DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · - Levantar os conhecimentos prévios dos alunos, determinando...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO-SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO-SUED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
DIRLEI PROVIN ZYS
UNIDADE DIDÁTICA
O CARTEIRO E O POETA: A FORMAÇÃO DO LEITOR NO ENSINO
FUNDAMENTAL
NOVA LARANJEIRAS, 2010
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE
UNICENTRO
DIRLEI PROVIN ZYS
UNIDADE DIDÁTICA
O CARTEIRO E O POETA: A FORMAÇÃO DO LEITOR NO ENSINO
FUNDAMENTAL
NOVA LARANJEIRAS, 2010
DIRLEI PROVIN ZYS
Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver
naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra.
Rubem Alves
Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas...
Antoine de Saint-Exupèry
Podem cortar todas as flores, mas não podem deter a primavera.
Pablo Neruda
SUMÁRIO
A. APRESENTAÇÃO..................................................................................................05
B. PROBLEMA/PROBLEMATIZAÇÃO...................................................................07
C. OBJETIVO GERAL................................................................................................07
D. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................. 07
E. CONTEÚDOS.........................................................................................................08
F. ESTRATÉGIAS/ATIVIDADES ............................................................................09
F1. Primeira Etapa: Determinação dos Horizontes de Expectativas....................... 10
- Slides: a leitura literária na formação do leitor.............................................. 11
- Questionário: conhecimentos prévios e investigação a novas leituras...........11
F2. Segunda Etapa: Atendimento dos Horizontes de Expectativas......................... 15
- Língua e linguagem: literária e não-literária ................................................. 16
- Carta familiar..................................................................................................16
- Carta literária..................................................................................................17
- Gravação e poesia ..........................................................................................18
- Vídeo: integração entre imagem/som/texto....................................................20
- Analise da linguagem das cartas e poesias.....................................................20
F3. Terceira Etapa: Ruptura dos Horizontes de Expectativas................................. 22
- Leitura do romance “O Carteiro e o Poeta”................................................... 23
- Elementos da narrativa: análise do romance.................................................. 23
F4: Quarta Etapa: Questionamento dos Horizontes de Expectativas...................... 25
- Filme “O Carteiro e o Poeta”......................................................................... 26
- Elementos constitutivos do romance..............................................................26
- Análise literária: comparação e metáfora ......................................................28
F5: Quinta Etapa: Ampliação dos Horizontes de Expectativas............................... 33
- Correio Literário.............................................................................................34
- Recepção de cartas de um remetente fictício..................................................34
- Escrita de cartas em resposta ao remetente fictício .......................................35
G. AVALIAÇÃO......................................................................................................... 36
H. REFERÊNCIAS...................................................................................................... 37
A. APRESENTAÇÃO
A proposta apresentada nesta Unidade Didática é o trabalho com a leitura literária a
ser desenvolvida na 8ª série do Ensino Fundamental, de forma sistematizada e
fundamentada no Método Recepcional de Aguiar & Bordini, baseado na Teoria da Estética
da Recepção de Hans Robert Jauss, a qual propõe que na literatura se considere o valor
estético da obra ao momento histórico de sua produção.
Com este propósito e considerando a necessidade de formação do leitor do Ensino
Fundamental é que se decidiu trabalhar a leitura literária como forma de promover o
diálogo entre as idéias do autor e o imaginário do leitor num enfoque sociointeracionista de
linguagem e na perspectiva metodológica da estética da recepção.
O Método Recepcional, adaptado por Aguiar & Bordini (1993, p. 85-6), segue as
etapas da determinação, atendimento, ruptura, questionamento e ampliação dos horizontes
de expectativas dos alunos. Segundo as autoras, “o sucesso do método recepcional no
ensino da literatura é assegurado na medida em que forem alcançados os objetivos em
relação ao aluno”. Nesse sentido, e mediante os resultados de interação entre
autor/texto/leitor, analisar-se-á os avanços e apropriações dos alunos a cada etapa, de
acordo com sua maturidade, considerando as leituras realizadas, a receptividade a novos
textos, os questionamentos realizados, bem como a transformação dos alunos, visando um
aprendizado efetivo.
Segundo Aguiar & Bordini (1993, p. 87):
Quanto mais leituras o indivíduo acumula, maior a propensão para a
modificação de seus horizontes, porque a excessiva confirmação de suas
expectativas produz monotonia, que a obra “difícil” pode quebrar (p. 85). E que
o texto pode confirmar ou perturbar esse horizonte de expectativas, ampliando-
os.
As obras literárias desafiam a compreensão dos alunos, por se tratarem de assuntos
polêmicos e diferentes de seu cotidiano. Toda leitura tem algo a acrescentar, além daquilo
que o aluno já conhece, faz com que force o seu raciocínio a pensar com maior criticidade.
É no momento em que o aluno se perturba com as ideias do texto que acontece a ampliação
de seus horizontes. Para surpreender ainda mais o universo de conhecimentos dos alunos,
os textos devem conter assuntos, ideias, ensinamentos que despertem a curiosidade dos
mesmos e os levem à busca de novas leituras.
5
Jauss (apud ZILBERMAN, 1989, p. 37) afirma que “a literatura é geradora de
significados, expectativas, recordações e antecipações literárias” e que “a literatura é
formadora: pré-forma a compreensão de mundo do leitor, repercutindo em seu
comportamento social”. Dessa forma, só há mudança de comportamento quando os
significados são concretizados nas relações dialógicas entre leitor e texto.
No contato com as leituras, a linguagem utilizada deverá ser considerada o
principal instrumento de interação social e através dela é possível conhecer-se e conhecer
ao outro. É na participação e no diálogo entre as ideias do autor e o imaginário do leitor
que se acrescenta algo novo e se amplia os conhecimentos.
Com esse objetivo é que se propõe trabalhar a leitura do romance biográfico “O
Carteiro e o Poeta” com destaque à linguagem literária, através de slides; questionário;
vídeo; leituras; análise dos elementos narrativos: narrador, personagens, tempo, espaço,
enredo; filme - visando provocar nos alunos novas inquietações e desafios em relação ao
tema e análise dos elementos constitutivos do romance como: biografia do autor, contexto
histórico da obra, intenções do autor, título e tema, linguagem utilizada; e produção de
cartas e poesias como experiência pragmática e literária.
Vale ressaltar a importância dos recursos tecnológicos disponíveis em sala de aula,
TV multimídia, slides em pendrive, vídeo e filme, pois essas tecnologias são ferramentas
que auxiliam nas atividades em sala de aula e propiciam um maior aprofundamento ao
tema. Após debates, inferências, compreensão e interpretação textual, os alunos se
corresponderão com um personagem fictício, produzindo cartas e poesias literárias,
retratando através de uma linguagem íntima e particular suas realidades, anseios e
concepções, vindo a constituir um significado maior em suas vidas.
Ao trabalhar dessa forma, permite-se não só o exercício individual e coletivo das
leituras, mas também, maior compreensão de suas realidades, constituindo-se um
aprendizado contínuo, o que permite uma análise mais profunda da voz do autor, da voz
dos personagens que falam, das discussões de idéias e suas posições diante ao mundo e
através da dialogia proposta por Mikhail Bakhtin (DCE, 2009) levar o aluno a posicionar-
se diante dela e compreender que uma obra literária consagrada mantém sua atualidade em
relação ao passado, presente e futuro.
A leitura faz-se necessária em todos os momentos da vida. Os professores, como
mediadores nesse processo, são responsáveis pelo aprendizado e desenvolvimento
intelectual dos alunos, na formação de cidadãos livres, críticos, capazes de entenderem as
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leituras de mundo e de transformarem-se. Ao ler e confrontar essas leituras literárias com
os fatos do mundo de hoje, o aluno aprende a ser leitor e, sendo leitor, será capaz de
compreender o funcionamento da língua, bem como utilizá-la em benefício próprio e dos
outros. É através de uma leitura adequada que se dá o entendimento dos fatos e de mundo e
se constrói e amplia os conhecimentos.
B) PROBLEMA / PROBLEMATIZAÇÃO
Baseados no fato de que sem leitura e compreensão não há aprendizagem eficaz é
que se elaborou esta Unidade Didática. O propósito da mesma será abordar uma prática
pedagógica que leve os alunos a se interessarem pelo ato de ler, aproximando-os das
leituras literárias de forma atraente, visando despertar a curiosidade para novas leituras e
ainda atender às necessidades dos adolescentes que se encontram em um período
conflitante.
C. OBJETIVO GERAL
Reconhecer na leitura do romance “O Carteiro e o Poeta” a força expressiva da
linguagem literária, seus sentidos e significados, com destaque às cartas e poesias como
experiência pragmática e literária, visando reflexão, produção e criticidade, permitindo
desenvolver nos alunos o interesse pela leitura literária e ampliar seus horizontes de
expectativas.
D. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Levantar os conhecimentos prévios dos alunos, determinando seus interesses
específicos em leitura através de slides, num diálogo, considerando: a importância da
leitura na formação do leitor, a mediação do professor, a interação entre os sujeitos -
autor/texto/leitor, os sentidos e significados atribuídos pela linguagem no romance, cartas e
poesias e os recursos tecnológicos, visando o despertar pelas leituras.
- Responder a um questionário, considerando as leituras realizadas pelos alunos e
determinando aquelas cujos temas gostariam que viessem a ser abordadas nas próximas
unidades, prevendo a continuidade do atendimento, ruptura e transformação desses
leitores.
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- Atender às expectativas dos alunos com leitura de cartas e poesias simples e
literárias com análise de suas linguagens, reconhecendo sua importância como gesto de
comunicação entre as pessoas e forma de encantamento.
- Assistir a um vídeo, analisando a importância do trabalho com a leitura literária
através dos recursos tecnológicos, integrando imagem, som e texto.
- Ler e interpretar o romance biográfico “O Carteiro e o Poeta”, visando romper as
estruturas de leitura do aluno, exigindo esforço, interação e entendimento ante o novo e à
linguagem literária.
- Fazer análise dos elementos da narrativa para melhor entendimento da obra e dos
fatos narrados.
- Assistir e interpretar ao filme “O Carteiro e o Poeta”, como aprofundamento ao
tema, levando os alunos a questionar os sentidos e significados atribuídos pela obra,
reconhecendo a força expressiva das palavras através das metáforas utilizadas num caráter
polissêmico da linguagem.
- Analisar os elementos constitutivos do romance, levando os alunos a compreender
os motivos pelo qual a obra foi escrita, considerando a vida do autor, personagens,
contexto histórico, intenções, tema e título.
- Corresponder-se com um personagem fictício através de cartas e poesias literárias,
reconhecendo a função social das mesmas no ato da comunicação, possibilitando aos
alunos refletir sobre o sentido das palavras e das metáforas e viver a história lida, criando e
recriando suas realidades significativas como resultado da ampliação dos horizontes de
expectativas.
- Realizar exposição das cartas e poesias, no mural da escola como forma de
compartilhar com a comunidade escolar os conhecimentos apreendidos durante as leituras
e produções realizadas.
- Construir uma coletânea de textos com as produções dos alunos como resultado
das impressões provocadas pelas leituras.
- Fazer as considerações finais sobre o tema abordado, mostrando os respectivos
resultados, no que se refere aos sentidos e significados construídos pelos alunos mediante
as leituras e produções realizadas.
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E. CONTEÚDOS
- A leitura literária na formação do leitor (o estético, o belo, o emocional nas
experiências em leitura).
- Os sentidos e significados atribuídos pela linguagem literária.
- Os recursos tecnológicos: TV multimídia, pendrive, vídeo.
- Romance, cartas, poesias e a linguagem virtual (e-mail, chat, msn, torpedo).
- Cartas e poesias: língua e linguagem - literária e não-literária.
- Vídeo: integração entre imagem, som e texto.
- Leitura do romance “O Carteiro e o Poeta” e os elementos da narrativa.
- Filme “O Carteiro e o Poeta” e os elementos constitutivos do romance.
- Comparação e metáfora
- Cartas e poesias
F. ESTRATÉGIAS / ATIVIDADES
- Slides – leitura, análise e discussão sobre o tema abordado “A leitura literária na
formação do leitor”.
- Questionário – investigação dos conhecimentos prévios dos alunos e determinação
das próximas leituras.
- Leitura de cartas e poesias e análise de suas linguagens: literária e não-literária.
- Análise de um vídeo: integração entre imagem, som e texto.
- Leitura do romance “O Carteiro e o Poeta”, rompendo as estruturas de leitura dos
alunos.
- Elementos da narrativa como aprofundamento à obra.
- Filme “O Carteiro e o Poeta”.
- Elementos constitutivos do romance – momento histórico da obra.
- Análise literária – comparação e metáfora
- Produção de cartas e poesias como experiência pragmática e literária.
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1ª ETAPA: DETERMINAÇÃO
SLIDES E QUESTIONÁRIO: levantamento dos conhecimentos prévios
Nesta primeira etapa das atividades serão analisados os conhecimentos da turma,
considerando os valores, vivências e interesses específicos em leitura, determinando os
horizontes de expectativas.
O primeiro passo será assistir a um slide intitulado “A Leitura Literária na
Formação do Leitor” o qual relata sobre a importância da leitura na formação do leitor, a
fim de despertar o interesse dos alunos em relação às leituras e ao tema abordado,
considerando a leitura e a mediação do professor; a leitura literária – interação entre
sujeitos – construção de sentidos e significados; a leitura literária e os recursos
tecnológicos e o romance biográfico “O Carteiro e o Poeta” - cartas e poesias.
Durante a apresentação dos slides terá destaque o papel do romance biográfico,
bem como a utilização de cartas e poesias como experiência pragmática e literária, como
gesto comunicativo entre as pessoas. Abordar-se-á, também, sobre a importância dos
avanços tecnológicos que trouxeram através dos e-mails, chat, msn e torpedos, uma forma
diferente, útil e ágil, em se tratando de correspondências. Mesmo com toda a tecnologia
disponível no mercado, as correspondências/cartas ainda persistem por serem importantes
na vida das pessoas.
Após conversas e interações sobre os assuntos abordados, será solicitado aos
alunos que tragam, para a sala de aula, cartas e poesias antigas de seus familiares para
leitura e análise da linguagem das mesmas.
Na sequência, será aplicado aos alunos um questionário objetivo com os assuntos
tratados no slide, considerando as obras lidas pelos alunos nas séries anteriores e
determinando aquelas cujos temas os mesmos gostariam que viessem a ser abordados nas
próximas atividades, respeitando a maturidade, preferências e necessidades da turma,
prevendo através do questionário o atendimento, ruptura e transformação desses
alunos/leitores.
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SLIDES
As leituras são produzidas num processo sem fim e através delas os leitores se
tornam assíduos e críticos, capazes de se transformarem e transformarem o mundo onde
vivem.
Neste momento, assistir-se-á a apresentação do slide intitulado “A Leitura Literária
na Formação do Leitor”. Será um diálogo com os alunos, abordando a questão da
importância da leitura para a formação do leitor não só na escola, mas em todos os
momentos da vida. Terá destaque, o romance, as cartas, as poesias, e-mail, msn, chat e
torpedos e suas respectivas linguagens.
Vale salientar a importância dos recursos tecnológicos disponíveis em sala de aula
como a TV Multimídia na apresentação dos slides e vídeo que nos levam entender a
mensagem de forma criativa, abrindo novas perspectivas de interpretação, de olhar,
perceber e sentir o tema com mais profundidade.
Imagens próprias: Dirlei Provin Zys
QUESTIONÁRIO
Com o intuito de determinar os horizontes de expectativas os alunos responderão a
um questionário sobre seus conhecimentos em relação às leituras, à literatura, aos gêneros
textuais e aos novos temas a serem abordados em uma nova Unidade Didática na sequência
dos trabalhos com o “Carteiro e o Poeta”.
COLÉGIO ESTADUAL RUI BARBOSA – EFMP – NOVA LARANJEIRAS – PR
ALUNO: ________________________________ Nº: ____ SÉRIE: ___ TURMA: ___
PROFESSORA: ________________________________________________________
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A LEITURA E A FORMAÇÃO DO LEITOR
1) Você considera as atividades de leitura importantes para a sua formação como lei-
tor(a)? ( ) sim ( ) não
2) Quando pratica a leitura, o leitor interage:
( ) sozinho ( ) somente com a obra ( ) com a obra e o autor
3) Como você considera o trabalho do professor como mediador na sala de aula du-
rante as leituras?
( ) nada importante ( ) pouco importante ( ) muito importante
4) Como ser social, necessitamos interagir com as leituras e com os outros de forma a:
( ) dificultar o aprendizado
( ) reconhecer os horizontes de leituras
( ) buscar conhecimentos
( ) compreender os fatos e entender o mundo
( ) ampliar conhecimentos
5) A cada nova leitura, você:
( ) não se interessa, pois é sempre uma leitura difícil
( ) se permite vivenciar como sujeito ativo na história
( ) se compara, faz inferências e discute com seus colegas os assuntos abordados
( ) procura encontrar na leitura os sentidos e significados do texto
( ) as intenções do autor do texto não são importantes para serem consideradas
( ) se motiva e se prepara para ser leitor da realidade e do mundo que o cerca
6) A leitura literária:
( ) é superficial e não trazem assuntos interessantes
( ) é uma troca de ideias entre autor e leitor através da obra
( ) forma a compreensão do leitor
( ) é sem sentido e não possui um significado maior
( ) é geradora de sentidos e significados
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7) A literatura só existe, porque existe o leitor: ( ) concordo ( ) discordo
8) A literatura é importante por que:
( ) traz textos fáceis e conhecidos
( ) traz assuntos polêmicos e diferentes do cotidiano
( ) desafia a compreensão do leitor
( ) leva o leitor a pensar o tema com maior profundidade
9) A linguagem literária é:
( ) comum ( ) especial
( ) conotativa ( ) denotativa
( ) estática ( ) muda com o passar do tempo
( ) transforma e emancipa o leitor ( ) não permite mudanças no leitor
10) A literatura desperta o interesse no aluno:
( ) somente através da leitura nos livros
( ) quando integrada à imagem, som e texto
( ) ambas as respostas estão corretas.
11) Os recursos tecnológicos aliados à literatura em sala de aula auxiliam:
( ) nas abordagens e compreensão dos temas
( ) na confusão das idéias
( ) alimentam os pontos de vista do leitor
( ) permitem novas interpretações
( ) despertam novo olhar, novo modo de perceber e sentir a vida
( ) despertam novo olhar, novo modo de perceber e sentir a vida
12) Você faz uso dos recursos tecnológicos como computador e internet:
( ) em casa ( ) na escola ( ) outros: ___________________
13) Assinale os gêneros dos quais tem realizado leituras:
( ) lendas ( ) contos ( ) crônicas ( ) romances ( ) charges
( ) histórias em quadrinhos ( ) cartas ( ) poesias ( ) bilhetes
13
14) Qual dessas leituras você considera mais complexa:
( ) lendas ( ) contos ( ) crônicas ( ) romances ( ) charges
( ) histórias em quadrinhos ( ) cartas ( ) poesias ( ) bilhetes
15) Assinale dois gêneros textuais que você gostaria que fossem abordados nas próxi-
mas unidades:
( ) lendas ( ) contos ( ) crônicas ( ) romances ( ) charges
( ) histórias em quadrinhos ( ) cartas ( ) poesias ( ) bilhetes
16) Assinale dois temas que você gostaria que fossem abordados nos gêneros citados
acima:
( ) amor ( ) amizade ( ) sexualidade ( ) solidão ( ) preconceito ( ) religião
( ) cultura ( ) esporte ( ) lazer ( ) folclore ( ) outro: ________________
17) Você já leu o romance “O Carteiro e o Poeta”?
( ) sim ( ) não
18) Você já escreveu cartas e poesias simples?
( ) sim ( ) não
19) Você sabe distinguir as diferenças entre linguagem simples e linguagem literária?
( ) sim ( ) não
20) Se você aprendesse a escrever cartas e poesias literárias, a quem você escreveria?
Justifique.
( ) a um amigo(a) ( ) a um parente ( ) a uma pessoa amada ( ) alguém especial:
________________________________________________________________
21) Você se considera um(a) leitor(a) assíduo(a)? Por quê?
( ) sim ( ) não
___________________________________________________________________
14
2ª ETAPA: ATENDIMENTO
CARTAS E VÍDEO: língua e linguagem: literária e não-literária.
Nessa segunda etapa de atividades, embasados nas discussões e comentários
sobre os slides e o questionário e visando atender os seus horizontes de expectativas,
serão lidas as cartas familiares trazidas pelos alunos.
Para isso necessita-se compreender a diferença entre língua e linguagem. Após a
leitura das correspondências familiares e análise dos elementos que as constituem, bem
como a mensagem e a forma de linguagem utilizada nos textos – literária e não-literária,
será apresentada à classe, em forma de texto, uma carta, uma gravação e uma poesia,
cujo tema retrata a amizade entre o Carteiro e o Poeta, proporcionando reconhecer na
linguagem literária uma linguagem especial, conotativa e polissêmica, ou seja, que
atribuem vários sentidos ao mesmo texto.
Ao relacionar as cartas e poesias comuns com as cartas e poesias literárias levar
os alunos a perceber que ambas têm como objetivo a comunicação e interação entre seus
interlocutores. A diferença entre ambas está na forma do dizer. A carta e a poesia
possuem estéticas diferentes, porém ambas as linguagens sensibilizam e propõe valores:
amizade, saudade, respeito, amor, gratidão, consciência crítica, consciência política.
Na sequência será assistido a um vídeo intitulado “O Menino e o Livro” que traz
como tema “O cativar de uma amizade”, reconhecendo a necessidade de sermos
cativados e de cativarmos as pessoas e leituras, a exemplo do carteiro e do poeta. O
objetivo será mostrar aos alunos que a integração entre imagem, som e texto também
cativam, esclarece e permite possibilidades de aprofundamento sem perder a qualidade
ao tema.
Para Moran (2009) a linguagem da TV e do vídeo são dinâmicas e respondem à
sensibilidade das crianças e dos jovens, devido à fala destes ser mais sensorial-visual
que racional-abstrata e que eles leem o que podem visualizar, precisam ver para
compreender.
Sendo assim, que os alunos possam reconhecer: as cartas, as poesias e os vídeos
sensibilizam e ensinam ler o mundo!
15
LÍNGUA E LINGUAGEM: LITERÁRIA E NÃO-LITERÁRIA
Momento de reflexão sobre as diferenças entre língua e linguagem.
Língua: fala; idioma utilizado por um povo. Segundo Bakhtin (1992) língua é um
fato social e sua existência nasce da necessidade de comunicação, estando em contínua
mudança.
Linguagem: É a manifestação do pensamento por meio de expressão e de
comunicação entre as pessoas e povos; forma de expressão própria de um grupo, de uma
classe (EDELBRA, 1996). Segundo Bakhtin (1992) a linguagem é dialógica e nasce da
necessidade de interação entre seus interlocutores. É a prática da linguagem como discurso
e produção social que se dá vida à língua.
Linguagem literária: a linguagem literária é carregada de sentidos, sua
significação é mais profunda, particular e subjetiva. Geralmente, é empregada de forma
conotativa, sugestiva, comparativa e artística através do uso de metáforas, visando uma
finalidade.
Linguagem não-literária: a linguagem não-literária é empregada no seu sentido
simples, comum, de forma denotativa, ou seja, quando empregamos as palavras em seu
sentido original.
CARTA FAMILIAR
Nesta atividade, serão lidas as cartas familiares trazidas de casa. Após as leituras e
apreciação das mesmas, far-se-á análise dos elementos que as constituem: remetente,
destinatário, local, data de sua escritura, saudação, mensagem/texto, despedida, assinatura,
bem como a forma de linguagem utilizada no texto – literária e não-literária.
Imagem Própria: Dirlei Provin Zys
16
CARTA LITERÁRIA
Apreciadas as correspondências familiares, vamos analisar a Carta literária escrita
pelo poeta Pablo Neruda ao carteiro Mário Jimenez (“O Carteiro e o Poeta”, p. 80 e 81):
Paris, 15 de outubro de 1953.
Querido Mário Jimenez de pés alados!
[...] Não escrevi antes como havia prometido, porque não queria enviar só um
cartão-postal com as dançarinas de Degas. Sei que esta é a primeira carta que você recebe
em sua vida, Mário, e pelo menos teria que ir dentro de um envelope, senão, não vale. Me
dá vontade de rir quando penso que esta carta você mesmo teve que entregar. Você logo
vai contar tudo sobre a Ilha e vai me dizer o que faz agora que a correspondência vem para
mim em Paris. Espero que não tenham despedido você do correio pela ausência do poeta.
Ou por acaso o presidente Allende ofereceu a você algum ministério?
[...] Moro com Matilde num quarto tão grande que daria para alojar um guerreiro
com seu cavalo. Mas me sinto muito longe dos meus dias de asas azuis em minha casa da
Ilha Negra.
Com saudades, um abraço do vizinho e casamenteiro,
Pablo Neruda.
P.S.1 [...] Eu queria mandar a você alguma coisa mais, fora das palavras. E assim enviei
minha voz nesta gaiola que canta. Uma gaiola que é um passarinho. É um presente que
faço. Mas também queria pedir uma coisa [...] Quero que você vá com este gravador
passeando pela Ilha Negra e grave todos os sons e ruídos que vá encontrando. [...] Entre no
jardim e faça soar os sinos. Primeiro grave esse repicar suave dos sininhos pequenos
quando o vento bate neles, e depois puxe o cordão do sino maior, cinco, seis vezes. Sinos,
meus sinos! [...] E depois vá até as rochas e grave a arrebentação das ondas. E se ouvir
gaivotas, grave. E, se ouvir o silêncio das estrelas siderais, grave.
1 Post Scriptum: acréscimo de uma observação, no final, que não disse na carta (p. 82).
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GRAVAÇÃO E POESIA
Obediente e com saudades do grande amigo Pablo Neruda, o carteiro atende a
solicitação do poeta, gravando ações, sons e ruídos com um gravador Sony – tecnologia da
época. Com linguagem literária, a gravação e a poesia do carteiro retratam a verdadeira
amizade entre ambos. (Momento de leitura e apreciação da linguagem).
Duas semanas mais tarde, Pablo Neruda ouviu esta gravação em seu gabinete em Paris.
Ilha Negra, 29 de outubro de 1953.
Querido dom Pablo, muito obrigado pelo presente e pela carta, apesar de que nos bastasse
a carta para nos deixar felizes. Mas o Sony é muito bom e interessante e eu trato de fazer
poemas dizendo diretamente para o espelho e sem escrevê-los. Até o momento, nada que
valha a pena. Demorei a atender a sua encomenda, porque na Ilha Negra, nesta época, não
acontece nada. Agora se instalou aqui uma colônia de férias para os trabalhadores e eu
trabalho na cozinha da estalagem. Uma vez por semana vou de bicicleta até San Antônio e
recolho um par de cartas que chegam para os veranistas. Nós estamos todos bem e
contentes e há uma grande novidade que logo vai perceber. Aposto que já está curioso.
Continue ouvindo sem adiantar a fita. Como não vejo a hora que se inteire da boa notícia,
não vou tomar muito de seu precioso tempo. A única coisa que eu queria falar-lhe, que
coisas têm a vida. O senhor se queixando de que a neve chega até suas orelhas, e olhe só
que eu nunca vi sequer um floco. A não ser no cinema, é claro. Gostaria de estar com o
senhor em Paris nadando na neve. Me empoeirando com ela como um rato no moinho. [...]
De todos os modos, como sinal de agradecimento por sua linda carta e seu presente,
dedico-lhe este poema que escrevi para o senhor, inspirado em suas odes, e que se chama –
não me ocorreu um título mais curto – “Ode à neve sobre Neruda em Paris”.
Suave companheira de passos discretos,
Abundante leite dos céus,
Avental imaculado de minha escola,
Lençol de silenciosos viajantes,
18
Que vão de pensão em pensão,
Com um retrato enrugado nos bolsos.
Ligeira e plural donzela, asa de milhares de pombas,
Lenço que se despede
De não sei que coisa.
Por favor, minha pálida bela,
Cai amável sobre Neruda em Paris,
Veste-o de gala com teu alvor,
Traje de almirante,
Traze-o em tua leve fragata
A este porto onde sentimos tanto sua falta.
(pausa) Bom, até aqui o poema e agora os sons pedidos.
Um, o vento no campanário da Ilha Negra (segue um minuto de vento no campanário...)
Dois, eu tocando o sino grande do campanário da Ilha Negra (seguem sete batidas do sino)
Três, as ondas nos rochedos da Ilha Negra (... fortes golpes do mar sobre os arrecifes...)
Quatro, canto das gaivotas (... gaivotas acampadas..., grasnidos..., bater de asas...)
Cinco, a colméia de abelhas (quase três minutos de zumbidos...)
Seis, recuo do mar (...o microfone segue de muito perto a marulhada em seu arrastar
efervescente sobre a areia, até que as ondas se fundem com uma nova onda...)
E sete, Dom Pablo Neftalí Jiménez González. (seguem uns dez minutos de estridente choro
de recém-nascido)
Mário.
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Imagem Própria: Dirlei Provin Zys
VÍDEO
Os recursos tecnológicos sensibilizam e podem ser utilizados como estratégias de
ensino. O texto impresso e os recursos tecnológicos - TV e vídeo - possuem linguagens
dinâmicas e respondem à sensibilidade das pessoas e com eles ensinamos, aprendemos e
nos constituímos leitores e escritores assíduos.
O vídeo que será assistido ressalta a necessidade de sermos cativados e de
cativarmos as pessoas e leituras.
– Título: “O Menino e o Livro”
_ Tema: “O cativar de uma amizade”
Imagem: Leandro de Souza Pereira (Direitos Autorais cedidos à Professora)
- Assistir e comentar a mensagem do vídeo.
- Conversar sobre a importância de cativar para construir uma amizade verdadeira.
- Debater sobre os benefícios do trabalho com vídeo, integrando texto, som e imagem.
ANÁLISE DAS CARTAS E POESIAS
1) As cartas comunicam e as pessoas interagem através delas. Você já recebeu ou escreveu
uma carta, interagindo com alguém? Como foi essa experiência?
_________________________________________________________________________
2) Analise o tipo de linguagem utilizada nas cartas e poesia lidas: literária ou não-literária.
Justifique.
_________________________________________________________________________
3) As cartas familiares, trazidas por você, podem ser consideradas literárias? Qual carta
você citaria como literária e destaque dela um trecho, justificando sua escolha.
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_________________________________________________________________________
4) Você acha que a linguagem das cartas e poesias sensibiliza as pessoas? Justifique.
_________________________________________________________________________
5) Quais os elementos que constituem uma carta?
_________________________________________________________________________
6) Leia os textos abaixo:
Paris, 15 de outubro de 1953.
Querido Mário Jimenez de pés alados!
[...] Não escrevi antes como havia
prometido [...]. Sei que esta é a primeira
carta que você recebe em sua vida, Mário, e
pelo menos teria que ir dentro de um
envelope, senão, não vale. Me dá vontade
de rir quando penso que esta carta você
mesmo teve que entregar. Você logo vai
contar tudo sobre a Ilha e vai me dizer o
que faz agora que a correspondência vem
para mim em Paris [...].
Com saudades, um abraço do
vizinho e casamenteiro.
Pablo Neruda.
Ode à Neve
[...]
Ligeira e plural donzela,
Asa de milhares de pombas,
Lenço que se despede
De não sei que coisa.
Por favor, minha pálida bela,
Cai amável sobre Neruda em Paris,
Veste-o de gala com teu alvor,
Traje de almirante,
E traze-o em tua leve fragata
A este porto onde sentimos tanto sua falta.
Mário.
6) Explique qual a diferença na estética, ou seja, na estrutura da carta e poesia acima._________________________________________________________________________
7) Além dos textos, a linguagem visual também sensibiliza. Qual a mensagem que o vídeo
“Leitura: o cativar de uma amizade” trouxe para você?
_________________________________________________________________________
8) Cativar é importante para constituir uma amizade verdadeira? Comente sobre isso.
_________________________________________________________________________
9) Para você, qual a importância de assistir a um vídeo, contendo texto, imagem e som de
forma integrada? Essa forma de trabalho traz benefícios aos alunos? Comente.
_________________________________________________________________________
21
3ª ETAPA: RUPTURA
LEITURA DO ROMANCE: Interpretação da obra e análise dos elementos narrativos
A terceira etapa, a da ruptura, é o momento de abalar as estruturas de leitura dos
alunos, exigindo maiores esforços de interação com a obra, respondendo aos desafios
ante o novo, permitindo que a obra atue sobre suas experiências de vida. Assim afirmam
Aguiar & Bordini (1993, p. 85) “o professor deve oferecer ao aluno diferentes leituras
que por se oporem às experiências anteriores, problematizam o aluno, incitando-o a
refletir e instaurando a mudança através de um processo contínuo”.
A leitura a ser feita será a do romance biográfico “O Carteiro e o Poeta” que
possui linguagem comum/simples e especial/literária. O romance aborda a história de
um carteiro, Mário Ruopolo, que no despertar de uma paixão seduz/encanta sua amada
Beatriz, ao inspirar-se nas poesias do poeta Neruda. Torna-se politizado, superando seus
medos, inseguranças e limitações.
A leitura será realizada de forma oral e compartilhada, permitindo aos alunos
após cada capítulo fazer comentários para melhor acompanharem e entenderem a
história. A leitura proporciona ao leitor compreender os sentidos do texto, aquilo que o
texto não disse e permite que o aluno participe da história com suas vivências e
experiências de mundo, preenchendo os vazios do texto. As leituras orais, realizadas de
forma individual e coletiva, também auxiliam na compreensão e interpretação.
Após a leitura, far-se-á análise oral e escrita dos elementos da narrativa como
aprofundamento da obra. Segundo as DCEs (2009, p. 71) “O ato de ler convoca o leitor
ao ato de pensar como uma atitude responsiva”. Com a análise levar os alunos a
exporem seus pensamentos, a falar o que pensam, a colocarem-se no lugar dos
personagens e posicionarem-se diante dos fatos narrados.
Em Marchi (apud NEVES, 1999, p. 161) “a leitura é uma experiência
profundamente pessoal e resulta da permanente confrontação entre a narrativa do autor e
as histórias de vida do leitor”. Ao apresentar novas ideias, o texto faz com que os alunos
aprendam a ver os fatos e o mundo sob outros aspectos, com maior reflexão e
criticidade, estimulando-os a continuarem lendo e ampliando a visão de mundo.
22
LEITURA DO ROMANCE “O CARTEIRO E O POETA”
Momento de leitura do romance biográfico “O Carteiro e o Poeta” que possui
linguagem comum/simples e especial/literária. O romance aborda a história de um carteiro
que se inspira na linguagem de um poeta para encantar sua amada e que ao demonstrar um
amor tímido, porém sincero, é correspondido e se transforma em uma grande história de
amor. Nesse ínterim, o carteiro desperta um conhecimento maior sobre si e seus
sentimentos, superando suas limitações, levando-o a entender melhor o mundo que o cerca.
Imagem Própria: Dirlei Provin Zys
- Leitura oral através de um diálogo compartilhado.- Conversação sobre os fatos da história lida.- Interpretação oral e escrita sobre os elementos da narrativa.
ELEMENTOS DA NARRATIVA
2) Baseando-se no romance lido, responda:
1) Você já leu um romance em sua vida? Se já leu, qual?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2) Quais os elementos necessários para a escrita/construção de uma narrativa?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3) Qual o tipo de narrador presente no romance? Justifique a resposta com um trecho
do mesmo.
23
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4) Quais os personagens da história:
a) principais:__________________________________________________________
b) secundários: ________________________________________________________
c) terciários: __________________________________________________________
5) Onde aconteceram os fatos da narrativa?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6) E quanto ao tempo, em que época da história ocorreram os fatos narrados?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7) Sabe-se que existem dois tipos de tempo numa narrativa: cronológico e psicológico.
Identifique os tempos na/da história nos trechos abaixo e justifique seu posicionamento:
a) Neruda olhou para o relógio e suspirou. ___________________________________
b) “Fui o mais abandonado dos poetas e minha poesia foi regional, dolorosa e chuvosa.
Mas sempre tive confiança no homem”. _____________________________________
c) “Nunca perdi a esperança. Por isso cheguei aqui com minha poesia e minha bandeira”.
______________________________________________________________________
d) Mário vive um tempo de angústias. Neruda vai embora e o carteiro sente-se só.
______________________________________________________________________
8) Relate o enredo, a sequência das ações da história.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
9) Escreva sobre a parte do romance que mais lhe chamou a atenção e justifique.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
10) Baseados no enredo do romance reescrevam a história, sendo narrador personagem: o
carteiro ou o poeta.
________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
24
4ª ETAPA: QUESTIONAMENTO
FILME - Elementos constitutivos do romance e análise literária
A etapa do questionamento decorre segundo os encaminhamentos e resultado das
duas etapas anteriores atendimento e ruptura, fazendo uma análise da obra quanto à leitura
das cartas e do romance, bem como aos elementos da narrativa e demais elementos
constitutivos do mesmo, considerando sua construção e abordagens no que se refere aos
seus níveis de complexidade, profundidade, reflexão, relevância, sentidos e significados
atribuídos pelos alunos.
Nessa etapa, vamos assistir ao filme “O Carteiro e o Poeta”, visando enaltecer a
leitura realizada, provocar nos alunos inquietações, criar novos desafios e demonstrar
novos conhecimentos. Segundo MORAN (2004, p. 5) “quando os alunos têm contato com
filmes, poesias, romances, [...] estes alimentam os pontos de vista formados, abrindo novas
perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber e sentir o tema com mais
profundidade”.
A leitura a ser feita do filme ainda terá como objetivo mostrar para os alunos que,
assim como o carteiro, com vontade e interesse objetivos a que se propõem, todos têm
condições de ampliar seus horizontes de expectativas, respeitados os limites de suas
individualidades.
Em seguida, será apresentado um trecho da obra “O Carteiro e o Poeta” para
análise da linguagem utilizada pelo poeta quando recita uma poesia para o carteiro. Nesse
momento acontece o “estranhamento” – instante em que o carteiro reconhece os sentidos
da poesia e atribui significados a esses sentidos. Reconhece também a força expressiva das
palavras que, através das metáforas, comparam e sugerem, utilizando-se de expressões
num caráter polissêmico da linguagem.
Espera-se que, com o crescente grau de complexidade durante as leituras do
romance e do filme, os alunos se manifestem e percebam que quanto mais complexa a
obra, quanto mais curiosidades e conhecimentos novos ela tiver, maior seja o grau de
satisfação e admiração expressadas por eles.
25
FILME: “O CARTEIRO E O POETA”
Nessa etapa, será assistido ao filme “O Carteiro e o Poeta”. Os filmes enaltecem as
leituras realizadas, permitem inquietações, novos desafios não só através da leitura, mas
também através das imagens.
A leitura do filme mostrará aos alunos que, assim como o carteiro, com vontade e
interesse nos objetivos a que se propõem, respeitados os limites de suas individualidades,
todos tem condições de ampliar os horizontes de expectativas.
Imagens: Leandro de Souza Pereira (Direitos Autorais cedidos à Professora)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ROMANCE
1) Leitura dos elementos que fazem parte da constituição do romance. Eles ajudam a
compreender os motivos pelo qual a obra foi escrita e contextualiza a vida dos
personagens e de seu autor.
Biografia do Autor2: Antonio Skármeta, nasceu em 7 de novembro de 1940 em
Antofagasta, no Chile. Descendente de croatas estudou Filosofia, foi professor de
Literatura e diretor teatral. Produziu filmes e publicou novelas. Devido ao golpe militar no
Chile em 1982 teve que sair de seu país devido seus escritos. Residiu na Argentina por um
ano e depois na Alemanha onde escreveu a história “O Carteiro e o Poeta” em 1985. Em
1994 estreou a versão cinematográfica de “O Carteiro e o Poeta” sob direção de Michael
Radford e protagonizado por Massimo Troisi, obtendo cinco indicações ao Oscar.
2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Sk%C3%Alrmeta . Acessado em 24/04/2010.
26
Contexto histórico da obra: A obra foi escrita na Alemanha em 1985, durante o
exílio de autor, Antonio Skármeta e retrata o período em que Pablo Neruda esteve exilado
na Ilha Negra, uma ilha do Mediterrâneo, na Itália, sendo considerado comunista. Seu
exílio se deu por conta de suas atividades como político e escritor onde denunciava em sua
prática e em suas poesias a luta de classes e as injustiças sociais. Naquela época, a ditadura
militar impedia qualquer forma de manifestação falada ou escrita que fosse contraria ao
governo ou que criticasse a política da época. Na Ilha, Neruda escreve para as pessoas,
especialmente para as mulheres que o admiram através de cartas e poesias de amor. Neste
lugar, conhece o carteiro e se tornam grandes amigos.
Intenções do autor: Antonio Skármeta retrata, no prólogo de sua obra3, que foi
jornalista e trabalhava como redator cultural de um jornal. Seu trabalho constituía-se de
entrevistas e resenhas. Possuía grandes ilusões em ser escritor renomado e às vezes se
sentia fracassado, desiludido de seu talento, pois se considerava preguiçoso. Neste ínterim,
foi incumbido pelo Diretor do Jornal a realizar uma entrevista com Pablo Neruda numa
Hospedagem na pousada da Ilha Negra sobre as mulheres – motivo pelo qual Neruda
poetizava. A entrevista saiu frustrada, pois Neruda não aceitou falar das “mulheres”, pois
respeitava e amava sua mulher Matilde Urrutia. Nas tardes escrevia a crônica sobre Neruda
e durante às noites escrevia a novela. Levou quatorze anos para escrevê-la. Por pedido de
Beatriz González, Antonio Skármeta conta também a história de Mário Jiménez com
linguagem metafórica rebuscada e cheia de sentidos.
Análise do título: “O Carteiro e o Poeta”. Carteiro: homem simples, sofrido,
rústico, semianalfabeto, solitário e apaixonado. Poeta: homem esclarecido, político,
querido pelas mulheres – o próprio termo “poeta” metaforicamente sugere “amor”.
- Considerações em relação ao título “Carteiro e Poeta”: mesmo não sabendo se
expressar como o poeta, o carteiro, homem simples, possui dentro dele expectativas em
melhorar sua vida e mais tarde consegue demonstrar seus sentimentos através da poesia,
superando suas limitações, entendendo melhor o mundo que o cerca e adquirindo
consciência política demonstrada através de suas atitudes. Para isso, o carteiro inspira-se
no poeta para fazer o que ele tem de melhor e consegue surpreender todos os leitores com
3 SKÁRMETA, Antonio. O Carteiro e o Poeta. Tradução de Beatriz Sidou. 20ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. In: Prólogo.
27
sua singeleza, simplicidade e capacidade de expressar todo o seu amor por Beatriz
González, sua amada. Com isso, ele nos ensina que, na persistência aos objetivos podem-se
concretizar vitórias.
Análise do tema da obra: o amor e a amizade retratados através da linguagem
poética e literária (no romance, nas cartas e nas poesias), constituída de metáforas
rebuscadas e impregnadas de sentidos e significados e a poesia política, retratando a luta
de classes e a falta de justiça social.
ANÁLISE LITERÁRIA
1) Leitura compartilhada de um trecho do romance “O Carteiro e o Poeta”:
__ Dom Pablo?...
__ Você fica aí parado como um poste.
Mário retorceu o pescoço e procurou os olhos do poeta, indo de baixo para cima.
__ Cravado como uma lança?
__ Não, quieto como uma torre de xadrez.
__ Mais tranquilo que um gato de porcelana?
Neruda soltou o trinco do portão e acariciou o queixo.
__ Mário Jiménez, afora às Odes elementares, tenho livros muito melhores. É
indigno que você fique me submetendo a todo tipo de comparações e metáforas.
__ Como é, dom Pablo?!
__ Metáforas, homem!
__ Que são essas coisas?
O poeta colocou a mão sobre o ombro do rapaz.
__ Para esclarecer mais ou menos de maneira imprecisa, são modos de dizer uma
coisa comparando-a com outra.
__ Dê-me um exemplo...
Neruda olhou o relógio e suspirou.
__ Bem, quando você diz que o céu está chorando. O que é que você quer dizer
com isto?
__ Ora, fácil! Que está chovendo, ué!
__ Bem, isso é uma metáfora.
28
__ E por que se chama tão complicado, se é uma coisa tão fácil?
__ Porque os nomes não têm nada a ver com a simplicidade ou complexidade das
coisas. Pela sua teoria, uma coisa pequena que voa não deveria ter um nome tão grande
como mariposa. Elefante tem a mesma quantidade de letras que mariposa, é muito maior e
não voa – concluiu Neruda, exausto. Com um resto de ânimo indicou ao solícito Mário o
rumo da enseada. Mas o carteiro teve a presença de espírito de dizer:
__ Puxa, eu bem que gostaria de ser poeta!
__ Rapaz! Todos são poetas no Chile. É mais original que você continue sendo
carteiro. Pelo menos caminha bastante e não engorda. Todos os poetas aqui no Chile são
barrigudos.
Neruda retomou o trinco do portão e dispunha-se a entrar quando Mário, olhando o
voo de um pássaro invisível, disse:
__ É que se eu fosse poeta poderia dizer o que quero.
__ E o que é que você quer dizer?
__ Bom, o problema é justamente esse. Como não sou poeta, não posso dizer. [...]
Neruda apertou os dedos no cotovelo do carteiro e o foi conduzindo até o poste
onde havia estacionado a bicicleta.
__ [...] Se quer ser poeta, comece a pensar caminhando. Ou você é como John
Wayne, que não podia caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo? Agora vá para a
enseada pela praia e, enquanto você observa o movimento do mar, pode ir inventando
metáforas.
__ Dê-me um exemplo!...
__ Olhe este poema: “Aqui na Ilha, o mar, e quanto mar. Sai de si mesmo a cada
momento. Diz que sim, que não, que não. Diz que sim, em azul, em espuma, em galope.
Diz que não, que não. Não pode sossegar. Chamo-me mar, repete, batendo numa pedra,
sem convencê-la. E então, com sete línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães
verdes, de sete mares verdes, percorre-a, beija-a, umedece-a e golpeia-se o peito, repetindo
seu nome”.
Fez uma pausa, satisfeito.
__ O que você acha?
__ Estranho.
__ “Estranho”. Mas que crítico mais severo!
29
__ Não, dom Pablo. Estranho não é o poema. Estranho é como eu me sentia quando
o senhor recitava o poema.
__ Querido Mário, vamos ver se você desenrola um pouco, porque eu não posso
passar toda a manhã desfrutando o papo.
__ Como posso lhe explicar? Quando o senhor dizia o poema, as palavras iam
daqui para ali.
__ Como o mar, ora!
__ Pois é, moviam-se exatamente como o mar.
__ Isso é ritmo.
__ Eu me senti estranho, porque com tanto movimento fiquei enjoado.
__ Você ficou enjoado...
__ Claro! Eu ia como um barco tremendo em suas palavras.
As pálpebras do poeta se despregaram lentamente.
__ “Como um barco tremendo em minhas palavras”.
__ Claro!
__ Sabe o que você fez Mário?
__ O quê?
__ Uma metáfora.
__ Mas não vale, porque saiu por acaso.
__ Não há imagem que não seja casual, filho.
[...]
__ O senhor acha que todo mundo, quero dizer todo o mundo, com o vento, os
mares, as árvores, as montanhas, o fogo, os animais, as casas, os desertos, as chuvas... [...]
é metáfora de alguma coisa?
[...]
__ Olha, Mário. Vamos fazer um trato. Agora eu vou até a cozinha, preparo para
mim uma omelete de aspirinas para meditar sobre sua pergunta e amanhã eu dou a minha
opinião. (Adaptado de Antonio Skármeta. O Carteiro e o Poeta. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 20-24)
1) Baseados na leitura do romance e na releitura deste trecho, analise:
a) Qual o tema principal da história?
_________________________________________________________________________
30
_________________________________________________________________________
b) Que relação existe entre o tema da obra e seu título.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
c) Qual o sentido da frase “O céu está chorando”?
_________________________________________________________________________
d) Esta frase está empregada no sentido denotativo ou conotativo da linguagem?
Justifique?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
e) Explique de forma escrita o “estranhamento” sentido pelo carteiro ao ouvir a poesia
recitada pelo poeta.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
f) Retire do texto o conceito de metáfora sugerido pelo poeta.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
g) Releia a fala do carteiro em que diz:
__ “O senhor acha que todo mundo, quero dizer todo o mundo, com o vento, os
mares, as árvores, as montanhas, o fogo, os animais, as casas, os desertos, as chuvas... [...]
é metáfora de alguma coisa”?
- O que significa para você os termos “todo mundo” e “todo o mundo” neste trecho lido?
Cite as possibilidades de significados dessas expressões de acordo com sua interpretação.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
- Para você, é possível esse “todo o mundo” ser metáfora de alguma coisa? Comente com
os colegas e escreva sobre isso.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
h) Construa frases metafóricas com as palavras abaixo:
carteiro – poeta ___________________________________________________________
mar – consolo ___________________________________________________________
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carta – poesia ____________________________________________________________
2) A linguagem metafórica produz um significado maior na utilização das palavras e na
vida das pessoas. Como isso acontece?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3) Leia e explique, oralmente, a diferença entre comparação e metáfora:
- A comparação – consiste em comparar dois seres através do uso de conectivos ou
expressões “como”, “tal qual”, “semelhante a”.
- A metáfora é uma figura de estilo que consiste na comparação de dois termos
sem o uso de um conectivo, expressões “como”, “tal qual”, “semelhante a”.
4) Dessa forma, copie do texto duas frases comparativas e duas frases metafóricas.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
5) Com base no texto e no filme, qual a influência de Neruda na vida de Mário? Comente.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
6) Constituir-se poeta e político foi importante na vida de Mário? Como sua amizade com
o poeta determinou a aprendizagem e mudança em seu comportamento? Justifique.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7) E, embasados no romance lido, como Carteiro conseguiu cativar a amizade do Poeta?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
8) No vídeo “O Menino e o Livro” – o menino indaga ao livro para que o cative, pois ele
sente necessidade de uma amizade sincera e duradoura. Baseando-se nesse fato, como os
livros podem cativar os leitores?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
9) Baseando-se na mensagem do vídeo, nas leituras e nos seus conhecimentos, escreva
sobre a importância de uma amizade.
________________________________________________________________________
_10) Como tarefa de casa, que tal reescrever a história do Carteiro e do Poeta em forma de
poesia? Mãos à obra!
32
5ª ETAPA: AMPLIAÇÃO
PRODUÇÃO DE CARTAS E POESIAS
Nessa 5ª etapa, os alunos receberão de um personagem fictício, uma carta
literária com o objetivo de que a mesma seja respondida por eles, visando
corresponderem-se de forma efetiva.
É o momento de consciência do aluno sobre a importância da leitura na vida
prática e de refletir sobre a força das palavras e das metáforas e vivenciar o que
aprendeu através da leitura e escrita de cartas e poesias. É hora de reviver a obra em sua
vida e de ressignificá-la através dos valores sugeridos pela mesma.
O exercício “Carta aos Alunos Leitores” através do “Correio Literário” visa a
retomada da poética da correspondência, reconhecendo a utilidade das cartas como gesto
de comunicação, numa perspectiva mais íntima e particular da vida das pessoas.
A produção de cartas e poesias literárias será uma indagação instigante a respeito
das leituras do romance, das cartas e poesias lidas, retratando suas realidades, anseios e
concepções, bem como da linguagem virtual que através dos e-mails, msn, chat e
torpedos trouxeram a brevidade na comunicação atual em detrimento à correspondência
antiga.
Há de se considerar o uso frequente de correspondências/cartas simples pelos
Correios, no dia-a-dia das pessoas, apesar da evolução tecnológica através dos e-mails,
msn, chat e torpedos que comunicam em tempo real, o que não os tornam menos
valorosos. A literatura também está na simplicidade da linguagem virtual ou em uma
carta ou poesia comum. A sua poética reside, justamente, no momento em que o leitor
transfere a singeleza das palavras que lê para uma significação mais profunda, particular
e subjetiva.
Será um exercício estimulante, criativo, que nos instiga a produzir cartas e
poesias literárias que encantam o mundo e, quem sabe, surgirão nesse tempo de novas
leituras e produções, excelentes leitores, poetas e escritores!
33
CORREIO LITERÁRIO
A carta é considerada uma das formas de comunicação humana. Ela retrata uma
pessoalidade única, o lado íntimo e particular dos pensamentos e sentimentos de quem
escreve - seu autor. Com a atividade do Correio Literário, resgata-se o costume da escritura
de cartas, e com elas, a alma histórica, social e literária de seu povo.
ATIVIDADES
1) A Professora recebe das mãos de uma funcionária da Agência do Correio local uma
caixa lacrada, endereçada a ela e aos alunos. A caixa contém 36 cartas e são de um
remetente fictício que se intitula “Poeta”. As cartas são literárias - uma indagação
instigante a respeito das leituras realizadas em torno do romance “O Carteiro e o Poeta”.
2) Leitura da carta.
Nova Itália, ___/___/ de 2010
Caro Leitor!
Felicíssimo por saber que estás lendo “O Carteiro e o Poeta”, tomei a liberdade de
escrever-te, na expectativa de que esta nova experiência em leitura tenha lhe acrescentado
conhecimentos e ideais novos.
Leitura é conhecer o mundo e conhecer-se. Concordas? Quanto mais observamos os
fatos da história, mais nos aproximamos dela, tanto, que acabamos nos sentindo
personagens insubstituíveis. Ah, sim! Ainda mais se a história possuir uma pincelada da
nossa simplicidade, da nossa imaginação, das nossas aspirações, da nossa sinceridade, de
nossos desejos mais secretos, do amor que faz pulsar o nosso coração! Conte-me essa
história.
E cá comigo, você já se apaixonou por alguém? Já? Coragem! Fale-me desse
alguém! Poderás usar pseudônimo ao se referir a esse amor secreto, porém, descreva-o(a).
Sou um entendido nas matérias do “coração” e posso auxiliar-te!
Conceda-te, leitor, um momento para olhares para os sentimentos do Carteiro.
Quanta singeleza e quanta vontade de dizer palavras lindas para a sua Beatriz! Palavras?!
34
Mas quando não se sabe o que dizer e como dizer, o que se faz? Eis-me aqui! Sou um poeta
astucioso. Peça-me e contar-te-ei os segredos e o poder das metáforas.
Lembra o que é uma metáfora, leitor? Ora, compare seu amor olhando para as
estrelas do céu! Elas poderão traduzir com palavras, seus sentimentos mais profundos!
Compare seu amor à imensidão do mar, ao encanto das águas nos riachos, ao sussurro do
vento que lhe conta segredos aos seus ouvidos! Interprete esses segredos com a força da
tua alma. O Carteiro também se sentiu assim. E cumpriu sua tarefa de forma brilhante!
Coragem! Não tem coragem? Encontre-a! Libere-a através dos horizontes de sua
imaginação. És criativo, amigo leitor, se foste capaz de entender a mensagem mais
profunda dessa história, serás capaz de vivê-la como um desafio a inquietar-te!
A cada leitura, um novo olhar, a cada olhar, uma nova leitura, um novo Carteiro e
um novo Poeta – VOCÊ LEITOR – surgirá, mais amadurecido, na ressignificação dos
valores que considera verdadeiros!
Estimado amigo, é hora de escrever-me e... sinta-se como eu!
Poeta.
2) Após a leitura, os alunos respondem à carta, contendo no corpo do assunto, seis pontos
básicos sugeridos pelo Poeta:
- Apresentam-se e indagam sobre ele – Poeta.
- Comentam sobre a leitura, fazendo um breve relato da obra.
- Respondem ao Poeta de acordo com o que ele instiga que fale.
- Na oportunidade da correspondência solicitam ao remetente que lhes ensinem a construir
metáforas/poesias que encantem/conquistem a pessoa que admiram
- Apresentam as características da pessoa que admiram e descrevem-se.
- Terminam a carta, destacando ensinamentos, valores que a obra os transmitiu (que
tenham aprendido com as leituras): interesse, dedicação, amor próprio, amizade,
emotividade, persistência, consciência crítica e política.
3) Enviam as cartas.
4) O poeta recebe as cartas dos alunos e responde-as uma a uma, sugerindo as construções
de metáforas e instiga-os com novas perguntas a respeito da obra lida. Com as dicas e
sugestões, os alunos iniciarão uma produção de poesias dedicadas a quem admira,
35
utilizando-se dos termos sugeridos pelo poeta, de termos presentes no romance, no filme,
nas cartas e nas próprias palavras e expressões apreendidas durante as leituras realizadas.
5) Alunos recebem e leem instruções do Poeta em como produzir poesias metafóricas.
6) Produzem as poesias e encaminham ao Poeta através de uma carta para que ele as aprecie/avalie.
7) Após o retorno das poesias com sugestões do Poeta, reescrevem-nas e as encaminham aos seus destinatários, juntamente com uma carta.
8) As produções de cartas prosseguem num diálogo a respeito da importância linguagem
virtual que através dos e-mails, msn, chat e torpedos trouxeram a brevidade da
comunicação atual (pesquisas a respeito do assunto, produção de cartas e poesias em
linguagem virtual, etc.)
Observação: As cartas serão enviadas pelo Correio para dar a sensação de serem
verdadeiras e correspondidas. Dessa forma, não sabendo quem é o verdadeiro remetente e
amigo que lhes escrevem, os alunos poderão continuar a se corresponder com o mesmo por
longos anos (dando continuidade às cartas, interligando-as a outras obras literárias que
venham ser trabalhadas na seqüência dos trabalhos com a turma).
G. AVALIAÇÃO
Para efeitos de avaliação nesta Unidade Didática considerar-se-á os aspectos
qualitativos da abordagem sociointeracionista da linguagem, a dialogia proposta por
Bakhtin na perspectiva metodológica da estética da recepção, verificando os
conhecimentos construídos a cada etapa do método recepcional, analisando o diálogo
promovido entre as ideias do autor e o imaginário dos alunos, considerando:
- Participação nas leituras.
- Compreensão e interpretação da narrativa em torno do romance.
- Compreensão sobre linguagem literária e não-literária.
- Reconhecimento dos recursos tecnológicos no auxílio às atividades e aprofundamento aos
temas abordados.
- Reconhecimento das cartas e poesias como gesto comunicativo literário entre as pessoas.
- Produções de cartas e poesias como experiência pragmática e literária.
36
A avaliação das produções será realizada pela proponente deste PDE e pelos
professores participantes do Grupo de Apoio à Implementação do Material Didático na
Escola. Sabe-se que a verdadeira leitura é aquela que produz efeito. Espera-se, portanto,
que os alunos dialoguem com a obra “O Carteiro e o Poeta”, ampliem seu campo de
percepção e escrevam os capítulos mais importantes nas suas vidas através das cartas e
poesias, construindo e reconstruindo suas ideias de forma significativa, revivendo a obra,
refletindo sobre sua linguagem metafórica e literária e ressignificando-a em suas vidas
através dos valores sugeridos pela mesma.
H. REFERÊNCIAS
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metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
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SLIDE
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VÍDEO
ZYS, Dirlei Provin. O Menino e o Livro. Vídeo: 04:10 min. Produção própria. Nova
Laranjeiras, 2010.
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