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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA MATA ATLÂNTICA DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA MATA ATLÂNTICA CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS Caderno nº 13 2ª edição São 3 as principais funções da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Proteção da Biodiversidade Desenvolvimento Sustentável Conhecimento Científico realização: CONSELHO NACIONAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA Rua do Horto 931 - Instituto Florestal São Paulo-SP - CEP: 02377-000 Fax: (011) 62318555 r. 2044/2138 e-mail: [email protected] - [email protected] http://unicamp.br/nipe/rbma apoio: Programa MaB "O Homem e a Biosfera" Ministério do Meio Ambiente SÉRIE políticas pœblicas

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DECONSERVAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELDA MATA ATLÂNTICA

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMAMINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS

Caderno nº 132ª edição

São 3 as principais funções da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Proteção da BiodiversidadeDesenvolvimento Sustentável

Conhecimento Científico

realização:

CONSELHO NACIONAL DA RESERVADA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA

Rua do Horto 931 - Instituto FlorestalSão Paulo-SP - CEP: 02377-000

Fax: (011) 62318555 r. 2044/2138e-mail: [email protected] - [email protected]

http://unicamp.br/nipe/rbma

apoio:

Programa MaB "O Homem e a Biosfera"

Ministério doMeio Ambiente

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

SÉRIE 1 - CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASCad. 01 - A Questão FundiáriaCad. 18 - SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SÉRIE 2 - GESTÃO DA RBMACad. 02 - A Reserva da Biosfera da Mata AtlânticaCad. 05 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado de São PauloCad. 06 - Avaliação da Reserva da Biosfera da Mata AtlânticaCad. 09 - Comitês Estaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

SÉRIE 3 - RECUPERAÇÃOCad. 03 - Recuperação de Áreas Degradadas da Mata AtlânticaCad. 14 - Recuperação de Áreas Florestais Degradadas Utilizando a Sucessão e as

Interações planta-animalCad. 16 - Barra de Mamanguape

SÉRIE 4 - POLÍTICAS PÚBLICASCad. 04 - Plano de Ação para a Mata AtlânticaCad. 13 - Diretrizes para a Pollítica de Conservação e Desenvolvimento Sustentável

da Mata AtlânticaCad. 15 - Mata Atlântica, ciência, conservação e políticas - workshop científico sobre

a Mata AtlânticaCad. 21 - Estratégias e Instrumentos para a Conservação, Recuperação e Desenvolvimento

Sustentável da Mata AtlânticaCad. 23 - Certificação Florestal

SÉRIE 5 - SÉRIE ESTADOS E REGIÕES DA RBMACad. 08 - A Mata Atlântica do Sul da BahiaCad. 11 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Rio Grande do SulCad. 12 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em PernambucoCad. 22 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro

SÉRIE 6 - DOCUMENTOS HISTÓRICOSCad. 07 - Carta de São Vicente - 1560Cad. 10 - Viagem à Terra Brasil

SÉRIE 7 - CIÊNCIA E PESQUISACad. 17 - BioprospecçãoCad. 20 - Árvores Gigantescas da Terra e as Maiores Assinaladas no Brasil

SÉRIE 8 - MaB-UNESCOCad. 19 - Reservas da Biosfera na América Latina

DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DECONSERVAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELDA MATA ATLÂNTICA

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMAMINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS

Caderno nº 132ª edição

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DECONSERVAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELDA MATA ATLÂNTICA

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMAMINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS

Caderno nº 132ª edição

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Série: POLÍTICAS PÚBLICAS

Editor: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Conselho Editorial: José Pedro de Oliveira Costa

Revisão: Fredmar Corrêa e Romilda Resende Moreira

Projeto Gráfico e Editoração: Edimilso Ladeira da Silva (1ª edição) / ElaineRegina dos Santos / Marcia Barana

Caderno nº 13DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL DA MATA ATLÂNTICA

Endereço do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera:Rua do Horto, 931 - Casa das Reservas da Biosfera02377-000 - São Paulo - SP - Brasil - Tel/Fax: 0xx11 62318555 r. 2044/2138

É uma publicação doConselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,com o apoio da CETESB - Companhia de Tecnologia de SaneamentoAmbiental.

Impressão: CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

Autoriza-se a reprodução total ou parcialdeste documento desde que citada a fonte.

São PauloMarço 2003

CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

À Rede de ONG's da Mata Atlântica, porsuas respostas eficazes na luta emdefesa desse Bioma. Entre elas,destacam-se o Atlas da Mata Atlântica eo Programa Mata Atlântica TerceiroMilênio, Desmatamento Zero.

O objetivo deste caderno é o de tornar disponível para a sociedadeas Diretrizes para a Política de Conservação e DesenvolvimentoSustentável da Mata Atlântica, aprovadas na 52ª reunião ordinária doConselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, realizada nos dias17 e 18 de dezembro de 1998.

Sua preparação é produto de grupo de trabalho multidisciplinar,composto por entidades de governo e não governamentais. Sua ela-boração está baseada, como metodologia de trabalho, em estudos,legislação e diagnósticos já elaborados sobre o Bioma. Essestrabalhos consideraram, também, as recomendações de eventosnacionais de natureza social e ambiental, reforçadas pelos debateshavidos no grupo interministerial criado para examinar a matéria.

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1. APRESENTAÇÃO

2. INTRODUÇÃO

3. CONTEXTO

4. MARCO REFERENCIAL

5. CONCEITOS

6. EVOLUÇÃO DOS INSTRUMENTOS LEGAIS

7. PRINCÍPIOS

8. OBJETIVO

9. ESTRATÉGIA9.1 Componentes da Estratégia

10. DIRETRIZES E LINHAS PROGRAMÁTICAS

11. INSTRUMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO11.1. Gestão, Controle e Monitoramento dos Rema-

nescentes da Mata Atlântica11.2. Instrumentos Legais, Tributários e Financeiros11.3. Pesquisa dos Recursos Naturais com Vista à

Conservação e ao Uso Sustentável11.4. Educação, Extensão Ambiental e Ecoturismo

na Mata Atlântica

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SUMÁRIO:

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1.APRESENTAÇÃO

Conservar e, mais do que isso, recuperar o que for precisoda Mata Atlântica, perdida no duro processo de construçãodo País, é prioridade deste Ministério. Com isso o Brasil,seguramente, vai agregar qualidade ao seu desenvol-vimento. O País resgata uma dívida importante que temoscom a conservação da biodiversidade do planeta. E estrutu-ralmente incrementa a atividade econômica nas regiõesem que se situa, gerando emprego e renda.

Hospedeira importante dos espaços geográficos onde sedesenhou a nossa nacionalidade, a Mata Atlântica, ao longodesse processo, foi sendo substituída por atividadesprodutivas que sistematicamente a arrasaram.

De sua cobertura original (1,2 milhão de Km2), restam-lhepouco mais do que 7%. A seu modo, a Floresta Atlânticacontém, ainda, a mais rica diversidade biológica relativadas florestas tropicais conhecidas.

Sua devastação é o ônus que a cidadania pagou para aconstrução do País. O grande número de espécies endêmi-casque apresenta faz do Domínio Florestal Atlântico uma regiãoprioritária para a conservação da biodiversidade brasileira.

Promover, portanto, o desenvolvimento sustentável dasregiões de Mata Atlântica, combinando as atividadesprodutivas, nela já instaladas, com a conservação de seusremanescentes, é questão básica das abordagens desteMinistério. Recuperar parcelas significativas dessasFlorestas Atlânticas perdidas, para reforçar esses trabalhosque buscam a conservação da riqueza biológica da MataAtlântica, é componente importante desses esforços.

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A Reserva da Biosfera é, portanto, instância importante dostrabalhos de conservação e recuperação do Domínio FlorestalAtlântico, aqui apresentado como prioridade deste governo.

Por força desses fatos, escolhemos fazer da série Cadernosda Reserva da Biosfera da Mata Atlântica o locus ondepublicar as Diretrizes para a Política de Conservação eDesenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica, como seu13 º produto. É um trabalho de governo, com a sociedade,conforme o que se quer para a consecução das atividadespara perenizar a Mata Atlântica em nosso território: umserviço ambiental de relevância que o Brasil presta a cadaum de seus cidadãos e à humanidade.

Essa Política nasceu, para nosso orgulho, do esforço inicialdo, hoje, Secretário de Biodiversidade e Florestas desteMinistério do Meio Ambiente, José Pedro de Oliveira Costa,que também é propositor da adoção de Corredores Ecológicosna Mata Atlântica, desde a primeira metade dos anos 70. Éde sua iniciativa a discussão da Política no âmbito doConselho Nacional da Reserva da Biosfera da MataAtlântica, sendo a seguir analisada pela Rede de ONG's daMata Atlântica e encaminhada ao Conselho Nacional deMeio Ambiente - CONAMA, onde, depois de várias outrascontribuições, foi aprovada, em dezembro de 1998.

O principal subproduto da Política é o Plano de Ação para aMata Atlântica, também elaborado de forma conjunta comos parceiros acima citados. O Ministério do Meio Ambientenegocia financiamentos com instituições de créditointernacionais - entre eles, já de forma concreta, com oBanco Mundial e os países doadores – para implementá-lo.Esse plano é fundamental para que se reverta, o maisrapidamente possível, esse quadro de degradação ambientalda Mata Atlântica, a mais ameaçada das florestas tropicaisdo mundo.

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A fórmula do sucesso dessas iniciativas é a da parceria.Esses trabalhos serão desenvolvidos em conjunto comparcelas organizadas da Sociedade, com atividades que járealizam no domínio da Mata Atlântica, ou mesmo tãosomente interessadas na preservação de sua integridade.

A ação para trazer a sociedade a esses esforços conjuntospede transparência aos procedimentos governamentais. Épreciso sinalizar aos atores envolvidos o quanto o governo,em seu todo, está empenhado sinceramente em atingiresses objetivos. As instâncias de governo precisam agir deforma franca e coordenada, para merecer de seus parceirosa confiança que necessita. E é com esse espírito queiniciamos os procedimentos de perenização de CorredoresEcológicos de Mata Atlântica, para a conservação de suadiversidade biológica.

Para tanto, cabe ao governo apresentar, a seus parceiros,uma primeira versão de propostas de ações. No extraor-dinário acervo de sua memória técnica, vai buscar os ele-mentos que as compõem.

Um exemplo importante é o que está contido nos trabalhospara a concepção e implantação da Reserva da Biosfera daMata Atlântica. Seu planejamento espacial preconizaprocedimentos para a conservação do Bioma. Traz asdiretrizes para a recuperação dos espaços vitais dasflorestas que se perderam.

Propõe, como ação prioritária, recuperar a cobertura deáreas desflorestadas e, com isso, restabelecer aconectividade perdida entre os seus atuais remanescentessignificativos. É a formação de Corredores Ecológicos, quea Reserva já então apresentava como artífices estratégicosdo sucesso de qualquer esforço pela conservação da bio-diversidade do Bioma.

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2.INTRODUÇÃO

Este trabalho visa delinear mecanismos de gestão einstrumentos necessários para o estabelecimento de umapolítica integrada para a conservação e o desenvolvimentosustentável da Mata Atlântica.

O processo de elaboração de uma política integrada para aconservação da Mata Atlântica reflete o esforço conjugadoda sociedade brasileira na busca de ações específicas paraa proteção da diversidade biológica, a conservação e omanejo sustentável dos recursos remanescentes dessebioma.

No histórico do debate das questões ambientais do País aMata Atlântica sempre ocupou destaque pelos impactosdecorrentes do conflito entre a expansão urbana e odesenvolvimento da população brasileira, bem como pelasformas de uso e ocupação das florestas. No entanto, não háregistro de uma política nacional ou instrumentos de gestãoque tenham se baseado em diretrizes específicas para aMata Atlântica. O Decreto n° 99.547/90 foi a primeirainiciativa mais recente de se estabelecer um instrumentode controle da exploração predatória da Mata Atlântica.Posteriormente, a partir da mobilização dos movimentossociais e ambientais, o Governo editou o Decreto n° 750/93, que visa melhor definir a gestão dos seus recursosflorestais. A partir desse marco vários instrumentos foramcriados, como a Câmara Técnica Temporária de Assuntosda Mata Atlântica do Conselho Nacional do Meio Ambiente,resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente -CONAMA, normas do Instituto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e dos governosestaduais para a proteção da Mata Atlântica.

A estratégia geral das Diretrizes para a Política de Con-servação e Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica

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O Governo trabalha para atender o que quer a SociedadeBrasileira, expresso na campanha que patrocina a Rede deONG's da Mata Atlântica, de um terceiro milênio comdesmatamento zero na área de domínio dessa floresta.

José Sarney FilhoMinistro do Meio Ambiente

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3.CONTEXTO

Desde as primeiras etapas da colonização do Brasil a MataAtlântica tem passado por uma série de fases de conversãode florestas naturais para outros usos, cujo resultado finalobserva-se nas paisagens hoje fortemente dominadas pelohomem. A maior parte dos ecossistemas naturais forameliminados ao longo de diversos ciclos desenvolvimentistas,nem sempre bem planejados, resultando na destruição dehabitats extremamente ricos em recursos biológicos. A MataAtlântica foi tradicionalmente a principal fonte de produtosagrícolas para populações litorâneas e atualmente abrigaos maiores pólos industriais e silviculturais do Brasil, alémdos mais importantes aglomerados urbanos de todo o País.

A dinâmica da destruição foi mais acentuada durante asúltimas décadas, embora já tenha sido estabelecida desdeo Século XIX, resultando em alterações severas o suficientepara que os resultados danosos já fossem notados. A vastamaioria dos animais e plantas ameaçados de extinção noBrasil estão representados nesse bioma.

Na lista oficial vigente de espécies vegetais raras ouameaçadas de extinção no Brasil estão relacionadas 13espécies com ocorrência na Mata Atlântica.1

A Mata Atlântica significa também abrigo para váriaspopulações tradicionais. A maior parte das nações indígenasque aí subsistem está em situação precária, em terrasprogressivamente ameaçadas por interesses diversos. Outroaspecto primordial são os recursos hídricos do Bioma.

1 De acordo com o Anexo I do Plano de Ação para a Mata Atlântica, de Ibsen de

Gusmão Câmara, essas espécies são: Acanthococos emensis var. emensisToledo, Prepusa hookeriana Gardner, Lavoísiera itambana De Candolle, Goethealnifolia Garke, Fernseea itatiaiae Baker, Cattleya jongheana Reichback, Laeliagrandis Lindley, Laelia purpurata Lindley,. Laelia tenebrosa Rolfe, Laeliaxanthina Lindley e Worsleya rayneri (Schl).

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é um conjunto de ações que contribuirão para a reversãodo quadro atual de degradação, tendo como característicabásica a abrangência dos diferentes aspectos ambientaiscomo: conservação de áreas primárias, recuperação de á-reas degradadas e manejo de espécies. Foram consideradostambém os seguintes temas: diversidade biológica, unidadesde conservação, bacias hidrográficas, fragmentos florestais,corredores ecológicos, conservação dos solos, reservas legais,áreas de preservação permanente, expansão urbana,reflorestamento, produção de energia, lazer, habitação,saneamento e assentamentos rurais.

As ações devem buscar a adequação das políticas de gestãoambiental (controle ambiental, florestas, pesca, recursoshídricos, desertificação, unidades de conservação,diversidade biológica) e a integração com políticas extra-setoriais (agricultura, mineração, tributária, financeira,saneamento urbano, etc.) com vistas à conservação e aodesenvolvimento sustentável da Mata Atlântica.

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mananciais. Por isso a UNESCO a reconheceu, em 1991,como a primeira das Reservas da Biosfera brasileiras.

Seus mananciais fluviais são a garantia de abastecimentode água potável para mais de 100 milhões de pessoas oucerca de 70% da população brasileira, o que faz com que asua proteção e recuperação sejam consideradas prioridadespara o governo do País.

Durante a Conferência da Nações Unidas sobre o MeioAmbiente e Desenvolvimento - UNCED, celebrada no Riode Janeiro em Junho de 1992, identificaram-se os desafiose os caminhos fundamentais que deverão orientar aspolíticas das nações para o próximo milênio. Entre essescaminhos, a Agenda 21 dedica vários capítulos àconservação, à proteção e ao manejo dos recursos naturais.Em especial, a Política para a Conservação e oDesenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica deverácontribuir para a consolidação futura dos compromissos daUNCED/92, na área de influência desse bioma. Essacontribuição deverá ser somada às iniciativas de formulaçãodas Agendas 21 estaduais e locais.

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Parte significativa dos remanescentes florestais da MataAtlântica está localizada em encostas de grandedeclividade. Sua proteção é a maior garantia para aestabilidade edáfica dessas áreas, evitando assim asgrandes catástrofes que já ocorreram onde a floresta foisuprimida, com conseqüências econômicas e sociaisextremamente graves. Essa região abriga ainda belíssimaspaisagens, verdadeiros paraísos tropicais, cuja proteção éessencial ao desenvolvimento do ecoturismo.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, parágrafo4°, concedeu à Mata Atlântica o status de PatrimônioNacional. Essa categorização especial foi utilizada paradestacar a importância de sua conservação e preservação.No entanto, esse destaque por si só não garante os efeitospráticos se não houver mudanças na postura dosproprietários de terras e dos governos locais em relação àexpansão desordenada das áreas urbanas e a outros fatoresque impactam a Mata Atlântica. Isso denota a inquestionávelnecessidade de se reforçar a atuação dos governos federal,estaduais e municipais.

À necessidade de proteger a Mata Atlântica devem seragregadas mudanças no padrão de uso da propriedade ruralpara que essa possa cumprir sua função social através daaplicação dos critérios de uso adequado dos recursosnaturais disponíveis e de preservação do meio ambiente(artigo 186, Constituição Federal/88). Mudanças devem serpromovidas, de forma ordenada, no uso do espaço urbanocom garantia de bem-estar às populações da Mata Atlântica(artigo 182, Constituição Federal/88). Essa associação deações deve refletir os princípios gerais constitucionais.

A Mata Atlântica abriga extensa diversidade biológica,inúmeras comunidades tradicionais, um rico patrimôniocultural e assegura a proteção do solos, sítios turísticos e

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Atlântica, considerou-se o estudo Plano de Ação para a MataAtlântica, elaborado por lbsen de Gusmão Câmara epublicado pela Fundação SOS Mata Atlântica, tendo comobase técnica o mapa de vegetação do IBGE editado em 1988.

Assim, a composição da Mata Atlântica fica definida comosendo:

· a totalidade da Floresta Ombrófila Densa que vai do RioGrande do Sul ao Rio Grande do Norte;

· as Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais doRio Grande Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Riode Janeiro e Espírito Santo;

· as Florestas Estacionais Semideciduais do Mato Grossodo Sul (incluindo os vales do rios da margem direita dorio Paraná), Minas Gerais (vales do rios Paranaíba,Grande e afluentes), Minas Gerais e Bahia (vales dosrios Paraíba do Sul, Jequitinhonha, rios intermediáriose afluentes) e de regiões litorâneas limitadas doNordeste, contíguas às Florestas Ombrófilas;

· a totalidade da Floresta Ombrófila Mista e os encravesde Araucária nos estados de São Paulo, Rio de Janeiroe Minas Gerais;

· as formações florísticas associadas (manguezais,vegetação de restingas e ilhas litorâneas);

· os encraves de cerrados, campos e campos de altitudecompreendidos no interior das áreas acima;

· as matas de topo de morro e de encostas do Nordeste(“brejos”’ e “chãs”), particularmente as dos estado doPiauí e do Ceará, com ênfase nas da Serra de lbiapabae de Baturité, e nas da Chapada do Araripe; e

· as formações vegetais nativas dos arquipélagos deFernando de Noronha e Trindade.

A área abrangida pelas formações que compõem a MataAtlântica soma cerca de 1.300.000 km2, distribuídos em 4das 5 regiões geográficas brasileiras. Hoje, a Mata Atlântica

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4.MARCO REFERENCIAL

Para o estabelecimento das diretrizes e instrumentos deimplementação, considerou-se o marco conceitual contidona Constituição Federal de 1988, que define a MataAtlântica como Patrimônio Nacional.

5.CONCEITOS

Para formulação das Diretrizes para a Política deConservação e Desenvolvimento Sustentável da MataAtlântica foram adotados os seguintes conceitos:

· Domínio da Mata Atlântica

A Mata Atlântica, segundo definição aprovada pelo ConselhoNacional do Meio Ambiente - CONAMA, em 1992, eincorporada ao Decreto Federal 750/93, corresponde ásáreas primitivamente ocupadas pelas seguintes formaçõesvegetais constantes do Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988) que, à exceção dos encraves do Nordeste, formavamoriginalmente uma cobertura florestal praticamentecontínua nas regiões sul, sudeste e, parcialmente, nordestee centro-oeste: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, FlorestaOmbrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, FlorestaEstacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual,manguezais, restingas, campos de altitude, brejosinterioranos e encraves florestais do Nordeste.

Este conceito está baseado na opinião da maioria de botânicose fitogeógrafos, que admitem que a Mata Atlântica estendia-se originalmente por uma vasta região ao longo do litoralbrasileiro, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte,avançando centenas de quilômetros continente adentro nasregiões sudeste e sul, chegando à Argentina e ao Paraguai.Quanto à composição, fitofisionomia e localização da Mata

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DA MATA ATLÂNTICA

· Vegetação Remanescente

Vegetação que compreende a totalidade da vegetaçãoprimária e secundária de um bioma em estágio inicial,médio e avançado de regeneração (Resolução CONAMA nº.03/96).

· Reserva da Biosfera

Figura de planejamento instituída pelo Programa O Homeme a Biosfera da UNESCO, e reconhecida por ele mediantesolicitação dos governos dos países que aderiram a esseprograma. É o local ou conjunto de locais onde se realizamas atividades de proteção dos ecossistemas e da diversidadebiológica, experimentação e ações que visem a conservaçãoda natureza, o desenvolvimento sustentável, a pesquisa ea educação ambiental (MAB/UNESCO/96).

· Patrimônio Nacional

Corresponde a um bem (recurso natural) necessário à sadiaqualidade de vida de toda a coletividade, cuja conservaçãopara uso e transmissão de geração em geração éresponsabilidade constitucional de cada indivíduo(Constituição Federal/88).

O pressuposto desse conceito relaciona a necessidade degarantir a continuidade e a permanência (sustentabilidade)de qualquer recurso natural renovável que estiver sendousado.

· Ecossistemas associados

São as formações vegetais, não necessariamente florestais,que aparecem inclusas no Domínio Mata Atlântica. lncluem-se os manguezais, restingas, campos de altitude, brejosinterioranos e encraves florestais do Nordeste.

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está reduzida a cerca de 7,6% de sua cobertura florestaloriginal. As áreas remanescentes não se distribuemuniformemente por todos os ecossistemas do Bioma, e amaior parte encontra-se sob regime de conservação emunidades de conservação - UC's ou sob pressão da atividaderural ou da expansão urbana.

Em razão da sua distribuição entre a linha do Equador e oparalelo 33° de latitude sul, tem-se uma tropicalidadepredominante que propicia uma composição diversificada,favorecida pela proximidade e pelo relevo da costa doAtlântico.

O regime pluviométrico, de médio a elevado, determina ariqueza em variedades de espécies. A área de Mata Atlânticaconstitui um importante centro de endemismo de aves, comcerca de 160 espécies restritas às florestas da Serra doMar. Estudos indicam a existência de pelo menos 158espécies endêmicas de aves e 128 de anfíbios na MataAtlântica. Esse bioma abriga 131 espécies de mamíferos depequeno porte, sendo 50 endêmicas.2

· Bioma

É a comunidade biótica que mantém certa uniformidadefisionômica e clímax entre os vegetais e animais existentes(definição adotada pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA,derivada de Font Quer - Dicionário de Botânica/1970).

· Ecossistema

Conjunto de seres vivos e seu meio ambiente em interaçãoconstante (Jorge Eiten - Atlas dos Ecossistemas Brasileiros- MMA/96).

2 CÂMARA, IBSEN DE GUSMÃO. Plano de Ação para a Mata Atlântica

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DA MATA ATLÂNTICA

6.EVOLUÇÃO DOS INSTRUMENTOS LEGAIS

Os regulamentos referentes à Mata Atlântica derivam dosinstrumentos normativos do Código Florestal de 1934,revogado pela Lei n° 4.771/65 que instituiu o novo códigoflorestal, e da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei n°6.938/81. Esses instrumentos possibilitaram o estabe-lecimento de unidades de conservação, mecanismos de con-trole de poluição e instrumentos de gestão descentralizada.

No aspecto da gestão, esses instrumentos sempre tiveramcomo característica o pioneirismo de suas práticas. Noentanto, nem todos serviram para frear o ímpeto e agravidade das agressões a esse bioma.

Com a inclusão, na Constituição de 1988, da Mata Atlânticano conceito de Patrimônio Nacional, juntamente com a ZonaCosteira e a Serra do Mar, passou-se a denominar Domínioda Mata Atlântica ao conjunto de florestas: FlorestaOmbrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, FlorestaOmbrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual eFloresta Estacional Decidual.

Posteriormente, foi editado o Decreto nº 99.547/90, sendoeste a primeira iniciativa do governo federal de estabelecerum instrumento que derivasse da Constituição Federal efornecesse mecanismos de controle do uso e exploração daMata Atlântica. A natureza desse instrumento definia umaposição de intocabilidade dos remanescentes florestais.

As imprecisões do Decreto nº 99.547/90 determinaram ummovimento de reformulação e elaboração de novos textosque pudessem substituí-lo. Nas discussões, um dos pontosmais imediatos abordados foi a questão da determinaçãoda área de abrangência da Mata Atlântica. Isto parapossibilitar ação sobre o tema dominante, que é apreservação dos seus remanescentes.

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Mais recentemente, o Decreto nº 750/93 estabeleceu oslimites da Mata Atlântica, conforme definidos pelo CONAMA.Estabeleceu, ainda, a relação compartilhada entre governofederal e estadual para sua regulamentação, e definiucritérios precisos para garantir a conservação da MataAtlântica e a proteção de sua regeneração natural,considerando os diferentes estágios sucessionais de suasformações secundárias.

Os aspectos referentes à delimitação do Bioma e osconceitos contidos no Decreto n° 750/93 permitiram que oCONAMA editasse as seguintes resoluções: Resolução nº3/93, que estabelece os mecanismos de proteção dosdiferentes estágios de regeneração das áreas da MataAtlântica; Resolução nº 10/93, que estabelece os conceitosdos diversos estágios de regeneração da Mata Atlântica;Resolução nº 12/94, que cria o glossário de termos técnicos;Resolução n° 14/94, que fixa parâmetros para avaliaçãodas florestas; Resolução n° 12/95, que estabelece acomposição da Câmara Técnica da Mata Atlântica;Resolução nº 03/96, que define a vegetação remanescenteda Mata Atlântica; Resolução nº 09/96, que define cor-redores entre os remanescentes florestais e a Resoluçãonº 07/96, que aprovou parâmetros básicos para análise dosestágios de sucessão de vegetação de restinga para o estadode São Paulo. Com isso, alcançou-se não somente a vege-tação primária mas também todas as formas de vegetaçãosecundária, incluindo os estágios inicial, médio e avançadode regeneração. Após a definição desses padrões einstrumentos de avaliação da composição dos rema-nescentes, necessários à gestão dos instrumentos definidospelo Decreto n° 750/93, alguns estados com ocorrência deMata Atlântica editaram resoluções a partir dos ConselhosEstaduais de Meio Ambiente. São eles: Alagoas, Bahia,Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná,Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

. Utilização da Mata Atlântica em condições que assegu-rem a preservação do meio ambiente e o uso múltiplo deseus recursos naturais;. Proteção da diversidade biológica com base naconservação e no manejo sustentável;. Recuperação das áreas degradadas e recomposição dasformações florestais;. Valorização das iniciativas que promovam odesenvolvimento social em bases sustentáveis, recuperandoa importância das populações tradicionais;. Ação governamental integrada de modo a promover agestão descentralizada e participativa dos recursos naturais;. Definição e fortaleçimento de instrumentos para aconservação e desenvolvimento sustentável dos recursosnaturais.

8.OBJETIVO

As Diretrizes para a Política de Conservação e Desen-volvimento Sustentável da Mata Atlântica visam delinearações integradas que promovam a conservação e o desen-volvimento sustentável desse bioma.

9.ESTRATÉGIA

Os componentes da estratégia têm como referência o marcoconstitucional que define a Mata Atlântica como patrimônionacional, cuja preservação e uso sustentável são pressu-postos básicos.

Para dar sustentação a esses elementos, a organizaçãodos componentes estratégicos determinou a formulação dasseguintes diretrizes: alcançar a sustentabilidade da regiãode Mata Atlântica através da promoção da proteção dadiversidade biológica associada ao desenvolvimento

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A edição do Decreto n° 750/93 trouxe soluções conceituaispara a gestão do patrimônio da Mata Atlântica mas nãoconsolidou integralmente o processo de normatização querespalda uma ação ambiental integrada. Neste sentido,tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 285/99,baseado no PL nº 3.285/92.

Os instrumentos legais de gestão estarão semprereferendados na obrigatoriedade de uso condicionado àpreservação da integridade dos remanescentes da MataAtlântica. Neste aspecto, reforça-se a tese de que todas asações que venham a alterar, usar ou explorar recursosnaturais da Mata Atlântica deverão conter o princípio daprevenção, onde qualquer liberação de uso e exploraçãoserá precedida de rituais de aprovação institucional comconsultas prévias.

A nova lógica a ser estabelecida com as Diretrizes para aPolítica de Conservação e Desenvolvimento Sustentável daMata Atlântica considera os aspectos positivos dosinstrumentos legais e normativos no âmbito da políticaflorestal e ambiental (Código Florestal, Decreto nº 750/93,resoluções e leis florestais estaduais decorrentes doDecreto nº 750/93, constituições estaduais, resoluções doCONAMA, etc.), além daqueles que podem ser incorporadospara ampliar o raio de ação e efeitos ambientais necessáriospara garantir a conservação da Mata Atlântica, tais como onovo Imposto Territorial Rural – Lei nº 9.393/96 e a Lei deRecursos Hídricos nº 9.433/97.

7. PRINCÍPIOS

Para efeito da definição das Diretrizes para a Política deConservação e Desenvolvimento Sustentável da MataAtlântica, consideraram-se os seguintes princípios:

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DA MATA ATLÂNTICA

sustentável, tendo como mecanismos a recuperação de áre-as degradadas e a integração das políticas públicas.

Os instrumentos de implementação definidos visamestabelecer os mecanismos de suporte para se alcançar aconservação e o desenvolvimento sustentável. O conjuntode ações de cada diretriz se refletirá no tempo e no espaçoatravés do Plano de Ação para a Mata Atlântica.

O Plano de Ação atenderá aos componentes estratégicosda Política para a Conservação e Uso Sustentável da MataAtlântica em duas vertentes conceituais: a de preservaçãoe a de uso sustentável.

O desenvolvimento de ações de curto, médio e longo prazo,a serem incorporadas ao Plano de Ação, terá como enfoquepara o planejamento os remanescentes florestais associadosàs UC's e bacias hidrográficas. A implantação das açõesintegradas prioriza esses elementos espaciais fundamentaispara garantir um bom manejo dos remanescentes florestais,dos mananciais e dos solos. Esses elementos fornecerãoas motivações para a preservação das últimas áreasflorestais da Mata Atlântica, influenciarão a recomposiçãode áreas degradadas, a promoção de novas iniciativasintegradas para a conservação de áreas públicas e privadase o estabelecimento de corredores ecológicos em toda aMata Atlântica.

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9.1. Componentes da Estratégia da Política de Conserva-ção e Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica

10.DIRETRIZES E LINHAS PROGRAMÁTICAS

Para compatibilizar os objetivos da Política de Conservaçãoe Uso Sustentável da Mata Atlântica com o conjunto deinstrumentos para sua implementação, foram estabelecidasas seguintes diretrizes:

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DA MATA ATLÂNTICA

1.7. Ampliar a participação da comunidade na gestão das UC's;

1.8. Estabelecer instrumentos que regulem a utilização dasáreas de entorno de UC's.

DIRETRIZ 2 . DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOSRECURSOS NATURAIS DA MATA ATLÂNTICA

Objetivo:

Adequar o uso dos recursos naturais ao objetivo de obter aconservação dos remanescentes. O conjunto de ins-trumentos para implementação da Política deve considerara necessidade de recuperar o papel da floresta para aspopulações tradicionais, reformular o conceito de uso daterra, estabelecer o manejo sustentável e proteger a faunae mananciais da Mata Atlântica.

Linhas Programáticas:

2.1. Recursos Florestais

2.1.1. Identificar, quantificar e dar prioridade aos bens ebenefícios das florestas, passíveis de serem transformadosem ativos potenciais que possam contribuir para a con-servação dos remanescentes da Mata Atlântica;

2.1.2. Promover o desenvolvimento florestal sustentávelorientando o manejo e o reflorestamento, valorizando osusos múltiplos, o fomento e o associativismo das atividadesflorestais;

2.1.3 Promover a recuperação de áreas florestais,contribuindo para a formação dos mosaicos, dos corredoresecológicos e para a recomposição de áreas de relevanteinteresse ambiental;

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DIRETRIZ 1 . PROTEÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICAASSOCIADA AOS ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA

Objetivo:

Proteger todos os remanescentes da diversidade biológicacontida na Mata Atlântica através da ampliação do sistemade unidades de conservação; integração dos instrumentosde gestão; criação de novas unidades de conservação,públicas e privadas; reforço das UCS já existentes; promoçãoda regularização fundiária e de novas possibilidades para oestabelecimento dos corredores ecológicos.

Linhas Programáticas:

1.1. Consolidar um sistema integrado de UC's, fortalecendoos mecanismos de gestão, manejo e monitoramento dasUC's públicas e privadas, em especial as de uso indireto,consolidando os mosaicos florestais, os corredores ecológicose o sistema de Reservas da Biosfera;

1.2. Estabelecer instrumentos de compensação que valo-rizem as áreas de manejo, reservas legais, UC's privadas eáreas de preservação permanente;

1.3. Promover a inserção das UC's nos planos de desen-volvimento regional dos estados e municípios;

1.4. Estabelecer o manejo adequado em áreas de comu-nidades tradicionais, buscando valorizar os conhecimentossobre manejo e conservação dos remanescentes;

1.5. Promover a regularização fundiária das UC's, através daviabilização dos meios financeiros necessários a essa ação;

1.6. Estabelecer ações para reduzir a influência da expansãourbana sobre as UC's e entorno;

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DA MATA ATLÂNTICA

2.1 .4. Promover o reflorestamento com vistas a garantir opleno abastecimento das indústrias florestais ex-clusivamente em áreas já degradadas;

2.1.5. Estabelecer mecanismos específicos de concessãode uso dos recursos naturais nas áreas florestais privadasna Mata Atlântica;

2.1.6. Estabelecer incentivos às atividades de associativismoflorestal para implantação da reposição florestal, manejoflorestal e para a formação de mosaicos florestais na MataAtlântica;

2.1.7. Promover o desenvolvimento tecnológico, tanto nosetor público quanto no privado, para a geração deconhecimentos necessários ao manejo sustentado dosremanescentes florestais nativos;

2.1.8. Estabelecer critérios e indicadores para o manejo deespécies nativas nos diversos estágios sucessórios da MataAtlântica.

2.2. Recursos Pesqueiros

2.2.1. Promover o ordenamento da pesca continental e cos-teira com vistas à conservação da diversidade biológica eao uso sustentável dos recursos pesqueiros;

2.2.2. Estabelecer instrumentos de licenciamento e ava-liação de atividades impactantes sobre os recursospesqueiros;

2.2.3. Promover a organização de sistemas de pesca asso-ciativista, amadora e industrial.

2.3. Recursos Hídricos

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2.3.1. Estabelecer sistemas de monitoramento dos ma-nanciais, tanto de qualidade como de quantidade;

2.3.2. Estabelecer planos diretores das bacias hidrográficaspara disciplinar o uso dos recursos hídricos e sua proteção;

2.3.3. Estabelecer mecanismos de participação comunitáriae mobilização social na gestão dos recursos hídricos;

2.3.4. Desenvolver instrumentos de ordenamento da coleta,tratamento e disposição final de efluentes líquidos assimcomo de resíduos, com vistas à conservação dos recursoshídricos;

2.3.5. Estabelecer ações direcionadas à ampliação doconhecimento sobre a situação dos recursos hídricos dobioma Mata Atlântica com vistas à sua preservação, aocontrole e à mitigação dos processos de degradação, bemcomo visando a recuperação das áreas degradadas e aproteção dos mananciais;

2.3.6. Estruturar e consolidar os Comitês de BaciasHidrográficas, prioritariamente daquelas com rios dedomínio federal;

2.3.7. Realizar estudos específicos de avaliação das águassuperficiais e subterrâneas e desenvolver programas eprojetos permanentes de conservação e uso racional dosrecursos hídricos subterrâneos da Mata Atlântica.

2.4. Recursos Costeiros

2.4.1. Promover atividades que garantam a conservação,preservação e uso sustentável dos recursos que compõemo mosaico dos ecossistemas costeiros da Mata Atlântica,através do zoneamento participativo e descentralizado;

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

2.4.2. Estabelecer instrumentos que levem à susten-tabilidade das atividades humanas na zona costeira;

2.4.3. Compatibilizar os instrumentos de navegação na zonacosteira em região de Mata Atlântica com os princípios deconservação ambiental.

2.5. Fauna Silvestre

2.5.1. Promover o estudo e o monitoramento da fauna emtodas as áreas remanescentes;

2.5.2. Coibir a caça e o comércio ilegal de espécies, inten-sificando a fiscalização;

2.5.3. Fortalecer as instituições de proteção à natureza ede pesquisa;

2.5.4. Promover as iniciativas de manejo e proteção.

DIRETRIZ 3. RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADAS NAMATA ATLÂNTICA - RAD

Objetivo:

Recuperar a estrutura fitogeográfica, contribuindo para aproteção da diversidade biológica, a recomposição doscorredores ecológicos, a conservação dos solos e a garantiada integridade dos ecossistemas naturais.

Linhas Programáticas:

3.1. Estabelecer estratégia específica, no âmbito da MataAtlântica, para recuperação das áreas degradadas de baciashidrográficas, com especial referência às áreas de matasciliares e entorno das UC's;

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3.2. Desenvolver o reflorestamento com espécies nativas eo manejo da cobertura florestal, identificando as principaispossibilidades e os custos, os benefícios e as limitações desua extensão e melhoramento;

3.3. Articular e implementar projeto piloto com envolvimen-to dos setores público e privado, objetivando operacionalizaro cumprimento da legislação específica no que se refere àobrigatoriedade de plantio de espécies nativas visando arecomposição das áreas de reserva legal;

3.4. Identificar as principais metodologias e/ou tecnologiasque se adaptam às condições geográficas, sociais eeconômicas das diversas áreas que serão objeto do programade recuperação de áreas degradadas e as estratégias paraa mobilização, através dos Comitês de Gestão, dascomunidades a serem beneficiadas;

3.5. Avaliar as iniciativas de recuperação de áreas degra-dadas no âmbito da Mata Atlântica;

3.6. Estabelecer novos programas junto às instituições depesquisa;

3.7. Promover eventos para discussão de proposições paraa recuperação de áreas degradadas;

3.8. Estabelecer programas de extensão sobre o efeitobordadura e fragmentação, associados às propostas deimplantação de corredores ecológicos no âmbito da MataAtlântica;

3.9. Ampliar o programa de sementes florestais, compa-tibilizando-o com ações de recuperação de áreas degradadasna Mata Atlântica;

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DA MATA ATLÂNTICA

3.10. Promover e fomentar ações, decorrentes de projetosapoiados pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, que visemà recuperação de áreas degradadas.

DIRETRIZ 4. COMPATIBILIZAÇÃO DAS POLÍTICASSETORIAIS COM VISTAS À CONSERVAÇÃO E AODESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA MATAATLÂNTICA

Objetivo:

Compatibilizar as políticas ambientais com as políticassetoriais para assegurar a conservação dos recursosnaturais e seu uso em bases ecologicamente sustentáveis.

Linhas Programáticas:

4.1. Mineração

4.1.1 Desenvolver metodologia e implementar, no setormineral, normas regulatórias e ações de fiscalização econtrole setorial que priorizem a conservação e odesenvolvimento sustentável do Bioma;

4.1.2. Aplicar os recursos financeiros disponibilizados paraa compensação ambiental integralmente nas unidades deconservação, nas áreas de preservação permanente e noreflorestamento;

4.1.3. Desenvolver metodologia com vistas à avaliação am-biental estratégica da política, planos e programas do setormineral em nível de Mata Atlântica;

4.1.4. Identificar os principais sítios de recursos mineraispassíveis de uso sustentável e aqueles ecologicamentesensíveis, visando o zoneamento ecológico-econômico;

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4.1.5. Estabelecer critérios mais rigorosos nos planos dereabilitação de áreas degradadas pela mineração, de acor-do com os objetivos e ações identificadas nesta política.

4.2. Energia

4.2.1. Desenvolver metodologia com vistas à avaliação am-biental estratégica da política, planos e programas do setorenergético no Bioma;

4.2.2. Elaborar um planejamento de expansão (geração etransmissão de energia) específico para a área de MataAtlântica, visando a conservação e o desenvolvimentosustentável da região;

4.2.3. lmplantar e operar os empreendimentos elétricospriorizando as ações e o uso de tecnologias de menor poten-cial de impacto ambiental na área da Maia Atlântica;

4.2.4. Promover o levantamento geológico básico da MataAtlântica, para o conhecimento de suas reais poten-cialidades, incluindo aspectos geográficos, geomorfológicos,hidrogeológicos e hidrológicos.

4.3. Agricultura

4.3.1. Adotar as microbacias hidrográficas como unidadede planejamento e de trabalho, por constituírem unidadesgeográficas naturais e pela faculdade de se encontrarfatores ambientais, econômicos e sociais em condiçõeshomogêneas, mais apropriadas para o estabelecimento deplanos de uso e manejo, monitoramento e avaliação dasinterferências do homem no meio ambiente;

4.3.2. Estabelecer ações em microbacias, de forma parti-cipativa e multidisciplinar, envolvendo a comunidade e suasorganizações e entidades públicas e privadas na iden-

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DA MATA ATLÂNTICA

tificação de potencialidades e limitações locais e regionais,de forma a assegurar a estabilidade ambiental, a melhoriada produtividade agrosilvopastoril e o bem estar da populaçãolocal;

4.3.3. Priorizar as linhas de pesquisa agrícola voltadas parao desenvolvimento de sistemas agrosilvopastoris, visandocriar alternativas de produção a partir de espécies nativase exóticas na Mata Atlântica, buscando a recomposição dasua elevada diversidade biológica através de sistemasintegrados e sustentáveis;

4.3.4. Estabelecer um zoneamento territorial no âmbito dosmunicípios para definir áreas de expansão industrial e ur-bana e áreas de produção agrícola, objetivando proteger asáreas de preservação ambiental e minimizar a pressão an-trópica sobre os ambientes naturais, permitindo uma melhordefinição das políticas ambientais, de uso do solo e da água,de bem-estar social, de saúde e de desenvolvimento rural;

4.3.5. Apoiar projetos voltados para a recuperação de áreasdegradadas com espécies nativas mediante a utilização depráticas conservacionistas, com vistas à recomposição dacobertura vegetal e à melhoria da produtividade do solocomo estratégia para reduzir o avanço das atividadeshumanas sobre os remanescentes da Mata Atlântica;

4.3.6. Promover a proteção e o monitoramento dos recursoshídricos disponíveis na microbacia hidrográfica, visandoaumentar e assegurar sua disponibilidade para atender àdemanda atual e à futura e permitir uma maior diver-sificação das atividades econômicas;

4.3.7. Promover atividades de treinamento e capacitaçãodas comunidades no que se refere ao manejo dos recursosnaturais, visando à intensificação da produção, por unidadede área, de forma sustentável bem como à especialização

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da mão-de-obra produtiva, permitindo a agregação de valoraos produtos primários e o aparecimento de novos produtose mercados locais e regionais;

4.3.8. Condicionar a aplicação do crédito rural oficial e deoutras formas de incentivos à execução de planos de uso,recuperação e proteção dos recursos naturais,principalmente do solo e da água, avaliados por critérios eindicadores de sustentabilidade.

4.4. Reforma Agrária

4.4.1. Promover a regularização de UCS públicas e privadas;

4.4.2. Definir critérios para assentamentos rurais em áreasde remanescentes;

4.4.3. Promover a aplicação dos instrumentos decorrentesdo lmposto Territorial Rural contidos na Lei n-Q 9.393/96para garantir a conservação e a proteção dos rema-nescentes.

4.5. Transportes

4.5.1. lmplementar instrumentos de avaliação e controlede impactos ambientais decorrentes de obras e manutençãodo sistema viário;

4.5.2. lmplementar “‘estradas-parque”, sempre que cabível.

4.6. Desenvolvimento Urbano

4.6.1. Promover ações de caráter preventivo que resultemem melhorias da qualidade de vida nos centros urbanos naregião de influência da Mata Atlântica;

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DA MATA ATLÂNTICA

4.6.2. Promover ações que resultem no saneamento bási-co, buscando solucionar a falta de tratamento dos esgotossanitários no âmbito da Mata Atlântica;

4.6.3. Estabelecer mecanismos de controle do uso do solourbano buscando equacionar o processo de crescimentodesordenado das cidades, principalmente na compa-tibilização de variáveis de transporte e crescimentoeconômico no âmbito da Mata Atlântica;

4.6.4. Definir instrumentos fiscais, econômicos e tributáriosque permitam viabilizar o ordenamento e o controle do usodo solo nas zonas urbanas da região da Mata Atlântica;

4.6.5. Priorizar, no âmbito da Mata Atlântica, a formulaçãode modelos integrados e descentralizados da implementaçãoda política ambiental dos espaços urbanos;

4.6.6. Estabelecer plano de ordenamento do uso do solo noentorno das UC's, contemplando o controle de processos deerosão, a preservação de áreas naturais nos assentamentosde reforma agrária, a proteção das áreas de influência dasUC's e de áreas de relevância cultural e espiritual;

4.6.7. Viabilizar apoio aos municípios para elaboração eimplementação dos planos diretores e estabelecerinstrumentos de planejamento e gestão que contemplemas UC's e sua interface com os municípios.

4.7 Compatibilização das Políticas Ambientais com asPolíticas Setoriais

4.7.1. Realizar avaliação estratégica de políticas, planos eprogramas dos diversos setores;

4.7.2. Estimular a implantação de atividades voluntáriasque confiram ganho de qualidade na conservação da Mata

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Atlântica ou reduzam os riscos de degradação;

4.7.3. Desenvolver e implementar normas regulatórias eações de controle e fiscalização setorial que priorizem aconservação e o desenvolvimento sustentável da MataAtlântica;

4.7.4. Identificar os principais sítios de recursos naturaispassíveis de uso sustentável e aqueles ecologicamentesensíveis, visando o zoneamento ecológico-econômico.

11. INSTRUMENTOS PARA IMPLEMENTAÇÃO

Os instrumentos para implementação das Diretrizes paraa Política de Conservação e Desenvolvimento Sustentávelda Mata Atlântica foram elaborados com os seguintesobjetivos:

. Estabelecer sistema de gestão do Bioma, destacando o papeldo governo na coordenação das ações em parceria com osestados e municípios, buscando uma permanenteinterlocução com as entidades não governamentais setoriaise ambientalistas, garantindo maior participação nas decisões;

. Reforçar a competência supletiva do IBAMA e concorrentedos órgãos estaduais;

. Estabelecer mecanismos e instrumentos legais, tributáriose financeiros para viabilizar o desenvolvimento sustentávele a conservação da Mata Atlântica;

. Desenvolver programas setoriais de pesquisa sobre osrecursos naturais em nível nacional, regional e estadual,com vistas à conservação dos remanescentes e àrecomposição da Mata Atlântica;

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

. Estabelecer uma nova aprendizagem de tecnologias queamplie a produtividade com base na sustentabilidade, evi-te impactos e desastres ambientais e possa promover o co-nhecimento e o respeito aos valores do meio ambiente, es-pecialmente nas UC's e áreas privadas de relevante inte-resse ecológico da Mata Atlântica.

11.1. Gestão, Controle e Monitoramento dos Rema-nescentes da Mata Atlântica

Linhas de Ação:

Gestão:

. Dar prosseguimento ao processo de descentralização daadministração no âmbito da gestão dos recursos florestais,pesqueiros, fauna silvestre, recursos hídricos e marinhose do controle ambiental, buscando ampliar os mecanismosde participação da sociedade através de suas entidadesrepresentativas como os Comitês de Bacia, os ConselhosMunicipais de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMAS, osComitês Estaduais da Reserva da Biosfera da MataAtlântica, etc.;

. Estabelecer sistema de gestão e coordenação das açõesatravés de parcerias que busquem uma permanenteinterlocução com as entidades não-governamentaissetoriais e ambientalistas;

. Rever/reorientar os instrumentos e normas de controle,monitoramento, uso e conservação dos remanescentes, deforma a garantir que o desenvolvimento seja sustentável ese processe atendendo às exigências necessárias à proteçãoda diversidade biológica no âmbito da Mata Atlântica;

. Completar a reorganização do modelo institucional degestão ambiental, promovendo a descentralização através

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da viabilização dos Pactos Federativos de Gestão Ambientalnos estados com ocorrência de Mata Atlântica;

. Efetivar a instalação de uma coordenação específica naestrutura do Ministério do Meio Ambiente para coordenara implementação das ações e diretrizes ambientaisemanadas da Política de Conservação e DesenvolvimentoSustentável da Mata Atlântica e aquelas oriundas daComissão de Recursos Naturais Renováveis e da CâmaraTécnica Temporária de Assuntos da Mata Atlântica doConselho Nacional de Meio Ambiente;

. Criar Comitês de Bacias em todos estados com ocorrênciade Mata Atlântica;

. Reconhecer os órgãos florestais estaduais e seusequivalentes como partes integrantes do Sistema Nacionaldo Meio Ambiente - SISNAMA, a fim de promover a par-ticipação efetiva desses órgãos no processo decisório; e

. lmplementar as ações previstas no plano de gerenciamentocosteiro.

Controle e Fiscalização:

. Adequar a aplicação dos instrumentos de controle emonitoramento às realidades regionais;

. Aperfeiçoar os instrumentos e práticas de controle emonitoramento, incorporando novas tecnologias desensoreamento remoto às atividades em nível de UC's eem todas as áreas privadas que contenham remanescentes;

. Fortalecer e aperfeiçoar o sistema de controle e fiscalizaçãodos recursos florestais, pesqueiros, hídricos, costeiros efauna na área de influência da Mata Atlântica;

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

. Estabelecer, em articulação com os estados, um PlanoNacional de Controle e Fiscalização dos Recursos Flores-tais da Mata Atlântica, com vistas a tornar mais eficazesas ações voltadas à proteção e à garantia da sua integrida-de, aproveitando a capilaridade de ação das instituiçõesestaduais e o apoio das organizações não governamentaisque atuam na Mata Atlântica;

. Garantir maior amplitude e abrangência da aplicação dosinstrumentos de controle e fiscalização, através doengajamento e da participação mais efetiva de entidadesrepresentativas da sociedade civil nessas ações.

11.2. Instrumentos Legais, Tributários e Financeiros

Linhas de ação:

Planejamento:

. Promover a articulação interinstitucional no planejamentoe no desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica;

. Integrar o planejamento e as ações dos diferentes setorescom as diretrizes ambientais;

. Estabelecer um sistema de zoneamento e planejamentodo uso e da conservação da Mata Atlântica;. Estabelecer mecanismos de financiamento, instrumentosde créditos específicos e de cooperação técnica;

. Desenvolver ações junto aos municípios para ogerenciamento de projetos e recursos financeiros;

. Incluir, nos mecanismos de planejamento e planos dire-tores dos municípios, os instrumentos de conservação dafaixa litorânea e remanescentes de Mata Atlântica.

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Financiamento:

. Destinar recursos e criar linhas de crédito para a recom-posição florestal e para a implantação de projetos de manejoflorestal sustentado e sistemas agroflorestais, em condiçõescompatíveis com as atividades e com o grau de estímulonecessário às mesmas;

. Adequar, ao manejo florestal sustentado e ao reflo-restamento, linhas de financiamento dos Fundos Cons-titucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste;

. Exigir a vinculação da base florestal aos empreendimentosindustriais para fins de obtenção de financiamento e créditopara o reflorestamento e o manejo florestal sustentado;

. Dar prioridade à concessão de crédito aos empreen-dimentos que atendam às exigências de conservação emanutenção da cobertura florestal em reservas legais eáreas de preservação permanente;

. Fazer o ajuste da política tributária com a finalidade deeliminar suas distorções na conservação e uso dos recursosflorestais;

. Adequar as condições de concessão de crédito e de tribu-tação da atividade agropecuária às determinações legais eaptidão das áreas;

. Reforçar o Fundo Nacional do Meio Ambiente de modo atorná-lo um instrumento de apoio à conservação e aodesenvolvimento sustentável através de financiamentos;

. Adotar, como instrumento de planejamento, o ordena-mento e as linhas de ação contidas neste documento,visando à conservação, ao uso múltiplo e ao fomento dosrecursos naturais;

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DA MATA ATLÂNTICA

. Estabelecer novos instrumentos de compensação, paraáreas de remanescentes privados e públicos, do uso da ter-ra conforme o zoneamento sócio-econômico e ecológico.

Licenciamento Ambiental:

. Garantir a aplicação e a complementação das normaslegais relativas ao licenciamento, em articulaçãodescentralizada nos diversos níveis de competência;

. Estimular a participação da comunidade nos eventos eprocessos licenciatórios.

11.3. Pesquisa dos Recursos Naturais com Vistas àConservação e ao Uso Sustentável

Linhas de Ação:

. Desenvolver programas setoriais de pesquisa sobre osrecursos naturais em nível nacional, regional e estadualcom vistas à conservação e à recomposição dos remanes-centes de Mata Atlântica;

. Adequar a estrutura de ensino para que seja dis-ponibilizada a mão-de-obra qualificada necessária àimplementação de práticas adequadas de manejo e usosustentável dos recursos naturais;

. Desenvolver pesquisas sobre diversidade biológica, cor-redores ecológicos, efeitos bordadura e fragmentos florestaisda Mata Atlântica;

. Desenvolver estudos que identifiquem o nível de danos àsespécies e aos ecossistemas da Mata Atlântica;

. Promover ações de apoio às pesquisas em desenvolvimentosobre a recuperação de áreas degradadas na Mata Atlântica;

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. Apoiar as instituições e entidades que mantenhamcoleções de material genético da Mata Atlântica;

. Ampliar as atividades da pesquisa científica no interiordas UC's;

. Estabelecer estudos sobre o clima nas áreas de influênciada Mata Atlântica;

. Estabelecer estudos de qualidade das águas;

. Desenvolver programas de parcerias entre municípios eestados com vistas à realização de pesquisas locais nosremanescentes de Mata Atlântica;

. Estimular e apoiar a estrutura de ensino e pesquisaexistente na área da Mata Atlântica, para que se trans-forme tal estrutura em elemento mais eficiente e eficaz deapoio ao desenvolvimento sustentado na Mata Atlântica;

. Desenvolver tecnologias de manejo dos recursos naturaisda Mata Atlântica;

. Promover a capacitação de pessoal para manejo dosrecursos naturais no Bioma.

11.4. Educação, Extensão Ambiental e Ecoturismo naMata Atlântica

Linhas de Ação:

Educação e Extensão Ambiental:

. Promover a educação ambiental aplicada à conservação eao desenvolvimento sustentável dos recursos naturais;

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

. Inserir, na educação formal e nos programas de educaçãoambiental, as noções e princípios do desenvolvimento sus-tentável;

. Promover o levantamento das iniciativas de educaçãoambiental na área da Mata Atlântica;

. Desenvolver material de divulgação;

. Estabelecer ações no âmbito do Programa Nacional deEducação Ambiental - PRONEA;

. Estabelecer ações específicas junto às comunidadestradicionais da Mata Atlântica;

. Promover mecanismos junto às instituições de pesquisa eensino no sentido de desenvolver novos quadros deprofissionais em pesquisa e extensão ambiental na MataAtlântica;. Elaborar e sistematizar a divulgação de material quecontribua para a conservação da Mata Atlântica .

Ecoturismo:

. Articular ações para o desenvolvimento do ecoturismo deforma que esse venha a contribuir para a conservação daMata Atlântica;. Compatibilizar as atividades de ecoturismo com aconservação de áreas naturais privadas e públicas;

. Fortalecer a cooperação interinstitucional com vistas aampliar as potencialidades do ecoturismo;

. Possibilitar a participação efetiva, de todos os segmentosatuantes no setor de ecoturismo, nos mecanismos dedecisão sobre a conservação da Mata Atlântica;

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. Promover e estimular a capacitação de recursos humanospara o ecoturismo na Mata Atlântica;

. Promover a compatibilização das ações de ecoturismo comas de educação ambiental;

. Estabelecer programas de ecoturismo associados aocalendário de eventos tradicionais, com novas possibilidadesa serem diagnosticadas nas UC's da Mata Atlântica;

. Realizar estudos de oportunidade de ecoturismo na MataAtlântica;

. Promover as manifestações culturais e artesanaisassociadas ao ecoturismo na Mata Atlântica;

. Promover programas de educação e extensão ambientalnas UC's;

. Desenvolver programas de ecoturismo nas UC's.

Cooperação Técnica:

. Capacitar as instituições florestais estaduais e outrasinstituições afins com vistas a tornar a extensão florestaluma estratégia de ação institucional dotada de capacidadede transferir tecnologia e conhecimento aos usuários dosrecursos naturais, objetivando fortalecer a conservação daMata Atlântica.

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CÂMARA TÉCNICA DE ASSUNTOS JURÍDICOS DOCONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE - Ministério doMeio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal.Relatório sobre a proposta de resolução que sugere umapolítica nacional para o bioma Mata Atlântica. Brasília,1997.

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CADERNO 13 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE CONSERV AÇÃOE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DA MATA ATLÂNTICA

GRUPO DE TRABALHOPELO GOVERNO:

Pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da AmazôniaLegal – MMA

Secretaria de Formulação de Políticas e Normas Ambientais – SFPCoordenação Geral:

Raimundo Deusdará FilhoHélio Santos Pereira, Sávio José, Jacimara Guerra, Fani Mamede e

Romilda Resende MoreiraSecretaria de Implementação de Políticas Ambientais – SIPMarília Marreco, Magna Salomão, José Machado e Ivan Dantas

Secretaria Executiva do MMA – SECEXValéria Rodrigues

Secretaria da Amazônia LegalFredmar Corrêa

Secretaria de Recursos Hídricos – SRHHidely Grassi e Hebert Cardoso

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis – IBAMA

Miguel Von Behr (DITAN) E Paulo César Ramos (DIREN)Ministério da Agricultura e Abastecimento

Ricardo Villela, Luís Novaes de Almeida e Maurício Carvalho de OliveiraMinistério do Planejamento e Orçamento – MPO

Vera RibeiroMinistério dos Transportes – MT

Sílvio BarbosaMinistério das Minas e Energia – MMENida Coimbra e Carlos Frederico Menezes

PELAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS:

Sociedade Brasileira de SilviculturaRubens Galipp

Instituto Brasileiro de Certificação Ambiental e Agricultura – IMAFLORAVirgílio viana

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata AtlânticaJosé Pedro de Oliveira Costa e Clayton Ferreira Lino

Rede de ONG's da Mata AtlânticaJoão Paulo Capobianco

Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente – ABEMAIrismar Mendes

As Diretrizes para a Política de Conservação e Desenvimento Sustentávelda Mata Atlântica, publicadas neste caderno, foram aprovadas na Resolução

CONAMA nº. 249, de 29 de janeiro de 1999, conforme o consignado doD.O.U. de 1º. De fevereiro de 1999

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Rede de Ong's da Mata Atlântica

A rede nasceu da constatação de que a orga-nização e a cooperação entre as ONGs é umaarma poderosa para se reverter a degrada-ção da Mata Atlântica. Foi criada em junho de1992, durante os trabalhos do Fórum Global,evento ocorrido durante a Conferência dasNações Unidas sobre Meio Ambiente e De-senvolvimento. No momento, é composta por160 entidades, dos 17 estados brasileiro quecontêm Mata Atlântica em seu terrítório (osestados costeiros, do Piauí ao rio Grande doSul, mais o Mato grosso do Sul, Minas Ge-rais e Goiás).Seu objetivo primordial é conglomerar essasentidades, com enfoques e atuações diver-sas, unindo-as na luta para que a degrada-ção da Mata Atlântica não atinja um patamarirreverssível. É propiciar o intercâmbio de in-formações relativas a este conjunto de eco-ssistemas, para a sua conservação, pelamobilização por uma ação política coordena-da e pelo apoio mútuo.Este intercâmbio de informações propicia:• a catalogação de todas as ONGs que atuamem defesa da Mata Atlântica e ecossistemasassociados, além de informações sobre asatividades por elas desenvolvidas;• a troca de experiências nas diresas áreasde atuação no campo de conservação da MataAtlântica;• a elaboração de projetos conjuntos;• o fornecimento de subsídio às entidadespara posicionamentos e apresentação de pro-postas com relação à legislação ambiental;• a elaboração de estratégias regionais;• a identificação de modelos de conserva-ção com potencial para a reaplicação nas di-versas regiôes;• o intercâmbio dos resultados de pesqui-sas científicas aplicadas à conservação ouatividades concernentes a banco de dadossobre conservação dos recursos naturais daMata Atlântica.