Daniel Barros

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DANIEL BARROS DE VASCONCELOS ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO DO PROJETO SEGUNDO TEMPO EM ALAGOINHAS ALAGOINHAS 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DANIEL BARROS DE VASCONCELOS

ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO DO PROJETO SEGUNDO TEMPO EM ALAGOINHAS

ALAGOINHAS 2010

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DANIEL BARROS DE VASCONCELOS

ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO DO PROJETO SEGUNDO TEMPO EM ALAGOINHAS

.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física no Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia - campus II. Orientador: Prof. Ms. Ubiratan Azevedo de Menezes

Alagoinhas

2010

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DEDICATÓRIA Dedico à meus pais, Maria de Lourdes Barros de Vasconcelos e Domingos Araujo de

Vasconcelos, que sempre me apoiaram e incentivaram em todos os momentos da minha vida e principalmente a minha filha Joana Clara Santos Vasconcelos, que deu um novo

propósito a minha vida.

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AGRADECIMENTOS Agradeço sempre a Deus,

a meus irmãos, a minha esposa , aos “feras”, aos colegas de estudos

a meu orientador Ubiratan Menezes, a todos os professores que contribuíram para a minha formação.

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RESUMO

A presente pesquisa foi realizada, como trabalho de conclusão de curso, do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia - campus II, e investigou a proposta de inclusão social através da educação pelo esporte promovida pelo programa segundo tempo do ministério do esporte. Iniciando um debate que gira em torno das políticas publicas sociais, exclusão social e propostas de inclusão em contraponto a realidade desassistida dos jovens em áreas de vulnerabilidade social. Tendo como principal desafio investigativo, obter resposta sobre a seguinte questão: A proposta de educação pelo esporte promovida pelo projeto segundo tempo se concretiza como ferramenta de inclusão social? E para que isso acontecesse foi necessário reconhecer as principais referências teóricas sobre o projeto Segundo Tempo, inclusão social, políticas publicas e aprofundar o dialogo com os estudos de campo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e um estudo de caso do tipo descritivo, que utiliza como instrumentos de coleta de dados, a observação e a entrevista semi-estruturada com os pais das crianças beneficiadas com o projeto.

Palavras-chave: Política Publica Social, Inclusão Social, Educação pelo Esporte

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 07

2 O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO 10

2.1 Organização e estrutura do projeto 12

3 INCLUSÃO SOCIAL 19

3.1 Políticas Publicas 23

4 METODOLOGIA 28

4.1 Pesquisa qualitativa 29

4.2 Estudo de caso 30

4.3 Técnicas de pesquisa 31

5 ANALISE DE DADOS 33

5.1 Entrevista com os pais 35

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40

REFERENCIAIS ANEXOS

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1 Introdução

As varias facetas da exclusão social, quer seja por opção de gênero, raça,

orientação sexual, credo, quer seja por questões políticas, econômicas,

educacionais, previdenciárias, ou ainda no campo da saúde caracteriza-se pelo

afastamento de grupos sociais ou pessoas, restringe as acessibilidades e causa

impacto profundo tanto na sociedade quanto nas individualidades.

No Brasil a desigualdade é flagrante na medida em que 30%1 dos brasileiros

são considerados pobres (pessoas que vivem com rendimento mensal familiar de

até 1/2 salário mínimo "per capita"), entre as pessoas de 0 a 17 anos este percentual

é de 46%, e a região nordeste tem os maiores índices de pobreza. Este quadro se

repete também entre os jovens: 68,1% são considerados pobres - destes, 36,9%

vivem apenas com 1/4 de salário mínimo de rendimento mensal familiar. As crianças

e adolescentes de até 14 anos estão presentes em 47,7% das famílias brasileiras.

Apenas 54,5% dos domicílios que abrigam estas famílias possuem todos os serviços

de saneamento simultaneamente.

Além disto, a freqüência de crianças, adolescentes e jovens na escola é

muito baixa segundo as pesquisas, a menor freqüência escolar se concentra entre 0

e 3 anos: apenas 17,1% já estão em algum estabelecimento de educação, isso

acontece pelo fato da educação infantil não ser obrigatório no Brasil, mas a

população começa a entender a importância dela pra criança além de ser um direito

garantido por lei.

Quando considerado o grupo de 4 a 6 anos de idade, a taxa de freqüência

escolar sobe para 77,6%, Já entre as crianças e adolescentes de 7 a 14 anos (idade

correspondente ao ensino fundamental), o ensino está praticamente universalizado

com 97,6% deles na escola. O IBGE lembra, entretanto, que o alto índice nem

sempre se traduz em qualidade. Entre as 24,8 milhões de crianças de 8 a 14 anos

de idade, foi encontrado 1,3 milhão (5,4%) que não sabe ler e escrever. Isto não

1 Dados do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE 2006)

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8

significa que estas crianças não estejam estudando: 1,1 milhão delas, ou seja,

84,5%, freqüentavam estabelecimento de ensino.

Com essa preocupação iniciei este estudo, que se trata de uma monografia

do curso de educação física da universidade do estado da Bahia, e tem como foco

as políticas publicas que objetivam a socialização de jovens em áreas de

vulnerabilidade social.

Neste contexto, escolhi como objeto de estudo o projeto segundo tempo, um

programa do ministério do esporte, destinado a democratizar o acesso à prática e à

cultura do Esporte, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de

vida, prioritariamente em áreas de risco.

Por ser morador a oito anos de um bairro periférico, convivendo diariamente

com a difícil realidade dos moradores, observando no cotidiano das pessoas que

tem direitos subtraídos pela sociedade, a plena desassistência por parte dos

governantes e a falta das principais políticas publicas, tais como educação, saúde,

esporte e lazer, resolvi procurar possibilidades que objetivam a efetivação dos

direitos e a inclusão destes indivíduos.

Em contrapartida a esse cenário de exclusão, existia um projeto, que estava

sendo implantado no bairro com a proposta de através da educação pelo esporte,

oferecer praticas esportivas educacionais, objetivando fortalecer valores sociais,

contribuir para a melhoria da qualidade de vida (auto-estima, convívio, integração

social e saúde) e para a diminuição da exposição aos riscos sociais (drogas,

prostituição, gravidez precoce, criminalidade, trabalho infantil e etc.) otimizando a

conscientização da prática esportiva, assegurando o exercício da cidadania.

(BRASIL, 2003)

A opção pelo projeto segundo tempo, também se deu pelo fato de que sou

estudante do curso de educação física, de uma instituição pública, que prima pela

perspectiva da utilização da educação física com fins educacionais e atenção

especial à formação humana.

Com tudo, tendo consciência das dificuldades e limitações, no processo de

implantação e sustentação de um projeto social de políticas públicas em áreas de

risco social, me detive a buscar respostas para a seguinte questão: A proposta de educação pelo esporte promovida pelo projeto segundo tempo se concretiza

como ferramenta de inclusão social?

Tendo os seguintes objetivos:

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Levantar dados e analisar as propostas do projeto

segundo tempo;

Compreender e analisar a repercussão da política

social do projeto segundo tempo perante a sociedade.

Pretendo com este estudo, aumentar o interesse e a preocupação de todos

com o processo de políticas publicas, iniciando e contribuindo num debate que gira

em torno da exclusão social e propostas de inclusão em contraponto a realidade

desassistida dos jovens em áreas de risco, e a grande importância de um projeto

que prima pela melhora da qualidade de vida.

Concluo assim esta parte do trabalho, mostrando as quatro etapas que

estruturam a pesquisa, a primeira mostra as motivações e objetivos do estudo,

descritos aqui; na segunda falo sobre o projeto segundo tempo mostrando suas

propostas, objetivos, organização e estruturação; na terceira falo sobre inclusão

social mostrando alguns conceitos e relacionando-os ao estudo e sobre políticas

publicas sociais discutindo e refletindo sobre políticas publicas setoriais do esporte

educacional ; na quarta e ultima etapa mostro o processo metodológico da pesquisa

, o levantamento e analise de dados , discutindo e relacionando-os com anexos e

referências .

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2 O PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

O Segundo Tempo é um programa Estratégico do Governo Federal, criado

através de uma parceria entre o ministério do esporte e o ministério da educação,

iniciado no ano de 2003 destinado a democratizar o acesso à prática e à cultura do

Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes

e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida,

prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social.

A priori para promover a pratica esportiva no ensino fundamental publico,

através de atividades esportivas no contra-turno escolar, como fator de

contribuição para o desenvolvimento da escola em tempo integral.

Sendo assim não só seria um complemento escolar, mas também

favoreceria para o desenvolvimento da criança e do adolescente, oferecendo-lhes

condições adequadas para a prática esportiva educacional de qualidade,

Contribuindo para a melhoria das capacidades físicas e habilidades motoras,

estimulando crianças e adolescentes a manter uma interação sócio – afetiva.

Contribuindo assim para uma melhora na qualidade de vida (auto-estima,

convívio, integração social e saúde); e também para a diminuição da exposição

aos riscos sociais (drogas, prostituição, gravidez precoce, criminalidade, trabalho

infantil entre outros), ou seja, o projeto segundo tempo prioriza o valor sócio-

educacional do esporte, e o vê como um direito social, e ferramenta para reversão

do quadro de injustiça e exclusão social ao qual vive grande parcela da população

brasileira. (BRASIL. 2003)

Segundo a portaria Interministerial 3.4972 o Projeto Segundo Tempo, é uma

iniciativa governamental de fomento a prática esportiva, de natureza sócio-

educacional, em benefício de estudantes de estabelecimentos de ensino público

do Brasil.

2 Portaria Interministerial nº 3.497 de 24 de novembro de 2003. Disponível em: http://www.abmes.org.br/Legislacao/2003/portaria/Port_Inter_3497_241103.doc.

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O Projeto Segundo Tempo será executado por meio de atividades esportivas

no contra-turno escolar, como fator de contribuição para o desenvolvimento da

escola em tempo integral. Prioritariamente serão atendidos os alunos de escolas

públicas do ensino fundamental com mais de 500 alunos, localizadas nas capitais

dos Estados e no Distrito Federal.

Será incentivada a integração do Projeto Segundo Tempo no planejamento

escolar dos estabelecimentos de ensino em que for implantado. As atividades

físicas e corporais desenvolvidas no Projeto deverão evitar a seletividade e a

hiper-competitividade de seus praticantes, contribuindo para inclusão social,

desenvolvimento integral do indivíduo e prática da iniciação esportiva. (BRASIL.

2003)

O projeto segundo tempo também se preocupa com a melhoria da

qualificação de professores e estagiários de educação física envolvidos no

projeto, portanto os considera parte essencial para o processo, pois entende que

para obter resultados esperados é preciso trabalhar coletivamente, por isso

oferecem a estagiários e professores um programa de capacitação, com o intuito

de estabelecer uma identidade aos mesmos, e transformá-los em educadores da

educação pelo esporte.

Segundo o modulo de capacitação do projeto segundo tempo de 2008, o

educador da educação pelo esporte deve ser um profissional que reconheça a

importância política e social do seu trabalho, que alie o compromisso com o

desenvolvimento de crianças e jovens á busca permanente de competência

técnica, que trabalhe com a certeza de que a educação é a única política que de

fato pode transformar a vida das pessoas, ao desenvolver seus potenciais e

prepará-las para a vida. (BRASIL. 2003)

Fazendo com que crianças e jovens encontrem no esporte uma via

privilegiada de educação integral, através da sua capacidade de atuar de forma

transformadora e abrangente em todas as dimensões humanas: a motora, a

cognitiva, a social e a afetiva, que valorize seu espaço de trabalho, planejando

cuidadosamente suas atividades para que elas criem oportunidades ao

desenvolvimento de competências pessoais, sociais, produtivas e cognitiva de

seus educandos, que cuida não só do que ensina, mas também de como ensina ,

buscando criar com seus educandos, uma relação rica e fecunda em que sejam

vivenciados os valores éticos que devem nortear a vida e os valores afetivos

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propiciadores de manifestações de amor, de companheirismo, de aceitação e

incentivo ao crescimento tanto de educandos como de educador. (BRASIL. 2003)

Sendo assim, conclui-se que o projeto segundo tempo foi criado e é

financiado pelo Governo Federal, com o intuito de tentar combater este processo

de desigualdade e exclusão a que vem passando o Brasil, pois segundo um

estudo3 realizado no ano de 2006 pela organização das nações unidas mostra o

Brasil como o sétimo pior do mundo em desigualdade social. O índice que mede

essa diferença varia de zero a um.

Dando direito a pratica esportiva a todos, não por que tem “jeito pra coisa”,

ou porque tem “pinta de campeão”. O esporte deve ser utilizado de maneira

correta, como via poderosa e privilegiada no desenvolvimento do potencial de

crianças e jovens, democratizando o esporte e o utilizando como ferramenta de

inclusão, ou seja, ajudando as crianças e jovens a desenvolver competências

pessoais (como a auto-estima, o autoconhecimento, o auto cuidado) sociais

(como cooperação, o trabalho em equipe, a solidariedade), cognitiva (como

resolver problemas, o didatismo e o autodidatismo) e produtivas (como

criatividade e versatilidade) pretendendo com isso obter os resultados esperados,

que segundo o ministério do esporte são a melhoria no convívio e na integração

social, auto-estima, capacidades e habilidades motoras, e condições de saúde

dos participantes, além da qualificação de professores e estagiários de educação

física. (BRASIL. 2003)

2.1 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO PROJETO

O ministério do esporte é o órgão responsável pelo planejamento e

construção da política nacional do esporte, além de desenvolver o esporte de alto

rendimento, o Ministério trabalha ações de inclusão social por meio do esporte,

garantindo à população brasileira o acesso gratuito à prática esportiva, qualidade

de vida e desenvolvimento humano.

3 Estudo realizado pela Organização das Nações Unidas em 2006 encontrado em HTTP//WWW. globo.com/noticias

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Sua organização é feita hierarquicamente dividida, constituído primeiro pelos

órgãos de assistência direta ao Ministro do esporte Orlando Silva de Jesus Junior,

formado pela secretaria executiva, pela subsecretaria de planejamento,

orçamento e administração, gabinete do ministério e consultoria jurídica, logo

depois os órgãos específicos, formado pela secretaria nacional de

desenvolvimento de esporte e lazer, secretaria nacional de esporte de alto

rendimento e a secretaria nacional de esporte educacional, onde está vinculado o

projeto segundo tempo e por fim o órgão colegiado formado pelo conselho

nacional de esporte.

QUADRO I – ORGANIZAÇÃO MINISTRAL4

4 Organograma do ministério do esporte encontrado em http://www.esporte.gov.br/institucional/organograma/organograma. jsp

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Percebe-se neste quadro que o esporte é a base das políticas públicas, pois

está presente em todas as secretarias, e também está presente no Conselho

Nacional do Esporte .

As secretarias são divididas de acordo com os fins de utilização do esporte,

assim sendo a secretaria nacional de esporte e educação, preocupa-se com a

democratização do esporte e inclusão social, enquanto a secretaria de

desenvolvimento de esporte e lazer tem a preocupação de estabelecer políticas

de Esporte Recreativo, Lazer, Ciência & Tecnologia, e a secretaria nacional de

esporte de alto rendimento direciona o esporte para a busca de talentos.

O projeto segundo tempo esta vinculado à secretaria nacional do esporte e

educação, juntamente com mais três projetos, sendo que dois deles são

vinculados ao mesmo, como mostra o quadro abaixo:

QUADRO II – SECRETARIA NACIONAL DE ESPORTE EDUCACIONAL

Projeto Finalidade

Projeto segundo

tempo

Democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte, como

fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida,

Programa

recreio de férias

Oferecer aos jovens participantes do projeto segundo tempo no

período de férias escolar opções de lazer que preencham o seu

tempo livre.

Programa

segundo tempo

no mais

educação

Universalizar o acesso à prática esportiva a todos os alunos das

Escolas Públicas da Educação Básica, oriundos das redes

municipal e estadual, das escolas que participam do Programa

Mais Educação.

Projetos

esportivos

sociais

Visa captação de recursos incentivados de pessoa física ou jurídica e direcionar para projetos que visam à democratização do esporte e lazer às classes menos favorecidas

Como podemos ver no quadro o programa projetos esportivos sociais se

destina apenas a captação de recursos e os direciona aos projetos, já o segundo

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tempo e seus derivados , planeja ,organiza e executa as ações, de acordo como

será mostrado a partir de agora.

O projeto segundo tempo poderá estabelecer parcerias com entidades

públicas, sejam elas distritais, estaduais ou municipais, e até com instituições

privadas sem fins lucrativos, que tenham comprovadamente, três anos de atuação

na área de abrangência do projeto.

QUADRO III – BASE DE CALCULO PARA NUMERO DE BENEFICIARIOS

Número de Habitantes da base de Atendimento

Até 30.000

Limite de beneficiados Entidades de Direito Público com corte de 50%5

Até 400 beneficiados

Limite de beneficiados Entidades de Direito Privado sem Fins Lucrativos com corte de 50%

200 beneficiados*

De 30.001 a 50.000 Até 1.000 beneficiados Até 200 beneficiados

De 50.001 a 100.000 Até 2.000 beneficiados Até 400 beneficiados

De 100.001 a 200.000 Até 4.000 beneficiados Até 1.000 beneficiados

De 200.001 a 500.000 Até 5.000 beneficiados Até 1.500 beneficiados

De 500.001 a 1.000.000 Até 8.000 beneficiados Até 2.000 beneficiados

De 1.000.001 a 2.000.000 Até 10.000 beneficiados Até 3.000 beneficiados

De 2.000.01 a 5.000.00 Até 12.000 beneficiados Até 4.000 beneficiados

De 5.000.001 a 10.000.000 Até 15.000 beneficiados Até 4.500 beneficiados

Mais de 10.000.001 Até 20.000 beneficiados Até 5.000 beneficiados

Como mostra o quadro à base de cálculos para a previsão de atendimento de

crianças, adolescentes e jovens por entidades, leva em conta o numero de

habitantes do(s) município(s) onde o projeto será desenvolvido , quando do

atendimento a mais de um município pelo mesmo proponente, bem como o tipo de

parceria estabelecido.

5 Corte registrado no ano de 2009.

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Sendo assim, se o número de beneficiários for diferente no estabelecido na

tabela acima, terá que passar por uma avaliação da Secretaria Nacional de Esporte

Educacional - SNEED/ME, devidamente fundamentada em razões concretas que a

justifiquem.

Estabelecido a quantidade de crianças jovens e adolescentes, cada grupo

será denominado de núcleo, e cada núcleo ficará sobre orientação de um

coordenador de núcleo (profissional de nível superior da área de Educação Física ou

Esporte) e um monitor (estudantes de graduação regularmente matriculado em

cursos de Educação Física ou esporte preferencialmente que já tenha cursado o

correspondente a primeira metade do Curso), que desenvolverão atividades

esportivas e complementares conforme o modelo descrito no quadro abaixo.

QUADRO IV – MODELO DE DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES

Atividade(s) Desenvolvimento

Atividades esportivas Oferta de no mínimo 3 modalidades esportivas , com freqüência mínima de 03 vezes na semana, e de 02 a 04 horas diárias

Atividades complementares Atividades educacionais, atividades culturais, ambientais, entre outras, por tempo ilimitado.

Alimentação Oferta de reforço alimentar, caracterizado por lanche, conforme especificidades da Portaria Nº 230, de 13 de dezembro de 2007

Materiais Recebimento e materiais esportivos,

educacionais de primeiros socorros.

Identificação Por meio de placas, banners, faixas ou outra forma similar previamente acordada com o Ministério do Esporte observando, conforme os padrões estabelecidos no Manual de Aplicação de Marcas do Segundo Tempo, bem como acompanhamento das atividades pela comunidade local e órgãos de controle e fiscalização.

Sendo assim as atividades esportivas desenvolvidas no projeto deverão ter

um caráter educacional, objetivando a formação integral dos beneficiados, de forma

que o ajude a ter consciência do seu próprio corpo, explorar seus limites, aumentar

as suas potencialidades, desenvolver seu espírito de solidariedade, de cooperação

mútua e de respeito pelo coletivo.

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Serão ofertadas modalidades coletivas (Basquetebol, Futebol de campo,

Futsal, Handebol, Voleibol, entre outras) e individuais (Ginásticas, Atletismo,

Canoagem, Vela, Remo, Capoeira, Lutas, Natação, Tênis de Mesa, entre outras).

As atividades complementares são divididas em quatro grupos, o primeiro

grupo será de atividades educacionais onde ofereceria apoio as dificuldades no

aprendizado escolar (leitura, expressão, elaboração e construção da linguagem, seja

verbal ou corporal), o segundo grupo oferece atividades culturais tais como: a dança,

a música, o teatro, a poesia, a pintura, o desenho, a construção e a modelagem,

entre outras; o terceiro atividades orientadas à saúde, com o intuito de propiciar a

formação de conceitos e hábitos que possam conscientizar os participantes sobre as

condições necessárias ao desenvolvimento e/ou manutenção de bons níveis de

saúde, e o quarto e ultimo será de atividades ambientais, que orientará e

proporcionará a formação de conselhos e hábitos com relação ao convívio com o

meio ambiente.

A alimentação se torna importante devido à carência do publico alvo atendido,

e as atividades serem oferecidas no contra turno escolar, o lanche oferece

condições para que os jovens permaneçam no local da pratica esportiva.

Para equipar um núcleo do Programa, o Ministério do Esporte, seguindo

orientações dos Órgãos de Controle, optou por encaminhar a compra centralizada

de Kits específicos que deverão ser distribuídos no território nacional, como mostra o

quadro abaixo:

QUADRO V - QUANTIDADE DE MATERIAL ESPORTIVO PARA 100

BENEFICIARIOS

ITENS/ Vigência

Cam

iset

a

s Bola

(s)

por

mod

alid

ad

e Red

e(s)

por

mod

alid

ad

e Jogo

de

Dam

a

Jogo

de

Xadr

ez

Vigência: Até 2 Ciclos

120 (compra) ou 300 para doação

6 ou 10, Conforme modalidade e composição do kit no anexo III deste Manual

01 (par) 50 50

Forma

Distribuição

Doação e distribuição do Ministério do Esporte ou,no caso de algumas renovações: aquisição com recursos enviados pelo ME, conforme valores

Doação do Pintando a Liberdade –distribuição integral do quantitativo estabelecido

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unitários pré-definidos pela SNEED por meio de consulta ampla no mercado nacional.

nas Diretrizes, como pré requisito para Ordem de início

Todo este processo de implantação, execução e permanência do projeto

passa por uma fiscalização e acompanhamento administrativo e pedagógico, feito

pela Secretaria Nacional de Esporte Educacional, visando aprimorar e efetivar a

execução do projeto junto às parcerias estabelecidas no território Brasileiro.

(BRASIL. 2003)

O processo de Acompanhamento Pedagógico e Administrativo do Programa

Segundo Tempo se efetivará a partir de uma Rede de Equipes Colaboradoras,

constituídas com o apoio técnico das Universidades Federais responsáveis, sob

coordenação da Secretaria Nacional de Esporte Educacional – SNEED/ME -, pelo

assessoramento técnico/pedagógico, pela capacitação de coordenadores de núcleos

e pelo acompanhamento “in loco” (vistorias realizadas periodicamente por técnicos

do Ministério para avaliação dos aspectos operacionais do projeto) da execução dos

convênios. (BRASIL. 2003)

Caberá à Secretaria Nacional de Esporte Educacional – SNEED/ME constituir

uma equipe gestora e definir macros e micros regiões, a fim de delimitar o perímetro

de atuação de cada equipe colaboradora, observando limites que possibilitem o

pleno acompanhamento dos convênios durante o período de suas vigências.

Cada equipe contará com uma média de 10 colaboradores, vinculados a

Instituições de Ensino Superior (públicas e privadas), sendo 1 coordenador, 1 vice

coordenador e 8 membros, ou tantos quantos necessários às ações das equipes,

visando constituir um processo permanente de acompanhamento pedagógico e

administrativo das ações desenvolvidas nos Núcleos do Programa Segundo Tempo.

Neste âmbito, compete ao Representante Oficial da Entidade Civil local,

indicada e legalmente constituída com o compromisso de acompanhar e fiscalizar a

execução do convênio, acompanhar as atividades desenvolvidas pelo Projeto local,

bem como preencher e encaminhar ao Ministério do Esporte o formulário de

verificação dos aspectos operacionais (modelo disponível no portal do ME),

conforme prazos estabelecidos, bem como efetuar permanente monitoramento da

execução frente ao disposto nas diretrizes do programa, comunicando ao Ministério

possíveis impropriedades verificadas. (BRASIL. 2003)

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3 Inclusão social

Quando refletimos sobre inclusão social, logo pensamos em um processo

longo complexo e delicado que envolve iniciativa, organização e seriedade, no meu

entendimento Inclusão social é um conjunto de meios e ações que tem como

objetivo combater a exclusão ao benefício de viver em sociedade, esta exclusão se

caracteriza por diferenças de classe social, origem geográfica, educação, idade,

existência de deficiência ou preconceitos raciais.

Mas quando se debate sobre inclusão é importante que antes se fale sobre o

seu oposto, a exclusão, um processo menos complexo, mas não menos importante

quando se debate sobre inclusão.

No Brasil a exclusão vem acontecendo desde a época da colonização, em

função da estrutura escravista, mas começou a tomar destaque na década de 70,

com o crescimento econômico originado pelo processo de industrialização, e da

efetivação do capitalismo no Brasil, modelo econômico que privilegia a concentração

de renda por parte da maioria, e aumenta substancialmente o numero de pobres e

miseráveis. (ROCHA, 2004)

Este crescimento desordenado e a concentração de renda, fazem com que os

indivíduos que não acompanhem determinadas regras impostas pela sociedade

comecem a se afastar do centro, e se abrigarem na periferia à margem da

sociedade.

Segundo o IDH (índice de desenvolvimento humano) indice que mede a

qualidade de vida das pessoas com base nos níveis de renda, o Brasil além de

apresentar um crescimento econômico, ainda é um país extremamente desigual e

excludente, no que diz respeito à saúde e educação o, o Brasil é 9º lugar em

economia e 75º em desenvolvimento humano, isto nos mostra a disparidade entre o

desenvolvimento econômico e o desenvolvimento humano.

Essa é uma grande questão a ser enfrentada, com o isolamento social, o

individuo acaba acarretando uma série de problemas, como desemprego, falta de

moradia, saneamento básico, educação entre outros, e o pior de tudo é que não vê

perspectiva de solução destes problemas, apesar do crescimento econômico por

que passa o Brasil.

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A respeito deste assunto (CASTEL, 2000 p.23) diz que:

“os indivíduos” povoam a zona mais periférica caracterizada pela perda de trabalho e pelo isolamento social. Mas o ponto essencial a destacar é que hoje é impossível traçar fronteiras nítidas entre estas zonas. Sujeitos integrados tornam-se vulneráveis, particularmente pela razão da precarização das relações de trabalho e as vulnerabilidades oscilam para aquilo que chamamos de “exclusão” (...) Na maior parte dos casos o “excluído” é um desfiliado cuja trajetória é feito de uma serie de rupturas em relação a estado de desequilíbrio anteriores mais ou menos estáveis, ou instáveis (...).

Martins (1997) entende esta lógica excludente como um momento da

dinâmica de um processo mais amplo que ocorre na sociedade atual inserida na

própria razão do capitalismo.

(...) na verdade desenraiza e brutaliza a todos. Na sociedade

capitalista essa é uma regra estruturante: todos nós em vários

momentos de nossa vida, e de diferentes modos, dolorosos ou não,

fomos desenraizados e excluídos. Á própria dessa lógica de exclusão

a inclusão. A sociedade capitalista desenraiza, exclui para incluir,

incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua

própria lógica. O problema está justamente nessa inclusão. Ao

verificarmos a história do desenvolvimento capitalista percebemos

que esta condição é repetitiva, ou seja, se nos primórdios da

industrialização se excluía o camponês da terra, a dinâmica do

desenvolvimento se incumbia de reinclui-lo no novo sistema

produtivo. Atualmente, o mesmo ocorre no processo de substituição

do modelo de automatização pela informatização. O problema da

exclusão, portanto, continua o mesmo. O fato novo se encontra na

inclusão, que pela falta de agilidade do sistema em reincluir no novo

sistema o excluído anterior, torna a condição temporária de exclusão

num modo de vida permanente. Daí decorrem o agravamento da

condição de pobreza e da marginalidade em que são colocados as

novas massas de excluídos, retirando delas o direito de participação

direta condição necessária a cidadania. (MARTINS, 1997)

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21

Já Sawaia (2006) introduz a dimensão ética e da subjetividade na análise das

desigualdades sociais, relacionando os processos de exclusão/inclusão ao

descompromisso político com o sofrimento do outro. Se distanciando assim do

pensamento que estabelece causalidade entre exclusão social e as relações de

trabalho, buscando ampliar “as interpretações legalistas e reducionistas de inclusão

social como baseadas em justiça e restritas à crise do Estado e do sistema de

empregabilidade”. (...) abordar a exclusão social sob a perspectiva ético-

psicossociólogica para analisá-la como processo complexo, que não

é em si, subjetivo nem objetivo, individual nem coletivo, racional nem

emocional. É processo sócio histórico, que se configura pelos

relacionamentos em todas as esferas da vida social, mas é vivido

como necessidade do eu, como sentimentos, significados e ações.

(SAWAIA, 2006)

Ela propõe investigar o processo de exclusão inclusão pela afetividade e, em

especial, pelo sofrimento. Ao optar pelo sofrimento ético-político como categoria de

analise da dialética exclusão/inclusão, a autora possibilita o estudo da inclusão pelas

emoções de quem as vive além de incitar questionamentos sobre o cuidado que o

estado tem com seus cidadãos. (SAWAIA, 2006)

Os preconceitos e conceitos equivocados são os grandes responsáveis pela

marginalização de muitos, e por um processo tendencioso de inclusão, enquanto

não é levado em devida consideração as circunstâncias e necessidades objetivas

dos indivíduos em apreço.

Apesar deste problema já existir a muito tempo, só se começou a ser objeto

de discussão recentemente na sociedade, estas discussões são importantes, pois a

partir delas surgem idéias e propostas de inclusão.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), essa idéia de inclusão

vem aparecendo em diversos setores da sociedade, a partir da década de 80, mais

exatamente no ano de 1981, ano em que foi realizado o “Ano Internacional das

Pessoas Deficientes”.

Pois segundo o estudo realizado por Ferreira citado por Ribeiro, a Assembléia

Geral da ONU, ocorrida em Dezembro de 1990, foi um marco para essa idéia de

inclusão social, pois, através da Resolução Nº 45/91, ficou definido o modelo de

Page 22: Daniel Barros

22

Sociedade Inclusiva, também denominada “Sociedade para Todos”, determinado e

estruturado como modelo de sociedade que atenda as necessidades de cada

cidadão, tendo como base o principio de que todo cidadão tem os mesmos direitos e

o mesmo valor perante a sociedade.

Esta proposta defende uma sociedade democrática e aberta às diferenças,

onde todos sejam respeitados e valorizados, tendo às diferenças reconhecidas,

portanto seria este o maior desafio de uma sociedade homogeneizada a partir de

modelos pré-estabelecidos.

Sendo assim o conceito de inclusão não trata somente de garantir direitos a

determinados grupos de pessoas, mas se trata de um modelo amplo que reivindicam

direitos a todo ser humano, por qualquer que seja o motivo, esteja ele excluído de

um ambiente social, ou dos serviços oferecidos pela sociedade. Mais para

pensarmos em uma sociedade plural e igualitária tem-se que primeiro respeitar e

valorizar as diferenças, dando oportunidades iguais a todos, sendo assim todo ser

humano tem seus direitos sociais garantidos por lei.

O Brasil vem tendo um grande progresso no que se diz respeito ao

entendimento do real sentido do processo de inclusão, segundo estudo feito pelo

diretor técnico do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE) 6, Roberto Cavalcanti de

Albuquerque, revela que houve evolução no processo de inclusão social no Brasil

entre 2001 e 2008.

Em questão de todo esse processo de exclusão no Brasil, Iniciativas em

vários setores da sociedade vêm sendo criadas, com a proposta de promover uma

sociedade igualitária, onde os bens sociais como educação e saúde entre outros

sejam oferecidos a todos sem distinção de opção de gênero, raça, orientação

sexual, credo, quer seja por questões políticas, econômicas, educacionais,

previdenciária. O núcleo da pesquisa, não é uma exceção, por se tratar de um bairro

periférico da cidade de alagoinhas sofre com todo esse processo de exclusão

6 Dado encontrado no site HTTP// www.redebrasilatual.com.br

Page 23: Daniel Barros

23

3.1 Políticas publicas sociais

Inicio este capitulo falando sobre o projeto segundo tempo, como política

publica social, um projeto planejado por um órgão publico nacional, com a intenção

de oportunizar nova perspectiva de vida a crianças, jovens e adolescentes que estão

em situação de risco social, tentando reintegrá-los à sociedade através da educação

pelo esporte, abrindo uma discussão sobre as políticas publicas sociais no âmbito da

inclusão possibilitando um entendimento sobre um programa.

A partir daqui começo uma discussão sobre políticas publicas, fazendo uma

abordagem sobre conceito, áreas de atuação, organização e contradições.

As políticas públicas são ações tomadas pelo governo, com o objetivo de,

garantir direitos sociais, portanto estas ações se limitam a determinadas áreas da

sociedade, que por algum motivo teve seus direitos subtraídos, por isso necessitam

de ações para terem seus direitos sociais garantidos.

Mas apesar disto as políticas públicas vêm sendo utilizada em diversas áreas,

tais como economia, ciência política, sociologia, antropologia, geografia,

planejamento e gestão, relações internacionais e ciências sociais, porque permite o

estudo do espaço social antes da sua implementação. Necessitando de uma equipe

transdisciplinar, a fim de transmitir transversalidade e dialogo consciencioso entre as

partes.

Segundo (BONETTI, 2006 apud MENEZES, 2009) a respeito do conceito de

políticas publicas diz que:

A expressão “políticas publica”, num primeiro momento, pode estabelecer uma redundância, uma vez que a palavra “política” nos dicionários refere-se ao que é publico, e ai estaria a redundância. (...) a visão reducionista e funcionalista, que historicamente tem contemplado a compreensão da expressão “políticas publica”. Essa visão reduz as políticas publicas a critério de investimento econômico e resultados práticos. (...) acarretando mudanças significativas, nos campos da economia, cultura e política, com incidências diretas, nas políticas publicas, que comumente desconsideram as tensões, circunstâncias e historicidade em torno as quais as mesmas são construídas.

A política publica interfere nas relações entre estado, economia e sociedade,

por isto desperta interesses de diversas áreas. Ambos os conceitos, falam sobre

políticas publicas como ações, meta e planos traçados pelo governo com o objetivo

Page 24: Daniel Barros

24

de fazer com que a sociedade alcance o bem estar, mas todas essas etapas são

feitas pelos dirigentes públicos, ou seja, são decisões tomadas de acordo com o que

eles acreditam serem as demandas e expectativas da sociedade.

A respeito disto (CALDAS, 2008) diz que:

O bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam as demandas da população. As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e ONGS em geral.

A sociedade se organiza para discutir sobre seus problemas, escassez e

demanda, mas fica a mercê de soluções dos governantes, que por sua vez

reclamam da escassez e falta de recursos.

As sociedades contemporâneas se caracterizam por sua diversidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, língua, renda, profissão, como de idéias, valores, interesses e aspirações. No entanto, os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos (a SCO) são limitados ou escassos (...) (CARVALHO, 2008)

Sendo assim acontecem conflitos decorrentes desta diversidade e

necessidades diferentes, e estes conflitos, disputas e divergência sobre valores são

considerados pelos políticos como supérfluos, artificiais, ilusórios ou mesmo

indesejáveis e destrutivos. Mas a tarefa dos dirigentes não é em suprimir as

divergências de opinião e os conflitos de interesse. Ao contrário, cabe-lhes

basicamente assegurar que todos os interesses particulares (de indivíduos ou de

grupos) possam se expressar, tentando apenas harmonizá-los com a preocupação

da equidade.

Portanto os dirigentes não devem ficar preocupados com a organização da

população conflitos ou muito menos definir o que é supérfluo ou não, mas devem

somente se preocupar com as carências e demandas da sociedade e como supri-

Page 25: Daniel Barros

25

las. Alem disto a política publica não deve ser encarada como um modelo de

compensação por desajustes ou incompetências sociais ou políticas, mas como um

apoio e proteção aos mais desfavorecidos.

A esse respeito (TEIXEIRA, 2002) diz que:

Na visão social-democrata, concebem-se os benefícios sociais como proteção aos mais fracos, como compensação aos desajustes da supremacia do capital, o que, ao mesmo tempo, garante sua reprodução e legitimação; as políticas públicas têm o papel regulador das relações econômico-sociais, são constituídos fundos públicos para serem utilizados em investimentos em áreas estratégicas para o desenvolvimento e em programas sociais. Essa concepção foi traduzida no sistema do chamado Estado de Bem Estar Social, cujo aparato cresceu muito, levando a uma relativa distribuição de renda e ao reconhecimento de uma série de direitos sociais, mas também a um controle político burocrático da vida dos cidadãos considerado como objetos, como meros consumidores de bens públicos.

O processo de formação, organização e implementação das políticas publicas

certamente necessitam de uma reestruturação, no sentido de promover uma maior

participação civil, tanto nas definições dos problemas quanto na numeração das

necessidades, pois cada local tem suas necessidades e particularidades.

(...) É certo que mudanças mais substantivas só podem ocorrer quando efetivamente se muda a composição do poder, mas podem-se obter conquistas sociais através da mobilização social, da ação coletiva, sobretudo quando esta passa a ter um conteúdo de proposição, de debate público de alternativas e não de mera crítica. (...) Essa é a realidade do atual processo social em que a sociedade civil, articulada em suas organizações representativas em espaços públicos, passa a exercer um papel político amplo de construir alternativas nos vários campos de atuação do Estado e de oferecê-las ao debate público, co-participando, inclusive, na sua implementação e gestão. (TEIXEIRA, 2002)

Contudo estas participações populares devem ser organizadas e

estruturadas, pautadas em reivindicações concretas, no intuito de debater

alternativas de uma forma que auxilie no processo de formulação, e não de forma

critica. Pois para que a iniciativa publica dê certo é necessária a participação de

todos tanto da parte dos governantes quanto dos civis.

Focando mais na proposta de políticas publicas, relacionada a educação, é de

grande importância dizer que questão do financiamento na educação é de extrema

relevância, pois o financiamento é causa determinante para que a educação alcance

Page 26: Daniel Barros

26

um nível mais elevado de qualidade, e para isto os recursos previstos à educação,

em especial a municipal, e a sua aplicação é necessária e imprescindível, para todos

aqueles que lutam por uma escola pública de qualidade. O financiamento dos

órgãos públicos municipais, estaduais e federais é causa determinante para que a

educação alcance um melhor nível de qualidade, possibilitando tanto ao educando

quanto o profissional da área de educação subsídios para se alcançar benefícios

comuns à educação.

Os recursos existem, mas, para onde vão, porque não chegam as nossas tão

necessitadas escolas, o que esta acontecendo, pois para se obter uma educação de

qualidade é necessário saber responder estas questões. Nenhuma esfera de

governo, sozinha, logrará assegurar um bom ensino para todos, tornando assim,

inadiável a definição das responsabilidades próprias e compartilhadas de cada

sistema de ensino.

Pois políticas publicas não se trata somente de disponibilização de verbas.

Mas trata-se de uma preocupação relacionada ao que fazer com esta verba? Onde

investir? Com o que investir? A quem pedir? Com quem reclamar? Esta questão nos

retoma a discussão sobre investimento econômico e resultados práticos.

O programa segundo tempo, objeto desse presente estudo se caracteriza por

ter como proposta de política publica direcionada a promover a democratização do

esporte e sua cultura, objetivando inclusão social através da educação pelo esporte

Segundo o Ministério do Esporte (2003) as políticas publicas relacionadas ao

esporte se divide em três categorias de manifestação esportiva: esporte de alto

rendimento, esporte educacional e esporte e lazer,como mostra o quadro abaixo:

Categoria de

manifestação esportiva

Objetivos Programas e projetos

Alto rendimento

Alto rendimento

Dar a oportunidade para a

inserção, o desenvolvimento

e o aprimoramento de jovens

com talentos esportivos, com

a finalidade de aumentar e

dar qualidade à base

esportiva nacional para um

melhor desempenho nos

Descoberta do talento esportivo, jogos da juventude , olimpíadas universitárias - JUB´S, olimpíadas escolares 2007, bolsa-atleta, calendário esportivo nacional, rede CENESP, vi jogos desportivos, CPLP.

Jogos Militares

Page 27: Daniel Barros

27

esportes de competição.

Esporte educacional Democratizar o acesso à

prática e à cultura do

Esporte de forma a

promover o desenvolvimento

integral de crianças,

adolescentes e jovens,

como fator de formação da

cidadania e melhoria da

qualidade de vida,

prioritariamente em áreas de

vulnerabilidade social.

Segundo Tempo, Projetos

Esportivos Sociais,

Programa Segundo Tempo

no Mais Educação,

Programa Recreio nas

Férias

Esporte e cultura Ampliar, democratizar e

universalizar o acesso à

prática e ao conhecimento

do esporte recreativo e de

lazer, integrando suas ações

às demais políticas públicas,

favorecendo o

desenvolvimento humano e

a inclusão social.

Prêmio Brasil de Esporte e

Lazer de Inclusão Social,

Esporte e Lazer da Cidade,

Jogos dos Povos Indígenas,

Rede CEDES , CEDIME

Como se vê no quadro acima o programa segundo tempo está incluso na

vertente de educação pelo esporte, e o investimento publico a ele destinado são

direcionado especificamente para, qualificar e ampliar a abrangência do Programa

Segundo Tempo, oportunizar aos beneficiados do Programa eventos e

programações diferenciadas ao longo do ano, qualificar e aprimorar a gestão do

Programa, Qualificar o processo de capacitação de gestores, professores e

monitores, melhoria da infra-estrutura esportiva no sistema de ensino público do país

e nas comunidades em geral.

4 METODOLOGIA

Page 28: Daniel Barros

28

Este presente estudo tem como finalidade fazer uma Analise do processo de

inclusão social de crianças de 10 a 14 anos moradoras do bairro da Rua do Catu,

cidade de Alagoinhas-BA que participam do Projeto Segundo Tempo do Ministério

do Esporte, com o objetivo de analisar as propostas e os resultados esperados

descritos pelo ministério da educação.

(...) as sociedades humanas existem num determinado espaço cuja formação social e configuração são específicos. Vivem o presente marcado pelo passado e projetado para o futuro, num embate constante, entre o que está dado e o que está construído. Portanto, a provisoriedade, o dinamismo e a especificidade são características fundamentais de qualquer questão social. Por isso, também, as crises têm reflexo tanto no desenvolvimento quanto na decadência de teorias sociais. (MINAYO, 2002 p.13)

A citação acima mostra o universo social ao qual estou envolvido, suas

especificidades, marcas do passado e projeções para o futuro. Inicio a partir daqui

uma breve narração do caminho traçado e do percorrido.

Comecei o estudo a partir do momento em que senti necessidade de

compreender a realidade que me cerca, e da vontade de fazer algo em relação ao

contexto de desigualdade e desassistência pública em que vive a maior parte da

população, e de mostrar a importância de iniciativas que objetivam mudar esse

cenário, sobretudo no que se refere às políticas públicas setoriais do ministério do

esporte que apresenta como proposta a promoção da inclusão social por via da

educação esportiva.

Sabendo da dificuldade, de pesquisar sobre fenômenos sociais, e de se

trabalhar com questões relacionadas ao universo de significados, necessita de um

trabalho mais profundo, por um caminho seguro, lógico e racional.

Dentre as opções, escolhi traçar o caminho dessa pesquisa, vinculada ao

método qualitativo, no âmbito das ciências sociais e humanas, utilizando o estudo de

caso do tipo descritivo como estratégia metodológica, neste contexto utilizei como

técnicas de coleta de dados a observação, investigação documental e entrevista.

Depois de decidido o caminho a percorrer é necessário um estudo

aprofundado sobre a ciência, métodos, técnicas e ferramentas investigativas.

Page 29: Daniel Barros

29

A necessidade de se obter explicações sobre os fenômenos que cercam a

vida dos indivíduos desde um passado longínquo até os dias de hoje mobilizam

poderosos instrumentos explicativos, tais como a religião e a filosofia, a ciência é

uma destas ferramentas que busca explicações para os significados da existência

individual e coletiva. (MINAYO, 2002).

Na sociedade ocidental as ciências se detêm em buscar a realidade, com o

intuito de obter soluções para problemas sociais, apesar de seus conflitos e

contradições.

Na sociedade ocidental, no entanto, a ciência é a forma hegemônica de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito, por sua pretensão de único promotor e critério de verdade. No entanto, continuamos a fazer perguntas e a buscar soluções. Para problemas essenciais como a pobreza a miséria a fome a violência a ciência continua sem respostas e sem propostas. (...). (MINAYO, 2002 p.10).

A ciência social, por existir dentro de um contexto histórico, possui uma

consciência histórica, onde o presente depende do passado e o futuro do presente,

sendo assim as marcas deixadas por esta dependência histórica, faz com que os

grupos, as sociedades, os seres humanos influenciem na legitimidade da pesquisa.

Então se conclui que a ciência social por não ser de caráter concreto, sofrer

modificações e influências históricas, variando de acordo com o universo da

pesquisa, necessita da relação direta do pesquisador com o campo de estudo,

sendo de fundamental importância cada etapa da pesquisa, desde a fase

exploratória até a pesquisa de campo, pois o objeto de estudo apresenta uma

relevância social, e necessita de todas essas etapas citadas acima.

4.1 PESQUISA QUALITATIVA

A pesquisa qualitativa se diferencia do método quantitativo por não seguir

com rigor um plano previamente estabelecido, não buscar enumerar e medir eventos

e também não utilizar como instrumento de analise de dados a estatística. A

pesquisa qualitativa tem um foco amplo e diferenciado na coleta de dados, por

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30

necessitar de uma interação direta do pesquisador com o objeto de estudo, tentando

entender e interpretar fenômenos sociais que cercam os participantes da situação

estudada.

A respeito desta questão (MINAYO, 2002) diz que:

(...) o objeto das ciências sociais é essencialmente qualitativo. A realidade social é o próprio dinamismo da vida individual como toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sobre ela.(...) As ciências sociais no entanto possuem instrumentos e teorias capazes de fazer uma aproximação da suntuosidade que é a vida dos seres humanos em sociedade (...).

Por se tratar de uma pesquisa social e estar cercado por muitos elementos

culturais, e necessitar de uma busca mais aprofundada não só na realidade mais na

busca da sua origem e essência é que o presente estudo segue norteado pelo

método de pesquisa qualitativo.

4.2 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso é um dos vários métodos de se realizar uma pesquisa

sólida, apesar de receber muitas criticas devido a sua falta rigor, vem sendo muito

utilizado em diversas áreas tais como a administração pública, trabalho social e

educação.

Segundo (GIL, 1991) o estudo de caso se caracteriza pelo profundo e

exaustivo estudo dos objetivos, necessitando assim um profundo e detalhado

conhecimento desses objetivos. O estudo de caso em pesquisas exploratórias é

muito recomendado devido a sua flexibilidade e ajuda na fase inicial de pesquisas

com temas complexos, construção de hipóteses e formulação de problema.

O estudo de caso (...) pode ser definido como: um conjunto de dados que descrevem uma fase ou a totalidade do processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais, quer seja essa unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou uma nação (Young, 1960 apud GIL, 1991)

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31

O estudo de caso possui inúmeras características positivas, o que oportuniza

uma maior coesão no delineamento em várias ocasiões, a respeito disso (GIL, 1991)

diz que: a) O estímulo a novas descobertas. Em virtude da flexibilidade do planejamento do estudo de caso, o pesquisador, ao longo de seu processo, mantém-se atento a novas descobertas. E freqüente o pesquisador dispor de um plano inicial e, ao longo da pesquisa, ter o seu interesse despertado por outros aspectos que não havia previsto. E, muitas vezes, o estudo desses aspectos toma-se mais relevante para a solução do problema do que os considerados inicialmente. Daí por que o estudo de caso é altamente recomendado para a realização de estudos exploratórios. b) A ênfase na totalidade. No estudo de caso, o pesquisador volta- se para a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-o como um todo. Desta forma supera-se um problema muito comum, sobretudo nos levantamentos em que a análise individual da pessoa desaparece em favor da análise de traços. c) A simplicidade dos procedimentos. Os procedimentos de coleta e análise de dados adotados no estudo de caso, quando comparados com os exigidos por outros tipos de delineamento, são bastante simples. Da mesma forma, os relatórios dos estudos de caso caracterizam-se pela utilização de uma linguagem e de uma forma mais acessível do que outros relatórios de pesquisa (GIL, 1991 p 59)

E para mostrar por que a escolha do estudo de caso descritivo, volto ao

problema do estudo: A proposta de educação pelo esporte promovida pelo projeto segundo tempo se concretiza como ferramenta de inclusão social?

Quando se fala em projeto segundo tempo, se fala em políticas publicas, com

objetivo de inclusão, por se tratar de iniciativa governamental no Brasil e de

necessidades de uma comunidade, é um tema complexo, que necessita de um

profundo e detalhado conhecimento dos objetivos

4.3 TÉCNICAS DE PESQUISA

A escolha dos instrumentos utilizados na pesquisa é muito importante e

decisivo, pois são as ferramentas que serão utilizadas diretamente na coleta de

dados. Numa pesquisa qualitativa o pesquisador é o único e exclusivo responsável

pela escolha das ferramentas de coleta e pela própria coleta de dados.

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32

Levando em consideração que neste tipo de pesquisa se torna necessário a

ligação direta entre o pesquisador e o universo pesquisado, exigindo do pesquisador

uma busca mais aprofundada na origem e essência da realidade, é de fundamental

importância que o pesquisador escolha ferramentas que permita este tipo de

envolvimento.

As técnicas da pesquisa qualitativa são a observação, a entrevista, o

questionário e a documentação.

A observação é uma técnica que permite o acesso aos elementos

fenomenológicos estudados, e no estudo foi importante, devido a necessidade de

estabelecer um contato direto com a realidade do universo de estudado, além de

estabelecer um contato com o objeto de estudo.

A entrevista é uma técnica importante na coleta de dados na pesquisa

qualitativa, por permitir que o entrevistado e o entrevistador fiquem frente a frente,

promovendo uma interação direta entre os dois. Podem ser estruturadas ( com

elaboração prévia das perguntas ), ou semi-estrururadas (não obedece a um roteiro

claro nem a sequência das questões) e foi a etapa mais importante do estudo pois,

me colocou, em contato direto com os pais das crianças beneficiadas com o projeto.

(SEVERINO, 2007) conceitua entrevista como:

Técnica de coleta de informações sobre um determinado assunto, diretamente solicitado aos sujeitos pesquisados. Trata-se, portanto de uma interação entre pesquisador e pesquisado. Muito utilizado nas pesquisas da área das ciências humanas. O pesquisador visa apreender o que os sujeitos pensam , sabem, representam, fazem e argumentam.

Em função de a pesquisa tratar de um fenômeno social, suas especificidades

e características, falar sobre questões delicadas como exclusão, inclusão e políticas

publicas, se torna necessário o contato direto do pesquisador com os envolvidos no

núcleo da pesquisa, por isso escolhi trabalhar com entrevista.

A respeito disso (MINAYO, 2002) diz que:

A entrevista é o trabalho mais usual no trabalho de campo. Através dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos autores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos

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33

relatados pelos atores (...). Suas formas de realização podem ser de natureza individual e /ou coletiva.

Neste caso a entrevista foi de forma individual, pela necessidade de coletar

dados e falas diferenciadas de cada um dos entrevistados, pois a pesquisa

necessita analisar em primeiro plano a visão de cada um deles sobre o objeto de

estudo, para em segundo plano fazer a análise das opiniões do grupo.

Segundo (MINAYO 2002), existem dois tipos de pesquisa no geral, a

estruturada, que se baseia em questões previamente formuladas e a não-

estruturada onde o informante trabalha esta livre para abordar o tema proposto.

A entrevista semi-estruturada foi a que melhor se encaixou nesta pesquisa,

pois deu oportunidade de trabalhar mais informalmente, podendo mudar a ordem

das perguntas quando achar necessário a fim de direcionar a entrevista para o

objetivo que foi proposto, podendo até fazer perguntas adicionais que não ficaram

claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista.

Estas são as duas ferramentas utilizadas nesse estudo pois, para dar a

credibilidade necessária, é preciso que se observe o universo e o objeto de estudo,

analise e coleta de dados a partir dos documentos relacionados ao objeto estudado

e necessita também de uma conversa frente a frente com os indivíduos envolvidos,

tanto com o objeto, com o universo pesquisado.

As técnicas de pesquisa foram escolhidas de acordo com as necessidades e

dificuldades, que foram surgindo no decorrer da pesquisa, com a coleta de dados.

5 ANÁLISE DE DADOS

Através da observação se iniciou o processo de coleta de dados, foi ela que

possibilitou o primeiro contato direto com a realidade do universo do estudo, o

acesso a esta realidade foi muito importante para o estudo, pois foi a partir daí que

se notou carências, necessidades e possibilidades, informações obtidas com o

intuito de complementar as informações impetradas com os outros métodos de

coleta.

Esse processo de observação se deu na Rua do Catu na cidade de

alagoinhas BA, com o objetivo de obter informações sobre a realidade em que vive

Page 34: Daniel Barros

34

os moradores e os fenômenos sociais a que estão atrelados, como por exemplo,

pobreza desemprego educação entre outros.

Como foi dito no capitulo I, O Brasil é um pais historicamente desigual, onde a

renda é mal distribuída e grande parte da população vive na miséria, sem direito a

bens essenciais para viver em sociedade, como educação, saúde, cultura e etc.

Segundo o indicador que mede a qualidade de vida das pessoas com base

nos níveis de renda, saúde e educação o IDH (índice de desenvolvimento humano) ,

o Brasil é 9º lugar em economia e 75º em desenvolvimento humano, isto nos mostra

a disparidade entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento humano.

O bairro da Rua do Catu em Alagoinhas BA não é uma exceção a esta

realidade, por se tratar de um bairro periférico exibe contrastes eminentes, em

alguns aspectos sociais e econômicos que serão citados abaixo.

Em primeiro plano, a paisagem denuncia a desigualdade eminente, onde

casarões dividem espaço com casebres e até barracos, ruas com calçamento,

esgotamento sanitário, água encanada e energia elétrica sendo que a maior parte do

bairro não tem calçamento nas ruas nem redes de esgoto.

O sistema de segurança publica e de saúde, disponibilizando apenas de, um

modulo policial e de um posto de saúde, e ambos fica bem distante da área mais

carente do bairro e portanto a mais necessitada destes serviços.

Focando agora no grupo de estudo, que trata de crianças jovens e

adolescentes, a situação fica ainda mais difícil, pois direitos garantidos por lei, como

educação, saúde e lazer são subtraídos destes indivíduos. No que diz respeito a

saúde, alem dos jovens ficarem expostos as doenças , devido a precariedade do

saneamento básico, não existe no bairro hospital especifico para tratamento dos

jovens e em caso da necessidade de tratamento o hospital mais próximo fica

localizado a mais de 10 km do bairro.

No quesito educação, o bairro só disponibiliza de duas escolas de ensino

médio, e algum jovem tem que se deslocar aproximadamente 2 km, para conseguir

chegar à escola, e esses obstáculos podem ocasionar a desistência precoce destes

alunos de freqüentar a entidade de ensino.

O lazer no bairro se limita a pratica esportiva, mais especificamente ao

futebol, existem inúmeros campos de futebol espalhados pelo bairro, e os jovens se

amontoam durante todo o dia, para a pratica do esporte, sem orientação e nem

material adequado.

Page 35: Daniel Barros

35

E o objetivo do objeto de estudo é exatamente agir neste ambiente, com foco

direto nas questões que dizem respeito à educação e disponibilização do esporte e

do lazer, numa perspectiva educacional e inclusiva destes indivíduos.

O projeto segundo tempo no núcleo da Rua do Catu, da todo suporte técnico

necessário para que as aulas aconteçam normalmente, desde melhoria no espaço

físico em que as aulas acontecem (construção de alambrado e portão com

cadeado), material esportivo (bolas, cones, redes e etc.), vestuário para as crianças

(camisa com slogan do projeto) e lanche.

Como foi citado no capítulo I, o projeto tem por obrigação de ofertar

modalidades coletivas (Basquetebol, Futebol de campo, Futsal, Handebol, Voleibol,

entre outras) e individuais.(Ginásticas, Atletismo, Canoagem, Vela, Remo, Capoeira,

Lutas, Natação, Tênis de Mesa, entre outras), com a intenção de democratizar o

esporte utilizá-lo como ferramenta de inclusão.

Durante o período de observação, constatei que realmente alguma dessas

modalidades são ofertadas, tais como, Basquetebol, Futebol de campo, Handebol,

Voleibol, Atletismo e Capoeira,

As aulas ocorrem de maneira harmoniosa, deixando bem claro a boa relação

educador-educando, ficando visível o compromisso do educador, que sabe da sua

importância no desenvolvimento das crianças e jovens com quem trabalha.

Estas atividades ofertadas tem função de desenvolver competências pessoais

( como a auto estima , o auto conhecimento , o auto cuidado ) sociais ( como

cooperação , o trabalho em equipe , a solidariedade ) , cognitiva (como resolver

problemas , o didatismo e o autodidatismo ) e produtivas ( como criatividade e

versatilidade) e durante o período de observação consegui ver e compreender

algumas atividades, como jogos populares, e jogos esportivos como mostra o

quadro abaixo:

5.1 ENTREVISTA COM OS PAIS

A entrevista com os pais, eu considero como a etapa mais importante para o

estudo, pois obtive uma fala de quem está diretamente ligado com os jovens

beneficiados com o projeto. Pessoas humildes, que sofrem com a exclusão, com a

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36

pobreza o desemprego, a desassistência por parte dos governantes, e além de tudo

por ver seus filhos expostos aos riscos sociais.

Partindo desta assertiva, a entrevista tem como objetivo de captar as opiniões

destes pais e abrir um debate com o referencial teórico, sobre exclusão e inclusão,

políticas publicas focando na importância do projeto para eles e seus filhos.

“meu filho” eu moro aqui a 40 anos, vim pra cá quando meu pai se desempregou, aqui sempre foi assim, uma dureza, não tem asfalto,nem luz e a água chegou a pouco tempo, antes agente tomava banho no rio, e também fazia as necessidade, aqui é onde o “vento faz a curva”...(PAI 1)

No segundo capitulo do referencial teórico, fica claro que a questão da

exclusão é uma questão histórica, que se iniciou com o processo de industrialização,

e o crescimento econômico originário deste processo e também com o capitalismo,

fazendo com que, estes indivíduos que não acompanhassem este crescimento

obrigatoriamente refugiassem nos bairros periféricos, caracterizado pelo

desemprego e pelo isolamento social, como expressa a fala acima.

A política educacional Brasileira continua deixando a desejar, apesar do

crescimento econômico, a falta de seriedade e de respeito com o próximo por parte

dos governantes é flagrante.

O ensino aqui é bom, muitos meninos saem de outros bairros para estudar aqui (...) mas falta muita coisa, falta segurança pras professoras e pros alunos, os vagabundo fica rondando a escola ai o dia todo, ainda falta água às vezes, giz, caderno, você sabe como é né. (PAI 1) Tem dias que penso duas vezes em mandar meus filhos pra escola, os meninos andam mais de 2 quilômetros por dentro do mato, na lama , só com um café na barriga, e ainda por cima é perigoso, tem gente que já foi assaltado aqui varias vez.(...)(PAI 6)

(...) Meus filhos vão a pé pra escola, não tem transporte publico, e eu não tenho dinheiro pra pagar passagem, e se tivesse, o ônibus da linha não passa aqui. (MÃE 4 )

Estas falas nos remete as questões abordadas no capitulo 4, quando discute

sobre investimento econômico e resultados práticos, e ainda sobre a dificuldade de

uma política setorial dar certo quando outros setores continuam desassistidos.

Em relação a existência do projeto uma mãe diz que:

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É um projeto que tem ai na escola, esse projeto é uma maravilha, além dos meninos chegarem aqui numa alegria que só,eu posso ir trabalhar tranqüila, vou sabendo que eles tão na escola , não tão pela rua correndo risco.(PAI 3)

Em contrapartida outro pai diz que:

Morro de medo quando meu filho vai pro campinho, só tem esse aqui na área, e os pivetes invadem pra jogar bola, até homem feito entra também e as crianças coitadas, ficam no meio (...) até cavalo já vi passar ai pelo campo. (PAI 1)

O projeto segundo tempo visa promover inclusão social através da educação

pelo esporte, tendo como resultados e impactos esperados pelo programa, a

diminuição da exposição dos participantes a riscos sociais entre outros como no

convívio e na integração social dos participantes, diminuição da evasão escolar nas

escolas atendida.

(...) Meu filho, antigamente pra acordar na hora da escola era uma dificuldade, agora continua a mesma dificuldade pra acordar, mas depois que ele começou na “bola” ele acorda com mais disposição, e de tarde, ele engole a comida pra ir rápido pra “bola”, não falta um dia. (MÃE 2 ) Meu menino, eu tinha que levar na marra pra escola, quando eu ia trabalhar ele não ficava de jeito nenhum, pulava o muro, brigava com os outros meninos, com a professora, de tarde ele vai tranqüilo, sem ninguém mandar, fica lá até de noite, pra escola ainda é difícil levar, mas ele melhorou, pelo menos não briga mais(...).(PAI 4 )

Isso acena positivamente para a presença do projeto e do esporte na vida das

crianças dessa comunidade, mostrando que o esporte é uma via poderosa e

privilegiada, quando bem manuseada, pois o esporte por si só não se concretiza

nem como socializante nem como seu oposto.

Sendo mais abrangente sobre promoção de inclusão, o ministério do esporte,

espera através do projeto segundo tempo, democratizar o acesso à prática e à

cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças,

adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da

qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social

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Quando se retira a criança das ruas e colocam num espaço, promovendo

praticas esportivas dando todo suporte para que aconteça de forma prazerosa,

ocupando o tempo ocioso da criança, diminui a exposição aos riscos sociais. E

quando uma mãe diz que o filho não ficava na escola e brigava com os colegas, e a

partir do momento em que ele começa a participar do projeto, deixa de brigar e tem

mais disposição para ir à escola, mostra a melhoria no convívio social e a diminuição

da evasão escolar.

Mas não é só isso que promoverá a inclusão desses jovens, o conceito de

inclusão trazido no capitulo três, diz que é um processo longo complexo e delicado

que envolve iniciativa, organização e seriedade, é um conjunto de meios e ações

que tem como objetivo combater a exclusão ao benefício de viver em sociedade,

esta exclusão se caracteriza por diferenças de classe social, origem geográfica,

educação, idade, existência de deficiência ou preconceitos raciais.

E partindo desta afirmativa conclui-se que é muito difícil uma política publica

setorial, promover inclusão social, pois além das próprias deficiências, ainda sofre o

impacto das deficiências de outros setores.

É uma iniciativa boa, a professora coitada se esforça pra dar aula, mas morro de pena dela e das crianças neste sol quente, ficam lá correndo , jogando, brincando, mas não tem água, as vezes não tem lanche, e se um menino desses passar mal, quem vai “acudir”, nem os primeiros socorros tem.(MÃE 5 )

A última provocação girou em torno da questão das políticas publicas sociais,

um assunto, delicado e de extrema rejeição e desconfiança por parte dos

entrevistados.

Políticas públicas são ações tomadas pelo governo, com o objetivo de,

garantir direitos sociais, portanto estas ações se limitam a determinadas áreas da

sociedade, que por algum motivo teve seus direitos subtraídos, por isso necessitam

de ações para terem seus direitos sociais garantidos, conceito dado no capitulo 4.

Sei que a educação no Brasil é horrível, passeio ai pela cidade e vejo os meninos sem ter o que fazer, usando drogas traficando roubando, sem nenhuma expectativa de vida (...) eles só vem aqui em tempo de eleição, mete o pé no barro e diz que vai trazer asfalto pra cá, olha pras criança, promete dar um futuro melhor a elas, diz que vai dar emprego a gente, melhores condição de vida, mas olhe ao seu redor, tem alguma melhoria ai? E olhe que eu escuto isso a vários anos.( PAI 1 )

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Esta é a realidade de um País que sofre com desigualdade, exclusão, desonestidade e falta de seriedade, mas esse tipo de iniciativa é importante , apesar de não resolver todos os problemas, procura dar apoio a quem mais precisa dele.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Este presente estudo teve como foco, jovens de 10 a 14 anos, moradores do

bairro da rua do catu, que participam do projeto segundo tempo, iniciativa do

ministério do esporte, que visa promover inclusão social através da educação pelo

esporte. Com o objetivo de responder a seguinte questão: A proposta de educação

pelo esporte promovida pelo projeto segundo tempo se concretiza como ferramenta de inclusão social?

A falta de seriedade por parte dos governantes, quando se trata de questões

relacionadas às políticas públicas, a falta de respeito com o sofrimento do próximo e

a dificuldade de uma política pública setorial por si só, conseguir em meio á todos

estes problemas, tais como a falta de saneamento básico, de saúde de qualidade,

de transporte entre outros, obter tantos resultados e impactos, como os prometidos

pelo projeto.

Além de o projeto Segundo Tempo ter sido criado em um local especifico,

tomando como base as dificuldades daquele local, e depois foi espalhado por todo o

país, como se os problemas de todos fossem os mesmos, me fez chegar a seguinte

conclusão:

Uma política publica setorial, de educação pelo esporte, não é necessário

para se concretizar como ferramenta de inclusão social, pois as carências e

problemas tanto das crianças como dos pais não se resumem em democratização

do esporte e sua cultura.

A seriedade no tratamento do projeto segundo tempo, uma maior rigidez na

avaliação e fiscalização, até punições aos maus administradores, o trabalho em

conjunto com outras políticas publicas setoriais, são propostas e necessidades para

que o projeto não só se qualifique, mas permaneça no cenário nacional, pois é

Inaceitável que a população deixe de usufruir do projeto por causa de maus

administradores.

REFERÊNCIAS

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41

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SAWAIA, B. (org.) As artimanhas da exclusão –Analise psicosocial e ética da desigualdade social. Petropolis; Vozes 2006.

SEVERINO, Antonio Joaquim, 1941. Metodologia do trabalho cientifico. 23. Ed.rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.

TEIXEIRA, Elenaldo Celso. Políticas Públicas - O Papel das Políticas Públicas 2002 - AATR-BA, p. 1-11.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva, 1928. Introdução à pesquisa em ciências sociais e educação. São Paulo; Atlas, 1987.

YOUNG, P. Métodos científicos de investigación social. México, 1960.

.

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ANEXOS

ANEXO A

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

COLEGIADO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Estou desenvolvendo uma pesquisa de conclusão de curso que versa sobre o tema: Esporte e inclusão social: um estudo de caso do projeto segundo tempo em alagoinhas . O roteiro de entrevista semi-estruturada se constitui como instrumento de pesquisa fundamental para a compreensão do objeto de estudo e para qualificação do relatório final. Assim desde já lhe agradeço pela presteza.

Roteiro da entrevista semi- estruturada

Nome: 1 - Inclusão e exclusão ● Em que situação se encontra o bairro? ● Qual a situação econômica das famílias entrevistadas? ● O que falta de bem social no bairro tais como educação, saúde, lazer e etc.? ● O que o governo faz em relação às carências sócio econômicas? 2 - projetos segundo tempo ●Qual sua visão sobre o projeto? ●Qual a importância dele para vocês e seus filhos? ●Quais as carências do projeto?