Da Intertextualidade. A Citação

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1 Textualidades Junho 1986 Organizado por Maria Augusta Babo DA INTERTEXTUALIDADE. A CITAÇÃO In: http://www.cecl.com.pt/rcl/03/rcl03-08.html Resumo: Este texto pretende pensar a citação enquanto prática arcaica de repetição e daí questionar a intertextualidade como perspectivação da escrita e da leitura. A escrita enquanto trabalho de reescrita, isto é, absorção e transformação de textos, assenta em modalidades várias de transposição de textos anteriores. A citação é uma dessas modalidades, tal como o plagiato, o comentário, a paródia ou o texto poético o são, todas elas marcando relações específicas do sujeito da enunciação com o enunciado e processos de significância intertextual determinados. 1. A escrita como cópia. «A escrita que estava gravada naquelas tábuas era da mão de Deus, que ali tinha escrito os seus dez mandamentos, e tinha-os escrito duas vezes para marcar a sua importância (…)» Êxodo, XXXII, 16

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Textualidades Junho 1986

Organizado por Maria Augusta Babo

 DA INTERTEXTUALIDADE. A CITAÇÃO

In: http://www.cecl.com.pt/rcl/03/rcl03-08.html

Resumo:

Este texto pretende pensar a citação enquanto prática arcaica de repetição e daí

questionar a intertextualidade como perspectivação da escrita e da leitura.

A escrita enquanto trabalho de reescrita, isto é, absorção e transformação de textos,

assenta em modalidades várias de transposição de textos anteriores. A citação é uma

dessas modalidades, tal como o plagiato, o comentário, a paródia ou o texto poético o são,

todas elas marcando relações específicas do sujeito da enunciação com o enunciado e

processos de significância intertextual determinados.

 

1. A escrita como cópia.

«A escrita que estava gravada

naquelas tábuas era da mão de

Deus, que ali tinha escrito os seus

dez mandamentos, e tinha-os

escrito duas vezes para marcar a

sua importância (…)»

Êxodo, XXXII, 16

 

Tratar a textualidade a partir de uma abordagem do texto entendido

como trama ou tela é não só fundamental como actualmente óbvio. Essa

abordagem permite pensar o texto nas relações que ele mantém com os

que o precedem, mas ainda como escrita que se revela reescrita ou

leitura. A intertextualidade como conceito operacional de análise

propicia uma arqueologia do texto que não se identifica com uma

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história da literatura ou uma crítica das fontes e que aqui importa

mencionar.

O texto-escrita releva pois de uma prática específica a perceber numa

genealogia do escrito, das «escrituras». Por seu lado, a citação,

modalização particular do regime intertextual da escrita, deverá

assumir as suas raízes nessa mesma arqueologia a determinar. Para já, o

que essa genealogia da escrita permite perceber, se nos reportarmos à

sua génese hebraica, é justamente o seu carácter de lei divina. A escrita

toma corpo como gravação da palavra de Deus, sendo que essa palavra,

portadora do Sentido, da Lei, ao inscrever-se na matéria, as Tábuas da

Lei, torna-se palavra total, verdade eterna e inabalável. A escrita ganha

aí a sua dimensão de verdade eterna, de texto sagrado. A palavra

materializa o sentido total – grava-se na memória como dito eterno e

pleno. E todo o re-dito, para a não profanar, se limitará à imitação, ou

cópia, mas nunca se impõe como dizer-outro.

Tal como Moisés, que perdeu o dom da palavra desde que Deus lhe

falou, o escritor, o escriba, é aquele que, anulando-se como sujeito da

escrita, se limita à gravação, à cópia.

No sentido judaico, o escriba era precisamente aquele que copiava à

mão, que imitava ou reproduzia os textos sagrados, daí que o termo

designe também o condutor ou inspirador do judaísmo legalista, já que a

escrita se limitava à cópia de manuscritos sagrados e, portanto, à

fundamentação do sentido da Lei. O copista ou escriba manteve e

afirmou essa função primeira de gravar na história os textos públicos,

legais ou litúrgicos. O texto sagrado ou legal remete, pois, para uma

escrita que o reproduz. Nesta medida, o acto da escrita caracteriza-se

por ser aparentado à memória, mas ainda por estar sujeito à palavra

total, ao Dito. Daí que Derrida considere a escrita como: «violence de

l’oubli. L’écriture, moyen mnémotechnique, suppléant la bonne

mémoire, la mémoire spontanée, signifie l’oubli»1. O Livro aparece,

assim, como símbolo da lei divina e torna-se um culto, na Idade Média,

ao contrário da Antiguidade grega que, segundo Kristeva, desprezava a

escrita e a leitura, por oposição à oralidade e ao diálogo, nomeadamente

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com Platão2.

A escrita institui-se, assim, como censura ou morte. A escrita é o já

escrito, no sentido em que é já do passado e, ainda, no sentido em que,

submetida à censura, ela se inscreve na cópia do Texto: «Deus, Palavra e

Escrita reúnem-se no seio do cristianismo: para toda a cultura cristã o

livro seria o lugar do discurso autoritário, do Dizer-do-Pai»3. E se a

escrita da modernidade consegue quebrar este efeito de reprodução, de

comentário, nomeadamente com o aparecimento do romance, ao

introduzir na escrita a oralidade e a narrativa, ela ficará, no entanto,

devedora e serva do vestígio que a diferencia, «la trace instituée»4.

Reprodução ou repetição, o texto como cópia dá lugar às falhas, ao erro

que o subverte, provocando distorções de sentido, sintomas daquilo

que, na repetição, difere. O comentário é, justamente, a distorção da

cópia, o retorno à letra, a elaboração do sujeito da escrita. A cópia de

memória pode encarar-se, assim, como a repetição que abre brechas,

por onde o recalcado retorna, isto é, por onde o sujeito de escrita se

fabrica. E, nessa medida, todo o texto se lê, também, na sua genealogia,

quer com textos que lhe são anteriores e exteriores, que ele repete e

transforma, quer, ainda, com o «texto», história do sujeito, que perdida

ou esquecida revém. O que quer dizer que a escrita não é gravação no

espaço virgem do seu suporte mas, sim, leitura do texto apagado que a

sustenta. O que implica que qualquer produção significante, qualquer

escrita, seja, à partida, não só operação de leitura mas, ainda, operação

de revelação. A reprodução é, portanto, condição da escrita, do

«scriptible», aquilo que se dá a escrever. Toda a escrita se revela

reescrita assim como a cópia se revela, inevitavelmente, infiel. «Toute

reprise d’un texte antérieur est une modification en sol (voir Borges), et

il semble que se soit le travail même de la modification qui produise

l’individualité d’un texte»5.

 

2. Da intertextualidade como tessitura da escrita.

«Le labyrinthe est, dans le texte, un

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réseau de citations au travail. Tout

cela a l’allure d’une énigme: qu’est-

ce que je travaille et qui me

travaille à la fois?»

A. Compagnon

Olhar o texto na perspectiva de uma produção constantemente

distorcida da cópia ou na reelaboração infinita dos textos que o

precedem é desviar a textualidade para a inter-textualidade de que

Bakhtine lançou os alicerces, com o conceito de dialogismo6. O

dialogismo consiste na relação inter-discursiva que se cria em todo o

enunciado. O princípio da intertextualidade, que vem conferir ao

carácter dialógico um sentido mais alargado, sublinha na escrita o seu

estatuto de teia e permite olhá-la, não na sua linearidade, mas na

verticalidade, já que este conceito define o texto como sendo um

mosaico de citações, absorvidas e transformadas7.

É, portanto, de transposição que se trata. Qualquer texto se coloca, face

aos outros textos, numa relação intertextual, pois define-se como

permuta e reagrupamento de textos outros, formando o espaço da

citação, do cruzamento ou da negação – contestação de textos

anteriores. Através deste conceito introduzido por Kristeva, após a

tradução e o comentário dos textos de Bakhtine sobre o dialogismo,

correntes, senão nomes, fizeram avançar propostas que enquadram,

hoje, as teorias do texto. Genette, como Todorov ou, ainda, Riffaterre são

autores que tentam novas apologias do texto e novos posicionamentos

da análise, operando o questionamento dos géneros literários à luz do

conceito de intertextualidade e criando categorias dele decorrentes,

como a de arquitexto, hipotexto, etc.

Mas mais do que essa visão taxinómica, tentativa de «arrumação» dos

textos em categorias ou novos géneros, o que este conceito trouxe como

contributo a uma noção nova de textualidade foi o seu carácter de tecido

fabricado a partir do entrelaçamento de textos vários, como, por

exemplo, o texto social. A noção kristeviana de ideologema remete,

justamente, para essa reestruturação do texto social no texto.

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«L’idéologème est cette fonction intertextuelle que l’on peut lire

‘matérialisée’ aux différents niveaux de la structure de chaque texte, et

qui s’étend tout au long de son trajet en lui donnant ces coordonnées

historiques et sociales.»8

A análise intertextual confere, pois, ao texto e à escrita a sua dimensão

de palimpsesto, metáfora aliás empregue por Genette para designar essa

sobreposição de textos: «cette duplicité d’objet, dans l’ordre des

relations textuelles, peut se figurer par la vieille image du palimpseste,

où l’on voit, sur le même parchemin, un texte se superposer à un autre

qu’il ne dissimule pas tout à fait, mais qu’il laisse voir par

transparence»9. A esta metáfora se vem juntar uma outra, barthesiana,

aqui já empregue, a de tecido ou tessitura que, independente da noção

de intertextualidade, para ela remete, no entanto

Para além de uma nova dimensão conferida ao texto, este conceito

permite, ainda, um questionamento da crítica das fontes que fundou e

ainda percorre a clássica história da literatura. Ora o que aqui se coloca

é a detecção dos mecanismos de fabricação do texto, tanto no sentido da

desconstrução da imagem tradicional de autor como da que se lhe

sobrepõe, a de leitor. Deslocamento que opera na passagem de uma

crítica das fontes, história dos autores, para o objecto texto e os seus

processos de produção-leitura. A noção de autor é, como vimos, uma

concepção recente de pertença ou propriedade dos textos, daí

decorrendo, nomeadamente, a interdição do plagiato, considerado uma

violação dos «direitos de autor». Barthes aponta este estatuto recente

conferido ao autor: «l’auteur est un personnage moderne, produit sans

doute par notre société où, au sortir du Moyen Âge, avec l’empirisme

anglais, le rationalisme français, et la foi personnelle de la Réforme, elle

a découvert le prestige de l’individu, de la personne humaine»10. Face ao

texto entendido nesta perspectiva, a noção de autor perde a sua

pertinência para ser substituída pela de sujeito do texto, o nome próprio

que advém de uma configuração específica do lugar de sujeito no

processo de significância; isto é, um nome é sempre e em última análise

já um texto, ou o nome de um texto, de uma configuração específica de

textos. Como tal, o texto é uma malha particular, polifónica, de citações,

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de transposições, por onde o escritor «ne peut que limiter un geste

toujours antérieur, jamais originel, son seul pouvoir est de mêler les

écritures, de les contrarier, les unes dans les autres, de façon à ne jamais

prendre appui sur l’une d’elles»11. O sujeito de escrita é, por oposição ao

autor, aquele que se escreve após a morte do nome, isto é, o que requer

uma despersonalização prévia para que a linguagem possa falar-se, para

que a multiplicidade de textos/citações e o trabalho neles operado

advenham.

Do mesmo modo, o estatuto de leitor é, ele também, questionável.

Sujeito que, numa simbiose com o texto, ao fabricá-lo no acto de leitura,

se fabrica enquanto sujeito do texto. Cada leitor é sujeito de escrita tal

como este último é sempre já um leitor «em processo», pois que a

escrita, ao participar da intertextualidade, se revela como reescrita, uma

dada configuração da leitura.

A citação, como modalidade específica da intertextualidade, vai permitir

pensar esse entrelaçamento de textos num outro, as interpelações que

os textos e as escritas se fazem mutuamente e o posicionamento dos

sujeitos.

 

3. A citação: fundamento primeiro da textualidade.

«Ce qui importe, ce n’est pas de dire,

c’est de redire et, dans cette redite,

de dire encore une première fois»

M. Blanchot, in L’entretien infini

O termo «citar» tem uma significação etimológica diversa da do seu uso

actual. Ele indica uma ordem, remete para uma injunção de comparecer

perante a justiça para depor ou testemunhar. «Citer, c’est convoquer: les

sénateurs, les juges, les milices (…) au terme de la comparution, c’est

encore la citation qu’on trouve. Le verdict n’est que la production d’une

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citation opportune, celle dont la lettre peut tuer. Dernier mouvement.»12

A citação é, nos seus primórdios, um acto linguístico de testemunho, mas

também um acto de legitimação que autentica a verdade do discurso. É

no seu aspecto legitimador que a citação pode funcionar como a própria

performatividade enunciativa. Citar torna-se assim o discurso da

autoridade. A prática da justiça é feita de citações da Lei. Citar implica,

no entanto, uma estratégia dupla no discurso; o juiz recorre à Lei,

citando-a, para pronunciar o veredicto e, simultaneamente, ele esconde-

se por trás da Lei para impor a sua própria interpretação da mesma. É

precisamente aí que o fenómeno da citação faz sentido, ou melhor, foge

ao Sentido. Se, por um lado, a citação anula no texto o sujeito de

enunciação que, ao apagar-se, deixa que o «outro» se inscreva no texto,

por outro lado é nessa manha ou disfarce que ele se revela. No caso do

discurso da justiça, «c’est sous le couvert de la Loi que le juge se

prononce dans un jeu complexe où, énonçant le verdict, il n’est plus lui

même la Loi et où cependant c’est bien lui qui est chargé de faire se

rencontrer la contingence complexe de l’événement criminel et

l’intangible permanent de la Loi»13. Do mesmo modo, em qualquer texto

esta dupla posição do sujeito se verifica.

Mas, para além de uma análise da citação nos seus aspectos de produção

e desvio significantes, ela deve ser encarada, primeiramente, como

processo de leitura já que ela é sempre processo de apropriação e de

absorção. Para A. Compagnon14, a primeira forma de citação encontra-se

já no acto de sublinhar. A leitura, neste sentido, é uma forma de adesão

ou apropriação do texto. O jogo de apropriação e repulsa que constitui o

acto de ler, confronto de um sujeito e de um texto, leva a que, face ao

texto, o sujeito deseje co-assiná-lo, apropriando-se do dito, ou o rejeite,

anulando-o, muitas vezes até, em qualquer dos casos, produzindo um

comentário à margem. Sublinhar é, portanto, ler, mas também,

reescrever. Despedaçar.

Citar é estilhaçar o todo. Citar integralmente um texto seria uma

apropriação abusiva ou utópica, cópia ou plagiato, o desejo de que fala

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Borges de escrever, na íntegra, e pela primeira vez, o livro já escrito.

Citar é, talvez, o único «roubo» consentido ou com sentido: uma

repetição comentada, um confronto entre sujeitos. Como acto de leitura

a citação integra-se, pois, numa operação de corte e de transposição;

como acto de escrita, ela opera uma repetição do já escrito e uma

reinserção num novo contexto.

O fenómeno da citação é, por excelência, aquele que melhor nos permite

a abordagem do texto intertextual, manifestando a dupla produção

escrita/leitura. Enquanto leitura a citação aparece, assim, como

solicitação do texto à repetição. O que eu cito é aquilo que o texto

primeiro me solicita, me convida a retirar e me compele a repetir. Citar

torna-se um produto da excitação operada previamente no texto-leitura.

Mas, ao ser reescrita, a citação manifesta uma incitação, uma inserção a

formar de novo texto ou sentido. Como incitação, ela é mais do que pura

reprodução porque ao repetir-se cria um excesso significante. Mais do

que repetição de sentido, ela instaura o sentido da repetição, isto é, a

«mais valia» do sentido primeiro.

Enquanto fenómeno intertextual, a citação, que poderia ser considerada

à partida o grau zero da relação interdiscursiva, dado que o texto

primeiro não sai maculado, revela-se, apesar disso, como um processo

mais complexo. O texto trabalhado pela citação, e que a trabalha, é um

texto que releva da interpretação. Citar, como traduzir, é transposição

de registo, de discurso ou de língua. A citação, enquanto repetição, não

fixa ou fecha o sentido mas abre-o à significância através da criação de

um espaço intervalar por onde o não-dito se lê, se marca. Assim, a

citação não pode ser entendida como simples fenómeno de imitação,

mas acarreta, inevitavelmente, ao reproduzir-se, uma perturbação do

sentido. Ela é excrescência de um nome outro no texto próprio. E se essa

integração poderia funcionar como identificação, o que se verifica é,

antes, uma desmultiplicação da identidade, a emergência da alteridade

no texto.

Platão deu-se conta do «enjeu» da citação, ao condená-la como processo

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mimético de repetição. Não tanto por relevar da representação mas por

ser imitação da representação, isto é, cópia da cópia. A citação é por ele

considerada um acto manhoso e enganador. Contrariamente às «boas

imagens», cópias da ideia, a citação participa das «más imagens», os

phantasmata já que não são representação da ideia mas representação

do discurso que, por seu turno, é já representação. Platão condena-a

porque ela é libertadora dos sujeitos da enunciação.

O mesmo não acontece com a «maxima sentencia» medieval, citação

incontestável e incontestada que surge como afirmação divina. A

laicização da «maxima sentencia» ou «palavra de Deus» tem como

substituto o provérbio proveniente do consenso universal dos homens.

As máximas e provérbios são testemunhos sem testemunhas, anónimos,

que citados no discurso não confirmam tanto verdades como consensos

sobre determinadas afirmações. Apesar de a citação poder funcionar no

discurso como confirmação de valores consentidos ou consensuais, ela

não deixa de formar, no entanto, uma rede de ressonâncias a deixar

resto ou rasto, a criar dissonâncias.

No complexo polifónico da intertextualidade, a citação instala, pois, a

perversão do sentido ou o espaço que o nega, interdito. Nessa medida o

jogo da citação pode, em última análise, produzir efeitos semelhantes ao

jogo da paródia que, etimologicamente, significa cantar ao lado, noutro

tom. O texto paródia, tal como o texto citação, consiste na transposição

de um texto de um registo nobre para um registo vulgar.

A citação, ao criar, mais do que ressonâncias, dissonâncias, institui-se

como texto paralelo ou paródico, como texto outro. Enquanto repetição

ela é sempre retorno do mesmo, parafraseado ou parodiado, a fazer

sintoma.

Notas:

1 J. Derrida, De la grammatologie, Paris, Minuit, 1967, p. 55.

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2 J. Kristeva, O texto do romance, Lisboa, ed. Horizonte, 1985, pp. 154-156.

3 J. Kristeva, Op. cit., p. 157.

4 J. Derrida, Op. cit., p. 68.

5 A. Chevalier, «Le détournement des sources», Revue des Sciences Humaines: La Citation, Lille III, N.º 196 (4), 1984, p. 79.

6 T. Todorov, M. Bakhtine, Le Principe dialogique, Paris, Seuil, 1977, p. 98.

7 J. Kristeva, Semeiotiké, Recherches pour une Sémanalyse, Paris, Seuil, 1976, p. 146.

8 J. Kristeva, Ibid., p. 114.

9 G. Genette, Palimpsestes, Paris, Seuil, p. 451.

10 R. Barthes, Le bruissement de la langue, Paris, Seuil, 1984, pp. 61-62.

11 R. Barthes., Ibid., p. 65.

12 In Prefácio a La Citation, op. cit.

13 Cf. J.-P. Guilhem, La Citation, op. cit.

14 In La Seconde Main, Paris, Seuil, 1980, a que este texto recorre, já que toda uma tese sobre as implicações significantes da citação aí se desenvolve.