David Bann - Produção Gráfica

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6 Introdução Na introdução à primeira edição deste livro (1986), afirmei que os documentos impressos seriam em grande parte substituídos por mídias eletrônicas, mas continuariam sendo o principal meio de comunicação por muitos anos. Hoje, mais de 20 anos depois, você ainda lê esta página impressa em papel, em vez de obter as informações na Internet ou em plataformas de publicação eletrônica como eBook ou ePub? A impressão continua em alta e não em declínio. Por quê? Há muitas razões. Livros, revistas, pôsteres, jornais, brochuras, folhetos e outros materiais impressos são tecnologias que funcionam: elas são portáteis, recicláveis, não precisam de uma fonte de eletricidade, não travam nem têm falhas de sistema. Um documento impresso pode ser lido em qualquer lugar, e o leitor pode facilmente voltar a consultar um trecho que não entendeu. Anunciantes gostam de páginas impressas porque elas não podem ser desligadas como uma televisão, um computador ou um celular – ou bloqueadas, como é o caso de anúncios pop-up em sites. É claro que, além de todos esses motivos, a Internet também facilitou a compra de mais livros, pôsteres e revistas de todos os lugares do mundo. Às vezes, as mesmas mídias que supostamente aniquilariam a impressão na verdade a fortalecem – livros sobre séries de TV ou filmes são escritos; pôsteres decoram as ruas; e nossos alimentos, tecnologias, produtos de beleza e de saúde vêm em lindas embalagens impressas. No entanto, há áreas em que a impressão está sendo rapidamente substituída por outras mídias – por exemplo, enciclopédias com vários volumes foram trocadas por CD-ROMs, DVDs, recursos online editáveis e até mesmo podcasts; anunciantes de classificados (principalmente de empregos) muitas vezes utilizam a Internet em vez de jornais; o envio de mala-direta diminuiu com a distribuição maciça de emails e a coleta de dados via portais online; versões online de jornais concorrem com as impressas e estão disponíveis para um público global, embora muitos novos provedores agora cobrem uma taxa dos leitores para acesso a algumas ou todas as áreas de seus sites. Apesar disso, a impressão ainda é importante em áreas em que outras mídias não são tão eficazes. Os avanços nas tecnologias de informação e impressão, nos últimos 20 anos, reforçaram a posição da impressão, tornando-a mais acessível, mais rápida, mais barata e com melhor qualidade. O cliente ou o designer agora executa o trabalho que antes só era realizado por profissionais especializados em um determinado aspecto da impressão. Isso é ainda mais evidente na área da pré-impressão, que passou pelas maiores modificações nos últimos anos. Hoje, a impressão também pode ser executada em casa com um nível maior de profissionalismo. Um aspecto, porém, não mudou: a emoção de se trabalhar com impressão. Um documento impresso precisa ser produzido de acordo com uma data de entrega, seja um jornal que será lido durante o café da manhã, seja um livro que deve ser lançado simultaneamente com uma nova série de TV. E a palavra impressa tem autoridade, algo que outras mídias não conseguem imitar. Profissionais da área de impressão normalmente são obcecados por evitar erros, pois eles permanecem gravados na página impressa para sempre. Diz-se que esses profissionais têm “tinta em suas veias” – certamente, a maioria das pessoas que começam uma carreira na área considera seu trabalho estimulante e gratificante e costuma trabalhar em impressão ao longo de toda a sua vida profissional. David Bann INTRODUÇÃO

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Livro sobre Produção Gráfica

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IntroduçãoNa introdução à primeira edição deste livro (1986), afirmei que os documentos

impressos seriam em grande parte substituídos por mídias eletrônicas, mas

continuariam sendo o principal meio de comunicação por muitos anos. Hoje, mais de

20 anos depois, você ainda lê esta página impressa em papel, em vez de obter as

informações na Internet ou em plataformas de publicação eletrônica como eBook ou

ePub? A impressão continua em alta e não em declínio. Por quê?

Há muitas razões. Livros, revistas, pôsteres, jornais, brochuras, folhetos e outros materiais impressos são tecnologias que funcionam: elas são portáteis, recicláveis, não precisam de uma fonte de eletricidade, não travam nem têm falhas de sistema. Um documento impresso pode ser lido em qualquer lugar, e o leitor pode facilmente voltar a consultar um trecho que não entendeu. Anunciantes gostam de páginas impressas porque elas não podem ser desligadas como uma televisão, um computador ou um celular – ou bloqueadas, como é o caso de anúncios pop-up em sites. É claro que, além de todos esses motivos, a Internet também facilitou a compra de mais livros, pôsteres e revistas de todos os lugares do mundo. Às vezes, as mesmas mídias que supostamente aniquilariam a impressão na verdade a fortalecem – livros sobre séries de TV ou filmes são escritos; pôsteres decoram as ruas; e nossos alimentos, tecnologias, produtos de beleza e de saúde vêm em lindas embalagens impressas.

No entanto, há áreas em que a impressão está sendo rapidamente substituída por outras mídias – por exemplo, enciclopédias com vários volumes foram trocadas por CD-ROMs, DVDs, recursos online editáveis e até mesmo podcasts; anunciantes de classificados (principalmente de empregos) muitas vezes utilizam a Internet em vez de jornais; o envio de mala-direta diminuiu com a distribuição maciça de emails e a coleta de dados via portais online; versões online de jornais concorrem com as impressas e estão disponíveis para um público global, embora muitos novos provedores agora cobrem uma taxa dos leitores para acesso a algumas ou todas as áreas de seus sites. Apesar disso, a impressão ainda é importante em áreas em que outras mídias não são tão eficazes. Os avanços nas tecnologias de informação e impressão, nos últimos 20 anos, reforçaram a posição da impressão, tornando-a

mais acessível, mais rápida, mais barata e com melhor qualidade. O cliente ou o designer agora executa o trabalho que antes só era realizado por profissionais especializados em um determinado aspecto da impressão. Isso é ainda mais evidente na área da pré-impressão, que passou pelas maiores modificações nos últimos anos. Hoje, a impressão também pode ser executada em casa com um nível maior de profissionalismo.

Um aspecto, porém, não mudou: a emoção de se trabalhar com impressão. Um documento impresso precisa ser produzido de acordo com uma data de entrega, seja um jornal que será lido durante o café da manhã, seja um livro que deve ser lançado simultaneamente com uma nova série de TV. E a palavra impressa tem autoridade, algo que outras mídias não conseguem imitar. Profissionais da área de impressão normalmente são obcecados por evitar erros, pois eles permanecem gravados na página impressa para sempre. Diz-se que esses profissionais têm “tinta em suas veias” – certamente, a maioria das pessoas que começam uma carreira na área considera seu trabalho estimulante e gratificante e costuma trabalhar em impressão ao longo de toda a sua vida profissional.

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A perspectiva históricaA impressão evoluiu em movimentos desiguais: de vários séculos sem progresso – o

Gutenberg de 1456 ficaria à vontade em uma gráfica dos anos 1850 – para um curto

período com inúmeros avanços tecnológicos.

A impressão começou no século VI, na China, com a utilização de blocos de madeira nos quais palavras e imagens eram entalhadas. O livro mais antigo do mundo, The Diamond Sutra, foi produzido em 868 d.C. por meio desse processo. A impressão de caracteres de texto individuais feitos de argila endurecida foi realizada na China, no século XI, por Pi Sheng. No século XIII, a impressão a partir de tipos metálicos começou a ser praticada no Extremo Oriente (China, Coreia, Japão), mas não avançou, pois era inadequada para os caracteres ideográficos.

Johannes Gutenberg revolucionou a impressão com a criação de tipos móveis (obtidos a partir de um molde), o que permitia revisar e corrigir um texto antes da impressão. Cada caractere era esculpido em uma punção de aço, que, percutida contra uma chapa de metal mais macio, como o cobre, produzia a matriz (molde). Sobre essa chapa, vertia-se uma liga de metal fundido de chumbo, estanho e antimônio para criar o tipo móvel. Os tipos móveis eram então montados, linha por linha, para formar a página; depois da impressão, as páginas eram desmontadas e os tipos podiam ser reutilizados. Gutenberg estabeleceu uma gráfica em Mainz, Alemanha, em 1444, e começou a trabalhar na sua “Bíblia de 42 linhas” (ver Figura 1.1), publicada em 1456.

De construção simples, a prensa de madeira de Gutenberg baseava-se na prensa de vinho: os tipos eram fixados em um quadro, na mesa da prensa, e entintados com almofadas (feitas de pele de carneiro e com cabos de madeira); a folha de papel (previamente umedecida para uma melhor impressão) era colocada por cima e então um torno de madeira era girado pressionando uma tábua contra o papel para imprimir o tipo. Somente 200 anos mais tarde o projeto básico dessa prensa foi aperfeiçoado e as almofadas de tinta, substituídas por roletes.

A impressão, baseada na invenção de Gutenberg, espalhou-se rapidamente pela Europa, chegando à Inglaterra em 1476, quando William Caxton montou sua oficina de impressão. Stephen Daye levou a impressão para a América em 1638. Impressores em vários países desenvolveram diversas faces de tipo (typefaces), cujas versões ainda estão em uso atualmente. Com o passar do tempo, as prensas começaram a ser fabricadas com ferro em vez de madeira, apresentando um mecanismo de alavanca no lugar de um torno. O Conde de Stanhope construiu a primeira dessas prensas por volta de 1800, e ela foi aperfeiçoada por George Clymer, cuja prensa Columbian era de utilização mais fácil. Seguiu-se um período de rápida inovação no projeto de prensas e, em 1814, o The Times foi impresso em uma prensa de cilindro movida a vapor, criada por Frederich Koenig, que imprimia folhas de papel; a primeira prensa rotativa (que imprimia a partir de uma bobina de papel) foi introduzida nos Estados Unidos por William Bullock em 1865. A prensa de cilindro a pedal (ver Figura 1.3), alimentada com papel manualmente, era utilizada para pequenas tiragens.

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1.2 Oficina tipográfica medievalEsta xilografia mostra a oficina tipográfica de Abraham von Werdt, que trabalhou entre 1640 e 1680, em Nuremberg. No primeiro plano, o papel é umedecido antes da impressão; ao fundo, os tipos são montados em páginas; à direita, os tipos na prensa são entintados com almofadas (depois substituídas por roletes).

1.1 Bíblia de 42 linhasUm dos primeiros livros a utilizar tipos móveis, foi impressa em Mainz, em 1456, por Johannes Gutenberg. As rubricas (decorações e capitulares) coloridas foram adicionadas posteriormente à mão.

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1.5 Caractere de tipo metálicoA imagem mostra o nome das partes que compõem o tipo. A ranhura é utilizada para assegurar que o caractere não fique de ponta-cabeça.

1.4 Composição tipográfica manualOs caracteres metálicos são armazenados em caixas (ou bandejas) e o compositor os monta em um componedor linha por linha. Depois da impressão, o tipo é devolvido à caixa para ser reutilizado.

1.3 Prensa de cilindro a pedalEsta prensa era utilizada para pequenas tiragens e acionada pelo pé do impressor. Os roletes transferem a tinta do disco à direita para os tipos na mesa da máquina. As folhas de papel são inseridas à mão e prensadas contra a página composta com os tipos para fazer a impressão.

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Até o fim do século XIX, o crescimento da impressão foi prejudicado devido à lentidão e ao custo da composição manual dos tipos. Um compositor manual podia diagramar cerca de mil caracteres por hora, portanto as gráficas que imprimiam jornais e livros precisavam de muitos compositores para acompanhar seu ritmo de publicação. Esse problema foi resolvido com a invenção da máquina Linotipo, de Ottmar Mergenthaler, instalada no New York Herald Tribune, em 1886. Ao pressionar um caractere do teclado, uma matriz de bronze (em baixo-relevo) desse caractere descia pelo canal de um magazine até o componedor. Quando uma linha de tipos estava completa no componedor, ela era enviada ao molde para fundir uma linha sólida de tipos com chumbo. Ao final, a matriz era encaminhada ao distribuidor, por onde retornava ao magazine.

Em 1890, surgiu o sistema Monotipo, inventado por Tolbert Lanston, que consistia em duas partes: um teclado produzia uma fita de papel perfurada, que então era inserida em uma fundidora que, por sua vez, fundia cada tipo na ordem correta. Correções na composição da Monotipo podiam ser feitas à mão, enquanto na composição da Linotipo, a linha inteira precisava ser diagramada novamente. Com essas duas máquinas, o texto então podia ser composto na velocidade da digitação, o que diminuiu os custos de impressão e editoração daquela época. Surpreendentemente, as duas máquinas continuaram em uso comercial até os anos 1980, quando a fotocomposição e, mais tarde, a composição digital se mostraram mais viáveis economicamente.

As ilustrações eram impressas por meio de técnicas como xilogravura (blocos de madeira) ou água-forte (matrizes metálicas gravadas com ácido) até que Alois Senefelder inventou na Alemanha, em 1796, o processo de impressão litográfica. Os desenhos eram feitos em pedra e permaneciam em uma superfície plana. Nesse processo, utiliza-se uma tinta oleosa, e a imagem é impressa com base na repulsão natural entre óleo e água, sendo este o princípio da impressão offset. Esse termo vem do fato de a impressão ser indireta, pois a tinta passa por um elemento intermediário antes de atingir a superfície. Mas foi somente em 1904 que esse princípio foi aplicado ao papel (originalmente, no final do século XIX, as prensas litográficas eram utilizadas apenas para gravação em folha de flandres). Embora a impressão offset seja agora predominante, ela só se consolidou em meados do século XX. Antes do desenvolvimento da fotocomposição, era necessário fotografar a página diagramada a fim de criar a chapa

de impressão offset; portanto, imprimir diretamente a partir da matriz tipográfica era mais barato. O processo de fotogravura (com uma imagem em baixo-relevo) foi desenvolvido no final do século XIX. A matriz de impressão tipográfica produzida fotograficamente foi criada na França, em 1850, e o primeiro meio-tom (uma fotografia transformada em pontos de impressão tipográfica) surgiu em 1891. Essas invenções levaram ao desenvolvimento do processo de quadricromia (em que todas as cores são produzidas a partir da separação dos meios-tons das quatro cores básicas – ciano, amarelo, magenta e preto).

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1.6 TipógrafoA habilidade dos tipógrafos agora envolve o domínio dos pacotes de software de editoração eletrônica.

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A automação dos processos de acabamento e encadernação, que até então eram feitos manualmente, iniciou na primeira metade do século XX, com a introdução gradual de guilhotinas, dobradeiras e linhas de encadernação automáticas.

A Monotype Corporation começou a trabalhar na fotocomposição em 1944, e a Intertype Photosetter foi introduzida em 1945. No entanto, somente nos anos 1960 é que a fotocomposição passou a ser utilizada comercialmente. Assim como a Monophoto, as primeiras máquinas, como Lumitype (Photon), Linofilm, Monotype Lasercomp (ver Figura 1.8), Linotype VIP e Compugraphic, eram muito mais rápidas do que suas antecessoras em metal a quente (Linotipo e Monotipo) e dispensavam o armazenamento de toneladas de tipos metálicos necessários para reimpressões, o que ocupava muito espaço – além do custo associado ao metal. A fotocomposição, que usava os primeiros computadores para ajustar a diagramação e o espacejamento, também produziu o primeiro programa de composição de página, o que, consequentemente, levaria à editoração eletrônica no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. A maioria das fotocompositoras eram unidades autônomas baseadas em fita de papel ou discos flexíveis produzidos em teclados separados. Até esse ponto, tudo precisava ser “digitado” duas vezes – uma vez pelo autor original e outra pelo operador de teclado da fotocompositora. Além do trabalho dobrado, o texto precisava ser verificado cuidadosamente, pois o digitador poderia cometer erros. Foi aí que surgiu a ideia de “digitar só uma vez”, e os autores começaram a utilizar programas de processamento de texto e a fornecer discos flexíveis em vez de manuscritos datilografados.

A fotocomposição ajudou a estabelecer o offset como o principal processo de impressão, substituindo a impressão tipográfica. As impressoras offset tornaram-se mais rápidas e sofisticadas e culminaram nas impressoras rotativas (que imprimem a partir de bobinas de papel em vez de folhas), utilizadas para produtos de grandes tiragens, como revistas e jornais. Esse tipo de impressora produz até 50 mil cópias por hora, enquanto as impressoras alimentadas por folhas soltas, 15 mil folhas por hora.

Com os avanços da fotocomposição, surgiram novas técnicas para separação de cores e composição

de página em filme. O scanner eletrônico desenvolvido na década de 1960 permitiu a digitalização em alta velocidade de transparências e trabalhos a traço, produzindo filme em quatro cores separadas em questão de minutos, em vez das horas necessárias anteriormente, quando eram usadas câmeras fotográficas de seleção, ampliadores ou prensas de contato. As técnicas eletrônicas de pintura e correção de cores também aprimoraram consideravelmente a qualidade de muitas ilustrações. Os avanços nas técnicas de retícula convencional e a retícula estocástica (ver página 39) possibilitaram melhorias significativas na reprodução de cores.

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1.7 Encadernação manualA encadernação começou a ser automatizada somente no século XX. Nesta oficina de encadernação da época vitoriana, todas as operações eram executadas manualmente.

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1.8 Monotype LasercompA Monotype Lasercomp (à direita nesta imagem) foi um dos primeiros sistemas de fotocomposição. A digitação era feita separadamente, e uma fita magnética guiava um feixe de laser que gravava uma imagem no filme. A máquina mostrada aqui era operada na Oxford University Press. À esquerda, está uma Monophoto 400/8.

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Os grandes avanços na tecnologia de impressão nos anos 1980 e 1990 ocorreram nos escritórios, com o surgimento do computador pessoal (PC) e dos primeiros Macs da Apple, o que abriu caminho para a editoração eletrônica. A máquina de fotocópia deu origem às impressoras digitais atuais, enquanto email, arquivos de texto, hipertexto e protocolos de transferência (amplamente utilizados nos anos 1990) permitiram a comunicação rápida das informações e a transmissão de arquivos em longas distâncias.

O principal acontecimento na impressão, nos últimos anos, foi o uso da editoração eletrônica para a composição e impressão de materiais comerciais. Os dois principais aplicativos eram, inicialmente, o QuarkXPress (ver página 54) e o PageMaker (precursor do InDesign [ver página 54]), empregados apenas para compor texto com ilustrações, sendo as cores gerenciadas pelos meios convencionais. No entanto, rapidamente os aplicativos de editoração eletrônica passaram a produzir um único arquivo com o trabalho completo. Os scanners tornaram-se muito mais baratos e sofisticados, e, pela primeira vez, o cliente ou o designer poderia digitalizar qualquer imagem. Quando arquivos Quark ou PageMaker eram enviados ao birô de pré-impressão ou à gráfica, eles eram impressos por uma fotocompositora em um filme chamado fotolito, a partir do qual era gravada uma chapa de offset. No início deste século, contudo, a maioria dos trabalhos era produzida pelo processo CTP (computer to plate [ver página 76 e passim]), o que eliminou o fotolito e seu caro armazenamento.

Na última década, surgiram novas versões do QuarkXPress e do Adobe Creative Suite, sendo que a versão Design Premium contém o InDesign, o Photoshop Extended, o Illustrator, o Acrobat, assim como o Dreamweaver, o Flash e o Fireworks. O InDesign apresenta vários novos recursos e há muito tempo já substituiu o PageMaker. O QuarkXPress foi o programa predominante até poucos anos atrás, mas o InDesign está ganhando terreno rapidamente em muitas empresas, oferecendo melhor integração com o programa de edição de imagens Photoshop, que se tornou um padrão da indústria – alguns designers utilizam ambos, dependendo da natureza do trabalho. A cada ano são lançados Macintoshes e PCs mais poderosos e mais rápidos. Scanners, em especial as versões de mesa, impressoras jato de tinta e impressoras a laser tornaram-se mais baratas e fornecem uma qualidade ainda melhor. O custo das mídias de armazenamento, como unidades de disco

rígido removíveis, está diminuindo e ao mesmo tempo disponibilizando um potencial de armazenamento gigantesco.

Quanto ao envio de arquivos abertos ou fechados a birôs de pré-impressão pelos designers, cada vez mais o trabalho é fornecido no formato PDF (Portable Document Format), compatível com diferentes plataformas. Esse procedimento simplificou significativamente o fluxo de trabalho, de modo que um designer pode criar um trabalho, transformá-lo em um PDF e enviá-lo via email ao cliente para aprovação – o Acrobat Reader (que abre PDFs) está amplamente disponível, enquanto muitos clientes não têm o QuarkXPress ou o InDesign. Depois da aprovação, o trabalho então é enviado à gráfica de pré-impressão como um PDF.

Uma vantagem do arquivo PDF é o fato de que é difícil alterá-lo sem conhecimento especializado, o que diminui a ocorrência de erros na pré-impressão ou impressão. Todavia, qualquer erro detectado no arquivo fechado deve ser informado ao designer para que ele o corrija e crie um novo PDF. Por outro lado, se o fornecedor for confiável, modificações e emendas podem ser feitas sem a criação de arquivos PDF completamente novos. Contudo, lembre-se de que alterações significativas sempre devem ser inseridas tanto no original quanto no arquivo PDF.

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1.10 Adicionando notas a PDFsDesigners e editores podem anexar notas de texto interativas a PDFs, o que economiza muito tempo e elimina os altos e desnecessários custos de impressão a laser e de postagem.

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1.9 Criando um PDFEsta é a caixa de diálogo do PDF no Adobe InDesign, no qual designers e editores podem criar PDFs a partir da arte – por exemplo, em alta resolução para impressão e em baixa resolução para envio por email e verificação na tela. A captura de tela mostra tanto configurações predefinidas incorporadas quanto personalizadas.

[High Quality Print][PDF/X–1a:2001][PDF/X–3:2002][PDF/X–4:2008][Press Quality][Smallest File Size]REPRO_2-COLREPRO_PDFX-3REPRO_spot-textVisuals–small fileVisuals–good qualityWeb_good quality

Adobe PDF Preset

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1.11 Impressão em grande escalaA Canon iPF8300 é capaz de produzir imagens em alta qualidade de até 44 polegadas de largura, usando seu sistema de tintas pigmentadas de 12 cores. Impressoras dessa qualidade podem produzir materiais próprios tanto para uso em aplicações de produtos quanto na produção de provas.

1.12 Predefinições de configuraçãoTodas as impressoras vêm com um software de driver próprio, que é carregado no sistema quando se seleciona a impressora na rede. É mais simples criar predefinições de impressão para tipos frequentes de trabalho.

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O acesso à Internet via banda larga permite enviar arquivos, exceto aqueles muito grandes, por email ou FTP (File Transfer Protocol), local ou internacionalmente, sem a necessidade de gravá-los em CDs ou DVDs, o que evita atrasos e elimina os custos de envio por correio ou transportadora (sobretudo para o exterior). Um arquivo agora pode ser impresso no Extremo Oriente, ou em qualquer lugar da Europa, tão rapidamente quanto em uma cidade vizinha.

O custo das provas digitais coloridas diminuiu, e sua qualidade aumentou consideravelmente. As provas de “contrato” seguem os padrões acordados, permitindo que a gráfica consiga uma melhor correspondência de cores na impressão. A adoção de provas “remotas” ou “provas virtuais” (ver página 66) possibilita ao cliente verificar a prova na tela (embora isso exija monitores de qualidade mais alta, calibrados de acordo com o mesmo espaço de cores que o monitor da gráfica), o que economiza tempo e custos relacionados ao envio físico das provas ao cliente e sua respectiva devolução. Trabalhar com um sistema CTP elimina o fotolito, resultando em custos mais baixos e melhor qualidade, com uma imagem mais precisa e que utiliza menos tintas. Uma nova geração de impressoras coloridas tem controles que ajustam automaticamente o volume de tinta e o registro na impressão. Os dados de configuração da impressão são armazenados, o que possibilita uma reconfiguração rápida no caso de uma reimpressão.

Hoje, a impressão digital está amplamente disponível, permitindo tiragens pequenas e impressão personalizada (impressão de dados variáveis), além da impressão sob demanda (print on demand – P.O.D., ver página 18), por meio da qual um editor pode imprimir de maneira econômica uma única cópia, em vez de ter que produzir centenas e armazená-las em um depósito, onde pode ocorrer a deterioração do papel. Esses avanços combinados simplificaram e aceleraram significativamente os processos de design, impressão e publicação, tornando-os mais acessíveis.

Faça você mesmoA evolução na área de editoração eletrônica e pré-impressão trouxe uma economia de tempo e de dinheiro, pois qualquer pessoa ou empresa com um computador pessoal, scanner e impressora pode criar e imprimir itens simples em casa ou no escritório, em vez de utilizar impressoras e designers terceirizados. Obviamente, alguém sem treinamento em design não conseguirá preparar layouts sofisticados –

apenas folhetos, cardápios ou cartazes simples. Nas empresas, a equipe pode ser treinada em aplicativos de composição de página (como o QuarkXPress ou o InDesign) ou utilizar modelos padrão, criados profissionalmente. A impressão pode ser feita em impressoras jato de tinta ou a laser se a tiragem for relativamente pequena e os requisitos de qualidade não forem muito altos. Entretanto, qualquer tiragem além de algumas centenas de cópias terá um custo menor se for feita em uma gráfica e não internamente, em razão do custo dos insumos (como toner) ou do retorno sobre o investimento. A maioria das impressoras de escritórios não fornecerá a mesma qualidade que a impressão digital ou offset de uma gráfica, principalmente se for necessário reproduzir ilustrações em papel couché.

Contudo, mesmo ao utilizar uma gráfica externa, se o design não for muito complexo, o processo pode ser feito na empresa e enviado à gráfica como um PDF, reduzindo assim custos e tempo na aprovação e correção das provas.

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O termo P.O.D. se refere principalmente, embora não exclusivamente, à publicação e impressão de livros.* Na publicação tradicional, é antieconômico imprimir tiragens pequenas, pois os custos fixos de impressão (pré-impressão, gravação de chapas e acerto de máquina) são diluídos de acordo com a quantidade impressa, fazendo tiragens de algumas centenas resultar em um alto custo de produção e, como consequência, em um preço proibitivo no varejo. Em geral, isso é um problema mais sério nas reimpressões do que em novos títulos. Por exemplo, um novo livro acadêmico poderia ter uma primeira tiragem de 20 mil cópias, o que resultaria em um preço aceitável no varejo e em um lucro razoável, mesmo levando-se em conta os custos fixos de impressão, redação e criação da arte, editoração e distribuição. Em geral, o novo livro terá uma vendagem bem maior no primeiro ano de publicação do que nos anos subsequentes, e as 20 mil cópias poderiam durar dois anos. Depois desse período, o editor precisaria decidir o que é mais rentável: reimprimir algumas centenas para cobrir prováveis pedidos ao longo dos próximos anos ou deixar que a edição do livro se esgote, mesmo que haja uma demanda contínua. A esse problema junta-se o fato de o custo de impressão ter de ser pago antes de a editora vender as obras e somente ser recuperado depois que o último exemplar for vendido, sem contar os custos de estocagem dos livros.

Esse problema foi em grande parte resolvido com o surgimento de equipamentos especializados de impressão digital, incluindo o offset digital, projetados para pequenas tiragens e complementados por

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Impressão sob demandaA impressão sob demanda (print on demand, P.O.D.) é um avanço resultante do

armazenamento digital de texto e imagens. Em vez de guardar os livros em depósitos e

correr o risco de eles encalharem ou se deteriorarem, é possível imprimir as obras

quando e como desejar, inclusive uma única cópia. Essa facilidade revolucionou a

editoração no século XXI, uma vez que reduziu desperdícios e perdas e possibilitou que

até mesmo tiragens bem pequenas ou publicações especiais fossem lucrativas.

máquinas de acabamento e encadernação. Hoje, é possível imprimir tiragens bem reduzidas (dezenas em vez de centenas) ou até mesmo uma única cópia a um preço acessível. Na verdadeira impressão sob demanda, a editora não mantém estoque, e o livro é impresso conforme o pedido do cliente, mesmo se apenas uma cópia for solicitada. Para isso, a editora fornece à gráfica arquivos digitais (em especial PDFs) do miolo e da capa/sobrecapa, os quais são armazenados no banco de dados da gráfica para que sejam recuperados imediatamente quando necessário. Nos casos em que os arquivos digitais não estão disponíveis, a gráfica pode digitalizar o texto e a capa/sobrecapa, trabalho que o editor paga apenas na primeira vez em que faz uma cópia. Os pedidos são feitos eletronicamente para que a encomenda de um consumidor, livreiro ou distribuidor possa desencadear automaticamente a impressão e gerar faturas (para o cliente e para a editora), minimizando os custos de administração. A maioria das gráficas especializadas em impressão sob demanda que trabalham com pequenas tiragens oferece serviços de atendimento de pedido direto ao consumidor; isto é, depois que a editora armazenou o livro no banco de dados da gráfica, os pedidos podem ser enviados diretamente a ela, e a editora apenas recebe um extrato mensal detalhando a receita, os custos de produção e os pagamentos devidos.

Esse modelo não funciona para todos os tipos de livro – uma brochura destinada a um grande público teria um preço baixo demais no varejo para justificar a impressão em equipamentos de pequenas tiragens. Contudo, para livros acadêmicos, jurídicos, técnicos e de referência, bem como alguns livros populares de ficção já esgotados, o conceito revolucionou o mercado e viabilizou a impressão de milhares de títulos antes não disponíveis. Agora também é possível criar livros didáticos exclusivos para um determinado curso por

* N. de R.T.: No Brasil, o termo print on demand refere-se principalmente a publicações comerciais promocionais – como catálogos e malas-diretas, utilizadas em especial pelo mercado publicitário – e materiais como cartões de visita, papel-carta, cartazetes, etc. Nos últimos anos, seu uso tem crescido no mercado editorial livreiro.

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meio da compilação de capítulos selecionados de diversas obras.

A impressão sob demanda também facilitou a publicação de livros por autores iniciantes. Antes de pequenas tiragens se tornarem econômicas, quem quisesse publicar um livro que não seria aceito por uma editora convencional precisaria recorrer a uma vanity publisher (editora de livros pagos pelo autor), que imprimiria várias centenas de cópias para reduzir o custo por unidade, mesmo que elas não fossem vendidas, e cobraria uma taxa considerável pelo trabalho editorial e de design. Agora, várias empresas permitem que os autores disponibilizem seus livros em um site e atendem pedidos de até mesmo uma única cópia a um preço razoável.* Segundo estatísticas, 50% de todos os livros publicados com um ISBN (International Standard Book Number) vendem menos de 250 cópias. Portanto, o mercado potencial para impressão de pequenas tiragens é vasto. Livrarias online como a Amazon disponibilizam esses livros facilmente,

enquanto uma livraria tradicional não armazenaria esses títulos.

Entretanto, a impressão sob demanda pode ser útil em uma livraria convencional – estão em desenvolvimento máquinas para imprimir e encadernar cópias únicas que, se instaladas nas livrarias, reproduziriam cópias sob demanda de livros esgotados, cortando assim os custos de armazenagem e remessa. Além dos livros, é possível imprimir outros itens sob demanda – galerias de arte poderiam fornecer cópias ou pôsteres impressos no momento da compra, e jornais poderiam ser impressos sob demanda em qualquer local do mundo.

1.13 Impressão sob demanda onlineInúmeras empresas agora oferecem serviços de impressão sob demanda via Internet. Editoras incluem esses serviços para livros e publicações especiais, livros famosos esgotados e até mesmo editoras de livros pagos pelo escritor, permitindo que autores publiquem e vendam seus próprios trabalhos.

* N. de R.T.: No Brasil, temos alguns serviços similares como o Publique Já (www.publique.kit.net/) e o Clube dos Autores (http://clubedeautores.com.br).

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Novas mídiasPor muitos anos, as principais mídias foram a impressão, a televisão, o cinema e o rádio;

atualmente, esse cenário mudou com o desenvolvimento de novas mídias, principalmente

a Internet e as tecnologias móveis.

Hoje, a impressão tem muitos concorrentes, e a Internet, com o uso cada vez maior da banda larga, teve grande impacto sobre toda a mídia “antiga”, forçando a impressão a lutar para manter sua fatia no mercado de comunicação global. A maioria das formas de impressão (exceto cartazes e embalagens) foi afetada. Os jornais estão perdendo anúncios de classificados para sites de empregos e de vendas em geral (um problema específico para jornais locais) e também leitores, pois eles leem a versão online do jornal, acessando outros sites de notícias, e possivelmente deixam de comprar um exemplar. Isso pode mudar agora que algumas empresas de notícias estão cobrando taxas de acesso ao seu conteúdo distribuído online. O volume de marketing via mala-direta está diminuindo, pois as empresas, por meio de bancos de dados e impressão digital, conseguem direcionar e personalizar suas campanhas para determinados públicos.*

A Internet também alterou a publicação de livros e jornais. Embora os livros para o público em geral (como os romances mais vendidos) continuem a prosperar, livros de consultas (enciclopédias em especial) e periódicos científicos sofreram a concorrência de uma mídia que tem custos de entrega muito baixos e pode ser atualizada instantaneamente. As revistas foram menos afetadas, já que o consumidor prefere o conteúdo na forma impressa, em vez de na tela – de fato, a Internet adicionou comunidades de interesse, fóruns de discussão e privilegiou o conteúdo para leitores ou assinantes habituais do produto impresso.

Os podcasts (incluindo os de vídeo) e os audiolivros também impõem uma ameaça aos jornais e livros,

uma vez que artigos e livros inteiros narrados podem ser ouvidos em um MP3 player ou iPad. Por exemplo, guias de viagem são particularmente adequados para formatos eletrônicos,, complementando o passeio turístico em tempo real acompanhados das direções fornecidas pelo Google Maps. Os Podcasts também são úteis na área de educação e treinamento, sobretudo no ensino de idiomas. Deve-se acrescentar, ainda, que os avanços da tecnologia de telefonia móvel e o advento do smartphone também são concorrentes da palavra impressa.

Livros eletrônicos, ou eBooks, são publicados na forma digital como um arquivo que pode ser lido em qualquer PC ou aparelho portátil adequado. Além disso, é possível codificar um livro na forma eletrônica para facilitar pesquisas instantâneas de vários tipos – uma limitação dos livros com um índice convencional. As principais vantagens de um livro convencional em relação a um livro eletrônico são a portabilidade e a legibilidade. Os primeiros dispositivos portáteis para livros eletrônicos foram lançados no final dos anos 1990, mas não foram comercialmente bem-sucedidos, uma vez que tendiam a ser muito grandes e pesados, enquanto o texto era difícil de ser lido na tela. Contudo, essa situação mudou depois do lançamento de dispositivos como o Kindle (imagem na página 7), da Amazon, e o iPad (ver Figura 1.14), da Apple. A última versão do Kindle, conhecida genericamente por Kindle 3 pelos usuários, dispõe de tecnologia 3G e tela E-Ink (tinta eletrônica) aperfeiçoada de alto contraste. Os livros agora podem ser comprados e baixados diretamente para o dispositivo, enquanto modelos mais antigos precisavam ser conectados a um PC para então transferir o novo material. Esses recursos tornam o aparelho mais atraente e flexível para os usuários que pretendem abandonar o livro tradicional em favor da experiência da leitura digital. O iPad da Apple,

* N. de R.T.: No Brasil, ainda é alto o número de impressões de malas-diretas com material personalizado via impressão digital, apesar do crescimento das mídias eletrônicas online.

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1.14 iPad da AppleA Apple mais uma vez revolucionou a nossa forma de ver o conteúdo com o que, sem dúvida, é o primeiro computador tablet totalmente utilizável. Lançado em abril de 2010, 3 milhões de aparelhos foram vendidos em 80 dias.

por outro lado, é bastante diferente, pois trata-se de um computador tablet com diversos recursos, comercializado como dispositivo portátil perfeito para acessar mídia de áudio e vídeo, bem como para navegar na Web e jogar. Os livros são lidos usando o aplicativo iBooks, que pode ser baixado da Apple Store, sendo que uma série de grandes editoras de livros e revistas têm compromisso de publicação para o iPad.

Como os eBooks são mais baratos que suas versões impressas, à medida que o preço dos dispositivos se tornar mais acessível – o que já ocorreu com o iPad, por exemplo –, eles com certeza aumentarão sua fatia no mercado. Livros podem ser publicados simultaneamente como impressos ou eBook, mas é importante ter clareza quanto à adequação do livro para a publicação em novas mídias. Nem todos os títulos impressos se ajustam de maneira natural aos novos formatos, e pode ser necessária uma grande

quantidade de trabalho corretivo para transformá-los e alcançar um resultado bem-sucedido. Cabe a cada editora decidir sobre suas estratégias de publicação com base em suas próprias listas.

Os blogs e vlogs (a autopublicação de jornais online e logs de vídeo) também ameaçam os modelos de publicação tradicionais, pois estão fora do controle editorial e do processo de filtragem das mídias tradicionais.

Cortesia da Apple

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1.15 Venda de livros eletrônicosObras inteiras podem ser adquiridas e baixadas diretamente em leitores dedicados a livros eletrônicos, como o Kindle da Amazon, de qualquer lugar que disponha de conexão com a Internet.

1.16 Podcast sobre turismoTurismo e humor estão em alta nos podcasts, mídia direcionada a públicos segmentados.

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Design para mídia não impressaHá uma exigência cada vez maior de design compatível com múltiplas plataformas – as empresas investem em presenças online que complementem suas identidades visuais baseadas no texto impresso. No entanto, o design para mídia digital deve ir além do para mídia impressa, aproveitando a interatividade da Web, como a capacidade de criar links para outras páginas e outros sites. XML (eXtensible Markup Language), uma linguagem de descrição de dados que permite produzir documentos capazes de serem manipulados por uma grande variedade de linguagens de programação, é fundamental para o trabalho em múltiplas plataformas. A antecessora da XML é a SGML (Standard Generalized Markup Language), que foi utilizada para estruturar diferentes tipos de documentos eletrônicos (incluindo texto para livros e outros produtos impressos). Sendo um formato público do World Wide Web Consortium

1.17 Design compatível com várias plataformasDesigners que lidam com texto e imagens hoje têm uma visão multimídia, produzindo conteúdo tanto para impressão quanto para a Web.

(W3C), a XML marca (adiciona uma identidade descritiva) cabeçalhos, corpo de texto e outros elementos, possibilitando a transferência fácil do conteúdo dentro de uma mídia, bem como de uma mídia para outra.

Por exemplo, em um documento impresso, uma legenda poderia ser especificada como Helvetica de 10 pt no aplicativo de composição de página, mas a XML só a marcaria como “legenda” para que, quando o documento fosse disponibilizado na Web, a tag “legenda” seguisse o estilo do documento Web que poderia ter uma fonte e um tamanho diferentes. Esse procedimento evita que um documento precise ser completamente reformatado quando publicado em outra mídia.

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A impressão e o meio ambienteNo século XXI, a preservação do meio ambiente tornou-se uma questão polêmica e

debatida globalmente. Há muitas atitudes que gráficas, editoras, designers e todos os

envolvidos na cadeia de produção da impressão podem tomar para minimizar o

impacto ambiental e o desperdício associado ao seu trabalho.

Todos os tipos de impressão afetam o meio ambiente de inúmeras maneiras. Muitas empresas, por exemplo, tornam seus CDs e DVDs “livres de emissões de carbono” ao plantar árvores ou substituir os recursos naturais proporcionalmente ao custo ambiental da produção. Todavia, a maior preocupação é em relação ao papel, seu conteúdo e suas formas de produção. O capítulo sobre papel e tinta (ver página 114) trata dos efeitos dessas matérias-primas sobre o ambiente e como eles podem ser minimizados. Aqui, analisamos como as editoras e gráficas podem utilizar modos mais sustentáveis de trabalho. Muitas empresas o farão voluntariamente, mas talvez não por opção, pois muitos clientes de grande porte e agências governamentais estabelecem certos padrões ambientais como pré-requisito para fechar um contrato. Com frequência, iniciativas sustentáveis (como a redução de custos de energia) também economizam gastos.

A introdução da impressão digital e o método CTP – em especial se utilizado com chapas processless (tecnologia de gravação de chapas que dispensa produtos químicos) – diminuíram consideravelmente o uso de matérias-primas (filme e produtos químicos) na pré-impressão. O CTP reduziu a quantidade de folhas desperdiçadas na etapa de acerto de um trabalho, e, a prova remota, o número de matérias-primas empregadas para provas convencionais e a energia usada em seu transporte. A impressão, porém, ainda apresenta alguns problemas relacionados aos solventes, à energia utilizada para secagem e à extração de gases, o que motiva o aperfeiçoamento dos processos. Controlar a energia usada em uma fábrica ou escritório para aquecimento, iluminação, ar-condicionado, etc. é um bom começo, pois a maioria dos equipamentos, como computadores, fotocopiadoras e impressoras, pode ser desligada durante a noite. A tendência é

que os fabricantes lancem tecnologias sem o modo “standby” a fim de evitar o desperdício de eletricidade.

No lado do comprador, a maneira como um trabalho de impressão é criado e especificado afeta sua capacidade de reciclagem; logo, costura com arame (página 144 em diante) e laminação (páginas 152 e 153) devem ser evitadas. Outra área a ser considerada é o transporte – a maneira como as mercadorias são entregues, sejam elas provas e layouts ou o trabalho final, aproveita a energia do modo mais eficiente possível?

Há padrões internacionais para o gerenciamento ambiental, em que os procedimentos das empresas são auditados quanto a impactos ambientais e um certificado é concedido pela conformidade com os padrões. Essa conformidade pode ser difícil e cara para empresas de pequeno porte, mas a falta de um certificado não impede que elas trabalhem de uma maneira sustentável.

Problemas ambientais também incluem os impactos humanos dos métodos de trabalho. A maioria das grandes empresas multinacionais tem normas de conduta para seus fornecedores, abrangendo saúde e segurança, horas de trabalho, reconhecimento em relação a sindicatos, etc., e essas normas são empregadas especialmente para assegurar que gráficas nos países em desenvolvimento tenham boas condições de trabalho e práticas trabalhistas adequadas.

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1.18 Prova em PDF (remota ou virtual)Provas em PDF dispensam as caras impressões a laser e evitam o desperdício no transporte e no envio pelo correio. A economia de tempo também atenua o impacto ambiental.

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