DAYANE TAYLOR DE FREITAS Estudo da sustentabilidade...

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DAYANE TAYLOR DE FREITAS Estudo da sustentabilidade aplicada ao mercado brasileiro de embalagens: novos materiais e tecnologias Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora. DATA: __/__/2014 __________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR LORENA SP 2014

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DAYANE TAYLOR DE FREITAS

Estudo da sustentabilidade aplicada ao mercado brasileiro de

embalagens: novos materiais e tecnologias

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta

para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora.

DATA: __/__/2014

__________________________________

ASSINATURA DO ORIENTADOR

LORENA – SP 2014

DAYANE TAYLOR DE FREITAS

Estudo da sustentabilidade aplicada ao mercado brasileiro de

embalagens: novos materiais e tecnologias

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo para obtenção da Graduação em

Engenharia Química.

Área de concentração: Engenharia Ambiental e

Tecnologia Química

Orientadora: Profa. Dra. Jayne Carlos de Souza

Barboza

Versão Original

LORENA - SP 2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha saudosa avó Paula por todo amor, carinho e apoio

que sempre dedicou a mim.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por estar sempre presente em minha vida guiando meus passos.

Aos meus pais, Maria de Lourdes e Caetano, e a meu irmão Caio por todo apoio,

amor e carinho ao longo de todo o período de minha graduação.

Ao meu noivo Fabio por todo apoio e paciência durante a confecção deste

trabalho.

A professora doutora Jayne Carlos de Souza Barboza por todos os ensinamentos

e por toda atenção a mim dedicados, fundamentais para a conclusão deste

trabalho.

Aos professores doutores Marco Antonio Carvalho Pereira e Diovana Aparecida

dos Santos Napoleão pela atenção em avaliar este trabalho.

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“O sucesso nasce do querer, da determinação

e persistência em se chegar a um objetivo.

Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e

vence obstáculos, no mínimo fará coisas

admiráveis.”

José de Alencar

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RESUMO

FREITAS, D. T. Estudo da sustentabilidade aplicada ao mercado brasileiro

de embalagens: novos materiais e tecnologias. Projeto de Monografia

(Trabalho de Graduação em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de

Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena 2014.

As embalagens estão presentes em todos os produtos de consumo em diferentes

formatos e com funções variadas, o que gera, diariamente, grande quantidade de

material de descarte. O descarte excessivo tem se tornado uma grande

preocupação para o mundo todo devido a seu profundo impacto destrutivo no

meio ambiente. Em contrapartida, a indústria, visando também melhorar a

imagem de seus produtos, passou a buscar embalagens que causem menor

impacto ambiental, isto é, que sejam ecologicamente corretas. Este trabalho visa

apresentar conceitos relacionados à sustentabilidade em embalagens; estudar

quais materiais, inovações e tecnologias as indústrias, em geral, têm

implementado nas embalagens de seus produtos a fim de torná-las sustentáveis;

entender quais as motivações envolvidas neste processo; e por fim, elucidar quais

os benefícios decorrentes desta iniciativa. Utilizando a metodologia de pesquisa

bibliográfica, verificou-se que a maior parte das iniciativas adotadas e das

pesquisas na área científica relacionadas a sustentabilidade em embalagens

consiste na diminuição da quantidade do plástico convencional nas embalagens

ou na substituição deste por plásticos biodegradáveis.

Palavras-chave: Embalagens, sustentabilidade, novos materiais, meio ambiente.

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ABSTRACT

FREITAS, D. T. Study of sustainability applied to the Brazilian packaging

market: new materials and technologies. Projeto de Monografia (Trabalho de

Graduação em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena 2014.

Packages are present in all consumer products in different shapes and with

different functions, which daily generate a lot of waste material. The excessive

waste matter has become a profound concern for the whole world due to its

destructive impact on the environment. Therefore, the industry, also as a tool to

improve the image of its products, has been searching for packaging that causes

less environmental impact, i.e. that are environment-friendly. This work aims to

establish a conceptual framework related to sustainability in packaging; to study

materials, innovations and technologies that companies have implemented into the

packaging of their products in order to make it sustainable; to understand the

motivation involved in such a process; and lastly, to elucidate the benefits resulting

from this iniciative. Using the bibliographic research methodology, was possible to

notice that the most iniciatives and researches in the scientific area related to

sustainability in packaging consists in the reduction of conventional plastics in

packages or its substitution for biodegradable plastics.

Keywords: Packaging, sustainability, new materials, environment.

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LISTA DE FIGURAS

FIG. 1 – O INÍCIO DOS SUPERMERCADOS NO BRASIL ----------------------------- 17

FIG. 2 – TIPOS DE EMBALAGENS: (A) BLÍSTER; (B) MULTICAMADAS; (C)

LAMINADAS; (D) MISTAS ; (E) PLÁSTICAS FLEXÍVEIS; (F) AÇO; (G)

CARTUCHO ----------------------------------------------------------------------------------- 21

FIG. 3 - AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DE UMA EMBALAGEM ----------------- 24

FIG. 4 – FASES DE UMA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA -------------------------- 25

FIG. 5 – ECODESIGN ---------------------------------------------------------------------------- 26

FIG. 6 – FATORES DO ECODESIGN -------------------------------------------------------- 28

FIG. 7 – FLUXO DA LOGÍSTICA REVERSA ----------------------------------------------- 29

FIG. 8- SIMBOLOGIA DE DESCARTE E RECICLAGEM ------------------------------- 33

FIG. 9- SELO QUALIDADE AMBIENTAL ---------------------------------------------------- 34

FIG. 10- SELO DA FOREST STEWARDSHIP COUNCIL ------------------------------- 34

FIG. 11- ESQUEMA GERAL DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM --------------- 36

FIG. 12 - EXEMPLOS DE COMPOSTOS ORGÂNICOS COMPOSTÁVEIS ------- 37

FIG. 13 – ESTRUTURA DA CELULOSE ---------------------------------------------------- 43

FIG. 14 – ESTRUTURA QUÍMICA DE ÁCIDOS ALGÍNICOS: (A) ÁCIDO

MANURÔNICO, (B) ÁCIDO GULURÔNICO ------------------------------------------ 43

FIG. 15 – CONFORMAÇÃO Β DAS CADEIAS POLIPEPTÍDICAS ------------------- 44

FIG. 16 – ESTRUTURA QUÍMICA DOS POLI(HIDROXIALCANOATOS (PHAS):

(A) POLI(HIDROXIBUTIRATO); (B) POLI(HIDROXIVALERATO) E (C)

POLI(HIDROXI-CO-VALERATO). ------------------------------------------------------- 45

FIG. 17 – ESTRUTURA QUÍMICA DE: (A) POLI(Ɛ-CAPROLACTONA) (PCL); (B)

POLI(ÁCIDO LÁTICO) (PLA); (C) POLI(ÁCIDO GLICÓLICO (PGA) E (D)

POLI(ÁCIDO GLICÓLICO LÁTICO) (PGLA) ------------------------------------------ 46

FIG. 18 - PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE

EMBALAGENS-------------------------------------------------------------------------------- 47

FIG. 20 - PROJETO DA EMBALAGEM DE IOGURTE ----------------------------------- 60

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRE Associação Brasileira de Embalagem

ACV Avaliação do Ciclo de Vida

CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem

CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da PETROBRAS

CERAT Centro de Raízes e Amidos Tropicais

CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

DCI Diário Comércio, Indústria e Serviços

EPR Extend Product Responsability

FAPESP Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo

FDA Food and Drug Administration

FGV Fundação Getúlio Vargas

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FSC Forest Stewardship Council

HCl Ácido Clorídrico

HPMC Hidroxipropil Metilcelulose

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRE Instituto Brasileiro de Economia

ISO International Organization for Standartization

MEG Monoetilenoglicol

MEV Microscópio Eletrônico de Varredura

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NBR Norma Brasileira

NPQS Nanopartículas de Quitosana

PCL Poli(ɛ-caprolactona)

PEAD Polietileno de Alta Densidade

PEBD Polietileno de Baixa Densidade

PEBDL Polietileno de Baixa Densidade Linear

PERS Política Estadual de Resíduos Sólidos

PET Poli (Tereftalato de etileno)

PEUAPM Polietileno de Ultra-alto Peso Molecular

PHAs Poli(hidroxialcanoatos)

PHB Poli(β-hidroxibutirato)

PHV Poli(β-hidroxivalerato)

PHB-V Poli(hidroxibutirato-co-valerato)

PGA Poli(ácido glicólico)

PGLA Poli(ácido glicólico-ácido lático)

PIB Produto Interno Bruto

PLA Poli(ácido lático)

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PP Polipropileno

PS Poliestireno

PTA Ácido Politereftálico

PVC Policloreto de Vinila

UNESP Universidade Estadual Paulista

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 13

2 OBJETIVO ------------------------------------------------------------------------------------- 15

2.1 OBJETIVO GERAL ----------------------------------------------------------------------- 15

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ----------------------------------------------------------- 15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -------------------------------------------------------------- 16

3.1 BREVE HISTÓRICO --------------------------------------------------------------------- 16

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS -------------------------------------------- 18

3.3 TIPOS DE EMBALAGENS ------------------------------------------------------------- 21

3.4 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV) ------------------------------------------- 23

3.5 ECODESIGN ------------------------------------------------------------------------------- 26

3.6 LOGÍSTICA REVERSA ------------------------------------------------------------------ 28

3.7 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) -------------------- 30

3.8 ROTULAGEM AMBIENTAL ------------------------------------------------------------ 31

3.9 COMPOSTAGEM ------------------------------------------------------------------------- 35

3.9.1 DESCRIÇÃO GERAL DO PROCESSO --------------------------------------- 36

3.9.2 MATÉRIA ORGÂNICA PARA COMPOSTAGEM --------------------------- 37

3.10 OS RESÍDUOS PLÁSTICOS ------------------------------------------------------- 38

3.11 QUÍMICA VERDE ---------------------------------------------------------------------- 40

3.12 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS ------------------------------------------------ 42

3.12.1 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS NATURAIS -------------------------- 42

3.12.2 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS SINTÉTICOS ----------------------- 46

3.13 RECICLAGEM -------------------------------------------------------------------------- 47

3.13.1 PAPEL------------------------------------------------------------------------------- 47

3.13.2 METAL ------------------------------------------------------------------------------ 48

3.13.3 PLÁSTICO ------------------------------------------------------------------------- 49

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3.13.4 VIDRO ------------------------------------------------------------------------------- 50

4 METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------- 51

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES -------------------------------------------------------- 52

5.1 INICIATIVAS IMPLEMENTADAS - TECNOLOGIAS EM USO---------------- 52

5.1.1 PLÁSTICO VERDE ----------------------------------------------------------------- 52

5.1.2 PLANTBOTTLE TM, BOTTLE-TO-BOTTLE E ECO CRYSTALTM ------ 54

5.1.3 ECOBRAS™ -------------------------------------------------------------------------- 55

5.1.4 REFIS DE PET 100% RECICLADO e NATURA SOU® ------------------- 56

5.1.5 EMBALAGEM A PARTIR DE FÉCULA DE MANDIOCA ----------------- 57

5.2 PESQUISAS REALIZADAS NA ÁREA CIENTÍFICA ---------------------------- 58

5.2.1 POLPA DE MAMÃO E QUITOSANA PARA A FABRICAÇÃO DE

EMBALAGENS-------------------------------------------------------------------------------- 58

5.2.2 EMBALAGEM COM FILME INTERNO BIODEGRADÁVEL ------------- 59

5.2.3 SISTEMAS INTELIGENTES DE EMBALAGENS UTILIZANDO FILMES

BIODEGRADÁVEIS ------------------------------------------------------------------------- 60

5.3 DISCUSSÕES ----------------------------------------------------------------------------- 61

6 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------- 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------- 63

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1 INTRODUÇÃO

A embalagem é um recipiente ou envoltura que armazena produtos

temporariamente, individualmente ou agrupando unidades, com a principal função

de protegê-los e estender seu prazo de validade (shelf life), viabilizando sua

distribuição, identificação e consumo (PELLEGRINO, 2014).

Mundialmente a embalagem movimenta mais de US$ 500 bilhões,

representando dentre 1% e 2,5% do PIB de cada país (PELEGRINO, 2014). De

acordo com estudo macroeconômico, da indústria brasileira de embalagem,

realizado anualmente pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) /FGV

(Fundação Getúlio Vargas) para a ABRE (Associação Brasileira de Embalagem),

a indústria de embalagens cresceu 1,41% em sua produção física no ano de

2013. Ainda de acordo com este estudo, verificou-se que o valor bruto da

produção física de embalagens atingiu R$52,4 bilhões, um aumento de quase

11% em relação aos R$ 47,3 bilhões de 2012.

A embalagem se molda à sociedade, refletindo seus hábitos, valores e

grau de desenvolvimento. Ao mesmo tempo ela atua de maneira inversa e ajuda a

impulsionar as mudanças de consumo necessárias para a sustentabilidade. Hoje,

além de promover a destinação correta para reciclagem e reutilização, as

embalagens possibilitam um consumo mais consciente.

O crescente interesse em melhorar a qualidade do meio ambiente, aliado

ao acúmulo de lixo não biodegradável, tem incentivado pesquisas em todo o

mundo no sentido de incrementar e desenvolver embalagens sustentáveis

provindas de fontes renováveis.

A embalagem sustentável contempla proporção ideal de embalagem

versus produto, otimizando o seu peso específico e proporcionando as condições

ideais para o acondicionamento do produto. A sustentabilidade deve ser

alcançada por meio da busca pela eficiência em todos os processos ao longo do

ciclo de vida da embalagem e do produto, incluindo seu consumo e descarte.

Busca-se a sustentabilidade por meio do processo de melhoria contínua fazendo

uso das novas tecnologias e da evolução do cenário social, econômico e

mercadológico, buscando-se maximizar a distribuição do produto, a segurança do

consumidor, o sucesso de seu uso e minimizar a geração de resíduo e

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desperdício, prevendo a destinação final adequada, oferecendo o

reaproveitamento de seu material e não tendo efeitos indesejáveis no meio

ambiente (PELLEGRINO, 2014).

As indústrias dos mais diversos segmentos têm utilizado embalagens

sustentáveis com o objetivo de aliar o apelo ambiental atual às vendas de seus

produtos, afinal as embalagens são um elemento decisivo para o sucesso

comercial dos produtos, o material do qual é composto, o design, e a impressão

são fatores que influenciam na decisão do consumidor na escolha entre um

produto e outro. Uma embalagem de qualidade infere em um produto de

qualidade (PELLEGRINO, 2014).

Essencialmente, a embalagem sustentável:

É benéfica, segura e saudável para indivíduos e comunidades ao longo de

seu ciclo de vida;

Atende aos critérios de mercado com relação a performance e custo;

É produzida, transportada e reciclada por meio de energia sustentável;

Utiliza matérias primas renováveis ou recicladas;

É fabricada com tecnologias de produção limpas e por meio das melhores

práticas;

Provém de materiais saudáveis ao longo do ciclo de vida;

É fisicamente projetada para otimizar a utilização de materiais e energias

sustentáveis;

É efetivamente recuperada e utilizada em ciclos biológicos e / ou industriais

fechados.

Os materiais convencionais e a maneira como têm sido utilizados na

produção de embalagens têm se mostrado ineficientes no que se refere à

preservação do meio ambiente. Surge então a necessidade de novos materiais e

novas ideias a serem aplicadas ao desenvolvimento de embalagens.

15

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2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do presente trabalho é estudar a sustentabilidade aplicada no

mercado de embalagens.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Este trabalho tem como objetivos específicos:

Apresentar conceitos sobre a sustentabilidade de embalagens;

Estudar os novos materiais e tecnologias aplicados nas embalagens de

produtos industriais para torná-las sustentáveis;

Entender quais as motivações envolvidas e benefícios gerados pela

adoção de embalagens sustentáveis.

16

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 BREVE HISTÓRICO

Desde o início da civilização o homem necessita armazenar, acondicionar

e transportar bens de consumo, tornando-se estas as principais funções das

embalagens. Fazendo um levantamento histórico, percebe-se que as embalagens

foram se diferenciando, tanto no que diz respeito a processos de confecção,

projeto e materiais empregados como à agregação de funções, como

comunicação visual.

O grande responsável pelo desenvolvimento da embalagem, foi o

comércio com suas viagens e caravanas que não só geraram novos itens de troca

como a necessidade de melhor proteção para que os produtos resistissem ao

transporte em distâncias mais longas.

O panorama histórico das embalagens pode ser dividido em três fases

(MOURA; BANZATO, 1997):

a) A primeira fase se encontra no período que compreende desde o surgimento

do homem, até aproximadamente 4000 a.C.. Nesta fase as embalagens não eram

confeccionadas, eram usados objetos fornecidos pela natureza;

b) A segunda fase caracterizou-se pelo surgimento das embalagens propriamente

ditas usadas no intercâmbio de mercadorias. Essa fase compreende o período de

4000 a.C. até aproximadamente 1760 d.C.;

c) A terceira fase parte do ano 1760 d.C. até os dias atuais conferindo as

embalagens funções de proteção, ilustração e vendas.

A terceira fase possui uma subdivisão em outras três fases:

a) Fase Protetiva (1760-1890): compreendendo uma fase onde a embalagem era

usada para proteger os produtos no transporte e manuseio;

17

17

b) Fase Ilustrativa (1890-1930): Inclui-se nessa fase elementos que identificam o

fabricante, além de instruções de uso dos produtos;

c) Fase de Venda (1930-hoje): nessa fase as embalagens passam a vender os

produtos, representam o produto, sendo a porta de entrada desses.

Com o surgimento dos supermercados (Fig. 1) no período do pós-guerra,

e a disseminação do autosserviço, sistema de vendas em que o consumidor

escolhe o produto sem intermediação de um vendedor, as embalagens tiveram

suas funções de comunicação ampliadas, tornando-se, de um lado, uma efetiva

fonte de informação para o comprador e, de outro, um importante meio de

divulgação para os fabricantes (CAVALCANTI; CHAGAS, 2006).

Fig. 1 – O início dos supermercados no Brasil

(fonte: CAVALCANTI; CHAGAS, 2006)

O desenvolvimento do mercado de embalagens no Brasil permanece em

constante evolução. A entrada dos computadores no processo de criação, os

avanços permanentes nas áreas de tecnologia e materiais e a transformação da

sociedade, com as mudanças de comportamento e hábitos de consumo, como o

crescimento de metrópoles, o aumento das mulheres no mercado de trabalho e a

nova configuração das famílias são alguns dos fatores que influenciaram e

18

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seguem impulsionando o desenvolvimento de embalagens. Além disso, as

preocupações com o descarte e o fim do ciclo de vida passaram a ser um critério

cada vez mais presente. A reciclagem e a consciência ambiental tornaram-se

estratégias para as indústrias e também fatores propulsores de novos

desenvolvimentos nesse setor.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS

De acordo com estudo realizado anualmente pelo IBRE (Instituto

Brasileiro de Economia) / FGV (Fundação Getúlio Vargas) para a ABRE

(Associação Brasileira de Embalagem), a indústria de embalagens cresceu 1,41%

em sua produção física no ano de 2013.

São várias as classificações estabelecidas para as embalagens por

diferentes autores. No Brasil, um dos primeiros sistematizadores destas

classificações foi Bergmiller (1976) que organizou a embalagem em dois grandes

grupos:

(i) Embalagens de consumo: são aquelas que entram em contato

com o consumidor. Foram subdivididas em embalagens de uso (utilizadas

pelos consumidores) e expositoras (para exposição no ponto de venda), e

de acordo com a quantidade (unitária e de conjunto);

(ii) Embalagens de transporte: foram subdivididas pelas funções de

movimentação e proteção.

Pereira (2003) traz basicamente a estrutura de classificação apresentada

por Bergmiller (1976), porém acrescenta as especificidades distintas de acordo

com o mercado de destino, como embalagens para exportação, sejam de

transporte ou de consumo.

A embalagem de consumo mantém contato direto com o consumidor

desempenhando papel persuasivo. A embalagem de transporte tem a função de

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19

proteger o conjunto de embalagens de consumo, embalar produtos

individualmente ou a granel (PEREIRA, 2003).

Outra classificação semelhante é apresentada por Carvalho (2008), que

organiza as embalagens em apenas um nível, quanto às suas funções. Uma

embalagem pode ser:

(i) primária – a que contém o produto;

(ii) coletiva – a que contém várias embalagens primárias, como uma

caixa que contém várias latas, por exemplo;

(iii) transporte – contém várias embalagens coletivas, apropriada para o

despacho e transporte até o distribuidor ou revendedor; e

(iv) embalagem unificada – a que serve para movimentar e transportar

diversas embalagens de transporte (CARVALHO, 2008).

Gurgel (2007) também classifica as embalagens conforme sua finalidade,

organizadas em cinco grupos:

(i) embalagem de contenção – aquela que entra em contato direto

com o produto, exigindo compatibilidade entre os componentes do

produto e os materiais da embalagem;

(ii) embalagem de apresentação – envolve a embalagem de

contenção, sendo que o produto se apresenta no ponto de venda;

(iii) embalagem de comercialização – contém um múltiplo da

embalagem de apresentação, sendo a unidade para a extração do

pedido;

(iv) embalagem de movimentação - múltiplo da embalagem de

comercialização para ser movimentada por equipamentos mecânicos; e

(v) embalagem de transporte – utilizada para agregar embalagens de

comercialização de produtos diferentes, para compor e entregar um

pedido ao cliente.

Outras taxonomias foram organizadas constituindo diversos níveis, pois

as embalagens nem sempre podem ser classificadas como apenas de transporte

ou de apresentação. Moura e Benzato (1997) propõem a classificação segundo:

(i) Funções:

Embalagem primária: a que contém o produto;

20

20

Embalagem secundária: é o acondicionamento que protege a embalagem

primária;

Embalagem terciária: acondiciona embalagens primárias e secundárias;

Embalagem quaternária: recipiente para facilitar a movimentação e a

armazenagem;

Embalagem de quinto nível: a unidade conteinerizada ou embalagens

especiais para envio à longa distância.

(ii) Finalidade:

Embalagem de consumo: é a embalagem que leva o produto ao

consumidor, podendo ser a primária e a secundária;

Embalagem expositora: além de transportar o produto, acondicionado em

embalagens de consumo, pode expor o mesmo no ponto de venda;

Embalagem de distribuição física: destinada a proteger o produto,

suportando as condições físicas na carga, transporte, descarga e entrega;

Embalagem de transporte e importação: o acondicionamento que protege

o produto durante o transporte, podendo ou não estar em contato direto

com o produto;

Embalagem industrial ou de movimentação: a que protege o produto

durante a estocagem e a movimentação dentro da indústria, entre as

fábricas ou entre fornecedores e clientes;

Embalagem de armazenagem: tem a função de proteger o produto de

agentes externos físicos e de parasitas.

(iii) Movimentação:

Manual: é a embalagem cujo peso não deve ultrapassar 30 kg, não sendo

adequada para operações com empilhadeiras ou outros equipamentos;

Mecânica: são utilizadas como unidades de carga agrupadas para que

possam ser movimentadas por empilhadeiras ou outro veículo industrial.

(iv) Utilidade:

Embalagem retornável: pode ser reutilizada normalmente retornando a

indústria de origem. Em geral requer investimento, implica em custo para o

21

21

transporte de retorno, necessita de manutenção e é obrigatório identificar a

empresa com nome e numeração sequencial na embalagem;

Embalagem não retornável: utilizada em um único ciclo de distribuição,

podendo, ou não, ser reaproveitada pelo destinatário.

3.3 TIPOS DE EMBALAGENS

De acordo com estudo divulgado pela ABRE, as embalagens são

fabricadas a partir de diversos materiais e nos mais diversos formatos e podem

ser classificadas em:

-Blister: é uma embalagem composta de uma cartela-suporte – cartão ou

filme plástico – sobre o qual o produto é fixado por um filme em forma de bolha.

Exemplo: comprimidos, pilhas (Fig. 2).

Fig. 2 – Tipos de embalagens: (a) blíster; (b) multicamadas; (c) laminadas; (d) mistas ; (e) plásticas flexíveis; (f) aço; (g) cartucho

(fonte: ABRE, 2014)

-Caixa de transporte: é uma embalagem própria para transportar vários produtos

ou produtos de porte maior. Pode ser feita de plástico rígido, papelão ondulado ou

madeira. Ela garante segurança e proteção ao produto até seu destino final.

(a) (c)

(d) (e)

(f)

(g) (b)

22

22

-Cartucho: é uma embalagem estruturada em papel cartão. Exemplo: caixas de

cereais matinais e caixas de sabão em pó.

-Contêiner: é uma grande caixa, de dimensões e outras características

padronizadas, para acondicionar e transportar produtos, facilitando seu

embarque, desembarque e transbordo em diferentes meios de transporte. Pode

ser de metal ou madeira e também é conhecido como cofre de carga quando é

dotado de dispositivos de segurança previstos por legislações nacionais e

convenções internacionais.

-Embalagem cartonada: é composta por várias camadas de materiais que criam

barreiras à luz, gases, água e microrganismos, conservando as propriedades dos

alimentos. A embalagem cartonada asséptica é composta por 75% de papel

cartão, 20% de filmes de polietileno de baixa densidade e 5% de alumínio.

-Embalagens mistas: combinam dois ou mais materiais e materiais reciclados.

Exemplo: plástico com metal; metal com madeira; plástico com vidro; vidro com

metal; madeira com papel. A vantagem é a união das propriedades dos materiais

para proteger e transportar os produtos, e atrair os consumidores.

-Embalagens multicamadas: combinam diferentes materiais. Exemplo:

alumínio+papel; papel+papelão.

-Embalagens laminadas: são embalagens formadas pela sobreposição de

materiais como filme plástico metalizado + adesivo + filme plástico. Exemplo:

embalagens de snacks, biscoitos, café.

-Embalagens plásticas flexíveis: são aquelas cujo formato depende da forma

física do produto acondicionado e cuja espessura é inferior a 250 microns. Nessa

classificação, enquadram-se sacos ou sacarias, pouches, envoltórios fechados

por torção e/ou grampos, tripas, pouches que ficam em pé (stand-up-pouches),

bandejas flexíveis que se conformam ao produto, filmes encolhíveis (shrink) para

envoltórios, filmes esticáveis (stretch) para envoltório ou para amarração de carga

na paletização, sacos de ráfia, etc.. Os materiais flexíveis incluem, ainda, selos de

fechamento, rótulos e etiquetas plásticas.

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23

Elas se destacam pela relação otimizada entre a massa da embalagem e

a quantidade de produto acondicionado, além da flexibilidade no

dimensionamento de suas propriedades. É possível combinar diferentes

polímeros para obter as propriedades necessárias e que atendam a requisitos

econômicos, ambientais e de conservação e comercialização de produtos.

-Latas de alumínio: são predominantemente utilizadas para embalar bebidas

como cervejas, sucos, chás e refrigerantes.

-Latas de aço: fabricadas através de folhas de aço (folha de flandres), são

largamente utilizadas em embalagens de alimentos, bebidas, tintas e produtos

químicos. Atendem às necessidades específicas de resistência, conformação,

revestimento e acabamento.

O uso de uma película elástica protetora proporciona ainda maior

proteção aos alimentos ou quaisquer outros produtos enlatados. Essa película

elástica é altamente resistente às deformações. Por exemplo, na fixação da

tampa, o produto sofre uma “deformação” de 180 graus, sem que isso

comprometa a qualidade do conteúdo. As características flexíveis são as

responsáveis por possibilitar a produção de latas com formatos diferentes, como a

do leite condensado, e garantir que mesmo com a superfície “deformada”, o

alimento ou produto em lata de aço não seja contaminado.

3.4 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV)

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) (Fig. 3) é uma ferramenta que permite

avaliar o impacto ambiental potencial associado a um produto ou atividade

durante todo seu ciclo de vida, desde a extração das matérias primas, produção,

distribuição, uso até a etapa de disposição final.

A ACV também permite identificar quais estágios do ciclo de vida têm

contribuição mais significativa para o impacto ambiental do processo ou produto

estudado. Empregando a ACV é possível avaliar a implementação de melhorias

ou alternativas para produtos, processos ou serviços.

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Fig. 3 - Avaliação do Ciclo de Vida de uma embalagem

(fonte: Ciclo Vivo, 2010)

Num estudo de ACV de um produto ou serviço, todas as extrações de

recursos e emissões para o ambiente são determinadas, quando possível, numa

forma quantitativa ao longo de todo o ciclo de vida, desde que "nasce" até que

"morre" - “from cradle to grave”, com base nestes dados são avaliados os

potenciais impactos nos recursos naturais, no ambiente e na saúde humana.

A avaliação do ciclo de vida deve incluir a definição de objetivo e escopo,

análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação de resultados,

conforme ilustrado na Fig. 4.

25

25

Fig. 4 – Fases de uma Avaliação do Ciclo de Vida

(fonte: ISO 14040:2001)

Definição de objetivo e escopo – Define e descreve o produto,

processo ou atividade. Estabelece o contexto no qual a avaliação

deve ser feita e identifica os limites e efeitos ambientais a serem

revistos para a avaliação.

Análise de Inventário – Identifica e quantifica a energia, água e

materiais utilizados e descargas ambientais (p.ex: emissões para o

ar, deposição de resíduos sólidos, descargas de efluentes

líquidos).

Avaliação de Impacto – Analisa os efeitos humanos e ecológicos

da utilização de energia, água, e materiais e das descargas

ambientais identificadas na análise de inventário.

Interpretação – Avalia os resultados da análise de inventário e

avaliação de impacto para selecionar o produto preferido, processo

ou serviço com uma compreensão clara das incertezas e

suposições utilizadas para gerar os resultados.

Declarações ambientais sobre o produto podem se basear em estudos de

ACV, bem como a integração de aspectos ambientais no projeto e

desenvolvimento de produtos (design for environment).

26

26

A ACV pode ser aplicada com diversas finalidades:

Desenvolvimento e melhoria de produtos;

Planejamento estratégico;

Elaboração de políticas públicas;

Suporte ao marketing;

Melhoria da imagem do produto / empresa, etc.

3.5 ECODESIGN

O Design for Environment, Green Design, Ecological Design ou

Ecodesign significa o alinhamento entre Projetar e o Meio ambiente, compondo

um modelo “projetual” ou de design, orientado por critérios ecológicos (Fig. 5).

Deve ser economicamente viável, isto é, um produto competitivo no mercado e

ecologicamente correto, ou seja, um produto que minimize o impacto ao meio

ambiente e que possa ser mensurada sua qualidade ambiental (PAZMINO, 2007).

Fig. 5 – Ecodesign

(fonte: Adaptada de WHITE et al. 2004)

ECO

DESIGN

Ecologicamente benéfico

Economicamente viável

27

27

Os fatores de meio ambiente e econômico devem ser tratados como

objetivos de projeto como mostra a Fig. 6.

Algumas Diretrizes de Ecodesign (PAZMINO, 2007):

Reduzir a utilização de recursos naturais e de energia;

Usar Materiais não exauríveis (esgotáveis);

Usar Materiais não prejudiciais (danosos, perigosos);

Usar Materiais reciclados;

Usar Materiais recicláveis;

Usar materiais renováveis;

Usar um só material (monomaterial);

Codificar os materiais para facilitar a sua identificação;

Escolha de técnicas de produção alternativas;

Menos processos produtivos;

Pouca geração de resíduos;

Redução da variabilidade dos produtos;

Reduzir o consumo de energia;

Utilizar tecnologias apropriadas e limpas;

Redução de peso;

Redução de volume;

Assegurar a estrutura modular do produto;

Aumentar a confiabilidade e durabilidade;

Design clássico;

Eliminar embalagens ou projetar embalagens recicláveis ou

reutilizáveis;

Tornar a Manutenção e reparos mais fáceis;

Converter os componentes em reposições ou refil;

Desmaterializar os produtos.

28

28

Fig. 6 – Fatores do Ecodesign

(fonte: Adaptada de PAZMINO, 2007)

Ecodesign é uma técnica de projeto de produto em que objetivos

tradicionais, tais como desempenho, custo da manufatura e confiabilidade,

surgem conjuntamente com objetivos ambientais, tais como redução de riscos

ambientais, redução do uso de recursos naturais, aumento da eficiência

energética e da reciclagem (VENZKE, 2002).

3.6 LOGÍSTICA REVERSA

Logística reversa é o processo de planejamento, implementação e

controle do fluxo de matéria primas, estoque em processo e produtos acabados (e

seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o

objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado (STOCK, 1998).

O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que

retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição.

Geralmente é composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza

para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos

29

29

dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de

descarte (Fig.7).

Fig. 7 – Fluxo da Logística Reversa

(Fonte: Lacerda, 2002)

A natureza do processo de logística reversa depende do tipo de material e

do motivo pelo qual estes entram no sistema. Os materiais podem ser divididos

em dois grandes grupos: produtos e embalagens.

A logística reversa de produtos se dá pela necessidade de reparo,

reciclagem, ou porque simplesmente os clientes os retornam. Pode também ser

usado para manter os estoques reduzidos, diminuindo o risco com a manutenção

de itens de baixo giro. Para incentivar a compra de uma variedade de produtos

algumas empresas aceitam a devolução de itens que não tiverem bom

desempenho de venda. Embora este custo da devolução seja significativo,

acredita-se que as perdas de vendas seriam bem maiores caso não adotasse

esta prática.

No caso de embalagens, os fluxos de logística reversa acontecem

basicamente em função da sua reutilização ou devido a restrições legais. Como

as restrições ambientais no Brasil com relação a embalagens de transporte não

são tão rígidas, a decisão sobre a utilização de embalagens retornáveis ou

reutilizáveis se restringe aos fatores econômicos.

30

30

Existe uma grande variedade de contêineres e embalagens retornáveis,

mas possuem custo de aquisição consideravelmente maior que as embalagens

não retornáveis. Entretanto, quanto maior o número de vezes que se usa a

embalagem retornável, menor o custo por viagem que tende a ficar menor que o

custo da embalagem não retornável.

A obsolescência e a descartabilidade crescentes dos produtos

observados nesta última década têm-se refletido em alterações estratégicas

empresariais, dentro da própria organização e principalmente em todos os elos de

sua rede operacional. Estas alterações se traduzem por aumento de “velocidade

de resposta” em suas operações desde a concepção do projeto do produto até

sua colocação no mercado, pela adoção de sistemas operacionais de alta

“flexibilidade operacional” que permitam, além da velocidade do fluxo logístico, a

capacidade de adaptação constante às exigências do cliente e pela adoção de

”responsabilidade ambiental” em relação aos seus produtos após serem vendidos

e consumidos, o que costuma ser identificado como “EPR” (Extend Product

Responsability) a chamada “Extensão de Responsabilidade ao Produto”.

3.7 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei

Federal 12.305/10, que contém instrumentos importantes para permitir o avanço

necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais

e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos urbanos.

Ela estabelece o município como principal gestor dos resíduos sólidos e atribui

não apenas o manejo dos resíduos sólidos domiciliares e do serviço de limpeza

urbana gerados, mas constitui a Administração Pública Municipal o principal

centro de informações e análise de resíduos sólidos. Como os demais órgãos

licenciadores possuem o dever jurídico de informar ao município os planos de

gerenciamento de geração sob suas respectivas competências, cabe

primordialmente ao município a gestão integrada dos resíduos (MAIA et al., 2014).

A “responsabilidade pós-consumo” (RPC) refere-se à responsabilidade

dos fabricantes, distribuidores ou importadores de uma série de produtos pela

31

31

gestão dos resíduos gerados por estes após seu consumo (tais como

embalagens, produtos usados, vencidos ou quebrados). O termo foi introduzido

na legislação ambiental brasileira pelo Decreto Estadual 54.645/2009, que

regulamenta a Política Estadual de Resíduos Sólidos - PERS, ao destacar que:

“Os fabricantes, distribuidores ou importadores de produtos que, por suas

características, venham a gerar resíduos sólidos de significativo impacto

ambiental, mesmo após o consumo desses produtos, ficam responsáveis pelo

atendimento das exigências estabelecidas pelos órgãos ambientais e de saúde,

especialmente para fins de eliminação, recolhimento, tratamento e disposição final

desses resíduos, bem como para a mitigação dos efeitos nocivos que causem ao

meio ambiente ou à saúde pública” (Art. 19) (FIESP, 2014).

Para dar conta dessa responsabilidade, as empresas realizam a chamada

“logística reversa” – definida na Lei Federal 12.305/2010, que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, como o conjunto de ações e procedimentos que

viabilizam a coleta, armazenagem e retorno dos materiais aos ciclos produtivos,

seja para reaproveitamento (reuso ou reciclagem), seja para descarte

ambientalmente adequado.

Em um contexto mais amplo, porém, a responsabilidade pós-consumo

pretende ir além da logística reversa, induzindo melhorias nos próprios produtos e

embalagens (eco design), levando à redução na geração dos resíduos. No intuito

de colocar esse conceito em prática, e levar gradualmente as empresas a assumir

sua parcela de responsabilidade, a Secretaria do Meio Ambiente e a CETESB têm

trabalhado junto aos representantes dos setores produtivo para estabelecimento

dos primeiros sistemas de responsabilidade pós-consumo em atendimento aos

requisitos legais (FIESP, 2014).

3.8 ROTULAGEM AMBIENTAL

A rotulagem ambiental é definida pela norma ISO e compreende também

os selos ecológicos, ou selos verdes, sendo utilizada para orientar o consumidor

final sobre a qualidade ambiental de um produto (SEIFFERT, 2010).

32

32

As normas ISO são padrões desenvolvidos pela International

Organization for Standartization (ISO), organismo internacional não

governamental com sede em Genebra. No Brasil, a representante da ISO é a

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A rotulagem ambiental está

definida de acordo com as normas ISO 14000, uma família de normas para a

gestão ambiental de uma organização, padronizando algumas ferramentas, como

a análise do ciclo de vida (DIAS, 2010). As normas de rotulagem ambiental

definidas pela ISO são:

ISO 14020: Rotulagem ambiental – Princípios básicos;

ISO 14021: Rotulagem ambiental – Termos e Definições;

ISO 14022: Rotulagem ambiental – Simbologia para Rótulos

ISO 14023: Rotulagem ambiental – Testes e Metodologias de Verificação;

ISO 14024: Rotulagem ambiental – Guia para Certificação com Base em

Análise Multicriterial.

Com base nessa norma, foram estabelecidos os símbolos para a

reciclagem de materiais bem como o símbolo anti-littering, ou seja, para

conscientizar o consumidor a descartar a embalagem adequadamente. Os

símbolos para embalagens poliméricas atendem a Norma NBR 13230 da ABNT,

seguindo padrões internacionais. O uso da simbologia correta na rotulagem das

embalagens é fundamental para orientar os consumidores e programas de coleta

seletiva, sendo uma importante ferramenta para a separação dos materiais e sua

reciclagem (Fig. 8) (PEREIRA, 2012).

O primeiro selo ecológico, ou selo verde, foi criado na Holanda em 1972,

mas foi o selo Blue Angel de 1978 de origem alemã, que projetou este tipo de

certificação. Desde então, diversos selos foram criados independentes do sistema

de normatização estabelecido pelas normas ISO 14000 (SEIFFERT, 2010). Os

selos verdes devem passar por órgãos certificadores, que irão avaliar a redução

do impacto ambiental. Porém, de modo geral, a rotulagem ambiental não traz a

obrigatoriedade de apresentar uma análise do ciclo de vida do produto, tanto no

ambiente ISO como nos demais selos ecológicos, mesmo podendo auxiliar a

33

33

reduzir o impacto ambiental de determinados processos e produtos (SEIFFERT,

2010).

Fig. 8- Simbologia de descarte e reciclagem

(fonte: PEREIRA, 2012)

No Brasil a ABNT desenvolveu o selo Qualidade Ambiental (Fig. 9) que

visa estabelecer um esquema voluntário de certificação ambiental, seguindo os

princípios da ISO 14000 para educar o mercado consumidor e para que possa se

transformar em um instrumento de apoio aos exportadores brasileiros.

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34

Fig. 9- Selo Qualidade Ambiental

(fonte: ABNT)

Outro selo relevante (Fig. 10) comumente utilizado em embalagens com

matéria prima de origem celulósica é o Forest Stewardship Council (Conselho

Nacional de Manejo Florestal - FSC), criado no México, para promover o manejo

florestal responsável. O FSC é uma organização não governamental internacional

independente, sem fins lucrativos, que visa credenciar certificadoras e possui

suas próprias normas de manejo internacionalmente aceitas. O FSC atua no

Brasil, e em outros países, avaliando desde a extração de matéria prima (florestal)

até os derivados, incluindo toda a cadeia produtiva (BIAZIN; GODOY, 2000).

Fig. 10- Selo da Forest Stewardship Council

(fonte: FSC)

35

35

3.9 COMPOSTAGEM

O conceito de compostagem sofreu infinitas alterações até a obtenção de

uma definição que melhor a caracterizava, sendo formulada possivelmente à

medida que os vários autores aprofundavam os seus estudos sobre o assunto

(CORDEIRO, 2010).

Merkel (1981) e Golueke (1981) consideram a compostagem um processo

biológico de decomposição, sob condições controladas, ocorrendo a estabilização

de substratos biodegradáveis pela conversão da matéria orgânica num produto

estável semelhante ao húmus, o qual pode ser utilizado como fertilizante e

corretivo dos solos.

Cunha Queda (1999) define compostagem como sendo um processo

aeróbio controlado de bioxidação de substratos heterogêneos biodegradáveis,

resultante da ação de microrganismos (bactérias, fungos) naturalmente

associados aos substratos, durante o qual ocorre uma fase termófila, a libertação

temporária de substâncias com efeito fitotóxico e as biomassas sofrem profundas

transformações (mineralização e humificação parciais).

A velocidade de decomposição dos substratos orgânicos é influenciada

pela presença de oxigênio e pelo teor de humidade, no entanto parâmetros como

a temperatura (muito usada para monitorar o processo) e nutrientes

(fundamentalmente carbono e nitrogênio) também influenciam o desenvolvimento

do processo (SANTOS, 2001).

O produto final de um processo de compostagem, o composto, é

normalmente rico em matéria orgânica e com considerável teor de nutrientes, o

que o torna adequado para aplicação em solos, atuando como corretivo orgânico.

Sua utilização aumenta a capacidade de retenção e infiltração de água em solos

arenosos, melhorando suas propriedades biológicas e físico-químicas (EPSTEIN,

2011).

36

36

3.9.1 DESCRIÇÃO GERAL DO PROCESSO

Segundo Cunha Queda (1999), num sistema de compostagem são

consideradas três etapas distintas: preparação dos materiais, compostagem (fase

ativa e de maturação) e afinamento do composto. A preparação dos materiais

envolve o seu pré-processamento, ou seja, ocorre a separação da fração orgânica

dos contaminantes e são criadas as condições ótimas para o desenvolvimento do

processo de compostagem (normalmente fragmentação e mistura). A

compostagem é iniciada após a mistura de materiais e da sua disposição em pilha

ou reator, conforme o sistema selecionado. Posteriormente ocorre a fase ativa do

processo onde a matéria orgânica é degradada com a libertação de calor, vapor

de água, dióxido de carbono (CO2) e outros gases, e onde se distingue uma

grande quantidade de microrganismos termófilos (microrganismos que vivem e se

desenvolvem em temperaturas, geralmente, acima de 40ºC). O processo é

finalizado pela fase de maturação, na qual o composto é estabilizado, ocorrendo

uma desaceleração da atividade microbiana e uma diminuição da temperatura

para valores próximos da temperatura ambiente. A etapa de afinação do

composto é realizada para remoção de contaminantes inertes ainda existentes e

para melhorar as características granulométricas do composto, que apresenta

características semelhantes ao húmus (fração orgânica do solo) (Fig. 11).

Fig. 11- Esquema geral do Processo de Compostagem

(fonte: Adaptado de Santos (2001)).

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37

3.9.2 MATÉRIA ORGÂNICA PARA COMPOSTAGEM

A composição bioquímica dos materiais utilizados na mistura inicial para o

processo de compostagem é muito relevante, uma vez que determina a sua

suscetibilidade à decomposição microbiana. Materiais contendo hidratos de

carbono, lipídios e proteínas, constituem uma fonte ideal de carbono e energia

para os microrganismos, enquanto materiais que possuam uma fração elevada de

celulose e lignina e pouca disponibilidade em compostos nitrogenados serão

degradados muito lentamente (BATISTA; BATISTA, 2007).

A quantidade e a diversidade de substratos potencialmente adequados

para a compostagem é bastante elevada. A Fig. 12 mostra as atividades das

quais resultam alguns resíduos que apresentam características que os tornam

potencialmente utilizáveis na compostagem.

Fig. 12 - Exemplos de compostos orgânicos compostáveis

(fonte: CORDEIRO, 2010)

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38

3.10 OS RESÍDUOS PLÁSTICOS

Os polímeros (plásticos) são macromoléculas caracterizadas por seu

tamanho, sua estrutura química e interações intra e intermoleculares. Possuem

unidades químicas que são unidas por ligações covalentes, que se repelem ao

longo da cadeia. Eles podem ser naturais (fontes renováveis), ou sintéticos

(fontes não renováveis). Devido a tais propriedades, o consumo dos plásticos vem

crescendo no Brasil e no mundo (SPINÁCE; DE PAOLI, 2005).

Para o tratamento dos resíduos plásticos, quatro tipos de estratégias têm

sido utilizadas (FRANCHETTI; MARCONATO, 2006):

- Incineração: Este processo apresenta a vantagem de diminuir

rapidamente o volume de material descartado, em cerca de 80%. Apesar disso, a

incineração não é um método recomendável, devido ao alto custo dos fornos de

aquecimento e da poluição, produzida pela liberação de produtos tóxicos. No caso

do PVC, em particular, quando incinerado lança na atmosfera HCl que,

acumulado na atmosfera úmida, pode cair como chuva ácida.

- Reciclagem: É um método viável de reaproveitamento de resíduos

plásticos, por fusão e transformação destes resíduos em outros materiais

utilizáveis comercialmente. Este método apresenta como vantagem a redução da

quantidade de resíduos, a economia de matéria prima e energia, o aumento da

vida útil dos lixões e um alto rendimento do processo. A reciclagem de plásticos

envolve um grande trabalho prévio de separação, identificação e limpeza dos

recipientes. Ainda assim, o material reciclado é cerca de 50% mais barato que o

polímero virgem. No mundo, cerca de 20% dos plásticos são reciclados. No

Brasil, a reciclagem vem crescendo em volume e aumentando a diversidade e

qualidade dos produtos reciclados.

- Aterros sanitários: São usados para a disposição de toneladas de

plásticos em locais afastados da cidade, e preparados para acondicionar o grande

volume de matéria plástica, que ficará muito tempo exposta ou será utilizada para

queima e geração de energia (reciclagem térmica).

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39

- Biodegradação: é um processo que consiste na modificação física ou

química, causada pela ação de microrganismos, sob certas condições de calor,

umidade, luz, oxigênio e nutrientes orgânicos e minerais adequados. Segundo

Flemming (1998), que não utiliza o termo biodegradação e sim biodeterioração de

materiais poliméricos, esta é causada por microrganismos que colonizam sua

superfície, formando biofilmes, que consistem de microrganismos embebidos em

uma matriz de biopolímeros excretados por eles que, em contato com os

polímeros, causam mudanças estruturais e/ou morfológicas. A biodegradação

pode ser facilitada por aplicação de processos prévios de luz (UV) e/ou calor na

matriz polimérica. A presença de ligações hidrolisáveis ou oxidáveis na cadeia,

uma estereoconfiguração correta, um balanço entre hidrofobicidade e

hidrofilicidade e certa flexibilidade conformacional são fatores que contribuem

para a biodegradação do polímero.

Assim, além da reciclagem, a biodegradação também é uma alternativa

atraente para diminuir os resíduos plásticos. Os polímeros são considerados

inertes em sua maioria, com índices de decomposição variáveis (quase

desprezíveis) por elementos ambientais como luz, umidade, calor e

microrganismos. Quando degradados, podem originar substâncias tóxicas, de

prolongada persistência e de restrito controle ambiental. Porém, a não

degradabilidade de materiais plásticos pós-consumo no ambiente, tem sido um

dos fatores em que os ambientalistas têm centrado suas campanhas, em

detrimento das vantagens e dos avanços obtidos na utilização de resinas

plásticas para o desenvolvimento de embalagens para alimentos. Por outro lado,

a pesquisa e o desenvolvimento de embalagens com componentes que acelerem

a sua degradação ambiental são um desafio e um dilema para estes setores, pois

envolvem itens que se contrapõem à função primordial embalagem, de proteção e

manutenção da estabilidade de alimentos. Para acelerar os índices de

degradação no meio ambiente, várias propostas têm sido estudadas, com limitada

aplicabilidade econômica e/ou técnica, entre as quais (ALLGANER, 2010):

(i) a incorporação de elementos na estrutura da embalagem que

promovam processo de fotodegradação (fotossensibilizantes, sais metálicos,

quinonas, nitrocompostos, benzofenóis, entre outros);

40

40

(ii) o estudo de utilização de estruturas poliméricas naturais ou sintéticas

(poliamidas, polissacarídeos, poliésteres, poliuretanos) que contenham grupos

hidrofílicos em sua composição, predispondo-as à degradação pela ação da

umidade do ambiente e de microrganismos;

(iii) o desenvolvimento de materiais mistos de embalagem à base de

polímeros sintéticos com amidos modificados, ou com outros polímeros que

apresentem suscetibilidade natural para o ataque de microrganismos no ambiente

(FORLIN; FARIA, 2002). Esta alternativa não atinge 100% de biodegradação do

material, quando se trata de poliolefinas, mas ajuda a diminuir o volume de

resíduo.

3.11 QUÍMICA VERDE

A Química Verde ou Química para o Desenvolvimento Sustentável é um

campo emergente que tem como objetivo final desenvolver as ações científicas

e/ou processos industriais ecologicamente corretos (CGEE, 2010).

O movimento relacionado com o desenvolvimento da Química Verde

começou no início dos anos 1990, principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra

e Itália, com a introdução de novos conceitos e valores para as diversas

atividades fundamentais da química, bem como para os diversos setores da

atividade industrial e econômica correlata (CGEE, 2010).

A Química Verde tem por objetivo a viabilização de processos e produtos

de maneira a evitar ou minimizar o impacto negativo causado ao homem e ao

meio ambiente. Os avanços na área visam aumentar a segurança dos processos

e também resolver questões mundiais como a mudança climática, produção de

energia, disponibilidade de recursos hídricos, produção de alimentos e emissão

de substâncias tóxicas ao meio ambiente (ANASTAS; KIRCHHOF; WILLIAMSON,

2001).

Neste contexto, os 12 princípios da Química Verde, introduzidos por

Anastas e Werner (1998), têm servido para a conscientização dos químicos sobre

variados aspectos da química que requerem revisão com vista a reduzir os seus

impactos negativos sobre a saúde humana e ecológica. Estes princípios são:

41

41

1- Prevenção: é melhor prevenir a formação de resíduos do que tratá-los

posteriormente.

2- Economia de átomos: os métodos sintéticos devem ser desenvolvidos para

maximizar a incorporação dos átomos dos reagentes nos produtos finais

desejados.

3- Sínteses com reagentes de menor toxicidade: sempre que possível,

metodologias sintéticas devem ser projetadas para usar e gerar substancias que

possuam pouca ou nenhuma toxicidade para a saúde humana e o meio

ambiente.

4- Desenvolvimento de compostos seguros: os produtos químicos deverão ser

desenvolvidos para possuírem a função desejada, apresentando a menor

toxicidade possível.

5- Diminuição de solventes e auxiliares: a utilização de substancias auxiliares

(solventes, agentes de separação, etc.) deverá ser evitada quando possível, ou

usadas substancias inócuas no processo.

6- Eficiência energética: os métodos sintéticos deverão ser conduzidos sempre

que possível à pressão e temperatura ambientes, diminuindo seu impacto

econômico e ambiental.

7- Uso de matéria prima renovável: sempre que possível técnica e

economicamente utilizar matéria-prima renovável.

8- Redução do uso de derivados: uso de reagentes bloqueadores, de proteção

ou desproteção, e modificadores temporários que deverão ser minimizados ou

evitados quando possível, pois estes passos reacionais requerem reagentes

adicionais e, consequentemente, podem produzir subprodutos indesejáveis.

9- Catálise: reagentes catalíticos (tão seletivos quanto possível) são superiores

aos reagentes estequiométricos.

10- Desenvolvimento de compostos desagradáveis: produtos químicos

deverão ser desenvolvidos para a degradação inócua de produtos tóxicos, não

persistindo no ambiente.

11- Análise em tempo real para a prevenção da poluição: as metodologias

analíticas precisam ser desenvolvidas para permitirem o monitoramento do

processo em tempo real, para controlar a formação de compostos tóxicos.

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12- Química segura para a prevenção de acidentes: as substâncias usadas

nos processos químicos deverão ser escolhidas para minimizar acidentes em

potencial, tais como explosões e incêndios.

3.12 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS

Polímeros biodegradáveis são materiais degradáveis, em que a

degradação ocorre primariamente pela ação de microrganismos, tais como

fungos, bactérias e algas de ocorrência natural, gerando dióxido de carbono,

metano, componentes celulares e outros produtos, segundo estabelecido pela

“American Standard for Testing and Methods” (ASTM-D-833) (LEE; CHOI, 1998).

Ou de outro modo, são materiais que se degradam em dióxido de carbono, água

e biomassa, como resultado da ação de microrganismos (ROSA; LOTTO;

GUEDES, 2004). Os polímeros biodegradáveis podem ser agrupados em duas

classes principais: naturais e sintéticos.

3.12.1 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS NATURAIS

Polímeros formados durante o ciclo de crescimento de organismos vivos

são denominados polímeros naturais. Sua síntese envolve reações catalisadas

por enzimas e reações de crescimento de cadeia a partir de monômeros ativados,

que são formados dentro das células por processos metabólicos complexos

(FRANQUETTI; MARCONATO, 2006).

3.12.1.1 POLISSACARÍDEOS

Os principais polissacarídeos de interesse comercial são celulose e

amido, havendo uma atenção especial aos carboidratos mais complexos:

quitosanas, quitinas e xantanas (CHANDRA; RUSTGI, 1998). Comparando-se as

estruturas de alguns destes polímeros, verifica-se que são formados por unidades

básicas de glicose, ligadas como anéis de grupo acetais (aldeído e álcool), com

43

43

grande quantidade de hidroxilas (alta hidrofilicidade). A celulose é um

polissacarídeo formado por unidades de glicose (Fig. 13), presente em madeira,

papel e algodão. Outros polissacarídeos tem estrutura semelhante à da celulose:

quitina – é uma molécula complexa encontrada nos crustáceos e também em

insetos, fungos, cogumelos e minhocas; quitosana – polímero derivado da quitina,

utilizado em aplicações médicas e em programas de perda de peso. Possui

significativa compatibilidade com tecidos vivos e melhora a cicatrização de

ferimentos; xantana – polímero comercial hidrofílico, muito utilizado como

espessante e estabilizante, em cosméticos e alimentos e como capsula de

liberação controlada de drogas (SANTOS et al., 2005).

Fig. 13 – Estrutura da celulose

(fonte: FRANQUETTI; MARCONATO, 2006).

3.12.1.2 ÁCIDOS ALGÍNICOS

Estes ácidos são formados de monômeros de ácidos manurônico e

gulurônico (Fig. 14). São solúveis em água e tornam-se insolúveis na presença de

cátions, como cálcio, berílio, alumínio e ferro, formando géis, que podem servir

para liberação controlada de drogas em sistemas vivos, para encapsulamento de

herbicidas, microrganismos e células (CHANDRA; RUSTGI, 1998).

Fig. 14 – Estrutura química de ácidos algínicos: (a) ácido manurônico, (b) ácido gulurônico

(fonte: FRANQUETTI; MARCONATO, 2006)

44

44

3.12.1.3 POLIPEPTÍDEOS NATURAIS

As gelatinas são polímeros biodegradáveis, consistindo de proteínas do

tipo animal; com grande aplicação industrial, farmacêutica e biomédica,

empregados como coberturas e microencapsulação de drogas e no preparo de

hidrogéis (CHANDRA; RUSTGI, 1998). Na conformação β das proteínas, a cadeia

polipeptídica estende-se em uma estrutura em ziguezague, denominada de folha

β, mantida por ligações de hidrogênio (Fig. 15).

Fig. 15 – Conformação β das cadeias polipeptídicas

(fonte: FRANQUETTI; MARCONATO, 2006)

3.12.1.4 POLIÉSTERES BACTERIANOS

Poliésteres naturais que são produzidos por uma grande variedade de

bactérias, como materiais de reserva intracelular, utilizados em aplicações

comerciais, como polímeros biodegradáveis, vantajosamente produzidos por

fontes renováveis. Esta classe de polímeros, os poli(hidroxialcanoatos) (PHAs),

poliésteres alifáticos, também denominados biopolímeros ou bioplásticos, mostra

uma grande variação em suas propriedades, isto é, de materiais rígidos e

quebradiços a plásticos com boas propriedades de impacto ou até elastômeros

resistentes, dependendo do tamanho dos grupos alquilas ramificados e da

composição do polímero. Os poli(hidroxialcanoatos) mais conhecidos são poli(β-

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45

hidroxibutirato) (PHB), poli(β-hidroxivalerato) (PHV), e poli(hidroxibutirato-co-

valerato) (PHB-V). Suas estruturas podem ser vistas na Fig. 16.

Estes poliésteres têm sido sintetizados por diversos microrganismos, tais

como Alcaligenes eutrophus, Ralstonia eutropha, Alcaligenes lótus, Comamonas

acidvorans e Pseudomonas putida em meios apropriados, como material de

reserva de energia e tem como principais vantagens sua biocompatibilidade e

biodegradabilidade (FRANQUETTI; MARCONATO, 2006).

Fig. 16 – Estrutura química dos poli(hidroxialcanoatos (PHAs): (a) poli(hidroxibutirato); (b) poli(hidroxivalerato) e (c) poli(hidroxi-co-valerato).

(fonte: FRANQUETTI; MARCONATO, 2006)

O PHB é um polímero cristalino com alta temperatura de fusão (Tf = 180

ºC) e temperatura de transição vítrea (Tg) de cerca de 5 ºC. Isto torna os filmes de

PHB muito quebradiços o que pode ser melhorado utilizando-se o copolímero

PHB-V. Poliésteres microbianos são relativamente resistentes a hidrólise química,

mas são suscetíveis ao ataque bacteriológico, o que restringe seu uso para

embalar alimentos. Entretanto o PHB-V tem excelentes propriedades de barreira a

gás e pode ser usado associado com camadas de gelatinas metacriladas, que

conferem ao produto uma baixa permeabilidade ao oxigênio e alta resistência a

água em ebulição e boa capacidade de adesão (AMASS; AMASS; TIGHE, 1998).

46

46

3.12.2 POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS SINTÉTICOS

Esta classe de polímeros tem sido muito empregada em usos biomédicos,

tais como cápsulas de liberação controlada de droga em organismos vivos,

fixadores em cirurgias (suturas, clips, pinos para ossos) e para embalagens

especiais. Os polímeros mais utilizados tem sido poli(ácido lático) (PLA),

poli(ácido glicólico) (PGA), poli(ácido glicólico-ácido lático) (PGLA), poli(ɛ-

caprolactona) (PCL) (Fig. 17).

Fig. 17 – Estrutura química de: (a) poli(ɛ-caprolactona) (PCL); (b) poli(ácido lático) (PLA); (c) poli(ácido glicólico (PGA) e (d) poli(ácido glicólico lático) (PGLA)

(fonte: FRANQUETTI; MARCONATO, 2006)

Estes polímeros são ésteres alifáticos biodegradáveis por possuírem

cadeias carbônicas hidrolisáveis. Se a biodegradação for por meio de enzimas, a

cadeia polimérica deve se ajustar aos sítios ativos das enzimas e isto é favorecido

pela flexibilidade das cadeias poliméricas alifáticas, o que não ocorre com os

poliésteres aromáticos (FRANQUETTI; MARCONATO, 2006).

47

47

26%

2%

33%

30%

9%

Produção Física Metal Madeira Papel, papelão e cartão Plástico Vidro

3.13 RECICLAGEM

Reciclar é transformar, através de processos físico-químicos, um material

que seria descartado como lixo, de maneira que possa ser reutilizado como

matéria prima na fabricação de um novo produto. Na fabricação de embalagens

são utilizados os mais diversos tipos de materiais. No gráfico da Fig. 18 são

apresentados os principais tipos de materiais e sua participação na produção

física de embalagens.

Fig. 18 - Principais materiais utilizados na produção de embalagens

(fonte: IBGE, 2014)

3.13.1 PAPEL

Dentre as categorias de papéis, o papel ondulado (papelão) é o mais

utilizado na indústria de embalagens, sendo utilizado nos setores alimentício,

avicultura/fruticultura, químicos e derivados, farmacêutico, entre outros (ROBERT,

2007).

De acordo com o CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem),

o papel ondulado é o que mais utiliza material reciclado no Brasil, sendo que

48

48

64,5% das aparas recicladas no país são consumidas pelo setor de embalagens.

Em 2011, a produção de papel ondulado para fins de embalagem foi de 43,9%.

Ainda de acordo com o CEMPRE, 73,3% do volume total de papel ondulado

consumido no Brasil foi reciclado em 2012, correspondendo a 3.393.000

toneladas.

Os papéis que passarão pelo processo de reciclagem são inicialmente

coletados por cooperativas ou catadores, sendo separados por tipo, e, então, são

vendidos aos “aparistas”, que transformam o papel em aparas para em seguida

serem enfardadas e vendidas às indústrias papeleiras.

O processo de reciclagem do papel consiste em desagregar o material em

um equipamento chamado “hidrapulper”, uma espécie de grande liquidificador que

tem como função separar as fibras do papel em meio à água, gerando uma pasta

homogênea. Esta pasta passa por peneiras para a retirada de impurezas, e, em

seguida, são realizados processos de limpeza fina, como a aplicação de

compostos químicos para a retirada de tintas e lavagens especiais Na etapa

seguinte, a pasta gerada é processada para a melhoria da ligação entre as fibras

de celulose, e então passa por processo de branqueamento para que, então, siga

para as máquinas de fazer papel. Para a produção de papel ondulado as etapas

de limpeza fina e branqueamento não são necessários, por se tratar de um papel

mais rústico.

3.13.2 METAL

As principais embalagens de metal recicladas no Brasil são as latas de

aço e alumínio.

De acordo com o CEMPRE, 47% do total de latas de aço consumidas no

Brasil foram recicladas em 2012. Já em relação às latas de alumínio, 97,9% da

produção nacional foi reciclada neste mesmo ano.

As embalagens de aço pós-consumo são recicladas inicialmente

passando por processo de limpeza em peneiras para a retirada de contaminantes

superficiais. Em seguida são prensadas em fardos e então são transportadas para

as aciarias (unidades siderúrgicas de produção de aço), onde ocorre a fundição

49

49

do material em fornos à alta temperatura. O líquido gerado pela fundição recebe a

adição de outros componentes para melhoria de suas propriedades e é enviado

às maquinas que moldam o aço obtido em tarugos e placas metálicas, que serão

cortados na forma de chapas aço. O material pode ser reciclado infinitas vezes,

sem que ocorra perda de suas propriedades, não prejudicando sua qualidade.

O processo de reciclagem das embalagens de alumínio pós-consumo

coletadas consiste primeiramente em esvaziá-las e compactá-las através de

prensas. O material prensado é enfardado por sucateiros ou cooperativas de

catadores que o repassam para indústrias de fundição. Nestas indústrias o

material é fundido e transformado em lingotes de alumínio, que são vendidos para

os fabricantes de lâminas de alumínio que por sua vez comercializam as chapas

para as indústrias de lata. Assim como o aço, o alumínio pode ser reciclado

infinitas vezes sem que haja perda de suas características.

3.13.3 PLÁSTICO

A indústria de embalagens é uma grande consumidora de plásticos. De

acordo com a ABRE, no ano de 2012, da receita líquida R$ 51,8 bilhões obtidos

pela venda de embalagens, 37,47% do total correspondeu a embalagens

plásticas. Os plásticos mais utilizados na indústria de embalagens são: poli

(tereftalato de etileno) – PET, polipropileno – PP, polietileno de baixa densidade –

PEBD e polietileno de alta densidade - PEAD.

De acordo com o CEMPRE, em 2011, 21,7% dos plásticos consumidos

foram reciclados. Com relação às embalagens de PET, em 2012, 59% das

embalagens pós-consumo foram recicladas, totalizando 331 mil toneladas.

O método de reciclagem de plásticos, mais utilizado é o mecânico. A

reciclagem mecânica pode ser realizada somente em produtos compostos por

apenas um tipo de resina (só polietileno ou só polipropileno, por exemplo). O

processo consiste em, primeiramente, separar os plásticos por tipo, removendo

resíduos e outros tipos de materiais presentes. O material então é submetido a

um processo de moagem, para obtenção de fragmentos menores e então é

lavado com água para que contaminantes sejam retirados. Após a lavagem o

50

50

material é seco e enviado para um equipamento aglutinador que compacta o

material plástico diminuindo seu volume, facilitando seu processamento. A última

etapa da reciclagem consiste em processar o material na forma de pellets

(grânulos), os quais são enviados as indústrias transformadoras que irão gerar

novos produtos (OLIVEIRA, 2012).

3.13.4 VIDRO

Segundo o CEMPRE, o Brasil produz em média 980 mil toneladas de

embalagens de vidro por ano, sendo que 45% da matéria prima provem de sua

reciclagem. Ainda de acordo com o CEMPRE, em 2010, cerca de 47% das

embalagens de vidro foram recicladas no Brasil.

O processo de reciclagem consiste em primeiramente separar os vidros

por cor para evitar alterações no aspecto visual do produto final. Após a

separação, o vidro é triturado formando cacos uniformes e, então, segue para

uma peneira vibratória para a separação de resíduos indesejáveis. Na etapa

seguinte, os cacos passam por uma esteira onde um eletroímã retira impurezas

metálicas restantes. A sucata limpa é então utilizada para fabricação de novos

produtos por meio de sua fundição (HIWATASHI, 1998).

51

51

4 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi utilizada a metodologia

de pesquisa bibliográfica, que consiste na determinação do estado da arte de

certo tema com base em materiais publicados. A pesquisa levou em conta dados

publicados no Brasil de 2007 a 2014. As bases de dados consultadas foram

SciELO (Scientific Eletronic Library Online), Portal de Periódicos da CAPES,

BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações) e Scifinder, utilizando

as seguintes palavras chaves: embalagens sustentáveis, embalagens

biodegradáveis e sustentabilidade. Foram consultadas dissertações, artigos

científicos, livros, normas, sites de empresas e associações relacionadas a

embalagens e ao meio ambiente.

Após a etapa de levantamento de dados, foram selecionadas práticas de

sustentabilidade em embalagens industriais que tiveram sucesso em sua

implantação, bem como os benefícios por estas gerados. Também foram

apresentadas informações a partir de pesquisas realizadas na área científica

mostrando estudos sobre possíveis inovações com potencial aplicação no

mercado de embalagens.

52

52

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir das pesquisas realizadas, foi possível identificar iniciativas

sustentáveis adotadas nas embalagens dos produtos de muitas indústrias no

Brasil. Além dos materiais e novas tecnologias já adotadas na produção de

embalagens, verificou-se também a existência de pesquisas na área científica

com o objetivo de melhorar as propriedades de materiais sustentáveis utilizados e

desenvolver novos a partir de fontes naturais, além de análises em processos de

produção visando sua otimização. A seguir serão apresentados alguns exemplos

de iniciativas adotadas por algumas indústrias e empresas, além das pesquisas

que estão sendo realizadas pela comunidade cientifica para contribuição da

sustentabilidade no mercado de embalagens.

5.1 INICIATIVAS IMPLEMENTADAS - TECNOLOGIAS EM USO

5.1.1 PLÁSTICO VERDE

A Braskem, empresa petroquímica brasileira, foi pioneira no lançamento

do biopolietileno, conhecido no mercado como “plástico verde”. O diferencial em

sua tecnologia de produção é a obtenção do eteno, principal matéria prima para a

produção do polietileno, a partir da desidratação do etanol proveniente da cana-

de-açúcar (fonte renovável), ao contrário das tecnologias utilizadas, onde o

eteno é obtido através da nafta (fração do petróleo, não-renovável) ou do gás

natural (combustível fóssil, não-renovável).

A tecnologia de transformação do etanol em eteno foi desenvolvida nos

anos 60 pelo Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras). A

empresa Salgema em Alagoas, que foi adquirida pelo grupo Odebrecht e hoje faz

parte do conglomerado Braskem, licenciou a tecnologia e utilizou durante 10 anos

(anos 80) em seu processo produtivo do eteno proveniente do álcool. Com a

construção de um duto que liga o Complexo Petroquímico de Camaçari na Bahia

53

53

até a Salgema em Maceió (Alagoas) a técnica deixou de ser utilizada, pois a

empresa alagoana passou a receber por duto-via o eteno da nafta diretamente da

Central de Matéria Prima em Camaçari (antiga Copene, hoje uma das unidades

produtoras da Braskem).

Tendo em vista um cenário econômico e social cada vez mais favorável

para o uso de matérias primas de fontes renováveis, além da busca por

alternativas de substituição do petróleo, em junho de 2003 a organização

começou a avaliar sua entrada no mercado de biopolímeros, por meio do

polietileno verde. Em 24 de setembro de 2010 a Braskem inaugurou a primeira

fábrica do planeta capaz de produzir o polietileno verde em escala industrial

(MARQUES, 2010).

Uma pesquisa realizada pela Fundação Espaço Eco, utilizando uma

metodologia internacional do PlasticEurope, concluiu que enquanto no processo

produtivo para a obtenção de 1,0 kg de polietileno a partir da nafta são emitidos

2,5 kg de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera, na produção do polietileno a

partir do álcool da cana de açúcar há a captação e fixação de 2,0 a 2,5 kg de CO2

(INSTITUTO ETHOS, 2009).

É importante ressaltar que apesar de ser proveniente de fonte renovável

o polietileno verde não é biodegradável e nem compostável, sendo necessário

passar pelo processo de reciclagem, como ocorre com os plásticos de fonte não

renovável, para que não cause danos ao meio ambiente.

O polietileno verde possui características equivalentes ao do polietileno

convencional, obtendo vantagem em relação aos demais biopolímeros que

possuem aplicação mais restrita. De acordo com a empresa a partir do eteno

verde é possível obter todos os polietilenos: polietileno de alta densidade (PEAD),

polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de ultra-alto peso molecular

(PEUAPM) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), podendo ser

utilizados, entre outras aplicações, na fabricação de embalagens. Além disso, o

polietileno verde pode ser processado nos mesmos equipamentos do polietileno

convencional, não sendo necessários ajustes no maquinário.

Para que o consumidor possa identificar as embalagens que empregam o

plástico verde, a Braskem lançou o selo I’m green™ porém de acordo com o

Manual de Aplicação da Marca (2011), desenvolvido pela Brasken , para que este

seja utilizado é necessário o envio de uma amostra do produto final ao laboratório

54

54

Beta Analytic, nos EUA, para que seja feita a análise e verificação do conteúdo de

material renovável presente no produto, de acordo com a norma ASTM D6866

(Standard Test Methods for Determining the Biobased Content of Solid, Liquid,

and Gaseous Samples Using Radiocarbon Analysis). Para que o selo seja

utilizado, a porcentagem de plástico verde no produto deve ser igual ou superior a

51%, e deve constar na embalagem do produto (Fig. 19).

Fig. 19 – Selo I’m green™

Fonte: Manual de aplicação (Braskem)

O plástico verde é hoje utilizado nas embalagens de diversas empresas

como: Natura, Danone, Electrolux, Surya Brasil, L’Occitane, Johnson&Johnson,

Tetra Pack, Brinquedos Estrela, entre outras.

5.1.2 PLANTBOTTLE TM, BOTTLE-TO-BOTTLE E ECO CRYSTALTM

A empresa Coca-Cola Company lançou em 2010 a PlantBottle™ , garrafa

PET que possui 30% de sua composição proveniente de matéria vegetal. A

tecnologia de produção consiste na substituição do petróleo utilizado como

insumo pelo etanol da cana-de-açúcar. Os reagentes utilizados por esta indústria

para a fabricação do PET são MEG (monoetilenoglicol), responsável por 30% do

seu peso, e PTA (ácido politereftálico), responsável pelos 70% restantes. Desta

55

55

maneira, pela tecnologia aplicada, obtém-se o MEG utilizando como matéria

prima o etanol proveniente da cana-de-açúcar. De acordo com a empresa, a

aplicação desta tecnologia reduz até 25% das emissões de CO2 no meio

ambiente.

Além da PlantBottle™, foi lançada em 2011 pela Coca-Cola Brasil a

primeira garrafa produzida parcialmente de PET reciclado pós-consumo em grau

alimentício no país, segundo a técnica Bottle-to-Bottle (COCA-COLA, 2011) . A

tecnologia consiste de uma etapa adicional no processo de reciclagem

convencional de plásticos. A etapa consiste na passagem do material por um

reator de policondensação, onde é submetido a uma temperatura de 270ºC por

um período superior a 15 horas, garantindo assim a eliminação total dos resíduos

contaminantes, gerando uma resina com viscosidade comparada a de um

polímero virgem (OHL ENGINEERING, 2014). A empresa atualmente utiliza de

20% de PET reciclado em suas embalagens. Apesar da técnica Bottle-to-Bottle

ser utilizada desde os anos 90 nos Estados Unidos, no Brasil só foi

regulamentada em 2008.

Ainda em 2011 foi lançada a Crystal Eco™, marca de águas da Coca-Cola

cuja embalagem contém 20% menos PET, comparada a versões anteriores, além

de utilizar a tecnologia PlantBottle™. É produzida pelo processo de sopro

convencional, porém sua pré-forma foi desenvolvida para garantir a resistência

mecânica da embalagem. Por conter menos PET, a embalagem possui menor

resistência à torção, podendo ser facilmente amassada após o consumo,

reduzindo seu volume em 37%, o que facilita o transporte e a armazenagem no

processo de reciclagem (COCA-COLA, 2011).

5.1.3 ECOBRAS™

O plástico Ecobras™ foi desenvolvido no Brasil através da parceria entre

as empresas BASF e Corn Products. Lançado em 2007, o produto consiste em

uma blenda de Ecoflex™, e um polímero vegetal (amido de milho).

O Ecoflex™, polímero totalmente biodegradável, porém proveniente de

fonte fóssil, é obtido pela polimerização por condensação de ácido tereftálico, 1,4-

56

56

butanodiol e caprolactona, sendo aplicado em filmes flexíveis. Estes filmes são

empregados em embalagens alimentícias, apresentando resistência à gordura, à

ruptura, à umidade e à variação de temperatura (VIEIRA, 2010).

Com o objetivo de utilizar matérias primas de fontes renováveis para a

produção de polímeros biodegradáveis, a BASF incorporou ao Ecoflex™ o amido

de milho, fornecido pela Corn Products, obtendo-se o Ecobras™, plástico

biodegradável, compostável e constituído, no mínimo, por 50% de matéria prima

de fonte renovável. O Ecobras™ pode ser utilizado em embalagens flexíveis e

peças injetadas tais como: filmes para a produção de sacolas plásticas, rótulos,

fraldas, saquinhos para mudas, tampas de caneta, papéis laminados, tubetes de

reflorestamento, entre outros (CARMONA, 2011).

O Ecobras™ possui o selo “Compostable”, concedido pelo BPI

(Biodegradable Products Institute) aos produtos que atendam aos requisitos da

norma ASTM D6400, que avalia a biodegradação propriamente dita, através da

conversão do carbono em CO2 e biomassa, presença de metais pesados no

produto, toxicidade residual do material durante o processo de biodegradação e o

desempenho do adubo produzido em teste de crescimento de plantas. O

Ecobras™ ajuda a balancear o ciclo do carbono por ter em sua composição pelo

menos 50% de matéria prima de fonte renovável, sendo que o período de

consumo, descarte e decomposição do produto final é equilibrado em relação ao

tempo de produção de sua matéria prima (VIEIRA, 2010).

5.1.4 REFIS DE PET 100% RECICLADO e NATURA SOU®

Em agosto de 2014 foi lançada pela Natura, multinacional brasileira de

higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, a primeira embalagem de refil da

perfumaria brasileira constituída de PET 100% reciclado. A embalagem é utilizada

nos refis dos perfumes da linha Ekos Frescores. De acordo com a empresa, por

ser fabricada a partir de material descartado, recuperado e reciclado, os refis

emitem 72% menos CO2 no seu processo produtivo. A Natura iniciou a oferta de

refis para diversas linhas de seus produtos em 2000. Em 2010 relançou o refil de

Natura Erva Doce, produzido com plástico verde (obtido a partir da cana-de-

57

57

açúcar) e também o refil de Natura Tododia, atualmente com 85% menos plástico

que a embalagem regular (EMBALAGEM MARCA, 2014).

Além dos refis, em 2013 a Natura incluiu em seu portifólio a linha Sou®, linha

de produtos com foco em sustentabilidade. As embalagens da linha possuem

design inovador e possuem o mesmo formato para todos os produtos. A

embalagem foi desenhada para utilizar menos plástico e não vem pronta para a

Natura, e sim em rolos de filmes plásticos, o que demanda menos transporte do

fornecedor para a empresa. Por conter menos plástico, a embalagens da linha

são mais flexíveis, sendo necessário menos transporte para os Centros de

Distribuição da Natura: para cada 1000 embalagens de Sou® seria possível

transportar somente 28 das embalagens tradicionais do mercado. Além disso,

gera 3,7 vezes menos resíduo que as embalagens convencionais, de modo que a

embalagem vazia ocupa um espaço 24 vezes menor. A embalagem consome

70% menos plástico do que a média dos produtos do mercado, o que representa

emissões 60% menores de gases do efeito estufa na atmosfera (AOQUI;

DALMARCO; HAMZA, 2014).

5.1.5 EMBALAGEM A PARTIR DE FÉCULA DE MANDIOCA

A fabricante Oka Bioembalagens, em parceria com a Unesp

(Universidade Estadual Paulista), lançou embalagens a partir da fécula de

mandioca em substituição ao poliestireno expandido (conhecido como Isopor®),

proveniente de fonte não renovável. As embalagens podem ser aplicadas em

alimentos, cosméticos e eletroeletrônicos (DCI, 2014).

A tecnologia de injeção de fécula de mandioca para a produção de

embalagens foi desenvolvida há mais de dez anos pelo Centro de Raízes e

Amidos Tropicais (Cerat) da Unesp, porém a primeira tiragem de embalagens em

escala industrial para comercialização só ocorreu em 2014.

A base do produto consiste em um gel feito a partir de fécula de mandioca

e água, ao qual é incorporado bagaço, subproduto da fecularia, responsável por

dar mais resistência à embalagem. No processamento da embalagem há a

58

58

liberação apenas de vapor de água, que é condensado e retorna ao processo.

Porém, a embalagem ainda tem um custo maior que o poliestireno expandido,

sendo aproximadamente duas vezes mais caro que o Isopor® (DCI, 2014).

As embalagens de mandioca são biodegradáveis e compostáveis, e

resistem dez dias na geladeira sem que haja alteração em suas características.

Ao ser descartada se degrada em até 30 dias (FAPESP, 1999).

5.2 PESQUISAS REALIZADAS NA ÁREA CIENTÍFICA

5.2.1 POLPA DE MAMÃO E QUITOSANA PARA A FABRICAÇÃO DE

EMBALAGENS

Segundo estudo realizado por Lorevice et al. (2014) é possível sintetizar

um filme biodegradável para aplicação em embalagens de alimentos através da

incorporação de um nanocompósito de polpa de mamão e nanopartículas de

quitosana.

O estudo consistiu em incorporar à matriz polimérica da hidroxipropil

metilcelulose (HPMC), biopolímero, um nanocompósito de polpa de mamão e

nanopartículas de quitosana (NPQS) com o objetivo de melhorar as propriedades

do filme (LOREVICE et al., 2014).

Filmes foram sintetizados, de modo a obter um filme composto apenas por

HPMC, um filme composto por HPMC e polpa de mamão e um filme composto

por HPMC, polpa de mamão e NPQS. Foram realizados testes comparativos

entre os filmes, sendo estes analisados quanto às suas propriedades mecânicas,

propriedades morfológicas (MEV), permeabilidade ao vapor de água, entre outras

(LOREVICE et al., 2014).

Os filmes contendo HPMC, polpa de mamão e NPQS apresentaram maior

resistência mecânica, maiores propriedades de tensão (maior resistência a

ruptura) e elongação (maior flexibilidade), maior temperatura de degradação e

temperatura de transição vítrea, além de maiores propriedades de barreira ao

59

59

vapor de água (quando comparado ao filme contendo apenas HPMC e polpa de

mamão) (LOREVICE et al., 2014).

Como conclusão, de acordo com Lorevice el al. (2014), o filme composto

por HPMC, polpa de mamão e NPQS possui as propriedades necessárias para

aplicação em embalagens, além de ser um filme comestível (polpa de mamão

confere sabor e cor ao filme), biodegradável e proveniente de fontes renováveis.

5.2.2 EMBALAGEM COM FILME INTERNO BIODEGRADÁVEL

Vergara et al. (2012) desenvolveram o projeto de uma embalagem de

iogurte na qual seu interior é revestido com um filme biodegradável de fácil

remoção e descarte, facilitando o processo de reciclagem da embalagem, uma

vez que embalagens só podem ser recicladas após passar por processo de

higienização.

O filme que reveste a embalagem é constituído de poli(ácido lático) (PLA),

polímero biodegradável que pode ser processado como a maioria dos polímeros

termoplásticos, inclusive pela termoformagem (moldagem de chapas plásticas

através de aquecimento e pressão que dá forma a produtos), além de ter

aprovação da FDA (Food and Drug Administration) para contato direto com

alimentos. O preço do PLA feito de amido de milho é aproximadamente 2 vezes

maior que o PS ou PEAD, sendo competitivo em relação aos polímeros

convencionais (VERGARA et al., 2012).

O processo de fabricação da embalagem consiste em adicionar duas

etapas a mais ao processo já utilizado para a fabricação de bandejas plásticas de

iogurte convencionais: colocação do filme plástico biodegradável e colocação do

lacre no fundo da embalagem. O filme de PLA é acoplado à embalagem de

iogurte por meio de formagem a vácuo, logo após a etapa de termoformagem dos

potes. O lacre, colocado no fundo da embalagem, tem a função de manter aderido

o filme às paredes interiores do pote por meio da ação do vácuo, além de

promover praticidade no descarte do filme (VERGARA et al., 2012). O projeto da

embalagem é demonstrado na Fig. 20.

Desta maneira, é possível descartar o filme de PLA juntamente com os

resíduos orgânicos, uma vez que é biodegradável, e a embalagem de iogurte,

60

60

composta por PEAD, pode ser reciclada sem que haja a necessidade de sua

higienização (VERGARA et al., 2012).

Fig. 20 - Projeto da embalagem de iogurte

Fonte: Adaptado de Vergara et al. (2012)

5.2.3 SISTEMAS INTELIGENTES DE EMBALAGENS UTILIZANDO FILMES

BIODEGRADÁVEIS

Em estudo realizado por Maciel et al. (2012), houve a incorporação de

clorofila, pigmento natural termossensível, à matriz polimérica de filmes de

quitosana, polímero biodegradável, com o objetivo de obter uma embalagem

inteligente biodegradável de indicação de variação de temperatura.

Os filmes sintetizados foram avaliados quanto aos efeitos da temperatura

(10 ºC a 50ºC) e luminosidade, e foram estudados os parâmetros de cor e

propriedades mecânicas do material. Os filmes foram aplicados como

revestimento em superfície de papel cartão formando um sistema flexível filme-

papel cartão. Neste sistema foi observada visualmente a variação de cor de verde

para amarelo quando submetido a temperatura maior que 50ºC,

independentemente da luminosidade (MACIEL et al., 2012).

61

61

Após todas as análises, Maciel et al. (2012) concluíram que o filme de

quitosana contendo clorofila aplicado como revestimento em papel cartão possui

grande potencial para aplicação como indicador colorimétrico de temperaturas na

faixa de 50 ºC a 75 ºC. Nesta faixa há a alteração irreversível da cor do sistema

de verde para amarelo. O sistema apresenta a vantagem de ser biodegradável,

simples de ser fabricado, além de ser constituídos de materiais naturais e seguros

para contato com alimentos, sendo de grande utilidade no setor de embalagens

podendo informar diretamente aos consumidores as reais condições que produtos

termossensíveis como alimentos, fármacos, produtos biológicos foram submetidos

durante o transporte e estocagem (MACIEL et al., 2012).

5.3 DISCUSSÕES

A partir dos resultados obtidos, verificou-se que grande parte das

iniciativas implementadas no setor de embalagens bem como as pesquisas

realizadas na área científica para contribuição da sustentabilidade em

embalagens consiste na diminuição da utilização de materiais plásticos e também

na substituição destes por materiais biodegradáveis. Além disso, verifica-se a

utilização de matérias primas de fontes renováveis em lugar das não renováveis.

De maneira geral, as embalagens sustentáveis contribuem para a

preservação do meio ambiente, causando menores impactos negativos à

natureza e menor utilização de recursos naturais escassos em sua fabricação.

62

62

6 CONCLUSÃO

A partir das pesquisas realizadas, pode-se concluir que são várias as

embalagens sustentáveis utilizadas no Brasil, dentre elas embalagens que

utilizam materiais biodegradáveis, compostáveis, recicláveis, além de embalagens

compostas por menor quantidade de materiais. Verificou-se a partir dos dados

pesquisados a tendência da substituição dos plásticos sintéticos provenientes de

fonte fóssil por polímeros biodegradáveis, como PLA, PHB, entre outros.

Devido a grande preocupação mundial em relação à preservação do meio

ambiente, às leis nacionais, como a PNRS, e também devido a grande difusão do

conceito de sustentabilidade entre consumidores, no Brasil as indústrias têm

adotado medidas sustentáveis na fabricação e utilização de embalagens em seus

produtos. Como consequência, boa parte destas empresas acabou por obter

maior lucro, utilizando a embalagem sustentável como parte do marketing de seus

produtos, atraindo consumidores, além de muitas vezes significar a redução de

custos na produção e transporte dos mesmos. Como benefício da implantação de

embalagens sustentáveis, tem-se menor quantidade de resíduos poluentes

dispostos no meio ambiente causando menor impacto ambiental.

63

63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 9198 Embalagem e acondicionamento – Terminologia. 2010.

ABNT. Procedimento Geral da Marca ABNT Qualidade Ambiental. 2014.

ABRE. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMBALAGEM. Disponível em:

<http://www.abre.org.br/setor/dados-de-mercado/>. Acesso em: 01 de Set, 2014.

ALLGANER, K. Emissões de CO2 como parâmetro da Avaliação do Ciclo de

Vida do amido de milho plastificado com glicerol destinado à compostagem.

2010. 104 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

AMASS, W.; AMASS, A.; TIGHE, B. A review of biodegradable polymers: uses,

current developments in the synthesis and characterization of

biodegradable polyesters, blends of biodegradable polymers and recent

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