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Da Parrhesía no Íon de Eurípides e o Cuidado de Si dos Gregos ao Governo dos
Outros no Cristianismo e na Biopolítica
Por Daniel Salésio Vandresen
1. Íon de Eurípides
2. Cuidado de si – Os gregos
3. O Governo do Outro no Cristianismoe na Biopolítica
Eurípides (484 a.C. a 406 a.C.)
- Influenciado pelo movimento sofista, foi o mais progressista dos trágicos gregos, não chegando entretanto a negar as tradições.
- Dos trágicos: o maior de caráter filosófico.
Contexto:- Guerra do Peloponeso.- Aliança com os iônios ou jônios, representado por Íon.- Garantir domínio sobre Esparta.- Peça se passa em Delfos, templo de Apolo.- Íon: papel lendário de realizar a primeira grande
reforma da constituição ateniense.- Versão de Eurípides: Íon de sangue ateniense (Creusa)
e divino (Apolo).- Tema da peça: descobrir a verdade do nascimento de
Íon.
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Confira um resumo na versão de Márcio Alves de Fonseca In VEIGA-NETO; BRANCO, 2011, p. 240-247.
Comparação com o Rei Édipo de Sófocles:
- Ambos não conhecem sua história.
- A garantia da verdade é revelada por técnicas humanas e não mais divinas.
3. O Governo do Outro – O Domínio da Biopolítica
Biotecnologia e Nanotecnologia
Código genético humano Psicologia empresarial
Facebook - Por que a vida privada torna-se pública?
Longevidade:
Estética, medicina e alimentação
Olimpíadas 2012 – Polêmica sobre genética
GOVERNAMENTALIDADE: - Biopoder: Poder sobre a vida- Biopolítica: racionalidade na
prática política de governo.- Alvo: o controle da
população.- Biopolítica: as tecnologias
do eu presente no governo da vida (os especialistas).Microchip sobre saúde,
projeto dos EUA,Veja notícia, clique aqui...
até o séc. XV-XVI – pastoral cristã: governo das almas para a salvação de todos e de cada um.
séc. XVI vai aparecer uma preocupação com a arte de governar ligado ao desenvolvimento do estado administrativo.- questão “Como governar?” – multiplicação.
séc. XVIII a questão do governo irá se desenvolver sob um novo olhar: age sobre a vida dos indivíduos.
“No cerce deste problema econômico e político da população: o sexo; é necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, os nascimentos legítimos e ilegítimos, a precocidade e a frequência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecunda ou estéreis, o efeito do celibato ou das interdições, a incidência das práticas contraceptivas [...]” (História da Sexualidade, 1988, p. 28).
Grego: não basta estar vivo e perder a honra.
Medieval não basta estar vivo e perder a alma.
Moderno: é preciso estar vivo.
Omnes = todos e singulatim = um. Significa todos e cada um.
compreender como a evolução do poder pastoral, cujo papel reside em vigiar a vida de todos e de cada um, vai se alojar como tecnologia racional de poder no Estado.
a racionalidade política se impôs como poder individualizante e totalizante da vida nas sociedades ocidentais.
Análise dos teóricos/literatura (séc. XVII-XVIII):a) Turquet de Mayerne (Holanda): “primeiras utopias-
progressos de Estado policiado”.
b) De Lamare (França): “compilação dos regulamentos de polícia” (felicidade).
c) Von Justi (Alemão): associa a vida do indivíduo ao fortalecimento do Estado. População como alvo (objeto); saber da estatística (método).
1. Razão de Estado = não estado de Direito, como arte de governar (regras racionais que são próprias).- Constituição da racionalidade. Como? Saber capaz de aumentar e reforçar sua potência.
2. XVIII – Teoria/Estado de Polícia = função semelhante ao poder pastoral. Objetivo cuidar do bem-estar da população. Técnicas de governo através da intervenção racional e cálculo detalhado da vida.
A Polícia envolve toda a vida do indivíduo, em todas as suas relações, seja a existência territorial, sua propriedade e o que produz, seja sua saúde e maneira de viver, em síntese, a polícia vigia o homem vivo, ativo e produtivo (Estratégia, Saber-Poder, 2006).
“As grandes potências industriais e financeiras produzem, desse modo, não apenas mercadorias mas também subjetividades. Produzem subjetividades agenciais dentro do contexto biopolítico: produzem necessidades, relações sociais, corpos e mentes – ou seja, produzem produtores”. (2002, p. 51).
Tanatopolítica: regulamentos ocultos da morte dos outros – Márcia Tiburi
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“Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e poderes que eles trazem consigo” (A Ordem do Discurso, p. 44).
1. Sociedade Disciplinar – Industrial: fabricar um corpo útil e dócil
-Educação – indivíduo disciplinado (repetição e recomeço)
2. Biopolítica e Dispositivos de Segurança - Foucault
- Sociedade de Controle – Gilles Deleuze (1992): “nunca se termina nada” (avaliação contínua, formação permanente, flexibilidade, etc.);
- Educação – indivíduo empresa.
- Capitalismo cognitivo.
Salvador Dalí:Crianças Geopolíticas Assistindo ao Nascimento do Novo Homem (1943)
BRANCO, G. C.; VEIGA-NETO, A. (Orgs). Foucault: Filosofia & Política. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
DELEUZE, G. Post-Scriptum sobre as Sociedades de Controle. In: ______. Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992, p. 219-226.
EURÍPEDES. Íon. Disponível em: <http://pensamentosnomadas.files.wordpress.com/2012/03/12-c3adon.pdf>, acesso em 07/mar/2013.
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 13 ed. Tradução Laura F. A. Sampaio. Loyola. São Paulo: 2006.
______. A verdade e as formas jurídicas. 3 ed. Tradução Roberto C. M. Machado e Eduardo J. Morais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2005.
______. Do governo dos vivos. Curso no Collège de France, 1979-1980: aulas 16 e 23 de janeiro de 1980. São Paulo: Centro de Cultura Social, 2009.
______. História da Sexualidade I: a vontade de saber. 16 ed. Tradução Maria T. C. Alburquerque e J. A. Guilhon Alburquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
______. História da Sexualidade III: o cuidado de si. 8 ed. Tradução Maria T. C. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
______. “Omnes et Singulatim”: uma Crítica da Razão Política. In - Estratégia, poder-saber. 2 ed. Tradução Vera L. A. Ribeiro. Forense Universitária. Rio de janeiro: 2006, p. 355-385.
_____. Microfísica do Poder. 21 ed. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2005.
______. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
______. Resumo dos Cursos do Collège de France (1970-1982). Tradução Andréa Daher. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.