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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

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A APLICAÇÃO DO CONTEÚDO GINÁSTICA CIRCENSE NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Autor: Idalino Pietsch

1

Orientador: Arestides Pereira da Silva Junior2

Resumo

O presente artigo faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do Paraná e tem como objetivo apresentar os resultados de um relato de experiência sobre a aplicação da Ginástica Circense como possibilidade de prática pedagógica na Educação Física escolar. O projeto de intervenção pedagógica foi desenvolvido com os alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de um Colégio Estadual de Cascavel - PR. Para tanto, foram realizadas ações em caráter de oficinas como: debate sobre a temática Circo e Ginástica Circense, atividades de equilíbrio do corpo sobre o solo, acrobacias sobre o solo, equilibrismo de pessoa sobre pessoa, equilibrismo de objetos sobre pessoa, de pessoa sobre objetos, além de mímicas. A ginástica circense utiliza ações da ginástica como: equilibrar, saltar, correr, trepar, rolar, girar, agachar, lançar e outras. Bem como, exige boa preparação física, principalmente força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e coordenação. Concluiu-se que, com o desenvolvimento do projeto de Ginástica Circense nas aulas de Educação Física foi possível proporcionar aos alunos o melhor conhecimento do seu corpo, o desenvolvimento de habilidades físico-corporais, sociais e psico-cognitivas. Sendo, portanto, de grande valia que outros pesquisadores se dediquem ao tema buscando com isso aprimorar a técnica docente do trabalho didático e pedagógico com a ginástica circense.

Palavras-chave: Educação Física; Ginástica, Ginástica Circense.

1 Professor da rede pública estadual do Paraná, Professor PDE 2009, especialista em Formulação e Gestão de

Políticas Pública, UNIOESTE, 2007. 2 Mestre em Educação Física (USJT); Docente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste

do Paraná (UNIOESTE); Professor orientador PDE.

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1 Introdução

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da disciplina de

Educação Física (DCEs), a ginástica é um dos conteúdos estruturantes da referida

disciplina e é considerada como um elemento didático importante, pois permite ao

aluno reconhecer as possibilidades e limitações do seu corpo através do movimento

(PARANÁ, 2008).

Conforme Toledo (2007) a exploração de variadas formas de movimento

permite ao aluno tomar consciência dos diferentes segmentos do corpo, das suas

possibilidades e limitações, facilitando a progressiva interiorização do esquema

corporal e também, a tomada de consciência do corpo em relação ao exterior,

com noções de lateralidade como, direita e esquerda, em cima e em baixo, etc.

Com o auxílio da ginástica, a criança pode aprender a educar o corpo e a

condicioná-lo saudavelmente, bem como, desenvolver noções de respeito e

compreensão de regras, tanto no convívio escolar quanto no ambiente familiar.

Pode-se dizer que traz diversos benefícios aos alunos nos aspectos físicos,

motores, cognitivos, intelectuais, afetivos e sociais, pois a prática não se restringe a

movimentos físicos isolados e restritos. A sua função principal deve ser a formação

integral do aluno (RICCI, 2008).

A proposta científica original desta pesquisa pretendeu refletir e levantar

subsídios que sirvam por base aos professores de Educação Física em sua prática

docente, dentro de seus limites, trabalhar esta postura e repensar sobre sua atitude

como educador, particularmente no ensino da ginástica, trabalhando dentro de uma

abordagem metodológica que se aproxime mais do contexto social em que estão

inseridos os seus alunos, visando assim, um ensino mais significativo.

Essa proximidade permite tratar conjuntamente na escola, a ginástica e a

ginástica circense, conforme expõe Ayoub (2003, p. 39) sobre a ginástica circense

[...] Uma ginástica que esteja aberta aos ensinamentos multifacetados da cultura corporal, que aprenda com a ousadia-prudente do funâmbulo e com a prudência-ousada do ginasta, com a flexibilidade-firme da contorcionista e com a firmeza-flexível da ginasta, com o riso-sério do palhaço e com a seriedade-risonha do técnico desportivo. [...]

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De acordo com as DCEs, a Ginástica Circense é um dos conteúdos básicos

do conteúdo estruturante Ginástica. Os elementos de atividades circenses, assim

como a evolução nos movimentos, na conscientização corporal e no pensar estes

movimentos, pode ser um elemento fundamental para a transformação do

comportamento individual e social (PARANÁ, 2008).

Na atualidade, as artes corporais, as quais também estão inseridas no

conteúdo Ginástica Circense, desenvolvem-se rapidamente e facilitam o diálogo

humano através de intercâmbios e utilização de mídias que divulgam os eventos

e o desenvolvimento do ser humano.

A Educação Física se volta à formação integral do educando, saúde física

e mental, relacionamento moral e social, por isso, o tema ginástica circense poderá

proporcionar essa interação social da criança e do adolescente provocando reflexos

na sua auto-imagem, inclusive afetando o processo ensino-aprendizagem das

outras disciplinas.

Nesse sentido, torna-se importante o trabalho com a ginástica circense no

decorrer das aulas, pois será a oportunidade de levar o aluno a pensar e a

participar de atividades lúdicas, gerando um crescimento mais sadio, amparado em

valores humanitários como solidariedade e senso de justiça, pois aprenderá a lidar

com as diferenças e a amar ao próximo, além de proporcionar o resgate da auto-

estima, muitas vezes abalado por modelos estereotipados impostos pela sociedade

materialista em que vive e aos quais na maioria das vezes não se adequa.

Dessa forma, o objetivo deste artigo é apresentar um relato de experiência

sobre a aplicação da Ginástica Circense como possibilidade de prática pedagógica

na Educação Física escolar. O projeto de intervenção pedagógica foi desenvolvido

com os alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de um Colégio Estadual de

Cascavel – PR, durante as aulas de Educação Física.

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2 Revisão da Literatura

2.1 A ginástica como conteúdo da Educação Física Escolar

A Ginástica foi definida como a arte de exercitar o corpo nu, inspirada pelo

ideal grego de harmonia entre corpo e espírito, ou visualizada como a arte das

exibições corporais humanas, oriundas do circo, de feiras e de festas. Sobre sua

origem, Soares (1998, p.20) afirma que:

Vem do grego gymnikos, adj. que é relativo aos exercícios do corpo, e de gimn (o), elemento de composição culta que traduz a idéia de nu, do grego gymnós, „nu, despido‟, não coberto, que se limita ser alguém ou alguma coisa, puro e simples, sem acessórios ou sem modificações.

Conforme o autor, o que a história mostra é que no século XVIII, com o

advir de uma nova ordem social ligada à modernidade e à ciência moderna, a

medicina interessada num movimento em prol do desenvolvimento do Estado

Nacional e da educação, passa a trabalhar outra visão de corpo, associada à

ideia de movimento como forma de manter e promover a saúde, objetivando o

desenvolvimento integral das potencialidades do homem.

Atualmente, vê-se, na ginástica, um potencial de transformação e crítica

mostrando novos horizontes possíveis como alargamento de linhas de pensamento,

pelos quais vem sendo compreendida e usufruída enquanto uma prática corporal

humana e enquanto espetáculo e/ou mercadoria que visa o lucro quando se torna

um produto de consumo momentâneo (PARANÁ, 2008).

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), doravante PCNs, define-se

como ginástica:

São técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas. Podem ser feitas como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e de

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convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água (BRASIL, 1997, p.70-71).

A ginástica vem, desde os princípios da humanidade, manifestando-se e

sofrendo modificações, por isso, percebe-se uma gama de modelos de ginástica,

bem como uma variedade de nominações. Atualmente, no Brasil, pode-se nomear

alguns tipos que inclusive fazem parte da Educação Física escolar: Ginástica Geral,

Ginástica Artística, Ginástica Rítmica e Ginástica Circense. Para Soares (apud

AYOUB, 2003, p. 38).

A ginástica contemporânea ainda permanece fortemente vinculada à conquista da saúde, orientando-se por uma visão limitada que restringe a compreensão de saúde a um corpo estritamente biológico, individual, a um ser humano histórico, descontextualizado da sociedade na qual está inserido.

Com base nos estudos de Toledo (2001) e Bertolini (2005) os princípios e

valores que se deseja que apareçam nas atividades ginásticas são:

Valorização Cultural:

Valorização da cultura de cada região;

Valorização do indivíduo aproveitando suas vivências anteriores;

Integração de movimentos da cultura corporal, da Ginástica, das

Artes e da Dança.

Diversidade:

Trabalhar com materiais convencionais e não convencionais;

Valorização do aluno individualmente, respeitando suas limitações;

Promover a educação por ser uma atividade pedagógica.

Regras simples:

Ausência de competição;

Espaço livre de expressão, em que todos podem opinar;

Não possuir um número definido de participantes;

Não exigir faixa etária e sexo dos praticantes pré-estabelecidos.

Criatividade:

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Não possuir elementos obrigatórios;

Utilizar materiais diversos como: acqua tub, papel crepom, cordas,

patins, entre outros;

Proporcionar a elaboração de coreografias;

Possibilitar a execução de coreografias de pequenas e grandes áreas;

Proporcionar prazer, alegria, beleza e estética ao mostrar algo bonito.

Interação Social:

Promover a socialização entre o grupo e as outras pessoas;

Inclusão: proporciona a participação de todos (ex. cadeirantes);

Acessibilidade: todos podem participar, independe de idade ou fator

econômico;

Cooperação: eu faço ginástica com alguém e não contra alguém;

Proporcionar bem estar físico e mental, gerando melhor qualidade de

vida.

De acordo com Paraná (2008), o corpo é entendido em sua totalidade, ou

seja, o ser humano é o seu corpo que pensa, sente e age. E, a ginástica deve

oferecer condições para o aluno reconhecer o próprio corpo.

Segundo o mesmo documento, a ginástica pode levantar questões

importantes, dentre elas, a crítica da lógica do exercício físico e do sofrimento, o

excesso de exercícios causador de lesões graves, o uso de meios artificiais e a

questão de gênero em que são discutidas as diferenças entre homens e mulheres.

Aconselham ainda, o trabalho com as diferentes formas de ginástica, desde a

ginástica imitativa de animais, a ginástica circense, a ginástica geral, até as

esportivizadas: artística e rítmica.

2.2 A Ginástica Circense como conteúdo da Educação Física Escolar

Silva (1996) afirma que a partir dos anos 1990, iniciou-se o processo de

identificação da atividade circense como ferramenta pedagógica nos processos de

arte-educação. O circo foi, então, eleito como um instrumento altamente rico em

valor pedagógico e de formação do indivíduo. Para a autora, foi, a partir de então,

que começaram a se desenvolver projetos de cunho social, trabalhando com o circo

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na intenção de inclusão social e de aumentar a auto-estima de crianças e

adolescentes menos favorecidos, preparando-os para a vida. Criou-se a figura do

instrutor de circo, o qual desenvolve o ensino de técnicas circenses com objetivos

específicos diferentes dos desenvolvidos em uma formação artística.

Portanto, pensar no circo como conteúdo das aulas de Educação Física é

romper com um paradigma pré-estabelecido, o qual impõe apenas os conteúdos

tradicionais para serem trabalhados nos distintos anos da vida escolar, desde a

Educação Infantil ao Ensino Médio e até mesmo no Ensino Superior, os quais muitas

vezes não permitem um estímulo ao desafio e à segurança do aluno (AYALA, 2008).

Duprat (2007) afirma que a Atividade Circense será um divisor de águas,

mostrando que se é possível romper com paradigmas estabelecidos pela Educação

Física rotineira. Tendo como intenção oferecer este conhecimento, integrante da

cultura corporal universalmente produzida, como conteúdo regular da disciplina de

Educação Física e assim, transformando-a.

As atividades circenses envolvem e encantam crianças, adolescentes,

jovens e adultos, constituindo um diferencial que pode ser utilizado e introduzido

aos conteúdos da Educação Física Escolar. Portanto, ao incorporá-las na

disciplina ou numa atividade extraclasse, proporcionará um momento certamente

aprovável pela maioria dos alunos. Segundo Balbé (2008)

O aluno deve sentir prazer no que está fazendo e também deve estar consciente que tudo o que está sendo realizado é para seu bem e não por ser uma simples disciplina da escola. É necessário que conheçam os conceitos relacionados à saúde e atividade física para que adquiram e desenvolvam habilidades para iniciar a prática de exercícios regulares ou para que sejam cada vez mais motivados, já que nos dias de hoje, o estilo de vida pode determinar como e quanto tempo ainda viverá.

Para Silva (2009) as atividades circenses apresentam uma característica em

comum: o risco. E o medo e a tensão são sensações constantes nestas práticas.

Afirmam que o ato de brincar de circo gera prazer e alegria e que pode ser

vivenciado por pessoas de qualquer idade, gênero, classe social, etc.

A prática de atividades circenses utiliza ações de ginástica: equilibrar, saltar,

correr, trepar, rolar, girar, agachar, lançar e outras. Exigindo, assim, dos praticantes,

boa preparação física, principalmente força, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e

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coordenação. Conforme explica Soares et al (1992) saltar é se desprender da

gravidade, manter-se no ar, ao passo que, equilibrar é permanecer ou se deslocar

numa superfície vencendo a ação da gravidade. Para os autores rolar e girar é dar

voltas sobre os eixos do próprio corpo e trepar é subir em suspensão pelos braços,

com ou sem ajuda das pernas em superfícies verticais ou inclinadas. Explica

também que balançar ou embalar é se impulsionar e dar ao corpo um movimento de

vaivém.

Baroni (2006) afirma que a Ginástica Circense através das inúmeras

possibilidades de brincadeiras com cordas, bolas e atividades de corpo a corpo nas

pirâmides e acrobacias, representam tanto ao mundo imaginário e vivido das

crianças quanto com a Educação Física na forma de recreação, lazer e/ou como

conteúdo educativo nas atividades motrizes expressivas.

Partindo-se da consideração de Baroni (2006), é justo afirmar que o

professor de Educação Física deve assimilar estes conhecimentos e aplicá-los

tanto nas suas aulas teóricas e práticas, quanto dentro das possibilidades no

planejamento e aplicação de projetos extraclasse que é onde vai encontrar a

oportunidade de trabalhar com alunos que tenham certa afinidade com o circo e

suas atividades, podendo formar um bom grupo que disseminará seu trabalho

dando shows para a comunidade.

Para Silva (2009) as modalidades circenses podem ser separadas em três

categorias: domínios do corpo, de objetos e de diferentes espaços.

O mesmo autor classifica as modalidades circenses de acordo com as três

categorias: domínios do corpo: acrobacias de solo/de equilíbrio (perna de pau, rola

rola, figuras acrobáticas); de objetos: malabares (pratos, claves, cones, bolas, véus,

diábolos, swings, aros, faquirismo); de diferentes espaços: acrobacias aéreas

(tecido, trapézio, tira e corda indiana). Por último, cria uma categoria que exige todos

os domínios citados: representação teatral e clown/palhaço (jogos de improviso e

ilusionismo).

Para Gáspari e Schwartz (2007) apud Silva (2009) existem inúmeros

elementos benéficos a quem pratica as atividades circenses, como: a melhoria do

controle e da coordenação motora, aprimoramento dos movimentos corporais por

estarem associados à expressão artística, usufruto de momentos de entretenimento,

através dos quais poderá dar mais qualidade às suas relações pessoais e

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interpessoais, além de desenvolver coragem e desejo de superar limites. A figura a

seguir mostra um esquema de relação entre os benefícios.

FIGURA 1 – Elementos benéficos a quem pratica atividades circenses. FONTE: TIAGO SILVA, 2009.

Portanto, ao desenvolver atividades da ginástica circense nas aulas de

Educação Física o professor estará conseguindo melhores resultados de sua prática

docente, pois desenvolverá com os alunos atividades de caráter físico-corporal,

social e psico-cognitivo.

3 Relato de Experiência do Projeto Ginástica Circense

Ao implementar este projeto cuja temática é a Ginástica Circense no

contexto escolar, foram executadas algumas etapas que são apresentadas a seguir:

A primeira etapa foi a elaboração do Projeto das ações da

implementação.

A segunda etapa foi a organização e a produção de material didático

pedagógico em formato de Unidade Didática intitulada: “Ginástica

Circense: atividades para serem praticadas com alunos do Ensino

Fundamental”. Este material teve como objetivo principal apresentar

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uma contribuição aos docentes de Educação Física com inúmeras

sugestões de atividades teóricas e práticas sobre a ginástica circense.

Foi estruturado da seguinte forma: apresentação dos elementos

básicos do circo, da ginástica, da ginástica circense, sua importância

no desenvolvimento integral do ser humano; apresentação de um rol de

atividades e brincadeiras circenses; e sugestões metodológicas.

Na terceira etapa foi realizado o Grupo de Trabalho em Rede, no qual

se inscreveram seis professores e concluíram três. Foram levantadas

discussões sobre dúvidas e inseguranças dos docentes a respeito do

ensino da ginástica circense, principalmente porque os mesmos

imaginavam que, para este tipo de trabalho, seria necessário um

espaço mais apropriado e materiais mais elaborados e a escola não

ofereceria tais condições. Através dos fóruns de discussões, ocorreu o

convencimento e a conscientização do grupo, o qual, em consenso,

concluiu que é possível desenvolvê-la no ambiente escolar, desde que

sejam feitas adaptações como uso de materiais disponíveis e utilizáveis

nas aulas normais de Educação Física (colchonete, bola, arco, entre

outros) e do espaço interno (sala de aula, saguão e ginásio) e externo

(gramados). Os mesmos fizeram sugestões para melhoria do material

didático elaborado pelo professor PDE e de outras possibilidades de

trabalho com a ginástica circense.

A quarta etapa foi a apresentação da proposta de pesquisa prática ao

corpo docente e administrativo do colégio. Nessa etapa, houve a

exposição da proposta através do recurso de data show. Esse trabalho

surtiu efeito no grupo e gerou muita expectativa por se tratar de uma

proposta diferenciada.

A quinta etapa se constituiu pela implementação do projeto de

intervenção com alunos de 5ª série do Ensino Fundamental. A seguir,

será apresentado de forma detalhada o relato das ações desenvolvidas

na implementação.

Foram realizadas vinte e sete aulas sobre o conteúdo ginástica circense,

estas foram desenvolvidas entre os meses de agosto a novembro do segundo

semestre de 2010, nas quais foram contempladas as atividades previstas no

material didático pedagógico produzido.

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Dentre elas se podem citar:

Equilíbrios acrobáticos:

Parada de três apoios (elefantinho);

Parada de três apoios (plantar bananeira);

Parada de mãos;

Pirâmides humanas.

Contorcionismo:

Exercícios com alongamento;

Ponte.

Acrobacias de solo (executadas em colchões e colchonetes e no

gramado):

Rolamento para frente (cambalhota para frente);

Rolamento para trás (cambalhota para trás);

Roda ou estrela;

Rondada e piruetas;

Saltos especiais e mortais;

Mergulhos simples e sobre obstáculos;

Entre outros.

Primeiramente, foram realizadas, em sala de aula, algumas atividades para

que tivessem contato teórico sobre o que é a atividade circense, sua origem,

história e relação com a Educação Física.

Como forma de complemento à explicação realizada na sala de aula, os

alunos fizeram uma pesquisa sobre a história do circo utilizando dos

computadores e do acesso à internet na sala de informática. Logo após,

escreveram pequenos textos e apresentaram em forma de seminário.

Segundo Silva (2009),

É importante relatar a diferenciação entre circo e atividades circenses. As atividades circenses são modalidades praticadas pelo praticante, como por exemplo, as aéreas, como tecido e trapézio. As atividades circenses apresentam uma característica em comum: o risco, o medo, a tensão e a excitação em sua prática, são sensações percebidas àqueles que praticam as atividades (SILVA, 2009).

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O professor, enquanto mediador das apresentações, estimulou a reflexão

sobre a evolução histórica do circo e sua relação com a Educação Física. Durante

as atividades de sala-de-aula, foi possível proporcionar a oportunidade de um

contato teórico sobre o que é a atividade circense, sua origem e relação com a

Educação Física, sendo um trabalho em parceria com a disciplina de História.

Segundo Duprat (2007) foi entre os séculos XVIII e XIX que o circo

apareceu e estruturou-se como uma arte com entidade própria, apesar de que

grande parte desses saberes tenha sido elaborada ao longo de milhares de anos.

Nesta mesma oportunidade, foi desenvolvido também o jogral circense. O

qual visava promover a integração da turma através de uma prática lúdica e

recreativa.

Contou com o texto:

- Hoje tem espetáculo?

- Tem sim sinhô!

- Hoje tem marmelada?

- Tem sim sinhô!

- E a moça na janela?

- Tem cara de panela.

- E a moça no portão?

- Tem cara de mamão.

- E o palhaço o que é?

- É ladrão de muié!

Em seguida, o professor questionou os alunos com as seguintes perguntas:

Você já foi ao circo? O que você viu? O que mais chamou a sua atenção? Vamos

comparar o que isto tem a ver com Educação Física e ginástica?

Os alunos fizeram uma análise das experiências vivenciadas e o professor

interagiu com eles acrescentando informações sobre a temática. A maioria já havia

ido ao circo, apenas alguns não tinham vivido essa experiência. Quanto à relação

com a Educação Física, apontaram que brincadeiras com bola e outros objetos são

semelhantes às atividades do contexto escolar, bem como os contorcionismos,

devido ao alongamento. Assim, foi possível levar à reflexão de que o circo tem

relação expressa com o mundo vivido, pois, por se tratar de uma arte que valoriza o

corpo, alia-se à Educação Física, ambos almejam romper desafios e aprimorar

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capacidades físicas, gerando um resultado que muitas vezes supera as

expectativas.

De acordo com as DCEs (2008)

O professor deve buscar conhecer as experiências individuais e coletivas advindas de diversas realidades dos alunos, problematizando-as. É quando surge a primeira fonte de avaliação, que possibilita ao professor reconhecer as experiências corporais e o entendimento prévio por parte dos alunos sobre o conteúdo que será desenvolvido.

Em outro momento, o professor propôs uma atividade de desenho sobre o

circo e/ou outras imagens relacionadas à Educação Física e que estejam presentes

no circo. Ao final, foi eleito o trabalho melhor elaborado e mais criativo.

Segundo Felippe (2011)

Conhecer arte hoje é participar melhor da vida. É buscar a qualidade de vida do ponto de vista emocional, mental aumentando sua cultura e sensibilidade. Pinturas, desenhos, esculturas e todas as modalidades de arte são formas expressivas que dizem sem falar, contam histórias sem palavras, pois utilizam outros códigos, outra sintaxe. É linguagem que expressa o que as palavras não alcançam explicitar, por isso tão importante para o homem e para a comunicação entre os homens. Fazer arte é experimentar o universo da criação, que de certa forma, nos aproxima da essência de sermos humanos. Fazer arte é correr os riscos da criação, é estar disponível e aberto para um olhar singular sobre os fenômenos, capturá-los, reordená-los para chegar em formas originais.

Dessa forma, através da produção de desenho, desenvolveu-se o espírito

criativo e artístico, além de estimular a leitura interpretativa e a produção de texto

visual, pois, ao desenhar os alunos desenvolveram a auto-expressão e atuaram de

forma mais afetiva com o mundo através da utilização das cores, formas, tamanhos

e símbolos.

O próximo passo foi desenvolver um jogral circense de forma lúdica e

recreativa. Para o desenvolvimento desta atividade, os alunos foram divididos em

quatro grupos e estes grupos realizaram dinâmicas de leitura, na qual a metade lia

um verso e a outra metade o outro. Neste momento, o grupo pôde propor variações

de leitura aliando assim, a Educação Física com a Língua Portuguesa, trabalho de

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oralidade.

Diante do exposto, pode-se concordar com o que defende Hamze (2009,

p.1)

Devemos através do trabalho pedagógico arrolar as disciplinas em atividades ou projetos de estudo, projetos de pesquisa e ação. A interdisciplinaridade poderá ser uma prática pedagógica e didática eficaz ao cultivarmos um diálogo constante de questionamento, de aprovação, de indeferimento, de acréscimo, e de transparência de percalços não apontados. Na interdisciplinaridade os alunos aprendem a visão do mesmo objeto sob prismas distintos.

A atividade do jogral foi considerada de grande relevância, pois possibilitou

às crianças o conhecimento de texto poético, levando-as à motivação e ao interesse

para ouvir e ler poesias, bem como praticar ações de leitura.

Na próxima etapa, foram trabalhadas dinâmicas que desenvolveram o corpo

e o domínio da mente sobre o mesmo. Estimulou-se também a expressividade

através do trabalho com a mímica.

Ao pesquisar no dicionário, a palavra mímica significa linguagem sem

palavras, comunicação através de gestos, sinais e símbolos ou também pode se

definir como imitação, copiar gestos, características ou movimentos de outro

indivíduo. Portanto, compreende fazer uma imitação de algo real ou qualquer forma

de comunicação sem a utilização de palavras.

Para esta estratégia, os alunos foram divididos em grupos, cada grupo

recebeu um bilhete que dizia qual animal imitariam com gestos. Os demais grupos

deveriam adivinhar qual era o animal. Depois, variou-se para profissão e outros

temas escolhidos pelo professor.

Foi um momento de expressão corporal e também de entrosamento. Como

teve um ar de brincadeira, os alunos se sentiram bastante a vontade para

representar. Por isso, foi de grande valia esta prática, pois explorou outro tipo de

linguagem e comunicação, também tão adotada nos dias de hoje como socialização

e inclusão social de pessoas com deficiência auditiva, através da linguagem de

sinais. Através das atividades de mímica desenvolvidas no projeto, foi dada ao aluno

a oportunidade de reconhecer que o corpo fala e através dele ocorre a

demonstração dos sentimentos e dos pensamentos.

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Em outra oportunidade, o professor suscitou uma reflexão sobre os

movimentos realizados na ginástica circense e procurou relacionar com a Educação

Física, a intenção era debater. Por isso, foi organizada uma plenária. O grupo A foi a

defesa e o B contestou. O professor sorteou uma atividade circense e os grupos se

confrontaram debatendo sobre as suas características para verificar como a

atividade física está sendo praticada. Esta prática proporcionou aos alunos

aproximar o circo com a realidade da sala de aula, concebendo que é possível

desenvolver este trabalho no dia a dia das aulas de Educação Física. Após as

atividades em sala de aula, o ambiente de desenvolvimento das aulas mudou para a

quadra, para o pátio e para o saguão do colégio.

O próximo eixo trabalhado foi o equilíbrio do corpo sobre o solo. Estas

atividades enfatizaram movimentos corporais que foram realizados individualmente,

em duplas, trios e em pequenos grupos, que estimulassem o equilíbrio corporal,

devido ao fato de que é a base neurofisiológica fundamental para se manter a

postura corporal, independente da posição em que se encontra o corpo, podendo

ser dinâmica ou estática.

Segundo Bosque et al (2010) um dos componentes mais importantes para a

motricidade humana é a capacidade de controlar o próprio equilíbrio. Esta

habilidade motora, segundo Rosa Neto (2002) possui a base primordial de toda

ação diferenciada dos segmentos corporais e que, quanto mais defeituoso o

movimento, mais energia é gasta, a qual poderia ser canalizada para outros

trabalhos neuromusculares.

Para manter este equilíbrio é necessário entrosamento dos vários órgãos do

corpo, por isso os movimentos devem se graciosos e compassados, bem como, a

pessoa deve manter o ponto de visão em um ponto fixo. São atividades em que o

aluno equilibrará o corpo de forma diferente do tradicional equilíbrio sobre as

duas pernas.

Dentre as atividades desenvolvidas, destacam-se as seguintes: equilíbrio

sobre uma perna, avião, parada de três apoios: elefantinho e plantar bananeira,

parada de dois apoios: parada de mãos e galinho. Outro aspecto trabalhado foi o

equilíbrio e a força dos membros superiores (mãos e braços) e inferiores (pés e

pernas). Em cada execução de movimentos de atividades, os alunos foram

desafiados e motivados a executar a tarefa com precisão.

As dificuldades encontradas foram quanto à limitação individual, como

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capacidade de concentração, força e habilidade. Houve a contribuição de todos

para que os que apresentassem maiores dificuldades conseguissem desenvolver as

atividades com mais precisão.

Foi também necessário adaptar a prática, como primeiramente, utilizando-

se de apoios como: parede, cadeira, cabos de vassoura e, até mesmo o ombro do

colega, para depois, com mais agilidade, efetuar com segurança o exercício.

Bosque et al (2010) afirma que

A incidência cada vez maior de crianças com déficit motor é um indício que estas não estão desenvolvendo-se de maneira eficaz, e as aulas de educação física são alternativas dentro da escola para melhorar este quadro, uma vez que elas precisam de atividades diversificadas.

Portanto, trabalhar com exercícios de equilíbrio foi uma oportunidade

valiosa, a qual proporcionou momentos de desafio de limites, aprimoramento da

capacidade individual, aproximação e socialização dos elementos do grupo, além

da melhoria das capacidades físicas e mentais como uso adequado da força e

domínio da mente sobre o corpo.

Depois, foram desenvolvidas atividades de acrobacias de solo: rolamento,

estrela e outros. Explorando-se a performance corporal, bem como, a noção de

espaço, agilidade e desenvoltura. Essas acrobacias proporcionam conceitos de

equilíbrio, flexibilidade e possibilitam a utilização da memória, fazem uma conexão

entre peso e força, distância, impulsão e explosão. Com estes exercícios, pode-se

fazer uma ligação entre acrobacias e ensino de ciências, o aluno compara o

funcionamento do corpo, destacando suas partes, como a coluna, que é o eixo

central, bem como a lateralidade. Como nos mostra Duprat (2007), a riqueza de

possibilidades de movimentos propiciados pela arte circense, desde as formas mais

simples até as mais complexas, individuais ou em grupo, propicia aos alunos uma

grande diversidade de experiências motoras, proporcionando vivências corporais

únicas de expressão, perigo, criatividade, magia e encantamento.

Neste momento, não houve grandes dificuldades, a maioria conseguiu

desenvolver a contento. Porém, o único entrave foi a questão de sujar a roupa e os

calçados, uma vez que esta atividade foi realizada na grama, pois o colégio conta

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com grande espaço externo com sombra e grama.

Também realizaram atividades de equilibrismo de pessoa sobre pessoa. Um

dos exercícios mais difíceis de executar: a pirâmide humana. Para fazer a união em

baixo, o artista do topo deve evitar se debruçar muito para não machucar ou

empurrar os da base para evitar a queda, orientar o peso compensando as bases

mais frágeis e mantendo o equilíbrio até ser visto pelos espectadores. Todos os

movimentos serão realizados como se fosse uma dança e em harmonia com os

demais do grupo para o espetáculo ficar mais elegante.

Não foi possível montar a pirâmide toda, pelo fato de que, exigiria mais

tempo para treino. Primeiramente, foi necessário ao professor, pedir aos alunos que

equilibrassem copinhos descartáveis para compreenderem como se daria a

pirâmide. Depois, chegaram ao ponto de montar uma pirâmide com base de cinco

alunos. Totalizando 10 envolvidos. Dessa maneira, foram aprimorados sentimentos

de cooperação e confiança entre os alunos (AYALA, 2008), fazendo com que

confiassem uns nos outros, pois quem estava de base teria que ter firmeza e

equilíbrio para que quem estivesse no topo não caísse, bem como, outros alunos

estariam em volta para oferecer maior segurança a todo o grupo, todos, desta forma,

estavam cooperando para o êxito da pirâmide.

Por último foram realizadas atividades de equilibrismo de objetos sobre

pessoa e de pessoa sobre objetos. Para isso, explorou-se perna de pau, cadeiras e

tábua bamba.

Não havia perna de pau suficiente, então, foram construídos alguns pares,

para isso, os alunos se reuniram em horário diferente da aula. Foi muito divertido e

alunos de outras turmas quiseram testar e brincar. No final da prática, todos já

dominavam a técnica. Assim sendo, foi possível, proporcionar aos alunos momentos

para desenvolvimento de habilidades artísticas, com a confecção do próprio

material, bem como se estimulou a auto-confiança e a expressão corporal.

Dessa forma, ao final dos trabalhos, o grupo envolvido realizou uma

avaliação. Foi um momento de descontração, os alunos puderam falar o que

sentiram e apontar os aspectos positivos e negativos do desenvolvimento do projeto

num todo. Assim, através do relato dos alunos verificou-se que o conteúdo Ginástica

Circense agradou a todos e sugeriram que as aulas de Educação Física

continuassem com este perfil, aliando o lúdico, o artístico, o desafiador e o técnico.

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4 Conclusões

O fator motivador do desenvolvimento do projeto de intervenção foi

incentivar a prática da ginástica circense entre os alunos como forma de

motivação e interesse de participação nas aulas de Educação Física. Pode-se

constatar que, com o desenvolvimento do projeto de intervenção sobre Ginástica

Circense nas aulas de Educação Física da 5ª série do Ensino Fundamental, foram

proporcionados benefícios aos alunos:

No domínio físico e motor: através de atividades de equilíbrio do próprio

corpo sobre o solo, do corpo sobre objetos e do corpo sobre outro corpo,

bem como com atividades de contorcionismo, pinturas e desenhos.

No domínio cognitivo e intelectual: com realização de debates,

pesquisas, pinturas, exposições e relatos da vida cotidiana, comparando-

se a arte circense com as atividades práticas de educação física escolar.

No domínio afetivo e social: o trabalho em equipe, no apoio moral no

incentivo interpessoal. No gosto e no prazer em participar das aulas que

foram elaboradas visando o lúdico e a superação de limites.

No que se refere à interdisciplinaridade, foi um dos aspectos que

surpreendeu, pois não era esperado que tal proposta pudesse surtir tamanho efeito,

como: incentivar à leitura, a produção oral de textos, a construção de discursos

argumentativos, incentivar a arte e a expressão artística seja através de desenhos

ou de movimentos do corpo, o conhecimento histórico, a orientação educacional e

assuntos relacionados à melhoria dos comportamentos pessoais.

Como limitações, pode-se citar a falta de tempo, haja vista que esta é uma

experiência que deve respeitar a um cronograma de ações pré-estabelecido, ao ser

trabalhado no decorrer do ano letivo, em caráter normal das aulas, o conteúdo deve

ser distribuído em todas as séries da educação básica, podendo assim, ser aplicado

com mais calma e atingindo resultados até mesmo mais promissores.

Então, como crivo final desta prática investigativa, pode-se afirmar que as

atividades circenses nas aulas de Educação Física proporcionaram aos alunos o

melhor conhecimento do seu corpo, o desenvolvimento de habilidades físico-

corporais, sociais e psico-cognitivas. Quais sejam: controle motor, movimento

corporal, sensibilidade artística, o lúdico, relações pessoais e interpessoais,

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sociabilidade, espírito determinado e busca de superação de limites. Sendo,

portanto, de grande valia que outros pesquisadores se dediquem ao tema buscando

com isso aprimorar a técnica docente do trabalho didático e pedagógico com a

ginástica circense.

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