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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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NORMA KOGLIN VIDOTTO

O SENSO DE AUTOEFICÁCIA E AS RELAÇÕES COM O NÃO

APRENDER

___________________________________________________________________

LONDRINA 2011

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O SENSO DE AUTOEFICÁCIA E AS RELAÇÕES COM O NÃO APRENDER

Autora: Norma Koglin Vidotto1

Orientadora: Francismara Neves de Oliveira2

RESUMO

O presente artigo relata o resultado das ações desenvolvidas no projeto de intervenção: A Sala de Apoio à Aprendizagem, como espaço de intervenção para a promoção da Autoeficácia em alunos com dificuldades de aprendizagem. A pesquisa, de abordagem quali-quantitativa, objetivou investigar a autoeficácia dos alunos que frequentam o Programa Sala de Apoio à Aprendizagem de uma escola do município de Arapongas-Pr, com análise nas seguintes questões norteadoras: qual a relação entre autoeficácia e dificuldades de aprendizagem escolar? Como uma proposta de intervenção pode atender às necessidades de favorecer o auto-gerenciamento das atividades escolares? Participaram do estudo 11 alunos com idade entre 11 e 14 anos. A referida intervenção objetivou auxiliar os alunos a organizar melhor seus estudos e desencadear crenças mais positivas em relação às suas próprias realizações. O trabalho buscou suporte teórico, na Teoria Social Cognitiva, de Albert Bandura que em seus estudos e pesquisas, ressalta a importância das crenças de autoeficácia de uma pessoa como fator determinante de seus pensamentos, afetos, comportamentos e motivação. Os resultados do presente estudo indicaram que é possível oportunizar aos alunos espaços reflexivos que permitam o desenvolvimento do senso de autoeficácia e subsidiar a elaboração de estratégias de aprendizagem mais eficazes, além da organização de hábitos referentes aos estudos. Palavras chaves: Dificuldade de aprendizagem. Autoeficácia. Intervenção pedagógica. Salas de apoio à aprendizagem.

1 VIDOTTO, Norma Koglin. Professor pedagogo atuando na rede pública estadual há vinte e três anos. Licenciada em Pedagogia com habilitação em Orientação Educacional, pela FAFIJAN e pós graduada em Didática e Metodologia de Ensino, pela UNOPAR.

2 OLIVEIRA, Francismara Neves de. Professora Orientadora IES/UEL. Pós Doutora em Psicologia da Educação pelo Instituto de Psicologia da USP. Doutora em Educação - UNICAMP, mestre em Psicologia da Educação – UNICAMP.

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1 INTRODUÇÃO

Diante de inquietações surgidas no cotidiano escolar com relação aos alunos

que se apresentam cada vez mais desmotivados, desinteressados,

descomprometidos na execução das tarefas e trabalhos escolares, surgiu a

problemática do presente artigo.

Partindo da premissa de que o psiquismo humano funciona com base nos

sentidos e significados historicamente construídos e compartilhados culturalmente e

que diferentes teorias reconhecem a existência de elementos contextualmente

articulados na aprendizagem do aluno, buscou-se aporte teórico em pesquisas

atuais sobre dificuldades de aprendizagem, que apontam para a importância do

estudo de variáveis internas como as escolhas, crenças, expectativas e afetos, que,

influenciando o indivíduo, constituem-se importante mediador do processo ensino-

aprendizagem. Dentre essas variáveis destaca-se a autoeficácia, que se refere à

crença que o indivíduo tem sobre sua capacidade de desempenho em atividades

específicas.

Considerando este contexto que interfere no processo de ensino-

aprendizagem, o estudo objetivou investigar a autoeficácia dos alunos que

frequentam o Programa Sala de Apoio à Aprendizagem, espaço de (re)significação

do aprender e de apropriação de novos modos de construir conhecimentos,

buscando responder a algumas indagações: Que relações há entre dificuldades de

aprendizagem e autoeficácia? Como uma proposta de intervenção pedagógica pode

favorecer o desenvolvimento da autoeficácia e auto-gerenciamento das atividades

escolares em alunos tidos com dificuldades de aprendizagem?

O Programa Sala de Apoio à Aprendizagem, na Rede Pública no Estado do

Paraná foi implantado em 2004, considerando que boa parte dos alunos na 5ª série

(6º ano) do Ensino Fundamental, apresenta dificuldades de compreensão na Língua

Portuguesa e Matemática. Trata-se de um espaço oficial de ação no contra turno

nas escolas estaduais no Paraná.

O referido programa foi implantado com o objetivo de auxiliar o aprendizado

dos alunos e permitir um trabalho de (re)significação do aprender. No sistema

educacional atual há queixas com relação ao funcionamento deste programa que

inicia as atividades nas primeiras semanas do ano letivo quando ainda não houve

avaliação dos alunos; quanto ao modo como profissionais sem vínculo nenhum com

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a escola e/ou que nunca atuaram nas séries iniciais, são destinados a trabalhar

nesse espaço; por não haver preocupação com a capacitação dos profissionais

incentivando o estudo do processo ensino-aprendizagem, entre outros elementos.

No contexto em que nossa pesquisa se desenvolveu, devem ser considerados

vários aspectos interrelacionados e na tentativa de ressaltar os processos cognitivos

do ensinar e aprender é que a temática da autoeficácia foi selecionada.

Este artigo foi organizado em duas partes: a primeira pontua algumas

questões sobre a Teoria Social Cognitiva, fazendo uma abordagem do modo como

as crenças, julgamentos e percepções podem influenciar no comportamento e na

aprendizagem dos alunos. A segunda traz considerações a respeito da intervenção

pedagógica realizada na escola, junto aos alunos da Sala de Apoio à Aprendizagem,

trabalho este que faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),

destinado aos professores da Educação Básica das Escolas Públicas do Paraná,

turma de 2009.

2 O QUE DIZ A TEORIA SOBRE A AUTOEFICÁCIA: A PERSPECTIVA TEÓRICA

COGNITIVISTA

A Teoria Social Cognitiva tem em Bandura3, o seu maior representante. Ele

centraliza suas pesquisas nas relações que ocorrem entre o comportamento do

indivíduo, os fatores pessoais, na forma de cognição, afetos e eventos biológicos e o

ambiente, que segundo ele, influenciam-se mutuamente (AZZI; POLYDORO, 2006,

p. 17).

Bandura (apud SOUSA, 2007), considera o homem, não um ser passivo,

totalmente dominado pelas ações do meio, mas um ser influente em todos os

processos. Um participante ativo dos rumos de sua vida, que de acordo com seu

interesse, pode interferir no curso dos acontecimentos da mesma. Para ele: “O

homem aprende e adquire experiências observando as consequências dentro do

seu ambiente, assim como as vivências das pessoas a sua volta.”

Compreender que o homem tem em suas mãos as possibilidades de

3 Bandura, Albert, nascido em 1925, é um psicólogo canadense. Durante uma carreira de quase seis décadas, Bandura tem sido responsável pela inovadora contribuição para muitos no campo da psicologia, incluindo a Teoria SocialCognitiva , terapia e psicologia da personalidade , e também foi influente na transição entre o behaviorismo e a psicologia cognitiva . Ele é conhecido como o criador da Teoria da Aprendizagem Social e a Teoria da Autoeficácia.

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gerenciamento de suas ações e pensamentos tornam as relações com o meio auto-

reguladas e confere maior clareza às ações.

Torisu e Ferreira (2009, p. 170), citando Bandura corroboram essa ideia ao

afirmar que:

O comportamento humano, gerado a partir das interações do indivíduo com o meio, pode variar de indivíduo para indivíduo. O ambiente se apresenta de modo igual para todos e é denominado, dentro da Teoria Social Cognitiva, de ambiente potencial. Dentro deste ambiente potencial, o indivíduo faz um recorte do que lhe parece importante, criando o seu ambiente real. É neste ambiente real que ele passa a atuar e exercer sua capacidade de agência humana, influenciando-o e sendo influenciado por ele.

Dessa forma, considerando que o aluno passa grande parte do seu tempo

no ambiente escolar, justifica-se por que seu comportamento é afetado pelas

relações que lá se estabelecem. Acontece que, a interpretação que o indivíduo faz

dos episódios por ele vivenciados no meio em que convive, dão origem às crenças e

expectativas sobre si mesmo, incluindo a sua inteligência. Dentre estas crenças

destaca-se a autoeficácia.

Pajares e Olaz (2008 apud TORISU; FERREIRA, 2009, p. 170), afirmam que

a Teoria Social Cognitiva tem muito a contribuir, pois:

[...] os professores podem trabalhar para melhorar os estados emocionais de seus alunos, corrigirem suas autocrenças e hábitos negativos (fatores pessoais), melhorar suas habilidades acadêmicas e práticas autorregulatórias (comportamento) e alterar as estruturas da escola e da sala de aula que atuam de maneira a minar o sucesso dos estudantes.

Posto isto que demarca o referencial teórico empregado na análise que

fazemos, passamos a discutir alguns importantes constructos da teoria que servem

para a compreensão da relação que fazemos entre a Autoeficácia e Dificuldades de

Aprendizagem.

2.1 CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA

No contexto da Teoria Social Cognitiva, a Teoria da Autoeficácia foi

desenvolvida por Bandura nos anos de 1977, 1982, 1984, 1986, 1995, 1997, e tem

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sido apropriada em diversos campos do conhecimento, inclusive na área

educacional.

No campo educacional tem sido particularmente aplicada às crianças com

dificuldades de aprendizagem. Segundo Medeiros et al. (2003, p. 94), a autoeficácia

dos estudantes, juntamente com outras crenças e atitudes em relação à

aprendizagem, tem sido forte preditora do desempenho acadêmico. Estudos indicam

que esta, ao mesmo tempo em que influencia o desempenho escolar, é influenciada

por ele, tendo implicações no desenvolvimento da criança como um todo.

De acordo com Pajares (apud AZZI; POLYDORO, 2006, p. 10):

[...] Um grande conjunto de pesquisas mostra suporte à formulação de Bandura de que crenças de autoeficácia tocam virtualmente em todos os aspectos da vida das pessoas, se elas pensam de forma produtiva, auto-debilitadora, pessimista ou otimista; quão bem elas motivam a si mesmas e perseveram face às adversidades.

Segundo Azzi e Polydoro (2006, p. 14), Bandura em suas pesquisas define

diferentes características de autoeficácia, porém as diferentes formulações a

reafirmam como fenômeno de caráter subjetivo, (crenças) sobre possibilidades

pessoais (crenças de capacidade) de ser agente na produção da própria trajetória,

(organizar e executar), cuja concepção está relacionada a metas e objetivos

(produzir certas realizações).

Schunck (1991 apud BZUNECK, 2004, p. 116), define autoeficácia, “como

uma avaliação ou percepção pessoal quanto à própria inteligência, habilidades,

conhecimentos, entre outros, representados pelo termo capacidade”.

Capacidade esta, direcionada para organizar e executar linhas de ação, o

que significa uma expectativa de “eu posso fazer” determinada ação. São as

convicções pessoais quanto a dar conta de uma determinada tarefa. Não se trata de

possuir ou não capacidade para realizá-las, mas de acreditar que é capaz.

Segundo Bandura (1997 apud NUNES, 2008, p. 30):

[...] os tipos de resultados que as pessoas antecipam às suas ações dependem amplamente do seu julgamento de quão bem serão capazes de agir em dadas situações. Aqueles que se julgam altamente eficazes irão esperar resultados favoráveis das suas ações, enquanto os indivíduos com baixa autoeficácia esperarão performances medíocres e, conseqüentemente, resultados negativos. A noção ressaltada é que as pessoas tendem a ver os

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resultados de suas ações como contingentes à adequação de sua performance. Sendo assim, elas baseiam-se nos julgamentos de autoeficácia para tomar decisões sobre quais cursos de ação irão realizar.

O senso de autoeficácia tem sua origem em informações obtidas e

processadas pelo sujeito, através de experiências, realizações e desempenhos

anteriores que vão se constituindo a partir de quatro fontes: Experiências de Êxito,

Experiências Vicárias, Persuasão Verbal e Indicadores Fisiológicos, sendo que estas

podem atuar de forma independente ou combinada (BANDURA, 1977, 1986, 1997,

2004 apud AZZI; POLYDORO, 2006, p. 16).

Schunk (1989 apud BZUNECK, 2004, p. 122), considera as Experiências de

Êxito mais importantes para o desenvolvimento das crenças de autoeficácia, pois

são as realizações e desempenhos anteriores, que garantirão ao aluno ou ao

indivíduo, maior fonte de informações sobre a sua capacidade. Isto é, quanto maior

sucesso ele tem em determinada atividade ou domínio, mais confiante torna-se a

respeito de suas capacidades para desempenhos futuros. Também o contrário,

fracassos repetidos, acabam desestimulando o aluno e podem dar origem a um

sentimento mais pobre de autoeficácia.

As Experiências Vicárias são aquelas decorrentes das observações e

imitações do comportamento dos colegas. Observações de que estes conseguem

bons resultados, sugerem ao aluno que também ele é capaz de dar conta de

desafios semelhantes, porém, se o mesmo verificar que seus companheiros não

estão tendo sucesso, provavelmente também concluirá que não terá êxito, caso se

julgue no mesmo nível deles (BZUNECK, 2004, p. 123).

A Persuasão Verbal refere-se à maneira de como aqueles com quem nos

relacionamos utilizam-se das palavras. Palavras otimistas, estimuladoras,

incentivadoras, influenciam positivamente, palavras negativas e destrutivas, tendem

a afetar a forma como o indivíduo reage diante de determinada tarefa, por isso a

importância do professor expressar que acredita nas habilidades de seus alunos,

encorajá-los e estimulá-los, valorizando o crescimento por menor que seja.

Finalmente, as percepções dos estados fisiológicos, tais como a ansiedade,

cansaço, estados de humor, estresse, ansiedade, o temor frente à execução de

certas tarefas, podem interferir no modo como as pessoas se sentem, prejudicando

na execução das atividades e influenciando as percepções de autoeficácia.

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Pesquisas mostram que alunos com fortes crenças na sua eficácia

acadêmica, tendem a se esforçar mais, são mais flexíveis no uso de estratégias,

organizam melhor as tarefas escolares, obtêm melhores resultados de

aprendizagem, fixam e cumprem metas, com objetivo de evitar o fracasso.

(BORUCHOVITCH, 1994; MONTERO et al., 1999; MEDEIROS et al., 2000;

BZUNECK, 2001b; NEVES; BRITO, 2001 apud GIMENEZ, 2007).

Por outro lado, alunos com queixa de dificuldades de aprendizagem,

apresentam autoeficácia mais baixa, consideram-se pouco competentes para a

execução, com sucesso, de determinadas atividades acadêmicas.

Medeiros et al. (2003, p. 99), em seus estudos concluíram que:

[...] Alunos que apresentam baixo senso de autoeficácia em um dado domínio tendem a evitar tarefas difíceis, percebendo-as como ameaça pessoal, apresentam baixas aspirações e envolvimento com metas, mantém o foco mais no autodiagnóstico do que como ter boa realização e desempenho. Diante de tarefas difíceis, geralmente, fixam-se muito mais nas deficiências pessoais, nos obstáculos que irão encontrar e todos os tipos de resultados aversivos. Percebem-se como ineficazes, tendem a afrouxar seus esforços e fugirem rapidamente de situações de dificuldade.

3 METODOLOGIA

O presente estudo, de abordagem quali-quantitativa, desenvolveu-se na

modalidade de estudo de caso, que segundo Martins (2006), permite que os dados

sejam tratados de modo relacional e, portanto ofereçam por meio de distintas fontes

de informação, um retrato do contexto estudado. No caso da pesquisa realizada, as

atividades desenvolvidas durante a intervenção foram reunidas no conjunto de

dados que analisam uma Sala de Apoio à Aprendizagem, lócus do estudo realizado.

3.1 PARTICIPANTES

Onze (11) alunos, sendo dez (10) alunos do sexo masculino e um (01) do

sexo feminino, na faixa etária de onze a quatorze anos, que cursavam as quintas

séries do Ensino Fundamental de um Colégio da Rede Estadual, do município de

Arapongas, no Estado do Paraná e que freqüentavam a Sala de Apoio à

Aprendizagem, no período de contraturno, no ano de 2010.

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3.2 INSTRUMENTOS

Para a realização desta pesquisa foram utilizados dois conjuntos de

instrumentos: para a elaboração do perfil e seleção dos participantes do estudo e

para a intervenção, os quais serão descritos a seguir:

Instrumentos para a identificação do perfil e seleção dos alunos

participantes:

• Três questões que investigam idade, sexo e histórico de reprovação dos

alunos (Apêndice A).

• Roteiro de Avaliação de Autoeficácia (Anexo) (MEDEIROS et al., 2000).

Segundo Medeiros et al. (2000), o referido questionário é um procedimento

elaborado a partir dos estudos de Bandura (1993) e Shunck (1995), e permite

focalizar a percepção da criança quanto ao seu desempenho acadêmico frente às

atividades específicas e sua capacidade de realização. O roteiro elaborado por elas

é composto de 20 afirmativas, dessas 12 são relacionadas à percepção da

capacidade quanto ao desempenho acadêmico, compreendendo seis afirmativas

com significado positivo (itens 01, 03, 05, 07, 09, 20) e seis afirmativas com

significado negativo (itens 02, 12, 14, 16, 18, 19); e oito afirmativas relacionadas à

percepção de desempenho acadêmico, tendo como referência a avaliação de outros

ou a comparação com os pares, compreendendo quatro afirmativas com significado

positivo (itens 11, 13, 15, 17) e quatro afirmativas com significado negativo (itens 04,

06, 08, 10).

Os alunos têm duas alternativas de respostas, "sim" ou "não". Para a

classificação dos dados relativos ao senso de autoeficácia, as respostas são

pontuadas em 0 (zero) ou 1 (um), de acordo com a alternativa escolhida. Para as

respostas favoráveis a um senso de autoeficácia positivo é atribuído valor 1 (um),

que pode corresponder a um sim ou não, dependendo do item em questão. No

conjunto de 20 itens, nas dez afirmativas positivas a resposta sim é pontuada com

valor 1 (um), e nas dez afirmativas negativas a resposta não é pontuada com valor 1

(um). Ex.: Eu tenho me saído bem......... Sim = 1 e Não = 0 Eu quero parar de

estudar logo.....Sim = 0 e Não = 1.

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A somatória do total de pontos obtidos no conjunto de 20 itens corresponde

ao escore total, tendo-se por critério, que quanto maior a pontuação, mais alta é o

senso de autoeficácia do aluno.

3.2.1 Instrumentos utilizados na intervenção:

Para os encontros de implementação do projeto juntos aos alunos, foram

utilizados os seguintes instrumentos:

a) Roteiro de hábitos de estudos:

Construímos um roteiro com dezesseis (16) questões para que o aluno

indicasse o que predominava nas suas condutas em situação de aprendizagem

escolar. Nesse roteiro foram investigadas questões tais como: descrição do

ambiente em que realiza suas tarefas em casa e na sala de aula, os principais

elementos distrativos, estilos de aprendizagem, considerando como registra as

informações, hábitos de leitura, postura frente às avaliações, etc.

b) Filmes motivacionais, apresentados no data show:

� Tony Melendez: Uma lição de vida para todo o mundo

� Nick Vujicic - Um Exemplo de Vida

Os personagens são exemplos de determinação e perseverança, e indicam

a possibilidade de discutir o senso de autoeficácia.demonstrando a capacidade que

todos trazem dentro de si.

c) Boletim de rendimento escolar dos alunos:

Documento oficial de registro do desempenho acadêmico do aluno tanto na

escola, quanto aos órgãos oficiais de controle do Ensino no país.

d) Material de consumo: sulfite, lápis de cor, cola, cartolina laminada, cartolinas,

gráficos:

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e) História infantil: “Pinóquio”

f) Textos:

� Texto redigido pela pesquisadora, em resposta ao pedido de Gepeto;

� Texto: a origem da bola

g) Jogos:

Encontre os sete erros, quebra cabeça, tangran e dominó de subtração.

Atividades lúdicas focado na promoção da atenção e concentração dos alunos.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS E INTERVENÇÃO

A pesquisa é fruto da intervenção realizada na escola em cumprimento a uma

das etapas do programa de capacitação aos professores da Educação Básica do

estado do Paraná, PDE.

Primeiramente houve a divulgação do referencial teórico que dá suporte ao

referido projeto e de suas ações à direção do colégio e aos professores que

trabalham com os alunos da Sala de Apoio à Aprendizagem4.

Após termos acesso ao rendimento escolar referente aos três bimestres dos

freqüentadores da Sala de Apoio à Aprendizagem, os alunos responderam a um

roteiro que nos permitiram conhecer alguns dados: idade, sexo, histórico de

reprovação.

Em seguida foi aplicado a eles um instrumento específico de investigação do

senso de autoeficácia. “Roteiro de Avaliação de Autoeficácia.” (MEDEIROS et al.,

2000). A aplicação do questionário deu-se no próprio turno do Apoio, cada qual em

seus respectivos horários. Houve a necessidade da aplicação de alguns

questionários individualmente, devido à ausência dos alunos quando da primeira

aplicação.

4 Programa criado em 2004, pela Secretaria Estadual da Educação do Estado do Paraná, através da Resolução Secretarial nº 208/04 e da Instrução Conjunta nº 04/04–SEED/SUED/DEF, para dar atendimento aos alunos que chegam às quintas séries, 6° ano, com dificuldades de aprendizagem nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática (PARANA, 2004a, 2004b).

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Para garantir uma melhor compreensão da proposta do instrumento, as

questões foram lidas pausadamente pela pesquisadora PDE e cada aluno,

individualmente, respondiam ao seu questionário.

A partir dos dados obtidos com a aplicação do questionário de autoeficácia,

tendo como critério os alunos que freqüentam a Sala de Apoio à Aprendizagem e

realizada a tabulação dos dados, foram excluídos os alunos que apresentaram

pontuação acima de quinze (15) pontos, considerando-se que vinte (20) pontos é a

nota máxima no teste. Elegemos os resultados que variavam entre oito e quinze, (8

e 15 pontos), tendo sido encontrado na amostra vinte e dois (22) sujeitos, que

atendiam ao critério.

Dos vinte e dois sujeitos, constituímos através de sorteio, o grupo de onze

alunos participantes da intervenção. Os procedimentos éticos de pesquisa foram

seguidos, pais e alunos responderam ao Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice B).

Após este momento, em novo encontro com o grupo de alunos, foi aplicado

o roteiro de identificação dos hábitos de estudos. A pesquisadora lia as questões

pausadamente e os alunos respondiam assinalando as alternativas mais reveladoras

dos seus hábitos de estudo.

No terceiro momento foi desencadeada uma discussão a partir da exibição

de dois filmes motivacionais. Os filmes foram exibidos em sequência e em seguida a

análise dos mesmos foi oportunizada para que os alunos pudessem refletir a

respeito do enredo e sobre os principais destaques na história dos personagens,

levando-os à reflexão sobre possibilidades de mudanças de hábitos, para melhor

êxito nos estudos.

O quarto momento de intervenção com o grupo de alunos permitiu a

elaboração de gráfico para visualização do rendimento escolar individual e coletivo

do conjunto das matérias e das disciplinas individualmente.

Levamos para cada aluno, folhas de sulfite, contendo suas notas dos três

bimestres nas disciplinas de Arte, Ciências, Educação Física, Geografia, História,

Português, Matemática e Inglês. Coube ao aluno somar, achar a média e pintar o

gráfico em barra, utilizando as cores vermelho, para médias abaixo de 5,9. Amarelo,

para médias de 6,0 a 7,9 e verde para acima de 8,0.

Já para o gráfico das disciplinas, realizado no encontro seguinte, levou-se

em folha sulfite, as notas dos três bimestres de cada aluno participante. Por

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disciplina, os alunos, tiveram que achar a média e confeccionar os gráficos

utilizando-se de fichas, nas cores, vermelho, para médias abaixo de 5,9 e amarelo,

para médias até 7,9. Os alunos, de acordo com a disciplina que havia pegado,

tinham que, atentos às médias, procurar as fichas que estavam com o resultado no

verso, colando-as nos gráficos.

Prontos os gráficos, fez-se uma análise e reflexão sobre o que eles nos

apresentavam, conciliando a abordagem, com o resultado do que os alunos

responderam no roteiro de hábitos de estudos, oportunizando a tomada de

consciência da ação, o auto-gerenciamento e a auto-regulação.

O quinto encontro de intervenção com os alunos teve como desencadeador

de discussões a história do Pinóquio que foi sintetizada e lida aos alunos, pela

professora PDE. Como o objetivo era levá-los a elaborar uma rotina, com hábitos

que permitam aos mesmos organizarem-se melhor nos estudos, a história teve o

final adaptado à ocasião. O final, reportava aos alunos que estavam participando da

implementação a organizarem uma rotina diária ao Pinóquio, por uma semana.

No sexto momento de intervenção, nos servimos de Cópia, ditado, leitura.

As atividades executadas permitiram aos alunos compararem os resultados das

mesmas, com as respostas que deram aos itens relacionados no questionário de

investigação de autoeficácia, visando melhorar a auto-percepção, regulação e o

senso de autoeficácia.

Para a cópia, foi levado um texto criado pela pesquisadora o quela continha

um pedido de Gepeto para a elaboração de uma rotina para Pinóquio. Após ter sido

distribuída uma folha em branco a cada aluno, o texto foi passado no quadro-negro.

Na atividade de ditado, foi usado um tema de interesse dos alunos sobre a

origem da bola.

Além das ações descritas anteriormente, foram empregadas atividades

lúdicas oportunizadoras de momentos de ganhar-perder para que o senso de

autoeficácia diante de diferentes tarefas escolares fosse oportunizado.

Foram proporcionados aos alunos alguns jogos: dos sete erros, tangran,

quebra cabeça com 63 peças, dominó de subtração, com objetivo de promover mais

atenção e concentração dos mesmos. O desenvolvimento deste encontro com os

alunos propiciou a organização do ambiente escolar.

Os diversos materiais lúdicos espalhados pelas mesinhas proporcionaram

momentos de organização do ambiente e reflexão sobre o objetivo de estudar de

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forma e em ambientes organizados, visando um melhor aproveitamento e

rendimento durante as atividades.

No oitavo encontro da intervenção foi feita a Reaplicação do roteiro de

Autoeficácia.

A reaplicação do Roteiro visou permitir a comparação entre os resultados do

senso de autoeficácia, antes e após a intervenção.

4 RESULTADOS DAS ATIVIDADES ANTES E DURANTE O PERÍODO DE

IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

A apresentação dos resultados está dividida em dois momentos: o primeiro

faz uma análise comparativa entre os resultados do instrumento “Roteiro de

Avaliação de Autoeficácia” e o desempenho escolar dos participantes nos três

bimestres, quanto às disciplinas de Português e Matemática, que são as disciplinas

trabalhadas na Sala de Apoio à Aprendizagem. A seguir apresenta o percentual do

roteiro de Autoeficácia, tendo como discriminação a valoração positiva e negativa de

cada item do Roteiro.

O segundo momento consta da apresentação dos resultados, relativo à

intervenção propriamente dita, realizada junto ao grupo de alunos, após a primeira

aplicação do Roteiro de avaliação da Autoeficácia e a seguir compara os resultados

de Autoeficácia antes e após a intervenção.

4.1 PERFIL DOS ALUNOS PARTICIPANTES DO ESTUDO

Dos onze (11) sujeitos selecionados, dez (10) deles são do sexo masculino e

um (1) do sexo feminino, sendo que oito deles apresentam-se dentro da faixa etária

para a 5ª série, ou seja, onze (11) anos e um deles já havia completado catorze (14)

anos. Destes, oito (8) alunos nunca haviam sido retidos em nenhuma série, um (1)

deles estava cursando a 5ª série pela segunda vez, um aluno, havia sido retido por

duas vezes somente nas séries iniciais, enquanto outro, repetiu por duas vezes as

séries iniciais e estava cursando pela 2ª vez a 5ª série.

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4.2 ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA

Tabela 1 - Comparativo entre o resultado do Roteiro de Avaliação de Autoeficácia

Sujeitos Res. Avaliação

Autoeficácia

Percepção qto ao seu desempenho

Percepção comparando-se com os pares

1º Bimestre Port mat

2º Bimestre Port mat

3º Bimestre

Port mat

Média

EDO 08 02 06 6,0 6,0 4,7 8,5 6,3 7,0 6,4 WRV 08 08 00 3,3 5,4 5,1 2,6 4,5 5,9 4,4 JLG 08 04 04 4,0 6,1 6,0 4,1 4,0 6,0 5,0 MLS 10 04 06 2,5 4,0 6,4 5,0 4,5 6,4 4,7 BMM 10 04 06 7,7 4,9 6,3 4,8 4,4 3,5 5,2 GCS 12 07 05 7,5 4,2 6,0 4,5 6,5 6,4 5,8 GSA 13 07 06 6,0 5,6 4,7 3,3 7,6 5,3 5,4 DBS 13 08 05 6,5 4,5 5,1 5,0 6,5 6,6 5,6 NCJ 14 10 04 4,4 4,7 6,5 4,6 4,3 5,5 4,9 LCB 14 09 05 7,3 5,3 7,0 3,2 5,7 6,5 5,8 LJS 15 09 06 6,0 5,2 7,8 5,6 7,7 6,3 6,3

Fonte: Adaptação de Medeiros et al. (2000)

Analisando comparativamente os resultados do Roteiro de Autoeficácia com

o boletim de rendimento escolar nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,

dos alunos que freqüentam a Sala de Apoio à Aprendizagem matriculados em um

colégio estadual no Estado do Paraná, antes da intervenção, percebe-se que mais

da metade dos participantes demonstraram um nível adequado de autoeficácia,

tanto com relação à percepção de seu desempenho, quanto na comparação com os

pares, com exceção de dois alunos. Este dado revela que quanto menor for o senso

de Autoeficácia, menor o aproveitamento escolar dos alunos. NCJ considera-se com

um nível bom de autoeficácia embora não apresente um bom rendimento escolar,

isto revela ou a incompreensão da própria trajetória acadêmica, ou total falta de

compromisso com a própria aprendizagem já que tem excesso de faltas. Sua

autoavaliação fica assim prejudicada. Quanto a EDO, o tempo trabalhado com o

mesmo foi insuficiente para poder afirmar qualquer parecer a respeito.

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4.2.2 Roteiro de Avaliação da AutoEficácia

Tabela 2 - Resultado do Roteiro de Autoeficácia – tendo com discriminação a valoração positiva e negativa de cada item, antes da intervenção

ITENS %

01 Eu tenho me saído bem 27,2

03 Eu consigo ler com facilidade 72,7

05 Eu consigo copiar com facilidade 81,8

07 Eu consigo escrever as palavras que são ditadas 72.7

09 Eu lembro com facilidade do que aprendi 9,0

20 Eu quero continuar estudando por muitos anos 45,4

02 Eu quero parar de estudar logo 54.5

12 Eu esqueço rápido o que aprendi 9,0

14 Eu tenho dificuldade para escrever as palavras que são ditadas 72,7

16 Eu tenho dificuldade para fazer cópia 81,8

18 Eu tenho dificuldade para ler 72,7

19 Eu tenho me saído mal 27,2

11 Eu aprendo tão bem quanto meus colegas 45,4

13 Eu acabo as atividades ao mesmo tempo que meus colegas 45,5

15 Meus professores me consideram um bom aluno 72,7

17 Minha família me considera um bom aluno 63,3

04 Minha família me considera um aluno fraco 72,7

06 Meus professores me consideram um aluno fraco 45,4

08 Eu demoro mais que os outros para acabar as atividades 81,8

10 Eu tenho mais dificuldade para aprender que meus colegas 54,5

Pode-se observar no Roteiro de Autoeficácia, quanto à percepção da

capacidade e desempenho acadêmico, que a grande maioria dos alunos avaliados,

percebe-se como indo mal nos estudos, embora considerem que escrevem e leem

com facilidade. Isto pode estar relacionado ao fato de que a coleta de dados foi

realizada quase no final do ano letivo. Setenta e três por cento (73%), disseram que

esquecem com facilidade o que aprendem e mais da metade deles querem parar

logo de estudar. Na percepção de desempenho acadêmico, tendo como referência a

avaliação de outros ou a comparação com os pares, mais da metade dos sujeitos

consideram que tanto a família, quanto os professores os veem como bons alunos, e

em comparação com os colegas, quarenta e cinco por cento (45%) percebem que

aprendem tão bem quanto os seus pares. Há de se salientar que em algumas

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questões, muitos deles deixaram transparecer, que o termo “às vezes”, deveria fazer

parte das alternativas, (questões 6, 15, 08, 9, 12, 13, 10, 11,). Na questão 13, pode

haver uma dúbia interpretação na pergunta: Eu acabo as atividades ao mesmo

tempo que meus colegas. Depende de como o sujeito, ou os sujeitos, se comparam

com os seus pares. Ele ou eles poderão considerar que acabam antes que os

colegas, não ao mesmo tempo e nem depois, e por isso assinalar não, pois o fato de

acabarem antes não está contemplado na pergunta.

4.2.3 Descrição dos Resultados das Atividades Realizadas no Decorrer do Trabalho

de Implementação na Escola

O trabalho de implementação teve seu início no dia quinze (15) de outubro

de dois mil e dez (2010). Foram planejados e executados oito (08) encontros, de

duas horas semanais, trabalhados em período de contra turno. No primeiro encontro

buscou-se integrar o grupo, realizar o levantamento das habilidades e expectativas e

aplicar o Roteiro de Hábitos de Estudos.

a) Roteiro de Hábitos de Estudos:

No Roteiro de Hábitos de Estudos, cem por cento (100%), colocaram que às

vezes, estudam em casa. Cinquenta por cento (50%) deles estudam quando sabem

que vão ser avaliados, enquanto que só trinta (30%) por cento realizam as tarefas

que terão na próxima aula. Quanto às atividades que vão para casa, um aluno

admitiu que se concentra e não gosta de ser interrompido, os demais conversam

sempre com quem está ao redor, levantam para comer alguma coisa e mais da

metade estudam com o televisor ligado ou ouvindo música.

No ambiente da sala de aula a realidade não difere. Dois alunos colocaram

que prestam atenção às aulas, copiam tudo e realizam as atividades propostas.

Quatro deles, só anotam aquilo que acham importantes, embora, dois deles copiem,

mas não conseguem realizar as atividades.

Os outros cinco diferem nas respostas, que vão desde não anotar nada, ficar

desenhando, conversando, brincando com os colegas e/ou manter se distraídos, não

conseguem se concentrar, comprovando que os alunos que apresentam baixo senso

de autoeficácia tendem a evitar tarefas que julgam difíceis, fixam-se muito mais nas

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deficiências pessoais, nos obstáculos que encontram, não se esforçam e fogem

rapidamente de situações de dificuldades.

Oito (8) alunos colocaram como resposta que tem falta de organização e

revelam que não encontram o registro dos conteúdos espalhados nas folhas do

caderno.

Com relação à leitura, nove deles responderam que, às vezes, costuma

pegar livros na biblioteca, um aluno respondeu que pega sempre, enquanto outro,

disse nunca pegar. Quase metade deles começam a ler imediatamente, desde a

primeira linha, e prestam atenção à leitura, porém sete (7) alunos alegaram que

conseguem se lembrar de parte do texto, mas não a idéia central. Enquanto três (3)

conseguem contar com detalhes o que leram.

No que concerne à avaliação, cinco (5) deles mantêm-se calmos ao fazer a

prova, três (3) ficam nervosos e esquecem tudo, dois (2) leem cuidadosamente as

instruções e um (1) não gosta de ler e tenta responder ou realizar tudo de qualquer

jeito, típico de indivíduos com baixo nível de eficácia, que em determinadas tarefas

as evitam por duvidar de sua capacidade.

b) Filmes Motivacionais:

Detectada a necessidade dos alunos aprenderem a se organizar e

desenvolverem melhor seus hábitos de estudos, para o segundo encontro foram

levados dois filmes motivacionais, que abordam personagens da vida real, que

apresentam dificuldades, mas que, com perseverança conseguiram superá-las. Os

alunos ficaram atentos e admirados com a desenvoltura com que os personagens

superaram seus limites e executam com habilidade tudo o que a vida lhes exige.

Dessa forma pode-se, sem dificuldades, explorar a ideia central dos filmes,

transferindo-a para a realidade dos alunos, culminando com a mudança que podem

realizar em seus hábitos pessoais referentes aos estudos.

c) Elaboração de gráfico para visualização do rendimento escolar individual e

coletivo do conjunto das matérias e das disciplinas individualmente:

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Quando da realização das atividades dos gráficos do rendimento de cada

um, pode-se detectar a falta de concentração e atenção na grande maioria dos

alunos.

Já no gráfico por disciplinas, realizado no encontro posterior, um dos alunos,

na pressa, colou a ficha errada, o que gerou reflexão: em qualquer atividade é

necessário analisar, ter atenção, calma.

Os gráficos construídos pelos alunos foram fixados na sala e desencadeou-

se uma análise sobre a situação da turma. Nenhuma das disciplinas (Arte, Ciências,

Educação Física, Geografia, História, Português, Matemática e Inglês), em nenhum

dos bimestres apresentou média acima de 8,0. Quanto à disciplina de Português e

Matemática todos os bimestres precisaram ser registrados em vermelho (critério

estabelecido para as médias que se apresentam abaixo de 5,9). Somente o gráfico

de Arte e Educação Física, apresentaram-se no amarelo, (critério estabelecido para

as médias entre 6,0 e 7,9). As demais disciplinas variaram, permitindo a reflexão

sobre o que pode ter proporcionado a variação no desempenho da turma. Segundo

eles mudanças de professores, diferenças na forma de explicação dos professores:

um explica melhor... outro muito rápido, a indisciplina da sala, a postura do

professor.

Neste mesmo encontro foi realizado também a análise do resultado do

aproveitamento individual, comparando-o com o gráfico da turma e refletido sobre a

postura a ser tomada, para que haja mudança na melhoria do aproveitamento

escolar. Três alunos admitiram estar estudando mais nesse bimestre, um deles disse

que ficou estudando muitas horas para o Simulado que houve no dia anterior.

Verificado o nível de rendimento, o aluno que já havia incorporado mudanças na

rotina de estudos foi o que atingiu o maior número de pontos, significando que vale a

pena se esforçar.

d) Organização da rotina de Pinóquio:

A maioria dos alunos incorporou o personagem como algo real e

submeteram-no a uma rotina que correspondia a hábitos que os mesmos possuíam,

inclusive com ideias que se contradiziam, mas que intermediadas, foram passíveis

de acordo. Nesta rotina incluiu-se uma hora para seus estudos. Somente um aluno

disse que iria adotar a rotina do Pinóquio.

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No encontro posterior, fixamos o cartaz com a rotina de Pinóquio na sala e

verificamos quantos alunos haviam tentado pôr em prática a mesma. Nenhum aluno

havia colocado em prática toda rotina, somente alguns itens, não estando entre eles,

o horário de estudos. Nova reflexão foi oportunizada sobre essa necessidade.

e) Comparando o resultado da cópia e ditado:

O texto, contendo dezesseis linhas, acabou sendo cansativo para os alunos

e houve muitas conversas paralelas. Ao serem convidados a confrontar a cópia que

haviam realizado, com o texto que havia sido digitado e entregue individualmente,

perceberam que devido à falta de atenção e concentração muitos erros haviam sido

cometidos. Isto motivou reflexão sobre o fato de serem inteligentes e fazerem cópias

com freqüência na escola, entretanto foram levados a perceber que a falta de

concentração naquilo que realizam acarreta erros, falta de capricho e dificuldade no

entendimento dos conteúdos.

Após o ditado, foi realizada a correção no quadro negro e realizada a

comparação do desempenho no ditado com o resultado no questionário de

Autoeficácia, confirmando que sabem fazer ditado, o que se faz necessário é mais

leitura, para poderem dominar algumas palavras dentro da norma culta.

f) Atividades lúdicas:

As atividades lúdicas para o penúltimo encontro foram escolhidas e

realizadas no intuito de ajudar na melhora da atenção e concentração dos alunos

As atividades para se encontrar os sete erros foram realizadas por eles

facilmente e os mesmos mostraram-se muito atentos. A seguir, cada um fez opção

pelas diversas atividades que estavam lhes sendo proporcionadas.

O desafio para a pesquisadora foi fazê-los perceber que é necessário

transformar o erro em situação de aprendizagem, levando-os a entender que errar é

permitido e faz parte do processo, pois é errando e acertando que o aluno melhora

seu senso de autoeficácia.

g) Organizando o ambiente:

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Os diversos materiais lúdicos espalhados pelas mesinhas proporcionaram

neste mesmo encontro momentos de organização do ambiente e reflexão sobre o

objetivo de se estudar de forma e em ambientes organizados, visando um melhor

aproveitamento e rendimento durante as atividades.

Todos perceberam, tinham conhecimento, foram prestativos na organização

e afirmaram que é necessário um ambiente organizado para que se possa estudar

melhor.

h) Reaplicação do roteiro de Autoeficácia

Tabela 3 - Comparativo entre o resultado do Roteiro de Avaliação de Autoeficácia

Sujeitos Resultado Auto

Pré teste

Avaliação Eficácia Pós teste

Médias dos três Bimestres

port mat

4º Bimestre

port mat

EDO 08 5 09 5,6 7,1 7,0 8,4 WRV 08 02 4,3 4,6 5,0 6,0 JLG 08 0 12 4,6 5,4 5,1 5,2 MLS 10 0 08 4,4 5,1 4,3 6,0 BMM 10 0 15 6,1 4,4 6,0 5,4 GCS 12 1 17 6,6 5,0 6,3 5,0 GSA 13 17 6,1 4,7 6,0 6,7 DBS 13 4 18 6,0 5,3 6,5 8,1 NCJ 14 1 14 5,0 4,9 5,4 5,8 LCB 14 1 18 6,6 5,0 6,2 6,1 LJS 15 17 7,1 5,7 7,1 6,9

Fonte: Adaptação de Medeiros et al. (2000)

Na tabela 3, comparando o resultado da avaliação da autoeficácia com o

boletim de rendimento escolar antes e pós intervenção nas disciplinas de Língua

Portuguesa e Matemática, verificou-se que dois alunos baixaram seu senso de

autoeficácia, provavelmente, justificado por termos aplicado o questionário já na

última semana de novembro e os alunos perceberem que ao final do ano ainda

apresentam muitas dificuldades. Esse dado nos pareceu mais real que o da primeira

aplicação para estes dois alunos. Analisemos alguns casos: WRV, cujas únicas

questões que pontuou são as que têm como propósito não largar os estudos, ou

seja continuar estudando. MLS, apesar de participar com interesse do trabalho de

intervenção e dizer estar desempenhando bastante em casa, não apresentou

melhora, principalmente em Língua Portuguesa. BMM aumentou bem seu senso de

autoeficácia, provavelmente por ter melhorado seu desempenho em quase todas as

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disciplinas. GCS melhorou o desempenho em muitas disciplinas, apesar de não

haver melhora nas notas de Língua Portuguesa e Matemática, os professores o

estão elogiando devido à sua mudança de postura frente aos estudos,

principalmente em sala de aula.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estar concluindo o PDE me oportunizou conhecer novas teorias, que

acredito, todo profissional da educação deveria conhecer, corroborando para que as

crenças docentes e das relações destes com as suas ações viabilizem efeitos mais

positivos e duradouros no processo ensino-aprendizagem, beneficiando ainda mais

os alunos.

Os resultados deste estudo remeteram-nos a uma análise sobre as

percepções dos alunos em relação ao próprio desempenho e às próprias

capacidades e os dados colhidos confirmam a teoria de que os alunos com queixa

de dificuldades de aprendizagem, apresentam baixo senso de autoeficácia, fogem

diante dos desafios e não possuem metas de realização e desempenho.

Em nossa investigação, este dado foi constatado, pois quase cinqüenta por

cento dos alunos entrevistados revelaram querer parar logo de estudar e são alunos

que estão terminando o primeiro ciclo do ensino Fundamental, ou seja, apenas

iniciaram a trajetória acadêmica e já apresentam uma marca negativa em relação à

escola, aos estudos.

Dessa forma consideramos que o trabalho de intervenção pode oportunizar

aos alunos tomada de consciência da própria condição como aluno, estimular o

auto-gerenciamento e a auto-regulação. Isto é significativo para permitir que tracem

metas, que percebam suas próprias expectativas nos estudos e estabeleçam

estratégias para alcançá-las. Defendemos a ideia de que o não aprender, no caso

dos sujeitos de nosso estudo, não está relacionado à falta de inteligência dos alunos

e percebemos faltar-lhes o senso de competência para a realização das tarefas

solicitadas.

A pesquisa realizada permitiu a (re)significação de um espaço oficial de

trabalho com as dificuldades de aprendizagem na escola e oportunizou a construção

de estratégias de enfrentamento do não aprender. Mostrou um caminho a ser

adotado neste espaço de atuação pedagógica que tem se perdido na repetição de

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conteúdos e não tem atingido os objetivos a que se propõe. Nosso estudo

evidenciou que para além das atividades que objetivam a apropriação dos

conteúdos de Português e Matemática por parte dos alunos, a sala de apoio deve

ocupar-se em promover o senso de autoeficácia em seus alunos.

Dada a limitação do estudo, há no término desta pesquisa a indicação de

que novos estudos sejam realizados nos quais a investigação promova melhores

formas de compreensão da ação pedagógica no contexto das salas de apoio à

aprendizagem.

A participação no programa PDE e a finalização das ações desenvolvidas

com a produção desta pesquisa e artigo trouxeram enriquecimento tanto à formação

acadêmica quanto pessoal e desvelaram caminhos a serem percorridos como

professora pedagoga em minha atuação na escola e na comunidade na qual estou

inserida.

REFERÊNCIAS

AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. (Org.). Autoeficácia proposta por Albert Bandura. In: ______. Autoeficácia em diferentes contextos. Campinas: Alínea, 2006. p. 9-23.

BZUNECK, J. A. As crenças de autoeficácia e o seu papel na motivação dos alunos. In: BZUNECK, J. A.; BORUCHOVITCH, E. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. 3. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004. p. 116-133.

COLLODI, C. Pinóquio. São Paulo: Scipione, 2007.

GIMENEZ, E. H. R. Crenças de uma professora e de seus alunos sobre o contexto escolar. 2007. Dissertação (Mestrado em Psicologia Escolar) – Pontifícia Universidade Católica, Campinas.

MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo. Atlas, 2006.

MEDEIROS, P. C. et al. A autoeficácia e os aspectos comportamentais de crianças com dificuldade de aprendizagem. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.13, n. 3, p. 327-336, 2000.

MEDEIROS, P. C. et al. O senso de autoeficácia e o comportamento orientado para aprendizagem em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem. Estudos de Psicologia, Natal, v. 8, n. 1, p. 93-105, 2003.

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NICK Vujicic :um exemplo de vida. Disponível em: <Http://www.youtube.com/watch?v=_gJiWJf4dMI >. Acesso em: 10 mar. 2010.

NUNES, M. F. O. Funcionamento e desenvolvimento das crenças de autoeficácia: uma revisão. Revista Brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 29-42, jun. 2008.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Instrução Conjunta 04/2004. Curitiba, 2004a.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Resolução 208/2004. Curitiba, 2004b.

SOUSA, J. P. Teoria social cognitiva. 2007. Disponível em: <http://www.artigos.com/artigos/psicologia/teoria-social-gognitiva-1820/artigo/> Acesso em: 17 fev. 2010.

TONY Melendez em Português. Produção de Leonardo Vera. São Paulo: Fundação TELETON, 2000. 6 min. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=4w5Z-WP3W18>. Acesso em: 10 mar. 2010.

TORISU, E. M.; FERREIRA, A. C. A teoria social cognitiva e o ensino-aprendizagem da matemática: considerações sobre as crenças de autoeficácia matemática. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p.168-177, 2009. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/viewFile/106/150>. Acesso em: 7 jun. 2010.

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APÊNDICE

A) Instrumento de investigação - idade, sexo e histórico de reprovação dos alunos

Aluno:____________________________________________5ª série__________

Idade:_______________________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Já reprovou alguma série: ( ) Não ( ) Sim

Se sua resposta for SIM, coloque entre parênteses, quantas vezes::

1ª ( ); 2ª série ( ); 3ª série ( ); 4ª série ( ); 5ª série ( )

B) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PESQUISA: “O SENSO DE AUTO EFICÁCIA E AS RELAÇÕES COM O NÃO

APRENDER”

Seu(Sua) filho(a) está sendo convidado(a) a participar de uma proposta de pesquisa, que tem como finalidade trabalhar a organização de hábitos de estudo e o senso de autoeficácia diante de situações de aprendizagem, sob a responsabilidade da Pedagoga Norma Koglin Vidotto, sob a orientação de Francismara Neves de Oliveira, professora da Universidade Estadual de Londrina-Pr. Assinando esse Termo de Consentimento V.S. estará ciente que serão realizados encontros com seu (sua) filho(a), nos quais lhe será solicitado que realize atividades, participe de jogos e responda a um questionário sobre seus hábitos de estudos.

A pesquisa será realizada na própria escola, no horário da sexta feira de manhã, em oito encontros entre seu (sua) filho (a), os demais colegas da sala de apoio e a pesquisadora. Os dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho.

Os procedimentos em questão não envolvem riscos e não fere a integridade moral dos participantes. A participação nesse estudo não acarretará nenhum prejuízo ou benefício terapêutico. Havendo interesse ou necessidade, a participação de seu (sua) filho(a) poderá ser interrompida antes, durante ou ao término do procedimento, sem que com isso ele(ela) sofra quaisquer tipo de ônus.

Com este termo, V.S. está ciente de todas as informações necessárias para poder decidir sobre a participação de seu(sua) filho(a) na referida pesquisa.

Para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa V.S. poderá entrar em contato com a responsável pelo estudo no Colégio Estadual Walfredo Silveira Correa.

_______________________________________ Nome do pai ou responsável _______________________________________ Assinatura do pai ou responsável

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_______________________________________ Nome do aluno(a) _______________________________________ Assinatura do aluno(a) Arapongas, _____, de outubro de 2010

________________________________________ Pesquisadora responsável

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ANEXO A

a) Roteiro de Avaliação de Autoeficácia: Vou apresentar algumas frases e você vai dizer o quanto elas tem a ver com seu jeito de ser, ou de pensar. Quando você concordar, basta fazer um X na coluna SIM. Se não concordar, se elas forem diferentes do seu jeito de ser, faça um X na coluna NÃO

Na escola, SIM NÃO

1 Eu tenho me saído bem

2 Eu quero parar de estudar logo

3 Eu consigo ler com facilidade

4 Minha família me considera um aluno fraco

5 Eu consigo copiar com facilidade

6 Meus professores me consideram um aluno fraco

7 Eu consigo escrever as palavras que são ditadas

8 Eu demoro mais que os outros para acabar as atividades

9 Eu lembro com facilidade do que aprendi

10 Eu tenho mais dificuldade para aprender que meus colegas

11 Eu aprendo tão bem quanto meus colegas

12 Eu esqueço rápido o que aprendi

13 Eu acabo as atividades ao mesmo tempo que meus colegas

14 Eu tenho dificuldade para escrever as palavras que são ditadas

15 Meus professores me consideram um bom aluno

16 Eu tenho dificuldade para fazer cópia

17 Minha família me considera um bom aluno

18 Eu tenho dificuldade para ler

19 Eu tenho me saído mal

20 Eu quero continuar estudando por muitos anos

Fonte: Medeiros et al., 2000.

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___________________________________________________________________

NORMA KOGLIN VIDOTTO

O SENSO DE AUTOEFICÁCIA E AS RELAÇÕES COM O NÃO

APRENDER

___________________________________________________________________

LONDRINA 2011

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O SENSO DE AUTOEFICÁCIA E AS RELAÇÕES COM O NÃO APRENDER

Autora: Norma Koglin Vidotto1

Orientadora: Francismara Neves de Oliveira2

RESUMO

O presente artigo relata o resultado das ações desenvolvidas no projeto de intervenção: A Sala de Apoio à Aprendizagem, como espaço de intervenção para a promoção da Autoeficácia em alunos com dificuldades de aprendizagem. A pesquisa, de abordagem quali-quantitativa, objetivou investigar a autoeficácia dos alunos que frequentam o Programa Sala de Apoio à Aprendizagem de uma escola do município de Arapongas-Pr, com análise nas seguintes questões norteadoras: qual a relação entre autoeficácia e dificuldades de aprendizagem escolar? Como uma proposta de intervenção pode atender às necessidades de favorecer o auto-gerenciamento das atividades escolares? Participaram do estudo 11 alunos com idade entre 11 e 14 anos. A referida intervenção objetivou auxiliar os alunos a organizar melhor seus estudos e desencadear crenças mais positivas em relação às suas próprias realizações. O trabalho buscou suporte teórico, na Teoria Social Cognitiva, de Albert Bandura que em seus estudos e pesquisas, ressalta a importância das crenças de autoeficácia de uma pessoa como fator determinante de seus pensamentos, afetos, comportamentos e motivação. Os resultados do presente estudo indicaram que é possível oportunizar aos alunos espaços reflexivos que permitam o desenvolvimento do senso de autoeficácia e subsidiar a elaboração de estratégias de aprendizagem mais eficazes, além da organização de hábitos referentes aos estudos. Palavras chaves: Dificuldade de aprendizagem. Autoeficácia. Intervenção pedagógica. Salas de apoio à aprendizagem.

1 VIDOTTO, Norma Koglin. Professor pedagogo atuando na rede pública estadual há vinte e três anos. Licenciada em Pedagogia com habilitação em Orientação Educacional, pela FAFIJAN e pós graduada em Didática e Metodologia de Ensino, pela UNOPAR.

2 OLIVEIRA, Francismara Neves de. Professora Orientadora IES/UEL. Pós Doutora em Psicologia da Educação pelo Instituto de Psicologia da USP. Doutora em Educação - UNICAMP, mestre em Psicologia da Educação – UNICAMP.

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1 INTRODUÇÃO

Diante de inquietações surgidas no cotidiano escolar com relação aos alunos

que se apresentam cada vez mais desmotivados, desinteressados,

descomprometidos na execução das tarefas e trabalhos escolares, surgiu a

problemática do presente artigo.

Partindo da premissa de que o psiquismo humano funciona com base nos

sentidos e significados historicamente construídos e compartilhados culturalmente e

que diferentes teorias reconhecem a existência de elementos contextualmente

articulados na aprendizagem do aluno, buscou-se aporte teórico em pesquisas

atuais sobre dificuldades de aprendizagem, que apontam para a importância do

estudo de variáveis internas como as escolhas, crenças, expectativas e afetos, que,

influenciando o indivíduo, constituem-se importante mediador do processo ensino-

aprendizagem. Dentre essas variáveis destaca-se a autoeficácia, que se refere à

crença que o indivíduo tem sobre sua capacidade de desempenho em atividades

específicas.

Considerando este contexto que interfere no processo de ensino-

aprendizagem, o estudo objetivou investigar a autoeficácia dos alunos que

frequentam o Programa Sala de Apoio à Aprendizagem, espaço de (re)significação

do aprender e de apropriação de novos modos de construir conhecimentos,

buscando responder a algumas indagações: Que relações há entre dificuldades de

aprendizagem e autoeficácia? Como uma proposta de intervenção pedagógica pode

favorecer o desenvolvimento da autoeficácia e auto-gerenciamento das atividades

escolares em alunos tidos com dificuldades de aprendizagem?

O Programa Sala de Apoio à Aprendizagem, na Rede Pública no Estado do

Paraná foi implantado em 2004, considerando que boa parte dos alunos na 5ª série

(6º ano) do Ensino Fundamental, apresenta dificuldades de compreensão na Língua

Portuguesa e Matemática. Trata-se de um espaço oficial de ação no contra turno

nas escolas estaduais no Paraná.

O referido programa foi implantado com o objetivo de auxiliar o aprendizado

dos alunos e permitir um trabalho de (re)significação do aprender. No sistema

educacional atual há queixas com relação ao funcionamento deste programa que

inicia as atividades nas primeiras semanas do ano letivo quando ainda não houve

avaliação dos alunos; quanto ao modo como profissionais sem vínculo nenhum com

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a escola e/ou que nunca atuaram nas séries iniciais, são destinados a trabalhar

nesse espaço; por não haver preocupação com a capacitação dos profissionais

incentivando o estudo do processo ensino-aprendizagem, entre outros elementos.

No contexto em que nossa pesquisa se desenvolveu, devem ser considerados

vários aspectos interrelacionados e na tentativa de ressaltar os processos cognitivos

do ensinar e aprender é que a temática da autoeficácia foi selecionada.

Este artigo foi organizado em duas partes: a primeira pontua algumas

questões sobre a Teoria Social Cognitiva, fazendo uma abordagem do modo como

as crenças, julgamentos e percepções podem influenciar no comportamento e na

aprendizagem dos alunos. A segunda traz considerações a respeito da intervenção

pedagógica realizada na escola, junto aos alunos da Sala de Apoio à Aprendizagem,

trabalho este que faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE),

destinado aos professores da Educação Básica das Escolas Públicas do Paraná,

turma de 2009.

2 O QUE DIZ A TEORIA SOBRE A AUTOEFICÁCIA: A PERSPECTIVA TEÓRICA

COGNITIVISTA

A Teoria Social Cognitiva tem em Bandura3, o seu maior representante. Ele

centraliza suas pesquisas nas relações que ocorrem entre o comportamento do

indivíduo, os fatores pessoais, na forma de cognição, afetos e eventos biológicos e o

ambiente, que segundo ele, influenciam-se mutuamente (AZZI; POLYDORO, 2006,

p. 17).

Bandura (apud SOUSA, 2007), considera o homem, não um ser passivo,

totalmente dominado pelas ações do meio, mas um ser influente em todos os

processos. Um participante ativo dos rumos de sua vida, que de acordo com seu

interesse, pode interferir no curso dos acontecimentos da mesma. Para ele: “O

homem aprende e adquire experiências observando as consequências dentro do

seu ambiente, assim como as vivências das pessoas a sua volta.”

Compreender que o homem tem em suas mãos as possibilidades de

3 Bandura, Albert, nascido em 1925, é um psicólogo canadense. Durante uma carreira de quase seis décadas, Bandura tem sido responsável pela inovadora contribuição para muitos no campo da psicologia, incluindo a Teoria SocialCognitiva , terapia e psicologia da personalidade , e também foi influente na transição entre o behaviorismo e a psicologia cognitiva . Ele é conhecido como o criador da Teoria da Aprendizagem Social e a Teoria da Autoeficácia.

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gerenciamento de suas ações e pensamentos tornam as relações com o meio auto-

reguladas e confere maior clareza às ações.

Torisu e Ferreira (2009, p. 170), citando Bandura corroboram essa ideia ao

afirmar que:

O comportamento humano, gerado a partir das interações do indivíduo com o meio, pode variar de indivíduo para indivíduo. O ambiente se apresenta de modo igual para todos e é denominado, dentro da Teoria Social Cognitiva, de ambiente potencial. Dentro deste ambiente potencial, o indivíduo faz um recorte do que lhe parece importante, criando o seu ambiente real. É neste ambiente real que ele passa a atuar e exercer sua capacidade de agência humana, influenciando-o e sendo influenciado por ele.

Dessa forma, considerando que o aluno passa grande parte do seu tempo

no ambiente escolar, justifica-se por que seu comportamento é afetado pelas

relações que lá se estabelecem. Acontece que, a interpretação que o indivíduo faz

dos episódios por ele vivenciados no meio em que convive, dão origem às crenças e

expectativas sobre si mesmo, incluindo a sua inteligência. Dentre estas crenças

destaca-se a autoeficácia.

Pajares e Olaz (2008 apud TORISU; FERREIRA, 2009, p. 170), afirmam que

a Teoria Social Cognitiva tem muito a contribuir, pois:

[...] os professores podem trabalhar para melhorar os estados emocionais de seus alunos, corrigirem suas autocrenças e hábitos negativos (fatores pessoais), melhorar suas habilidades acadêmicas e práticas autorregulatórias (comportamento) e alterar as estruturas da escola e da sala de aula que atuam de maneira a minar o sucesso dos estudantes.

Posto isto que demarca o referencial teórico empregado na análise que

fazemos, passamos a discutir alguns importantes constructos da teoria que servem

para a compreensão da relação que fazemos entre a Autoeficácia e Dificuldades de

Aprendizagem.

2.1 CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA

No contexto da Teoria Social Cognitiva, a Teoria da Autoeficácia foi

desenvolvida por Bandura nos anos de 1977, 1982, 1984, 1986, 1995, 1997, e tem

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sido apropriada em diversos campos do conhecimento, inclusive na área

educacional.

No campo educacional tem sido particularmente aplicada às crianças com

dificuldades de aprendizagem. Segundo Medeiros et al. (2003, p. 94), a autoeficácia

dos estudantes, juntamente com outras crenças e atitudes em relação à

aprendizagem, tem sido forte preditora do desempenho acadêmico. Estudos indicam

que esta, ao mesmo tempo em que influencia o desempenho escolar, é influenciada

por ele, tendo implicações no desenvolvimento da criança como um todo.

De acordo com Pajares (apud AZZI; POLYDORO, 2006, p. 10):

[...] Um grande conjunto de pesquisas mostra suporte à formulação de Bandura de que crenças de autoeficácia tocam virtualmente em todos os aspectos da vida das pessoas, se elas pensam de forma produtiva, auto-debilitadora, pessimista ou otimista; quão bem elas motivam a si mesmas e perseveram face às adversidades.

Segundo Azzi e Polydoro (2006, p. 14), Bandura em suas pesquisas define

diferentes características de autoeficácia, porém as diferentes formulações a

reafirmam como fenômeno de caráter subjetivo, (crenças) sobre possibilidades

pessoais (crenças de capacidade) de ser agente na produção da própria trajetória,

(organizar e executar), cuja concepção está relacionada a metas e objetivos

(produzir certas realizações).

Schunck (1991 apud BZUNECK, 2004, p. 116), define autoeficácia, “como

uma avaliação ou percepção pessoal quanto à própria inteligência, habilidades,

conhecimentos, entre outros, representados pelo termo capacidade”.

Capacidade esta, direcionada para organizar e executar linhas de ação, o

que significa uma expectativa de “eu posso fazer” determinada ação. São as

convicções pessoais quanto a dar conta de uma determinada tarefa. Não se trata de

possuir ou não capacidade para realizá-las, mas de acreditar que é capaz.

Segundo Bandura (1997 apud NUNES, 2008, p. 30):

[...] os tipos de resultados que as pessoas antecipam às suas ações dependem amplamente do seu julgamento de quão bem serão capazes de agir em dadas situações. Aqueles que se julgam altamente eficazes irão esperar resultados favoráveis das suas ações, enquanto os indivíduos com baixa autoeficácia esperarão performances medíocres e, conseqüentemente, resultados negativos. A noção ressaltada é que as pessoas tendem a ver os

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resultados de suas ações como contingentes à adequação de sua performance. Sendo assim, elas baseiam-se nos julgamentos de autoeficácia para tomar decisões sobre quais cursos de ação irão realizar.

O senso de autoeficácia tem sua origem em informações obtidas e

processadas pelo sujeito, através de experiências, realizações e desempenhos

anteriores que vão se constituindo a partir de quatro fontes: Experiências de Êxito,

Experiências Vicárias, Persuasão Verbal e Indicadores Fisiológicos, sendo que estas

podem atuar de forma independente ou combinada (BANDURA, 1977, 1986, 1997,

2004 apud AZZI; POLYDORO, 2006, p. 16).

Schunk (1989 apud BZUNECK, 2004, p. 122), considera as Experiências de

Êxito mais importantes para o desenvolvimento das crenças de autoeficácia, pois

são as realizações e desempenhos anteriores, que garantirão ao aluno ou ao

indivíduo, maior fonte de informações sobre a sua capacidade. Isto é, quanto maior

sucesso ele tem em determinada atividade ou domínio, mais confiante torna-se a

respeito de suas capacidades para desempenhos futuros. Também o contrário,

fracassos repetidos, acabam desestimulando o aluno e podem dar origem a um

sentimento mais pobre de autoeficácia.

As Experiências Vicárias são aquelas decorrentes das observações e

imitações do comportamento dos colegas. Observações de que estes conseguem

bons resultados, sugerem ao aluno que também ele é capaz de dar conta de

desafios semelhantes, porém, se o mesmo verificar que seus companheiros não

estão tendo sucesso, provavelmente também concluirá que não terá êxito, caso se

julgue no mesmo nível deles (BZUNECK, 2004, p. 123).

A Persuasão Verbal refere-se à maneira de como aqueles com quem nos

relacionamos utilizam-se das palavras. Palavras otimistas, estimuladoras,

incentivadoras, influenciam positivamente, palavras negativas e destrutivas, tendem

a afetar a forma como o indivíduo reage diante de determinada tarefa, por isso a

importância do professor expressar que acredita nas habilidades de seus alunos,

encorajá-los e estimulá-los, valorizando o crescimento por menor que seja.

Finalmente, as percepções dos estados fisiológicos, tais como a ansiedade,

cansaço, estados de humor, estresse, ansiedade, o temor frente à execução de

certas tarefas, podem interferir no modo como as pessoas se sentem, prejudicando

na execução das atividades e influenciando as percepções de autoeficácia.

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Pesquisas mostram que alunos com fortes crenças na sua eficácia

acadêmica, tendem a se esforçar mais, são mais flexíveis no uso de estratégias,

organizam melhor as tarefas escolares, obtêm melhores resultados de

aprendizagem, fixam e cumprem metas, com objetivo de evitar o fracasso.

(BORUCHOVITCH, 1994; MONTERO et al., 1999; MEDEIROS et al., 2000;

BZUNECK, 2001b; NEVES; BRITO, 2001 apud GIMENEZ, 2007).

Por outro lado, alunos com queixa de dificuldades de aprendizagem,

apresentam autoeficácia mais baixa, consideram-se pouco competentes para a

execução, com sucesso, de determinadas atividades acadêmicas.

Medeiros et al. (2003, p. 99), em seus estudos concluíram que:

[...] Alunos que apresentam baixo senso de autoeficácia em um dado domínio tendem a evitar tarefas difíceis, percebendo-as como ameaça pessoal, apresentam baixas aspirações e envolvimento com metas, mantém o foco mais no autodiagnóstico do que como ter boa realização e desempenho. Diante de tarefas difíceis, geralmente, fixam-se muito mais nas deficiências pessoais, nos obstáculos que irão encontrar e todos os tipos de resultados aversivos. Percebem-se como ineficazes, tendem a afrouxar seus esforços e fugirem rapidamente de situações de dificuldade.

3 METODOLOGIA

O presente estudo, de abordagem quali-quantitativa, desenvolveu-se na

modalidade de estudo de caso, que segundo Martins (2006), permite que os dados

sejam tratados de modo relacional e, portanto ofereçam por meio de distintas fontes

de informação, um retrato do contexto estudado. No caso da pesquisa realizada, as

atividades desenvolvidas durante a intervenção foram reunidas no conjunto de

dados que analisam uma Sala de Apoio à Aprendizagem, lócus do estudo realizado.

3.1 PARTICIPANTES

Onze (11) alunos, sendo dez (10) alunos do sexo masculino e um (01) do

sexo feminino, na faixa etária de onze a quatorze anos, que cursavam as quintas

séries do Ensino Fundamental de um Colégio da Rede Estadual, do município de

Arapongas, no Estado do Paraná e que freqüentavam a Sala de Apoio à

Aprendizagem, no período de contraturno, no ano de 2010.

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3.2 INSTRUMENTOS

Para a realização desta pesquisa foram utilizados dois conjuntos de

instrumentos: para a elaboração do perfil e seleção dos participantes do estudo e

para a intervenção, os quais serão descritos a seguir:

Instrumentos para a identificação do perfil e seleção dos alunos

participantes:

• Três questões que investigam idade, sexo e histórico de reprovação dos

alunos (Apêndice A).

• Roteiro de Avaliação de Autoeficácia (Anexo) (MEDEIROS et al., 2000).

Segundo Medeiros et al. (2000), o referido questionário é um procedimento

elaborado a partir dos estudos de Bandura (1993) e Shunck (1995), e permite

focalizar a percepção da criança quanto ao seu desempenho acadêmico frente às

atividades específicas e sua capacidade de realização. O roteiro elaborado por elas

é composto de 20 afirmativas, dessas 12 são relacionadas à percepção da

capacidade quanto ao desempenho acadêmico, compreendendo seis afirmativas

com significado positivo (itens 01, 03, 05, 07, 09, 20) e seis afirmativas com

significado negativo (itens 02, 12, 14, 16, 18, 19); e oito afirmativas relacionadas à

percepção de desempenho acadêmico, tendo como referência a avaliação de outros

ou a comparação com os pares, compreendendo quatro afirmativas com significado

positivo (itens 11, 13, 15, 17) e quatro afirmativas com significado negativo (itens 04,

06, 08, 10).

Os alunos têm duas alternativas de respostas, "sim" ou "não". Para a

classificação dos dados relativos ao senso de autoeficácia, as respostas são

pontuadas em 0 (zero) ou 1 (um), de acordo com a alternativa escolhida. Para as

respostas favoráveis a um senso de autoeficácia positivo é atribuído valor 1 (um),

que pode corresponder a um sim ou não, dependendo do item em questão. No

conjunto de 20 itens, nas dez afirmativas positivas a resposta sim é pontuada com

valor 1 (um), e nas dez afirmativas negativas a resposta não é pontuada com valor 1

(um). Ex.: Eu tenho me saído bem......... Sim = 1 e Não = 0 Eu quero parar de

estudar logo.....Sim = 0 e Não = 1.

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A somatória do total de pontos obtidos no conjunto de 20 itens corresponde

ao escore total, tendo-se por critério, que quanto maior a pontuação, mais alta é o

senso de autoeficácia do aluno.

3.2.1 Instrumentos utilizados na intervenção:

Para os encontros de implementação do projeto juntos aos alunos, foram

utilizados os seguintes instrumentos:

a) Roteiro de hábitos de estudos:

Construímos um roteiro com dezesseis (16) questões para que o aluno

indicasse o que predominava nas suas condutas em situação de aprendizagem

escolar. Nesse roteiro foram investigadas questões tais como: descrição do

ambiente em que realiza suas tarefas em casa e na sala de aula, os principais

elementos distrativos, estilos de aprendizagem, considerando como registra as

informações, hábitos de leitura, postura frente às avaliações, etc.

b) Filmes motivacionais, apresentados no data show:

� Tony Melendez: Uma lição de vida para todo o mundo

� Nick Vujicic - Um Exemplo de Vida

Os personagens são exemplos de determinação e perseverança, e indicam

a possibilidade de discutir o senso de autoeficácia.demonstrando a capacidade que

todos trazem dentro de si.

c) Boletim de rendimento escolar dos alunos:

Documento oficial de registro do desempenho acadêmico do aluno tanto na

escola, quanto aos órgãos oficiais de controle do Ensino no país.

d) Material de consumo: sulfite, lápis de cor, cola, cartolina laminada, cartolinas,

gráficos:

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e) História infantil: “Pinóquio”

f) Textos:

� Texto redigido pela pesquisadora, em resposta ao pedido de Gepeto;

� Texto: a origem da bola

g) Jogos:

Encontre os sete erros, quebra cabeça, tangran e dominó de subtração.

Atividades lúdicas focado na promoção da atenção e concentração dos alunos.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS E INTERVENÇÃO

A pesquisa é fruto da intervenção realizada na escola em cumprimento a uma

das etapas do programa de capacitação aos professores da Educação Básica do

estado do Paraná, PDE.

Primeiramente houve a divulgação do referencial teórico que dá suporte ao

referido projeto e de suas ações à direção do colégio e aos professores que

trabalham com os alunos da Sala de Apoio à Aprendizagem4.

Após termos acesso ao rendimento escolar referente aos três bimestres dos

freqüentadores da Sala de Apoio à Aprendizagem, os alunos responderam a um

roteiro que nos permitiram conhecer alguns dados: idade, sexo, histórico de

reprovação.

Em seguida foi aplicado a eles um instrumento específico de investigação do

senso de autoeficácia. “Roteiro de Avaliação de Autoeficácia.” (MEDEIROS et al.,

2000). A aplicação do questionário deu-se no próprio turno do Apoio, cada qual em

seus respectivos horários. Houve a necessidade da aplicação de alguns

questionários individualmente, devido à ausência dos alunos quando da primeira

aplicação.

4 Programa criado em 2004, pela Secretaria Estadual da Educação do Estado do Paraná, através da Resolução Secretarial nº 208/04 e da Instrução Conjunta nº 04/04–SEED/SUED/DEF, para dar atendimento aos alunos que chegam às quintas séries, 6° ano, com dificuldades de aprendizagem nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática (PARANA, 2004a, 2004b).

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Para garantir uma melhor compreensão da proposta do instrumento, as

questões foram lidas pausadamente pela pesquisadora PDE e cada aluno,

individualmente, respondiam ao seu questionário.

A partir dos dados obtidos com a aplicação do questionário de autoeficácia,

tendo como critério os alunos que freqüentam a Sala de Apoio à Aprendizagem e

realizada a tabulação dos dados, foram excluídos os alunos que apresentaram

pontuação acima de quinze (15) pontos, considerando-se que vinte (20) pontos é a

nota máxima no teste. Elegemos os resultados que variavam entre oito e quinze, (8

e 15 pontos), tendo sido encontrado na amostra vinte e dois (22) sujeitos, que

atendiam ao critério.

Dos vinte e dois sujeitos, constituímos através de sorteio, o grupo de onze

alunos participantes da intervenção. Os procedimentos éticos de pesquisa foram

seguidos, pais e alunos responderam ao Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice B).

Após este momento, em novo encontro com o grupo de alunos, foi aplicado

o roteiro de identificação dos hábitos de estudos. A pesquisadora lia as questões

pausadamente e os alunos respondiam assinalando as alternativas mais reveladoras

dos seus hábitos de estudo.

No terceiro momento foi desencadeada uma discussão a partir da exibição

de dois filmes motivacionais. Os filmes foram exibidos em sequência e em seguida a

análise dos mesmos foi oportunizada para que os alunos pudessem refletir a

respeito do enredo e sobre os principais destaques na história dos personagens,

levando-os à reflexão sobre possibilidades de mudanças de hábitos, para melhor

êxito nos estudos.

O quarto momento de intervenção com o grupo de alunos permitiu a

elaboração de gráfico para visualização do rendimento escolar individual e coletivo

do conjunto das matérias e das disciplinas individualmente.

Levamos para cada aluno, folhas de sulfite, contendo suas notas dos três

bimestres nas disciplinas de Arte, Ciências, Educação Física, Geografia, História,

Português, Matemática e Inglês. Coube ao aluno somar, achar a média e pintar o

gráfico em barra, utilizando as cores vermelho, para médias abaixo de 5,9. Amarelo,

para médias de 6,0 a 7,9 e verde para acima de 8,0.

Já para o gráfico das disciplinas, realizado no encontro seguinte, levou-se

em folha sulfite, as notas dos três bimestres de cada aluno participante. Por

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disciplina, os alunos, tiveram que achar a média e confeccionar os gráficos

utilizando-se de fichas, nas cores, vermelho, para médias abaixo de 5,9 e amarelo,

para médias até 7,9. Os alunos, de acordo com a disciplina que havia pegado,

tinham que, atentos às médias, procurar as fichas que estavam com o resultado no

verso, colando-as nos gráficos.

Prontos os gráficos, fez-se uma análise e reflexão sobre o que eles nos

apresentavam, conciliando a abordagem, com o resultado do que os alunos

responderam no roteiro de hábitos de estudos, oportunizando a tomada de

consciência da ação, o auto-gerenciamento e a auto-regulação.

O quinto encontro de intervenção com os alunos teve como desencadeador

de discussões a história do Pinóquio que foi sintetizada e lida aos alunos, pela

professora PDE. Como o objetivo era levá-los a elaborar uma rotina, com hábitos

que permitam aos mesmos organizarem-se melhor nos estudos, a história teve o

final adaptado à ocasião. O final, reportava aos alunos que estavam participando da

implementação a organizarem uma rotina diária ao Pinóquio, por uma semana.

No sexto momento de intervenção, nos servimos de Cópia, ditado, leitura.

As atividades executadas permitiram aos alunos compararem os resultados das

mesmas, com as respostas que deram aos itens relacionados no questionário de

investigação de autoeficácia, visando melhorar a auto-percepção, regulação e o

senso de autoeficácia.

Para a cópia, foi levado um texto criado pela pesquisadora o quela continha

um pedido de Gepeto para a elaboração de uma rotina para Pinóquio. Após ter sido

distribuída uma folha em branco a cada aluno, o texto foi passado no quadro-negro.

Na atividade de ditado, foi usado um tema de interesse dos alunos sobre a

origem da bola.

Além das ações descritas anteriormente, foram empregadas atividades

lúdicas oportunizadoras de momentos de ganhar-perder para que o senso de

autoeficácia diante de diferentes tarefas escolares fosse oportunizado.

Foram proporcionados aos alunos alguns jogos: dos sete erros, tangran,

quebra cabeça com 63 peças, dominó de subtração, com objetivo de promover mais

atenção e concentração dos mesmos. O desenvolvimento deste encontro com os

alunos propiciou a organização do ambiente escolar.

Os diversos materiais lúdicos espalhados pelas mesinhas proporcionaram

momentos de organização do ambiente e reflexão sobre o objetivo de estudar de

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forma e em ambientes organizados, visando um melhor aproveitamento e

rendimento durante as atividades.

No oitavo encontro da intervenção foi feita a Reaplicação do roteiro de

Autoeficácia.

A reaplicação do Roteiro visou permitir a comparação entre os resultados do

senso de autoeficácia, antes e após a intervenção.

4 RESULTADOS DAS ATIVIDADES ANTES E DURANTE O PERÍODO DE

IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

A apresentação dos resultados está dividida em dois momentos: o primeiro

faz uma análise comparativa entre os resultados do instrumento “Roteiro de

Avaliação de Autoeficácia” e o desempenho escolar dos participantes nos três

bimestres, quanto às disciplinas de Português e Matemática, que são as disciplinas

trabalhadas na Sala de Apoio à Aprendizagem. A seguir apresenta o percentual do

roteiro de Autoeficácia, tendo como discriminação a valoração positiva e negativa de

cada item do Roteiro.

O segundo momento consta da apresentação dos resultados, relativo à

intervenção propriamente dita, realizada junto ao grupo de alunos, após a primeira

aplicação do Roteiro de avaliação da Autoeficácia e a seguir compara os resultados

de Autoeficácia antes e após a intervenção.

4.1 PERFIL DOS ALUNOS PARTICIPANTES DO ESTUDO

Dos onze (11) sujeitos selecionados, dez (10) deles são do sexo masculino e

um (1) do sexo feminino, sendo que oito deles apresentam-se dentro da faixa etária

para a 5ª série, ou seja, onze (11) anos e um deles já havia completado catorze (14)

anos. Destes, oito (8) alunos nunca haviam sido retidos em nenhuma série, um (1)

deles estava cursando a 5ª série pela segunda vez, um aluno, havia sido retido por

duas vezes somente nas séries iniciais, enquanto outro, repetiu por duas vezes as

séries iniciais e estava cursando pela 2ª vez a 5ª série.

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4.2 ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA

Tabela 1 - Comparativo entre o resultado do Roteiro de Avaliação de Autoeficácia

Sujeitos Res. Avaliação

Autoeficácia

Percepção qto ao seu desempenho

Percepção comparando-se com os pares

1º Bimestre Port mat

2º Bimestre Port mat

3º Bimestre

Port mat

Média

EDO 08 02 06 6,0 6,0 4,7 8,5 6,3 7,0 6,4 WRV 08 08 00 3,3 5,4 5,1 2,6 4,5 5,9 4,4 JLG 08 04 04 4,0 6,1 6,0 4,1 4,0 6,0 5,0 MLS 10 04 06 2,5 4,0 6,4 5,0 4,5 6,4 4,7 BMM 10 04 06 7,7 4,9 6,3 4,8 4,4 3,5 5,2 GCS 12 07 05 7,5 4,2 6,0 4,5 6,5 6,4 5,8 GSA 13 07 06 6,0 5,6 4,7 3,3 7,6 5,3 5,4 DBS 13 08 05 6,5 4,5 5,1 5,0 6,5 6,6 5,6 NCJ 14 10 04 4,4 4,7 6,5 4,6 4,3 5,5 4,9 LCB 14 09 05 7,3 5,3 7,0 3,2 5,7 6,5 5,8 LJS 15 09 06 6,0 5,2 7,8 5,6 7,7 6,3 6,3

Fonte: Adaptação de Medeiros et al. (2000)

Analisando comparativamente os resultados do Roteiro de Autoeficácia com

o boletim de rendimento escolar nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,

dos alunos que freqüentam a Sala de Apoio à Aprendizagem matriculados em um

colégio estadual no Estado do Paraná, antes da intervenção, percebe-se que mais

da metade dos participantes demonstraram um nível adequado de autoeficácia,

tanto com relação à percepção de seu desempenho, quanto na comparação com os

pares, com exceção de dois alunos. Este dado revela que quanto menor for o senso

de Autoeficácia, menor o aproveitamento escolar dos alunos. NCJ considera-se com

um nível bom de autoeficácia embora não apresente um bom rendimento escolar,

isto revela ou a incompreensão da própria trajetória acadêmica, ou total falta de

compromisso com a própria aprendizagem já que tem excesso de faltas. Sua

autoavaliação fica assim prejudicada. Quanto a EDO, o tempo trabalhado com o

mesmo foi insuficiente para poder afirmar qualquer parecer a respeito.

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4.2.2 Roteiro de Avaliação da AutoEficácia

Tabela 2 - Resultado do Roteiro de Autoeficácia – tendo com discriminação a valoração positiva e negativa de cada item, antes da intervenção

ITENS %

01 Eu tenho me saído bem 27,2

03 Eu consigo ler com facilidade 72,7

05 Eu consigo copiar com facilidade 81,8

07 Eu consigo escrever as palavras que são ditadas 72.7

09 Eu lembro com facilidade do que aprendi 9,0

20 Eu quero continuar estudando por muitos anos 45,4

02 Eu quero parar de estudar logo 54.5

12 Eu esqueço rápido o que aprendi 9,0

14 Eu tenho dificuldade para escrever as palavras que são ditadas 72,7

16 Eu tenho dificuldade para fazer cópia 81,8

18 Eu tenho dificuldade para ler 72,7

19 Eu tenho me saído mal 27,2

11 Eu aprendo tão bem quanto meus colegas 45,4

13 Eu acabo as atividades ao mesmo tempo que meus colegas 45,5

15 Meus professores me consideram um bom aluno 72,7

17 Minha família me considera um bom aluno 63,3

04 Minha família me considera um aluno fraco 72,7

06 Meus professores me consideram um aluno fraco 45,4

08 Eu demoro mais que os outros para acabar as atividades 81,8

10 Eu tenho mais dificuldade para aprender que meus colegas 54,5

Pode-se observar no Roteiro de Autoeficácia, quanto à percepção da

capacidade e desempenho acadêmico, que a grande maioria dos alunos avaliados,

percebe-se como indo mal nos estudos, embora considerem que escrevem e leem

com facilidade. Isto pode estar relacionado ao fato de que a coleta de dados foi

realizada quase no final do ano letivo. Setenta e três por cento (73%), disseram que

esquecem com facilidade o que aprendem e mais da metade deles querem parar

logo de estudar. Na percepção de desempenho acadêmico, tendo como referência a

avaliação de outros ou a comparação com os pares, mais da metade dos sujeitos

consideram que tanto a família, quanto os professores os veem como bons alunos, e

em comparação com os colegas, quarenta e cinco por cento (45%) percebem que

aprendem tão bem quanto os seus pares. Há de se salientar que em algumas

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questões, muitos deles deixaram transparecer, que o termo “às vezes”, deveria fazer

parte das alternativas, (questões 6, 15, 08, 9, 12, 13, 10, 11,). Na questão 13, pode

haver uma dúbia interpretação na pergunta: Eu acabo as atividades ao mesmo

tempo que meus colegas. Depende de como o sujeito, ou os sujeitos, se comparam

com os seus pares. Ele ou eles poderão considerar que acabam antes que os

colegas, não ao mesmo tempo e nem depois, e por isso assinalar não, pois o fato de

acabarem antes não está contemplado na pergunta.

4.2.3 Descrição dos Resultados das Atividades Realizadas no Decorrer do Trabalho

de Implementação na Escola

O trabalho de implementação teve seu início no dia quinze (15) de outubro

de dois mil e dez (2010). Foram planejados e executados oito (08) encontros, de

duas horas semanais, trabalhados em período de contra turno. No primeiro encontro

buscou-se integrar o grupo, realizar o levantamento das habilidades e expectativas e

aplicar o Roteiro de Hábitos de Estudos.

a) Roteiro de Hábitos de Estudos:

No Roteiro de Hábitos de Estudos, cem por cento (100%), colocaram que às

vezes, estudam em casa. Cinquenta por cento (50%) deles estudam quando sabem

que vão ser avaliados, enquanto que só trinta (30%) por cento realizam as tarefas

que terão na próxima aula. Quanto às atividades que vão para casa, um aluno

admitiu que se concentra e não gosta de ser interrompido, os demais conversam

sempre com quem está ao redor, levantam para comer alguma coisa e mais da

metade estudam com o televisor ligado ou ouvindo música.

No ambiente da sala de aula a realidade não difere. Dois alunos colocaram

que prestam atenção às aulas, copiam tudo e realizam as atividades propostas.

Quatro deles, só anotam aquilo que acham importantes, embora, dois deles copiem,

mas não conseguem realizar as atividades.

Os outros cinco diferem nas respostas, que vão desde não anotar nada, ficar

desenhando, conversando, brincando com os colegas e/ou manter se distraídos, não

conseguem se concentrar, comprovando que os alunos que apresentam baixo senso

de autoeficácia tendem a evitar tarefas que julgam difíceis, fixam-se muito mais nas

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deficiências pessoais, nos obstáculos que encontram, não se esforçam e fogem

rapidamente de situações de dificuldades.

Oito (8) alunos colocaram como resposta que tem falta de organização e

revelam que não encontram o registro dos conteúdos espalhados nas folhas do

caderno.

Com relação à leitura, nove deles responderam que, às vezes, costuma

pegar livros na biblioteca, um aluno respondeu que pega sempre, enquanto outro,

disse nunca pegar. Quase metade deles começam a ler imediatamente, desde a

primeira linha, e prestam atenção à leitura, porém sete (7) alunos alegaram que

conseguem se lembrar de parte do texto, mas não a idéia central. Enquanto três (3)

conseguem contar com detalhes o que leram.

No que concerne à avaliação, cinco (5) deles mantêm-se calmos ao fazer a

prova, três (3) ficam nervosos e esquecem tudo, dois (2) leem cuidadosamente as

instruções e um (1) não gosta de ler e tenta responder ou realizar tudo de qualquer

jeito, típico de indivíduos com baixo nível de eficácia, que em determinadas tarefas

as evitam por duvidar de sua capacidade.

b) Filmes Motivacionais:

Detectada a necessidade dos alunos aprenderem a se organizar e

desenvolverem melhor seus hábitos de estudos, para o segundo encontro foram

levados dois filmes motivacionais, que abordam personagens da vida real, que

apresentam dificuldades, mas que, com perseverança conseguiram superá-las. Os

alunos ficaram atentos e admirados com a desenvoltura com que os personagens

superaram seus limites e executam com habilidade tudo o que a vida lhes exige.

Dessa forma pode-se, sem dificuldades, explorar a ideia central dos filmes,

transferindo-a para a realidade dos alunos, culminando com a mudança que podem

realizar em seus hábitos pessoais referentes aos estudos.

c) Elaboração de gráfico para visualização do rendimento escolar individual e

coletivo do conjunto das matérias e das disciplinas individualmente:

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Quando da realização das atividades dos gráficos do rendimento de cada

um, pode-se detectar a falta de concentração e atenção na grande maioria dos

alunos.

Já no gráfico por disciplinas, realizado no encontro posterior, um dos alunos,

na pressa, colou a ficha errada, o que gerou reflexão: em qualquer atividade é

necessário analisar, ter atenção, calma.

Os gráficos construídos pelos alunos foram fixados na sala e desencadeou-

se uma análise sobre a situação da turma. Nenhuma das disciplinas (Arte, Ciências,

Educação Física, Geografia, História, Português, Matemática e Inglês), em nenhum

dos bimestres apresentou média acima de 8,0. Quanto à disciplina de Português e

Matemática todos os bimestres precisaram ser registrados em vermelho (critério

estabelecido para as médias que se apresentam abaixo de 5,9). Somente o gráfico

de Arte e Educação Física, apresentaram-se no amarelo, (critério estabelecido para

as médias entre 6,0 e 7,9). As demais disciplinas variaram, permitindo a reflexão

sobre o que pode ter proporcionado a variação no desempenho da turma. Segundo

eles mudanças de professores, diferenças na forma de explicação dos professores:

um explica melhor... outro muito rápido, a indisciplina da sala, a postura do

professor.

Neste mesmo encontro foi realizado também a análise do resultado do

aproveitamento individual, comparando-o com o gráfico da turma e refletido sobre a

postura a ser tomada, para que haja mudança na melhoria do aproveitamento

escolar. Três alunos admitiram estar estudando mais nesse bimestre, um deles disse

que ficou estudando muitas horas para o Simulado que houve no dia anterior.

Verificado o nível de rendimento, o aluno que já havia incorporado mudanças na

rotina de estudos foi o que atingiu o maior número de pontos, significando que vale a

pena se esforçar.

d) Organização da rotina de Pinóquio:

A maioria dos alunos incorporou o personagem como algo real e

submeteram-no a uma rotina que correspondia a hábitos que os mesmos possuíam,

inclusive com ideias que se contradiziam, mas que intermediadas, foram passíveis

de acordo. Nesta rotina incluiu-se uma hora para seus estudos. Somente um aluno

disse que iria adotar a rotina do Pinóquio.

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No encontro posterior, fixamos o cartaz com a rotina de Pinóquio na sala e

verificamos quantos alunos haviam tentado pôr em prática a mesma. Nenhum aluno

havia colocado em prática toda rotina, somente alguns itens, não estando entre eles,

o horário de estudos. Nova reflexão foi oportunizada sobre essa necessidade.

e) Comparando o resultado da cópia e ditado:

O texto, contendo dezesseis linhas, acabou sendo cansativo para os alunos

e houve muitas conversas paralelas. Ao serem convidados a confrontar a cópia que

haviam realizado, com o texto que havia sido digitado e entregue individualmente,

perceberam que devido à falta de atenção e concentração muitos erros haviam sido

cometidos. Isto motivou reflexão sobre o fato de serem inteligentes e fazerem cópias

com freqüência na escola, entretanto foram levados a perceber que a falta de

concentração naquilo que realizam acarreta erros, falta de capricho e dificuldade no

entendimento dos conteúdos.

Após o ditado, foi realizada a correção no quadro negro e realizada a

comparação do desempenho no ditado com o resultado no questionário de

Autoeficácia, confirmando que sabem fazer ditado, o que se faz necessário é mais

leitura, para poderem dominar algumas palavras dentro da norma culta.

f) Atividades lúdicas:

As atividades lúdicas para o penúltimo encontro foram escolhidas e

realizadas no intuito de ajudar na melhora da atenção e concentração dos alunos

As atividades para se encontrar os sete erros foram realizadas por eles

facilmente e os mesmos mostraram-se muito atentos. A seguir, cada um fez opção

pelas diversas atividades que estavam lhes sendo proporcionadas.

O desafio para a pesquisadora foi fazê-los perceber que é necessário

transformar o erro em situação de aprendizagem, levando-os a entender que errar é

permitido e faz parte do processo, pois é errando e acertando que o aluno melhora

seu senso de autoeficácia.

g) Organizando o ambiente:

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Os diversos materiais lúdicos espalhados pelas mesinhas proporcionaram

neste mesmo encontro momentos de organização do ambiente e reflexão sobre o

objetivo de se estudar de forma e em ambientes organizados, visando um melhor

aproveitamento e rendimento durante as atividades.

Todos perceberam, tinham conhecimento, foram prestativos na organização

e afirmaram que é necessário um ambiente organizado para que se possa estudar

melhor.

h) Reaplicação do roteiro de Autoeficácia

Tabela 3 - Comparativo entre o resultado do Roteiro de Avaliação de Autoeficácia

Sujeitos Resultado Auto

Pré teste

Avaliação Eficácia Pós teste

Médias dos três Bimestres

port mat

4º Bimestre

port mat

EDO 08 5 09 5,6 7,1 7,0 8,4 WRV 08 02 4,3 4,6 5,0 6,0 JLG 08 0 12 4,6 5,4 5,1 5,2 MLS 10 0 08 4,4 5,1 4,3 6,0 BMM 10 0 15 6,1 4,4 6,0 5,4 GCS 12 1 17 6,6 5,0 6,3 5,0 GSA 13 17 6,1 4,7 6,0 6,7 DBS 13 4 18 6,0 5,3 6,5 8,1 NCJ 14 1 14 5,0 4,9 5,4 5,8 LCB 14 1 18 6,6 5,0 6,2 6,1 LJS 15 17 7,1 5,7 7,1 6,9

Fonte: Adaptação de Medeiros et al. (2000)

Na tabela 3, comparando o resultado da avaliação da autoeficácia com o

boletim de rendimento escolar antes e pós intervenção nas disciplinas de Língua

Portuguesa e Matemática, verificou-se que dois alunos baixaram seu senso de

autoeficácia, provavelmente, justificado por termos aplicado o questionário já na

última semana de novembro e os alunos perceberem que ao final do ano ainda

apresentam muitas dificuldades. Esse dado nos pareceu mais real que o da primeira

aplicação para estes dois alunos. Analisemos alguns casos: WRV, cujas únicas

questões que pontuou são as que têm como propósito não largar os estudos, ou

seja continuar estudando. MLS, apesar de participar com interesse do trabalho de

intervenção e dizer estar desempenhando bastante em casa, não apresentou

melhora, principalmente em Língua Portuguesa. BMM aumentou bem seu senso de

autoeficácia, provavelmente por ter melhorado seu desempenho em quase todas as

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disciplinas. GCS melhorou o desempenho em muitas disciplinas, apesar de não

haver melhora nas notas de Língua Portuguesa e Matemática, os professores o

estão elogiando devido à sua mudança de postura frente aos estudos,

principalmente em sala de aula.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estar concluindo o PDE me oportunizou conhecer novas teorias, que

acredito, todo profissional da educação deveria conhecer, corroborando para que as

crenças docentes e das relações destes com as suas ações viabilizem efeitos mais

positivos e duradouros no processo ensino-aprendizagem, beneficiando ainda mais

os alunos.

Os resultados deste estudo remeteram-nos a uma análise sobre as

percepções dos alunos em relação ao próprio desempenho e às próprias

capacidades e os dados colhidos confirmam a teoria de que os alunos com queixa

de dificuldades de aprendizagem, apresentam baixo senso de autoeficácia, fogem

diante dos desafios e não possuem metas de realização e desempenho.

Em nossa investigação, este dado foi constatado, pois quase cinqüenta por

cento dos alunos entrevistados revelaram querer parar logo de estudar e são alunos

que estão terminando o primeiro ciclo do ensino Fundamental, ou seja, apenas

iniciaram a trajetória acadêmica e já apresentam uma marca negativa em relação à

escola, aos estudos.

Dessa forma consideramos que o trabalho de intervenção pode oportunizar

aos alunos tomada de consciência da própria condição como aluno, estimular o

auto-gerenciamento e a auto-regulação. Isto é significativo para permitir que tracem

metas, que percebam suas próprias expectativas nos estudos e estabeleçam

estratégias para alcançá-las. Defendemos a ideia de que o não aprender, no caso

dos sujeitos de nosso estudo, não está relacionado à falta de inteligência dos alunos

e percebemos faltar-lhes o senso de competência para a realização das tarefas

solicitadas.

A pesquisa realizada permitiu a (re)significação de um espaço oficial de

trabalho com as dificuldades de aprendizagem na escola e oportunizou a construção

de estratégias de enfrentamento do não aprender. Mostrou um caminho a ser

adotado neste espaço de atuação pedagógica que tem se perdido na repetição de

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conteúdos e não tem atingido os objetivos a que se propõe. Nosso estudo

evidenciou que para além das atividades que objetivam a apropriação dos

conteúdos de Português e Matemática por parte dos alunos, a sala de apoio deve

ocupar-se em promover o senso de autoeficácia em seus alunos.

Dada a limitação do estudo, há no término desta pesquisa a indicação de

que novos estudos sejam realizados nos quais a investigação promova melhores

formas de compreensão da ação pedagógica no contexto das salas de apoio à

aprendizagem.

A participação no programa PDE e a finalização das ações desenvolvidas

com a produção desta pesquisa e artigo trouxeram enriquecimento tanto à formação

acadêmica quanto pessoal e desvelaram caminhos a serem percorridos como

professora pedagoga em minha atuação na escola e na comunidade na qual estou

inserida.

REFERÊNCIAS

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BZUNECK, J. A. As crenças de autoeficácia e o seu papel na motivação dos alunos. In: BZUNECK, J. A.; BORUCHOVITCH, E. (Org.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea. 3. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004. p. 116-133.

COLLODI, C. Pinóquio. São Paulo: Scipione, 2007.

GIMENEZ, E. H. R. Crenças de uma professora e de seus alunos sobre o contexto escolar. 2007. Dissertação (Mestrado em Psicologia Escolar) – Pontifícia Universidade Católica, Campinas.

MARTINS, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo. Atlas, 2006.

MEDEIROS, P. C. et al. A autoeficácia e os aspectos comportamentais de crianças com dificuldade de aprendizagem. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.13, n. 3, p. 327-336, 2000.

MEDEIROS, P. C. et al. O senso de autoeficácia e o comportamento orientado para aprendizagem em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem. Estudos de Psicologia, Natal, v. 8, n. 1, p. 93-105, 2003.

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NICK Vujicic :um exemplo de vida. Disponível em: <Http://www.youtube.com/watch?v=_gJiWJf4dMI >. Acesso em: 10 mar. 2010.

NUNES, M. F. O. Funcionamento e desenvolvimento das crenças de autoeficácia: uma revisão. Revista Brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 29-42, jun. 2008.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Instrução Conjunta 04/2004. Curitiba, 2004a.

PARANÁ. Secretaria da Educação. Resolução 208/2004. Curitiba, 2004b.

SOUSA, J. P. Teoria social cognitiva. 2007. Disponível em: <http://www.artigos.com/artigos/psicologia/teoria-social-gognitiva-1820/artigo/> Acesso em: 17 fev. 2010.

TONY Melendez em Português. Produção de Leonardo Vera. São Paulo: Fundação TELETON, 2000. 6 min. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=4w5Z-WP3W18>. Acesso em: 10 mar. 2010.

TORISU, E. M.; FERREIRA, A. C. A teoria social cognitiva e o ensino-aprendizagem da matemática: considerações sobre as crenças de autoeficácia matemática. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p.168-177, 2009. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/viewFile/106/150>. Acesso em: 7 jun. 2010.

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APÊNDICE

A) Instrumento de investigação - idade, sexo e histórico de reprovação dos alunos

Aluno:____________________________________________5ª série__________

Idade:_______________________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Já reprovou alguma série: ( ) Não ( ) Sim

Se sua resposta for SIM, coloque entre parênteses, quantas vezes::

1ª ( ); 2ª série ( ); 3ª série ( ); 4ª série ( ); 5ª série ( )

B) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PESQUISA: “O SENSO DE AUTO EFICÁCIA E AS RELAÇÕES COM O NÃO

APRENDER”

Seu(Sua) filho(a) está sendo convidado(a) a participar de uma proposta de pesquisa, que tem como finalidade trabalhar a organização de hábitos de estudo e o senso de autoeficácia diante de situações de aprendizagem, sob a responsabilidade da Pedagoga Norma Koglin Vidotto, sob a orientação de Francismara Neves de Oliveira, professora da Universidade Estadual de Londrina-Pr. Assinando esse Termo de Consentimento V.S. estará ciente que serão realizados encontros com seu (sua) filho(a), nos quais lhe será solicitado que realize atividades, participe de jogos e responda a um questionário sobre seus hábitos de estudos.

A pesquisa será realizada na própria escola, no horário da sexta feira de manhã, em oito encontros entre seu (sua) filho (a), os demais colegas da sala de apoio e a pesquisadora. Os dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho.

Os procedimentos em questão não envolvem riscos e não fere a integridade moral dos participantes. A participação nesse estudo não acarretará nenhum prejuízo ou benefício terapêutico. Havendo interesse ou necessidade, a participação de seu (sua) filho(a) poderá ser interrompida antes, durante ou ao término do procedimento, sem que com isso ele(ela) sofra quaisquer tipo de ônus.

Com este termo, V.S. está ciente de todas as informações necessárias para poder decidir sobre a participação de seu(sua) filho(a) na referida pesquisa.

Para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa V.S. poderá entrar em contato com a responsável pelo estudo no Colégio Estadual Walfredo Silveira Correa.

_______________________________________ Nome do pai ou responsável _______________________________________ Assinatura do pai ou responsável

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_______________________________________ Nome do aluno(a) _______________________________________ Assinatura do aluno(a) Arapongas, _____, de outubro de 2010

________________________________________ Pesquisadora responsável

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ANEXO A

a) Roteiro de Avaliação de Autoeficácia: Vou apresentar algumas frases e você vai dizer o quanto elas tem a ver com seu jeito de ser, ou de pensar. Quando você concordar, basta fazer um X na coluna SIM. Se não concordar, se elas forem diferentes do seu jeito de ser, faça um X na coluna NÃO

Na escola, SIM NÃO

1 Eu tenho me saído bem

2 Eu quero parar de estudar logo

3 Eu consigo ler com facilidade

4 Minha família me considera um aluno fraco

5 Eu consigo copiar com facilidade

6 Meus professores me consideram um aluno fraco

7 Eu consigo escrever as palavras que são ditadas

8 Eu demoro mais que os outros para acabar as atividades

9 Eu lembro com facilidade do que aprendi

10 Eu tenho mais dificuldade para aprender que meus colegas

11 Eu aprendo tão bem quanto meus colegas

12 Eu esqueço rápido o que aprendi

13 Eu acabo as atividades ao mesmo tempo que meus colegas

14 Eu tenho dificuldade para escrever as palavras que são ditadas

15 Meus professores me consideram um bom aluno

16 Eu tenho dificuldade para fazer cópia

17 Minha família me considera um bom aluno

18 Eu tenho dificuldade para ler

19 Eu tenho me saído mal

20 Eu quero continuar estudando por muitos anos

Fonte: Medeiros et al., 2000.