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CAPÍTULO 1 HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ (100 a 313 A.D. / 313 – 590 A.D.) Introdução As crenças dos cristãos primitivos eram muito simples: Todos os seus pensamentos sobre a vida cristã tinham como centro a pessoa de Cristo: Criam em Deus, o Pai; em Jesus como Filho de Deus, Senhor e Salvador; criam no Espírito Santo; criam no perdão dos pecados e na eminente 2 a vinda de Jesus. Crer, entretanto, que a Igreja Primitiva era imaculada e sem defeitos é um romantismo que não encontra respaldo na História da Igreja e nem no Novo Testamento. Aliás, o próprio Novo Testamento foi escrito tendo em vista as necessidades surgidas no dia a dia da Igreja. As epístolas, na maioria das vezes, foram escritas para corrigir a postura doutrinária de uma determinada igreja local ou para combater uma heresia incipiente Página 2 Trecho do livro de Salmos

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CAPÍTULO 1

HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ

(100 a 313 A.D. / 313 – 590 A.D.)

Introdução

As crenças dos cristãos primitivos eram muito simples:

Todos os seus pensamentos sobre a vida cristã tinham como

centro a pessoa de Cristo: Criam em Deus, o Pai; em Jesus

como Filho de Deus, Senhor e Salvador; criam no Espírito

Santo; criam no perdão dos pecados e na eminente 2a vinda

de Jesus.

Crer, entretanto, que a Igreja

Primitiva era imaculada e sem

defeitos é um romantismo que não

encontra respaldo na História da

Igreja e nem no Novo Testamento.

Aliás, o próprio Novo Testamento foi

escrito tendo em vista as

necessidades surgidas no dia a dia da

Igreja. As epístolas, na maioria das

vezes, foram escritas para corrigir a postura doutrinária

de uma determinada igreja local ou para combater uma

heresia incipiente (Gálatas . Escrita para combater os

judaizantes; I e II Coríntios . Escritas para combater a

frouxidão moral dos cristãos coríntios, bem como

disciplinar o uso dos dons espirituais; I e II

Tessalonicenses . Escritas para corrigir distorções no que

diz respeito ao que aqueles cristãos acreditavam acerca da

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Trecho do livro de Salmos

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2a vinda de Jesus.) O Apocalipse foi escrito para alentar

uma igreja perseguida, demonstrando o senhorio de Jesus na

História. Os Evangelhos foram escritos cerca de 60 a.c.,

uma vez que a geração que convivera com Jesus estava

morrendo e o testemunho escrito é mais duradouro e menos

susceptível a distorções que o testemunho oral.

Como dissemos, a formulação das doutrinas foi gerada

pelos desvios da fé. A fim de definir os que de fato

poderiam ser chamados de cristãos, a igreja, frente ao

desafio das heresias, passou a sistematizar pontos

doutrinários que exprimiam a “fé que de uma vez por todas

foi entregue aos santos.”

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CAPÍTULO 2

AS PERSEGUIÇÕES

O primeiro grande desafio da Igreja foram as

perseguições. A princípio o governo romano considerava a

Igreja Cristã como uma das seitas do judaísmo, e como tal,

uma religião licita. Posteriormente, com o crescimento do

Cristianismo, passou a ver a igreja como distinta do

judaísmo. À medida que crescia, o Cristianismo passou a

sofrer cada vez mais oposição por parte da sociedade pagã e

do próprio Estado. A primeira grande perseguição movida

pelo Império deu-se sob Nero. A partir daí, outras

perseguições ocorreram, mas elas nem foram de cunho

universal, nem de duração contínua. Muitas vezes dependia

do governo provincial. Após Nero, Domiciano (90-95) moveu

curta, mas feroz perseguição aos cristãos. Já no segundo

século, o imperador Trajano estabeleceu a política que

norteou as perseguições ao cristianismo: o Estado não

deveria gastar seus recursos caçando os cristãos, mas os

que fossem denunciados deveriam ser levados ao tribunal e

instados a negar a Cristo e adorar os deuses romanos. Quem

não o fizesse deveria ser condenado à morte.

Dessa forma, a perseguição não tinha um caráter de

política de Estado, mas estava sempre presente, posto que

somente em 313 (séc IV) o cristianismo passou a ser

considerada uma religião licita. Assim, vários foram os

mártires cristãos nesse início da igreja: Simeão e Inácio,

no período compreendido entre os reinados de Trajano e

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Antonino Pio; Policarpo e Justino, o Mártir, sob o reinado

de Marco Aurélio; Leônidas, Perpétua e Felícitas, sob o

reinado de Séptimo Severo; Cipriano e Sexto, durante a

perseguição movida pelo imperador Valeriano. Perseguiram

ainda a Igreja os imperadores Décio, Diocleciano e Galério.

Basicamente havia duas

linhas de oposição ao

Cristianismo: popular e

erudita. A oposição popular

estava baseada em rumores e

falsas interpretações dos

ritos cristãos. Era voz

corrente entre o povo que

os cristãos participavam de

festas onde havia orgias com incestos, inclusive,

interpretando mal o fato de os cristãos se chamarem de

irmãos e praticarem o “ágape”. Cria também o povo que os

cristãos comiam a carne de recém-nascidos, isto devido ao

que ouviam falar sobre a Ceia, na qual comiam a carne de

Jesus, juntamente com os relatos do nascimento de Cristo.

Já os homens cultos da época faziam acusações a

partir da própria crença dos cristãos, tais como, “Por um

lado dizem que é onipotente, que é o ser supremo que se

encontra acima de tudo. Mas por outro o descrevem como um

ser curioso, que se imiscui com todos os assuntos humanos,

que está em todas as casas vendo o que se diz e até o que

se cozinha. Esse modo de conceber a divindade é uma

irracionalidade. Ou se trata de um ser onipotente, por cima

de todos os outros seres, e portanto, apartado deste mundo;

ou se trata de um ser curioso e intrometido, para quem as

pequenezas humanas são interessantes.”

 

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Ao povo em geral, a Igreja respondeu chamando-o a ver

a conduta moral dos cristãos, muito superior à dos pagãos.

Aos cultos e letrados, a igreja respondeu através dos

Apologistas: Discurso a Diogneto, Aristides, Justino

Mártir, Taciano (Discurso aos gregos), Atenágoras (Defesa

dos Cristãos e Sobre a Ressurreição dos Mortos), Teófilo

(Três livros a Autólico), Orígenes (Contra Celso),

Tertuliano (Apologia), Minúcio Félix (Otávio).  

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CAPÍTULO 3

AS HERESIAS

Ao lados das perseguições externas, o Cristianismo

enfrentou um inimigo muito mais terrível, posto que

interno, através de heresias, algumas delas propostas por

líderes da própria igreja.

As primeiras heresias enfrentadas pela Igreja vieram

dos judeus convertidos, problema já enfrentado por Paulo na

igreja da Galácia. Os ebionitas, eram farisaicos em sua

natureza. Não reconheciam o apostolado de Paulo e exigiam

que os cristãos gentios se submetessem ao rito da

circuncisão. No desejo de manterem o monoteísmo do Antigo

Testamento, os ebionitas negavam a divindade de Cristo e

seu nascimento virginal, afirmando que Ele só se distinguia

dos outros homens por sua estrita observância da lei, tendo

sido escolhido como Messias por causa de sua piedade legal.

Os elquesaítas, por sua vez, apresentavam um tipo de

cristianismo judaico assinalado por especulações teosóficas

e ascetismo estrito. Rejeitavam o nascimento virginal de

Cristo, mas julgavam-no um espírito ou anjo superior. A

circuncisão e o sábado eram grandemente honrados; havia

repetidas lavagens, sendo-lhes atribuídos poderes mágicos

de purificação e reconciliação; a mágica e a astrologia

eram praticadas entre eles. Com toda probabilidade se

referem a essas heresias a Epístola aos Colossenses e I

Timóteo.

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O ambiente gentílico também forneceu sua cota de

heresias que atingiram a Igreja. O Gnosticismo, muito

embora não possuísse uma liderança unificada e se

apresentasse como um corpo doutrinário amorfo, foi terrível

para a Igreja. Já vemos um gnosticismo incipiente no

próprio período apostólico (Cl 2.18 ss; I Tm 1.3-7; 6.3ss;

II Tm 2.14-18; Tt 1.10-16; II Pe 2.1-4; Jd 4,16; Ap

2.6,15,20ss). Nesse período, Celinto ensinava uma distinção

entre o Jesus humano e o Cristo, que seria um espírito

superior que descera sobre Jesus no momento do batismo e

tê-lo-ia deixado antes da crucificação. Vemos João

combatendo indiretamente essa heresia em João 1.14; 20.31;

I João 2.22; 4.2,15; 5.1,5-6 e II João 7.

No II (segundo) século, esses erros assumem uma forma

mais desenvolvida, muito embora continuassem como um corpo

amorfo. A bem da verdade poderíamos dizer que houve

“gnosticismos”, mas há pensamentos comuns às várias

correntes gnósticas. Gnosticismo vem do grego, “gnosis”,

que significa “conhecimento”. Para os gnósticos, a

salvação era alcançada através do conhecimento esotérico de

mistérios, os quais só eram revelados aos iniciados.

Dividiam a humanidade em “pneumáticos”, “psíquicos” e

“hílicos”. Os primeiros eram a elite da igreja, os que

alcançavam o conhecimento que leva à salvação; os

seguintes, eram os cristãos comuns, que poderiam alcançar a

salvação através da fé e das boas obras; os últimos eram os

gentios, irremediavelmente perdidos.

Na cosmovisão gnóstica, tudo que era material era

essencialmente mau, e o que era espiritual era

essencialmente bom. Logo, o Deus do Novo Testamento não

poderia ser o deus do Antigo Testamento. O deus do AT era

tido como Demiurgo, o criador do mundo visível. Ainda na

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visão gnóstica, entre o Deus bondoso que se revelou em

Cristo e o mundo material havia vários intermediários,

através dos quais o homem poderia achegar-se a Deus.

Sendo o corpo mau e o espírito bom, os gnósticos

tendiam para dois extremos: alguns seguiam um ascetismo

rigoroso, mortificando a carne, enquanto outros se lançavam

na mais desregrada libertinagem.

Outra heresia que mereceu o combate da Igreja foi a

heresia de Márcion, filho do bispo de Sinope, que parece

ter tido duas grandes antipatias: Pelo Judaísmo e pelo

mundo material. Ensinava Márcion, à semelhança dos

gnósticos, que Iavé, o Deus do AT não era o Deus do NT,

este, o Deus supremo. Iavé era um deus mau, ou pelo menos

ignorante, vingativo, ciumento e arbitrário. O mundo

material e suas criaturas eram criação de Iavé e não do

Deus supremo. Este, entretanto, apiedou-se das criaturas de

Iavé e enviou Jesus, que não nasceu de uma mulher, posto

que isso faria com que passasse a ser criatura do deus

inferior. Jesus surgiu como homem maduro no reinado de

Tibério, na Galiléia.

Márcion rejeitou o Antigo Testamento, que até então

eram as Escrituras aceitas na Igreja Cristã (o cânon do NT

ainda não havia sido elaborado) por serem a palavra de

Iavé, o deus inferior, e formulou um cânon para si e seus

seguidores, que constava do evangelho de Lucas, expurgado

do que ele considerava “judaísmo”, e das cartas de Paulo.

Também ensinava Márcion que não haverá juízo final,

posto que o Deus amoroso a todos perdoará. Negava a

criação, a encarnação e a ressurreição final.

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Márcion chegou a formar uma igreja independente e seu

ensino foi de um perigo terrível para a igreja, que na

época não possuía um corpo doutrinário estabelecido e

reconhecido por toda a cristandade.

Como se não bastasse essas heresias, houve também as

heresias dos Montanistas e dos Monarquistas. Os montanismo

surgiu na Frígia, por volta do ano 150. Montano afirmava

que o último e mais elevado estágio da revelação já fora

atingido. Chegara a era do Paracleto, que falava através de

Montano, e que se caracterizava pelos dons espirituais,

especialmente a profecia. Montano e seus colaboradores eram

tidos como os últimos profetas, trazendo novas revelações.

Eram ortodoxos no que diz respeito à regra de fé, mas

afirmavam possuir revelações mais profundas que as contidas

nas Escrituras. Faziam estritas exigências morais, tais

como o celibato (quando muito, um único matrimônio), o

jejum e uma rígida disciplina moral.

Já o monarquianismo estava interessado na manutenção

do monoteísmo do AT. Seguiu duas vertentes: o

monarquianismo dinâmico e o monarquianismo modalista. O

primeiro estava interessado em manter a unidade de Deus, e

estava alinhado com a heresia ebionita. Para eles, Jesus

teria sido tomado de maneira especial pelo Logos de Deus,

passando a merecer honras divinas, mas sendo inferior a

Deus. O segundo, também chamado de sabelianismo, concebia

as três Pessoas da Trindade como os três modos pelos quais

Deus se manifestava aos homens.

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CAPÍTULO 4

A REAÇÃO DA IGREJA

Face a essas ameaças, internas e externas, a igreja

respondeu de várias formas. Já vimos que os apologistas

responderam às acusações assacadas pelos filósofos e

pessoas cultas ao cristianismo. No plano interno, a igreja

primeiro tratou de definir um Cânon, ou seja, uma lista dos

livros considerados inspirados. Nesse período, havia

inúmeros evangelhos, cartas, apocalipses circulando nas

mais diversas igrejas. Alguns eram lidos em certas igrejas

e não eram lidos em outras. Com o desafio de Márcion e

também da perseguição sob Diocleciano, onde uma pessoa

encontrada com livros cristãos era passível de morte, era

importante saber se o livro pelo qual o cristão estava

passível de morte era realmente inspirado. Não houve um

concílio para definir quais os livros nem quantos formariam

o NT. Tal escolha se deu por consenso, tendo alguns livros

sido reconhecidos com mais facilidade que outros.

Definiu também a igreja regras de fé, sendo a mais

antiga o chamado Credo Apostólico, o qual resumia aqueles

pontos de fé que o cristão genuíno deveria subscrever, e

era claramente trinitariano (Creio em Deus Pai, todo

poderoso, criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo,

seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por

obra do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob

o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e

sepultado; no terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao

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céu, e está sentado à mão direita de Deus Pai, todo

poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, na santa igreja católica; na

comunhão dos santos; na remissão dos pecados, na

ressurreição do corpo e na vida eterna).

Paralelamente, a igreja percebeu que precisava

organizar-se estruturalmente. Definiu então a sucessão

apostólica e o bispo monárquico para garantir a unidade da

igreja, surgindo então o que é chamado de Igreja Católica

Primitiva, significando o termo “católica” = universal.

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CAPÍTULO 5

OS PAIS DA IGREJA

Os apologistas tinham um objetivo negativo e positivo

em seus escritos. Negativamente, queriam refutar as falas

acusações de ateísmo, canibaliemso, incesto, preguiça e

práticas anti-sociais atribuidas a eles por vizinhos

escritores pagãos.

Diferentemente dos apologista so segundo século que

procuravam fazer uma explanação e uma justificação racional

do cristianismo para as autoridades, os polemista

empenharam-se por responder veementemente esses ensinos ao

desafio dos falsos ensinos dos heréticos métodos usados

pelos cristãos do Oriente e Ocidente na solução dos

problemas da heresia e na formulação teológica da verdade

Cristã.

O Estado Romano e as heresias encontraram adversários

à altura no seio da Igreja Cristã, seja através de mártires

anônimos, que deram suas vidas mas não negaram a Jesus,

seja nos homens que começaram a formular as doutrinas

muitas das quais esposamos até hoje. Estes homens são

chamados de Pais da Igreja,cujos ensinos passamos a

resumir:

Irineu - Nascido no Oriente e discípulo de Policarpo.

Foi bispo de Lion. Escreveu Contra Heresias, no qual

investe principalmente contra os gnósticos.

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Hipólito - Discípulo de Irineu; menos dotado que seu

mestre; gostava mais das idéias filosóficas que Irineu.

Provavelmente sofreu o martírio em Roma. Sua principal obra

se chama Refutação de Todas as Heresias,na qual ele

contesta os ensinos gnósticos.

Tertuliano - Homem de grande erudição, vívida

imaginação e intensos sentimentos. De gênio explosivo, era

naturalmente apaixonado na apresentação do cristianismo.

Era advogado e introduziu termos e conceitos jurídicos na

discussão teológica. Tendia a deduzir que todas as heresias

provinham da filosofia grega, razão pela qual se tornou

ardente opositor da filosofia. Seu fervor o levou a unir-se

ao montanismo no final da vida.

 

Deus e o Homem - Consideravam que o erro fundamental

dos gnósticos era a separação entre o verdadeiro Deus do

Criador. Há um único Deus, Criador e Redentor. Deus deu a

lei e revelou igualmente o evangelho. Esse Deus é treino,

uma única essência que subsiste em três pessoas.

Tertuliano foi o primeiro a asseverar a tri

personalidade de Deus e a usar o termo “Trindade”. Em

oposição aos monarquianos ele enfatizava o fato de que as

três Pessoas são uma só substância, susceptível de número

sem divisão. Entretanto, não chegou à verdadeira declaração

trinitariana, posto que concebia que uma Pessoa estaria

subordinada às outras.

Segundo ele, o homem foi criado à imagem de Deus, sem

imortalidade (sem perfeição), mas com a capacidade de

recebê-la no caminho da obediência. O pecado é

desobediência e produz a morte; a obediência produz a

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imortalidade. Em Adão, a raça humana inteira ficou sujeita

à morte.

Tertuliano afirmava que o mal tornou-se um elemento

natural do homem, presente desde o nascimento, e que essa

condição passa de uma geração à outra. É o primeiro indício

da doutrina do pecado original.

A Pessoa e a Obra de Cristo

Irineu - O Logos existira desde toda a eternidade e

mediante a Encarnação, o Logos se fez o Jesus histórico, e

daí por diante foi verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A

raça humana, em Cristo, como o segundo Adão,é novamente

unificada a Deus. A morte de Cristo como nosso substituto é

mencionada, mas não ressaltada. O elemento central da obra

de Cristo teria sido sua obediência, com o que foi

cancelada a desobediência de Adão.

Tertuliano - O Logos é uma Pessoa independente, gerada

por Deus, da mesma substância que o Pai, embora difira

deste quanto ao modo de existir como uma Pessoa distinta

Dele.Houve um tempo em que o Filho não existia. O Pai é a

substância inteira, mas o Filho é apenas parte dela, por

ter sido gerado. Tertuliano, portanto, não conseguiu

desvencilhar-se da teoria da subordinação, porém sua

formulação foi importante na vinculação dos conceitos de

“substância” e “pessoa” dentro da teologia.

   No tocante ao Deus-homem e Suas duas naturezas,

Tertuliano foi superior a todos os outros Pais, à exceção

de Melito, ao fazer justiça para com a perfeita humanidade

de Jesus e afirmar que cada uma de suas naturezas reteve os

seus próprios atributos. Para Tertuliano não houve fusão,

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mas a conjunção das duas naturezas em Jesus. No tocante à

morte de Cristo, embora enfático acerca de sua importância,

não é muito claro, pois não ressalta a necessidade de

satisfação penal, mas apenas a de arrependimento por parte

do pecador. Seu ensino é permeado por certo legalismo. Ele

fala da satisfação dos pecados cometidos após o batismo

mediante arrependimento ou confissão. Por meio de jejuns e

outras formas de mortificação, o pecador é capaz de escapar

da punição eterna.

 

Salvação, Igreja e as Últimas Coisas

Irineu - Não foi totalmente claro em sua soteriologia.

A fé é um pré-requisito para o batismo,entendendo-se fé não

apenas como concordância intelectual da verdade, mas

incluiria a rendição da alma, resultando numa vida santa. O

homem seria regenerado pelo batismo; seus pecados seriam

lavados e uma nova vida começaria dentro dele.

Tertuliano - O pecador, pelo arrependimento, obtém a

salvação pelo batismo. Os pecados cometidos após o batismo

requerem satisfação mediante penitência, ficando cancelada

a punição após o seu cumprimento. Antevê-se a base do

sacramento católico-romano da penitência.

Com relação à igreja, voltavam ao judaísmo,

identificando a igreja(comunhão dos santos) com a igreja

visível (organização), atribuindo a esta a qualidade de

canal da graça divina, fazendo com que a participação nas

bênçãos da salvação dependesse de ser membro da Igreja

visível. Devido à influencia do Velho Testamento, também

passou para primeiro plano a idéia de um especial

sacerdócio medianeiro.

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Em relação à doutrina da ressurreição da carne, os

Pais citados foram seus campeões, baseados na ressurreição

de Jesus.

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CAPÍTULO 6

OS PAIS ALEXANDRINOS

A Teologia  Alexandrina, ou Escola de Alexandria, foi

uma forma de teologia que apelou para a interpretação

alegórica da Bíblia, e foi formada pela combinação

extravagante entre a erudição grega e as verdades do

evangelho. A Escola de Alexandria chegou até a lançar mão

de especulações gnósticas na formulação de suas

interpretações escriturísticas. Seus principais expoentes

foram Clemente de Alexandria e Orígenes.

Clemente não era um cristão tão ortodoxo quanto Irineu

ou Tertuliano, mas como os apologistas, buscava uma ponte

entre a filosofia da época e a tradição cristã. Tinha como

mananciais do conhecimento das coisas divinas tanto as

Escrituras quanto a razão humana.

Orígenes nasceu em lar cristão e foi discípulo de

Clemente, a quem sucedeu como catequista de Alexandria. Era

o mais erudito dos pensadores da Igreja Primitiva e seus

ensinos eram de natureza assaz especulativa. No final da

vida foi condenado por heresia. Formulou o primeiro

compêndio de teologia sistemática, chamado De Principiis.

Nessa formulação,combateu tanto os gnósticos quanto os

monarquianos. Conquanto tenha desejado ser ortodoxo, seus

escritos traziam sinais identificativos do neo-platonismo,

sem falar na sua interpretação alegórica, que abriu caminho

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para todas as formas de especulação e interpretação

arbitrárias.

Deus e o Homem - Orígenes alude a Deus como o Ser

incompreensível, inestimável e impassível,que de nada

necessita. Rejeita a distinção gnóstica entre o Deus bom e

o Demiurgo ou o Criador deste mundo. Deus é uno e o mesmo

no Velho e no Novo Testamento. Orígenes ensinou a doutrina

da criação eterna. Também ensinou Orígenes que o Deus único

é primariamente o Pai, que Se revela e opera através do

Logos, o qual é pessoal e co-eterno com Deus Pai, gerado

por Ele por um ato eterno. Para Orígenes o Filho é gerado e

não produto de uma emanação ou divisão do Pai. Apesar

disso, usa termos que subentendem haver subordinação do

Filho ao Pai. Na encarnação, o Logos uniu-se a uma alma

humana, que em sua preexistência se mantivera pura. As

naturezas de Cristo são conservadas distintas, mas é

sustentado que o Logos, pela Sua ressurreição e ascensão,

deificou a Sua natureza humana.

Quanto ao Espírito Santo, o ensino de Orígenes se

distancia ainda mais da mensagem bíblica. Ele fala do

Espírito Santo como a primeira criatura feita pelo Pai, por

meio do Filho. Além disso, o Espírito não opera na criação

como um todo, e sim somente nos santos. O Espírito possui

bondade por natureza,renova e santifica aos pecadores, e é

objeto de adoração divina.

Os ensinos de Orígenes sobre o homem são bastante

incomuns. A preexistência do homem está envolvida em sua

teoria da criação eterna, pois a criação original consistiu

exclusivamente de espíritos racionais, co-iguais e co-

eternos. A atual condição do homem pressupõe uma queda

preexistente da santidade para o pecado, o que deu

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oportunidade à criação deste mundo material. Os espíritos

caídos agora se tornam almas e são revestidos de corpos. A

matéria veio à existência com o propósito precípuo de

suprir uma habitação e ser meio de disciplina e expurgo

desses espíritos caídos.

Já Clemente não foi claro na sua exposição do Logos.

Em algumas ocasiões ressaltava a subsistência pessoal do

Logos, Sua unidade com o Pai e Sua geração eterna, e em

outras O representa como a razão divina, subordinada ao

Pai.Distingue ele entre o Logos de Deus e o Logos-Filho,

que Se manifestou em carne.Clemente não tenta explicar a

relação entre o Espírito Santo e as demais Pessoas da

Trindade.

A Pessoa e a Obra de Cristo - Ambos ensinam que o

Logos tomou a natureza humana em sua inteireza, corpo e

alma, tendo-se tornado um homem real, o Deus-homem, embora

Clemente não tenha conseguido evitar totalmente o

docetismo. Dizia que Cristo comia, não porque precisasse de

alimentos, mas para que Sua humanidade não fosse negada,

além de ser incapaz das emoções de alegria e tristeza. Para

Orígenes a alma de Cristo era preexistente, como todas as

outras almas.

Acerca da obra de Cristo, Clemente alude à auto-

rendição de Cristo como um resgate, mas não reforça a idéia

que Ele foi a propiciação pelos pecados da humanidade. Sua

ênfase foi de Cristo como Legislador e Mestre. A redenção

não consistiria tanto em desfazer o passado, mas em elevar

o homem a um estágio ainda mais alto do que o do homem

antes da Queda.

Para Orígenes, Cristo foi um médico, um mestre, um

legislador e um exemplo. Reconhecia também o fato de que a

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salvação dos crentes depende dos sofrimentos e da morte de

Cristo. A morte de Cristo é apresentada como vicária,como

uma oferta pelo pecado e como uma expiação necessária.

Para Orígenes, a influência remidora do Logos se

estenderia além desta vida, não somente os que tivessem

vivido sobre a terra e morrido, porém, igualmente, todos os

espíritos caídos, inclusive Satanás e seus anjos maus.

Haverá uma restauração de todas as coisas.

Doutrina da Salvação, as Igrejas e as Últimas Coisas

Os Pais alexandrinos ensinavam o livre-arbítrio do

homem, capacitando-o a voltar-se para o bem e aceitar a

salvação oferecida em Jesus Cristo. Deus oferece a

salvação, e o homem tem a capacidade de aceitá-la. Apesar

disso, Orígenes também alude à fé como graça divina. Seria

um passo preliminar necessário à salvação. Mas isso

representaria apenas uma aceitação inicial da revelação

divina, precisando ser ainda elevado ao conhecimento e ao

entendimento, daí prosseguindo para a prática de boas

obras, que são o que realmente importam. Orígenes fala de

dois modos de salvação, um mediante a fé (exotérico), e

outro pelo conhecimento (esotérico). Certamente esses Pais

não tinham a mesma concepção que o Apóstolo Paulo da fé e

da justificação.

Orígenes considerava a Igreja como a congregação dos

crentes, fora da qual não haveria salvação. Embora

reconhecesse o sacerdócio universal dos cristãos, também

dizia haver um sacerdócio separado e dotado de

prerrogativas especiais. Orígenes e Clemente ensinavam que

o batismo assinala o começo da nova vida na Igreja, bem

como inclui o perdão dos pecados.

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Conforme ambos, o processo de purificação iniciado na

vida do pecador na terra prossegue após a morte. O castigo

seria o grande agente purificador e a cura para o pecado.

Orígenes ensina que, por ocasião da morte, os bons entram

no paraíso, ou num lugar onde recebem maior elucidação,

enquanto os ímpios experimentam as chamas do juízo,o qual

não se deve ter como punição permanente, porém como um meio

de purificação. Clemente afirmava que os pagãos tinham

oportunidade de arrepender-se no hades, e também que a

provação deles só terminaria no dia do juízo; Orígenes

dizia que a obra remidora de Deus não cessaria enquanto

todas as coisas não viessem a ser restauradas à sua

primitiva beleza. A restauração de todas as coisas haveria

de incluir o próprio Satanás e seus demônios. Apenas poucas

pessoas entram imediatamente na plena bem-aventurança da

visão de Deus; a grande maioria precisa passar por um

processo de purificação após a morte (Vemos aqui o embrião

da doutrina do Purgatório). Orígenes mostrou tendência por

espiritualizar a ressurreição. Parece que ele considerava

como ideal o estado incorpóreo, apesar de crer numa

ressurreição corporal.

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Page 22: De 100 a 590 DC (resumo)

CAPÍTULO 7

O EDITO DE MILÃO

Entrando vencedor em Roma, Constantino foi bem

acolhido pelo povo e pelos mais abastados. Mandou matar um

filho de Maxêncio e alguns de seus amigos. Reparou os

aquedutos com dinheiro do próprio bolso. Aceitou sem

problemas a bajulação e as honras "divinas" dos seus

súditos pagãos, autorizando inclusive a construção de um

templo e a fabricação de uma estátua a ele dedicados. A

transição da tolerância para a intolerância diante do

paganismo será lenta.

Mandou fazer nas moedas o monograma X-P e enviou uma

carta a Maximino Daia "convidando-o" a suspender a

perseguição. No inverno de 312-313, o tesouro contribuiu

para que fossem reconstruídos os edifícios de culto e o

papa Milcíades obteve de Fausta o palácio de Latrão.

No começo do ano 313 Constantino se encontra com

Licínio em Milão (Licínio acabara de se casar com

Constança, irmã de Constantino). Durante dois meses eles

conversam sobre diversos pontos de suas políticas e,

particularmente, sobre como deve ficar a situação do

cristianismo. Destas conversações nasce um acordo que hoje

conhecemos como o "Edito de Milão".

Não se trata de nenhum documento especial, mas de um

conjunto de cartas de Constantino e Licínio que afirmam o

princípio da liberdade religiosa e, por conseguinte, dão

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Page 23: De 100 a 590 DC (resumo)

aos cristãos pleno direito de professar sua fé "sem receio

de ser incomodados".

A Igreja, oficialmente reconhecida, passa a ter

direitos: seus lugares de culto, destruídos ou confiscados,

devem ser restituídos. As propriedades devem retornar para

as mãos dos seus donos cristãos. O cristianismo fica em pé

de igualdade com o paganismo, uma religião "lícita". Licet

esse Christianos.

Logo chegará o momento, porém, em que o paganismo será

definitivamente suplantado pelo cristianismo.

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Page 24: De 100 a 590 DC (resumo)

CAPÍTULO 8

OS POVOS BÁRBAROS E O MUNDO CRISTÃO

Pelo ano 400, os cidadãos do Império Romano sentiam-se

parte da mais formidável, segura e sagrada estrutura

política. Alguns julgavam até que o Império era o

equivalente terreno do Reino de Deus. Nada poderia ser mais

fascinante e abençoa do que um Império governado por um

imperador cristão e não somente cristão: um Imperador

protetor e preocupado com a fé de seus súditos.

Mas, era ilusão: havia já trezentos anos que o Império

entrara em decadência. Os povos germânicos pressionavam as

fronteiras. O exército, que abrigava mercenários, não era

mais a formidável estrutura protetora e garantia da ordem.

A decadência começara quando

Constantino mudou a sede do

Império para Constantinopla, na

Ásia, deixando Roma abandonada.

Em 395, Teodósio dividira o

Império entre seus filhos,

criando um Império Ocidental e

outro Oriental.

Povos asiáticos e europeus sonhavam em morar no

território imperial: a fama, a cultura romana, as terras

férteis, tudo atraía esses povos chamados de "bárbaros"

porque não romanos. Alguns deles: ostrogodos, visigodos,

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Constantinopla

Page 25: De 100 a 590 DC (resumo)

borgúndios, francos, anglos, saxões, eslavos, húngaros,

búlgaros, hunos, etc.

Em 410, o visigodo Alarico tomou e saqueou Roma. Os

cristãos ficaram perturbados: seria o fim da Igreja? Por

que Pedro e Paulo não protegeram Roma? Por que tantas

vítimas entre crianças, virgens consagradas e monges!

Haveria ainda alguma esperança para o Cristianismo ?

Em 430, o norte da África está assediado, prestes a

cair. Agostinho, o grande romano, morre numa Hipona

cercada. A Bretanha cristã é assaltada pelos anglos e

saxões e praticamente desaparece lá a fé cristã.

Em 452, o huno Átila ameaça tomar e saquear Roma. O

papa Leão Magno corajosamente dirige-se ao seu encontro

pedindo clemência. Foi atendido.

Em 476, Odoacro, rei dos hérulos, conquista Roma. Os

bárbaros ocupam o trono do Ocidente cristão. E guerrearão

entre si para o controle e domínio do espólio imperial.

Havia bárbaros pagãos e bárbaros arianos, como os germanos.

Desafio duplo para a Igreja.

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Page 26: De 100 a 590 DC (resumo)

CAPÍTULO 9

OS PAIS PÓS-NICENOS DO ORIENTE

Os Pais da parte da Igreja pertencente àquilo que deve

ser chamado de escolas alexandrina e antiocana de

interpretação. Homens como Crisóstomo ou Teodoro da

Mopsuéstia seguiram a escola antiocana ou s[iria de

interpretação, enfatizandoo estudo histórico- gramaticalda

Bíblia na intenção de descobrir o significado qu o escritor

sagrado tinha para aqules a quem escreveu. Evitaram a

tendência alegorizante praticada pelos seguidores da escola

alexandrina, ainda grandemente influenciadores por

Orígenes.

João, Chamado Crisóstomo, logo depois de sua morte

devido à sua eloquência, mereceu literalmente o nome de

“boca de ouro” que lhe deram. Nasceu por volta de 345 numa

rica familia aristocracia de Antioquia.Por algum tempo,

praticou a advocacia, mas após seu batismo em 368 fez-se

monge. Ordendo em 386, pregou em Antioquia até o ano de 398

alguns de seus melhores sermões.

Crisóstomo viveu uma vida simples de pureza que era

por si mesmo uma censura aos seus paroquianos de

Constantinopla, cujo o padrão de vida era altíssimo.

Extremamente asceta em sua enfase sobre simplicidade de

vida e inclinado ao misticismo, nem sempre agia com

moderação.

Para ele, não deveria haver divórcio entre moral e

religião; a cruz e a ética devem camhinha de mão dadas.

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Page 27: De 100 a 590 DC (resumo)

Não é por acso que ele tenha sido e continue sendo um dos

maiores oradores sacros que a igreja oriental já teve.

Outro notável Pai da Igreja é Teodoro Mopsuéstia.Ele

também estudou a Bíblia por 10 anos com Diodoro de Tarso

esta instrução foi por ter nascido numa familia rica.

Ordenado presbítero em antioquia em 383, tornou-se

bispo de Mopsuéstia, na Cilícia, em 392. Ele não aceitava o

sistema alegórico de interpretação e propunha uma

compreensão que levasse em conta a gramáticae aformação

histórica do texto a fim de descobrir o sentido que o autor

quis dar.

Um dos Pias da Igreja mais amplamente estudado é

Eusébio de Cesaréia, por todos os méritods meceredor do

título de Pai da História da Igreja, assim cmo Heródoto

mereceu oo título de Pai da Igreja. Depois de receber uma

intrução por parte de Panfilo em Cesaréria, ele ajudou o

amigo a organizar sua biblioteca nesta cidade.

A personalidade de eusébio assentava-se bem para seus

alvos de erudição.Tinha um espírito refinado e cordato e

detestaqva as querelas suscitada pela heresias ariana.

Tomou um lugar de honra a direita de Constantino no

Concilio de Nicéia e, como ele, preferiu um soluçãode

compromisso entre os partidos de Atanásia e Ário. Foi o

Credo de Cesaréia, escrito pot Eusébio De Cesaréria, que o

Concilio de Nicéia modificou e aceitou.

Sua maior obra é a História Eclesiástica, um panorama da

história da ihreja dos tempo apostólico até 324.

Os pais Pós-Nicenos do Ocidente

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Page 28: De 100 a 590 DC (resumo)

O grande esforço dos Pais da Igreja no Oriente foi o

de explicar teologicamente os grandes dogmas da fé cristã:

a Trindade e a Encarnação. 0s quatro primeiros Concílios

ecumênicos ofereceram uma clarificação quase que

definitiva.

Quanto aos Pais do Ocidente, não significa que não

tivessem interesse dogmático: eles têm, é claro, mas se

inspiram no Oriente. O grande tema ocidental situa-se no

campo da graça: como conciliar o poder da graça divina com

a vontade humana, a liberdade que se origina no livre

arbítrio? Eu sei que sou livre, mas sou pecador e

dependente de Deus. Como fica a liberdade do homem e a

necessidade da graça para poder fazer o bem?

Pelágio (+ 422 aprox.), um asceta britânico, afirmava

que através do esforço, da ascese, o homem pode atingir a

santidade. Deste modo, convidava os cristãos a levarem uma

vida séria, esforçada para atingirem a vida perfeita. É o

esforço, mais que a graça, que realiza a salvação. Esta

doutrina, o Pelagianismo, espalhada logo para o norte da

África e Ásia Menor, foi muito sedutora. Ela destrói o

núcleo central do cristianismo, que é a salvação pela

graça. Agostinho e todo o Ocidente enfrentaram este perigo.

O papa Leão Magno (+ 461) foi defensor não só da doutrina,

mas também da civilização ocidental, evitando que Roma

fosse saqueada pelos hunos comandos por Átila.

Hilário de Poitiers (+ 367), retórico e filósofo,

buscando o sentido da vida, abraçou o cristianismo e,

eleito bispo, buscou reconquistar a Gália para a fé

católica, pois estava tomada pelo arianismo. Pastor zeloso,

procurou oferecer a seu rebanho o que de melhor aprendera

em seu exílio de três anos no Oriente.

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Page 29: De 100 a 590 DC (resumo)

Hilário ficou fascinado pela liturgia oriental. Compôs

hinos litúrgicos para familiarizar os fiéis com a teologia

e associá-los mais intimamente às celebrações. Grande

condutor de homens, Hilário tinha imenso prestigio em todo

o império romano.

Jerônimo (+ 419/420), de rica família da Dalmácia,

logo dirigiu-se a Roma para estudar. Secretário do papa

Dâmaso, viajante e peregrino, por onde se preocupa em

estudar a língua, ouvir teólogos, filósofos e entabular

contato com judeus.

Duas são suas preocupações: a vida monástica, que

estimula em toda parte, construindo e governando quatro

mosteiros, e o estudo da Sagrada Escritura; Em 386 fixa

residência em Belém, onde permaneceu até a morte. Ali

completa sua obra principal: a revisão do texto latino e

depois a tradução de todo o Antigo Testamento,

confrontando-o com outras versões e o original hebraico.

Desde o século XIII, sua tradução Iatina é conhecida como

"Vulgata".

A cidade de Milão, residência imperial, vivia um

grande problema: morrera o bispo ariano Auxêncio. O povo

reunido não chegava a um acordo para eleger sucessor.

Percebendo a dificuldade da situação, o governador Ambrósio

intervém para manter a ordem. Uma criança, ao entrar na

igreja, gritou: "Ambrósio, bispo!". Imediatamente todos

acolheram seu nome. Foi deste modo que a Igreja de Milão

recebeu um pastor cuja influência chega a nossos dias.

Ambrósio protestou: estava com 30 anos e nem batizado era.

O povo não deu bola e forçou-o ao episcopado. Foi batizado

e oito dias depois consagrado bispo, interrompendo uma

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Page 30: De 100 a 590 DC (resumo)

carreira rápida e brilhante, iniciada em Roma. Homem sério,

assume sua missão: doa sua fortuna aos pobres, inicia os

estudos teológicos, lê com fervor as Escrituras e segue a

escola dos Pais gregos.

Ambrósio é sobretudo um pastor. Vive cercado pela

multidão dos pobres, embora sendo difícil falar com ele.

Seu prazer é comentar as Escrituras, os Evangelhos. É um

catequista nato e orador de qualidade, pois chegou a

convencer o próprio Agostinho. Preocupado com a

participação dos fiéis na liturgia, introduz em Milão o

canto alternado dos salmos, escreve hinos, compõe melodias

populares, sempre inspirado no Oriente.

Destacou-se pela sua ação social, numa capital de

pouco ricos e muitos pobres. Denuncia os excessos da

propriedade:

"Não são os seus bens que distribuem aos pobres, são

apenas os bens de Deus que vocês destinam. O que fazem, é

usurpar só para uso pessoal, o que é dado a todos é para

ser utilizado por todos".

Ambrósio defendia a liberdade da Igreja frente ao

Estado, não tendo medo de chamar o imperador à obediência.

O grande Teodósio tinha mandado massacrar sete mil pessoas

em Tessalônica.

Ao querer entrar na Igreja, Ambrósio o excomunga e

manda para a rua: que fizesse primeiro penitência! Dias

depois, o imperador mais poderoso da terra entra na igreja

vestido de penitente, pedindo que Ambrósio o recebesse!

Sendo grande escritor, o que mais revela é sua

sensibilidade, alimentada pela oração. Nisso manifesta o

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segredo de sua vida: um ardente amor a Jesus. São as suas

ultimas palavras: "É duro arrastar por tanto tempo um corpo

já envolvido pelas sombras da morte, Levanta-te, Senhor,

por que dormes? Irás, porventura, rejeitar-me para sempre?"

Agostinho, nascido em 354 em

Tagaste (na atual Argélia), este

homem, filho da fervorosa Mônica,

torna-se a mais influente

personalidade do Ocidente cristão.

Agostinho é poeta, filósofo,

teólogo, pastor, místico e santo.

Síntese de toda a sabedoria da

Antiguidade, Agostinho marcou

indelevelmente a Igreja ocidental, a

ponto de não haver campo na vida

cristã que não tivesse recebido sua

influência.

De rara inteligência, foi a maior preocupação para sua

mãe que queria protegê-lo e conservá-lo na fé crista.Quase

impossível: Agostinho era vivo, emotivo, excessivamente

sensível, aluno indisciplinado, muito seguro de si. Vai

estudar em Cartago, onde se mete na farra mais vergonhosa.

Neste período teve o filho Adeodato. Inteligência

orgulhosa, vê o Cristianismo como "história da Carochinha",

e cai no Maniqueísmo, religião originada na Pérsia.

Mas, algo arde nele: a sede da verdade, pois sentia a

angustia de uma vida sem sentido. É um peregrino da

verdade. Vai para Roma, acompanhado pela mãe. Já professor

famoso, mas ainda insatisfeito, vai para Milão. Ali Deus o

pescou com sua rede, através da escuta dos sermões de

Ambrósio. Encontrou a Verdade.

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Pintura de Santo Agostinho

Page 32: De 100 a 590 DC (resumo)

Aos prantos, pediu o Batismo e decide voltar à áfrica

Depois chorando, confessou: "Amei-te tarde, ó beleza, tão

antiga e tão nova, amei-te tarde demais. Ah! Estavas dentro

de mim; o caso, porém, é que eu estava fora... Tocaste-me,

e fiquei inflamado da paz que tu dás".

No porto de Roma, infelizmente, morre sua mãe,

Mônica. Chegando em Hipona, quer dedicar-se à contemplação,

mas é logo escolhido para bispo desta cidade, tomando-se

chefe do episcopado africano. Passou a viver com seus

padres em vida monástica.

Sua vida de pastor não é tranqüila: pregações diária,

prega até duas vezes ao dia, administra os bens temporais,

resolve questões de justiça (cerca, muro, dívidas, brigas

de família...), atende os pobres e órfãos, enfim, uma vida

consumida pelo zelo pastoral. Apesar disso tudo, deixou 113

obras e 225 cartas. Envolveu-se em todas as controvérsias

da África e do mundo cristão. Sua mais conhecida obra, as

"Confissões", são um relato sincero e humilde de sua vida.

Agostinho e o Doutor da Graça. Salva assim a Igreja

ocidental do Pelagianismo, afirmando que a salvação é fruto

da graça, da encarnação e da redenção. Ele sentiu isso na

pele: era um pecador orgulhoso e Deus o alcançou: pura

graça, puro amor.

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CAPÍTULO 10

AS ORIGENS DO EPISCOPADO E MINISTÉRIO EPISCOPAL

Entre 313 e 590, a Igreja católica antiga em que cada

bispo era um igual, tornou-se a igreja Católica Romana, em

que o bispo de Roma tinha supremacia sobre os outros

bispos. O ritual da igreja tornou-se também mais

sofisticado. A igreja Católica Romana reflete, em suas

estruturas e leis canônicas, a Roma Imperial.

A Predominância do Bispo Romano

O termo “bispo” vem do grego “epi” (super) e “skopos”

(ver) e é, literalmente, supervisor ou superintendente ou

ainda inspetor ( no latim medieval, “especulador”).

Tentativas foram feitas para encontrar protótipos do

“bispo” cristão nos antecedentes judaicos ou gentílico do

cristianismo.

A Igreja Primitiva bem pode ter tido uma considerável

diversidade na estrutura do ministério pastoral, embora

esteja claro que algumas delas eram chefiadas por ministros

que eram chamados episcopoi e presbyteroi. Embora as pri-

meiras igrejas missionárias não tivessem sido uma livre

agregação de comunidades autônomas, não há nenhuma evidên-

cia de que bispos e presbíteros fossem nomeados em toda

parte no período primitivo. Os termos "bispo” e

“presbítero” podiam aplicar-se ao mesmo homem ou a homens

com funções idênticas ou muito semelhantes. Assim como a

formação do cânon do Novo Testamento foi um processo in-

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Page 34: De 100 a 590 DC (resumo)

completo até a segunda metade do segundo século, também o

pleno surgimento do ministério tríplice de bispo,

presbítero e diácono demandou um período mais longo do que

a era apostólica. Daí por diante, essa estrutura tríplice

se tornou universal na Igreja.

Resta-nos tratar, antes mais concisamente, o

testemunho de Cipriano de Cartago, que morreu em 258 A.D.

que constitui o terceiro modelo ou terceira ênfase do

ministério episcopal no período pré-niceno. Cipriano foi um

bispo, que imprimiu tal prioridade à sua função de

governança administrativa a tal ponto que ele mesmo

desejava escapar à perseguição e o prospecto de martírio

com seu povo por volta do ano 250 e, mais tarde, readmitir

os relapsos, a fim de continuar, de uma distância segura,

com sua administração episcopal e preservar a unidade da

Igreja sob sua supervisão.

Para Cipriano, os ofícios do bispo e presbítero são

distintos e não permutáveis. Ele também representa o

primeiro autor cristão a desenhar as três ordens como sendo

seqüencialmente cumulativas. Como Inácio, ele fala na

Igreja local como uma assembléia em torno do altar com o

bispo como seu presidente eucarístico, e, num sentido, seu

conceito da apostolicidade é até mais firme do que Irineu,

chegando a identificar os bispos com os apóstolos .

A visão da sucessão episcopal de Cipriano é um

desenvolvimento notável desde Inácio, Clemente, Tertuliano

e Irineu. É uma sucessão por meio de sagração, ou sucessão

de autoridade episcopal transmitida por meio de ordenação.

Durante esse período surgiram uma hierarquia sacerdotal

especial sob a liderança de um bispo romano, atendencia

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Page 35: De 100 a 590 DC (resumo)

para aumentar o numero de sacramentos e torna´-los os meios

principais da graça, além dos movimentos em prol da

organização da liturgia. Estas coisas serviram para colocar

os fundamentos da igreja Católica Romana Medieval.

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Page 36: De 100 a 590 DC (resumo)

CAPÍTULO 11

A IGREJA E O PAPADO

A igreja de Roma foi sem duvida a mais importante

congregação Cristã. Situava-se na capital do Império,

possuía o maior número de membros e suas raízes remontavam

a Pedro e Paulo. Acreditava-se que os restos mortais de

ambos estão enterrados sob o piso daquele edifício. Com o

declínio do Império, a igreja romana tornou-se instituição

dominante na Europa. Seus lideres afirmavam que Pedro, o

principal apostolo (Mt 16.18), havia delegado autoridade

aos bispos para que sucedessem como representes de Cristo

na Terra. Essa reivindicação reforçou a doutrina da

“sucessão apostólica” de Clemente, que deu ao bispo de Roma

autoridade sobre os demais a partir do século V, o ocupante

daquele cargo passou a ser chamado de papa ( “pai” em

latim).

O período de crescimento do poder papal começou com o

pontificado de Gregório I (540 – 604), o Grande, e teve o

apogeu no tempo de Gregório VII, mais conhecido por

Hildebrando. È bom notar que desde o principio, cada papa,

ao assumir o cargo, mudava de nome Gregório VII foi único

papa cujo o nome de família se destacou na historia depois

de sua ascensão à cadeira papal.

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Page 37: De 100 a 590 DC (resumo)

Gregório expandiu o reino de sua igreja

objetivando a conversão das nações da

Europa. O papa Gregório foi um dos fortes

defensores da vida dos monástica, havendo

sido ele mesmo um dos monges da época. Foi

um dos administradores mais competentes da

historia da igreja romana, e por isso

mereceu o titulo de Gregório o Grande. Sob o governo de uma

série de papas, durante alguns séculos, a autoridade do

pontificado romana aumentou e me geral reconhecida. São

várias as razões para justificar o crescente poder do

papado.

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Pintura de São Gregório

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Conclusão

O cristianismo firmou-se como uma religião de origem

divina. Seu fundador era o próprio filho de Deus, enviado

como salvador e construtor da história junto com o homem.

Ser cristão, portanto, seria engajar-se na obra redentora

de Cristo, tendo como base a fé em seus ensinamentos.

Rapidamente, a doutrina cristã se espalhou pela região do

Mediterrâneo e chegou ao coração do império romano.

A difusão do cristianismo pela Grécia e Ásia Menor foi

obra especialmente do apóstolo Paulo, que não era um dos 12

e teria sido chamado para a missão pelo próprio Jesus. As

comunidades cristãs se multiplicaram. Surgiram rivalidades.

Em Roma, muitos cristãos foram transformados em mártires,

comidos por leões em espetáculos no Coliseu, como alvos da

ira de imperadores atacados por corrupção e devassidão.

Em 313, o imperador Constantino se converteu ao

cristianismo e concedeu liberdade de culto, o que facilitou

a expansão da doutrina por todo o império. Antes de

Constantino, as reuniões ocorriam em subterrâneos, as

famosas catacumbas que até hoje podem ser visitadas em

Roma.

O cristianismo, mesmo firmando-se como de origem

divina, é, como qualquer religião, praticado por seres

humanos com liberdade de pensamento e diferentes formas de

pensar.

Desvios de percurso e situações históricas

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Page 39: De 100 a 590 DC (resumo)

determinaram os rachas que dividiram o cristianismo em

várias confissões (as principais são as dos católicos,

protestantes e ortodoxos).

Como diz o ditado popular, "povo sem história, é povo

sem memória, é povo sem futuro" ! De semelhante modo, sem o

conhecimento da História da Igreja Cristã, como cristãos,

estamos fadados a não ter um futuro, sem conhecimento de

causa, muito embora o Senhor da Igreja sustente o Seu povo,

a Sua Igreja, com Sua mão forte e poderosa !

O conhecimento leva o indivíduo a convicção de si

mesmo, do seu ser. O conhecimento leva a pessoa à sua

própria realidade. O conhecimento leva à consciência, à

determinação, à objetividade.

Colocados neste mundo de Deus, como testemunhas da Sua

maravilhosa graça para conosco em Cristo Jesus, somos

desafiados a escrever a História do Povo de Deus, para

testemunho ao mundo de hoje e as pessoas do porvir !

Enquanto neste mundo de Deus, somos desafiados a

encarnar o Cristo em nossas vidas, a fazer a nossa tenda, a

nossa habitação junto ao povo que está ao nosso redor, e a

demonstrar a luminosidade da presença de Deus em nossas

vidas e neste Seu mundo ! E sempre creditando que

“possamos” a fazer história em Nome do Nosso Senhor Jesus.

“somos atormentados ao confessar nossa fé, somos

castigados se perseveramos, porque se combate pelo nome

cristão” - Tertuliano em sua Apologia argumenta contra o

rescrito de Trajano.

Grupo 2 :

Página 40

Page 40: De 100 a 590 DC (resumo)

Cassiandra

Izael

Pr.João

Juliano

Pablo

Roberto

Sonia

Página 41

Page 41: De 100 a 590 DC (resumo)

Bibliografia

1. HISTÓRIA DA LITERATURA CRISTÃ ANTIGA GREGA E LATINA

De Paulo à Era Constantiniana - Claudio Moreschini / Enrico Norelli -

Editora: Loyola

2. O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS: UMA HISTORIA DA IGREJA CRISTÃ

- Earle E. Cairns / 2 ed. –São Paulo - Editora Vida Nova, 1995

3. CATOLICISMO ROMANO - Loraine Boettner, Imprensa Batista Regular, 1ª

edição, 1995, Brooklin, São Paulo

4 . DEFESA DA FÉ – Revista Brasileira de Apologética – Ano 2 – março/

abril/ 1999 – nº 11

5. MANUAL DA FÉ CRISTÃ - John Schwarz:: Tradução de Valdemar Kroker;

revisão de Bruno Guimarães – Belo Horizonte: Betânia, 2002

6. HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ - Hurlbut, Jesse Lyman – Editora Vida .

1986

7. HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ - Walker, Williston – 4ª edição - Rio de

janeiro e São Paulo – JUERP/ ASTE, 1983

8. Diversos, História de la Iglesia Católica, Tomo I, Madrid, BAC,

MCMLXIV.

9. Daniel Ruiz Bueno, Actas de los Marires, Madrid, BAC, MCMLXII.

Página 42