DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · discursivas, apoiando-se em modelos didáticos, cujas...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
JULIA FUMIKO UEDA
GÊNERO OPINATIVO E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
LONDRINA - PARANÁ2010
JULIA FUMIKO UEDA
GÊNERO OPINATIVO E O ESINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Material Didática apresentado à coordenação Estadual do Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná como requisito parcial à obtenção de título de Professor/ PDE.
Orientador: Prof. Dr. Paulo de Tarso Gallembeck
LONDRINA – PARANÁ 2010
AGRADECIMENTO
Agradeço, primeiramente, a Deus pela graça de poder crescer a cada dia sob a Sua proteção.
Minha gratidão, também, ao Excelentíssimo Governador, Roberto Requião, que me possibilitou a aprendizagem de Educação a Distância, do plano da formação continuada dos educadores do Paraná, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).
Ao professor Paulo de Tarso Gallembeck, da mesma forma, a minha gratidão pela amizade e atenção durante o desenvolvimento do projeto.
Aos meus filhos, muito obrigada, pela paciência que tiveram comigo, nos momentos de ocupação com os deveres profissionais, pelos quais deixei de lhes dar maiores atenções.
Finalmente, aos amigos que ganhei durante a minha participação no PDE, incluindo professores, técnicos do CRTE e tantos outros: o meu especial agradecimento pela amizade, companheirismo e colaboração nos momentos de dificuldades com os quais me deparei.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
SEÇÃO I – GÊNEROS DISCURSIVOS.......................................... 03
1.1Gêneros: conceito....................................................................... 031.2 Por uma classificação dos gêneros .......................................... 051.3 Gênero opinativo........................................................................ 061.4 Resenha crítica ......................................................................... 07
SEÇÃO II- MODELO DIDÁTICO .................................................... 09
2.1 Conceito e origem...................................................................... 092.2 Recursos materiais ................................................................... 10
SEÇÃO III – ESTRATÉGIAS DE AÇÃO.......................................... 11
3.1 Sequências didáticas para o ensino da resenha crítica..................................................................................................... 11
3.2 1ª Etapa: apresentação inicial da resenha crítica...................... 123.3 2ª Etapa: Análise da situação de produção da resenha............ 233.4 3ª Etapa: identificação dos elementos que compõem uma
resenha .................................................................................... 263.5 4ª Etapa: articuladores textuais.................................................. 423.6 5ª Etapa: produção textual .........................................................47
CONSIDERAÇÕES FINAS...............................................................49
REFERÊNCIAS............................................................................... 50
1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho propõe-se desenvolver o ensino e a aprendizagem da Língua
Portuguesa por meio de gêneros, mais especificamente, o gênero opinativo – resenha
crítica, pois acredita-se quee é possível desenvolver capacidades linguísticas e
discursivas, apoiando-se em modelos didáticos, cujas práticas estão fundamentadas na
teoria de gêneros de Mikhail Bakhtin, e nas Sequências Didáticas, propostas por
estudiosos da Genebra - Dolz, Schneuwly e Bronckart – e autores brasileiros – Machado,
Lousada e Tardelli . O estudo de Gêneros pode favorecer o domínio da linguagem em
diferentes situações de comunicação e supõe-se, também, que ele possa ampliar os
conhecimentos sobre textos da esfera jornalística, capacitando-o a participar mais
significativamente no meio em que convive, Por um lado, as pessoas demonstram um
desejo de interagir com seus semelhantes, seja por meios eletrônicos ou de forma
tradicional, por uma necessidade inata do ser humano: a de se comunicar. E por meio de
uma resenha crítica, essa necessidade se concretiza, pois os indivíduos expõem suas
opiniões a respeito de alguma obra artística (filmes, livros, artigos, peça teatral, peça
musical e outras mais), ou algum fato ou acontecimento de cunho político, social , cultural,
econômico ou religioso, relevante ou não, que tenha circulado na mídia. E, por outro
lado, tem-se observado que, ao longo do curso da história do ensino de língua
portuguesa, uma variedade de práticas de ensino e aprendizagem vem sendo
empregada, e as mudanças condizem com a política socioeconômica vigente do país e as
diretrizes curriculares, que orientam as formas de conduzir o ensino materno. Nesse
sentido, também as novas concepções de linguagem, que surgem ao longo da história,
exigem uma nova conduta de ensino. Entretanto, as mudanças ocorrem muito
lentamente, pois as novas teorias exigem maiores interações e domínios dos saberes em
relação aos novos programas, sem falar da resistência a mudanças por parte dos
educadores. Diante desse quadro, vem-se notando o surgimento de novas teorias de
ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, mas, na práxis, isso nem sempre ocorre,
pois as pesquisas apontam que existem, ainda, muitas práticas de ensino, com base em
teorias que têm a linguagem como estrutura, e muitos professores ainda praticam um
ensino de base gramatical. Para muitos, o texto ainda não chegou à sua dimensão
textual-discursiva. Essa dimensão pressupõe uma concepção sociointeracionista de
linguagem, centrada no problema da interlocução (BRANDÃO, 2002), por isso uma
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abordagem que privilegia a interação deve reconhecer tipos diferentes de textos, com
diferentes formas de textualização, visando a diferentes situações de interlocução. E o
reconhecimento dessa abordagem conduziu os estudiosos da linguagem à busca de uma
classificação dos diferentes gêneros do discurso. Com base nessa abordagem, busca-se
alguma contribuição para o ensino da língua, procurando adequar a metodologia às novas
concepções da linguagem. O Caderno Pedagógico, assim denominado, cujo conteúdo
apresenta questões práticas para desenvolver a proficiência da leitura e escrita de textos,
por meio da Resenha Crítica, tem em vista alunos da terceira série do Ensino Médio, do
Colégio Estadual Pe. Wistremundo Perez Garcia, do período noturno, de uma escola não-
central, mas também não isolada. São na maioria alunos de famílias de baixa renda, que
trabalham durante o dia, e muitos são motivados a seguirem o ensino superior.
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CONSIDERAÇÕES GERAIS
SEÇÃO I GÊNEROS DISCURSIVOS
1.1 Gêneros - conceito
O estudo dos gêneros é algo muito antigo. Com Aristóteles, já se via a
preocupação com esse assunto, e, no passado, em geral, os gêneros recebiam uma
abordagem mais sob o ponto de vista da Literatura.
Segundo a teoria proposta por Bakhtin (2003), a cada tipo de atividade humana
que implica o uso da linguagem correspondem enunciados particulares, os gêneros do
discurso.
Para Dolz &Schnewly (1996), a classificação dos gêneros é muito difícil, visto que
cada situação de uso da língua se realiza verbalmente por meio de um gênero, podendo
concluir que a capacidade de comunicação depende do maior ou menor domínio que se
tem do gênero em questão.
Os avanços das tecnologias nos campos das comunicações fizeram surgir novos
gêneros, em consequência da necessidade de formas diferentes para comunicar,
gerando, assim, inúmeros gêneros e as mais diversas concepções.
Para Marcuschi (1997), os mais variados gêneros surgem conforme as
necessidades e atividades sócio-culturais bem como na relação com inovações
tecnológicas, e isso explica a quantidade de gêneros que circulam hoje. As novas
tecnologias, principalmente ligadas à área de comunicação (o rádio, a televisão, a revista,
o jornal, a internet) são presenças marcantes e de centrabilidade nas atividades
comunicativas da realidade social e propiciam e exigem novas formas de interação. Daí
surgem formas discursivas novas, tais como: editoriais, artigos de fundo, notícias,
telefonemas, telegramas, teleconferências, videoconferências, telemensagens, bate-
papos, virtuais (chats), aulas virtuais, etc. São inúmeros os gêneros existentes hoje, tanto
é que alguns linguistas alemães detectaram mais de quatro mil deles que estão em
circulação e formam uma conselação.
Nos dias atuais, o gênero passou a ser estudado mais amplamente por muitos
linguistas, não somente por especulação, mas em termos de aplicabilidade das teorias em
práticas de ensino e aprendizagem da linguagem. Mas seus estudos já despertaram
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curiosidade dos pesquisadores da Universidade de Genebra, desde a segunda metade da
década de 90. Alguns estudiosos, entre os quais Bronckart, Cristóvão, Machado,
Matêncio, continuam desenvolvendo trabalhos a respeito do ensino e aprendizagem via
gêneros. Seus pressupostos exerceram grande influência nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN).
Alguns estudiosos tentaram estabelecer uma classificação dos gêneros e
adotaram o termo Gêneros Textuais, e outros, Gêneros Discursivos, mas há quem utilize
os dois termos como sinônimos. Neste trabalho, optou-se por gênero do discurso. E,
ainda, adotou-se a teoria dos gêneros segundo Bakhtin (2003, p.25) como “tipos
relativamente estáveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da
atividade humana”. Em outras palavras, apesar da imensa constelação de gêneros orais
e escritos existentes, é possivel agrupá-los em diferentes tipos de gênero, pois eles
apresentam regularidades, ou caracteres em comum. Em situações semelhantes,
escrevemos textos com características semelhantes, conhecidos pelos usuários da
língua, o que vem a facilitar a comunicação: são os chamados gêneros discursivos.
Segundo Bakhtin (2003), todo uso de linguagem se apoia em gêneros, quer se
tenha consciência disso, quer não. A apropriação de conhecimento dos gêneros,
considerando o conteúdo temático, estilo e estrutura composicional, pode facilitar o
domínio da língua e, consequentemente, ajudar a autonomia do aprendiz. Afirma o autor,
ainda, a cada tipo de atividade humana que implica o uso da linguagem correspondem
enunciados particulares, os gêneros do discurso:
Cada esfera de troca elabora tipos relativamente estáveis de: os gêneros; três
elementos os caracterizam: conteúdo temático- estilo - e construção
composicional; a escolha de um gênero se determina pela esfera, as
necessidades da temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa
ou intenção do locutor (BAKHTIN, 2003, p.25).
Enquanto os gêneros são relativamente estáveis, os textos que os materializam
são extremamente variáveis e maleáveis (BRONCKART, 1997; apud LOUSADA, 2003).
Para Dolz &Schnewly (1996), a classificação dos gêneros é muito difícil, visto que
cada situação de uso da língua se realiza verbalmente por meio de um gênero. Pode-se
concluir que a capacidade de comunicação depende do maior ou menor domínio que se
tem do gênero em questão.
Para Bronckart (1997) o gênero constitui uma ferramenta que atua no processo de
aprendizagem. Nesse sentido, o gênero é tomado como um verdadeiro instrumento para
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o desenvolvimento de três tipos de capacidades de linguagem : as de ação, as
discursivas, as linguístico-discursivas.
Segundo Schneuwly ( 2004, apud NASCIMENTO, 2009), as capacidades de ação
englobam o contexto físico da ação, o contexto social da interação comunicativa e o
conhecimento do mundo, podendo este ser verbalizado na ação. Quanto às capacidades
discursivas, referem-se ao estabelecimento de um tipo de ancoragem enunciativa (em
conjunção ou disjunção quanto ao mundo ordinário de ação da linguagem); ao
estabelecimento de um modo de apresentação dos conteúdos e à escolha e organização
global e local dos conteúdos. Finalmente, as capacidades linguístico-discursivas referem-
se à articulação de diferentes tipos de segmentos textuais, estabelecimento de relações
entre diferentes vozes e a posição sobre os enunciados.
1.2 Por uma classificação dos gêneros
A idéia de classificação, segundo Brandão (2002) teve uma ancoragem forte no
modelo estruturalista, que tem como método de estudo as classificações, as ordens, os
agenciamentos. Seu objetivo primordial é a taxionomia ou o modelo distribucional imposto
para toda obra humana, pois para o estruturalismo não existe cultura sem classificação.
Os estruturalistas elaboravam modelos classificatórios abstratos com efeitos de
normatividade, não considerando o heterogêneo. Suas tipologias do discurso apresentam
um caráter formal, abstrato, generalizante e descontextualizante.
Nos tempos atuais, muitos linguistas têm-se dedicado ao estudo das tipologias de
texto, e muitos deles têm mostrado uma desconfiança quanto à tipologização de textos
pelo seu caráter complexo e delicado. Mesmo assim, uma variedade de tipologias vem
surgindo, porém apresenta problemas porque ou são restritas ou são amplas demais, mas
compreensíveis devido ao caráter heterogêneo e complexo (BRANDÃO, 2002).
Seguindo a linha bakhtiniana, o estudo sobre gêneros assume um percurso
histórico, e o autor faz uma distinçaõ entre gêneros primários (aqueles das interações da
vida cotidiana) e os gêneros secundários (aqueles dos discursos literários, científicos,
ideológicos).
Nos Gêneros Primários (conversa do cotidiano, cartas, msn, e-mails) ocorrem as
réplicas entre os sujeitos (o falante e o ouvinte não passivos), ou seja, um falante e o que
responde. Há instâncias alternativas entre os sujeitos do discurso, estabelecendo uma
atividade responsiva de interação.
Os Gêneros Secundários do discurso (científicos e artísticos) são originados pelos
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gêneros primários e suscitam também uma atividade responsiva.
Em outras palavras, um trabalho científico, por exemplo dialoga com outros existentes,
concordando ou discordando, respondendo ou suscitando uma resposta, numa contínua
atividade responsiva, no dizer de Bakhtin (2003).
No presente trabalho, escolheu-se o gênero opinativo como tema, não se
preocupando em esgotar o assunto sob o ponto de vista da especulação, mas buscando,
a partir de algumas teorias existentes, trazer à luz da prática os conceitos apreendidos,
no ensejo de contribuir com o ensino de Língua Portuguesa.
1. 3 Gênero opinativo
Por se tratar de Gênero Opinativo o presente trabalho, faz uma rápida exposição a
respeito desse gênero, para esclarecer determinadas especificidades que os caracterizam
como tais.
Como qualquer outro discurso, no Gênero Opinativo, o enunciador não fala ou
escreve simplesmente, mas o faz em um determinado contexto de produção. Em outras
palavras, os textos são escritos por um enunciador para um enunciatário, com uma certa
intenção, em determinado tempo e lugar, para serem divulgados em certos veículos. E
todos esses fatores são fundamentais para a construção de sentidos e, portanto devem
ser observados pelo professor, na aprendizagem da leitura ou da escrita.
O contexto de produção dos artigos de opinião pode ser descrito da seguinte
maneira: geralmente, o autor de um artigo de opinião é um especialista no assunto, ou, no
mínimo é um enunciador, que estuda aspectos da questão em discussão, mas também
pode ser um representante de determinada instituição social, com desejos de manifestar,
de alguma forma, sobre a questão. Em função disso, o autor procura construir uma
imagem positiva de si para os seus leitores (ethos), como alguém que domina o tema em
questão, por meio da lógica, da razão, apresentando argumentos sólidos para sustentar
sua posição. Nesse sentido, a argumentação vai constituir um aspecto relevante nesse
tipo de gênero, como uma característica inerente a ele.
Os leitores do artigo de opinião são pessoas que leem frequentemente um
determinado jornal ou revista e se manifestam o interesse na questão polêmica, visto que
são direta ou indiretamente afetadas, ou apenas porque se interessam pela discussão dos
assuntos que circulam na sociedade.
Quanto à veiculação, os artigos de opinião, geralmente, circulam em jornais e
revistas, tendo como suporte o material impresso ou via on-line, pela internet.
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O gênero opinativo constitui um meio de influenciar o pensamento dos
destinatários, construindo ou transformando (impor, inverter, reforçar, enfraquecer) a sua
posição sobre uma questão controversa de interesse social , mudando o comportamento
dos leitores. Por essa razão, os artigos de opinião são considerados discursos, explícito
ou de forma apagada, marcados pela posição ideológica.
Pode-se incluir entre o gênero opinativo; editorial, carta de leitor, artigo assinado,
resenha , ensaio, carta de reclamação, discurso de defesa ou de acusação (advocacia),
ensaio, sinópse de catálogo de editorial, programação de cinemas, capas de dvds e
outros mais.
1.4 Resenha Crítica
Falamos muito em exercício de cidadania, mas não podemos conceber tal ação
entre os indivíduos, sem prepará-los para uma prática social. Nesse sentido, a escola
constitui a instância adequada para que se desenvolvam a leitura e a escrita de todos os
gêneros discursivos, preparando os indivíduos a empregarem a linguagem, de forma
adequada a cada situação de uso. E quanto maior for o número de gêneros assimilados
pelo aluno, maior será a sua capacidade linguístico-discursiva, para agir no meio social.
Em se tratando especificamente a resenha crítica (componente do gênero
opinativo), fazem-se, aqui, algumas considerações sobre essa gênero discursivo da
esfera jornalística.
A RESENHA constitui um gênero textual na qual se realizam diversos tipos
textuais, pois o seu conteúdo se caracteriza pelo resumo de um objeto, acompanhado de
uma avaliação ou crítica, apontando os aspectos positivos e negativos.
Existem dois tipos de resenha: descritiva e crítica. E este trabalho ater-se-á,
especificamente, à resenha crítica.
O objetivo da resenha é, na maioria das vezes, divulgar objetos de consumo cultural –
livros, filmes, peças teatrais, peças musicais, e outros mais, sendo essa, pois,
considerada um texto de caráter efêmero.
A resenha é um discurso que exige maior domínio de um determinado assunto e
um senso crítico muito aguçado por parte de quem escreve, sendo a argumentação, aqui,
um elemento relevante para que a defesa de um ponto de vista possa convencer o
interlocutor a aceitá- la. Nesse sentido, a argumentação pode ser assim definida, como
observa Perelman:
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O objetivo de toda argumentação [...] é provocar ou aumentar a adesão dos
espíritos às teses que se apresentam ao seu assentimento:uma argumentação
eficaz é a que consegue aumentar essa intensidade de adesão, de forma que se
desencadeie nos ouvintes (ou leitores) a ação pretendida (ação positiva ou
abstenção) ou, pelo menos, crie uma disposição para a ação, que manifestará
no momento oportuno (1999, p.50).
Na resenha crítica, distinta da descritiva, propõe-se que o enunciador apresente um
tema do que se vai falar, e o ponto de vista a ser adotado. Requer, ainda, uma capacidade
de resumir ou parafrasear, em alguns casos de filmes, livros, peças de teatro, musical,
etc., um conhecimento sobre o autor, outras obras relacionadas com o que se vai
resenhar, enfim, que tenha uma certa leitura do mundo, constituindo um texto que se
caracteriza pela heterogeneidade de vozes.
A resenha aparece em seção específica do jornal ou revista.
Apesar de se parecer com o resumo, a resenha traz “informações sobre a obra ainda
mais concisas e com Interpretações e avaliações mais explícitas” (MACHADO, 2003,
P.143).
E, ainda, a resenha crítica pode ser considerada um gênero secundário (BAKHTIN,
2003), por pertencer a um tipo mais complexo de texto, que exige maiores conhecimentos
do assunto veiculado. Ela tem um caráter dissertativo, cujos argumentos devem estar
bem fundados sobre o aquilo que se quer comprovar – um ponto de vista. Nesse sentido,
o resenhista necessita, ainda, tomar como referência outras obras do autor resenhado,
para fazer suas críticas, suas comparações, demostrando domínio do assunto.
Para a escrita de uma resenha, é preciso levar os alunos à prática da leitura desse
tipo de texto. Nesse sentido, muitos textos midiáticos devem servir como base para a
leitura, observando as diferentes formas de persuasão usadas por seus autores. E, ainda,
faz-se necessário um grande esforço por parte do professor, pois o trabalho vai exigir
muitas atividades que venham a desenvolver a capacidade argumentativa e também a
habilidade em resumir textos.
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SEÇÃO II MODELO DIDÁTICO
2.1 Conceito e origem
A denominação Modelo Didático (MD) surgiu em Genebra, com a finalidade de
subsidiar o trabalho docente e favorecer o ensino e a aprendizagem na compreensão e
produção de textos. Para o grupo de Genebra, o ensino e a aprendizagem de qualquer
gênero textual é fundamental, e as atividades em sala de aula devem ser norteadas por
um modelo didático do gênero (Dolz & Schneuwly 1997; apud Gonçalves, 2007).
No Brasil, alguns estudiosos brasileiros acompanham o grupo de pesquisadores
genebrianos, e suas pesquisas estão sendo desenvolvidas no país, com a colaboração de
muitos adeptos interessados em desenvolver modelos didáticos para o ensino da Língua
Portuguesa, como exemplo têm-se muitos professores do Curso Superior, do Ensino
Fundamental e Médio da Rede Pública.
Dentre os pesquisadores, pode-se citar Machado e Cristóvão (2006), para quem os
objetivos do ensino e aprendizagem de gêneros devem ser guiados pelos modelos
didáticos, os quais são objetos descritivos e operacionais que, quando construídos,
facilitam a apreensão de um determinado gênero.
Pietro e Schneuwly (apud Gonçalves, 2007), afirmam que o primeiro passo para
ensinar um objeto qualquer é uma ferramenta chamada de Modelo Didático.
Segundo Bronckart (2003), para uma utilização de um modelo didático eficaz é
necessário deter conhecimentos sobre o que esses gêneros são potencialmente, para
não construir um modelo didático equivocado.
O autor acredita, ainda, que a utilização de um conjunto de textos de gêneros diferentes
facilite o reconhecimento de suas características semelhantes e diferentes, favorecendo a
elaboração de um modelo didático, mesmo que este não seja perfeito.
Para Bronckart ( 2003), o modelo didático deve implicar a análise de um conjunto
de textos do mesmo gênero e implicar três atividades, tais como: capacidade de ação,
capacidades discursivas e capacidades linguistico-discursivas. O primeiro refere-se
às operações de representação do contexto social ou contextualização; o segundo, às
capacidades discursivas relativas à estruturação do texto e, o último, às capacidades
linguístico-discursivas e às escolhas de unidades de textualização.
Segundo Dolz et al (2004, apud GONÇALVES, 200, p.81), “Uma SD tem o objetivo
de criar contextos de produção delimitados e efetuar atividades as mais variadas, a fim de
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que o estudante domine determinado gênero em situação de comunicação as mais
diversas”.
A metodologia deste trabalho, portanto, será a seguinte: com base nas sequências
didáticas (SD) sugeridas por Dolz e Schneuwly (2004), pretende-se desenvolver o ensino
de RESENHA CRÍTICA, em conjunção com sugestões de outros autores, brasileiros, que
propõem o desenvolvimento de sequências didáticas, para o ensino de gêneros, na
Língua Portuguesa, tais como Machado, Lousada e Tardelli (2004).
As seqüências didáticas poderão servir para o ensino da língua materna, na crença
de que o estudo de gêneros poderia facilitar a sua aprendizagem, preparando o aprendiz
para usar e adequar a linguagem em diferentes situações de comunicação. A sequência
didática, portanto, visa a uma progressão do ensino e aprendizagem, segundo Dolz e
Schneuwly (2004).
Nesse sentido, as Sequências Didáticas (SD) podem ser definidas como um
conjunto de atividades escolares organizadas de forma sistemática, em torno de um
gênero textual oral ou escrito (Dolz, Noverraz & Schneuwly , 1996), com a finalidade de
desenvolver o ensino da língua materna, na crença de que o estudo de gêneros poderia
facilitar a sua aprendizagem e preparar o aprendiz para usar e adequar a linguagem em
diferentes situações de comunicação.
Muitas críticas já foram tecidas em relação a essas atividades, pois alguns
estudiosos acreditam que tais modelos poderiam engessar determinada prática, não
constituindo uma forma natural de ensinar, para atender às reais necessidades de cada
grupo de aprendiz.
Apesar das críticas formuladas por estudiosos da língua, optou-se, neste trabalho,
por desenvolver as chamadas Sequências Didáticas, acreditando ser uma forma de
verificar a aprendizagem da língua materna por meio de gêneros, pois estes poderiam
facilitar o acesso ao domínio efetivo da linguagem. Em outras palavras, pretende-se criar
contextos de produção, efetuar atividades diversas, para permitir que os alunos possam
se apropriar se noções, técnicas e instrumentos necessários para o desenvolvimento da
expressão oral e escrita, em diferentes situações de comunicação (DOLZ, NOVERRAZ,
SCHNEUWLY, 1996).
2.2 Recursos Materiais
– Coletânea de textos (notícia e resenhas);
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– aparelho de vídeo;
– DVDs
– material para painéis;
– computador (para pesquisar na internet);
– lousa, giz e apagador;
– modelos de resenha, sinopse de filme, recortes de resenhas de jornais, revistas,
internet;
– exercícios mimeografados.
SEÇÃO III ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
3.1 Sequências Didáticas para o Ensino de Resenha Crítica
Em situações distintas de comunicação, o falante procura adequar-se à situação de
comunicação, ou seja, não se fala ou escreve da mesma maneira sempre. Em
determinadas situações é necessário apelar à linguagem culta, mas em outras situações,
a linguagem mais descontraída; em uma conversa informal, por exemplo, usa-se a
linguagem coloquial ou popular. Nesse sentido, sabe-se que os textos orais ou escritos
diferenciam-se uns dos outros, porque são produzidos em condições diferentes, mas é
sabido que há regularidades.
Eis algumas considerações, para iniciar este trabalho:
Contexto de produção
1. Alunos das terceiras séries do Ensino Médio, noturno, de uma escola pública.
2. Emissor: alunos da 3ª série.
3. Leitor: alunos e professores.
4. Papel Social do Produtor: alunos que expressam suas ideias e as defende;
apresentam argumentos sobre filmes, com base em suas experiências e leitura de
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mundo.
5. Papel social do Leitor: os colegas da sala e professores.
6. Objetivos: apresentar uma opinião sobre filmes assistidos em sala ou no cinema,
por meio de argumentos convincentes sobre a temática.
7. Instituição: Colégio Estadual Pe. Wistremundo Perez Garcia de Londrina
3.2 1ª ETAPA: Apresentação inicial da resenha crítica
- Perguntar aos alunos se sabem o que é uma resenha.
– Dialogar muito sobre esse gênero, esclarecendo que a resenha, como tantos outros
(carta de leitor, sinopse, 4ª capa do livro, editorial, resenha de filme, de livro, show,
teatro e outros) faz parte do gênero opinativo, porque sua característica principal é
apresentar uma ideia, um ponto de vista, sustentados por argumentos lógicos e
convincentes.
– Pedir que encontrem textos resenhados e tragam os recortes de casa.
– Buscar na internet textos resenhados de livros, filmes, peça de teatro, de shows,
sinópse de filmes, etc.
– Ler a resenha trazida de casa, copiada ou impressa da internet para os colegas,
observando as regularidades inerentes a esse tipo de texto.
– Dizer que o estudo terá um produto final: resenhas produzidas por alunos,
para compor um grande painel, que ficará exposto para que os alunos da escola
possam ler.
– Como modelos, reunir resenhas críticas com os alunos, publicadas em jornais, revistas
e na internet. Procurar diversificar o acervo, com resenhas de cds, filmes, livros,
shows, peças de teatro, exposições de arte. Pretende-se, ainda, tirar cópias para
todos os alunos daquelas que serão lidas e analisadas para estudo das características
textuais.
– E pode-se fazer a comparação das resenhas entre si (sinopse de filme com a capa do
dvd) e verificar que todos eles são textos opinativos e não estão isentos de intenções.
– Apresentar uma resenha de cada vez, fazendo a leitura com os alunos, ajudando-os a
observar a parte que apresenta um resumo do objeto resenhado e a parte que
constitui uma opinião sobre ele, a análise. Mostrar que muitos são apreciações de
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algum produto cultural (filme, livro, dvd, teatro, etc.), tendo a finalidade de conduzir o
leitor à adesão da leitura ou do produto.
– Passar o filme Avatar, em sala de aula, para que os alunos façam a sua primeira
produção. Após assistirem ao filme, haverá um debate sobre o filme, para que as
diferentes visões sejam socializadas, para depois passarem à escrita.
– Nessa fase, ainda, serão estudados dois textos, para que os alunos possam observar
a diferença entre uma resenha e uma notícia, ou seja: “Equipe Cria Linhagem de
Ratos para Estudo” e “Aids e Carnaval”, respectivamente).
– O professor deve, então, apresentar o texto 1 e 2, nessa etapa, e fazer a comparação.
Observar que o texto 1 é uma notícia, cujo objetivo informar sobre algum
acontecimento, algum fato novo. E o texto a ser apresentado trata de um fato de
cunho científico.
O professor pode comentar, ainda, com seus alunos que o jornalismo deveria
cumprir a função de informar, com a maior fidedignidade possível, os acontecimentos,
sem a opinião própria de quem escreve (o jornalista). Porém, isso não ocorre, pois a
pretenciosa imparcialidade cai por baixo no momento em que o jornalismo se dispõe a
usar de técnicas manipuladoras, ao produzir o texto, na intenção de alcançar efeitos de
sentido desejados. Isso comprova a tendenciosidade. Além disso, todo texto é passível
de ser editorado, o que já justifica a manipulação com fins determinados, para a formação
de opinião pública, de acordo com a ideologia que permeia o jornal.
O professor pode, ainda, mostrar que a notícia possui uma característica específica
– lead jornalístico -, ou seja, atende a questões básicas, tais como: quem, o que, onde,
quando, como, por quê, para que escreve, em sua composição textual. Seguindo o
esquema, o aluno consegue extrair do texto noticiário as informações mais significativas,
no momento da prática de paráfrases ou de resumos.
Apresentam-se, portanto, dois textos abaixo, (1e2) para comparações, observando
as características acima citadas.
TEXTO 1
EQUIPE CRIA LINHAGEM DE RATOS PARA ESTUDO
Cientistas usam roedores para auxiliar no trabalho do transtorno de ansiedade
generalizada e da síndrome do pânico.
Rio – Cientistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC_RJ)
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criaram duas novas linhagens de ratos para auxiliar no estudo do transtorno de ansiedade
generalizada e da síndrome do pânico. Por dez anos, os pesquisadores fizeram o
cruzamento entre roedores naturalmente mais e menos ansiosos. essas características
foram transmitidas por herança genética. a pesquisa já está na oitava geração de
“ratinhos nervosos”.
“Nossa intenção é ter um bom modelo de ansiedade em humano, simular de
maneira mais verdadeira como esses trantornos se expressam nas pessoas. Estudamos
áreas neurais associadas aos distúrbios da ansiedade, Também queremos saber como
essas estruturas participam do transtorno do pânico e como se comportam nos animais
que têm aumento da ansiedade”, disse J.Landeira Fernandez, do núcleo de Neuro
psicologia Clínica e Experimental da PUC.
As linhagens desenvolvidas foram batizadas de Cariocas com Alto Congelamento
(CAC) e Cariocas com Baixo Congelamento (CBC). O congelamento, ou freezing, é o
termo que se dá à reação de pânico o que toma conta do rato, paralisando-o.
Os pesquisadores chegaram às espécies testando os que tinham maior ou menor
reação a estímulos como choque. Os grupos foram divididos e cruzados entre si, para que
se pudesse testar até que ponto as características emocionais eram transmiitidas. Na
terceira geração, os ratos já apresentaram ansiedade elevada ou reduzida, de acordo
com os seus parentes.
“Chegamos a esse resultado por tentativa e erro. Levamos dois anos para
descobrir que, para se reproduzir, o macho tem de ser colocado na gaiola antes da fêmea,
para que faça o ninho. Também aprimoramos o sistema de marcação na orelha e nos
dedos”, disse Landeira.
Hoje há cerca de 500 bichos com as características diferenciadas, que permitem
estudos sobre a extinção da ansiedade, estresse pós-traumático, trantorno de ansiedade
generalizada (quando a pessoa desenvolve preocupações intensas, excessivas,
infundadas e por longo período) e transtorno do pânico medo constante de novo ataque
do pânico – reação emocional intensa com sensação de morte iminente).
O Brasil já teve uma linhagem de ratos ansiosos, mas que hoje está extinta. Os
roedores criados nos laboratórios da PUC_RJ já foram enviados para pesquisadores da
Universidade de Brasília, Universidade Federal Fluminense, Universidade de São Paulo
em Ribeirão Preto e Universidade Federal de Santa Catarina.
Clarissa Thomé
FOLHA DE LONDRINA, 14/03/2010, Cad. Folha GeraL, p.10.
15
TEXTO 2
AIDS E CARNAVAL
1º§ Toda vez que lançamos uma campanha de carnaval, somos questionados
sobre os resultados desse investimento que o Ministério da Saúde faz desde o início da
epidemia de aids no Brasil.
2º§ Os resultados não têm seu impacto imediato mensurável, como numa pesquisa
de rua, mas estão aí na redução de quase 13% nas novas notificações de aids entre 1999
e 2001 e no aumento de mais de 300% no consumo de preservativos masculinos
comercializados no Brasil, que de 1993 a 2000, saltou de 70 milhões para 350 milhões de
unidades por ano. Além disso, a distribuição de preservativos, por parte do Ministério da
Saúde, cresceu de 18 milhões de unidades por ano, no início da década de 1990, para
200 milhões em 2001. Para este ano, a previsão é distribuirmos 300 milhões de
preservativos.
3º§ O Brasil é um dos poucos países do mundo que tratam da questão da aids de
forma tão clara nos veículos de comunicação. Outros países da região e muitos países
desenvolvidos até hoje encontram dificuldades para veicular campanhas de massa,
informando sobre as formas de transmissão da doença e estimulando o uso do
preservativo como meio de preveni-la.
4º§ Nossas campanhas são discutidas e elaboradas com um comitê técnico-
científico que inclui representantes de organizações da sociedade civil, universidades e
especialistas em prevenção da DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e à aids. O
público alvo escolhido é aquele para o qual as transmissões ocorrem mais: no ano
passado foi endereçada aos homens que têm múltiplas parceiras sexuais e a deste ano
aos heterossexuais jovens.
5º§ Por que essa insistência? Porque a prevalência da aids vem caindo entre
outros segmentos que no ano passado eram mais vulneráveis à transmissão do HIV
(homossexuais e usuários de drogas) e aumentando entre os heterossexuais e as
mulheres. A forma de transmissão por relações sexuais entre homens e mulheres já
responde por 52% dos casos de aids notificados no país - 215.810 até junho de 2001.
6º§ Quando fazemos uma campanha de massa estamos democratizando a
informação. A escolha das datas de veiculação dessas campanhas também é importante.
No carnaval atingimos todas as faixas etárias e aproveitamos um momento de alta
descontração dos brasileiros para lembrá-los de que a aids não acabou e a camisinha
16
ainda é a melhor forma de prevenção contra a doença.
7º§ O lembrete é oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas costumam
fazer uso de álcool e a sexualidade fica em alta. Estamos presentes também nos
principais desfiles, com a distribuição de preservativos, folhetos, abanadores e outros
materiais impressos. Esse trabalho é feito com a colaboração fundamental de sociedade
civil, sem a qual seria impossível distribuir 8 milhões de preservativos em todo o Brasil.
8º§ Mas as estratégias de prevenção à aids não se restringem apenas às
campanhas pontuais. O trabalho é feito o ano inteiro com os diversos segmentos da
população: estudantes, caminhoneiros, profissionais do sexo, índios, garimpeiros, homens
que fazem sexo com os homens, usuários de drogas injetáveis, presidiários, operários,
em assentamentos rurais, com mulheres, profissionais da saúde, professores, para citar
alguns.
9º§ Os investimentos anuais em prevenção e tratamento chegam perto de US$ 400
milhões, mas os resultados são animadores. A incidência da epidemia, que estava
estabilizada em torno de 22 mil novos casos por ano até 1998, caiu para 20 mil novos
casos em 1999 e 15 mil em 2000. O uso do preservativo no Brasil chega a 60% entre os
jovens, um resultado que só países do Primeiro Mundo têm alcançado. Isso, sim, é
resultado de prevenção.
10º§ Nos principais centros do país, as mortes por aids caíram 70% de 1996 para
cá e as internações hospitalares foram reduzidas em 80%. Isso é resultado do tratamento.
A soma desses dois pólos de atuação – prevenção e tratamento - faz do programa de
controle da aids do Brasil um modelo para todo o mundo. Mas isso não significa que
devemos relaxar. A aids é uma doença cuja cura e vacina ainda estão distantes.
11º§ Os especialistas em comunicação e a experiência brasileira mostram que as
campanhas de massa são essenciais. O Brasil é um país privilegiado por fazê-las. Além
dos esforços da mobilização social, a cultura brasileira de tolerância e solidariedade tem
permitido que questões delicadas relacionadas à epidemia de aids sejam tratadas de
maneira franca, clara e honesta.
12º§ O carnaval, como uma das maiores manifestações populares do país, além de
ser um grande motivo de festa e descontração, tem se mostrado um excelente canal para
tratar do assunto. Seria impossível deixarmos passar essa grande oportunidade.
TEIXEIRA, Paulo Roberto. Folha de São Paulo. São Paulo, 09/02/2002, p.A3.
IN: FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura. 3ª série do Ensino Médio.
Curitiba: Base Editora, 2005.
17
ATIVIDADES
O(a) professor(a) deve comentar as diferenças existentes entre os dois primeiros
textos. Uma vez vistas as regularidades e recorrências dos textos opinativos, cabe fazer
algumas perguntas, para serem respondidas oralmente e por escrito, tais como:
1) Qual a diferença entre o primeiro e o segundo texto?
(Espera-se que os alunos observem algumas diferenças, como: um informa um fato sem
opinar e o outro apresenta ideias, por meio de argumentos do articulista do texto).
2) Qual dos textos é uma notícia e qual é um artigo de opinião?
3) O que pode se observar de diferente entre um texto de notícias e um texto de opinião?
4) Identifique, no trecho do artigo de opinião, qual questão está sendo discutida e qual a
posição do autor perante essa questão.
5) Para provar o seu ponto de vista, o autor do texto de opinião procura apresentar
argumentos. Copie alguns desses argumentos, aqueles que você achar mais
convincentes.
– OBS: Após fazer a breve distinção entre os dois textos, informar os alunos o seguinte:
o texto informativo, que é um dos textos, acima (já sabendo que é o primeiro), advém
da intenção de informar, levando conhecimento ao leitor, e pode ser assim
caracterizado: a) técnico-científico, que informa o leitor sobre o conhecimento
produzido pelas ciências; b) instrucional-pedagógico, que dá informações de como
proceder ou realizar operações, ligando o conhecimento técnico-científico e sua
utilização em determinadas situações; c) massivo, que dá informações ao público em
geral; d) interpessoal, que põe à disposição informações específicas de interesse
exclusivo de certa categoria de pessoas (PRESTES, 2001).
ATIVIDADES
Observando essas anotações, responda:
1) Qual dos textos lidos se inscreve a uma dessas tipologias: técnico-científico,
instrucional pedagógico, massivo, interpessoal?
____________________________________________________________
2) Por quê? Escreva sobre as suas características.
____________________________________________________________
18
– Após fazer a distinção entre um texto e outro, o(a) professor(a), entregará aos alunos
um bloco com os textos 3, 4 e 5, para fazer uma leitura de cada artigo e comentar
após o término de cada um, observando que essas resenhas fazem parte do gênero
textual da esfera jornalística, como os anteriores.
TEXTO 3
A CULPA EM 3D
“Avatar” pode ser um prodígio tecnológico. Pena repetir os piores clichês do século 20”
Atenção: “Avatar”, que levou três estatuetas no Oscar, provoca doenças. Li algures. Uma
pessoa está várias horas na sala, com óculos 3D, acompanhando com entusiasmo as
aventuras da raça humana em planeta azul e distante. E, quando a festa acaba, desce
uma tristeza sem nome sobre a nossa alma. O confronto com o banal realidade pode ser,
dizem, traumático.
Comigo, foi precisamente o contrário: deprimi durante o filme. Quando o filme
terminou e eu mergulhei nessa “banal realidade”, senti a alma a renascer. Será possível?
Os médicos não têm resposta para a minha estranha condição. Eu talvez tenha
uma: “Avatar” por ser um prodígio tecnológico do século 21. Pena repetir os piores clichês
narrativos e políticos do século 20.
Mas, vamos à história, caso a desconheçam. “Avatar” é um filme de ficção
científica sobre a relação entre a raça humana e o povo Na'vi, habitante do dito planeta.
Nesse planeta, de nome Pandora, existem recursos naturais valiosíssimos que os
humanos cobiçam. Os Na'vi não abrem mão dos ditos recursos.
Os humanos respondem ao desafio de forma dupla: militarmente preparam ofensiva
bélica contra os Na'vi, esperando ocupar o planeta e roubar o que podem; cientificamente,
a via é outra: entrar em contato com os nativos através de clones dueles. Esses clones,
que dão o nome do filme (“avatares”), são controlados mentalmente pelos próprios
humanos. Como se fossem marionetes de controle remoto.
Fatalmente, a ganância da ciência. Os Na'vi são atacados; o planeta Pandora
parcialmente destruído; mas, redenção final, um dos cientistas, que começa como militar
empedernido e traiçoeiro, termina como o Gandhi local, liderando a revolta e disposto a
trocar de lado para defender os Na'vi da predação humana.
Não nego que “Avatar” fascina os incréus com a utilização engenhosa do 3D. Mas a
questão passa por saber se o 3D resiste à vulgaridade previsível da história. Não creio.
19
Dez minutos bastam para experimentar a novidade visual de James Cameron. Ao décimo
primeiro minuto, retiramos os óculos (com incômodo), bocejamos (com estridência) e
sentimos que a novidade está vista e revista. Venha a história, por favor. A história não
vem. Vêm retalhos de histórias mil vezes contadas em que a denúncia é conhecida: nós
humanos, imperialistas e belicistas, não respeitamos a pureza das culturas locais.
Exploramos elas para nosso legítimo ganho, esmagando a riqueza profunda, e
profundamente espiritual, de povos que consideramos “primitivos” ou 'inferiores”.
Felizmente, para esses povos, existem sempre um exemplar da espécie humana que, em
ato de contrição, se converte ao nativismo, repudiando os valores “ocidentais” e
combatendo-os em nome da causa tida por 'inimiga”. “Avatar” é isso: uma mistura de
“Pacahontas”, “Dança com Lobos” e “O último Samurai”, servindo em formato 3d. E,
sendo isso, não se distingue do primarismo que habita esse tipo de filme: o primarismo de
olhar para culturas distintas como intrinsecamente superiores à cultura branca, ocidental
e, de preferência, judaico-cristã.
“Avatar” é um filme sobre a culpa, o sentimento de culpa que assola as
consciências progressistas; sobre “o fardo do homem branco” que ele, coitado, carrega há
gerações para expiação dos seus pecados “imperialistas”. E dos pecados dos seus pais,
de seus avós, e bisavós, e trisavós...
O que está ausente dessa visão é a ideia simplória de que a cultura branca,
ocidental e judaico-cristã, apesar dos seus erros históricos (que os houve), também foi
capaz de produzir uma civilização que garante ainda um espaço de liberdade,
humanidade e decência que, muitas vezes, está ausente dessas culturas “intocadas” do
poder tribal; a violência física sobre os mais fracos; o animismo pré-científico; e até a
mera bruxaria terapêutica não deveriam inspirar respeito. Só repulsa.
Regresso ao início. “Avatar” provoca doenças? Dizem que sim; um mundo azul de
comunhões espirituais perfeitas pode alimentar sério desânimo para quem não gosta de
se confrontar com o mundo imperfeito onde vivemos.
No meu caso, a doença só se dissipou quando abandonei o sermão de James
Cameron e o seu belo planeta de tédio. Dissipou-se, enfim, quando regressei `”banal
realidade” das nossas vidas igualmente banais. A cidade. As sirenes, o trânsito, os rostos
que passam. A chuva. A banca dos jornais. Os cafés. Os amigos que se encontram. A
noite que cai.
JOÃO PEREIRA COUTINHO, FOLHA DE SÃO PAULO, 09/03/2010
TEXTO 4
20
Avatar [Resenha - Parte 2
ou Questões antropológicas em Alfa Centauro
O filme Avatar (2009), de James Cameron, apesar de sua trama simples e previsível,
apresenta muitos temas relevantes para a humanidade do século XXI. Com uma
montagem de cenas perfeita e imagens arrebatadoramente belas e envolventes,
consegue sensibilizar para muitas questões pertinentes.
Na primeira parte desta resenha fiz uma sinopse comentada e uma análise dos nomes de
lugares e personagens da trama. Nesta segunda parte, discorrerei sobre temas
antropológicos: observação participante, choque cultural, etnocentrismo, relativismo,
imperialismo; e, imiscuídas nestes tópicos, questões filosóficas: ética e universalismo.
Choque cultural
Avatar é uma história de choque cultural. Extrapandorianos, humanos, com tecnologia
superavançada pousam no mundo dos na’vi e começam um trabalho de exploração
capitalista que vai ao encontro do modo de vida dos nativos. Os alienígenas terráqueos
consideram importante para os na’vi aprender a língua da Terra (o inglês) e ter acesso a
novíssimas e complexas tecnologias que mudarão suas vidas. É a velha anedota do
colonizador que traz bugigangas para os índios em troca de pau-brasil e ouro.
Mas os nativos não precisam de nada que os humanos oferecem. Porém, estes estão
ávidos por três coisas: a riqueza material que poderiam extrair do unobtânio, minério
caríssimo (Parker Selfridge e sua equipe); a oportunidade belicosa de viver uma batalha
(Miles Quaritch e seu batalhão); e a oportunidade científica de descobrir novas realidades
geológicas, botânicas, zoológicas e antropológicas. Apenas esta última se justifica
racionalmente.
They missed the point, of course. A motivação de um homem que cai ali de paraquedas, o
paraplégico Jake Sully, é retomar suas pernas e viver uma aventura. O resultado é que
ele conseguiu algo muito mais valioso do que dinheiro, adrenalina guerreira ou
descobertas científicas. Ele descobre a importância do equilíbrio natural do universo,
através de sua iniciação na sociedade dos na’vi do clã Omaticaya.
LEITE, Thiago. 01/02/2010.
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acessado em 15/07/2010
21
Este texto está sob uma licença Creative Commons. Seu conteúdo pode ser
reproduzido, desde que seja citada a autoria e a fonte. A reprodução não pode ser
utilizada para fins comerciais e deve ser compartilhada sob o mesmo tipo de licença.
TEXTO 5
AvatarNesta requintada produção, que em termos de bilheteria já ultrapassou o ex-
campeão Titanic, o diretor retrata a tentativa desesperada de dominar Pandora,
um dos satélites do Planeta Polifemo – curioso perceber a escolha dos nomes
destas esferas cósmicas, não por acaso originários da ancestral mitologia grega -,
com o objetivo de extrair de seu solo os recursos naturais esgotados na Terra.
Próspera companhia multinacional, a RDA financia a permanência de equipes
militares e de cientistas nesta esfera alienígena, de olho justamente nestas
riquezas minerais, as quais detêm o potencial de gerar lucros colossais. Sob o
comando do Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang, vivendo um vilão perfeito),
fuzileiros navais se convertem em mercenários, lutando contra os humanóides
que aí habitam, as tribos Na’vi.
Enquanto os humanos ambicionam o tesouro escondido nas florestas, os nativos
se esforçam para manter a integridade de seu território, principalmente dos
recantos sagrados, e a própria existência. Neste jogo estratégico, o ex-fuzileiro
naval Jake Sully, representado por Sam Worthington, é uma peça fundamental.
Um mero soldado, ele se vê na iminência de substituir o irmão gêmeo, cientista
morto recentemente, pouco antes de completar a experiência denominada Avatar.
Como ambos têm o mesmo genoma, Jake é convidado para concluir este projeto,
no qual um organismo geneticamente modificado, meio humano, meio
humanóide, é produzido a partir do mapa genético do humano que lhe dá origem.
Com este corpo é possível se relacionar com os nativos.
Confinado a uma cadeira de rodas e a uma esfera desconhecida, Jake é obrigado
a enfrentar a hostilidade inicial da supervisora do projeto Avatar, Doutora Grace
Augustine, a sempre genial Sigourney Weaver, e também os desafios quase
intransponíveis de seu novo meio ambiente.
Acidentalmente, em uma de suas primeiras visitas ao território dos Na’vi, Jake fica
22
preso na floresta, sendo assim obrigado a enfrentar uma terra perigosa e
desconhecida. É quando ele conhece a nativa Neytiri (Zoë Saldaña), princesa do
clã Omaticaya, filha de Mo’at, líder espiritual do clã, e de Eytucan, rei desta tribo.
Prestes a matá-lo, ela recebe uma revelação da divindade conhecida como Eywa
ou a Grande Mãe, e o mantém vivo. Mais que isso, ele é conduzido até sua tribo
e, com a aprovação de seus pais e da deusa, ele é apresentado a todos os
costumes, hábitos, tradições, crenças e mistérios dos Na’vi. A partir deste
momento, Jake se divide entre dois mundos – a lealdade que deve ao seu
Coronel, a quem deve transmitir todas as suas descobertas, e a que o mantém
cada vez mais ligado ao universo de Neytiri.
A tecnologia 3D, utilizada por James Cameron na elaboração deste filme, que
também foi produzido em 2D, permite que não só o protagonista tenha a
oportunidade de, gradualmente, descobrir os encantos e o verdadeiro significado
do território na’vi, mas também o público, que é levado para dentro do cenário
desta película, e tem assim a chance de aprender a ver o interior da floresta, e
compreender, desta forma, o sentido real que os nativos atribuem a este local
sagrado.
Cameron se preocupou com os mínimos detalhes da produção, construindo uma
outra dimensão, um outro olhar, com o auxílio de câmeras confeccionadas
especialmente para a realização desta obra, o que garante o verdadeiro
espetáculo visual que compõe Avatar. Mas ele não se empenha apenas nestes
aspectos tecnológicos. O diretor vai mais longe, e cria uma linguagem e uma
cultura próprias dos humanóides.
Não é difícil, portanto, se deixar envolver pela magia deste filme, por seus
encantos visíveis e invisíveis. Não é por acaso que ele ganhou o Globo de Ouro
como melhor filme dramático e melhor diretor, e que está concorrendo em nove
categorias no Oscar 2010. E não é só pela novidade da versão em 3D, pois os
méritos do roteiro são incontáveis, e sua mensagem é certamente inquestionável
e, mais que nunca, imprescindível.
SANTANA, Ana Lucia.
/http://www.infoescola.com,/cinema/avatar
Acessado em 15/07/2010
23
Avatar. Direção: James Cameron. EUA/Inglaterra. Fox Filmes do Brasil,
coyright 2006-2010 - Todos os direitos reservados. É proibida a cópia do conteúdo
deste site, exceto para trabalhos escolares. (Lei 9610/98).
OBS: Cada texto pode apresenta palavras de desconhecimento dos alunos. É
necessário, então, que se faça um esclarecimento desses vocábulos para que o
texto fique mais claro. As palavras abaixo citadas são comuns a todos os textos
(resenhas) sobre Avatar:
Alguns exemplos do Texto 3,4 e 5:
a) Pandora: nome do local onde vivem os Na'vi; uma caixa de surpresa; um
instrumento musical, de som harmonioso.
b) 3D: uma tecnologia cinematográfica, das mais ousadas com efeitos especiais.
Observar que o autor planejava filmar o Avatar desde 1991, mas as
tecnologias não eram ainda suficientes para suas ousadias, havendo que esperar
por esses anos todos, até o surgimento de 3D.
c)Imperialistas: referem-se, no texto, aos países de primeiro mundo, que detêm o
poder sobre os países menos desenvolvidos; paíse ricos do primeiro mundo.
Pode-se fazer um levantamento, ainda, das palavras desconhecidas para
que os alunos procurem no dicionário e escrevam o seus significados, de acordo
com o contexto. Observar que o autor do Texto 4, por exemplo, faz uma
apreciação do filme sob o aspecto antropológico.
Dizer que um filme é passível de ser analisado sob diferentes pontos de vista:
artístico, antropológico, sociológico, psicológico, e outras mais. Nesse sentido,
cabe ao(à) professor(a) esclarecer o sentido dessas palavras, ampliando o campo
de conhecimento léxico dos alunos.
3. 3 2ª ETAPA
Análise da situação de Produção de um Artigo de opinião: resenha
Todo texto que a gente escreve ou lê possui um contexto, ou seja, um
determinado contexto de produção: eles sempre são escritos por alguém, para
alguém, com certa intenção, em determinado tempo e lugar, divulgados em certo
veículo, etc., e todos esses elementos interferem no sentido dos textos. Ao
escrever, é fundamental levar em conta esses aspectos (e também na leitura,
para que seja possível compreender mais efetivamente o que se leu).
24
O contexto de produção dos artigos de opinião pode ser descrito da
seguinte maneira:
- O autor de artigo de opinião
Geralmente, o autor de um artigo de opinião é um especialista no assunto (ou no
mínimo alguém que estuda aspectos da questão em discussão) ou um
representante de determinada instituição social (como sindicatos, governo,
universidades, Ongs etc.) que, de alguma forma, tem algo a dizer sobre o
assunto. Em função disso, o autor busca construir uma imagem de si mesmo para
seus leitores como alguém que tem conhecimento sobre o tema tratado, segue a
lógica, a razão, possui argumentos sólidos para sustentar sua posição.
- Os leitores do artigo de opinião
São pessoas que frequentemente leem determinado jornal ou revista e são,
geralmente, interessadas na questão polêmica, seja porque as afeta diretamente,
seja porque determinados assuntos lhes interessa.
- Circulação
Um artigo de opinião circula, geralmente, em jornais e revistas impressos ou on-
line (na internet).
- Objetivo(s)
Influenciar o pensamento dos destinatários (os leitores), isto é, construir ou
transformar (inverter, reforçar, enfraquecer) a posição desses destinatários sobre
uma questão controversa de interesse social e, eventualmente, mudar o
comportamento deles.
Em suma, o artigo de opinião, apesar de escrito, pode ser visto como um
diálogo com o pensamento do outro, para transformar suas opiniões e/ou atitudes.
ATIVIDADES
- Como já viram um texto opinativo, devem reconhecer que os textos 3, 4 e 5
também são opinativos, ou seja, resenhas de cinema.
– Os alunos devem ser capazes de verificar, dentre os textos, as regularidades
em comum.
– Agora que você leu os textos, responda os itens, nos quadros abaixo:
TEXTO 1
CONTEXTO DE PRODUÇÃO
a) Autor do texto
25
b) Papel social
c) Interlocutores
d) Finalidade/Objetivo
e) Circulação
TEXTO 2
CONTEXTO DE PRODUÇÃO
a) Autor do texto
b) Papel social
c) Interlocutores
d) Finalidade/Objetivo
e) Circulação
TEXTO 3
CONTEXTO DE PRODUÇÃO
a) Autor do texto
b) Papel social
c) Interlocutores
d) Finalidade/Objetivo
e) Circulação
TEXTO 4
CONTEXTO DE PRODUÇÃO
a) Autor do texto
b) Papel social
c) Interlocutores
d) Finalidade/Objetivo
e) Circulação
TEXTO 5
CONTEXTO DE PRODUÇÃO
a) Autor do texto
b) Papel social
c) Interlocutores
d) Finalidade/Objetivo
26
e) Circulação
Agora, com base no texto 3, 4 e 5 , responda, no caderno, para melhor fixar:
TEXTO 3
a) O nome do filme _________________________________________
b) O autor do filme_________________________________________
c) O tema do filme_________________________________________
d) Autor da resenha ________________________________________
e) Área em que se insere o resenhista __________________________
f) Veículo em que ela foi publicada _____________________________
TEXTO 4
a) O nome do filme _________________________________________
b) O autor do filme_________________________________________
c) O tema do filme_________________________________________
d) Autor da resenha: ________________________________________
e) Área em que se insere o resenhista __________________________
f) Veículo em que ela foi publicada _____________________________
TEXTO 5
a) O nome do filme _________________________________________
b) O autor do filme_________________________________________
c) O tema do filme_________________________________________
d) Autor da resenha: ________________________________________
e) Área em que se insere o resenhista ____________________________
f) Veículo em que ela foi publicada _______________________________
3.4 3ª ETAPA
Identificação dos elementos que compõem uma resenha
A resenha é um texto na qual predomina tipos de sequências descritiva,
narrativa e dissertativa. Descritiva, pois ao longo do filme, o resenhista, além de
narrar o filme, descreve quanto ao aspecto técnico, cênico, produção e gênero
(clássico, moderno, romântico, épico, etc.), se constitui um “remake” ou se é
inovador. Em outras palavras, se foge dos clichês ou apenas repete os mesmos
modelos tradicionais. Há de se considerar, ainda, os aspectos explicativos e
27
dissertativos, pois a resenha é um ponto de vista de alguém, que por meio de
explicações, citações, definições, comparações, o autor procura convencer o seu
interlocutor a aceitar a sua idéia.
Para Machado (2004), a resenha apresenta basicamente dois movimentos:
a descrição ou resumo e comentários. A apresentação do texto básico se dá com
o resumo do filme, para situar o leitor no contexto da resenha.
Portanto, há predomínio de diferentes gêneros, que o professor deve, junto aos
alunos, reconhecer nos textos apresentados.
Muitas resenhas, como a de um livro, por exemplo, podem apresentar três
tipos de texto:
a) Descritivo: é um tipo de gênero na qual se apontam características de uma
pessoa, objeto ou lugares. Quando se trata de cenas, este tipo de descrição é o
mais difícil de classificar, por se aproximar muito da narração.
Segundo alguns estudiosos da língua (Fiorin e Savioli, 1999), existe uma
solução para isso: na descrição, há simultaneidade nos aspectos relatados, não
havendo progressão temporal entre os enunciados, enquanto na narração, ocorre
há uma relação de anterioridade e e posterioridade, ocorrendo mudança de um
estado para outro.
Eis as marcas linguísticas da descrição:
- verbos estáticos;
- verbos no presente ou imperfeito do indicativo;
- abundância de adjetivos;
- figuras de estilo: metáforas, prosopopeia e comparação.
b) Narrativo: já é um tipo de texto em que se relata fatos que ocorrem com certos
personagens, em um determinado tempo e espaço, seja ela real ou imaginária.
Marcas linguísticas da narração:
- verbos da ação; no pretérito perfeito, pretérito imperfeito do indicativo;
- narrador, personagens, espaço e tempo;
- mudanças de ações;
- discurso direto, indireto, indireto-livre.
c) Dissertativo: finalmente, constitui um tipo de gênero na qual se expõe ideias,
que são defendidas por meio de argumentos. Levando-se em conta a
intencionalidade ao produzir um texto e os efeitos de sentido desejados, o
enunciador utiliza-se de diferentes estratégias, para conseguir convencer o
interlocutor: argumentos lógicos, citação de autoridade, citação de dados
28
concretos, de referência histórica, causa e consequência, uso de sua própria
imagem, como ocorre no texto 2, que foi escrito por um representante do governo
de FHC.
Observe, nos exemplos, as sequências retiradas do TEXTO 3.
a) Sequências descritivas: Avatar, que levou três estatuetas no Oscar, provoca
doenças/ E, quando a festa acaba, desce uma uma tristeza sem nome sobre a
nossa alma/ Avatar é um filme de ficção científica sobre a relação entre a raça
humana e o povo Na'vi/Nesse planeta, de nome Pandora, existem recursos
naturais valiosíssimos; Os Na'vi são atacados; [...]os humanos são atacado,
b) Sequências narrativas: Comigo, foi precisamente o contrário: deprimi durante o
filme. Quando o filme terminou e eu mergulhei nessa “banal realidade”, senti a
alma renascer.
c) Sequências argumentativas: Pena ser os piores clichês narrativos e políticos do
século 21/ Fatalmente, a ganância da ciência/ Não nego, que “Avatar” fascina os
incréus com a utilização engenhosa do 3D/ Dez minutos bastam para
experimentar a novidade visual de James Cameron/ [...] nós humanos,
imperialistas e belicistas, não respeitamos a pureza das culturas locais, etc.
Você observou que o autor mescla a descrição com o comentário ou a
narração com o comentário pessoal. Os tempos verbais mudam, sendo que, na
descrição, predominam verbos estáticos, no presente do indicativo ( ser, parecer,
sentir, provocar). Já, com a narração, ocorrem verbos no pretérito perfeito ou
imperfeito, que indicam ação: foi, deprimi, mergulhei, senti e assim por diante. Por
final, nas sequências opinativas, há emprego de verbos no presente, seguidos de
comentários.
ATIVIDADES
1) O(A) professor(a), junto com os alunos, procurará observar, nas resenhas
apresentadas, quais as sequências dentro dos textos que se caracterizam como
opinativas.
Para distinguir, pode-se dividir o quadro em dois blocos, separando os trechos
descritivos do trechos comentados. Pode-se pedir aos alunos que façam essa
atividade, para que a sua compreensão seja verificada.
29
2) Agora que você sabe disso, resolva as questões abaixo.
- Observe o TEXTO 4 e responda (no caderno):
a) Quais são os trechos descritivos/ resumidores da obra?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Quais são os trechos comentados?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2) Agora sobre o TEXTO 5
a) Quais são os trechos descritivos/ resumidores da obra?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Quais são os trechos comentados?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3) O autor, do texto 3, emprega verbos no presente (é, existem, respondem, dão,
são). Veja-os no texto e responda:
( ) para descrever ( ) para narrar ( ) para comentar
4) Os verbos usados no texto 3, na primeira pessoa (li, mergulhei, senti, não
nego, não creio) estão empregados no momento:
( ) de descrever ( ) de comentar ( ) de narrar
5) Agora que você já leu e conheceu um pouco de cada um dos textos, enumere
os parênteses da direita de acordo com a legenda apresentada à esquerda,
observando que cada um dos textos estudados apresenta uma finalidade:
(1) expor ( ) Texto 1
(2) comentar ( ) Texto 2
( 3 ) narrar ( ) Texto 3
( 4 ) relatar ( ) Texto 4
(5) descrever ( ) Texto 5
6) Observe que o plano global dos textos 2, 3, 4 e 5 (resenhas críticas) é o
mesmo. Todos são assinados pelos resenhistas e apresentam opiniões pessoais.
Apenas o meio de circulação desses textos diferem. O texto 2 foi publicado na
30
____________________e os textos 3, 4, 5 na _______________________.
7) Existem outros discursos que servem para emitir opiniões. Você conhece
algum?
8) Assinale aqueles de seu conhecimento e peça a professora para explicar um
pouco sobre outros que você desconhece.
( ) editorial ( ) bula de remédio
( ) conto ( ) carta comercial
( ) carta de leitor ( ) carta pessoal
( ) receita culinária ( ) romance
( ) diário ( ) dissertação escolar
( ) carta de reclamação ( ) notícia
OBS: Em seguida, é interessante desenvolver, também, um trabalho com
paráfrase do conteúdo temático, sem a apreciação do resenhista para, numa fase
posterior, trabalhar a paráfrase com a apreciação do resenhista.
Essa atividade é de suma importância para a produção de uma resenha filme ou
de outro tipo de produto cultural. Pode-se sugerir que o aluno traga um texto
jornalístico de casa e faça a atividade.
ATIVIDADES
- O(a) professor(a) pode solicitar aos alunos que resumam o texto 1, de
informativo, seguindo o “lead” jornalístico já visto anteriormente, ou seja: quem/o
quê, onde, quando, como, por quê, para quê? Observe que as perguntas não
precisam estar nessa ordem.
– Pode-se sugerir que resumam também um outro artigo de jornal, trazido de
casa, para desenvolver essa capacidade.
_________________________________________________________________
Argumentando (Comentário oral)
a) Por que e para que argumentamos?
b) Sobre quais assuntos argumentamos?
31
A atividade para desenvolver a argumentação é, também, de suma
importância nessa unidade, pois, tratando-se de um texto opinativo, na resenha, o
enunciador deve se dispor dessa capacidade, para justificar o porquê de seus
comentários.
Para essa finalidade, apresenta-se uma proposta de atividades, que podem
ajudar a desenvolver a capacidade de argumentar.
O passo seguinte, então, será apresentar atividades, que desenvolvam o
raciocínio e, posteriormente, a argumentação. Nesse sentido, trabalhar-se-á numa
escala do mais simples ao mais complexo.
A argumentação depende muito de letramento, da leitura de mundo, para
desenvolver um raciocínio lógico, memória, enfim, interfererência dos aspectos
cognitivos, que entram em ação. É nesse momento que todos esses elementos
são ativados para o desenvolvimento de uma boa argumentação. Portanto, essa
capacidade não pode ser desenvolvida apenas com base em um texto
apresentado aos alunos. É necessário, em outras palavras, que a leitura de
outras fontes do mesmo assunto ou de temas diversificados seja uma constância
em sala de aula. O professor deve, então, levantar qual o tema, o ponto de vista
do autor e quais argumentos são utilizados para convencer o seu interlocutor.
Eis algumas atividades para desenvolver o raciocínio e a argumentação:
a) para argumentos mais simples:
– Como convencer a sua mãe para que ela lhe dê R$ 50,00 para sair no final da
semana?
– Quais são as vantagens de praticar esporte?
– Que importância tem o lazer em nossa vida?
– Quais as vantagens de viver no interior que em grandes metrópoles.
b) para argumentos mais complexos:
– Os jovens e a escolha de uma profissão
– A necessidade de cuidar do Meio Ambiente.
– A violência no mundo moderno.
– Como cuidar da obesidade na vida moderna.
– A questão das cotas para os ascendentes negros.
32
O(A) professor(a) deve observar que certos temas necessitam ser
delimitados, devido à sua amplitude, a fim de enfocar determinado aspecto da
mesma abordagem. Isso constitui uma oportunidade de o aluno aprender a ação
de delimitar, facilitando a atividade de argumentação.
Como exemplo, toma-se a questão da violência no mundo moderno. São tantas
as formas de violência, e é possível delimitar, da seguinte maneira, observando
apenas um de seus aspectos, como:
– a violência na escola (agressão aos colegas, aos professores, contra o
ambiente escolar, etc);
– violência no emprego (assédio sexual, desrespeito, preconceito e outras mais);
– violência doméstica (contra mulheres, agressão aos filhos, abuso sexual de
menores, estupros);
– violência contra a nação (guerra, fome, falta de trabalho, más condições de
vida, falta de educação);
– violência no trânsito (agressão verbal, física, infração às leis do trânsito,
assaltos);
– violência no esporte (brigas entre os torcedores, agressão entre os jogadores,
ataque aos juízes, agressão verbal, comportamento inadequado no meio
coletivo).
Nessa fase, mostrar, também, que os resenhistas se utilizam de várias
formas, várias estratégias de argumentar, na intenção de tornar o discurso mais
convincente, evitando, em contrapartida, a contradição
Observe as afirmações abaixo, retiradas do texto 2.
1) (4º§) Nossas campanhas são discutidas e elaboradas com um comitê técnico-
científico que inclui representantes de organizações da sociedade civil,
universidades e especialistas em prevenção da DST (Doenças Sexualmente
Transmissíveis) e à aids.
2) 5º§ A forma de transmissão por relações sexuais entre homens e mulheres já
responde por 52% dos casos de aids notificados no país - 215.810 até junho de
2001.
3) 6º§ No carnaval, atingimos todas as faixas etárias e aproveitamos um momento
33
de alta desconstração dos brasileiros para lembrá-los de que a aids não acabou e
a camisinha ainda é a melhor forma de prevenção contra a doença.
4)7º§ O lembrete é oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas
costumam fazer uso de álcool e a sexualidade fica em alta.
5) 12º§ O carnaval, como uma das maiores manifestações populares do país,
além de ser um grande motivo de festa e descontração, tem se mostrado um
excelente canal para tratar do assunto. seria impossível deixarmos passar essa
grande oportunidade.
ATIVIDADES
1) A oração 1 constitui argumento de autoridade, pois por meio de citações de
órgãos que autorizaram a pesquisa, o autor procura demonstrar a veracidade das
afirmações, constituindo-se forma de persuadir o leitor sobre a veracidade do fato
apresentado no texto Aids e Carnaval. Logo, as afirmações constituem verdades
científicas, que podem ser comprovadas. Dessa forma, muitas afirmações não
são passíveis de contradição.
2) Copie frase que sustenta essa afirmação.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3) A frase 2 apresenta um argumento concreto, com dados. Copie o trecho que
confirma isso.
______________________________________________________________
3) Você notou que existem várias formas de argumentar para convencer o leitor
sobre determinada ideia? Qual, então, é o ponto de vista que o autor quer
comprovar no texto 2?
______________________________________________________________
4) Com esses argumentos todos, há mais um elemento importante para conseguir
credibilidade no que afirma o autor. O nome do autor do texto 2 diz alguma coisa,
se se afirmar que ele é um representante do Governo na área da saúde? Isso
pode significar alguma coisa?
______________________________________________________________
5) E, ainda, o autor do livro onde este texto circulou (Português- Língua e
34
Literatura; 3ª série do Ensino Médio) chama-se Carlos Alberto Faraco. Ele teria
alguma intenção ao utilizar o texto em seu livro, que não seja o de ensinar a
leitura e a escrita?
______________________________________________________________
6) No texto 1, também, alguns elementos citados servem como meio de dar
credibilidade ao que é dito. Cite esses elementos.
_______________________________________________________________
Os NÃO – DITOS
“O jogo argumentativo é cheio de sutilezas”, afirma Faraco (2005). É
preciso absorver conhecimentos e saber analisá-los, para não cair ingenuamente
em tudo o que circula pela mídia.
Em relação ao texto 2 “AIDS E CARNAVAL”, pode-se levantar algumas
contradições, pois nem tudo pode ser verdade. Eis algumas contradições (idem;
ibid).
– uma crítica ao uso dos preservativos é que, nem sempre, eles são seguros;
– o uso de preservativos não é o único meio de evitar gravidez;
– há uma intensa campanha quanto ao “sexo seguro”, ou seja, à relação com
um parceiro único, mas não há nenhuma menção a isso;
– os jovens são incentivados, indiretamente, à prática do sexo, em épocas de
carnaval, com a distribuição de preservativos.
Nesse sentido, ainda, alguns argumentos podem levantar questões
controversas ou polêmicas. Uma questão controversa é aquela para a qual não
há uma resposta única, isto é, perante ela é possível assumir diferentes
posicionamentos. Certas questões controversas afetam a uma multidão de
pessoas e há aquelas que afetam algumas, sendo mais particulares, pois
interessam apenas a um reduzido número de pessoas.
Provavelmente, diferentes opiniões acerca da distribuição ou não de
camisinhas no carnaval poderá levantar uma grande polêmica, pois indivíduos
possuem opiniões distintas acerca desse fato, principalmente as igrejas cristãs.
Mas são diferentes opiniões, que podem ser fundamentadas em diferentes
35
discursos com diferentes argumentos para defender um outro ponto de vista.
Portanto, qualquer ponto de vista defendido por um indivíduo deve estar
acompanhado de bons argumentos, ou seja, que sejam capazes de convencer o
outro. Nesse sentido, argumentar é mais que dar uma opinião sobre um fato; é
sustentar com evidências, provas, dados, dando suporte à idéia defendida.
Há outros exemplos de questões controversas que são continuamente
discutidas no meio social:
– O aborto deve ser legalizado?
– Morar em condomínios pode prejudicar a vida dos jovens?
– Redução da maioridade penal.
– Cotas para os ascendentes afros.
ATIVIDADES
1) As questões acima são controversas ( dividem opiniões). Escolha uma delas e
prove que controversa, apresentando, pelo menos, dois posicionamentos
distintos possíveis perante a questão, sustentando-os com argumentos
convincentes.
Situação controversa:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
1º posicionamento:
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2º posicionamento
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
2) Agora que você viu o que é argumentar, responda (no caderno) a essas
questões:
36
Há nos textos 3,4 e 5 mais argumentos positivos ou negativos?
texto 3-
texto 4-
texto 5-
3) Aponte palavras e expressões, observando os aspectos positivos e negativos
dos seguintes textos. (Esse primeiro exercício, o(a) professor(a) pode fazer junto
com seus alunos.
TEXTO 3
a) Aspectos positivos: _______________________________________________
_________________________________________________________________
b) Aspectos negativos_______________________________________________
________________________________________________________________
c) Há mais observações positivas ou negativas no texto?
_________________________________________________________________
d) Que conceito o autor passa aos leitores sobre o filme? Ele serve como um bom
incentivo para assistir ao filme?
_________________________________________________________________
TEXTO 4
a) aspectos positivos
_________________________________________________________________
b) Aspectos negativos
_________________________________________________________________
c) Há mais aspectos positivos ou negativos no texto 4?
d) Qual a ideia que o autor passa sobre o filme? Ele serve para incentivar a
assisti-lo? Justifique.
_________________________________________________________________
TEXTO 5
a) aspectos positivos
_________________________________________________________________
b)aspectos negativos
_________________________________________________________________
c) Há mais aspectos positivos ou negativos?
________________________________________________________________
37
d) Qual a ideia que o autor passa sobre o filme? É possível dizer que a sua
resenha é incentivadora a assistir ao filme?
Segundo Grice, citado por Machado et al. (2004), um filósofo da linguagem,
pesquisador das máximas conversacionais, afirma ser necessário, ao redigir um
texto, observar as “máximas de polidez”, evitando as expressões que possam
agredir ou desrespeitar o destinatário, para maior eficiência na comunicação. E
uma das maneiras de fazê-lo é atenuando as expressões de cunho negativo, ou
o resenhista pode se predispor de outras maneiras de criticar. Nesse sentido, no
lugar de afirmar que a obra está fraca, pode-se dizer que a ausência de
determinado elemento comprometeu a qualidade do trabalho, ou, ainda, a
menção a determinado fato garantiria o sucesso total.
ATIVIDADES
Acerca das opiniões dos autores do texto 3,4 e 5 (escreva no caderno):
1) Você observou se os comentários são feitos de forma polida, agressiva,
irônica ou de outra forma que chama atenção do leitor. Em duplas, faça um
comentário, no caderno, sobre as três resenhas do Avatar, em relação à
linguagem apresentada.
a) Comentário do Texto 3
b) Comentário do Texto 4
c) Comentário do Texto 5
2) Copie alguns trechos dos textos 3, 4 e 5, que demonstrem a polidez ou a sua
ausência, sempre apontando o autor do texto.
3) Agora, escolha duas frases dentre as que você anotou, cujos autores não
respeitaram a máxima da polidez ao criticar, e reescreva-as, de forma a torná -las
mais brandas, mais polidas.
_________________________________________________________________
SAIBA MAIS...
A ironia é uma figura de pensamento, que consiste no uso de palavras ou
expressões, para criticar algo ou alguém, no sentido depreciativo. A presença da
38
ironia em textos opinativos é muito comum, como uma forma mais distensa de
dizer as coisas. Não só em resenhas, mas nas cartas de leitor, que constituem
texto de opinião, também, é muito comum o emprego desse recurso linguístico
(UEDA, 2006).
Veja-se, pois, o texto 3, onde o resenhista diz;
a) “Pena repetir piores clichês” (subtítulo) = para dizer que o filme é mera
repetição de algo já visto.
b) “Será possível? Avatar provoca doenças?” (1º§) = para depreciar o filme.
c)“No meu caso a doença só se dissipou quando abandonei o sermão de James
Cameron e o seu belo planeta de tédio”. (últ. §)= subentende-se que o filme
causou males.
d) “[...] bocejamos (com estridência); a novidade está vista e revista”. (3º§) =
provavelmente, o filme causou sono, não trouxe nada de novo.
ATIVIDADE
Agora que você sabe o que é ironia, procure no texto 4, algumas frases que
indicam a presença de ironia. Não deixa de comentar o que o articulista quer
dizer com cada frase.
_________________________________________________________________
Quanto à linguagem dos textos, pode-se observar que alguns são mais
tensos, ou seja, escritos na linguagem culta, e outro, mais soltos , escritos na
linguagem coloquial ou popular. Há, também, presença de palavras ou
expressões que pertencem a uma determinada categoria profissional,
denominadas palavras técnicas ou jargões.
ATIVIDADES
1) Assinale o quadro abaixo de acordo com o que se verificou nos textos
estudados.
TEXTO
LINGUAGEM
CULTA
LINGUAGEM
POPULAR
LINGUAGEM
TÉCNICA
TEXTO 1
TEXTO
39
TEXTO
LINGUAGEM
CULTA
LINGUAGEM
POPULAR
LINGUAGEM
TÉCNICA
TEXTO 3
TEXTO 4
TEXTO 5
2) Retire dos textos 2, 3, 4 e 5, dois trechos que exemplifiquem cada uma das
variedades linguísticas encontradas e indique em qual texto você encontrou.
a)falar culto: _______________________________________________________
b)falar coloquial/ popular: _____________________________________________
c)linguagem técnica usada por críticos de cinema;
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3) O autor do texto intitulado “Aids e Carnaval” é um representante do governo, e
o texto circulou na Folha de São Paulo. Considerando esses aspectos, ele
poderia ter escrito o texto em uma linguagem bem popular? Por quê?
_________________________________________________________________
Ainda sobre a linguagem utilizada pelos resenhistas ...
Os discursos apresentam certas marcas linguísticas, que permitem apreender
um pouco da subjetividade dos que falam ou escrevem. Veja o quadro abaixo:
Discurso marcas linguísticas Caráter
1ª pessoa do singular Eu, me, mim Pessoal e subjetivo
3ª pessoa do singular Impessoalidade (verbo com uso
do pronome átono “se”, ele.
mais objetivo, imparcial
1ª pessoa do plural “nós” inclusivo mais objetivo, humildade
A partir do quadro acima, é possível classificar as resenhas 1, 2, 3, 4 e 5,
verificando se são discursos mais objetivos ou mais subjetivos.
40
ATIVIDADES
1) Dentre os textos apresentados, quais se enquadram no discurso objetivo?
Justifique com exemplos.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
2) Quais são os textos que se enquadram no texto subjetivo? Justifique com
exemplos.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
VOZES VERBAIS
Ainda, nesta fase, deve-se observar a questão das vozes. Para tanto, é
necessário observar, nos textos apresentados, a voz do enunciador, ou seja, se
ele se apresenta na primeira (singular/plural) ou na terceira pessoa. Para isso,
sugere-se que o(a) professor(a) aponte, no texto de notícia e no texto de opinião,
as diferentes vozes verbais: primeira ou terceira voz; se o enunciador delega a
voz a outro (como afirma fulano de tal), para dar credibilidade no que afirma, sem
atribuir a si a responsabilidade, apresentando apenas o fato.
O uso do verbo na 1ª pessoa do plural (NÓS- inclusivo) é muito empregado
em textos de opinião, em dissertações e teses, para denotar humildade, polidez
de quem escreve, mas também como meio de aproximação do leitor. Já, o
emprego da primeira pessoa (EU) indica que o autor do texto assume o que diz,
responsabilizando-se pelo discurso. É possível, ainda, usar a impessoalidade
(terceira pessoa do singular) para produzir uma resenha. E isso corresponde a
diferentes formas de escrever. Só não se pode misturar as pessoas verbais; ao
iniciar um discurso na primeira pessoa do plural, por exemplo, deve-se manter
esse discurso até o fim.
No texto 1, por exemplo, o autor emprega o verbo na terceira pessoa do
singular (impessoalidade), para comentar, e verbo na primeira pessoa do plural,
quando quer delegar a fala a outro. eis alguns exemplos:
Os pesquisadores chegaram às espécies [...] Hoje há cerca de 500 bichos [...]
“Chegamos a esse resultado por tentativa e erro [...] “ disse J.Landeira
41
Fernandez, do Núcleo de Neuro Psicologia Clínica e Experiência da PUC.
E, o jornalista não assume para si a responsabilidade dos fatos apresentados; ele
usa alguns verbos, como: afirma fulano, disse, comenta, etc., delegando a voz a
outrem.
No texto 2, já o uso da primeira pessoa do plural (nós inclusivo) é muito
comum, denotando, de certa maneira, a polidez, a humildade e, também, uma
forma de aproximação do interlocutor. Os verbos estão na primeira pessoa do
plural do presente do indicativo, quando o autor dirige o seu discurso, para
descrever: “lançamos uma campanha”; “Nossas campanhas são”; “Quando
fazemos uma campanha de massa, estamos democratizando”; “Estamos
presentes também...”, etc. Mas, ao passar para o comentário, o autor emprega
verbos na terceira pessoa do singular, no presente do indicativo: “O Brasil é um
dos poucos países”; “a prevalência da aids vem caindo”; “o lembrete é oportuno”,
etc.
_________________________________________________________________
POLIFONIA
Polifonia é a presença de várias vozes no texto, falando de uma maneira
simplista.
É possível, por meio de verbos, citações , uso de aspas descobrir as diferentes
vozes que circulam em um texto.
No texto 1, por exemplo, pode-se verificar a presença de distintas vozes, como:
a) a voz articulista do texto: Clarissa Tomé;
b) J. Landeira Fernandez: “ Nossa intenção é ter um bom modelo de
ansiedade em humano [...]”.
ATIVIDADE
Em duplas, procure e anote, no caderno, as possíveis vozes encontradas no texto
4 e 5, reconhecendo-as.
_________________________________________________________________
42
3.5 4ª ETAPA
Articuladores textuais
A próxima etapa consiste no desenvolvimento dos ASPECTOS COESIVOS
dos textos, também chamados de organizadores ou articuladores textuais.
Os organizadores textuais ou articuladores textuais são palavras que
relacionam uma parte do texto com outra e atuam como elementos importantes
na definição do sentido geral do texto. E esse tipo de articulação entre as palavras
de um texto chama-se coesão textual.
Além desse tipo de coesão, em que palavra (substantivo, pronome,
adjetivo, advérbio, numeral e outras mais) retoma termos já expressos, existe
também coesão entre palavras e partes maiores do texto, tais como frases,
orações, parágrafos.
Pode-se citar, como exemplo, os seguintes conectores: então, aliás, porque, e por
isso, daí, também, entretanto, etc.
Sendo assim, observam-se palavras que funcionam como elos,
estabelecendo relações entre as frases, dando continuidade ao texto: são as
CONJUNÇÕES. Além disso, existem os REFERENCIAIS, que também funcionam
como elementos de ligação das frases e servem para evitar a repetição exaustiva
de um mesmo termo.
Veja-se os exemplos abaixo, retirados do texto 2, em que conjunções servem de
articuladores de textos.
Eis alguns exemplos de frases em que articuladores exercem funções distintas:
1) 2º§ Os resultados não têm seu impacto imediato mensurável, como numa
pesquisa de rua, mas estão aí na redução de quase 13% nas novas notificações
de aids...( ) ( )
2) 2º§ Além disso, a distribuição de preservativos [...] cresceu de 18 milhões de
unidades [...] ( )
3) 4º§ Nossas campanhas são discutidas e elaboradas com um comitê técnico-
científco[...] ( )
4) 7º§ Estamos presentes também nos principais desfiles. ( )
5) 3º§ Até hoje encontraram dificuldades para veicular campanhas de massa [...]
( )
6) 6º§ [...] para lembrá-los de que a aids não acabou. ( ) ( )
43
7) 7º§ O lembrete é oportuno, porque nos quatro dias de folia as pessoas
costumam fazer uso de álcool [...] ( )
8) 4º§ [...] muitos países até hoje encontram dificuldades para veicular
campanhas de massa [...] ( ) ( )
9) 10º§ Mas isso não significa que devemos relaxar. ( )
10) 7º§ O lembrete é oportuno porque nos quatro dias de folia as pessoas
costumam fazer o uso do álcool[...] ( )
11) “ O carnarnaval [...] além de ser um grande motivo de festa e descontração
[...]” ( )
As palavras em negrito são os organizadores textuais, que unem as ideias por
meio de um significado.
Nos trechos anteriores, pode-se verificar que os diferentes articuladores
relacionam as ideias, dando sentido às frases. Numere os parênteses, seguindo o
código abaixo:
(1) alternância; (7) finalidade;
(2) comparação; (8) conformidade;
(3) oposição. concessão; (9) condição;
(4) adição; (10) negação;
(5) explicação, causa, consequência; (11) afirmação;
(6) temporalidade; (12) conclusão.
Esses articuladores podem ser usados em relações diferentes, com mais de um
sentido. É o resenhista que irá dar sentido aos articuladores.
Além dos articuladores que foram apresentados, existem nos textos
unidades referenciais, como nos exemplos abaixo, retirados do texto 2.
Com base no texto 2 (AIDS e CARNAVAL), procure o referente de cada
palavra em negrito. Você precisa ir ao texto, para verificar a que ou a quem se
referem as palavras, pois disso irá depender a compreensão do texto em sua
totalidade.
1 O Brasil é um dos poucos países do mundo que trata da questão da aids de
forma tão clara. ______________________________________________
2 Outros países da região [...] encontram dificuldades para veicular campanhas
de massa. _________________________________________________
44
3 [...] que inclui representantes de organizações da sociedade [...]
__________________________________________________________
4 [...] foi endereçada aos homens que têm múltiplas parceiras sexuais.
__________________________________________________________
3 [...] a prevalência da aids vem caindo entre outros segmentos que no ano
passado eram mais vulneráveis à transmissão do HIV (homossexuais e usuários
de drogas). _________________________________________________
4 Esse trabalho é feito com a colaboração fundamental da sociedade civil.
_________________________________________________________
5 O trabalho é feito o ano inteiro com diversos segmentos da população.
_________________________________________________________
6 Isso é resultado do tratamento.
_________________________________________________________
7 O Brasil é um país privilegiado por fazê-las.
__________________________________________________________
PRESSUPOSTOS
Há nos textos alguns aspectos que não estão claramente declarados, mas
eles precisam ser decifrados para que se possa construir um sentido mais
completo do texto. São os chamados pressupostos. Em outras palavras,
pressuposto pode ser definido como circunstância ou fato considerado como
antecedente necessário de outro (ABAURRE et al, 2005).
“O jogo argumentativo é cheio de sutilezas”, afirma Faraco (2005). É
preciso absorver conhecimentos e saber analisar os discursos que circulam pela
mídia, para não se deixar levar ingenuamente por tudo que é dito. É preciso ler
criticamente e ensinar aos alunos as estratégias usadas pelos meios de
comunicação, no intuito de formar a opinião pública. Para isso, portanto, há
muitas maneiras de dizer a mesma coisa, de acordo com o efeito de sentido que
se quer obter, por meio de um discurso.
O(A) educador(a) deve conhecer algumas dessas estratégias linguajares, para
ensinar aos seus alunos, pois só assim ele(a) estará cumprindo o papel do ensino
da língua como prática de ações.
No texto 2, por exemplo, observa-se:
45
1º) Toda vez que lançamos uma campanha de carnaval...
Supõe-se que;
a) houve outras campanhas em épocas de carnaval;
b) está se fazendo uma nova campanha.
2º) O Brasil é um dos poucos países do mundo que tratam da questão da aids
de forma tão clara.
a) O Brasil trata da questão da aids de forma clara;
b) existem outros países que tratam da questão da aids de forma clara.
3º) A escolha das datas de veiculação dessas campanhas também é importante.
O uso da palavra também implica:
a) que a escolha das datas de veiculação é importante;
b) existem outros fatores importantes.
4º) Estamos presentes também nos principais desfiles.
a) a equipe que distribui camisinhas está presente nos principais desfiles;
b) a equipe de distribuição de camisinhas está presente em outras eventos.
5º) [...] a camisinha ainda é a melhor forma de prevenção contra a doença.
A palavra ainda implica:
a) que existem outras formas de prevenção.
b) a camisinha é a melhor forma de prevenção;
6º) A aids é uma doença cuja cura e vacina ainda estão distantes.
a) a cura e a vacina não existem no momento;
b) não há previsão para a cura e a vacina .
ATIVIDADE
No texto 3, 4 e 5 existem algumas palavras que indiquem a presença de
pressupostos. Faça um comentário, como nos exemplos acima:
1) Avatar pode ser um prodígio tecnológico (T3)
_________________________________________________________
2) Mas ele não se empenha apenas nestes aspectos tecnológicos. (T5)
__________________________________________________________
3) E não é só pela novidade da versão em 3D. (T5)
__________________________________________________________
_________________________________________________________________
46
ANALISANDO O TEXTO...
Após haver estudado o texto 2 (resenha: Aids e Carnaval), em seus
aspectos de: contextualização, estruturação do texto e unidades de textualização,
é possível fazer uma análise mais detalhada desse texto, que constitui um gênero
textual da esfera jornalística.
Quanto ao CONTEXTO DE PRODUÇÃO, o autor Paulo Roberto Teixeira,
ex-coordenador nacional da DST do Ministério da Saúde, escreve para a Folha de
São Paulo, para leitores múltiplos, que pertencem a uma camada mais
escolarizada, com intuito de divulgar sobre o Programa de Combate à Aids. Logo,
o autor escreve para os leitores, fazendo-os tomar conhecimento da temática, ou
seja, de que a distribuição de preservativos, em épocas carnavalescas, tem
diminuído o índice da aids.
Quanto ao PLANO GLOBAL do texto, o articulista faz um relato da
campanha contra a aids e descreve com dados a redução de ocorrências da
doença. Para convencer da importância do uso de preservativos ou camisinhas, o
autor emprega diversas formas de argumentação, tais como citação de
autoridade, de dados concretos, exemplos, noção de causa e cosequência,
procurando convencer sobre a eficiência do programa de combate à aids. Por
meio de sequências descritivas constantes, apresenta fatos, acompanhados de
comentários. Nesse sentido, ainda, ele apresenta maior número de pontos
positivos, como estratégia, para convencer os leitores a aderirem as camisinhas,
principalmente no carnaval.
Quanto à TEXTUALIZAÇÃO, observou-se: a) organizadores textuais: e,
mas, também, além de, com muita frequência, sob forma de encaixamento ou
ligação.
b) quanto à voz verbal, o articulista usa o “nós” inclusivo, conferindo ao texto uma
forma mais humilde de se pronunciar e também como meio de aproximação de
seu interlocutor.
c) quanto às escolhas lexicais, o discurso foi produzido de acordo com a
linguagem padrão, com a presença de indicadores modais, como: “Isso sim é
resultado de ...”; “Seria impossível deixarmos passar essa grande oportunidade”;
Com certeza, o autor consegue persuadir a maioria dos leitores de que o
combate à aids no Brasil tem sido eficiente, e a melhor maneira de prevenção é o
uso de preservativos, principalmente em épocas de carnaval. Para um leitor mais
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crítico, porém, a leitura pode ser outra, visto que o discurso é de um
representante do governo; logo, é a voz do governo, e isso implica novas leituras,
que nem sempre estão claramente declaradas no discurso. Dessa forma, é
possível, para um leitor mais letrado, depreender que, por um lado, como
representante do governo, o autor precisa divulgar o seu trabalho de forma
positiva; por outro lado, essa não é a única maneira de se preservar da doença e
nem o método mais seguro, pois deixou-se de considerar, no texto, que o melhor
meio, ainda, é o relacionamento com parceiro único.
É preciso que, ao ensinar a leitura e a produção de textos, esses aspectos
sejam observados, para que uma leitura mais crítica seja estabelecida ( vide os
não-ditos, anteriormente, observados).
3.6 5ª ETAPA
Produção textual
Nessa fase, é interessante o professor escolher um filme para assistir com
os alunos na sala de aula. Eis algumas sugestões de filmes: O menino do pijama
listrado, Educação, Mandela, O Sequestro do metrô 1,2,3, O último samurai,
Sempre ao seu lado, (sugerir outros com auxílio da sala e escolher um, de
preferência aquele que o(a) professor(a) já tenha assistido).
Depois de os alunos assistirem ao filme, faz-se a socialização do tema,
discutindo se apreciou ou não o filme, levantando argumentos que justifiquem a
opinião de cada aluno. Cada qual deve apresentar um ponto de vista sobre o filme
e justificar com argumentos positivos ou negativos.
Deve-se esclarecer aos alunos que a presença de maior ou menor número
de comentários positivos ou negativos pode servir como pêndulo para justificar
um ponto de vista.
Comentar também em que gênero o filme se enquadra, se está abaixo ou
acima de outros, se o filme constitui ou não a recriação de outros existentes, em
uma nova versão. Terminada a atividade de socialização das ideias sobre o filme,
passa-se ao próximo passo, que pode ser a produção de uma resenha no
rascunho.
Depois, em dupla, pode-se corrigir os prováveis erros, comentando entre si,
para melhorar a redação. Em seguida, cada aluno faz a reescrita de sua resenha
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para entregar à professora. Faz-se, também, a leitura das resenhas escritas para
a sala, pelos alunos, discutindo os diversos pontos de vista e as respectivas
argumentações, se são condizentes ou não; comentar as possíveis falhas, a
adequação da linguagem e outros aspectos mais da organização textual, para,
em seguida, cada aluno fazer a reescrita. É nessa fase que todos os aspectos
linguísticos e discursivos devem ser observados, para que a resenha escrita atinja
os objetivos da produção. E quando a redação vier às mãos do(a) professor(a),
será feita a correção, seguida de análise linguística no quadro. Nessa instância,
deve-se fazer comentários sob todos os aspectos da resenha como tal,
observando todos os pontos anteriormente estudados, para a redação retornar
aos alunos com o objetivo de refacção e reestruturação.
Após essa produção final, os textos serão recolhidos, para compor um
grande painel, que será exposto para que outros alunos possam ler e,
principalmente, para a valorização do trabalho dos resenhistas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Caderno Pedagógico foi elaborado com a finalidade de facilitar
o ensino e a aprendizagem do Gênero Opinativo – Resenha Crítica, acreditando
que, com isso, os alunos assimilem e saibam utilizar esse tipo de gênero, na
defesa de um ponto de vista por meio de argumentos lógicos e convincentes.
Com isso, também, possibilitar a proficiência da língua, permitindo-lhes interagir
mais eficientemente em diferentes situações de comunicação.
As diferentes atividades foram elaboradas no intuito de levar o aluno à
compreensão das especificidades desse gênero, ou seja, de seu contexto de
produção (para melhor adequação do discurso), da sua estrutura global e no que
diz respeito às escolhas das unidades de textualidade.
Em outras palavras, a intenção foi desenvolver as três capacidades: de
ação, discursivas e linguístico-discursivas, por meio desse gênero, para que o
educando possa realmente dominar esse tipo de gênero, por se constituir muito
importante nessa fase escolar, ou seja, no Ensino Médio.
Não se sabe até que ponto as atividades propostas podem, efetivamente,
contribuir para o desenvolvimento das capacidades citadas, porém, espera-se que
elas sejam capazes de motivar os aprendizes a produzirem textos desse gênero.
E, ainda, juntamente, alunos e professor(a), espera-se encarar os erros e os
acertos, na tentativa de aperfeiçoar as práticas de ensino e aprendizagem,
contribuindo, assim, para que outros profissionais possam fazer o uso do material
proposto. Certamente, no momento de desenvolvimento dessas sequências
didáticas com os alunos, em sala de aula, poderão, eventualmente, surgir
algumas dificuldades em relação à aplicação de atividades, principalmente se
observar alguns imprevistos que possam ocorrer. Mas espera-se adequar o
trabalho às situações que se possam surgir, observando o que deve ser alterado
ou melhorado, para maior sucesso no desenvolvimento das atividades. É,
portanto, com essa ideia que se propõe a desevolver essas práticas.
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REFERÊNCIAS
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