DANILO DE FIGUEREDO BARBOSA ANÁLISE DO EFEITO …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
DANILO DE FIGUEREDO BARBOSA
ANÁLISE DO EFEITO CONSTRUTIVO EM EDIFÍCIO DE
ALVENARIA ESTRUTURAL SOBRE ESTRUTURA DE
TRANSIÇÃO EM CONCRETO ARMADO
NATAL-RN
2018
Danilo de Figueredo Barbosa
Análise do efeito construtivo em edifício de alvenaria estrutural sobre estrutura de transição
em concreto armado
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento
Neto
Natal-RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Barbosa, Danilo de Figueredo.
Análise do efeito construtivo em edifício de alvenaria
estrutural sobre estrutura de transição em concreto armado / Danilo de Figueredo Barbosa. - 2018.
80 f.: il.
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil.
Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto.
1. Alvenaria estrutural - Monografia. 2. Modelagem
computacional - Monografia. 3. Estágios de construção -
Monografia. 4. Pórtico equivalente - Monografia. 5. Interação
parede-viga - Monografia. I. Nascimento Neto, Joel Araújo do.
II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 624.012
Danilo de Figueredo Barbosa
Análise do efeito construtivo em edifício de alvenaria estrutural sobre estrutura de transição
em concreto armado
Trabalho de conclusão de curso na modalidade
Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Aprovado em 21 de junho de 2018:
___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres da Silva Filho – Examinador interno
_______________________________________________________
Prof. Dr. Petrus Gorgônio Bulhões da Nóbrega – Examinador externo
Natal-RN
2018
DEDICATÓRIA
Aos meus avós,
pelo amor e educação a mim concedidos.
A meu pai Erinaldo,
pelo afeto, companheirismo e incentivo.
AGRADECIMENTOS
A Deus: “Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele
eternamente. Amém!” (Rm 11:36).
Aos meus avós, Jaci e Vítor, por terem me acolhido quando eu mais precisei.
Ao meu pai Erinaldo, por nos momentos mais difíceis sempre estar ao meu lado.
A minha mãe Maria, por, mesmo com todas as dificuldades da vida, me amar.
Aos meus irmãos, Daniele e Daniel, pelas palavras positivas e amor demonstrados.
A toda minha família, pelo apoio.
Ao Professor Joel Araújo do Nascimento Neto, pela confiança e pronta disponibilidade
para me guiar neste trabalho.
Aos meus amigos e colegas de turma, por todas as assistências concedidas.
Aos Docentes, pois são inspiração para alcançar meus objetivos.
A todas as pessoas que um dia passaram pela minha vida e deram a oportunidade de me
tornar uma pessoa melhor.
Em especial ao meu primo Ednilson, cuja assistência e voluntariedade me foram
indispensáveis.
Muito obrigado,
Danilo de Figueredo Barbosa
RESUMO
Análise do efeito construtivo em edifício de alvenaria estrutural sobre estrutura de
transição em concreto armado
A alta velocidade de construção de edifícios em Alvenaria Estrutural é uma realidade.
Em muitas dessas construções, a utilização de estruturas de transição em concreto armado tem
possibilitado o uso de pilotis para benefício comum, seja com vagas de garagem ou espaços de
convivência. Nesse contexto, essas estruturas são solicitadas precocemente com cargas elevadas
sem haver adquirido a rigidez necessária e usualmente adotada no projeto estrutural. O estudo
em questão tem como objetivo principal avaliar os efeitos causados pelas etapas de construção
na interação entre painéis de alvenaria estrutural e estrutura de suporte em concreto armado. Os
modelos empregados consistiram na discretização das paredes e da viga de transição utilizando-
se uma modelagem recente com elementos finitos de barra desenvolvido por Nascimento Neto
et al. (2014), denominado modelo de pórtico equivalente. Para as análises, foi adotada tipologia
típica de edifício de alvenaria estrutural com 21 pavimentos tipo sobre estrutura de transição em
concreto armado, conforme a prática de construção brasileira, a partir do qual foram escolhidas
diferentes tipologias de painéis sobre vigas com um e dois vãos. Para considerar o efeito
construtivo, as propriedades mecânicas do concreto tiveram seus valores modificados para levar
em consideração a variação conforme a idade. As tensões na base da parede na interface parede-
viga apresentaram diferenças significativas com relação à análise sem estágios construtivos. Na
viga de suporte, os esforços também apresentaram tal comportamento, exceto para a força
cortante. A análise por estágios construtivos também demonstrou consideráveis alterações na
deformada da estrutura. Tal efeito não foi verificado nas reações de apoio que pouco foram
influenciadas. Portanto, a Análise por estágios construtivos merece atenção na prática dos
projetos de edifícios em alvenaria estrutural sobre estrutura de transição em concreto armado.
Palavras-chave: modelagem computacional; estágios de construção; alvenaria estrutural; pórtico
equivalente; interação parede-viga.
ABSTRACT
Analysis of the Constructive Effect in Building of Structural Masonry on Structure of
Transition in Reinforced Concrete
The high speed construction of buildings in Structural Masonry is a reality. In many of
these constructions, the use of transition structures in reinforced concrete has enabled the use of
pilotis for the common benefit, either with parking spaces or spaces of coexistence. In this
context, these structures are requested early with high loads without having acquired the
necessary rigidity and usually adopted in the structural design. The main objective of this study
is to evaluate the effects caused by the construction stages on the interaction between structural
masonry panels and support structure in reinforced concrete. The models used consisted in the
discretization of the walls and the transition beam using a recent model with finite elements of
bar developed by Nascimento Neto et al. (2014), called the equivalent gantry model. For the
analysis, a typical typology of structural masonry building with 21 type pavements on transition
structure in reinforced concrete was adopted, according to the Brazilian construction practice,
from which different types of panels were chosen on beams with one and two spans. To consider
the constructive effect, the mechanical properties of the concrete had their values modified to
take into account the variation according to age. The tensions at the base of the wall at the wall-
beam interface presented significant differences in relation to the analysis without constructive
stages. In the support beam, the stresses also exhibited such behavior, except for the shear force.
Analysis by constructive stages also showed considerable changes in the deformed structure.
This effect was not verified in the support reactions that were little influenced. Therefore, the
Analysis by constructive stages deserves attention in the practice of the projects of buildings in
structural masonry on transition structure in reinforced.
Keywords: computational modeling; construction stages; structural masonry; equivalent frame;
wall-beam interaction.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Análise sequencial da estrutura de um edifício de 3 pavimentos. ........................... 20
Figura 2 - Pórtico plano submetido à ação de peso próprio da estrutura. ................................. 20
Figura 3 - Momentos fletores nas vigas do pórtico ao nível de cada pavimento. .................... 21
Figura 4 – Edifício de 25 pavimentos utilizado por Reis (2014) em seu primeiro caso de análise.
................................................................................................................................................... 22
Figura 5 - Deformada da estrutura com: (a) carregamento global e (b) carregamento por fases.
................................................................................................................................................... 23
Figura 6 - Planta de forma esquemática da estrutura de pilotis ................................................ 24
Figura 7 - Edifício de alvenaria estrutural sobre estrutura de suporte em concreto armado. ... 29
Figura 8 - Interação do sistema parede-viga. ............................................................................ 29
Figura 9 - Distribuição de tensões na interação parede-viga. ................................................... 30
Figura 10 - (a) Esforços de tração na viga; (b) Momentos fletores na viga sem a consideração
do efeito arco; (c) Momentos fletores na viga com a consideração do efeito arco para um painel
sem aberturas genérico. ............................................................................................................. 30
Figura 11 - Métodos gerais de modelagens de paredes. ........................................................... 32
Figura 12 - Modelagem por pórtico tridimensional.................................................................. 33
Figura 13 - Discretização de uma parede pelo modelo de pórtico equivalente. ....................... 35
Figura 14 - Variações adotadas para calibrar o Modelo de Pórtico Equivalente. .................... 36
Figura 15 - Distribuição de tensões verticais em parede com porta centrada. ......................... 36
Figura 16 - Distribuição de tensões na base da parede: (a) tensões normais; (b) tensões de
cisalhamento. ............................................................................................................................. 37
Figura 17 - Planta de forma da estrutura de suporte em concreto armado. .............................. 39
Figura 18 - Planta de primeira fiada de alvenaria. .................................................................... 39
Figura 19 - (a) Parede 1; (b) Parede 30; (c) Parede 41. ............................................................ 43
Figura 20 - Exemplo numérico. (a) Pórtico plano indeformado; (b) Configuração deformada
obtida por análise convencional; (c) Configuração deformada obtida mediante análise por
estágio construtivo. .................................................................................................................... 45
Figura 21 - Momemto fletor nas posições A e B em cada nível. ............................................. 45
Figura 22 - Distribuição das tensões na base da parede na interface parede-viga: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). ................................................................ 47
Figura 23 - Esforços e deslocamento vertical na viga de suporte da parede 1: (a) Força Normal
(kN); (b) Força Cortante (kN); (c) Momento Fletor (kNm); (d) Deslocamento vertical. ......... 48
Figura 24 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). ................................................................ 51
Figura 25 - Esforços e deslocamento vertical na viga de suporte da parede 30: (a) Força Normal
(kN); (b) Força Cortante (kN); (c) Momento Fletor (kNm); (d) Deslocamento vertical. ......... 52
Figura 26 - Distribuição das tensões na base da parede 41 na interface parede-viga: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). ................................................................ 55
Figura 27 - Esforços e deslocamento vertical na viga de suporte da parede 41: (a) Força Normal
(kN); (b) Força Cortante (kN); (c) Momento Fletor (kNm); (d) Deslocamento vertical. ......... 56
Figura 28 - Distribuição das tensões na base da parede 41 na interface parede-viga com 7
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 59
Figura 29 - Distribuição das tensões na base da parede 1 na interface parede-viga com 7
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 59
Figura 30 - Distribuição das tensões na base da parede 1 na interface parede-viga com 14
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 60
Figura 31 - Distribuição das tensões na base da parede 1 na interface parede-viga com 21
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 60
Figura 32 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga com 7
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 63
Figura 33 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga com 14
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 63
Figura 34 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga com 21
pavimentos: (a) Tensão Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa). .......................... 63
Figura 35 - Força normal no Lintel - 21 pavimentos ................................................................ 66
Figura 36 - Força cortante no lintel - 21 pavimentos. .............................................................. 67
Figura 37 - Momento Fletor no lintel - 21 pavimentos. ........................................................... 67
Figura 38 – Deformadas dos painéis: (a) Análise considerando a Estrutura Pronta pelo MPT;
(b) Análise por estágios construtivos pelo MPT; (c) Análise considerando a Estrutura Pronta
pelo MPE; (d) Análise por estágios construtivos pelo MPE; .................................................... 68
Figura 39 - Deslocamentos horizontais relativos da parede 1. ................................................. 69
Figura 40 - Força normal no Lintel - 21 pavimentos. ............................................................... 70
Figura 41 - Força cortante no lintel - 21 pavimentos. .............................................................. 71
Figura 42 - Momento Fletor no lintel - 21 pavimentos. ........................................................... 72
Figura 43 - Deslocamentos horizontais relativos da parede 30. ............................................... 73
Figura 44 – Deformadas dos painéis: (a) Análise considerando a Estrutura Pronta pelo MPT;
(b) Análise por estágios construtivos pelo MPT; (c) Análise considerando a Estrutura Pronta
pelo MPE; (d) Análise por estágios construtivos pelo MPE; .................................................... 73
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Propriedades dos materiais adotados no modelo de pórtico equivalente proposto por
Medeiros (2015). ....................................................................................................................... 34
Tabela 2 - Módulos de elasticidade longitudinal e transversal do concreto. ............................ 41
Tabela 3 - fbk e fpk por grupos de pavimentos do edifício em estudo. .................................... 42
Tabela 4 - Força Normal na viga da parede 1 (kN). ................................................................. 49
Tabela 5 - Força Cortante na viga da parede 1 (kN). ................................................................ 49
Tabela 6 – Momento Fletor na viga da parede 1 (kNm). .......................................................... 49
Tabela 7 - Deslocamentos verticais da viga da parede 1 (cm). ................................................. 49
Tabela 8 - Força Normal na viga da parede 30 (kN). ............................................................... 53
Tabela 9 - Força Cortante na viga da parede 30 (kN). .............................................................. 53
Tabela 10 – Momento Fletor na viga da parede 30 (kNm). ...................................................... 53
Tabela 11 - Deslocamentos verticais da viga da parede 30 (cm). ............................................. 54
Tabela 12 - Força Normal na viga da parede 41 (kN). ............................................................. 57
Tabela 13 - Força Cortante na viga da parede 41 (kN). ............................................................ 57
Tabela 14 – Momento Fletor na viga da parede 41 (kNm). ...................................................... 57
Tabela 15 - Deslocamentos verticais da viga da parede 41 (cm). ............................................. 57
Tabela 16 - Tensão Normal (MPa) na base da parede 1 a cada 7 pavimentos na região esquerda,
central e direita. ......................................................................................................................... 61
Tabela 17 - Tensão de Cisalhamento (MPa) na base da parede 1 a cada 7 pavimentos na região
esquerda, central e direita. ......................................................................................................... 62
Tabela 18 - Tensão Normal (MPa) na base da parede 30 a cada 7 pavimentos na região
esquerda, central e direita. ......................................................................................................... 64
Tabela 19 - Tensão de Cisalhamento (MPa) na base da parede 30 a cada 7 pavimentos na região
esquerda, central e direita. ......................................................................................................... 65
Tabela 20 - Reações de apoio da parede 1. ............................................................................... 69
Tabela 21 - Reações de apoio da parede 30. ............................................................................. 74
SIMBOLOGIA
SÍMBOLO SIGNIFICADO
𝑆2 - Fator que considera a influência da rugosidade do terreno, das
dimensões da edificação ou parte da edificação em estudo, e de sua
altura sobre o terreno
𝑉𝑘 - Velocidade característica do vento
𝑓𝑐𝑘 - Resistência característica do concreto à compressão
𝐸 - Módulo de Elasticidade longitudinal do concreto
ν - Coeficiente de poisson
𝑓𝑐𝑑 - Resistência de projeto do concreto à compressão
𝑓𝑐𝑘𝑗 - Resistência do concreto à compressão característica na idade de j
dias
𝛾𝑐 - Coeficiente de ponderação da resistência do concreto
𝛽1 - Coeficiente
𝐸𝑐𝑠 - Módulo de elasticidade longitudinal secante do concreto
𝑓𝑐𝑗 - Resistência à compressão do concreto aos j dias
𝑓𝑝𝑘 - Resistência característica de compressão simples do prisma
𝐸𝑐𝑖 - Módulo de elasticidade longitudinal inicial do concreto
𝑓𝑏𝑘 - Resistência característica de compressão simples do bloco
ÍNDICE GERAL
1 - INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 15
1.1 - Aspectos históricos da alvenaria estrutural ................................................................... 15
1.2 - Considerações iniciais ................................................................................................... 15
1.3 - Objetivos ....................................................................................................................... 16
1.4 - Justificativa .................................................................................................................... 17
1.5 - Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 18
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 19
2.1 - Análise sequencial por estágios construtivos ................................................................ 19
2.2 - Propriedades mecânicas do concreto e da alvenaria em idades iniciais ........................ 24
2.2.1 - Concreto .............................................................................................................. 25
2.2.2 - Alvenaria Estrutural ............................................................................................. 27
2.3 - Interação de sistemas parede-viga ................................................................................. 28
2.4 - Modelagem Numérica ................................................................................................... 31
2.4.1 - Modelo de pórtico tridimensional ....................................................................... 32
2.4.2 - Modelo de pórtico equivalente ............................................................................ 34
3 - METODOLOGIA ................................................................................................................ 38
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 44
4.1 - Estudo comparativo do módulo automático de análise não linear por estágio construtivo
............................................................................................................................................... 44
4.2 - Análise dos painéis com a utilização do MPE .............................................................. 46
4.2.1 - Parede 30 ............................................................................................................. 50
4.2.2 - Parede 41 ............................................................................................................. 54
4.2.3 - Conclusões parciais ............................................................................................. 58
4.3 - Comparação entre os modelos MPE e MPT ................................................................. 58
4.3.1 - Parede 1 ............................................................................................................... 59
4.3.2 - Parede 30 ............................................................................................................. 62
4.4 - Análise dos lintéis, deformada das paredes ao nível dos pavimentos e reações de
apoio ...................................................................................................................................... 66
4.4.1 - Parede 1 ............................................................................................................... 66
4.4.2 - Parede 30 ............................................................................................................. 70
5 - CONCLUSÃO...................................................................................................................... 75
6 - REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 78
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1 - INTRODUÇÃO
1.1 - Aspectos históricos da alvenaria estrutural
Com a transição da vida nômade para a vida sedentária na pré-história até a
contemporaneidade, a busca por uma moradia fixa e segura é um dos objetivos principais da
vida humana. A alvenaria estrutural é uma das mais antigas formas de construção empregada
pelo homem. Sua utilização remonta à Antiguidade. A história desse sistema construtivo divide-
se basicamente em duas etapas: antes e depois do advento do aço e das estruturas de concreto
armado. A alvenaria na antiguidade era muito utilizada devido a facilidade de uso empírico
baseado na experiência anterior pela simples sobreposição de blocos de pedra e as técnicas eram
repassadas de geração a geração. Algumas construções antigas construídas de alvenaria
estrutural são notórias em todo o mundo. As Pirâmides de Gizé, a Muralha da China e o Coliseu
de Roma são exemplos de obras que perduram até os nossos dias.
Com o advento das estruturas de aço e concreto armado, surge a nova arquitetura. Neste
período, final do século XIX e início do século XX, são realizadas pesquisas e novos projetos
privilegiando o uso desses novos sistemas estruturais devido a possibilidade de concepção de
estruturas mais esbeltas e com vãos maiores. A primeira fase da alvenaria tem seu término nesse
período, sendo esse sistema construtivo relegado à função de vedação por não existirem
pesquisas e, consequentemente, conhecimento necessários para embasar e apontar as vantagens
da utilização da alvenaria como sistema estrutural.
Após a segunda guerra mundial (1945), com a necessidade de reconstrução rápida da
Europa, a alvenaria é redescoberta devido a sua alta velocidade de execução. A segunda fase da
alvenaria, foi marcada pela racionalização. O desenvolvimento de pesquisas e normas técnicas
possibilitou o dimensionamento baseado em estudos técnicos, controle de execução e qualidade
dos materiais empregados. A concepção da alvenaria estrutural como um sistema racionalizado
ganhou notoriedade e vem sendo estudado devido ser uma alternativa econômica frente aos
edifícios convencionais em concreto armado.
1.2 - Considerações iniciais
O objetivo de uma modelagem estrutural é conceber um modelo analítico ou numérico
que descreva de forma eficiente o comportamento de uma estrutura em suas condições reais ou
16
equivalentes de carregamento. Convencionalmente, modela-se uma estrutura como se todos os
seus elementos estruturais, inclusive de pavimentos distintos, fossem construídos
simultaneamente. Sabe-se, porém, que essa não é a realidade. As estruturas de transição em
concreto armado que sustentam vários pavimentos de alvenaria estrutural, por exemplo, são
precocemente submetidas a grandes carregamentos devido a velocidade de execução inerente a
esse sistema construtivo sem ainda ter alcançado as propriedades mecânicas adotadas em
projeto.
Sendo assim, há a necessidade de estudos para avaliar os efeitos dos estágios de
construção na interação entre os painéis de alvenaria e as estruturas de transição e a influência
destes ao longo dos pavimentos dos edifícios para verificar se a modelagem convencional (sem
a verificação dos estágios construtivos) representa de forma satisfatória e segura a estrutura real
em suas condições reais.
1.3 - Objetivos
O presente estudo tem como objetivo geral avaliar os efeitos causados pelas etapas de
construção do edifício na distribuição dos esforços nas estruturas de transição e das tensões nas
paredes de alvenaria estrutural
Para consolidação do objetivo geral, o presente trabalho busca ainda alcançar os
seguintes objetivos específicos:
a) Modelar os painéis a serem analisados com base nos dois modelos aplicando a análise
sequencial por estágios construtivos.
b) Avaliar a diferença nos esforços e flechas obtidos na viga de transição com e sem a
aplicação dos estágios construtivos e seus efeitos na interação entre painéis de alvenaria
e estrutura de suporte (IAS);
c) Avaliar a diferença nas tensões normais e de cisalhamento na base da parede com e sem
a aplicação dos estágios construtivos e seus efeitos na IAS;
d) Avaliar os esforços nos lintéis ao nível de cada pavimento da edificação em estudo;
e) Avaliar os deslocamentos horizontais dos painéis, ao nível de cada pavimento, com e
sem a aplicação dos estágios construtivos;
f) Avaliar a precisão do modelo de pórtico tridimensional, comparando-o com o modelo
de pórtico equivalente;
17
1.4 - Justificativa
Medeiros (2015), afirma que com o objetivo de aproveitar cada vez mais os ambientes
coletivos dos empreendimentos, os construtores desejam utilizar o subsolo e o térreo como áreas
de convívio comunitário e estacionamento. Dessa forma, projetistas e pesquisadores vêm
tentando desenvolver técnicas de análise que se aproximam mais do comportamento real das
estruturas de transição ou de suporte, permitindo uma utilização mais racional do material e dos
espaços, bem como o desenvolvimento de projetos mais econômicos, fundamentados em teorias
mais bem elaboradas.
Segundo Barreto (2015), na prática construtiva do sistema de alvenaria estrutural, se
executa em torno de 3 pavimentos por mês. Santos (2016) apresenta uma estimativa que para
uma construtora com equipe bem treinada o tempo médio para execução de um pavimento seja
de 15 dias. Devido à alta velocidade de execução de estruturas em alvenaria estrutural, a
estrutura de transição em concreto armado passa a ser solicitada precocemente por
carregamentos elevados. Como a resistência e o módulo de deformação do concreto só atingem
o valor considerado em projeto aos 28 dias, há uma interferência nos esforços atuantes na
estrutura de suporte. Os esforços internos e deformações alterados nos elementos de transição
ocasionam também interferência nas tensões na base das paredes de alvenaria estrutural devido
à IAS.
Logo, pode-se haver esforços com intensidades bastante diferentes para o nível de
carregamento atuante na viga bem como tensões na base das paredes. Em algumas peças
estruturais, os esforços obtidos com a modelagem por estágios construtivos podem ser
potencializados, minimizados ou não ter influência significativa com relação à modelagem
convencional.
Apenas mais estudos e pesquisas sobre este assunto indicarão se a análise convencional
está não só a favor da segurança ao atender o Estado Limite Último (ELU), mas também
garantindo o conforto e adequada utilização ao atender o Estado Limite de Serviço (ELS). Este
estudo contribui ainda para o aperfeiçoamento da análise estrutural praticada atualmente, tendo
em vista que a análise por estágio construtivo, por ser mais refinada, pode levar a dirimir a
ocorrência de patologias como fissuras e outras decorrentes desta, além de garantir ou aumentar
efetivamente a vida útil das edificações.
Por fim, a modelagem com estágios construtivos pode ampliar o campo de estudo por
exemplo da interação solo-estrutura ao verificar o quanto a deformação do solo e
18
consequentemente da fundação ao longo da execução da obra influencia os esforços e
deformações nos elementos estruturais das edificações.
1.5 - Estrutura do trabalho
O trabalho está dividido em seis capítulos.
O presente capítulo 1 contém aspectos históricos da alvenaria estrutural, considerações
iniciais sobre o tema central, pontuando diferenças entre a modelagem convencional e a que
compreende os estágios de construção, além dos objetivos a serem alcançados e as devidas
justificativas para realização do trabalho. Por fim, é apresentada a estruturação deste.
O Capítulo 2 compreende a revisão bibliográfica dos assuntos tratados nesta obra.
Inicialmente, o seu item 2.1 aborda as contribuições na literatura para a modelagem por estágios
construtivos. O item 2.2 trata de aspectos teóricos acerca da consideração da análise não-linear
por estágios de construção apresentando preceitos normativos para variação das propriedades
mecânicas do concreto em idades iniciais. Em seu item 2.3, são apresentados aspectos teóricos
relacionados a interação entre painéis de alvenaria e estrutura de suporte (IAS), sobretudo o
efeito arco. São apresentados ainda, em 2.4, os modelos utilizados nas análises: modelo de
pórtico equivalente desenvolvido por Nascimento Neto et al. (2014), calibrado por Medeiros
(2015) e Lopes (2016) e o modelo de pórtico tridimensional avaliado por Nascimento Neto et
al. (1999, 2000a e 2000b).
O Capítulo 3 apresenta o objeto do trabalho e a metodologia utilizada.
No Capítulo 4 (Resultados e Discussão), em seu item 4.1, é desenvolvido um estudo
comparativo do módulo de análise não linear por estágios construtivos do programa SAP 2000®
v.14.0.0. No item 4.2, são apresentados os resultados e discussão das análises com o modelo de
pórtico equivalente considerando os estágios de construção em termos de esforços e
deslocamentos verticais nas vigas e tensões na base dos painéis. O item 4.3 compreende a
comparação entre a modelagem de todos os pavimentos por pórtico equivalente (denominado
daqui para frente de MPE) e da modelagem do primeiro pavimento por pórtico equivalente e os
demais por pórtico tridimensional (denominado de MPT). Já no item 4.4, são apresentados os
esforços nos lintéis ao longo dos pavimentos, a deformada em termos de deslocamentos
horizontais relativos e as reações de apoio.
No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões e, por fim, no Capítulo 6, tem-se a
exposição da bibliografia tomada como referência para a realização deste trabalho.
19
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - Análise sequencial por estágios construtivos
A análise estrutural em que os esforços internos, deslocamentos e deformações das
peças estruturais são obtidos mediante concepção do edifício pronto, com todos os seus
pavimentos construídos como que de forma instantânea e apenas o carregamento final aplicado,
é a análise geralmente adotada para o dimensionamento da estrutura portante dos edifícios de
concreto armado e alvenaria estrutural.
Evidentemente, os elementos estruturais construídos in loco como as estruturas de
concreto armado e alvenaria, antes de serem submetidos a todas as ações referentes a estrutura
pronta, são submetidos a carregamentos graduais inerentes as etapas de construção. Esses
carregamentos são geralmente oriundos das ações permanentes como o peso próprio,
revestimento e alvenaria, além de peso de operários sobre os pavimentos. Outra situação muito
comum é a retirada do escoramento e aplicação de solicitação nos elementos em idades iniciais,
muitas vezes, devido à grande velocidade de execução inerente ao sistema construtivo ou
exigida devido ao curto cronograma para execução da obra.
Vale ressaltar a importância, não só do atendimento ao Estado Limite Último, mas
também aos Estados Limites de Serviço que podem ser consideravelmente influenciados devido
a fissuração e deformação dos elementos em suas idades iniciais.
Prado (1999) explica que em projetos de edifícios, normalmente, as deformações axiais
dos pilares ao nível de cada pavimento são diferenciadas devido às tensões nesses elementos,
provenientes das cargas verticais, apresentarem valores bem distintos. Sendo assim, a análise
convencional da estrutura como se existisse por inteiro de forma instantânea acumula nos
andares superiores deslocamentos verticais inexistentes. Ao longo da altura da edificação, há
um aumento dos deslocamentos diferenciais entre pilares de um mesmo pavimento, os quais
atingem valores máximos no topo. Esse efeito leva a valores incorretos de momentos fletores
em vigas e lajes ligadas aos pilares.
De forma intuitiva, é logicamente incorreto considerar que as ações existentes num
determinado pavimento influenciem os esforços dos elementos estruturais de um pavimento
acima ainda não construído. Entretanto, é correto afirmar que a parcela de deformação lenta
ocorrida num determinado pavimento influencia nos esforços solicitantes de um pavimento
superior tendo em vista que este já foi construído.
20
Uma análise sequencial de uma estrutura com 3 pavimentos, submetida apenas pelo peso
próprio, pode ser realizada de acordo com a Figura 1 considerando válida a hipótese da
superposição dos efeitos:
Figura 1 - Análise sequencial da estrutura de um edifício de 3 pavimentos.
Fonte: Prado (1999)
Prado (1999) apresentou um exemplo numérico para um pórtico plano com 14
pavimentos. Este exemplo, Figura 2, será utilizado no capítulo 4, em seu item 4.1, no estudo
comparativo do módulo automático de análise não-linear por estágios construtivos do programa
SAP 2000® v.14.0.0. utilizado nas análises do presente trabalho.
Figura 2 - Pórtico plano submetido à ação de peso próprio da estrutura.
Fonte: Prado (1999)
21
Conforme a Figura 3, percebe-se que a deformação axial dos pilares influenciou
significativamente os valores de momentos fletores nas vigas do edifício acumulando maiores
diferenças a cada pavimento. Nas seções “A”, o modelo de análise sequencial resultou em
momentos fletores menores se comparado ao modelo de análise instantânea considerando a
estrutura pronta o que levaria a uma redução do custo da edificação. No entanto, para as seções
“B”, os momentos fletores resultaram maiores para a análise sequencial em relação à estrutura
pronta. Mostrando-se, portanto, que o dimensionamento realizado após análise estrutural sem
estágios construtivos se configura contra a segurança para esta situação.
Figura 3 - Momentos fletores nas vigas do pórtico ao nível de cada pavimento.
Fonte: Prado (1999)
Uma das dificuldades encontradas para este tipo de análise, é determinar as ações
horizontais ao longo dos estágios de construção. Para a determinação da força devida ao vento,
por exemplo, a cada estágio de construção admitido, o valor do fator 𝑆2 , que leva em
consideração a altura sobre o terreno, utilizado para determinação da velocidade característica
22
do vento (𝑉𝑘), deve ser modificado, bem como os coeficientes de arrasto nas duas direções de
análise tendo em vista o aumento gradativo da altura da edificação. Assim, para cada novo
pavimento considerado na análise, novas forças devidas ao vento em todo o edifício devem ser
modificadas.
A análise estrutural por estágios construtivos exige grande recurso computacional.
Assim, na prática de escritórios de projeto, este tipo de análise é considerado em estruturas
reticuladas de concreto armado pelo aumento da rigidez axial dos pilares. Reis (2014) analisou
os efeitos dos estágios construtivos em dois casos de estudo. No primeiro caso, Figura 4, a única
carga incluída no carregamento por etapas foi a do peso próprio.
Conforme a Figura 5, pode-se perceber claramente a diferença da deformada da
estrutura admitindo análise com carregamento por fases e com carregamento global.
Figura 4 – Edifício de 25 pavimentos
utilizado por Reis (2014) em seu
primeiro caso de análise.
Fonte: Reis (2014).
23
Figura 5 - Deformada da estrutura com: (a) carregamento global e (b) carregamento por fases.
Fonte: Reis (2014).
Santos (2016) afirma que a natureza acidental do vento agrega complexidade no método
de consideração das ações horizontais no modelo, principalmente quando se trata de sistemas
construtivos com alta velocidade de execução como as paredes de concreto e a alvenaria
estrutural.
Santos (2016), pesquisando sobre ações evolutivas em edifícios de paredes de concreto
e de alvenaria considerando a interação com o solo, modelou um edifício de 14 pavimentos
(Figura 6) com pilotis composto por pilares de concreto armado (𝑓𝑐𝑘 igual a 25 MPa) com 3 m
de pé direito com seção quadrada 60x60 cm e vigas de transição com 80 cm de altura e largura
de 14 cm (espessura dos blocos de alvenaria estrutural). Admitiu-se comportamento elástico-
linear para o concreto e módulo de elasticidade longitudinal 𝐸 igual a 2,38 × 106 𝑁/𝑐𝑚2 e
coeficiente de Poisson (𝜈 ) de 0,2. Para a alvenaria estrutural, admitiu-se comportamento
elástico-linear e material homogêneo e isotrópico.
24
Figura 6 - Planta de forma esquemática da estrutura de pilotis
Fonte: Santos (2016).
Em termos de reações verticais nos pilares, comparando o modelo de interação com e
sem a análise por estágios construtivos (tomado como referência), ambos os modelos sem a
consideração da interação solo-estrutura, o referido autor obteve diferenças relativas médias de
- 0,26%, ou seja, em média, os valores das reações verticais tendem a ser menores considerando
a análise sequencial. A maior diferença relativa se deu no pilar P9 com valor de - 7,75% e a
menor no pilar P5 com valor de 1,33%.
Em termos de esforços normais na alvenaria, a consideração da sequência construtiva
na análise estrutural apresentou diferenças mais significativas nos pavimentos inferiores cuja
maior discrepância foi de 40 kN. Com exceção do primeiro pavimento, 50% das diferenças
absolutas observadas no edifício de alvenaria estrutural ao nível de quase todos os pavimentos
estão na faixa de variação entre 0 e 10 kN.
2.2 - Propriedades mecânicas do concreto e da alvenaria em idades iniciais
Além de apenas atribuir carregamentos sequenciais para analisar uma estrutura por
estágios construtivos, alterar as propriedades mecânicas dos materiais simulando o ganho de
resistência e rigidez em idades iniciais são aspectos que aproximam ainda mais a modelagem
25
computacional do comportamento da estrutura real. Assim, é necessário compreender, neste
trabalho, como se desenvolvem essas propriedades no concreto e na alvenaria estrutural, bem
como apresentar as prescrições normativas para essa consideração.
2.2.1 - Concreto
As principais propriedades mecânicas do concreto são a resistência à compressão,
resistência à tração e módulo de elasticidade. A ABNT NBR 6118:2014 em seu item 8.2.4
prescreve acerca da resistência à compressão do concreto. No Brasil, essa propriedade é obtida
em ensaios de corpos de prova cilíndricos.
“A evolução da resistência à compressão com a idade deve ser obtida por ensaios
especialmente executados para tal. Na ausência desses resultados experimentais, pode-se
adotar, em caráter orientativo, os valores indicados em 12.3.3.” (ABNT NBR 6118, 2014, p.
23). A resistência à compressão a ser adotada em data inferior aos 28 dias (𝑗 < 28 dias) são
determinadas segundo a seguinte expressão:
𝑓𝑐𝑑 =𝑓𝑐𝑘𝑗
𝛾𝑐≅ 𝛽1
𝑓𝑐𝑘
𝛾𝑐 (1)
Sendo 𝛽1 a relação 𝑓𝑐𝑘𝑗 𝑓𝑐𝑘⁄ dada por:
𝛽1 = exp{𝑠[1 − (28 𝑡⁄ )1/2]} (2)
Em que:
𝑠 = 0,38 para concreto de cimento CPIII e IV;
𝑠 = 0,25 para concreto de cimento CPI e II;
𝑠 = 0,20 para concreto de cimento CPV-ARI;
𝑡 é a idade efetiva do concreto, expressa em dias.
Conforme ainda a ABNT NBR 6118:2014, a deformação elástica do concreto depende
da composição de seu traço, especialmente, da natureza dos agregados. Na avaliação do
comportamento de um elemento estrutural, pode ser adotado módulo de elasticidade único, à
tração e à compressão, igual ao módulo de deformação secante 𝐸𝑐𝑠. Em idade inferior a 28
26
dias, pode-se avaliar o módulo de elasticidade inicial pelas expressões a seguir, substituindo
𝑓𝑐𝑘 por 𝑓𝑐𝑗.
Para os concretos com 𝑓𝑐𝑘 de 20 MPa a 45 MPa:
𝐸𝑐𝑖(𝑡) = [
𝑓𝑐(𝑡)
𝑓𝑐]
0,5
. 𝐸𝑐𝑖 (3)
Para os concretos com 𝑓𝑐𝑘 de 50 MPa a 90 MPa:
𝐸𝑐𝑖(𝑡) = [𝑓𝑐(𝑡)
𝑓𝑐]
0,3
. 𝐸𝑐𝑖 (4)
Em que:
𝐸𝑐𝑖(𝑡) é a estimativa do módulo de elasticidade do concreto em uma idade entre 7 dias
e 28 dias;
𝑓𝑐(𝑡) é a resistência à compressão do concreto na idade em que se pretende estimar o
módulo de elasticidade, em megapascal (MPa).
Conforme a ABNT NBR 6118:2014, quando não forem realizados ensaios, pode-se
estimar o valor do módulo de elasticidade inicial usando as expressões a seguir:
Para 𝑓𝑐𝑘 de 20 MPa a 50 MPa:
𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 . 5600√𝑓𝑐𝑘 (5)
Para 𝑓𝑐𝑘 de 55 MPa a 90 MPa:
𝐸𝑐𝑖 = 21,5 . 103. 𝛼𝐸 (
𝑓𝑐𝑘
10+ 1,25)
1/3
(6)
Em que:
𝛼𝐸 = 1,2 para basalto de diabásio;
𝛼𝐸 = 1,0 para granito e gnaisse;
𝛼𝐸 = 0,9 para calcário;
𝛼𝐸 = 0,7 para arenito.
27
O módulo de deformação secante pode ser obtido segundo método de ensaio ou
estimado pela expressão que se segue:
𝐸𝑐𝑠 = 𝛼𝑖𝐸𝑐𝑖 (7)
Sendo:
𝛼𝑖 = 0,8 + 0,2 ×
𝑓𝑐𝑘
80≤ 1,0 (8)
“Para tensões de compressão menores que 0,5 𝑓𝑐 e tensões de tração menores que 𝑓𝑐𝑡,
o coeficiente de Poisson 𝜈 pode ser tomado como igual a 0,2 e o módulo de elasticidade
transversal 𝐺𝑐 igual a 𝐸𝑐𝑠/2,4.” (ABNT NBR 6118, 2014, p. 25).
2.2.2 - Alvenaria Estrutural
O comportamento da alvenaria estrutural submetido à compressão simples pode ser
obtido mediante ensaio de parede. Alternativamente, pode-se determinar as propriedades
mecânicas da alvenaria mediante ensaio de pequena parede com 1,2 m por 1,2 m ou, como
geralmente é aplicado por sua praticidade, através de ensaios de prisma (corpo de prova da
alvenaria estrutural constituído por 2, 3 ou mais blocos unidos por juntas de argamassa).
Para a alvenaria de blocos de concreto, segundo a ABNT NBR 15961-1:2011, o módulo
de deformação longitudinal pode ser adotado como sendo 800𝑓𝑝𝑘 e valor máximo de 16 GPa e
coeficiente de Poisson como 0,2.
A referida norma não apresenta relações para a determinação das propriedades elásticas
da alvenaria ao passar do tempo. Sendo assim, há a necessidade de buscar na literatura ensaios
que demonstrem o comportamento da alvenaria em idades iniciais.
Parsekian (2002) pesquisando sobre a tecnologia de produção de alvenaria estrutural
protendida desenvolveu diversos estudos experimentais julgados fundamentais para determinar
o comportamento da alvenaria permitindo sua utilização confiável e econômica. Segundo ele,
a implementação prática da alvenaria estrutural protendida em outros países só foi possível após
vários estudos experimentais serem realizados. Tais experimentos proporcionaram um melhor
entendimento do comportamento da alvenaria estrutural.
28
Conforme o mesmo autor, geralmente, a idade de 28 dias para aplicação de protensão é
considerada elevada sendo necessário o conhecimento da evolução da resistência à compressão
das paredes em idades iniciais inferiores aos 28 dias. Ele conclui:
Os ensaios de prismas de blocos vazados de concreto e cerâmicos mostraram
que a resistência de prismas já aos 3 dias tem valor próximo à resistência aos 28 dias.
Esse comportamento era esperado pois apenas a argamassa tem baixa resistência em
idades pequenas e essa tem pouca influência na resistência de prisma. (PARSEKIAN,
2002, p. 246)
Barreto (2015), avaliando a evolução da resistência à compressão de alvenaria estrutural
com blocos cerâmicos em idades iniciais, conclui que os valores de resistência de prismas
grauteados e não-grauteados alcançados na idade de 7 dias indicam considerável resistência,
apesar da pouca idade, e que a prática construtiva no sistema de alvenaria estrutural, em que se
executa em torno de três pavimentos por mês, não oferece risco quanto à estabilidade estrutural
em relação às cargas verticais atuantes na fase construtiva.
Depreende-se, portanto que, numa modelagem numérica, as propriedades elásticas da
alvenaria estrutural em idades iniciais podem ser consideradas as mesmas utilizadas na etapa
de dimensionamento valendo-se de esforços obtidos por análise estrutural convencional sem a
consideração das etapas de construção e evolução das propriedades do material nesse período.
2.3 - Interação de sistemas parede-viga
Atualmente, é uma prática comum utilizar o pavimento térreo em edifícios residenciais
de alvenaria estrutural como espaço de convivência ou estacionamento. Este fato tem sido
proporcionado através da utilização de estruturas de suporte em concreto armado em que vários
pavimentos de alvenaria são diretamente descarregados em vigas de transição.
Conforme Paes (2008), uma parede estrutural apoiada sobre uma viga em concreto
armado comporta-se como um arco atirantado. É denominado de arco a distribuição do
carregamento vertical no painel de alvenaria enquanto o tirante descreveria o comportamento
da viga.
Barbosa (2000) discorre que uma parede estrutural de alvenaria pode descarregar em
apoios contínuos, como as sapatas corridas, ou discretos como estruturas de pilotis ou fundações
sobre estacas. Naqueles, as cargas verticais se distribuem de maneira praticamente uniforme.
Na situação de apoio discreto, as cargas encaminham-se para os apoios, por deterem maior
29
rigidez, elevando a concentração de tensões nessa região. Este efeito arco proporciona
concentração de tensões próxima a região dos apoios como mostrado na figura a seguir:
Figura 7 - Edifício de alvenaria estrutural
sobre estrutura de suporte em concreto
armado.
Fonte: Barbosa (2000).
Como as vigas de transição possuem rigidez bastante inferior aos painéis de alvenaria
estrutural, aquelas tendem a apresentar maior deslocamento vertical relativo frente à alvenaria
provocando tensões verticais de tração na interface entre os elementos. Quando alcançam o
valor máximo, geralmente no meio do vão, podem provocar perda de contato entre a viga e a
alvenaria. Tal efeito intensifica o caminhamento das cargas verticais para a região dos apoios.
Figura 8 - Interação do sistema parede-viga.
Fonte: Haseltine & Moore (1981).
30
Barbosa (2000) explica que as cargas, ao migrarem para os apoios, apresentam
componentes verticais e horizontais. A componente vertical dá origem às tensões de
compressão verticais atuantes na base das paredes enquanto a componente horizontal provoca
tensões de cisalhamento na mesma região. Sendo assim, tanto as tensões de compressão
verticais quanto as horizontais de cisalhamento tendem a ser nulas na região central e crescentes
em direção aos apoios conforme figura abaixo.
Figura 9 - Distribuição de tensões na interação parede-viga.
Fonte: Adaptado de Barbosa (2000).
Em termos de esforços na viga de transição, devido ao efeito arco, como a carga vertical
proveniente da alvenaria estrutural não descarrega de maneira uniforme na viga e tendem a se
acumular nos apoios, os momentos fletores esperados (𝑞𝐿2/8) são drasticamente reduzidos. A
figura a seguir descreve o comportamento dos esforços normais de tração e dos momentos
fletores na interação parede-viga.
Figura 10 - (a) Esforços de tração na viga; (b) Momentos fletores na viga sem a consideração do efeito arco; (c)
Momentos fletores na viga com a consideração do efeito arco para um painel sem aberturas genérico.
Fonte: Barbosa (2000).
31
2.4 - Modelagem Numérica
Em consequência da complexidade do comportamento inerente a interação parede-viga,
Barbosa (2000), Nascimento Neto et. al. (2012), Medeiros (2015) e Lopes (2016) corroboram
que os modelos matemáticos simplificados são limitados para aplicação em situações usuais de
projeto podendo ser contra a segurança, por exemplo, no caso da existência de aberturas
excêntricas em relação ao vão da viga de suporte.
Conforme Medeiros (2015), existem vários modelos para análise de painéis de alvenaria
estrutural. Tal autor cita como exemplo os modelos de bielas e tirantes, analogias de treliça, o
uso de elementos finitos lineares e os modelos de barras equivalentes. Depreende-se que a
modelagem numérica, portanto, é fundamental para proporcionar a compreensão do
comportamento estrutural de edifícios de alvenaria estrutural sobre estrutura de transição em
concreto armado, uma vez que há a necessidade de discretizar a alvenaria, por esta compor a
estrutura portante desse tipo de edificação.
O mesmo autor ainda explica que, no geral, há preferência pelo uso de programas que
realizam análises estruturais simplificadas, visto que geram resultados mais objetivos. Dessa
forma, a discretização de toda a estrutura em elementos finitos planos, tais como elementos
finitos de placa, membrana ou casca não se mostra de grande interesse prático, a menos que se
trate de estruturas especiais.
Mantendo-se o mesmo raciocínio, Testoni (2013) comenta que o modelo de elementos
finitos planos é um modelo numérico elaborado, que permite considerar várias características
do comportamento das paredes na análise estrutural. Porém, para obter resultados cada vez mais
detalhados, o número de incógnitas do modelo e os vários parâmetros de modelagem
computacional se tornam bastante refinados e numerosos, assim como os resultados obtidos,
exigindo conhecimentos específicos por parte do usuário. Como consequência, o processo de
modelagem e de análise dos resultados pode se tornar bastante moroso e trabalhoso. Com isso,
normalmente, a aplicação de modelos estruturais muito sofisticados deixa de ser uma alternativa
economicamente viável na prática dos escritórios de engenharia estrutural para o projeto de
estruturas convencionais.
De acordo com Liu et. al. (2010, apud MEDEIROS, 2015, p. 15), existem três métodos
para a modelagem de paredes estruturais empregando processos discretos: modelos de barras
equivalentes, Figura 11 (a) e (b); modelos de múltiplas barras verticais Figura 11 (c) e modelos
com elementos finitos de planos Figura 11 (d).
32
Figura 11 - Métodos gerais de modelagens de paredes.
Fonte: Liu et. al. (2010, apud MEDEIROS, 2015, p. 15).
2.4.1 - Modelo de pórtico tridimensional
Medeiros (2015) explica que os modelos de barras equivalentes, Figura 11 (a),
discretizam paredes por meio de elementos lineares podendo ser analisados considerando as
barras isoladas ou ligadas entre si formando pórticos planos. A associação de diversos pórticos
planos forma um pórtico tridimensional. Este modelo tem sido utilizado na análise de núcleos
estruturais e de edifícios de alvenaria estrutural.
De acordo com Nascimento Neto (1999), a modelagem por meio de pórtico
tridimensional, no âmbito da modelagem por barras, é considerada uma das mais precisas e
completas. As paredes no modelo são discretizadas por elementos de barra tridimensional de 6
graus de liberdade em cada extremidade. Todas as barras são posicionadas no centro de
gravidade da seção da parede e devem possuir as propriedades mecânicas e geométricas do
material da respectiva região do painel de alvenaria que simulam.
Em resumo, Nascimento Neto (1999) explica que o modelo de pórtico tridimensional é
formado por elementos de barra tridimensional diferenciados por barras verticais flexíveis e
33
barras horizontais rígidas mostradas na Figura 12. As barras verticais possuem as características
da seção retangular das paredes, enquanto as barras horizontais são dispostas ao nível dos
pavimentos e simulam o efeito do comprimento das paredes e a interação entre elas.
Figura 12 - Modelagem por pórtico tridimensional.
Fonte: Nascimento Neto (1999).
Ainda segundo o mesmo autor, existe a possibilidade de inclusão de lintéis no modelo.
Tais elementos são trechos de parede situados entre as aberturas de portas e janelas que
conferem um aumento significativo na rigidez do edifício quando solicitados pelas ações
horizontais. Comparando-se edifícios de alvenaria estrutural e concreto armado, os lintéis
desenvolvem comportamento semelhante às vigas e as barras flexíveis aos pilares.
Segundo Nascimento Neto (2003), esse modelo foi exaustivamente avaliado. Foram
comparados resultados com modelos experimentais e processados modelos de estruturas de
edifícios reais em alvenaria.
Assim, esse modelo será utilizado neste trabalho para analisar o efeito construtivo em
edifício de alvenaria estrutural com estrutura de transição em concreto armado em termos de
deslocamento vertical e esforços nas vigas de suporte, tensões normais e de cisalhamento na
base das paredes na interface com a estrutura de suporte além de esforços nos lintéis ao nível
de cada pavimento. Será verificado ainda, os deslocamentos horizontais obtidos mediante
análise com e sem a consideração dos estágios construtivos em cada pavimento.
34
2.4.2 - Modelo de pórtico equivalente
Medeiros (2015), avaliando a interação entre painéis de alvenaria e estrutura de suporte
em concreto armado, propôs uma nova modelagem computacional eficiente e de fácil aplicação
em situações reais de projeto desenvolvida por Nascimento Neto et. al. (2014). A modelagem
proposta simula o comportamento das paredes de alvenaria estrutural utilizando exclusivamente
elementos finitos de barra compondo, assim, um pórtico equivalente.
Tal modelo foi validado mediante duas comparações. A primeira comparação foi de
painéis planos genéricos discretizados por elementos finitos de barra, compondo um pórtico
equivalente, com elementos finitos de casca. A segunda comparação foi realizada com
resultados experimentais de Rosenhaupt. As análises realizadas adotaram comportamento
elástico linear dos materiais. A comparação foi realizada em termos de deslocamentos verticais
e esforços internos nas vigas de transição, bem como de tensões normais e de cisalhamento na
base das paredes na interseção com a estrutura de transição em concreto armado.
A discretização por pórtico equivalente realizada por Medeiros (2015) consistiu na
disposição de barras horizontais e verticais espaçadas a cada 20 cm (seção 20x14cm) e 15 cm
(seção 15x14 cm), respectivamente, para alvenaria não-grauteada. Para trechos de alvenaria
grauteada, a seção transversal foi dobrada de modo a levar em consideração o respectivo
acréscimo de área.
As propriedades dos materiais utilizadas estão apresentadas na Tabela 1 obtidas
mediante prescrições das normas ABNT NBR 6118:2014 e ABNT NBR 15961-1:2011 para
concreto de 𝑓𝑐𝑘 = 25 𝑀𝑃𝑎 e blocos de concreto de 𝑓𝑏𝑘 = 16 𝑀𝑃𝑎. A eficiência prisma-bloco
adotada foi de 75% e a relação de resistência entre prisma grauteado e prisma oco é de 1,7.
Tabela 1 - Propriedades dos materiais adotados no modelo de pórtico equivalente proposto
por Medeiros (2015).
Fonte: Medeiros (2015).
35
A Figura 13 apresenta uma parede, com abertura de porta central, discretizada em barras
compondo o modelo de pórtico equivalente.
Figura 13 - Discretização de uma parede pelo modelo de pórtico equivalente.
Fonte: Medeiros (2015).
Medeiros (2015), buscando uma malha ótima para discretização com maior
confiabilidade possível comenta:
A disposição das barras do modelo proposto original foi idealizada com
espaçamentos vertical e horizontal constantes, de forma a coincidir a malha com a
dimensão dos elementos finitos de casca do modelo de referência. Utilizando o
conceito de áreas de influência, entende-se que a continuidade parede-viga seria mais
bem representada se a primeira barra horizontal da malha distasse da viga metade do
espaçamento horizontal adotado para as demais. Dessa forma, as barras horizontais
deixam de coincidir com as juntas horizontais entre os blocos de alvenaria e passam a
ser dispostas no eixo longitudinal das fiadas. Objetiva-se com essa variação, portanto,
que os esforços na viga de apoio e as tensões na base da parede sejam previstos com
maior confiabilidade. (MEDEIROS, 2015, p. 70).
Lopes (2016), calibrando o modelo de Medeiros (2015), escreve:
Nos painéis de Medeiros (2015), modelo de referência, as barras com
grauteamento tiveram a espessura da seção transversal dobrada de modo a levar em
consideração o acréscimo de área desses elementos. Simultaneamente, estas mesmas
barras receberam módulos de elasticidade de elementos grauteados, o que leva a uma
duplicidade do efeito. Assim sendo, o primeiro aperfeiçoamento proposto ao modelo
consiste na calibração das espessuras e rigidezes das barras grauteadas, com o objetivo
de obter resultados mais realistas. (LOPES, 2016, p. 36).
36
A calibração proposta por Lopes (2016) foi realizada estudando a variação da área e
rigidez das barras conforme a figura abaixo:
Figura 14 - Variações adotadas para calibrar o Modelo de Pórtico Equivalente.
Fonte: Lopes (2016).
Após análises, Lopes (2016) adotou como alteração mais adequada o modelo 3 por
considerar a área líquida dos elementos não só na alvenaria grauteada, mas também na não-
grauteada pela redução à metade da área da seção das barras e não desconsiderando a rigidez
ao dobrar os módulos de elasticidade (vertical e horizontal) nestes trechos.
A seguir são apresentados resultados de modelagens realizadas por Lopes (2016)
utilizando-se o modelo de pórtico equivalente já calibrado. A Figura 15 mostra a distribuição
de tensões normais verticais para um painel de porta centrada. A Figura 16 apresenta o
comportamento das tensões normais e de cisalhamento ao longo da base da parede em
comparação com o modelo Shell (modelo que discretiza a parede em elementos finitos de
casca).
Figura 15 - Distribuição de tensões verticais em parede com porta centrada.
Fonte: Lopes (2016).
37
Figura 16 - Distribuição de tensões na base da parede: (a) tensões normais; (b) tensões de cisalhamento.
Fonte: Lopes (2016).
Lopes (2016) corroborando com Medeiros (2015) conclui que o modelo de pórtico
equivalente se mostrou suficientemente eficaz para representar os efeitos da interação entre
painel de alvenaria e estrutura de suporte em concreto armado.
O modelo de pórtico equivalente proposto foi suficiente na previsão de concentrações
de tensões normais na base da parede devido ao efeito arco apresentando pequenas diferenças
em relação ao modelo que discretiza a parede por elementos finitos de casca considerado,
dentre os modelos numéricos disponíveis, como o mais refinado. Em termos de tensões de
cisalhamento na base da parede, aquele foi capaz de indicar as regiões de concentração dessas
tensões conforme esperado.
Com relação à viga de suporte, os esforços obtidos mediante pórtico equivalente foram
bastante representativos da distribuição destes bem como dos picos intermediários. Os valores
dos esforços apresentaram-se maiores para a força cortante, momento fletor e deslocamentos
verticais, no entanto, um pouco menores para a força normal nos três painéis avaliados por
Lopes (2016) quando comparados com o modelo de casca.
38
3 - METODOLOGIA
O estudo comparativo do módulo automático de análise não-linear por estágios
construtivos do programa SAP2000® v.14.0.0 será realizada mediante comparação dos
resultados de um exemplo numérico adaptado por Prado (1999) de Selvaraj & Sharma (1974)
e realizado também por Santos (2016) que consiste em um pórtico plano com 14 pavimentos
em concreto armado.
Após o estudo comparativo da utilização do referido programa e seu módulo automático
de análise não-linear por estágios construtivos, o presente trabalho será desenvolvido aplicando
a análise sequencial plana em 3 painéis (paredes 1, 30 e 41) de um edifício em alvenaria
estrutural com estrutura de transição em concreto armado (Figura 17 e Figura 18) e comparando
com a análise estrutural convencional que concebe a estrutura pronta. As paredes em alvenaria
estrutural são discretizadas segundo a malha ótima obtida para o modelo de pórtico equivalente
recomendado por Medeiros (2015) seguindo os ajustes propostos por Lopes (2016). Com isso,
será possível obter os esforços e deslocamentos verticais na viga de transição e tensões na base
das paredes na interseção com estrutura de suporte ao longo dos estágios construtivos.
Será realizada comparação dos resultados obtidos entre os modelos MPE (todos os 21
pavimentos de alvenaria discretizados como pórtico equivalente) e MPT (o primeiro pavimento
como pórtico equivalente, possibilitando a discretização da interface parede-viga, e os demais
com o modelo de pórtico tridimensional). Assim, será possível verificar se o MPT descrito pode
ser utilizado para análises tridimensionais de edifícios utilizando-se a análise sequencial por
estágios construtivos.
Ao identificar o modelo MPT como satisfatoriamente preciso e sem exigir grande
processamento computacional – exequível, portanto, na prática de projetos comparado ao
modelo MPE – obter-se-á os esforços nos lintéis ao longo dos níveis dos pavimentos para os
painéis em análise bem como a comparação dos valores das reações verticais e da deformada
ao nível dos pavimentos considerando a análise sequencial e a convencional.
Nas análises convencionais, será considerado o comportamento elástico linear para os
materiais. Já nas análises sequenciais com estágios construtivos, o comportamento do concreto
será adotado conforme especificações normativas apresentadas em 2.2.1 e o da alvenaria
estrutural adotado como elástico linear segundo o item 2.2.2.
39
Abaixo, a Figura 17 apresenta a planta de formas da estrutura de transição em concreto
armado e a Figura 18 a planta de primeira fiada de alvenaria estrutural com a indicação dos 3
painéis a serem analisados.
Figura 17 - Planta de forma da estrutura de suporte em concreto
armado.
Fonte: Autor (2018).
Figura 18 - Planta de primeira fiada de alvenaria.
Fonte: Autor (2018).
40
A seguir, são apresentadas as características dos painéis e estrutura de suporte do
edifício em análise, a saber: cargas aplicadas; propriedades mecânicas do concreto nas idades
iniciais de 3, 7, 14, 21 e 28; 𝑓𝑏𝑘 e 𝑓𝑝𝑘 da alvenaria estrutural ao longo dos 21 pavimentos.
As cargas verticais aplicadas no topo dos painéis de alvenaria são referentes apenas ao
peso próprio da estrutura tomadas como 75% das cargas permanentes, obtidas por análise
estrutural do edifício, por ser o carregamento preponderante na fase de execução da obra.
A estrutura de suporte ou transição em concreto armado possui 𝑓𝑐𝑘 de 25 MPa.
Conforme o item 2.2.1 deste trabalho, baseado nas prescrições normativas da ABNT NBR
6118:2014, as propriedades mecânicas do concreto nas idades de 3, 7, 14, 21 e 28 dias são
calculadas da seguinte forma:
Para t = 7 dias:
Com base na equação 2, considerando 𝑠 = 0,38 referente ao concreto de cimento CPIII
e IV, tem-se:
𝛽1 = exp{𝑠[1 − (28 𝑡⁄ )1/2]}
𝛽1 = exp{0,38[1 − (28 7⁄ )1/2]}
𝛽1 ≅ 0,68
Como, segundo a equação 1:
𝛽1 =𝑓𝑐𝑘𝑗
𝑓𝑐𝑘 ∴ 𝑓𝑐𝑘7 = 0,68 × 25 𝑀𝑃𝑎 ∴ 𝑓𝑐𝑘7 ≅ 17 𝑀𝑃𝑎
Utilizando-se a equação 5 para agregado graúdo de natureza granítica, tem-se:
𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸. 5600√𝑓𝑐𝑘
𝐸𝑐𝑖 = 1,0 × 5600√25
𝐸𝑐𝑖 = 28000 𝑀𝑃𝑎 – 28 dias
Conforme equação 3:
𝐸𝑐𝑖(7) = [𝑓𝑐(7)
𝑓𝑐]
0,5
. 𝐸𝑐𝑖
𝐸𝑐𝑖(7) = [17
25]
0,5
× 28000
𝐸𝑐𝑖(7) ≅ 23089,39 𝑀𝑃𝑎
Pela equação 8:
𝛼𝑖 = 0,8 + 0,2 ×𝑓𝑐𝑘
80≤ 1,0
𝛼𝑖 = 0,8 + 0,2 ×25
80≤ 1,0
41
𝛼𝑖 = 0,8625
Assim, conforme a equação 7, o módulo de elasticidade longitudinal secante do concreto
aos 7 dias é dado por:
𝐸𝑐𝑠(7) = 0,8625 × 𝐸𝑐𝑖(7)
𝐸𝑐𝑠(7) = 0,8625 × 23089,39
𝐸𝑐𝑠(7) ≅ 19914,60 𝑀𝑃𝑎
De forma análoga, foram calculados os módulos de deformação para as demais idades
de 3, 14, 21 e 28 dias apresentados na Tabela 2.
O coeficiente de Poisson 𝜈foi tomado como igual a 0,2 e o módulo de elasticidade
transversal 𝐺𝐶 igual a 𝐸𝑐𝑠/2,4.
Tabela 2 - Módulos de elasticidade longitudinal e
transversal do concreto.
Idade
(dias)
𝑬𝒄𝒔
(MPa)
𝑮𝒄
(MPa)
3 16343,41 6822,37
7 19914,6 8321,28
14 22322,25 9300,94
21 23450,49 9771,04
28 24150 10062,50
Fonte: Autor (2018).
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, o módulo de deformação longitudinal pode
ser estimado segundo a equação 3 dos 7 aos 28 dias, no entanto, como trata-se de uma análise
por estágio construtivo com foco no estudo do comportamento da estrutura sem aplicação
efetiva ainda no dimensionamento estrutural, adotou-se válida a seguinte equação para o cálculo
deste parâmetro aos 3 dias. Vale salientar que tal idade foi adotada por entender que, nesse
período, na maioria das obras, o sistema de escoramento é parcial ou até totalmente retirado.
O edifício de 21 pavimentos, por questões econômicas triviais, possui menor resistência
característica do prisma (𝑓𝑝𝑘) especificada em projeto ao longo dos pavimentos. Como forma
de organização, foram criados grupos de pavimento com o mesmo 𝑓𝑝𝑘 conforme a tabela a
seguir:
42
Tabela 3 - fbk e fpk por grupos de pavimentos do edifício em estudo.
Grupos Pavimentos Fbk (MPa)
Fpk (MPa)
Alv. Grauteada
Alv. não Grauteada
G1 1-3 20 24 15
G2 4-6 18 21,6 13,5
G3 7-9 16 19,2 12
G4 10 e 11 14 16,8 10,5
G5 12 e 13 12 14,4 9
G6 14 e 15 10 12 7,5
G7 16 e 17 8 9,6 6
G8 18 e 19 6 7,2 4,5
G9 20 e 21 4 4,8 3
Fonte: Autor (2018).
A seguir, Figura 19 , são apresentadas as paredes (apenas o primeiro pavimento) a serem
analisadas. Todos os painéis possuem 14 fiadas (2,80 m) compostas por blocos de modulação
M15 (14cmx29cmx19cm) contendo cintas de respaldo, vergas, contravergas e grauteamento
vertical. A estrutura de transição está discretizada por elementos de barra.
Em todas as análises foi utilizado o módulo de análise não-linear por estágio construtivo
do programa SAP 2000® v.14.0.0. Foram adotados 21 estágios de carregamento. Cada estágio
está associado a construção de um novo pavimento. Foi considerado que o tempo de execução
de um pavimento de alvenaria é 7 dias. A cada semana, as propriedades mecânicas da estrutura
de transição são modificadas até os 28 dias.
43
Figura 19 - (a) Parede 1; (b) Parede 30; (c) Parede 41.
(a)
(b)
(c)
Fonte: Autor (2018).
44
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - Estudo comparativo do módulo automático de análise não linear por estágio
construtivo
Foi modelado o exemplo numérico realizado por Prado (1999) e Santos (2016) que
consiste em um pórtico plano de concreto armado de 14 pavimentos conforme descrito no item
2.1. Vale salientar que todas as propriedades, bem como dimensões das seções das vigas e
pilares e carregamento utilizados não foram modificados.
A Figura 20 apresenta o pórtico plano modelado pelo referido programa e a deformada
da estrutura com e sem a análise por estágios construtivos. As diferenças perceptíveis na
deformada da estrutura nas duas análises ocorrem pois, quando é construído um pavimento, os
pisos acima deste ainda não existem, consequentemente, a deformação imediata desse nível
ocorre sem a interferência dos pavimentos superiores. Assim, o carregamento de um pavimento
superior é aplicado no pavimento inferior já deformado, ou seja, os pavimentos inferiores têm
interferência na deformação axial e rotação dos pilares do pavimento a construir.
Percebe-se que os resultados obtidos na análise (Figura 21) obedecem ao
comportamento apresentado por Santos (2016). Nas regiões próximas ao pilar central (região
“B”), os momentos fletores apresentam resultados superiores aos obtidos mediante análise da
estrutura pronta. A máxima diferença ocorreu no pavimento 13, o valor do momento fletor foi
de -11,62 kNm e -21,77 kNm para análise sem estágio construtivo e com análise sequencial,
respectivamente, caracterizando uma diferença de 87,38%. Na região “A”, os momentos
fletores são aliviados. A máxima diferença (-34,18%) ocorreu também no pavimento 13. - 22,17
kNm para a análise por estágio construtivo e -33,68 kNm para análise por estágio construtivo.
Sendo assim, nesse exemplo, a análise convencional se mostrou contra a segurança uma
vez que os momentos fletores, na região de maior solicitação (região B) seriam intensificados
e anti-econômica uma vez que os momentos fletores seriam aliviados na região de menor
solicitação (região A).
45
Figura 20 - Exemplo numérico. (a) Pórtico plano indeformado; (b) Configuração
deformada obtida por análise convencional; (c) Configuração deformada obtida
mediante análise por estágio construtivo.
Fonte: Autor (2018).
Figura 21 - Momemto fletor nas posições A e B em cada nível.
Fonte: Autor (2018).
46
4.2 - Análise dos painéis com a utilização do MPE
O modelo MPE consiste na discretização de todos os pavimentos de alvenaria com
pórtico equivalente. Os gráficos foram plotados a cada 7 pavimentos. As análises consistiram
nas tensões na base das paredes na interface com a estrutura de suporte, bem como
deslocamentos verticais e esforços do tipo força normal, força cortante e momento fletor na
viga de transição.
A Figura 19(a) traz a representação da referida parede com abertura de janela excêntrica
em relação a região central da viga. A distribuição das tensões normais e de cisalhamento ao
aplicar os estágios de construção manteve o mesmo comportamento considerando a estrutura
pronta. Foi possível verificar também o efeito arco causando concentração de tensões nas
regiões dos apoios.
Pode-se perceber na Figura 22(a) o comportamento das tensões normais verticais
atuantes na base da parede na interface com a viga de suporte a cada 7 pavimentos construídos.
As máximas tensões normais de compressão considerados os 21 pavimentos pela análise por
estágios construtivos correspondem à -6,50MPa, -3,66MPa e -3,51MPa na extremidade
esquerda, região central e extremidade direita da parede, respectivamente. Enquanto que para a
análise convencional tais resultados foram -5,71MPa, -3,11MPa e -3,06MPa. Tomando-se a
análise convencional, que concebe a estrutura pronta, como referência, as diferenças em relação
a análise por estágios construtivos foram de 13,72%, 17,9% e 14,58% para a extremidade
esquerda, região central e extremidade direita da parede, respectivamente. A máxima diferença
observada foi de 19,32% no meio do primeiro vão da viga.
Para as tensões de cisalhamento, Figura 22(b), os resultados com ou sem o efeito
construtivo também apresentaram o mesmo comportamento. Com 21 pavimentos, os resultados
obtidos considerando o efeito construtivo foi de 0,56MPa, -0,44MPa e -0,24MPa para a
extremidade esquerda, região central e extremidade direita respectivamente. Ao considerar a
estrutura pronta, foram obtidos nas mesmas regiões 0,47MPa, -0,37MPa e -0,19MPa com
diferenças, respectivamente, de 19,66%, 20,22% e 31,41%.
47
Figura 22 - Distribuição das tensões na base da parede na interface parede-viga: (a) Tensão Normal (MPa); (b)
Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
A Figura 23 apresenta os esforços e o deslocamento vertical da viga de suporte da parede
1. Para todos esses esforços, bem como o deslocamento da viga, o comportamento foi o mesmo
considerando ou não os estágios de construção. A distribuição dos esforços se apresentou como
esperado, obedecendo o comportamento descrito pelo efeito arco: maiores intensidades de força
normal, alívio de momento fletor e deslocamentos no meio dos vãos da viga.
A força normal na viga, Figura 23(a), apresenta máxima intensidade no meio do maior
vão como esperado devido a interação parede-viga. Os valores máximos encontrados, para os
21 pavimentos, com e sem a consideração dos estágios construtivos foram, respectivamente, de
42,91kN e 35,67kN caracterizando uma diferença de 20,30% (7,24 kN) em relação a análise
convencional (estrutura pronta). Os valores de força normal obtidos pela análise que contempla
os estágios construtivos foram sempre superiores aos obtidos ao considerar a estrutura pronta.
A partir da Figura 23(b), percebe-se que praticamente não há variação da força cortante
com ou sem a consideração do efeito construtivo aos 21 pavimentos. Os valores máximos na
extremidade esquerda, na região do apoio intermediário, e na extremidade direita são,
respectivamente, -200,70kN, 204,83kN e 116,88kN com efeito construtivo e -213,49 kN,
220,35kN e 121,78kN configurando diferenças de -5,99%, -7,04% e -4,03%, respectivamente.
Os valores de força cortante obtidos pela análise que contempla os estágios construtivos foram
sempre inferiores aos obtidos ao considerar a estrutura pronta.
om relação aos momentos fletores, Figura 23(c), a análise por estágio construtivo
apresentou valores inferiores aos da análise convencional aos 21 pavimentos. Os máximos
momentos positivos no primeiro vão da viga foram 80,93kNm com estágio construtivo e
94,42kNm para a estrutura pronta (diferença de -14,29% em relação a estrutura pronta) e
48
39,66kNm e 43,24kNm (-8,28%) para os máximos momentos positivos no vão direito da viga.
Os máximos negativos foram, respectivamente, -87,87kNm e -95,21kNm (-7,71%).
Para os deslocamentos verticais, todos os resultados com estágio construtivo foram
superiores. O máximo valor encontrado foi de -0,0854cm com estágio construtivo e -0,0675cm
sem, configurando uma diferença de 26,87% para o vão direito e 31,58% para o vão esquerdo.
Figura 23 - Esforços e deslocamento vertical na viga de suporte da parede 1: (a) Força Normal (kN); (b) Força
Cortante (kN); (c) Momento Fletor (kNm); (d) Deslocamento vertical.
Fonte: Autor (2018).
As Tabelas 4,5,6 e 7 apresentam os valores e diferenças percentuais entre a análise por
estágios de construção e a análise convencional (adotada como referência) em termos de forças
normais, força cortante, momento fletor e deslocamentos da viga de suporte aos 7, 14 e 21
pavimentos construídos. Os valores em vermelho e azul indicam, respectivamente, que a análise
por efeito construtivo apresentou resultados superiores ou inferiores ao da estrutura pronta. Vale
salientar que os valores comparados são referentes às seções de maior solicitação. Houve
diferenças ainda maiores em outros trechos da viga. Tais resultados foram obtidos utilizando-
se o MPE.
49
Tabela 4 - Força Normal na viga da parede 1 (kN).
FORÇA NORMAL (kN) - Primeiro vão
PAV Estágio
Construtivo
Estrutura
Pronta Dif(%)
7 19,26 12,02 60,23%
14 31,09 23,84 30,41%
21 42,91 35,67 20,30% Fonte: Autor (2018).
Tabela 5 - Força Cortante na viga da parede 1 (kN).
FORÇA CORTANTE (kN)
Extremidade esquerda Região Central Extremidade direita
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
7 -58,37 -71,16 -17,97% 58,14 73,67 -21,08% 35,64 40,54 -12,09%
14 -129,53 -142,32 -8,99% 131,49 147,01 -10,56% 76,26 81,16 -6,04%
21 -200,7 -213,49 -5,99% 204,83 220,35 -7,04% 116,88 121,78 -4,02% Fonte: Autor (2018).
Tabela 6 – Momento Fletor na viga da parede 1 (kNm).
MOMENTO FLETOR (kNm)
Primeiro vão Apoio Intermediário Segundo vão
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
7 18,41 31,56 -41,67% -24,53 -31,87 -23,03% 10,79 14,36 -24,86%
14 49,67 62,82 -20,93% -56,2 -63,54 -11,55% 25,23 28,8 -12,40%
21 80,93 94,08 -13,98% -87,87 -95,21 -7,71% 39,66 43,24 -8,28%
Fonte: Autor (2018).
Tabela 7 - Deslocamentos verticais da viga da parede 1 (cm).
DESLOCAMENTO (cm)
Primeiro vão Segundo vão
PAV Est. Const. Est. Pronta Dif(%) Est. Const. Est. Pronta Dif(%)
7 -0,04 -0,023 73,91% -0,025 -0,013 92,31%
14 -0,061 -0,045 35,56% -0,037 -0,025 48,00%
21 -0,085 -0,067 26,87% -0,05 -0,038 31,58%
Fonte: Autor (2018).
50
4.2.1 - Parede 30
A Figura 19(c)traz a representação da referida parede com 3 aberturas de janela.
A distribuição das tensões normais e de cisalhamento ao aplicar os estágios de
construção manteve o mesmo comportamento considerando a estrutura pronta. Foi possível
verificar também o efeito arco causando concentração de tensões nas regiões dos apoios.
Pode-se perceber na Figura 24(a) o comportamento das tensões normais verticais
atuantes na base da parede na interface com a viga de suporte a cada 7 pavimentos construídos.
As máximas tensões normais de compressão considerados os 21 pavimentos pela análise por
estágios construtivos correspondem à -3,68MPa, -2,45MPa e -3,35MPa na extremidade
esquerda, região central no apoio e extremidade direita da parede, respectivamente. Enquanto
que para a análise convencional tais resultados foram -3,11MPa, -2,33MPa e -2,73MPa.
Tomando-se a análise convencional, que concebe a estrutura pronta, como referência, as
diferenças em relação a análise por estágios construtivos foram de 18,46%, 5,31% e 22,72%
para a extremidade esquerda, região central e extremidade direita da parede, respectivamente.
Para as tensões de cisalhamento, Figura 24(b), os resultados com ou sem o efeito
construtivo também apresentaram o mesmo comportamento. Com 21 pavimentos, os resultados
obtidos considerando o efeito construtivo foi de 0,35MPa, -0,34MPa e -0,30MPa para a
extremidade esquerda, região central e extremidade direita respectivamente. Ao considerar a
estrutura pronta, foram obtidos nas mesmas regiões 0,29MPa, -0,32MPa e -0,19MPa com
diferenças, respectivamente, de 21,52%, 6,52% e 57,98%.
51
Figura 24 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga: (a) Tensão Normal (MPa); (b)
Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
A Figura 25 apresenta os esforços e o deslocamento vertical da viga de suporte da parede
30. Para a força cortante e o momento fletor, o comportamento foi o mesmo considerando ou
não os estágios de construção. Já para a força normal e os deslocamentos, os valores
considerando o efeito construtivo resultaram maiores.
A força normal na viga apresenta máxima intensidade no meio do maior vão como
esperado devido a interação parede-viga. Os valores máximos encontrados, para os 21
pavimentos, com e sem a consideração dos estágios construtivos foram, respectivamente, de
35,20kN e 28,12kN caracterizando uma diferença de 25,18% (7,08 kN) em relação a análise
convencional (estrutura pronta). Conforme a Figura 25(a), percebe-se que no trecho de 4,00m
a 5,50m, a viga é comprimida segundo análise convencional, no entanto, para as análises por
estágio construtivo, a viga em toda a sua extensão apresenta-se tracionada. Na seção distante
5,00 m do apoio esquerdo, por exemplo, a viga é tracionada com 6,56 kN considerando o efeito
construtivo, já a análise convencional, para os mesmos 21 pavimentos, apresenta compressão
de 0,28kN.
A partir da Figura 25(b), percebe-se que praticamente não há variação da força cortante
com ou sem a consideração do efeito construtivo aos 21 pavimentos. Os valores máximos na
extremidade esquerda, na região do apoio intermediário, e na extremidade direita são,
respectivamente, -105,55 kN, 127,25 kN e 106,95 kN com efeito construtivo e -106,08 kN,
147,01 kN e 102,55 kN configurando diferenças de -0,5%, -13,44% e 4,29%, respectivamente.
Os valores de força cortante obtidos pela análise que contempla os estágios construtivos foram
quase sempre inferiores aos obtidos ao considerar a estrutura pronta.
52
Com relação aos momentos fletores, Figura 25(c), a análise por estágio construtivo
apresentou valores inferiores aos da análise convencional aos 21 pavimentos. Os máximos
momentos positivos no primeiro vão da viga foram 34,68 kNm com estágio construtivo e 40,16
kNm para a estrutura pronta (diferença de -13,65% em relação a estrutura pronta) e 32,77 kNm
e 34,95 kNm (-6,24%) para os máximos momentos positivos no vão direito da viga. Os
máximos negativos, no apoio central, foram, respectivamente, -46,08 kNm e -57,57 kNm (-
19,96%).
Para os deslocamentos verticais, todos os resultados com estágio construtivo foram
bem superiores. O máximo valor encontrado foi de -0,0558cm com estágio construtivo e -
0,0421cm para a análise convencional, configurando uma diferença de 32,54% para o vão
esquerdo e 31,95% para o vão direito.
Figura 25 - Esforços e deslocamento vertical na viga de suporte da parede 30: (a) Força Normal (kN); (b) Força
Cortante (kN); (c) Momento Fletor (kNm); (d) Deslocamento vertical.
Fonte: Autor (2018).
53
As Tabelas 8, 9, 10 e 11 apresentam os valores e diferenças percentuais entre a análise
por estágios de construção e a análise convencional (adotada como referência) em termos de
forças normais, força cortante, momento fletor e deslocamentos da viga de suporte aos 7, 14 e
21 pavimentos construídos. Os valores em vermelho e azul indicam, respectivamente, que a
análise que contempla o efeito construtivo, apresentou resultados superiores ou inferiores ao da
estrutura pronta. Tais resultados foram obtidos pelo MPE. Vale salientar que os valores
comparados são referentes às seções de maior solicitação. Houve diferenças ainda maiores em
outros trechos da viga.
Tabela 8 - Força Normal na viga da parede 30 (kN).
FORÇA NORMAL (kN) - Primeiro vão
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif.(%)
7 14,14 9,05 56,24%
14 24,66 18,59 32,65%
21 35,20 28,12 25,18%
Fonte: Autor (2018).
Tabela 9 - Força Cortante na viga da parede 30 (kN).
FORÇA CORTANTE (kN)
Extremidade esquerda Região Central Extremidade direita
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
7 -32,70 -35,73 -8,48% 34,35 48,30 -28,88% 35,21 34,70 1,47%
14 -69,14 -70,91 -2,50% 80,78 97,66 -17,28% 71,09 68,62 3,60%
21 -105,55 -106,08 -0,50% 127,25 147,01 -13,44% 106,95 102,55 4,29%
Fonte: Autor (2018).
Tabela 10 – Momento Fletor na viga da parede 30 (kNm).
MOMENTO FLETOR (kNm)
Primeiro vão Apoio Intermediário Segundo vão
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
7 6,93 13,11 -47,14% -12,14 -19,26 -36,97% 8,80 11,87 -25,86%
14 20,79 26,64 -21,96% -29,11 -38,42 -24,23% 20,79 23,41 -11,19%
21 34,68 40,16 -13,65% -46,08 -57,57 -19,96% 32,77 34,95 -6,24%
Fonte: Autor (2018).
54
Tabela 11 - Deslocamentos verticais da viga da parede 30 (cm).
DESLOCAMENTO (cm)
Primeiro vão Segundo vão
PAV Est. Const. Est. Pronta Dif(%) Est. Const. Est. Pronta Dif(%)
7 -0,0251 -0,0139 80,58% -0,0154 -0,0089 73,03%
14 -0,0404 -0,0280 44,29% -0,0252 -0,0177 42,37%
21 -0,0558 -0,0421 32,54% -0,0351 -0,0266 31,95%
Fonte: Autor (2018).
4.2.2 - Parede 41
A Figura 19(b) traz a representação do referido painel cego (sem aberturas).
A partir da Figura 26(a), as máximas tensões normais de compressão na extremidade
esquerda e direita considerados os 21 pavimentos pela análise por estágios construtivos
correspondem à -9,66MPa e –9,43MPa, respectivamente. Enquanto que para a análise
convencional tais resultados foram -8,77MPa e -8,55MPa. Tomando-se a análise convencional,
que concebe a estrutura pronta, como referência, as diferenças em relação a análise por estágios
construtivos foram de 10,14% e 10,37% para a extremidade esquerda e extremidade direita da
parede, respectivamente. Na região central da base da parede, observou-se a inversão de sinais
da tensão. Ao considerar a análise por estágios construtivos, tensões de tração foram
encontradas num trecho de 60 cm aproximadamente (de 2,18m a 2,78m). A máxima tensão de
tração encontrada nesse trecho foi de 0,0714MPa.
Para as tensões de cisalhamento, Figura 26(b), os resultados com ou sem o efeito
construtivo também apresentaram o mesmo comportamento. Com 21 pavimentos, os resultados
obtidos considerando o efeito construtivo foi de 0,88MPa e -0,85MPa para a extremidade
esquerda e direita respectivamente. Ao considerar a estrutura pronta, foram obtidos nas mesmas
regiões 0,78MPa e -0,75MPa com diferenças, respectivamente, de 12,70% e 12,89%.
55
Figura 26 - Distribuição das tensões na base da parede 41 na interface parede-viga: (a) Tensão Normal (MPa); (b)
Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
A Figura 27 apresenta os esforços e o deslocamento vertical da viga de suporte da parede
41. Para todos esses esforços, bem como o deslocamento da viga, o comportamento foi o mesmo
considerando ou não os estágios de construção.
A força normal na viga, Figura 27(a), apresenta máxima intensidade no meio do vão
como esperado devido a interação parede-viga. Os valores máximos encontrados, para os 21
pavimentos, com e sem a consideração dos estágios construtivos foram, respectivamente, de
118,30kN e 109,81kN caracterizando uma diferença de 7,73% (8,49 kN) em relação a análise
convencional (estrutura pronta). Os valores de força normal obtidos pela análise que contempla
os estágios construtivos foram sempre superiores aos obtidos ao considerar a estrutura pronta,
exceto nas extremidades da viga (força normal de compressão) cuja diferença foi de -22,63%
(-10,89kN e -14,08kN) e -22,35% (-11,10kN e -14,30kN) na extremidade esquerda e direita
respectivamente.
A partir da Figura 27(b), tem-se que os valores máximos de força cortante na
extremidade esquerda e direita são, respectivamente, -357,86kN, e 360,70kN com efeito
construtivo e -376,61 kN e 379,24kN configurando diferenças de -4,98% e -4,89%,
respectivamente. Os valores de força cortante obtidos pela análise que contempla os estágios
construtivos foram sempre inferiores aos obtidos ao considerar a estrutura pronta. Excetuando-
se um pequeno trecho na região central da viga.
Com relação aos momentos fletores, Figura 27(c), a análise por estágio construtivo
apresentou valores inferiores aos da análise convencional. O máximo momento positivo no vão
da viga foi de 101,64kNm com estágio construtivo e 126,30kNm para a estrutura pronta
56
(diferença de -19,52% em relação a análise convencional) Os momentos negativos à direita
foram -56,17kNm e –60,134kNm (-6,60%) e à esquerda foram -51,56kNm e –55,17kNm (-
6,54%). Para os deslocamentos verticais, todos os resultados com estágio construtivo foram
superiores. O máximo valor encontrado foi de -0,1657cm com estágio construtivo e -0,1411cm
sem, configurando uma diferença de 17,45%.
Figura 27 - Esforços e deslocamento vertical na viga de suporte da parede 41: (a) Força Normal (kN); (b) Força
Cortante (kN); (c) Momento Fletor (kNm); (d) Deslocamento vertical.
Fonte: Autor (2018).
As Tabelas 12,13,14 e 15 apresentam os valores e diferenças percentuais entre a análise
por estágios de construção e a análise convencional (adotada como referência) em termos de
forças normais, força cortante, momento fletor e deslocamentos da viga de suporte aos 7, 14 e
21 pavimentos construídos. Os valores em vermelho e azul indicam, respectivamente, que a
análise que contempla o efeito construtivo apresentou resultados superiores ou inferiores ao da
estrutura pronta. Tais resultados foram obtidos pelo MPE. Vale salientar que os valores
57
comparados são referentes às seções de maior solicitação. Houve diferenças ainda maiores em
outros trechos da viga.
Tabela 12 - Força Normal na viga da parede 41 (kN).
FORÇA NORMAL (kN) - Meio do vão
PAV Est. Const. Est. Pronta Dif(%)
7 45,33 36,85 23,01%
14 81,82 73,33 11,58%
21 118,30 109,81 7,73%
Fonte: Autor (2018).
Tabela 13 - Força Cortante na viga da parede 41 (kN).
FORÇA CORTANTE (kN)
Extremidade esquerda Extremidade direita
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
7 -106,81 -125,56 -14,93% 107,90 126,43 -14,66%
14 -232,33 -251,09 -7,47% 234,30 252,84 -7,33%
21 -357,86 -376,6 -4,98% 360,70 379,24 -4,89%
Fonte: Autor (2018).
Tabela 14 – Momento Fletor na viga da parede 41 (kNm).
MOMENTO FLETOR (kNm)
Extremidade Esquerda Meio do vão Extremidade direita
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
7 -16,14 -20,1 -19,70% 17,65 42,31 -58,28% -14,83 -18,44 -19,58%
14 -36,15 -40,12 -9,90% 59,65 84,31 -29,25% -33,2 -36,81 -9,81%
21 -56,17 -60,13 -6,59% 101,64 126,3 -19,52% -51,56 -55,17 -6,54%
Fonte: Autor (2018).
Tabela 15 - Deslocamentos verticais da viga da
parede 41 (cm).
DESLOCAMENTO (cm)
Meio do vão
PAV Est. Const. Est. Pronta Dif(%)
7 -0,0717 -0,0471 52,23%
14 -0,1186 -0,0940 26,17%
21 -0,1655 -0,1409 17,46%
Fonte: Autor (2018).
58
4.2.3 - Conclusões parciais
Para a força normal e cortante na base da parede, com os 21 pavimentos, tem-se:
- A diferença absoluta média entre os picos de esforços normais na base das paredes gira em
torno de 14,27 kN, sendo a análise por estágio construtivo resultando superior.
- A diferença absoluta média entre os picos de força cortante na base das paredes gira em torno
de 1,59 kN, sendo a análise por estágio construtivo resultando superior.
Para os esforços na viga e deslocamento vertical, com os 21 pavimentos, tem-se:
- A diferença máxima de força normal na viga de suporte dos painéis 1 e 30 são respectivamente,
7,24kN e 7,83kN sendo a análise por estágio construtivo resultando superior. Já para a parede
41, a máxima diferença absoluta foi de 9,49kN sendo a análise da estrutura pronta resultando
superior na referida seção;
- A diferença máxima de força cortante na viga de suporte dos painéis 1 e 30 são,
respectivamente, 19,07kN e 19,78kN sendo a análise por estágio construtivo resultando
superior e inferior para aquele e este painel. Já para a parede 41, a diferença absoluta máxima
foi de 23,62kN com análise convencional resultando no maior valor na referida seção;
- A diferença máxima de momento fletor na viga de suporte dos painéis 1, 30 e 41 são
respectivamente, 13,61kN, 17,13kN e 24,66kN sendo a análise por estágio construtivo
resultando inferior para as paredes 1 e 41 e inferior para a parede 30 em tais seções.
- A diferença máxima de deslocamento na viga de suporte dos painéis 1, 30 e 41 são
respectivamente, 0,018cm 0,0143cm e 0,025cm sendo a análise por estágio construtivo
resultando superior em tais seções.
4.3 - Comparação entre os modelos MPE e MPT
A comparação entre os modelos MPE e MPT será realizada mediante os resultados de
tensões na base da parede na interface parede-viga. Os gráficos foram plotados a cada 7
pavimentos. Para tal comparação, serão expostos os resultados obtidos para as paredes 1 (Painel
com uma única abertura de janela) e 30 (Painel com três aberturas). Para a parede 41, os
resultados obtidos foram praticamente os mesmos para ambos os modelos. Pode-se demonstrar
59
tal resultado pela Figura 28, a qual apresenta a distribuição das tensões normais e de
cisalhamento com 7 pavimentos.
Figura 28 - Distribuição das tensões na base da parede 41 na interface parede-viga com 7 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
4.3.1 - Parede 1
As figuras a seguir apresentam as tensões na base da parede na interface com a estrutura
de suporte da parede 1. Foram plotados os gráficos a cada 7 pavimentos construídos. Pode-se
perceber que praticamente inexiste diferença nos valores, bem como no comportamento das
curvas.
Figura 29 - Distribuição das tensões na base da parede 1 na interface parede-viga com 7 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
60
Figura 30 - Distribuição das tensões na base da parede 1 na interface parede-viga com 14 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
Figura 31 - Distribuição das tensões na base da parede 1 na interface parede-viga com 21 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
A tabela a seguir traz os valores e diferenças percentuais em relação ao modelo que
considera a estrutura pronta para as tensões na base da parede na interação com a estrutura de
suporte. As porcentagens em vermelho, azul e verde indicam, respectivamente, que a análise
por estágios construtivos apresentou resultados superiores, inferiores ou iguais aos por análise
convencional – Estrutura pronta.
O preenchimento da célula por vermelho, azul ou verde indica, respectivamente, que o
modelo de pórtico tridimensional (MPT) apresentou resultado superior, inferior ou igual ao
modelo de pórtico equivalente (MPE).
61
Tabela 16 - Tensão Normal (MPa) na base da parede 1 a cada 7 pavimentos na região esquerda, central e direita.
Extremidade esquerda
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -2,69 -1,91 40,84% -2,69 -1,9 41,58% 0,00% 0,53%
14 -4,6 -3,82 20,42% -4,59 -3,81 20,47% 0,22% 0,26%
21 -6,51 -5,73 13,61% -6,5 -5,71 13,84% 0,15% 0,35%
Região Central
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -1,56 -1,01 54,46% -1,59 -1,03 54,37% -1,89% -1,94%
14 -2,56 -2,01 27,36% -2,63 -2,07 27,05% -2,66% -2,90%
21 -3,56 -3,02 17,88% -3,66 -3,11 17,68% -2,73% -2,89%
Extremidade direita
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -1,49 -1,03 44,66% -1,47 -1,02 44,12% 1,36% 0,98%
14 -2,52 -2,06 22,33% -2,49 -2,04 22,06% 1,20% 0,98%
21 -3,56 -3,09 15,21% -3,51 -3,06 14,71% 1,42% 0,98%
Fonte: Autor (2018).
Como pode ser observado, conforme aumenta-se o número de pavimentos considerados
na análise, menor a diferença percentual entre os valores da análise com estágios construtivos
e análise convencional. Ou seja, o efeito construtivo apresenta em geral maior importância em
estágios iniciais. Além disso, pode-se perceber que a máxima diferença observada entre os
modelos foi de -2,90%.
Para a tensão de cisalhamento, Tabela 17, percebe-se que os resultados com estágio
construtivo são superiores aos da análise convencional. Os dois modelos apresentaram
praticamente o mesmo resultado.
62
Tabela 17 - Tensão de Cisalhamento (MPa) na base da parede 1 a cada 7 pavimentos na região esquerda, central
e direita.
Extremidade esquerda
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 0,24 0,16 50,00% 0,25 0,16 56,25% -4,00% 0,00%
14 0,4 0,32 25,00% 0,41 0,31 32,26% -2,44% 3,23%
21 0,56 0,48 16,67% 0,56 0,47 19,15% 0,00% 2,13%
Região Central
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -0,18 -0,12 50,00% -0,2 -0,12 66,67% -10,00% 0,00%
14 -0,31 -0,25 24,00% -0,32 -0,24 33,33% -3,13% 4,17%
21 -0,44 -0,38 15,79% -0,44 -0,37 18,92% 0,00% 2,70%
Extremidade direita
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -0,12 -0,06 100,00% -0,12 -0,06 100,00% 0,00% 0,00%
14 -0,18 -0,12 50,00% -0,18 -0,12 50,00% 0,00% 0,00%
21 -0,24 -0,18 33,33% -0,24 -0,19 26,32% 0,00% -5,26%
Fonte: Autor (2018).
4.3.2 - Parede 30
As figuras a seguir apresentam as tensões na base da parede na interface com a estrutura
de suporte da parede 30. Foram plotados os gráficos a cada 7 pavimentos construídos.
63
Figura 32 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga com 7 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
Figura 33 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga com 14 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
Figura 34 - Distribuição das tensões na base da parede 30 na interface parede-viga com 21 pavimentos: (a) Tensão
Normal (MPa); (b) Tensão de Cisalhamento (MPa).
Fonte: Autor (2018).
64
Tabela 18 - Tensão Normal (MPa) na base da parede 30 a cada 7 pavimentos na região esquerda, central e direita.
Extremidade esquerda
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -1,64 -1,17 40,17% -1,52 -1,04 46,15% 7,89% 12,50%
14 -2,86 -2,37 20,68% -2,6 -2,08 25,00% 10,00% 13,94%
21 -4,09 -3,56 14,89% -3,68 -3,11 18,33% 11,14% 14,47%
Região Central
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -0,68 -0,49 38,78% -0,97 -0,76 27,63% -29,90% -35,53%
14 -1,11 -0,94 18,09% -1,71 -1,55 10,32% -35,09% -39,35%
21 -1,54 -1,39 10,79% -2,45 -2,33 5,15% -37,14% -40,34%
Extremidade direita
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -1,67 -1,19 40,34% -1,4 -0,92 52,17% 19,29% 29,35%
14 -2,94 -2,42 21,49% -2,38 -1,83 30,05% 23,53% 32,24%
21 -4,21 -3,64 15,66% -3,35 -2,73 22,71% 25,67% 33,33%
Fonte: Autor (2018).
65
Tabela 19 - Tensão de Cisalhamento (MPa) na base da parede 30 a cada 7 pavimentos na região esquerda,
central e direita.
Extremidade esquerda
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 0,11 0,06 83,33% 0,12 0,07 71,43% -8,33% -14,29%
14 0,17 0,11 54,55% 0,19 0,14 35,71% -10,53% -21,43%
21 0,23 0,17 35,29% 0,27 0,22 22,73% -14,81% -22,73%
Região Central
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 -0,06 -0,04 50,00% -0,12 -0,09 33,33% -50,00% -55,56%
14 -0,1 -0,08 25,00% -0,2 -0,17 17,65% -50,00% -52,94%
21 -0,13 -0,12 8,33% -0,28 -0,26 7,69% -53,57% -53,85%
Extremidade direita
MPT MPE
PAV Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Est.
Const.
Est.
Pronta Dif(%)
Dif. Est.
const. (¨%)
Dif. Est.
Pronta (¨%)
7 0,17 0,07 142,86% 0,15 0,06 150,00% 13,33% 16,67%
14 0,24 0,13 84,62% 0,23 0,13 76,92% 4,35% 0,00%
21 0,31 0,2 55,00% 0,3 0,19 57,89% 3,33% 5,26%
Fonte: Autor (2018).
Como pode ser observado, assim como para a parede 1 e 41, conforme aumenta-se o
número de pavimentos considerados na análise, menor a diferença percentual entre os valores
da análise com estágios construtivos e análise convencional. Ou seja, o efeito construtivo
apresenta em geral maior importância em estágios iniciais. No entanto, a média da diferença
percentual foi de 25,04% entre os dois modelos para as tensões normais e 25,22% para as
tensões de cisalhamento. Essas diferenças consideráveis podem ser explicadas devido ao painel
30 possuir muitas aberturas, as quais interferem na distribuição das cargas aplicadas uma vez
que o MPT discretiza apenas o primeiro pavimento em pórtico equivalente.
66
4.4 - Análise dos lintéis, deformada das paredes ao nível dos pavimentos e reações de apoio
4.4.1 - Parede 1
A parede 1 apresenta apenas uma abertura de janela como mostra a Figura 19(a). A
seção utilizada para modelar o lintel foi de 0,14x1,50m em que 0,14m é a espessura da parede
e 1,50m a altura do trecho de alvenaria sobre a abertura. As propriedades elásticas foram
consideradas como alvenaria horizontal oca.
A Figura 35 apresenta a força normal no lintel aos 21 pavimentos. Os valores resultaram
praticamente os mesmos com e sem a análise por estágio construtivo. A maior diferença ocorre
no segundo nível de pavimento com -1,84 kN para a análise convencional e -2,58 kN com efeito
construtivo resultando uma diferença de 40,22% em relação a análise convencional
(carregamento imediato). A partir do pavimento 7, o esforço normal nos lintéis é praticamente
nulo.
Figura 35 - Força normal no Lintel - 21 pavimentos
Fonte: Autor (2018).
A Figura 36 mostra o esforço cortante na seção de extremidade esquerda do lintel.
Praticamente não há diferenças entre as duas análises. Da mesma forma que a força normal, a
força cortante tende à nulidade a partir do pavimento 5-7.
67
Figura 36 - Força cortante no lintel - 21 pavimentos.
Fonte: Autor (2018).
A Figura 37 apresenta os momentos fletores na seção esquerda de extremidade do lintel
a cada pavimento. Percebe-se que tal esforço tende a se uniformizar a partir do pavimento 5. É
a partir deste nível que a estrutura de transição apresenta as propriedades elásticas aos 28 dias.
Figura 37 - Momento Fletor no lintel - 21 pavimentos.
Fonte: Autor (2018).
Foi possível visualizar que os esforços no lintel apresentaram um pico de solicitação na
transição do pavimento 1 ao 2. Esse fato pode ser explicado pela transição que ocorre no MPT.
O primeiro pavimento é discretizado como pórtico equivalente e os demais como pórtico
68
tridimensional. No entanto, foi possível perceber a uniformização dos esforços ao longo dos
pavimentos.
Com relação a configuração deformada da parede 1, Figura 38, percebe-se que há uma
notável diferença comparando os resultados obtidos através da análise por estágios construtivos
e a análise convencional.
As deformadas para ambos os modelos (MPE e MPT) mantiveram os mesmos
comportamentos (Comparar figura 38a com a figura 38c e a figura 38b com a figura 38d).
Figura 38 – Deformadas dos painéis: (a) Análise considerando a Estrutura Pronta pelo MPT; (b)
Análise por estágios construtivos pelo MPT; (c) Análise considerando a Estrutura Pronta pelo
MPE; (d) Análise por estágios construtivos pelo MPE;
Fonte: Autor (2018).
A figura a seguir traz os deslocamentos horizontais relativos dos nós para a estrutura
pronta com o carregamento imediato de seus 21 pavimentos bem como para a consideração do
estágio construtivo aos 7, 14 e 21 pavimentos.
69
Figura 39 - Deslocamentos horizontais relativos da parede 1.
Fonte: Autor (2018).
Com relação as reações de apoio, a Tabela 20 apresenta a reação vertical e momento
para os três pilares da parede 1. Pode-se perceber que a cada 7 pavimentos construídos as
diferenças percentuais diminuem assim como para os esforços na viga e tensões na base da
parede. Aos 21 pavimentos, a maior diferença encontrada foi de -5,12%.
Tabela 20 - Reações de apoio da parede 1.
PAV
Apoio Esquerdo
Fvertical M
Sem Com DIF(%) Sem Com DIF(%)
7 pav 111,09 114,77 3,31% 2,74 2,59 -5,40%
14 pav 222,27 225,94 1,65% 5,46 5,31 -2,71%
21 pav 333,45 337,12 1,10% 8,18 8,03 -1,81%
PAV
Apoio Central
Fvertical M
Sem Com DIF(%) Sem Com DIF(%)
7 pav 146,45 138,29 -5,57% -1,74 -1,47 -15,22%
14 pav 292,69 284,55 -2,78% -3,45 -3,18 -7,66%
21 pav 438,95 430,81 -1,85% -5,16 -4,89 -5,12%
PAV
Apoio Direito
Fvertical M
Sem Com DIF(%) Sem Com DIF(%)
7 pav 61,94 66,42 7,23% -1,05 -1,20 14,14%
14 pav 124,00 128,47 3,61% -2,10 -2,25 7,06%
21 pav 186,05 190,52 2,40% -3,15 -3,30 4,71% Fonte: Autor (2018).
70
4.4.2 - Parede 30
A parede 30 apresenta três aberturas de janela como mostra a Figura 19(b).
Conforme a ABNT NBR 15961-1:2011, aberturas adjacentes, cuja menor distância
entre as suas faces paralelas seja inferior a 1/6 do menor valor entre a altura e o comprimento
da parede que as contêm, serão consideradas como abertura única com seção de 0,14m de
espessura pela altura das fiadas que compõem o lintel.
A Figura 40 apresenta a força normal na extremidade esquerda do lintel aos 21
pavimentos. Percebe-se que tal esforço apresenta basicamente o mesmo comportamento com
ou sem a consideração do efeito construtivo. Apenas no segundo pavimento houve diferença
significativa. Com a análise por estágio construtivo, a força normal foi de 8,62 kN e para a
análise convencional foi de 10,85 kN configurando uma diferença de -20,55% em relação a
análise sequencial. A partir do terceiro pavimento, o esforço normal uniformiza-se com valores
próximos a zero. Nos últimos pavimentos, a força normal apresenta diferença de -38,97% (-
1,66kN para a análise incremental e -2,72kN para a convencional).
Figura 40 - Força normal no Lintel - 21 pavimentos.
Fonte: Autor (2018).
71
A Figura 41 mostra o esforço cortante na seção de extremidade esquerda do lintel. Como
pode-se perceber, praticamente não há diferenças entre as duas análises. A partir do terceiro
pavimento, a força cortante tende a uniformização com valor aproximado de – 6,25 kN.
Figura 41 - Força cortante no lintel - 21 pavimentos.
Fonte: Autor (2018).
A Figura 42 apresenta os momentos fletores na seção esquerda de extremidade do lintel
a cada pavimento. As duas análises apresentaram o mesmo comportamento. Entretanto, sempre
os valores por estágio construtivo apresentaram-se menores que o da análise convencional. Fato
este atestado também para as vigas de transição das paredes analisadas neste trabalho. Pela
análise convencional, os momentos fletores tenderam a uniformização com valor próximo de -
4kNm. Já para a análise por estágio construtivo, tal valor foi de aproximadamente -2kNm.
72
Figura 42 - Momento Fletor no lintel - 21 pavimentos.
Fonte: Autor (2018).
A Figura 43 traz os deslocamentos horizontais relativos dos nós para a estrutura pronta
com o carregamento imediato de seus 21 pavimentos bem como tais deslocamentos para o
carregamento por fases aos 7, 14 e 21 pavimentos. Da mesma forma que a parede 1, com relação
a configuração deformada, Figura 44, percebe-se que há uma notável diferença comparando os
resultados obtidos através da análise por estágios construtivos e a análise convencional. As
deformadas para ambos os modelos (MPE e MPT) mantiveram as mesmas configurações.
73
Figura 43 - Deslocamentos horizontais relativos da parede 30.
Fonte: Autor (2018).
Figura 44 – Deformadas dos painéis: (a) Análise considerando a Estrutura Pronta pelo MPT; (b)
Análise por estágios construtivos pelo MPT; (c) Análise considerando a Estrutura Pronta pelo
MPE; (d) Análise por estágios construtivos pelo MPE;
Fonte: Autor (2018).
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Com relação às reações de apoio, a Tabela 21 apresenta a reação vertical e momento
para os três pilares da parede 30. Pode-se perceber que a cada 7 pavimentos construídos as
diferenças percentuais diminuem assim como para os esforços na viga e tensões na base da
parede. Para as reações verticais, as diferenças não são significativas considerando os 21
pavimentos, a maior diferença foi de -9,45%. Já para o momento, as diferenças foram
consideráveis cujo maior valor foi de -56,82%.
Tabela 21 - Reações de apoio da parede 30.
PAV
Apoio Esquerdo
Fvertical M
Sem Com DIF(%) Sem Com DIF(%)
7 pav 68,66 73,69 7,33% 0,77 1,38 79,22%
14 pav 138,78 145,23 4,65% 1,48 2,16 45,95%
21 pav 208,91 216,78 3,77% 2,18 2,95 35,20%
PAV
Apoio Central
Fvertical M
Sem Com DIF(%) Sem Com DIF(%)
7 pav 72,67 59,87 -17,61% -0,33 0,10 -130,30%
14 pav 141,67 125,31 -11,55% -0,61 -0,14 -77,05%
21 pav 210,67 190,76 -9,45% -0,88 -0,38 -56,82%
PAV
Apoio Direito
Fvertical M
Sem Com DIF(%) Sem Com DIF(%)
7 pav 70,60 78,36 10,99% -0,80 -1,24 55,00%
14 pav 143,39 153,29 6,90% -1,60 -2,14 33,75%
21 pav 216,18 228,22 5,57% -2,38 -3,04 27,73%
Fonte: Autor (2018).
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5 - CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito construtivo em edifício de
alvenaria estrutural sobre estrutura de transição em concreto armado. Tal análise foi realizada
a partir de duas modelagens computacionais por meio dos modelos de pórtico equivalente e
pórtico tridimensional.
A primeira etapa do trabalho consistiu no estudo comparativo do módulo de análise não
linear por estágio construtivo do programa SAP2000 se deu pela comparação dos resultados
obtidos com os de Santos (2016) e Prado (1999) para o exemplo numérico apresentado por
Selvaraj e Sharma (1974). Tanto o comportamento da curva quanto os valores obtidos
validaram as análises realizadas.
Na segunda etapa, foram analisados 3 painéis de diferentes tipologias. Verificou-se que
o efeito arco foi mantido na análise por estágios de construção com concentração de tensões
nos apoios e alívio de momentos fletores na região central da viga. Analisando a base da parede
na interface parede-viga, pôde-se concluir que:
- A tensão normal apresentou valores com estágio construtivo sempre superiores à
análise convencional. A diferença média, nos valores de pico, foi de 14,15%, 20,59%
e 10,26% para os painéis 1, 30 e 41, respectivamente. No painel 41, houve surgimento
de tensões de tração ao considerar o efeito construtivo. Assim, a análise por estágio
construtivo pode resultar em aumento das tensões normais nas paredes necessitando de
especificação de blocos de maior resistência em comparação com os solicitados por
uma análise convencional;
- A tensão de cisalhamento com a análise por estágio construtivo apresentou valores
superiores nas regiões de maior rigidez (grauteamento), próximas aos apoios da viga,
se comparado com a análise convencional. Tal diferença chegou a 57,98% no apoio
direito da parede 30. A média das diferenças nas regiões de pico foram de 23,76% e
12,79% para as paredes 1 e 41.
Ao analisar os esforços e deslocamentos da viga de suporte, pôde-se concluir que:
- As aberturas nos painéis influenciam ainda mais a análise por estágios de construção.
Tal fato pôde ser percebido uma vez que as diferenças, chegando inclusive até a inverter
76
esforços, aumentaram conforme a quantidade de aberturas no painel. Os valores de
esforços diferem mais em ordem crescente nos painéis 41, 1 e 30;
- O efeito construtivo originou forças normais sempre superiores aos valores obtidos
mediante análise convencional com exceção apenas na região dos apoios referente a
parede 41. Na parede 30, foi possível perceber inversão da força normal que era sempre
de tração;
- Os momentos fletores obtidos mediante a análise sequencial resultaram inferiores aos
obtidos pela análise convencional para todas as tipologias de paredes analisadas;
- Os deslocamentos verticais segundo análise por estágio construtivo são sempre
superiores à análise convencional. A diferença foi sempre superior a 20%.
Na terceira etapa deste trabalho, foram utilizadas as tipologias dos painéis 1 e 30 para
comparar os resultados obtidos pelo MPE e MPT a fim de sugerir uma modelagem simples,
mas eficiente, para avaliar os efeitos dos estágios de construção em edifícios de alvenaria
estrutural. Foi possível concluir que:
- Ambas as modelagens podem ser utilizadas para análise tridimensional de edifícios.
No entanto, o MPE possui a limitação, dependendo do edifício (área de paredes a serem
discretizadas e número de pavimentos), de discretizar todos os pavimentos em pórtico
equivalente devido ao tempo e memória de processamento requeridos nas análises.
Nesses casos, a discretização de apenas a estrutura de suporte em concreto armado e o
primeiro pavimento de alvenaria estrutural completo é eficiente conforme o trabalho
desenvolvido por Medeiros (2015) e calibrado por Lopes (2016);
- O MPT adotado pode ser utilizado, uma vez que possibilita a discretização do primeiro
pavimento de alvenaria de forma mais refinada em pórtico equivalente e os demais por
meio de pórtico tridimensional. Isso torna possível a análise tridimensional de edifícios
por apresentar menor exigência de recurso computacional, consequentemente, menor
tempo de processamento do modelo possibilitando análises exequíveis frente a
praticidade necessária nos escritórios de projeto;
- A discretização das paredes do primeiro pavimento realizada por pórtico equivalente
possibilita que o fluxo de tensões na região próxima à transição parede-viga seja
adequadamente representado contemplando o efeito arco existente nesse tipo de
estrutura. Além disso, confere a obtenção de tensões normais e de cisalhamento na
77
alvenaria na interseção com a estrutura de suporte. Pode-se analisar ainda os esforços
nos lintéis de maneira prática em cada andar da edificação através da discretização por
pórtico tridimensional. Assim, torna-se possível a inclusão da análise não linear por
estágios construtivos com baixo custo computacional.
No item 4.4, ao analisar os esforços nos lintéis foi possível concluir que:
- As aberturas influenciam consideravelmente na análise por efeito construtivo desses
elementos. Os esforços nos lintéis para a parede 1 praticamente não sofrem variações
significativas. Para a parede 30, a força normal e o momento fletor advindos da análise
com efeito construtivo apresentaram-se, respectivamente, superior e inferior aos
resultados obtidos pela análise convencional. No entanto para a força cortante mantem-
se o mesmo comportamento nas duas análises.
Ao verificar a deformada dos painéis foi possível observar que:
- Há uma diferença considerável de comportamento entre as duas análises com e sem
o efeito construtivo, principalmente, nos pavimentos superiores: o que coaduna com os
resultados obtidos por Reis (2014); Tais diferenças podem representar uma nova forma
de adotar o ângulo de desaprumo na consideração do desaprumo global especificado
na ABNT NBR 15961-1:2011.Todavia, como as análises foram feitas apenas com
painéis planos, deve-se aprofundar tal estudo aplicando modelagem tridimensional para
validar tal comportamento.
Por fim, ao analisar as reações de apoio para as paredes 1 e 30, é possível concluir que
as reações do tipo força vertical não sofrem significativa influência da análise por efeito
construtivo, bem como a reação do tipo momento para a tipologia da parede 1. Já para a reação
do tipo momento, na tipologia da parede 30, houve diferenças consideráveis.
Diante do exposto, a análise por estágios construtivos requer atenção dentro do cotidiano
de projetos em edifícios de alvenaria estrutural. Visto que tal efeito pode levar a diferenças
significativas no comportamento das estruturas.
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6 - REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (2011): NBR 15961-1:
Alvenaria estrutural – Blocos de concreto. Parte 1: Projeto.
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