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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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MAIELI CUSTÓDIO GARRIDO VIEIRA

2010

UNIDADE DIDÁTICA

Literatura e oralidade:

práticas em sala de aula

C O L É G I O E . P R O F . T E O B A L D O L . K L E T E M B E R G

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1

SUMÁRIO

UM POUCO DE TEORIA ..................................................................................... 2

APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 3

1 CAMINHOS DA REFLEXÃO ............................................................................ 4

2 LITERATURA EM AÇÃO ................................................................................. 6

2.1 TEXTO I ......................................................................................................... 6

2.2 TEXTO II ........................................................................................................ 10

2.3 TEXTO III ....................................................................................................... 13

3 HORA DA ESCRITA ........................................................................................ 20

4 MÃOS À OBRA ............................................................................................... 21

5 ENFIM... ............................................................................................................ 22

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 23

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UM POUCO DE TEORIA

leitura é, atualmente, uma das grandes preocupações da escola, pois é

fato que a maioria dos alunos têm concluído o ensino médio

apresentado dificuldades de leitura e compreensão de qualquer tipo de texto e,

consequentemente, com dificuldades em interpretar, inferir, formular hipóteses,

questionar, argumentar, dentre outras habilidades necessárias para a formação

de sujeito ativo, crítico e competente.

A fim de amenizar esses problemas, a escola vem buscando meios

eficazes para a formação do leitor, porém, nesse processo, deve haver o

envolvimento e o comprometimento de todos: professores, equipe pedagógica e

direção, pais e alunos.

Para tanto, a escola dever ofertar aos estudantes um ambiente rico em

textos de diferentes gêneros e que circulam em diferentes suportes, os quais

venham ao encontro dos interesses de seus alunos, possibilitando-lhes a reflexão,

a construção de significados e hipóteses, o aprimoramento de sua capacidade

crítica, a ampliação dos seus horizontes de expectativas, auxiliando-os a praticar

a leitura.

Nesse sentido, a literatura pode apontar caminhos eficientes e prazerosos,

pois é fonte de entretenimento e de conhecimento; os textos literários são

carregados de plurissignificações, sensações e espaços a serem preenchidos

pelos leitores, forçando-os a dialogarem com os mesmos.

A leitura de literatura tem papel fundamental na vida dos alunos, pois

exerce influência sobre os mesmos, nas suas formas de pensar e de agir,

promovendo a reflexão e a criticidade.

Além das leituras de gêneros diversos, exploração dos textos, debates,

aliar a literatura à dramatização por meio da encenação pode ser muito vantajoso

para o aluno, já que desenvolve o trabalho em grupo, o vocabulário, a oralidade, a

autoconfiança, a expressão, propiciando-lhe a oportunidade de superar desafios

e de perceber sua importância na sociedade. Utilizar a representação dramática

como forma diferenciada de trabalhar com a leitura literária é acreditar que, como

arte, o teatro tem o poder de promover o desenvolvimento de habilidades e de

aprendizado, sob o olhar das inúmeras linguagens que se entrecruzam.

Nesse sentido, afirma Duarte: ―A literatura não pretende salvar o mundo ou

as pessoas (...) mas o bom texto, seja poesia, prosa ou escrito dramático

destinado à encenação, de uma forma ou de outra leva o leitor a refletir sobre si

mesmo e sobre o mundo em que vive.‖ (2008, p. 3)

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APRESENTAÇÃO

sta unidade didática pretende ser um aparato aos educadores e

contribuir com a formação do cidadão crítico, atendendo às

necessidades dos alunos da 2ª série do Ensino Médio, no que se refere à prática

de leitura e oralidade, tendo a preocupação em despertar a reflexão e o senso

crítico do estudante.

O tema proposto, em torno do qual serão organizadas as atividades é o

Ciúme, partindo da leitura e reflexões sobre o poema Tragédia brasileira, de

Manuel Bandeira, Otelo de Shakespeare e Dom Casmurro, de Machado de

Assis. Neste percurso, serão explorados fatores como: intertextualidade, polifonia,

gêneros discursivos, expressão oral e corporal, aspectos semânticos, dentre

outros, ficando claro que o conhecimento se abre em múltiplas possibilidades.

Este material foi organizado, basicamente, a partir da leitura das DCE e

principalmente, de alguns autores como Bordini & Aguiar, Zilbermam, Jaus,

Bakhtin, etc.

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1ª Etapa

1- Caminhos da Reflexão

Nesta unidade você vai realizar diversas atividades a partir da leitura de alguns textos de

diferentes gêneros, que abordam a mesma temática: Ciúme.

2ª Etapa

Para refletir:

- Você sabe o que é Literatura?

- Você acha que a leitura literária é importante para a cultura de um país e que ela

pode levar o homem a compreender melhor o mundo e a si próprio?

- Você sabe a diferença entre linguagem literária e não-literária?

Para ajudá-lo nessa reflexão, leia a seguir os depoimentos de alguns

autores e profissionais de várias áreas sobre esse assunto:

Professor: Antes de iniciar as leituras e as atividades, apresente os motivos e os objetivos que o levaram a desenvolver esse trabalho com os alunos, a temática de estudo e o dialogismo entre as obras literárias que conversam entre si, mesmo estando em épocas e lugares diferentes. Faça também uma análise das concepções e representações que os alunos fazem da leitura literária, sondando as preferências leitoras dos alunos, se reconhecem o valor do texto dramático para sua vivência e a diferença desse gênero com os demais.

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O mergulho no desconhecido

Que alegria quando nos identificamos com algum personagem, e como isso nos ajuda a entender melhor o sentido de nossas vivências. Sem falar de como é gostoso entrar no mundo do faz-de-conta, imaginar, fantasiar. Além de proporcionar entretenimento, nos divertindo com histórias engraçadas, emocionantes ou cheias de aventuras, os livros nos levam a mergulhar no desconhecido, viajar em outros tempos e espaços, adquirir uma infinidade de elementos de comparação e viver experiências diferentes, ampliando a dimensão da nossa vida e aprendendo a formular um pensamento crítico próprio e inventivo.

(Ana Maria Machado, escritora)

Ler é ganhar a alma

Filho de ferroviário, morando num subúrbio de Araraquara, o menino [Ignácio de Loyola Brandão] tímido e encabulado, que se achava magro e feio e se sentia marginalizado, encontrou na leitura um refúgio para sua solidão. "Meu pai lia e parecia feliz", lembra. "Foi ele que me presenteou com os primeiros volumes. 'O cisne negro' e 'O patinho feio', como me encantaram. 'Pinóquio' era deslumbrante. Não me esqueço também de 'Robinson Crusoé', de ' O Barba Azul' e tantos mais." [...] "A leitura era um modo de me abstrair de tudo o que incomodava, de colocar minhas raivas pra fora", conta Loyola. "Depois, passou a ser uma forma de resolver meus conflitos, de viver os personagens, de amar todas aquelas mulheres... Fui Julien Sorel, Clyde Griffiths, Mr. Ripley, Simbad, o marujo, e assim por diante. Ler era a minha maneira de entender a vida, de ir embora. Ainda é. Quando estou lendo, me concentro, levito, saio de mim. Ler é ganhar a alma. É ser sobrevivente. A leitura é uma bo

ia salva-vidas. Um escaler."

(Ignácio de Loyola Brandão, jornalista e escritor) A leitura é uma espécie de supermicroscópio da alma humana

Eu sempre li como diversão, como uma busca espiritual, nunca por obrigação. [...] Os livros são parte de minha evolução, da minha formação artística e humanística. O livro que a gente está lendo reflete exatamente o que somos naquele momento, o que estamos cutucando dentro do infinito universo do pensamento. Portanto, é bom sempre afiar a pontaria. [...] A literatura é uma espécie de supermicroscópio da alma humana, a maior lente de aumento já inventada pelo homem. Num livro, a gente pode descer até a menor partícula de pensamento ou sentimento já experimentado por alguém. Esse é o fascínio da leitura. Não é pouca coisa não. É como um telescópio Hubble apontado para dentro da gente.

(Marcelo Tas, apresentador de TV)

A leitura sempre acrescenta algo à vida

Livros são como sementes que o destino leva por caminhos que o próprio autor desconhece e que, quando encontram mentes férteis, germinam, gerando novos e diferentes frutos. [...] O livro é um simples objeto, mas ganha vida nas mãos de quem o lê e é capaz de reavivar qualquer alma em penúria... [...] A leitura sempre acrescenta algo à vida do leitor, dando-lhe mais condições de ser inteligente, afetivo, ativo, sonhador, mais aberto a se relacionar com outros.

(Içami Tiba, médico e psiquiatra)

(www.livrariacultura.com.br, no link

―biblioteca ideal‖)

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2- Literatura em Ação

2.1 Texto I

Os poemas são tipos de textos literários. Agora você vai conhecer o poema

Tragédia brasileira, de Manuel Bandeira. Vamos ler e analisar sua estrutura,

gênero, tema...

- Em sua opinião, em torno de que o enredo desse texto vai girar? Vamos

descobrir?

Leitura do poema em grupo pequeno para posterior debate e discussão:

"A literatura é como o mar, me banha o

tempo todo. É ela que me permite,

como jornalista, ter um olhar sempre

diferenciado em relação ao mundo. Ela

me deu essa abstração romântica. Do

ponto de vista pessoal, funciona como

uma terapia, me levando a descobrir

personagens e sentimentos. Acho que

a literatura é o caminho da descoberta

de emoções, de novas possibilidades

de olhar e de sentir."

(Gilberto Dimenstein, jornalista)

A literatura é a porta para variados mundos que nascem

das várias leituras que dela se fazem. Os mundos que

ela cria não se desfazem na última página do livro,

Permanecem no leitor, incorporados como vivência,

marcos da história de leitura de cada um.

(Marisa Lajolo. Literatura: leitores e leitura. São Paulo:

Moderna, 2001. P. 44-45.)

Professor: Você pode levar outros depoimentos de outros autores. Também pode levar e ou pedir aos alunos que tragam para a sala de aula textos diversos (literários e não-literários) para observarem as diferenças entre os mesmos.

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TRAGÉDIA BRASILEIRA

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.

Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída, com sífilis, dermite nos

dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.

Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou

médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um

namorado.

(...)

(Você encontrará o poema na íntegra visitando o site:

http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet239.htm. Acesso em: 14/03/2010 ou

consultando a obra Estrela da vida inteira, de Manuel Bandeira, p160. Editora Nova Fronteira)

Compreendendo o texto

1- Tragédia brasileira é um poema narrativo, escrito em versos livres e

carregado de linguagem figurada. Para perceber melhor os elementos da

narrativa presentes nesse poema, responda as questões:

a) Quem?

b) O quê?

c) Como?

d) Onde?

e) Quando?

f) Por quê?

2- Esse texto se assemelha a que tipo de texto do gênero jornalístico?

3- Se esse texto fosse uma notícia, onde ele seria veiculado?

4- Nesse poema, você acredita que pode haver uma crítica, uma denúncia intencional por parte do autor? Em caso positivo, qual seria?

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5- Maria Elvira seria ou não uma personagem romântica? Por quê?

6- Misael teria matado por ciúme?

Professor: Pedir aos alunos que tragam notícias, músicas e poemas a fim de refinar a leitura e a percepção dos elementos componentes

desses gêneros e, preferencialmente, que tratem do mesmo tema.

Alguns poetas, como Manuel Bandeira parodiaram fatos publicados em forma de notícias. Você pode pesquisar para conhecer seu Poema tirado de uma notícia de jornal. Também, nesse sentido temos Jornal, longe, de Cecília Meireles e a canção Notícia de jornal, dos compositores Luís reis e Haroldo de Campos, cantada por Chico Buarque, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=Qz8raFQNDGI. (Acesso em 21/05/2010).

Para refletir...

- Qual é a sua concepção de ciúme?

- Ciúme é bom? Ele pode ser considerado um sentimento positivo? Por quê?

Agora que tal conhecermos um pouco do autor de Tragédia Brasileira, o

período em que viveu, a escola literária a que pertence...?

anuel Bandeira é uma das figuras mais importantes da poesia

brasileira e um dos iniciadores do Modernismo brasileiro, destacando-

se pela simplicidade de seus versos e pela profundidade de seus temas.

Já novo gostava da leitura, mas teve que abandonar a faculdade por ter

contraído tuberculose. Passou doente toda vida, apesar das várias estadas em

clínicas brasileiras e até na Europa. Enquanto lutava contra a tuberculose, perde

a mãe, a irmã e o pai, passando a viver solitariamente, apesar dos amigos e das

reuniões na Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1940. Devido

a todas essas desilusões, Manuel Bandeira tinha todos os motivos do mundo para

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ser um sujeito mal-humorado. Não era. Ele sempre teve um sorriso simpático e,

apesar da miopia e de ser "dentuço", adorava "ser fotografado, traduzido,

musicado...". Apesar de ser um homem apaixonado por mulheres, nunca se

casou, ele dizia que "perdeu a vez".

Ligou-se aos modernistas em 1921 e participou da Semana da Arte

Moderna, com seu poema "Os Sapos", lido por Ronald de Carvalho, que

provocou reações radicais na segunda noite do acontecimento.

Seu poema mais famoso é, sem dúvida alguma, Vou me embora para

Pasárgada, muito estudado pela crítica e parodiado por diversos autores.

Saiba acessando:

http://www.mundocultural.com.br/index.asp?url=http://www.mundocultural.com.br/literatura1/modernismo/bras

il/1_fase/manuel_bandeira.html

http://www.portalimpacto.com.br/docs/AnisioVestF1Aula14.pdf

Para saber mais:

- Você sabe o que é uma tragédia grega?

Veja alguns conceitos:

"(...) A tragédia grega não só coloca em cena os limites entre o justo e o

injusto, o bem e o mal, o humano e o divino, a vida e a morte, como também faz

encarar, em sua essência, mitos, sentimentos religiosos e o espírito apolíneo e

dionisíaco.

Ora, sem dúvida, a tragédia apoia-se em conflitos humanos universais que

atormentaram os homens de ontem e atormentam os homens de hoje. É por isso

que, em pleno século XXI, em toda parte do mundo, ainda se toma de empréstimo

ou se recebe de presente dos gregos, com muito bom grado, um tema, uma

personagem, um herói, um elemento trágico ou um coro sempre a alertar aos que

vem depois.”

―É tipo de drama onde um herói trágico luta contra um fator transcedental que controla o fluxo dos acontecimentos. Tamanha é a força desse fator, que sempre chegamos a um final trágico, onde o herói sofre todas as consequências por tentar controlar o poderoso destino (Fado).

A Tragédia suscita terror e piedade nos leitores.‖

- Agora responda:

- Teria esse poema alguma relação de sentido com o termo tragédia grega?

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- O que acham de fazer leitura dramática e representar a história do poema?

3ª Etapa

2.2 Texto II

Questionar os alunos:

- Vocês gostam de dramatização?

- Que tal lermos uma obra especificamente do gênero dramático?

- Já ouviram falar de Shakespeare e de sua importância para o teatro? E de sua obra Otelo?

A intensidade dramática do ciúme faz dele um tema atraente para escritores. Alguns souberam tratá-lo com maestria e produziram obras primas. Citamos o exemplo clássico de Otelo, de William Shakespeare (1603). Como em todas as tragédias, desde sua origem na Grécia antiga, o destino trágico dos personagens centrais está traçado desde o início. Prisioneiros de suas próprias limitações pessoais e sociais, são arrastados para ele e não podem mudá-lo. Otelo, o general mouro de Veneza, é prisioneiro da cor de sua pele. Por seus dotes militares, é tolerado, mas não aceito pelos venezianos, que nutrem com relação a ele sentimentos racistas. Otelo está ciente desse preconceito e se sente inseguro. Para dissimular sua insegurança, comporta-se de modo grosseiro e impulsivo, a ponto de intimidar sua própria mulher, Desdêmona. A insegurança de Otelo faz com que seja receptivo às intrigas de Iago, que desperta seus ciúmes, insinuando um romance entre Desdêmona e Cássio. O ciúme se intensifica ao longo da peça e ... ( Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%BAme).

- Então, vamos viajar no tempo e conhecer mais dessa trágica história de amor e ciúme?! (Você encontrará a obra completa acessando: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000084.pdf. Acesso em 27/07/2010).

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Compreendendo a história

1- Pela leitura dessa obra, podemos perceber que a palavra assume papel relevante. Identifique:

a) Como, através da fala, Otelo conquista Desdêmona?

b) Como Iago provoca a morte de Desdêmona e de Otelo?

c) Como ―ajuda‖ Cássio a assumir o posto de Otelo?

2- Que motivos levaram Iago a armar toda essa situação?

3- O ciúme de Otelo se justifica? Desdêmona lhe dera motivos ou Otelo era um homem inseguro? O que o levaria a sentir insegurança, já que ele era um homem valente e respeitado por seus dotes militares?

4- Podemos afirmar que o único tipo de ciúme que se apresenta nesse texto é o ciúme que Otelo sente por Desdêmona? Explique.

5- É correto afirmar a existência do preconceito nessa narrativa? Comente de que forma se percebe tal forma de pensamento na história.

6- Relacione as características a cada personagem:

(1) Protagonista, general mouro e nobre a serviço da República de Veneza. A sua idade não é revelada. Apesar de aparência rude, possui caráter, atitudes e gestos nobres.

Professor: Após a leitura da tragédia Otelo, efetuar com os alunos um levantamento sobre a época em que foi escrito, o gênero, a linguagem, como decorre o tempo nessa narrativa, como se apresenta a temática ciúme neste texto, o qual possui um diferencial devido ao preconceito racial.

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(2) Protagonista, jovem nobre, bela e terna. Tinha o privilégio de arranjar seu próprio marido porque seu pai nela confiava.

(3) Antagonista, figura mais diabólica que humana. Pessoa vil, que não media esforços para alcançar seus objetivos.Movido pelos seus interesses pessoais, dissimulado e manipulador.

(4) Jovem florentino que ―nunca comandou nenhum soldado num campo de batalha e que conhece tanto de guerra como uma fiandeira‖. Ingênuo e amante de Bianca.

(5) Ocupava o cargo de senador de Veneza, rico e um tanto contraditório. Tinha uma filha.

(6) Serviçal de Desdêmona, sem muita importância no início da narrativa, mas que no final revela toda a traição de Iago, por isso é morta.

(7) Trama com Iago uma forma de contar a Brabâncio que sua filha casara-se com Otelo. Também morto pelas mãos de Iago.

( ) Cássio

( ) Iago

( ) Emília

( ) Desdêmona

( ) Rodrigo

( ) Otelo

( ) Brabâncio

Contextualizando

1- Você acha que após mais de quatrocentos anos da escrita dessa obra, ainda é forte o preconceito na nossa sociedade? Comente.

2- Você acredita que possam existir pessoas cruéis como Iago, que prejudicam e até levam à morte pessoas amigas, do seu convívio, por ciúme, inveja pensando em benefício próprio?

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- Que tal fazerem uma pesquisa para conhecer um pouco mais sobre Shakespeare?

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14&letter=W

4ª etapa

Professor: Apresentar aos alunos a próxima obra a ser lida: o romance Dom Casmurro, para que os alunos aprofundem suas experiências com o texto literário e suas relações com a realidade.

5ª Etapa

2.3 Texto III

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Professor: Após a leitura do livro, formar pequenos grupos com os alunos a fim de resolverem as atividades abaixo e de debaterem a temática abordada, se o ciúme do personagem se justifica, qual o mistério dessa narrativa, por que causa polêmica, a ambiguidade, a realidade multifacetada, a intertextualidade com os textos já trabalhados, realizando comparações concernentes ao gênero, estilo do escritor, da narrativa, do tempo, das personagens, da época em que foi escrito, se há críticas, denúncias.

Compreendendo a história

1- Após a leitura do capítulo 1, como se explica o nome (Dom Casmurro) que dá o título ao livro?

2- Quando Bento tenta reproduzir a casa de Matacavalos, manda pintar o busto de César, Nero, Augusto e Massinissa. Sabendo um pouco sobre essas quatro figuras (vide livro, em Notas), pode-se afirmar que há algo de irônico nisso? Por quê?

3- Como podemos caracterizar psicologicamente Capitu, basendo-nos no comentário de José Dias a respeito dos olhos dela, no diálogo que Capitu mantém com Bentinho (no mesmo capítulo) e na narração ao longo de toda a história?

4- Considerando que Bentinho é o narrador da história e conta os fatos de acordo com suas lembranças e interpretação dos fatos vivenciados por ele e por termos apenas a visão do narrador-personagem, pode-se afirmar que Bento fala a verdade? Ocorreu ou não um envolvimento entre Capitu e Escobar? Teria ela realmente cometido adultério?

5- Comparando as mulheres atuais às de mais ou menos um século atrás, você acha que Capitu se comportava de maneira a demonstrar ser uma adúltera, despertando desconfiança em seu marido? Bentinho estaria certo em desconfiar tanto? Ou, já que não havia fatos comprovadores da traição, melhor seria esquecer o assunto? Coloque-se no lugar de Bento: o que pensaria sobre isso?

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6- Analisando o capítulo 106, vemos que Escobar faz papel de corretor de dez libras esterlinas a Capitu. Os dois ocultam o fato de Bentinho. Este seria um motivo justo para que ele suspeite de traição? Como você vê essa relação de cumplicidade entre Capitu e Escobar?

7- Quando Escobar morre, ao se despedir do defunto, Capitu olha para o morto ―tão fixa, tão apaixonadamente fixa‖ e deixa cair algumas lágrimas. Num outro momento, olha o defunto com olhos de ressaca, ―como se quisesse tragar também o nadador da manhã‖ (cap. 123). Bento a observa enciumado. Teria sentido, nessa ocasião, o ciúme do narrador? Isso não seria falta de consideração por seu amigo num momento de luto?

8- Compare a atitude de Otelo, Bentinho e Misael, relendo os capítulos 62 e 135 de Dom Casmurro e Tragédia brasileira, depois responda:

a) Em que fatos se apoia Otelo para matar?

b) E Misael?

c) Bento primeiramente deseja a morte, em que se apoia para desejá-la?

d) A atitude desses três personagens se justifica? Por quê?

9- Faça uma pesquisa do significado dos nomes das personagens de Dom Casmurro. Observando os significados, você acredita que o autor os escolheu de propósito, ou foi puro acaso?

10- Coloque V ou F

( ) No capítulo 2, DO LIVRO, o narrador diz que seu fim ―era atar a duas pontas da vida‖ (a adolescência e a velhice). Isso quer dizer que gostaria de voltar a ser adolescente e viver toda aquela paixão novamente?

( ) Bento Santiago, no capítulo 32, descreve os olhos de Capitu como ―olhos de ressaca‖. Ele assim os caracteriza por causa do poder de atração que eles exercem sobre Bentinho, ―... Misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia nos dias de ressaca.‖

( ) Compadecido de Bentinho, que quer sair do seminário, o agregado José Dias desinteressadamente procura ajudá-lo, dispondo-se até mesmo a acompanhá-lo à Europa, mesmo contrariado, caso Bento venha a fazer curso de Direito.

( ) Bentinho e Capitu possuem caracteres claramente opostos. Porém é de Capitu o caráter mais forte. Ela é firme no que diz e faz, consegue dissimular facilmente, saindo-se bem de qualquer situação; ele é fraco e submisso.

( ) No capítulo 113, Bentinho chega do teatro mais cedo e encontra seu amigo Escobar à porta do corredor de sua casa, quase flagrando os dois – Capitu e Escobar. Nesse caso, a traição é obvia.

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Intertextualidade

1- Como em Tragédia brasileira, podemos afirmar que em Dom Casmurro há dois polos: o dos dominantes (que detém algum tipo de poder) e o dos dominados? Esclareça.

2- Qual a semelhança temática entre Dom Casmurro, Otelo e Tragédia brasileira? Podemos afirmar que essas três obras dialogam uma com a outra? E com os próprios leitores? Por quê?

3- Em Otelo, o traidor é Iago, a personagem que incita o mouro a sentir ciúmes, suspeitar de Desdêmona e chegar ao ponto de matá-la. Em Dom Casmurro, quem é que leva Bentinho cada vez mais a sentir ciúme e a desconfiar de sua amada, ao ponto de querer morrer ou matar?

Contextualizando

1- O livro Dom Casmurro foi escrito por volta de 1899. Pode-se notar que o narrador nos retrata alguns aspectos históricos e sociais do Brasil daquela época, como a libertação dos escravos. E com relação à mulher, qual é o trato dado a elas? Que direitos tinham? Como isso é retratado no livro?

2- Machado de Assis veicula, por meio das personagens dessa obra um dos motivos mais explorados da prosa literária: O triângulo amoroso, que envolve amor, ciúme, adultério, crime passional.

Esses temas são recorrentes na atualidade? Você conhece algum caso de crime passional por ciúme excessivo e suspeita de adultério?

3- Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho, tinha o hábito de imitar os outros, inclusive Escobar. O menino estava cada vez mai parecido com o amigo do pai, não só na maneira de agir, mas fisicamente também. Tal semelhança não seria apenas fruto da imaginação de Bento, pelo sentimento exagerado de ciúme? Nos dias atuais como isso se resolveria?

Aprofundando o conhecimento

1- A descrição é um recurso utilizado pela maioria dos autores de todas as

épocas, porém com finalidades diferentes. É o caso das obras românticas,

realistas e modernistas. A seguir temos a descrição de três personagens

femininas de autores de épocas diferentes: Maria Elvira, Desdêmona e Capitu.

Compare e responda as questões que seguem.

I- ―... prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e

os dentes em petição de miséria.‖

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II- ―Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, ‗olhos de

cigana oblíqua e dissimulada‘.‖ ―Retórica dos namorados, dá-me uma

comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não

me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles

foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia essa

feição nova.‖

III- ―como uma jovem tão formosa e terna, tão feliz (...)‖. ― Uma jovem tão tímida, de espírito tão sossegado e calmo, que corava de seus próprios anseios!‖ ―Realmente, uma criatura muito louçã e delicada.‖ ― E que olhos tem! Soam-me como um convite para o assalto.‖ ― Olhar atraente, de fato, mas muito modesto.‖ ― E quando fala, não parece uma alvorada para o amor?‖ ― É, de fato, a perfeição em pessoa.‖ ― Adorável criatura!‖ - Qual dos textos apresenta construção e vocabulário mais sofisticados num estilo

mais elevado e poético?

- Ambos os trechos, por serem descritivos, caracterizam as personagens,

apresentando diferença essencial quanto à finalidade. Em qual dos trechos a

descrição apresenta a finalidade de:

a) engrandecer e idealizar a personagem?

b) representar a personagem como ela realmente é?

2- O Romantismo tende a supervalorizar o indivíduo e suas particularidades. Já o

Realismo, apesar de trabalhar a fundo a personagem, busca nela aquilo que é

universal, isto é, comum a cada um de nós e que define a nossa condição

humana. É possível dizer que a situação vivida pelas personagens Capitu e

Bentinho – e toda a carga de emoções e valores que a acompanha – é universal

ou particular? Justifique.

3- Os escritores de maior destaque da primeira fase modernista defendiam a

reconstrução da cultura brasileira através de uma visão crítica da realidade

nacional, conciliando a crítica social e a reflexão filosófica acerca da condição

humana. Essa visão da realidade é possível de ser observada nos três textos

estudados nesta unidade? Em quais situações? Em qual dos textos ela é mais

acentuada?

4- Em Dom Casmurro aparece a situação de José Dias na condição de

agregado, vivendo da proteção dos ricos aos quais faz ―favores‖ de todos os tipos.

É a famosa ―política do favor‖, um dos elementos básicos das relações sociais do

país ao longo do século XIX, denunciada por Machado de Assis. Essa situação se

apresenta nos três textos? Atualmente é possível que ainda exista essa ―política

do favor‖?

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- Após a discussão em pequenos grupos, organizar a sala em dois grandes grupos, divididos em opositores e defensores da personagem Capitu, para discussão geral.

Sugestão de:

- leituras:

O primo Basílio, de Eça de Queirós; Madame Bovary, de Gustave Flaubert; São Bernardo, de Graciliano Ramos; Dona Casmurra e seu Tigrão, de Ivan Jaf; O bom ladrão e Amor de Capitu, de Fernando Sabino; Capitu sou eu, de Dalton Trevisan; Madame, de Maria Velho da Costa; Enquanto isso em Dom Casmurro, de José Endoença Martins; Capitu – memórias póstumas, Domício Proença Filho; Ciumento de carteirinha, de Moacyr Scliar.

- vídeos:

Capitu, dirigido por Paulo Cesar Saraceni

Dom, dirigido por Moacyr Góes

- música:

Capitu, do compositor Luiz Tatit, na voz de Ná Ozzetti

“O que você esperaria de um engraxate, filho de pintor de paredes, descendentes de escravos e gago?”

Pois é, apesar disso, Machado de Assis tornou-se um dos maiores escritores do mundo. Sua obra é extensa, com nove romances, duzentos contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos, nove peças teatrais e mais de seiscentas crônicas. Conheça um pouco mais sua história!

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentará o autodidata Machado de Assis.

“Mesmo sem ter acesso a cursos

regulares, ele sempre empenhou-

se em aprender e buscar

conhecimento de diversas fontes.

Teve aula de francês com a

proprietária de uma padaria,

tornou-se fluente e traduziu um

romance de Victor Hugo. Mais

tarde dedicou-se da mesma forma

ao inglês e alemão.”

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De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.

Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.

Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito, que acolhia novos talentos da época.

Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.

Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota. (...) Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.

Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiuva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada (onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias.

Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais.

(...) Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo

Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.

Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa.

Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.

(...) Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica

aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas.

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(...) Publica, nesse ano, um livro extremamente original, pouco convencional para o

estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do Realismo na literatura brasileira.

Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884), Vária Histórias (1896) Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).

(...) Machado desde o princípio apoiou a ideia (criar uma

Academia Brasileira de Letras) e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.

É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.

Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.

Machado de Assis foi considerado o introdutor do Realismo no Brasil com seu romance Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881.

6ª Etapa

3- Hora da Escrita

Professor: Sugerir que a sala se divida em três grupos encarregados de elaborar um texto dramático inspirado em Dom Casmurro, dividido em três atos. O primeiro ato retratando a infância, a amizade, o amor de Bento e Capitu; o segundo ato retratando o seminário, o casamento, as desconfianças, a ―separação‖; e o terceiro ato com Bento refletindo e escrevendo sua história, suas lembranças, seu fim.

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7ª Etapa

4- Mãos à Obra

- Você gostaria de ser um ator? Você sabia que para ser um bom ator tem que ser um bom leitor?

- O que você sabe de teatro?

- Que tal agora todos ensaiarem a peça elaborada por vocês para apresentação?

Antes...

Vamos ver algumas concepções de teatro e sua relação com a leitura.

―O teatro é a imitação concreta do comportamento do homem e, por isso, suscita uma forma concreta de pensar as situações humanas.

(...) O brasileiro é familiarizado com as narrativas dramáticas, seja a telenovela,

seja o cinema – ainda que exibido pelas emissoras de televisão –, as histórias em quadrinhos. O que lhe é menos familiar é o teatro.

(...)

A leitura de peça teatral pode ser uma estratégia para avançar na compreensão do que se lê. Ao tentar compreender cada personagem e a situação em que está colocado, faz-se uma espécie de desconstrução de cada fala a fim de desvelar o que o dramaturgo, intencionalmente, ocultou e, assim, alcançar o entendimento do que está se falando, de quem está falando, do que está acontecendo.

(...) A primeira leitura deve ser naturalmente da peça inteira. (...) Mas, na estratégia que se pretende esboçar aqui, importa centrar o foco na

dramaturgia, ou melhor, no ato de ler e entender uma peça teatral e mergulhar nos problemas que discute, em desvelar e entender o caráter das personagens, acompanhar as suas ações, elaborar os significados e discernir os valores que infundem, de forma explícita ou implícita, em cada gesto, atitude e comportamento.

(...) Uma peça teatral é composta de texto principal e texto secundário. Por

texto principal entende-se tudo que o público conhecerá diretamente, com as palavras que o autor escreveu: os diálogos, sobretudo, e eventualmente alguma narração. O texto secundário são as indicações para os intérpretes, atores, diretor, cenógrafo etc.‖(...) os dramaturgos teatrais sugerem explicitamente nos textos das suas peças quais são essas intenções, utilizando expressões breves

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entre parênteses, chamadas rubricas, antes do diálogo que a personagem deve falar.

(...) Uma peça de teatro precisa de ensaios para virar um espetáculo. Os

ensaios concentram o processo de criação de um espetáculo. Enquanto o autor escreveu a peça a partir da sua imaginação, da sua memória, das suas referências etc., o diretor, atores e equipe de criação vão trabalhar a partir de uma peça escrita; vão, em certo sentido, traduzir de uma linguagem a outra aquela peça, vão tirá-la do papel e colocá-la no palco. Claro, usarão também a imaginação, a memória, referências etc., mas para, de certa forma, recriar. Para isso, precisam trabalhar coletivamente, estudar, procurar, discutir, experimentar, enfim... ensaiar.‖(...) a encenação teatral é uma atividade tipicamente de grupo. Autor, diretor, atores, atrizes, cenógrafos, figurinistas, compositores, iluminadores, maquiadores, contrarregra e cortineiro – é indispensável que cada um realize a sua parte, e as partes encontrem sua harmonia, para que o conjunto funcione e o espetáculo aconteça.

(...) Na verdade, numa encenação teatral, o que há de real é a plateia, porque o

que acontece no palco é uma mentira, minuciosamente inventada, em que todos – diretor, atores, cenógrafo, figurinista etc., – se esforçam para fazer crer que, mesmo não sendo real, é verdadeira.

(...) As atrizes e os atores – eles são o espetáculo de teatro. Tudo o que o autor

escreveu, toda a compreensão que o diretor teve do texto, todas as suas ideias de encenação, finalmente, vão depender só dos atores. Apenas eles estarão finalmente diante do público. Como num jogo de futebol: o técnico, o preparador físico, o médico, a diretoria do clube, todos contribuíram para a preparação da equipe, mas só os jogadores vão estar em campo; na hora h tudo depende deles. É, portanto, para os atores e com os atores que o espetáculo é construído, para que eles possam jogar bem, ganhar o jogo.

(...) Em primeiro lugar, o ator deve procurar a verdade, deve ser verdadeiro.‖

(Proposta de leitura do mundo através da narrativa

dramática.)

Para saber mais sobre o teatro, sua origem e evolução você pode pesquisar nos sites da internet ou em livros que tratem do assunto.

8ª Etapa

5- Enfim...

Agora é só ensaiar e apresentar. Bom Trabalho!!!!

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