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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

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DO GÊNERO TEXTUAL À RESPOSTA ARGUMENTATIVA

Autor: Rosangela Keiko Tatsuno¹

Orientadora: Annie Rose dos Santos²

Resumo

Este artigo é parte integrante das atividades do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, ofertado pelo Governo do Estado do Paraná para a formação

continuada do professor. Tem o objetivo central de estabelecer um ponto de vista

coerente, com base em argumentos lógicos, que visem a embasar a produção de um

texto argumentativo, artigo de opinião, partindo da compreensão do tema proposto:

bullying nas escolas e aplicando conceitos das várias áreas de conhecimento para

explicá-lo, defendê-lo ou contradizê-lo. Tal interesse se deve ao fato de reconhecer a

leitura como fonte essencial para produzir textos, provocando um processo de

intertextualidade e refletindo sobre o impacto do hábito da leitura na história da

humanidade e no modo de viver a sociedade. Como subsídios teóricos foram utilizadas

as ideias defendidas por Bakhtin e Marcushi.

Palavras-chave: Argumentação; produção; leitura; pesquisa; bullying nas escolas.

Abstract:

This article is included part of the activities of the Educational Development Program –

PDE, offered by the Government of the State of Paraná to the continue formation of the

teacher. It has the main objective of establish a coherent point of view, based in logical

arguments, that seeks to bases the production of an argumentative text, article of

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opinion. Starting at the comprehension of the proposed topic: bullying at schools and

applying concepts of various areas of knowledge to explain, defend or deny it. This

interest is due to the fact of recognizing reading as essential font to produce texts,

12using3 a process of intertextuality and reflecting about the impact of the reading habit

in the history of humanity and way of living of the society. As theoretical subsides were

used the ideas defended by Bakhtin and Marcushi.

Key-words: argumentation; production; reading; research; bullying at schools.

1 – Introdução

Monteiro Lobato já dizia, em sua época: ―Um país se faz com homens e com

livros‖. E diante dessa assertiva, sabemos que ler favorece a aprendizagem,

contribuindo para uma visão ampla da cultura. Ler é olhar o mundo de outra forma. O

que acontece com as nossas crianças e adolescentes que não gostam de ler? Onde

estaria o problema de não gostarem de ler? Na família, já sem tempo para os prazeres

das letras apenas preocupada em sobreviver? Na escola, com suas infinitas, cobranças

de tarefa escolar, que elevam o enfado das crianças quando ouvem a palavra leitura?

Ou a causa estaria no momento atual, marcado pela mídia de consumo e dos atrativos

da Internet? Talvez as respostas passam pelas vias citadas: família, escola e o

consumo divulgado pelas mídias

A leitura é de fundamental importância para o desenvolvimento e inserção dos

alunos no convívio social, sendo uma das principais competências a serem

trabalhadas/desenvolvidas na escola, pois abrange todas as áreas do conhecimento.

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Pesquisas recentes apontam a deficiência da leitura como um dos principais fatores de

limitação no desenvolvimento do educando.

Para corroborar nossa afirmação, citamos reportagem veiculada no dia 14 de

outubro de 2009, em que o Jornal da Band (TV Bandeirantes) informou que o Brasil

possui um dos piores índices de leitura e compreensão de textos, segundo um

levantamento da Unesco realizado com 52 países. Revelou também que o brasileiro lê

apenas quatro livros por ano, número muito abaixo do registrado por países

desenvolvidos, onde cada um lê, em média, dez livros. O Brasil, portanto, ocupa o 47º

lugar entre os 52 países citados na reportagem.

A leitura é considerada como um processo em que o leitor participa com uma

aptidão que não depende basicamente de sua capacidade de decifrar sinais, mas sim

de sua capacidade de dar sentido a eles, compreendê-los. Mesmo em se tratando da

escrita, o procedimento está mais ligado à experiência pessoal, à vivência de cada um

do que ao conhecimento sistemático da língua. O trabalho com a leitura objetiva a

formação de leitores e, consequentemente, de escritores, na medida em que através

dela são adquiridos os elementos para uma boa produção textual.

Neste sentido, para aprender a ler é preciso interagir com os Gêneros

Discursivos, é preciso negociar o conhecimento que já se tem (conhecimento prévio) e

receber incentivo e ajuda de leitores experientes.

Os textos desempenham papel fundamental em nossa vida social, já que

estamos nos comunicando o tempo todo com outros indivíduos, em um processo

contínuo de interação.

De acordo com Bakhtin (2003), os gêneros discursivos circulam em mais de

uma esfera, podendo ser de linguagem mais simples, como é o caso dos gêneros

cotidianos (como exemplos citamos receita de alimentos; talão de luz, água, telefone,

bilhete, cartas pessoais), ou nas produções de linguagem de estilo mais formal, nas

quais a linguagem não varia, como no caso dos gêneros da esfera burocrática (tais

como ofício, memorando), e na esfera científica (artigos, teses, livros) e ainda na esfera

jornalística (jornal, charge).

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Segundo Marcushi (2001, p.14), vivenciamos uma ―explosão de novos gêneros

e novas formas de comunicação‖ na oralidade e na escrita, sobretudo na atual fase da

cultura eletrônica. Imersos em um universo textual, não podemos ficar alheios a esse

processo. Assim, o aluno, melhor ainda, o cidadão precisa conhecer esse universo

textual e interagir nele e com ele; precisa saber que existem gêneros que emanam das

esferas jornalísticas, escolares, religiosas, literárias, cientifica, publicitária, burocrática,

cotidiana e artístico cultural, cada um com suas especificidades, atendendo a

necessidade, a atividades socioculturais repletas de intenções, não muito raras,

sutilmente proferidas nos discursos.

Portanto, é necessário conscientizar o leitor de que a importância de produzir

textos é bastante visível em provas de vestibular, testes para empregos e outras

produções. Devemos levar nosso aluno à reflexão: já parou para pensar quantas

críticas produzimos em nosso dia-a-dia? Já percebeu quantas vezes utilizamos

informações de jornais, artigos ou revistas para falar mal ou bem dos nossos

governantes ou de um time de futebol? Já parou para pensar em quantos momentos de

nossas vidas nos armamos de piadas para desacatar a imagem da nossa tão gentil

sogra? Pois bem, estamos argumentando.

A dificuldade não está em argumentar, isso fazemos todos os dias. Quando é

proposto um tema, sempre temos a nossa opinião, porém quando simplesmente a

falamos, usamos técnicas comuns do nosso cotidiano, e no momento de formar uma

sequência de ideias e organizá-las em uma produção, a dificuldade é muito grande.

Observamos que, ao solicitar um texto escrito aos nossos alunos, deparamo-nos com

uma angústia, de um lado, o professor, que vê o aluno não produzindo nada, e de

outro, o aluno, que muitas vezes não sabe o que escrever ou que escreve o mínimo

possível. Essa problemática nos levou a refletir se são nossos alunos que não

escrevem ou se é o modo como a escrita tem sido trabalhada em sala de aula, não

condizendo com a realidade sociodiscursiva que nosso aluno vivencia.

Verificando, na sala de aula, o alto grau de dificuldade do aluno em produzir

textos argumentativos foi o que nos levou a produzir a sequência didática ―Do gênero

textual à resposta argumentativa‖.

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Perante essa realidade escolar, notamos a necessidade de enfocar a produção

de texto nos gêneros discursivos e propiciar ao aluno o contato com os diversos tipos

para que ele possa se expressar de forma autônoma e segura na sociedade em que

está inserido.

O artigo de opinião constitui-se como um gênero discursivo/textual, tendo um

assunto do cotidiano, um fato vivenciado pelo autor, e a contextualização do assunto

em destaque, o bullying praticado nas escolas, aproxima a linguagem escrita do

universo escolar. Por esse motivo, esse gênero foi escolhido para que o aluno pudesse

desenvolver as atividades de escrita e ter a oportunidade de pesquisar, de aprender, de

conhecer, de argumentar, mas também de expressar sua análise acerca do assunto

estudado. Assim, o objetivo deste trabalho consiste em definir estratégias para a

produção de texto, utilizando como instrumento norteador o gênero discursivo artigo de

opinião.

Escolhemos como foco de estudo e intervenção os alunos do 3º ano do Ensino

Médio do período da manhã do Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf, em Maringá,

PR, para que entrassem em contato com o gênero discursivo/textual artigo de opinião,

lendo e observando as informações apresentadas e levando-os a uma análise crítica do

assunto abordado.

Para o desenvolvimento do trabalho, selecionamos vídeos, gêneros textuais

diversos que abordam o assunto a ser estudado, a pesquisa de campo que levarão os

alunos a refletir, a levantar dados, a recolher informações reais do fato estudado para

que, ao final, realizem a produção do artigo de opinião. O objetivo maior é, além de

levar o aluno a reconhecer o gênero discursivo em questão, artigo de opinião, que ele

saiba se posicionar nesse mesmo gênero, conhecendo seu suporte, o estilo, a

circulação social, entre outros.

2 -Fundamentação teórica

O caráter cunho teórico-prático desta pesquisa refere-se à Concepção

Interacionista de Mikhail Bakhtin, observando as suas contribuições acerca dos

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gêneros discursivos voltadas para o ensino, ou melhor, para o ensino-aprendizagem

dos alunos da rede pública de ensino.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, a linguagem é

apresentada como transdisciplinar, sendo considerada como a capacidade humana de

articular significados coletivos e compartilhá-los, variando conforme as necessidades e

experiências da vida em sociedade.

A linguagem é uma herança social, uma ―realidade primeira‖, que, uma vez assimilada, envolve os indivíduos e faz com que as estruturas mentais, emocionais e perceptivas sejam reguladas pelo seu simbolismo (PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS,, 1999, p. 125).

Ainda citando os PCN, a linguagem é vista como meio de participação social, e

cabe à escola garantir que os alunos tenham um conhecimento linguístico necessário

ao exercício da cidadania, e como cidadão, cada aluno deve saber interpretar e

produzir diferentes gêneros que circulam na sociedade. À linguagem é dada suma

importância, haja vista que pela linguagem se expressam ideias, pensamentos e

intenções, se estabelecem relações interpessoais anteriormente inexistentes e se

influencia o outro, alterando suas representações da realidade e da sociedade e o rumo

de suas (re)ações.

A linguagem permeia o conhecimento e as formas de conhecer, o pensamento e as formas de pensar, a comunicação e os modos de comunicar, a ação e os modos de agir. Ela é a roda inventada, que movimenta o homem. Produto e produção cultural, nascida por força das práticas sociais, a linguagem é humana e, tal como o homem, destaca-se pelo seu caráter criativo, contraditório, pluridimensional múltiplo e singular, a um só tempo (PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1999, p. 125).

Os PCN’s postulam ainda que ―não há linguagem no vazio, seu grande objetivo

é a interação, a comunicação com o outro, dentro de um espaço social‖

(PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1999, p 125).

Afinal, as DCE’s da Língua Portuguesa estão embasadas na concepção de

linguagem como forma de interação entre os homens. É nesse processo de interação

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social que as palavras possuem um significado carregado de conteúdo ideológico, ou

seja, ―são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a

todas as relações sociais em todos os domínios (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1999, p. 41

in DCE’s, 2008, p. 50).

A concepção de linguagem de Bakhtin é dialógica, sendo impossível pensar no

homem fora das relações que o ligam ao outro. Afirma o autor que ―o ser mesmo do

homem é uma comunicação profunda. Ser significa comunicar-se‖ (Bakhtin, 2007, p.25)

e, finalmente, que ―a vida é dialógica por natureza‖ (BAKHTIN, 2007, p. 25). Viver

significa participar de um diálogo, interrogar, escutar, responder, estar de acordo.

Segundo essa concepção, a língua só existe em função do uso que locutores

(quem fala ou escreve) e interlocutores (quem lê ou escuta) fazem dela em situações de

comunicação. O ensinar, o aprender e o empregar a linguagem passam

necessariamente pelo sujeito, o agente das relações sociais e o responsável pela

composição e pelo estilo dos discursos. O sujeito se vale do conhecimento de

enunciados anteriores para formular suas falas e redigir seus textos. Além disso, um

enunciado sempre é modulado pelo falante para o contexto social, histórico, cultural e

ideológico.

O aluno, ao compreender a linguagem como interação, acaba por ampliar o

reconhecimento do outro e de si próprio, o que o leva a se aproximar mais do

entendimento mútuo.

Neste sentido, a escola deverá promover uma gama de textos com que o aluno

se envolva nas práticas de uso de língua – sejam de leitura, oralidade e escrita. A

língua, por sua vez, organiza e ordena de forma articulada os dados das experiências

comuns aos membros de determinada comunidade linguística.

O professor de Língua Portuguesa, então, precisará propiciar a prática, a

discussão, a leitura de textos de diferentes esferas sociais, possibilitando a integração

da linguagem verbal com outras linguagens.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, consta ainda que

toda e qualquer análise gramatical, estilística, textual deve considerar a dimensão

dialógica como ponto de partida.

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As formas de dizer e de escrever são determinadas pelo contexto,

interlocutores, gêneros discursivos, valores, recursos utilizados que afirmam o

dito/escrito, os significados e funções sociais e o ponto de vista.

A relação dialógica é aquela que se estabelece entre os enunciados na

comunicação verbal. Ela é marcada por uma profunda originalidade e que não pode ser

resumida a uma relação lógica, linguística, psicológica ou ainda a uma relação de

ordem natural.

Pode acontecer entre textos que questionam uns aos outros, que interagem e

se complementam mutuam4ente, que interrogam e respondem.

Assim é que, ao desejarmos dizer algo para alguém, o fazemos

dentro de um determinado gênero disponível na cultura, caracterizado por

três elementos: conteúdo temático, estilo e construção composicional. Isso quer dizer

que qualquer usuário da língua, ao interagir verbalmente com outro, organizará o seu

discurso levando em conta o que dizer (conteúdo) com a seleção operada nos recursos

da língua – lexicais, fraseológicos e gramaticais, o modo de dizer (estilo) e com a

estrutura que quer dar ao seu texto. Falar ou escrever, portanto, exige a articulação

desses três aspectos (conteúdo, estilo, estrutura composicional) constituídos em um

todo que é o gênero adotado pelo usuário.

A finalidade do ensino de língua portuguesa deixa de ser exclusivamente o

desenvolvimento de habilidades de leitura e de produção ou o domínio da língua

escrita padrão para passar a ser o domínio da competência textual além dos limites

escolares, na solução dos problemas da vida como no acesso aos bens culturais e à

participação plena no mundo letrado.

Para Bakhtin (2000), todas as esferas da atividade humana utilizam a língua

produzindo enunciados orais e escritos. O enunciado é uma ideia completa delimitada

pela alternância dos sujeitos que se comunicam. É a unidade real da comunicação e

pode ser composto por palavras, frases e orações.

Todos esses enunciados são dialógicos, ou seja, estabelecem relações de

sentido com outros enunciados. Isso ocorre porque ―o enunciador, para constituir um

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discurso, leva em conta o discurso de outrem, que está presente no seu. Por isso,

todo discurso é inevitavelmente ocupado, atravessado, pelo discurso alheio‖ (FIORIN,

2006, p. 19). Considerando também que, para o Círculo de Bakhtin, todo enunciado

direciona-se para o outro, este que, na atividade de compreensão responsiva, dá sua

contrapalavra e ressignifica o discurso, o gênero se renova continuamente, porque cada

vez que lemos um texto enxergamos outro texto, e não o mesmo, devido à resposta

que damos na atividade de leitura.

Um gênero é uma forma de linguagem cultural e historicamente construída,

que, por conseguinte, se constitui em um instrumento de mediação entre o homem e o

mundo. Ao apreendermos a variedade e a estrutura dos gêneros, estamos

instrumentalizando nossa comunicação. O aprendizado da linguagem por meio dos

gêneros do discurso pode levar o aluno a ressignificar o mundo e também sua

identidade. Em um sentido mais amplo, pode se constituir em suporte para sua atuação

social e profissional, bem como para sua participação política e cidadã mais consciente

e crítica no mundo globalizado

O gênero estabelece uma ―interconexão da linguagem com a vida social. A

linguagem penetra na vida por meio dos enunciados concretos e, ao mesmo tempo,

pelos enunciados a vida se introduz na linguagem‖ (FIORIN, 2006, p. 61). Esses

enunciados, através do seu conteúdo temático, dos recursos estilísticos e da sua

estrutura composicional, refletem as condições de produção e as finalidades dessas

esferas. ―Cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis

de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso‖ (BAKHTIN, 2000, p.

279).

Assim, para aprender a ler é preciso interagir com os gêneros discursivos, é

preciso negociar o conhecimento que já se tem (conhecimento prévio) e receber

incentivo e ajuda de leitores experientes. Os textos desempenham papel fundamental

em nossa vida social, já que estamos comunicando o tempo todo.

Marcushi (2008) enuncia que vivenciamos uma explosão de novos gêneros e

novas formas de comunicação‖ na oralidade e na escrita, sobretudo na atual fase da

cultura eletrônica. Imersos em um universo textual, não se pode ficar alheio a esse

processo. Assim, o aluno, melhor ainda, o cidadão precisa conhecer esse universo

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textual e interagir nele e com ele; precisa saber que existem gêneros que emanam das

esferas jornalística, escolar, religiosa, literária, cientifica, publicitária, burocrática,

cotidiana e artístico-cultural, cada um com suas especificidades, atendendo a

necessidade, a atividades socioculturais repletas de intenções, não muito raras,

sutilmente proferidas nos discursos.

Ao compreendermos o enunciado como uma unidade discursiva estritamente

social que provoca uma atitude responsiva por parte do sujeito, passaremos a supor,

que todo e qualquer enunciado é produzido para alguém, com uma intenção

comunicativa pré-definida. São essas intenções, como parte das condições de

produção dos enunciados que para o autor determinam os usos linguísticos que

originam os gêneros. Assim, o ato de fala possui formas diversificadas de acordo com o

querer-dizer do locutor.

Dessa maneira, os gêneros vão sofrendo modificações em consequência do

momento histórico ao qual estão inseridos. Cada situação social origina um gênero,

com suas características que lhe são peculiares. Ao pensarmos a infinidade de

situações comunicativas e que cada uma delas só é possível graças à utilização da

língua, podemos perceber que infinitos também serão os gêneros, existindo em número

ilimitado. Bakhtin vincula a formação de novos gêneros ao aparecimento de novas

esferas de atividade humana, com finalidades discursivas específicas. Com essa

imensa heterogeneidade, o autor realiza uma ―classificação‖, dividindo-os em primários

e secundários.

Os primários aludem a situações comunicativas cotidianas, espontâneas, não

elaboradas, informais, que sugerem uma comunicação imediata. Como exemplo, cita a

carta, o bilhete, o diálogo cotidiano. Já os gêneros secundários, normalmente são

mediados pela escrita, aprecem em situações comunicativas mais complexas e

elaboradas, assim como, o teatro, o romance, a tese científica, a palestra, etc. A

essência é a mesma, ou seja, ambos são compostos por fenômenos da mesma

natureza, os enunciados verbais. Entretanto, o que os diferencia é o nível de

complexidade em que se apresentam.

Para fins de classificação de um gênero discursivo, faz-se necessário que

sejam considerados alguns aspectos que são definidos por Bakhtin, a saber:

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- conteúdo temático (assunto);

- plano composicional (estrutura formal): é o modo de organizar o texto,

estruturá-lo;

- ato estilístico (leva-se em conta a forma individual de escrever, o vocabulário,

composição frasal e gramatical).

Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica observamos claramente a

importância de o professor desenvolver uma prática de escrita escolar levando o aluno

a um aperfeiçoamento da escrita a partir da produção de diferentes gêneros formando

assim, um sujeito que tem o que dizer, que saiba o que escrever.

Para tanto, discutimos aqui a dissertação e a argumentação, sendo que uma e

outra possuem características próprias. Dissertar é expor ou explanar, explicar ou

interpretar ideias, enquanto, a argumentação visa a convencer, persuadir ou influenciar

o leitor ou ouvinte.

Na dissertação, expressamos o que sabemos ou acreditamos saber a respeito de um determinado assunto; externamos nossa opinião sobre o que é ou nos parece ser. Na argumentação, além disso, procuramos principalmente formar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a razão está conosco, de que nós é que estamos de posse da verdade (GARCIA, 1996, p. 370).

Para Garcia (1996), o leitor necessita aprender as sutilezas da moderna

terminologia semântica e os problemas linguísticos e lógicos com os quais se defrontam

todos aqueles que se dedicam à escrita, profissionalmente ou não. Em sua obra,o

autor ensina o leitor não somente a escrever com clareza e objetividade mas,

sobretudo, a pensar de forma coerente, aguçando seu senso crítico.

O autor discute elementos de estilística, servindo-se de análise sintática, para

orientar como se devem formar parágrafos, organizar ideias, evitar erros de

construções.

A argumentação visa a persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto mais

polêmico for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem argumentativa.

Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou também apresentar os

aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando-se apenas na conclusão.

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Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de argumentos por

autoridade e provas concretas o texto começa a caminhar para uma direção coerente,

precisa e persuasiva. Somente o fato pode fortalecer o texto argumentativo. Não

podemos confundir fato e opinião. O fato é único e a opinião é variável.

Toda argumentação envolve uma questão controversa. Dizemos controversa,

ou que gerem uma polêmica, toda questão é retirada de um tema de interesse coletivo.

Algumas acabam mobilizando e afetando um grande número de pessoas. E cada uma

tem uma opinião, um posicionamento, um ponto de vista, uma resposta a ser dada.

Para tanto, utilizam-se de argumentos, que não é apenas dar opinião, é preciso saber

sustentá-la com evidências, provas, dados, elementos que darão suporte à ideia

defendida.

O artigo de opinião discute questões que podem incidir sobre variados temas:

sociais, políticos, científicos, culturais, de interesse geral e atual, que afetam direta ou

indiretamente um grande número de pessoas a partir de um fato ocorrido ou noticiado.

Todo texto é produzido em um contexto de produção, pois quem escreve, o faz

pensando em elementos que interferem no sentido dos textos: existe uma intenção do

autor ao escrever e esta intenção está direcionada a quem vai ler o seu texto. Também

se atém a um determinado tempo e lugar, a divulgação é feita em determinado veículo.

São elementos que criam um ―elo‖ entre autor e leitor.

O produtor de um artigo de opinião busca construir para os leitores uma

imagem de si mesmo, mostrando seus conhecimentos sobre o tema tratado, através da

razão e da lógica, sustentando sua posição.

Geralmente, quem lê o artigo de opinião é alguém que de alguma forma se

interessa por questões polêmicas, ou porque estão sendo afetado pela questão em si,

ou porque se interessa por assuntos que envolvam a sociedade. A sua leitura é restrita

a uma elite sociocultural que tem acesso aos meios de comunicação.

A circulação do artigo de opinião ocorre em jornais e revistas impressos ou on-

line, e tem o objetivo de influenciar o posicionamento dos leitores em relação a uma

questão controversa.

Um texto escrito traz outras ―vozes‖ que não são as do autor, mas que ―falam‖

pelo autor, pelo fato de que a comunicação é marcada pelo dialogismo. O autor de um

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texto ―conversa‖ com outras pessoas que pensam deformas diferentes da sua, através

de outras leituras que ele faz. Quem lê um texto deve estar atento a essas ―conversas‖

que, muitas vezes, nos remetem a outros textos.

As leituras que fazemos são constituídas pelos resultados de muitas outras

leituras, o que nos dá condições de fazer esse diálogo entre os textos lidos

anteriormente e os que estamos lendo.

Esse conhecimento anterior nos prepara para concordar ou discordar, total ou

parcialmente, orienta-nos para perceber aspectos que não estão sendo considerado

pelo autor do texto e pensar numa possível razão pela qual ele faz isso. Essa leitura

crítica faz com que não sejamos manipulados e não aceitemos qualquer informação ou

ideia, podendo exercer nossa liberdade de opinião.

Ao escrevermos um texto, devemos organizar nossas ideias de maneira que

haja uma sequência, uma conexão entre as partes, formando um sentido geral no texto.

A escolha de certas palavras não é por acaso. Os conectivos fazem o papel de ligar,

num texto escrito, as partes entre si. Introduzir um argumento, acrescentar argumentos

novos, indicar oposição a uma afirmação anterior, concluir, estas são algumas das

funções dos conectivos.

Cada articulista procura manter um estilo próprio ao escrever seus textos. Ao

observar diferentes artigos de diferentes autores, podemos notar que existem

características particulares em cada texto. Além dos recursos coesivos, a construção do

discurso, quase sempre em terceira pessoa, o uso de alguns tempos verbais e

advérbios, os questionamentos, as hipérboles, as palavras enfatizadoras são exemplos

das marcas linguísticas do autor presentes no texto. Tais marcas indicam a

intencionalidade do autor.

Existem várias possibilidades de organizar a estrutura de um artigo de opinião,

porém, de maneira geral, todos possuem os seguintes elementos:

- Contextualização e/ou apresentação da questão que está sendo discutida.

- Explicitação do posicionamento assumido.

- Utilização de argumentos para sustentar a posição assumida.

- Consideração de posição contrária e antecipação de possíveis argumentos

contrários à posição assumida.

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- Utilização de argumentos que refutam a posição contrária.

- Retomada da posição assumida.

- Possibilidades de negociação.

- Conclusão (ênfase ou retomada da tese ou posicionamento defendido).

3 – Desenvolvimento da proposta

A atividade proposta neste trabalho foi implementada em uma turma de 3º ano

do Ensino Médio do Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf.

Optamos por providenciar e distribuir a cada aluno uma cópia do material

didático-pedagógico produzido, a Sequência Didática. Realizamos uma explanação

sobre a importância do estudo do gênero discursivo: artigo de opinião e a opção por

estudar um tema atual. Também apresentamos três módulos, assim divididos:

- Módulo I – A importância da leitura;

- Módulo II – Preparando para o estudo de caso: Bullying nas escolas;

- Módulo III – Produzindo o artigo de opinião.

Com o objetivo de interagir com o grupo, socializamos a dinâmica ―Força do

trabalho em equipe‖. Cada um recebeu um balão, e ao som de uma música, que

alterou-se em ritmos diferentes, os participantes ficaram ao centro do círculo e jogavam

aleatoriamente os balões para cima. A regra era que nenhum balão poderia cair no

chão. A cada momento que o animador parava o som, pedíamos que um deles se

sentassem e os demais continuavam a atividade, não deixando nenhum cair.

Foi uma verdadeira explosão de alegria, os alunos divertiam-se no primeiro

momento e, aos poucos com a saída dos colegas, aqueles que ficavam lutavam para

proteger o balão do outro. Muitas vezes, percebemos que os alunos deixavam os seus

balões caírem e protegiam mais o do colega, outros ficavam apenas com o seu balão e

em um momento ou outro é que se preocupavam com o outro. Alguns gritavam que não

estavam ―dando conta‖ dos balões, que eram em quantidade maior que aos alunos que

sobraram no jogo.

Finalizamos a dinâmica e pedimos que todos se sentassem em círculo e

iniciamos o momento de discussão, de troca das experiências acerca do jogo. Foram

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muitos comentários: que no primeiro momento não tiveram nenhuma dificuldade, pois

cada um estava com o seu balão. Quando começaram a perceber que os colegas

saíam, o desespero tomou conta, por terem que se preocupar com o seu e o do outro.

Alguns declararam que deixavam o seu balão cair e preocupavam-se com o do colega;

outros que se preocupavam apenas em não deixar o seu próprio balão cair.

Concluímos que, se cada balão representasse um problema existente em nossa

vida e pudéssemos contar com o auxílio dos outros, tudo poderia se resolver mais

facilmente.

Após a realização dessa dinâmica, assistimos ao vídeo ―Ler devia ser proibido‖,

que aborda e põe em discussão as personalidades que aparecem no vídeo, as

contribuições para a humanidade e como o hábito da leitura contribuiu para isso.

O vídeo destacou a importância da leitura, salientando que o homem jamais

saberia a extensão do prazer se não fosse através dela. Que além de provocar o

inesperado, leva-o a estimular a imaginação e que é preciso compreender que através

dela se enriquece culturalmente, afinal ―Ler devia ser proibido‖ por tornar o homem

perigosamente humano.

Após a realização da discussão, a turma foi dividida em grupos, elaboramos as

questões da entrevista e os alunos saíram em busca de respostas, observando como

estava a leitura dos nossos adolescentes.

Com as respostas em mãos, cada grupo realizou o levantamento dos dados e

no Paraná Digital montaram os gráficos para visualização e análise do resultado.

Figura 1 – Tipo de leitura Fonte: Alunos do 3º ano – Colégio Maluf/2011

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Figura 2– Primeiro contato com a leitura Fonte: Alunos do 3º ano – Colégio Maluf/2011

Figura 3 – Gênero Fonte: Alunos do 3º ano do Colégio Maluf/2011

30; 48%

5; 8%

6; 10%

1; 2%

3; 5%

4; 6%

1; 2% 4; 6%

1; 2% 4; 6% 3; 5% Bom

InteressanteLegalDivertidoNão LembraRuimPéssimoChatoHorrivelNormalOutros

25; 32%

1; 1%

10; 13%

1; 1%

23; 29%

3; 4%

1; 1%

2; 3% 3; 4%

4; 5%

1; 1% 1; 1%

4; 5%

Romance

Drama

Aventura

Terror

Comédia

Ação

Conto

Mitologia

Poesia

Suspense

Ficção

Outros

Nenhum

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Figura 4 – Pessoas que influenciaram na leitura Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

Os alunos entrevistaram 84 alunos de 1º ao 3º ano do Ensino Médio e

detectaram que no tipo de leitura que estão acostumados a realizar 34% são livros

literários, 29% leem revistas, 20% gibis e os demais se dividem em outros tipos de

leitura.

48% dos entrevistados responderam que o primeiro contato foi bom; 10%

consideraram legal, 8%interessante e com 2%, a leitura foi péssima.

Quanto ao gênero, 32% dos alunos gostam de ler romance, 29% comédia, 13%

aventura. A poesia aparece em 6ª posição e o conto, ficando na casa de 1%.

Ao serem questionados sobre as pessoas que os influenciaram quanto à leitura.

com 33%, a escola com seus professores tiveram a maior influência, seguido da mãe,

com 30%, e 13%, ao pai.

Para prosseguir ao trabalho com a sequência didática, entregamos a cada

aluno um envelope contendo um gênero textual com o tema escolhido para ser

trabalhado.

Recomendamos que até a próxima aula eles não deveriam abrir e nem ler o

que havia dentro do envelope. Apenas que registrassem as maiores dificuldades, os

sentimentos que encontraram/sentiram ao receber a tarefa.

Ao retornarem para a sala de aula, os alunos encontravam-se em desespero,

ansiosos querendo informações do envelope.

20; 33%

8; 13% 18; 30%

5; 8%

3; 5% 7; 11%

Escola/ProfessoresPai

Mãe

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Socializamos as experiências enfocando quais foram os sentimentos

encontrados e os alunos abriram o envelope. Individualmente leram os textos que

encontraram e iniciamos uma discussão do assunto que cada texto trazia. A discussão

tomou conta da sala, uns relembrando casos que ouviram, outros levantando

hipóteses... enfim, notamos que todos os textos entregues enfocavam apenas um

assunto: bullying nas escolas. Os alunos puderam ler artigos de opinião, reportagens,

notícias, poemas, músicas, narrativas, crônicas, fragmentos de obras literárias,

comentários de filmes.

Projetamos aos alunos a apresentação em forma de slides da obra ―A face

oculta‖, de Maria Tereza Maldonado, que retratava a humilhação, o homicídio, a

covardia a difamação que um adolescente sofria. Comentamos a diferença entre

bullying e cyberbullying.

Aproveitamos o enfoque e os alunos assistiram ao filme: ―Bang! Bang! Você

morreu!‖, de William Mastrosimone, que foi imortilizada em um filme homônimo em

2002. O filme pretende denunciar e combater a violência física e psicológica nas

escolas. ―Bang, Bang You’re Dead‖ retrata um professor de teatro e vídeo tentando

encenar a peça em um ambiente semelhante ao que é seu foco. Nesse filme, vemos

problemas como falta de diálogo, incompreensão, hostilidade, hipocrisia e tantos outros

típicos dessa fase da vida.

Após assistirem ao filme, criamos um momento de discussão e algumas

questões foram levantadas:

Como criar ambientes escolares estáveis?

Como o sarcasmo de Josh é uma forma de defesa dos adolescentes? Quais são

as outras formas de defesa?

Como são os ―Códigos de Silêncio‖ entre os jovens? São perniciosos ou

valiosos?

Quais são as formas de violência entre estudantes? Porque jovens agem de

forma tão cruel?

No Paraná Digital, dividimos a turma em equipes, que com os links repassados

assistiram a vários vídeos contemplando entrevistas, relatos e informações sobre o

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bullying. Não satisfeitos apenas com a pesquisa, os alunos solicitaram que realizassem

uma entrevista e montassem gráficos que comprovassem a existência ou não de casos

de bullying na escola em que estão inseridos. Conversamos com a pedagoga do

período da tarde para obtermos a autorização da escola para tal pesquisa. Delimitamos

que a pesquisa contemplasse os alunos da quinta série do Ensino Fundamental, como

eram oito turmas, escolhemos aleatoriamente três delas para realizarmos a entrevista.

Retornamos para a sala de aula e os alunos, muito contagiados pelo rumo do

material, iniciaram a fase de elaboração das questões para a entrevista a ser realizada

no contraturno, onde a professora regente e a pedagoga acompanhariam na sala de

aula.

Preparamos todo o material e realizado a pesquisa o resultado encontrado foi

mostrado através de gráficos.

Figura 5 – Relacionamento com os pais

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

49; 55%

9; 10%

21; 24%

10; 11%

Ótima, com diálogo

Ruim, sem diálogo

Razoável, com pouca conversa

Péssima e brigamos

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Figura 6 – Medo de ir pra escola

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

Figura 7 – Houve pressão de alguém para fazer algo?

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

0

10

20

30

40

50

60

Sim Não

35

54 Sim Não

45; 45%

54; 55%

Sim

Não

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Figura 8 – Recebeu apelido na escola?

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

Figura 9 –Se sofresse pressão, contaria a alguém?

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

28; 31%

61; 69%

Sim

Não

18; 20%

13; 15%

20; 22%

38; 43% Sim, contaria aos pais

Sim, contaria a um amigo

Sim, procuraria a professora

Não procuraria ninguém

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Figura 10 – Quantas vezes foi intimidado, pressionado ou agredido?

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

Figura 11 – Houve pressão de alguém para fazer algo?

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

9; 10% 3; 4%

11; 12%

66; 74%

Sala de aula

Quase todos os dias

Diversas vezes

Nenhuma

60; 67%

12; 14%

9; 10%

8; 9%

Não fiz nada

Fugi com medo

Pedi para parar

Apanhei

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Figura 12 – Local onde foi pressionado, intimidado ou agredido

Fonte: Alunos do Colégio Maluf/2011

Na sala de aula, iniciamos o trabalho sistemático sobre o gênero argumentação

e como podemos estruturá-lo definindo a sua finalidade, o interlocutor, o gênero textual,

o suporte textual, a circulação e a posição do autor.

FOCO NO AUTOR FOCO NO TEXTO FOCO NO LEITOR FOCO

NA INTERAÇÃO AUTOR-TEXTO-LEITOR

Toda argumentação envolve uma questão controversa ou polêmica, extraída de

um tema de interesse de uma coletividade. Algumas questões mobilizam e afetam um

grande número de pessoas, outras são mais particulares e, por sua vez, interessam a

um reduzido número de pessoas. E cada uma dessas pessoas tem uma opinião, um

posicionamento, um a resposta a ser dada. E para tanto, utilizam-se de argumentos, o

que não é apenas dar opinião, é preciso sustentá-la com evidências, provas, dados e

outros elementos que darão suporte à ideia defendida.

Um artigo de opinião discute questões que podem incidir sobre variados temas:

6; 7%

13; 15%

11; 12%

59; 66%

Sala de aula

Mediações da escola

Indo ou vindo da escola

Outros

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sociais, políticos, científicos e culturais, de interesse geral e atual, que afetam direta ou

indiretamente um grande número de pessoas, a partir de um fato ocorrido e noticiado.

O produtor de um artigo de opinião busca construir para os leitores uma

imagem de si mesmo, mostrando seus conhecimentos sobre o tema tratado, através da

razão e da lógica, sustentando sua posição.

Geralmente, quem lê o artigo de opinião é uma pessoa que gosta de temas

polêmicos. Sabemos que as leituras que fazemos são constituídas pelo resultado de

muitas outras leituras, pesquisas, busca de informações, o que nos dá condições de

preparar para concordar ou discordar, totalmente ou em parte das ideias do autor,

orientar para perceber aspectos que não estão sendo considerados pelo autor do texto

e pensar numa possível razão pela qual ele faz isso. Essa leitura crítica faz com que

não sejamos manipulados e não aceitemos de pronto qualquer informação ou ideia,

podendo exercer nossa liberdade de opinião.

Quando escrevemos um texto, devemos organizar as ideias de maneira tal que

tenhamos uma sequência, formando, assim, um sentido geral do texto. Cada produtor,

articulador tem seu próprio estilo ao escrever um texto.

O Artigo de Opinião é um gênero discursivo escrito para ser publicado em

jornais, revistas e sites, visando discutir pontos de vista sobre assuntos polêmicos na

sociedade que afetem um grande número de pessoas e que sejam de interesse a elas.

Dessa forma, trata-se de um instrumento democrático de participação social, visto que

tanto sua produção quanto sua compreensão são formas de expressão e participação

social.

Trata-se de um gênero textual argumentativo, em que se expõe o ponto de vista

do autor que assina acerca de um tema. Geralmente é escrito por colaboradores e

colunistas de um jornal ou até mesmo por personalidades convidadas (não jornalistas)

que tenham um amplo conhecimento sobre o assunto.

Como o artigo de opinião trabalha com questões controversas, é fundamental a

apresentação de argumentos e informações que respaldem a validade da opinião

defendida. Normalmente, como os temas envolvem questões políticas, sociais,

científicas e culturais, é comum que o debate acerca dessas questões surja a partir da

apresentação de algum fato ocorrido e noticiado.

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Apesar de não ter uma estrutura pré-fixada, os artigos de opinião apresentam,

de modo geral, alguns recursos argumentativos com a finalidade de convencer o leitor

de que a perspectiva analítica adotada pelo articulista é a melhor.

Dentre eles, podemos citar a tomada de posição em relação ao tema, sendo

que a tese a ser defendida não deve ser relativizada, portanto o articulista deve tomar

um único posicionamento, contrário ou favorável ao tema. Para isso, é fundamental a

apresentação de argumentos que embasem e justifiquem o posicionamento adotado. A

organização do artigo de opinião também gira em torno da constante negociação e

tomada de posição, que ocorrem por meio da antecipação de possíveis argumentos

contrários ao que se pretende defender. Essa estratégia argumentativa, de se

considerar possíveis contra-argumentos, revela ponderação do articulista ao considerar

a opinião alheia, sendo que na verdade esse recurso é de fato utilizado para revelar as

fraquezas dos argumentos do outro e reforças que a perspectiva adotada pelo

articulista é mais razoável e, portanto, mais aceitável. Diante disso, é fundamental a

constante tomada de posição e o reforço da tese, por meio da apresentação de fatos

(evidências), argumentos e justificativas para a opinião defendida.

As marcas linguísticas usadas nesse processo de exposição e sustentação de

ponto de vista variam conforme o estilo do articulista, mas de modo geral constatam-se:

o uso de terceira pessoa (voz da coletividade, aproximação do interlocutor);

predominância de verbos no presente do indicativo e do subjuntivo na apresentação

dos argumentos, dos contra-argumentos; apresentação de discursos alheios (tanto

como forma de contra-argumentação quanto de inserção de discurso de autoridade);

utilização de operadores argumentativos e de organizadores textuais (conectores e

expressões introdutórias de informações e argumentos, relacionando as partes que

constituem o texto de modo a construir seu sentido final), e, finalmente, a utilização de

modalizadores discursivos (expressões que visam à expressão de modo como o

articulista se coloca diante daquilo que é dito, o que se realiza por meio de advérbios,

adjetivos e de escolhas lexicais que denunciem o posicionamento do autor).

Além dessas características, assim como ocorre na produção de qualquer

gênero textual, o produtor de um artigo de opinião deve considerar seu contexto de

produção, levando em conta quem são seus interlocutores, qual é o veículo de

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comunicação em que será publicado e qual é a finalidade da exposição da opinião que

é apresentado.

Portanto, diante do tema estudado, pesquisado, os resultados colhidos, os

alunos reuniram-se em grupos e produziram o artigo de opinião.

Não satisfeitos ainda com apenas a produção do artigo decidiram que

remontariam a peça teatral ―Bang! Bang! Você morreu!‖ e encenariam às turmas da

quinta série que nos ajudaram realizando a entrevista. Para que o trabalho realizado

não ficasse em vão, os alunos construíram um blog com o objetivo de postar maiores

informações sobre o assunto estudado. No blog constam indicações de livros literários

que abordam o tema, depoimentos anônimos, entrevistas.

4. Considerações finais

Nas DCEs, trabalhar gêneros é exercitar nossa prática social de forma efetiva. É

entender que podemos nos expressar nos mais diferentes gêneros, que eles devem

servir ao nosso propósito de nos comunicar.

Sabemos e temos ciência que ler é olhar o mundo com outros olhos, nos

favorece a aprendizagem, contribui para uma visão ampla da cultura. Diante disso,

então o que acontece com as nossas crianças e adolescentes que não gostam de ler?

Onde estaria o problema de não gostarem de ler? A leitura é de fundamental

importância para o desenvolvimento e inserção dos alunos no convívio social, sendo

uma das principais competências a serem trabalhadas/desenvolvidas na escola, pois

abrange todas as áreas do conhecimento.

Os indivíduos necessitam de conhecimento e reflexão sobre os processos de

aquisição, sobre como filtrar melhor a informação que desejam principalmente neste

novo contexto informacional onde a quantidade de informações tem aumentado a cada

dia.

Se quisermos uma sociedade mais justa, solidária e humana, e é este o nosso

objetivo, resta-nos investir na formação de alunos críticos, capazes de nortear sua vida,

sua história, decidir, discernir, participar e transformar o meio em que vive. Para tanto,

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podemos observar que nossos alunos ainda tem o livro como o meio principal de leitura

e que é a escola e o professor que auxiliam e inserem-no nos livros.

Sabemos que, o desafio de formar alunos críticos, torna-se mais agravante,

principalmente quando há índices de indisciplina; que reflete a desmotivação, a

desvalorização, o desleixo e a desconfiança no processo de aprendizagem de si e dos

demais. Daí faz-se necessário trabalhar essa questão, de uma forma vinculada à

leitura, ou seja, fazer da leitura, não apenas a decodificação de códigos, mas um

mecanismo de transformação da realidade, onde ler torna-se um ato de conhecimento e

de descobertas de ―novos mundos‖, novas possibilidades e novas opções de escolha. É

um trabalho de conscientização, de resgate de valores em todas as dimensões da vida.

Por isso, a leitura e a interpretação do que se lê tem o poder de alcançará a

transformação pessoal dos alunos, e uma vez conseguido isto, fica mais acessível

chegar à formação da criticidade frente a si mesmo e o mundo que o rodeia. Aí sim,

acontece a transformação, tendo então, um cidadão, sujeito de sua história e a partir

disso, tudo começa a mudar.

Ao analisarmos o tema estudado, bullying nas escolas, o resultado do trabalho

foi espetacular e, numa outra perspectiva, alarmante. Espetacular por despertar a

curiosidade, a busca de informações sobre esse tema polêmico e que está cada vez

mais fazendo parte de nossa história. Alarmante pela riqueza de detalhes que os

alunos, ao realizar a pesquisa, encontraram.

Na pesquisa e verificação de dados sobre o bullying é preocupante, pois a

sondagem realizada pelos alunos do 3º ano durante o intervalo do período da tarde,

encontramos visivelmente alunos agressores e alunos que intimidados por esses, se

intimidam, recuam com medo de alguma represália. Observaram momentos de total

agressão, é o mais alarmante, entre meninas. Nesse dia houve uma violenta briga entre

meninas por um motivo fútil, foram puxões de cabelo, tapas, empurrões, chutes.

Enquanto isso, em outra parte da escola, meninos perseguindo um outro apelidando-o

de ―baleia‖. Em outro momento, um dos alunos iniciou uma briga causada por uma

atitude em que jogaram o chinelo no telhado do colégio.

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Diante dessas atitudes visualizadas pelos alunos-pesquisadores ao retornarem

à sala de aula os comentários foram contagiantes. Nesse momento é que, para

surpresa, iniciaram um diálogo cheio de informações, de análise crítica de uma

sociedade que visivelmente vê, tenta conscientizar as pessoas sobre as agressões que

frequentemente acontecem dentro da escola.

Com as pesquisas, a busca de informações e o resultado obtido ainda não foi

suficiente para que houvesse apenas uma produção de artigo. Os alunos queriam mais,

demonstraram uma sede de resposta, uma forma de conscientizar os alunos sobre as

causas do bullying. Para tanto, realizaram uma releitura do filme ―Bang! Bang! Você

morreu!‖ e encenaram aos alunos das quintas séries tentando conscientizá-los de

denunciar a violência nas escolas. Foi uma apresentação excelente, os alunos

demonstraram interesse e acima de tudo, um show de disciplina.

Realizamos ao final uma mesa redonda para avaliarmos todo o percurso

realizado e alguns depoimentos:

Grupo 1 – ―Nós avaliamos como um bom projeto, que nos conscientizou sobre o

Bullying , um tema que não vinha sendo abordado nas escolas. E que ninguém tomava

providências sobre isso por que os alunos não falavam por ter vergonha. Com o nosso

trabalho podemos mostrar aos alunos a importância de denunciar a violência nas

escolas. Podemos ver nos alunos quem sofria bullying e quem não sofria só pelas

pesquisas feita nas salas de aula a tarde nas quintas séries , e no intervalo

presenciamos várias cenas de violência e preconceitos, onde um grupo de crianças

maltratavam os seus colegas‖.

Grupo 2 – ―O projeto trouxe muitos pontos positivos pois nos mostrou a gravidade do

assunto, e o descaso que ele tem na nossa sociedade. Um assunto no qual não tem

pontos negativos e sim todos positivos. O bullying é um assunto muito amplo para ser

trabalhado e precisa de cuidados específicos pois ocorre principalmente com crianças,

por isso sentem medo de denunciar ou se quer falar sobre o assunto abordado.

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É um tema muito interessante e envolve a todos pois uma vez que é desviado a

personalidade de um jovem ele cresce um adulto atormentado por isso a formação

desse projeto. Precisamos nos mobilizar para acabar com esse problema pois estamos

acompanhando muito mal o desenvolvimento dos nossos homens de amanhã.

Seria importante que deem continuidade ao projeto nas instituições de educação para

que o trabalho que desenvolvemos não tenha sido em vão. Para alcançar o alvo nós

desenvolvemos teatro, pesquisas, para conscientizar as crianças, do mal que uma

atitude ou uma palavra pode causar na vida do próximo.‖

Grupo 3 – ―Com o projeto ―Do gênero textual à resposta argumentativa‖ aprendemos

muito não só para ser aplicado dentro da sala de aula como na nossa vida.

O bullying foi o tema escolhido, e percebemos que ele existe em vários lugares

afetando as pessoas mais distintas, sendo capaz de destruir vidas e deixar marcas que

jamais serão apagadas.

O mais importante do projeto foi poder passar o nosso conhecimento para as pessoas,

afim de conscientizar e mudar algo na vida delas combatendo o bullying.

Dentre os pontos negativos, foi saber que muitos sofrem bullying sem saber, ou quem

sabe o que significa não fala para os pais e orientadores.‖

Grupo 4 – “ Após estudar a respeito do bullying por meio do projeto, pudemos avaliar

que o mesmo foi de extrema relevância para que pudéssemos perceber a gravidade da

violência nas escolas e a importância de tratar sobre esse assunto com os alunos.

Tivemos a oportunidade de observar e analisar o comportamento de alunos de

5ª série e notamos que a violência não está presente apenas em algumas salas e em

alguns colégios, mas em todo o lugar, independentemente do país, da cultura e da

posição social e isso é um grave problema.

Ficamos surpresas ao notar a falta de conteúdo que as pessoas possuem a

respeito do tema abordado e a falta de interesse em tê-lo. As pessoas muitas vezes se

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comovem com as vítimas mas não entendem que os agressores também precisam de

ajuda (e muita). Trabalhar com esse projeto objetiva alertar e provocar meios para que

se possa ver e agir, amenizando a violência na tentativa de diminuir o problema.‖

Considerando então, as orientações das DCEs, os projetos visam incentivar o

reconhecimento e leitura dos diversos gêneros, principalmente dos que desenvolvam a

capacidade de argumentação, são de extrema importância, pois desenvolvem o

domínio da competência textual além dos limites escolares, na solução dos problemas

da vida como no acesso aos bens culturais e à participação plena no mundo letrado.

A capacidade de argumentação, só acontece, quando nos informamos, quando

lemos, quando discutimos e esse material didático pretende levar isso aos alunos, a

discussão de temas de interesse, pode ser a porta de entrada para outros assuntos

mais complexos (problemas sociais, políticos...), que exigem de todos os cidadãos uma

posição Pró ou contra.

Esse e outros materiais deverão surgir, e irão com certeza, contribuir para

melhorar a qualidade de ensino. Como podemos observar na fala dos professores que

participaram do Grupo de Trabalho em Rede e que deixaram a sua opinião sobre o

material didático produzido:

Professor 1 - Eu sempre admirei nos alunos a capacidade de apresentar

argumentos, quer na oralidade ou na escrita. Entretanto, a maioria dos alunos tem

muita dificuldade de argumentar, mesmo falando, e na escrita a coisa é bem pior. Às

vezes paro para fazer algum tipo de discussão que está na ordem do dia, na imprensa,

nos meios de comunicação de modo geral. Quando falam, de modo geral, não

apresentam argumentos, mas emoção. Tudo é levado à emotiva, forma de linguagem

pouco lógica ou científica. Facilmente as discussões se transformam em paixão. A isso

não podemos chamar de argumentação, pelo menos no sentido literal do termo. Levar

uma discussão à escrita de maneira argumentativa, não é tarefa fácil. Temos que

percorrer um longo caminho.‖

Professor 2 – ―O trabalho está bem apresentado, coerente com o que a professora

propõe. É importante adiantar que todo planejamento tem um objetivo, e aqui aparece

muito claramente. Está direcionado ao aluno. Sabemos, entretanto a dificuldade que é

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executar um plano como esse. De qualquer modo, é necessário implementá-lo, levá-lo

adiante, como um desafio que temos pela frente‖.

Referências

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http://www.escrita.uem.br/escrita/pdf/rmenegassi5.pdf acesso em 17/11/09. http://www.youtube.com/watch?v=iRDoRN8wJ_w 23 de junho de 2007 — Campanha de incentivo à leitura idealizada e produzida por: Deborah Toniolo, Marina Xavier, Julia Brasileiro, Igor Melo, Jader Félix, João Paulo Moura, Luciano Midlej, Marcos Diniz, Paulo Diniz, Filipe Bezerra. (Alunos do 2ºano - turma pp02/2003 - do curso de Publicidade e Propaganda da UNIFACS - Universidade Salvador). Acesso em 25 de abril de 2010.

www.istoe.com.br

www.odiariomaringa.com.br

www. revistaescola.abril.com.br

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