DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE O PROFESSOR PDE E … · A Terra proporciona uma extraordinária...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 20
08
Versão On-line ISBN 978-85-8015-039-1Cadernos PDE
VOLU
ME I
A BIODIVERSIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR
Roseli Ana Venturini
RESUMO
A biodiversidade é definida como o conjunto de toda a vida no planeta Terra,
o total de genes, espécies e ecossistemas de uma região e a diversidade cultural
humana. Este trabalho teve como objetivo promover o estudo sobre os seres vivos
no ambiente escolar, bem como os aspectos econômicos, políticos, sociais e
culturais. Foi desenvolvido em uma quinta série do ensino fundamental de uma
escola estadual do município de Maringá. As atividades foram elaboradas numa
perspectiva Histórico-Cultural, contemplando a ação interdisciplinar pedagógica
com Língua Portuguesa, estabelecendo-se como prioridade atividades de leitura,
por meio de textos científicos e livros de literatura. Foram utilizados diversos
procedimentos como interpretação e leitura de textos, discussões, pesquisa na
internet, pesquisa de campo no ambiente escolar, produção de história em
quadrinhos, desenho e texto. Foi constatado que o maior desafio da educação na
atualidade, inicia-se pelo desenvolvimento da capacidade de leitura dos alunos,
envolvendo todas as disciplinas presentes no currículo escolar. O professor, ao
estimular a participação dos alunos em todas as atividades previstas, orientando os
trabalhos de modo reflexivo e articulado com a proposta pedagógica da escola,
atua como mediador no desenvolvimento integral do educando, nos aspectos
cognitivo, psicomotor e afetivo. Além disso, foi observada a importância do estudo
sobre a biodiversidade, ter partido do contexto onde o aluno está inserido,
relacionando-o ao conhecimento científico da atualidade.
ABSTRACT
THE BIODIVERSITY IN THE SCHOOL AREA
The biodiversity is defined as a set of whole life on planet earth, the total of
genes, species and ecosystems of a region and the human cultural diversity. This
article aims to promote the study about living beings in the school area, as well the
economic, politics, socials and cultural aspects. This article was developed in a
grade of fundamental teaching of a state school in Maringá. The activities were
developed in a Historic-Cultural view linking a pedagogic action with Portuguese
language subject emphasizing reading activities making use of scientific texts and
literature books. We used many proceeding like interpretation, texts reading,
discussions, research on world wide net, and research in the school area, making
comics, texts and draws. We could observe that the most challenge in education
nowadays is develop the reading skill. The teacher acts as a guide stimulating the
participation of the students in preview activities leading the pupils in a linked and
reflexive way. According to the school pedagogical purpose taking the students to
get a whole developing in aspects as cognitive, psychomotor and affective. We
conclude the importance about the study on biodiversity at school, where the
student is located linking him to the scientific knowledge of this moment.
Palavras-Chaves: Biodiversidade; Procedimentos; Interdisciplinaridade; Mediação.
INTRODUÇÃO
A Terra proporciona uma extraordinária variedade de seres vivos, sendo que,
a maioria apresenta características comuns, como a presença de células e
metabolismo, a necessidade de se alimentar e reproduzir, o crescimento, a seleção
natural e a interação com os outros fatores bióticos e abióticos presentes no
ambiente.
Atualmente, existem em nosso planeta milhões de espécies de seres vivos,
de variadas formas, tamanhos e funções formando uma variedade da vida,
denominada Biodiversidade.
Alguns cientistas avaliam a biodiversidade sob três aspectos: os
ecossistemas, as espécies e os genes. Os ecossistemas, nos quais a vida está
interligada e organizada, permitem o equilíbrio entre as diferentes espécies. Estas
constituem o grupo de seres vivos capazes de se reproduzir entre si, e garantem a
manutenção da vida em nosso planeta. A diversidade genética refere-se à grande
variedade de genes presentes nas espécies existentes nos ecossistemas da Terra.
Essa continuidade dos organismos é de extrema importância ecológica e um
recurso de incontável valor na área industrial, dos medicamentos e alimentos. Neste
sentido, a diversidade cultural, pode ser considerada parte da biodiversidade, pois
de acordo com Estratégia Global (1992), manifesta-se pela diversidade de
linguagem, de crenças religiosas, de práticas de manejo da terra, na arte, na
música, na estrutura social, na seleção de cultivos agrícolas, na dieta e em todos os
outros atributos da sociedade.
Considerando a problemática ambiental traçada a partir das ações da
humanidade, a biodiversidade passa a ser um fator limitante ao equilíbrio do
ambiente, necessitando ser tratada com a devida importância e de uso sustentável
em todos os setores, pois conforme Convenção sobre Diversidade Biológica
de1992:
“A utilização de componentes da biodiversidade deve ser
estabelecida, de modo e em ritmo tais que não levem em longo
prazo, à diminuição da biodiversidade mantendo assim seu
potencial para atender às necessidades e aspirações das
gerações presentes e futuras” (SEMA, 2007, p.55).
Assim, a diversidade é um recurso que permitirá a humanidade adequar-se
às mudanças locais e globais, na medida em que as suas necessidades e
demandas se alteram.
Conservar a biodiversidade significa salvaguardar os sistemas naturais do
planeta que sustentam a vida: purificar as águas, reciclar o oxigênio e outros
elementos essenciais; manter a fertilidade do solo; proporcionar alimentos; produzir
medicamentos e proteger a riqueza genética para a melhoria de culturas e
rebanhos, na preservação em bancos de genes. A ética da conservação ambiental
se aplica em nível pessoal, comunitário, nacional e mundial.
Os custos e benefícios da conservação da biodiversidade dependerá de uma
integração entre todos os países, sendo que os países de renda mais baixa
precisam ser ajudados a se desenvolver de maneira sustentável e a proteger seu
ambiente. Neste sentido, o aumento da participação popular, o respeito dos direitos
humanos básicos, o acesso da população à educação e informação e uma maior
responsabilidade institucional são elementos fundamentais à conservação da
biodiversidade (Estratégia Global, 1992).
Considerando a escola como sendo um ambiente apropriado para o
desenvolvimento integral do estudante, nos aspectos cognitivo, psicomotor e
afetivo, o tema biodiversidade, a partir da constatação de vários ambientes no
espaço escolar que podem ser usados como locais que possibilitam a
aprendizagem.
Utilizando desses ambientes e desenvolvendo uma prática pedagógica que
privilegie a construção do conhecimento, pode-se gerar uma autonomia como
produto da relação entre aprendizado e o aluno. Neste sentido, conforme Cappechi
(2004), ele passa a desenvolver uma forma especial de observar, analisar e
representar os fenômenos da natureza, a cultura científica de maneira que
compreenda as vantagens e as limitações da área de conhecimento e, neste caso,
que a biodiversidade aborda.
Cabe ao professor a responsabilidade de mediar e orientar, de forma
coerente e organizada, estimulando a participação dos alunos de todas as
atividades previstas, orientando os trabalhos em grupos e as pesquisas, de modo
reflexivo e articulado com a proposta pedagógica da escola.
De acordo com Oliveira (2001), Vygotsky postula que a aprendizagem ativa
processos de desenvolvimento que se tornam funcionais na medida em que o aluno
interage com as pessoas em seu ambiente, internalizando valores, significados,
regras, enfim, o conhecimento disponível em seu contexto social e historicamente
organizado.
O tema biodiversidade em seus aspectos ecológicos, econômicos, estéticos,
políticos e sociais encontra na escola uma aliada para formar o cidadão capaz de
ter uma convivência mais racional com seu meio, estabelecendo relações a partir
da realidade social onde o aluno está inserido e, proporcionando a aprendizagem
significativa para a sua formação.
Esta pesquisa tem como base a concepção histórico cultural, que busca no
processo de ensino-aprendizagem estabelecer relações de mediação entre o
conhecimento científico e a realidade do aluno, interagindo os diversos aspectos
existentes no mundo, sejam eles de ordem cultural e social, entre outros
(OLIVEIRA, 2001). Com relação ao tema proposto neste trabalho, a biodiversidade
é constituída pelas variedades interespecíficas entre espécies e de ecossistemas,
referindo-se às relações complexas entre os seres vivos e seu meio ambiente. Essa
interação foi realizada através de uma dimensão coletiva e colaborativa, para o
desenvolvimento do processo de aprendizagem.
Considerando a escola como sendo um ambiente apropriado para o
desenvolvimento integral do estudante, nos aspectos cognitivo, psicomotor e
afetivo, realizou-se este, sobre o tema biodiversidade, a partir da constatação de
vários ambientes apropriados no espaço escolar que possibilitam compreensão dos
fenômenos biológicos e a aprendizagem.
De acordo com Oliveira (2001), Vygotsky postula que a aprendizagem ativa
processos de desenvolvimento que se tornam funcionais na medida em que o aluno
interage com as pessoas em seu ambiente, internalizando valores, significados,
regras, enfim, o conhecimento disponível em seu contexto social e historicamente
organizado.
O tema biodiversidade em seus aspectos ecológicos, econômicos, estéticos,
políticos e sociais encontra na escola uma aliada para formar o cidadão capaz de
ter uma convivência mais racional com seu meio, estabelecendo relações a partir
da realidade social onde o aluno está inserido e, proporcionando a aprendizagem
significativa para a sua formação.
DESENVOLVIMENTO
Iniciou-se este trabalho pela investigação da realidade dos ambientes
apresentados pela escola onde o mesmo foi desenvolvido. Observou-se que nas
variadas áreas verdes, a biodiversidade, representada pela diversidade de seres
vivos desses ecossistemas, em interação com os fatores abióticos, formavam locais
propícios para o entendimento dos conceitos ambientais.
A biodiversidade tem sido explorada de forma irresponsável, ocorrendo um
desequilíbrio entre o que o ser humano realmente necessita e a capacidade de
reposição, pela natureza. Por estar ligada às necessidades dos seres humanos, é
importante que a escola atue de forma a promover a conscientização do indivíduo
em relação a sua responsabilidade ambiental e social, expandindo suas ações além
do âmbito escolar e aplicando em seu cotidiano, ou seja, em sua casa, vizinhança,
nos parques e nos diversos locais urbanos.
As mudanças ambientais são acompanhadas pela evolução das espécies,
sua adaptação, migração ou extinção. Por isso, a implantação desse trabalho, em
que o aluno vivenciou a adaptação dos seres vivos e suas relações com o
ambiente, contribuindo para a aprendizagem significativa sobre a manutenção do
equilíbrio na biosfera.
Esse trabalho foi implementado no decorrer do primeiro semestre de 2009,
como parte do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, no Paraná, com
objetivo de utilizar vários ambientes no espaço escolar, como locais que
possibilitam a aprendizagem, cabendo ao professor a função de mediador, na
realização das atividades previstas.
O trabalho foi desenvolvido em uma quinta série do ensino fundamental do
período matutino de uma escola estadual do município de Maringá.
A perspectiva Histórico-Cultural foi o referencial teórico do trabalho,
considerando a aprendizagem como resultado de uma mediação entre o que o
educando já conhece, ou seja, seus conhecimentos prévios, e um novo conteúdo
que lhe é apresentado, o conhecimento científico. Seguiu-se, ainda, uma
abordagem da pesquisa qualitativa, de acordo com Bordan e Biklen (1994).
A perspectiva interdisciplinar, correspondente à transcendência dos limites
de cada disciplina, foi adotada neste trabalho, a partir da participação da disciplina
de Língua Portuguesa. Conforme afirma Dias (1994), o estudo do meio ambiente
deve ser trabalhado de forma interdisciplinar, pois é pela cumplicidade entre
professores e uma cooperação ativa entre as diferentes disciplinas que promove o
intercâmbio e o enriquecimento na abordagem de um tema.
A turma escolhida apresentava, no início do ano, uma deficiência quanto à
compreensão, interpretação de texto e problemas com a ortografia, refletindo a falta
de hábito de leitura. Tais fatores foram acrescentados na ação interdisciplinar
pedagógica com a professora de Língua Portuguesa, pois se estabeleceu como
prioridade nas aulas atividades de leitura, por meio de textos científicos e livros de
literatura.
A primeira atividade realizada foi à investigação de um jardim. Por meio de
uma caminhada ao redor da escola, observamos e anotamos os seres vivos
presentes no ambiente. Voltamos para a sala de aula e discutimos em grupos e,
depois coletivamente, os seres vivos e não-vivos visualizados: minhocas, tatuzinho-
de-jardim, borboletas, grilos, pássaros, formigas, caracóis, lesmas, musgos, liquens,
fungos, arbustos, árvores, grama, vestígios de animais como casca de ovos, penas,
fezes, pegadas; o solo, pedras, sementes, folhas, umidade do solo, locais mais
iluminados e sombreados. Listamos na lousa os seres vivos e os fatores abióticos
visualizados. Observando a listagem, os alunos em grupos, responderam em seu
caderno, as questões:
a) Que animais e vegetais foram encontrados?
b) Quais seres abióticos foram visualizados?
c) A escola pode ser considerada um ecossistema? Justifique.
d) Quais os elementos integrantes deste ecossistema? Que ações estes elementos
realizam neste ambiente?
A seguir, fizemos leitura coletiva e discussão de um texto no livro didático,
parágrafo por parágrafo, visto que os alunos apresentavam muitas dificuldades na
interpretação. Para finalizar a atividade eles produziram uma história em quadrinhos
da biodiversidade presente em nossa escola, concluindo que cada ser vivo
encontrado no jardim desempenha um papel importante na conservação da vida,
garantindo a sobrevivência de todos, formando elos alimentares.
Figura 1: História sobre biodiversidade.
De acordo com Campaner (2001), Vygotsky afirma que o desenvolvimento só
avança com as interações sociais e, em especial, o ensino sistemático. Essas
interações são desenvolvidas não por um único sujeito e sim por vários. É
importante a interação, a troca, a atividade prática, social e historicamente
organizada para que o indivíduo se aproprie das formas de comportamento. É
através da mediação entre o professor e o aluno, que este entende a interação
entre os seres vivos e a sociedade humana, nos aspectos ecológicos, econômicos,
estéticos e éticos, e assim, desenvolvendo uma aprendizagem significativa (GOSS,
2005).
A segunda atividade desenvolvida foi a observação de uma árvore no quintal
da escola, para presenciarmos a diversidade de seres vivos. Ao voltarmos para a
sala de aula, discutimos sobre a falta de percepção da biodiversidade em nossa
vida. Muitas vezes, esquecemos que a árvore é um ser vivo e que possui um ciclo.
Dificilmente, observamos os pequenos seres que estão em intensa atividade nela:
pássaros, moscas, formigas, abelhas, borboletas, aranhas, ninho de pássaros,
Figura 4: História sobre biodiversidade.
lesmas, gafanhotos, grilos, cigarras, joaninhas, lagartas, minhocas, tatuzinho-de-
jardim e outros. Além dos animais, encontramos diversas espécies e órgãos de
vegetais: musgos, grama, samambaia, epífitas, flores, frutos e sementes.
Para finalizar a atividade, os alunos produziram um desenho sobre a árvore
observada, acrescentando os fatores bióticos e abióticos, presentes no
ecossistema, pois sem eles, não haveria a vida.
Figura 5: Desenho de uma árvore.
Baquero (2001) considera que a relação interpessoal concreta favorece a
interiorização das formas culturalmente estabelecidas de funcionamento
psicológico. Portanto, a interação social, seja diretamente com outros membros da
cultura, seja através dos diversos elementos do ambiente culturalmente estruturado,
fornece a matéria-prima para o desenvolvimento psicológico do indivíduo. As
transformações de significado ocorrem não mais apenas da experiência vivida, mas
principalmente, a partir de definições, referências e ordenações de diferentes
sistemas conceituais mediados pelo conhecimento já consolidado pela cultura.
Nestes termos, proporcionar aos alunos oportunidades de refletir sobre as relações
entre animais e vegetais e a ação dos seres humanos neste contexto, oportuniza
uma apropriação das relações historicamente estabelecidas com o ambiente.
A próxima atividade foi desenvolvida com laranjas, que estavam em estágio
de decomposição. Estas foram colocadas em um vidro com tampa e deixadas
expostas no laboratório da escola durante dois meses para a observação, fazendo
anotações da evolução desse estágio, duas vezes por semana. Foram produzidos
textos destacando o que aconteceu com os frutos.
Os alunos chegaram à conclusão que, qualquer estrutura de produtores e
consumidores morta, como um fruto, folha ou flor, restos e excreções de outros
seres, servem de alimento a certos seres vivos capazes de decompor a matéria
orgânica morta transformando-as em nutrientes e energia, que serão utilizadas
Figura 8: Desenho de uma árvore.
pelos produtores, reiniciando a cadeia alimentar. Esses seres são denominados
decompositores . Os fungos, como os cogumelos, os mofos e os bolores são
decompositores; assim como, algumas bactérias. Seguem alguns relatos sobre esta
atividade:
A biodiversidade está presente em todo o lugar, envolvendo a humanidade.
A biodiversidade expressa a grandeza da natureza.
A cadeia alimentar é a vida interligada pela beleza da mãe natureza.
A decomposição é o equilíbrio da natureza.
Quando podemos fazer escolhas, temos que pensar muito bem, preservando a
biodiversidade.
De acordo com Oliveira (2001), Vygotsky postula que a aprendizagem ativa
processos de desenvolvimento que se tornam funcionais na medida em que o aluno
interage com as pessoas em seu ambiente, internalizando valores, significados,
regras, enfim, o conhecimento disponível em seu contexto social e historicamente
organizado.
Realizou-se na seqüência, a produção de cadeias alimentares presentes
nos ecossistemas. Os alunos foram divididos em sete grupos, cada um
representando os seguintes ecossistemas do planeta: marinho, água doce, jardim,
lavoura, nossa casa, floresta e horta. Cada grupo pesquisou no banco de
informações dos computadores, da sala de informática do Colégio, gravuras que
representavam o ecossistema. A seguir, cada equipe produziu três cadeias
alimentares em cartolina, destacando os níveis desse processo, ou seja,
produtores, consumidores e decompositores. Os grupos apresentaram para os
colegas o seu trabalho, expondo-os na lousa para que todos pudessem copiar em
seus cadernos.
Posteriormente, eles responderam a problematização abaixo apresentada:
I) O que aconteceria se aumentasse a população dos consumidores herbívoros das
cadeias alimentares confeccionadas pelos grupos de alunos? Interprete, também,
os resultados no caso de ocorrer um aumento no número dos consumidores
carnívoros.
II) Se ocorresse um desequilíbrio ecológico, como um incêndio, poluição da água ou
o desmatamento, o que poderia acontecer com o ambiente?
A conclusão que chegaram sobre a cadeia alimentar, após caminhada pelo
jardim e nas gravuras utilizadas nos cartazes, é que os seres vivos interagem entre
si e com indivíduos de outras espécies e, estão ligadas com a questão alimentar,
ocorrendo a transferência da matéria em energia, necessárias para a realização das
funções vitais de seus organismos.
Por último, ao escolher o ecossistema do jardim, foi elaborado uma teia
alimentar na lousa e respondidas as questões abaixo:
a) Quais são os organismos produtores nessa teia alimentar?
b) Quais são os organismos consumidores? E os decompositores?
c) Como os decompositores atuam na teia alimentar?
d) Conceitue: produtor, consumidor e decompositor.
A cadeia alimentar é uma seqüência contínua da transferência de matéria e
energia de um ser vivo para outro sob a forma de alimento. Mas, elas não ocorrem
isoladas na natureza, uma vez que os organismos têm uma alimentação variada,
alimentando-se e servindo de alimento para outros. As relações alimentares que
existem em um determinado ambiente se cruzam e formam Teias Alimentares.
Reconhecendo que no ambiente, o clima e o tipo de vegetação são fatores
que influenciam a inter-relação entre a vida e o solo, e este, como base para o
desenvolvimento da vida, incluindo as plantas, os animais e os microorganismos, a
proposta de estudo destes elementos pode propiciar a construção de
conhecimentos significativos por se tratar de componentes presentes no cotidiano
do aluno e da escola (PRIMAVESI, 2002). Considerando que o processo de ensino
e aprendizagem construído na escola, tomando como ponto de partida o nível de
desenvolvimento real do aluno e como ponto de chegada os objetivos estabelecidos
neste trabalho, revela a importância de estabelecer no ambiente escolar a
conservação da biodiversidade.
Neste momento histórico, a opção por desenvolver ações a partir do tema
biodiversidade possibilita criar os processos interativos entre o professor e os
alunos. Assim, pela mediação, enfatizando atividades que favoreçam a
espontaneidade do aluno e os seus conceitos cotidianos, permitem que o estudante
construa as noções necessárias para a compreensão da ciência. Citando Moura e
Vale (2001), a escola tem como tarefa a valorização da ciência e a condução de um
ensino científico de qualidade, para que os alunos se apropriem do conhecimento
legítimo e possam transformar a atual realidade.
Na avaliação de cada atividade desenvolvida, foi observada a postura do
aluno sobre a síntese do conteúdo trabalhado, expressando sua nova maneira de
ver a prática social, construindo seu conhecimento, onde é evidenciada a
apropriação ou não dos conteúdos, sendo o ponto culminante do processo
educativo, a mediação e a reflexão do ensino.
Sabendo que a pedagogia histórico-critica é um caminho de apropriação e de
reconstrução do conhecimento sistematizado, verificou-se que o tema
biodiversidade é uma necessidade social historicamente situada e, por meio do
processo pedagógico, o aluno, ao retornar ao cotidiano social, possa transformar a
realidade onde está inserido.
CONCLUSÂO
Ao finalizar a implementação do trabalho na quinta série, verificou-se uma
evolução na postura do aluno, na cooperação com os colegas e na sua
organização, visto que após ser comparada a última atividade de produção textual
com a primeira, foi significativo o desenvolvimento, tanto na leitura e interpretação,
quanto na ortografia e organização.
Foi constatado pelos professores envolvidos na pesquisa, que o maior
desafio da educação na atualidade, inicia-se pelo desenvolvimento da capacidade
de leitura dos alunos, envolvendo todas as disciplinas presentes no currículo
escolar, a fim de fornecer o entendimento do que o texto menciona, a compreensão
do que está ouvindo e poder se expressar na sua produção.
O desenvolvimento da compreensão do hábito da leitura é um processo
contínuo no âmbito escolar, dando condições para que o aluno se relacione com o
mundo ao seu redor. Isso só acontece quando este estabelece relações de
mediação entre o conhecimento científico e a sua realidade, interagindo os diversos
aspectos existentes no mundo, sejam eles de ordem cultural e social, entre outros
(OLIVEIRA, 2001).
A interdisciplinaridade é uma cooperação ativa entre várias disciplinas,
integrando os conhecimentos presentes na grade curricular em uma visão holística
e global. Neste processo, o aluno vai descobrir que uma disciplina complementa a
outra, promovendo um enriquecimento na abordagem do tema proposto.
Por meio do conhecimento contextualizado, o aluno terá mais chances de se
tornar um leitor assíduo, permitindo que encontre por si próprio novos significados a
partir da realidade onde está inserido. Desse modo, vai compreender os elos
indissolúveis entre o saber adquirido em qualquer disciplina curricular e os valores
da humanidade.
Ao ser utilizado diversos procedimentos como interpretação e leitura de
textos, filmes, caminhada, discussões, pesquisa na internet, debates, pesquisa de
campo no ambiente escolar e análise dos resultados, elaboração de história em
quadrinhos, desenho da árvore e produção de texto para explorar a linguagem
visual como forma de um trabalho coletivo e cooperativo de coleta, registro de
dados, organização de informações e tomada de decisões, proporcionou uma
aprendizagem significativa.
Constatou-se, na implementação do trabalho, que cabe ao professor mudar
sua postura tradicional e passar a utilizar as novas tecnologias presentes no
cotidiano escolar. Dessa forma, ao estimular a participação dos alunos de todas as
atividades previstas, orientando os trabalhos de modo reflexivo e articulado com a
proposta pedagógica da escola, atua como mediador no desenvolvimento integral
do educando, nos aspectos cognitivo, psicomotor e afetivo.
Além disso, foi observada a importância do estudo sobre a biodiversidade,
ter iniciado no contexto onde o aluno está inserido, relacionando-o ao conhecimento
científico da atualidade. Segundo Bizzo (2001), os alunos têm fácil acesso ao
conhecimento do cotidiano, que são informações provenientes de saberes
populares, culturais, mitos, religiosos ou da experiência de vida. Cabe à escola
proporcionar o acesso a outras formas de conhecimento, como o cultural e o
científico, motivando-os para que possibilite a apropriação de conhecimentos, e
estabelecimento de relações para uma atuação concreta.
Neste contexto, considerando a problemática ambiental traçada a partir das
ações da humanidade, a biodiversidade passa a ser um fator limitante ao equilíbrio
do ambiente, necessitando ser tratada com a devida importância e de uso
sustentável em todos os setores, pois conforme Convenção sobre Diversidade
Biológica de1992:
“A utilização de componentes da biodiversidade deve ser
estabelecida, de modo e em ritmo tais que não levem em longo
prazo, à diminuição da biodiversidade mantendo assim seu
potencial para atender às necessidades e aspirações das gerações
presentes e futuras” (SEMA, 2007, p.55).
Para Vigotsky, se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a
escola tem um papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos
indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho desse
papel só se dará adequadamente quando, conhecendo o nível de desenvolvimento
dos alunos, a escola dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas,
mas sim para estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos,
funcionando realmente como um motor de novas conquistas psicológicas.
O aprendizado escolar é elemento central no desenvolvimento do aluno.
Neste sentido, conforme Taglieber (2007), o processo educativo relacionado ao
meio ambiente, valoriza a reflexão dos alunos a partir das relações com a natureza
e busca a compreensão dos problemas ambientais na escola e de seu entorno.
Ao longo da execução do trabalho na escola, verificou-se que existem áreas
ociosas no espaço interno e ao redor da escola, onde poderão ser desenvolvidos
novos projetos. Como sugestão: criar novas áreas verdes, fazer calçada ecológica,
um jardim de plantas medicinais, plantar árvores nativas da região e uma pequena
horta para auxiliar na produção da merenda escolar. Isso iria proporcionar para a
comunidade escolar, um local mais agradável, saudável, fonte de pesquisa e
conhecimento da biodiversidade.
Utilizando desses ambientes e desenvolvendo uma prática pedagógica que
privilegie a construção do conhecimento, pode-se gerar uma autonomia no aluno.
Neste sentido, conforme Cappechi (2004), ele passa a desenvolver uma forma
especial de observar, analisar e representar os fenômenos da natureza, a cultura
científica de maneira que compreenda as vantagens e as limitações da área de
conhecimento e, neste caso, a biodiversidade.
O tema biodiversidade em seus aspectos ecológicos, econômicos, estéticos,
políticos e sociais encontra na escola uma aliada para formar o cidadão capaz de
ter uma convivência mais racional com seu meio, estabelecendo relações a partir
da realidade social onde o aluno está inserido e, proporcionando a aprendizagem
significativa para a sua formação.
REFERÊNCIAS
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BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2000.
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