Cartilha Agroecologia - Projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · proposta uma agricultura sem o uso de veneno. Mas só é...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1
A HISTÓRIA DE SÃO JOÃO DO TRIUNFO E A AGROECOLOGIA – SÃO JOÃO
DO TRIUNFO, SUA HISTÓRIA, SUA GEOGRAFIA E A AGROECOLOGIA. UMA
ABORDAGEM HISTÓRICA.
Autor: Zeni Lucia P. Silva 1 Orientador: Prof.Luiz André Sartori2
Resumo
O artigo “A história de São João do Triunfo e a Agroecologia-São João do Triunfo, sua História, sua Geografia e a Agroecologia” é uma abordagem histórica e recente na agricultura do município de São João do Triunfo. Os agricultores construíram a idéia de que sem fertilizantes químicos não se produz. Porém o avanço da Revolução Verde, que teve sua grande expansão a partir de 1965, veio trazer conseqüências graves para a terra e o homem com a utilização da agricultura convencional, por contaminação e envenamento do solo, do ar e da água. Assim é proposta uma agricultura sem o uso de veneno. Mas só é possível se trabalhar na perspectiva do equilíbrio dos sistemas da biodiversidade, fazendo o uso da adubação orgânica, na produção dos alimentos.
Palavras-chave: História; Agroecologia; Geografia.
1 Notas Introdutórias
Este artigo abordou temas como a Agroecologia, Agricultura-Familiar e suas
produções como o Processo da Mandala, Compostagem, Receitas Caseiras,
Plasticultura, Agricultura Orgânica e Hortaliças. Temas estes que foram elementos
importantes e que estão relacionados com o dia-a-dia do educando residente na
área rural, visando informar, debater e estimular a formação dos trabalhadores e
cidadãos conscientes e assim relacionando-se os fatos do seu dia-a-dia com as
técnicas abordadas.
1 Professor PDE-2009: Zeni Lucia Pires da Silva – Colégio Estadual Francisco Neves Filho
2 Professor Orientador: Luiz André Sartori – Universidade de Ponta Grossa
2
Com este estudo pretendeu-se construir com a história, contada pelas
próprias pessoas que a viveram, na perspectiva de uma análise de seus
conhecimentos e de vida para que não haja espaço para a fome nem a miséria.
Assumindo assim o quadro conceitual das teorias, dessa disciplina de
Geografia, para efetivar a formação do educando, no sentido de construir a História
e Geografia de seu município, e sua ligação com a agroecologia. Contudo foi
importante lembrar que outras áreas do conhecimento estiveram presentes no
desenvolvimento das atividades propostas.
Tendo em vista a forma que o estudo atual da agroecologia tem seguido,
visando contextualizar o homem no espaço-tempo, vimos a necessidade da
pesquisa histórica e geográfica do município de São João do Triunfo, incluindo a
agroecologia, que está presente em todos os cursos técnicos relacionados com a
agricultura, que veio atender os camponeses e a sociedade como um todo. A
agroecologia surgiu na Inglaterra nos anos 90 e veio como uma espécie de
agricultura orgânica. À medida que os educandos e educadores se aprofundaram
nos estudos teóricos e práticos da agroecologia, perceberam que a sua forma de
atuar na natureza e sua postura e ética frente a sociedade vieram dar condições
essenciais para a consolidação de um novo modelo de desenvolvimento. E também
resgatar a história e a geografia de São João do Triunfo e sua ligação com a
agroecologia, sendo que o município em estudo tem sua base econômica voltada
para a agricultura familiar e, atualmente, para atender a demanda de mercado.
Atribuiu também apoiar a formação do aluno consciente das relações sociais,
espaciais do seu tempo, com enfoque da geografia. E transmitiu o quadro conceitual
das teorias criticas dessa disciplina de geografia, que incorporaram os conflitos e as
contradições sociais, econômicas e culturais do município de São João do Triunfo,
em estudo.
A construção dessa história apresentou limitações no que se refere às
informações sobre o período de início do século XX, pois não há disponibilidade de
referencial teórico no campo da historiografia. Foi possível encontrar um material de
caráter instrutivo e técnico destinado à população rural a fim de propiciar o
melhoramento moral e material de si mesmo, do bem estar da família e do progresso
das comunidades onde os camponeses vivem.
3
De acordo com a pesquisa nas comunidades rurais de São João do Triunfo,
os alunos encontraram como única forma a prática de produção agrícola com o uso
de agrotóxicos, e não acreditando em outras práticas possíveis como o uso na
produção agrícola da adubação orgânica.
Encontramos dificuldades como trabalhar a conscientização das práticas
alimentares na divulgação de uma alimentação mais saudável. Isso acabou
resultando em resistência à outras formas de cultivo, como usar a compostagem na
produção de alimentos. Apresentou como uma ação desafiadora, junto à
comunidade a perspectiva da superação dessa prática e construção de alternativas.
Este artigo foi construído a partir de fontes, respostas a questionários,
tabulações e análise de dados, entrevistas e a materialização do Túnel do Tempo
(Feira de Exposições dos resultados), um trabalho que consiste numa prática
metodológica participativa que envolveu toda a comunidade escolar para, de uma
forma criativa, trabalhar a disciplinaridade.
O objetivo do projeto veio direcionar atividades pedagógicas para a rede
Pública Estadual e Municipal de São João do Triunfo.
Seu objetivo foi considerar uma construção da Agroecologia, através da
história do município de São João do Triunfo, uma vez que nos seus 119 anos de
emancipação política, tem pouco registro escrito de sua História.
A comunidade escolar do Colégio Estadual Francisco Neves Filho, buscou a
construção da história a partir da memória viva, até chegar aos nossos dias. Através
da realização do Túnel do Tempo com o tema Agroecologia em São João do Triunfo.
2 Desenvolvimento teórico
No campo da agroecologia um dos graves problemas a que está relacionado
é a questão que os ambientalistas colocam para o pleno desenvolvimento da
agricultura. Por outro lado, evidencia como a agroecologia permitiu estruturalmente
aos graves problemas de abastecimento alimentar assim como aos problemas
econômicos, sociais e ambientais veio se intensificando com o avanço do
agronegócio. Um exemplo é a fome no Brasil. Se o volume consumido pela
população como um todo fosse repartido de forma igualitária a integração diária por
4
pessoa, incluindo todos os tipos de alimentos, seriam de pouco mais de 900 gramas,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2003). Em
contrapartida o Brasil está entre os três maiores produtores mundiais de soja, milho,
mandioca, pimenta e arroz. E alguns desses produtos são destinados à exportação
e outras são para, fabricação de rações para os animais. Foi criado também o
Programa Nacional de Segurança Familiar com o objetivo governamental à
produção de alimentos básicos como: feijão, milho, trigo e mandioca permitindo
afirmar que o enfoque agroecológico propicia o aumento da produção e dos
rendimentos sem ajuda dos sistemas da Revolução Verde. Na segunda metade do
século XX, o Brasil implantou a Revolução Verde onde começou a utilização de
máquinas e implementos agrícolas. Atualmente calcula-se que cerca de um terço da
população mundial sofra carência alimentar. Isto veio explicar que o fato de que
grande parte da produção agrícola, sobretudo a dos países mais pobres, foi para o
abastecimento do mercado consumidor dos países desenvolvidos, e não para as
pessoas que precisam de maior oferta de alimentos.
Porém foi a combinação do aumento do número de agricultores familiares
com o uso generalizado da agroecologia que permitiu o maior número de produção
de alimentos, com efeitos imediatos tanto na melhoria da alimentação das famílias
como no aumento, oferecidos pelos produtores. Na Região Sul apontam a
importância das estratégias de acesso aos mercados de forma a favorecer as
práticas agroecológicas como segurança alimentar e em segundo lugar através do
Programa Fome Zero e do Programa de Compra de Alimento da Companhia
Nacional de Abastecimento – CONAB. Com os projetos da agroecologia as famílias
passaram a se alimentar mais e gastar menos com compras de alimentos. A
agroecologia vem sendo construída com a contribuição de diversas áreas do
conhecimento e se propõe a ser uma resposta sócio-ambiental a esta degradação
ocasionada pela mal denominado Revolução Verde. Contudo veio buscar uma
qualidade de vida melhor e perceber que o todo é composto por partes.
Agroecologia é uma nova abordagem que integra diversos aspectos agronômicos e
ecológicos na avaliação dos efeitos das técnicas agrícolas sobre a produção de
alimentos e na sociedade como um todo. A agroecologia é conhecida ainda como
forma de agricultura alternativa, produzindo alimentos mais saudáveis e valorizando
5
o homem do campo, suas famílias e seu trabalho, produzindo o cultivo de alimentos
de forma natural sem a utilização de agrotóxicos e adubos químicos solúveis. (Melo,
2008)
O sistema de agroecologia tem mostrado que é possível produzir
proporcionando a possibilidade de renovação natural do solo, facilitando a
reciclagem de nutrientes, utilizando racionalmente os recursos naturais e mantendo
a biodiversidade.
No final da Primeira Grande Guerra Mundial, surgiram os primeiros
movimentos de agricultura nativa na Inglaterra (agricultura orgânica) e na Áustria.
Nessa época as idéias da Revolução Industrial influenciaram a agricultura criando
modelos baseados na produção em série e sem diversificação.
Após a Segunda Guerra Mundial (por volta de 1946) a agricultura sofreu um
novo incremento, uma vez que o conhecimento humano avançava nas áreas da
química industrial e farmacêutica. Surgiram os adubos sintéticos e agrotóxicos e as
sementes geneticamente melhoradas, o que, no setor agrícola mundial, passou a ser
chamada de Revolução Verde.
No Brasil, foram criados movimentos ambientalistas para o controle do
desenvolvimento e o Meio Ambiente. Como a ECO 92, no Rio de Janeiro, e novas
diretrizes como as atividades humanas, compiladas na Agenda 21, com o objetivo de
alcançarmos um desenvolvimento duradouro e com menor impacto possível no
desenvolvimento sustentável, no sentido da implantação de uma maior qualidade
dos produtos agrícolas.
Objetivo principal desse artigo é contribuir com o debate das organizações
dos agricultores, no que diz respeito de como se posicionar perante as demandas de
que estão sendo e que serão postas para a agricultura familiar a partir das políticas,
que dizem respeito às novas tecnologias, ou redução do uso de agrotóxicos. Sendo
assim, a agricultura familiar proporcionou o melhoramento da qualidade de vida dos
agricultores partindo da questão ambiental, a viabilidade econômica, que existe e
deve ser levada em consideração: a terra, o capital, o trabalho, tecnologia e a
diversidade cultural. Porque a agricultura veio ser uma das maiores intervenções do
homem junto à natureza. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa sobre
Políticas Alimentares, nos Estados Unidos, 40% do solo para o uso agrícola está
6
degradado. Devido sua forma mais convencional, à base do fogo, arado, e à grade,
porque ela nunca deixou de ser um conjunto de operações que modificaram o solo
natural em busca da produção de alimentos (MARX, KARL). Em consequência da
concentração da propriedade de terra, o Brasil ainda importa alimentos e dois em
cada três brasileiros não têm alimentação adequada. Por causa dessa realidade
tornam-se ainda mais graves os problemas em relação à produção de alimentos
produzidos em pequenas e médias propriedades, de onde se espera um
melhoramento para os agricultores incentivados a progredir no sentido de melhorar
as condições de vida dos trabalhadores do campo.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a maior parte
dos estabelecimentos rurais do Brasil é constituída por pequenas propriedades. De
acordo com essas informações, os minifúndios correspondem a 52% das
propriedades agrárias. Só que a área ocupada por estas inúmeras propriedades
atinge apenas 2,6% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais. Os
grandes estabelecimentos, por outro lado, constituem 0,8% das propriedades, mas a
área ocupada por eles é igual a 43,7% do total dos estabelecimentos.
Segundo Hunt, em relação ao Capital, que é um conjunto de bens utilizados
como instrumento da venda do produto que o agricultor produziu em sua propriedade
que vai para comercialização, este vem com a finalidade de proporcionar um
melhoramento no sentido financeiro para a família do agricultor. Na agricultura
familiar, o trabalho está sendo organizado como uma forma de grande potencial no
desenvolvimento da melhoria do que foi produzido pelo agricultor, levando-o a
pensar conscientemente a preservar a natureza, isto é, tendo a capacidade de
imaginar antes de realizar as atividades agrícolas.
As tecnologias têm por objetivos e necessidades dos agricultores familiares
procederem a um desenvolvimento sustentável que leve a qualidade de vida, na
prática agrícola e de manejo dos recursos naturais que permitem manter a produção
ao longo do tempo, sem contaminação do meio ambiente. (TARDIN, abril -2002)
Podemos perceber que os agricultores familiares devem buscar novas
alternativas no que se refere às novas tecnologias, que possam causar menos
impactos que os da Revolução Verde, no campo chamado: Revolução Tecnológica.
Um exemplo disso é o Rancho Queimado, localizado em Santa Catarina, com
7
apenas 2500 habitantes. Ali se concentram os descendentes de alemães, e italianos
e poloneses, que se dedicam à agricultura familiar que foi aquela agricultura sem
química e que pela primeira vez fez parte da nossa história. Isto é, representa a
adoção de práticas coerentes para que se realize a íntima relação homem-natureza.
Salientando ainda que a exploração camponesa possa ser considerada como uma
unidade de produção e consumo. O principal sustento do camponês é o trabalho
familiar (SHANIN: 1976). A unidade familiar é um lugar de vida, onde se constrói e se
organiza o projeto de vida. Na incentivação de novas práticas de recuperação e
adubação a partir do aproveitamento dos recursos naturais, a seleção de sementes
crioulas e adaptadas às regiões, o aproveitamento dos resíduos dos animais e
vegetais para a recuperação e melhoria da fertilidade do solo com consequência veio
a produção dos alimentos de boa qualidade e, inclusive pensando se na proteção
das áreas de matas, e em outras coberturas vegetais. Gera-se assim um espaço de
produção de sementes crioulas no intuito de renovar geneticamente o seu cultivo.
Em São João do Triunfo de acordo com a pesquisa elaborada pelos alunos,
muitos agricultores mostraram resistência mantendo suas sementes crioulas em
contrapartida com as sementes oferecidas com a Revolução Verde, como ficou
conhecida no período pós-guerra. Os países em desenvolvimento tiveram acesso
“facilitado” às tecnologias antes não utilizadas em seus sistemas de produção. Onde
o “homem” é agredido por adubações químicas altamente solúveis e concentradas; a
própria natureza também é agredida. Exemplos da entrevista: observe os gráficos.
Com a construção da história do uso da Agroecologia em São João do Triunfo
foi importante o período de ação da entrevista com os agricultores, dos cento e
oitenta e sete entrevistados, 80% responderam que utilizam o uso do sistema
convencional, e apenas 11% utilizam o sistema orgânico em sua produção agrícola,
e 9% que praticam o sistema misto em sua propriedade agrícola.
8
Sistema de Cultivo
11%
80%
9%
Orgânico
Convencional
Misto
Gráfico: 01- Sistema de Cultivo.
Fonte: Zona Rural, de São João do Triunfo-Setembro- 2009
Esta diversificação de sistema possibilitou acessar informações de como
eram as práticas e como foi acontecendo o discurso para a introdução do uso da
Agroecologia.Exemplo:
Destinação de Embalagens Vazias de
Agrotóxicos
19%
2%
3%
72%
4%
Guarda no
depósito
Joga a céu aberto
não guarda
devolve ao
fabricante
Vende para
empresas
especializadas
Gráfico 02- Destinação de Embalagens Vazias de Agrotóxicos.
Fonte:Àrea Rural, de São João do Triunfo-2009
De acordo com a entrevista nas comunidades rurais de São João do Triunfo,
o destino da utilização das embalagens vazias de agrotóxicos, apenas 72% dos
agricultores devolvem aos fabricantes, enquanto que 19% guardam no deposito pré
destinado para as embalagens com maior segurança, 2% jogam a céu aberto,
podendo haver uma contaminação, 3% dos entrevistados não guardam e apenas
9
4% vende as embalagens vazias para as empresas especializadas. Portanto há uma
diversidade de conceituação a respeito das embalagens vazias de agrotóxicos.
Uso de EPI
86%
14%
Sim
Não
Gráfico 03- Uso de Equipamentos de Proteção é Individual.
Fonte: Àrea Rural- São João do Triunfo -2009
Com base na entrevista feita nas comunidades pelos alunos do Colégio
Estadual Francisco Neves Filho, com os agricultores 86% respondeu que sim em
relação ao uso de equipamentos de proteção é individual por agricultor, e apenas
14% responderam que não os utilizam na realização de suas produções agrícolas.
Problemas com Irrigação e Falta
d'água
30%
70%
Sim
Não
Gráfico: 04- Problemas Com Irrigação e Falta D’àgua
Fonte: Àrea Rural-São João do Triunfo-2009
10
Com relação aos problemas relacionados com a falta de água e irrigação nas
propriedades rurais do município em estudo, 70% dos entrevistados responderam
que não tem problemas relacionados com os itens citados e apenas 30%
responderam que tem problemas em suas propriedades agrícolas.
Problemas de Solo
49%51%Sim
Não
Gráfico: 05- Problemas de Solo.
Fonte: Àrea Rural-São João do Triunfo-2009
De acordo com a entrevista do questionário feita nas comunidades rurais do
município em estudo foi constatado que há poucos problemas relacionados com o
solo como erosão, perda de fertilidade, compactação e contaminação. 49%
responderam que há e 51% responderam que não há problemas relacionados com o
solo.
Preocupação com o Solo
95%
5%
Sim
Não
Gráfico 06 - Preocupação Com o Solo. Fonte: Àrea Rural- São João do Triunfo-2009
11
De acordo com a entrevista do questionário, nas comunidades rurais do
município de São João do Triunfo dos cento e oitenta e sete entrevistados 95%
responderam sim, que tem preocupação com o solo, e apenas 5% dos entrevistados
responderam não. Numa perspectiva de não se preocupar com o ambiente da área
rural, onde se desenvolve sua produção agrícola.
Tipos de Plantação
62,6
34,2 31,6
7,0
46,5
82,9
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Milho Batata Mandioca Soja Feijão Outros
Produtos
% d
as P
rop
ried
ad
es
qu
e C
ult
ivam
Gráfico 07-Tipos de Plantação.
Fonte:Àrea Rural- São João do Triunfo- 2009.
De acordo com a aplicação do questionário nas comunidades rurais do
município em estudo a produção agrícola destaca-se: milho em 62,6% das
propriedades, feijão em 46,5%, batata em 34,2%, mandioca 31,6%, soja 7,0%. Mas
tendo em maior destaque outros tipos de produção agrícola em 82,9% das
propriedades.
Tempo de posse da terra
22%
22%
11%11%
10%
21%
3% 0 a 5
6 a 10
11 a 15
16 a 20
20 a 25
26 ou +
não responderam
Gráfico 08- Tempo de Posse da Terra.
Fonte:Àrea Rural- São João do Triunfo- 2009
12
De acordo com a entrevista na zona rural de São João do Triunfo, com
relação ao tempo de posse da terra, foram entrevistados cento e oitenta e sete,
famílias agricultoras, das quais 3% não responderam. 22% responderam que
possuem a terra entre zero e 5 anos, 22% entre 6 e 10 anos, 11% entre 11 e 15
anos, 11% entre 16 e 20 anos, 10% entre 20 e 25 anos e 21% são proprietários a 26
anos ou mais de sua propriedade.
Devemos conservar a matéria orgânica, porque o solo é um organismo vivo e
é à base da alimentação humana que se obtém do solo, porque um solo saudável
vai produzir alimentos de qualidade. Como exemplo, o processo de rotação de
cultura, consiste em variar o lugar onde se planta o mesmo cultivo, ou seja, não
colocar numa mesma área duas vezes seguidas a mesma cultura, ou culturas da
mesma família. Além disso, cada planta, quando decomposta, tem efeitos diferentes
no solo e, com isto, reforça a defesa natural contra pragas e doenças. Porque,
segundo Freire “A educação por si só não transforma a sociedade (o campo), mas,
sem a educação, a sociedade (o campo) não se transforma”.
A educação tem que ser pensada a partir da realidade local, porque partindo
do lugar onde vivem os camponeses se adaptam a suas condições de vida, a sua
cultura e a sua realidade. Mas Rotini e Sequi (1974) salientaram que “O emprego de
inseticidas e herbicidas causam grandes problemas no que diz respeito à integridade
das características do solo.” Porque a matéria orgânica e o húmus que dela derivam
podem, de certa forma, servir de tampão, reduzindo um pouco o atraso provocado
por este ou aquele agrotóxico na nitrificação. Mas observaram também que os
herbicidas parecem os mais perigosos, devido a sua dupla ação: efeito direto no
momento do tratamento, ainda que seja letal, em relação à planta e ação indireta,
pela inibição da nitrificação ou da destruição dos microrganismos do solo. Mas para
Chaboussou, 1968, que levou a estudos as repercussões dos agrotóxicos sobre a
fisiologia da planta e as conseqüências resultantes sobre o potencial biótico das
pragas, por efeito nutricional, todo o controle químico deve ser retomado sobre
novas bases como o controle dito “integrado”.
“Qualquer adubação que deixa a planta em sua condição fisiológica ótima
confere-lhe o máximo de resistência. Consequentemente, trata-se de fornecer à
planta a adubação adequada, que lhe apontem os diversos elementos que ela exige,
13
nas proporções relativas a sua necessidade efetivas. Portanto, tanto o excesso
quanto a carência de um ou diversos elementos, que rompem o equilíbrio fisiológico
normal da planta, são capazes de diminuir sua resistência natural.” FLABROUSSE,
(Annles Agaveronominqes,1932).
A adubação tem o papel de fornecer à planta todos os elementos de que
necessita para se desenvolver e dar uma colheita “rentável”. È por este motivo que
devemos prever a manutenção da fertilidade do solo, além de não se provocar
eventuais descontroles através de agrotóxicos, introduzidos intencionalmente ou
não, no solo. È necessário evitar qualquer desequilíbrio alimentar da planta, seja
este resultante de desequilíbrios de ordem quantitativa dos elementos colocados no
solo ou da própria natureza. Mas Divier, Bertrand (1974), observaram que o
emprego de matéria orgânica é recomendado nas culturas desde há muito tempo, as
razões científicas deste emprego foram pouco estudadas. Mas eles nos permitiram
ver mais claramente a causa deste fenômeno e explicar, ao menos parcialmente,
esta “propriedade” indeterminada da matéria orgânica. Com este estudo conclui-se
que a adubação orgânica tem um certo número de propriedade, como a melhoria da
capacidade do solo no que diz respeito à retenção de água.
Além disso, a adubação orgânica veio proporcionar ao solo alimentos ricos
em matéria orgânica sendo este material orgânico uma palha ou esterco pouco
decomposto, porém os microrganismos vão, em primeiro lugar, retirar daí o
nitrogênio necessário à sua síntese de proteínas.
Estes resultados experimentais vieram explicar porque os “inventores” da
compostagem insistem num “amadurecimento” conveniente, antes de seu emprego.
Outra ação importante da adubação orgânica é o da estabilização da estrutura dos
solos.
Lemaire (1972) demonstrou experimentalmente que o efeito depressivo
desaparece ao cabo de dois meses de decomposição em estufa, e que é necessário
esperar três meses para obter efeitos estimulantes.
Segundo Toledo (2000), foi à produção de hortaliças em viveiros que permitiu
a muitos horticultores elevarem seus níveis de rendimentos. Porém, foi preciso
conhecer a história da área para ter idéia de quais doenças poderá aparecer, o que
vai determinar o que produzir ali e até cultivo adequado. Ela oferece vantagens a
14
quem a utiliza, também exige cuidados adicionais, como a exploração do solo, que
pode provocar sua salinização em um dos processos de irrigação, podem aparecer
doenças, e às vezes é surpreendida por pragas ou doenças desconhecidas. Como o
oídio, que é uma dessas doenças, causada por um fungo branco que ataca as folhas
das plantas, reduzindo a produtividade. A baixa umidade relativa do ar no interior das
estufas vai aumentando a incidência de oídio, diz o agrônomo – José Guilherme Leal
da EMATER (Empresa Brasileira de Extensão Rural). Uma das soluções é um
sistema de nebulização, que espalha gotículas de água que ajudam a diminuir a
temperatura e a elevar a umidade do ambiente.
O pesquisador da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária),
Neville Barbosa dos Reis, explica que o manejo correto da plasticultura inicia-se na
hora da construção da estufa, ou na avaliação do modelo mais adequado, da
inclinação do telhado, posição em relação ao sol, altura do pé-direito, entre outros
detalhes. Uma das prioridades do plantio das hortaliças em estufas, é que protege o
produto do vento e da chuva ou do sol em excesso. A plasticultura surgiu com o
objetivo principal de resolver a produção de hortaliças, como alface, tomate e pepino,
em uma estufa em terreno de pequena extensão dentro da cidade.Por exemplo, no
interior paulista, em Piracicaba, os agrônomos criaram estufas com parte do teto
removível para facilitar a saída do ar quente e evitar a elevação excessiva da
temperatura interna durante o verão. Para cultivar hortaliças mais “frescas”, o verde
vivo das folhas requer mais qualidade da vida moderna e também um alto custo
nesta modernidade. Essa tecnologia surgiu com os imigrantes alemães, mas teve
um seguimento pelos franceses, que apostaram e organizaram o mercado de
verduras lavadas, picadas e embaladas. Aqui no Brasil, nos arredores de São Paulo
e no Distrito Federal, é que os agricultores investiram nessa nova proposta. A
Verdureira começou a funcionar em 1994, na Capital Paulista, colocando no
mercado três tipos de saladas embaladas. Nas suas embalagens aparece escrito “do
produtor para sua mesa”, divulgação que detém o controle de toda a linha de
produção e sem intermediários. Assim os consumidores buscam nos alimentos
saudáveis a praticidade e a higiene. Os horticultores vêm encontrar novos desafios,
aumentando assim o tempo de durabilidade das hortaliças com novas tecnologias
15
através de pesquisas. Por fim, conseguir que o consumidor de hortaliças e legumes
passe a reconhecer a qualidade do produto não só pela aparência, mas pela marca.
O sucesso do cultivo em estufas depende em grande parte de medidas para
evitar a salinização e manter a qualidade do solo. Exemplo: Analisar a água usada
na irrigação. Ela não pode apresentar excesso de sais em sua composição. A cada
ciclo de plantio, repor a matéria orgânica no solo e evitar o uso de esterco de aves
em estado puro.
Segundo o inglês Howard, 1905,quando trabalhou na Índia, “percebeu que os
camponeses hindus não usavam pesticidas, nem fertilizantes químicos, mas
devolviam à terra resíduos vegetais e animais, cuidadosamente acumulados. As
plantas cultivadas se apresentavam vigorosas, produtivas e isentas de pragas. Mas
o filósofo Rudolf Steiner, identificou a agricultura sobre a influência da energia de
determinados astros: na época da plantação, dos tratos culturais e da colheita.
Steiner veio afirmar que não se pode compreender o processo íntimo da atividade
agrícola sem ter noções da interdependência das ações recíprocas dos fatores que
jogam na economia da natureza. Mas o sistema orgânico de produção foi proposto
pelo engenheiro agrônomo inglês Albert Howard, que trabalhou com pesquisa
agrícola na Índia durante 40 anos, no início do século XX. Observou que os
agricultores não utilizavam fertilizantes químicos no processo de cultivo,onde
concluiu que as plantas não apresentavam incidência de doenças. Assim como o
uso de cobertura vivas e mortas do solo é uma prática recomendada para evitar a
exposição do solo aos impactos da chuva ,do sol e dos ventos e, ao mesmo tempo,
para diminuir alterações de umidade e temperatura para favorecer os cultivos e os
microrganismo do solo. As práticas orientadas ao melhoramento do solo e a nutrição
das plantas favoreceu o controle de patógenos do solo através do desenvolvimento
da resistência sistemática induzida, que resultou de uma maior atividade e
diversidade de microrganismos do solo (Grahm e Mitchll,1999).
Porém Assis (2002) veio relatar que o maior atrativo do mercado de produtos
orgânicos no Brasil foi sobre preço, o qual se observou em função da demanda de
mercado. Darolt (2002) revelou que o preço dos alimentos orgânicos foi relacionado
a local de compra, tipo de produto e diversos fatores relacionados ao processo de
16
produção. Como exemplo temos o custo das embalagens, custos de certificação e
perdas econômicas durante o processo de conversão.
A produção orgânica foi praticada em quase todos os países da América
Latina,sendo exemplos de produtos orgânicos frutas, cana-de-açúcar, soja,
hortaliças e milho.
Mas Howard (1947) e Cook (1976) afirmaram que um solo saudável, vivo,
produz planta também saudável com alto valor nutritivo e fisiológico e com
resistência natural às moléstias e pragas. Contendo adubação orgânica ele veio
ativar a vida do solo, como exemplo temos os adubos de curral que são preparados
sob ventilação (compostagem em camadas e compostagem de superfície) e
transformados.
Isto veio significar antes de tudo uma ligação interdisciplinar, no futuro, entre
prática e pesquisa. É um método agrícola que visou à manutenção da fertilidade do
solo. Exemplo são as sementes de hortaliças. Segundo Kiss (1999) as sementes
para o plantio e mudas são extraídas dos frutos colhidos. Está em pesquisa no
exterior a semente de tomate. Os agricultores contam com o apoio de máquinas e
equipamentos para o trabalho de extração de sementes e muitas vezes se vêem
obrigados a fazer improvisações. Tanto quanto para ajudar os produtores de
sementes, como aqueles que vivem do cultivo do tomate. Os pesquisadores da
EMBRAPA – Hortaliças, adaptaram uma máquina para extrair as sementes do fruto.
O extrator brasileiro foi construído por um grupo de pesquisadores comandados pelo
engenheiro agrícola Francisco Eduardo de Castro Rocha. O processo consiste em
colocar os tomates na parte superior do extrator, para serem esmagados pelos rolos.
Depois de descer pela calha, o material cai na peneira cilíndrica, que separa as
sementes da polpa e da casca. A pré-secagem é feita à sombra, espalhada. São
colocadas as sementes de tomate em finas camadas sobre uma tela de náilon, por
um ou até dois dias. (SILVA, 1997)
Temos também, a cenoura, que é planta típica de regiões de clima
temperado, mas as variedades brasileiras disponíveis permitem o plantio durante
todo o ano. Nos meses de abril a setembro, recomenda-se a utilização das
variedades do grupo nantes, de melhor qualidade culinária e preferida pelos
consumidores. A cenoura responde muito bem à adubação orgânica. Por isso, deve-
17
se aplicar esterco de curral por um mês antes do plantio para finalizar sua
compostagem. Após a semeadura, todo o canteiro é coberto com uma camada fina
de palha de arroz ou capim cortado, para evitar que o sol forte mate as plantinhas
recém germinadas.
As pragas que mais atingem a cenoura são os pulgões, as formigas-la-pés e
os nematóides. Outra doença mais frequente na cultura da cenoura é a ferrugem,
que são manchas nas folhas, de cor de ferrugem. Pode-se evitar esta doença com a
escolha da variedade correta da semente e a rotação de cultura.
Vogtmann em 1983, demonstrou em uma pesquisa que a sensibilidade do
processo de cultivo ao meio ambiente é atingida diretamente, quer dizer um produto
de igual “qualidade” no que se refere a outros aspectos como exemplo a situação
dos resíduos, no processo de produção sensível ao meio ambiente, seria
considerado de melhor qualidade. E conservação do húmus Stochli (1949) e
predominância de adubação orgânica. Como exemplo temos a compostagem que é
um aproveitamento de restos de vegetais e resíduos de animais que, amontoados e
com a presença do ar, realizam a fermentação, fixando o nitrogênio na massa,
resultando num húmus rico em nutrientes.
O composto orgânico é mais fácil de ser preparado porque a compostagem
não exige grande espaço, não suja e nem provoca mau cheiro. Porque ela ajuda a
resolver o problema do lixo orgânico e das sobras da produção animal ou vegetal. O
composto pode ser feito em pilhas ao ar livre ou em composteira. Ela permite a
circulação do ar e comporta cerca de um metro cúbico de resíduos. Essas regras
limitam as dimensões da composteira de cesto telado. Todo material de origem
animal ou vegetal pode ser usado. O composto deve estar sempre úmido, não
encharcado. (BEZERRA, 1998)
O adubo orgânico ajuda na retenção e drenagem da água, neutraliza toxina,
impede que o solo sofra mudanças de acidez e alcalinidade, permite a ação das
minhocas e microorganismos benéficos, para saúde do solo. A palha de cana-de-
açúcar, que fica sobre o terreno, pode ser aproveitado sem problema como adubo
orgânico para a próxima safra. A utilização do esterco é uma maneira de recuperar o
solo esgotado. Para o esterco ser aplicado diretamente na cultura, se faz a
18
compostagem, deixando o esterco descansar por um período a fim de que o mesmo
realize o seu processo de decomposição. (6º- Jornada de Agroecologia -2007)
Outro adubo básico, e fácil de ser produzido, foi a utilização da minhoca no
solo, que demonstrou a situação do solo como melhoria na fertilidade natural
integrada à ação dos seres vivos. Para preparar o alimento das minhocas, apenas
misturar esterco bovino ou de cavalo, 20% de restos de vegetais em pilhas de um
metro e cinqüenta centímetros de altura. As pilhas devem ser reviradas duas vezes
por dia na primeira semana e uma vez nas demais, durante aproximadamente um
mês. Quando o esterco estiver pronto, colocam-se nos canteiros dois litros de
minhocas por metro quadrado. Devem-se cobrir os canteiros com palhas secas e
depois manter a umidade, e para evitar os passarinhos, coloca-se na cobertura,
sapé. Adubação orgânica ajuda a equilibrar a micro vida do solo e assim fortificar o
potencial do controle de doenças, além de desenvolver uma planta equilibrada e
resistente, permite o aproveitamento da matéria orgânica disponível o ano todo.
O agricultor veio obter uma lavoura saudável a sequência de cultivo, com a
conservação da fertilidade do solo, e obtendo uma promoção de um alto potencial de
defesa do solo contra pragas e moléstias assim como o fortalecimento suficiente de
húmus. O composto é produzido pelas minhocas com a matéria orgânicas por elas
ingeridas. Desde a mais remota antiguidade há referência sobre as minhocas como
habitantes do interior da terra. Segundo Gilbert White afirma-se que elas são
benéficas às plantas. Para o naturalista Charles Darwin elas são benéficas para as
plantas porque abrem galerias no solo, facilitando a entrada e retenção das águas,
arejam o solo, deixa-o mais solto ou macio e ainda fornece-lhe um excelente adubo,
o húmus por elas produzido.
3 Conclusão
A agricultura em São João do Triunfo constitui-se como a primeira atividade
econômica assim como em toda a Região Sul do Paraná. Porém as práticas eram
herdadas dos povos nativos como o uso da coivara, que é a técnica da derrubada da
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mata deixando-a secar e em seguida vem a queimada para limpar o solo e a
realização do plantio. Mas, porém essa técnica mata os microorganismos do solo.
Utilizavam também como forma de limpeza das lavouras antigamente, de acordo
com os relatos, o uso da capina. E hoje 46%dos agricultores indicam ser o uso da
carpideira de tração animal o recurso mais utilizado. Porém fazem o uso das duas
ferramentas. Mas para que o agricultor tenha uma agricultura ecológica, ele deve
sempre procurar conhecer a natureza da sua região, do seu município em estudo.
Como é o caso de São João do Triunfo. Precisou buscar os conhecimentos nas
escolas, junto aos técnicos agrícolas, e também utilizou o conhecimento das
pessoas do lugar que precisou ser valorizado, procurando valorizar a recuperação
da fertilidade natural da terra resgatando as variedades de sementes crioulas. E
utilizando o adubo orgânico, como o esterco dos animais, para que a terra possa
produzir plantas sadias e resistentes.
No Paraná muitos agricultores estão usando o adubo caseiro com sucesso
em lavouras como feijões, soja, batatinha, cebola, tomate e couve-flor.
Segundo dados da Pesquisa Estadual de Saúde e da Universidade Federal
do Paraná (UFPR), veio mostrar índice de resíduos nos produtos que muito dos
hortigranjeiros produzem variando entre 22% a 29% nos anos de 1987 a 1999.
Como por exemplo, o morango, com 45 pulverizações até a colheita, seguido do
tomate e da batata.
Segundo o artigo do Decreto N-98 816, de 11/01/90, determina-se que o
descarte de embalagens de agrotóxicos deverá obedecer às recomendações
técnicas contidas na bula. Contudo em alguns lugares as embalagens são
enterradas. Mas segundo o (IBAMA) a prática do enterro inutiliza as áreas
agricultáveis e favorece a contaminação de lençóis freáticos com os resíduos de
agrotóxicos que ficam nas embalagens. (TARDIN, 2002)
Os aspectos da economia de São João do Triunfo, de acordo com a
Secretaria Municipal da Agricultura e a EMATER-(Empresa Paranaense de
Assistência Técnica e a Extensão Rural). Que representam as condições da
agricultura vigente no município como um todo alguns Empresários Rurais dispondo
de maquinários mecanizados, aplicam insumos recomendados pela tecnologia
extensiva e contratam mão-de-obra gerando emprego.
20
O uso da terra é caracterizado pela pequena unidade, onde 73% praticam a
agricultura em uma área menor que cinco alqueires e outro grupo também
significativo de 19% fazem o uso de menos de dez alqueires. Ou seja, 92%
trabalham em regime de economia familiar em uma pequena propriedade.
Encontramos, também, empresários familiares podendo dispor de
maquinários com o capital aí investido não muito grande, trabalhando também com a
tração animal ou contratando serviços de máquinas para o preparo do solo, trilha de
grãos e mão de obra para colheita. E produtores simples que são empresários
familiares, não acumulam riquezas, ou que empobreceram,trabalhando com a tração
animal ou manual. IAPAR-(Instituto Agronômico do Paraná). E famílias agricultoras
valorizando as sementes crioulas que contêm o segredo da vida e guardam em seu
interior a história das famílias que as preservam. Seguindo esta lógica as sementes
se transformam em alimentos a exemplo da semente de trigo na produção de pão.
A historiadora Lima Vial, moradora de Cascavel no Paraná, formada pela
Universidade Federal de Curitiba, que no momento atua como extensionista na
EMATER, de Lindoeste, também no Paraná, orienta o que fazer com os produtos
que os agricultores produzem em suas propriedades. Muitas vezes são esses
produtos rurais que garantem o sustento da família quando as habituais plantações
de milho e soja não rendem o esperado. As mulheres de Lindoeste oferecem
algumas receitas que transformaram a rotina de suas vidas, como a conserva mista
caseira.
Carandaí é considerada umas das que produzem mais cenouras do Estado de
Minas Gerais. Por este motivo as mulheres dos agricultores, conhecedoras da
tradicional cozinha mineira, não hesitaram em aprender receitas novas para o
aproveitamento do tubérculo. Foram orientados pela extensionista da EMATER, por
volta dos anos de 1996, Célia Maria Santos Freire, cujo objetivo era deixar o
conhecimento das receitas ultrapassar as regiões dos Estados do Brasil. (SILVA,
1996)
A publicitária Dalva Bolognini, estudiosa da história alimentar do nosso povo,
vem fazendo um trabalho ligado à Comissão do Folclore da Secretária de Cultura,
em São Paulo, e constatou que nós, brasileiros herdamos os hábitos alimentares dos
povos europeus, assim como o cultivo de pequenas hortas na frente das casas. A
21
cozinha brasileira é uma fusão dos hábitos alimentares do paladar do colonizador,
português, do índio, como o uso da mandioca e do milho, e do africano,
evidenciando pela utilização da pimenta. Segundo estudos do professor Cyro da
Costa Paulino da Escola Superior de Agricultura, Luiz de Queiroz, de Piracicaba, SP,
a pimenta malagueta faz parte da família de pimenta nativas da América Tropical,
que os incas e maias, que não conheciam o sal, usavam para tirar o gosto dos
alimentos.
Temos ainda, os produtores de São José do Rio Pardo-SP, que ensinam a
fazer pratos com cebola de sabor menos ardido, que cultivam na região, para
combater a concorrência com a cebola vinda da Argentina. As cooperativas dos
produtores locais também distribuem folhetos, juntos com os sacos de cebola
“suave”, para divulgar o produto e promover o seu consumo, com receitas de Cacilda
de Oliveira Ferreira como torta de cebola, sopa de cebola, argolas de cebolas
empanadas e outras.
A pesquisadora da culinária do Leste Europeu, Luiza Warpechowski,
interessou-se pela culinária da Polônia, quando foi estudar Geografia naquele país.
Na Polônia, produzem um suco à base de beterraba, que é servido como refresco.
Na Rússia e na Ucrânia é servida uma sopa muito rica feita com grande variedade
de ingredientes, como a beterraba. Temos também o repolho azedo que é
indispensável como acompanhamento de outros tipos de saladas. Basta lavá-lo bem,
cortar-lo fino e depois colocar em salmoura junto com alguns grãos de pimenta e
uma folha de parreira para fermentar, por cinco dias. E depois é só servir.
Salientando ainda Maria de Lourdes Ferrari Garcia, que prepara pratos de doces e
salgados, tipicamente brasileiros que levam na mistura milho ou mandioca,
ingredientes herdados da fusão entre as culturas indígena, africana e portuguesa.
Mané-pelado é um bolo feito com mandioca ralada, coco e queijo. Temos ainda a
canjica e o cuscuz, como exemplos.
A agricultura orgânica apresentou-se nesta pesquisa como mercado inovador
para o agricultor familiar, pela decorrência da baixa dependência por insumos
externos, pelo aumento de valores agregados aos produtos como conseqüência do
aumento de renda e por propiciar a conservação dos recursos naturais
(CAVALCANTE, 2001). Porque a agricultura familiar veio como um seguimento
22
diretamente beneficiado das tecnologias geradas para a agricultura orgânica e
também oferecem maior garantia de qualidade, e rentabilidade e progresso ao seu
processo produtivo, e não prejudicando o ambiente. O processo mandala visa o
desenvolvimento de Unidades Produtoras Familiares Rurais, utilizando alternativas
práticas, de fácil aplicação, de baixo custo, com base nos saberes populares aliadas
às tecnologias apropriadas aos (conhecimentos e adaptações às condições reais).
A palavra mandala, círculo em sânscrito de origem hindu, quer dizer círculo
mágico “um círculo de energia”. É um símbolo universal, cultuado desde a
antiguidade, caracterizando-se por traçados ao redor de um ponto central ou
movendo-se em direção a ele. A mandala tem por objetivo a facilidade do
desenvolvimento econômico sustentável por meio de ações que visem à melhoria da
qualidade de vida das comunidades e do próprio individuo. Dando possibilidades
através deste processo de adequar-se a qualquer estado do Brasil, por mais difícil
que seja o seu solo. O agricultor visa o processo mandala como um meio da
agricultura sustentável, que o integra ao seu meio rural e valoriza a sua integridade
na agricultura familiar. Considera a água como o recurso principal para a produção
de alimentos. É um sistema de irrigação circular de baixo custo que facilita a
produção de alimentos de subsistência. Possui um tanque com capacidade para 30
mil litros de água, abastecido por cisterna ou açude. A mandala básica representa o
desenho do sistema solar. No centro (o sol) coloca-se o tanque de água, com o
vértice de madeira que sustenta as mangueiras de irrigação ao redor dele (as órbitas
dos planetas). Nos canteiros são cultivados alimentos básicos como arroz, feijão,
mandioca e hortaliças. O último canteiro é destinado à produção ambiental: cerca-
viva ou plantas de porte para controlar a infestação de insetos daninhos e evitar
ventos excessivos. Visando atender as necessidades locais, ela é um modelo de
agricultura familiar. Segundo a agrônoma Carolina Fernandes, o processo é viável,
economiza água e recursos na terra, porque a água pode ser utilizada para a criação
de peixes proporcionando outra fonte de renda aos produtores. Podem ser plantadas
diversas culturas como hortaliças sem o uso de agrotóxicos, proporcionando a
preservação do meio ambiente. Visa também o resgate da dignidade humana,
garantindo a qualidade de vida, e uma produtividade com equilíbrio ambiental. (7ª.
Jornada de Agroecologia 2008). Porque a maior parte das tecnologias introduzidas
23
na produção orgânica referiu-se ao uso da mão de obra familiar para cobrir esta
demanda de produção, sem produtos químicos, apenas nutrientes naturais. Além de
fornecer um produto diferenciado para a população.
Segundo o Departamento de Economia da Secretaria da Agricultura e
Abastecimento do Paraná a área de Agricultura Orgânica da EMATER do Paraná
calcula-se que, nas últimas cinco safras, a produção orgânica cresceu cerca de
800% no estado. Com relação aos relatos dos cursistas do GTR-Grupo de Trabalho
em Rede. Essas práticas sugeridas pela proposta do projeto, vieram como uma nova
forma de ensino nas Escolas Públicas da Rede Estadual. Para desenvolver uma
agricultura sustentável e necessária para preparar o futuro dos agricultores,
utilizando os vários recursos do meio rural, e da comunidade e conviver com as
pessoas que nela residem. Como forma também de garantir a permanência do
agricultor no campo, e fornecer-lhes renda extra, e ajudar na preservação do meio
ambiente.
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