THIOLLENT, Michel. Metodologia Da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1998 (Cap. 2)
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE O PROFESSOR PDE E … · avaliação física e seus protocolos...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7Cadernos PDE
2007
VOLU
ME I
1
O COMPROMISSO DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A PREVENÇÃO E/OU
REDUÇÃO DOS PROBLEMAS POSTURAIS EM ESCOLARES1
Rozemeri Pellegrini Maraschin2
RESUMO: A partir de constatações obtidas pela observação diária da postura corporal dos educandos no quotidiano escolar e, com base em diversos estudos científicos que demonstram que grande parte dos educandos não apresenta hábitos posturais considerados saudáveis. Considerando estes aspectos, este estudo teve o objetivo de avaliar o quadro geral da postura de 99 escolares na faixa etária entre 11 e 16 anos, que estivessem freqüentando entre a amostragem de turmas de 6ª e à 8ª séries do Ensino Fundamental do Colégio Estadual São Miguel da cidade de Francisco Beltrão PR, bem como verificar a postura adotada nas diversas atividades diárias. O trabalho foi desenvolvido através de questionários, de avaliação postural diagnóstica com verificação visual e de pesquisa bibliográfica. A partir dos resultados obtidos, que confirmam a incidência elevada de hábitos posturais inadequados, chegou-se a conclusão de que existe uma necessidade imediata por parte da escola, principalmente dos professores de educação física, de intervirem positivamente para possíveis mudanças de comportamento com relação aos hábitos posturais dos mesmos apresenta sugestões de possíveis atividades de intervenção para mudança de comportamento relacionado aos hábitos posturais inadequados.
Palavras-chave: hábitos posturais, escolares, proposta pedagógica e educação física.
RESUMEN: a partir de los resultados obtenidos por el diario de observación de la postura corporal de los alumnos en la escuela y la vida cotidiana, sobre la base de una serie de estudios científicos que demuestran que un gran número de estudiantes no presenta hábitos de postura para estar saludables. Teniendo en cuenta estos aspectos, este estudio fue evaluar el marco general de la postura de 99 escolares de edades comprendidas entre los 11 y 16 años que asistían entre la toma de muestras de las clases de 6 º y 8 º grados de escuela primaria en San Miguel State College Ciudad de Francisco Beltrão/PR, así como verificar la postura adoptada en diversas actividades diario. El estudio se realizó a través de cuestionarios, la evaluación de diagnóstico de la postura con control visual y la literatura de búsqueda. A partir de los resultados, que confirman la alta incidencia de los hábitos posturales inadecuados, es la conclusión de que hay una necesidad inmediata por parte de la escuela, especialmente entre los profesores de educación física, para intervenir positivamente a los posibles cambios en el comportamiento con respecto a hábitos posturales de la misma marca sugerencias de posibles actividades de intervención para el cambio en el comportamiento relacionados a la falta de hábitos posturales. Palabras clave: hábitos posturales, la escuela y la propuesta educativa y la educación física.
INTRODUÇÃO
Para que compreendamos a importância da educação postural para os
indivíduos em idade escolar, é necessário que observemos primeiramente, alguns
conceitos de postura corporal e a influência dos hábitos posturais adotados pelos
mesmos nesta fase, no comprometimento da capacidade de movimento, com efeitos
cumulativos que podem causar sérios problemas posturais.
1 Artigo apresentado ao PDE, sob a orientação do Prof...2 Professora de Educação Física da rede pública – Francisco Beltrão/PR.
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Desde o nascimento, o ser humano entra em contato com o mundo através
de seu corpo. O que desenvolvemos na concepção de experiência corporal em
relação a nós mesmos, ao outro e ao meio nos torna mais conscientes e localizados
sócio-culturalmente. A experiência corporal está no cerne da transformação do
próprio corpo no decorrer da vida e na realização de cada atitude, pois o individuo
utiliza seu corpo para demonstrar o que sente, afinal é em seu corpo que esta
refletida toda sua história de vida.
Conforme Lapierre (1982) uma vez que os indivíduos não são “construídos”
com elementos anatômicos idênticos não podem ter uma postura “normal”
morfologicamente idêntica. Em contrapartida, é possível qualquer que seja a
morfologia do indivíduo, definir um princípio geral de equilíbrio considerado como
normal e desejável, cujo princípio consiste em uma atitude na qual cada segmento
ocupa uma posição próxima da sua posição de equilíbrio mecânico, sendo assim,
uma atitude “normal”.
Admitimos que não exista uma postura única e “adequada” e sim alguns
princípios que devem ser considerados importantes em relação à postura corporal,
uma vez que influenciam na preservação ou deterioração da saúde do indivíduo,
gerando sensações de conforto ou desconforto corporal aos mesmos.
Postura refere-se à posição do corpo no espaço – não apenas na posição ereta, como também quando caminha, corre, senta-se, agacha-se, ajoelha-se ou deita-se. A postura não é um fenômeno determinado. Enquanto realiza uma atividade [...] você pode modificar dezenas de vezes a postura (MOFFAT & VICKERY, 2002, p.125).
Portanto, a postura é dinâmica, envolve o equilíbrio entre a posição que o
corpo está assumindo em um determinado momento e a adaptação do mesmo ao
próximo movimento.
GARDINER (1995, p.262): “Diz-se que a postura é boa quando cumpre a
finalidade para a qual é usada com eficiência máxima e esforço mínimo”, e,
considerando que duas pessoas nunca são idênticas, o padrão exato de boa postura
tem que variar para cada indivíduo. O mesmo afirma que “A postura é má quando é
ineficaz, isto é, quando não consegue preencher a finalidade para a qual se
destinava, ou se uma quantidade desnecessária de esforço muscular for usada para
mantê-la”.
“A boa postura é considerada como um bom hábito que contribui para o bem
estar, a má postura é um mau hábito de incidência mais alta...” (KENDALL et. al.
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1995, p.71). Manter posturas erradas por tempo prolongado pode acarretar
alterações posturais ocasionando enrijecimento das articulações e encurtamento dos
músculos. Também são as principais causas da dor nas costas e, com o passar do
tempo transforma-se em problemas cada vez mais graves.
Estudos mostram que a grande maioria das pessoas que sofrem com desvios
posturais na fase adulta, muitas vezes é devido à falta de orientação. Da mesma
forma, estudos epidemiológicos apresentam números alarmantes em relação à
gravidade que envolve dores na coluna. As lombalgias, que são fortes dores na
região lombar, influenciam na vida produtiva e no bem-estar dos indivíduos:
Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia indicam que a lombalgia é a maior causa de afastamento do trabalho em indivíduos abaixo de 45 anos. Ainda de acordo com esta instituição, 80% de toda a população experimentará pelo menos um episódio de dores nas costas em suas vidas. Atualmente, a quantidade de tempo de trabalho perdido em função de problemas nas costas é de duas a três vezes maior que há 20 anos, e no Brasil, a lombalgia é o segundo motivo que mais leva as pessoas aos consultórios médicos, o que é superado apenas pela dor de cabeça (VANÍCOLA, 2007, p. 01).
Desta forma, os custos e prejuízos sociais são enormes e, trata-se a doença
ao invés de preveni-la. Portanto, entendemos que as mudanças e a própria
assimilação de comportamentos posturais devem ser observados o quanto antes.
Portanto, a má postura, independentemente da causa, seja ela a sobrecarga
sobre a coluna ao apanhar, levantar ou carregar pesos exagerados ou à
permanência por muito tempo sentado em posturas inadequadas deverá ser
observada e evitada sempre que possível.
A falta de exercícios físicos ou até mesmo a prática incorreta dos mesmos
também podem incorrer em desvios posturais tais como a hipercifose, a hiperlordose
e a escoliose. Estes podem levar ao uso incorreto de outras articulações tais como
os ombros, os braços, os quadris, os joelhos e os pés ou serem gerados por isto.
Convém lembrar que, sempre que colocamos uma parte do corpo fora de equilíbrio,
as outras partes precisam ajustar-se para compensar.
A partir de constatações no cotidiano escolar observa-se que grande parte
dos alunos não apresenta hábitos posturais considerados saudáveis o que poderá
trazer prejuízos à postura corporal.
Considerando que uma boa postura é essencial nas crianças e adolescentes,
se faz necessária atenção e a vigilância dos pais e professores, a fim de prevenir ou
corrigir a tempo qualquer alteração postural e evitar deformações permanentes.
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Tendo em vista que as questões relacionadas à saúde estão intimamente
ligadas à Educação Física, já que a mesma trabalha diretamente com a
corporeidade dos alunos, a questão postural não pode mais ser abordada apenas
de forma superficial em nossas aulas, afinal os hábitos adquiridos tornam-se muito
complexos de serem mudados.
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCES), não
podemos abordar a saúde como caráter individual e como algo que pode ser
conseguido por qualquer um desde que o mesmo queira, mas sim, como
construção que supõe uma dimensão histórico-social. Nesta perspectiva, um dos
elementos citados como constitutivos da saúde são os aspectos anátomo-
fisiológicos da prática corporal, onde o aluno deve conhecer o funcionamento do
seu corpo identificando seus limites e que para isto, o professor pode se valer da
avaliação física e seus protocolos (PARANÁ, 2007, p. 28).
Compartilho com o pensamento de Verderi (2005), que afirma ser tarefa do
profissional de Educação Física propiciar a educação do corpo de nossas crianças,
jovens, adolescentes, adultos e veteranos na arte de se movimentar. Ao mesmo
tempo, a autora diz acreditar na competência deste profissional que tem o
conhecimento para desenvolver este trabalho conscientizando seus alunos da
importância de conhecerem seu corpo e de educá-los posturalmente. E, acrescenta
que um indivíduo saudável desempenha com maior facilidade e satisfação todas as
atividades diárias do ser humano; enquanto que “a ausência de saúde leva o ser
humano a um desequilíbrio físico, mental, social e profissional”.
Nahas (2003, p. 151) reforça: “deve-se sempre ter em mente que qualquer
dos possíveis objetivos específicos da Educação Física representam passos na
direção de objetivos educacionais mais amplos, visando propiciar aos indivíduos
uma vida com qualidade e uma participação ativa na sociedade”.
Conforme as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCES), [...] “a
Educação Física tem a função social de contribuir para que os alunos se tornem
sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, ter autonomia sobre ele e adquirir
uma expressividade corporal consciente (PARANÁ, 2006, p.35)”.
Seguindo este norte e buscando uma forma de facilitar a compreensão deste
trabalho os objetivos foram formulados em geral e especifico, contendo ainda o
diferencial de que o objetivo geral foi dividido em dois tópicos, sendo que o primeiro
é fundamental para demonstrar a importância e relevância do segundo. Assim
sendo este estudo apresenta os seguintes objetivos:
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Objetivos Gerais
- Avaliar o quadro geral da postura dos escolares.
- Verificar o efeito de uma proposta de intervenção para mudança de
comportamento relacionada aos hábitos posturais.
Objetivos Específicos
- Verificar os hábitos posturais de escolares.
- Identificar possíveis desvios posturais.
- Divulgar resultados obtidos.
- Promover palestras aos pais e professores da escola específica buscando a
prevenção e o encaminhamento devido dos casos suspeitos de desvios posturais.
- Orientar quanto às possibilidades de mudança nas atitudes viciosas e
hábitos posturais inadequados.
- Estimular os professores, em especial os de Educação Física, a trabalharem
as questões posturais.
METODOLOGIA
Essa pesquisa é metodologicamente fundamentada em elementos da
pesquisa-ação, definida por Thiollent (1994) como: “um tipo de pesquisa social com
base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (p. 14).
No método experimental se toma uma ação e depois se observa as
conseqüências desta ação, é uma pesquisa em que se manipula uma ou mais
variáveis independentes (causas) para analisar as conseqüências desta
manipulação sobre uma ou mais variáveis dependentes (efeito), dentro de uma
situação de controle do pesquisador.
Como, no caso deste estudo o rigor do método experimental não foi
considerado prioridade, utilizou-se então um método denominado de quase-
experimental onde o pesquisador intervém apenas sobre um grupo (amostra)
selecionado aleatoriamente, aplicando um teste antes da intervenção e, repetindo o
mesmo teste após a intervenção, no entanto, sem haver grupos de comparação para
descartar a possibilidade de outras variáveis influenciarem no processo, afinal o
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mesmo visa a reflexão por parte dos educadores a cerca da educação postural e,
não uma comprovação científica dos resultados da mesma.
Sendo assim, no primeiro momento objetivou-se descrever dados referentes a
99 alunos de 11 a 16 anos, de ambos os sexos, estudantes de 6ª, 7ª e 8ª séries, no
ano de 2008, no Colégio Estadual São Miguel da cidade de Francisco Beltrão – PR.
No segundo momento, de posse dos dados coletados e conforme a necessidade o
pesquisador propôs uma intervenção buscando a mudança de atitudes com aulas
diretas e palestras à comunidade escolar (professores, alunos e pais).
A amostra foi composta pelos alunos que demonstraram interesse
(voluntários) e que tivessem sido autorizados pelo responsável pela educação
através de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que, na data da coleta
de dados, não apresentassem qualquer fator impeditivo ou que comprometesse o
estudo nos aspectos de saúde relacionados a doenças infecto-contagiosas ou
alguma deficiência que o descaracterize do grupo ao qual se pretende as
inferências.
Com o intuito de obter o perfil dos hábitos posturais dos escolares utilizou-se
um questionário proposto por SANTOS (1993), com oito questões fechadas e
ilustradas, relacionadas aos hábitos posturais diários dos alunos, preenchido com
horário previamente agendado e juntamente com o aplicador para que se
esclarecessem dúvidas que porventura pudessem surgir. O mesmo foi aplicado no
início e no final do trabalho (pré e pós- teste) para avaliar o efeito da proposta de
intervenção.
Para a avaliação postural foram utilizados materiais subjetivos como o uso
do tato e da visão, observando o aluno de costas, perfil direito, perfil esquerdo,
frente e ântero-flexão à frente de um material objetivo: posturógrafo (tabuleiro
quadriculado com fio de prumo) elaborado pelas professoras Luzia Inês Garavelo e
Maria Lucia da Silva (Revista Nova Escola, 1997) seguindo os passos descritos
logo abaixo; visto que o simetrógrafo padrão é um equipamento de alto custo e não
acessível na maioria das escolas. Porém, após a conscientização geral da
importância do mesmo este poderá ser adquirido, num padrão mais confiável,
através da confecção artesanal deste em madeira.
O posturógrafo ajuda a detectar as assimetrias e possíveis desvios posturais
entre os segmentos corporais, permitindo suspeitar de alterações na postura do
avaliado (Pinho e Duarte, 1995, p. 49).
Para montar o Posturógrafo necessita-se de:
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- Escolher um local na escola onde o aparelho possa ficar fixo, sem
necessidade de desmontar a toda hora;
- Papel Kraft, barbante, régua, pincel atômico, cartolina, areia e uma meia;
- Com o pincel atômico, trace no papel Kraft quinze linhas horizontais e
quinze linhas verticais, separadas por intervalos de 10 cm. Pregue o papel na
parede;
- Pendure o barbante no teto, a 50 cm da parede, bem em frente à linha
vertical do centro do papel;
- O barbante será o fio de prumo. Para que ele fique esticado, faça uma bola
de meia, encha-a com areia e amarre-a na extremidade solta;
- Se quiser, desenhe no chão, vários pés em posição anatômica – levemente
abertos e igualmente afastados do barbante. Pisando nesses pés o aluno fica na
posição correta para fazer o exame.
Os escolares usaram roupas adequadas para o exame, como short e top para
meninas e apenas short para meninos, ambos de pés descalços.
A posição para a avaliação postural do aluno foi de pé (ortostática), com
braços pendentes ao longo do corpo, olhar no plano aurículo-orbitário, entre o
posturógrafo e o fio de prumo, para então serem visualizados no plano anterior,
posterior e lateral (esquerda e direita).
Para observar à presença de alterações posturais, a avaliação foi feita
seguindo figuras propostas pelo Sistema de avaliação e Prescrição de Atividade
Física (SAPAF. 3.0), (1996) e adaptado neste trabalho.
Durante a avaliação também se fez uso de lápis dermatográfico para marcar
os processos espinhosos a fim de observar a posição da coluna em casos de
desvio lateral, para isto o aluno deveria se posicionar com inclinação anterior do
tronco.
Intervenção
Esta proposta de intervenção divide-se em dois momentos distintos, porém
interligados:
1º momento: de posse dos dados foi feita a análise da estatística adquirida
através do questionário e da avaliação postural levantando possíveis soluções para
os problemas apresentados.
2º momento: a partir da pré-avaliação das atitudes posturais e dos possíveis
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desvios apresentados deu-se início as ações educativas e de conscientização.
Através de aulas expositivas com o uso de transparências, vídeos, pôsteres,
pesquisas em sites com recursos relacionados ao tema,
Para efetivar esta proposta de intervenção, colocaram-se em prática diversas
atividades subdivididas em fases:
- Na primeira fase foi aplicado o questionário dos hábitos de postura dos
escolares e realizado a avaliação postural para detectar os possíveis problemas
existentes e assim demonstrar aos alunos a necessidade e importância do trabalho
que seria desenvolvido.
- Na segunda fase, abordou-se com os educandos uma exposição teórica
sobre anatomia e fisiologia envolvendo a biomecânica da coluna e da postura nas
atividades diárias no ambiente escolar e fora da escola. Assim explanaram-se
conteúdos como: as curvaturas normais e anormais da coluna vertebral; os vícios
posturais; a postura sentada e suas implicações; o excesso de peso nas mochilas,
a forma de carregá-las; lesões e doenças causadas por cada um destes fatores e
outros; a importância da atividade física e do fortalecimento muscular.
- Numa terceira fase, foram feitas pesquisas em grupos e/ou individuais sobre
dicas para se evitar posturas incorretas. Também foi realizada, com os alunos da 8ª
série, uma pesquisa junto às empresas da cidade sobre os cuidados e as demais
ações preventiva que são tomadas pelas mesmas a fim de se evitar os problemas
relacionados à postura corporal e as demais lesões.
- Na quarta fase, houve a confecções de cartazes referentes ao tema e a
realização de representações corporais com dinâmicas para estimular o aluno a
descobrir, através de diferentes vivências corporais, novas formas de sentar-se,
levantar-se, caminhar, mover-se.
- Na quinta fase, realizaram-se algumas ações educativas e preventivas,
dando orientações acerca de movimentos de compensação que os alunos deverão
realizar nos intervalos das aulas e das atividades diárias com a prática de exercícios
respiratórios, alongamentos, relaxamento e percepção corporal na busca da
mudança de hábitos inadequados e também com a prática de exercícios de
fortalecimento muscular.
- Na sexta fase, foram proporcionadas palestras educativas aos pais e/ou
responsáveis com sugestões do que pode ser observado pelos mesmos quanto à
postura corporal dos educandos. Os tópicos levantados na palestra foram: definições de
postura, a postura no dia-a-dia, fatores de risco da postura sentada, e demais fatores
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responsáveis por desvios posturais. Os aspectos a serem considerados na prevenção
da postura, com dicas de como ficar em pé e caminhar, sentar e levantar, agachar e
pegar objetos, carregar peso (mochila), deitar e levantar, etc. observando a importância
dos cuidados com a postura e com o excesso de peso carregado pelas crianças e
adolescentes e da necessidade de os mesmos praticarem atividades físicas com
orientações, Também foi desenvolvido vivências práticas através de dinâmicas de grupo
utilizando atividades lúdicas, mobilizações articulares, percepção corporal,
alongamentos e apresentação de teatro, pelos alunos, representando o tema abordado.
Então, foram repassadas algumas orientações aos responsáveis para possíveis
encaminhamentos a profissionais especializados nos casos suspeitos de problemas já
instalados e detectados pelo professor através da avaliação postural.
- Por fim, numa sétima fase, foi reaplicado o questionário inicial e feita à
análise do mesmo para observar a incidência, ou não, de mudanças de atitudes por
parte dos educandos, com relação aos seus hábitos posturais.
Fatores que influenciam na postura corporal do indivíduo
As atitudes corporais e os hábitos posturais estão diretamente relacionados
à cultura dos povos. Portanto, a postura que assumimos envolve, além de
capacidades biológicas de uso de todos os segmentos corporais, diversos fatores
externos, sejam ambientais, sociais, psicológicos ou profissionais e precisa ser
vista numa perspectiva histórica e cultural. Dando ênfase a esta questão,
precisamos perceber que:
[...] o corpo não existe desvinculado das nossas vivências, crenças, experiências, não flutua imaculado na eternidade, mas é forjado na história humana que transcorre sempre num ambiente povoado de outros seres e entidades com os que estamos profundamente entrelaçados (NAJMANOVICH, 2002 apud GARCIA, p.99).
Desde que o homem começou a caminhar sobre dois pés, uma série de
fatores começou a repercutir sobre todo seu organismo, sobre isto podemos citar o
COLETIVO DE AUTORES (1992):
A espécie humana não tinha, na época do homem primitivo, a postura corporal do homem contemporâneo. Aquele era quadrúpede e este é bípede. A transformação ocorreu ao longo da história da humanidade, como resultado da relação do homem com a natureza e com os outros homens. O erguer-se, lenta e gradualmente, até a posição ereta corresponde a uma resposta do homem aos desafios da natureza. Talvez necessitou retirar os frutos da árvore para se alimentar, construindo uma atividade corporal nova: “ficar de pé”. Essa conquista ou produção humana
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transformou-se num patrimônio cultural da humanidade. Todos os homens apropriaram-se dela incorporando-a ao comportamento. A postura quadrúpede foi superada através das relações dos homens entre si. Uns aprendendo com os outros e aperfeiçoando as atividades corporais construídas a cada desafio da natureza ou necessidade humana imposta: fome, sede frio, medo etc. Por isso se afirma que a materialidade corpórea foi historicamente construída e, portanto, existe uma cultura corporal, resultado de conhecimentos socialmente produzidos para os alunos na escola (p.38-39).
Sendo assim, diferentes aspectos determinam as inúmeras causas de
alterações posturais e devem ser levados em conta, visto que, quase sempre
atuam conjuntamente: atividades físicas básicas insuficientes no desenvolvimento
ou ainda praticadas sem orientação/inadequadas, deficiência protética na
alimentação, alterações respiratórias, vícios posturais, excesso de peso corporal,
alongamento o e/ou encurtamento muscular exagerados, doenças psicossomáticas,
anomalias congênitas e ou adquiridas e outros. Cada aspecto citado reflete novas
culturas socialmente produzidas numa dialética constante.
Em alguns casos encontramos influências psicológicas sobre a postura de
adolescentes. Através da linguagem corporal os adolescentes muitas vezes
transferem para o corpo sua timidez ou vergonha de alterações ainda não aceitas
ou que não correspondem ao padrão estipulado pela sociedade. As cargas
emocionais dolorosas sofridas por um indivíduo muitas vezes alteram sua postura.
Enfocando o problema diretamente sobre as atividades escolares, o que se
observa é uma sobrecarga nas estruturas devido à manutenção da postura sentada
por longo tempo, numa posição geralmente indevida e utilizando-se de imobiliário
inadequado as suas individualidades.
A postura sentada gera várias alterações nas estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar. O simples fato de o indivíduo passar da postura em pé para a sentada aumenta em aproximadamente 35% a pressão interna no núcleo do disco intervertebral e todas as estruturas (ligamentos, pequenas articulações e nervos) que ficam na parte posterior são esticadas – isso se o sujeito estiver sentado nas melhores condições possíveis. Além dos problemas lombares, a postura sentada prolongada tende a reduzir a circulação de retorno dos membros inferiores, gerando edema nos pés e tornozelos e, também, promove desconfortos na região do pescoço e membros superiores (COURY, 1994 apud ZAPATER 2004, p.192).
Além da postura sentada, que obviamente não ocorre só na escola e que
deve ser analisada em todas as situações, precisamos estar observando a
influência e as conseqüências da má postura e do transporte do material escolar.
Segundo Souchard (1996), a má postura leva a um "achatamento" do
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indivíduo, que é uma posição cômoda e confortável. O aumento desse "conforto",
leva a um agravamento das curvaturas vertebrais, nossos músculos posteriores se
encurtam, diminuindo a mobilidade articular, favorecendo as lesões (artrose, hérnia
de disco, tendinites...); aparecem as dores de cabeça, pescoço, ombros e
encurtamento dos músculos peitorais e há uma perda de altura pela excessiva
tensão muscular. Vivemos num estado contínuo de desequilíbrio físico, e a nossa
postura vai se alterando inconscientemente para compensar esse desequilíbrio.
Para Rebellato et al (1991, p.403) ao verificar a influência do transporte de pesos
excessivos de material escolar sobre a ocorrência de desvios posturais em
estudantes, evidenciou que os mesmos “[...]” transportam, em média, pesos
significativamente superiores à capacidade de seus grupos musculares, resultando
em vários tipos de alterações posturais”.
Portanto, a boa postura e a mudança de posições são essenciais nas
crianças e adolescentes e impõe-se atenção e a vigilância dos pais e professores, a
fim de prevenir ou corrigir a tempo qualquer alteração postural e evitar deformações
permanentes.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
Foi utilizada a estatística descritiva (média, desvio-padrão, freqüência,
percentagem). Para comparação de pré e pós-teste utilizou-se a estatística
inferencial, através do teste do qui-quadrado e o exato de Fischer. O nível de
significância, mínimo estabelecido foi de p<0,05.
Os resultados obtidos através da coleta e tratamento de dados, segundo os
objetivos propostos deste estudo, estão representados em forma de gráficos e
confrontados aos dados encontrados na literatura referente a esta temática.
Com a finalidade de traçar o perfil antropométrico dos meninos apresentam-
se os valores de massa corporal, estatura e índice de massa corporal.
Portanto, foram analisados 41 sujeitos do sexo masculino, a idade mínima foi
de 11 e a máxima 16 anos, com média de 12,83 ± 0,18 anos. A massa corporal
variou de 27,5 a 79 kg., com média de 48,24 ± 1,8 kg.; a estatura variou de 1,34 a
1,79 cm., a média foi de 1,58 ± 002 cm. E, o IMC variou 13, 32 a 29,02 kg/m2, com a
média de 19,19 ± 0,46 kg/m2.
Referente aos hábitos posturais, o gráfico 1 apresenta o percentual de
posturas consideradas corretas e incorretas adotadas pelos meninos nas diversas
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situações do cotidiano.
Gráfico 1: Valores percentuais de posturas adotadas no cotidiano do gênero masculino
0102030405060708090
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posições que os educandos mais utilizam para:
correto incorreto
Portanto, podemos perceber que, com exceção da maneira de levantar da
cama, as demais posturas adotadas pelos escolares do sexo masculino no seu
cotidiano todas tem um índice acima de 60% de atitudes consideradas incorretas
para manter um bom equilíbrio corporal e evitar a fadiga muscular.
Com relação ao gênero feminino fizeram parte do estudo 58 escolares com a
idade mínima foi de 11 e a máxima de 15 anos, com media de 12,64 ± 0,12 anos. A
massa corporal variou de 30 a 79 kg., com média de 46,71 ± 1,4 kg.; a estatura
variou de 1,31 a 1,71 cm., a média foi de 1,55 ± 001 cm. E o IMC variou 14,47a
28,20 kg/m2, com a média de 19,29 ± 0,39 kg/m2.
Dando continuidade a exposição dos dados relacionados aos hábitos
posturais, o gráfico 2 apresenta o percentual de posturas consideradas corretas e
incorretas adotadas pelas meninas nas diversas situações do cotidiano.
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Gráfico 2: Valores percentuais de posturas adotadas no cotidiano do gênero feminino
0102030405060708090
100
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cola
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dormir
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ma
posições que educandas do sexo feminino mais utilizam para:
correto incorreto
Podemos perceber que existe pouca diferença nos hábitos posturais das
meninas onde o índice de posições consideradas incorretas também prevalece em
relação às posturas corretas.
Portanto, o presente estudo demonstra um índice elevado de maus hábitos
posturais adotados pelos escolares do estabelecimento citado.
Knoplich, citado por Zapater et al., explicam que são preocupantes os
hábitos posturais incorretos adotados desde o ensino fundamental, “pelo fato de
serem crianças, e não adultos, o esqueleto está em fase de formação, sendo mais
susceptível a deformações e as estruturas músculo-esqueléticas apresentando
menor suportabilidade à carga” (2004, p. 192).
É importante observar que a maioria dos alunos do ensino fundamental tem
idade entre 06 e 15 anos e isto é imprescindível para se desenvolver um trabalho
relacionado à postura corporal, pois:
Excetuando-se as deformações de origem traumática, senil ou infecciosa,
14
pode-se dizer que toda deformação óssea tem uma origem [...] e, muito frequentemente entre 7 e 14 anos, essa idade parecendo ser a idade morfológica por excelência, aquela onde a morfologia e a atitude se definem para o futuro.Mas se a plasticidade do esqueleto favorece nesta época a sua má formação, ela também favorece a sua correção. Esta é a razão porque é preciso tratar na época jovem todos os desvios que correm o risco de se tornarem ósseos. O tratamento preventivo é o mais fácil, o mais rápido, e o de melhor prognóstico (LAPIERRE, 1982, p. 28).
Na seqüência, apresentamos uma tabela referente aos possíveis problemas
posturais detectados através da avaliação postural dos escolares pertencentes à
amostra.
TABELA I - Principais problemas posturais detectados em amostragem de 99 escolares de 11 à 16 anos de 6ª, 7ª e 8ª séries, no ano de 2008, no Colégio Estadual São Miguel da cidade de Francisco Beltrão – PR.
PROBLEMA DETECTADO Nº PORCENTAGEMCABEÇA À FRENTE 46 46,46INCLINAÇÃO DA CABEÇA/DL 11 11,11OMBROS/DL 39 39,39PEITORAL ABAIXADO 34 34,34ESCOLIOSE 17 17,17CIFOSE TORÁCCICA 16 16,16LORDOSE LOMBAR 8 8,08
`
Das manifestações posturais verificadas observou-se que prevalecem os
problemas relacionados diretamente com a má postura adotada pelos escolares
como: cabeça à frente (46,46%), seguido de inclinação lateral de ombros (39,39%),
de peitoral abaixado (34,34%) e de inclinação da cabeça (11%), na seqüência,
aparecem os desvios propriamente ditos e possivelmente já instalados, onde lidera a
escoliose (17,17%), logo após vem a cifose torácica (16,16%) e, por último a lordose
lombar, estas são as manifestações que mais incidiram nas crianças avaliadas.
Coury, citado por Zapater et al. (2004), ao discutir as alternativas de controle
para redução de disfunções músculoesqueléticas, relata que um dos grandes
desafios dessa temática é o fato de os indivíduos serem altamente refratários a
mudanças de hábitos e comportamentos. A mesma autora destaca que um ponto
importante relativo ao aspecto educacional é que a idade escolar é uma fase
favorável para a instalação de hábitos saudáveis (2004 p.3).
Nahas (2003), afirma que: “... bons hábitos posturais conduzem à boa
aparência, eficiência mecânica nos movimentos e menor risco de lesões, sendo
dependentes da força e da flexidade, aliadas à prática consciente e inconsciente que
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produzem estes hábitos” (p.78-79).
Desta forma o professor de Educação Física tem a obrigação de agir
profissionalmente e ser mediador, despertando o interesse dos demais integrantes
da escola, incluindo os próprios educandos, no desenvolvimento de atividades
preventivas e corretivas.
O gráfico 3 apresenta um comparativo entre o pré-teste e o pós-teste quanto
aos hábitos posturais considerados corretos e incorretos, adotados pelos escolares
antes e após a intervenção proposta neste estudo.
Gráfico 3: Valores percentuais de posturas adotadas no cotidiano de ambos os sexos.
0102030405060708090
100
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dar e
m c
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estu
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T.V.
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leva
ntar d
a ca
ma
posições que os educandos mais utilizam para:
pré-teste correto pré-teste incorreto
pós teste correto pós-teste incorreto
Como se observa no gráfico 3 a intervenção teve resultado positivo em
vários aspectos, sendo que em alguns a incidência de melhora na consciência da
postura correta foi maior do que em outros, no entanto, o fator relevante é de que,
podemos considerar que houve uma mudança com relação ao conhecimento,
possibilitando novas atitudes por parte da maioria dos escolares pois apenas em
16
uma das situações observadas a diferença entre o pré-teste e o pós-teste não teve
significância estatística (p<0.05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através do questionário que levantou o perfil dos hábitos posturais dos
escolares, encontrou-se uma incidência elevada de vícios posturais em boa parte
dos alunos pesquisados, tanto nas questões de âmbito escolar quanto nas
questões do cotidiano fora da escola.
O resultado desta pesquisa só vem reforçar muitos outros estudos científicos
que apontam para o mesmo problema. Porém, a investigação proposta neste
estudo visa despertar nos professores, principalmente os de Educação Física, o
interesse e a visão de responsabilidade perante a mudança destes dados buscando
sempre a prevenção.
Para verificar se a diferença teve significância estatística ou não, foi utilizado
o teste de qui-quadrado e o exato de Fischer (p<0.05).
Podemos acompanhar através do gráfico 3 esta evolução quanto a postura
que o educando passou a adotar em cada situação do cotidiano, e que
descrevemos à seguir:
− Postura para estudar em casa: no início 72,3% apresentavam postura
considerada incorreta, após a intervenção apenas 63,9% continuavam com
estes problemas (de 60 baixou para 53).
− Postura para estudar na escola: teve um índice de melhora considerado de
significância estatística (p<0.05) pois de 71,1% que adotavam postura
considerada incorreta, baixou para 50,6%, portanto teve uma melhora de
aproximadamente 20,1% (de 59 baixou para 42).
− Postura para assistir T.V.: no pré-teste apenas 29 educandos disseram adotar
boa postura, no pós teste este número passou para 35 ou, de 54 com
problemas de postura diminuiu para 48, com diferença estatisticamente
significativa (p<0.05).
− Postura ao carregar a mochila: de 58 educandos que carregavam a mochila de
maneira incorreta passou para 36 no final, portanto, houve uma melhora de 26%
aproximadamente, com diferença estatisticamente significativa (p<0.05).
− Postura ao levantar peso: com uma melhora de 37% aproximadamente e,
portanto, diferença estatísticamente significativa (p<0.05) de 58 com maneiras
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incorretas no início, baixou para 27 no final ou, de 25 com boa postura
aumentou para 56.
− Postura ao sentar no dia-à-dia: no pré-teste apenas 19 educandos sentavam de
maneira considerada correta, no pós-teste, este número evoluiu para 34 e,
conseqüentemente, de 64 que adotavam postura incorreta, baixou para 49, uma
melhora de 18% com diferença estatisticamente significativa (p<0.05).
− Postura ao levantar da cama: de 38 educandos que utilizavam formas incorretas
baixou para 25 ou, de 45 corretas passou para 58 com uma melhora de 16%
aproximadamente e diferença estatisticamente significativa (p<0.05).
A perspectiva metodológica, denominada Saúde Renovada, cujos principais
representantes são Markus V. Nahas e Dartagnam P. Guedes é adotada por muitos
colegas da área é uma visão relacionada à saúde e aptidão física, porém, é
denominada “renovada” por tentar superar a visão tecnicista, biologicista e
esportivista do século passado, pois, “não se trata de melhorar performances
atléticas agora, mas buscar melhores condições de saúde e bem estar por toda a
vida” (NAHAS, 2003 p. 155). .
Portanto, estes autores estabeleceram que é papel da Educação Física ( o
que legitima a mesma no espaço escolar), proporcionar subsídios aos escolares
para que estes tenham condições de adotar hábitos saudáveis de atividades física e
outros relacionados, ao longo da vida.
Alguns estudos demonstram os efeitos de programas educacionais. Citamos
Santos et al. (1998) que aplicaram um programa de educação postural para os
escolares, concluindo que o mesmo melhorou o conhecimento sobre desvios
posturais e suas possíveis causas.
A mudança de hábitos pode não ocorrer de imediato, mas o aprender
contínuo e o engajamento de todos os envolvidos com a educação deste indivíduo,
principalmente do professor de educação física, com certeza poderão resultar num
maior conhecimento do próprio corpo e de sua postura. Este adulto mais
consciente, acreditamos, contribuirá para uma diminuição futura dos altos índices de
adultos com problemas de lombalgias e outros sintomas osteomusculares que tanto
tem atormentado as pessoas nos últimos tempos, interferindo na sua capacidade de
realizar atividades do seu cotidiano e consequentemente, diminuindo o bem-estar e
limitando as condições de vida de muitos cidadãos.
CONCLUSÂO
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Diante dos resultados obtidos através da avaliação do quadro geral da
postura dos escolares neste estudo concluiu-se que:
- Ambos os sexos apresentam um índice elevado de hábitos posturais
considerados incorretos.
- Acredita-se que a principal causa dos possíveis desvios posturais
encontrados nestes escolares se de por conta da má postura corporal adotada
pelos mesmos.
O pós-teste deixou claro que a intervenção é válida, apesar de ser apenas
uma indicação de um possível caminho para a prática escolar, sujeito a quaisquer
ajustes necessários.
Enquanto processo educacional o tema postura corporal não pode se resumir
a mensurações e aprimoramento das habilidades, deve ir além da dimensão motriz
numa abordagem mais ampla e significativa para o educando, envolvendo todos os
aspectos relacionados ao tema numa dimensão sócio histórica.
- Além da avaliação postural, se tentou criar nos alunos a necessidade de
estar buscando informações mais aprofundadas sobre o assunto, numa abordagem
histórica cultural.
- Faz-se necessário que os escolares despertem os interesses em investir em
cuidados referentes à postura corporal de uma forma preventiva, utilizando-se para
isto de atividades voltadas para a consciência de seu corpo e de sua postura.
Considerando as alterações posturais na infância e adolescência como um
dos fatores que predispõe as deformações posturais e as algias relacionadas às
mesmas, faz-se necessário estabelecer ações preventivas e de orientações sobre as
alterações posturais inerentes a esta faixa etária onde as mudanças são propícias,
de maneira mais efetiva do que vem ocorrendo nas escolas. Visto que as atitudes
destes estabelecerão os padrões posturais na vida adulta.
O professor de Educação Física deve intervir pedagogicamente, despertando
o interesse dos educandos pela prática das atividades físicas diárias, e dos demais
cuidados referente à postura corporal, fazendo-as parte integrante da sua vida
diária.
Com o intuito de finalizar este trabalho, mas não concluir os estudos, visto
que este deve ser um processo constante, apontamos como principal sugestão a
observação por parte de cada educador, em especial os de Educação Física, na
busca de rever seus posicionamentos teóricos e práticos com relação à educação
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postural no âmbito escolar para minimizar em tempo hábil esses problemas e
otimizar o processo de reeducação postural dos alunos.
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