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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7 Cadernos PDE 2007 VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7Cadernos PDE

2007

VOLU

ME I

AGRESSIVIDADE, CONFLITO E AGRESSÃO EM ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO: ESTUDO DE CASO E PERSPECTIVA DE

INTERVENÇÃO NA CIDADE DE LONDRINA

Ariani Bortolotti Fiumari

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar uma breve discussão sobre o tema Violência Escolar. A busca pela clareza e distinção dos conceitos de violência, agressividade, conflito e agressão, propõe estabelecer relações com a realidade escolar apoiada nas análises de documentos oficiais, como o livro de Registro de Ocorrências de algumas escolas estaduais da cidade de Londrina. A primeira parte é apresentada com elementos que salientam a relação da violência com as relações de poder, exclusão, estresse e desorganização social, na seqüência, são apresentados diversos autores que mostram o abuso da autoridade e o reflexo da desigualdade da sociedade como motivos de geração de violência. Na segunda parte, completamos com o resultado dos estudos realizados com os professores e as propostas de intervenções em um estabelecimento de ensino. Apontamos também, a necessidade de revisão de conceitos de agressão e conflito, baseados em um estudo aprofundado, pois os dados coletados, nas instituições escolares permitem afirmar que existe um equívoco de conceitos sobre o tema abordado.

Palavras chave: Globalização. Violência. Conflitos. Escola.

Introdução

O tema violência requer clareza em conceito, que é dinâmico e

mutável, variando sobre questões sociais, culturais e até religiosas. A violência

que nos assusta através de todos os segmentos da sociedade, escancarada

pela mídia, manifesta-se não só de forma física (agressões, assaltos,

seqüestros) como também de forma psicológica (insegurança, medo, pânico).

Ao defini-la como física ou psicológica (subjetiva), deixamos de lado o senso

comum e analisamo-la como relação social, em que uma ou mais pessoas em

conflito, causam sofrimentos, angústias e tristezas.

A insegurança e o medo tornam tudo difícil e intolerável. Não

ouvimos, não falamos, não nos socializamos e este caos psicológico afeta-nos

de forma inconsciente, alterando nossos conceitos de violência. Muitas vezes

banalizamos, achando que qualquer ato que desencadeia medo ou

insegurança, é um ato violento. Segundo Schilling (2007), temos que ter

coragem de ver a violência para depois, podermos entendê-la.

Para Arblaster (1996), a violência é inerente à história da

humanidade, na medida em que está presente na sobrevivência do homem e

na construção da sociedade.

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Existem várias manifestações de violências, como: uso da força e do

poder, o não reconhecimento do outro, negação da dignidade humana, bem

como a ausência de compaixão. A associação de violência com desigualdade,

pobreza e desemprego, é freqüente quando se fala de Brasil. Na corrida para a

globalização, o distanciamento das classes sociais e o comprometimento da

cidadania “para todos” é inevitável. Instalamos assim o cenário perfeito para o

crescimento da violência.

A violência vivida hoje foi construída com a sociedade e, por isso,

discernir atos de rebeldia, de contestação, de conflitos e agressões, com atos

de violência, é primordial. Então, o que é violência? Qual o seu conceito em

nossos dias? Ela nasce dentro das escolas ou estamos apenas refletindo o que

é gerado pela sociedade?

1 Violência

Em nosso mundo globalizado e capitalista, a cultura da violência

tornou-se um negócio lucrativo. Hoje as discussões sobre o tema ocupam

grandes espaços nos jornais, nas televisões, nas universidades, nos governos

e nas rodas de conversas entre amigos. Nestas conversas, discute-se como

resolver, prevenir, evitar, acabar com a violência. O comércio (capital) também

é grande estimulador destas discussões, pois quanto mais debatemos o

assunto, mais temos a sensação de insegurança e decorrente dela, gastamos

para nos proteger. O aumento na demanda do setor comercial e industrial,

vinculados a prestação de bens e serviço voltados à proteção individual e

coletiva, enriquece a indústria do medo, como por exemplo: seguranças

particulares, aquisição de armas de fogo, carros blindados, seguranças

particulares e de bairros. Segundo estudos da UNESCO (2003), os custos da

violência no Brasil, são imensos. Foram computados, em 2001, valores

aproximados de 30 bilhões de dólares (segundo cálculos do Banco

Internacional de Desenvolvimento – BID), representando 10,5% do Produto

Interno Bruto brasileiro. A título de comparação, os Estados Unidos e a França

gastam respectivamente, 3% e 2% de seu PIB.

Em se tratando de globalização, onde a modernidade (ou pós-

modernidade) não conseguiu cumprir seu ideal de justiça e igualdade social,

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prevalece a lei do mais forte, do mais rico e do mais poderoso: a vitória global

do mercado. Segundo Lombardi (2001) o homem transformou-se em um ser

inseguro e superficial, tomado por mudanças de humor e depressão.

O comércio e a mídia mostram formas de como viver (ou não viver),

criando modelos de sociedade (existe o pensamento de todos quererem estar

no mesmo grupo, o grupo das marcas, grifes, dos bens tecnológicos...) e,

aqueles que não se encaixam neste padrão, estão “fora”, excluídos. A

desigualdade social e de classes que o capitalismo gera, são fatores

desencadeantes de conflitos e violências.

Apresentar um conceito de violência requer uma certa cautela, isso porque ela é, inegavelmente, algo dinâmico e mutável. Suas representações, suas dimensões e seus significados passam por adaptações à medida que as sociedades se transformam. A dependência do momento histórico, da localidade, do contexto cultural e de uma série de outros fatores lhe atribui um caráter de dinamismo próprio dos fenômenos sociais. (ABROMOVAY, 2006, p.53).

Mas afinal, o que é violência? O senso comum, incluindo certos

setores da mídia impressa e televisiva, tem denominado todo conflito existente

na sociedade como atos violentos. Cabe aqui portanto, uma reflexão conceitual

do que vem a ser violência e sua relação com poder, força, conflito,

agressividade.

A palavra violência provém do latim violenta, que significa “abuso de

força” e para os gregos, hybris, ou seja “abuso de poder” (INFOPÉDIA, 2007).

Considerando o conceito de abuso de força e poder, tranqüilamente

enxergamo-la nas imagens que nos são apresentadas diariamente pela mídia,

como roubos, seqüestros, homicídios, rebeliões, atentados e guerras.

Na idéia que fazemos dela, entram, com efeito, o caos, a conflagração e a transgressão da ordem... A violência é por tanto assimilada ao imprevisível, à ausência de forma, ao desregramento absoluto. Não é de espantar se não podemos defini-la. Como as noções de caos, de desordem radical, de transgressão, ela com efeito envolve a idéia de uma distância em relação às normas e às regras que governam as situações ditas naturais, normais ou legais. Como definir o que não tem nem regularidade nem estabilidade, um estado inconcebível no qual, a todo momento, tudo (ou qualquer coisa) pode acontecer? ( MICHAUD, 2001, p.12).

De acordo com a definição, percebemos que a violência está ligada a

atos de barbárie, crimes, agressões físicas e mortes. Por isso, conseguimos

entender a formação do PCC (Primeiro Comando da Capital) e seus ataques

como a mais pura manifestação da força e de poder do crime sobre a

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sociedade civil. Compreendemos a guerra Estados Unidos - Iraque, mostrando

o poder e força de um país sobre o outro e a força e poder de um país sobre o

mundo. Pode-se então afirmar que as relações sociais de poder estado-

cidadão, pais e filhos, professor-aluno, são relações de violência? E a

corrupção velada e explícita de nossos governantes, representantes do poder

(legitimado por nós, eleitores) é violência?

Por isso o tema violência no Brasil passa obrigatoriamente pela discussão da democracia. No Brasil, os prejuízos da delinqüência financeira não só são muito mais superiores aos dos assaltantes, mas também os efeitos da violência policial tendem a superar os efeitos da criminalidade das classes subalternas. De fato, nos mais recentes seqüestros e assassinatos ligados ao jogo e ao tráfico encontram-se, quase sempre, indivíduos ou quadrilhas organizadas com a ajuda ou proteção de policiais ou ex-policiais. Fica, assim, muito difícil distinguir a fronteira entre a polícia e o criminoso (OLIVIEN, 1983, p.48).

Em nosso país, a violência vem associada à pobreza, abandono,

injustiça, tráfico de drogas e roubos, e percebemos aí, a violência no descaso

das políticas públicas de Estado, quando as iniciativas privadas, parceiras e

ONGS começam a criar organismos de ajuda para os necessitados, como

campanhas de solidariedade e arrecadação dos mais diversos itens para a

sobrevivência dos excluídos; e as instituições internacionais, como Banco

Mundial e FMI, com suas políticas neoliberais fortalecendo o poder do capital

sobre os pobres e segregados.

Waiselfisz aponta dados alarmantes dos homicídios juvenis no

Brasil, no período de 1994 a 2004. Segundo o autor, o indicador cresceu 64,2%

(de 11.330 para 18.599 casos), percentual maior que o registrado no

crescimento total da população (48,4%). “Os índices dos homicídios juvenis

são, proporcionalmente, acima de 100 vezes superiores aos países como

Austrália, Japão, Egito ou Luxemburgo” (2007, p.68) .

As demonstrações estatísticas atestam que é no grupo dos jovens

que se encontra o maior número de autores e o maior número de vítimas.

Percebemos que a maioria dos atos violentos são homicídios que ocorrem com

o uso de arma de fogo. Os motivos para as mortes são inúmeros, o que nos

chama a atenção é a resolução dos conflitos entre as pessoas que se

caracterizam por modos violentos, culpando a crise moral e ética pela qual a

sociedade está passando.

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As mudanças do comportamento das famílias também estimulam a

crise social. O amadurecimento precoce do jovem tornou-o adulto antes de

assumir o seu papel na sociedade, e isso é um incentivo para os conflitos.

Hoje, inclusive, discutimos a questão da redução da maioridade penal de

nossos jovens em conflito com a lei como uma das possíveis soluções para

resolver o problema da violência. Outro fator para a crise é delegar a educação

dos filhos, por parte da família, para a escola. Por várias razões o modelo

patriarcal já não é padrão na sociedade moderna. A necessidade da mulher

buscar o mercado de trabalho, fez com que as crianças precisassem ficar mais

tempo sob o cuidado de terceiros ou da escola.

Os núcleos familiares são considerados os primeiros socializadores,

cabendo a eles, a responsabilidade de propiciar à criança, um bom

desenvolvimento. As instituições de ensino não conseguem aceitar essas

novas atribuições provenientes da mudança familiar e de agrupar os novos

cargos no desenvolvimento de seu trabalho (TRANCREDI, 2007). Para a

escola, resta o papel de completar a educação socializadora da família e mais,

a sua principal função, transmitir os conhecimentos sistematizados pela

humanidade (SAVIANI, 1991).

Para Charlot (2006) as ameaças de morte também são consideradas

violências, assim como os atos de insulto, racismo e desprezo. São

classificados como agressões morais graves, no entanto, ao nomea-los como

violência, entendemos que o conceito não se aplica somente aos atos físicos,

mas também aos verbais. “A violência está de tal modo interiorizada nos

corações e mentes que alguém pode usar a frase “um negro de alma branca” e

não ser considerado racista. (CHAUÍ, 2007).

Ainda segundo Charlot (2006),

não há vida humana sem frustrações e lá onde há frustração há também agressividade, pois uma gera outra. E lá onde há agressividade há conflito. Portanto, em síntese, não há vida humana sem frustração, sem agressividade, sem conflito. Se, considerar que há violência cada vez que se encontra uma situação que causa mal-estar, que incomoda, frustra, machuca, ter-se-á de admitir que a vida toda é uma violência (p.18).

Corremos a priori, o risco de confundirmos atos de agressão física e

atos de insultos morais como sendo violências? Ou os dois são

verdadeiramente atos violentos?

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O que vemos hoje é a mistura destes conceitos retratados nas

agressões interpessoais, em que muitos justificam “estarem estressados”. A

palavra stress tornou-se significado de intolerância e agressividade. É notória a

relação da síndrome do stress com a saúde. Muitos adoecem, física ou

mentalmente, aumentando os índices nacionais de afastamentos e a perda de

emprego e não deixando de lado, o interesse da indústria farmacêutica

(empresas estrangeiras) que lucra com a doença, desencadeada por conflitos

mal resolvidos, por síndromes, como a de Burnout¹ e por agressões físicas ou

morais.

Temos, por outro lado, o conflito como necessário e benéfico para

a discussão de idéias, de conceitos e teorias, porque age como ação

transformadora do pensamento (AQUINO, 1998). Portanto, sem os conflitos e

discussões, não teríamos mudanças de pensamentos e de comportamentos,

não teríamos as ciências e as artes. Nesse sentido e por esta perspectiva, não

seria incorreto afirmar que por meio de ações “violentas”, “agressivas” e

“obrigatórias”, podemos contribuir com a erradicação de vários males sociais.

Uma das conclusões sobre o tema é a necessidade de reflexão a

respeito do significado de cada ato violento (físico ou psicológico) que ocorre

entre os indivíduos.

_______________

¹ A Síndrome de Bournot é um termo psicológico que descreve o estado de exaustão prolongada

e diminuição de interesse, em especial em relação ao trabalho. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/5%C3%ADndrome_de_Burnot

Charlot (2006) registra que o estado de agressividade é intrínseco à

existência humana, podendo nascer da frustração e induzi-lo ao conflito.

Esse conflito pode gerar agressões físicas, como também, gerar

coisas boas, pois é através dele e do debate que o homem muda idéias e o

mundo. A agressão é um ato, enquanto a agressividade é propensão e o

conflito, um estado.

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Há agressões físicas que ferem ou matam. Por que é necessário dizer que são “violências”? Há ameaças, mais ou menos graves, insultos. Por que é preciso chamá-los de “violência” ou perguntar se merecem ser consideradas “violências”? Por que não é suficiente nomeá-los insultos, ameaças, agressões ou, em outros casos, brincadeiras, incivilidades, bullying? Por que supor que fenômenos tão diferentes pertençam à mesma categoria “violência”? (CHARLOT, 2006, p.23)

O estudo, para a definição do conceito “violência”, é necessário, pois

temos questões que afligem escolas, educadores, pais, alunos e sociedade: as

escolas estão violentas? Os alunos são violentos? Temos violência escolar?

Para podermos responder as perguntas, fecharemos concordando

com Charlot (2006) que “violência” é uma palavra, um ato ou situação em que

retira-se do homem a dignidade e direitos como membro de uma sociedade.

Assim, é o contrário de educação, que auxilia na construção do ser humano

como ser social e singular.

2 Método

A abordagem utilizada para a efetivação do trabalho é de natureza

qualitativa e descritiva, baseada em referencial teórico e documental, com

interpretação e análise comparativa das narrativas existentes nos livros de

registros de ocorrências das escolas estaduais do município de Londrina, do

período de abril a julho de 2007.

Utilizamos questionários fechados (ANEXO 1) para a coleta dos

dados, para registrar de forma precisa as ocorrências relatadas no cotidiano

escolar.

De acordo com Liebscher (1998), a abordagem qualitativa é

utilizada quando o fenômeno em estudo é complexo, é de natureza social, não

tende à quantificação e desenvolve-se numa situação natural. Igualmente para

Minayo, a pesquisa qualitativa se preocupa:

[...] com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalidade de variáveis. (1994, p. 21-22).

Já à pesquisa descritiva “observa, registra, analisa e correlaciona

fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los” (CERVO, BERVIAN, 2002,

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p.66), assim como “os estudos descritivos exigem do pesquisador uma série de

informações sobre o que se deseja pesquisar (...). O estudo descritivo pretende

descrever “com exatidão” os fatos e fenômenos de determinada realidade”

(TRIVINÕS, 1987, p.110).

Para a coleta dos dados, foram selecionadas seis escolas de

diferentes regiões da cidade, as quais ofertavam das séries iniciais do

fundamental ao ensino médio. As escolas escolhidas já apresentavam

históricos de conflitos e agressões no âmbito escolar.

3 Resultado

A coleta de dados aconteceu com o apontamento e classificação dos

fatos registrados nos Livros de Ocorrências, das instituições de ensino. Neles

são registrados atos violentos, agressivos e conflituosos que ocorrem no dia a

dia da escola, abrangendo alunos considerados indisciplinados e situações de

difícil resolução imediata. Percebemos que o registro acontece nos momentos

em que a Direção da escola é chamada, quando não se sabe mais o que

“fazer” com aquele/a aluno/a. Entende-se aqui, que com a intervenção da

Direção, o assunto torna-se “oficial” e quando é “oficial”, registram-se os fatos

em documentos próprios.

Para exemplificar, podemos citar um dos dados coletados nas seis

escolas estaduais: o número de registros de agressões verbais de alunos para

com professores. Identificamos 81 casos de agressões verbais, contra 06 de

agressões físicas, considerando o número de registros relatados em um

universo de 2.550 alunos.

Ora, percebe-se que o número de agressões verbais é quase 14

vezes maior que o de agressões físicas e ambos são denominados, no senso

comum, como violência escolar. Quase 90% das agressões verbais são

registros de “falta de respeito” ou “falta de educação” para com o professor,

pedagogo ou diretor da escola.

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Se pensarmos os conflitos como atos corriqueiros de uma instituição

escolar, poderíamos então classificá-los como indisciplinas, incivilidades ou

rebeldias, comportamentos próprios da adolescência.

Gritos, brigas, furtos, fugas da escola: eis algumas das condutas que aparecem como problemáticas nas narrativas dos livros de ocorrência. Em um nível muito básico de descrição, os livros de ocorrência servem para agir sobre os comportamentos infantis percebidos como indisciplinados, visando corrigi-los. (RATTO, 2007, p.21).

Esses atos indisciplinares devem ser previstos na dinâmica da

escola e com intervenções constante nos Projetos Políticos Pedagógicos, pois

muitas vezes o que significa “falta de respeito” ou “grosserias” para os

educadores, são comportamentos naturais vivenciados pelas crianças e

adolescentes no seu meio cultural e social. Talvez o comportamento formal e

rígido dos professores e a não aceitação de atitudes pouco polidas dos alunos,

sejam motivos de desencadeamento dos atos agressivos dentro da escola.

Percebemos também que os registros dos atos violentos nos livros

oficiais, variavam em “graus de importância” de uma instituição para outra. O

que era indisciplina para uma escola e não tendo necessidade de anotações,

para outra, o mesmo ato já era motivo de documentar-se.

... a inconveniência em delimitar as fronteiras aumenta devido ao fato de que o significado de violência não é consensual. O que é caracterizado como violência varia em função do estabelecimento escolar, do status de quem fala (professores, diretores, alunos...), da idade e provavelmente, do sexo. (ABRAMOVAY, 2002, p. 72).

Em relatos informais das Direções das escolas, constatamos que

os professores entendem que as instituições de ensino não estão violentas,

mas indisciplinadas. Gera-se aí contradição, pois quando acontece realmente

um ato violento, em alguma escola da cidade, todos passam a afirmar que

todas estão violentas.

As mídias escrita e televisiva possuem papel importantíssimo na

divulgação dos fatos, podendo mobilizar a sociedade para reflexões positivas

ou negativas e são nas negativas que instauram no leitor ou espectador, o

sentimento de insegurança e medo.

Com base nos resultados levantados em uma pesquisa realizada com

professores da rede estadual de ensino, elaboramos um plano de ação e de

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intervenção, em uma das escolas públicas, para o enfrentamento à violência e

indisciplina.

4 Intervenção em um Estabelecimento de Ensino Público Estadual

Muitos professores, coordenadores e diretores se queixam da

indisciplina/violência dentro do espaço escolar e mediante esta preocupação

generalizada, escolhemos uma dentro das seis escolas pesquisadas

anteriormente e sugerimos a criação de grupos de estudos sobre o tema.

Antes de formarmos os grupos para as discussões, aplicamos um

questionário aos professores (ANEXO 2), equipe técnico-pedagógica e direção

sobre o que eles entendiam de violência, indisciplina e incivilidades.

Nos resultados coletados, observamos que a maioria dos

entrevistados tinham clareza na distinção dos termos e em suas implicações no

cotidiano escolar. Dentro das perguntas propostas no questionário, destacamos

a que pede para definir o aluno indisciplinado e a que pede para assinalar

situações de violência dentro da escola. Nas respostas percebemos a clareza

das definições do que é ser aluno indisciplinado e ser aluno violento.

Percebemos também, que nesta escola, os índices registrados de indisciplina e

de incivilidades eram maiores que as de violência e dentro do campo dos

registros dos atos violentos, os mais documentados eram agressões verbais

aluno-aluno e agressões físicas aluno-aluno.

Em um primeiro momento, encontramos dificuldades relacionadas

ao período e duração dos grupos de estudos. A diversificação da carga horária

e da quantidade de escolas em que os professores atuam, foi o grande entrave

de nossos encontros. Conseguimos momentos em reuniões pedagógicas

previstas em calendário escolar, aulas vagas e muitas vezes, nas hora-

atividade de alguns professores.

No início dos trabalhos, pudemos notar o pouco conhecimento

teórico-científico dos participantes sobre o tema, mas observamos o grande

conhecimento no “senso comum” de suas causas, como por exemplo, a falta

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da educação familiar, o descaso dos pais com a vida escolar dos filhos e o

cansaço dos professores de presenciar atos violentos e ficar de “mãos atadas”.

Para implementarmos nossas discussões, iniciamos com leituras

de diversos autores, com Groppa, Schilling e Abramovay e algumas queixas

foram registradas, como o fato de não ter já pronto sugestões de intervenções

para aplicação imediata na instituição. Do ponto de vista docente, as

intervenções previamente sugeridas, serviriam para qualquer instituição de

ensino e não haveria necessidade de análise do perfil dos alunos e da

comunidade já que as incivilidades e atos violentos são praticamente os

mesmos em todas as escolas. Por outro lado, a expectativa e o interesse de se

conhecer pontos de vista, teorias e pesquisas diferentes, deixou o grupo mais

animado e concentrado.

Dentre os autores estudados, Tavares dos Santos (2001), foi talvez,

o mais próximo da realidade das necessidades da escola. Segundo o autor,

algumas intervenções sugeridas em sua pesquisa como o respeito ao outro

com a difusão da ética e solidariedade, o desenvolvimento de ambientes

solidários, humanistas e cooperativo; intenções de melhoria no relacionamento

positivo e duradouro entre alunos, professores e funcionários e a criação de um

tempo não escolar assumido pela escola para a interação com a comunidade.

Para se alcançar e executar algumas destas sugestões propostas,

a direção, junto com o corpo docente e funcionários, tiveram que tomar

medidas imediatas de melhoria de relacionamento e de contenção das

indisciplinas e violências cometidas dentro do espaço escolar.

Algumas das medidas adotadas foram:

a) o uso por todos os professores do cartão “vale-saída”. O aluno só pode

sair da sala de aula para tomar água ou ir ao banheiro portando o

cartão, no qual consta o nome do professor e sua disciplina. Tal medida

impede que encontrem-se alunos fora de sala sem justificativa ou os que

chegam atrasados e não entram em sala.

b) mapeamento constante dos alunos em sala de aula e remanejamento de

alunos para outras turmas ou turnos. Percebeu-se que o mapeamento

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realizado no início do ano letivo, com o tempo, sofria alterações

espontâneas por parte dos alunos e na correria do dia a dia, o professor

acabava por deixar do jeito que estava. Isso gerava o aumento das

conversas paralelas e brincadeiras, prejudicando o rendimento e a

compreensão do conteúdo. O remanejamento de alunos também se fez

necessário, pois a escola possuí muitos alunos em defasagem idade-

série e após alguns remanejamentos de turnos, percebeu-se que os

alunos se identificaram melhor com seus pares.

c) resgate pedagógico. Esta intervenção já era aplicada anteriormente na

escola, mas com o tempo deixou-se de usar. Esta intervenção é o “ a

mais” que o professor aplica ao aluno para resgatar algum conteúdo que

ainda ficou sem compreensão ou entendimento. O aluno recebe mais

explicações sobre o conteúdo e leve para casa, com o conhecimento

dos pais, as atividades, pesquisas e trabalhos sobre o assunto. Isso

aproximou a família da escola, pois ela ficou comprometida com a

realização e entrega das atividades.

d) reuniões periódicas com os pais dos alunos. Estas reuniões com os pais

acontecem para aqueles alunos com dificuldades na aprendizagem e

com problemas indisciplinares. São firmadas parcerias entre a família e

a escola para buscar a melhoria pedagógica e disciplinar do aluno.

Tais ações estão, neste momento, em vigor e provavelmente

estarão inseridas no Projeto Político da escola no ano de 2009.

Em nossos grupos de estudos, a conclusão final é que não há

trabalho individual, mas inteiramente coletivo. Não há como enfrentar

situações conflituosas sozinho, o grupo, a escola, deve se unir com uma

única finalidade, educar com qualidade e respeito por todos.

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5 Programas Oficiais de Enfrentamento à Violência

Nos encontramos em momento de reflexão sobre a

violência escolar em todo país e algumas questões abordadas pela

sociedade, como a manifestação da violência nas escolas públicas, nos

deixam apreensivos.

Percebe-se um consenso da imprensa brasileira em

afirmar que atos agressivos e conflituosos só ocorrem nas instituições

públicas de ensino. Isto se confirma com a publicação do artigo de uma

revista de grande circulação no país, no mês de setembro / 2007, em que o

autor afirma que 87% das crianças brasileiras em idade escolar estão no

ensino fundamental público e 13% na educação privada.

Segundo o mesmo autor, o único ponto de encontro entre

os dois grupos é quando as crianças da escola pública entram no mundo do

crime e avançam armados para os carros dos outros 13% (Ioschpe, 2007).

Ora, em nenhum momento foi mencionado que os 13% restantes, queimam

índios, espancam empregadas domésticas e atiram ovos podres pelas

janelas dos edifícios das regiões nobres das cidades.

De acordo com Laterman (2000, p.31), “a presença de

jovens de todos os estratos sociais como sujeitos da violência denuncia a

dicotomia exclusão / privilégios como faces da mesma moeda”. O autor nos

mostra que, independente da situação social, a violência pode ocorrer a

qualquer momento e em qualquer lugar.

As relações sociais entre público-privado, pobre-rico e

cidadão com direitos e cidadão sem direitos não são levados em conta em

artigos que exploram o senso comum. Abordada anteriormente, a violência

perpassa por sérios problemas sociais, econômicos e políticos como a

exclusão, o abandono, o desemprego e a miséria. É leviandade acreditar

que as diferenças de classes sociais sejam os motivos de todas as

violências acometidas na escola.

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As políticas públicas de enfrentamento à violência

escolar existentes hoje, possuem programas federais, estaduais e municipais,

alguns divulgados amplamente, outros, em fase de construção.

Dos programas federais, destacamos “Escola que

Protege”, “Escola Aberta”, “Educação Integral” e “Cultura para a Paz”. Tramita

ainda pelo Congresso Nacional, o Projeto de Lei para a implantação do

programa SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Sócio-Educativo).

Dos programas do estado do Paraná, “Projeto de

Enfrentamento à Violência Escolar” (em construção), “Patrulha Escolar”,

“FICA” (Programa de Mobilização para a Inclusão Escolar e a Valorização da

Vida) e a “Rede de Proteção Integral à Criança a o Adolescente” , e do

município de Londrina/ Pr., “Londrina Pazeando”.

Considerações Finais

Temos clareza da complexidade que envolve a discussão a respeito

do tema violência e, especificamente, sobre a violência escolar. Não temos a

pretensão de apontar respostas, pelo contrário, vamos registrar novos

questionamentos à temática, a partir da análise de dados coletados nas seis

escolas da rede pública estadual do Paraná, da cidade de Londrina.

A escola trabalha com jovens e por isso convive com todas as

mudanças comportamentais decorrentes da juventude. Essas mudanças

tornaram-se precoces, justificando a existência do pensamento saudosista do

educador que “no seu tempo não era assim”.

Percebe-se na pesquisa, que a maioria dos professores são apenas

espectadores das indisciplinas e agressividades e por vários motivos, em

especial o acúmulo de carga horária e a diversidade de escolas em que

trabalha, torna-o intolerante com as incivilidades juvenis.

Para concluirmos, como lidar com a ”violência” do adolescente, se

ele mesmo não se entende como ser social e pertencente a uma sociedade

organizada em regras? Como pensar em punições, polícia, detenções para um

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ser humano que está se descobrindo como ser único, procurando entender sua

relação com os outros e com o mundo? Como culpar o professor e a escola de

não cumprir seu papel social, se historicamente sempre foram deixados à

margem?

Efetivamente há necessidade de estudos e reflexões aprofundados

sobre o tema, para que não julguemos a escola, o professor e o aluno, no

senso comum.

Referências Bibliográficas

ABRAMOVAY, Mirian. Cotidiano das Escolas: entre violências. Brasília, UNESCO, 2006.

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20

ANEXO 1

PESQUISA – LIVRO DE REGISTRO DE OCORRÊNCIAS DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO ESTADUAL DA CIDADE DE LONDRINA

ESTABELECIMENTO: DATA/PERÍODO: TURNO: SÉRIES: Nº DE ALUNOS:

1) Agressão Verbal ( dentro do espaço escolar ):

Aluno/Professor Professor/Aluno Aluno/Aluno

2) Agressão Física ( dentro do espaço escolar ):

Aluno/Professor Professor/Aluno Aluno/Aluno

3) Desentendimentos (brigas) em sala de aula:

Aluno/Aluno Aluno/Professor Professor/Aluno

4) Depredação do prédio escolar:

carteira/cadeira pátio cortinas banheiros

21

paredes janelas/portas

5) Apreensão de objetos não pertinentes ao cotidiano da escola:

arma de fogo cigarros/isqueiros

faca/estilete bebidas alcoólicas

drogas bombas (explosivos)

6) Furtos:

Objetos da escola Objetos pessoais (professores/alunos)

7) Danos aos pertences particulares:

do Professor do Aluno

8) Outros:

TIPOS DE AGRESSÕES VERBAIS

Palavras grossas Insultos

Discussões Bate-boca

Ofensas Palavrões

Apelidos feios Difamação

Falta de respeito Xingamentos

Brincadeiras de mal gosto Grosserias Agressão aos ouvidos com palavrões Berros

Acusações indevidas Ridicularizações

Outros:

TIPOS DE AGRESSÕS FÍSICAS

Bater na cabeça Puxar cabelo

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Dar coque Ferir

Machucar gravemente Chutar

Dar paulada Dar socos e pontapés

Dar tapa na cara Dar murro nas costas

Empurrar Espancar

Dar pescoção Cuspir na cara do colega

Empurra-empurra Colar chicletes no cabelo

Outros:

ANEXO 2

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Pesquisa de Opinião Junto aos Professores da Rede Estadual de Ensino

Março 2008

1- Voltando o seu olhar para o contexto escolar, como você define:a) Violência:b) Indisciplina:

2- Em sua opinião, a indisciplina dos alunos:( ) Está suportável( ) Está assustadora( ) Tornou-se incontrolável( ) Você não tem esse problema

3- As situações de violência no interior da escola:( ) São constantes( ) Raramente acontecem( ) Estão incontroláveis( ) A escola não tem esse problema

4- Comparando a indisciplina deste ano com anos anteriores você pode afirmar que:

( ) Ela aumentou( ) Está igual( ) Ela diminuiu( ) A escola perdeu o controle

5- Comparando as situações de violência no interior da escola, deste ano com anos anteriores:

( ) A violência aumentou

24

( ) Está igual( ) A violência diminuiu( ) A escola perdeu o controle

6- Você pode afirmar que as principais causas das situações de violência e indisciplina no interior da escola são:

( ) Desestruturação familiar( ) Omissão dos pais( ) Pais coniventes com os erros dos filhos( ) Aulas monótonas( ) Influência negativa da mídia( ) A escola que não tem projetos extra curriculares( ) A escola não deixa claro seus limites( ) Falta de atitude mais firme por parte da direção( ) Falta de domínio de sala por parte de alguns professores( ) Falta de atitude mais firme da equipe pedagógica( ) Metodologia de ensino inadequada( ) Reprovação( ) Dificuldades de aprendizagem( ) Inadequação da idade do aluno com sua série( ) Currículo inadequado( ) Outros

7- Pensando nas situações de violência em relação à pessoa, você pode afirmar que na sua escola existe ou já existiu:

( ) Desacato, agressões físicas ou verbais a professores por parte de pais ou responsáveis pelos alunos,( ) Desacato, agressões físicas ou verbais a professores por parte dos alunos,( ) Desacato, agressões verbais, humilhações por parte dos colegas de trabalho,( ) Brigas envolvendo os alunos,( ) Brigas envolvendo alunos e pais,( ) Tráfico e consumo de drogas,( ) Furtos

8- Com relação a participação das famílias na vida escolar dos alunos, você considera:

( ) Plenamente satisfatória ( ) Satisfatória ( ) Insatisfatória

9- Na sua opinião que tipo de ações promoveriam de forma eficaz a integração família-escola?

10-Como você define um aluno indisciplinado?

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11-Como os profissionais abaixo devem agir para o enfrentamento das situações de violência e indisciplina no interior da escola?

a) Direção:b) Professores:c) Pedagogos:

12- Que tipo de ações a escola e os órgãos colegiados devem promover para o enfrentamento das situações de violência e indisciplina no interior da escola?

26

ANEXO 2