urbanos dinâmicos.
Tabela 3 – Extensão dos estabelecimentos rurais no Paraná – 1970 até 1996
Fonte IBGE - Anuário Estatístico
Sem dúvida, as principais causas do êxodo rural foi e continua sendo a
modernização da agricultura. Com a introdução da lavoura comercial, o trabalho
na área rural ficou escasso, levando o trabalhador rural a migrar em busca de
emprego e infra-estrutura que possibilite uma qualidade de vida melhor para sua
Extensão do
estabelecimento
1970 1985 1996
Número % Número % Número %
0 -10 ha 295.272 53,25 229.015 49,12 154.620 41,8
10 – 100 ha 240.936 43,45 212.247 45,5 188.765 50,9
100 – 1000 ha 17.158 3,10 23.371 5,01 25.432 6,9
+ de 1000 ha 1.087 0,20 1.548 0,33 1.449 0,40
TOTAL 554.453 100 466.181 100 370.266 100
16
família. Porém, nem sempre as pessoas que migram para as cidades conseguem
alcançar seus obejtivos e, por conta disso, aumentam os problemas sociais. As
cidades não estão preparadas para receber grandes levas de pessoas. Os
postos de trabalho são insuficientes e muitos migrantes partem para a economia
informal, o que leva essas pessoas a residirem em habitações precárias, como
favelas, cortiços, fundos de vale e encostas. Por outro lado, há ainda a questão
da diminuição da população dos municípios que têm a sua economia baseada na
agricultura. Com a diminuição da população, diminui também sua arrecardação de
impostos e o município pode entrar em crise.
Com a grande migração do campo em direção ás cidades, intensifica-se a
urbanização, que no país teve maior impulso a partir da segunda metade do
século XX. Foi a partir daí que o Brasil tornou-se um país urbano, com mais de
50% da população vivendo nas cidades. Outro fator que contribuiu para o
fenômeno da urbanização foi o incentivo ao crescimento da indústria a partir da
década de 1960.
Quando não há planejamento urbano os problemas sociais se multiplicam,
falta moradia, assistência médica, trabalho, ou seja, bens e serviços necessários
à sobrevivência humana. Segundo Santos:
Uma forma de encarar as migrações é do ponto de vista humano, a ausência de direito a um entorno permanente. Cada vez mais no Brasil as pessoas mudam de lugar ao longo da existência; o número dos que vivem fora do lugar onde nasceram aumenta de ano para ano, de um recenseamento a outro. Condenar os indivíduos à imobilidade seria igualmente injusto. Mas as migrações forçadas, provocadas pelo fato de que o jogo do mercado não encontra qualquer contrapeso nos direitos dos cidadãos. São frequentemente também migrações ligadas a consumo e à inacessibilidade a bens e serviços essenciais. “Boias-frias” fixos em cidades e vilas próximas às zonas produtoras, e “boias-frias” que vêm de longe, quando as safras reclamam mão-de-obra suplementar, são as vítimas mais evidentes desse processo. (SANTOS, 1987, p. 44 ).
O autor argumenta que as migrações estão ligadas ao consumo e à falta
de acesso aos bens essenciais à vida das pessoas. Por esse motivo, são levadas
a sair do lugar onde nasceram e tentar a vida em outro lugar.
O Paraná, até o início da década de 1970, era um polo de atração
populacional, principalmente para o campo. Com a mecanização da agricultura
ocorre a substituição do trabalho humano. Assim, com o uso da tecnologia no
campo as pessoas ficaram sem emprego e precisaram migrar à procura de
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trabalho. Muitos paranaenses saíam em busca de novas oportunidades em
grandes centros como: São Paulo, Mato Grosso, Curitiba e região Metropolitana,
Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel.
O movimento migratório de 1991 a 1996 atingiu inúmeras pessoas, e a
região Metropolitana de Curitiba foi a mais procurada, recebeu 37,4% dos
migrantes do Estado (IBGE; IPARDES, 1997)
As figuras 04 e 05, referem-se às migrações intermesorregionais de 1986 a
1991 e de 1995 a 2000. Nelas, percebemos que o maior fluxo migratório dirige-se
à região Metropolitana de Curitiba.
Por que as pessoas se dirigiam mais para essa região? Que
explicação você daria para esta procura?
Faça uma pesquisa dos principais fluxos migratórios intermesorregionais
do Paraná de 1986 a 1991 e de 1995 a 2000, de origem e destino urbano, origem
rural e destino urbano, de origem e destino rurais, de origem urbana e destino
rural.
A pesquisa será realizada em grupos e cada grupo pesquisará um dos
destinos. Os grupos devem ainda, além da pesquisa, elaborar um mapa
representativo do fluxo que pesquisaram. Para isso devem consultar o Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES
(http://www.ipardes.gov.br/index. php).
Nessa atividade o aluno trabalhará com o mapa do Paraná desenvolvendo
duas atividades:
1- Localizar no mapa o fluxo o qual pesquisou;
2- Traçar uma linha no mapa localizando a trajetória percorrida no Paraná pelos
seus pais ou avós até o município de Ubiratã (se ocorreu movimento migratório
em sua família dentro do Estado). Caso a família tenha se movimentado dentro
do Brasil, utilizar o mapa do país.
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Figura 04 - Fluxos migratórios intermesorregionais no Paraná 1986/1991
Fonte: IPARDES “Os Vários Paranás” (2005)
Figura 05 - Fluxos migratórios intermesorregionais no Paraná 1995/2000
Fonte: IPARDES “Os Vários Paranás” (2005)
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4.3. LEITURA CRÍTICA
TEXTO 05 - MIGRAÇÕES INTERNAS NO PARANÁ
O censo de 2000 revela que atualmente as migrações internas no Paraná são intensas. As pessoas estão migrando para lugares próximos de onde vivem, principalmente para a região Metropolitana de Curitiba, Londrina e Maringá. Como as regiões que mais receberam migrantes são os polos industriais, a maior concentração de imigrantes deu-se nos centros urbanos. As regiões de maior atração no Paraná foram: Região metropolitana de Curitiba, seguida da Região Norte, Região Centro-Oeste e Região Oeste. As pessoas vinham atraídas pelas indústrias que abriam novas possibilidades trabalho. Nesse processo, alguns municípios cresceram e outros diminuíram. O IBGE aponta que as regiões de Londrina e Maringá, tiveram grande crescimneto populacional, devido às migrações internas. No Norte do Estado, os municípios que mais cresceram foram: Sarandi, Paiçandu e Arapongas. No Oeste do Paraná, os municipios que mais cresceram foram: Cascavel, Foz do Iguaçu e áreas próximas, como Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Cafelândia e Santa Tereza do Oeste. Nesses municípios, os setores da agroindústria, hotelaria, turismo e de serviços são os que mais oferecem empregos, atraindo, portanto, a população de outras áreas rurais. Uma das caracteristicas da distribuição da população do Paraná que não se pode esquecer é a perda de população de alguns municípios que não oferecem muitas opções de trabalho. Assim, os habitantes veem-se obrigados a migrar. Essa perda de população vem ocorrendo desde 1970, principalmente nos municípios onde a base da economia é a agricultura e a pecuária, que com a modernização deixaram de oferecer trabalho. Fonte: Adaptado de: Eliene Regina Ferretti, Katia Regina Cofferri Pazzinato, Valquiria Elita Renk (Paraná –Sua Gente e suas Paisagens). Para saber mais sobre migração rural no Paraná consulte o site: http://www.ub.es/geocrit/sn-94-88.htm (A MIGRAÇÃO RURAL NO OESTE PARANAENSE / BRASIL: A TRAJETÓRIA DOS "BRASIGUAIOS" Miriam H. Zaar).
De acordo com o IBGE, de 1991 a 1996, 206 municípios perderam
população, sem contar que o crescimento da população é baixo, ou seja, as
famílias estão tendo menos filhos, o que não repõe o número de habitantes.
Dentre estes podemos citar o municipio de Ubiratã, que no início do povoamento
chegou a ter mais de 40 mil habitantes. A economia do município estava baseada
na agricultura familiar, base de subsistência. Com a modernização da agricultura
20
ocorreu a substituiçao das pequenas propriedades por médias e grandes. O
pequeno agricultor viu-se obrigado a migrar para os grandes centros em busca de
trabalho e de uma vida melhor. Nesse período também ocorreu a crise cambial de
1995, a decadência do algodão no município, causando ainda mais o desestímulo
ao pequeno proprietário rural ubiratanense.
Levando em conta que os movimentos migratórios aparecem como
características permanentes da espécie humana, faremos uma análise desses no
município de Ubiratã, onde as migrações populacionais atuaram na transformação
do espaço de forma intensa, em conseqüência da mecanização da agricultura. O
processo de transformação e organização do espaço se deu ao longo do tempo
com a modernização das técnicas de produção e transformação da natureza em
campos e cidades, conforme as necessidades do homem.
5. UBIRATÃ: OCUPAÇÃO E COLONIZAÇÃO
Foi aqui que tudo começou. A figura à esquerda mostra o primeiro
acampamento , onde hoje está localizada a comunidade Curva da Onça. À direita,
a origem e o significado do nome do município, “Ubiratã”, que na linguagem tupi-
guarani significa madeira dura.
Figura 06 – Primeiro acampamento Figura 07 – Madeira dura
Fonte: Acervo do museu cultural de Ubiratã (arquivo público) Fonte: acervo do museu historico e cultural de Ubiratã Foto doada por Vilder Bordim. (arquivo público ) Foto doada por Vider Bordim
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Figura 08 e 09: Portal Festa de inauguração Os primeiros compradores de terra em 1956
Fonte: Acervo do museu culturalde Ubiratã (arquivo publico) Fonte: acervo do museu cultural de ubiratã (arquivo. Foto doada por Vilder Bordim público) Foto doada por Vilder Bordim
De acordo com Sperança et. al. (2008), Ubiratã é uma palavra de origem
indígena, que na línguagem tupi-guarani significa “espécie de machado feito de
madeira dura” ou simplesmente “madeira dura”, devido à existência de
exuberantes florestas que se distribuíam generosamente por todo o município.
Antes da chegada dos europeus, a região foi habitada por índios das tribos
Kaingangs, nação dos Gê ou Tapuia, às margens do Rio Carajá, e Goianás, que
ocupavam as margens do Rio Tricolor. O que comprovou estes indícios foram os
objetos encontrados, por isso, o local passou a ser considerado um sítio
arqueológico, registrado no Instituto Histórico e Geográfico do Brasil sob a sigla
URCA-2 PR (AVENTURA DO APRENDER, 2005).
Ubiratã foi colonizada no ano de 1954, pela Sociedade Imobiliária
Noroeste do Paraná Ltda (SINOP), que comprou do Governo do Estado terras da
então chamada Gleba Rio Verde. Seus diretores, Ênio Pipino e João Pedro
Moreira de Carvalho, vieram de Iporã com uma equipe de engenharia e topografia
(Ulrich, E. Grabert, Vicente Alexandrino, Samoel Roland e Wilder Bordin). Para
chegar ao local, na época denominado SAUJU (local mais alto do contra forte da
Serra do Piquiri, hoje Ubiratã) tiveram que enfrentar diversos obstáculos e
desafios entre as matas, necessitando fazer picadas para se movimentar em
plena floresta (AVENTURRA DO APRENDER, 2005).
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Figura 10: Folder divulgando a Gleba Rio Verde
Fonte: acervo do museu cultura de Ubiratã (arquivo público doado por Wilson Ribeiro)
Em plena mata virgem, com a ajuda de vários homens contratados pela
Colonizadora, construíram um acampamento e um campo de pouso. Um dos
primeiros aparelhos a pousar foi um teco-teco conduzido pelo piloto conhecido
popularmente como “Zé da Pua”, e a bordo do mesmo estava o Sr. João Pedro
Moreira de Carvalho. Uma personalidade importante da colonização.
Para atender os colonizadores foi construído um escritorio, (onde hoje se
encontra o Banco do Brasil) uma escola, uma capela e outros, a fim de
possibilitar aos colonizadores uma qualidade de vida melhor e sua permanência
23
aqui com suas famílias. Além disso, faziam propaganda para atrair compradores
de terra para essa região. Com certeza, as propagandas eram verdadeiras, pois
as terras ubiratanenses são realmente de boa qualidade, tanto que ainda
apresentam como seu forte na economia a atividade agrícola. Observe a seguir
uma das propagandas da época divulgando a Gleba Rio Verde.
Figura 11: Propaganda – Divulgação da Gleba Rio Verde
Fonte: acervo histórico do museu cultural de Ubiratã (arquio público doado por Wilson Ribeiro)
Assim como a maioria das cidades paranenses, Ubiratã também recebeu
imigrantes de diversas regiões do Brasil e do mundo, entre eles podemos citar os
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japoneses, alemães, italianos, espanhóis, ucranianos, libaneses, sírios,
nordestinos, mineiros, capixabas, catarinenses, gaúchos e paulistas. Um aspecto
marcante da colonizacão de Ubiratã foi a presença dos japoneses. Por serem
cautelosos, acampavam vários dias na terra e alternavam-se em grupos,
recolhendo amostras diversificadas de solo e plantas, que eram enviadas ao
Japão para análise. Eles precisavam ter certeza de que a terra era fértil antes de
efetuar a compra. A partir daí começa a fixação da colônia japonesa no município
(SPERANÇA, et. al. 2008).
Figura 12 - Os primeiros colonos japoneses em Ubiratã
Fonte: acervo do museu histórico e cultural de Ubiratã ( arquivo público doada por Vilder Bordim)
A Sinop tinha como objetivo formar Ubiratã com agricultores apoiados por
núcleos urbanos; a economia rural seria a base para uma construção étnica tão
diverisficada quanto as culturas que se consideravam possíveis na região. Para
alcançar seu objetivo, a Sinop oferecia para quem comprasse terra, uma data na
área urbana, uma espécie de brinde, e o novo dono do terreno tinha o
compromisso de construir a casa no prazo de três meses. Dessa forma, as
pessoas sentiam-se estimuladas e por conta disso a cidade se formou muito
rápido (SPERANÇA, et. al. 2008).
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Os desbravadores vinham atraídos pela fertilidade do solo e pelo preço
baixo. Eram muitas as dificuldades, mas estes não se deixavam intimidar na
busca pelos seus objetivos. Faltava quase tudo, estrada, assistência médica,
escola, energia e alimentação. Entretanto, mesmo com a falta de infraestrutura,
Ubiratã cresceu rápido e aos poucos se estruturou .
5.1. UBIRATÃ: ECONOMIA E MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA
A figura a seguir demostra uma plantacão de milho e hortelã. Os referidos
produtos foram a principal atividade econômica no peíiodo da colonização do
município de Ubiratã.
Figura 13: Lavoura de hortelã e milho
Fonte: acervo do museu histórico e cultural de Ubiratã (arquivo público doado por Vilder Bordim).
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Figura 14: O primeiro cultivo de café em Ubiratã (1960)
Fonte: acervo do museu histórico e cultural de Ubiratã (arquivo público doado por Vilder Bordim).
Ubiratã sempre teve sua economia baseda na agricultura, iniciando com a
agricultura de subsistência através da cultura do arroz, feijão, milho, etc., seguido
do hortelã e do café. Como o solo era muito fértil favoreceu o cultivo do hortelã,
tornado-se o primeiro ciclo econômico de maior importância do período da
colonização, chegando a existir vários alambiques na época. Quem não tinha
alambique pagava porcentagem para os proprietários, em troca do
beneficiamanto de sua produção. O hortelã só produz bem em terra nova, por
isso, com o esgotamento da terra e a concorrência de outras regiões, veio a
instabilidade dos preços do óleo, causando o declínio da produção cedendo lugar
para outras culturas. Tal ocorrência deve-se ao fato de que o espaço é dinâmico e
está sempre em transformação de acordo com a função e as necessiadades
sociais. Santos afirma que:
O espaço pode ser entendido como um produto social em permanente transformação e, sempre que a sociedade sofre mudança, os objetos geográficos assumem novas funções. Novos elementos, novas técnicas são incorporadas à paisagem e ao espaço, demonstrando a dinâmica social. Os objetos construídos sobre o espaço são datados e vão incorporando novas tecnologias e novas formas de produzir (SANTOS In: DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 46).
Com o surgimento da agricultura moderna, inicia-se o processo de
emigração rural urbana (êxodo rural). Um dos principais motivos da evasão da
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população foi o incentivo do Governo Federal para a colonização das regiões
Centro-Oeste e Norte do Brasil, na década de 70, com Projeto Superintendência
do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Esse projeto atraiu muitos
imigrantes da região Sul, dando início a novas fronteiras agrícolas. Por isso,
grandes levas de população saíram em busca de novos campos para o cultivo
(SPERANÇA et. al. 2008).
A agricultura familiar, que fazia uso intenso de mão-de-obra braçal, passa a
ser substituída pela agricultura moderna, que faz uso intenso de máquinas,
causando mudança na estrutura fundiária e no padrão de vida das pessoas. Paul
Singer afirma que:
Com mudança no padrão fundiário, na rotatividade de plantio, nas tecnologias de insumos agrícolas e de transportes, minimizou as falhas da colheita, embora dispensasse maciçamente trabalhadores rurais, que se dirigiram para as cidades (SINGER, 1985, p. 31).
Ubiratã foi marcada por dois êxodos, que contribuíram para o declínio da
população. 0 primeiro, em conseqüência da mecanização do campo, fenômeno
que causou o crescimento urbano. O outro momento foi o incentivo das fronteiras
agrícolas, que causou uma grande leva de pessoas para outros Estados, como
exemplo os Estados de Mato Grosso e Rondônia.
Outro fato a ser citado foi a emigração para fora do país; por ser uma
região rica em sua formação étnica populacional, muitos ubiratanenses sentiram-
se estimulados a buscar novas alternativas fora do país, principalmente no Japão,
Inglaterra e Estados Unidos. Dessa forma, surgiu uma nova face do êxodo em
busca de novas oportunidades. É importante lembrar que muitos desses
emigrantes não têm intenção de permanecer fora do país, ou seja, fora de seu
espaço de vivência; portanto, a maioria destes deseja retornar a Ubiratã.
Com relação ao setor secundário da economia, a indústria de Ubiratã é
pouco expressiva, apresentando apenas estabelecimentos de pequeno porte e de
fundo de quintal, porém, importantes para os estabeledimentos comerciais e para
a população em geral. A economia atual do município está baseada na agricultura
comercial, com destaque para a produção de soja e milho; entretanto, a partir de
2008, começou a se diversificar com a implantação da avicultura e,
consequentemente, a construção de um moderno e amplo abatedouro de aves.
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Segundo dados do IBGE, a população em 1960 era de pouco mais de
10.000 habitantes. Já em 1970 era de cera de 40.000 habitantes, desde então
vem diminuindo constatemente. Em 2000, eram 22.593 habitantes e na última
contagem, realizada em 2007, passou para 21.214 habitantes. O gráfico 01
apresenta a popuação de Ubiratã no período de 1960 a 2007.
Gráfico 01 – População de Ubiratã entre 1960 e 2007
População total
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
1960
1970
1980
1991
2000
2007
Décadas
Po
pu
laç
ão
População total
Fonte: IBGE (2007)
5.2. ATIVIDADES
Quais seriam os fatores explicativos para o decréscimo populacional
a partir da década de 1970, sabendo que a economia do município
sempre teve como base econômica a agropecuária? Faça uma
pesquisa e elabore um texto explicando esses fatores.
29
As figuras abaixo comparam a área urbana do município de Ubiratã de
1956 com a atual. Podemos perceber que a cidade se formou muito rápido, pois
apresentava uma economia rural promissora. Outro fato que influenciou no
crescimento foi a possibilidade de se adquirir um pedaço de terra; além disso, os
migrantes que se dirigiam até o município, ainda contavam com o incentivo dos
colonizadores através das propagandas que estes faziam, pois, segundo os
mesmos, a região era bastante fértil.
Figura 15- As primeiras casas de Ubiratã em 1956 Figura 16 - Ubiratã na atualidade
Fonte: acervo do museu histórico cultural de Ubiratã Fonte: acervo da prefeitura municipal de Ubiratã 2010 (Arquivo público doado por Vilder Bordim) (arquivo público)
5.3. ATIVIDADES
Identifique os elementos que compõem a paisagem do seu espaço de
vivência. Você consegue identificá-los? O que eles representam?
Esses espaços sempre foram iguais? O que torna o seu espaço de
vivência diferente dos outros espaços?
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6. UBIRATÃ: LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS
O município de Ubiratã está localizado na Mesorregião Centro-Ocidental
paranaense. A sede do município apresenta as seguintes coordenadas
geográficas: 24º 32’ 43” S e 52º 59’ 16” W. Encontra-se situado no terceiro
planalto paranaense ou planalto de Campo Mourão, entre as serras do Piquiri e
Cantu, na altitude de 550m (IBGE/IPARDES, 2008), com uma superfície total de
655,845 km2. Em 1956, passou à condição de vila e conquistou sua emancipação
política em 04 de novembro de 1961.
O tipo de solo predominante é terra roxa, estruturada, de boa fertilidade, o
que faz da agricultura a sua principal fonte de riqueza, produzindo em
abundância, principalmente, soja e milho. O clima é subtropical úmido, com
verões quentes e geadas pouco frequentes e concentração de chuvas nos meses
de verão, sem estação seca ( IBGE, 2008).
A vegetação de Ubiratã era recoberta pela Floresta Estacional
Semidecidual pertencente ao Bioma Mata Atlântica, composta de variadas
espécies, como peroba, cedro, canela e jacarandá; foi intensamente devastada
a partir do processo de ocupação para ceder lugar à agricultura.
Quanto à hidrografia, seu território é banhado por vários córregos e rios. O
rio Piquiri é o principal (a palavra Piquiri, na linguagem indígena, significa peixe
pequeno ou rio de muitos lambaris) e, com seus afluentes, constituem-se em
atrativos turísticos, pois neles se encontram inúmeras ilhas e saltos, tais como:
Apertado, Morumbi, Amaro, etc (IBGE, 2010).
De acordo com a contagem da populacional realizada em 2007, a
população do município é de 21.214 habitantes, sendo a urbana de 17.468 e a
rural de 3.746 (IBGE, 2010).
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Figura 17 - Localização do município de Ubiratã no Paraná e Mesorregião
Centro-Ocidental paranaense.
Fonte: Organizado por Costa (2010)
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A tabela 03 apresenta alguns indicadores sociais selecionados referentes
ao município de Ubiratã.
Tabela 04 – Indicadores selecionados: comparação entre Ubiratã e o Paraná.
INDICADORES
INFORMAÇÃO FONTE DATA UBIRATÃ PARANÁ
Densidade Demográfica (hab/km2)
IPARDES 2009 33,03 53,46
IDH-M PNUD/IPEA/FJP 2000 0,734 0,787
PIB Per Capita R$ 1,00 IBGE/IPARDES 2006 11.147 15.711
Índice de Gini IBGE 2000 0,550 0,607
Grau de Urbanização (%) IBGE 2000 78,05 81,40
Taxa de Crescimento Geométrico
IBGE 2000 -1,91 1,40
Taxa de Pobreza (%) IBGE/IPARDES 2000 33,16 20,87
Taxa de Analfabetismo de 15 anos ou mais (%)
IBGE 2000 15,1 9,5
Fonte: IPARDES (2010)
A tabela acima faz referência aos principais indicadores sociais do
município de Ubiratã, na qual podemos perceber que a densidade demográfica
está em torno de 33,03 hab./km2
podendo ser considerado médio-baixo o grau de
povoamento. O IDH e PIB per capita apresentam-se baixos, se comparados à
média paranaense. O crescimento populacional, de acordo com os dados do
IBGE de 2000, apresenta-se negativo, enquanto as taxas de analfabetismo e de
pobreza estão um pouco elevadas quando comparadas com as paranaenses.
Os dados do IPARDES demonstram que o município de Ubiratã apresenta
problemas socioeconômicos, o que também é valido para a maioria dos
municípios do Estado do Paraná. O crescimento geométrico negativo (- 1,91) é
preocupante e indica que a população está diminuindo, fato esse verificado a
partir de 1970, com as mudanças ocorridas na agricultura. O baixo dinamismo
econômico, a elevada taxa de pobreza (33,16%) e a baixa remuneração também
estão entre os fatores responsáveis pela evasão da população.
33
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O material didático-pedagógico aqui apresentado procurou trazer para o
debate algumas reflexões e sugestões de trabalho para professores, alunos e
comunidade escolar, com o objetivo de esclarecer a importância da construção,
organização e uso do espaço geográfico local e regional. Assim como despertar o
interesse dos alunos e da comunidade no sentido de conhecer as suas origens, o
processo histórico de ocupação e as transformações pelas quais o seu município
passou. O tema de maior ênfase neste trabalho foi a mobilidade da população e
o êxodo rural, visto que Ubiratã vem perdendo constantemente população desde
meados da década de 1970. Entender esse processo é de fundamental
importância para a formação crítica dos estudantes de geografia.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAMARGO, João Borba. Geografia Física, Humana e Econômica do Paraná.
Maringá: Ideal Indústria Gráfica, 2001.
CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 2003.
DAMIANI, A. L. População e geografia. São Paulo: Contexto, 2004.
FERRETTI, Eliane Regina, PAZZINATO, Kátia Regina Cofferri. Paraná – Sua
gente e suas paisagens. Curitiba, 2004, 1ª ed.
REVISTA PAPARANAENSE DOS MUNICÍPIOS - Ubiratã, especial 25 anos de
progresso. 1986.
http:/ www.suapesquisa.com/geografia/exodo_rural. Acessado em 20 de novembro de 2009.
HERMI, Z. M. A produção do espaço agrário. Cascavel: EDUNIOESTE, 1999.
34
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IPARDES- Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.
LUCCI, Elian Alabi et al. Geografia Geral e do Brasil. 2007, p.213.
SANTOS, M. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987·
Técnica espaço-tempo – Globalização e meio técnico-científico-
informacional. 2001.
SEED - Paraná. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica
do Estado do Paraná. Curitiba, 2008.
SENE, Eustáquio de e MOREIRA, João Carlos. Scipione, 1998
SINGER, P. Economia política da urbanização. São Paulo: Brasiliense, 1985.
SPERANÇA, Alceu, SPERANÇA, Regina, CARVALHO, Solene Cotrim. Ubiratã
História e Memória. Ubiratã, 2008
SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 2004.
VILALOBOS, Jorge Guerra. Geografia Social e agricultura no Paraná.
Copyright, 2001 para o Programa de Pós–Graduação – em Geografia – UEM.
Maringá-Paraná.
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ANEXO 01 Entrevista aos pioneiros de Ubiratã Nome completo --------------------------------------------------------------Idade-------------------- 01- Qual o seu Estado e município de origem? 02-– Quais foram os motivos que fizeram com que o senhor (a). Viesse para Ubiratã? 03 – O senhor ( a ) se lembra das primeiras atividades agrícolas do seu município? O que era produzido na época? 04 – Em que ano veio para Ubiratã? 05 – Qual a origem da sua família (Pais e Avós) 06 – Como foi a trajetória do senhor (a) até chegar a Ubiratã? 07 - Qual é a sua origem? Rural ( ) Urbana ( ). 08 - Que tipo de trabalho praticava antes de chegar a Ubiratã? 10 – Quais foram as principais dificuldades enfrentadas ao chegar a Ubiratã? Faça um relato de sua vivência como pioneiro neste município. 12- Atualmente quais são as principais dificuldades que o senhor ( a ) observa em Ubiratã? 12- Como está atualmente a modernização da agricultura no município? Em sua opinião, teve conseqüências para a população? 13 - Quando começou o processo de êxodo rural no município? Tem alguma idéia?