Daniela Fazzio
-
Upload
eliziana-de-paula-lucas -
Category
Documents
-
view
17 -
download
0
Transcript of Daniela Fazzio
-
Pontifcia Universidade Catlica Programa de Estudos Ps-Graduados em Psicologia Experimental:
Anlise do Comportamento
INTERVENO COMPORTAMENTAL NO AUTISMO E DEFICINCIAS DE DESENVOLVIMENTO: UMA ANLISE DOS REPERTRIOS PROPOSTOS EM MANUAIS DE TREINAMENTO
Daniela F. Fazzio
PUC/SP
2002
-
Pontifcia Universidade Catlica Programa de Estudos Ps-Graduados em Psicologia Experimental:
Anlise do Comportamento
INTERVENO COMPORTAMENTAL NO AUTISMO E DEFICINCIAS DE DESENVOLVIMENTO: UMA ANLISE DOS REPERTRIOS PROPOSTOS EM MANUAIS DE TREINAMENTO
Daniela F. Fazzio
Dissertao apresentada Banca examinadora da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, como exigncia para obteno do ttulo de MESTRE em Psicologia Experimental: Anlise do Comportamento, sob a orientao da Prof Dr Maria Amlia Pie Abib Andery
Trabalho financiado pela Fapesp Processo 00/08381-3
PUC/SP 2002
-
Banca examinadora
-
Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial
desta dissertao por processos fotocopiadores ou eletrnicos.
_____________________________________ Local e Data_______________________ Daniela F. Fazzio
-
Para minha me, que, espero, se orgulhe do amor que tenho pela Anlise do Comportamento. E se reconhea no sucesso dos meus projetos.
-
AGRADECIMENTOS
ME, pelo seu amor incondicional, pela segurana que mantm no caminho
que escolhi, por toda a sua dedicao a mim e minha felicidade,
independentemente de ela coincidir ou no com as suas metas.
CINDY tudo teria sido muito mais difcil sem voc. E essa empreitada de 2 anos s
foi possvel porque voc apareceu e permaneceu na minha vida. Eu te amo.
MARIA AMLIA por mais esse projeto realizado graas sua orientao, seu apoio,
sua amizade, seu carinho e a tremenda esperteza em colocar meu repertrio sob o
controle discriminativo certo.
VERA, pelos incontveis momentos de acolhimento, a prestatividade ilimitada, pelos
carinhos e a ateno de me. E entender a importncia desse projeto na minha
vida como poucos.
MARTINA pela amizade oferecida e conquistada e pela companhia especial em todas
as interminveis horas de trabalho.
DRI, pela amizade e pelo apoio, principalmente nesse final. Valeu pelas lies de
cooperao, pelo reforamento capaz de me manter na tarefa naquele ltimo
suspiro. Parabns pela sua competncia e pelo seu empenho.
TIA e NILZA, pelos motivos de sempre, mas desta vez principalmente pela
confiana e por terem gasto o seu tempo, junto com a Amlia, para me ajudar no
momento mais difcil desses 2 anos.
PAULA GIOIA, pela fora e os abraos de conforto pelos corredores do laboratrio. Foi
legal te descobrir.
GALERA DO 114B, meus novos amigos, pelo abrigo e o papo de todas as horas.
MRCIA e ANDRA, pela competncia e rapidez dos primeiros-socorros.
MAGGI, pela oportunidade, confiana, modelo, suporte, e colaborao para minha
carreira no Brasil.
Minha TURMA DO MESTRADO, que vai ficar na histria pelo esprito de equipe.
CONCEIO, MAURICIO, NEUSA E DINALVA, pelo suporte e alguns galhos quebrados.
-
Fazzio, D. F.: Interveno comportamental no autismo e deficincias de
desenvolvimento: uma anlise dos repertrios propostos em manuais de
treinamento. Orientadora: Prof Dr Maria Amlia Andery, Dissertao apresentada
banca examinadora da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, como
exigncia parcial para obteno do ttulo de mestre em Psicologia Experimental:
Anlise do Comportamento.
RESUMO Considerando a interveno comportamental na rea do autismo / deficincias de
desenvolvimento um dos campos mais bem-sucedidos da Anlise do
Comportamento, com intensa produo de conhecimento medida pela quantidade
de publicaes na principal revista da rea aplicada, o The Journal of Applied
Behavior Analysis (Northup, Vollmer e Serret, 1993) observa-se que a rea
tambm foco de interesse de pais e profissionais de outras reas. Este estudo
encontrou 15 manuais de treinamento de pais e profissionais publicados entre
1981 e 2000. Destes, 6 foram selecionados com critrios mais estritos, consistindo
de propostas de currculos. Destes, 4 foram analisados em relao aos repertrios
propostos para ensino e a seqncia de treino das respostas em cada um dos
repertrios. Para possibilitar a comparao entre os diferentes manuais, devido
caracterstica de que apresentam suas propostas de maneira bastante distinta,
todos os treinos, de cada repertrio, de cada manual, foram reclassificados de
acordo com as classes verbais de Skinner, sistematizadas por Sundberg e
Partington (1998). Os resultados so apresentados em trs partes: 1. apresentao
geral dos manuais, descrevendo o contedo e a diviso em captulos e sees ; 2.
repertrios, analisando a participao de treinos em cada repertrio para cada
manual e comparando-os; 3. seqncia de treinos, comparando a nfase colocada
no treino de cada repertrio. A anlise dos resultados mostra importantes
caractersticas da interveno comportamental, dentre elas uma consistncia de
procedimentos e comportamentos-alvo entre os manuais. Um dos produtos do
estudo a apresentao de um modelo de avaliao de programas de interveno
comportamental.
Palavras-chave: autismo, deficincias de desenvolvimento, anlise do
comportamento, treinamento de pais, treinamento de profissionais
-
ABSTRACT
Considering behavioral intervention for autism / developmental disabilities one of
the most successful fields in Behavior Analysis, measured by, although not only,
the great number of publications in the Journal of Applied Behavior Analysis
(Northup, Vollmer e Serret, 1993) it is observed that the field is a target of
attention from parents and professionals of other areas. The present study found
15 parent and professional training manuals published between 1981 and 2000.
Among those, six, which consisted of a curriculum, were considered for analysis.
Among those, four were analyzed in regards to the repertoires proposed for teaching
and the sequence of implementation of the programs for each of the repertoires. In
order to allow the comparative analysis of the manuals, as a consequence of
distinct styles of presenting its proposals, every program, of every repertoire, was
reclassified according to Skinners analysis of verbal behavior, as systematized by
Sundberg e Partington (1998). Results are presented in three parts: 1. general
presentation of the manuals, describing the contents and organization of contents;
2. repertoires, analyzing the distribution of programs for each repertoire and
comparing them; 3. sequence of programs, comparing emphasis on each verbal
repertoire (i.e.class). The analysis shows important characteristics of behavioral
intervention, among which a consistency of procedures and target behaviors among
manuals. One of the products of the study is the presentation of a model to
evaluating behavioral intervention programs.
Key-words: autism, developmental disabilities, behavior analysis, parent training,
professional training.
-
SUMRIO
Introduo ................................................................................... 1
Mtodo......................................................................................... 23
Seleo das fontes de dados.............. 23
Anlise do material........................... 29
Resultados...................................................................................... 32
I. Apresentao geral dos manuais... 34
Lovaas......................... 35
Maurice........................ 44
Sundberg e Partington.. 50
Leaf e McEachin . 57
II. Repertrios. 69
III. Seqncia de treinos. 99
Discusso....................................................................................... 108
Referncias bibliogrficas............................................................... 113
Anexos........................................................................................... 115
-
AUTISMO
A) ESPECTRO E DIAGNSTICO O autismo uma classificao diagnstica determinada a partir da observao de um
conjunto de caractersticas comportamentais apresentadas por uma pessoa. uma deficincia
de desenvolvimento1 muito importante, tanto em termos da severidade do quadro
comportamental que em geral a caracteriza, quanto pela sua alta incidncia na populao. A
primeira pessoa a descrever o autismo foi Leo Kanner. Schreibman, Koegel, Charlop e Egel
(1990) apresentam a descrio de Kanner da seguinte forma: "Aquelas crianas no se
relacionavam com as pessoas e com o ambiente normalmente, e Kanner chamou sua
preferncia por estar sozinhas de 'solido extrema autstica'" (p. 764). As crianas de Kanner
no tinham fala apropriada, apresentavam ecolalia e o uso incorreto de pronomes. Elas se
engajavam em "movimentos e vocalizaes montonos e repetitivos, e tinham uma
insistncia obsessiva na preservao da mesmice do ambiente, e manifestavam
surpreendentes memrias rituais." (Schreibman, Koegel, Charlop e Egel, 1990, p.764)
As trs categorias de comportamento consideradas caractersticas do autismo, ainda
hoje em dia, so: a) uma falha grave em estabelecer contato social; b) anormalidades de
linguagem e c) comportamentos ritualsticos ou compulsivos (Schreibman, Koegel, Charlop e
Egel, 1990, pp.764-765). Porm, "h algumas variaes em nfase dependendo do(s)
instrumento(s) diagnstico(s) aplicado(s)." (p. 764).
Atualmente considera-se que o autismo faz parte de um espectro de transtornos do
desenvolvimento que engloba, dentre outras categorias diagnsticas, o autismo infantil, cujo
quadro o mais divulgado, possivelmente por ter maior prevalncia na populao.
O conceito de espectro no abordado nos principais manuais de classificao
diagnstica CID-10, publicado pela Organizao Mundial da Sade (1993) e DSM-IV,
-
publicado pela Associao Americana de Psiquiatria (1994). Parece, portanto, ser uma
classificao recente e talvez informal.
Os transtornos invasivos do desenvolvimento englobados sob o rtulo "espectro do
autismo" so a Sndrome de Rett2, a Sndrome de Asperger e os transtornos invasivos sem
outra classificao (aqueles que por algum motivo no se encaixam nos outros transtornos
invasivos do desenvolvimento). Em cada um desses rtulos, basicamente, muda a idade do
indivduo em que as caractersticas definidoras do diagnstico aparecem e a prevalncia em
meninos ou meninas.
O Departamento de Sade e Servios Humanos dos Estados Unidos (U.S. Department
of Health and Human Services, 2001) inclui no espectro do autismo as mesmas categorias
que o DSM-IV classifica como Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. So cinco
diagnsticos: Transtorno Autstico, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outra
especificao (com deficincias menos significativas que as do autismo nas reas social e de
comunicao), Sndrome de Asperger (com desenvolvimento normal da linguagem e uso
gramatical adequado, habilidade intelectual acima da mdia; seria uma das formas de autismo
de alto desempenho), Sndrome de Rett (transtorno degenerativo que atinge apenas mulheres,
entre seis e 18 meses de idade, que apresentam degenerao do desenvolvimento, com
retardo mental profundo), e Transtorno Desintegrativo da Infncia (perda das habilidades
adquiridas at aproximadamente dois anos de idade).
Apesar da importncia que hoje se atribui ao autismo, tanto pela sua alta incidncia
na populao, quanto pela intensidade do impacto do diagnstico nas famlias, impacto esse
permanente em toda a vida do indivduo, o diagnstico do autismo sempre foi uma questo
1 Algumas reas de desenvolvimento do repertrio comportamental so consideradas deficientes em indivduos
com autismo. 2 Em algumas fontes de informao sobre o autismo, a Sndrome de Rett no considerada como parte do
espectro do autismo. (Centers for Disease Control and Prevention, 2000).
-
controvertida, principalmente pela ausncia de critrios biolgicos que baseassem a
classificao de um indivduo dentro da sndrome: fossem eles exames de sangue, exames de
substrato anatmico, ou o uso das mais avanadas tcnicas de anlise do crebro e do cdigo
gentico. O diagnstico, portanto, tem sido realizado com base na histria do
desenvolvimento do indivduo e na observao de seus comportamentos. Em um documento
intitulado "O Estado da Cincia em Autismo: Relatrio para os Institutos Nacionais de
Sade" (Bristol, Cohen, Costello, Denkla, Eckberg, Kallen, Kraemer, Lord, Maurer,
McIlvane, Minshew, Sigman e Spence, 1996), publicado nos Estados Unidos, os autores
afirmam que os critrios de classificao diagnstica presentes nos manuais DSM-IV
(Associao Americana de Psiquiatria, 1994), e CID-10 (Organizao Mundial da Sade,
1993), fornecem, pela primeira vez, critrios consistentes para o diagnstico dos transtornos
do espectro do autismo.
O DIAGNSTICO SEGUNDO CID-10 Segundo a Classificao de Transtornos Mentais e de Comportamento do CID-10
(OMS, 1992), o autismo, infantil e atpico, classificado como um transtorno invasivo3 do
desenvolvimento, uma subclassificao dos transtornos do desenvolvimento psicolgico. H
outros transtornos que dividem a classificao de transtornos invasivos com o autismo,
alguns deles englobados nas conceituaes de espectro do autismo, outros no.
De acordo com este manual de critrios diagnsticos, CID-10, as caractersticas que
definem os transtornos invasivos do desenvolvimento so:
(...) anormalidades qualitativas em interaes sociais recprocas e em
padres de comunicao e um repertrio de interesses e atividades restrito,
estereotipado e repetitivo (...) usual, mas no invarivel, haver algum grau
de comprometimento cognitivo, mas os transtornos so definidos em termos
3 Do ingls pervasive.
-
de comportamento que desviado em relao idade mental (seja o
indivduo retardado ou no. (pp. 246, 247).
E, em conseqncia disso:
(...) o transtorno deve ser diagnosticado com base nos aspectos
comportamentais, independente da presena ou ausncia de quaisquer
condies mdicas associadas (...) (p. 247).
O DIAGNSTICO SEGUNDO DSM-IV A classificao do DSM-IV (1994) mais detalhada na descrio das reas do
desenvolvimento e outras caractersticas do repertrio comportamental que devem estar
deficientes para que seja feito o diagnstico de autismo. mais precisa, tambm, no
critrio de quais e quantas caractersticas de cada 'rea do desenvolvimento' so necessrias
para o diagnstico.
Os critrios diagnsticos para autismo do DSM-IV so divididos em trs grupos: 1.
impedimento em interaes sociais, caracterizado por respostas "anormais" de contato visual,
expresses faciais, relao com os pares, compartilhamento de satisfaes, reciprocidade
emocional; 2. Impedimento na comunicao, caracterizado por respostas deficientes em
linguagem oral, iniciao e manuteno de conversas, linguagem repetitiva e estereotipada,
brincadeiras de faz-de-conta; 3. Padres de comportamento, interesses e atividades
estereotipados, repetitivos e restritos, caracterizados por obsesso anormal em intensidade e
foco, resistncia a mudanas na rotina, estereotipia motora repetitiva e preocupao excessiva
com partes de objetos.
Para que seja confirmado o diagnstico atravs do DSM-IV, devem estar presentes no
mnimo seis 6 das caractersticas citadas, que devem ser distribudas da seguinte maneira:
pelo menos duas caractersticas de impedimento em interaes sociais, uma caracterstica de
impedimento na comunicao e uma caracterstica de padres estereotipados, repetitivos e
-
restritos. Para se falar em autismo infantil, estas caractersticas devem estar presente antes
dos trs anos de idade. Do contrrio, deve haver a hiptese de autismo atpico ou transtorno
desintegrativo da infncia, segundo o DSM IV.
B) PREVALNCIA DO AUTISMO
Estudos de prevalncia so raros, e estudos epidemiolgicos mais ainda. A
metodologia deste tipo de estudo extremamente complexa, o que acaba por prejudicar a
validade e a generalidade dos resultados. Alm disso, sua implementao demanda alto
investimento financeiro.
No h estatsticas oficiais brasileiras sobre a prevalncia do autismo na populao.
Nos Estados Unidos, h poucos estudos abrangentes sobre a questo. Os estudos mais
recentes foram conduzidos na dcada de 80, porm nunca com amostras que permitissem
concluses precisas (Centers for Disease Control and Prevention, 2000; National Institute
of Child Health and Human Development, 2000).
Costello (1996) afirma que as estatsticas canadenses, de mais de 10 sujeitos
diagnosticados com autismo para cada 10.000 indivduos, poderiam ser extrapoladas para os
Estados Unidos, ainda que os estudos do Canad tambm no tenham contado com um
nmero significativo de sujeitos.
O DSM-IV (1994) afirma uma prevalncia de dois a cinco casos por 10.000
indivduos.
H indicaes, nos Estados Unidos, de que a prevalncia de autismo vem
aumentando. Porm, impossvel afirmar se isto se deve a mudanas nos critrios
diagnsticos, ou ao aumento do reconhecimento dessa condio, ou ainda a um real aumento
na incidncia do autismo (California Health and Human Services Agency, 1999).
Investigaes em andamento na rea de prevalncia em Atlanta e na Califrnia sugerem que
-
a taxa de autismo nos Estados Unidos substancialmente maior do que as estimativas
anteriores (Centers for Disease Control and Prevention, 2000b).
Em meio inconsistncia dos dados sobre a prevalncia do autismo na populao so
fatos:
"O autismo quatro vezes mais prevalente em meninos do que em meninas e no
conhece fronteiras raciais, ticas ou sociais. O estilo de vida, a renda e os nveis
educacionais familiares no afetam a chance da ocorrncia de autismo" (Autism
Society of America, 2001).
C) ETIOLOGIA DO AUTISMO: GENTICA E MECANISMOS CEREBRAIS
A despeito da dificuldade do estudo da etiologia do autismo, Bristol, Cohen, Costello
e cols. (1996) e Folstein, Haines e Santangelo (1998) afirmam que h consenso na
comunidade mdica de que h causas genticas para a condio. H consenso, tambm, para
dificuldade dos pesquisadores, em relao heterogeneidade de loci envolvidos na etiologia
do autismo, o que determinaria a responsabilidade de diferentes genes em diferentes famlias
afetadas (Centers for Disease Control and Prevention, 1996; Folstein, Haines e Santangelo,
1998).
Segundo Folstein, Haines e Santangelo (1998), um fator de evidncia da etiologia
gentica do autismo o risco de recorrncia em uma mesma famlia, entre 6% e 8%, isto ,
60 a 160 vezes maior do que o acaso, considerando uma prevalncia de cinco a dez casos por
10.000 indivduos.
Grupos multidisciplinares de estudo do autismo j afirmaram, no entanto, que fatores
ambientais que interagem com os genes tambm devem ser estudados em relao etiologia
do autismo, pois podem ser determinantes de diferenas entre indivduos de mesma carga
gentica (Bristol, Cohen, Costello e cols. 1996).
-
Na rea de estudos neuropatolgicos, os resultados das pesquisas indicam que h
anormalidades em algumas regies cerebrais em indivduos autistas (Denckla 1996).
A ANLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO COMO FORMA DE
INTERVENO
A anlise aplicada do comportamento, com sua pouca idade, j produziu uma
tecnologia eficaz para o tratamento de pessoas com deficincias de desenvolvimento, entre
estas o autismo. Desde as, e principalmente nas, primeiras publicaes da rea, os
comportamentos da populao chamada "mentalmente" deficiente foram privilegiados como
objeto de interveno. Martin e Pear (1978) as chamaram, "populaes resistentes (como
mentalmente retardados, crianas autistas, psicticos com regresso severa)" (p. 415),
populaes para quem a psicologia tradicional no havia trazido muitos resultados efetivos.
Segundo diferentes autores, entre eles Martin e Pear (1978), as aplicaes da Anlise
Experimental do Comportamento, nos anos 50, foram caracterizadas por:
(...) demonstraes de que reforamento positivo e extino afetam o
comportamento de maneiras previsveis, e/ou demonstraes de caso em que a
aplicao de um programa comportamental poderia resultar em mudana
comportamental desejada. (p. 214)
Estas demonstraes teriam como objeto de modificao de respostas simples, com
sujeitos pertencentes a "populaes resistentes". O ambiente onde estas primeiras aplicaes
mais comumente ocorreram foram instituies, o local onde a populao alvo se encontrava.
Estes ambientes ainda forneciam a possibilidade de maior controle experimental.
Esta caracterstica demonstrativa das aplicaes da anlise do comportamento
verdadeira para o incio dos anos 60 tambm, porm sofreu uma modificao no decorrer da
dcada. Segundo Martin e Pear (1999), este perodo caracterizou-se por grande disseminao
da teoria operante na Amrica do Norte. Os dados que os autores apresentam para justificar
-
esta afirmao so a abertura de centros de treinamento e cursos de modificao do
comportamento4 nas universidades, a publicao de livros que descreviam a pesquisa
aplicada em diversas reas e com diferentes populaes, agora no mais restritas quelas
populaes "resistentes", e o lanamento do Journal of Applied Behavior Analysis, em 1968.
(pp. 416-418).
A breve anlise histrica de Martin e Pear (1978) fornece poucos dados sobre a
dcada em cujos anos finais foi publicado o livro destes autores sobre modificao do
comportamento. Mas afirma que a "orientao operante cresceu tremendamente." (p. 418),
com aplicaes caracterizadas por abranger diversas reas da psicologia, a saber as reas
"social, do desenvolvimento, da personalidade, anormal e clnica" (p. 417); e pela adoo dos
procedimentos de modificao do comportamento por muitas outras "profisses de apoio",
como a medicina, o servio social, a enfermagem. As publicaes de ento, dizem os autores,
refletiam estas aplicaes, apresentando-se com a caracterstica de faa-voc-mesmo (Martin
e Pear, 1978).
Dentre as publicaes que surgiram nos anos 70, na rea de modificao do
comportamento, estavam, assim, manuais de ensino deste tipo de interveno. Alguns
manuais eram abrangentes, podendo ser utilizados em qualquer rea de aplicao (Martin e
Pear, 1978). Outros, focalizavam um tipo de comportamento a ser modificado, como, por
exemplo, o treino de toalete (Foxx & Azrin, 1975), a resposta de comprar (Greene, Clark e
Risley, 1977), respostas de agresso (Patterson, Reid, Jones e Conger (1975). Outros, ainda,
ensinavam a modificao de comportamento especfica para a aplicao com indivduos com
deficincias de desenvolvimento.
4 O termo modificao de comportamento tem sido usado intercambiavelmente com o termo terapia
comportamental e parece estar sendo cada vez menos usado. Segundo Martin e Pear (1978), o termo modificao do comportamento chegou a ser usado diferencialmente por alguns autores, referindo-se a uma abordagem operante. E terapia comportamental, apesar de ter sido usado pela primeira vez em artigo de Lindsley, Skinner e Solomon (1953), acabou sendo adotado pelos autores de orientao Pavlov-Hulliana.
-
Antecipando a afirmao de Martin e Pear sobre o crescimento da orientao
operante, Kazdin (1978), falando sobre a dcada de 70, sinaliza a importncia do lanamento
de diversas revistas, nos Estados Unidos e em outros pases, que se no eram exclusivamente
voltadas para as publicaes de anlise aplicada do comportamento, tambm as continham.
So exemplos citados pelo autor: Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry,
Behavior Modification, Revista Mexicana de Anlisis de la Conduta, European Journal of
Behavioral Analysis and Modification.
As publicaes dessa poca indicavam que intervenes baseadas nos princpios da
anlise do comportamento, utilizando o paradigma do sujeito nico, eram capazes de reduzir
e at eliminar comportamentos considerados problemticos, alm de instalar comportamentos
importantes que comumente esto ausentes no repertrio de crianas com deficincias de
desenvolvimento. Porm, apesar do impacto positivo dos resultados que vinham sendo
obtidos pelos analistas do comportamento, tais publicaes j expunham dificuldades
encontradas na implementao de programas de anlise aplicada do comportamento. De
especial relevncia aqui, so os problemas encontrados na generalizao dos resultados
obtidos em ambientes fortemente controlados para o ambiente natural do indivduo. (Lovaas,
Koegel, Simmons e Long, 1973).
(...) tem havido pouco avano no desenvolvimento de uma tecnologia comportamental
para manter comportamento e assegurar a transferncia dos resultados no ambiente de
treino para ambientes onde as contingncias no sejam rigidamente controladas.
Realmente at hoje no chegamos a uma tecnologia comportamental que garanta a
transferncia dos efeitos da interveno num ambiente escolar, por exemplo, para
ambientes naturais. Mas temos uma proposta, que de estender o treino para o ambiente
natural. Ou seja, garantir as mesmas fontes de controle para as respostas em ambos os
ambientes. (Hersen, Eisler e Miller, 1975)
-
A) A QUESTO DA GENERALIZAO E O SURGIMENTO DOS MANUAIS
DE TREINAMENTO
Sobre o tpico da generalizao dos efeitos da interveno comportamental, Baer,
Wolf e Risley (1968), em um dos mais importantes artigos de toda a Anlise Aplicada do
Comportamento o artigo que inaugurou e tornou-se o mais citado do Journal of Applied
Behavior Analysis (Laties e Mace, 1993) -, definem generalidade e examinam esta questo na
pesquisa aplicada:
Pode-se dizer que uma modificao comportamental tem generalidade se ela se prova
durvel ao longo do tempo, se ela aparece em uma ampla variedade de ambientes
possveis, ou se ela se espalha para uma ampla variedade de comportamentos
relacionados. (Baer, Wolf e Risley, 1968, p; 96)
Os autores enfatizam que a generalizao no automtica, devendo ser planejada,
por exemplo, por meio da repetio da aplicao de um procedimento, em outros ambientes
para os quais se deseja que a mudana comportamental se estenda.
Algumas estratgias foram propostas na rea da anlise do comportamento para
promover generalizao. Schreibman, Koegel, Charlop e Egel (1990) salientam algumas:
tornar o ambiente onde acontece a interveno o mais semelhante possvel ao ambiente
natural; usar de esquemas intermitentes de reforamento; usar de contingncias em que o
reforamento seja natural; a "modificao seqencial" na qual a "generalizao programada
em cada condio no generalizada (entre pessoas, ambientes, estmulos)" (p. 777); e a
"generalizao mediada" em que comportamentos que so provveis de ocorrer tanto no
ambiente controlado quanto no ambiente natural e que so ocasio para a ocorrncia de
respostas alvo da interveno so utilizados (p. 777). No por acaso, no texto, o tpico que
segue ao de 'generalizao', o tpico 'treinamento de pais'.
-
Provavelmente a partir dessa preocupao com a generalizao e tambm com a
manuteno dos resultados aps a retirada da interveno comportamental aplicada por
profissionais, muitos estudos foram realizados com o objetivo de ensinar interveno
comportamental para os familiares dos indivduos que apresentavam quaisquer problemas
comportamentais na viso da sua comunidade.
A tendncia de transferir o controle do analista do comportamento para terceiros, que
fossem mais significativos no ambiente natural dos indivduos em tratamento, no caso do
tratamento de comportamentos problema, significou o treinamento no s de pais, mas de
profissionais de outras reas. A relevncia do tema da transferncia do controle para terceiros
pode ser exemplificada no livro de Bijou e Ribes-Inesta (1972), intitulado Modificao de
Comportamento: Questes e Extenses. Ali um captulo inteiro (Ayllon e Wright, 1972) foi
dedicado a esta questo.
Parece ser, em parte, como uma conseqncia da dificuldade de obteno de
generalizao de resultados de intervenes comportamentais em ambientes controlados,
aliada s constataes de que o treinamento de agentes como aplicadores da anlise do
comportamento poderia configurar uma soluo para esse problema, que se originou a
publicao de manuais de treinamento para esses agentes. Outras vantagens do uso de
manuais incluem o custo reduzido da aplicao quando feita por agentes sociais, alm da
ampliao da ao, uma vez que o analista do comportamento no o nico agente e assim
pode atender a mais famlias ao mesmo tempo (Whindholz, 2000).
Andrasik e Murphy (1977) encontraram 29 manuais de modificao do
comportamento, em relao aos quais avaliaram a facilidade de leitura (readability). Dentre
os 29 ttulos avaliados pelos autores, apenas um trazia, no ttulo, a indicao de que se dirigia
especificamente ao tratamento da populao diagnosticada com autismo ou algum tipo de
retardo.
-
Bernal e North, em um artigo de reviso publicado em 1978, j encontraram 26
manuais de treinamento de pais em modificao do comportamento, comercialmente
disponveis. Dentre os 26 ttulos, 7 eram direcionados a pais de pessoas com retardo ou
autismo. Em sua anlise, as autoras afirmam que a produo deste tipo de literatura seguiu
uma tendncia particularmente forte na anlise do comportamento, a do uso de pais como
agentes da interveno para seus filhos, por conta justamente da preocupao com a
generalizao e durabilidade dos resultados de intervenes, somada a uma diminuio da
oferta de profissionais da rea da sade mental nos Estados Unidos na dcada de 70 . Os
manuais seriam, segundo as autoras, o resultado dos esforos para desenvolver tecnologias
de tratamento que tornassem os procedimentos de tratamento necessrios operacionalizveis
(p.533).
Em um estudo mais recente, Neef, Parrish, Egerl e Sloane (1986), defenderam a
promoo do treinamento de outros agentes de aplicao da anlise do comportamento,
visando principalmente a possibilidade de manuteno das mesmas condies de controle
asseguradas no ambiente artificial em que so aplicados procedimentos para aquisio,
fortalecimento ou enfraquecimento de comportamentos no ambiente natural da criana. Esse
treinamento promoveria a generalizao das alteraes comportamentais.
B) AUTISMO - ANLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO
A Anlise do Comportamento tem hoje com inmeras alternativas de atendimento
para indivduos com autismo e parte importante do que se tem a oferecer em termos de seu
tratamento. Nos Estados Unidos h diversos programas consolidados de interveno
comportamental, em diferentes tipos de instituies e com diferentes formatos, atendendo a
diferentes necessidades da populao com autismo. Dentre os tipos de instituies -pblicas,
privadas e filantrpicas - esto escolas de educao especial que o aluno freqenta
diariamente; instituies residenciais - algumas que oferecem apenas moradia, e outras que
-
tambm so escola- ; instituies que oferecem profissionais para ensino realizado nos lares;
entre outras. Elas oferecem atendimento individualizado para os indivduos com autismo,
com programas direcionados para o atendimento das diferentes necessidades de cada um.
O autismo, por sua vez e, talvez como conseqncia do sucesso tecnolgico da
abordagem, uma importante rea de pesquisa em Anlise Aplicada do Comportamento.
Para muitos dos problemas especficos j foram feitas investigaes segundo a Anlise do
Comportamento e, a partir delas, foram propostas intervenes para eliminar ou melhorar
aqueles problemas. As reas de investigao do autismo na Anlise do Comportamento
abordam, para citar algumas questes, aquelas relativas aprendizagem formal,
aprendizagem de comportamentos mais adaptativos em relao cultura onde est inserido o
indivduo, inclusive a profissionalizao, e a eliminao de comportamentos bizarros ou que
ameaam sua sade.
Como indicativo da importncia dessa rea podem ser apresentados alguns dados de
publicao do Journal of Applied Behavior Analysis. "Atualmente, aproximadamente metade
dos artigos aparecendo no JABA tm foco na avaliao ou no tratamento de desordens de
aprendizagem ou comportamentais em deficincias de desenvolvimento." (Iwata, Bailey,
Neef, Wacker, Repp e Shook, 1995). A revista j publicou uma edio especial com 907
pginas e 82 artigos selecionados de suas publicaes em deficincias de desenvolvimento
entre 1968 e 1995. A mesma revista preparou uma seleo de artigos exclusivamente sobre o
tema autismo para as consultas pela Internet, que conta com 128 artigos publicados entre
1968 e 1992, selecionados pela revista. A disponibilizao destes dados j filtrados pela
palavra-chave autismo provavelmente reflete uma grande quantidade de consultas com este
critrio ao banco de dados da revista.
O autismo , portanto, um tema importante e presente na Anlise do Comportamento,
h pelo menos quatro dcadas. Os analistas do comportamento encontram no tema autismo
-
uma fonte importante de problemas para pesquisa e importante campo de aplicao da
tecnologia da Anlise do Comportamento para tornar a vida de indivduos com autismo e de
suas famlias mais regular.
H diversos estudos que caracterizam a atuao do pesquisador aplicado e que
mostram, inclusive, como ela vem variando durante os anos. Estes estudos fornecem bons
dados sobre a prevalncia de temas, participantes, ambientes, entre outros, das pesquisas
publicadas. Outras anlises sobre as publicaes do Journal of Applied Behavior Analysis
fornecem um retrato do cenrio passado e atual da Anlise Aplicada do Comportamento.
Em um artigo publicado em 1993, Northup, Vollmer e Serret (1993) fazem um levantamento
de todas as publicaes do JABA, durante seus primeiros 25 anos - de 1968 a 1992. A partir
dos dados coletados, os autores descrevem tendncias nas publicaes em relao a seis
categorias: tipo de artigo, participantes, agente da modificao de comportamento, ambiente
da aplicao, comportamento alvo e princpios e procedimentos. Trs categorias analisadas
por Northup e cols (1993) so principalmente pertinentes aqui: as categorias de participantes,
agentes da modificao e ambiente. Na categoria 'participantes', os resultados mostraram que
a partir de 1989 crianas com problemas de desenvolvimento tornaram-se os sujeitos
privilegiados nas intervenes relatadas, chegando muito perto de 50% do total de artigos de
1988 e crescendo ininterruptamente at atingir 75% no ltimo ano analisado, 1992.
Na categoria 'agente da modificao do comportamento', de Northup e cols (1993), durante
todo o perodo pesquisado 1968 a 1992 - o experimentador foi o agente da modificao
mais freqente dentre todos os agentes identificados, ainda que com uma pequena queda
entre 1979 e 1983. Os experimentadores lideraram na posio de agentes da modificao
participando em mais de 50% dos estudos (em 17 dos 25 anos analisados). Professores
estiveram sempre em segundo lugar no ranking de quem manipulou as variveis de controle
do comportamento a ser modificado, porm com percentual muito abaixo dos
-
experimentadores. Os professores foram agentes da modificao em menos de 25% dos
estudos entre 1975 a 1991 e nunca chegaram a 50%. Os pais participaram muito pouco
enquanto agentes da modificao, nunca atingindo mais do que 9% dos estudos em qualquer
dos anos analisados, ainda que tantas crticas aos problemas de generalizao dos resultados
tenham sido feitas nos primeiros anos de aplicao.
Finalmente, a anlise de Northup e cols. (1993) em relao aos ambientes em que a
aplicao ocorreu nos estudos publicados nos Journal of Applied Behavior Analysis entre
1968 e 1992, mostra que a escola foi o ambiente privilegiado, enquanto que a casa, apesar de
apresentar-se como uma tendncia crescente de ser o ambiente para a interveno no
comportamento, sempre foi o segundo ambiente mais freqente, participando com menos de
30% das publicaes at 1985.
As consideraes de Northup e cols (1993) sobre participantes e ambientes de
interveno do apoio e valorizam as pretenses do presente estudo - de analisar manuais
sobre atendimento de autismo - enquanto se relacionam com as argumentaes colocadas ao
longo deste texto, no tocante aos problemas de generalizao dos efeitos da interveno
comportamental no repertrio das crianas.
Essas concluses sobre importncia do autismo enquanto rea de atuao da anlise
do comportamento, em certo sentido, so confirmadas quando se , utiliza um outro filtro na
consulta eletrnica s paginas do Journal of Applied Behavior Analysis; a palavra-chave
parent training (treinamento de pais). Fazendo uma busca com este filtro, apenas 34
artigos so encontrados. Uma anlise mais minuciosa dos ttulos desses 34 artigos (entre
1972 e 1998) mostra que a grande maioria envolve interveno sobre uma topografia
especfica do repertrio dos sujeitos. H apenas um artigo de reviso de manuais de
treinamento de pais, de 1978, citado anteriormente (Bernal e North, 1978).
-
C) MANUAIS DE TREINAMENTO EM INTERVENO
COMPORTAMENTAL COM CRIANAS AUTISTAS E COM OUTRAS
DEFICINCIAS DE DESENVOLVIMENTO
Na dcada de 80, nos Estados Unidos, um autor se destacou, dentre os produtores de
tecnologia em anlise do comportamento no tratamento de crianas com deficincias de
desenvolvimento, na tarefa de transformar em livro sua experincia institucional de
tratamento de indivduos autistas. Este autor O. Ivar Lovaas. Aproveitando sua vasta
experincia na rea, adquirida durante os anos em que se dedicou, com seus colaboradores, a
implementar programas de anlise aplicada do comportamento em instituies, o autor
publicou, em 1981, um manual de treinamento para pais de crianas com autismo, que
abrange todas as reas abordadas no tratamento feito nas instituies onde trabalharam.
tamanha a importncia da questo da generalizao, j abordada aqui, que Lovaas
(1981) prefacia seu livro, dedicado a ensinar interveno comportamental a pais de crianas
com deficincias de desenvolvimento, indicando aos leitores um artigo seu (Lovaas, Koegel,
Simmons e Long, 1973), em que ele e seus colaboradores analisam esta questo da
generalizao dos efeitos da interveno. Ainda no Prefcio, o autor relata os erros que ele e
sua equipe cometeram no de seu trabalho com essa populao. Lovaas destaca como um dos
erros a institucionalizao versus tratamento em ambiente natural da criana. Na introduo
ao mesmo trabalho de 1981, o autor enumera cinco mudanas que ele considera terem sido
essenciais em relao quelas primeiras aplicaes, dentre as quais est que [o] ensino foi
colocado nas mos dos professores e pais das crianas (p. x)
No Brasil, um nico manual de treinamento de pais e professores foi publicado. A
autora, Margarida Windholz, transformou, em 1988, sua extensa experincia institucional em
um manual de ensino da implementao de um programa de interveno comportamental
para a populao com deficincias de desenvolvimento.
-
Na dcada de 90, muitos manuais foram publicados nos Estados Unidos, dirigidos a
pais e profissionais, para o ensino da interveno comportamental baseada na anlise
Aplicada do Comportamento.
O presente estudo analisou material de instruo para implementao de programas
de interveno comportamental, restringindo-se a: 1) programas de treinamento em
interveno comportamental comercialmente disponveis em forma de manuais; 2) que
fossem dirigidos a pais e/ou professores; 3) que tivessem como populao alvo da
interveno indivduos com diagnstico de autismo e outras deficincias de desenvolvimento.
Nem todos os textos com estas caractersticas foram analisados neste estudo. Para tornar
factvel o trabalho foram selecionados alguns trabalhos apenas.
Os livros analisados aqui, receberam o nome de manuais. Este termo usado para
especificar um texto que se classifica como de literatura comercialmente disponvel, de
treinamento de pais e profissionais na implementao de programas comportamentais de
interveno em forma de pacotes de instruo.
O material impresso foi lido e categorizado com o objetivo de se fazer um
levantamento sistemtico do que os manuais de treinamento em interveno comportamental
para crianas com deficincias de desenvolvimento selecionados ofereciam. Com esta
avaliao, informao relevante sobre de que constam as intervenes comportamentais deste
carter foram produzidas e sistematizadas. O desmembramento da anlise em categorias e
subcategorias visou detalhar o contedo do material e permitir a comparao entre os
mesmos.
Esta informao, extrada dos manuais e cuidadosamente sistematizada, poderia servir
de modelo para outras avaliaes de propostas de programas de interveno
comportamental, tanto apresentadas em livros quanto em servios oferecidos em escolas e
outros tipos de instituies, e at em prticas mais particulares, como as de home training.
-
Esta , ento, a caracterstica do presente estudo que lhe concede alguma relevncia:
dada a enorme oferta de programas de interveno e de estudos na rea, a produo de um
material at certo ponto padronizado - com critrios de levantamento e avaliao dos dados -
que sirva de guia para a caracterizao e para a avaliao de propostas de interveno
comportamental na rea das deficincias de desenvolvimento, parece importante.
Um outro aspecto do presente estudo que parece relevante o olhar para um tipo de
literatura to especfico. H manuais tradicionais de anlise aplicada do comportamento, que
abordam a rea de maneira abrangente, apresentando e discutindo a produo dos analistas do
comportamento na rea aplicada, conceitos e procedimentos bsicos, instrues de aplicao,
reas especficas:
Parenting, educao, problemas severos (deficincias de desenvolvimento,
autismo infantil e esquizofrenia), terapia clnica, auto-gerenciamento e problemas
pessoais, cuidados mdicos e de sade, gerontologia, psicologia comportamental
comunitria, negcios, indstria e governo, psicologia do esporte. (Martin &
Pear, 1999, pp. 12-23)
Um bom exemplo desse tipo de publicao o manual de Martin e Pear, editado seis
vezes entre 1978 e 1999. No entanto, apesar da retirada de nfase em questes de diagnstico
tradicionais de transtornos comportamentais, e migrao da nfase para a avaliao das
condies comportamentais de adequao e desempenho independente no ambiente natural,
que caracteriza a anlise aplicada do comportamento, a quantidade de publicaes em uma s
dessas reas de aplicao justifica o olhar to cuidadoso para seu contedo e proposta.
Mas o que dizer de manuais especficos para o atendimento de autistas? Um dos
objetivos deste estudo caracterizar a especificidade dos manuais de treinamento em
interveno comportamental na rea especfica do autismo / deficincias de desenvolvimento.
-
Como possibilidade de discusso dos resultados obtidos, colocam-se, ento, as
perguntas:
- Considerando as caractersticas de repertrio - designadas como deficincia - comuns
ao pblico-alvo das intervenes analisadas, as propostas contidas ns manuais
oferecem meios de intervir nas contingncias e modificar estas caractersticas? Isto,
tendo em vista que, sob a tica da anlise do comportamento, uma boa interveno
consistiria da identificao dos comportamentos envolvidos na instalao e na
manuteno desses padres comportamentais atpicos e na manipulao das condies
ambientais como meios de instalar novos repertrios mais adaptativos, ou normais.
- A publicao de manuais, como os analisados, pode contribuir para a atuao do
analista do comportamento na rea especificada?
- Os manuais analisados contribuem efetivamente para que pais possam estabelecer
seus prprios programas de interveno?
- Uma vez que os manuais propem programas que sistematizam uma certa prtica, a
sua anlise sistemtica poderia contribuir para a formulao de problemas de
pesquisa?
- a pesquisa se aproveitar desse material para valid-lo e/ou propor aperfeioamento?
MTODO
A. SELEO DAS FONTES DE DADOS
A revista The Journal of Applied Behavior Analysis (JABA) foi consultada via website
em busca de artigos de reviso de manuais de treinamento em interveno comportamental
para crianas com autismo e outras deficincias de desenvolvimento.
A revista JABA foi selecionada para a busca deste tipo de material de reviso por ser a
revista de maior publicao de pesquisas comportamentais aplicadas. E por ter
representatividade significativa de artigos da rea de deficincias de desenvolvimento. No
-
foram encontrados artigos de avaliao sistemtica de programas de interveno
comportamental completos, para essa populao especfica. Completos no sentido de que
tratavam de diversas habilidades e no apenas focalizavam uma ou duas delas como, por
exemplo, treino de toalete, ou respostas inadequadas como agresso.
Foi, ento, feito um levantamento direto das publicaes de manuais comercialmente
disponveis, com o objetivo instruir pais e professores na implementao de uma interveno
comportamental com crianas com autismo e outras deficincias do desenvolvimento. O
levantamento foi feito por meio de:
1. Levantamento bibliogrfico dos artigos de treinamento de pais nas referncias
bibliogrficas de alguns manuais e dos artigos encontrados; alm da prpria JABA.
2. Levantamento dos ttulos disponveis por meio de busca eletrnica em livrarias que
mantm sites na Internet (Livraria Cultura, Amazon e Barnes and Noble).
3. Indicao de profissionais da rea.
4. Consulta a duas listas de discusso sobre o tema Anlise Aplicada do Comportamento /
Autismo na Internet: Me-List e AutismABA.
B. SELEO DOS MANUAIS
A partir do levantamento inicial dos manuais j publicados foi feita uma segunda
seleo com os seguintes critrios.
1. Pblico alvo.
1.1. do treinamento: pais e professores.
1.2. da interveno: indivduos com autismo ou outras deficincias do desenvolvimento..
Todos os livros que atenderam a esses critrios foram pr-selecionados. Tambm foram
selecionados livros sobre os quais as informaes obtidas com as resenhas disponveis no
permitiam a deciso prvia a respeito da incluso ou no no material a ser analisado. Neste
caso, o critrio de seleo foi:
-
a) Ttulo: quando o ttulo indicava que a publicao se insere nos critrios acima.Autor:
quando os autores apareceram nas outras selees.
b) Informaes contidas em material de divulgao.
Estes critrios originaram a seguinte lista de livros:
1. O. Ivar Lovaas (1981). Teaching developmentally disabled children: The Me Book.
Texas: PRO-ED, Inc..
2. Richard M Foxx (1982). Increasing behaviors of persons with severe retardation and
autism. Illinoi: Research Press.
3. Raymond G. Romanczyk (1981) How to create a curriculum for autistic and other
handicapped children. Texas: PRO-ED, Inc.
4. Margarida H. Windholz (1988). Passo a passo, seu caminho: Guia curricular para o
ensino de habilidades bsicas. So Paulo: Edicon.
5. Robert L. Koegel & Lynn K. Koegel (1995). Teaching children with autism: strategies for
initiating positive interactions and improving learning opportunities. Baltimore: Paul H.
Brookes.
6. Kathleen Ann Quill (1995). Teaching children with autism: strategies to enhance
communication and socialization. Delmar Publishers Inc.
7. Catherine Maurice (Ed.) (1996) Behavioral intervention for young children with autism.
Texas: PRO-ED, Inc.
8. Lorelei B. A. Dake, Sabrina Freeman & Isaac Tamir (1996). Teach me language: A
language manual for children with autism, Asperger's Syndrome and related
developmental disorders. SKF Books.
9. Bruce L. Baker, Alan J. Brightman, Jan B. Blacher, Louis & J. Heifektz (1997). Steps to
Independence: teaching everyday skills to children with autism. Baltimore: Paul H.
Brookes.
-
10. Martin A. Kozlof (1998). Reaching the autistic child: A parent training program.
Brookline Books, Inc.
11. Karen L. Sewell (1998). Breakthroughs: How to reach students with autism. Attainment
Company, Inc.
12. Sandra Harris & Mary Jane Weiss (1998). Right from the start: behavioral intervention
for young children with autism. A guide for parents and professionals. Bethesda:
Woodbine House.
13. Lynn E. McClannahan & Patricia J. Krantz (1998). Activity schedules for children with
autism: teaching independent behavior. Woodbine House.
14. Ron Leaf, John McEachin, Jaisom D. Harsh (1999). Work in progress: behavior
management strategies & curriculum for intensive behavioral treatment of autism. D R L
Book, LLC.
15. Kathleen McConnel Fad, James R. Patton & Edward A. Polloway (2000). Behavioral
intervention planning: completing a functional behavioral assessment and developing a
behavioral intervention plan. Texas: PRO-ED, Inc.
16. Kathleen Ann Quill (2000). Do-Watch-Listen-Say: social and communication
intervention for children with autism. Paul H. Brookes
C. SELEO FINAL DAS FONTES DE DADOS
Dentre os livros listados alguns j estavam disponveis e foram selecionados
definitivamente. Estes livros eram The Me-Book, de Ivar Lovaas, os manuais de Catherine
Maurice e Margarida Windholz. Estes trs livros serviram como modelos do que se definiu
como critrio de seleo:
pblico-alvo do manual: pais e professores;
pblico-alvo da interveno: crianas autistas ou com outras deficincias de
desenvolvimento;
-
contedo: currculo para instalao de respostas.
Foi necessria a definio do que seria considerado um currculo. Da leitura dos trs
manuais disponveis, decidiu-se considerar-se como um currculo uma proposta de ensino da
qual constassem, no apenas o contedo a ser ensinado, ou analisando
comportamentalmente, e as respostas que deviam ser instaladas, mas tambm a maneira pela
qual se instalaria as respostas alvo, comportamentalmente falando, os procedimentos de
instalao. Windholz (1988) define, nas palavras de Romanczyc e Lockshin (1981):
A palavra currculo definida formalmente como uma seqncia de matrias que
compem um curso de estudos, como por exemplo o currculo do curso de
Medicina, de Psicologia, Do SENAI. Em muitas escolas primrias e secundrias o
currculo uma compilao seqenciada de materiais e livros que o aluno deve
superar. Dentro do contexto da educao especial e da educao pr-primria, o
currculo pode especificar os tipos das seqncias de atividades e os materiais aos
quais uma criana ser exposta. No entanto, segundo nossa proposta, um
currculo um documento, que especifica em detalhe a seqncia de
comportamentos que uma criana deve adquirir para obter proficincia em vrias
reas de desenvolvimento. (p. 21).
Neste estudo, utilizamos um conceito de currculo que um pouco mais amplo do a
definio acima. Com base nos manuais j disponveis, Lovaas (1981), Windholz (1988) e
Maurice (1996), ampliamos o critrio de seleo que o currculo, alm de apresentar a
seqncia de comportamentos a serem ensinados, expusesse os componentes metodolgicos
da interveno.
Em conseqncia disso, alguns dos livros listados foram excludos da proposta de
anlise por no preencherem um ou mais destes critrios de seleo. Considerando, ento, os
-
critrios de seleo definidos e a disponibilidade dos manuais (a possibilidade d obt-los) ,
foram selecionados os seguintes livros, listados no Quadro 1.
Quadro 1. Seleo dos manuais para anlise.
Autor Ano de
publicao Editora Edio
1
O. Ivar Lovaas
1981
PRO-ED
1a.
2
Margarida Windholz*
1988
Edicon
1a.
3
Catherine Maurice
1996
PRO-ED
1a.
4
Bruce Baker e Alan Brightman*
1997
Paul Brooks
1a.
5
Mark Sundberg e James Partington
1998
Behavior
Analysts
1a.
6
Ron Leaf e James McEachin
1999
DRL
1a.
No entanto, aps alguns meses de coleta de dados, uma nova deciso sobre a adoo
dos manuais listados como fonte de dados teve de ser tomada. Por questes de restrio de
tempo, dois manuais tiveram que ser abandonados, aps a descrio geral efetuada. No
houve outro critrio, para a excluso dos manuais de Windholz e de Baker e Brgihtman, alm
da ordem em que acabaram sendo analisados os manuais.
-
Assim, no presente estudo foram analisados os quatro manuais destacados no Quadro
1.
E. ANLISE DO MATERIAL
Durante a leitura dos manuais selecionados, instalou-se um longo processo de
investigao de possveis maneiras de caracterizar cada livro, mas tambm de caracterizar a
interveno comportamental na rea de autismo/ deficincias de desenvolvimento, com base
neles.
Aps cuidadosa leitura dos manuais, mais de uma vez cada um, ficou definido que a
unidade de anlise deste estudo seria o programa de ensino. O programa de ensino, como
aqui estabelecido, o agrupamento de alguns treinos, de determinadas respostas, em uma
mesma unidade (em geral definindo um captulo do manual).
Identificados os programas de ensino agrupamento de treinos de cada um dos
quatro autores analisados, procedeu-se com a anlise de cada programa, feita desmembrando-
se cada treino em termos de contingncias.
Uma vez realizada essa descrio das contingncias envolvidas em cada treino, foi
possvel definir que os comportamentos a serem treinados poderiam ser divididos em
agrupamentos segundo um 'critrio funcional' que englobava todas as respostas envolvidas
naquele grupo.
A diviso em "classes funcionais' beneficiou-se da maneira de apresentao dos
treinos de um dos manuais analisados, o de Sundberg e Partington, que serviu de base para
esta classificao
Desta maneira, todos os treinos apresentados pelos quatro autores foram agrupados,
primeiro como treinos que envolviam o desenvolvimento de comportamento verbal ou no
verbal. Os treinos que envolviam comportamento verbal foram, ento classificados segundo
-
conjuntos conjunto de comportamentos verbais distintos.cat Foi realizada, portanto, uma
remontagem dos treinos de cada autor, agrupados por repertrio.
Alm dos programas de ensino, os manuais forma analisados segundo seu contedo
com relao a como apresentavam seus programas e sua proposta de interveno.
Assim, foi possvel obter resultados sobre seis aspectos caractersticos dos manuais:
(Quadro 2):
Quadro 2. Definio dos aspectos analisados
Aspectos Descrio
1. Pblico-alvo
do manual
o tipo de leitor a quem se destina o material
2. Pblico-alvo
da interveno
informaes sobre a especificidade da populao a quem o material atende
3. Objetivos do
manual
definio do escopo de sua proposta
4. Organizao
do manual
como o autor agrupa as informaes e quais so as informaes
apresentadas em cada agrupamento
5. Repertrios
verbais
como se agrupam os treinos apresentados e quais so as contingncias
envolvidas em cada um
6. Seqncia de
treinos
ordem sugerida de implementao dos treinos
Na anlise dos manuais considerou-se, ainda:
-
a) a apresentao dos conceitos fundamentais da anlise do comportamento
envolvidos na interveno;
b) os principais procedimentos de instalao e eliminao de respostas;
c) os cuidados com a preparao do ambiente fsico ideal para a interveno;
d) a seleo de reforadores.
No entanto, no so apresentados resultados relativos a estes aspectos, porque a sua
anlise indicou que estas no eram caractersticas que diferenciavam estes manuais de
tantos outros de anlise do comportamento. Considerou-se, assim, dado o escopo do
presente trabalho, que estes no eram os aspectos mais relevantes a destacar.
RESULTADOS
Os resultados da anlise dos quatro manuais de treinamento de pais e professores em
interveno comportamental especialmente dirigida a indivduos com deficincias de
desenvolvimento, mostraram que possvel produzir uma descrio unitria que
caracterize a interveno, porm com algumas restries.
Uma primeira concluso possvel a de que h consistncia entre os quatro textos, no que se
refere a:
1. o contedo proposto em termos de habilidades a ensinar;
2. as respostas cuja eliminao sugerida;
3. os procedimentos propostos para instalao e eliminao de respostas.
Estas trs frases poderiam ser assim reunidas: os quatro manuais propem promover a
aquisio de repertrios e o estabelecimento de controle de estmulos para determinadas
respostas - agrupadas em conjuntos chamados de programas de ensino - por meio de alguns
procedimentos bsicos. Ainda apresentam propostas para lidar com comportamentos que se
apresentem como problema para a criana e sua famlia.
-
Duas diferenas significativas entre os manuais so o modo de agrupamento dos
programas de ensino e o universo de programas propostos. Numa tentativa de tornar
comparveis as diversas propostas, optou-se por agrupar os treinos com os mais diferentes
rtulos, com base (embora no exclusivamente) nos agrupamentos propostos por Sundberg e
Partington (1988). Estes autores dividem os comportamentos para os quais propem
procedimentos de instalao fundados na anlise de comportamento verbal de Skinner.
Essa deciso metodolgica exigiu que todos os treinos dos outros autores fossem
desmembrados e os comportamentos alvo reclassificados de acordo com a proposta de
Sundberg e Partington. Para isto foi necessrio fazer uma anlise das contingncias
envolvidas na instalao na proposta de cada programa de treino de cada um dos manuais
apresentados. Para cada treino, ou programa, proposto, respeitando-se e registrando a ordem
na seqncia de treinos proposta, registrou-se quais eram os antecedentes no verbais e
verbais e qual a resposta alvo. (No se registrou a conseqncia porque sempre de liberao
de reforo contingente emisso da resposta). Os treinos / programas, uma vez assim
descritos, puderam ento ser classificados em conjuntos que chamamos de 'repertrios' a
serem instalados. Para cada manual, construiu-se, ento, um quadro, que se encontra no
Anexo 1.
A partir destes quadros, procedeu-se anlise.
Por questes de organizao da apresentao dos resultados, os comportamentos a
serem instalados e os respectivos procedimentos sero apresentados separadamente daqueles
que dizem respeito eliminao de comportamentos.
Os treinos de respostas de autocuidado no foram includos na presente anlise. Alm
de no constarem em todos os manuais analisados, o levantamento feito durante a coleta dos
dados indicou que no h grandes diferenas entre os treinos quando foram propostos. Os
manuais de Sundberg e Partington e de Maurice no apresentam programas especficos para
-
esse tipo de treino. Sundberg e Partington no abordam o assunto. E Maurice o faz apenas
como exemplo de procedimento de encadeamento, apesar desse repertrio constar da diviso
que faz das respostas a ensinar em currculos em trs nveis de dificuldade.
I. APRESENTAO GERAL
Os resultados so apresentados em trs partes. Na primeira parte os quatro manuais
analisados so descritos detalhadamente em relao a:
a) pblico-alvo do manual;
b) pblico-alvo da interveno;
c) objetivos do manual;
d) organizao do manual.
Ainda que o pblico-alvo, tanto da interveno quanto do manual, tenha sido um dos
critrios de seleo do livro para anlise, sero apresentadas breves descries individuais
dos manuais em relao a estes tpicos. Os objetivos dos manuais tambm foram um critrio
para que o livro fizesse parte do estudo. Assim, apenas livros que apresentam propostas de
interveno comportamental para o ensino de indivduos com deficincias de
desenvolvimento poderiam ser analisados. Ainda assim, optou-se por apresentar uma
pequena descrio individual.
Na parte c, onde so apresentadas as caractersticas de organizao dos manuais,
feita uma descrio dos assuntos apresentados em cada captulo e um pequeno resumo dos
pontos mais importantes de cada um deles.
Teaching The Developmentally Disabled Children The Me Book - IVAR LOVAAS
(1981)
Pblico-alvo do manual e Pblico - alvo da Interveno
Lovaas (1981) afirma ter escrito seu manual, publicado em 1981, para um pblico-
alvo de pais e professores de indivduos, de qualquer idade, diagnosticados com deficincias
-
de desenvolvimento, ou seja, pessoas retardadas no desenvolvimento comportamental, seja
resultante de retardo mental, dano cerebral, autismo, afasia severa, transtorno emocional
severo, esquizofrenia infantil, ou qualquer outro dentre diversos transtornos (p. 1).
Objetivos do manual
O objetivo do manual de Lovaas instruir pessoas que desejam aprender a realizar
uma interveno comportamental com crianas diagnosticadas com deficincias de
desenvolvimento. Mais especificamente, seu currculo direcionado para o estabelecimento
de um programa residencial (home-based) de ensino de habilidades bsicas para a populao
definida.
Organizao do manual
As 250 pginas do manual de Lovaas so organizadas em sete sees, que agrupam
38 captulos. A primeira seo, denominada Informaes Bsicas, formada por 4
captulos.
No primeiro captulo (12 pginas) so apresentados os processos
bsicos envolvidos no ensino. Lovaas aborda a seleo de reforadores5,
reforadores positivos, esquiva, esquemas de reforamento e a questo da
individualidade dos reforadores. O mesmo captulo ainda aborda os
conceitos de aquisio e extino, punio estmulos aversivos, time-out,
overcorrection, regras para o uso de punio-, e modelagem. O autor ressalva:
Recompensas, punies, overcorrection, modelagem e dicas so apenas
alguns dos conceitos que devem ser entendidos antes que voc possa ensinar
SEO I
INFORMAES
BSICAS
5 Lovaas utiliza o termo recompensa como sinnimo de reforador. Recompensas positivas , ou positivos,
como s vezes as chamamos, so referidas como reforadores positivos na literatura tcnica. Ns usamos estes
termos intercambiavelmente" (p. ..). 6 Do ingls tantruns
-
os programas para sua criana. (p. 11).
No segundo captulo (5 pginas), Lovaas aborda a questo do uso da
punio fsica, dos critrios na deciso de utiliz-la, e indica
comportamentos especficos para os quais sugere seu uso.
As caractersticas comportamentais do pblico-alvo da interveno,
crianas com deficincias de desenvolvimento, so o assunto do Captulo 3 (07
pginas). Os comportamentos apresentados so: birras6 excessivas, auto-
estimulao os chamados comportamentos disruptivos-, problemas
motivacionais, e problemas de ateno.
O Captulo 4 (05 pginas) aborda o registro do comportamento, mais
especificamente das respostas de auto-destruio e auto-estimulao, que o
autor sugere serem registradas em termos de freqncia.
Ao final da Seo 1, assim como ao final das outras, Lovaas apresenta
as referncias bibliogrficas e sugere leituras adicionais sobre os temas
discutidos. Estas leituras incluem tanto livros quanto artigos de revistas
cientficas.
PUNIO
FSICA
CARACTERS-
TICAS DO
PBLICO-ALVO
REGISTRO
A segunda seo do livro de Lovaas, com trs captulos, denominada
Preparando-se para aprender. Um captulo dessa seo (Captulo 5, 03
pginas) descreve, passo a passo, programas para ensinar o que o autor chama
de comportamentos preparatrios (p. 43), que so aqueles que devem estar
antes que quaisquer outras habilidades sejam selecionadas para: sentar,
sentar direito e manter mos quietas.
O Captulo 6 (03 pginas) apresenta um programa para direcionar e
SEO II
PREPARANDO-
SE PARA
APRENDER
ATENO
-
manter a ateno do aluno (p. 49). O programa consiste em ensinar a criana
a seguir duas instrues verbais orais dadas pelo professor olhe para mim
e me abrace.
O Captulo 7 (05 pginas), descreve programas para eliminar
comportamentos interferentes que devem ser eliminados antes que seu aluno
esteja pronto para aprender (p. 43), definidos como comportamentos que o
aluno usa para evitar trabalhar ou que interferem no ensino (p. 53). Os
procedimentos propostos so extino, time-out e o uso do No como
conseqncia aversiva, caso outros procedimentos no funcionem, ou sejam
difceis de implementar.
INSTRUO
ELIMINAO
DE RESPOSTAS
A terceira seo do livro de Lovaas (50 pginas) introduz o ensino de
duas habilidades bsicas: 1. imitao de movimentos (Captulo 8, 09 pginas),
uma poderosa ferramenta de ensino, (...) provavelmente a primeira maneira
pela qual crianas normais aprendem com a sociedade adulta. (p. 59); 2.
Emparelhamento de estmulos (Captulo 9, 09 pginas).
O Captulo 10 (08 pginas) delineado para ensinar seu aluno a
entender algo do que lhe dito. (p. 81). Basicamente, o programa apresentado
destina-se a ensinar a habilidade de seguir instrues verbais orais do
professor, chamada por Lovaas de linguagem receptiva porque o aluno
ensinado a receber sua mensagem verbal e a agir apropriadamente em
resposta quela mensagem. (p. 81). Nos captulos da seo trs, comea a
aparecer o conceito de pr-requisito. Isto , o autor comea a indicar que a
aprendizagem de uma determinada habilidade depende do ensino prvio de
uma outra habilidade.
SEO III
IMITAO,
EMPARELHA-
MENTO,
LINGUAGEM
INICIAL
REPERTRIO
DE OUVINTE
ECOS
-
Dando seqncia ao ensino de linguagem inicial (pp. 59, 61), Lovaas
apresenta um programa de imitao de sons e palavras (Captulo 11, 10
pginas), os primeiros passos para ensinar seu aluno como falar. (p. 89)
O Captulo 12 (09 pginas), ainda na seo trs Preparando-se para
aprender delineia um programa que aproveita as habilidades adquiridas
como base para o ensino (p. 99) para ensinar atividades recreacionais,
como brincar com diferentes brinquedos, desenhar e escrever.
O Captulo 13 (06 pginas) finaliza a seo trs, com explicaes e
instrues sobre generalizao e manuteno e registro de progresso.
importante salientar que, apesar deste captulo ser o dcimo terceiro, em todos
os programas apresentados por Lovaas, h ao menos um pargrafo com
instrues para generalizao do comportamento aprendido.
BRINCAR
GENERALIZA-
O E
MANUTENO
A quarta seo do manual de Lovaas tem dezessete pginas e agrupa
quatro captulos, todos sobre habilidades de auto-cuidado (p. 115). O
primeiro captulo da seo sobre habilidades de auto-cuidado (Captulo 14, 02
pginas) apresenta um programa de alimentao. O segundo captulo da seo
(Captulo 15, 04 pginas) apresenta um programa de treino de toalete (p.
119). Os Captulos 16 (04 pginas), 17 (02 pginas) e 18 (04 pginas)
apresentam, respectivamente, programas para o ensino de vestir, pentear os
cabelos e escovar os dentes. Segundo Lovaas, Os programas para ensinar
habilidades de auto-cuidado neste livro so introdutrios, e muitos podem
acabar sendo inadequados para seu propsito. (p. 115). Como alternativa para
esse caso, Lovaas indica duas outras fontes de programas de ensino de auto-
cuidado, que, segundo ele, foram usadas por ele e sua equipe.
SEO IV
HABILIDADES
BSICAS DE
AUTO-
CUIDADO
-
Nas Sees cinco e seis, respectivamente, Lovaas volta a tratar em
ensino de linguagem, em sua classificao, linguagem intermediria (p. 133)
e linguagem avanada (p. 163). O autor aborda em dois aspectos da fala7,
receptivo e expressivo (p. 133), que devem ser ensinados concomitantemente.
O autor justifica a classificao da fala nesses dois aspectos: linguagem
receptiva designaria linguagem como um input de informao, ns
ensinamos [o aluno] a receber o que dito (p. 133). Ensinar linguagem
expressiva definido por Lovaas como ensinar [o aluno] a expressar o que
ele v. (p. 133).
SEES V E
VI:
LINGUAGEM
Os programas de linguagem intermediria abrangem o seguinte:
Captulo 19 (04 pginas) - nomeao8 receptiva de objetos (p. 135), que
nada mais do que a instalao de comportamentos de ouvinte; Captulo 20
(04 pginas) nomeao expressiva de objetos (p. 139) -, ou seja, ensino de
tatos; Captulo 21 (04 pginas) nomeao receptiva de aes (p. 143) -,
continua a aquisio do repertrio de ouvinte, porm com a realizao de
aes por parte do aluno que segue a instruo (mando) do professor.
Posteriormente, o aluno deve ser ensinado a identificar aes em figuras. Ou
seja, a resposta do ouvinte muda de desempenhar uma ao para apontar para
um estmulo visual; Captulo 22 (02 pginas) nomeao expressiva de
aes (p. 147).
O Captulo 23 (04 pginas), ainda na seo de ensino de linguagem
intermediria, apresenta um programa para remediar dois possveis
repertrios verbais inadequados, definidos como ecolalia e fala psictica (p.
149).
SEO V
LINGUAGEM
INTERMEDI-
RIA
IDENTIFICAR
TATOS
SEGUIR
INSTRUES
ECOLALIA
7 Do ingls spech.
8 Do ingls naming
-
149).
O ltimo captulo da seo de ensino de linguagem intermediria,
Captulo 24, apresenta consideraes sobre a linguagem de sinais vantagens,
desvantagens e procedimento de ensino.
LINGUAGEM
DE SINAIS
A parte do programa de Lovaas dedicada linguagem avanada,
Seo VI, tem seis captulos. Em cada captulo Lovaas expe um programa
para o ensino de repertrios verbais sob controle de dimenses especficas dos
estmulos. O controle por dimenses simples e relacionais (cor, tamanho,
forma) est no Captulo 25 (04 pginas. O Captulo 26 (03 pginas) prope um
programa para instalao de respostas verbais que envolvem relaes espaciais
entre objetos (embaixo, acima, dentro).
Um programa para instalao de respostas verbais que envolvem
relaes de posse (meu, seu), proposto no Captulo 27 (03 pginas), com o
objetivo de ensinar (...) linguagem que lida com relaes pessoais. (p. 173).
Estes programas tambm so divididos, assim como os demais programas de
ensino de comportamento verbal, em treino receptivo (p. 165) e treino
expressivo (p. 166)
Os conceitos de tempo (p. 177) (primeiro, ltimo) Captulo 28 (02
pginas) tambm so parte da seo de ensino de linguagem avanada.
Sim e no e o uso de frases curtas so os alvos dos programas
apresentados nos Captulo 29 (02 pginas) e Captulo 30 (04 pginas).
Novamente Lovaas faz uma ressalva importante sobre os limites de seu
manual: Lembre-se que o programa de linguagem neste livro uma
introduo linguagem (...). Se voc sente que est fazendo progresso, e quer
fazer mais do que sugerido aqui, ento voc pode querer ler sobre a extenso
SEO VI
LINGUAGEM
AVANADA
RELAES
ESPACIAIS
ENTRE
ESTMULOS
POSSE
-
fazer mais do que sugerido aqui, ento voc pode querer ler sobre a extenso
deste programa num livro especificamente sobre o ensino de linguagem (...).
(p. 134). Ele, ento, indica um livro de sua autoria.
Finalmente, na Seo VII do manual de Lovaas, que ele classifica como a
recompensa do professor, pela diverso que ensinar nesse nvel (p. 185),
o ensino de comportamentos importantes em ambientes comunitrios (p.
187) so propostos no Captulo 31 (04 pginas), bem como o manejo de
problemas que os alunos podem apresentar quando nesses ambientes.
No Captulo 32, denominado ensinando sobre sentimentos (p. 191), Lovaas
prope que se ensine ao aluno identificar e descrever sentimentos (...) nos
outros e neles mesmos (p. 191). O ensino de afeio (p. 193) justificado
como: (...) exceto as mais rudimentares expresses de emoes, como raiva, e
outros sentimentos tm que ser ensinadas; no mnimo, suas expresses devem
ser modeladas por outras pessoas que se importem com o aluno. (p. 193). O
treino de assertividade e a superao de medos, tambm so propostos.
O Captulo 33 (04 pginas) versa sobre o ensino do mais avanado atributo
da linguagem (p. 199), segundo Lovaas: a fantasia (p. 199): respostas de
imaginar e interpretar. No Captulo 34 (05 pginas), Lovaas prope o ensino
de aprendizagem observacional (p. 203), ou seja, ensinar a criana a
aprender por observao (p. 204). O Captulo 35 (05 pginas) apresenta
estratgias para construir espontaneidade (p. 209) e discute o controle do
comportamento no sentido no tcnico da expresso.
Os ltimos captulos do livro de Lovaas (Captulos 36, 37, 38), concentram-se
SEO VII
EXPANDINDO O
MUNDO DO
SEU FILHO
EVENTOS
PRIVADOS
INTERPRETAR
9 No original, home treatment model
-
na escolarizao da criana. Estes captulos so importantes, pois colocam a
posio do autor sobre a educao em casa9 (modelo que ele apresenta no
manual). No Captulo 36 (07 pginas), o autor aborda critrios para selecionar
uma escola, salienta a questo da generalizao dos comportamentos
adquiridos pela criana em outros ambientes para o ambiente escolar, entre
outras questes. No Captulo 37 (11 pginas), Lovaas expe caractersticas que
ele considera importantes em uma escola de educao especial.
Lovaas encerra seu livro com um captulo (Captulo 38) (10 pginas) que
sumariza alguns dos problemas comuns que podem ser encontrados nos
programas de ensino comportamental para crianas com deficincias de
desenvolvimento. (p. 235). Diversos aspectos que foram explorados ao longo
do livro, em diferentes captulos so retomados.
ESCOLA
Behavioral Intervention For Young Children With Autism Maurice, Green and Luce
(1996)
Pblico-alvo do manual
O manual de Catherine Maurice, coeditado por Gina Gren e Stephen Luce tem, como
pblico-alvo, pais de crianas diagnosticadas com autismo. Os autores informam que
pretendem oferecer aos pais informao sobre a questo da interveno precoce para
autismo e resultados atuais de pesquisas. (p. 6). Na leitura da introduo, escrita por
Maurice, fica claro seu pblico-alvo especifico leitores.
Pblico-alvo da interveno
O pblico-alvo da interveno so crianas com autismo, como o prprio ttulo
esclarece. O ttulo do livro, alis, no deixa dvidas sobre a especificidade da interveno
proposta, para um determinado diagnstico e uma dada idade da populao: crianas jovens.
-
Uma deciso-chave que eu e Stephen [Luce] tomamos logo cedo, foi
concentrar nossos esforos na populao jovem . No que ns sustentemos
que as necessidades de adolescentes ou adultos sejam menos urgentes. Esta
uma rea de grande preocupao e a escassez de servios de qualidade
para esta populao continua crtica. No entanto, ns sabamos que este
manual se tornaria impraticavelmente amplo e diludo se tentssemos
enfocar questes demais e abordar questes demais. (p. 7)
Este comentrio indica que devemos ficar atentos para a adequao de programas
propostos idade dos alunos, uma vez que sugere que a idade do aluno deve ser um fator
determinante da interveno especfica.
Objetivos do manual
O manual de Maurice e colaboradores tem uma grande nfase na informao e na
instrumentalizao dos pais para uma escolha de interveno para crianas autistas.
Nossa estratgia bsica foi nos colocarmos no lugar de pais e nos fazermos
perguntas-chave que pais fazem quando esto tentando buscar tratamento efetivo
para seu filho recm-diagnosticado (p.7)
Organizao do manual
Maurice et al. tambm dividem seu livro em sees, que agrupam
captulos. O manual, diferentemente dos outros trs manuais analisados, rene
captulos de diversos autores. As 400 pginas do manual so divididas em
nove sees. A primeira seo (10 pginas), tem apenas um captulo,
Captulo 1, que aponta os objetivos do manual.
SEO I
INTRODU-O
A segunda seo agrupa trs captulos. O primeiro deles, Captulo 2
(14 pginas), Avaliando afirmaes sobre tratamentos efetivos para autismo:
o que a pesquisa nos conta (p. 15), faz uma avaliao de diferentes propostas
SEO II
ESCOLHENDO
UM
TRATAMENTO
-
de tratamento para o autismo, alm de abordar os conceitos de cincia e
pseudocincia, especulao e demonstrao, subjetividade e objetividade,
medidas direta e indireta, controle experimental.
No Captulo 3 (16 pginas) apresentada a interveno
comportamental precoce para o autismo (p. 29). A autora deste captulo (Dra.
Gina Gren) caracteriza a anlise aplicada do comportamento e apresenta dados
de pesquisa sobre os resultados da interveno comportamental precoce.
No Captulo 4 (15 pginas), Outros tratamentos so efetivos? (p.
45), so revistos estudos cientficos de outras intervenes, que no a
comportamental. (p. 45).
TRATAMENTO
EFETIVO
A terceira seo do livro de Maurice et al. contm todos os programas
de ensino propostos. No incio da seo, no Captulo 5, os autores instruem o
leitor quanto aos critrios para seleo de programas e descrevem os itens que
compem os programas.
Antes ainda do incio dos programas propriamente ditos, os autores
apresentam trs guias (04 pginas) para serem usados como critrio de seleo
dos programas de ensino. Os guias so divididos em nveis de dificuldade,
iniciante, intermedirio e avanado, onde so colocados os tipos de repertrio
e as respostas envolvidas em cada um deles.
Maurice et al. ainda apresentam quatro pginas de recursos (p. 70) de
apoio com informaes sobre os materiais necessrios para a aplicao dos
programas, com nome dos fabricantes.
As 100 pginas seguintes do manual so de procedimentos de ensino.
Os programas so apresentados de maneira diferente dos de Lovaas. Em
SEO III O
QUE ENSINAR
PROGRAMAS
MATERIAL
-
Maurice et al. no h um captulo para cada procedimento ou conjunto deles.
Cada programa ocupa uma pgina e as instrues necessrias do apresentadas
de maneira bastante sistemtica e sucinta. Em comparao aos programas de
Lovaas, que so apresentados em forma de texto e separados em captulos.
A quarta seo do livro de Maurice et al. contm captulos sobre a
como ensinar (p. 180). No Captulo 6 (14 pginas), os autores apresentam
alguns dos componentes da interveno comportamental, relacionados a o
papel dos pais (p. 182), o desenvolvimento de um plano de instruo (p.
183), que agrupa decises metodolgicas da interveno, tais como definio
de resposta-alvo, materiais necessrios, seleo de reforadores, ambiente do
treino, medida de progresso, planejamento de generalizao, entre outros.
O Captulo 7 (23 pginas), intitulado Anlise e Avaliao do
Comportamento, apresenta outros aspectos da metodologia comportamental:
a importncia da individualizao do planejamento da interveno, da
avaliao inicial de repertrio, das medidas de desempenho e de
comportamento. Diversas folhas para registro so fornecidas neste captulo.
No Captulo 8 (09 pginas) os autores discutem critrios, para que o
leitor busque profissionais qualificados em anlise do comportamento (p.
221), em relao ao tipo de formao, credenciais e experincia do
profissional. Os autores ainda fornecem uma descrio detalhada das
habilidades crticas e essenciais em anlise do comportamento (p. 224).
No Captulo 9 (10 pginas) os autores continuam a instruir o leitor
sobre a formao de uma equipe de ensino, fornecendo informaes sobre
recrutamento, seleo e treinamento de assistente de ensino (p. 231).
SEO IV
COMO
ENSINAR
-
O Captulo 10 (08 pginas) apresenta um servio de tratamento
comportamental para autismo, o modelo de prestao de servio UCLA de
autismo jovem (p. 241).
Organizada em dois captulos, Captulo 11 e Captulo 12 (43 pginas),
a sexta seo do livro de Maurice et al. instrui o leitor em relao
organizao do fornecimento de servios de apoio para famlias que
escolheram implementar e gerenciar uma interveno precoce residencial10
para crianas com autismo. (p. 251).
SEO VI
SUPORTE
PRTICO:
ORGANIZAO
E FOMENTO
Em dez pginas, o Captulo 13, da seo sete, discute como
incorporar uma terapia fonoaudiolgica em um programa de anlise aplicada
do comportamento (p. 297). O Captulo 14 (13 pginas) apresenta
estratgias para promover aquisio de linguagem em crianas com autismo
(p. 307). H recomendaes gerais sobre o ensino de linguagem aes do
professor e trs grupos de estratgias (p. 308), divididos segundo critrios
de classificao do repertrio de linguagem da criana. O primeiro grupo tem
como alvo o atendimento de crianas de nvel pr-verbal (...) que parecem
no estar se comunicando intencionalmente, ou seja, no vocalizam, no
gesticulam, no usa o olhar intencionalmente (...).. (p. 308). O segundo grupo
tem como meta a ampliao da linguagem (p. 309) de crianas que estejam
comeando a usar palavras; e a terceiro grupo, crianas que j falam frases
com mltiplas palavras.
SEO VII
TRABALHANDO
COM UM
FONOAUDI-
LOGO
Maurice et al. apresentam um captulo (Captulo 15) de oito pginas
sobre a responsabilidade das escolas pblicas na educao de crianas pr-
escolares com autismo (...). (p. 323). O Captulo 16 (12 pginas) aborda a
SEO VIII
TRABALHANDO
COM AS
10 Do original in-home.
-
escolares com autismo (...). (p. 323). O Captulo 16 (12 pginas) aborda a
questo da incluso.
ESCOLAS
Em quatorze pginas, o Captulo 17 esclarece perguntas que ns mais
freqentemente ouvimos em relao interveno precoce com uma criana.
(p. 345).
Os Captulos 18, 19 e 20 (seis, sete e seis pginas, respectivamente)
apresentam o relato de mes sobre a histria de seus filhos autistas, atendidos
com interveno comportamental.
SEO IX
DA LINHA DE
FRENTE
Maurice et al. encerram com uma breve apresentao de cada autor que
contribuiu com algum captulo para o manual.
SOBRE OS
AUTORES
Teaching Language To Children With Autism Or Other Develpmental
Disabilities - Sundberg & Partington (1998)
Pblico-alvo do manual
Os autores afirmam ter como pblico-alvo de seu manual pais e educadores: o
propsito do presente livro ajudar pais e educadores a entender estes dficits de linguagem
e fornecer-lhes um guia de treino e avaliao individualizados de linguagem. (p. 1). Apesar
desta afirmao, os autores enfatizam, logo no incio do livro, que o uso das tcnicas bsicas
da Anlise Aplicada do Comportamento (p. 7) exige habilidade por parte da pessoa que lida
com o indivduo deficiente, (...) ou seja, cada membro da equipe deve saber como, por
exemplo, usar as tcnicas bsicas de modelagem, dicas, fading, encadeamento e reforamento
diferencial. Estas habilidades no so facilmente adquiridas e, no mnimo, requerem algum
treino formal. (p. 7).
-
Pblico-alvo da interveno
Como diz o prprio ttulo do livro, o manual de Sundberg e Partington dirigido
interveno no comportamento de crianas com autismo e outras deficincias de
desenvolvimento. O foco principal so crianas com autismo, mas os autores afirmam a
efetividade dos procedimentos de avaliao e interveno propostos para uma ampla
variedade de outras deficincias de desenvolvimento que envolvem dficits de linguagem
(por exemplo, retardo mental, sndrome de Down, Sndrome do X Frgil, Sndrome de
Asperger). (p. 1).
Quanto especificidade da idade do pblico-alvo, apesar do ttulo indicar que a
interveno dirigida a crianas, Sundberg e Partington tambm afirmam sua efetividade
para adultos.
Objetivos do manual
Segundo Sundberg e Partington, o foco principal deste livro no uso da anlise do
comportamento verbal de B. F. Skinner (1957) como um guia para avaliao e interveno
em linguagem. (aknowledgements).
Organizao do manual
Em seu primeiro captulo (Captulo 1) Sundberg e Partington fazem uma
breve apresentao dos pblicos alvo de seu livro e da interveno que
propem, alertando para a importncia da identificao precoce de uma
deficincia de linguagem e a ligao que se pode fazer entre este tipo de
deficincia e a presena de comportamentos negativos (p. 5) nos indivduos.
Por ltimo, os autores descrevem algumas das habilidades necessrias para
que algum possa utilizar os procedimentos