Da Imprensa Santa-Ritense (Pedro Antônio Bianchini)

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Da Imprensa Santa-Ritense - Pedro Antônio Bianchini - Empenhei-me bastante na procura de informações precisas da vida da imprensa santa-ritense, em sua época remota. Não muito encontrei, visto que há falta de jornais primeiros e documentos disponíveis para pesquisa. Todavia, o que foi encontrado deu-me uma soma, embora pequena, de fragmentos com que realizei este modesto trabalho. Bem, antes de se falar sobre a nossa imprensa, é in- teressante saber que há registro de que o primeiro jornal brasileiro, o CORREIO BRAZILIENSE, foi fundado em junho de 1808 por Hipólito José da Silva, em Londres, onde era editado e impresso. Era mensal, e cada edição tinha 72 ou 140 páginas. Circulou até dezembro de 1822. Conta-se também que, em setembro de 1808, começou a circular a GAZETA DO RIO DE JANEIRO, primeiro jornal impresso no Brasil. Há notícia de que, em 05 de fevereiro de 1811, inaugurou- -se, na Bahia, a sua primeira tipografia; como também, de que o primeiro jornal de São Paulo, O FAROL PAULISTANO, propriedade de José da Costa Carvalho, foi fundado em 1827. Deixou de circular em 1832. Então, agora, de início, consideremos os antigos jornais santa-ritenses transitórios: O GRITO – Há uma diminuta notícia da existência desse jornal que foi coetâneo do antigo “Livro do Povo”, em época desconhecida. O ESPORTE surgiu no início do mês de abril de 1922. Era um periódico destinado a acompanhar e defender a evolução da educação física, em Santa Rita. O ATHLETICO era um semanário esportivo, crítico, literário e noticioso, dedicado à mocidade santa-ritense. Começou a circular em 20 de abril de 1930, e parou em 22 de junho do mesmo ano. Tinha com diretor, Zaqueu de Carvalho, e seu redator era Alceu de Almeida Santos. Têm-se notícias da existência do A AGULHA, em 1928; do GINASIANO, em 1932; do A MOCIDADE, em 1925. O BANDEIRANTE, cuja primeira edição deu-se em 1930, era um órgão mensal literário, noticioso e crítico. Tinha por propósito dedicar-se aos interesses dos alunos da antiga Escola Normal Municipal. O estudante Sylvio Pélico de Araújo era diretor desse jornal; Luiz Gonzaga de Brito, Maria Luiza Penha e Júlia Costa eram redatores; Haidée Salles e Alice Alves, secretárias. Após a revolução de 1932, esse jornal não mais circulou. No dia 08 de junho de 1930, teve início a circulação do A DEFESA, semanário crítico, literário e desportivo, cuja finalidade era defender os interesses do Clube Athletico São Sebastião, quadro de futebol fundado no segundo semestre de 1927, que, ao final de 1933, encerrou suas atividades esportivas. Não encontrei informação sobre quando o jornal A DEFESA parou de circular. Sabe-se que era dirigido por Leandro Cardoso e que eram diversos os seus colaboradores. O C.A. São Sebastião ressurgiu em dezembro de 1949. Teve vida curta. Consideremos agora os antigos jornais que se destacaram, em tempo maior, no cenário noticioso de Santa Rita: O semanário UNIÃO MUNICIPAL era um órgão do Partido Republicano, foi fundado em dezembro de 1904, e pertencia a Jeronymo Ribeiro de Andrade. Em 08 de maio de 1905, foi adquirido por João de Barcellos, e estava insta- lado em casa de propriedade da Sra. Iria Maria de Jesus, sita na Rua Senador José Bonifácio, 38 (atual Av. Severino Meirelles), corresponden- do hoje ao lugar ocupado pelo prédio número 978. Em 1907, ainda pertencendo a João de Barcellos, o jornal tinha como redator-chefe o Dr. Jeronymo de Souza Monteiro. GAZETA DE SANTA RITA – Partindo da data 22 de setembro de 1893, edição número 220 e ano V, grafados na parte superior da primeira página do jornal citado, fiz uma con- tagem regressiva, cheguei ao ano de 1889, sendo o mês maio, em que se deu a primeira edição do jornal GAZETA DE SANTA RITA, salvo prova em contrário. Quanto ao dia não é possível afirmar, devido ao número de variação das edições, porém, quanto ao ano espero estar certo, pois: de 05/89 a 05/90 = ano I, de 05/90 a 05/91 = ano II; de 05/91 a 05/92 = ano III; de 05/92 a 05/93 = ano IV; de 05/93 a 05/94 = ano V. Não encontrei documento informando quanto ao primeiro proprietário da GAZETA. Considerando que, na página de frente da sua edição nº 220, em parte aqui mostrada, está grafado o seguinte: Redatores – Arthur Andra- de e Manuel Viotti; Proprietário – Joaquim de Campos Leite, podemos pensar que, no ano de 1889, provavelmente, Campos Leite era o proprietário do jornal. Então, como não há notícia de outro perió- dico mais antigo, o GAZETA DE SANTA RITA é o primeiro a aparecer no campo jornalístico de Santa Rita do Passa Quatro. Em 1893, em cada edição, imprimia 1250 exemplares. No ano de 1900, conforme consta em documento, o proprietário do GAZETA DE SANTA RITA era o jornalista José Salomão da Silva. Este, no ano de 1899, também possuía “O Santa-Ritense” que, em agosto de 1901, passou a ser do professor Arthur de Moraes Dutra. Em setembro de 1901, o GAZETA perten- cia a Flamínio Ernesto de Vasconcellos; em 10 de outubro do mesmo ano, foi vendido a João de Moraes Dutra (irmão de Arthur). No ano seguinte, o jornal estava novamente sob a direção de José Salomão da Silva que, no dia 27 de novembro de 1902, vendeu a tipo- grafia, onde era impresso o jornal, a Carlos de Queiroz, pela quantia de dois contos de réis, ficando o comprador isento de respon- sabilidade para com os assinantes do jornal “Oeste de São Paulo”. Este jornal então era impresso nas oficinas da GAZETA, para outra cidade. Qual seria? Carlos de Queiroz, em 13 de dezembro de 1902, vende a tipografia aos Drs. Cesário Ferreira de Brito Travassos (médico) e João Augusto de Souza Fleury (juiz de direito), pela mesma importância com que comprara. Pouco depois, em 02 de janeiro de 1903, o Dr. Cesário Travassos vende ao Dr. João Fleury, pela quantia de um conto e duzentos mil réis, a parte que lhe pertencia no jornal. Uma das cláusulas da escritura de compra e venda determinava que, por conveniência política e econômica, o comprador poderia conservar, na página de frente do jornal, o nome do vendedor como proprietário e re- dator, até ser efetuado o pagamento devido. A partir do seu reaparecimento, em 14 de dezembro de 1902, o GAZETA DE SANTA RITA teve nova numeração. Sua oficina e escritório estavam instalados em prédio de propriedade de Thomaz Vita, sito na Rua do Comércio, número 81 (agora Rua Victor Meirelles), correspondendo hoje ao lugar ocupado pelo imóvel número 651. Carlos de Queiroz era o gerente da GAZETA. Em dezembro de 1903, suas instalações foram transferidas para a Rua Sen. José Bo- nifácio, número 41 (Av. S. Meirelles), esquina com o Largo das Farpas (hoje Praça Zequinha de Abreu, depois de ter várias denominações), em prédio mandado construir por Palma, Rocha & Cia., no ano de 1889, sendo a obra contra- tada com o construtor Francisco Bernasconi. Esse imóvel, tempo depois, pertenceu à firma Barcellos & Cia., ali instalada com sua loja de tecidos, de início denominada A ESMERALDA. É provável que o antigo Jornal GAZETA DE SANTA RITA encerrou suas atividades ao final de 1904. Parece-me, em vista do exposto, que se deve contradizer certos tópicos que se encon- tram escritos sobre o assunto. Vejamos. Na página 70 do Almanak Santa-Ri- tense para 1904, está escrito: “O Santa-Ritense é o Jornal mais antigo desta cidade. Nasceu sob o nome de Gazeta de Santa Rita”. Na página 125 do livro História de Santa Rita, lê-se: “A mais afastada notícia sobre os hebdomadários santarritenses não vai além de 91 ou 92, quando surgiu O Santa- -Ritense, de propriedade de Joaquim Augusto Viegas. Seu redator foi Carlos Figueiredo”. Na página 126 diz: Em 94 ou 95 passou O Santa- -Ritense a ser Gazeta de Santa Rita”. Na Edição Especial de O Santarritense, datada de 15 de outubro de 1992 (ótimo trabalho), no verso da página de frente, também se lê: O jornal mais anti- go de Santa Rita do Passa Quatro é o Santa-Ritense, que começou a circular em 1891, tendo... Em 14 de dezembro de 1902 circulava pela primeira vez o Jornal Gazeta de Santa Rita, tendo por fundadores e redatores Dr. Cesário Travassos e João Fleury”. Ora, esse jornal, que pertencia a José Salo- mão da Silva, foi vendido, em 27 de novembro de 1902, a Carlos de Queiroz. Este, em dezembro do mesmo ano, vendeu-o aos Drs. Cesário Travassos e João Fleury que o reativaram, dando-lhe con- tinuidade com nova numeração, Com efeito, na quinta página da mesma Edição Especial, acima referida, está mostrada a frente do GAZETA DE SANTA RITA, datada de 22 de setembro de 1893. Como então dizer que, em 14 de dezembro de 1902, circulava pela primeira vez esse jornal?! Quanto ao O SANTA-RITENSE muitos sa- bem e escreveram que seu início deu-se em 1891. Há quem afirma ser esse jornal o mais antigo de Santa Rita. Penso que, por descuido, enganou-se, pois o mais antigo é o GAZETA, conforme comprova sua edição número 220, ano V, de 22 de setembro de 1893. Escreveu-se, mais de uma vez, que o antigo O SANTA-RITENSE “nasceu sob o nome de GAZETA DE SANTA RITA.” E no artigo “História da Imprensa e O Santarri- tense”, publicado no jornal referido, em 24 de junho de 2000, está escrito: “O Santa Ritense brilhava (...) e o grande poeta Arthur Andrade, que o dirigiu pelos anos de 1894, ou 1895, sendo nesta data trocado para Gazeta de Santa Rita, (sic) que passou a se propriedade de Arthur Dutra, voltando a ser O Santa Ritense, época em que (...). É uma informação com falha de digitação ou de quem a escreveu, mas entende-se que se queria dizer que o nome do Santa-Ritense antigo foi mu- dado para o de Gazeta de Santa Rita. Penso que laboraram em engano, pois a antiga Gazeta teve sua edição nº 220 no dia 22 de setem- bro de 1893, ano V de sua fundação. A edição nº 66 do O SANTA-RITENSE deu-se no dia 27 de março de 1892, ano II de sua criação; e a de nº 122, no dia 10 de setembro de 1893, ano III. Do exposto se deduz que esses jornais foram contemporâneos, o que invalida também a informação de que O SANTA-RITENSE nasceu com o nome de GAZETA DE SANTA RITA. O antigo jornal GAZETA DE SANTA RITA em data nenhuma foi propriedade do Prof. Arthur de Moraes Dutra. Por pouco tempo, foi, sim, proprie- dade de seu irmão, João de Moraes Dutra, que o comprou de Flamínio Ernesto de Vasconcellos, em outubro de 1901. No ano seguinte, o Jornal voltou a pertencer a José Salomão da Silva, que o passara para Flamínio Ernesto. Corrijam-me, se estou errado. O PASSA QUATRO, jornal semanário, co- meçou a circular no dia 09 de fevereiro de 1905. Seu diretor-proprietário era Eurico Silva, a sua tipografia estava instalada na casa número 53, da Rua Senador José Bonifácio (atual Av. Severino Meirelles), naquele tempo pertencente ao Cap. Veríssimo José dos Reis. O lugar desse imóvel hoje está ocupado pelo atual de número 1189. Em 22 de junho de 1905, a redação do referido jornal foi assumida pelo jornalista, poeta e escritor Carlos de Queiroz. Este cidadão, filho de Luiz José de Almeida Queiroz e de Anna Moreira de Queiroz, nasceu no dia 04 de fevereiro de 1877, na cidade de Pouso Alegre, MG. Em 27 de maio de 1894, veio para Santa Rita. Aqui, foi escrevente juramentado do antigo Cartório do 1º Ofício; secretário da Loja Maçônica “União”; em 1914, foi nomeado coletor estadual. Colaborou em diversos jornais e organizou o interessante ALMANAK SANTA-RITENSE para 1904, rica fonte de notícias úteis, crônicas, literatura, etc. Carlos de Queiroz faleceu em 26 de fevereiro de 1922. A partir de junho de 1911, publicou-se O PAS- SA QUATRO irregularmente, com distribuição gratuita aos fregueses da empresa tipográfica, o que nos leva a crer no seu encerramento, pouco tempo depois. Em 1916, Eurico Silva estava es- tabelecido com sua tipografia na Rua Sen. José Bonifácio, número 56-A (atual Av. S. Meirelles), esquina com Rua Francisco Ribeiro, em prédio hoje de número 1156. Uma coleção desse jornal o Dr. José Aleixo Irmão doou-a à Prefeitura Municipal de Santa Rita, quando de sua mudança para Sorocaba, em 1954. CIDADE DE SANTA RITA, semanário fundado em 03 de janeiro de 1908, pelo pro- fessor Arthur de Moraes Dutra, que também, de 1901 a 1907, foi proprietário do antigo jornal “O Santa-Ritense”. Em junho de 1909, o CIDADE DE SANTA RITA passou a pertencer a Sebastião Rodrigues de Oliveira. Em 01 de abril de 1912, pertencia a João Lázaro de Oli- veira, co-proprietário do antigo Cine Radium, e fotógrafo que deixou interessante acervo de fotos de nossa cidade. Em janeiro de 1915, João Lázaro pôs à venda a tipografia do seu jornal. Provavelmente, a esse tempo, o seu periódico teve fim. 1908 1889 1904 1905 Jornal O Santarritense Caderno Especial SANTA RITA DO PASSA QUATRO, 19 DE MAIO DE 2012 PÁG 01

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Da Imprensa Santa-Ritense- Pedro Antônio Bianchini -

Empenhei-me bastante na procura de informações precisas da vida da imprensa santa-ritense, em sua época remota. Não muito encontrei, visto que há falta de jornais primeiros e documentos disponíveis para pesquisa. Todavia, o que foi encontrado deu-me uma soma, embora pequena, de fragmentos com que realizei este modesto trabalho.

Bem, antes de se falar sobre a nossa imprensa, é in-teressante saber que há registro de que o primeiro jornal brasileiro, o CORREIO BRAZILIENSE, foi fundado em junho de 1808 por Hipólito José da Silva, em Londres, onde era editado e impresso. Era mensal, e cada edição tinha 72 ou 140 páginas. Circulou até dezembro de 1822.

Conta-se também que, em setembro de 1808, começou a circular a GAZETA DO RIO DE JANEIRO, primeiro jornal impresso no Brasil.

Há notícia de que, em 05 de fevereiro de 1811, inaugurou--se, na Bahia, a sua primeira tipografia; como também, de que o primeiro jornal de São Paulo, O FAROL PAULISTANO,

propriedade de José da Costa Carvalho, foi fundado em 1827. Deixou de circular em 1832.

Então, agora, de início, consideremos os antigos jornais santa-ritenses transitórios:

O GRITO – Há uma diminuta notícia da existência desse jornal que foi coetâneo do antigo “Livro do Povo”, em época desconhecida.

O ESPORTE surgiu no início do mês de abril de 1922. Era um periódico destinado a acompanhar e defender a evolução da educação física, em Santa Rita.

O ATHLETICO era um semanário esportivo, crítico, literário e noticioso, dedicado à mocidade santa-ritense. Começou a circular em 20 de abril de 1930, e parou em 22 de junho do mesmo ano. Tinha com diretor, Zaqueu de Carvalho, e seu redator era Alceu de Almeida Santos.

Têm-se notícias da existência do A AGULHA, em 1928; do GINASIANO, em 1932; do A MOCIDADE, em 1925.

O BANDEIRANTE, cuja primeira edição deu-se em 1930,

era um órgão mensal literário, noticioso e crítico. Tinha por propósito dedicar-se aos interesses dos alunos da antiga Escola Normal Municipal. O estudante Sylvio Pélico de Araújo era diretor desse jornal; Luiz Gonzaga de Brito, Maria Luiza Penha e Júlia Costa eram redatores; Haidée Salles e Alice Alves, secretárias. Após a revolução de 1932, esse jornal não mais circulou.

No dia 08 de junho de 1930, teve início a circulação do A DEFESA, semanário crítico, literário e desportivo, cuja finalidade era defender os interesses do Clube Athletico São Sebastião, quadro de futebol fundado no segundo semestre de 1927, que, ao final de 1933, encerrou suas atividades esportivas. Não encontrei informação sobre quando o jornal A DEFESA parou de circular. Sabe-se que era dirigido por Leandro Cardoso e que eram diversos os seus colaboradores.

O C.A. São Sebastião ressurgiu em dezembro de 1949. Teve vida curta.

Consideremos agora os antigos jornais que se destacaram, em tempo maior, no cenário noticioso de Santa Rita:

O semanário UNIÃO MUNICIPAL era um órgão do Partido Republicano, foi fundado em dezembro de 1904, e pertencia a Jeronymo Ribeiro de Andrade. Em 08 de maio de 1905, foi adquirido por João de Barcellos, e estava insta-lado em casa de propriedade da Sra. Iria Maria

de Jesus, sita na Rua Senador José Bonifácio, 38 (atual Av. Severino Meirelles), corresponden-do hoje ao lugar ocupado pelo prédio número 978. Em 1907, ainda pertencendo a João de Barcellos, o jornal tinha como redator-chefe o Dr. Jeronymo de Souza Monteiro.

GAZETA DE SANTA RITA – Partindo da data 22 de setembro de 1893, edição número 220 e ano V, grafados na parte superior da primeira página do jornal citado, fiz uma con-tagem regressiva, cheguei ao ano de 1889, sendo o mês maio, em que se deu a primeira edição do jornal GAZETA DE SANTA RITA, salvo prova em contrário.

Quanto ao dia não é possível afirmar, devido ao número de variação das edições, porém, quanto ao ano espero estar certo, pois: de 05/89 a 05/90 = ano I, de 05/90 a 05/91 = ano II; de 05/91 a 05/92 = ano III; de 05/92 a 05/93 = ano IV; de 05/93 a 05/94 = ano V.

Não encontrei documento informando quanto ao primeiro proprietário da GAZETA. Considerando que, na página de frente da sua edição nº 220, em parte aqui mostrada, está grafado o seguinte: Redatores – Arthur Andra-de e Manuel Viotti; Proprietário – Joaquim de Campos Leite, podemos pensar que, no ano de 1889, provavelmente, Campos Leite era o proprietário do jornal.

Então, como não há notícia de outro perió-dico mais antigo, o GAZETA DE SANTA RITA é o primeiro a aparecer no campo jornalístico de Santa Rita do Passa Quatro. Em 1893, em cada edição, imprimia 1250 exemplares.

No ano de 1900, conforme consta em documento, o proprietário do GAZETA DE SANTA RITA era o jornalista José Salomão da Silva. Este, no ano de 1899, também possuía

“O Santa-Ritense” que, em agosto de 1901, passou a ser do professor Arthur de Moraes Dutra.

Em setembro de 1901, o GAZETA perten-cia a Flamínio Ernesto de Vasconcellos; em 10 de outubro do mesmo ano, foi vendido a João de Moraes Dutra (irmão de Arthur). No ano seguinte, o jornal estava novamente sob a direção de José Salomão da Silva que, no dia 27 de novembro de 1902, vendeu a tipo-grafia, onde era impresso o jornal, a Carlos de Queiroz, pela quantia de dois contos de réis, ficando o comprador isento de respon-sabilidade para com os assinantes do jornal “Oeste de São Paulo”. Este jornal então era impresso nas oficinas da GAZETA, para outra cidade. Qual seria?

Carlos de Queiroz, em 13 de dezembro de 1902, vende a tipografia aos Drs. Cesário Ferreira de Brito Travassos (médico) e João Augusto de Souza Fleury (juiz de direito), pela mesma importância com que comprara. Pouco depois, em 02 de janeiro de 1903, o Dr. Cesário Travassos vende ao Dr. João Fleury, pela quantia de um conto e duzentos mil réis, a parte que lhe pertencia no jornal.

Uma das cláusulas da escritura de compra e venda determinava que, por conveniência política e econômica, o comprador poderia conservar, na página de frente do jornal, o nome do vendedor como proprietário e re-dator, até ser efetuado o pagamento devido.

A partir do seu reaparecimento, em 14 de dezembro de 1902, o GAZETA DE SANTA RITA teve nova numeração. Sua oficina e escritório estavam instalados em prédio de propriedade de Thomaz Vita, sito na Rua do Comércio, número 81 (agora Rua Victor Meirelles), correspondendo hoje ao lugar ocupado pelo imóvel número 651. Carlos de Queiroz era o gerente da GAZETA.

Em dezembro de 1903, suas instalações foram transferidas para a Rua Sen. José Bo-nifácio, número 41 (Av. S. Meirelles), esquina com o Largo das Farpas (hoje Praça Zequinha de Abreu, depois de ter várias denominações), em prédio mandado construir por Palma, Rocha & Cia., no ano de 1889, sendo a obra contra-tada com o construtor Francisco Bernasconi. Esse imóvel, tempo depois, pertenceu à firma Barcellos & Cia., ali instalada com sua loja de tecidos, de início denominada A ESMERALDA.

É provável que o antigo Jornal GAZETA DE SANTA RITA encerrou suas atividades ao final de 1904.

Parece-me, em vista do exposto, que se deve contradizer certos tópicos que se encon-tram escritos sobre o assunto.

Vejamos. Na página 70 do Almanak Santa-Ri-tense para 1904, está escrito: “O Santa-Ritense é o Jornal mais antigo desta cidade. Nasceu sob o nome de Gazeta de Santa Rita”. Na página 125 do livro História de Santa Rita, lê-se: “A mais afastada notícia sobre os hebdomadários santarritenses não vai além de 91 ou 92, quando surgiu O Santa--Ritense, de propriedade de Joaquim Augusto Viegas. Seu redator foi Carlos Figueiredo”. Na página 126 diz: Em 94 ou 95 passou O Santa--Ritense a ser Gazeta de Santa Rita”.

Na Edição Especial de O Santarritense, datada de 15 de outubro de 1992 (ótimo trabalho), no verso da página de frente, também se lê: O jornal mais anti-go de Santa Rita do Passa Quatro é o Santa-Ritense, que começou a circular em 1891, tendo... Em 14 de dezembro de 1902 circulava pela primeira vez o Jornal Gazeta de Santa Rita, tendo por fundadores e redatores Dr. Cesário Travassos e João Fleury”.

Ora, esse jornal, que pertencia a José Salo-mão da Silva, foi vendido, em 27 de novembro de 1902, a Carlos de Queiroz. Este, em dezembro do mesmo ano, vendeu-o aos Drs. Cesário Travassos

e João Fleury que o reativaram, dando-lhe con-tinuidade com nova numeração, Com efeito, na quinta página da mesma Edição Especial, acima referida, está mostrada a frente do GAZETA DE SANTA RITA, datada de 22 de setembro de 1893. Como então dizer que, em 14 de dezembro de 1902, circulava pela primeira vez esse jornal?!

Quanto ao O SANTA-RITENSE muitos sa-bem e escreveram que seu início deu-se em 1891. Há quem afirma ser esse jornal o mais antigo de Santa Rita. Penso que, por descuido, enganou-se, pois o mais antigo é o GAZETA, conforme comprova sua edição número 220, ano V, de 22 de setembro de 1893.

Escreveu-se, mais de uma vez, que o antigo O SANTA-RITENSE “nasceu sob o nome de GAZETA DE SANTA RITA.”

E no artigo “História da Imprensa e O Santarri-tense”, publicado no jornal referido, em 24 de junho de 2000, está escrito: “O Santa Ritense brilhava (...) e o grande poeta Arthur Andrade, que o dirigiu pelos anos de 1894, ou 1895, sendo nesta data trocado para Gazeta de Santa Rita, (sic) que passou a se propriedade de Arthur Dutra, voltando a ser O Santa Ritense, época em que (...).

É uma informação com falha de digitação ou de quem a escreveu, mas entende-se que se queria dizer que o nome do Santa-Ritense antigo foi mu-dado para o de Gazeta de Santa Rita.

Penso que laboraram em engano, pois a antiga Gazeta teve sua edição nº 220 no dia 22 de setem-bro de 1893, ano V de sua fundação. A edição nº 66 do O SANTA-RITENSE deu-se no dia 27 de março de 1892, ano II de sua criação; e a de nº 122, no dia 10 de setembro de 1893, ano III. Do exposto se deduz que esses jornais foram contemporâneos, o que invalida também a informação de que O SANTA-RITENSE nasceu com o nome de GAZETA DE SANTA RITA.

O antigo jornal GAZETA DE SANTA RITA em data nenhuma foi propriedade do Prof. Arthur de Moraes Dutra. Por pouco tempo, foi, sim, proprie-dade de seu irmão, João de Moraes Dutra, que o comprou de Flamínio Ernesto de Vasconcellos, em outubro de 1901. No ano seguinte, o Jornal voltou a pertencer a José Salomão da Silva, que o passara para Flamínio Ernesto.

Corrijam-me, se estou errado.

O PASSA QUATRO, jornal semanário, co-meçou a circular no dia 09 de fevereiro de 1905. Seu diretor-proprietário era Eurico Silva, a sua tipografia estava instalada na casa número 53, da Rua Senador José Bonifácio (atual Av. Severino Meirelles), naquele tempo pertencente ao Cap. Veríssimo José dos Reis. O lugar desse imóvel hoje está ocupado pelo atual de número 1189.

Em 22 de junho de 1905, a redação do referido jornal foi assumida pelo jornalista, poeta e escritor Carlos de Queiroz. Este cidadão, filho de Luiz José de Almeida Queiroz e de Anna Moreira de Queiroz, nasceu no dia 04 de fevereiro de 1877, na cidade de Pouso Alegre, MG.

Em 27 de maio de 1894, veio para Santa Rita. Aqui, foi escrevente juramentado do antigo Cartório do 1º Ofício; secretário da Loja Maçônica “União”; em 1914, foi nomeado coletor estadual.

Colaborou em diversos jornais e organizou o interessante ALMANAK SANTA-RITENSE para 1904, rica fonte de notícias úteis, crônicas, literatura, etc. Carlos de Queiroz faleceu em 26 de fevereiro de 1922.

A partir de junho de 1911, publicou-se O PAS-SA QUATRO irregularmente, com distribuição gratuita aos fregueses da empresa tipográfica, o que nos leva a crer no seu encerramento, pouco tempo depois. Em 1916, Eurico Silva estava es-tabelecido com sua tipografia na Rua Sen. José Bonifácio, número 56-A (atual Av. S. Meirelles), esquina com Rua Francisco Ribeiro, em prédio hoje de número 1156.

Uma coleção desse jornal o Dr. José Aleixo Irmão doou-a à Prefeitura Municipal de Santa Rita, quando de sua mudança para Sorocaba, em 1954.

CIDADE DE SANTA RITA, semanário fundado em 03 de janeiro de 1908, pelo pro-fessor Arthur de Moraes Dutra, que também, de 1901 a 1907, foi proprietário do antigo jornal “O Santa-Ritense”. Em junho de 1909, o CIDADE DE SANTA RITA passou a pertencer a Sebastião Rodrigues de Oliveira. Em 01 de

abril de 1912, pertencia a João Lázaro de Oli-veira, co-proprietário do antigo Cine Radium, e fotógrafo que deixou interessante acervo de fotos de nossa cidade. Em janeiro de 1915, João Lázaro pôs à venda a tipografia do seu jornal. Provavelmente, a esse tempo, o seu periódico teve fim.

1908

1889

1904 1905

Jornal O SantarritenseCaderno Especial SANTA RITA DO PASSA QUATRO,

19 DE MAIO DE 2012PÁG 01

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O SANTA-RITENSE – Esse antigo jornal tem a sua história iniciada nos primeiros dias do mês de janeiro de 1891. Seu primeiro proprie-tário era o jornalista Joaquim Augusto Viegas. Pouco achei sobre esse jornal, pois há grande falta de material informativo sobre o mesmo. Porém, procurando, um pouco encontrei.

Em 1894, a sua tiragem era de 800 exem-plares.

Quanto à sua situação, inicialmente, estava localizado na Rua Sen. José Bonifácio (atual Av. Severino Meirelles). Conforme consta nas páginas 5 e 6 do antigo livro de Contratos da

Câmara Municipal de Santa Rita, em maio de 1899, esse jornal pertencia a José Salomão da Silva.

Repetindo o que atrás escrevi, O SANTA--RITENSE, em agosto de 1901, passou a pertencer ao professor Arthur de Moraes Dutra, que continuou a editá-lo com nova numeração. Estava esse periódico localizado em prédio próprio, sito na Rua Sen. José Bo-nifácio, número 105 (Av. Severino), esquina com a antiga Rua Prudente de Moraes, lugar hoje ocupado pelo imóvel número 1561, da Farmácia Santa Rita.

Em março de 1903, O SANTA-RITENSE, por motivo da epidemia de febre amarela, in-terrompeu a sua publicação, e voltou a circular novamente em 28 de junho do referido ano. Em 1907, esse periódico estava com suas oficinas instaladas também em prédio próprio, da Rua do Comércio, número 28 (atual Rua Victor Mei-relles) esquina com Rua Duque de Caxias, onde

também funcionou o SMART CINEMA, do qual Arthur Dutra era co-proprietário. Mantinha ele, ali, juntamente uma fábrica de gelo. Demolida, essa casa deu lugar ao imóvel número 528.

Ao final de 1907 (se não erro), O SANTA--RITENSE encerrou suas atividades, e seu proprietário, em 03 de janeiro de 1908, fundou o jornal CIDADE DE SANTA RITA.

1891

LIVRO DO POVO – Semanário, deu-se em primeira edição no dia 10 de novembro de 1912. Seus proprietários eram Antônio José de Araújo Netto e Domingos Francisco Silva. A redação e gerência estavam a cargo de Araújo Netto. Quando fundado estava instalado, com redação e escritório, em prédio pertencente a Veríssimo José dos Reis, sito na Rua Sen. José Bonifácio, número 53. Demolida, essa casa deu lugar ao imóvel número 1189, da Av. Severino Meirelles.

Em 26 de setembro de 1915, o jornal passou a ser propriedade única de Domingos Francisco Silva, continuando Araújo Netto como seu redator, e suas oficinas, a partir de 12 de dezembro do referido ano, estavam instaladas na mesma rua, no imóvel número 43, pegado à Casa Barcellos. Periódico de muito boa configuração a prestação informa-

tiva, em 02 de janeiro de 1916, pertencia a João Affonso de Siqueira Júnior, continuando Araújo Netto como seu redator. Falecendo João Affonso em 19 de março de 1921, o jor-nal passa a pertencer ao espólio do referido. Em 1º de janeiro de 1922, pertence à Viúva Siqueira Júnior, e seu redator é Antonio Fer-nandes Gonçalves. Em 12 de dezembro de 1923, passa a ter redação do professor Ma-nuel de Siqueira, irmão de João Affonso. No ano de 1924, tinha Manuel de Siqueira como redator-chefe; José Rodrigues Palhares, como diretor-revisor, passando este, tão logo, a ser redator-literário. Em agosto de 1924, José Rodrigues Palhares deixou de ser redator do jornal, após seis meses de atividade.

A última edição do LIVRO DO POVO, tendo o número 626 e ano XIII, aconteceu no dia 21 de dezembro de 1924.

1912

1925

FOLHA DE SANTA RITA – Terminadas as atividades do jornal “Livro do Povo”, Manuel de Siqueira funda o semanário FOLHA DE SANTA RITA, cuja edição primeira deu-se no dia 04 de janeiro de 1925. Redigia esse jornal o seu proprietário Manoel de Siqueira, tendo como redator-literário José Rodrigues Palhares. Em setembro do ano referido também atuava nesse jornal o professor José Gonso, como redator-principal.

Devido a lacunas existentes em documen-tos informativos, que encontrei sobre esse periódico, desobrigo-me de citar datas com exatidão. Mas há notícia de que, em abril de

1926, a FOLHA DE SANTA RITA pertencia a Angelo Scomparim (Ninim), tendo como redatores Rodrigues Palhares e José Gonso.

Ângelo Scomparim por pouco tempo possui o jornal que, a partir de 03 de outubro de 1926, é propriedade de Palhares & Cunha, sendo o primeiro redator, e o segundo, gerente. Estes, em 15 de novembro do mesmo ano, transfe-rem suas oficinas para um imóvel, naquele tempo, pertencente a José Palcic, sito na Rua Victor Meirelles, 14, correspondendo hoje à parte do prédio número 446, onde, em tempos mais próximos abrigou o Cartório de Notas do tabelião Victor A. Rosin.

Em janeiro de 1929, a tipografia do jornal foi transferida para o prédio que era de Ticiano Giaretta, situado na Rua Washingtom Luiz, 103 (Av. S. Meirelles), que, demolido, deu lugar ao atual de número 1543.

Manuel de Assis Cunha, em abril de 1929, tornou-se proprietário único do Jornal, sendo seu redator Araújo Netto até o falecimento deste, em 12 de abril de 1931. Em maio do referido ano, assume a redação o professor Nelson Tin-son Foot. De novembro de 1932 a julho de 1936, a redação foi encargo de Manuel de Siqueira;

depois até ao ano de 1944, esteve o professor José Gonso redigindo o jornal. Também tinha o jornal um respeitável quadro de colaboradores.

Em janeiro de 1931, a redação e oficina do jornal FOLHA DE SANTA RITA ainda estavam instaladas na casa número 103 da Rua 24 de Outubro (Av. S. Meirelles); em 1932, na mesma rua, porém, no prédio número 60, de proprieda-de de Luiz Mussolini, correspondendo hoje ao de número 1184, da referida Avenida. Em 1936, esse imóvel passou a pertencer a Manuel de Assis Cunha.

Cidadão íntegro, participante de nobre iniciativas, batalhador incansável, Manuel de Assis Cunha falece no dia 19 de novembro de 1956.

O jornal passa a fazer parte de sua herança. E a vida continua, com o sol fazendo o dia e a lua romantizando a noite.

Daí que seu filho, Manuel Júnior, leva adiante a bandeira do jornal, contando com a pena de vários colaboradores. Era muito lutar para o bem não acabar.

Em 1962, a FOLHA DE SANTA RITA ainda pertencia ao Espólio de Manuel de Assis Cunha, tendo nesse tempo, como redatores Márcio Rodrigues Palhares e Antônio Greino Barioni. E o tempo corre; a resistência escorre. E aí, num dia do ano de 1962, os herdeiros de Manuel Cunha vendem o jornal e sua oficina para a empresa Gráfica Santa Rita Ltda., que continua publicando a FOLHA. Na sua edição de 20 de janeiro de 1963, aparece como diretor-respon-sável Antônio Greino Barioni; na de 21 de abril de 1963, o diretor-responsável era Paulo Durante Júnior.

Certo é que a Gráfica Santa Rita Ltda., com endereço na Rua Francis-co Ribeiro, 231, era dos associados Antônio Missiatto e Emílio Passerini Netto, tendo como gerente e chefe das oficinas, Oscar Recalche. Do quadro de funcionários dessa Gráfica faziam parte Luiz Antonio Menegazzi, Nildo Pereira, José Osmar Pereira, Argemiro Octaviano, Artur Rodrigues Peres e

Antônio P. Lázaro. Em reconhecimento à experiência, produtividade e amplo domínio da arte tipográfica de Luiz Antônio Menegazzi, Antônio Missiatto contempla-o com parte na empresa, fazendo-o sócio da mesma.

Ao final de 1964, provavelmente, Missiatto e Menegazzi vendem as partes que tinham na empresa, para Emílio Passerini Netto. Este encerra as atividades do jornal, em maio de 1966.

Em junho de 1966, surge outro jornal; dele falaremos mais adiante. Depois, no ano de 1968, floresceram novas páginas noticiosas, compon-do o JORNAL DO MUNICÍPIO, de distribuição gratuita, publicado pelo Departamento de Turismo, Cultura e Assistência Social, da Prefeitura Muni-cipal de Santa Rita do Passa Quatro. Esse jornal tinha sua redação instalada na Rua Victor Meirelles, 89. Seu diretor era José Geraldo de Oliveira; redator, Oswaldo Barbatana. Uma publicação do mesmo, datada de 07 de julho de 1968, tem grafados o número 5 e ano I, na sua página de frente. Como o espaço entre suas edições não era constante, não me foi possível saber quando começou a circular. Sabe-se que teve vida curta.

FOLHA DE SANTA RITA. Renasce e começa a circular no dia 12 de outubro de 1968. Seu diretor-responsável era José Geraldo de Oliveira. Onde era redigido e quanto tempo viveu, somente aqueles que o criaram poderão dizer.

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Page 3: Da Imprensa Santa-Ritense (Pedro Antônio Bianchini)

1966

Saindo agora um pouco do assunto em curso, vamos interpor aqui alguns reparos que se fazem necessários para que descuidos ou enganos, encontrados em publicações distantes, não continuem sendo perenizados.

Então vejamos: 1 – Na página 3 da Revista Comemorativa do 1º Cente-

nário de Nascimento de Zequinha de Abreu, produzida pelo jornal O Santarritense, em setembro de 1980, está escrito: “José Caetano de Abreu, falecido em São Simão, deixou seu único filho, José Alacrino Ramiro de Abreu, já rapaz”.

2 – A edição nº 1154 da Folha de Santa Rita, datada de 02 de janeiro de 1949, mostra o artigo “Zequinha de Abreu – Dados Genealógicos e Biográficos”, escrito por Victor Ribeiro, em que, numa parte, informa: “Eram seus bisavós paternos, Manuel de Abreu Lobato – Major do Exército, e Ana Jesuina de Abreu Lobato. Tiveram eles vários filhos, entre os quais José Caetano de Abreu, que se casou com Deolinda Abreu. Do casal José Caetano de Abreu nasceu um único filho: José Alacrino de Abreu, pai de Zequinha.

3 – Na página 39 do livro História de Santa Rita do Passa Quatro, lemos: “Da. Rita de Cássia de Souza Nogueira – mãe do saudoso João Nogueira, primeiro proprietário da fazenda ‘Santa Cruz’, foi quem doou a imagem de Santa Rita de Cássia – santa de seu ilustre nome”.

No mesmo livro, na página 41, está escrito: “Mais ou menos pelo ano de 1820, viviam por esta paragens dezenas

de famílias, muitas das quais contam ainda hoje represen-tantes. Entre elas podem ser citadas: a de Antônio Jacintho Nogueira, casado que foi com Da. Rita de Cássia Nogueira, estabelecida na fazenda ‘Santa Cruz”; a dos” (...).

4 – Repetindo esse lapso, nos anexos das faturas de água e esgoto, emitidas quando da comemoração dos 150 anos de fundação da cidade (maio de 2010), encontramos escrito: (...) “se mistura com a religiosidade de Da. Rita de Cássia Nogueira, mãe do saudoso João Nogueira”.

No que foi exposto acima, fazendo leves reparos, quanto aos parágrafos 1 e 2, temos:

Conforme comprova documento, José Alacrino Ramiro de Abreu, não era filho único de José Caetano de Abreu e de Deolindo Amélia Vilella de Abreu. Teve ele uma irmã, Clotilde Ermelinda de Abreu, nascida em Mococa, SP, que, com 18 anos de idade casou-se aqui em Santa Rita, no dia 13 de fevereiro de 1982, com Ernesto Francisco de Abreu, solteiro de 40 anos de idade, natural de Santa Branca,SP, filho de Antonio Francisco de Abreu e de Bernardina Maria de Abreu.

Ernesto Francisco de Abreu era maestro da Banda Mu-sical de Santa Rita, e irmão de José Francisco de Abreu, músico como ele. Ernesto exerceu vários cargos públicos, entre eles, o de professor. Faleceu no dia 18 de fevereiro de 1902, com 50 anos de idade, vítima de tuberculose.

Sucedeu-o, na regência da corporação musical, o maes-tro José Antonio Bertagnon, um dos fundadores da Banda Lyra Santa-Ritense.

A Banda Lyra, no início do mês de março de 1913, foi reorganizada, tendo como regente Zequinha de Abreu.

Quanto aos parágrafos 3 e 4, fique certo que: Rita de Cássia Nogueira nasceu em 1825 e João Nogueira, em 1834. Portanto, não poderia ser mãe de João. Rita e João eram irmãos, e filhos do Cel. Antonio Jacintho Nogueira e de Rita Jesuina Nogueira, e irmãos de Thomaz de Aquino Nogueira, casado com Ernestina Neves Nogueira; irmãos de Domícia Nogueira do Bom Fim e de Tibéria Benigna Nogueira, casada com Antonio Joaquim do Nascimento. A esposa de João Nogueira chamava-se Maria Theodora do Nascimento.

A família Nogueira era proprietária da Fazenda Santa Cruz do Bom Fim (antes denominada São João da Mata), de extensa área rural localizada na parte leste do Municí-pio de Santa Rita. Enorme fazenda, de terras havidas por herença de José Ignacio Nogueira, tio de Antonio Jacintho Nogueira, estendia-se desde a boca da cachoeira do Cór-rego Passa Quatro, divisando com herdeiros de José Villa Real e Manuel Resende; com a Fazenda Rio Claro de Cima, com Fazenda Bom Sucesso, do Município de Tambaú; com a Fazenda Retiro Grande e Fazenda das Pombas (atual Fazenda Santo Onofre).

Rita de Cássia Nogueira faleceu no dia 03 de feve-reiro de 1900, com 75 anos de idade, solteira, vítima de cirrose hepática, conforme atestado do Dr. José Agnello Leite de Melo.

Fontes:Anotações de pesquisa em diversos jornais antigos.

Livro de Contratos da Câmara Municipal, de 1899 a 1915.Arquivo dos antigos 1º e 2º Tabelionatos de Notas.

Arquivo da Prefeitura Municipal.Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais.

História da Imprensa No Brasil – Nelson Werneck Sodré.Revistas em Revista – Ana Luiza Martins, EDUSP.

Informações verbais de pessoas confiáveis.

Continuemos com os Jornais.O SANTARRITENSE – Es-

crever sobre esse jornal é repetir o que há muito vem sendo re-petido. Páginas, de quando em quando, trazem gabos a esse semanário. Mas vamos mais um pouco de onde em onde, para encontrar o que se esconde:

No ano de 1966, Luiz Antonio Menegazzi , Nivaldo Barbuglio, Wilson Zorzi, Oscar Lacerda (estes funcionários do Sanatório Colônia de Santa Rita), asso-ciados a Laurindo Paes e Paulo Durante Júnior, fundam o Jornal O SANTARRITENSE, que abriu a sua primeira edição no dia 26 de junho de 1966. Era, inicial-mente, impresso na Gráfica do Sanatório.

Na sua primeira publicação estão grafados, na página de frente: Redator Wilson Zorzi; Diretores: Oscar Lacerda e Luiz Antonio Menegazzi. A redação (provisória) tinha seu endereço na Rua Ignacio Ribeiro, 682.

(Muito deve esse jornal a Wil-son Zorzi, que, no meu entender, é a fecunda raiz da imprensa periódica contemporânea santa--ritense.)

A partir da terceira edição do jornal, tem-se como sendo seu Diretor-proprietário Carlos Zorzi, que assim permanece até à edição nº 194, de 30 de maio de 1970. Em agosto de 1967, a redação e oficina do jornal esta-vam instaladas no prédio nº 231 da Rua Francisco Ribeiro, hoje ocupado pela Pizzaria Casarão.

Em junho de 1970 o jornal é incorporado à Gráfica O Santarri-tense, fundada pelos associados atrás referidos. Pouco tempo de-

pois, Wilson e Luiz compram as partes dos demais componentes da empresa. Em abril de 1974, a gráfica e jornal instalam-se no prédio da Sociedade Beneficente de Santa Rita, sito na Rua Victor Meirelles, 504. Daqui migrou para a Rua Visconde do Rio Branco, 1089; desta, em abril de 2002, para o prédio número 635 da Rua Victor Meirelles, onde permanece.

Em 01 de abril de 1992, Luiz Antonio Menegazzi comprou a parte de Wilson Zorzi. E o jornal deu-se em continuidade com a redação da pena sábia e sobera-na do Oswaldo Barbatana.

Desde 2005, o periódico é propriedade de Luiz Américo Menegazzi, jovem dinâmico, zeloso, que está em progresso, dedicando-se totalmente para vida do seu jornal: Pássaro men-sageiro, atento, diligente,/ que, asas abertas, vence os ares,/ destemido voa aos quatro can-tos/ e paira sereno, de notícias pleno,/ derramando-as sobre os lares/ de seus estimados assinantes.

Há muito tempo, O SANTAR-RITENSE vale-se da redação e coordenação da jornalista Patrí-cia A. Zamprogno.

Luiz Antonio Menegazzi fa-leceu no dia 22 de novembro de 2010.

Da árvore as folhas caem, ou pela ação do vento, ou porque no outono a desfolha acontece. Porém, tão logo, outras bro-tam belas e fortalecidas, para derramarem carinhosa sombra e embelezarem a natureza. É a renovação com que a vida continua.

GAZETA DE SANTA RITA – A atual GAZE-TA foi fundada pelo empresário José Spadon. No cabeçalho da sua primeira edição, datada de 03 de agosto de 1974, lê-se: Diretor Pro-prietário: João Otávio Spadon; Fundador: José Spadon; Jornalista Responsável: Divo Marino.

As oficinas desse jornal, desde o seu iní-cio, estão instaladas em prédio próprio, sito na Rua José Bonifácio, 824.

A GAZETA DE SANTA RITA é um semaná-rio que foi criado com um propósito opositivo, que ainda vem mantendo.

Não só no ramo jornalístico, o seu fun-dador, José Spadon, destacou-se também pelo desenvolvimento de nossa cidade, como comprova o rol de suas atividades:

Na década de 1950, era proprietário da Padaria São José; da Fábrica de Bebidas São José e da obra adiantada, que foi o Cine Mirela, considerado o melhor da região, cuja inauguração deu-se no dia 22 de maio de 1958, com o filme Sinfonia Interrompida, estrelado por Rossano Brazzi e June Alysson.

Na década de 1960, era proprietário da Fábrica de Macarrão e da Cervejaria Sobera-na. Na seguinte, do Restaurante Galeto e da Distribuidora de Bebidas Paulista. Nas déca-das de 1980 e 1990, possuía a Distribuidora de Bebidas Skol e Fábrica de Artefatos de Cimento. No ano de 2000, Fábrica de Doces Artesanais.

Atualmente, José Spadon é o diretor--responsável do jornal.

O FAROL- O ouro não enferruja. O ouro reluz. Aquele que escreve, se tem uma pena de ouro, muito produz.

Wilson Zorzi, porque tem uma pena de ouro, não pára de escrever. E, por isso, as-sociado com Paulo Roberto Carvalho Osório e Tipografia Aro Ltda., em 30 de dezembro de 1992, criou O FAROL, jornal semanário que teve a sua primeira edição publicada no dia seguinte, 31, para assim inscrever o seu nome

(do jornal) no livro de história da imprensa santa-ritense.

Em 2005, O FAROL foi vendido a Danilo Bianchi Avenoso. Em julho de 2007, passou a ser propriedade da empresa do semanário “O SANTARRITENSE”, que apagou a luz daquele fanal noticioso, em junho de 2009.

Aqui termino este modesto trabalho. Espero que ele tenha alguma valia para os que se in-teressam pela vida da imprensa santa-ritense.

1974 1992

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Page 4: Da Imprensa Santa-Ritense (Pedro Antônio Bianchini)

Antigo prédio da Rua do Co-mércio, nº 28 (hoje Rua Victor Mei-relles), esquina com a Rua Duque de Caxias, que era propriedade do Prof. Arthur de Moraes Dutra, onde, em 1907, estava instalado o antigo jornal O Santa-Ritense, antes loca-lizado, desde agosto de 1901, em prédio também próprio, sito na Rua Senador José Bonifácio, nº 105 (hoje Av. Severino Meirelles), esquina com a antiga Rua Prudente de Moraes. Esse jornal encerrou suas atividades no final do ano de 1907.

Também, nesse prédio, a empre-sa Mattoso & Dutra (de Mário Matto-

so e Arthur de Moraes Dutra), em 15 de maio de 1910, instalou o antigo Cine Smart, que, em setembro do mesmo ano, passou a pertencer a Júlio Leite & Cia., e, em fevereiro de 1911, unicamente a Arthur Dutra.

Já, em junho de 1912, a pro-prietária do "Smart" era a empresa Dutra & Sales, que, em dezembro do referido ano, contratou a "Orchestra Ideal", regida pelo maestro José Gomes de Abreu, para sonorizar o cinema. (Anteriormente, o Cine Smart pertenceu sucessivamente a José Guedes de Oliveira e a Antô-nio José Alves dos Santos, porém,

situado em outros prédios da Rua Victor Meirelles.)

Indo e vindo, Júlio Leite, em ju-lho de 1915, fechando o seu “Ideal Cinema“, sito em antigo prédio da Rua Senador José Bonifácio, es-quina com Rua Marechal Deodoro (hoje Av. Severino Meirelles, número 1078), novamente se associa com Arthur Dutra, e a empresa passa a ter a denominação Dutra & Leite.

Em maio de 1917, o Presidente da Sociedade Italiana "Pátria e Dovere", José Thomaz Vita, que comprara a parte de Arthur Dutra no "Smart", torna-se novo sócio de Júlio

Leite. Estes, fechando o cinema, arrendam o prédio da Sociedade Italiana (hoje Sociedade Beneficente de Santa Rita) e instalam ali o antigo Teatro Variedades, que foi inaugura-do em 12 de julho de 1917, com a projeção do filme "Susanna".

Em 01 de setembro de 1917, Francisco Silva comprou o prédio de Arthur Dutra, sito na Rua Victor Meirelles, nº 28, para ali estabelecer a sua Confeitaria e Clube Central.

Em tempos mais próximo, esse prédio deu abrigo ao primeiro Posto de Saúde de Santa Rita do Passa Quatro.

Flagrante parcial de Santa Rita do Passa Quatro no final do século XIX. A parte limpa, que aparece em primeiro plano é o local onde,

em 1911, foi iniciada a construção do Grupo Escolar de Santa Rita, inaugurado em 18 de maio de 1914. Em 06 de setembro de 1938, foi denominado através de decreto, Grupo Escolar “Francisco Ribeiro”

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