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354 Revista de História da Arte Nº 4 – 2007 1. Introdução Nascida das águas e de um gesto de profundo humanismo, a cidade das Caldas da Rainha possui um patrimó- nio de valor excepcional e universal, associado a um hospital para o Populus, legado no final do século XV pela rainha D. Leonor e que mantém ainda a sua autenticidade assistencial aos mais desprotegidos. Na sua origem, esta vila renas- centista estabeleceu uma profunda relação com as águas curativas; não tão monumental como qualquer urbe romana, nem tão poética como a islâmica, teve nas águas o suporte da prosperidade económica de um cen- tro urbano que criou em si mesmo um dinamismo próprio e constituiu o sustento da indústria artesanal e do comércio, e por isso com significado para as suas gentes. Nos seus pri- meiros séculos, a água, depois de servida no corpo humano, corria à flor do corpo urbano na pendente natural do terreno, activando moinhos e azenhas que geraram os ofícios mais importantes e uma economia local florescente. Esta relevou desde sem- pre um centro oleiro pujante pela qualidade das margas da terra e cria- tividade das mãos dos seus artistas. Mais tarde, a movimentação de visi- tantes alimentou o trabalho dos seus habitantes em actividades que se diver- sificaram cada vez mais. O hospital é considerado mais do que um edifício em si mesmo, sobrevivendo para além do banho medicinal em período estival e de uma actividade colectiva e temporal. É por estas razões que este e outros patrimónios não sobrevivem sem o valor humano e sem que os mesmos tenham sentido para as comunidades e para quem os visita. As Caldas do Populus, que se estruturaram dentro destas premis- sas, não ficaram fechadas intramuros, mas foram desde sempre constituídas por espaços abertos, favorecendo as relações entre os seus cidadãos, con- vidando os de fora para fazerem jus à hospitalidade de sempre. Hoje, este conjunto histórico mo- numental e simbólico é constituído pelo Hospital Termal Rainha D. Leo- nor – considerado o primeiro e mais antigo dos hospitais termais europeus e a primeira grande unidade assisten- cial em Portugal –, pela Igreja de Nos- sa Senhora do Pópulo, Mata Rainha D. Leonor e pelo Parque D. Carlos I, como elementos patrimoniais e teste- munhos do seu decurso histórico. É nas palavras dedicadas recente- mente a este património, porque in- substituíveis pela sua análise apaixona- Das Caldas do Populus à Cidade Aberta à Humanidade

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1. Introdução

Nascida das águas e de um gestode profundo humanismo, a cidade dasCaldas da Rainha possui um patrimó-nio de valor excepcional e universal,associado a um hospital para o Populus,legado no final do século XV pelarainha D. Leonor e que mantém aindaa sua autenticidade assistencial aosmais desprotegidos.

Na sua origem, esta vila renas-centista estabeleceu uma profundarelação com as águas curativas; nãotão monumental como qualquer urberomana, nem tão poética como aislâmica, teve nas águas o suporte daprosperidade económica de um cen-tro urbano que criou em si mesmoum dinamismo próprio e constituiu osustento da indústria artesanal e docomércio, e por isso com significadopara as suas gentes. Nos seus pri-meiros séculos, a água, depois deservida no corpo humano, corria àflor do corpo urbano na pendentenatural do terreno, activando moinhose azenhas que geraram os ofícios maisimportantes e uma economia localflorescente. Esta relevou desde sem-pre um centro oleiro pujante pelaqualidade das margas da terra e cria-tividade das mãos dos seus artistas.Mais tarde, a movimentação de visi-

tantes alimentou o trabalho dos seushabitantes em actividades que se diver-sificaram cada vez mais. O hospital éconsiderado mais do que um edifícioem si mesmo, sobrevivendo para alémdo banho medicinal em períodoestival e de uma actividade colectiva etemporal. É por estas razões que estee outros patrimónios não sobrevivemsem o valor humano e sem que osmesmos tenham sentido para ascomunidades e para quem os visita.

As Caldas do Populus, que seestruturaram dentro destas premis-sas, não ficaram fechadas intramuros,mas foram desde sempre constituídaspor espaços abertos, favorecendo asrelações entre os seus cidadãos, con-vidando os de fora para fazerem jus àhospitalidade de sempre.

Hoje, este conjunto histórico mo-numental e simbólico é constituídopelo Hospital Termal Rainha D. Leo-nor – considerado o primeiro e maisantigo dos hospitais termais europeuse a primeira grande unidade assisten-cial em Portugal –, pela Igreja de Nos-sa Senhora do Pópulo, Mata RainhaD. Leonor e pelo Parque D. Carlos I,como elementos patrimoniais e teste-munhos do seu decurso histórico.

É nas palavras dedicadas recente-mente a este património, porque in-substituíveis pela sua análise apaixona-

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damente atenta e conhecedora, quefundamos as nossas próprias convic-ções e esperanças de que estes valo-res venham a ser justamente reconhe-cidos, nacional e universalmente. Opresente contributo deve ser um sinalacrescido de alerta, na comunidadecientífica e nos decisores públicos.

2. Justificação de «Valor Universal eExcepcional» do Conjunto Termal

O Conjunto Termal das Caldas daRainha respeita os critérios essenciaispara que lhe seja reconhecido, formal-mente, o seu valor universal e excep-cional.

É manifestamente verdade queeste conjunto constitui um exemploeminente de fixação humana e deocupação do território tradicional«representando várias culturas (a dabalneoterapia, a da beneficência social,a da literatura e das artes)» (Aires--Barros 2005), permanecendo notempo, directa e materialmente asso-ciado a acontecimentos, a tradições ea ideias, e a obras de significadoexcepcional. Neste valor indubitável, oConjunto Termal das Caldas da Rainhafornece um testemunho único da per-manência da vertente assistencialdurante mais de cinco séculos, comotradição cultural viva, desde o magní-fico conjunto de espaços e equipa-

mentos sem paralelo na estruturahospitalar epocal – grande edifício euma das maiores casas de assistênciado seu tempo –, com base numa«concepção culta, espiritual e assis-tencial da ideia de cidade» (Sousa2005). A primeira grande obra decaridade da rainha D. Leonor foi afundação do grande Hospital dasCaldas, precursor do movimento dasMisericórdias que correu mundo.

O papel da sua fundadora, rainhaculta, peregrina, mecenas, impulsiona-dora das artes do Renascimento, foiessencial num primeiro tempo. Ohospital das águas, dedicado a SantaMaria do Pópulo ou de Nossa Senhorado Pópulo (denominação popular),tornou-se lugar de cura e de des-canso estival «para reis e príncipes,finas aristocracias e escritores dedescansada passagem. À ritualizaçãoreligiosa das águas termais promovidapelas dádivas de D. Leonor somar-se--ia uma longa especialização das Cal-das como espaço de retiro, passeio,veraneio, visita» (Sousa 2005).

O Hospital das Caldas passou aestar dotado das melhores condiçõespara os doentes mais desfavorecidosmas também para a família real e cor-te que habitualmente o frequentavam.Quando esta prática se tornou modana Europa, as estâncias termais maisem voga conservaram um ambientecosmopolita, mas sem atingirem a par-

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ticularidade das Caldas em conciliartambém o valor assistencial em condi-ções modernas para a época. A ten-dência de vilegiatura, que viria aproliferar em toda a Europa, teve nasCaldas da Rainha, a partir da recons-trução do Hospital no século XVIII, oatributo de conciliar num mesmoedifício os doentes pobres ou deser-dados, internados nas suas enferma-rias comunitárias, de forma gratuita, earistocratas e burgueses ricos, nacio-nais e estrangeiros, que frequentavamos banhos (piscinas), mas alojando-secom mobílias e recheios em casasalugadas. O banho reunia as classes.Os mais pobres eram acolhidos àsombra da instituição de assistênciafundada pela rainha D. Leonor e osmais ricos constituíam um grupoabastado de veraneantes que paga-vam as aplicações terapêuticas.

Da política centenária de bene-ficência e de assistência social, da con-tínua exploração de um recursomineral peculiar como são as águastermais caldenses, da criação e manu-tenção de uma atmosfera de repouso,paz mental e lazer, da envolvência queimpregna um bom património cultu-ral, «os tempos têm depositado emtodo este sítio das ‘caldas’ esta bene-merência: nas suas águas quentes, nassuas árvores acolhedoras, nos seusmonumentos distribuidores de pra-zeres e de graças, nos seus hospícios

dadores de benesses, no todo envol-vente, capaz de incentivar a motivaçãopara a criação artística, da literatura àsartes.» (Aires-Barros 2005).

Simultaneamente, trata-se de umpatrimónio vulnerável nos seus ele-mentos centrais, a Água e o HospitalTermal, quando no primeiro caso seprende com questões ambientais e depreservação do principal recursonatural e, no segundo, com o efeitodeste – de características geoquímicaspeculiares – sobre os materiais pé-treos, com mutações irreversíveis.Ainda assim, este hospital perdurou,mantendo o seu carácter regeneradornas gentes que o procuram.

A fundação do Hospital das Cal-das coincidiu com uma nova percepçãodo espaço, de reconhecimento do lugardo corpo, distante da imperfeição peca-minosa medieval. Inicialmente, trata-sede um espaço de cura, de vaporescálidos, onde a ciência vai tendo umpapel cada vez mais relevante, para setornar também no espaço do novoconceito oitocentista, ligado ao ócio ea espaços de encontro, manifestadonas experiências espaciais do banho,no «tomar águas», no passeio e no jogo.

O pulsar dos tempos deixou tra-ços da criatividade humana: primeiro,no complexo fundador hospital-igreja;segundo, na obra arquitectónica darefundação no século XVIII, a partir daqual se tornou num exemplo pioneiro

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de arquitectura termal e engenhariahidráulica e num elemento estrutu-rante do urbanismo, em que os me-lhores recursos artísticos e técnicosserviram o objectivo estratégico dopaís; terceiro, na manifestação higie-nista e moderna de finais do séculoXIX.

O primeiro tempo revela umainstituição e espaços edificados pio-neiros. A existência de corpo clínicopróprio (médico, enfermeiro, boticá-rio) e enfermarias para doenças inter-correntes, nomeadamente as febris,surge apenas no fim do século XV,registando-se noutros locais europeus,até esse momento, o funcionamento

de hospícios, hospedarias, leprosariase gafarias, destinados a pobres. Afundação anterior de estruturas hos-pitalares junto a nascentes de águastermais passou por um número redu-zido de camas, sem médico, nemenfermeiros. Em toda a Europa, exis-tiam hospitais militares e termas ondeeram tratados doentes pobres, mas amaioria deles era apenas frequentadapor doentes sarnosos e leprosos, oque, só por si, era motivo para afastaroutros enfermos, com receio do con-tágio. Assim, a construção do Hospitalde Nossa Senhora do Pópulo reuniuem si todo um programa assistencialinovador (hospital, confraria de cari-

Gravura de 1747 presuntiva do primitivo Hospital Termal, fundado em 1485, reprodução de bilhete-postal.Colecção dos autores

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dade e igreja) e deu origem a umanova povoação – facto que não sepassara noutros países – que cedobeneficiou do desenvolvimento indu-zido pela actividade do seu HospitalTermal. Portugal passou a ter o seuprimeiro grande hospital e o primeirono mundo com as características fun-damentais dos hospitais modernos,recorrendo ao emprego das águas ter-mais como medicina predominante.

Dada a sua notável organização –na gestão e na estrutura técnica eprofissional –, o Hospital Termal foipioneiro numa moderna prestação decuidados terapêuticos (o banho, a me-dicação, a alimentação e o repouso),até à fundação no século XVI deoutros hospitais, em Inglaterra e Fran-ça. Nenhum deles teve a importânciado das Caldas ou perdurou no tempo.

Cumulativamente, a estrutura doHospital das Caldas tem na capeladedicada ao Populus o seu elementoartisticamente mais sublime, onde osacamados nas enfermarias encontra-ram a simbiose perfeita entre a fé e aArte. As características únicas e quali-dades formais e artísticas da Igreja deNossa Senhora do Pópulo foramesclarecidamente tratadas pelo pro-fessor José Custódio Vieira da Silva,que se lhe refere relevando o seu«valor intrínseco, sob o ponto de vistaarquitectónico, que não só a indivi-dualiza como lhe confere um lugar

Torre sineira da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo. © Fotografia dos autores

Pia baptismal da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo,bilhete-postal. Colecção dos autores

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preciso, pelo seu assinalável valor, nocontexto da época artística de que fazparte» (Silva 2005). O seu experi-mentalismo na Arte Manuelina con-densa-se nas novidades e no interesseartístico dos diferentes aspectos dacapela-mor, bem como no arco triun-fal que lhe dá acesso e na porta dasacristia que atesta a fundação desteempreendimento pela inscrição escul-pida no filactério do seu vão – partesde um todo que conjuga o Tardo--gótico europeu com os primeirossinais do Manuelino e que faria escolaao longo da primeira metade doséculo XVI. Até a sua implantaçãosingular, a uma cota extraordinaria-mente baixa relativamente à circula-ção viária, merece interesse, reforçadopela proximidade do olhar à magníficatorre sineira.

Pena é que algumas intervenções– ditas de conservação e restauro –,designadamente na pia baptismal, nãotenham respeitado recentemente osmais rigorosos métodos científicos.

O Conjunto Termal das Caldas daRainha testemunha também uma con-siderável troca de influências no querespeita à arquitectura termal, desig-nadamente na campanha de obras doséculo XVIII, a qual representou umverdadeiro laboratório da arquitec-tura utilitária traçada ao estilo joanino,mas já denunciando raízes pombalinasque viriam a ser confirmadas na enor-

me empreitada de construção dosedifícios de rendimento da Baixa deLisboa. À visão estratégica expressano desenho da rede de aquedutos echafarizes ligam-se os profundosconhecimentos técnicos de Manuelda Maia, no delineamento do «monu-mento termal», e a arte dos seus cola-boradores, especialmente Eugéniodos Santos, que assumiu o papel devulto na execução dos planos arqui-tectónicos. O novo Hospital passou aconstituir um marco na arquitecturatermal, pela inovação das soluçõesfuncionais e estruturais e antecedeu,em algumas décadas, o desenvolvi-mento construtivo das termas centro--europeias.

Para além deste aspecto, a refun-dação do Hospital Termal das Caldasda Rainha, entre 1747 e 1750, enqua-dra-se nos primeiros sinais do ter-malismo moderno na Europa, asso-ciados ao «higienismo» e às práticasassentes na ratificação científica, man-tendo intacta a relação do indivíduocom a água (para além da terapia), nadimensão religiosa e na dimensãosocial mais profunda. Este é um casoexemplar na história do termalismouniversal, de como a evolução de umaestrutura face ao avanço do conheci-mento das terapias não deixa de ladoo traço fundador desta instituição.

O seu cariz urbano deve-se aocrescimento da assiduidade social e à

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sua localização privilegiada. As activi-dades económicas floresceram. Equando no século XIX se descobreuma vida social, sanitária e culturalmais intensa – inscrita em rituaispróprios de que a estada de espa-nhóis, aristocratas e burgueses trazum suplemento de vibração –, entãoo espaço conforma-se numa concep-ção própria: o Passeio da Copa dálugar ao grande Parque, a Matapropicia o deleite da paisagem natural,o Clube de Recreio alarga-se, a Casada Convalescença abre portas, obanho individualiza-se. Ainda assim, abuvette é um ponto de convergência

e central relativamente a toda a plantatérrea do edifício hospitalar, queentretanto se elevou num piso mais,passando a ter como concorrente osnovos e excêntricos Pavilhões, queficariam para sempre associados auma arquitectura de sonho – única –,debruçada sobre um parque termalgerador da mundaneidade e de par-tilha pela comunidade local.

No final de oitocentos, Caldas daRainha e os seus espaços e edificaçõesassociados à prática termal e ao vera-neio tornam-se no ideário de umlugar salubre e, por isso, em condiçõesde enfrentar o século seguinte, de

Fachada do Hospital Termal joanino, reprodução de albumina. Colecção dos autores

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mudanças profundas: a vila torna-secidade, expandindo-se em diferentesfunções e formas, mas mantendo oseu traço fundador de hospitalidadepara todos.

O conjunto termal ilustra assim,na sua continuidade histórica, o per-manente suporte assistencial que lhevem de origem: apoio terapêutico aosdoentes mais desfavorecidos, lugar devilegiatura e de moda das cortes, daaristocracia e das classes mais abas-tadas e refúgio dos invasores fran-ceses e simultaneamente das tropasportuguesas e inglesas e, mais tarde,dos refugiados Boers do início doséculo XX e dos Judeus da II GrandeGuerra.

Caldas da Rainha desenvolve umhábito que se espalharia pela Europa,ligado ao início do termalismo mo-derno.As refinadas elites intelectuais earistocratas, os inválidos acompa-nhados ou não pelos seus médicos, osescritores, artistas e figuras mundanasaderem paulatinamente à moda dastermas.

No meio desta ambiência, algunsepisódios marcam a universalidadedeste hospital, designadamente noapoio aos desprotegidos dos confron-tos de guerra.

Durante as invasões francesas emPortugal, o Conselho da Regência, queD. João VI nomeara antes da ida parao Brasil, encarregou o administrador

Casa da Copa do Hospital Termal, reprodução de fotografia. Colecção dos autores

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geral dos hospitais militares de tratarcom o Provedor do Hospital dasCaldas da instalação de condições dealojamento às tropas napoleónicascomandadas por Junot. O Hospital dasCaldas, que só abriria em Maio, ofere-cia condições para de imediato rece-ber os contingentes de soldados,curiosamente de todas as partes, fran-ceses, ingleses e portugueses, sofridosde sarna, que aí se juntaram procuran-do a cura para o que a guerra lhescausara.

Na segunda guerra dos Boers(1899-1902), que opôs os colonossul-africanos de origens holandesa efrancesa ao exército britânico, a viladas Caldas serviu de pátria a Boers,depois da sua passagem por Moçam-

bique fugidos dos tumultos. Por faltade acomodações e por grandes pres-sões das forças inglesas, estes refugia-dos foram deslocados em Março de1901. Uma vez chegados a Lisboa,foram transportados para seis locais,fixando aí a sua residência enquantodurasse a guerra. A particularidade deas Caldas terem um novo, amplo evazio edifício – os Pavilhões doParque – junto do Hospital Termal,decorrente da campanha de obras definal do século XIX, foi decisivo paraacolher 351 indivíduos. Os respon-sáveis locais pelo Hospital Termal,habituados às regras hospitalares,desdobraram-se para atenuar osproblemas de adaptação dos novos«hóspedes»: falta de vestuário, dificul-

Gravura de 1894 do Parque D. Carlos I no ano da sua construção, reprodução. Colecção dos autores

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dades para se habituarem aos tempe-ros da cozinha portuguesa, especial-mente devido à utilização do azeite,assistência médica, serviço religiosoem actos de culto público. No que serelaciona com a educação, foi fundadauma escola nas Caldas da Rainha, fre-quentada por 117 alunos, que foraminstruídos por holandeses. Após aassinatura do acordo de paz, em Maiode 1902, o governo português acaboupor transferir os refugiados, agoracidadãos britânicos, para a responsa-bilidade do governo do Reino Unido.O regresso realizou-se a 19 de Julhodesse ano, tendo sido embarcados nonavio de guerra inglês Bavarian, comdestino à África do Sul, levando e

deixando um traço de saudade pelaintensa convivência entre os doispovos. Este sentimento viria a repetir-se durante a II Grande Guerra. EntreJunho de 1940 e Maio de 1941, passa-ram pelo país cerca de 40.000 pessoasem fuga de Hitler e do Holocausto.Uma parte substancial dos refugiadosfoi conduzida para as Caldas, até obte-rem passagem para um país de destinofinal, de preferência os Estados Unidos.

Segundo o historiador João B.Serra, «era gente anónima, persona-lidades destacadas das ciências e dasletras, da medicina, realizadores eactores de cinema, figuras políticas,historiadores, ensaístas, compositoresalemães, austríacos, franceses, polacos,

Lago e Pavilhões do Parque, reprodução de cliché da década de 1920. Colecção dos autores

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e de outras nacionalidades (gregos,luxemburgueses, holandeses dinamar-queses, etc.), expulsos dos seuspaíses.» (Serra 2006).

O impacte nas Caldas e no seuconjunto termal foi relevante. Por aíse alojaram, durante algum tempo, osestrangeiros residentes, que confe-riram uma nova atitude social de cafése vida nocturna animada no teatro enos salões do Clube de Recreio, bemcontrária ao espírito conservador erural da época. Sucediam-se asactividades desportivas nos camposde jogos do Parque e da Mata. Eragente que vivia na incerteza, mas queencontrou nas Caldas refúgio e inte-gração, tal como, reciprocamente, sedenotaram mais-valias decisivas paraas mulheres caldenses e para as aquis-tas a banhos.

Tem sido fundamental para acomunidade residente e flutuante aexistência dos espaços verdes (Mata eParque) no contexto do conjunto ter-mal das Caldas da Rainha, como áreasde importância ambiental e de belezanatural e estética, e testemunhos devárias épocas.

Aí existem importantes e signifi-cativos habitats naturais para a con-servação in situ da diversidade bioló-gica, para além do seu papel funda-mental associado ao valor da águamineral natural. Segundo o professorFernando Catarino,

«não deixa de causar admiraçãoe até regozijo que a mais-valiarepresentada por este vastopulmão verde se tenha mantidoaté aos nossos dias e resistido àpressão do alastrar urbano.Raros serão os sítios urbanosque possam ombrear com asCaldas da Rainha e que possamorgulhar-se de ter o seu principale mais valioso núcleo histórico,neste caso as Termas e o con-junto impressionante do Hos-pital, da Igreja e do Palácio Real,em integração tão feliz, que porum lado se cola sem nenhumaarrogância com as construçõeshumildes do primitivo traçadourbano e, por outro, se deixaenvolver no abraço protector damagnífica moldura vegetal, quede um e doutro lado dão mere-cido enquadramento ao lugar.»(Catarino 2005)

Ainda assim, ao longo dos tem-pos, as transformações da Mata e doParque são resultantes das constantesalterações motivadas pelas solicita-ções dos aquistas e pelos problemastécnicos. Têm sobrevivido, porém, anão poucos desmandos por parte deresponsáveis locais, sendo por issoespaços essenciais de preservação evalorização no âmbito de um Planode Gestão.

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3. Plano de Gestão

Desde 1999 que existe aberto aopúblico o Museu do Hospital e dasCaldas, integrado na antiga Casa Real,sendo um elemento de estudo edivulgação do Património, bem comocentro do percurso museológicotermal, constituído este pelos espaçose edifícios representativos da Históriado Hospital Termal e seus respectivosconteúdos. O Museu foi um dos pro-jectos lançados pelo médico MárioGualdino Gonçalves, enquanto Direc-tor do Centro Hospitalar das Caldasda Rainha, que traçou para este vastoconjunto perspectivas de gestão eprojectos para alguns edifícios maisdegradados e potencialmente impor-tantes para o relançamento da activi-dade termal.

O papel do Museu durante operíodo de 1999 a 2005, durante oqual a co-autora deste texto foi suacoordenadora técnica, pautou-se poruma intensa abertura à comunidade,com especial destaque para o tra-balho com as escolas, integrando umaequipa de voluntários, de aquistas, fun-cionários e colaboradores do CentroHospitalar, em diferentes áreas disci-plinares – geologia, hidrologia, biologia,história da arte, literatura, artes plás-ticas –, que estruturou projectos deconsolidação da imagem e da impor-tância do Património, apresentando-o

à comunidade local, ao país e em dife-rentes intervenções no estrangeiro.

Numa escala alargada à cidade, acriação de um território de inovação– envolvendo a arquitectura, as artes,o design e as ciências da água e dasaúde – pode induzir uma estratégiade desenvolvimento local, a qual foiefectivamente traçada no quadriéniode 2002 a 2005 pelo co-autor destetexto, no âmbito da Câmara Muni-cipal. Essencialmente, identificam-seneste projecto três objectivos: em pri-meiro lugar, como suporte de umaactividade económica ligada ao ter-malismo; em segundo lugar, paradesempenhar um papel de actuali-zação permanente do conhecimentoe para facilitar a transferência doknow-how universidade-sector deactividade; e, em terceiro lugar, paraactuar como catalizador da regene-ração urbana e económica do centrourbano para beneficiar a comunidade.Tem de ser um projecto de longoprazo, onde a componente da qualifi-cação urbanística assume uma impor-tância decisiva, para além da inter-acção entre os sectores empresarial,de ciência, ensino e formação e acomunidade, permitindo criar umespaço atractivo para viver, trabalhar eaprender no centro da cidade; umespaço onde ocorra a inovação, comambiente propício, recursos humanosqualificados, adequada oferta de for-

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mação e de bens culturais, incluindo,necessariamente, a cultura científica etecnológica.

A transformação do centro urba-no, como nó de um sistema, permitiriadesenvolver, no campo das ciências dasaúde e da água e no das artes, designe arquitectura, uma economia deterritório capaz de provocar a inova-ção nas actividades do termalismo, dolazer, do ensino, da investigação e daregeneração urbana. Esta especializa-ção competitiva da cidade das Caldasda Rainha e do seu centro urbano emparticular aproxima-a de um mercadomais vasto, com repercussão tambémna imagem externa. Uma aposta inte-grada que, assente numa estratégiaque beneficie toda a comunidade eque lance pontes para um inter-câmbio internacional, seria um cami-nho desejável para criar novos hori-zontes, para criar o futuro.

Estas ideias devem configurar opapel inovatório da cidade no con-texto dos indicadores da competiti-vidade em função de diferentes lei-turas da cidade para além do seucentro urbano, dos pontos de vistaadministrativo, empresarial, residencial,cultural, logístico, do conhecimento edo turismo e lazer.

Se a aposta no relançamento dotermalismo nas Caldas da Rainha forlevada a sério, pensamos que pode-mos ligar um conjunto de perspec-

tivas correlacionadas entre si, designa-damente nas áreas da saúde, do patri-mónio e do turismo. As novas ten-dências de procura emergentes nosmercados internacionais e nacional,centradas em motivações ligadas àrecuperação física e intelectual e aobem-estar, apontam para a necessi-dade de equacionar as valências daestância termal no contexto dosrecentes conceitos que hoje confi-guram a nova realidade do termalis-mo. Em simultâneo, há que mantergarantias de autenticidade e integri-dade do Conjunto Termal das Caldasda Rainha, baseadas em pilares funda-mentais: a protecção e o enquadra-mento legislativo no quadro adminis-trativo português, o envolvimento detodos os actores interessados no pro-cesso de classificação e valorização, ocontrolo de padrões físicos que per-mitam a monitorização do nível deconservação do sítio, a aplicação siste-mática e contínua de um plano degestão destinado à conservação. Esteplano de gestão deverá ser articuladosegundo as fases de consolidação dosestudos, conservação, manutenção,monitorização, protecção e valorização.

Estes princípios devem começarna preservação do elemento Água.Segundo o professor Aires-Barros:

«chamar a atenção para o facto deas águas minerais serem geo-recur-sos renováveis em função de uma

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gestão racional da sua exploração eutilização pelo Homem.Assim se explica a necessária corre-lação íntima entre a gestão cuidadado fluido termal em si e na suaenvolvente e a necessidade de con-siderar o próprio ambiente e apaisagem como recursos materiaiscuja fruição supõe condicionantesestreitos e estritos.Acresce que, nocaso das Caldas da Rainha, o valorecológico de recurso geo-hidroló-gico, como são as suas águas ter-mais é fundamental para a preser-vação da biodiversidade tão carac-terística da região ao longo do tem-po» (Aires-Barros 2005).

Complementarmente, há a neces-sidade urgente em conservar e res-taurar o património cultural, natural earquitectónico e de integrar a comu-nidade em acções de valorização dopatrimónio e dos espaços públicos,designadamente os verdes. Nestaperspectiva, também os professoresFernando Catarino e João CaldeiraCabral alertam sobre a importânciada vegetação e da paisagem:

«Na Mata são múltiplas as valênciasque concorrem para a grande im-portância deste património e paraa necessidade imperiosa de urgen-tes acções de intervenção que

Capa de Cidade Termal, boletim de cultura urbana, n.º 10, Outubro de 2005, direcção de Jorge Mangorrinha. Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

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garantam o seu revigoramento esustentabilidade. É óbvio que, numaanálise imediata, são os valoresestéticos da própria Mata e a ine-rente protecção e amenizaçãoambiental, de que as termas e acidade directamente beneficiam, osque acolhem mais fácil consenso.Porém, são outras valências inesti-máveis deste singular patrimóniomas a que, temos que admitir, con-tinua a não ser dado o relevo quede facto merecem, tanto na simplesavaliação ou valorização ambientaldos sítios como na justificação eenquadramento de políticas trans-versais relativas à gestão e conser-vação dos recursos naturais.É o caso da ocorrência de habitatsmuito variados e contrastantes nasua estrutura e ecologia organiza-dos em sistemas de grande com-plexidade assentes num reticuladode manchas e corredores ecológi-cos e ecótonos extremamente re-presentativos da biodiversidade po-tencial regional.Tais majorações do valor ecológicoresultam da continuidade espacialda Mata e dos espaços verdes quelhe são contíguos, o Parque e a im-portante mancha, expectante, deespaços agrícolas e florestais comoque a ser asfixiados pela malha ur-bana» (Catarino 2005).

Caldeira Cabral, por seu turno,refere «que é vital que, com umacorrecta visão de planeamento estra-

tégico, se aproveite de imediato a dis-ponibilidade de terrenos ainda exis-tente, unindo esforços necessários parao aproveitamento daquela que será aúltima oportunidade de manter asCaldas da Rainha como Cidade Ter-mal» (Cabral 2005).

São estas convicções, de quemconnosco estudou recentemente estepatrimónio, que servem de balizas parasublinhar a sua relevância universal,até há poucos anos escassamentedivulgada. Exige-se que o país e a cida-de lhe devolvam o seu olhar e queesta se valorize em torno de um pro-jecto à escala urbana, a longo prazo,sublinhante das «mais variadas facetasde um local e do seu transcorrerhistórico onde um denso patrimóniocultural intangível, cobre, cimenta,aglutina um amplo património tangí-vel, arquitectónico, artístico e aindanatural, ambiental, paisagístico. Umtodo prenhe de valores que o tornamúnico em si e na sua persistência tem-poral» (Aires-Barros 2005). DestasCaldas do Populus, que «deram aoPortugal de Quinhentos um dos maisimportantes programas de edificaçãode uma ideia de Renascimento do es-paço urbano ao cultivado serviço daassistência à pobreza e à miséria comque se foi longamente pintando, entreaflição e fatalismo, a vida do Povo dePortugal: saberemos agora, cinco sé-culos depois, preservar e renovar este

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* Licenciada em História. Mestranda em Museologia e Património. Investigadora.

** Licenciado em Arquitectura. Mestre em História Regional e Local (especialização em Património).Doutorando em Urbanismo na Universidade Técnica de Lisboa.

projecto único? Saberemos, mais ain-da, preservar transformadamente umpatrimónio único a nível nacional eeuropeu numa lição verdadeiramenteuniversal?» (Sousa 2005).

E perguntamos nós, querem osportugueses – a começar pelos calden-ses – reconhecer o pioneirismo desteconjunto patrimonial como secularrelação do Homem com a Água?

Bibliografia:

AIRES-BARROS, L. 2005. Termalismo ePreservação do Património Culturale Natural. Caldas da Rainha: patri-mónio das águas. Lisboa: Assírio &Alvim.

CABRAL, J. F. Caldeira. 2005. A Moder-nização dos Espaços Verdes Termais.O Caso Particular das Caldas daRainha. Caldas da Rainha: patrimóniodas águas. Lisboa: Assírio & Alvim.

CATARINO, F. 2005. A Propósito daMata das Caldas. Caldas da Rainha:património das águas. Lisboa: Assírio& Alvim.

Caldas da Rainha: Património das Águas.Projecto de Candidatura a Patrimónioda Humanidade. 2004. Coordenaçãogeral de Jorge Mangorrinha. Ediçãolimitada da Câmara Municipal dasCaldas da Rainha para a ComissãoNacional da UNESCO.

PINTO, H. Gonçalves. 2005. O «Passearas Águas». Uma História do Parque

e da Mata das Caldas da Rainha. Cal-das da Rainha: património das águas.Lisboa: Assírio & Alvim.

PINTO, H. Gonçalves e Mangorrinha, J.2005. O Programa e a ArquitecturaTermal. Caldas da Rainha: patrimóniodas águas. Lisboa: Assírio & Alvim.

SERRA, J. B. 2006.Apresentação da obraJudeus em Portugal durante a IIGuerra, de Irene Pimentel. Caldas daRainha. 7 de Julho.http://www.cidadeimaginaria.org/.

SILVA, J. C.Vieira. 2005. A Igreja de NossaSenhora do Pópulo. Caldas da Rainha:património das águas. Lisboa: Assírio& Alvim.

SOUSA, I. Carneiro de. 2005. Um Hos-pital do Populus. Da Misericórdia eda Rainha para uma Vila do Renas-cimento. Caldas da Rainha: patrimó-nio das águas. Lisboa:Assírio & Alvim.

Helena Gonçalves Pinto*, Jorge Mangorrinha**