DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · O grande desafio do professor de Educação Física no...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS TÉCNICOS-TÁTICOS DO ENSINO DO VOLEIBOL

POR MEIO DO MÉTODO ANALÍTICO E MÉTODO COGNITIVO GLOBAL, EM

TURMAS DE 5ª SÉRIES DO ENSINO ESCOLAR

Autor:Joelcio Schulz 1

Orientador:Michel Milistetd 2

RESUMO: Dentro das Diretrizes Curriculares de Educação Física do Estado do

Paraná, temos o Esporte como um dos conteúdos estruturantes. Ele está incluído para garantir aos alunos o direito ao acesso e a reflexão sobre as praticas esportivas, os esportes devem ser adaptados de acordo com realidade escolar e estar sempre incluída no cotidiano da rede publica de ensino. O objetivo do presente estudo consiste na análise dos aspectos técnicos-táticos do ensino do voleibol por meio dos métodos cognitivo global e método analítico em turmas de 5ª serie com média de idade de 11anos e 6 meses.. Para proceder a análise do desempenho dos alunos em situação de jogo foi utilizado o instrumento GPAI (The Game Performance Assessment Instrument) (Oslin et al.,1998). A análise dos aspectos táticos foram aferidos pela tomada de decisão e pelo ajustamento, enquanto a eficácia na execução das habilidades no aspecto técnico. Não foi possível observar melhora no rendimento dos alunos nos aspectos técnicos-táticos após 10 aulas de aplicação dos dois métodos de ensino nesta faixa etária. Porém no método cognitivo global observou-se uma maior participação e envolvimento dos alunos, por eles terem um maior contato com a bola e uma situação real do jogo, através do jogo reduzido.

Palavras- chave: Voleibol; Métodos de Ensino; Técnica-Tática.

1 Professor de Educação Física da Rede Pública de Ensino Estadual do Paraná, formado em

Educação Física, na Unioeste, Campus de Marechal Candido Rondon,Pr.. 2 Mestre em Ciências do Desporto, Universidade do Porto, Portugal. Departamento de

Educação Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

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Introdução

O presente projeto se coloca como possibilidade de intervenção na prática

pedagógica do Colégio Estadual Neusa Domit, aplicando diferentes abordagens de

ensino na modalidade de voleibol.

As Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física do Paraná ( 2008)

abordam a “Cultura Corporal” como objeto de estudo/ensino e apresentam uma

proposta pedagógica que dota o aluno de conhecimentos que vão além de gestos e

expressões técnicas de instrumentalização em jogos e modalidades esportivas.

Dentro dessas diretrizes temos o Esporte como um dos conteúdos estruturantes que

deve ser desenvolvido com os educandos ao longo do processo de ensino. Desse

modo, um dos objetivos é garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre

suas práticas esportivas que devem ser adaptadas de acordo com a realidade

escolar dentro das ações cotidianas na rede pública de ensino. Os esportes

coletivos trazem benefícios ao desenvolvimento geral das crianças, jovens e até

mesmo adultos, pois apresentam componentes físicos, psíquicos e sociais que estão

relacionados entre si.

O voleibol, uma modalidade coletiva presente como conteúdo de aplicação já

nas 5ª séries, tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento de noções de respeito

às regras e no aprimoramento das capacidades motoras, físicas e psíquicas. Isso

ocorre porque nessa fase os alunos estão conhecendo seus próprios limites e

também aqueles estabelecidos pelo grupo.

O ensino dos esportes coletivos nas escolas ocorrem já nas séries iniciais,

sendo que existe naturalmente uma dificuldade na assimilação no seu processo de

ensino-aprendizagem, em especial na modalidade de voleibol, pois é um esporte

que requer uma técnica mais apurada, pois caracteriza-se numa estrutura de

cooperação por troca de bolas, que em um ambiente formal de jogo, representa

poucas oportunidades de manipulação da bola, levando uma provável desmotivação

dos alunos.

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O grande desafio do professor de Educação Física no ensino de voleibol é

encontrar uma maneira de motivação do aluno em suas aulas, pois ele busca

praticar aquilo que lhe da mais prazer, pois dificilmente ele pratica o voleibol fora da

escola já que ainda não domina o jogo.

Conforme Corrêa, Silva, Paroli,( 2004), a necessidade do aprendizado tático

devido as características do voleibol, que ocorrem atividades ricas em situações de

imprevisibilidade, portanto, necessitam de adaptabilidade por parte dos jogadores

para resolver tais situações. No decorrer do jogo surgem tarefas motoras de grande

complexidade para cuja resolução não existe um modelo de execução fixo. Sendo

assim, é requerida permanente atitude tático-estratégica, cuja construção depende

do conhecimento que o jogador tem do jogo. Os alunos constroem seu

conhecimento através da resolução de um número de problemas relacionados à

configuração do jogo e à performance deles mesmos. Portanto, sua atuação está

fortemente condicionada pelo modo que ele concebe e percebe o jogo. A função dos

demais fatores, sejam eles de natureza técnica, física ou psíquica é a de cooperar

para facilitar o acesso a desempenhos táticos de nível cada vez mais elevado.

Este trabalho visa buscar qual abordagem de ensino será mais eficiente para

o ensino aprendizagem de voleibol em alunos de 5ª séries. As abordagens serão

realizadas em 3 turmas de 5ª séries, sendo uma turma ensinado o voleibol por meio

do Método Analítico, noutra turma por meio do Método Cognitivo Global, e a terceira

ficou sendo a turma controle.

Os alunos foram avaliados no pré e no pós-testes por meio do “Game

Performance Assessment Instrument - GPAI” (GRIFFIN; MITCHELL; OSLIN, 1997;

OSLIN; MITCHELL & GRIFFIN, 1998). Esse instrumento possibilita acessar

execução de habilidades e apoio ou suporte, cujos critérios são respectivamente: a)

o jogador tenta passar para um companheiro; o jogador tenta atacar quando

apropriado, b): controle do passe e situação/organização da bola para recepção; a

bola alcança o alvo no caso do passe (ou quando do passe) ; c) o jogador posiciona-

se para apoiar o jogador que for fazer um fundamento técnico, estando ou

movimentando-se para uma posição apropriada para receber um passe.

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Desenvolvimento

Segundo LIMA (2008), o processo de ensino aprendizagem nos jogos

esportivos coletivos, deve possibilitar a realização de atividades que seus conteúdos

possam oportunizar um desenvolvimento cognitivo, fisiológico, emocional e social,

respeitando seu estágio atual de maturação de cada aluno. E a iniciação esportiva

em voleibol não pode ser indiferente perante esta afirmação. O autor ainda afirma

que o processo de ensino dos jogos esportivos coletivos não deve transmitir um

conjunto de habilidades técnicas e capacidades de forma isolada e

descontextualizada do jogo, mas sim deve oportunizar a formação do jogador

inteligente, ou seja um jogador com tomada de decisões corretas que possa se

adaptar às condições que o jogo impõe. Partindo deste princípio é necessário que o

jogo e as experiências lúdicas sejam o meio fundamental na iniciação da criança nos

jogos esportivos coletivos.

De acordo com a DCE (2008), a popularização do esporte no país, iniciou no

final dos anos 30 e passou a ser um dos principais conteúdos nas aulas de

Educação Física. O objetivo era promover políticas nacionalistas, havendo um

incentivo a praticas desportivas, criando grandes centros desportivos e importando

especialistas que dominavam as técnicas de algumas modalidades desportivas.

Nesta época a educação física era ensinada de forma militarista. Com a

promulgação da Nova Constituição e a instalação efetiva do Estado Novo, em 10 de

novembro de 1937, a prática de exercícios físicos passou a ser obrigatória em todos

os estabelecimentos de ensino. Na reforma educacional sob a atuação do ministro

Gustavo Capanema, a Lei Orgânica do Ensino Secundário, de 09 de abril de 1942,

foi permitida a entrada das práticas esportivas na escola, dividindo um espaço até

então predominado pela instrução militar. Com tais reformas a Educação Física

tornou-se uma prática educativa obrigatória, com carga horária obrigatória de três

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sessões semanais para meninos e duas para meninas, tanto no ensino secundário

como no industrial, com duração de 30 a 45minutos por sessão.

Ainda a DCE (2008) afirma que no início da década de 1940, ocorreu um

processo de desmilitarização da Educação Física brasileira, com fim da II Guerra

Mundial a instrução física militar começou a se sobreposta por outra forma do

conhecimento do corpo, iniciando um grande processo de difusão do esporte na

sociedade, e em conseqüência nas escolas brasileiras. Com o passar do tempo as

aulas passaram a ser de rendimento, competição, através de aulas rígidas e

técnicas. Os professores simplesmente não se preocupavam com a reflexão critica

dos conhecimentos, passando a ser um celeiro de atletas sendo a base da pirâmide

esportiva.). Após o golpe militar de 64 o esporte já estava consolidado como

principal conteúdo nas aulas de Educação Física, tendo como objetivo a competição

e a performance dos alunos, tendo na escola um local de descobridor de talentos

esportivos.

Segundo COSTA e NASCIMENTO (2004), nas escolas brasileiras os

esportes coletivos sempre estiveram e estão presentes e principalmente nas aulas

de educação física, isto ocorre pela aceitação dos alunos, a sua facilidade de

aplicação e pelos espaços físicos existentes. As abordagens pedagógicas em

grande maioria buscam ainda, como reflexo do período do militarismo a eficiência

técnica e o rendimento esportivo dentro das escolas usando o sistema tradicional de

ensino.

Estudos realizados por AZEVEDO e SHIGUNOV (2001), demonstram que

na rede pública de ensino das escolas brasileiras, as modalidades de voleibol,

handebol e basquetebol são os mais ensinados . Muitos autores criticam a

contemplação dos esportes na escola, pois muitas vezes a metodologia aplicada

não favorecem o processo ensino aprendizagem.

TAVARES e VELEIRINHO (1999), afirmam que ainda hoje apesar de

inovações e novas metodologias de ensino, ainda o ensino do jogo ocorre de forma

fragmentada nos elementos técnicos, ensinando exclusivamente a técnica

separadamente do jogo. Somente depois de exercitado intensamente e aperfeiçoado

estes gestos técnicos são implantados no jogo.

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Segundo COSTA e NASCIMENTO (2004), as metodologias de ensino dos

esportes nas escolas deveriam ser reavaliadas, pois a sua pratica deve ser de forma

que os alunos tenham prazer, pois os esportes fazem parte de uma cultura mundial,

e deve ser ensinado de uma forma gratificante, observando o interesse da turma e

dos alunos. Os esportes envolvem questões psicológicas, sociais e físicos; dessa

forma questiona- se que o ensino das técnicas e táticas deverá buscar um

rendimento ótimo? Qual a melhor metodologia a ser aplicada nos esportes

coletivos? E principalmente como a formação inicial irá influenciar no processo de

ensino? Sempre lembrando que na fase escolar não se deve buscar um rendimento

de alto nível, nem buscar uma especialização precoce, cabendo ao professor ter

conhecimento dos conteúdos dos jogos, da pedagogia e dos processos ensino

aprendizagem.

COSTA e NASCIMENTO (2004), afirmam que a formação profissional de

Educação Física nos últimos anos vem sendo alterado, mas a sua pratica em

relação ao ensino e metodologias aplicadas em aula ainda continua numa

abordagem tradicional, buscando o ensino da técnica. Para os profissionais de

Educação Física mudarem o seu modo de pensar e agir com relação ao sistema

tradicional para um sistema inovador, requer muito esforço, dedicação e formação

continuada.

Conforme LIMA (2008), o método tradicional ou analítico é caracterizado

principalmente pelo processo de ensino-aprendizagem realizado em partes ou

etapas, com exercícios que dividem em componentes menores os gestos técnicos.

Nesta abordagem um conjunto de movimentos considerados eficientes e perfeitos

são selecionados para o ensino de determinada modalidade esportiva, e divididos

em estágios de uma sequência pedagógica para o seu ensino, sendo uma única

maneira de executar um movimento esportivo, tornando o padrão de correção,

sendo outras formas equivocadas e incompletas da técnica considerada perfeita.

Segundo LIMA (2008), o ensino do método tradicional se caracteriza por

dedicar grande parte do ensino-aprendizagem ou treinamento na aprendizagem da

técnica em prol do desenvolvimento do jogo, este ensino evidencia uma, visão

análise formal e uma mecanicista de solucionar situações do jogo previamente

estabelecidas. As aulas baseadas na abordagem tradicional geralmente possuem

fases clássicas, iniciando com uma atividade de demonstração, seguido de

execução de exercícios para o desenvolvimento dos gestos técnicos, e finalizando

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no jogo formal, para que o aluno coloque em prática os movimentos treinados

separadamente.

Ainda para LIMA (2008), o ensino dos jogos esportivos coletivos desde a

década de sessenta tem se baseado no desenvolvimento da técnica. No Brasil, até a

década de oitenta, os futuros professores aprendiam a ensinar tendo como base as

abordagens tradicionais, e ainda hoje essas abordagens são encontradas nas aulas

de educação física, na iniciação esportiva realizadas em escolas ou clubes. As

abordagens tradicionais com ênfase na técnica sofreram influencia do treinamento

das modalidades individuais para as modalidades coletivas, pois era escasso o

conhecimento sobre estas modalidades, já em contrapartida as modalidades

individuais já possuíam uma construção teórica. Devido à importância da técnica no

desempenho nas modalidades individuais, a técnica foi considerada como fator

essencial para o desempenho nas modalidades coletivas, excluindo a dimensão

tática.

REVERDITO e SCAGLIA (2007), afirmam que é muito complexo a natureza

do jogos esportivos coletivos, pois é imprevisível e aleatória as varias situações do

jogo, que sua aprendizagem, estão ligados diretamente entre ordem e desordem,

organização e interação esta desordem é a idéia do imprevisível, do acaso. No jogo

sempre que ocorrer uma desordem levará os alunos a construção criativa capaz de

estabelecer uma nova ordem. No ambiente do jogo as inúmeras emergências e

situações imprevisíveis, frente a novos desafios o aluno irá buscar no plano

cognitivo-motor, na execução das ações estabelecer uma nova ordem, e assim

sucessivamente.

TAVARES e VALEIRINHO (2007), propõem para um processo de ensino

aprendizagem utilizando o jogo de forma reduzida, não eliminando os aspectos

essenciais da unidade do jogo, apenas reduzindo o espaço e numero de jogadores.

Com isto o objetivo do jogo esta sempre presente, seus elementos estruturais do

jogo são conservados, acontece o tempo todo as ações de ataque e defesa,

permitindo ao aluno a escolha de diferentes soluções possíveis são sendo

determinadas pelo professor.

Conforme LIMA (2008), o processo de ensino aprendizagem deve

contemplar em seus conteúdos um desenvolvimento cognitivo, fisiológico, emocional

e social, respeitando o seu estágio de maturação. Esse processo não deve transmitir

um conjunto de habilidades técnicas de forma isolada e descontextualizada do jogo,

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ele deve oportunizar a formação do jogador inteligente, que possa tomar decisões

coerentes adaptando-se as diferentes situações que ocorrem no jogo. Sendo

necessário que o jogo e as experiências lúdicas sejam fundamental nos primeiros

passos da aprendizagem dos jogos esportivos coletivos, em especial o voleibol.

LIMA (2008) afirma que para o desenvolvimento das potencialidades de um

aluno taticamente inteligente, é necessário que o ensino- aprendizagem oportunize

momentos de criatividade tática, e o ensino da técnica deve ser operacionalizado por

meio de situações de jogo, isto é, ser situacional, devido a especificidade de cada

momento de prática interferindo assim com a realização das habilidades motoras,

alterando assim a dinâmica de realização dos movimentos. No voleibol, a obtenção

do prazer de jogar e do sucesso no jogo, é necessário que esteja presente em todas

as etapas de aprendizagem, mas não somente no jogo formal (6 x 6), mas

principalmente de forma reduzida (tamanho da quadra, número de toques e

participantes), e adaptações das regras. A possibilidade de tornar um jogador-aluno

autônomo e capaz de ler o jogo e tomar decisões corretas no momento específico, é

realizado por meio de processos de ensino-aprendizagem que preconizem a

interpretação e compreensão situacional, resolvendo problemas que aparecerem

durante a realização da prática esportiva.

De acordo com MORALES (2007) no que se refere aos métodos centrados

na tática, ou seja no método cognitivo global, englobados nas novas correntes

metodológicas, pode-se dizer que condicionam positivamente o desenvolvimento

das capacidades cognitivas de percepção, atenção, antecipação e tomada de

decisão, pois esses parâmetros são apresentados em interação com os demais

componentes de ensino-aprendizagem esportiva, possibilitando assim um melhor

aprendizado.

E ainda de acordo com a DCE (2008) um dos grandes desafios da Educação

Física é fazer um redimensionamento nos conteúdos, em especial o esporte na

escola, repensando a forma pedagógica, desenvolvendo uma atitude crítica nos

conteúdos escolares. O ensino do esporte na escola de levar o aluno a uma leitura

ampla de complexidade social, política e histórica. O ensino dos esportes nas aulas

de Educação Física deve contemplar o aprendizado das táticas, técnicas e regras

básicas das modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É necessário que o

professor em seu plano de trabalho docente organize estratégias que possibilitem a

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análise crítica das modalidades esportivas e do fenômeno esportivo que sem dúvida,

é algo bastante presente na sociedade atual.

Forma de Realização

A pesquisa foi realizada com 62 crianças, com idade média de 11 anos e 6

meses, do Colégio Estadual Neusa Domit, do Município de União da Vitória, PR, em

turmas mistas de 5ª séries. O primeiro grupo foi submetido ao ensino do Método

Cognitivo Global, o segundo grupo ao ensino do Método Analítico e o terceiro grupo

“controle” não foi submetido a qualquer intervenção didática do ensino do voleibol.

No início de mês de novembro de 2010 foi realizada uma avaliação inicial

(pré- teste) com as turmas de 5ª séries A, B e D, na quadra de esportes do Colégio

Estadual Neusa Domit, no período vespertino. A quadra de mini voleibol utilizada

media 3,5m X 3,5m com altura da rede de 2m a 2,15m. Os jogos foram realizados

entre 2 jogadores X 2 jogadores com duração de 7 minutos cada um.

Após a realização da avaliação inicial houve o ensino do voleibol em 10

aulas para cada método de ensino diferente nas 5ª séries A e B, não ocorrendo

intervenção didática do ensino do voleibol na 5ª série D ( turma controle). No início

do mês de dezembro de 2010 foi realizada uma avaliação final (pós-teste) para

avaliação dos resultados dos diferentes métodos de ensino do voleibol.

A filmagem ocorreu com uma filmadora de marca Sony modelo DCR-SX63,

a uma distância de 6 metros e a uma altura de 2,5 metros da quadra.

Instrumento de observação- GPAI

O GPAI (The Game Performance Assessment Instrument) (Oslin et al.,1998)

é um instrumento de avaliação de performance individual capaz de integrar, de

forma harmonizada, os componentes técnica e tática. Trata-se de um meio de

avaliação das habilidades e competências essenciais relacionadas ao jogo,

funcionando como instrumento de sistema multidimensional concebido para medir os

comportamentos de performance no jogo. Por meio desse instrumento são avaliados

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o entendimento e a capacidade do aluno para resolver problemas táticos. A

dinâmica do jogo, assim, não estará centrada na avaliação da técnica, mas sim nos

componentes estratégicos, muitas vezes negligenciados nas práticas pedagógicas.

O GPAI é um instrumento de avaliação consistente que mede as dimensões

qualitativa e quantitativa de execução expressas por meio da participação no jogo.

Conforme proposta de Oslin et al (1998), o GPAI é composto por sete

categorias:

1- Retorno à base: retorno apropriado do executante à casa ou posição

de recuperação entre tentativas da habilidade.

2- Ajustamento: movimento ofensivo ou defensivo, conforme exigência

do fluxo.

3- Tomada de decisão: fazer escolhas acerca do que fazer com bola

durante o jogo.

4- Execução da habilidade: performance da habilidade selecionada.

5- Ação de apoio: Movimentos sem bola para receber um passe.

6- Cobertura: apoio defensivo ao jogador com bola, ou que se movimenta

para a bola.

7- Defesa/Marcação: defender um adversário que esteja ou não com a

posse da bola.

Porém, nesta pesquisa tendo como objeto o voleibol, adotou-se o protocolo

de Oslin et al (1998) em que os aspectos táticos são aferidos pela tomada de

decisão e pelo ajustamento, enquanto a eficácia na execução das habilidades nos

procedimentos técnicos de serviço, recepção, defesa, passe e ataque, foram

adaptados por Mesquita (2005). Segundo a autora, a inclusão da eficácia, deve-se

ao fato do voleibol ser um jogo desportivo onde a competência técnica tem grande

influência no resultado obtido.

As categorias de observação que foram utilizadas para a análise da

competência em jogo foram:

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Tomada de decisão

Parâmetros definidos para a categoria – Tomada de decisão

Momentos de Jogo Categorias

Colocação da bola em jogo - Coloca a bola no espaço vazio.

1º Toque - Coloca a bola no colega que realiza o 2º toque.

2º Toque - Coloca a bola no colega que realiza o 3º toque.

3º Toque - Coloca a bola no espaço vazio.

Ajustamento

Parâmetros definidos para a categoria - Ajustamento

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Eficácia

Parâmetros definidos para a categoria - Eficácia

O Método Cognitivo Global foi aplicado na 5ª série A, com 18 alunos de sexo

misto e média de idade de 11 anos e 6 meses. O ensino foi realizado na quadra de

mini-voleibol de 2X2, com a quadra medindo 3,5m X 3,5m e altura da rede de 2m a

2,15m, sendo utilizados dois espaços na rede de comprimento de 9 metros, ou seja,

resultou em duas quadras de mini-voleibol.

Na primeira aula os alunos observaram a explicação de como realizar os

movimentos, apenas segurando a bola e passando ao colega que também a

segurava. Após isso, retornava novamente ao colega que lançava a bola para o

outro lado, sendo dados três toques de cada lado da quadra, caracterizando-se o

jogo de” bola presa”. No outro lado os alunos executavam o mesmo movimento, o

saque era executado normalmente, por baixo. Eles naturalmente contavam os

pontos do jogo indo até 7, depois a equipe vencedora continuava jogando contra

uma nova dupla. Com isso, além de cumprirem as regras, em especial nos três

toques, os alunos tinham motivação pela competição comum nesta faixa etária.

Na segunda aula, o aluno somente podia segurar a bola no primeiro toque,

após deveria passar a bola ao colega na altura da cabeça para executar o toque.

Devolvendo, em seguida, a bola ao seu colega que também executava o toque

lançando-o para o outro lado, da mesma forma. Os educandos sentiram dificuldades

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no segundo e no terceiro toque, pois já não podiam mais segurar a bola. Mas a

motivação em vencer o jogo era grande apesar da dificuldade e de ocorrer muitos

erros em especial para executar o terceiro toque. A terceira e quarta aula ocorreram

da mesma forma com a melhora somente de alguns alunos no segundo e do terceiro

toque e na movimentação deles na quadra.

Na quinta aula, os alunos não podiam mais segurar a bola, devendo

receber de toque ou de manchete. Não podendo mandar a bola direto para o outro

lado, sendo obrigatório a tentativa do segundo toque e do terceiro toque, o que ficou

difícil a realização do jogo, pois eles não conseguiam direcionar a bola com exatidão

ao colega. Neste momento eles se frustravam, pois dificilmente conseguiam dar os

três toques, desse modo marcava o ponto quem executava o saque.

Nas aulas seguintes continuaram as mesmas regras, mas nos últimos 15

minutos de cada aula eles estavam livres em devolver a bola para o campo

adversário. No primeiro, segundo ou terceiro toques era o momento que eles mais

gostaram, pois eles podiam realizar os pontos mais facilmente. Os alunos mais

habilidosos já tentavam algumas estratégias para marcar o ponto mais facilmente.

As duplas com a regra livre no número de toques ficaram mais empolgadas no jogo,

pois conseguiam marcar os pontos facilmente com a bola em jogo e não somente

no saque, já que era difícil a recepção e mais de dois toques.

Após as 10 aulas foi realizado a avaliação final (pós-teste) sem regras

específicas, onde deveria ser executado os 3 toques e eles jogaram com o objetivo

somente de realizar o ponto e vencer a partida.

O Método Analítico foi ensinado na 5ª série B, com 24 alunos de sexo misto

e média de idade de 11 anos e 4 meses. Ele foi realizado de forma explicativa e

demonstrativa dos fundamentos básicos do voleibol como posição básica, toque,

manchete, saque, deslocamentos para defesa e ataque, sendo repetidos os

movimentos várias vezes em fileiras frente a frente. Eles tiveram vivência com o jogo

propriamente dito na quadra normal de voleibol, com a altura da rede de 2m a

2,15m.

Na primeira aula do Método Analítico foi executada a posição básica do

toque com eles segurando a bola e em seguida lançando para o colega que estava

na fileira em sua frente. Em seguida eles lançavam a bola para o alto e executavam

o toque para o colega, executando várias repetições.

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Na segunda aula eles davam dois toques consecutivos na bola para passar

ao colega, no segundo momento foi explicado o movimento de execução da

manchete. Realizaram-se este movimento primeiramente sem o uso da bola, em

seguida um lado da fileira executava o toque e lançava a bola para o colega da outra

fileira executar a manchete, devolvendo para a fileira que dava o toque, esta

segurava a bola e repetia o movimento, sendo após alguns minutos invertido a

execução dos movimentos de cada fileira.

Na terceira aula foram executados repetidamente os movimentos de toque e

manchete em fileiras, porém com alguns alunos atrapalhando o movimento dos

colegas.

Na quarta aula iniciou-se a explicação do saque por baixo, ele foi executado

várias vezes, com variações de movimentos entre saque, toque e manchete.

Até a décima aula era sempre formado fileiras frente a frente para executar

várias repetições dos movimentos do voleibol, antes do término das aulas eram

realizado na quadra oficial jogos de 6 X 6, sendo que o saque podia ser dado de

dentro da quadra, pois muitos não possuem força suficiente para sacar do fundo da

quadra, porém devido ao tamanho da quadra eles não conseguiam tocar na bola e

muito menos passar para os colegas, tentando sempre passar a bola para o outro

lado da quadra, na maioria das vezes sem sucesso.

Após as 10 aulas foi realizado a avaliação final (pós-teste) na quadra de

mini voleibol no jogo de 2 X 2.

A turma controle foi a 5ª série D, com 20 alunos de sexo misto com idade

média de 11 anos e 6 meses, eles realizaram a avaliação inicial (pré- teste) e a

avaliação final (pós- teste) na quadra de mini-voleibol e não tiveram nenhuma

intervenção didática do ensino do voleibol entre os períodos das avaliações.

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GRAFICOS DE RESULTADOS

Analisando o gráfico acima, referente a tomada de decisão pode-se observar

que entre as avaliações inicial e final, os alunos não obtiveram êxito e nem melhora

em colocar a bola no colega para ele realizar o 2º toque , em conseqüência não

havendo o 3º toque, cometendo erro ou lançando a bola para o campo adversário.

Tomada de Decisão

saque 1º

Toque 2º Toque 3º Toque

Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Pré - Global

29 24 3 53 0 3 0 0

Pós - Global

44 32 0 66 0 5 0 1

Pré - Analítico

46 38 3 76 0 2 0 0

Pós - Analítico

44 45 3 57 0 3 0 1

Pré - Controle

65 36 0 120 0 3 0 0

Pós - Controle

58 58 0 117 0 6 0 1

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Analisando o gráfico acima, referente ao ajustamento pode-se observar que

após o saque os alunos do Método Cognitivo Global, um percentual maior deles no

pós- teste executa o saque e entra no campo ocupando a sua posição para

defender. Nesta mesma análise também, observa-se que os 3 grupos não evoluíram

na questão de colocar-se atrás da bola e se necessário deslocar-se para receber o

saque e nem após a recepção aproximar-se da rede para atacar, muito menos

ajustar sua posição para a zona de finalização.

Ajustamento

saque 1º

Toque 2º Toque

3º Toque

Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

Pré - Global

34 19 42 14 2 1 0 0

Pós - Global

58 18 21 45 2 3 0 1

Pré - Analítico

36 47 27 52 1 1 0 0

Pós - Analítico

32 57 22 38 3 0 0 1

Pré - Controle

51 50 32 88 2 1 0 0

Pós - Controle

57 58 30 87 9 1 0 1

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Eficácia

Saque 1º Toque 2º Toque 3º Toque

Cont. Erro Exito Cont. Erro Exito Cont. Erro Exito Cont. Erro Exito

Pré – Global

26 22 5 28 27 1 0 3 0 0 0 0

Pós – Global

40 32 4 29 32 5 2 3 0 0 1 0

Pré - Analítico

47 35 2 28 44 7 0 1 0 0 0 0

Pós - Analítico

37 43 9 24 31 5 1 2 0 0 1 0

Pré - Controle

64 35 2 50 66 4 2 1 0 0 0 0

Pós - Controle

63 51 2 63 48 6 3 6 0 0 1 0

Analisando o gráfico acima, referente à eficácia, pode-se observar que no

saque o êxito foi muito pouco, tendo continuidade do adversário na recepção, porém

não dando continuidade para que o seu colega desse o 2º toque, cometendo erro ou

lançando para o campo adversário, não ocorrendo as finalizações de 3º toque.

Em números efetivos de tomada de decisão, ajustamento e eficácia não

demonstraram melhora e nem rendimento nos diferentes não foram suficiente para a

compreensão do jogo nestas turmas de 5ª série e também a época de realização

das aulas que já é uma época do ano letivo que os alunos estão praticamente

aprovados e não possuem tanto interesse em atividades que eles não gostam tanto.

Pois o voleibol ainda é algo novo e que eles não possuem ainda o domínio do jogo

mais especificamente da técnica.

No momento de ensino do Método Cognitivo Global os alunos realizavam os

movimentos pedidos, só que no momento de realização da avaliação final (pós-

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teste) eles somente queriam ganhar o jogo, simplesmente mandando a bola para o

outro lado, sem tentar executar o segundo e terceiro toque. No momento de ensino do Método Analítico os alunos de modo geral

executam os movimentos de forma como uma obrigação sem entender bem o

motivo dos exercícios, pois eram fragmentados e não se sentiam motivados na sua

realização. E quando era realizado o jogo propriamente dito na quadra oficial, eles

não conseguiam realizar os movimentos corretamente, simplesmente “batiam” de

qualquer forma na bola para tentar mandar para o campo adversário.

O ensino da técnica através do método analítico ocorre de forma

fragmentada, dos fundamentos do jogo, não ocorrendo o processo de tomada de

decisão, pois o aluno possui conhecimento antecipado do movimento a ser

realizado. Além disso, a repetição de exercícios não propiciam a motivação dos

alunos. Esta repetição de movimentos, não transfere para o aluno situações de jogo,

ou seja, não ocorre a vivência direta da execução da tática.

O ensino do método cognitivo global para os esportes coletivos possuem

características que não são totalmente previsíveis, estimulando no aluno a tomada

de decisões e resolução de problemas que ocorrem durante o processo. Os

acontecimentos não se repetem sempre na mesma ordem cronológica, fazendo com

que atitudes tático-estratégicas sejam requeridas ao aluno.

Conforme COSTA e NASCIMENTO (2004), o método cognitivo global

apresenta-se uma situação de jogo, onde os elementos técnicos e táticos são

evidenciados, e tendo como vantagem em relação ao método analítico, o

envolvimento do aluno com as atividades proporciona um elevado nível de

motivação.

De todo modo, mesmo não obtendo resultados em números pretendidos,

posso concluir que no Método Cognitivo Global, por ser um método de ensino de

quadra com dimensões reduzidas, existe uma maior participação do aluno no

envolvimento do jogo, fazendo com que ele fique mais ativo na aprendizagem e com

uma elevada freqüência de contatos com a bola.

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REFERÊNCIAS CORREA. U. SILVA. A. PAROLI. R. Efeitos de diferentes métodos de ensino na aprendizagem do futebol de salão. USP, São Paulo, 2004. COSTA, L. NASCIMENTO J. O ensino da técnica e da tática: novas abordagens metodológicas. UEM, Maringá, 2004.

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