DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA INSTITUTO ECUMÊNICO DE PÓS-GRADUÇÃO EM TEOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM ACONSELHAMENTO E PSICOLOGIA PASTORAL DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO Trabalho apresentado ao INSTITUTO ECUMÊNICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA em cumprimento parcial das exigências para a obtenção do grau de Especialização em Aconselhamento e Psicologia Pastoral por Edson Elmar Müller Setembro, 2007.

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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA

INSTITUTO ECUMÊNICO DE PÓS-GRADUÇÃO EM TEOLOGIA ESPECIALIZAÇÃO EM ACONSELHAMENTO E PSICOLOGIA PASTORAL

DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO

Trabalho apresentado ao INSTITUTO ECUMÊNICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA em cumprimento parcial das exigências para a obtenção do grau de

Especialização em Aconselhamento e Psicologia Pastoral

por

Edson Elmar Müller

Setembro, 2007.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ................................................................................................................ 02

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 03

1. ALGUNS CONCEITOS SOBRE ALCOOLISMO ................................................. 05

1.1 - O que é o álcool? ........................................................................................ 09

1.2 - Origem do álcool . ....................................................................................... 10

1.3 - Padrões de consumo de álcool na população brasileira ............................ 12

2. DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO NA VIDA PESSOAL, FAMILIAR E

SOCIAL ................................................................................................................ 19

2.1 - Danos causados pelo alcoolismo na vida pessoal - reações no organismo

2.1.1 - Prejuízos orgânicos do alcoolismo ..................................................... 20

2.1.2 - Prejuízos psíquicos do alcoolismo .................................................... 21

2.2 - Danos causados pelo alcoolismo na vida familiar ........................................ 22

2.2.1 - Relacionamento familiar ..................................................................... 22

2.2.2 - Danos em filhos de alcoolistas ........................................................... 25

2.2.3 - Danos causados pelo álcool na adolescência .................................... 27

2.2.4 - Violência relacionada ao álcool .......................................................... 30

2.2.5 - Violência doméstica ............................................................................ 31

2.3. Danos causados pelo alcoolismo na sociedade ............................................ 32

3. PROPOSTAS PARA A REDUÇÃO DE DANOS

CAUSADOS PELO ALCOOLISMO ..................................................................... 37

CONCLUSÃO ..................................................................................................... ... 42

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 46

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordaremos um tema envolvendo um costume que todos

aceitam com naturalidade, e que é apoiado por um constante bombardeio de

mensagens publicitárias. Referimo-nos ao consumo de bebidas alcoólicas.

Através dos séculos, a humanidade vem celebrando a vida, brindando ao

amor, a alegria e o êxito, com um copo na mão.

Mas o álcool tem o poder de arruinar silenciosamente e sem misericórdia a

vida de homens, mulheres, jovens e até crianças. Por tudo isso, um dos problemas

mais graves de saúde pública em nosso país, é o alcoolismo.

O trabalho que segue, trata do alcoolismo, uma dependência causada pelo

consumo exagerado de álcool, que age na pessoa, trazendo resultados nem sempre

desejáveis.

O alcoolismo não atinge unicamente as pessoas dependentes do álcool,

mas tem também repercussões na família, no seu conjunto, nas relações

profissionais e privadas, assim como na sociedade em geral.

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4Para nos aprofundarmos um pouco mais no tema alcoolismo, propomos o

trabalho que segue e que será desenvolvido em três capítulos.

O primeiro capítulo tratará de conceitos e algumas informações sobre o

alcoolismo, a idéia é apresentar algumas informações gerais sobre o álcool e o

alcoolismo.

O segundo capítulo tratará então especificamente dos danos causados pelo

alcoolismo na vida pessoal, familiar e na sociedade como um todo. Onde

procuraremos mostrar os graves danos causados pelo consumo de álcool.

No terceiro capítulo procuraremos apresentar algumas propostas que estão

sendo feitas pelo próprio governo federal em relação aos danos causados pelo

álcool, e também o que pode ser feito a nível de Igreja cristã e pessoalmente

também.

O trabalho será elaborado através de pesquisas bibliográficas referentes ao

tema proposto. Será muito utilizado material extraído na internet sobre pesquisas e

dados estatísticos referentes a questão do alcoolismo.

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1. ALGUNS CONCEITOS SOBRE ALCOOLISMO

“O álcool, a pior de todas as drogas, abre as portas a tragédias familiares e

sociais". Anônimo

Alcoolismo uma doença de natureza complexa, na qual o álcool atua como

fator determinante sobre causas psicossomáticas preexistente no indivíduo, e para

cujo tratamento é preciso recorrer a processos profiláticos de grande amplitude.

Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool

também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua no sistema nervoso

central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de

ter potencial para desenvolver dependência.

O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo

admitido e até incentivado pela sociedade. Nos meios de comunicação de massa,

especialmente a televisão, o álcool é “endeusado”. A veiculação de propagandas de

bebidas alcoólicas não tem limite. Em todos os horários, as casas são

bombardeadas pelas inserções de cervejas e outros produtos que, praticamente,

obrigam o espectador - mesmo que nunca tenha tido acesso a um copo na vida – a

consumir. “Engraçadinhas” e “bem-humoradas”, protagonizadas por belas mulheres

e personagens caricatos da vida nacional, as propagandas atraem crianças e

adolescentes e os familiarizam, desde cedo, ao gosto pela bebida. Como resultado,

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6formamos uma legião de alcoolistas. Aquele sujeito que não bebe é excluído do

grupo, discriminado. A moda é beber... e matar... e morrer... e ferir... e chorar...

As autoridades e a sociedade dão muito pouca atenção às tragédias

provocadas, diariamente, pelo álcool. Insistem no “combate” ao tráfico de

entorpecentes ilegais, mas esquecem que o perigo está, mesmo, na esquina de

casa, no bar mais próximo... não enxergam que o grande risco mora nas festas

juvenis dominadas pela bebedeira, em que o importante, o bacana, o “barato” é sair

arrastando-se (ou arrastado) de bêbado. Esse é um dos motivos pelo qual ele é

encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas.

Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas,

quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de

trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a

longo prazo, dependendo da dose, freqüência e circunstâncias, pode provocar um

quadro de dependência conhecido como alcoolismo. Desta forma, o consumo

inadequado do álcool é um importante problema de saúde pública, especialmente

nas sociedades ocidentais, acarretando altos custos para sociedade e envolvendo

questões médicas, psicológicas, profissionais e familiares.

Segundo Krüger “o alcoolismo não é um simples problema de cifras,

números, percentagens ou quantidade de pessoas. É um profundo problema

humano, familiar, social e espiritual. Implica a destruição das pessoas afetadas,

todas elas criaturas de Deus, feitas à sua imagem e semelhança. Por isso ninguém -

e menos ainda o membro de uma igreja - poderá dizer: “Esse problema não me

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7afeta, pois não sou alcoolista nem tenho membros da família que são alcoolistas.

Eles que se virem”1.

Gierus afirma que a “medicina considera o alcoolismo uma doença

progressiva que sempre provoca morte prematura. A enfermidade é muito complexa,

pois afeta não somente organismo, mas também a mente da pessoa alcoolista –

quer dizer, toda sua personalidade”2.

Alcoolistas são bebedores excessivos, cuja dependência do álcool chega a

ponto de acarretar-lhes perturbações mentais evidentes, manifestações afetando a

saúde física e mental, suas reações individuais, seu comportamento sócio-

econômico e suas relações familiares3.

Ainda segundo Krüger,

O alcoolismo pertence às adições. Uma adição é a necessidade imperiosa de consumir regularmente alguma substância, ou seja, não ter condições de moderar o consumo e, menos ainda, de abandoná-lo totalmente. Toda adição inclui uma multiplicidade de fatores. ... Na verdade, as adições não apenas causam doenças, mas são doenças de fato. Para muitas delas, há possibilidades de recuperação, e quase todas podem ser previnidas4.

Alcoolismo é qualquer uso de bebidas alcoólicas que ocasionam prejuízo ao

indivíduo, a sociedade ou a ambos. Portanto podemos definir alcoolismo, como

sendo uma dependência orgânica e emocional do álcool que é causada pela

ingestão mais ou menos prolongada de bebidas alcoólicas, que se manifesta num

desejo ou compulsão pelo consumo de bebida alcoolica5.

1 KRÜGER, René. Voltar do abismo: uma abordagem pastoral do alcoolismo. p. 8-9 2 GIERUS, Friedrich. Enfrentando o alcoolismo. p. 8. 3 GIERUS, Friedrich. Enfrentando o alcoolismo. p. 8. 4 KRÜGER, René. Voltar do abismo: uma abordagem pastoral do alcoolismo. p. 9 5 Ibidem. p. 10.

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8Krüger diz,

A dependência da bebida é tanta que a pessoa alcoolista, após beber o primeiro copo, costuma não parar até chegar ao estado de embriaguez. Ou seja, perde o controle sobre a quantidade que bebe; ingere maior quantidade do que o "normal" (por exemplo, o copo que alguém bebe junto com o almoço ou numa festa). Ambas as caracterizações – a dependência e a falta de controle depois de começar a beber - constituem os sinais principais e inconfundíveis do alcoolismo6.

Além da dependência, o álcool é fator inequívoco de criminalidade.

Ignorando as leis e as recomendações feitas pelos meios de comunicação, são

muitas as pessoas que assumem a direção de veículos automotores embriagadas,

provocando acidentes, não raro, muito graves. Há os que ficam agressivos sob efeito

de bebidas alcoólicas e as conseqüências são percebidas nas Delegacias de

Polícia: mulheres espancadas por seus companheiros, brigas em bares, lesões

corporais graves, homicídios. Tudo provocado por bebidas alcoólicas, vendidas sem

nenhum controle.

De acordo com o II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas

Psicotrópicas no Brasil de 2005, realizado pelo CEBRID/UNIFESP, 12,3% das

pessoas com idades entre 12 e 65 anos apresentam risco para a dependência do

álcool e cerca de 75% já beberam alguma vez na vida. Os dados também indicam o

consumo de álcool em faixas etárias cada vez mais precoces.

Além disso, grande parte dos acidentes de trânsito com vítimas está

associado ao uso de bebidas alcoólicas pelo condutor do veículo ou pelo pedestre

vítima de atropelamento. Uma pesquisa do ano passado, realizada pela Associação

Brasileira de Medicina do Trafego (ABRAMET) em quatro grandes capitais

6 Ibidem. p. 10.

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9brasileiras (Curitiba, Brasília, Salvador e Recife) aponta que 61% dos acidentados

haviam ingerido bebida alcoólica antes do acidente. A pesquisa também revelou que

o jovem é sempre a maior vítima.

Os gastos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), com tratamento de

dependentes de álcool e outras drogas em unidades extra-hospitalares, como os

Centros de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS-ad), somaram, entre 2002

e junho de 2006, R$ 36.887.442,95. Além disso, outros R$ 4.317.251,59 foram

gastos em procedimentos hospitalares de internações relacionadas ao uso de álcool

e outras drogas no mesmo período. Vale salientar que esses valores incluem apenas

os custos com o tratamento hospitalar e extra-hospitalar para o uso ou dependência

de álcool e outras drogas, estando excluídas, portanto, as doenças e agravos à

saúde decorrentes do consumo e dependência destas substâncias. Estudos

internacionais estimam em 6% do PIB os custos sociais, diretos e indiretos, do uso

nocivo de bebidas alcoólicas7.

1.1 O QUE É O ÁLCOOL?

O álcool é uma substância lícita, obtido a partir fermentação ou destilação da

glicose presente em cereais, raízes e frutas. O álcool está presente em quase todas

as culturas e participa plenamente do cotidiano da humanidade. É também a

substância que mais causa danos à saúde, causa dependência e possui um quadro

de abstinência que pode levar ao óbito, se não tratada.

7 SILVA, Ruben. Governo lança Política Nacional sobre Bebidas Alcoólicas. http://www.saude.gov.br em 23/05/07.

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10Ele se encontra em várias substâncias. Apresenta-se como combustível,

álcool hospitalar e álcool ingerível (etanol), o qual será abordado neste trabalho.

Apesar de seu livre e generalizado uso, o álcool ingerível é o mais

degradante de todos os tóxicos, sendo capaz de reduzir o homem a uma condição

inferior a das criaturas irracionais, tornado suas atitudes inconscientes, pois é uma

substância psicoativa, que produz alterações no funcionamento do cérebro,

alterando o comportamento das pessoas.

O maior problema é o fato de o álcool ser visto como bem vindo em qualquer

lugar e ocasião, bem como o fato de que há muitas idéias errôneas a respeito de

seu valor, pois traz conseqüências alarmantes, devendo preocupar a todos.

Na verdade o álcool é uma droga, como outra qualquer, e que modifica o

estado de ânimo e altera o organismo de maneira cumulativa. O álcool ataca o

cérebro, o fígado, o coração, o estômago, o duodeno, o pâncreas, os nervos, e a

longo prazo, a maioria dos órgãos e sistemas do corpo humano8.

1.2. ORIGEM DO ÁLCOOL

A verdade é que jamais saberemos exatamente como ocorreu à descoberta

do álcool. Certo é que ele, bem como os problemas de seu uso inadequado são

antigos conhecidos do Homem. Beber é certamente um dos costumes mais antigos,

8 KRÜGER, René. Voltar do abismo: uma abordagem pastoral do alcoolismo. p. 11

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11que persiste a milhares de anos, apesar de que sempre se soube de seus perigos

potenciais. Incontáveis costumes vieram e se foram. Contudo, este permaneceu.

As primeiras informações sobre o uso do álcool datam de 6000 a.C., e a sua

difusão generalizada permite que conjeture-se a respeito e se formulem hipóteses

de ´por que o álcool é a droga de eleição, à qual outros psicotrópicos vêm se

sobrepor, mas não para substituí-lo.’ Em primeiro lugar deve ser considerado a

grande disponibilidade do álcool, que sempre persistiu, sendo um produto de

fermentação de açúcares, pode ser facilmente obtida em qualquer região, enquanto

que outros psicoativos sofrem limitações devido a sua origem vegetal. A maior

disponibilidade se traduz no seu baixo custo.

A cerveja e o vinho foram as primeiras bebidas alcoólicas a serem

consumidas, pois dependiam exclusivamente do processo de fermentação. Na idade

média, as bebidas alcoólicas começam a ser utilizadas na sua forma destilada,

surgindo então o whisky, conhaque, run, cachaça, gim e vodka, as quais contém

uma concentração de álcool em 40% à 50%, muito superior aos 4% da cerveja e dos

12% do vinho.

O início da era dos destilados, causam uma revolução na história das

bebidas alcoólicas, já que dissipam as preocupações mais rapidamente do que o

vinho e a cerveja, assim como produzem alívio mais eficiente na dor, bem como a

euforia é mais prolongada. Entretanto, logo se percebeu que não só os efeitos

positivos aumentam com os destilados, mas também os problemas relacionados ao

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12álcool, como a embriagues e o alcoolismo. Portanto, temos ai os dois lados da

moeda.

1.3. PADRÕES DE CONSUMO DE ÁLCOOL NA POPULAÇÃO

BRASILEIRA9

A Secretaria Nacional Anti-drogas (SENAD) do Gabinete de Segurança

Institucional da Presidência da República, em parceria com a Unidade de Pesquisa

em Álcool e Drogas (UNIAD), do Departamento de Psiquiatria da Universidade

Federal de São Paulo (UNIFESP), realizou o I Levantamento Nacional sobre os

Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira. O principal propósito

consistiu no oferecimento do panorama nacional sobre os padrões de consumo de

bebidas alcoólicas pelos brasileiros.

A Metodologia utilizada para este levantamento foram entrevistas.

Realizaram-se 3007 entrevistas, 2346 com adultos de faixa etária superior a 18 anos

e 661 entrevistas com adolescentes de 14 a 17 anos em 143 municípios brasileiros.

Os Resultados gerais obtidos por este levantamento foram os seguintes:

- 52% dos brasileiros beberam pelo menos uma vez no último ano e os 48%

restantes relataram estar abstinentes, de tal forma que não fizeram uso na vida e

tampouco nos 12 meses anteriores à entrevista.

9 http://cisa.org.br/UserFiles/cartilha_alcool.pdf, Acesso em 27/08/07.

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13- As mulheres apresentam maior prevalência de abstinência (59%) e os

homens bebem mais frequentemente, ou seja, 39% dos homens bebem pelo menos

1 vez/semana, dos quais 11% bebem diariamente. A quantidade de bebida por

ocasião de consumo também difere conforme o sexo, ou seja, enquanto a maioria

das mulheres (68%) bebeu até 2 doses de álcool na última ocasião, 38% dos

homens beberam 5 ou mais doses, dos quais 11% beberam 12 ou mais doses na

última ocasião.

- Por faixa etária os entrevistados com idade superior a 60 anos são

frequentemente abstêmios (68%) e ao beberem fazem-no em pequenas

quantidades, sendo que a maioria (70%) bebeu até 2 doses na última ocasião de

consumo. Em freqüência, cerca de 30% dos brasileiros, com idade até 44 anos,

consumiram 5 ou mais doses de bebidas na última ocasião de consumo, sendo que,

dentro dessa mesma faixa etária, cerca de 23% dos jovens beberam de forma

freqüente, ou seja, de 1 a 4 vezes/semana.

- Os dados também foram analisados por regiões. O Sul é a região que

apresentou maiores freqüências de consumo (36% dos entrevistados beberam pelo

menos 1 vez/semana, dos quais 11% fazem-no diariamente). Porém, o consumo na

Região Sul é o mais “leve” em termos de quantidade (66% da população bebeu até

2 doses na última ocasião), sendo maior entre os entrevistados das regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste.

- Quando a questão é classe socioeconômica verificou-se que as classes A,

B e C são as de uso mais freqüente, sendo que os índices de abstinência são

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14maiores para as classes D e E (de prevalência entre 55 e 60%). Porém, dois

terços dos entrevistados da classe socioeconômica A fizeram-no de forma “leve”, ou

seja, até 2 doses, enquanto que 45% dos entrevistados da classe E beberam mais

de 5 doses alcoólicas na última ocasião, relatando um padrão de beber mais

“pesado”.

- Quanto aos tipos de bebida consumida, a cerveja e o chope são os mais

consumidos (61% do total), sendo que o vinho e destilados ocupam,

respectivamente a segunda (25%) e terceira (12%) colocações.

- Já na questão da diferença entre os sexos por tipo de bebida, não há

diferença para o uso de cerveja, mulheres bebem mais vinho que os homens, em

contrapartida, os homens bebem mais destilados que as mulheres. No que concerne

ao uso de destilados, é feito preferentemente na forma de cachaça (66%) e

prevalentemente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e por pessoas de

baixa condição socioeconômica (31%).

A pesquisa também levantou dados sobre o padrão de consumo entre os

jovens brasileiros, e os resultados foram os seguintes10:

Verificou-se que entre os adolescentes, 66% são abstêmios, 35%

consomem bebidas alcoólicas pelo menos uma vez/ano e 24% pelo menos uma

vez/mês.

10 Ibidem.

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15Na questão última ocasião de consumo os homens beberam maiores

quantidades, sendo que um terço deles relatou ter consumido de 5 a mais doses.

O padrão binge de consumo (definido como o consumo de 4 ou 5 doses de

álcool, respectivamente, entre mulheres e homens) é mais prevalente entre os

homens (21%) que mulheres (12%).

A cerveja é a bebida mais consumida pelos adolescentes (52%), seguida do

vinho (35%), destilados (7%) e bebidas do tipo “ice” (6%). Os homens apresentaram

tendência de beber mais destilados que mulheres.

O início do uso de álcool na vida e do uso regular deram-se,

respectivamente, para as idades de 13,9 e 14,6 anos. Em contraposição, entre os

adultos, as idades para as respectivas variáveis foram 15,3 e 17,3 anos.

Este levantamento também apresentou dados sobre o comportamento de

beber de risco entre adultos, e verificou-se o seguinte11:

28% da população brasileira, equivalente a 33,6 milhões de pessoas, já

bebeu em binge pelo menos uma vez no último ano, com prevalência maior entre os

homens (40% homens e 18% mulheres), porém, o uso em binge diminui com o

avançar da idade;

11 Ibidem.

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1673% de todas as doses consumidas por aqueles que beberam em binge,

no último ano, foram feitas na forma de cerveja, seguida dos destilados (13%), vinho

(12%) e bebidas “ice” (1%)

27% dos adultos que beberam em “binge” nos últimos 12 meses beberam na

balada ou no bar

45% dos brasileiros adultos que beberam, tiveram problemas relacionados

ao álcool, mais prevalente entre homens (58% homens; 26% mulheres) e mais

comuns na região Centro-Oeste. Dentre os que relataram ter sofrido problemas

relacionados ao álcool, problemas físicos são os mais freqüentes.

3% dos brasileiros relataram ter feito uso nocivo e 9% são dependentes de

álcool, prevalência quatro vezes maior entre os homens.

Um dos problemas mais graves que podemos verificar também neste

levantamento é a perigosa combinação bebida e direção, os dados são os

seguintes12:

Dentre os indivíduos que consumiram álcool nos últimos 12 meses e dirigem

(tem carteira de habilitação e costumam dirigir, n=1152, 599 homens e 553

mulheres), 53,5% dos homens e 86,4% das mulheres nunca beberam e dirigiram.

12 Ibidem

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17Dentre os adultos que dirigem alcoolizados (38,40% dos que bebem e

dirigem), 17,6% nunca dirigiu e bebeu depois de beber 3 doses, 23,7% dirigiu 2 ou 3

vezes depois de beber 3 doses, 18,3% dirigiram quase todas as vezes depois de

beber 3 doses de álcool.

43% dos indivíduos beberam na balada e em festas antes de dirigir (depois

de consumir 3 doses)

Os entrevistados neste levantamento demonstraram grande apoio às

políticas públicas sobre o álcool13.

A imensa maioria da população geral adulta apóia o aumento de programas

preventivos ao uso do álcool em escolas (92%), programas de tratamento para o

alcoolismo (91%) e campanhas governamentais de alerta sobre os riscos do álcool

(86%).

Quanto aos programas de tratamento aos dependentes de álcool, 96% acha

que deveriam ser gratuitos e obrigatórios em postos de saúde, ambulatórios da rede

pública e Hospitais Gerais.

56% defende o aumento dos impostos sobre as bebidas alcoólicas.

55% da população defende o aumento da idade mínima de 18 anos para a

venda de bebidas alcoólicas.

13 Ibidem.

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18Para 89% dos entrevistados, os estabelecimentos não deveriam servir

bebidas alcoólicas para clientes que já estivessem bêbados. As padarias,

confeitarias e mercearias, na opinião de 74%, deveriam ser proibidas de vender

bebidas alcoólicas.

76% defende à restrição do horário de venda de bebidas alcoólicas14.

14 http://cisa.org.br/UserFiles/cartilha_alcool.pdf, Acesso em 27/08/07

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2. DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO

NA VIDA PESSOAL, FAMILIAR E SOCIAL

Já vimos acima que o uso de álcool pode prejudicar o indivíduo em diversas

esferas de sua vida social. O uso indevido de álcool está relacionado a inúmeras

conseqüências negativas tanto na vida do cônjuge daquele que bebe quanto na vida

de seus filhos. Exemplos dessas complicações na vida do filho são: Síndrome Fetal

Alcoólica, abuso infantil e impacto nas esferas social, psicológica e econômica.

Como afirma Streck e Harpprecht, “o alcoolismo contribui para o aumento da

violência doméstica, da criminalidade, dos acidentes no trânsito, dos abusos sexuais

e estupros”15.

Neste capitulo, queremos apresentar alguns danos que são causados pelo

alcoolismo tanto na vida pessoal como familiar, e na sociedade como um todo, não

iremos abordar todos os danos causados pelo alcoolismo, mas alguns que no

momento julgamos mais relevantes.

2.1. DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO NA VIDA PESSOAL -

REAÇÕES NO ORGANISMO

15 STRECK, Valburga Schmiedt; SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph. Imagens da família: dinâmica, conflitos e terapia do processo familiar, p. 131.

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20Abraham J. Twerski, diz que “dificilmente há um tecido no corpo humano

que não seja danificado pelo abuso de álcool”16. Devemos, por isso, ter também em

mente a parte física do alcoolista, pois não podemos ignorar o corpo da pessoa.

Portanto vejamos alguns danos que são causados pelo alcoolismo na parte física do

sujeito alcoolista.

2.1.1. PREJUÍZOS ORGÂNICOS DO ALCOOLISMO

O alcoolismo causa comprometimento do sistema nervoso, aparelho

digestivo e cardiovascular17.

Sistema nervoso: Causa tremores, polineurite (sensibilidade à pressão dos

troncos nervosos, dores nas extremidades e outras).

Aparelho digestivo: Falta de apetite, gastrite com vômitos matinais, cirrose

hepática que pode levar o indivíduo à morte, degeneração ao câncer esofágico e

gástrico e outros18.

Aparelho cardiovascular: Insuficiência circulatória e a vasodilatação que

faz com que a pele se torne mais vermelha do que o normal, insuficiência cardíaca e

aumento da pressão arterial19 .

O álcool também altera o sono causando insônia e fazendo com que o

indivíduo sinta necessidade de beber a noite, alterando assim o ritmo sono-vigília

favorecendo o aparecimento de ataques epilépticos.

16 TWERSKI, M.D., Abraham J. Como proceder com o alcoólatra, p. 35 17 KRUSKE, Manfred. É só um pouquinho. In: Vida e Saúde. Casa Publicadora Brasileira, Ano 69, no 6, junho 2007, p.16. 18 TWERSKI, M.D., Abraham J. Como proceder com o alcoólatra, p. 35. 19 Ibidem, p.16.

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21Em casos avançados causa impotência sexual, onde os testículos se

atrofiam, e diminuem a excreção hormonal. O atrofiamento e a lesão hepática

provocam queda dos pelos pubiano e axilares20.

2.1.2. PREJUÍZOS PSÍQUICOS DO ALCOOLISMO

A alteração mais evidente é sua labilidade emocional, unida a uma

acentuação efetiva de todas as vivências causando falta de domínio emocional.

A susceptibilidade emotiva faz com que os alcoólatras desconfiem de tudo e

de todos, fazendo idéias delirantes de ciúme e perseguição, como por exemplo, sem

base real acreditam ter provas de infidelidade conjugal21. Em virtude da disposição

emocional, muitos alcoólatras são sugestionáveis, o que faz com que as certas

pessoas se aproveitem disso.

Compromete as funções intelectuais, a memória, a percepção e a crítica,

que com o passar dos anos causa a decadência do caráter.

Eduardo Kalina, afirma que “drogar-se como suicidar-se é um ato

psicótico”22. Para Griffth Edwards, a bebida alcoólica causa muitos problemas

mentais, que não podem ser ignorados a fim de evitar o agravamento do problema.

Além do que, o álcool é uma droga lenitiva, que suaviza muitos tipos de desconforto

mental23. E uma constatação final: “O uso abusivo e a de dependência do álcool são

20 Ibidem, p.17. 21 EDWARDS, Griffth. O tratamento do alcoolismo. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 86. 22 KALINA, Eduardo. Viver sem drogas. p. 41. 23 EDWARDS, Griffth. op. cit. p. 105.

Page 22: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

22os transtornos psiquiátricos mais prevalentes, sendo responsáveis pela maioria

das internações psiquiátricas...”. O álcool age diretamente sobre o Sistema Nervoso

Central24.

2.2. DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO NA VIDA FAMILIAR

2.2.1. RELACIONAMENTO FAMILIAR

A família continua sendo de fundamental importância na vida de cada ser

humano, e esta sofre muitas conseqüências com a alcoolização de um de seus

membros. A falta de amor, principalmente se for precoce, pode levar ou gerar a

adicção às drogas, segundo Eduardo Kalina25.

O comportamento, a conduta, as atitudes de um indivíduo dentro da família,

e do ambiente familiar, está relacionada com a dos demais membros desta família. E

quando ocorre uma mudança de comportamento de um dos membros isto provoca

mudanças nos demais membros.

Quando uma ou mais pessoas de um grupo familiar usam álcool,

estabelece-se, inegavelmente, uma tensão intensa com elevado limiar de ansiedade,

provocando o início de desorganização familiar. Pois, o alcoolismo dificilmente

afetará somente um membro da família, normalmente todos serão afetados. Griffth

24 RAMOS, Sérgio de Paula; BERTOLOTE, José Manuel et al. Alcoolismo hoje. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 111. 25 KALINA, Eduardo. Drogadição II. p. 26 e 27.

Page 23: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

23Edwards, afirma que a bebida frequëntemente afeta a família com a mesma

intensidade que afeta o alcoolista26.

Habitualmente, o “chefe” da família é a primeira vitima da alcoolização.

Antes mesmo que o alcoolismo chegue à fase decisiva, o bebedor excessivo

começa a negligenciar suas obrigações, no seu duplo aspecto de pai e provedor da

família.

Na medida em que se acentua a desagregação do alcoolismo, e se a

tolerância familiar é fraca em relação a esta conduta desviada, não tarda a isolá-lo

ou amputar aquele que tem esta patologia, para tornar a encontrar seu equilíbrio.

Segundo RAMOS e BERTOLOTE, um dos muitos efeitos ou danos que

atingem a família por causa do alcoolismo é o estresse, que acaba levando todo o

grupo familiar a adoecer27.

Se é evidente o papel do álcool na desorganização da família, resta saber se

ele é um fator desencadeante ou resultante de outra causa, sendo a alcoolização

secundária ou primária à desorganização familiar.

Uma das pessoas que mais sofre com as conseqüências do alcoolismo na

família é o cônjuge. E um dos problemas que muitas vezes a esposa de um

26 EDWARDS, Griffth. O tratamento do alcoolismo. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 43. 27 RAMOS, Sérgio de Paula; BERTOLOTE, José Manuel et al. Alcoolismo hoje. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 209.

Page 24: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

24alcoolista enfrenta é o ciúme, pois não há duvida que exista uma relação entre

ciúme e alcoolismo28.

No caso do cônjuge daquele que faz uso indevido de álcool, o álcool pode

danificar a performance deste indivíduo como pai ou mãe, como marido ou mulher

ou ainda como provedor da casa.

O casamento é mais facilmente rompido quando o alcoolismo está presente,

do que no grupo dos que usam ou usavam pouco álcool. Estes alcoolistas uma vez

divorciados custam mais a tornar a casar-se do que o grupo dos que usam pouco

álcool. As necessidades materiais da família servem freqüentemente para consumar

a separação, constituindo-se os alcoolistas em dependência da Previdência Social

ou dos órgãos de Higiene Mental.

Em muitas sociedades, o consumo de álcool se dá fora do ambiente familiar

e faz com que o tempo e o dinheiro gasto com esta prática desfalquem a família em

suas necessidades básicas.

Quando o doente é um filho, os pais, muitas vezes, não sabem como agir

frente à situação, descriminam-no, então, ou até fingem não estarem preocupados,

ao invés de ajudá-lo, o que é indispensável quando chegar a este ponto.

28 EDWARDS, Griffth. op. cit p. 86.

Page 25: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

25Algumas experiências, em decorrência da embriaguez alcoólica, podem

deixar seqüelas permanentes na família: acidentes no ambiente familiar, violência

doméstica e doenças.

O uso abusivo do álcool pode levar ao desenvolvimento de transtornos

psiquiátricos e infecção por HIV, prejudicando a saúde física e financeira da família,

especialmente das famílias mais carentes.

2.2.2. DANOS EM FILHOS DE ALCOOLISTAS

Algumas pesquisas mostram que uma em cada quatro crianças menores de

18 anos está exposta ao abuso de álcool no ambiente familiar. Associado a

componentes biológicos, psicológicos e sociais, a influencia parental (pais,

cuidadores, responsáveis) corrobora para o desenvolvimento do abuso e

dependencia de álcool29.

Vários pesquisadores têm feitos estudos com filhos de alcoolistas, pois

esses têm grande chance de vivenciar eventos negativos durante o seu

desenvolvimento. O ambiente familiar e a maneira como os familiares se relacionam

podem afetar muito a vida dos jovens. Muitos estudos mostram que filhos de pais

alcoolistas apresentam elevadas taxas de psicopatologias (doenças psicológicas) e

muitos desenvolvem problemas com uso abusivo de álcool. Além disso, a

29 REVISTA ELETRÔNICA SAÚDE MENTAL ÁLCOOL E DROGAS. Estudo mostra que pais alcoolistas podem prejudicar o desenvolvimento dos filhos. Disponível em <http://www2.eerp.usp.br/resmad/resmad2/artigo_titulo.asp?rmr=58> Acesso em: 20 out. 2006.

Page 26: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

26ansiedade, a depressão e a desordens comportamentais são mais comuns em

filhos de pais alcoolistas30.

A Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas publicou um artigo de

revisão com o intuito de identificar as reais condições de vulnerabilidade e de

proteção à criança e ao adolescente expostos ao alcoolismo familiar. A coleta de

dados deu-se através de artigos sobre o tema filhos de alcoolistas com delimitação

do período de busca de 1995 a 2000 e foi dividida em duas fases: na primeira etapa

a pesquisa bibliográfica foi efetuada e na segunda realizou-se a análise e

distribuição dos artigos de acordo com os objetivos propostos pelo estudo em

questão31.

Após uma revisão minuciosa os artigos selecionados foram dispostos em

três categorias diferentes visando a apresentação dos resultados: alcoolismo

parental e características afetivas e comportamentais da criança ou do adolescente;

co-ocorrência de alcoolismo com outro distúrbio e características da criança ou do

adolescente e fatores que podem funcionar como protetores à criança/adolescente.

Os resultados mostram que crianças de pais alcoolistas apresentam

problemas escolares, como notas baixas e mau comportamento quando comparadas

aos filhos de não-alcoolistas. Demonstram também maior vergonha e sentimento de

inferioridade, sendo mais agressivos e hiperativos. Quanto ao ambiente familiar, a

relação dos filhos com os pais é ruim e com pouca conversa e carinho32.

30 Ibidem. 31 Ibidem. 32 Ibidem.

Page 27: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

27Outro ponto que chama atenção é que muitos estudos mostram que essas

crianças se envolvem mais cedo com as drogas e acabam se tornando

dependentes, mas isso não é um consenso. Outras pesquisas defendem resultados

diferentes, mostrando que jovens que possuem pais alcoolistas observam o

sofrimento dos mesmos e acabam criando uma imagem negativa do álcool e se

afastam não perpetuando os padrões parentais em relação ao alcoolismo. Alguns

fatores podem ajudar filhos de pais alcoolistas, como um familiar que não faça uso

do álcool e pode proporcionar um ambiente melhor, incentivando rotinas familiares,

sendo carinhoso e conversando bastante com a criança.

O estudo evidenciou que o uso abusivo de álcool não afeta somente o

alcoolista, mas todos aqueles que fazem parte da família principalmente os filhos

que estão em fase de desenvolvimento e são muito mais sensíveis.

Explicita a questão da incidência freqüente do alcoolismo na família e a falta

de estudos nacionais sobre o tema e conclui enfatizando a importância de atentar-se

para os aspectos do funcionamento psicológico dessas crianças e adolescentes33.

2.2.3 - DANOS CAUSADOS PELO ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA

Acabamos de ver os danos que o álcool pode trazer para filhos de pais

alcoolistas, analisemos agora um pouco dos danos que o álcool causa quando

usado pelo próprio adolescente.

33 Ibidem.

Page 28: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

28O álcool é a substancia psicoativa mais consumida precocemente pelos

adolescentes, sendo que a idade de início do uso tem sido cada vez menor, o que

aumenta o risco de dependência, problemas no desenvolvimento e no futuro.

Aumenta também as chances de envolvimento em acidentes, violência sexual e

participação em gangues. Estudos mostram que o álcool na adolescência está

associado com mortes violentas, queda no desempenho escolar, dificuldades de

aprendizagem e prejuízo no desenvolvimento34.

Os danos causados pelo uso de álcool ao adolescente são diferentes

daqueles causados nos adultos, seja por questões existenciais desta etapa da vida,

seja por questões relacionadas ao amadurecimento do cérebro. O consumo de

álcool pode trazer prejuízos para a memória, dificultar a aprendizagem e o controle

de impulsos. Os profissionais que trabalham com adolescentes devem ter um

preparo para avaliar corretamente o possível uso abusivo ou a dependência,

conhecendo bem as características singulares dos adolescentes para que possam

adaptar os instrumentos disponíveis para diagnóstico, uma vez que foram

desenvolvidos para adultos35.

O artigo publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria descreveu aspectos

sociais associados ao consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes, visando

orientar o profissional não especialista no trabalho com essas difíceis questões e

alertar para as conseqüências do uso do álcool nessa idade, bem como os prejuízos

no futuro. Os autores também citam dados onde o uso na vida de drogas

34 PECHANSKY, Flávio & SZOBOT, Claudia Maciel et. a. Uso de álcool entre adolescentes: conceitos, características epidemiológicas e fatores etiopatogênicos. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000500005&lng=pt&nrm=iso> Acesso em: 20 ago. 2007. 35 Ibidem.

Page 29: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

29psicotrópicas entre jovens de 12 a 17 anos é de 48,3% em 107 grandes cidades

brasileiras, sendo o maior no índice de uso na vida de álcool na região Sul, 54,5%.

Pinsky e Silva, estudando comerciais de bebidas alcoólicas, demonstraram

que a freqüência destes era, em média, maior do que a freqüência de comerciais

sobre outros produtos, como bebidas não alcoólicas, medicamentos ou cigarros. Dos

cinco temas mais freqüentemente encontrados nesses comerciais, três deles (como

relaxamento, camaradagem e humor) eram diretamente relacionáveis às

expectativas dos jovens. Para uma mente tipicamente sugestionável como a de um

adolescente, a prática de propagandas que estimulam o uso de bebidas alcoólicas,

apoiadas na posição da sociedade e a falta de firmeza no cumprimento de leis, é um

caldo de cultura ideal para a experimentação tanto de drogas como de álcool,

contribuindo para a precocidade da exposição de jovens ao consumo abusivo.

Álcool na adolescência é um tema bastante controverso, pois a Lei brasileira

proíbe a venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos, embora muitos jovens

façam uso em casa, em festas e às vezes até em ambientes públicos. A sociedade

age de forma diferente frente a esse problema, onde por um lado condena o abuso

de álcool, mas por outro aceita propagandas que estimulam o uso36.

O adolescente gosta de desafio e de burlar regras, acredita estar protegido

mesmo envolvendo-se em situações de risco que podem ter conseqüências graves.

Mesmo sem um diagnóstico de abuso ou dependência de álcool, pode se prejudicar

com o seu consumo, à medida que se habitua a passar por uma série de situações

36 Ibidem.

Page 30: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

30apenas sob efeito de álcool. Vários adolescentes costumam, por exemplo,

associar o lazer ao consumo de álcool, ou só conseguem tomar iniciativas em

experiências afetivas e sexuais se beberem37.

O artigo procurou demonstrar que o consumo de álcool por adolescentes

tem elementos controversos que dificultam a compreensão do problema. Apesar de

trazer claras conseqüências orgânicas, comportamentais e na estrutura de

desenvolvimento da personalidade do jovem, o uso de álcool nesta faixa etária ainda

é combatido e valorizado, dependendo do ângulo em que o fenômeno é observado:

para a mídia, o consumo de álcool é favorecido. Para a lei e para os programas de

saúde pública, ele é combatido38.

No meio deste embate está o jovem com a personalidade em formação,

navegando entre correntes opostas. Entretanto, independentemente das forças em

questão, um ponto é inquestionável em relação ao consumo de álcool por

adolescentes: quanto mais precoce o início de uso, maior o risco de surgirem

conseqüências graves, cabendo aos profissionais que lidam com jovens alertá-los

para esses riscos39.

2.2.4 - VIOLÊNCIA RELACIONADA AO ÁLCOOL

Outro problema fortemente relacionado ao consumo exagerado de álcool

são os comportamentos agressivos. Este fato pode ser observado tanto em um

ambiente criminal como nos lares. Não é fácil interpretar relevância das palavras 37 Ibidem. 38 Ibidem. 39 Ibidem.

Page 31: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

31“violência”, “agressão”, “crime”, principalmente se elas se referem à intenção de

machucar outra pessoa. No entanto, muitos estudos indicam que o consumo de

álcool pode provocar comportamentos violentos acima do que se considera

acidental40.

Outro fato importante que deve ser levado em consideração é a

porcentagem de pessoas que abusam do álcool entre reincidentes na prisão (em

todos os países onde se levantaram as estatísticas). É interessante notar que não só

o agressor como também a vítima podem ter consumido álcool antes ou durante o

crime. Também foi detectado álcool na maioria das investigações de casos de

estupro violento e também em outros crimes sexuais41.

2.2.5 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Vários estudos demonstram que mais de 50% dos casos de espancamento

de esposas têm relação direta com consumo de álcool pelo espancador. Uma

análise dos casos investigados de abuso ou negligência de crianças no Canadá

revelou que o agressor havia consumido álcool em 87% dos casos. Abusos sexuais

e atos incestuosos contra crianças também foram comprovadamente cometidos sob

a influência do álcool. Estudos e dados estatísticos destacam os efeitos físicos mais

comuns do abuso do álcool. No entanto, problemas psicológicos e doenças pós-

traumáticas não devem ser minimizados ou ignorados. Vítimas de um estilo de vida

40 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Álcool e redução de danos: uma abordagem inovadora para países em transição / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. - 1. ed. em português, ampl. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. p. 44. 41 Ibidem, p. 44.

Page 32: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

32baseado na violência doméstica podem apresentar problemas de longo prazo ou

até incuráveis como doenças de natureza afetiva, neurótica e de desenvolvimento42.

2.3. DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO NA SOCIEDADE

O problema social do alcoolismo cresce assustadoramente no mundo. No

Brasil, 12,3% das pessoas com idades entre 12 e 65 anos são dependentes de

álcool, de acordo com a última pesquisa da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad)

sobre uso de drogas no país, feita em 2005. O número subiu mais de 1% em relação

à pesquisa anterior, de 2001. A produção de bebidas alcoólicas se expande a cada

ano e tudo indica que o consumo cresce em toda a América Latina43.

Pode-se tranqüilamente afirmar que o número de alcoólatras é sempre maior

que aparece nas estatísticas de todas as comunidades onde o uso do álcool é um

traço social.

Não há dúvida de que a prevalência do alcoolismo parece marcadamente

afetada por fatores sociais e culturais. Ele é um fato universal e também um

comportamento transcultural; quase todas as sociedades o usaram ou o usam ainda,

como conseqüência de um costume socialmente aceito44.

42 Ibidem, p. 44. 43 RETRATO DO ALCOOLISMO. Disponível em <http://72.21.62.210/alcooledrogas/atualizacoes/cl_275a.htm > Acesso em: 20 mar. 2007. 44 KRÜGER, René. op. cit. p.12.

Page 33: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

33A evidência de sua ação sócio-cultural está demonstrada pela proporção

variável dos usuários do álcool, segundo grupos profissionais, sociais, religiosos,

sexo, idade, e outros.

Segundo René Krüger:

A sociedade cultua o hábito prejudicial de beber "socialmente". Vivemos numa cultura alcoolizada e sexualizada. Há um paralelo interessante entre ambos os problemas. A "sexualização" tira da sexualidade seu componente fundamental do amor, reduzindo-a à simples produção egoísta e mecânica do prazer sem compromisso, embora depois se reclame dos problemas da gravidez precoce, da infidelidade, das crianças abandonadas ou da AIDS. Da mesma maneira, a alcoolização sugere que o álcool tem o prestígio da "boa vida", mas ao mesmo tempo rebaixa moralmente o doente alcoolista45.

Segundo Krüger, o que está por detrás dessa sociedade alcoolizada e que

incentiva o beber “socialmente” são “os enormes interesses econômicos, cujos

lucros vêm, em grande parte, do bebedor social e do alcoolista”46.

E o mais triste desta “realidade alcoólica” é que a sociedade (de maneira

geral) que antes incentivou o indivíduo a beber, agora ignora o alcoólatra, não

vendo-o como um doente, mas como um simples desvinculado da sociedade, pois é

considerado um desnorteado, perturbado, que só prejuízos a sociedade47.

Entre os muitos danos que existem na sociedade por causa do alcoolismo

podemos destacar:

... sofrimento e complicações físicas e mentais, desemprego, violência e criminalidade, mortalidade, morbidade, entre outros. Todos estes problemas acarretam, significativamente, um elevado custo econômico para a sociedade. Pouco tem sido feito, portanto, para mensurar, quantitativamente, suas conseqüências em nosso país. Uma constatação da necessidade de ampliação desta discussão está no fato de que, atualmente, elementos fundamentais - como os custos indiretos - não estão sendo considerados nas estimativas de custos da dependência do álcool48.

45 Ibidem, p. 13. 46 Ibidem, p. 13. 47 Ibidem, p. 13. 48 LARANJEIRA, Ronaldo et al. Impacto social do abuso do álcool e economia da saúde. Disponível em < http://www.alcoolismo.com.br/impacto_social.html> Acesso em: 20 jul. 2007.

Page 34: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

34Além destes destaca-se ainda

o fim da harmonia entre vizinhos; os problemas no ambiente de trabalho (e também acidentes); conflitos com a lei, como dirigir embriagado, crimes violentos cometidos após ou durante o consumo de álcool, delitos relacionados a comportamentos agressivos ou anti-sociais conseqüentes do abuso de álcool49.

Podemos observar com isto que os danos causados pelo alcoolismo a

sociedade são enormes, pois as vítimas saem dos bares, de dentro de casa, da

turma de amigos. As estatísticas aparecem nos acidentes de trânsito, nas

internações hospitalares, nas consultas por dependência. E todos estes problemas

geram custos enormes aos cofres públicos.

De acordo com estudos realizados, o álcool no Brasil é responsável por 85%

das internações decorrentes do uso de drogas; 20% das internações em clínica

geral e 50% das internações masculinas psiquiátricas. Somente entre os anos de

1995 e 1997, as internações decorrentes do uso abusivo e dependência de álcool e

outras drogas geraram um gasto de 310 milhões de reais. Além disso, estudo

realizado em Recife, Brasília, Curitiba e Salvador detectou índice de 61% de casos

de alcoolemia em pessoas envolvidas em acidentes de trânsito. Visto que o aumento

do consumo de álcool eleva também a gravidade dos problemas decorrentes,

conseqüentemente, o custo social será maior50.

De acordo com reportagem do jornal o GLOBO, os gastos públicos do

Sistema Único de Saúde (SUS) com tratamento de dependentes de álcool e outras

drogas em unidades extra-hospitalares somaram, entre 2002 e junho de 2006, R$

36.887.442,95. Outros R$ 4.317.251,59 foram gastos em procedimentos

49 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, op. cit. p.39. 50 LARANJEIRA, Ronaldo et al. Impacto social do abuso do álcool e economia da saúde. op. cit.

Page 35: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

35hospitalares de internações relacionadas ao uso de álcool e outras drogas no

período. Estudos internacionais estimam em 6% do PIB os custos sociais, diretos e

indiretos, do uso nocivo de álcool51.

Cada vez mais, a sociedade brasileira vem sentindo o impacto do custo

social gerado pelo uso abusivo de álcool, ao mesmo tempo em que percebe que os

investimentos realizados não estão conseguindo reduzir os problemas decorrentes,

tais como criminalidade, acidentes, violência doméstica, absenteísmo, desemprego e

outros. A razão para isso pode estar na má alocação dos recursos, uma vez que, no

Brasil, ainda não existem parâmetros, baseados em evidências científicas, que

sustentem uma correta tomada de decisão52.

Em alguns países desenvolvidos, onde também existe a preocupação com

os custos sociais gerados pelo abuso e/ou dependência química, tal decisão vem

sendo respaldada pela realização de estudos nesta área. Resultados já obtidos por

estes estudos demonstram a importância deste tipo de avaliação na tomada de

decisão quanto à alocação de recursos em intervenções que possam vir a minimizar,

de forma comprovadamente custo-efetiva, a incidência desses custos para a

sociedade53.

Para termos uma noção dos danos causados pelo alcoolismo a nível

mundial vejamos os dados a seguir apresentados pela OMS (Organização Mundial

da Saúde):

51 DAMÉ, Luiza. Governo lança plano para combater males do álcool. O Globo Online. Disponível em <http://www.abert.org.br/D_mostra_clipping.cfm?noticia=105362> Acesso em: 20 jun. 2007 52 LARANJEIRA, Ronaldo et al. Impacto social do abuso do álcool e economia da saúde. op. cit. 53 Ibidem.

Page 36: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

36... o álcool é o terceiro maior fator de risco tanto de morte como de

incapacidade na Europa, embora entre os jovens já tenha se transformado no primeiro, com 55.000 mortes ao ano de pessoas entre 15 e 29 anos, especialmente devido aos acidentes de trânsito.

No mundo todo, é o quinto fator de morte prematura e de incapacidade e provoca 4,4% da carga mundial de morbidade, já que até 60 doenças são associadas a seu consumo .

Além disso, seu consumo esteve relacionado com 6,1% das mortes de homens ocorridas no mundo todo em 2002, uma percentagem que entre as mulheres foi de 1,1%, o que representa uma média para ambos os sexos de 3,7%.

O efeito nocivo do álcool tem uma relação especial com os transtornos neuropsiquiátricos (entre eles o alcoolismo), que chegam a 34,3% das doenças e mortes ligadas ao hábito.

Seguem os traumatismos involuntários como os associados aos acidentes de trânsito, queimaduras, afogamentos e quedas (25,5%); os propositais como o suicídio (11%); a cirrose hepática (10,2%), as doenças cardiovasculares (9,8%) e o câncer (9%).

Se forem consideradas apenas as mortes, as três categorias principais correspondem a traumatismos involuntários (25%), doenças cardiovasculares (22%) e câncer (20%).

Além disso, o relatório da OMS defende que em muitas doenças, entre elas o câncer de mama, o risco aumenta em função da quantidade de álcool consumido, ao tempo que "a acumulação de indícios sugere uma relação entre o consumo e doenças infecciosas tais como a AIDS e a tuberculose, embora essa relação ainda precise ser demonstrada e quantificada”54.

E ainda de acordo com a OMS o custo conjunto do consumo nocivo de

álcool chegou a US$ 665 bilhões, no ano de 200255.

Com estes dados podemos verificar o grande impacto social negativo, ou os

grandes danos e prejuízos causados pelo alcoolismo.

54 OMS vai preparar plano para reduzir efeitos nocivos do consumo de álcool. Disponível em <http://www.alcoolismo.com.br/oms_alcool.html> Acesso em: 10 set. 2007. 55 Ibidem.

Page 37: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

37

3. PROPOSTAS PARA A REDUÇÃO DE DANOS

CAUSADOS PELO ALCOOLISMO

Após termos destacado até aqui os enormes danos causados pelo

alcoolismo tanto na vida pessoal, familiar como na sociedade, precisamos nos

preocupar agora em como tentar reverter este quadro, ou ao menos reduzir os

danos.

A prevenção do alcoolismo, ou a redução de danos, deve basear-se em

objetivos realistas. A esperança de erradicá-lo ou suprimi-lo totalmente é utópica e

irrealizável. Por isso, é importante procurar-se dentro da realidade sócio-cultural e

econômica de regiões e países; estabelecer objetivos prioritários para diminuir os

riscos e as conseqüências que se avolumam na sociedade alcoólica de nossa

época.

Apesar das dificuldades previsíveis, a profilaxia do alcoolismo figura entre as

atividades preventivas das mais importantes e frutíferas. É necessário insistir na

idéia de prevenção e assistência que se encontra centrado no mesmo objetivo,

constituindo em realidade uma missão unitária.

A Organização Mundial de Saúde sugere que as seguintes medidas de

saúde pública sejam implementadas a fim de dar combate aos danos causados pelo

álcool:

Page 38: DANOS CAUSADOS PELO ALCOOLISMO - Monografia - Pós em Aconselhamento e Psicologia Pastoral - EST

381 - Taxação das bebidas alcoólicas: quanto maior o preço, menor o consumo: Há evidências claras na literatura científica de que o preço das bebidas alcoólicas exerce influencia no consumo dessa substância. Nessa lógica, quanto menor o preço, maior o consumo de álcool e quanto maior o preço, menor o consumo. 2 - Regulação da disponibilidade física do álcool: diminuição do acesso à bebida: A maioria dos países apresenta leis restringindo tanto quem pode consumir quanto quem pode vender álcool. Os estudos mostram que quanto menor o acesso às bebidas alcoólicas, menor será o consumo e os problemas relacionados ao uso dessa substância. No entanto, as restrições no acesso às bebidas alcoólicas trazem também conseqüências adversas: há o aumento na produção caseira de álcool e no contrabando dessa substância. 3 - Modificação do contexto de consumo de bebidas alcoólicas: Há intervenções que buscam atuar na mudança de contexto dos locais onde as bebidas alcoólicas são servidas. Tais medidas incluem a co-responsabilização dos estabelecimentos que vendem álcool e do staff que serve (barman e garçons) essa substância de maneira abusiva. A venda responsável de bebidas alcoólicas inclui mudança de atitudes dos estabelecimentos e treinamento do staff de funcionários visando à prevenção ao uso abusivo de álcool. A venda responsável de bebidas é uma medida que pode ajudar no combate ao uso abusivo de álcool e na prevenção dos problemas decorrentes desse uso. 4 - Medidas de combate ao beber e dirigir: Tradicionalmente, as leis relacionadas ao combate do beber e dirigir buscam penalizar os infratores respaldadas pela idéia de que essas punições irão precaver o indivíduo de fazer o uso associado de álcool e direção. Há, contudo, poucas evidências na literatura que apóiem às leis. A exceção a essa regra parece ser a suspensão das licenças de motorista, medida eficiente no combate tanto do beber e dirigir quanto de infrações automobilísticas em que o uso de álcool não esteve associado. Uma outra estratégia de combate ao beber e dirigir é o aumento na visibilidade de medidas de avaliação do consumo de álcool, tais como a presença constante e aleatória de bafômetros pelas ruas e avenidas. Somado a essas medidas, a redução nos limites permitidos de alcoolemia parece também ser uma medida efetiva no combate do beber e dirigir56.

Ewa Oslatynska, dá as seguintes recomendações para que aja uma redução

de danos no consumo de álcool:

• É necessário informar (permanentemente) aos potenciais consumidores de álcool sobre fatos reais baseados em pesquisas acerca dos efeitos nocivos do consumo irresponsável do álcool; • O governo deve priorizar a educação das equipes médicas (clínicos gerais ou médicos de família, residentes, ginecologistas, equipe de emergência e enfermeiros) na área de prevenção e avaliação precoce dos danos causados pelo abuso ou uso prejudicial de álcool; • Programas no ambiente de trabalho sobre prevenção de abuso de álcool devem ser implementados por todas as empresas com grande número de funcionários. Devem ser oferecidos treinamento a gerentes e supervisores visando o reconhecimento precoce de problemas com álcool; • Motoristas embriagados envolvidos em acidentes devem receber, além das punições legais, a oportunidade de participar de programas de educação sobre os efeitos do álcool no corpo e na mente humanos; • Criminosos violentos, inclusive agressores domésticos, devem receber educação especial (com a possibilidade de tratamento de vários níveis de alcoolismo no local de trabalho), em todos os casos onde o álcool tiver sido o fator contribuinte da violência;

56 Combatendo o uso nocivo de álcool. Disponível em <http://www.oboulo.com/search.php?q=combatendo+o+uso+nocivo+de+alcool&start=0&topConsult=0 > Acesso em: 20 jun. 2007

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39• A publicidade de bebidas alcoólicas é considerada um fator importante que influencia os jovens a se tornarem consumidores em potencial. Ela deve ser fiscalizada e, conseqüentemente, obrigada a obedecer às regulamentações legais para reduzir eventuais danos57.

Como podemos observar as recomendações acima são mais em termos de

ações governamentais, mas diante dos grandes danos ocasionados pelo álcool não

podemos esperar que o governo faça tudo.

Precisamos como Igreja de Cristo, que está aqui para pregar as boas-novas

da salvação, levar a vida em abundância às pessoas e nos preocupar também com

este grande flagelo que assola a vida pessoal, familiar e a sociedade como um todo.

Segundo Krüger:

Diante das consequências desastrosas do alcoolismo é altamente contraditório que a sociedade não tenha tomado consciência da gravidade do problema. As igrejas, as instituições intermediárias, as organizações populares e todas as pessoas de boa vontade devem denunciar e, principalmente, inverter esse mecanismo. Há motivos suficientes para dizer: "Neste caso precisamos fazer algo, e urgentemente". Cabe propor a necessidade de um trabalho em duas frentes: por um lado, com as pessoas que sofrem o alcoolismo e, por outro, com a sociedade em geral58.

E ainda de acordo Krüger:

No que se refere à sociedade em geral, é essencial apontar claramente a falsidade do corpo social alcoolizado, denunciar profeticamente o comércio com a morte, desmascarar a propaganda que vende uma imagem enganosa do que significa a bebida, acusar publicamente os hábitos prejudiciais do beber "social" e criar espaços de contenção comunitária, nos quais se possa provar que uma vida alternativa é possível59.

Precisamos, portanto, conhecer cada vez mais sobre o problema do

alcoolismo e ai sim tomar medidas concretas e realizáveis.

57 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, op. cit. p. 45. 58 KRÜGER, René. op. cit. p.19. 59 Ibidem, p. 19.

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40Tais como:

- campanhas de conscientização sobre o problema do alcoolismo e sobre

onde encontrar ajuda;

- campanhas de informação dirigidas aos freqüentadores da igreja ( e por

extensão, para a sociedade em geral) sobre os problemas que o álcool pode trazer;

- Localização e individualização dos casos concretos de alcoolismo,

tomando muito cuidado com as fofocas e diz-que-diz-que, por um lado, e com a

ocultação e a dissimulação, por outro;

- Conversas com os familiares e com a pessoa alcoolista (preferencialmente

nessa ordem) para explicar-lhes a natureza do problema;

- Estabelecimento de relações diretas entre os afetados e os grupos de

auto-ajuda, vinculando as pessoas dispostas a tratar-se com integrantes

especializados desses grupos e/ou acompanhando os afetados para a sua primeira

reunião;

- Acompanhamento pastoral de cada pessoa e de cada família;

- Campanhas e medidas de prevenção;

- Organização de grupos de leitura e estudo sobre o assunto60.

Além destas medidas e recomendações, não podemos nos esquecer que a

prevenção tem seu início na família, pois bem sabemos que a família como célula de

origem da sociedade, é o lugar mais importante para a formação da personalidade.

Porque é dentro dela que aprendemos as coisas básicas da vida.

60 Ibidem, p.20-21.

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41Portanto, uma grande mudança na situação atual do alcoolismo vai

começar a aparecer quando a família assumir o seu papel, e como família procurar

informação sobre os problemas causados pelo álcool e é claro também começar a

mudar o seu modo de ver a questão do uso do álcool.

A mudança começa em casa, pais que participam da vida de seus filhos, que

procuram conversar abertamente sobre os problemas do uso de álcool, que

participam da vida escolar de seus filhos, que escutam seus problemas, fazem com

que diminua e muito a possibilidade deste adolescente fazer uso do álcool.

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CONCLUSÃO

O alcoolismo é, indiscutivelmente, uma doença com a qual é necessário

muita cautela. Como foi visto, fica claro de que o álcool traz inúmeras conseqüências

drásticas, não sendo uma forma aconselhável de fugir ou enfrentar os problemas. O

beber como um simples prazer ou mero relaxante perde-se de vista no meio de tanta

“destruição” que o álcool traz em nossa sociedade.

Como pudemos verificar enormes são os danos causados pelo álcool na

vida pessoal, familiar e na sociedade como um todo. Precisamos urgentemente rever

conceitos e atitudes com relação ao consumo de bebida alcoólica, para evitar que a

situação se agrave mais ainda.

A verdade é que a melhor maneira de diminuir os números nas estatísticas,

é prevenindo e conscientizando a sociedade, através dos órgãos públicos de saúde,

ou outras instituições, como por exemplo o ALCOOLICOS ANÔNIMOS, AL-ANON e

outras. Para que o alcoólatra deixe de beber é necessário, acima de tudo, que ele

realmente tenha muita força de vontade para se conscientizar que está em um

grande problema. A questão central é a motivação.

O alcoolismo preocupa cada vez mais as autoridades, e líderes (em geral),

pois o seu consumo aumenta a cada dia, e respectivamente as suas conseqüências

desastrosas. Uma simples proibição não vai resolver o problema (até mesmo porque

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43é de fácil fabricação - de açucares). Assim, o mais adequado e imediato a fazer é

uma conscientização da sociedade, de forma intensa e coerente.

Cuidado! O álcool é uma droga que nos faz trilhar o caminho que leva

ao abismo!

É preciso também rever nosso papel de igreja em face desta “doença

terminal”... - Nas igrejas, lamentavelmente, não é muito diferente do que na

sociedade em geral. Na maioria há muitas festas, com jogos, rifas, bingos etc,

fazendo com que cada vez mais aumente o uso e consumo de bebida alcoólica.

Numa reunião para organização de uma festa de igreja, um membro insistia

em que se contratasse um conjunto de música. Perguntado sobre a razão do

mesmo, sua resposta não foi outra: “Sem música o pessoal não bebe!”

Jesus disse: “Vós sois o SAL da terra e a LUZ do mundo” (Mt 5.13-14).

Que espécie de luz e sal é uma igreja que estimula as pessoas à bebedeira, ou que

da bebedeira obtêm o seu sustento? Com que autoridade uma igreja poderá tratar

com alcoólatras se ela mesma promove a bebedeira?

Concluímos com um texto denominado: “POR QUE DIZER NÃO AO

ALCOOLISMO”, a autoria do mesmo é desconhecida, mas é bastante relevante

para o momento.

“POR QUE DIZER NÃO AO ALCOOLISMO”

O álcool prejudica funções físicas e mentais;

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44 O álcool danifica o cérebro;

O álcool envelhece o cérebro;

O álcool causa uma diminuição na função sexual;

O álcool pode contribuir para a obesidade;

O álcool pode levar à desnutrição;

O álcool aumenta a disposição para doenças contagiosas;

O álcool causa cirrose hepática;

O álcool aumenta o risco de câncer;

O álcool aumenta o risco de ataque cardíaco;

O álcool rouba o autocontrole;

O álcool encoraja o comportamento violento e criminoso;

O álcool aumenta a perda de vidas nas estradas;

O álcool pode levar ao suicídio;

O álcool pode provocar violência contra familiares;

O álcool causa danos ao feto;

O álcool abala a economia e o trabalho...

O álcool escraviza, destrói e mata!

O álcool rouba a Herança Eterna (Gálatas 5.21)

O álcool fere e abala o templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.19):

O corpo humano foi criado por Deus

O corpo é a habitação do Espírito Santo

Não matarás... (5º Mandamento)

O corpo foi comprado por alto preço

O corpo humano, figura da Igreja de Cristo.

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45 O corpo do alcoólatra PRECISA SER PURIFICADO para ser

santuário de Deus”.

Em todos esses esforços, talvez a nossa ação mais eficaz seja a de

ajudarmos uns aos outros e ensinarmos nossos filhos a enfrentar dificuldades e

experimentar júbilo sem lançarem não de reforço químico. À medida que a nossa

cultura se torna cada vez mais dedicada à busca do prazer e cada vez mais

acostuma ao alívio instantâneo da dor, precisamos reafirmar nosso compromisso de

viver como filhos de Deus. No gozo e conforto do seu Espírito Santo, podemos

render-lhe serviço sóbrio, enquanto esperamos na fé pela restauração final de toda a

criação.

“Esperei com paciência pela ajuda do Deus Eterno. Ele me escutou e

ouviu o meu pedido de socorro. Tirou-me de uma cova perigosa, de um poço

de lama. Ele me pôs seguro em cima da rocha e firmou os meus passos. Ele

me ensinou a cantar uma nova canção, um hino de louvor ao nosso Deus.

Quando virem isso, muitos temerão ao Deus Eterno e aprenderão a confiar

nele” (Salmo 40.1-3)

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