DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · momento em que a estrutura econômica e social se...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA,

TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

MARIA ISABEL FERREIRA DOS SANTOS

A ARTE COMO REPRESENTAÇÃO DO PASSADO: A PRODUÇÃO IMAGÉTICA DE LEONARDO DA VINCI E DE MICHELANGELO BUONARROTI

REPRESENTADA POR MEIO DA PINTURA

PONTA GROSSA 2010

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MARIA ISABEL FERREIRA DOS SANTOS

A ARTE COMO REPRESENTAÇÃO DO PASSADO: A PRODUÇÃO IMAGÉTICA DE LEONARDO DA VINCI E DE MICHELANGELO BUONARROTI

REPRESENTADA POR MEIO DA PINTURA

Unidade Didática apresentada como requisito de avaliação parcial referente ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Orientador: Profa. Dra. Rosângela Wosiack Zulian

PONTA GROSSA 2010

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LISTA DE IMAGENS E TABELAS

IMAGEM 1− MONALISA ....................................................................................... 10

IMAGEM 2 − VIRGEM DOS ROCHEDOS ............................................................. 11

IMAGEM 3 − A ÚLTIMA CEIA ............................................................................... 11

IMAGEM 4 – HOMEM VITRUVIANO ..................................................................... 12

IMAGEM 5 − DETALHE TETO CAPELA SISTINA ................................................ 13

QUADRO 1 − MODELO DE QUADRO PARA REGISTRO DA ATIVIDADE............ 18

QUADRO 2 − ROTEIRO PARA TRABALHO SOBRE O OLHAR PARA AS OBRAS DE ARTE ....................................................................................... 21

QUADRO 3 − CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO MEDIEVAL E PERÍODO RENASCENTISTA ......................................................................... 32

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................4 2 OBJETIVOS ...........................................................................................................5 2.1 OBJETIVO GERAL ..............................................................................................5 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................5 3 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ...............................................................................5 4 PROPOSTA ........................................................................................................17 4.1 ATIVIDADE 1: CONHECENDO A PRODUÇÃO ARTÍSTICA DE LEONARDO DA

VINCI E DE MICHELANGELO BUONARROTI ...................................................17 4.2 ATIVIDADE 2: UMA RELEITURA DAS OBRAS DOS ARTISTAS ESTUDADOS..19 4.3 ATIVIDADE 3: A VIDA IMITA A ARTE OU A ARTE IMITA A VIDA? ....................22 4.4 ATIVIDADE 4: SIMBOLOGIA DAS INVENÇÕES. ...............................................25 4.5 ATIVIDADE 5: VIAGEM (VIRTUAL) AO ENCONTRO DAS IMAGENS DO TETO

DA CAPELA SISTINA. IMAGENS OU CÓDIGOS SECRETOS? .........................27 4.6 ATIVIDADE 6: VALORES MEDIEVAIS E VALORES RENASCENTISTAS ..........30 4.7 ATIVIDADE 7: RENASCIMENTO: CONTINUIDADES E RUPTURAS ..................32 REFERÊNCIAS .......................................................................................................34 REFERÊNCIAS DOS VÍDEOS ................................................................................35 REFERÊNCIAS DAS IMAGENS..............................................................................35 ANEXO ...................................................................................................................37

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1 INTRODUÇÃO

É possível organizar uma sequência de ensino que encaminhe uma

apreensão de modo significativo e abrangente, envolvendo a interpretação de

imagens como uma forma inovadora para o ensino dos conteúdos da disciplina de

História.

A presente produção didática tem como proposta o estudo das obras de

Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarroti, representadas além da pintura desses

artistas, pelo imaginário que sustentava as relações econômicas, políticas, sociais e

culturais dos séculos XV e XVI.

Como prática pedagógica no Colégio Estadual Prof. Julio Teodorico, na

cidade de Ponta Grossa, PR, a atividade desenvolvida como Plano de Trabalho

Docente é destinada ao professor, dando suporte ao encaminhamento metodológico

inovador a ser trabalhado no processo de ensino-aprendizagem para um grupo de

20 alunos da 6a série (7o. ano) do Ensino Fundamental. A aplicação da proposta

revela a necessidade de novos olhares sobre a prática docente, permitindo a

inclusão de formas alternativas para o estudo dos conteúdos.

No presente trabalho, a atenção será voltada para os professores e à

produção de materiais, a fim de facilitar o trabalho educativo, possibilitando uma

troca de informações e reflexões para melhor aplicação dos objetivos do Projeto.

As manifestações artísticas, especialmente a pintura, configuram poderosas

ferramentas na aprendizagem histórica. Atualmente, a utilização de imagens como

fonte interpretativa para o trabalho do historiador proporciona uma nova forma de

concepção metodológica para o ensino da disciplina de História.

Portadoras de símbolos e representações da sociedade do seu tempo estão

as pinturas renascentistas, especialmente aquelas produzidas por Leonardo da Vinci

e Michelangelo Buonarroti. No entanto, muitas vezes, essas demonstrações passam

despercebidas pelos alunos, os quais as observam apenas como expressões do

gênio do seu autor, eliminando a possibilidade de serem produtos resultantes das

ações refletidas sobre o seu tempo em determinada sociedade e marcadas pela

subjetividade dos seus autores.

Portanto, o tema do presente trabalho foi escolhido em função da percepção

de que é possível se lançar novos olhares sobre as pinturas dos referidos artistas,

pertencentes ao período renascentista, entre os séculos XV e XVI.

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Até que ponto as obras desses autores revelam ligação com o período

histórico em que foram produzidas?

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

− Compreender o processo de transformações culturais que possibilitou a

formação do contexto renascentista entre os séculos XV e XVI.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

− Conhecer as origens da produção cultural que deu suporte aos ideais

renascentistas do período estabelecido;

− Interpretar o processo de formação do imaginário do Renascimento

Cultural e suas representações imagéticas;

− Compreender, por meio das pinturas de Leonardo de Leonardo da Vinci

e Michelangelo Buonarroti, as continuidades, transformações e rupturas

sociais que aconteceram entre os séculos XV e XVI.

3 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Utilizado para caracterizar os efeitos das transformações entre XI e XIV na

Europa Ocidental, o termo Renascimento teve como movimento impulsionador o

aquecimento do comércio, com o surgimento de novas atividades, a exemplo dos,

cambistas (que trocavam moedas) e os banqueiros (que guardavam o dinheiro e

faziam empréstimos). Assim, esses componentes levavam ao começo de

preocupações com a aquisição de novos conhecimentos.

Segundo Schlesener (2009, p. 29-31), o Renascimento é um período

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[...] que pareceu aos historiadores uma época completa, ou seja, um momento em que a estrutura econômica e social se transformou, fazendo interagir as práticas sociais e culturais, alterando as concepções de mundo, de valores, de vida. [...] Um momento histórico caracterizado pela fluidez de idéias e seu desdobramento em ações, no qual tudo esteve em contínuo desenvolvimento sem redundar em um acabamento definitivo. Essa característica aparece hoje como uma riqueza de perspectivas, de valores, de procuras e de criatividade na reelaboração das concepções de mundo, que se apresentam em permanente gestação e movimento e preparam o caminho tanto para o empirismo quanto para o racionalismo modernos. O Renascimento foi um movimento que, ao gerar novas condições sociais, gerou também uma nova atitude do homem ante as normas e valores universais; define-se, a partir dessa época, um novo referencial para ação, que não é mais a ética cristã, mas a vontade do homem que arbitra, delibera, escolhe e precisa assumir a responsabilidade por seus atos; abre-se, assim, a possibilidade ao surgimento de personalidades versáteis e criativas[...].

Ao buscar reviver a Cultura greco-romana, o movimento renascentista

possibilitou a ocorrência de consideráveis progressos e inúmeras realizações quanto

às artes, à literatura, as ciências, que reelaboraram a herança clássica. O idealismo

humanista1 foi fundamental e tornou-se o próprio espírito do Renascimento.

Os humanistas rejeitavam valores e modos de ser e viver da Idade Média. O

interesse na Antiguidade era correspondente aos desejos que sentiam. Valorizavam

a produção cultural da Antiguidade, sem pregar o retorno ao passado, que era

entendido apenas como fonte de inspiração.

De acordo com Sevcenko (1988, p.23),

[...] as artes plásticas acabaram se convertendo num centro de convergência de todas as principais tendências da cultura renascentista. E mais do que isso, acabaram espelhando, através de seu intenso desenvolvimento nesse período, os impulsos mais marcantes do processo de evolução das relações sociais e mercantis.

Dessa forma, tratava-se de uma proposta de renascer consciente, como

fonte de inspiração e modelo de civilização amplamente entendidos pela valorização

do homem (Humanismo) e da natureza. Partindo do pressuposto do respeito à

individualidade, formaram-se correntes diferenciadas quanto às formas

interpretativas do passado com suas reminiscências, dando origem a tendências do

movimento, que eram distinguidas pela tradição filosófica, a qual se ligava

1 Os humanistas tenderam a valorizar a produção cultural da Antiguidade Greco-Romana, sem que,

com isso, queiramos dizer que eles pregavam um retorno ao passado, tomado apenas como fonte de inspiração. (A esse respeito, ver: www.culturabrasil.pro.br/arenascenca.htm).

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(platonismo, aristotelismo), ou pela temática que seria abordada (natureza,

religiosidade, história, economia).

Sevcenko (1988, p. 24) afirma:

Assim sendo, as grandes famílias que prosperavam com os negócios bancários e comerciais e os novos príncipes e monarcas começam a utilizar uma parte da sua riqueza para construção de palácios no centro das cidades; igrejas, catedrais e capelas, na entrada das quais colocavam seus brasões e em cujo interior enterravam seus mortos; estátuas gigantescas colocadas nas praças e locais públicos com os quais homenageavam seus fundadores e seus heróis; e de resto quadros, gravuras, afrescos, que adornavam os recintos particulares [...].

Aqueles que se tornaram protetores das artes, como os burgueses, os

príncipes e os monarcas, eram chamados mecenas2. Assim, a produção artística

tornou-se um dos focos principais do confronto entre burguesia, o clero e a nobreza.

Para Sevcenko (1988, p.25), “As atividades e os campos de reflexão que mais

preocupavam os pensadores renascentistas aparecem condensados nas artes

plásticas [...].”

As riquezas acumuladas com a atividade comercial em Gênova, Veneza e

Florença favoreceram um investimento nas artes, aumentando, assim, o

desenvolvimento artístico e cultural. A pintura renascentista estabeleceu um espírito

novo, forjado de novos ideais e novas forças criadoras. Desenvolveu-se nas cidades

italianas, sobretudo em Florença e Veneza, locais caracterizados pelos que

possuíam, na época, condições econômicas, políticas, sociais e culturais propícias

para o desenvolvimento artístico, como a pintura.

Ainda, a arte era tida como um instrumento didático. Numa sociedade em

que praticamente apenas o clero sabia ler e escrever, as lições da teologia cristã

eram transmitidas e repetidas por meio das imagens aos fiéis, dentro e fora das

igrejas.

De acordo com Pesavento (2004, p. 88),

[...] a imagem tem, para o historiador, sem dúvida, um valor documental, de época, mas não tomado no seu sentido mimético. O que importa é ver como os homens se representavam, a si próprios e ao mundo, e quais os valores

2 O sucesso econômico permitia exercer o mecenato, que consistia em investir no trabalho dos

artistas [...]. (Ver SCHLESENER, Anita Helena. A Escola de Leonardo: Política e Educação nos Escritos de Gramsci. Brasília: Líber Livro, 2009, p.33).

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e conceitos que experimentavam e que queriam passar, de maneira direta ou subliminar, com o que se atinge a dimensão simbólica da representação.

Nesse caso, recortamos dois autores que indicam representar, na pintura, as

formas e os valores da sociedade de seu tempo: Leonardo Da Vinci (1452-1519) –

pintor, escultor, engenheiro, músico, filósofo, físico, botânico e inventor; e Miguel

Ângelo Buonarroti ( 1475 – 1564 ) – escultor, pintor, arquiteto e poeta.

A escolarização do Renascimento estava imbricada ao nível socioeconômico

da população. Assim, Leonardo, filho de Piero, notário na pequena aldeia de Vinci,

aprendera já bem cedo com o avô paterno os valores e as normas de conduta que

regiam a burguesia mercantil italiana. O incentivo do pai para o estudo das leis e do

comércio não ofuscaram, entretanto, o grande talento do jovem Leonardo em áreas

como a música, o desenho ou a matemática.

Dono de uma grande curiosidade, Leonardo permaneceu em Vinci até a

adolescência, fase em que se mudou para Florença, cidade italiana em que

conheceu o mestre Andréa del Verrochio. Mais tarde, abriu o seu próprio atelier.

E como eram as escolas3 da época, cuja produção artística nos impressiona

até os dias atuais? Schlesener (2009, p.42-43) nos traz que

A habilitação profissional, isto é, a formação para a prática de uma atividade técnica ou manual implicava também uma formação humana, ética e política, necessária ao processo de trabalho. Muitos artesãos formavam jovens profissionais em suas oficinas, que funcionavam com estabelecimentos comerciais e como escolas que aliavam o conhecimento dos métodos e a teoria com a atividade de produção. [...] Tais oficinas-escolas aliavam o estudo teórico à solução de problemas imediatos e abriam a possibilidade de formação profissional.

Grande parte da curiosidade de Da Vinci pode ser explicada pelo ambiente

que o cercava: Florença era um dos grandes centros europeus do período

renascentista e vários artistas vinham para a cidade italiana com o objetivo de

conseguir reconhecimento e ascensão.

Para Muhlberger (2000, p. 9),

3 Florença e Veneza, os grandes centros políticos do Renascimento, apresentavam a preocupação

com a alfabetização e a formação para a vida social; além da escrita e da leitura básicas, os jovens recebiam conhecimentos de aritmética e contabilidade para as transações comerciais; um menor número alcançava as universidades, onde aprendiam o necessário para o exercício do direito e a retórica. (SCHLESENER 2009, p.42 ).

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A oficina de Verrochio tornou-se a mais conhecida e da Vinci o serviu por mais ou menos treze anos. Esse era o tempo que durava o aprendizado. [...] O aprendiz tornava-se artífice, o que o qualificava a trabalhar em várias tarefas sem supervisão. Depois, tornava-se mestre artesão (maestro). [...] deveria imitar com perfeição o trabalho de Verrocchio, porque tudo o que era produzido no ateliê era vendido com o seu nome.

Leonardo da Vinci foi mais que um grande artista, numa época em que o

misticismo medieval convivia com o homem concreto e suas inquietações, ele foi um

pesquisador, estudando as informações coletadas. A influência de outros autores em

seus manuscritos científicos é perceptível. Boa parte das pesquisas eram

provenientes da busca incansável pela compreensão humana em seus mais

variados aspectos, fossem biológicos ou físicos.

Segundo Garin (1994, p. 286), da Vinci

Foi, sobretudo, um expoente característico de uma época e de uma cidade excepcionais, da inquietação de um mundo em transformação. Mas, nisto, não foi mais excepcional que muitos outros da sua época, abertos a todos os interesses, conscientes da entralidade do homem, que constrói o seu mundo com as suas próprias mãos.

Suas descobertas, pinturas e invenções foram parte de uma época na qual o

rigor científico começara, aos poucos, a se separar do caráter religioso. Garin (1994,

p.266), afirma que:

Em luta com sua época, isto é, com o aristotelismo escolástico no campo da filosofia e das ciências da natureza, e com o humanismo retórico no das disciplinas morais e históricas, Leonardo teria sido realmente o primeiro dos homens novos, uma espécie de herói miraculoso do pensamento surgido repentinamente para transformar a situação existente.

Enfim, Leonardo Da Vinci foi um homem que queria conhecer a si próprio e o

meio em que vivia. Com um talento inegável, permaneceu como um dos

personagens importantes do Renascimento, tanto pela produção artística quanto

pela produção científica.

Em o Homem vitruviano (1492), ele representou a união entre Arte e Ciência

ao expressar várias particularidades do corpo humano, em um desenho imerso de

anotações. Fazendo alusão ao arquiteto romano Marcus Vitruvius do século I a.C.,

Da Vinci analisou, calculou e desenhou, com sua imensa destreza, o homem

renascentista, modelo e centro do universo.

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Artistas haviam tentado vários métodos para superar uma dificuldade:

apesar de toda a grandeza e imponência das representações da natureza pelos

grandes nomes da época, as suas figuras pareciam mais estátuas do que seres

vivos.

Mas somente Leonardo encontrou verdadeira solução para o problema. O pintor deve deixar ao espectador algo para adivinhar. Se os contornos são desenhados com a maior firmeza de traço, se a forma é deixada um pouco indefinida, com o desaparecendo numa sombra, essa impressão de secura e rigidez era evitada. Essa é a famosa invenção de Leonardo a que os italianos chamam sfumato – um lineamento esbatido e cores adoçadas que permitem a uma forma fundir-se com outra e deixar sempre algo para alimentar a nossa imaginação.[...] Por isso é que nunca estamos muito certos quanto ao estado de espírito realmente refletido na expressão com que a Mona Lisa nos olha. Sua expressão parece ser sempre esquiva. Claro que não é apenas a indefinição que produz esse efeito. Há muito mais por trás dele. Leonardo fez uma coisa deveras audaciosa, a que talvez só se arriscaria um pintor de sua consumada maestria. [...] Ele conhecia a fórmula mágica que infundia via na cores espalhadas por seu extraordinário pincel. (GOMBRICH, 1977, p.228)

Algumas imagens de Leonardo da Vinci podem ser observadas na

sequência:

Imagem 1- Monalisa, de Leonardo da Vinci Fonte: Disponível em http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg

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Imagem 2 - Virgem dos Rochedos, de Leonardo da Vinci Fonte: Disponível em http://www.historiadaarte.com.br/imagens/Leonardo1.jpg

Imagem 3 − A última ceia Fonte: Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Leonardo_da_Vinci_%281452-1519%29_-

_The_Last_Supper_%281495-1498%29.jpg

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Imagem 4 – Homem Vitruviano Fonte: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg

Michelangelo Buonarroti, escultor, pintor e arquiteto, escreveu também uma

obra poética de boa qualidade. Tendo nascido em 1475, em Caprese, no estado de

Florença, onde seu pai era oficial do governo, já na sua juventude foi aprendiz de

Ghirlandaio e foi em seu estúdio que, provavelmente, aprendeu a técnica do afresco.

Depois, foi trabalhar no estúdio de escultura patrocinado por Lorenzo de

Médici, conhecido como o Magnífico, com seu círculo de brilhantes amigos. Sua

primeira escultura foi um trabalho em mármore, “A luta dos lápitas e dos centauros”,

feita quando contava com dezessete anos. Essa obra, mesmo hoje chamada de

ensaio, revelava a luta do talentoso jovem em suas primeiras tentativas para

dominar a pedra dura e tenaz, expressando, em uma irrefreável mensagem artística,

sua vitalidade interior.

Quando criança, Michelangelo foi confiado a uma ama de leite, filha e mãe

de marmoristas. Isso lhe proporcionou, certamente, uma grande familiaridade com a

pedra, que, desde a infância, tinha de separar, cortar e talhar. Aprendeu tudo a

respeito de veios secretos e juntas naturais, e de sua cor escondida. Costumava

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viajar a Carrara, onde estavam as melhores pedreiras de mármore da Itália, para

escolher pessoalmente o mármore na vertente da montanha.

A seguir, a Imagem 5 mostra parte do teto da Capela Sistina.

Imagem 5 − Detalhe teto capela Sistina http://divulagarciencia.com Fonte: Disponível em: http://www.flickr.com/photos/danilosiqueira/3006122399/sizes/o/

Para a abordagem teórica deste trabalho, adotaremos os conceitos de

imaginário, simbólico, representações (seu significado e autores adotados), por

entendermos adequados a esse trabalho. Os historiadores lançam mão de

diferentes documentos para escrever a história das sociedades. São as fontes

históricas, que podem ser escritas, visuais ou sonoras. Dentre essas fontes, as

imagens na História é algo que nos impressiona. A forma com que foram

construídas, as possibilidades de exploração pelos historiadores e o poder de

convencimento, o uso das imagens e suas análises, enfim, auxiliam historiadores e

professores de história numa tarefa que vai além da observação e da admiração.

Por meio das imagens podemos compreender que as relações sociais de um

determinado tempo modificam as relações humanas. Como cidadãos conscientes de

nosso papel na sociedade, podemos interferir nas relações sociais do tempo em que

vivemos.

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Ao observarmos uma pintura, deparamo-nos com inúmeras informações,

mensagens, imaginações. Entretanto, este não é um procedimento simples. A leitura

de imagens requer compreensão, entendimento, consciência e significação. É

necessário, portanto, que haja um aprendizado para que as imagens sejam “lidas”,

despertando a sensibilidade, o gosto pelo belo, pelo conhecimento e certa visão

crítica.

Para Cumming (1995, p. 6),

Atualmente, grande número de pessoas tem acesso às obras de importantes artistas. Há também cada vez mais oportunidades para ver e estudar essas obras. [...] Olhar uma pintura é como partir para uma viagem – uma viagem com muitas possibilidades, incluindo o entusiasmo de compartilhar a visão de uma outra época. Como qualquer viagem, quanto melhor a preparação, mais gratificante será a expedição. A melhor maneira de viajar é com um guia que o ajude enquanto você se familiariza com o novo ambiente, e que lhe mostre coisas que do contrário passariam despercebidas.

Além do livro didático, no qual algumas vezes encontramos o uso da

iconografia com cunho apenas ilustrativo, o professor de história pode lidar com uma

diversidade de registros: filmes, acervos de museus, internet etc. O uso da imagem

ou da iconografia, como fonte de investigação, visa despertar no aluno uma reflexão,

percebendo o quanto importante é esse material para as reflexões sobre a memória

e o ensino da História. Por meio da imagem e da sensibilidade humana, é possível

compreender as transformações sociais, situando-as.

De acordo com as Diretrizes Curriculares de História para a Educação

Básica, da Educação Pública do Estado do Paraná:

[...] as imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos, fotografias, pinturas, gravuras, museus, filmes, músicas são documentos que podem ser transformados em materiais didáticos de grande valia na constituição do conhecimento histórico. (PARANÁ, 2008, p. 49).

De acordo com Paiva (2002, p. 13),

Lidar com essa diversidade de registros, saber indagá-los e desconstruí-los, saber contextualizá-los e explorá-los para deles retirar versões ou fazer com que eles subsidiem as nossas versões, isto é, apropriarmo-nos criticamente deles e usá-los metodologicamente: esses são os procedimentos básicos do historiador e isso é o que deveria ocorrer nas salas de aulas desde o ensino fundamental. [...] desenvolver de maneira adaptada à idade e às condições materiais e culturais existentes, suas competências, suas habilidades e a capacidade de, assim, ler criticamente não apenas a história dos livros e da escola, mas, principalmente, a história de seu tempo, a

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própria vida cotidiana na qual eles desempenham importante papel transformador.

Numa imagem, portanto, podemos perceber um processo manual e um belo

processo intelectual, com elementos reais e imaginários, retratando uma cultura, um

período. Com uma linguagem própria e em meio aos silêncios que podem ser

percebidos, as imagens nos transmitem valores e sentidos. Necessitamos das

linguagens verbal e escrita para que a comunicação se complete e, assim, ocorra a

interpretação da imagem.

Para se compreender uma imagem, Paiva (2002, p. 18-19) sugere que

[...] temos que nos perguntar sobre os silêncios, as ausências e os vazios, que sempre compõem o conjunto e que nem sempre são facilmente detectáveis. [...]os historiadores e os professores de História transformaram-nas em reles figurinhas e ilustrações de fim de texto e, pior, emprestaram-lhes um estatuto equivocado e prejudicial ao conhecimento histórico. [...]Talvez seja a própria beleza da imagem que sirva de isca, uma espécie de canto inebriante de sereia que tem o poder de cegar a vítima e de conduzi-la diretamente ao seu colo traiçoeiro. A imagem, bela, simulacro da realidade, não e a realidade histórica em si, mas traz porções dela, traços, aspectos, símbolos, representações, dimensões ocultas, perspectivas, induções, códigos, cores e formas nela cultivadas.

As representações não têm signos absolutos, definitivos, imutáveis.

Dependem da recepção que terão em cada época, dentro de cada grupo social. Elas

integram a dimensão do real, do cotidiano, da história vivenciada.

Panofsky (1991, p.36) nos diz que não há espectador totalmente ingênuo:

O observador “ingênuo” não goza apenas, mas inconscientemente, avalia e interpreta [...] e ninguém pode culpá-lo se as interpretações estão certas ou erradas, e sem compreender que sua própria bagagem cultural contribui, na verdade, para o objeto de sua experiência.

De acordo com Paiva (2002, p. 26-27),

[...] esses códigos, esses símbolos, os emblemas, as alegorias, enfim, as representações, não têm signos absolutos, definitivos, fixos, nem imutáveis. Tudo vai depender da recepção que eles terão em cada época, no seio de cada grupo social e, também, das variadas maneiras pelas quais serão apropriados historicamente. [...] O imaginário não é, como se poderia pensar, um mundo à parte da realidade histórica, uma espécie de nuvens carregadas de imagens e de representações que pairam sobre nossas cabeças, mas que não fazem parte de nosso mundo e de nossas vidas. Ao contrário, esse campo icônico e figurativo influencia, diretamente, nossos julgamentos; nossas formas de viver; de trabalhar; de morar; de nos vestirmos; de nos alimentarmos; de compararmos coisas; de nos medicarmos; de expressarmos nossas crenças, sejam elas religiosas, políticas ou morais; de nos organizarmos em nosso cotidiano; de

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escolhermos nossas atividades e profissões; de construirmos nossas práticas culturais e de novamente representarmos o mundo em que vivemos, em toda sua diversidade e complexidade.

Para que possamos desenvolver outro olhar em relação às imagens,

podemos fazer um relatório do que percebemos, relacionar os motivos artísticos com

os fatos e acontecimentos determinados por meio da cultura da sociedade na qual

estão inseridas. Assim, devemos usar fontes literárias, enciclopédias, dicionários, a

fim de nos familiarizarmos com conceitos tratados nas imagens. Posteriormente,

descobriremos valores simbólicos, qual é a finalidade e a importância da imagem na

sociedade em que foi criada.

As imagens que analisaremos, obras de arte caracterizadas como obras-

primas, expressam significados simbólicos e estéticos que, na época da

Renascença, eram compreendidos tanto pelos artistas como pelo público.

Para Cumming (1995, p. 8),

A função e o objetivo de uma grande obra de arte, as expectativas nela depositadas e o papel do artista não são constantes; variam conforme a época e a sociedade. Contudo, algumas obras se destacam por terem a capacidade de falar de algo além da sua própria época e oferecerem uma inspiração e um significado que atravessam os tempos.

Partindo dessas considerações, parte-se agora para o encaminhamento

metodológico proposto para este trabalho, o qual parte para o ato de se considerar

as ideias históricas que os alunos possuem, incentivando-os a pensar de maneira

reflexiva, crítica, como seres em construção. Ao buscarmos a compreensão do

conteúdo de forma natural, espontânea, valorizamos a vontade de conhecer e

criatividade dos alunos.

Pensa-se num trabalho que possibilite o questionamento, a exploração de

imagens de Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarroti, de forma reflexiva e

investigativa, com estímulos à criatividade, para que haja a compreensão dos

conteúdos de forma natural, não como algo pronto, acabado. O virtuosismo do

artista, a inovação, visão artística, o papel do artista e o patrocínio, são

características estudadas e analisadas nas obras.

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4 PROPOSTA

Para compor esta proposta, apresentam-se as seguintes atividades,

descritas na sequência.

4.1 ATIVIDADE 1: CONHECENDO A PRODUÇÃO ARTÍSTICA DE LEONARDO

DA VINCI E DE MICHELANGELO BUONARROTI

Considerações

Com o objetivo de que o aluno entenda a importância do Renascimento

Cultural no contexto da Idade Moderna, as pinturas renascentistas de Leonardo da

Vinci e Michelangelo Buonarroti servem de subsídio para levá-lo a compreender a

conjuntura sociopolítica do início da história moderna.

Quantas imagens observamos diariamente? Nas construções que nos

rodeiam, nos vários modelos de veículos, nas pessoas com suas vestes de acordo

com o gosto de cada uma. E a poluição visual? Propagandas, pichações, fotos em

jornais e revistas, na internet, na TV. E os adereços que muitos de nós usamos em

diversas partes do corpo? E aquele caderno com ilustrações de todo tipo? E as

imagens presentes nos livros? Será que damos o devido valor a elas?

Todos esses elementos visuais trazem informações sobre o mundo em que

vivemos, sobre a nossa cultura. As imagens têm muito a nos ensinar...

Objetivos

• Compreender o contexto renascentista, relacionando-o às obras dos

artistas: Leonardo da Vinci e Michelangelo.

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Encaminhamentos Metodológicos e Recursos Didáticos

1ª Etapa

Por meio da TV multimídia, apresentar os principais trabalhos/ imagens dos

artistas Leonardo da Vinci e Michelangelo.

2ª Etapa

Em seguida, no laboratório de informática, os alunos solicitar aos alunos que

façam uma pesquisa biográfica e de imagens desses artistas, das principais obras e

do contexto em que viveram. Os registros sobre os tópicos mencionados serão

individuais.

3ª Etapa

Em grupos formados por quatro alunos, socializar a pesquisa realizada,

solicitando o registro dos tópicos mais relevantes num quadro predeterminado para

cada artista.

4ª Etapa

Quadro 1 − Modelo de quadro para registro da atividade Artista

Ano

nascimento/morte

Cidade natal

Principais obras

Fontes utilizadas para pesquisa

Fonte: A autora

5ª Etapa

Solicitar aos alunos a escolha de uma das obras pesquisadas. Utilizar as

perguntas da proposta de Fernando Hernández (2000) para organizar o ensino da

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compreensão da cultura visual centrado em obras de arte, temas e projetos, e

propor que registrem as respostas daquelas três perguntas.

A proposta desse autor vai da descrição à interpretação e parte

basicamente das três perguntas referentes a(s) obra(s) escolhida(s) que são:

� O que foi pintado pelo pintor?

� De que falam essas obras?

� O que podemos estudar e aprender a partir de uma pintura?

Por fim, socializar os registros dos alunos.

6ª Etapa

Em seguida, será apresentado o conteúdo, em aula expositiva, no estudo

das principais características do Renascimento.

7ª Etapa

Para verificar os conhecimentos adquiridos, propor a realização de palavras

cruzadas envolvendo o tema.

Avaliação

Ocorrerá durante todos os momentos e por meio da participação e dos

registros realizados pelos alunos nas atividades. As produções dos alunos serão

fixadas em um quadro mural, externo à sala de aula.

4.2 ATIVIDADE 2: UMA RELEITURA DAS OBRAS DOS ARTISTAS ESTUDADOS

Considerações

Por meio dessa "alfabetização visual", o aluno terá condições de conhecer

melhor a sociedade em que vive, interpretar a cultura de sua época e tomar contato

com a de outros povos. Podemos ir além: ele vai descobrir as próprias concepções e

emoções ao apreciar uma imagem.

20

Concordamos com Fernando Hernández (2000), ao afirmar que o professor

tem o papel de fazer despertar o interesse do aluno, o seu olhar curioso, que permita

desvendar, interrogar e produzir alternativas frente às representações de todo o

universo de imagens que o rodeia.

Objetivos

Compreender, através da análise das pinturas de Leonardo da Vinci e

Michelangelo Buonarroti, o realismo que pretendiam evidenciar nas pinturas por

meio da técnica da perspectiva.

Apreciar, nas pinturas, os seguintes elementos: tema, habilidade, técnica,

simbolismo, espaço, luz e sombra, signos, técnica, perspectiva e interpretação

pessoal utilizados pelos artistas.

Encaminhamentos Metodológicos e Recursos Didáticos

1ª Etapa

Para a leitura das imagens, existem diferentes métodos: um deles é o

roteiro criado pelo pesquisador norte-americano Robert William Ott. O autor criou

este roteiro para treinar o olhar sobre obras de arte.

Os alunos serão organizados em grupos com quatro integrantes. Cada

grupo receberá uma cópia do quadro da Monalisa. Em seguida, utilizarão o roteiro

de Robert William Ott para leitura de imagens, de acordo com o Quadro 2, que

deverá ser feito em cartolina.

21

Quadro 2 − Roteiro para trabalho sobre o olhar para as obras de arte

Roteiro Obra de arte: Monalisa

1) Descrever - O que você vê em cada imagem? Descreva. Ex.: pessoas, animais, árvores...

2) Analisar - Faça uma análise de cada imagem. Agora é hora de analisar a descrição feita, como estão as pessoas, roupas, os acessórios, a textura, o material e a técnica.

3) Interpretar - Faça sua interpretação da imagem. Que tema, assunto está sendo representado na obra.

4) Fundamentar - Agora é hora de pesquisar o contexto histórico para realmente entender a obra.

5) Revelar - Aqui se enquadra a releitura. Os alunos produzirão, por meio de desenho, colagem ou pintura, numa folha de papel, a Monalisa dos dias atuais. Destacar acessórios, roupas, penteados, e objetos usados pelas mulheres dos dias de hoje.

Fonte: Ott ((Disponível em: http://www.scribd.com/doc/31061694/oficina16portinari. Acesso em: 20. jun. 2010)

2ª Etapa

A última etapa do roteiro será realizada com a participação e contribuições

da professora de Artes, que deverá fundamentar os alunos em suas aulas, com o

apoio da releitura de obras de arte. Usarão os elementos da perspectiva: linha do

horizonte, ponto de vista, ponto de fuga e linhas de fuga, os quais determinam o

nível e o ângulo visual do espectador no contexto do desenho. Em conjunto,

permitem a elaboração de esquemas gráficos necessários para desenhar objetos

contextualizados em ambientes ou paisagens sem distorção estrutural.

O uso da perspectiva é uma marca registrada na pintura Renascentista,

deixando evidente que uma das preocupações era se conseguir maior realismo às

obras, tendo em vista que o uso da perspectiva na pintura emite a ideia de

profundidade.

22

3ª Etapa

Discutir com os alunos sobre costumes da época em que o quadro foi

pintado que não vigoram nos dias atuais. Por exemplo, as roupas, o cabelo

comprido, entre outros quesitos. Fazer um paralelo entre os costumes atuais e os

daquela época.

Avaliação

Acontecerá durante todos os momentos e por meio da participação e dos

registros realizados pelos alunos nas atividades. As produções dos alunos serão

fixadas em um quadro mural, externo à sala de aula.

4.3 ATIVIDADE 3: A VIDA IMITA A ARTE OU A ARTE IMITA A VIDA?

Considerações

Analisar a História do período renascentista significa compreender que as

ideias medievais estavam marcadas pela religiosidade. Também, se faz necessário

pontuar que, naquele período, podiam ser observadas diferenças em relação a

comportamentos, valores, interesses e modos de ver o mundo, nas diferentes

“classes sociais” (se é que podemos utilizar tal conceito).

As ideias surgidas no final da Idade Média e no início da Idade Moderna

influenciaram o pensamento Iluminista. Isso leva à compreensão dos pensamentos

que se manifestaram nas artes, que expressam ideias e desenvolvem-se pela

experiência humana.

Para se analisar os principais pontos que direcionam a compreensão da

importância do pintor Michelângelo e de sua obra, e, ainda, dos interesses sociais e

políticos envolvidos no desenvolvimento da sua obra, propomos a análise do filme

Agonia e Êxtase. Um filme ou partes dele pode colaborar para uma reflexão, tendo

em vista que, nos filmes, as linguagens utilizadas atingem todos os nossos sentidos.

Os sons, as imagens e o ritmo das cenas seduzem e transportam as

pessoas para outras realidades, para diferentes épocas. Quando assistimos a um

filme, ligamo-nos ao passado, ao futuro ou a um mundo que não tenha tempo.

23

Com o filme Agonia e Êxtase, pretende-se, com as diversas informações, se

estabelecer relações entre povos, lugares e tempos, o que poderá servir de ponte

para o alcance de alguns aspectos ora citados.

Objetivos

� Mostrar a Europa no século XV e as diferenças em relação à Europa do

período medieval;

� Discutir a figura do papa Julio II, simbolizando a combinação de um

tempo medieval e de um financiador da arte renascentista;

� Perceber como era a vida no século XV, observando-se o luxo das

construções inspiradas na Antiguidade;

� Perceber que, para os camponeses, as transformações não ocorreram

da mesma forma, e que ainda permaneciam como nos tempos

medievais;

� Verificar a concentração do capital nas mãos da burguesia, enriquecida

com a atividade comercial;

� Identificar, nas discussões entre o Papa e Michelângelo, a possibilidade

de compatibilidade entre fé e razão.

Encaminhamentos Metodológicos e Recursos Didáticos

1ª Etapa

Após estudo do conteúdo no livro didático, das diversas atividades

propostas, deverá ser exibido o filme Agonia e Êxtase, antes precedido por um

documentário que apresenta a vida e a obra de Michelângelo. Isso permitirá uma

primeira análise do que será apresentado no filme, afinal, conhecer o idealizador da

grandiosa obra será importante para compreender os detalhes de seu trabalho.

Por meio do filme, o aluno compreenderá que o artista, que viveu de 1475-

1564, foi um dos maiores artistas do Renascimento italiano. Michelangelo realizou

vários trabalhos em Florença sob a proteção da família Médici, que trabalhou em

Roma para o papa Julio II, realizando vários trabalhos no Vaticano.

24

Ainda, o aluno conhecerá Rafaello (Rafael) (1483-1520), que também seria

considerado um dos maiores pintores do mundo.

Apesar de o filme ser muito longo, é importante assisti-lo na íntegra, porque

suprimir partes de um filme acarreta grande possibilidade de tornar prejudicada a

compreensão das temáticas que se quer atingir.

2ª Etapa

Após a exibição do documentário e do filme, realizar uma atividade

expositiva pelo professor, apresentando alguns pontos que deverão ser discutidos

em um próximo encontro.

3ª Etapa

Os alunos apontarão as principais observações sobre o Renascimento. As

apresentações poderão ter formatos diferentes, de acordo com o interesse de cada

aluno: na forma de texto, de poesia, de história em quadrinhos, de desenhos,

destacando-se as cenas mais marcantes do filme.

Que objetos, personagens e situações são mais marcantes? Por que?

4ª Etapa

Realizar a troca de produções entre os alunos para que todos possam

experimentar as várias possibilidades de interpretação das imagens.

Critérios de avaliação

� Envolvimento e participação dos alunos durante a exibição do filme, nas

discussões que realizadas para a compreensão do tema.

� Organização e clareza das informações apresentadas nos trabalhos

sugeridos.

25

4.4 ATIVIDADE 4: SIMBOLOGIA DAS INVENÇÕES.

Considerações

O estudo do Renascimento Cultural possibilita ao aluno entender outros

pontos de vista sobre a história, percebendo que ela vai além de questões políticas e

econômicas; que há um movimento na sociedade que se reflete e faz parte da arte e

do campo das ideias da época.

Quando falamos do Renascimento, geralmente nos referimos somente às

artes, deixando para segundo plano a produção científica da época.

Nesta atividade, propomos que os alunos façam uma pesquisa sobre os

principais avanços científicos de todo o período Renascentista. A classe será

dividida em grupos e será solicitado que os alunos pesquisem sobre cientistas como

Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Johannes Kepler, Paracelso, entre outros. Os

grupos deverão explicar para a classe quais foram os principais avanços obtidos

pelo cientista escolhido, que contribuíram para desenvolver a ciência na sua época.

Objetivos

� Perceber o Renascimento como um movimento de transição da

sociedade medieval para a sociedade moderna, por meio de um olhar

sobre as invenções de Leonardo Da Vinci.

� Analisar a utilidade da invenção proposta por Leonardo Da Vinci no

contexto histórico.

Encaminhamentos Metodológicos e Recursos Didáticos 1ª Etapa

Organizar os alunos e levá-los à sala de informática para conhecerem as

maquetes das invenções de Da Vinci, no sítio do Ministério da Ciência e Tecnologia,

(Disponível em: http://www.inpe.br/exposicao/exposicao.php).

Os alunos conhecerão a utilidade de cada invenção. Destacar aquela que

chamou mais a atenção de cada um e explicar o motivo. Fazer o registro das

observações realizadas.

26

2ª Etapa

Discutir com os alunos qual invenção poderia ser reproduzida por eles em

forma de miniatura. Quais materiais seriam necessários? Por exemplo, a maquete

da Ponte Giratória. Tal ponte destinava-se a unir uma ilha-fortaleza ao continente.

Essa ponte foi projetada de forma a poder ser girada de volta, quando fora de uso,

eliminando a possibilidade de acesso do inimigo. Os alunos poderão escolher esta

ou, se quiserem, optar por outra invenção para confeccionar a maquete.

3ª Etapa

Os alunos devem ser divididos em grupos e organizar a lista de materiais

necessários à confecção da maquete, bem como os demais detalhes. Esse trabalho

será realizado no Colégio, em horário predeterminado, sob orientação da professora.

4ª Etapa

Após a conclusão do trabalho, cada grupo de alunos apresentará a miniatura

para a classe. Propor uma discussão. Sugestão de questões:

a) Quais são as utilidades das invenções de Da Vinci?

b) Quais são as contribuições das invenções de Da Vinci? Em que objetos

são utilizadas ainda hoje?

c) Que invenção se faz necessária nos dias atuais? Por que?

d) Provavelmente surgirão outras abordagens, igualmente ricas para o

aprendizado. Explorar cada uma delas.

e) Sugerir a produção de um texto coletivo, por grupo, relatando sobre o

trabalho realizado e as questões que surgiram durante a discussão.

Avaliação

Acontecerá durante todos os momentos e por meio da participação e dos

registros realizados pelos alunos nas atividades.

27

4.5 ATIVIDADE 5: VIAGEM (VIRTUAL) AO ENCONTRO DAS IMAGENS DO TETO

DA CAPELA SISTINA. IMAGENS OU CÓDIGOS SECRETOS?

Considerações

Convidar os alunos para observar que a arte manifesta-se de várias formas

e.está presente ao longo da história. Além de ser uma expressão pessoal do artista,

a arte por ele produzida é também uma manifestação social, ou seja, o significado

de uma cultura.

Leonardo da Vinci entendia de engenharia, matemática, música e

arquitetura. Profundo conhecedor da anatomia humana, apesar da proibição da

Igreja Católica dissecou cadáveres por muito tempo e sabia exatamente a posição

de cada músculo, cada tendão e cada veia do corpo humano.

Mas como registrar suas descobertas se esse estudo era proibido?

Objetivos

� Desenvolver a capacidade de observação;

� Ampliar o conceito de liberdade de expressão.

Encaminhamentos Metodológicos e Recursos Didáticos

1ª Etapa

Apresentar aos alunos o desenho de Leonardo da Vinci (1452-1519)

chamado O Homem Vitruviano, que retrata uma figura humana no interior de um

quadrado e de um círculo. Ao observar a imagem, é importante questionar o que se

pode ver na imagem e o que ela reflete.

Destacar que, para realizar essa obra, Da Vinci baseou-se no trabalho do

arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio (75-25 a.C.). Vitrúvio escreveu que a

arquitetura deveria tomar a natureza e suas proporções perfeitas como ponto de

partida para a construção de ambientes.

28

Registrar as primeiras impressões das observações dos alunos na forma de

um texto coletivo, no quadro de giz, com a participação da classe.

Comentar que o desenho mostra o interesse pela proporção da

representação da figura humana, desenvolvida pelos gregos no século V a.C. Os

homens da Renascença, inspirados nos gregos, passaram a observar o mundo

segundo a percepção humana, ressaltando as suas virtudes e a sua capacidade de

criar.

Da Vinci descreve como a forma humana com as mãos e pernas abertas

poderia ser encaixada em um círculo, cujo centro seria o umbigo. E sugere que a

figura pode também estar contida exatamente dentro de um quadrado. Essa

representação do homem no centro revela que os renascentistas davam muita

importância ao ser humano e ao natural, contrariando a visão medieval que

glorificava o divino e o extraterreno, atribuindo maior importância ao ser humano e à

razão.

2ª Etapa

Apresentar aos alunos a manchete do Jornal da UNICAMP4. A manchete

traz o lançamento do livro que decifra códigos usados pelo artista italiano em afresco

da Capela Sistina, lançado pelo médico Gilson Barreto e o químico Marcelo

Ganzarolli de Oliveira, por intermédio da Editora ARX.

Os alunos farão a leitura e a discussão a respeito das suas observações, as

quais deverão ser registradas, para socialização com os demais colegas.

3ª Etapa

Na obra de Michelangelo, não observamos apenas a beleza e a perfeição

com que ele retratava o ser humano, mas também a forma como retratava o homem

e como o fazia.

Os alunos visitarão os sites abaixo indicados para visualizar as obras dos

artistas, segundo orientações da professora, no laboratório de informática:

4 Edição de 21 a 27 de junho de 2004 do Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas.

Disponível em: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/junho2004/ju256pag12.html. Acesso em 20. mai. 2010.

29

http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html

http://www.louvre.fr

(OBRAS, 2010)

Num primeiro momento, trabalhar a imagem da obra de Michelangelo, A

Criação de Adão, e explorar as possibilidades estética e religiosa. Pedir para que os

alunos descrevam (oralmente e de forma escrita) o que veem na pintura;

A seguir, promover um debate entre os alunos. Após, mostrar-lhes a

semelhança existente entre parte da anatomia humana (no caso, o pulmão) e o

manto de Deus. E novamente promover o debate entre os alunos, apontando para o

que está explícito e implícito no quadro A Criação de Adão, registro da imagem do

pulmão e o tronco pulmonar, com foi relatado na manchete do Jornal da UNICAMP.

Mostrar para os alunos que, em meio aos afrescos que pintou no teto da

Capela Sistina, no Vaticano, Michelangelo Buonarroti espalhou ossos, nervos,

músculos, vísceras, artérias e órgãos humanos, que permaneceram ocultos desde

1512, quando o gênio renascentista concluiu o trabalho encomendado pelo Papa

Júlio II.

O segredo foi ignorado durante quase cinco séculos, até que há bem pouco

tempo dois brasileiros desvendaram seu código e mostraram ao mundo que o teto

da Capela Sistina, além de ser uma das mais belas representações artísticas do

mundo, talvez tenha sido também a lição de anatomia mais genial de que a

humanidade tem notícia.

Avaliação

Acontecerá durante todos os momentos e por meio da participação e dos

registros realizados pelos alunos nas atividades.

Os alunos, em grupos de quatro integrantes, organizarão uma apresentação

em mídia digital (software power point), reunindo dados, informações, imagens,

curiosidades e outros conhecimentos. A apresentação será disponibilizada para a

turma.

30

4.6 ATIVIDADE 6: VALORES MEDIEVAIS E VALORES RENASCENTISTAS

Considerações

Imersos na terceira grande revolução tecnológica, a dita Revolução da

Informática, em que os acontecimentos e informações nos remetem à sociedade da

pressa, da emergência, percebemos a necessidade de utilizar um recurso didático

que não só nos possibilite e facilite o processo ensino-aprendizagem, como também

o torne mais dinâmico.

Assim, considerando o desenho e a pintura como as primeiras formas de

representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo

narrativas por meio de imagens e da importância que as mesmas assumem no

decorrer do tempo, a opção pelo uso da imagem, no caso a pintura, para

trabalharmos o período renascentista, justifica-se, uma vez que o mesmo acontece

numa época de vasta produção cultural, científica e artística.

Pelo Renascimento Cultural e Científico, a humanidade olhou para seu

passado histórico e, a partir de certas condições políticas, econômicas e sociais,

criou um mundo com novos valores.

As imagens de um determinado momento histórico podem nos revelar os

modos de perceber, sentir e os gostos da época.

Objetivos

� Com base nas pinturas de Leonardo da Vinci e Michelângelo Buonarroti,

destacar que valores renascentistas podem ser atribuídos a essas obras.

� Relacionar as mudanças socioeconômicas às novas atitudes e ideias

surgidas no Renascimento;

� Diferenciar os conceitos sobre humanismo; mecenato; antropocentrismo,

individualismo.

Encaminhamento metodológico e recursos didáticos 1ª Etapa

O conteúdo será trabalhado de maneira individual e em grupos, por meio de

leituras de textos, comentários, discussões sobre o Renascimento Cultural, séculos

31

XV e XVI, enfatizando as pinturas de Leonardo da Vinci e Michelângelo Buonarroti.

Usar o livro didático, propondo comparações e mostrando as diferenças

entre os valores medievais e os valores renascentistas; fazer uso do dicionário para

pesquisa de algumas palavras, com vistas à melhor compreensão do texto e

aprendizagem do conteúdo trabalhado.

Destacar para os alunos que o período renascentista promove um cenário

de profundas transformações, em que foi se cristalizando uma nova visão de mundo,

contrapondo-se ao pensamento medieval incutido pela Igreja Católica.

Identificar junto aos alunos a dualidade existente no período: a Igreja

Católica pregava a ilegitimidade do lucro, mas mercadores e banqueiros

acumulavam riquezas a partir dele; impunha-se a submissão do homem à vontade

de Deus, mas a burguesia estava invertendo a ordem e se tornando cada vez mais

poderosa; afirmava que só Deus tinha poderes para mudar o mundo, mas os

comerciantes estavam transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.

2ª Etapa

Nessa etapa, é hora de estabelecer um paralelo entre o Renascimento, a

expansão marítima e comercial europeia dos séculos XV e XVI.

Os alunos deverão pesquisar de que forma o novo mundo concebido pelos

renascentistas ajudou os povos europeus a realizarem as descobertas do Novo

Mundo. Discutir com os alunos e atribuir algum valor ao antropocentrismo, à busca

pela explicação racional do mundo e às novas ciências e descobertas como algo

muito importante.

Explique que até a Idade Média, predominava o teocentrismo, concepção

pela qual Deus ocupava o principal lugar na explicação do universo.

' Avaliação

Apresentar os tópicos estudados na forma de um noticiário de TV.

Cada grupo terá uma função.

Estabelecer as funções: após pesquisa e estudo do tema, quem organizará

as informações na forma de notícias; quem fará os comentários, as propagandas, os

anúncios de intervalo, com possíveis produtos e serviços daquela época.

32

4.7 ATIVIDADE 7: RENASCIMENTO: CONTINUIDADES E RUPTURAS

Considerações

De acordo com a perspectiva das Diretrizes Curriculares para o Ensino de

História (PARANÁ, 2006), encontramos como eixos estruturantes as relações

sociais, relações culturais e relações de poder. Por meio da perspectiva dos eixos

estruturantes, o período histórico do Renascimento será analisado em relação aos

aspectos de continuidade do período anterior (Idade Média), bem como aspectos de

ruptura que prepararam o período posterior (Modernidade).

Tendo em vista que estamos diante de um período de transição, que

apresenta aspectos de continuidade e ruptura, por meio do estudo do período

renascentista é possível visualizar tanto os elementos estruturais da Idade Média em

crise quanto os elementos estruturais da Modernidade nascente.

Muitos afirmam que vivemos em uma época de crise e transição, e o estudo

das relações sociais, culturais e políticas do renascimento pode fornecer

ferramentas de análise úteis para uma abordagem sobre a nossa própria época.

Encaminhamento metodológico e recursos didáticos

1ª Etapa

Iniciar a aula com a Leitura do texto de Pico Della Mirândola (1989, p. 49, 51,

53), Identificando o autor como representante do período renascentista. Depois,

preencher a tabela, como apresentado na segunda etapa.

2ª Etapa

Preencher o quadro como o modelo abaixo:

Quadro 3 − Características do Período Medieval e Período Renascentista

CARACTERÍSTICAS Período Medieval Período Renascentista

Fonte: A autora

33

3ª Etapa

Refazer a leitura do texto de Pico Della Mirândola (1989, p. 49, 51, 53).

Realizar pequenas pausas, em determinados momentos, para questionar os

alunos se eles identificam alguma característica presente na tabela. Como o texto do

pensador em questão é permeado de elementos de ambos os períodos, os alunos

poderão identificar elementos de continuidade e ruptura.

4ª Etapa

Por meio da TV pendrive, mostrar as imagens observadas na realização das

atividades anteriores. As imagens têm estilo gótico. Comentar sobre os elementos

teocêntricos, como os pináculos, a altura do teto, a projeção da superioridade divina

e da insignificância humana diante da grandeza das estruturas e imagens.

Continuar mostrando os catedrais em estilo romântico mais atenuados e

chocar com imagens de construções da Grécia antiga e da Capela Cistina.

Questionar novamente os alunos, repassando as imagens da Capela Cistina,

orientados pela tabela do quadro. Finalizar o processo, comparando imagens

internas de catedrais medievais com as pinturas de Leonardo da Vinci e

Michelangelo Buonarroti.

Que conclusões podemos retirar dessa comparação?

Avaliação

Solicitar que os alunos desenvolvam uma produção escrita em dois grupos

diferentes. O primeiro grupo irá produzir um texto a partir dos estudos realizados,

com o título: "A verdadeira vida começa quando esta vida termina". O segundo grupo

discorrerá sobre esse tema.

Estabelecer um limite mínimo de linhas para as produções.

Antes de os alunos concluírem as escritas, o professor interrompe-os, de

forma atenta, para não deixar que concluam a atividade. O professor deve recolher

as redações e redistribui-las aos alunos de forma que aqueles que redigiam sobre

um título, finalizem a redação do colega que produzia com outro título. Espera-se, de

maneira espontânea, que o resultado final das redações apresente contradições,

continuidades ou integração de opostos diante de uma nova perspectiva.

34

REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Disponível em: http://www.inpe.br/exposicao/exposicao.php. Acesso em: 4. jun 2010. CHAVES,L.C. Renascimento. Disponível em: < http://www.culturabrasil.pro.br/arenascenca.htm > . Acesso em: 19.mar.2010. CUMMING, R. Para entender a Arte. Tradução de Isa Mara Lando. São Paulo: Ática, 1995. 104 p. FALCON, F. Mercantilismo e Transição. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. 101 p. GARIN, E. Ciência e vida civil no Renascimento italiano. São Paulo: UNESP, 1996. ______. Idade Média e Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1994. GOMBRICH, E. H. História da Arte.Tradução de Álvaro Cabral. 13. ed. São Paulo: Círculo do Livro, 1977. 506 p. ______. Cultura Visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000 HERNANDEZ, F. Catadores Da Cultura Visual proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007. LARA, T. A. Caminhos da razão no Ocidente: a filosofia ocidental do Renascimento aos nossos dias. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 175 p. MUHLBERGER, R. O que faz de um Da Vinci um Da Vinci? Tradução de Valentina Fraíz-Grijalba. São Paulo: Cosac Naify, 2000. 48 p. OBRAS. Disponível em: <http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/index.html>; <http://www.louvre.fr>. Acesso em: 12. mai.2010. OTT, R. W. Ensinando crítica nos museus. In: BARBOSA, A. M. (Org.). Arte-Educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez,1997. PAIVA, E. F. História & Imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. 120p. ______. Arquitetura gótica e escolástica: sobre a analogia entre arte, filosofia e teologia na idade média. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. PANOFSKY, E. Significado nas Artes Visuais. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. 439p.

35

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico para as Escolas Públicas do Estado do Paraná. Curitiba: SEED, Pr., 1990. PARANÁ. Diretrizes curriculares da rede pública de educação básica do Estado do Paraná. Curitiba: SEED, Pr, 2006. PESAVENTO, S. J. História e História Cultural. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 130 p.

PICO DELLA MIRANDOLA, Giovanni. Discurso sobre a dignidade do homem. Edição Bilíngue. Lisboa: Edições 70, 1989, p. 49, 51 e 53. ROTEIRO de Robert William Ott. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/31061694/oficna16portinari. Acesso em: 10 mar. 2010. SCHLESENER, Anita Helena. A escola de Leonardo: Política e Educação nos escritos de Gramsci. Brasília: Líber Livro, 2009. 188p. SEVCENKO, N. O Renascimento. 8. ed. São Paulo: Atual, 1988. 82 p.

REFERÊNCIAS DOS VÍDEOS HISTORIA da Arte. Produção: Pólo Industrial de Manaus. Manaus: Copyright Cultural S.A, 1 DVD. PATRIMÔNIOS da Humanidade: O Renascimento. Produção: Pólo Industrial de Manaus:Sonopress Rimo Indústria e Comércio Fonográfica S/A. 1 DVD (65 min). AGONIA E ÊXTASE. Disponível em: http://filmestododia.com/2010/02/download-agonia-e-extase-dublado/. Acesso em 12 abr. 2010.

REFERÊNCIAS DAS IMAGENS

Imagem 1 - Monalisa, de Leonardo da Vinci Fonte: Disponível em http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg. Acesso em: 03 fev. 2010. Imagem 2 - Virgem dos Rochedos, de Leonardo da Vinci Fonte: Disponível em http://www.historiadaarte.com.br/imagens/Leonardo1.jpg. Acesso em: 03 fev. 2010.

36

Imagem 3 − A última ceia Fonte: Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Leonardo_da_Vinci_%281452-1519%29_-_The_Last_Supper_%281495-1498%29.jpg. Acesso em: 03 fev. 2010. Imagem 4 – Homem Vitruviano Fonte: Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg. Acesso em: 03 fev. 2010. Imagem 5 − Detalhe teto capela Sistina http://divulagarciencia.com Fonte: Disponível em: http://www.flickr.com/photos/danilosiqueira/3006122399/sizes/o/. Acesso em: 03 fev. 2010.

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ANEXO

DISCURSO SOBRE A DIGNIDADE DO HOMEM

por GIOVANNI PICO DELLA MIRANDOLA

Li nos escritos dos Árabes, venerandos Padres, que, interrogado Abdala Sarraceno sobre qual fosse a seus olhos o espetáculo mais maravilhoso neste cenário do mundo, tinha respondido que nada via de mais admirável do que o homem. Com esta sentença concorda aquela famosa de Hermes: “Grande milagre, ó Asclépio, é o homem”.

Ora, enquanto meditava acerca do significado destas afirmações, não me satisfaziam de todo as múltiplas razões que são aduzidas habitualmente por muitos a propósito da grandeza da natureza humana: ser o homem vínculo das criaturas, familiar com as superiores, soberano das inferiores; pela agudeza dos sentidos, pelo poder indagador da razão e pela luz do intelecto, ser intérprete da natureza; intermédio entre o tempo e a eternidade e, como dizem os Persas, cópula, portanto, himeneu do mundo e, segundo atestou David, em pouco inferior aos anjos. Grandes coisas estas, sem dúvida, mas não as mais importantes, isto é, não tais que consintam a reivindicação do privilégio de uma admiração ilimitada. Porque, de fato, não deveremos nós admirar mais os anjos e os beatíssimos coros celestes?

Finalmente, pareceu-me ter compreendido por que razão é o homem o mais feliz de todos os seres animados e digno, por isso, de toda a admiração, e qual enfim a condição que lhe coube em sorte na ordem universal, invejável não só pelas bestas, mas também pelos astros e até pelos espíritos supramundanos. Coisa inacreditável e maravilhosa. E como não? Já que precisamente por isso o homem é dito e considerado justamente um grande milagre e um ser animado, sem dúvida digno de ser admirado.

Mas, escutai, ó Padres, qual é essa condição de grandeza e, com a vossa liberalidade, prestai um ouvido benigno e tolerante a este meu discurso. Já o Sumo Pai, Deus arquiteto, tinha construído segundo leis de arcana sabedoria este lugar do mundo como nós o vemos, augustíssimo templo da divindade. Tinha embelezado a zona superceleste com inteligências, avivado os globos etéreos com almas eternas, povoado com uma multidão de animais de toda a espécie as partes vis e fermentantes do mundo inferior. Mas, consumada a obra, o Artífice desejava que houvesse alguém capaz de compreender a razão de uma obra tão grande, que amasse a beleza e admirasse a sua grandeza. Por isso, uma vez tudo realizado, como Moisés e Timeu atestam, pensou por último criar o homem. Dos arquétipos, contudo, não ficara nenhum sobre o qual modelar a nova criatura, nem dos tesouros tinha algum para oferecer em herança ao novo filho, nem dos lugares de todo o mundo restara algum no qual se sentasse este contemplador do universo. Tudo estava já ocupado, tudo tinha sido distribuído nos sumos, nos médios e nos ínfimos graus. Mas não teria sido digno da paterna potência não se superar, como se fosse inábil, na sua última obra, não era próprio da sua sapiência permanecer incerta numa obra necessária, por falta de decisão, nem seria digno do seu benéfico amor que quem estava destinado a louvar nos outros a liberalidade divina, fosse constrangido a lamentá-la em si mesmo. Estabeleceu, portanto, o ótimo artífice que, àquele a quem nada de especificamente próprio podia conceder, fosse comum tudo o que tinha sido dado parcelarmente aos outros. Assim, tomou o homem como obra de natureza indefinida e, colocando-o no meio do mundo,

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falou-lhe deste modo: “Ó Adão, não te demos nem um lugar determinado, nem um aspecto que te seja próprio, nem tarefa alguma específica, a fim de que obtenhas e possuas aquele lugar, aquele aspecto, aquela tarefa que tu seguramente desejares, tudo segundo o teu parecer e a tua decisão. A natureza bem definida dos outros seres é refreada por leis por nós prescritas. Tu, pelo contrário, não constrangido por nenhuma limitação, determiná-la-ás para ti, segundo o teu arbítrio, a cujo poder te entreguei. Coloquei-te no meio do mundo para que daí possas olhar melhor tudo o que há no mundo. Não te fizemos celeste nem terreno, nem mortal nem imortal, a fim de que tu, árbitro e soberano artífice de ti mesmo, te plasmasses e te informasses, na forma que tivesses seguramente escolhido. Poderás degenerar até aos seres que são as bestas, poderás regenerar-te até às realidades superiores que são divinas, por decisão do teu ânimo”.

Ó suma liberalidade de Deus pai, ó suma e admirável felicidade do homem!, ao qual é concedido obter o que deseja, ser aquilo que quer. As bestas, no momento em que nascem, trazem consigo do ventre materno, como diz Lucílio, tudo aquilo que depois terão. Os espíritos superiores ou desde o princípio, ou pouco depois, foram o que serão eternamente. Ao homem nascente o Pai conferiu sementes de toda a espécie e germes de toda a vida, e segundo a maneira de cada um os cultivar assim estes nele crescerão e darão os seus frutos. Se vegetais, tornar-se-á planta. Se sensíveis, será besta. Se racionais, elevar-se-á a animal celeste. Se intelectuais, será anjo e filho de Deus, e se, não contente com a sorte de nenhuma criatura, se recolher no centro da sua unidade, tornado espírito uno com Deus, na solitária caligem do Pai, aquele que foi posto sobre todas as coisas estará sobre todas as coisas. Quem não admirará este nosso camaleão?

FONTE; PICO Della MIRANDOLA, Giovanni. Discurso sobre a dignidade do homem. Edição Bilíngüe. Lisboa: Edições 70, 1989. p. 49, 51 e 53.