DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · RESUMO Pretende-se, neste relato, apresentar as experiências...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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O TEXTO LOBATIANO E A PRÁTICA DA LEITURA: RELATO DE UMA

EXPERIÊNCIA NA TENTATIVA DE SUPERAR O DESINTERESSE DOS ALUNOS

PELA LEITURA

Autora: Eliane Aparecida Valério1

Orientador: Aécio Flávio de Carvalho2

RESUMO

Pretende-se, neste relato, apresentar as experiências vivenciadas num

projeto de leitura, com a participação de alunos do 1º ano do Ensino Médio.

Compartilhando a sua trajetória e o resultado obtido até o final do ano letivo de

2010, algumas considerações serão feitas, tais como: o espaço escolar como

espaço privilegiado e, em muitos casos, único para o desenvolvimento do hábito da

leitura; algumas técnicas do Método Recepcional como instrumento prático para a

aplicação do projeto; personagens mitológicos com poderes sobrenaturais,

primeiramente como os utilizados por Monteiro Lobato, como elementos motivadores

para um interesse inicial dos alunos; progressivamente, o desenvolvimento do

interesse pela leitura de clássicos, com linguagem e conteúdo mais elaborados.

Palavras-chave: Escola ; Leitura; Mitologia; Interesse

INTRODUÇÃO

1 Pós-graduada em Didática, Graduada em Letras, Regente no Colégio Estadual do Jardim Independência – Ensino Fundamental e Médio

2 Professor Doutor Na Universidade Estadual de Maringá

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Uma das mais antigas reclamações dos professores que trabalham a língua é

a dificuldade de fazer com que seus alunos leiam com prazer. Sem essa

obrigatoriedade vista diariamente nas escolas, onde o professor que exige a leitura é

visto negativamente pelos alunos. Na verdade, a leitura é fundamental para qualquer

aprendizagem, e está presente em todos os momentos da vida.

Aqueles que leem têm o mundo à sua disposição para análise e reflexão. O

que não acontece com quem não o faz. O conhecimento da cultura acumulada pela

sociedade está registrada na linguagem escrita. Portanto, a necessidade desse

conhecimento é contemplada por quem pratica constantemente a leitura.

A formação do conhecimento que daí decorre permite-lhe compreender melhor o presente e seu papel como sujeito histórico. O acesso aos mais variados textos, informativos e literários, proporciona, assim, a tessitura de um universo de informações sobre a humanidade e o mundo que gera vínculos entre o leitor e os outros homens. A socialização do indivíduo se faz, para além dos contatos pessoais, também através da leitura... No diálogo que então se estabelece o sujeito obriga-se a descobrir sentidos e tomar posições, o que o abre para o outro. (BORDINI E AGUIAR, 1993, P.10)

A superação do desinteresse de muitos alunos pela leitura deve ser uma

prática amplamente planejada dentro da escola. É um espaço privilegiado, já que a

grande maioria dos alunos não têm o estímulo necessário fora dela.

Assim, o objetivo primordial desse relato é descrever a experiência na

condução da prática pedagógica relacionada ao ensino/aprendizagem da leitura. O

projeto de leitura desenvolvido foi aplicado na cidade de Sarandi, num colégio de

periferia. Boa parte dos alunos que ali estudam têm carência de todos os tipos,

principalmente cultural. População de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)

baixo, tem toda a sorte de dificuldade possível de acesso aos livros fora da escola.

Algumas disciplinas como História e Geografia participaram de momentos

importantes do desenvolvimento do projeto, com a colaboração de seus professores:

Maria de Fátima Fernandes e Cleusa Batista. As mesmas utilizaram o trabalho

realizado com o filme Percy Jackson e o ladrão de raios para avaliarem em suas

disciplinas. Para a disciplina de história, a professora trabalhou com o mito de

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narciso, relacionando-o com a atualidade.

Por essas e muitas outras razões, a importância que a leitura tem no currículo

escolar deveria ser prioridade. Através dela o sujeito passa a perceber o mundo a

sua volta e o mecanismo que movimenta a sociedade. Com esse conhecimento, tem

a possibilidade de não estar à margem da sociedade, podendo agir pela sua

transformação.

Numa sociedade como a nossa, em que a divisão de bens, de rendas e de

lucros é tão desigual, não se estranha que desigualdade similar presidia

também à distribuição de bens culturais, já que a participação em boa parte

destes últimos é medida pela leitura, habilidade que não está ao alcance de todos, nem mesmo de todos aqueles que foram à escola.Mas ler é, no entanto essencial. (LAJOLO, 1994, p.106)

Considerando que alguns instrumentos indicados pelo Método Recepcional,

estudados profundamente pela escritora Regina Zilberman, em seu livro entitulado

Estética da Recepção e História da Literatura, são pertinentes à consecução do

objetivo proposto, somado ao conhecimento dos mitos e das lendas retiradas da

Mitologia Grega, foram selecionados textos de Monteiro Lobato, da obra Os doze

trabalhos de Hércules , como “corpus” básico de trabalho.

A leitura desses textos, com sua gama de personagens míticos, foi um

elemento motivador para uma disposição de interesse inicial.

A partir daí, os alunos traçaram um paralelo com as personagens reais, do

passado ou contemporâneos, tornando possível, num momento, um crescimento

pessoal, e o início do desenvolvimento do hábito da leitura. Na evolução dos

procedimentos, foram introduzidos textos, comentários orais e recursos audiovisuais,

mostrando que a inspiração dos clássicos da mitologia pôde servir de estímulo à

leitura dos diversos livros oferecidos.

[...] a etapa seguinte consiste no atendimento do horizonte de expectativas, ou seja, proporcionar à classe experiências com os textos literários que satisfaçam as suas necessidades em dois sentidos. Primeiro, quanto ao objeto, uma vez que os textos escolhidos para o trabalho em sala de aula

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serão aqueles que correspondam ao esperado. Segundo, quanto à estratégias de ensino, que deverão ser organizadas a partir de procedimentos conhecidos dos alunos e de seu agrado. (...) Quanto ao material literário, o professor proporá textos cujos temas e/ou composição sejam procurados[...] (BORDINI & AGUIAR, 1993, p.88)

Após pacto com os alunos, esclarecimento sobre o projeto e seu

desenvolvimento, assinaram um 'contrato” concordando com a participação no

projeto. Então, aulas específicas de leitura foram reservadas, semanalmente. Ao

final da leitura dos textos introdutórios, do livro de Monteiro Lobato, “Os doze

trabalhos de Hércules”, debates orais foram estimulados, traçando um paralelo com

personagens reais. Logo em seguida, tiveram contato com textos cujas narrativas

se alongavam, mas com as personagens míticas exercendo a mesma atração, na

grande maioria dos alunos, principalmente aqueles livros que continham histórias

que serviram de inspiração a filmes, como os da saga de Percy Jackson e os

olimpianos. Ao final, livros de linguagem mais elaborada esteticamente foram

oferecidos e, por fim, a avaliação feita pelos envolvidos, dentro da escola.

Nesse percurso, alguns conteúdos básicos foram estudados como a própria

leitura: informativa, lendas e romances; na oralidade: a empostação de voz e a

importância da pontuação adequada; análise linguística reflexiva, tendo como ponto

de partida e de chegada a produção escrita do aluno, bem como os elementos de

coesão e coerência, sintaxe e morfologia.

DESENVOLVIMENTO

O trabalho baseou-se na execução, observação e relato da prática

pedagógica de leitura, dividida em onze Unidades Didáticas, que correspondem às

ações efetuadas no decorrer da aplicação do projeto. Aplicada aos alunos do 1º ano

do Ensino Médio, período matutino, do Colégio Estadual do Jardim Independência –

Ensino Fundamental e Médio, da cidade de Sarandi – PR, o projeto desenvolveu-se

entre os meses de agosto a dezembro de 2010.

A última etapa do projeto consistiu na avaliação do projeto e na avaliação da

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participação dos alunos, estrutura física adequada, recursos materiais

proporcionados, tecnologia suficiente e funcionalidade.

Unidade 1

Introdução (duração de 2 aulas) – Proposta do projeto e pacto sobre seu

desenvolvimento: momento em que a proposta foi apresentada aos alunos,

juntamente com a leitura da lenda Eco e Narciso. Houve discussão de quando

exatamente iniciaríamos já que o tempo para o término não deveria ultrapassar o

final do ano letivo de 2010. Decidimos iniciar na semana seguinte à da apresentação

da proposta, após a leitura e comentários sobre o texto informativo por mim

elaborado. Nesse momento, os alunos ilustraram parte do cenário que mais lhes

chamou a atenção sobre o texto informativo lido. Dois alunos leram para os colegas

acompanharem mais duas lendas da Mitologia Grega: Apolo e Dafne e Píramos e

Tisbe.

Demonstraram gostar da história, pois comentaram por algum tempo tempo,

em uma outra aula. Um aluno comentou sobre a dramaticidade da história. Foi

esclarecido sobre a possível inspiração do poeta e pensador inglês, William

Shakespeare ao escrever sua mais conhecida peça “Romeu e Julieta”.

Após esse trabalho, foi passado vídeos, retirados do youtube, sobre a

Mitologia Grega.

Unidade 2

A formação das equipes (2 aulas): Foram recordadas as personagens do Sítio

do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato: Dona Benta, Pedrinho e Narizinho,

Emília, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa, Tio Barnabé, cuca, Saci, lobisomem,

Mula sem Cabeça, Boitatá, Anjinho, Besouro, Doutor Caramujo, Rabicó, Quindim,

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Curupira, Conselheiro e o Príncipe Escamado. Cada aluno falava sobre esses

personagens e sobre o que se lembravam, descrevendo características físicas e

psicológicas. Alguns alunos comentários sobre suas aventuras.

Logo em seguida, foram distribuídas aos alunos (de acordo com o seu signo do

zodíaco) as histórias contidas em “Os doze trabalhos de Hércules”, de Lobato. Após

lerem, compararam cada narrativa com a relação que a autora Maria de Bourbon fez

com os signos. Esse trabalho foi realizado nos 12 grupos, que me entregaram num

comentário escrito, seguindo o roteiro preestabelecido:

1 – A leitura foi agradável e de fácil compreensão?

2 – Retire do texto passagens onde aparecem seres mitológicos e o que os identifica como tal.

3 – Faça um relato pessoal falando sobre algum episódio marcante ocorrido com você, na sua infância ou mais recentemente, uma travessura, um passeio inesquecível, ou uma grande decepção, o primeiro amor etc.

Cronograma seguido pelos alunos

Signos Trabalhos de Hércules

Áries A captura das éguas de Diomedes (antropófagas)

Touro A captura do touro de Creta

Gêmeos A colheita das maçãs (pomos) de ouro do jardim das Hespérides

Câncer A captura da corça de com chifres de ouro

Leão Matando o leão de Nemeia

Virgem A tomada do cinturão de Hipólita

Libra A captura do Javali de Erimanto

Escorpião A destruição de Hidra de Lerna

Sagitário A morte dos pássaros do Estínfalo

Capricórnio A captura de cérbero, o guardião de Ades

Aquário Limpeza do estábulo de Augias

Peixes A captura do gado vermelho de Gerião

Acharam a atividade interessante, principalmente quando leram com certa

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euforia, sobre seus signos e as previsões.

Unidade 3

Leitura comparativa de outros textos relacionados à mesma temática (4

aulas): momento em que os mesmos grupos (cronograma acima) das aulas

anteriores discutiram a narrativa de onde foram tirados os “trabalhos de Hércules”,

utilizados por Lobato pelas personagens do sítio. O texto utilizado foi do Livro de A.

S. Franchini, “As 100 melhores histórias da Mitologia”. Os alunos se entusiasmaram

menos que a atividade da aula anterior, voltando a se interessarem mais quando foi

passado o clipe de Zé Ramalho, cantando a música do mesmo título (Os doze

trabalhos de Hércules). Abaixo, o roteiro para o trabalho com o texto de A. S.

Franchini e Chistian Grenier:

1 – A leitura foi interessante?

2 – Enumere as diferenças encontradas entre o texto de Lobato e o retirado de

Franchini e Chistian Grenier.

3 – De qual você mais gostou? Por quê?

Após esse trabalho, passei a letra da música interpretada por zé Ramalho Os

doze trabalhos de Hércules. Retirado do site http://www.youtube.com/watch?

v=szP50tL1OKY, acessado em agosto de 2010.

Em dupla, os alunos entregaram uma atividade, respondendo algumas

questões relacionadas à música:

1 – Por que Hércules teve que realizar os “doze trabalhos”?

2 – Quem deu a ele tal destino?

3 – Quem ordenou os castigos?

4 – enumere quais personagens míticas aparecem na música.

5 – Embora fosse considerado o homem mais forte do universo, você percebeu nele

alguma fraqueza? Qual?

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6 – Para refletir: existem algumas personagens que poderiam ser comparadas às

personagens reais? Comente pelo menos um deles.

7 – Grande parcela da população atual acredita em um Deus que é capaz de ler até

nossos pensamentos e é responsável pelo destino de cada um. É possível fazer um

paralelo entre as personagens mitológicas de Zeus e Hércules? Explique.

8 – A Bíblia sagrada rege a história de milhões de pessoas, que a respeitam e a

seguem pelo medo do castigo divino. São os temente a um Deus vingativo, que tudo

pode e tudo vê. Então, essas pessoas só respeitam e fazem o bem pelo medo do

castigo? Comente.

Relataram para a sala suas respostas, o que abriu um debate até bastante

acalorado por parte de alguns alunos. Foi necessária a intervenção e

redirecionamento da atividade, com comentários onde o respeito às diversas

crenças devem acontecer. A atividade foi válida pelo fato da reflexão acontecer.

Unidade 4

Trabalho com o filme “Percy Jackson e o ladrão de raios” (4 aulas): Assistiram

ao filme citado, identificando as diversas personagens mitológicas e seu poderes

supremos. Paralelamente, fizeram uma reflexão sobre algumas situações reais,

cujos problemas são de difícil solução para seres comuns, como por exemplo, o

crime, a violência, o roubo, a politicagem, o egoísmo etc. Poucos alunos refletiram

sobre a possibilidade da solução para os problemas partir das próprias pessoas

envolvidas na situação. Motivo de certa frustração minha, pois acredito que o

comodismo prejudica a eles próprios em sua condição de sociedade marginalizada.

O roteiro desenvolvido foi seguiu as seguintes orientações:

1 – Escrever quais as personagens da Mitologia Grega identificadas no filme.

2 – Responder se esses personagens tinham poderes incomuns ao ser humano,

citando quais, se a resposta fosse positiva.

3 – Esses personagens com seus poderes supremos fazem-nos lembrar de outros

que, mesmo não sendo gregos, atraem admiradores de todas as faixas etárias. O

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cinema é um belo exemplo de adaptações em que diretores conseguem transportar

histórias fantásticas e maravilhosas de livros para as telas, atraindo um imenso

público. Cite alguns exemplos de personagens míticas da atualidade.

4 – Para refletir: os mitos aparecem, normalmente, solucionando situações

complexas onde seres humanos comuns não conseguem resolver pela própria

limitação. Você conhece algum problema mais sério, em seu bairro, na sua cidade,

estado ou país, de difícil solução que, na sua opinião, só poderiam ser solucionados

por um desses mitos? Explique.

Através dos comentários sobre o trabalho, pude perceber que os alunos

conseguiram se lembrar de muito mitos atuais que, inclusive, foram adaptados para

o cinema, mas que primeiramente foram escritos por alguém e lidos por muitos.

A partir do trabalho com esse filme, muitos alunos pediram emprestados os

livros da saga de Percy Jackson e os olimpianos.

Unidade 5

Pesquisa de palavras e termos mitológicos (4 aulas): Os alunos pesquisaram

na internet alguns termos ou palavras utilizados em nossos dias, cuja origem está na

mitologia. A maioria pesquisou os termos sugeridos em sala de aula: “presente de

grego”; coisa “bacana”; “complexo de Édipo”; “caixa de Pandora” e muitos outros.

Em grupo composto de 4 alunos, elaboraram um informativo sobre esses

termos para a escola. A princípio eles pesquisam na própria escola, mas as

condições técnicas não permitiram o acesso de todos os alunos na sala de

informática. Assim, alguns alunos terminaram o trabalho em casa. Termos que mais

atraiu a curiosidade e o encantamento de alguns alunos: narcisismo; calcanhar de

Aquiles; uma verdadeira odisseia; esforço hercúleo; bancar o cupido; carregar o

mundo nas costas; agradar a gregos e troianos; eco e a repetição dos sons; Oceano

Atlântico; Olimpíadas; fenômeno psíquico; coisa voluptuosa; afrodisíacos;

desinfetante Ajax; Companhia Aérea Ícaro; empresa de informática Medusa;

doenças venéreas; uma coisa hermética; cronômetro; foto erótica etc.

Num determinado momento, pedi para que, oralmente, criassem frases

utilizando alguns dos termos pesquisados. Tornou-se uma aula interessante, porque

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durante algum tempo ainda os alunos lembraram-se desses termos para se

comunicarem.

Unidade 6

Expandindo os horizontes pela leitura de romances (2 aulas): para leitura,

foram colocados à disposição dos alunos, diversos livros, mais extensos e

elaborados esteticamente. Alguns clássicos e de sucesso de público da atualidade.

Foram estimulados a ler os comentários da contracapa antes de eleger o que leriam.

Fizeram leitura silenciosa, durante a aula, e levaram para casa para continuarem.

Um grande número de alunos emprestaram, mas outra parte não quis continuar a

leitura em casa. O livro mais reivindicado foi o que serviu de inspiração ao filme

assistido: Percy Jackson e o ladrão de raios.

Relação dos livros sugeridos. Alguns encontrados no site e-books grátis:

1. Crônicas Vampirescas, de Anne Rice

2. Sir Gawan, Cavaleiro da Távola Redonda, Anônimo

3. As Brumas de Avalon, de Anjélica Marion Zimmer Bradley (v.1, 2, 3 e 4)

4. O castelo das vozes, de Ell Sob

5. Harry Potter, de Joane K. Rolling (v1, 2, 3, 4, e 5)

6. Causa nobre, de Helen fielding

7. O bebê de Rosemary, de Ira Levin

8. Meu querido guerreiro, de Julir Garwood

9. O sepulcro, de Kate Mosse

10.Na escuridão da noite, de Kathryn Smith

11.Mutilada, de Khady

12.E se fosse verdade, de Marc Levy

13.Amor além da vida, de Richard Matheson

14.Alguns livros da série de Percy Jackson – Os Olimpianos

15.O último Elfo, de Silvana De Mari

16.Livros da Série Crepúsculo, de Stephanie Meyer

17.Hannibal – A origem do mal, de Thomas Harris

18.As ondas, de Virginia Woolf

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19.O historiador, de Elizabeth Kostova

20. Infiel, de Ayann Hirsi Ali

21.A herdeira, de Henry James

22. Imagem e semelhança, de Sandra Brown

23.Nove amanhãs, de Isaac Azimov

24.Antes de morrer, de Jhenny Downhan

25.A fórmula de Deus, de Jose Rodrigues dos Santos

26.Todo o ar que respiras, de Judyth McNaught

27.As rosas de Atacama, de Luis Sepulveda

28.Encontrar você, de Marc Levy

29.Coraline, de Neil Gaiman

30.Série de Nora Roberts, Um amor para...

31.O último segredo do templo, de Paul Sussman

32.O santuário, de Raymond Khour

33.O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien

34. Insônia, de Stephen King

35.Love – A história de Lisey

36.A dança da floresta, de Juliet Marillier

37.Ésquilo, Prometeu acorrentado

38.Noturno, de Guilhermo Del Toro

39.Pollyanna e Pollyanna moça, de Eleanor H. Porter

40.A corrente do bem, de Catherine Ryan Hyde

41.O estranho caso de Benjamin Button, de F. Scott Fitzgerald

42.Ela enfeitiçada, de Gail Carçon Levine

43.Atlantis, de David Gibbins

44.Coração de tinta, de Cornelia Funke

45.O morro dos ventos uivantes, de Emily Bronte)

46.Os canhões de Navarone, de Alistair Maclean

47.A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares

O nível de concentração para leitura adequada em sala de aula só foi possível

após vários minutos, pois o euforismo causado pelo contato com tantos livros

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demorou a passar. Assim, a aula acabou e tiveram que levar para ler em casa.

Unidade 7

Relembrando os Gêneros do Discurso (2 aulas): numa atividade sugerida pelo

próprio livro didático do 1º ano do Ensino Médio, adotado pelo colégio, revimos

oralmente os gêneros do discurso e assistimos a vídeos sobre o assunto. Uma

atividade interessante para os alunos, que prendeu a atenção, foi passar vários

vídeos que representaram diferentes gêneros. Eles iam identificando cada gênero

com as características percebidas. Após essa atividade, escolheram um gênero para

escreverem ou ilustrarem. O tema sugerido foi sobre os superpoderes que tanto

chamam a atenção da população, transformando seres comuns em mitos.

Unidade 8

Planejando a atividade de contação de histórias (4 aulas): foram colocadas à

disposição dos alunos, diversas lendas mitológicas via internet. Em grupo de três

alunos, escolheram as que mais agradaram, imprimiram e fizeram uma leitura

dramatizada para a própria sala. Foi discutido sobre a empostação da voz para

chamar a atenção do ouvinte. Logo em seguida, escolheram uma turma da escola

para apresentarem. Todos os alunos ouvintes receberam uma cópia das lendas para

acompanharem na hora da contação. Alguns grupos optaram por apresentar a

alguns funcionários da escola, reunindo-os em algum espaço da escola como

cozinha, refeitório e pátio. Outros grupos quiseram narrar na Rádio Estudantil. Esse

último grupo não teve muito sucesso já que o microfone da rádio estava falhando e a

voz não aparecia nítida.

Unidade 9

Levando as lendas míticas aos alunos de 5ª série, através da contação de

histórias (2 aulas): foram formados 10 grupos de contadores de histórias que,

durante o período da tarde, contaram algumas lendas mitológicas aos alunos das 5ª

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séries existentes. Um dos grupos que havia planejado a narração na Rádio

Estudantil, não conseguiu fazê-lo por motivos técnicos. Não daria tempo para

esperar o conserto do microfone da rádio.

No relato dessa experiência, comentaram sobre a dificuldade da atenção por

parte de alguns alunos para iniciarem a contação das histórias até o início da

narração. A professora da turma auxiliou no controle da atenção desses alunos. Um

dos grupos explicou que, ao término da leitura da lenda de Narciso e Eco, os alunos

ficaram por algum momento refletindo sobre o destino das personagens. O mesmo

aconteceu com a lenda de Píramo e Tisbe, trabalho do outro grupo, em outra turma.

Após essa atividade, os grupos relataram a experiência, seguindo o roteiro

abaixo:

1 – Data, horário e turma trabalhada.

2 – Recepção dos alunos e do professor da trma.

3 – Dificuldades encontradas.

4 – Pontos positivos.

5 – Comentários do grupo.

Um dos grupos gostou da experiência, pedindo para que fossem em outras

turmas, agora das sextas séries. Alunos de outras turmas não contempladas com a

apresentação, vieram pedir para que fossem em suas salas. Com o consentimento

dos professores, isso foi feito em duas outras turmas porque não deu tempo para

irem a todas. Num outro momento, poderão fazê-lo.

Unidade 10

Atividade de leitura de romances (2 aulas): clássicos universais e atuais.

Momento em que foram colocadas à disposição dos alunos variedades de livros,

cujas histórias tornaram-se clássicas pela história e/ou pelas personagens

marcantes. Alguns alunos não conseguiram terminar a leitura a tempo de

entregarem o comentário subjetivo proposto. Os alunos que entregaram, fizeram

vários comentários: alguns falaram sobre a linguagem mais complexa que os faziam

perder um pouco do interesse; um aluno refletiu sobre a importância do início da

leitura: disse que somente depois do final do primeiro capítulo sentiu atração pela

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história; falaram muito sobre alguns personagens serem bastante “humanos”, nas

qualidades e defeitos; alguns alunos comentaram que foi difícil ler porque não

conseguiam se concentrar ou acharam a história “chata”. Então refleti sobre a

dificuldade de nossos jovens em conseguir a concentração adequada, inclusive para

realização de suas avaliações. As informações chegam até eles de forma muito

rápida, fazendo com que não consigam acompanhar um raciocínio em que exija uma

maior dedicação. Isso, a escola não consegue resolver.

Acredito que a falta de hábito e a falta de contato com textos mais complexos

foi prejudicial aos alunos até o momento. Mas o primeiro passo foi dado. É preciso

tirá-los da situação de comodismo em que estão. Poucos alunos avançaram,

demonstrando interesse e melhor entendimento dos romances propostos.

Ao final da unidade, entregaram um trabalho escrito, comentando o seguinte:

Linguagem acessível? Acharam a história instigante? Como poderia ficar mais

interessante? Comparação com os últimos romances lidos, em aulas anteriores.

Foram disponibilizados livros da biblioteca da escola, sugestão para a compra

dos próprios livros, download e impressão de livros pela escola, bem como a

encadernação dessas impressões.

1 - Crônicas Vampirescas, de Anne Rice;

2 - Harry Potter, de Joane K. Rolling (v1, 2, 3, 4, e 5);

3 - Alguns livros da série de Percy Jackson – Os Olimpianos;

4 - O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien;

5 - Atlantis, de David Gibbins;

6 - O último segredo do templo, de Paul Sussman;

7 - O morro dos ventos uivantes, de Emily Bronte);

8 - Os canhões de Navarone, de Alistair Maclean;

9 – Dom quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Y Saavedra;

10 – O Príncipe, Maquiavel;

11 – O sofrimento do jovem Werther, Goeth;

12 – O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry;

13- Madame Bovary, Gustave Flaubert.

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Unidade 11

Envolvendo setores da escola (2 aulas): essa etapa do trabalho deveria ser

melhor aproveitada para a possível divulgação das muitas histórias lidas pelos

alunos, principalmente aquelas em que as personagens mitológicas encantam há

gerações. O tempo necessário para o sucesso de um projeto de leitura não deveria

ser tão curto. Mesmo nessas condições de escassez de tempo, os alunos

recomendaram, principalmente através da propaganda, a leitura dos livros que

leram, ou procuraram ler.

Avaliação

Ao longo da aplicação do projeto, considerei que a autoavaliação dos alunos,

somada à minha própria, enquanto professora de Língua Portuguesa, seria a

maneira mais justa para avaliar o projeto.

Quanto aos recursos utilizados, os alunos consideraram que a quantidade de

livros foram suficientes para uma boa escolha e a opção da leitura online foi muito

boa. Em meu ponto de vista, e segundo comentário dos alunos,os recursos

audiovisuais falharam num momento em que deveriam motivar e houve correria para

que funcionassem adequadamente na hora certa. Os alunos que narrariam as

lendas na rádio da escola ficaram frustrados pois suas expectativas não foram

alcançadas.

Como trabalho final, parte dos alunos produziu uma narrativa cujo

protagonista transformou-se num mito; a maioria dos alunos fez adaptação de um

mito existente, principalmente dos retirados da Mitologia Grega. Sentiram-se

atraídos pela força e bondade de Hércules, que lembra muitos mitos atuais; outra

parte narrou uma lenda trabalhada nas aulas anteriores, numa releitura moderna,

vivida na atualidade. Gostaram muito dos semideuses que têm a proteção de seus

pais, cada um com poderes próprios. Alguns transformaram-se em personagens

com superpoderes, narrando os textos em primeira pessoa.

Logo após, fizeram a autoavaliação, por escrito já que não daria tempo para

fazê-lo oralmente como eu havia planejado. A grande maioria dos alunos conseguiu

uma boa nota nesse projeto. Três alunos conseguiram a nota máxima.

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Todos os que se manifestaram gostaram do projeto e acharam válida a sua

aplicação, mas gostariam de ter mais tempo para lerem durante as aulas, numa aula

própria para leitura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde 1990, quando comecei a lecionar, venho procurando estratégias para

que os alunos leiam sem sentir aquela carga que percebo em suas manifestações.

Nessa trajetória, algumas ações foram eficazes para um grupo de alunos, enquanto

para outros continuava sendo uma atividade enfadonha. A leitura da maioria dos

livros lidos no decorrer de meus estudos e pesquisa, fez com que eu refletisse ainda

mais sobre minhas práticas. Tal reflexão veio ao encontro do que o professor

orientador sugeriu, sobre a leitura dos clássicos da mitologia grega como forma de

cativá-los para a posterior leitura individual.

Senti dificuldade em ter cópias de textos o suficiente para que cada aluno

conseguisse acompanhar certas leituras individualmente, acompanhando a leitura

do professor.

Acredito que seria interessante se pudesse trabalhar com livros inteiros dessa

forma, com leitura dramatizada, e acompanhamento dos outros colegas. O resultado

da concentração necessária para um primeiro contato com a história seria

estabelecido durante esse processo.

A participação neste tipo de projeto foi válida desde o início de sua

elaboração. A princípio, pelo contato mais direto e formal com estudos específicos

para a finalidade da leitura. Depois, ao acontecerem muitas discussões e troca de

experiências, com sugestões importantes do Professor Orientador, que abriu

caminhos e possibilidades.

Como concluiu uma das professoras que participou como aluna do GTR onde

fui tutora:

Para o sucesso da proposta, será necessário mais tempo para estudos,

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como os proporcionados aos professores atuando no PDE Estadual, bem como maior número de horas para a elaboração, pesquisa e discussão entre os grupos de interesse dentro e fora da escola. Assim, o que para muitos pode não significar de grande relevância, para os professores, principalmente os de Língua Portuguesa, que são os mais cobrados, pode significar boa parte da solução para os problemas de leitura dessa geração que está se formando, hoje, nas escolas públicas do país. (FRANCISCA, 2010)

O meu contato com alguns autores sobre o assunto “leitura”, como Lajolo,

Zilberman, Ana Maria Machado e Bordini e Aguiar, foram de fundamental

importância para a minha reflexão, elaboração das estratégias e aplicação da

metodologia elaborada.

Uma das frases que carrego comigo até hoje, sitada no livro de Marisa Lajolo,

Do mundo da leitura para a leitura de mundo, diz que é necessário entender que a

literatura bem trabalhada, prevista, não importando a idade, adulto ou não, “gera

comportamentos, sentimentos e atitudes.” (LAJOLO,1994)

Na prática do Projeto de Intervenção, mesmo os alunos que nada ou pouco

conheciam sobre a Mitologia Grega ou sobre os mitos, passaram a entender melhor

como eles surgiram, como ainda surgem e a atração que provocam. Sentiram-se

mais interessados pela leitura, principalmente num primeiro momento: o do contato

com as personagens que encantam pessoas de todas as faixas etárias: os deuses

mitológicos.

O filme passado, da saga de Percy Jackson e o Ladrão de Raios, foi um

ponto importante que despertou mais o interesse de muitos alunos pela leitura,

principalmente dos livros relacionados à temática.

Quanto à idade para o início dessa prática de leitura, há de se considerar o

que Lajolo e Zilberman comentam no livro Literatura Infantil Brasileira: história e

histórias: quando questionam o porquê de uma literatura especificamente infantil “vale

notar que ela talvez se defina pela natureza peculiar de sua circulação e não por

determinados procedimentos internos e estruturais alojados nas obras ditas para

criança.” (p.13)

É importante reforçar que o período necessário para a aplicação do projeto

deveria ser estendido para ano letivo completo, pois o tempo limitado fez com que a

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reflexão sobre alguns momentos importantes que foram surgindo ao longo dos dias,

não fossem devidamente aproveitados.

Apesar de ser aplicado aos alunos do 1º ano do Ensino Médio, no ensino

diurno, o projeto deverá ser adequado, também, aos alunos de outras séries e

turnos, como os do Ensino Noturno. Muitos desses alunos só têm os momentos

proporcionados pela escola como motivador inicial ao hábito da leitura.

Os alunos que têm o acesso a essas leituras mais cedo, estão um passo à

frente daqueles que não o têm. É possível perceber isso quando no meio de muitos,

encontramos um ou outro que gosta da leitura e normalmente, esses mesmos

alunos, são os que têm maior facilidade para ler, interpretar e produzir textos de

gêneros diferentes.

As soluções possíveis se orientam para o pluralismo cultural, ou seja, a oferta

de textos vários, que deem conta das diferentes representações sociais. Se

as classes trabalhadoras também tiveram acesso à alfabetização, serão elas

não apenas consumidoras passivas, mas produtoras de novos textos, que se

acrescentarão aos que circulam na sociedade e atenderão a seus interesses.

(BORDINI E AGUIAR, 1993, p. 13)

Assim, o presente projeto será considerado por mim ao longo de minha

carreira de professora de Língua Portuguesa, como um marco e que norteará os

meus trabalhos, após fazer as adaptações necessárias a cada série em que eu

venha a atuar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORDINI, Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor. 2. ed.

Porto alegre: Mercado Aberto, 1993.

19

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de Linguagem, textos e discursos (Por um

interacionismo sociodiscursivo). 2. ed. São Paulo: Educ, 2007.

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Rio

de Janeiro: Ediouro, 2000.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português – Linguagens.

1ª série. 5. Ed. São Paulo: 2005.

FRANCHINI, ª S.; SEGANFREDO, Carmen. As 100 melhores histórias da Mitologia.

Brasília. DF: Ministério da Educação, 2006.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura de mundo. São Paulo: Ática,

1994.

LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história &

histórias. São Paulo: ática, 1984.

LOBATO, Monteiro. Os doze trabalhos de Hércules. 19 Ed. São Paulo: Brasiliense,

1995.

MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio

de Janeiro: Objetiva, 2002.

PARANÁ, Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica.

Curitiba: SEED, 2008.

ZILBERMAN, Regina. Estética da Recepção e História da Literatura. São Paulo:

Ática, 2004.

ZILBERMAN, Regina. SILVIA, Ezequiel T.. Literatura e Pedagogia: ponto e contra-

ponto. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.

20

SITES:

http://www.youtube.com/watch?v=NzGzjgb2p5c&feature=fvst

www.templodeapolo.net

http://vergaranunes.com/latim/cultura/piramo.htm

http://marildabourbon.com.br/thercule12.htm

http://youtue.com/watch?v=t05uYZPa9YI

http://youtube.com/watch?v=szP50tL10KY