De coração 28
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De coração 028NOVEMBRO 2012 AnoVIII
Fusão de estilos
Matobra propõe nova colecção Designers Guild Sugestão Cliper: o efeito da pedra e do cimento com as vantagens da cerâmica
Cabine de duche da Jacob Delafon galardoada com Red Dot Award 2012
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EDITORIAL 03
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Fórmulas de sucesso
Nesta edição, entrevistámos duas empresas portuguesas que se tornaram marcas de renome mundial – o
Licor Beirão e a Revigrés.
Num momento em que o futuro próximo parece irremediavelmente comprometido pela crise instalada -
no país, nas empresas e nas famílias - poder contactar de perto com dois casos de sucesso é revigorante.
A questão que se impõe de imediato é perceber o que estas duas empresas têm em comum, dito de outro
modo, o que as faz contrariar as tendências…
Desde logo, afrontando aquilo que parece ser do senso comum, não precisaram de estar sediadas em
Lisboa ou no Porto para terem sucesso. A fábrica do Licor Beirão está sedeada na Lousã e a Revigrés em
Águeda, o que é certamente motivo de ânimo para o resto do país.
Mas especificidades à parte, o denominador comum, está na associação entre esforço e uma boa dose
de inovação e criatividade.
E é precisamente esta capacidade de pensar e fazer diferente que parece faltar aos nossos governantes.
A velha fórmula do aumento da carga fiscal como solução para equilibrar as contas é injusta e – está à
vista de todos – ineficaz.
A política de austeridade tem vindo a matar os agentes centrais da economia – os consumidores - e por
acréscimo aquele que é o verdadeiro motor de produção de riqueza de um país - as empresas.
O resultado não oferece dúvidas, só pode ser desastroso!
A continuar com este rumo, o nível de desemprego subirá exponencialmente, o sistema de segurança
social entrará em falência e o país caminha a passos largos para o empobrecimento.
Para bem de todos, é preciso ouvir quem – como os empresários que aqui trazemos – já provou que sabe
o que é gerir com inteligência um orçamento.
É preciso acabar com fundamentalismos e posturas arrogantes e insultuosas para os empresários.
O momento não pode ser de guerrilhas. É tempo de mobilizar o país, fazê-lo voltar a acreditar e restituir
confiança à Economia.
Presidente do Conselho de Administração da Matobra
... 30 anos de história falam por si
FICHA TÉCNICA
Entidade proprietária | Matobra - Materiais de Construção e Decoração, S.A.
Coordenação | Marta Rio-Torto
Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto
Fotografia | Pedro Ramos
Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva
Tiragem | 2000 exemplares
Periodicidade | Trimestral
Impressão | Joartes, Lda | Águeda
Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar 8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)
Índice
3 Editorial
7 Entrevista De coração | José Redondo
16 Com assinatura Matobra
16 | Nascido de um sonho 22 |Fusão de estilos 26 Ideias e soluções 26 | Correio do leitor: orçamento low cost para projecto de cozinha
28 | Sistemas de duche OLI para pavimentos 30 | Outlet da Matobra propõe linha Zeus para mobiliário de casa de banho
33 Entrevista | Rui Dias 39 Estilus
39 | In Art - Imagens dos nossos sentidos 40 | Matobra propõe nova colecção Designers Guild 42 | Cliper marca a diferença 47 Entrevista | Paula Roque
54 Galeria Matobra
54 | Cabine de duche da Jacob Delafon galardoada com Red Dot Award 2012
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ENTREVISTA 07
Licor BeirãoIrreverente por tradição
O que é que se bebe aqui? Licor Beirão! Provavelmente não precisou de ler para saber a resposta à pergunta, o que prova o sucesso de uma marca portuguesa que muito cedo soube reconhecer a importância de uma boa divulgação.A história da empresa confunde-se com a própria história da publicidade em Portugal e a receita do sucesso tem-se mantido igual, juntando doses generosas de criatividade e irreverência.Em pleno salazarismo, ironizar com o então governante; usar as formas generosas de uma pin-up pouco vestida, nos anos 50; simular o aparecimento de OVNIS ou, mais recentemente, contratar o Paulo Futre no rescaldo do episódio da conferência de imprensa, foram algumas das mais badaladas ousadias para promoção da marca.Mas não se pense que a “embalagem” vende só por si.Visitar a fábrica deste Licor é ter a certeza de estarmos perante um produto genuíno e de qualidade. Percebe-se assim que se entra na sala de especiarias, onde as 13 ervas que compõem o bem guardado segredo da fórmula inundam o espaço de aromas doces e intensos, que surpreendem o visitante comum pela diferença de intensidade face ao habitual produto de supermercado.A autenticidade da produção tem equivalência na do nosso entrevistado. Ao longo desta conversa, José Redondo é a personificação do espírito da marca: genuíno, irreverente e bem-humorado.
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08 ENTREVISTA
A marca Licor Beirão é hoje amplamente
conhecida, mas o que poucos saberão
é que o primeiro ponto de venda deste
Licor foi uma farmácia. Na época eram
reconhecidas propriedades terapêuticas
aos licores…
Exactamente, o Licor Beirão começou por
ser fabricado numa farmácia no séc XIX
mas, no começo do séc XX, foi proibido
vender licores como produtos medicinais.
A produção passou então a ser feita numa
pequena fábrica na Lousã, onde o meu
pai aos 14 anos trabalhou. Entretanto
teve outros empregos e quando começa a
II Guerra Mundial, a empresa onde estava
empregado retirou os escritórios de Portugal
e ficou desempregado. E foi nessa altura,
em 1940, que decidiu pedir a minha mãe
em casamento e comprar a fábrica do Licor
Beirão.
O seu pai, José Carranca Redondo,
com apenas 24 anos comprou a fábrica
investindo tudo o que tinha e teve como
primeira iniciativa pedir um empréstimo
para fazer publicidade. O que naquela
altura era inédito... Este episódio marca
a história da empresa e de certa forma
define-a…
Aí revelou o espírito dele, que se prolongou
pela vida fora e que me transmitiu, tal como
eu transmiti aos meus filhos. Pediu dinheiro
emprestado para fazer os primeiros cartazes
e como não tinha dinheiro para fazer muitos,
tinha que escolher os melhores locais para
os afixar, as melhores esquinas e estradas.
E então, por verem que ele era muito bom
nessa selecção, apareceram várias empresas
a pedir ao meu pai para afixar cartazes com
publicidade das suas empresas.
Entretanto, em 1961, sai uma lei que proíbe
a publicidade ao longo das estradas, com a
justificação de que provocava acidentes. Saiu
a lei e ninguém reagiu, excepto o meu pai
que continuou a afixar cartazes. Conclusão,
como éramos os únicos, desenvolveu-se um
negócio extraordinário. Entre as décadas
de 60 e 70 fomos a maior empresa de
publicidade nas estradas.
Mas estavam a correr riscos… Estavam a
infringir a lei…
Sim, por isso mesmo o meu pai teve que ir
a tribunal 93 vezes. Era rara a quinzena em
que não ia. Tinha acções em todo o país.
E só perdeu a primeira, que foi a única em
que levou advogado. A partir daí passou a
defender-se sozinho.
Entretanto, pode dizer-se que foi
acompanhando os negócios do seu pai
desde criança…
Comecei logo em miúdo. Depois da escola,
os meus tempos livres eram passados
aqui. Na altura, tínhamos várias empresas,
nomeadamente uma de brinquedos e outra
de material de campismo. Depois criámos
uma serigrafia para fazer a publicidade,
onde fazíamos todos os materiais de que
precisávamos.
Na serigrafia também se faziam os painéis
de publicidade que se viam ao longo da
estrada, que começaram por ser feitos em
madeira. A certa altura surgiu a ideia de os
fazer em fibra de vidro e tornámo-nos das
primeiras empresas do país a produzir nesse
material. Depois, passámos à sinalização
rodoviária. Entre meados dos anos 60 e 80
praticamente toda a sinalização rodoviária
do país, sobretudo a nível de Câmaras
Municipais, era fornecida por nós em fibra
de vidro. E como era necessário, tanto na
sinalização rodoviária como nos painéis
de publicidade, utilizar material e líquido
reflector (e só havia na altura uma empresa
no mundo que os fabricava) começámos
também a produzi-los. Eu tinha na altura
19, 20 anos. Vendemos muito para Espanha
e França.
Hoje em dia o único negócio é o Licor
Beirão?
Sim, é. O meu pai teve muitos negócios e
durante muitos anos o Licor Beirão funcionou
quase como um produto artesanal a que
nem dava grande atenção. Era mais a minha
mãe a desenvolvê-lo. Mas, a partir de 1985,
quando entrámos na grande distribuição,
começou a exigir uma atenção exclusiva.
Os negócios têm que evoluir. Qualquer
negócio em que a empresa não esteja
permanentemente atenta e a informar-se
tem por tendência cair. E não era possível
com a nossa capacidade de gestão atender
a todos os negócios que tínhamos.
Foi uma escolha racional, mas também
“ O meu pai teve que ir a tribunal
93 vezes. Era rara a quinzena em
que não ia. Tinha acções em todo
o país. E só perdeu a primeira, que
foi a única em que levou advogado.
A partir daí, passou a defender-se
sozinho.”
“Exportamos directamente para
cerca de 40 países, mas o Licor
Beirão é vendido em mais de 80.
Onde há um português, há um
Licor Beirão.”
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10 ENTREVISTA
emotiva… Por um lado, nessa altura o Licor
Beirão começou a crescer mais, mas também
sentíamos que era um produto da família.
Hoje, exportamos directamente para cerca
de 40 países, mas o Licor Beirão é vendido
em mais de 80. Onde há um português, há
um Licor Beirão.
Foi desde cedo uma marca que se
posicionou pela valorização de um
produto intrinsecamente nacional, o
que era um pouco contra o que estava
então em voga, que era o apreço pelo
que vinha de fora. O slogan “O Licor
de Portugal”, hoje parece fazer todo o
sentido, mas à época não era a escolha
mais óbvia…
Eu tinha 18 anos quando lancei essa frase e
na altura, os meus colegas gozaram comigo
porque entendiam que não lhe devia
chamar Licor de Portugal, para poder vender
teria é que lhe chamar Licor de França! Mas
eu insistia e dizia Beirão é de Portugal, não
tenho que ter vergonha de ser português.
A teoria de então era que para os produtos
portugueses serem vendidos teriam que ter
um nome estrangeiro, porque tudo o que
vinha de fora é que era bom.
Veja, passados tantos anos, o orgulho que
nós sentimos nos produtos nacionais e dá-
me grande satisfação verificar que, de certa
forma, iniciei um processo que na altura era
criticado. Hoje o título “O Licor de Portugal”
é uma marca registada.
Uma outra imagem de marca é a
irreverência e a ousadia. Nos anos 50,
o célebre cartaz da pin-up foi muito
contestado...
Sim, foi! Aliás um dos nossos funcionários,
por duas ou três vezes, quando estava a
afixar o cartaz, foi afastado pelos donos
das casas, numa delas de espingarda em
punho, dizendo: “Tire-me isso, que isto não
é nenhuma casa de meninas!” Na altura,
era uma coisa séria!
E em pleno Salazarismo a escolha
do slogan “O Beirão de quem todos
gostam” numa ironia que remetia para
o então governante…Foi preciso uma
boa dose de coragem…
Pois, o meu pai não era comunista, mas era
do reviralho, ou seja, do contra. Ele estava
sempre a contestar todas as decisões do
Salazar. Naquela altura, havia um professor
primário aqui na terra que chamou à
atenção ao meu pai: “Ó Carranca, olha
que não é o Beirão de quem todos gostam,
mas o Beirão de que todos gostam, o que
refere-se a coisas e o quem a pessoas”. E
o meu pai respondeu-lhe: “ Mas eu estou-
me a referir a pessoas!” Estava-se a referir
ao Salazar, que era Beirão. O Salazar viu o
cartaz e até achou graça. O secretário dele
(que era casado com uma senhora daqui da
Lousã) um dia estava a despacho com ele e
perguntou-lhe se ele conhecia o slogan e ele
sorriu e disse que sim: “Esse seu patrício tem
muita laracha!”
E é verdade que na década de 60 pôs os
jornais a noticiarem o aparecimento de
OVNIS aqui na zona?
Sim, é verdade. Na altura, falava-se muito
nos OVNIS e muita gente dizia que os
via. O meu pai lembrou-se de fazermos
umas estruturas circulares com 3m de
diâmetro, com ripinhas de cana, como se
fosse uma armação de um papagaio, e no
meio colocávamos meia dúzia de balões
com azoto e 2 ou 3 lanternas. Quando
começava a anoitecer, lançávamos o nosso
“OVNI”, que era transportado pelo vento.
Passava por Góis, Arganil, Castanheira
de Pera… Não imagina a quantidade de
notícias que apareciam de pessoas a dizer
que tinham visto um OVNI. O objectivo era
pôr as pessoas todas a falar no assunto e
depois, mais tarde, vinha-se a saber que
tinha sido uma brincadeira do José Carranca
Redondo, do Licor Beirão. O meu pai achava
que o importante era que falassem de
nós, nem que fosse a dizer mal. Portanto,
aproveitávamos todas as circunstâncias para
que a marca Licor Beirão fosse referenciada.
Hoje, estamos entre as empresas portuguesas
com maior dimensão em publicidade. A
nível de bebidas estamos em 3º lugar. Para
ter uma noção, estamos ao nível da Sagres
em investimentos publicitários.
Actualmente trabalham com as
melhores agências publicitárias do país.
Entre as últimas campanhas destaca-se
a que fizeram com o Futre. Como é que
“Um dos funcionários da empresa,
por duas ou três vezes, quando
estava a afixar o cartaz [da pin-up]
foi afastado pelos donos das casas,
numa delas de espingarda em
punho.”
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foi essa experiência?
Qual era a empresa, para além da nossa,
que conseguia em 8 dias pôr a publicidade
do Futre cá fora? Na maioria era impossível,
mas foi assim que aconteceu! O Futre
tinha acabado de dar aquela célebre
conferência de imprensa, quando recebi o
contacto da agência de publicidade com
que costumamos trabalhar para saber se o
queríamos contratar. Eu disse logo que sim,
naturalmente era uma questão de preço.
Mas não tive problema nenhum com o facto
de naquela altura estar toda a gente a gozar
com a intervenção dele na conferência de
imprensa. Posso-lhe dizer que na primeira
abordagem da agência ele recusou, na altura
estava deprimido e não estava interessado
em ter visibilidade de novo e quando me
comunicaram eu pedi que insistissem com
ele, dizendo que quem o queria contratar
era o Licor Beirão. E a verdade é que ele
aceitou.
O primeiro contacto telefónico foi numa
quinta-feira, na sexta-feira ele aceitou
e marcámos a sessão fotográfica para a
quarta-feira seguinte em Lisboa.
Fomos para Lisboa ainda sem o contrato
assinado. Quando o vi disse-lhe que tinha
admiração por ele, pois só as pessoas
inteligentes têm capacidade de se rir de si
próprias. Ele deu-me um aperto de mão
sentido e passou as 4 horas seguintes numa
sessão fotográfica do mais cansativo que
possa imaginar, sempre com boa disposição.
Tirou mais de 1000 fotografias! Dois dias
depois saíram os primeiros múpis.
Repare, não passámos meses a fazer
estudos de mercado ou a discutir se a ideia
tinha ou não viabilidade. Faz parte do ADN
da empresa arriscar e a verdade é que foi
uma campanha fabulosa, que resultou
muito bem.
Passado um mês e meio, lançou o livro dele
e convidou-me para a apresentação. Eu ia
absolutamente convencido de que ele já
nem se lembrava de mim… Quando cheguei
encontrei uma sala com umas 200 pessoas.
Ele quando me viu, atravessou a sala, deu-
me um abraço, dois beijos e disse-me: “Sr.
Redondo, isto foi o casamento perfeito.
Muito obrigado por tudo!”
O marketing foi sempre uma área
fundamental desta empresa, mesmo
antes de o termo existir, tornando-a
um marco decisivo na história da
publicidade em Portugal. Hoje sente que
este licor vende tanto pela publicidade
como pela bebida em si?
Nós podemos ter o melhor produto do
mundo. Se não o soubermos publicitar não
o vendemos. Fica restrito a meia dúzia de
pessoas. Mas também podemos fazer as
melhores campanhas do mundo, se não
tivermos um produto de qualidade também
não vendemos. Esta interligação marketing /
qualidade do produto é fundamental.
Em termos de qualidade é um produto
inexcedível, não encontram melhor.
A receita do Licor Beirão é um
segredo muito bem guardado. Os seus
funcionários não a conhecem?
Só eu e um dos meus filhos conhecemos a
receita. Antes de mim, a minha mãe.
Está a preparar novos produtos para
chegar a outros públicos? O Caipirão,
por exemplo, teve boa aceitação…
Quando os meus filhos acabaram as
licenciaturas e vieram trabalhar para a
fábrica, como é natural, ainda estavam
ligados à Academia e às festas estudantis.
E então lançaram em 2002 o Caipirão,
para ser consumido por novos públicos. Há
pessoas que não gostam de licores, portanto
foi uma forma de levar o nosso produto a ser
apreciado de uma forma diferente, isto é,
como cocktail. O mesmo com o Morangão.
Tivemos muito boa aceitação.
O seu pai faleceu em 2005 e actualmente
tem o apoio de dois dos seus filhos a
trabalhar consigo. Como é que vê a
integração desta 3ª geração na empresa?
Eu fiz com os meus filhos aquilo que o meu
pai fez comigo. Tal como eu, também os
meus filhos, nos tempos livres, vinham para
a fábrica. Muitas vezes, andavam a brincar
e a fazer asneiras, mas os jovens têm um
poder de observação muito grande e o
facto de andarem por aí permitia-lhes ir
percebendo o funcionamento da fábrica.
É muito mais fácil um funcionário aceitar
uma ordem do filho do patrão quando sabe
que ele já esteve a colar rótulos, passou pelo
“Estamos entre as empresas
portuguesas com maior dimensão
em publicidade.”
“Qual era a empresa, para além
da nossa, que conseguia em 8 dias
pôr a publicidade do Futre cá fora?
Na maioria era impossível, mas foi
assim que aconteceu!”
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ENTREVISTA 13
alambique, pela caldeira, etc do que se vem
da Suíça ou da América com o curso XPTO.
Se quer alterar alguma coisa, a reacção é
logo de desconfiança e boicota-o, porque
não lhe dá crédito.
Também já faço o mesmo com os meus
netos. Nos tempos livres, vêm à fábrica,
fazem relatórios daquilo que produzem e
com base na sua produtividade recebem um
x, que é negociado. Um euro, dois euros, às
vezes três…
Com a crise os portugueses bebem
menos ou mais, para esquecer?
Não lhe sei responder…Felizmente, estamos
a conseguir aguentarmo-nos muito bem.
Sentimos quebras ligeiras no mercado
nacional, mas estão a ser suportadas pelo
mercado externo.
Numa fase em que muitos empresários
estão preocupados com a actual crise e
sentem grandes dificuldades em gerir
a sua empresa que conselho daria a
alguém nesta situação?
Eu acho que o grande drama de muitos
empresários é o facto de não terem sabido
criar reservas. Criou-se a ideia de que o país
iria crescer continuamente e não haveria
mais nenhuma crise tão cedo. E muitas
vezes os dinheiros que vieram do estrangeiro
não foram aproveitados para criar riqueza.
Foram gastos em coisas supérfluas e
neste momento muitas empresas não
estão a suportar a crise porque estão
descapitalizadas.
E isto também é válido para as famílias. Nos
últimos 30 anos não houve uma educação
para se criar poupança. Eram os próprios
bancos que incentivavam ao endividamento.
Muitos empresários fizeram empréstimos
sucessivos, para investir continuamente,
sem preocupação de criar reservas para
suportar qualquer momento menos bom.
Como é que vê a actuação deste
governo?
Nós estamos num momento péssimo.
Quer queiramos quer não temos que pedir
dinheiro emprestado para pagar toda
a gestão do Estado. E quando se pede
dinheiro emprestado, seja a quem for,
somos muitas vezes obrigados a aceitar as
condições de quem nos empresta. Portanto,
a troika já devia ter vindo há muitos anos
antes, porque talvez se os orçamentos de
estado não tivessem sido fiscalizados pelos
Tribunais de Contas, que também são
políticos, mas por uma entidade externa
ao país, não tivessem sido feitas as asneiras
que se fizeram. É calamitoso ter-se investido
tanto dinheiro em estradas, em estádios de
futebol, quando o dinheiro deveria ter sido
investido nas empresas que são quem gera
riqueza.
E os estímulos à Economia, onde estão?
Se não temos dinheiro como é que vamos
fazê-lo? Como é que é possível incentivar
a economia? Para já, a condição sine qua
non seria reduzir a despesa do Estado, mas
também não vejo nada disso. É acintosa
a megalomania do Estado que continua a
gastar como se estivéssemos no melhor
dos mundos. Tem que partir do próprio
governo a imagem de que é preciso poupar.
É escandaloso passar pela porta de um
organismo de Estado e ver durante o dia
quinze viaturas de estado paradas, com os
motoristas a conversarem uns com os outros.
Eu, como patrão, mesmo tendo condições
acima da média, tenho que dar o exemplo
de ser modesto. Não posso afrontar aqueles
que não tiveram as mesmas oportunidades
que eu tive.
“Nós podemos ter o melhor
produto do mundo. Se não o
soubermos publicitar não o
vendemos.”
“É acintosa a megalomania do
Estado que a continua a gastar
como se estivéssemos no melhor
dos mundos. Tem que partir do
próprio governo a imagem de que
é preciso poupar.”
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14 ENTREVISTA
De perfil…
Uma referência?
Nelson Mandela.
A música que não se cansa de ouvir?
A música do António Variações e da Amália.
O filme que o marcou?
Casablanca.
Um livro?
Pappilon, de Henri Charriére.
Um objecto de que não se separa?
Esferográfica.
Quando tem tempo gosta de…?
Passear com a mulher, o que faço todos os dias à noite.
O prato a que não resiste?
Qualquer um com bacalhau.
Uma bebida?
Licor Beirão.
Destino de férias?
Nova Zelândia.
Uma viagem que o tenha marcado?
Nova Zelândia.
Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?
Como qualidade destaco a franqueza e como defeito a teimosia.
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16 COM ASSINATURA MATOBRA
Nascido de um sonho
Recuperar um antigo celeiro e transformá-lo num espaço para viver.
Foi este o desafio do proprietário da casa que seleccionámos para
este número.
O espaço está há várias gerações na família, daí que a intervenção
levada a cabo assuma toda a carga histórica da estrutura.
O velho e o novo, o passado e o futuro, assumem-se em dois volumes
marcadamente contrastantes entre a arquitectura tradicional e
contemporânea.
Feita a recuperação do edificado, à equipa da Matobra coube o apoio
no projecto de decoração.
Em sintonia com o gosto do cliente, optou-se por um estilo neo-
clássico, que sintetiza o espírito do edifício, com um mobiliário de
linhas estilizadas e atemporais.
Nas janelas, intencionalmente deixadas sem cortinados, o exterior
entra dentro de casa.
A Serra em redor dá o mote para uma decoração orgânica que realça
a nobreza dos materiais escolhidos. Ao toque quente da madeira é
associada a sofisticação do pau-ferro e o acabamento em alto brilho.
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COM ASSINATURA MATOBRA 19
Na zona mais rústica do edifício, para
equilibrar o toque frio da pedra, na escolha
das cores era importante privilegiar os tons
quentes. A opção foi para o vermelho, em
diferentes tonalidades, presente na sala e na
cozinha, duas divisões comunicantes que,
desta forma, assumem uma harmonia de
conjunto.
Na sala, um espaço mais nobre por definição,
o vermelho escuro, próximo do bordô, cria
um ambiente de maior requinte.
Já na cozinha, a aposta foi para um
ambiente fresco, mas não demasiado
garrido. O vermelho mais enérgico da mesa
de refeições é simetrizado pela sobriedade
dos móveis de cozinha.
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20 COM ASSINATURA MATOBRA
Nas casas de banho, o revestimento e
pavimento são Revigrés.
A opção foi para a série Xisto que remete
para a pedra natural, com vantagens na
facilidade de manutenção e limpeza do
material.
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22 COM ASSINATURA MATOBRA
Fusão de estilos
Até há uns anos atrás a maioria das casas eram mobiladas e não decoradas. O conceito era simples: escolhia-se uma linha de móveis e
compravam-se todas as peças do mesmo conjunto.
O resultado era demasiado previsível e por isso mesmo – à luz das tendências actuais de personalização - pouco interessante.
Hoje cada espaço deve ser visto como um desafio e sempre um resultado original.
Uma tendência forte é a fusão de estilos e de materiais, numa inspiração eclética que sintetiza a amálgama de influências culturais e
estéticas que circulam pelo mundo inteiro.
Os espaços adquirem uma personalidade multi-facetada e ainda que combinando peças aparentemente improváveis, consegue-se uma
harmonia visual.
Não tenha medo de arriscar, mas lembre-se que é importante encontrar um ponto de coerência. Verá que o resultado é bem mais apelativo.
O ambiente seleccionado pela equipa de decoração da Matobra é um bom exemplo.
Quem diz que a mesa e as cadeiras têm que ser da mesma linha?
Nesta sala de refeições, a mesa é um modelo neo-clássico em pau-santo que contrasta com o estilo romântico das cadeiras lacadas
a branco. Nos topos, as cadeiras forradas a tecido, acrescentam um novo elemento, ao mesmo tempo que suavizam o contraste dos
materiais.
O aparador é uma peça versátil que se adapta a qualquer tipo de decoração. Facilmente se integra num ambiente contemporâneo ou num
espaço marcadamente clássico.
Neste caso, o equilíbrio do conjunto é conseguido pelos tons branco e bege, que estão presentes no tecido, no papel de parede e nos
acessórios.
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26 IDEIAS E SOLUÇÕES
Comprei recentemente um T1 que precisa
de ser remodelado.
Para já quero dar prioridade à cozinha,
mas o orçamento não pode ultrapassar os
3500€, incluindo os electrodomésticos.
Da minha casa actual vou levar o frigorífico,
a máquina de lavar a louça e a mesa de
refeições, mas falta-me tudo o resto.
Qual é a melhor forma de aproveitar o
espaço, conseguindo uma solução funcional
e dentro do orçamento disponível?
Fernanda Ferreira, Figueira da Foz
Cara leitora,
A nossa proposta é um conjunto de móveis
da INATA que conjugue duas opções:
termolaminado com efeito de madeira de
carvalho para os inferiores e melamina com
acabamento beje mate para os superiores.
Esta conjugação aumenta o interesse
visual do conjunto e confere um aspecto
contemporâneo ao ambiente.
O tampo de cozinha é em silestone Branco
City.
Nos eletrodomésticos, o forno, a placa e o
exaustor são da Zanussi.
O lava louça e misturadora de cozinha são
da Rodi.
MÓVEIS + TAMPO + ELECTRODOMÉSTICOS = 3540€ (IVA incluído)
Correio do leitor:
Orçamento low cost para projecto de cozinha
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28 IDEIAS E SOLUÇÕES
Sistemas de duche OLI para pavimentos
Melhor acessibilidade e personalização dos espaços de banho. É esta a proposta da OLI com os sistemas de duche
para pavimento.
Com uma ampla gama que contempla várias medidas e diversas possibilidades de instalação, trata-se de uma
solução que garante maior liberdade de movimentos, permitindo em simultâneo maior criatividade na concepção
da zona de duche, com uma estética agradável e minimalista.
Com uma instalação extremamente simples, os sistemas de duche integrados no pavimento têm como base
painéis em poliestireno de alta densidade que garantem um correcto escoamento de águas e um isolamento
perfeito da zona de duche.
4 tipologias: Diferentes medidas, diferentes opções
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Drenagem central, com grelha quadrada.
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IDEIAS E SOLUÇÕES 29
X-CENTER
Drenagem central, com grelha quadrada.
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X-BORDER
Drenagem lateral, com grelha rectangular.
X-CORNER
Com a drenagem oculta, a água escorre pelas fissuras laterais que formam o canto.
Drenagem central, com grelha quadrada. O sifão é rebaixado, tornando esta solução
ideal para remodelação, ou para situações com altura do pavimento limitada.
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30 IDEIAS E SOLUÇÕES
Outlet da Matobra propõe linha Zeus para mobiliário de casa de banho
Preço imbatível, funcionalidade e design
Baixo preço, funcionalidade e um design agradável.
É esta a proposta do outlet da Matobra para o seu mobiliário de casa de banho com a linha Zeus.
Com um estilo simples e contemporâneo, estes móveis adaptam-se a todas as decorações, permitindo optar pelos acabamentos branco ou
wengue e com lavatório disponível em 6 cores – branco, pistacho, laranja, vermelho, negro e cerâmico.
Para além do impacto visual, estas peças garantem muito espaço para arrumação.
Com várias opções de tamanhos, para além do tradicional móvel de lavatório, esta linha inclui diversos móveis auxiliares. E porque cada
centímetro é precioso, destacam-se as colunas que aproveitam o espaço em altura, tornando-se uma excelente ajuda para acrescentar
áreas de arrumação extra.
De acordo com a sua preferência, esta peça pode ainda incluir a opção de tulha para roupa suja, facilitando a sua rotina matinal.
Recordamos que o outlet da Matobra - Mercado Popular - está aberto durante a semana entre as 8h45 e as 18h30 (com interrupção para
almoço entre as 13h00 e as 14h45) e aos sábados entre as 8h45 e as 13h00.
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IDEIAS E SOLUÇÕES 31
Mobiliário com opções branco e wengue
Lavatório disponível em 6 cores
MÓVEL + LAVATÓRIO A PARTIR DE 94,80
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ENTREVISTA 33
A honestidade constrói-se
Rui Dias não se tornou escravo do trabalho porque depressa aprendeu a gostar do que faz. Natural da Flor
da Rosa, Almalaguês, este construtor agitou o mercado, já que avançou com
a Hievila numa altura em que muitas empresas desaparecem. Critica a entrada
desmesurada de gente sem experiencia e competência no setor porque é fiel a princípios tao importantes como a
honestidade e o valor da experiência. Destaca a importância do serviço pós-venda e a atualização constante pela
qualidade e funcionalidade dos materiais porque o cliente é o primeiro, o último e o único objetivo desta estória que se
quer duradoura. Numa empresa jovem, um empresário experiente traça o seu
destino, o de o deixarem acreditar que é possível construir um futuro melhor, pelo
crédito aos bancos ou pela crença num mercado de reconstrução que pode ser
importante para o setor.
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ENTREVISTA 35
A sua atividade profissional sempre se
desenvolveu na construção civil?
Comecei a trabalhar por conta própria desde
os dezassete anos, tendo desempenhado as
funções de servente de pedreiro nos dois
primeiros anos, depois tive uma experiência
numa empresa construtora, em Coimbra.
Mais tarde, em 1988, iniciamos atividade na
Compralar, em que éramos dois sócios, uma
empresa que terminou no ano de 2010.
Independentemente dessa situação, já tinha
decidido avançar para outro projeto, assim
nasce a Hievila, em 2008, de modo que a
minha vida se tem passado neste ramo.
Porque é que resolve apostar neste
setor?
O meu percurso começa por necessidade e
não foi propriamente uma aposta, já que
depois de terminar o sexto ano, houve
a obrigação de fazer face às despesas
familiares. Daí que tenha começado a
trabalhar com um vizinho e tive a sorte
de descobrir que sentia um enorme gosto
a desempenhar estas funções e que
aprendia depressa os princípios e técnicas
do oficio. Passei por vários percursos desde
a subempreitada de construções próprias
até à venda de imoveis, de modo que tive
várias oportunidades de evoluir na minha
aprendizagem.
A Hievila aparece com que objetivos?
As empresas não duram para sempre e a
primeira experiência, que durou cerca de
vinte e dois anos, fez-me ter a noção da
necessidade de nos adaptarmos às leis do
mercado em constante mutação. Pelo que
resolvi, juntamente com a minha mulher,
traçar outro destino e aproveitar outras
possibilidades, daí o nascimento da Hievila,
em 2008. A filosofia da empresa, apesar
de ser uma construtora que também faz
construção nova, é a de complementar a sua
atividade na reconstrução, de se orientar e
direcionar para este mercado, aproveitando
novas oportunidades que surjam e dinamizar
este nicho que pode se apresentar como um
ponto fulcral para o sucesso deste setor.
Qual o cunho pessoal que tenta incutir
às empresas que gere?
A honestidade acima de tudo, que se
reflete no apoio ao cliente, no serviço pré
e pós-venda e é por esse comportamento
que mantenho os mesmos clientes há
muitos anos. Sei que o bom-nome demora
a construir-se e eu tenho sentido essa
reciprocidade por parte das pessoas. Depois,
na parte de obra, tento ser o mais exigente,
quer na mão-de-obra, quer na escolha de
materiais de qualidade porque só isso nos
garante alguma rentabilidade.
E como podemos verificar a qualidade
desses materiais?
Existe a obrigação de elaborar uma ficha
técnica que é entregue aos clientes, para
que tenham o devido conhecimento das
características técnicas dos materiais que
compram. Além disso, numa fase anterior,
nós levamos os clientes a casas especializadas
para que se possam informar devidamente
e possam estar mais conscientes sobre as
escolhas que fazem.
O que é que o faz continuar no contexto
de crise atual?
Acredito num futuro melhor e essa
atitude positiva é essencial, daí que
continuo a laborar e, neste momento,
estou a empreender um bloco de nove
apartamentos. Nos últimos dois anos, a crise
acentuou-se e tenho conseguido atingir os
objetivos, mas também não tenho ido em
grandes aventuras. Obviamente que as
empresas têm de se adaptar à realidade
e, as margens e lucros de outrora são
impraticáveis, daí que a prioridade seja
vender a preços baixos mas justos, para que
a empresa continue a sobreviver. Estamos a
assistir a uma filtragem de muitas empresas
que vieram para este setor para se servir dele
e acredito que quem tenha competência
e organização vai continuar a provar o seu
valor.
O que é que a Hievila tem dito à crise e
como se tem comportado?
Continuamos a fazer a aposta na qualidade
e de nunca abdicar de valores como a
honestidade. As empresas vivem uma fase
de grande pressão, já que os apoios das
instituições bancarias são difíceis e, se não
fossem os recursos próprios conseguidos
durante estes anos, a realidade ainda se
tornava mais dramática. Uma das questões
que mais preocupam os construtores é o
facto dos bancos se apresentarem como
concorrentes no setor, o que cria uma
desigualdade muito difícil de combater. Mas
volto a destacar a importância na esperança
de um futuro mais risonho e proveitoso.
A construção apresentou-se sempre
como o motor da economia. Acredita
que pode continuar a ser ou será
desejável que não volte a sê-lo?
O setor da construção civil jamais terá o
volume dessas décadas. Neste momento,
temos é de perceber a mudança do
paradigma a que estamos a assistir e de
saber adaptar-nos a essa nova realidade. A
reconstrução e a renovação têm de ser um
mercado de impulsionamento e que pode
permitir que várias empresas continuem a
laborar e a dinamizar a economia. Acredito
que esta fase de recessão vai abrandar e
que vão ficar aqueles que são competentes,
que têm a experiência e que acreditam na
reconstrução como complemento à sua
atividade. Existe uma clara mudança de
mentalidade, as pessoas dão mais valor ao
local onde se sentem bem e onde passaram
muitos anos, apostando numa reconstrução
mais moderna e funcional e é importante
perceber isso.
Tem de existir uma filosofia diferente
neste setor?
A minha perspetiva é de que devemos
apostar na remodelação das nossas
cidades e dos nossos bairros e não inventar
construções novas sem razão, que sempre
vão existir, desde que justificadamente. Em
termos de volume, a construção nova que
se vai verificar vai ser um nicho em relação
ao que se fez no passado. Outro fator que
pode ser potenciado é o do aluguer de
imoveis, pelas necessidades a que o ritmo
da vida moderna impõe e pela constante
mutação na vida profissional das pessoas.
Porque é que chegámos a este ponto de
rutura?
A vinda de vários indivíduos e empresas para
o setor, sem os conhecimentos necessários,
só porque tinham grandes reservas de capital
danificou o ramo sobremaneira, porque
criou uma realidade ilusória. Os clientes são
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36 ENTREVISTA
mais bem preparados e informados e passou
a existir uma necessidade de atualização
constante e que veio comprovar que muitas
empresas nunca se prepararam e já não
foram a tempo pela falta de experiência.
Atualmente, exigem-se alterações aos
projetos e quem só estiver agarrado ao
que está na memória descritiva é capaz
de ficar ultrapassado. A nossa obrigação
é de estarmos preparados para todas
as questões que os clientes nos possam
colocar sobre a qualidade e funcionalidade
dos mais diversos materiais e fases da
obra. Por exemplo, no passado, decorava-
se um prédio de dez apartamentos todos
da mesma forma e obedecendo ao mesmo
padrão, isso gerou alguma asfixia no campo
da oferta da qualidade porque essa filosofia
tornou-se impensável. Temos de pensar um
pouco na intemporalidade da decoração e
da construção.
De que forma é que empresas
aventureiras se podem fixar no setor?
Se não tiverem algum capital próprio que
lhes permita abertura de negociação com
as instituições bancárias não têm hipótese
de sobreviver. Sem esse suporte, as pessoas
nem devem ponderar em avançar com a
constituição de uma empresa, daí que a
dependência pelo setor bancário se tornou
um dos fatores que asfixiam o próprio setor
ainda, para mais com a concorrência desleal
que se verifica, já que se apresentam como
imobiliárias e que dão vantagens aos clientes
que comprem os seus imóveis.
Quer indicar alguns pontos de mudança
para que o setor seja sustentado?
Tem de existir outro tipo de postura política
porque os cidadãos não sentem a segurança
necessária e o fator da imprevisibilidade
acaba por fazer recuar alguns possíveis
clientes que possam surgir, pela
impossibilidade de se fazer planeamento de
vida, o que deveria verificar-se como uma
prioridade politica.
Coimbra tem sido um bom cliente na
crise atual ou tem-se comportado como
um enfant terrible na procura de novas
soluções?
Estamos a apostar em algumas
reconstruções, fora da cidade, e não em
construções novas para venda, como
acontece no centro. Pelo que conheço de
outros locais, Coimbra ainda é uma cidade
que agita o mercado, acredito que esteja e
que consiga sobreviver à crise. A ideia de
que é uma cidade do estudante e do doutor,
até tem ajudado a impulsionar o setor, já
que algumas pessoas nos procuram para
adquirir imoveis porque os filhos vieram
estudar para a cidade e depois acabam por
mudar-se e ficar.
Como é que a Hievila encara o mercado
da reconstrução?
Não vai ser um milagre que vem resolver
os problemas do setor mas vai permitir
a sustentabilidade de várias empresas,
creio mesmo que pode ser um mercado
dinâmico e forte. Neste campo, existe uma
forte concorrência em Coimbra e sentimos
que andamos aqui a prejudicar-nos uns
aos outros. Porque não está presente uma
estratégia empresarial, porque só podemos
ser competitivos até ao momento em
que os preços e margens permitam fazer
face aos custos da empresa. Outros criam
preços fictícios e acabam por destruir as
empresas que dirigem e por criar uma
imagem irreal do próprio mercado, o que
prejudica todos os elementos que têm
de sobreviver nele. Outro ponto a ter em
conta, é o acompanhamento constante ao
cliente, já que vamos ser obrigados a fazer
varias alterações e a fazer muitas vontades
porque, na reconstrução, passa a existir uma
maior proximidade do cliente com a casa, já
que o projeto passa a ser dele, nem que só
esteja na cabeça.
Como é que os nossos responsáveis
políticos devem impulsionar este
mercado?
Nos centros das cidades deteriorados não é
fácil trabalhar, pelas exigências autárquicas e
pela burocracia existente, parece que quem
deveria tornar mais simples o processo ainda
consegue complicar mais. As autarquias
estão atualizadas em termos de pessoal
especializado mas o que sentimos, é que
no processo burocrático, há ainda muito a
melhorar.
O que gostaria ainda de construir neste
percurso que já leva?
Gostaria de continuar neste ramo e de ser
coerente nas construções que faço com
as zonas onde estão inseridas. Construir
com rigor, com beleza e com atualização
constante, melhorando as condições de vida
dos locais e das pessoas.
Entre a experiência do percurso e a
juventude do empresário, para onde
quer seguir a Hievila?
Seguir em frente mas muito devagar, sem
nos preocuparmos muito com os projetos
para o futuro, viver o dia-a-dia com os pés
no chão.
Qual é o vício desta atividade?
Mexe com muitos pormenores, trabalhamos
e falamos com muita gente diferente,
com arquitetos, fornecedores e clientes.
Criamos uma mentalidade de aprendizagem
constante e de uma aposta contínua em
melhorar, pelo que isso cria um vício muito
saudável. O facto de incorporarmos uma
curiosidade constante, o de fazer diferente
e melhor, o facto de ver nascer um marco
para o futuro.
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ENTREVISTA 37
Breves
O que é um construtor?É um homem experiente no ramo e que tem a sensibilidade de aceitar a opinião daquele que sabe mais do que ele.
Uma obra que gostou de fazer?Uma moradia em Lordemão.
Um monumento construído que o fascina?A Torre no Dubai.
É possível construir um mundo melhor?Com honestidade.
A cidade mais bem construída?Lisboa.
Um sonho por construir?Uma viagem ao Dubai.
Um objetivo construído?A minha carreira.
O que é o sucesso em construção?Deixar o cliente satisfeito e dar-lhe o apoio que ele merece.
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ESTILUS 39
In Art – As Imagens dos Nossos Sentidos
A Novellini, pelas mãos da Arpirel, deixa a sua
marca na personalização dos espaços do banho pelo
rejuvenescimento constante das suas apostas.
Desta vez, destacamos a Coleção In Art que, para além
de dar cor e imagem à sua casa de banho, é vocacionada
para espaços de forte circulação, como os Hotéis, os
Resorts, Balneários, Centros Comerciais e Centros de
Saúde e Bem Estar.
Tanto a série Kuadra nas divisórias de vidro, como a
Sole nos radiadores, destacam-se pela versatilidade
de permitir escolher, num vasto banco de imagens, a
decoração que o utilizador pretende ver na sua casa de
banho.
Para além das imagens standartizadas, em ambos os
casos, é possível personalizar os equipamentos com uma
foto escolhida.
No caso dos radiadores destaque ainda para a opção de
comando à distância que permite uma maior fiabilidade
na regulação e controle da temperatura ambiente.
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40 ESTILUS
MATOBRA PROPÕE NOVA COLECÇÃO
DESIGNERS GUILD - PAVONIA
A colecção de Outono/Inverno de tecidos e papel de parede da
Designers Guild foi recentemente apresentada.
Inspirada na estética boémia de finais do século XIX realça as texturas
orgânicas e tons naturais que criam uma atmosfera colonial e eclética.
A paleta de cores dá predominância aos violetas e azul cobalto, mas é
também marcada pelo fúcsia, o verde e o cinza.
Os tons surgem muitas vezes com um efeito aguarela, com destaque
para o esfumado e o degradé.
Os padrões são elaborados, com forte inspiração na natureza, marcados
pelas formas exuberantes das flores XL, equilibradas pelo efeito suave
das cores esbatidas.
Para mais informações sobre este e outros produtos da Designers Guild,
visite o Showroom da Matobra de segunda a sábado entre as 9h30 e
as 19h00 (com interrupção para almoço entre as 13h00 e as 14h00).
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Sugestão Cliper O efeito da pedra e do cimento
com as vantagens da cerâmica
A Cliper apresentou, na Cersaie, a sua nova linha de
produtos, no formato 60x60 em Grés Porcelânico. Visando
responder às necessidades actuais do mercado, aliando a
tendência cromática e a estética de modo a criar espaços
inovadores, a marca procura dar sentido aos nossos
sentidos.
A nova gama é composta por duas séries distintas, que
apostam na perfeição pela qualidade do produto: Soho e
Défense.
Soho tem a sua génese no cimento e apresenta quatro tons
(branco, cinza claro, cinza, antracite) e dois acabamentos
(rectificado e rectificado semi-polido).
Défense lembra a pedra natural, apresenta cinco
tonalidades (antracite, cinza, branco, bege, castanho) e
dois acabamentos (rectificado e rectificado antiderrapante).
Estas novidades geram ambientes sofisticados de pura
criação onde a integração de pastilha (5x5) com a base
(60x60) proporciona espaços de elegância e conforto.
Soho
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Italbox na vanguarda do banho
Indicado para espaços públicos, o móvel Cork de linhas retas, também pode fazer a diferença em
salas de banho modernas de gosto personalizado, pela textura e simbolismo dos materiais nobres,
como a cortiça. Cork é constituído por uma banca em madeira e um tampo de vidro, sendo
constituído por aglomerado de cortiça com uma espessura de 100 milímetros e ainda reforçado
com contraplacado marítimo e hidrófugado.
Já o lavatório Ortho, singular pela forma rectilínea e pela simplicidade do próprio formato,
apresenta cantos com ângulos perto de 90º, sempre preservando a segurança e funcionalidade
do utilizador. Apresenta-se como a solução ideal para espaços de banho atuais e modernos. O
resultado é arte pura, ao dispor do interior da sua casa.
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ESTILUS 45
Espaço Cozinha – Intra Revolucionaria
As cozinhas podem ser modeladas para espaços diferentes, consoante
os estilos e gostos de cada um. Intra foi concebida para habitações
que misturam história com modernidade, glamour com pureza,
distinguindo-se pela ausência total de puxadores.
É o tipo de cozinha que pode ser distribuída de forma perpendicular,
em que se opta pelo formato de ilha que prescinde de móveis na zona
superior. Desta forma, preservam-se as vistas e o interior e exterior da
moradia comunicam, numa simbiose tão natural e perfeita. A zona de
colunas pode ser instalada na perpendicular à ilha num conceito que
prescinde do acessório e que permite uma sensação de beleza sóbria
e discreta, capaz de gerar profundas emoções. Na zona de colunas
com modulação ao teto podem ser integrados os eletrodomésticos,
além dos espaços para arrumação.
Mas o detalhe que distingue Intra é claramente a ausência de
puxadores. Para tornar isto possível, a Santos desenvolveu um sistema
inovador de abertura em que a gola da gaveta se adapta para adquirir
as funções de puxador. Assim, as frentes mantêm-se completamente
limpas, realçando ainda mais a pureza das suas linhas. E para quem
tem crianças em casa, o mais certo é que o espaço da cozinha se
torne mais seguro e confiável.
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ENTREVISTA 47
Paula Roque, Administradora da Revigrés
O que é que têm em comum edifícios como
o aeroporto de Moscovo, o novo stand
da Rolls Royce em Londres, os armazéns
Harrod’s, o showroom da Hyundai em
Seul e a Basílica da Sagrada Família, em
Barcelona?
Em qualquer um deles pode encontrar
revestimento cerâmico Revigrés.
Impressionado? Então prepare-se para o
resto, pois conhecer esta marca tem tanto
de surpreendente, como de impressionante.
Nesta empresa, inovação e diferenciação
não são chavões, mas práticas efectivas
que integram as rotinas diárias.
Para além das muitas colecções de autor
que esbatem fronteiras entre as noções de
revestimento e objecto artístico, a marca
incorpora produtos que parecem saídos de
um cenário de ficção.
Um revestimento que mantém as fachadas
dos edifícios livres de sujidade? Cerâmica
que utiliza a luz solar para produzir energia?
Revestimento que dispensa o uso de
interruptores e pela simples aproximação
do utilizador activa a iluminação? Parece-
-lhe um sonho para o futuro?
Na Revigrés tudo isto é real.
“Tudo o que seja design e inovação, por princípio, interessa-nos.”
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48 ENTREVISTA
Actualmente, a Revigrés exporta cerca
de 45% da produção. Mas durante
muito tempo o mercado interno
absorvia quase tudo. Quando é que
se dá esse ponto de viragem para a
internacionalização?
Essencialmente, a partir de 2001, quando
fizemos o investimento nas novas unidades
fabris para a produção de grés porcelânico,
porque é um produto mais adequado
para ser aplicado em áreas públicas e tem
características específicas para poder ser
usado em climas mais frios ou com grandes
amplitudes térmicas. O que tínhamos até
aí era o revestimento cerâmico vidrado e o
grés, que são vocacionados principalmente
para áreas de interiores.
Sente que o contacto com o mercado
externo foi facilitado pelo apoio, desde
a década de 80, ao Futebol Clube do
Porto, nomeadamente por as camisolas
dos jogadores já terem introduzido a
marca no estrangeiro?
O patrocínio foi relevante a nível nacional,
mas também na projecção da imagem da
empresa no exterior. O facto de ser uma
empresa com capacidade para patrocinar
um clube que tem tido óptimos resultados,
gera a associação imediata de uma empresa
com capacidade financeira para isso. Na
altura, fomos pioneiros nesse patrocínio e
hoje (considerando o contexto europeu e
talvez mundial) somos a empresa que há
mais anos patrocina um clube de futebol da
primeira divisão. Já patrocinamos o FCP há
30 anos consecutivos.
De estudos que temos feito sobre a
notoriedade da marca, o Futebol Clube
do Porto ainda continua a aparecer com
bastante relevância na associação à Revigrés.
Conta-se a história de que foi um
contrato de aperto de mão. Isso
confirma-se?
Sim, é verdade. Sempre houve uma relação
de enorme confiança entre a Revigrés e o
Futebol Clube do Porto. Há um episódio
interessante, a propósito de um contacto
da Vodafone com o Sr. Pinto da Costa,
que pretendia saber se haveria no contrato
alguma cláusula que permitisse outra
empresa patrocinar o clube. E a resposta do
Sr. Pinto da Costa foi: “Só se me cortarem
a língua!”
Quais foram os vectores essenciais em
que a estratégia de internacionalização
assentou?
Uma enorme aposta que sempre tivemos
no design, na inovação e no serviço que
prestamos. Tudo o que seja design e
inovação, por princípio, interessa-nos.
Muitas vezes apostamos e verificamos
que são apostas ganhas. Isso permite-nos
ter um posicionamento completamente
diferente face a outras empresas. No design,
o facto de apostarmos nas colecções de
autor e no Concurso Nacional de Design
permite-nos ter novas fontes de inspiração.
Genericamente, as empresas de cerâmica
observam o que todas as outras fazem e
procuram fazer o mesmo. Portanto, quando
nós convidamos um artista plástico ou um
arquitecto – seja nacional ou internacional –
ou um jovem designer a fazer uma colecção
de autor, o resultado sai “fora da caixa”.
Porque é uma visão de alguém que sai do
circuito habitual. As colecções de autor
são uma oportunidade de procurar novas
matérias primas, novas formas de fazer,
com resultados diferenciadores que são
reconhecidos pelos nossos clientes.
Como referiu, a Revigrés tem dinamizado
várias colecções de autor, associando-se
a diversos artistas plásticos portugueses
e estrangeiros. Há alguma que destaque
ou cuja concretização tenha trazido uma
satisfação especial?
Eu vivo essas colecções de autor com
imenso entusiasmo, empenho e dedicação,
porque todas elas têm uma história de
desenvolvimento com o autor, a própria
colecção tem a sua história, todas me
fazem lembrar situações interessantes e
particulares, por isso não é fácil destacar
uma.
Mas, por exemplo, a colecção Chocolate,
desenvolvida em colaboração com a
arquitecta russa Alena Agafonova,
foi particularmente difícil de fazer,
nomeadamente por ter todos aqueles altos-
relevos. Ela esteve cá cerca de um mês e
foram necessárias muitas experiências,
muitos testes, reuniões entre a arquitecta e
o nosso departamento de desenvolvimento
de produto para ver - entre a ideia dela e
o que era exequível - onde é que se podia
chegar. O resultado é muito interessante.
Costumo dizer que até apetece comer! E
hoje é um ícone das colecções da Revigrés.
Outra colecção que também considero
muito interessante é a colecção H20
do pintor João Vaz de Carvalho. É uma
colecção com cores apelativas e que conta
uma história engraçada. E pode utilizar-se
de várias maneiras, não é só uma casa de
banho de crianças, é um espaço divertido.
Outra colecção interessantíssima foi a que
fizemos em parceria com o Mestre Júlio
Resende. Pelo entusiasmo que ele transmitia,
pelo pormenor, pela exigência acompanhada
por uma enorme amabilidade.
Também em parceria com ele desenvolvemos
o mural do Dragão. Foi um desafio enorme,
porque desenvolvemos azulejos com os
nomes e os números dos 50.000 sócios
que assistiram ao jogo da inauguração do
estádio. Imagine! Para um fã de um clube
tem um significado muito forte ter o nome
associado ao estádio do seu clube.
Como lhe disse, é difícil escolher uma
colecção.
Para além do enfoque no design,
a Revigrés tem também apostado
fortemente na inovação, com produtos
que parecem saídos de um cenário
de ficção. Destaco por exemplo dois:
azulejos autolimpantes e sensitivos.
Como funcionam estes produtos?
Cada vez mais, os revestimentos cerâmicos
terão que ter outras funções associadas:
além do simples pavimento ou revestimento,
têm que ser multifuncionais. E nesse sentido
temos estado a desenvolver vários projectos,
alguns que já estamos aptos a fornecer e
outros que ainda estamos a desenvolver.
Os azulejos autolimpantes são peças em
que, com a acção do sol e com as chuvas é
feita a auto-limpeza da cerâmica. Portanto,
são indicados para revestimento exterior.
Quanto aos azulejos sensitivos, sobretudo
em espaços públicos, não é higiénico
estarmos a tocar em sítios onde todas
as pessoas tocam. Com o revestimento
sensitivo basta aproximar a mão do azulejo
para activar o dispositivo electrónico, que
pode servir para accionar uma luz, ligar a
torneira, contactar uma central telefónica,
um alarme… E naturalmente que tem
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ENTREVISTA 49
Paula Roque, Administradora da Revigrés
“Cada vez mais os revestimentos
cerâmicos terão que ter
outras funções associadas:
além do simples pavimento
ou revestimento, têm que ser
multifuncionais.”
“Não é preciso ser difícil para ser
especial. Tem é que ser bem feito
e com os pormenores que fazem a
diferença.”
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50 ENTREVISTA
vantagens estéticas.
Mas temos outros projectos em curso.
Temos inclusivamente uma pessoa que tem
como função fazer a ligação permanente
às Universidades e outros Centros de
Investigação.
Porém, os projectos não têm de ser difíceis
para serem especiais. É o caso do Memo,
que usámos quando patrocinámos o Rock
in Rio. Forrámos as paredes de acesso à
casa de banho, com painéis do Memo e
uma chaveta a perguntar “O que faria por
um mundo melhor?” E as pessoas até se
encavalitavam para conseguirem escrever!
Foi um sucesso! E é uma ideia tão simples…
Por vezes, uma ideia simples é suficiente
para permitir soluções diferentes. Tento
sempre ter uma visão muito prática, tentar
imaginar a sua aplicação na vida real. Não
é preciso ser difícil para ser especial. Tem é
que ser bem feito e com os pormenores que
fazem a diferença.
A Revigrés tem fornecido para espaços
nobres pelo mundo inteiro, desde
o aeroporto de Moscovo, à estação
ferroviária de Haia, na Holanda, até ao
novo stand da Rolls-Royce em Londres
ou Universidades no Japão. Onde é que
lhe deu especial gosto chegar?
A Basílica da Sagrada Família, em Barcelona,
é o meu eleito. É um ícone mundial e por isso
uma grande conquista. Pelo monumento,
mas também pelo local, ou seja, um país
onde há uma produção de cerâmica muito
significativa.
Alguém que verifique todos os sítios
onde a Revigrés está presente e todas as
soluções que tem para oferecer imagina
uma grande multinacional...
Sim, dada a imagem de marca que a
Revigrés tem, as pessoas têm a percepção
de uma empresa de maior dimensão.
Neste momento quantos funcionários
têm e qual é o volume de negócios?
Cerca de 300 e facturámos aproximadamente
40 milhões de euros.
Para que mercados exporta?
Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão e
PALOPs. Vendemos para cerca de 50 países,
mas com maior concentração na Europa.
A mais recente aposta para conquistar
novos públicos é o formato 90x90 cm,
apresentado em Setembro na Cersaie.
Qual é a mais-valia desta colecção?
Acompanhar as tendências de mercado,
que são os formatos cada vez maiores, para
continuarmos com uma oferta competitiva
e diferenciadora, quer no reforço dos
mercados actuais, quer na conquista de
novos mercados.
Concentrando-nos menos na empresa
e mais na sua visão enquanto
empresária… Vivemos um momento de
grande dificuldade para o país e talvez
o maior obstáculo seja o sentimento de
desânimo generalizado. Que soluções
vê para conseguirmos ultrapassar esta
recessão?
Cabe às empresas trabalhar mais e de uma
forma mais eficiente. É preciso fazer bem
feito e à primeira. Muitas vezes, perde-se
muita eficiência por não haver uma cultura
de rigor e atenção ao pormenor. E claro, é
fundamental reforçar a procura de novos
mercados.
Hoje em dia, insiste-se muito na
necessidade de exportarmos mais.
Que tipo de incentivos seriam bem-
vindos para as empresas exportadoras
poderem ter esse incremento?
Temos a eterna questão da necessidade
de valorização da marca Portugal, embora
a AICEP tenha estado a fazer um bom
trabalho. As exportações já aumentaram
13% este ano e para os países fora da
Europa cerca de 37%. Seria bom reforçar a
identificação de oportunidades de negócio.
A nível de governo, em algumas viagens
de contacto com o mercado externo em
que tenho ido, tenho sentido que têm
estado bem organizadas. Genericamente, o
governo tem estado a fazer um bom trabalho
atendendo aos recursos disponíveis.
Como é que vê a actuação deste
governo?
É um desafio bastante árduo, de pessoas
que tiveram a coragem de aceitar esta
missão e que de uma forma honesta estão
a tentar ultrapassar esta situação, fruto de
uma herança terrível. São medidas anti-
populares, mas que têm de ser tomadas.
Talvez pudessem ser num prazo mais
dilatado…
Para além das directivas de austeridade,
não sente falta de outras medidas de
estímulo à economia?
Claro que nos dava muito jeito ter um
acompanhamento maior ao nível do seguro
de crédito. Porque há muitas situações em
que as empresas têm de arriscar. Também
os custos de energia são bastante elevados,
com um peso cada vez maior nos custos
de produção. Também seriam bem-vindas
melhores condições de logística dos
transportes. Seria importante a promoção
de mais cursos técnico-profissionais que
formassem mão-de-obra especializada.
Esta crise afecta de modo particular
o sector da construção. Como é que
perspectiva o futuro deste sector?
Nós temos a grande vantagem de
trabalharmos com o mercado externo,
mas para os revendedores, por exemplo,
que estão limitados ao mercado nacional,
é muito difícil contornar a situação. Os
incentivos à reabilitação urbana e ao
mercado de arrendamento poderão trazer
uma contribuição positiva.
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ENTREVISTA 51
De perfil…
Uma referência? O meu pai.
A música que não se cansa de ouvir? Mamma Mia, dos Abba.
O filme que a marcou? Genericamente, gosto de comédias, mas não tenho
nenhum que me tenha marcado especialmente.
Um livro? A biografia de Steve Jobs.
Um objecto de que não se separa? Telemóvel.
Quando tem tempo gosta de…? Estar com a família, com os amigos, viajar, fazer compras.
O prato a que não resiste? Mousse de chocolate.
Uma bebida? Coca-cola.
Destino de férias? Tróia.
Uma viagem que a tenha marcado?Japão.
Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?
Tenho a qualidade de ser muito observadora e o defeito de ser teimosa.
“Cabe às empresas trabalhar mais
e de forma mais eficiente. É preciso
fazer bem feito e à primeira.”
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54 GALERIA MATOBRA
CABIDE DE DUCHE DA JACOB DELAFON GALARDOADA COM RED DOT AWARD 2012
A MARCA É UM EXCLUSIVO MATOBRA PARA A REGIÃO CENTRO
A linha de cabines de duche Torsion, da Jacob Delafon, foi distinguida com o prestigiado
prémio de design Red Dot Award, na categoria de melhor design do produto.
Um júri composto por 30 peritos internacionais elegeu esta peça entre 4515 produtos,
provenientes de 58 países diferentes, reconhecendo a sua robustez, qualidade e design.
O modelo em questão – um exclusivo Matobra para a zona centro - foi valorizado pelas
“linhas suaves e fluidas associadas em simultâneo à solidez do conjunto”. Especialmente
destacado foi o desenho do puxador – que pode colocar-se tanto na horizontal como na
vertical - um elemento de grande personalidade que define a estética desta cabine em
qualquer uma das suas três versões.
A excelente funcionalidade é também uma importante mais-valia desta peça.
Com uma altura de 195 cm está disponível em três modelos - pivotante, de correr e rebatível,
os quais seja entre paredes ou com lateral fixo se adaptam a todos os espaços de duche.
Em vidro temperado com espessura de 8 mm, possui tratamento anti-calcário que facilita
a limpeza.
Sem fixadores visíveis, é uma peça de acabamento perfeito e de instalação fácil por ser
fornecida pré-montada.
A atestar a qualidade deste produto está a garantia de 25 anos dada pela marca e o recente
reconhecimento internacional com a atribuição de um dos mais importantes galardões do
mundo, que desde 1995 premeia as propostas de design mais inovadoras.
Esta é também uma aposta ganha para a Matobra que no último ano estabeleceu uma
parceria com a Jacob Delafon, tornando-se distribuidor exclusivo para a Região Centro.
A empresa, que conta já com 46 anos, reafirma-se assim como líder na representação das
últimas tendências e inovação no sector dos ambientes de banho.