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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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CADERNO PEDAGÓGICO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

MARINGÁ

O Estudo da Arte e Seus

Contextos

Autora: Eloisa Amália Bergo Sestito

Professora Orientadora: Drª Regina Lúcia Mesti

MATERIAL DIDÁTICO apresentado pelo Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE - Secretaria

do Estado de Educação do Paraná.

Maringá

2009

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SUMÁRIO

Apresentação............................................................................................. 03

1. Imagem, o que é........................................................................................04

1.1. A Arte ..............................................................................................06

1.2. A Arte e a História...........................................................................08

2. Análise das imagens Artística..................................................................09

2.1. Olhar e ver.......................................................................................09

2.2. Cinco passos para ver.....................................................................10

2.2.1. Os meus olhos dançam nos passos da linha...............................11

2.2.2. Entendendo os estilos..................................................................19

3. De que forma?........................................................................................21

3.1. Entendendo o estilo.........................................................................31

4. Luzes......................................................................................................33

4.1. Entendendo o estilo........................................................................37

5. Posso tocar com os olhos?.....................................................................39

6. Considerações Finais...............................................................................40

7. Referências................................................. ............................................41

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APRESENTAÇÃO

O presente caderno pedagógico tem como objetivo nortear as ações

docentes para a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica: O

Estudo da Arte e Seus Contextos. Aqui será abordada a metodologia, bem

como os conteúdos propostos pelo projeto.

Procuramos enfatizar, na história da arte, os períodos que configuraram

as rupturas históricas e estéticas no modo de ser e viver dos homens ao longo

do tempo. Pretendemos, por meio disso, desenvolver um percurso

metodológico que considere e envolva as ações do professor e do aluno no

estudo da arte e de seus contextos e nas análises do objeto artístico.

Os conteúdos a serem estudados são os propostos pelas DCEs (2008):

Elementos Formais, Composição e Movimentos e Períodos, tendo como foco

de análise o estudo das pinturas. Os Elementos Formais são os conteúdos

estruturais das artes visuais, são definidos como elementos da cultura

presentes nas produções humanas e na natureza, ou melhor, a matéria-prima

para a produção artística e para o conhecimento em arte. A Composição é o

processo de organização dos elementos formais que constituem uma produção

artística. Movimentos e Períodos se caracterizam pelo contexto histórico

relacionado à produção da Arte. Este conteúdo revela aspectos sociais,

culturais e econômicos presentes na obra e explicita as relações internas ou

externas de um movimento artístico em suas especificidades, gêneros, estilos e

correntes (PARANÁ, 2008, p.65).

Desejamos, com esse Projeto, contribuir para as ações pedagógicas e a

aprendizagem do aluno no ensino da Arte.

ESPERAMOS QUE GOSTEM!

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todo momento estamos rodeados de imagens, nas ruas pelos

outdoors, placas e sinalizações. E também pelas paisagens

naturais ou urbanas com as quais convivemos diariamente.

Agora, você seria capaz de descrever o que viu no caminho de

sua casa até a escola hoje?

Afinal, o que é imagem?

O dicionário Aurélio (2004) traz várias definições de imagem:

a) Representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou de objeto; b) Estampa pequena, que representa um assunto ou motivo religioso; d) Reprodução invertida, de pessoa ou de objeto, numa superfície refletora; e) Representação dinâmica, cinematográfica ou televisionada, de pessoa, animal, objeto, cena, etc; f) Representação exata ou analógica de um ser, de uma coisa; cópia; g) Aquilo que evoca uma determinada coisa, por ter com ela semelhança ou relação simbólica; símbolo.

O universo visual que nos rodeia é muito rico. Estamos cercados de

imagens da natureza e de produtos da criação humana. Toda representação

está diretamente relacionada a um modo de ver e de atribuir sentido. Quantas

imagens podem ser identificadas a todo o momento a nossa volta?

O autor John Berger (1980) utiliza o significado de imagem sempre como

imagem produzida pelo homem, aquela à qual esse atribui significado.

Segundo ele, uma imagem é uma vista que foi recriada ou reproduzida,

constituindo um modo de ver por uma aparência que foi isolada do local e do

tempo em que ocorreu.

Neste sentido, podemos entender que a imagem é um signo ou a

representação de algo, pois simboliza e reflete um dado da realidade.

Os símbolos sempre estiveram presentes na história da humanidade.

Mesmo antes de desenvolver a linguagem falada o homem já representava em

A

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forma de desenhos o que via a sua volta, o seu mundo imaginário, tais quais os

desenhos descobertos no interior das cavernas:

Pinturas Rupestres na Cidade de Ivolândia.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ivolandia_Rupestres_14.JPG, acessado em 30/11/2009.

Ao longo da história o homem tem desenvolvido diversas formas

de se comunicar, de transmitir ao outro o que vê e o que sente. A comunicação

acontece de muitas formas. Comunicamo-nos por meio de gestos, expressões,

sinais e símbolos. Com o desenvovimento social dessa forma de comunicação

chegamos às várias formas de símbolos e representações que conhecemos,

dentre elas, as formas descritas.

Questões:

Quais os tipos de imagens que você conhece?

Cite diferentes formas de escrita que você já viu.

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A arte constitui uma forma de linguagem e comunicação. Essa

comunicação se dá por meio de várias formas que constituem as poéticas da

arte1, apresentando-se em várias linguagens ou modos de fazer arte como: a

literatura, a música, o teatro, a dança e as artes visuais.

Cada uma dessas linguagens possui uma forma estética2 de

comunicação por meio da qual utilizamos os sentidos para apreciá-las.

Ex: (i) a audição da música se intensifica com a dança e os movimentos

do corpo, (ii) as artes visuais requerem a visão e o aprender a ver enquanto

que o teatro exige a presença do

espetáculo.

Neste projeto, desenvolveremos

um percurso de estudo sobre artes

visuais: imagens e pinturas.

Dentre as obras de arte cujo

foco é a linguagem visual é possível

destacar várias formas de expressão,

dependendo dos suportes e materiais

utilizados pelo artista, tais como: telas,

murais, afrescos (os quais são feitos

com pintura e desenhos).

1 Poética que vem de Poesia, formada do verbo grego poiein, e diz do sentido de verdade do agir, do

manifestar. A poesia como Linguagem surge em todo modo de realizar que manifeste o real e o ser do

homem em seu sentido e verdade. Conforme definição retirada de http://www.ciencialit.letras.ufrj.br

/poetica/index_poetica.htm 2 Estética: (do grego αισθητική ou aisthésis: percepção, sensação), ou ainda, percepção pelos sentidos.

Ela estuda o julgamento e a percepção daquilo que é considerado belo, a produção das emoções pelos

fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; a idéia de obra de

arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Conforme definição retirada de

http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica

Indique com as

expressões: gosto muito,

gosto e gosto pouco para

a linguagem da arte que

você mais aprecia no seu

dia a dia:

a) Música ( )

b) Teatro ( )

c) Dança ( )

d) Artes visuais ( )

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Existem também as obras tridimensionais, como a escultura. E ainda o

artesanato, a tapeçaria, a ourivesaria, o design de objetos. Além das obras

arquitetônicas. São produções das mais várias sociedades e culturas,

elaboradas ao longo da história e que podem refletir o jeito de ser e viver do

homem em cada época.

Analise o trecho do poema abaixo, de um poeta paranaense, Paulo

Leminsk:

Minha cabeça cortada

joguei na tua janela

noite de lua

janela aberta

bate na parede

perdendo dentes

cai na cama

pesada de pensamentos

talvez te assustes

talvez a contemples

contra a lua

buscando a cor de meus olhos [...]

Paulo Leminsk. Caprichos e relaxos. 3ª ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1985.

Descreva o poema

À que o poeta está se referindo?

Ele utiliza figuras para expressar sua idéia? Quais?

Como você pode perceber, a poesia é uma maneira diferente de

expressar a idéia. O poeta utiliza-se das palavras para prefigurar o que quer

dizer. Alguns criam imagem também. Neste caso, o poeta utilizou recursos

gráficos aliados às palavras para dar sentido ao sentimento.

A poesia também é uma forma artística de expressão subjetiva. Além de

incitar a razão, também exige prestar atenção aos sentimentos.

Que tal criar

um desenho

para essa

poesia!!!!

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Com o estudo de um quadro não é diferente. A análise de um objeto

artístico requer muito mais do que simplesmente ver. Muitas vezes vemos, mas

não enxergamos, ou não entendemos o que significa.

PARA PRÓXIMA AULA:

A arte acompanha o homem desde sua mais remota existência. Está

presente em todas as civilizações e é a fiel testemunha da história construída pelo

homem. Ao esculpir, pintar e desenhar, o artista revela a sua realidade. Isso

porque a arte é criada em meio ao cotidiano dos artistas e expressa a vida!

Jorge Coli (1995) em seu livro ―O que é Arte?‖, diz que através da apreciação

de uma obra de arte podemos nos encontrar com o autor, com sua época e

também com nossos semelhantes. Assim podemos nos sintonizar com o outro,

numa relação particular que não percebemos em nosso cotidiano. O mesmo

autor afirma ainda, que a arte é um local de encontro, de comunhão intuitiva,

ela não promove o consenso, nos irmana. (COLI, 1995, p. 126)

A representação artística diz sobre o artista e seu tempo.

Como identificar esses aspectos na obra de arte?

É possível expressar sentimentos no desenho e na pintura?

Você seria capaz de dar forma ao amor? Dar cor à inveja e ao

ciúme?

É possível por meio dos traços e linhas expressar a fé e o

sentimento religioso?

Selecione duas imagens de obras de arte:

Uma que te cause encantamento Uma que te cause estranhamento

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Ao longo da história, as representações são constituídas de formas

diversas. Na sociedade Egípcia, as produções são referentes ao culto aos

mortos. No período Medieval, as figuras são as de santos divulgadas pela

igreja Cristã, as quais predominaram em todo ocidente.

Outras vezes, a razão da proporcionalidade e a figura humana tomam o

centro de todas as reflexões filosóficas e artísticas, como no período da Grécia

clássica ou no Renascimento.

A história da arte estuda as manifestações estéticas da humanidade ao

longo do tempo. Podemos verificar variações nas formas de expressões que

constituem os estilos artísticos de cada época. Para efeito de estudos, os

historiadores e críticos de arte classificam tais estilos conforme os artistas de

cada período. Para tal organização, observam os elementos artísticos e os

materiais disponíveis.

Esses estudos indicam que a manifestação estética acompanha o

pensamento, a maneira de viver e as transformações científicas e tecnológicas

de cada período.

Leia o texto: A complicada arte de ver de Rubem Alves que se encontra

no site: http://www.releituras.com/i_airon_rubemalves.asp

Qual a diferença de olhar e ver?

Você admira um ipê florido?

O autor comparou sua visão de um Ipê florido à experiência que Moises

teve ao ver a sarça ardente.

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Você conhece essa história?

É uma história bíblica que narra a experiência que Moises teve ao falar

com Deus, que supostamente se manifestou em um arbusto, mais

especificamente, numa sarça que estava em chamas e não se consumia.

Assim Moisés teve uma experiência com o sagrado, e o autor Rubem

Alves afirmou que experimentara um êxtase semelhante ao de Moises quando

viu um Ipê florido. Ou seja, o admirou como fruto da perfeição divina.

Será que temos sempre essa experiência sensível diante da

natureza, das situações ou de uma obra de arte?

Será que estamos aptos para essas experiências ou seria

necessário aprimorar esses sentidos ou exercitá-los?

Como conhecer os sinais que nos toca os sentidos?

Da mesma forma que muitas vezes lemos um texto e não entendemos

muito bem sua mensagem, também olhamos uma imagem e não vemos o que

significa. Isso porque a análise da imagem depende também do conhecimento

dos procedimentos de produção da pintura.

Ver e olhar são atitudes diferentes. Podemos olhar, mas não ver ou

compreender o que está na pintura.

Proposta: façamos o exercício por meio dos conteúdos: Linha e

Movimento.

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Que tal exercitarmos um pouco o ato de ver?

Para analisarmos cada pintura seguiremos a proposta do Professor

norte americano Dr. Robert Willian Ott (1999), que indica cinco momentos para

analise crítica de uma imagem.

Observe as Imagens:

Título: A conversão de São Paulo Autor: Michelangelo Merisi da Caravaggio entre (1600-1601). Categoria: Pintura (uso educacional e não-

comercial) 230 × 175 cm (90.55 × 68.90 in) http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caravaggio-The_Conversion_on_the_Way_to_Damascus.jpg. Acessado em 02/12/09.

Título: O Massacre dos Inocentes

Autor: Giotto entre (1306-7) Categoria: Afresco (uso educacional

e não-comercial). www.tvebrasil.com.br/.../rslc/tetxt5.htm. Acessado em 18/03/2010

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A principal questão para esse momento é: O que você está vendo?

Na primeira imagem: o cavalo o homem ao chão, outra pessoa, tecidos

ao chão...

Na segunda imagem: várias pessoas, os gestos, construções ao fundo,

o céu...

Esse momento consiste em perceber e descrever o que se vê na obra

ou imagem que está sendo estudada. É um momento de interação do

observador com a produção artística, exigindo profunda e detalhada atenção e

sendo essencial para a percepção das dimensões inteligíveis e sensíveis.

Podemos fazer um inventário de tudo que é percebido sobre a obra,

verbalizando e listando o que se vê.

Quais gestos vemos nas figuras representadas?

Na primeira imagem, a posição dos braços da figura de pessoa que está

ao chão está para cima, como que pedindo ajuda. A posição do cavalo indica

que ele recua. E a figura de pessoa que está ao fundo, parece que se dirige

para onde?

Na segunda imagem, as pessoas representadas à direita parecem

assustadas e desesperadas. A figura humana central tem uma expressão

agressiva, o que é possível verificar nos traços de seu rosto e no gesto dos

braços.

Quais são as cores utilizadas?

Como o artista utilizou as cores nas duas obras?

Na primeira, as cores são mais escuras, a luz que demarca as figuras de

pessoas parece vir de frente do quadro, deixando as cores mais vivas na

composição do primeiro plano, como o rosto do homem ao chão, os tecidos e o

dorso do cavalo. Onde a luz não ilumina, se torna escuro e as formas se

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misturam ao fundo. Na segunda as cores são mais claras, a luz parece vir de

todos os lados, de forma que a visibilidade da composição é total.

Qual é o espaço físico?

Podemos distinguir algo além dos personagens representados, é uma

cidade, ou um campo?

Na segunda imagem, as figuras são mais nítidas e podemos concluir

que a cena se passa em uma cidade, dadas as construções que aparecem ao

fundo. Enquanto na primeira não podemos visualizar nada além dos

personagens, estando a cena centrada na situação narrada na tela.

Como você vê a imagem?

Nesse segundo momento do estudo da imagem é necessário buscar

dados para investigação de como foi feita a obra de arte. Identificar os

caminhos que o artista seguiu para produzir aquela imagem. Como ele

executou sua idéia com a forma, a linha, a textura, a cor.

A obra é figurativa ou abstrata?

As imagens representam ou não algo que tem formas definidas, que

podemos observar como, por exemplo, pessoas, construções, animais etc.

Conseguimos reconhecer linhas nas imagens?

Podemos identificar diferentes participações das linhas na construção de

uma imagem. As linhas que constituem os contornos das formas e as linhas

que determinam a dinâmica do quadro.

Na primeira imagem, verificamos a presença constante de linhas curvas

e não tão definidas nos contornos das figuras, ou seja, o que determina os

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contornos são as cores e o efeito de claro-escuro. Ao passo que na segunda

imagem as linhas são mais retas e os contornos mais demarcados.

A disposição dos elementos da primeira imagem determina linhas

transversais ou inclinadas, o que resulta num efeito de movimento intenso. A

sensação é a de que a cena está acontecendo e que tudo está em movimento.

Percebe-se um efeito de muita dramaticidade.

Na segunda imagem, a disposição dos elementos determina uma

verticalidade em contraponto com uma horizontalidade o que resulta em uma

composição estática e simétrica. A cena parece paralisada.

Como são as formas?

A maneira de representar as coisas é diferente em cada uma das

imagens. Podemos verificar isso na forma de representar as pessoas, os

animais e as construções em cada uma das pinturas analisadas.

Existe volume?

Cada artista utiliza um recurso diferente para conseguir o efeito

tridimensional. Na primeira imagem, o recurso utilizado é da contraposição do

claro/escuro, ou da luz e sombra. E, na segunda imagem, o artista lança mão

da sobreposição e diminuição das formas para produzir o efeito de

aproximação e distanciamento.

Como a luz é percebida?

Como observamos, a luz na primeira imagem parece vir da frente do

quadro, e, na segunda imagem, parece vir de todos os lados.

Em que posição você está vendo a imagem? Está perto ou

distante?

Na primeira imagem, o artista parece ter dado um close na cena, tudo é

muito próximo. Na segunda imagem, o observador é colocado mais distante da

cena.

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Tem perspectiva?

A perspectiva, ou a tridimensionalidade na primeira obra é conseguida

pela luz ou pelo volume das formas. Na segunda imagem, as formas estão

sobrepostas e produz a perspectiva pela diminuição, entretanto há um efeito de

bidimensionalidade3.

Qual é o elemento que predomina?

Na primeira imagem, o elemento central é a figura de homem ao chão.

E, na segunda imagem, embora apareçam todas em um mesmo plano o

elemento central é a figura do homem de gesto agressivo.

Você consegue definir a temática da obra?

A primeira imagem parece uma queda do cavalo. A figura do cavalo

entrelaçada com a da pessoa. A segunda imagem parece uma cena de

infanticídio pelas figuras de crianças ao chão, a presença de mulheres com

expressão de desespero, e a direção da espada dos soldados.

Como o autor chamou a atenção para o tema principal?

Há dramaticidade4 nas cenas, entretanto, a primeira apresenta um maior

dinamismo ou movimento. A segunda imagem, pela forma como o artista

dispôs os elementos de composição na tela, mostra uma cena estática com

pouco movimento.

Porque vemos o que vemos?

A imagem conta uma história?

3 Bidimensionalidade: ou bidimensional, que possui duas dimensões, comprimento e altura. Trata-se de

uma figura plana. HOLANDA, 2004. 4 Dramaticidade: qualidade de dramático, relativo ao drama, encenação de um gênero teatral, ou

acontecimento terrível, sinistro; catástrofe. (HOLANDA,2004)

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Este é o momento da interpretação e de busca de relações na

composição para indagações e suposições. Podemos participar da análise.

Podemos expressar o que percebemos e sentimos a respeito da obra.

A cena nos remete a algo que conhecemos?

Neste momento nos perguntamos e comparamos se essas imagens

representam algo semelhante ao que conheço ou já ouvi falar.

O que observamos na expressão do homem ao chão?

A impressão que temos é a do desespero do homem que procura se

desvencilhar do cavalo e levantar. Expressão de susto e admiração, de

impacto. Na segunda imagem, temos a impressão da aflição no rosto das

mulheres e daqueles que a observam.

Quando e onde foi feita a obra?

Essa categoria requer o conhecimento da história da arte ou de alguma

crítica de arte que tenha sido escrita ou dita a respeito da obra estudada. É o

momento de ampliação do conhecimento. As informações sobre a

contextualização histórica e social-econômica da época em que a obra foi

produzida é relevante para o esclarecimento e o entendimento da mesma. A

fundamentação pode acontecer também por meio de recursos audiovisuais,

livros, publicações acadêmicas, catálogos de exposição ou pesquisa na

internet.

Porque o autor retratou a queda do homem? Porque retratar

um infanticídio?

As duas imagens representam cenas de histórias religiosas presentes no

universo bíblico. A primeira trata da narrativa da conversão de São Paulo, que

se torna cristão após uma visão de Jesus em uma estrada a caminho de

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Damasco, uma cidade da Síria. Conta a história que Paulo se dirigia para esta

cidade com o intuito de perseguir e matar os cristãos daquele lugar. Nesse

trajeto teria tido uma visão que o cegou e o fez cair ao chão. Daquele momento

em diante, teria se convertido ao cristianismo e se tornou o seu maior

precursor.

A cena da segunda imagem também advém de uma história bíblica.

Trata-se da perseguição que o rei Herodes fez das crianças no tempo do

nascimento de Cristo. Ele havia sido avisado do nascimento de um rei e para

que esta criança não viesse ameaçar o seu reino, conforme a narrativa, manda

matar todos os recém nascidos.

Dessa forma, as duas pinturas são imagens que retratam cenas

idealizadas, já que os autores não foram testemunhas de nenhuma delas.

Qual o período histórico em que a obra foi feita?

Cada uma das obras foi retratada em épocas diferentes da história.

A segunda imagem é do século XIV, período medieval, e foi feita na

Itália. Esse período é caracterizado por uma forte influência do cristianismo e

as cenas bíblicas costumavam ser pintadas nas paredes das igrejas com o

objetivo de ensinar as principais passagens da vida de cristo e da Bíblia. É um

afresco, técnica na qual o artista pintava sobre o reboco da parede ainda úmido

para que a pintura secasse junto com a argamassa, garantindo uma maior

durabilidade.

A primeira imagem foi feita três séculos mais tarde, em um momento em

que a Igreja Católica busca resgatar a religiosidade, por isso o apelo dramático

na cena construída. Neste período, a técnica da pintura havia se desenvolvido

bastante. A contraposição de claro-escuro, para conseguir volume nas figuras,

iniciado no Renascimento, encontrara um momento de auge quando se

transformou para dar qualidade aos efeitos tridimensionais.

Quem é o artista, onde viveu?

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Crie duas composições

utilizando-se desses recursos:

uma em que haja predominância

de linha curvas e inclinadas e a

outra com linhas retas, verticais

e horizontais.

O primeiro artista é Michelangelo Merisi da Caravaggio (que nasceu

em Milão, 29 de Setembro de 1571 e morreu em Porto Ercole, comuna de

Monte Argentario, 18 de Julho de 1610). O segundo foi Giotto di Bondone

(Colle Vespignano, 1266 — 1337), conhecido simplesmente por Giotto, ele foi

um pintor e arquiteto italiano.

O que você aprendeu por meio dessa análise e que não

percebia antes?

Agora vamos rever alguns pontos que aprendemos nas etapas

anteriores de descrever, analisar, interpretar e fundamentar.

Nesta categoria de síntese culminam todos os procedimentos de

estudos que realizamos. Nesse momento, a oportunidade é de reunião dos

conhecimentos e de experiência estética. É a concretização da composição,

que pode ser um poema, uma composição musical, uma apresentação de balé,

ou até mesmo um texto literário. Vejamos alguns procedimentos de produção

da pintura que reconhecemos nas imagens. Percebemos que a linha determina

o dinamismo do quadro, que a presença de linhas curvas e inclinadas dá efeito

de movimento à composição e que as linhas mais retas nas posições

horizontais e verticais constroem o efeito de estaticidade. Partindo dessa

conclusão

Para próxima aula:

Faça uma pesquisa em sua casa sobre Caravaggio e descubra:

Em quais questões esteve envolvido?

Foi contemporâneo de quais artistas e

pertenceu a alguma escola artística?

Qual era o seu estilo?

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Vejamos, por exemplo, os dois estilos presentes nas obras que

analisamos. A primeira imagem se trata de uma obra do Barroco, no início do

século XVII, na Itália. A segunda imagem se trata de uma imagem do século

XIV, final do período medieval, tendo sido produzida alguns séculos anteriores

à primeira imagem! Mais precisamente, três séculos as separam no tempo.

Entretanto, será que existem semelhanças entre esses períodos?

O que estava acontecendo naquele momento?

Uma pesquisa interdisciplinar contribuirá para entendermos porque o

artista utilizou os elementos formais daquela maneira, uma vez que na análise

de outras obras daquela época podemos encontrar semelhanças.

Vamos apontar algumas pistas para nossa pesquisa:

Reformas Religiosas Igreja Católica perde

poder

Os artistas barrocos

foram patrocinados pelos

monarcas, burgueses e

pelo clero.

Contra Reforma para

recuperar a fé católica

junto ao povo

A Arte assume a função

de divulgar a fé

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Características gerais do Estilo Barroco:

Vamos ao contexto:

emocional ante o racional

Busca de efeitos

decorativos e visuais

através de curvas e

contracurvas.

Escolha de cenas no seu

momento de maior

intensidade dramática.

final do sistema feudal e

início da criação das

cidades

final do sistema feudal e

início da criação das

cidades

Ascensão de novas

categorias sociais

dedicadas ao artesanato e

ao comércio

final do sistema feudal e

início da criação das

cidades

Consolidação do

Absolutismo (como na

França e na Inglaterra)

final do sistema feudal e

início da criação das

cidades

Forte influência do clero

na vida social e política

Tem início uma economia

fundamentada no comércio

A fé deveria ser atingida

através dos sentidos e da

emoção e não apenas pelo

raciocínio.

Contrastes de luz e

sombra

Acentuado contraste de

claro-escuro - um recurso

que visava o efeito de

profundidade.

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Características do estilo Gótico:

Vamos considerar agora a Forma, que é outro elemento formal básico

da imagem e da pintura.

Mas o que é a forma?

A linha descreve a forma. Em Artes Visuais a linha articula a

complexidade da forma (DONDIS, 1991, p. 57). Trata-se da maneira como o

artista se expressa, utilizando-se dos elementos específicos da pintura,

escultura ou gravura. Assim, a forma está diretamente ligada à técnica e aos

materiais utilizados pelo artista.

A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença

na existência de um Deus que vive num plano

superior; tudo se volta para o alto, projetando-se

na direção do céu, como se vê nas pontas

agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.

Na Pintura procura o realismo na

representação dos seres que

compunham as obras pintadas, quase

sempre tratando de temas religiosos,

apresentava personagens de corpos

pouco volumosos, cobertos por muita

roupa, com o olhar voltado para cima, em

direção ao plano celeste.

As esculturas estão ligadas à arquitetura

e se alongam para o alto, demonstrando

verticalidade, alongamento exagerado das

formas, e as feições são caracterizadas

de formas a que o fiel possa reconhecer

facilmente a personagem representada,

exercendo a função de ilustrar os

ensinamentos propostos pela Igreja.

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Observaremos duas obras conhecidas da história da arte:

Que tal realizarmos o mesmo processo de estudos que aprendemos?

Agora, no entanto, vamos prestar atenção na Forma, ou como o artista

utilizou os elementos de composição para fazer a obra. Por meio da forma

percebemos a maneira característica de produção de cada artista, pois ela

define seu estilo.

Título: Retrato de Mona Lisa, La Gioconda (1503-

1507)

Autor: Leonardo da Vinci

Categoria: Pintura (uso educacional e não-

comercial)

Idioma: Não Aplicável

Instituição:/Parceiro [lo] Musée du Louvre

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe

ObraForm.do?select_action=&co_obra=5095

Título: O Nascimento de Vênus

(1483)

Autor: Sandro Botticelli

Categoria: Pintura (uso

educacional e não-comercial)

Idioma: Não Aplicável

Instituição:/Parceiro [wm]

WebMuseum

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=5098

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O que observamos na composição da imagem?

Na primeira imagem, observamos o retrato de uma mulher, na segunda

imagem, a personagem central também é a figura de mulher. Na primeira

imagem, de modo central está a única figura humana do quadro e atrás dela

observamos uma paisagem ou uma cena da natureza. Na segunda imagem,

são várias as figuras humanas, entretanto, algumas parecem ser aladas, e, em

segundo plano, há uma paisagem ao fundo. A diferença entre elas é que tanto

as paisagens quanto as figuras humanas da segunda imagem parecem ter sido

criadas a partir da imaginação do artista.

Na pintura do retrato, identificamos ao centro uma figura feminina com

uma atitude que parece posar para o artista. Na segunda imagem, as figuras

parecem em movimento. Estando uma figura localizada ao centro, outra à

direita e duas à esquerda parecem em vôo e sopram em direção ao centro. A

do centro está nua sobre uma concha e se cobre com as mãos em um gesto

semelhante à atitude de pudor e a da direita parece ter o gesto de cobri-la com

um manto.

Como é o espaço físico?

A primeira imagem apresenta ao fundo uma paisagem árida com

rochedos. A segunda imagem parece retratar uma paisagem aquática, ou

marítima.

Observe os detalhes das obras:

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Considerando os detalhes podemos perceber as diferenças das

formas?

Na primeira pintura, a produção é um retrato e a segunda é uma figura

fictícia ou uma alegoria, cena que pode ser reconhecida na história mitológica,

tema frequentemente utilizado pelos artistas.

Na primeira imagem, a forma é constituída pelas tonalidades de claro-

escuro ou pela variação de tonalidades na cor. Na segunda, a forma é

conseguida por um contorno linear mais definido. As cores são clareadas e

escurecidas com menos intensidade. A técnica utilizada por Leonardo da Vinci,

artista da primeira imagem, chama-se esfumato, que em italiano quer dizer

esfumaçar, “à maneira da fumaça―. Foi uma inovação desenvolvida por ele e se

trata de uma técnica que busca criar um efeito de claro e escuro para dar

formas às figuras em vez de pintar linhas de contornos nas formas,

possibilitando uma passagem sutil entre uma tonalidade e outra. É uma técnica

que requer muita habilidade. A inovação com a utilização da tinta a óleo

possibilitou o aperfeiçoamento desse procedimento, uma vez que a demora

para secar permite ao artista melhor elaboração da forma com a cor. Produzida

de maneira artesanal, nos ateliês dos artistas, com a mistura de óleo de linhaça

e pigmentos, a tinta a óleo contribuiu muito para a produção dos efeitos do

esfumato.

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Nessa tela, Da Vinci utilizou basicamente uma só cor, o marrom, e

variando suas tonalidades produziu o esfumato.

A segunda pintura é feita com têmpera sobre madeira, as pinceladas

também são suaves, alongadas, acabadas e quase imperceptíveis. A linha que

constitui a forma é contínua e com diversas cores. A têmpera é uma tinta obtida

com a mistura dos pigmentos de terra com um ―colante‖, uma emulsão de água

e gemas de ovo ou ovos inteiros (às vezes cola ou leite). Essa técnica foi muito

utilizada na arte italiana, nos séculos XIV e XV, em afrescos ou painéis de

madeira preparados com gesso. As cores de têmpera são brilhantes e

translúcidas. O tempo de secagem é mais rápido, o que dificulta a produção

das tonalidades. Para produzir esse efeito utilizam-se linhas ou pontos mais

claros ou mais escuros após a tinta já seca.5

Quais as diferenças e semelhanças nas formas das figuras

femininas?

O pescoço da figura da segunda imagem é desproporcional, mais

alongado, o ombro esquerdo posiciona-se em um ângulo anatomicamente

improvável. A primeira é mais proporcional, caso em que se observa uma

expressão enigmática, e um olhar que parece interagir com o expectador. Na

figura da personagem central da segunda imagem observa-se uma expressão

longínqua.

O observador pode traçar linhas na composição?

Nas duas imagens destacam-se figuras femininas no centro. A primeira,

em primeiro plano, em posição central ocupando quase todo o espaço da tela.

Podemos visualizar ao fundo uma paisagem. Se traçássemos uma linha

imaginária na vertical e na horizontal conseguiríamos uma simetria quase

perfeita. Já na segunda imagem a figura central pode ser visualizada de corpo

inteiro, o que indica certa distância do observador em relação às outras figuras

5 Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%AAmpera_(pintura)" acessado em 20/03/2010

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Para próxima aula:

Consulte os recursos bibliográficos

disponíveis e responda:

O que é Mitologia?

Quem foi Vênus?

Como é contada a história do

nascimento de Vênus na Mitologia?

ao fundo que determinam outros planos na imagem. Também é possível traçar

uma linha imaginária na horizontal e outra na vertical, as quais determinam os

eixos centrais da imagem e caracterizam a simetria. Essa composição produz

um efeito de movimento devido às linhas inclinadas e curvas das figuras.

Existe profundidade? Podemos visualizar outros planos ao

fundo?

Sim, e esta é uma das características principais das artes visuais desse

período: um efeito tridimensional na pintura. O período artístico do

Renascimento foi responsável pelo desenvolvimento da técnica que

revolucionou a maneira de representar o espaço. Nesse período, os artistas se

esmeravam na representação das imagens em perspectiva, seja por meio da

diminuição das formas, da projeção de linhas na direção de pontos de fuga, por

sobreposição das figuras, ou pelo

volume conseguido pelas cores

com o claro /escuro.

Foi uma grande revolução a representação do espaço tridimensional em

um plano bidimensional, uma entre tantas técnicas desenvolvidas pela

genialidade dos artistas renascentistas.

O artista representou uma cena mitológica?

A primeira imagem nos mostra claramente que se trata de um retrato,

assim não nos detemos muito em seu significado, a não ser pela técnica

inovadora empregada pelo artista, que confere uma expressão enigmática e

misteriosa à pessoa representada.

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Na pintura O Nascimento de Vênus, observamos a representação de

uma cena incomum, uma mulher que parece surgir de uma concha, com seres

alados ao seu redor. Para interpretar essa obra é necessário conhecer a

história que o artista está representando. Além de entender também os

símbolos que estão presentes na imagem. Cumming (1996) aponta que a

linguagem de simbolismo e alegoria foi muito utilizada pelos artistas ao longo

da história. E em cada época em que a obra foi criada, essa linguagem era

entendida pelos espectadores. Assim ―os objetos reconhecíveis não

representam apenas eles mesmos, mas conceitos de significado mais profundo

ou mais abstrato‖ (CUMMING, 1996, p.7).

Qual é a narrativa?

Esse quadro é considerado, pelos estudiosos da Arte, revolucionário em

seu tempo, por ser a primeira pintura com tema mitológico. O tema da mitologia

foi muito abordado no Renascimento por artistas, poetas e teatrólogos. O

Nascimento de Vênus é a representação de um mito clássico, da cultura greco-

romana.

Vênus – Deusa do pantheon Romano equivale a Afrodite para os

gregos.

Você já deve saber que as histórias mitológicas eram criadas para

explicar fatos a princípio inexplicáveis, como o surgimento do céu e da terra,

por exemplo.

Um poeta grego, chamado Hesíodo (séc. VIII a.C.), escreveu uma

Teogonia, ou um poema mitológico que descreve a gênese dos deuses e a

origem do mundo. Conta a história dos reinados de Urano, Cronos e Zeus, e a

união dos mortais aos deuses, nasce assim os heróis mitológicos. As

personagens representam aspectos básicos da natureza e do homem, e

expressam as idéias dos primeiros gregos sobre a constituição do universo.

Hesíodo (1996) conta em verso que, no princípio, havia quatro seres divinos

Caos, Gaia (Terra) de amplos seios, Tártaro (abismo) e Eros, que dentre os

deuses imortais era o mais belo, pois ele é Amor, fundamento de todas as

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uniões. Gaia (Terra) gerou um ser capaz de cobri-la inteiramente: Urano (céu).

Criou também as Montanhas (morada das Ninfas) e o Mar. Ao unir-se a Urano,

Gaia deu origem aos deuses Titãs, dentre eles Cronos que nutriu um ódio

mortal por seu pai (Urano). Um dia quando seu pai Urano veio se estender

sobre Gaia, Cronos saiu de seu esconderijo, e com uma foice de dentes

agudos castra o pai e lança ao mar o membro cortado que ejacula uma última

vez. Da espuma misturada às águas nasce Afrodite (Vênus), a deusa da beleza

e do amor. Que surge em uma concha de madrepérola.

Figuras do lado esquerdo: Vento Oeste (Zéfiro) com sua esposa

Clóris. Ele é quem conduz Vênus até a praia (CUMMING, 1996, p.22).

Figura do lado direito: Nínfa que recebe Vênus. É uma das quatro

Horas que são espíritos que personificavam as estações do ano. Representa a

primavera, estação de renovação (Ibidem, p.23).

Rosas: as rosas que voam ao lado de Vênus representam a beleza e o

a fragrância feminina (Ibidem, p.22).

Laranjeiras: as árvores representadas na praia são laranjeiras, com

flores brancas de pontas douradas, são estilizadas para configurar a natureza

repleta da presença de Vênus (Ibidem, p.23).

As ondas: são representadas como padrão decorativo, e não com

fidelidade à realidade (Ibidem, p.22).

Como apontamos, a obra está cheia de símbolos e significados.

Quando e onde foram feitas as obras?

A segunda imagem, O Nascimento de Vênus, é mais antiga que a

primeira. Datada de 1483, dista em duas décadas da primeira imagem O

Retrato de Monalisa que foi terminada em 1507. As duas obras tratam de

pinturas italianas da renascença. Os dois artistas são de Florença, centro de

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decisão e poder da época, onde viviam ricas famílias que financiavam os

artistas, como a família Médici que apoiou vários artistas da época.

Porque o autor retratou essas mulheres?

Botticelli foi um revolucionário de seu tempo quando com essa obra

inaugurou a representação de temas laicos, ou não religiosos. Podemos

perceber que confere às figuras um ritmo suave e gracioso. E Leonardo Da

Vinci surpreende com sua obra, por apresentar no retrato os contrastes de

realismo e mistério. E ao mesmo tempo em que transmite um realismo perfeito

nas formas do rosto, não define sua expressão.

Qual o período histórico de produção dessas obras?

Os dois artistas pertencem ao Renascimento Italiano que se caracterizou

por um período de intensas transformações de ordem social, econômica,

intelectual, científica e artística. No âmbito econômico, caracteriza-se pela

transição do modo de produção feudal para o capitalismo, o que determinou

historicamente o fim do período medieval e o início do pensamento moderno.

Isso, devido às expansões do comércio marítimo, que ocasionou crescimento

de grandes centros urbanos como, as cidades italianas Gênova, Veneza e

Florença, as quais passaram a acumular grandes riquezas provenientes do

comércio. Ricos comerciantes, que ficaram conhecidos como mecenas

começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico

e cultural da Itália, que foi considerada o berço do Renascimento. Porém, este

movimento cultural não se limitou à Península Itálica, ocorrendo também em

outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal,

França e Países Baixos.

O Renascimento se caracterizou pelo humanismo que consistia no

interesse pela concepção filosófica clássica, greco-romana, na qual a vida

deveria estar centrada no homem e em sua razão (antropocentrismo) e não

mais em Deus (teocentrismo). Outro fator importante nesse período foi o

desenvolvimento da ciência uma vez que a razão e a natureza passam a ser

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valorizadas com grande intensidade. Os cientistas passaram a utilizar métodos

experimentais e de observação da natureza e do universo.

Esses conhecimentos e a visão de mundo interferem nas obras

artísticas?

Quem são os artistas, onde viveram?

Sandro Botticelli (1445-1510) - pintor italiano foi inovador por produzir

obras com temas mitológicos, entretanto não abandonou os temas religiosos.

Em seus quadros expressava o seu ideal de beleza. Foi considerado o artista

que melhor transmitiu, no desenho, um ritmo suave e gracioso às figuras

(PROENÇA, 2005). Nasceu em Florença, onde passou quase toda vida.

Participou de uma comissão para determinar onde deveria ficar a estátua Davi

de Michelangelo.

Leonardo da Vinci – foi considerado um gênio devido à obra construída

para humanidade, por sua versatilidade em pesquisar nas diversas áreas do

conhecimento, foi pintor, engenheiro, escultor, arquiteto e cientista. Sua

investigação constante aparece em seus grandes desenhos, que combinam

precisão científica, com uma intensa e poderosa imaginação, revelando a

extraordinária amplidão de seus estudos em diversos campos do

conhecimento: biológico, fisiológico, hidráulico e aeronáutico (CUMMING,

1996).

O que você conhece e que não percebia antes?

Estudamos que a forma é constituída pela maneira como cada artista

utiliza os elementos de composição, o que vai caracterizar seu estilo próprio,

mesmo dentro de uma corrente artística. O material utilizado na pintura

também determina a forma, e permite diferentes efeitos. Assim o artista utiliza o

conhecimento do desenvolvimento tecnológico do seu tempo como auxiliar à

sua criação.

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PRODUÇÃO: Vamos fazer um auto-retrato a EM um meio

eletrônico. O desafio é criar um retrato seu com diferentes

efeitos pelo computador.

O contexto da produção de arte

Uma das grandes conquistas na forma de representar do Renascimento

foi a representação espacial, ou o efeito de tridimensionalidade. Podemos até

afirmar que as descobertas científicas espaciais daquele momento, dentre elas

a confirmação da teoria heliocêntrica (é a terra que gira em torno do sol, assim

o sol está no centro), estão presentes na representação gráfica daquela época.

Algumas características do contexto histórico para orientar nossa

pesquisa interdisciplinar:

Racionalidade

Dignidade do Ser

Humano

Rigor

Científico

Ideal Humanista

Reutilização das artes

greco-romana

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Características gerais do estilo Renascentista a serem observadas em

pinturas:

Perspectiva: arte de figura,

no desenho ou pintura, as

diversas distâncias e

proporções que têm entre si

os objetos vistos à distância,

segundo os princípios da

matemática e da geometria.

Uso do claro-escuro: pintar

algumas áreas iluminadas e

outras na sombra. Esse jogo

de contrastes reforça a

sugestão de volume dos

corpos.

O uso da tela e da tinta à

óleo.

Tanto a pintura como a

escultura que antes

apareciam quase que

exclusivamente como

detalhes de obras

arquitetônicas, tornam-

se manifestações

independentes.

Tanto a pintura como a

escultura que antes

apareciam quase que

exclusivamente como

detalhes de obras

arquitetônicas, tornam-

se manifestações

independentes.

Surgimento de artistas

com um estilo pessoal,

diferente dos demais.

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Até agora, em todas as imagens analisamos a presença da luz na obra.

Busquemos observar os efeitos causados pela luz. Num primeiro momento,

convido cada observador a perceber o efeito da luz nas cores. Em seguida,

identificaremos a participação do recurso da luz na produção das dimensões da

imagem ou na possibilidade de ver todos os lados da figura em um plano.

Vejamos a sequência de obras abaixo do artista francês Paul Garfunkel,

que fixou moradia no Brasil, mais precisamente em Curitiba no Paraná.

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid

=4&letter=P. Acessado em 25/05/2010

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http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/mylinks/viewcat.php?cid

=4&letter=P. Acessado em 25/05/2010

Vamos novamente seguir o passos das análises anteriores!

O que vemos na primeira imagem?

A primeira imagem apresenta uma cena urbana, do cotidiano de uma

cidade, com a presença de árvores em um local que parece uma praça com

figuras de pessoas.

O que vemos na segunda imagem?

A segunda imagem também parece cena de cotidiano, só que agora em

outro cenário. Vemos uma paisagem marítima, com barcos ao longo da praia.

Algumas figuras de pessoas parecem em deslocamento, outras estão paradas,

ou sentadas. Um cenário com aspecto urbano de uma cidade de litoral com

uma construção que parece um comércio e uma luminária que denota um

elemento decorativo.

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As imagens retratam o dia ou à noite?

Ambas retratam o dia. A luz que configura as tonalidades de cores

parece refletir do céu.

Como vemos o que vemos?

Vemos paisagens diurnas, com uma claridade intensa. Constatamos que

a luz é responsável por definir as tonalidades das cores.

Na primeira imagem, a cor que predomina é o amarelo nas figuras de

árvores. Há uma luminosidade que intensifica as cores dos objetos ao redor.

Dondis (2007) explica que a cor possui três dimensões.

O matiz que é a cor em si com suas variações que passam de cem e

que são derivadas de matizes primários, o amarelo, vermelho e o azul. O

amarelo está mais próximo da luz e do calor, o vermelho é mais ativo e

emocional, e o azul é considerado passivo e suave. Ao observarmos essa

dimensão da cor nas duas imagens podemos verificar uma intensa presença

do amarelo, na primeira imagem, e do azul, na segunda imagem.

Outra dimensão da cor é a saturação, que é a variação de uma cor pura

ao cinza. ―Quanto mais intensa ou saturada for a coloração de um objeto ou

acontecimento visual, mais carregado estará de expressão e emoção‖

(DONDIS, 2007 p.66). Podemos verificar na comparação das duas imagens

que a primeira apresenta as cores mais saturadas do que a segunda. O brilho

com dimensão da cor é relativo ao claro escuro, obtido com as gradações

tonais. Por meio da variação tonal ou do brilho dos objetos obtemos o volume

(efeito tridimensional). É preciso enfatizar que a presença ou ausência de cor,

não modifica esse efeito. Uma vez que mesmo em composições

monocromáticas ele pode ser obtido (DONDIS, 2007).

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Outro aspecto da cor é a maneira como o artista a apresenta na obra.

Ou seja, o artista pode conseguir as dimensões das cores, por meio de

pinceladas lisas, rápidas ou em chapas. Chama-se cor modelada, quando se

produzem variações tonais do claro escuro de uma cor, com pinceladas lisas.

As cores moduladas surgem quando o artista obtém o efeito de claro-escuro

com matizes puros e pinceladas rápidas. As cores são organizadas em

módulos e em chapas, quando um espaço é coberto de uma cor só sem

variação tonal. Ex:

No caso das imagens analisadas, o artista produziu cores moduladas e

modeladas.

Porque vemos o que vemos?

As duas imagens representam momentos do cotidiano de duas cidades

distintas. Uma representa um centro urbano de uma cidade maior, haja vista os

prédios ao fundo e a quantidade de figuras humanas no centro da praça. A

outra representa um lugarejo com figuras de pessoas paradas, sentadas. Além

de configurar uma paisagem litorânea, pela presença do mar e dos barcos,

parece um retrato de paisagens urbanas de locais reais e não de paisagens

imaginárias. É possível que o artista tenha observado as cenas e as retratou: a

primeira representa a da Praça Tiradentes em Curitiba e, a segunda, uma

praça de Paranaguá, também no Paraná.

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As informações da vida e da obra do Artista Paul Garfunkel foram

obtidas no site da Organização do Itaú cultural, que transcrevo na citação

abaixo:

O artista apresentado é Paul Garfunkel, nasceu em Fontainebleau, na França, em 9 de maio de 1900 e faleceu em Curitiba PR 1981. Pintor e desenhista, forma-se em Engenharia pela Escola Politécnica de Paris. Em 1927, vem a São Paulo para dirigir a filial de uma indústria francesa. Como conseqüência da evolução de 30, interrompe suas atividades na cidade. Em 1932, muda-se para Santos e lá se dedica a pintar aquarelas e a desenhar. Com o intuito de fixar-se no país definitivamente, muda-se para Curitiba, em 1936, para montar uma fábrica de embalagens. Em paralelo a seus empreendimentos empresariais, quase sempre sem grande sucesso, dedica-se ao exercício das artes. Incentivado por Guido Viaro, intensifica seu trabalho e integra o Clube de Gravura do Paraná ao lado de Alcy Xavier e Nilo Previdi. Em 1956, recebe o título de cidadão honorário do Paraná. Em 1985, são destruídas 30 de suas aquarelas por um comerciante de obras de arte que fazia protesto contra o descaso das autoridades culturais.

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/Enc_Artistas/artistas_imp.cfm?cd_verbete=2984&imp=N&cd_idioma=28555 acessado em 30/06/2010

O estilo das duas obras analisadas é o impressionismo, que surgiu na

França principalmente na pintura por volta do ano de 1870. O Impressionismo

se caracterizou pela proposta de retratar ao ar livre a natureza, tal como ela se

mostra aos olhos do pintor. Com forte influencia da fotografia, buscavam captar

o efeito da luz como uma soma de cores fundidas na atmosfera.

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Para próxima aula:

Vamos conhecer outros artistas impressionistas,

sua época e estilo?

Escolha um dos artistas citados e procure saber

um pouco mais: Monet, Renoir, Manet, Pissarro e

Degas.

Características do impressionismo são conceitos que podem orientar a

pesquisa interdisciplinar:

As sombras devem ser

luminosas.

A pintura deve registrar as

tonalidades que os objetos

adquirem ao refletir a luz

solar num determinado

momento, com suas variações

de tonalidades.

Os contornos não se

apresentam com nitidez, mas

sim como que diluídos em

manchas, com a atmosfera.

Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos

de acordo com a lei das cores complementares.

Assim, um amarelo próximo a um violeta produz

uma impressão de luz e de sombra muito mais real

do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores

barrocos.

Os artistas trabalham com as

cores moduladas.

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Observaremos mais um elemento formal que é a textura. Para conseguir

efeitos de texturas, e caracterizar os materiais como, madeira, casca de árvore,

vidro, tecidos, água e muitos outros, o artista utiliza-se de linhas e cores.

Mas, o que é textura?

―Textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto

para as qualidades de outro sentido, o tato‖ (DONDIS, 2007 p. 70).

Assim é possível reconhecer as texturas tanto com a visão quanto com o

tato. É possível ainda que uma textura se apresente apenas enquanto certa

qualidade ótica. Dessa forma, muitas vezes o artista consegue o efeito da

textura sem que necessitemos tocá-la para senti-la. O efeito é conseguido

pelos elementos de composição sem que a imitação seja real, tanto tátil quanto

visível. Por exemplo, ao pintar a pele de uma onça. Ao ver, possivelmente isso

nos dará a sensação de ser real, no entanto, ao tocar, percebemos que é tinta

sobre a tela, e não a textura da pele.

Vejamos alguns exemplos abaixo de texturas naturais e produzidas:

Em todas essas imagens analisadas podemos perceber as texturas.

Percebemos os recursos empregados pelo artista para produzir o efeito dos

tecidos, da pele do cavalo, da pele humana, do chão. As texturas se limitam a

recursos de claro escuro, não havendo tanta fidelidade com a realidade.

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40

Podemos dizer o mesmo na segunda unidade quanto às texturas

apresentadas, no quadro do pintor Botticelli, aparece maiores detalhes dos

tecidos e nas texturas produzidas das estampas dos mesmos.

Caro aluno e colega professor,

A partir desse material didático procuramos oferecer recursos para um

estudo e análise crítica da obra de arte porque acreditamos que não é possível

ensinar e aprender a arte sem a arte. O objeto artístico precisa ser o nosso

objeto de estudos na compreensão do universo simbólico e cultural do tempo

em que foi criado; na compreensão das soluções plásticas na construção de

idéias e no conhecimento do autor em seu tempo.

Sem a pretensão de esgotar o tema, destacamos alguns elementos

formais para análise. É necessário esclarecer que existem ainda muitos outros

elementos de composição, como a dimensão, espaço, movimento, equilíbrio,

simetria. Alguns foram identificados no percurso das cinco etapas de estudos:

descrever, analisar, interpretar, fundamentar e sintetizar do professor Robert

Ott.

Entendemos que a arte é a expressão de formas simbólicas presentes

na cultura. Dessa forma, ao compreendermos as formas de representação

presentes na obra de arte, podemos também nos apropriar da cultura e da

história de um povo ou nação.

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COLI. O que é arte. 15ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.

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dade-Media-Iluminura-Anunciacao-sec-XII-ou-XIII/&usg=dglw6-

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