CAVALEIROS de Maria Pe... · que toda a Igreja saúda, venera, exalta nos me ... são do Reino de...

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Qpúscul&s de j&rnxcupõô'

CAVALEIROSDEM A R I A

9? Ti oíber TlXoriaux S. J.

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OP Ú S C U L OS D í F O R M A Ç Ã Opara uso das Congregações Marianas de M oços

CAVALEIROS de MARIA1. Curso

para a formação de "chefes" marianos

por

P. WALTER MARIAUX 5. J.

Diretor do Secretariado Geral das

Congregações Marianas cm Roma

CONFEDEKAÇÀO NACIONAL DAS CONGREGAÇÕES MARIANA*

Rfo 4c Janeiro - Ruc Scncdor Dentas, 118-9.0 - Cstx* Poetai 1-561

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CAVALEIROS de MARIA

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Imprimi poteitRio dc Jcnciro, 25 d« Mcrço dc 1941

P. Luiz Riou S. J.

Prcp. Prov. do Brc*. CcntrcL

Imprimdtur

Rio dc Jcnciro, 90 dc Mcrço dc 1941 •f Scbcctilo

CirdiéJ Arccbltpo do Rio dc Jcoctoo

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Congregados, para que êste livrinho?

Para fazer-vos “Cavaleiros de Maria”! Sabeis, quem é Mariat

E* aquela cuja imagem os primeiros cristãos gravavam nas paredes das Catacumbas;

que países e povos inteiros escolheram como po­derosa Padroeira;

que toda a Igreja saúda, venera, exalta nos me­ses de Maio e Outubro;

que milhões saúdam diariamente com o Terço \que cada Sacerdote homenageia depois da S . Mis­

sa: “Salve Rainha!” aquela a quem os fieis em todo o mundo acorrem em suas necessidades.

E* a esta Rainha que vós vos consagrastes para o serviço perpétuo, escolhendo-a como Senhora, Advogada e Mãe.

E J a Ela que prometestes lutar sob seus olhos e segundo seu exemplo no grande Exército ma- riano.

Ora, todo o exército precisa de oficiais, e o valor do exército depende da sua capacidade. Isto vale também para as fileiras da Virgem Santíssitna.

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8Sabeis que os oficiais superiores, os Sacerdotes

são poucos e sobrecarregados. Por isso a Virgem Ce­leste procura oficiais leigos que ajudem aos Sacerdo­tes; que saibam tomar alguma responsabilidade no Exército mariano.

E estes queremos formar nos "Cursos” especia­lizados oferecidos aqui! Queremos ter :

Cavaleiros da Virgem Santíssima que amem a Maria e que a saudem cada dia e saibam entusias­mar também os outros neste amor.

Cavaleiros de Maria que imitem as virtudes de Maria, especialmente a pureza, obediência e humilda­de, e que se esforcem por assinalar-se nelas.

Cavaleiros de Maria que combatam sem tréguas contra os inimigos de Cristo e de Maria, contra o demônio e o espírito mundano.

Cavaleiros de Maria que, sob a bandeira da Rainha Celeste, lutem pelo Reino de Jesús Cristo.

Queremos formar Cavaleiros de Maria que se sintam responsáveis no Exército mariano e ajudem ao P. Diretor no andamento da Congregação; que com palavras, com o exemplo e com o trabalho in­centivem os outros a realizar os sublimes ideeis da Congregação Mariana.

•Chamamos estes Cavaleiros de Maria com a pa­

lavra comum de "chefes”." Chefes” naturalmente não no sentido político

ou cultural, mas no terreno RELIG IO SO , — "che­

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9fes” na Congregação Marianal " Chefes” chamamos todos os congregados capazes e dispostos a tomar qualquer responsabilidade diante da Congregação Mariana, como membros da Diretoria, Presidentes das Seções, de grupos, de círculos de estudo etc.

Sabeis que a escolha destes " oficiais” è um di­reito do P. Diretor e dos congregados, porque segun­do as Regras (N .* 20) eles são ou nomeados pelo P. Diretor ou eleitos pelos membros da Congregação. Este direito permanece absolutamente intacto. A for­mação que entendemos dar aos futuros chefes por meio de Cursos especializados, não tem outro fim senão o de F A C IL IT A R E S T A ESCO LH A, for­necendo uma boa preparação aos congregados mais ativos e dignos, e criando assim um grupo de ma- rianos que sejam E SP E C IA LM E N T E A P TO S para serem escolhidos como oficiais.

N Ã O E ’ UMA COISA N O V A que se introduz nas Congregações Marianas, exigindo os mesmos Estatutos um grupo de leigos que sejam aptos para ajudar ao P. Diretor no governo da C. M. (regra 18) e para dirigir — sob a suprema responsabilida­de do Sacerdote — as seções, as academias, os cír­culos de estudo, etc. Ora, um tal ofício supõe, pelo menos hoje em dia, uma formação sólida e especial- lizada, e isto tanto mais urgentemente aqui no Bra­sil, onde o numero dos Padres é muito reduzido e a maioria dos Revmos. Vigários È extremamente so­brecarregada de trabalho.

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10Por esta ratão temos a esperança que serão N U ­

M EROSOS os congregados que aceitem o convite para se formarem duma maneira especial nestes cur­sos de chefes.

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És chamado!Dirigimos um apelo ao teu idealismo. E’ ver­

dade que és leigo e não ouviste um chamado divino ao sacerdócio. Mas, sabes que há também um sacer­dócio leigo. E a Igreja necessita hoje de leigos que colaborem na grande missão de recristianizar o mundo.

A tornar-te um apóstolo leigo, um chefe católi­co, eis a que te chamamos. Na Congregação Maria- na encontrarás a base e o campo apropriado desta atividade. Milhares de chefes católicos já sairam das Congregações.

Ainda ultimamente o Senhor Reverdy, membro da Junta Nacional da Ação Católica Francesa, num artigo publicado em “La Croix”, escreveu: “Pode-se verificar que na França as Congregações Marianas foram em verdade as inidadoras do grande movi­mento sodal católico que se desenvolveu desde o tem­po de Leão X III. . . A Congregação Mariana pode reivindicar para si a paternidade de todas as criações atuais da Caridade em França.. . ”

Na Irlanda um congregado, modesto emprega­do de correio, fundou a “Legion of Mary ”, organi­zação difundida hoje em muitos países.

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12E foi com a ajuda dos congregados marianos

que no ano de 1833 um estudante de Paris, Frederi­co Ozanam, pôs os alicerces da grande obra das Con­ferências Vicentinas difundidas hoje em todo o mundo.

Em todos os paises saíram das Congregações Marianas inumeráveis “ leaders” do catolicismo na vida pública, homens que criaram obras magníficas no campo da imprensa, da vida social, da carida­de, etc.

Hoje a Igreja está procurando estas almas de escol e generosas especialmente aqui na tua patria, o Brasil. E esperamos que tu serás um dos que acei­tam o convite.

Que coisa queres, afinal de contas, na tua vida? Já pensaste nisto alguma vez? Certamente queres obter uma boa posição econômica e social. Mas sa­bes que as possibilidades econômicas são limitadas. Tua vida vai decorrer provavelmente como milhares de outras, com as mesmas esperanças, preocupações e desilusões. Mas, mesmo uma tal vida que, vista de fóra, parece mediocre e terra a terra, pode ter um valor infinito. Operário deante dos homens, podes ser oficial diante de Deus, oficial no exército de Cristo. Também a vida de S. Luiz e de S. João Berchmans foram vidas ordinárias como as de mi­lhares de outros; e no entanto, como êles foram che­fes dinâmicos de milhões de moços!

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13Dá a tua vida um objetivo sublime. Apelo para

o teu idealismo. “Não expulses do teu peito o he­rói !” Porque um herói está escondido no peito de cada moço! Também no teu! .. .

O homem só vive uma vez!Lembro-me dum condiscípulo da minha juven­

tude que passeando encontrei um dia num lugar mui­to solitário da floresta, absorto como parecia em re­flexões. Que fazes aqui, perguntei, e êle respondeu com olhos ardentes: Meditei numa coisa. Em que coisa? Que vivemos uma vez só. Fiquei impressio­nado ; meu amigo descobrira uma verdade que todos sabemos, mas que facilmente perdemos de vista. Ele de fato tomou a sério a sua vida e tornou-se cientis­ta de grande fama.

Também tu vives uma vez só. Não esbanjes o teu tempo. Aproveita cada dia para preparar-te ao ideal sublime de chefe católico. O moço geralmente não sabe estimar o valor do tempo. Acha coisa na­tural acordar cada dia de novo com os membros sãos. Na realidade, todo dia novo é um presente de Deus.

Alguns anos atrás, na Europa, dois sacerdotes amigos atravessaram a fronteira da pátria; um acom­panhava o outro que, sôlto de um campo de concen­tração, viajava para uma Missão longínqua. Ao ver-se livre, o missionário lançou-se ao pescoço do amigo exclamando: Que felicidade estar são e livre! Não sabes que coisa quer dizer ter passado naquele

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14inferno onde se perde toda a esperança de goe&r mais um dia de homem livre! Quantas vezes pensei e rezei a Deus: Oxalá pudesse passar um dia só em liberdade, dispondo das minhas ações! Como que­ria utilizar este tempo!

Aquele missionário conhecia o valor do tempo, de que podemos dispor. E nós, quantos dias passa­mos sem proveito! Os inimigos do nosso Rei Jesús Cristo são ativos, incansáveis. E nós, os amigos, deixaremos acaso passar o tempo sem fazer nada!

Não; entreguemo-nos cada dia ao serviço do nosso ideal: tomar-nos chefes católicos, arautos do Rei divino. Devemos crescer cada dia mais no zelo e na capacidade. Como à palmeira da tua patria se acrescenta cada ano um trecho a mais de caule, ga­nhando assim um palmo em altura, assim também deves crescer cada ano na altura do espírito religio­so e na generosidade do teu caráter, caminhando para o Ideal.

E’s congregado mariano, consagrado a Maria para toda a vida. E ’s convidado a tomar-te verda­deiro cavaleiro da Virgem. Dos cavaleiros da Idade Média ouviste por certo que lutaram para a exten­são do Reino de Cristo e a propagação da Fé cató­lica e que compreenderam esta sua grande missão como serviço prestado a Maria, à Rainha celeste. Que depositaram os seus votos nas mãos de Maria para que Ela os oferecesse a Deus. Que receberam suas espadas do altar da Virgem Santíssima, como das mãos da própria Virgem. Que construíram como

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15símbolo da sua devoção filial o “castelo de Maria", fortaleza altiva e poderosa na Prússia oriental. “Car valeiro da ordem de Santa Maria", chamavam-se êles, e, ainda que a sua organização tenha desapare­cido no curso da história, o ideal do aerviço cava­lheiresco à Virgem Santíssima entusiasma sempre de novo milhares de moços católicos.

Hoje também trata-se da extensão do Reino de Cristo, da influência de Cristo na vida particular e na vida pública. Sê meu cavaleiro, assim te chama a Rainha celeste, e luta pelo Reino do meu Filho. Podes acaso ver sem santa indignação, como os ini­migos de Cristo dominam a vida das famílias e até a vida particular? Podes ver sem comoção, como dois mil anos depois da morte redentora do Salva­dor, milhares não conhecem o seu Evangelho e ou­tros milhares que o conhecem vivem como os pagãos antes da sua chegada? Cristo, o Rei divino, precisa de lutadores decididos, abnegados, generosos. A Igreja precisa em todos os países de apóstolos do Evangelho.

No Norte da Espanha ergue-se uma serrania cha­mada pela forma carateristica dos seus picos rochosos “Montserrat” (monte serrado). Um pouco antes do cume acha-se um mosteiro, em cuja igreja se ve­nera desde os tempos mais antigos uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesús.

Numa noite do ano 1522 entra um fidalgo na igreja, põe-se diante da imagem e fica ali apoiado na sua espada para montar guarda de honra a Maria

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16Santíssima. Caem as sombras da noite, a igrçja torna-se escura, só a lampada do Tabernáculo cha- meja e o cavaleiro permanece de pé quasi imóvel com os olhos postos na imagem sagrada.

E ’ Inácio de Loiola. A graça de Deus tocou seu coração. Nesta noite realiza a ruptura definitiva com o mundo e o seu passado, lançando os alicerces duma vida nova. Não quer mais servir ao amor ter­reno, a ideais passageiros, a um reino profano. A partir desta noite, toda a sua vida será uma guarda de honra, um serviço voluntário prestado à sua Rai­nha celeste. Sob os olhos Dela combaterá pelos in­teresses do seu Divino Filho.

E cumpre a palavra. No dia seguinte dá suas roupas de homem rico a um pobre mendigo e reti­ra-se depois à solidão de Manresa. Prepara-se com penitências e orações para uma vida de zêlo e de apostolado. Mais tarde funda juntamente com al­guns companheiros a “ Companhia de Jesus”. E, como sabemos, é esta a ordem religiosa, cujos filhos um dia reuniram os alunos do Colégio Romano ante a imagem de Maria, lançando os fundamentos das Congregações Marianas, daquela organização que agrupa centenas de milhares de fieis como cavaleiros da Virgem Imaculada.

Pensa, caro congregado, diante do quadro da Tua Rainha, se não és também chamado ao serviço Dela e se não queres aceitar o nosso convite para formar-te como chefe na Congregação, em outras palavras, como verdadeiro Cavaleiro de Maria.

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17O M É T O D O

desta formaçãoSerão criados dois graus de Chefes nas CC.

MM. Neste Opúsculo só falamos do primeiro grau.A formação compreende ires elementos:

O Curso,A preparação ao Exame final,O próprio Exame.

O Exame sc efetuará no minimo três meses após o Curso. Aos que passarem no Exame, será conferido um Diploma.

REQUISITOS PARA O PRIMEIRO GRAU DE CHEFESI. Condições prévias:

1. Conduta exemplar na C. M.2. Disposição constante de colaborar com a

C. M.3. Procedimento irrepreensível na Paróquia, na

Família e na Vida profissional.II. Conhecimentos teóricos:

1. Porque formação especial dos “chefes” ?2. Que significa ser “chefe” na C. M.? Rela­

ções do chefe com Jesús Cristo.3. A fisionomia do chefe da C. M.4. O valor da devoção mariana para o chefe.

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18III. Obrigações especiais:

1. Comunhão ao menos semana].2. Formação do caráter sob a direção espiritual

dum Padre.3. Leitura dum livro sério de formação duas ve­

zes por semana.4. Rezar diariamente o Térço.

IV. Capacidades técnicas e de organização:1. Saber bem o Catecismo.2. Saber explicar aos congregados, em forma de

conversa, a matéria do 1.*, 2." e 3.* “ Opús­culos de formação”.

3. Conhecer o modo de ajudar a S. Missa c sa­ber ensiná-lo aos outros.

4. Conhecer o uso do “ M issal”.5. Saber ensinar o comportamento na igreja

(agua benta, genuflexão, etc.).6. Saber ensinar a rezar em comum.7. Saber rezar em público sem .fórm ula fixa as

orações ordinárias (da manhã, da noite, de­pois da S. Comunhão).

8. Saber falar 5 minutos com uma preparação de alguns minutos.Saber ler e contar historietas de um modo atraente.

9 .

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Explicaçõesdas Condições prévias

1. Conduta exemplar na C. M.Isto é evidente, pois aqueles, que como fu­

turos chefes querem formar um grupo de élite na C. M., devem ser, eles mesmos, bons congre­gados. Praticamente podem ser admitidos a es­tes Cursos especiais só congregados que frequen­tem as reuniões, que se justificam no caso de se­rem impedidos, que tomam parte anualmente nos retiros fechados, etc.

2. Disposição constante de colaborar com a C. M.

Uma vez que a alma de cada ofício é precisa­mente a atitude pronta a serviço dos irmãos, a C. M. deve admitir como futuros chefes somente aqueles que já demonstraram esta vontade de aju­dar ao P. Diretor e aos membros da Diretoria numa ocasião ou outra.

3. Procedimento irrepreensível na Paróquia, na Família e na Vida profissional.

Os chefes da C. M. devem gozar duma certa reputação pessoal perante os congregados e os de­mais católicos. Por conseguinte admitimos a esta

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20formação especial só os congregados que sejam irrepreensíveis não só no cumprimento dos seus deveres religiosos, mas também na sua vida fa­miliar, tratando como filhos os seus pais com grande respeito e obediência. Na vida profissio­nal entre os companheiros devem êles dar o bom exemplo de verdadeiros cristãos, de moços de ca­ráter e bons camaradas.

E X P L I C A Ç Õ E S dos Conhecimentos teoricos

Os futuros chefes devem conhecer a grande responsabilidade, o fim e os deveres relativos ao seu ofício. Recomendamos por isso que estudem bem os temas que se seguem:1. Porquê formação especial dos chefes?2. Que significa ser “chefe” na Congregação

Mariana?3. A fisionomia do chefe na Congregação.4. O valor da devoção mariana para o chefe.

1.PORQUE FORMAÇAO DOS C H EFES?Já expusemos (pag. 9) que entendemos pela

palavra “ chefe’* todos os congregados capazes e dispostos a tomar alguma responsabilidade dian­te da C. M. e a ajudar ao P. D iretor no governo da mesma.

Encaremos agora os motivos que nos impe­lem a dar uma formação especializada a este gru" po escolhido dos nossos congregados. Estes mo-

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21tivos encontramo-los na mesma C. M., nas cir­cunstâncias dos tempos atuais, na Igreja e, final­mente, na Pátria.

I. As razões da parte da C. M.1. Cada organização depende no seu desenvolví-

mento dos seus chefes.Eis um fato observado igualmente em tôda

a história como nos tempos presentes: só uma minoria ativa e bem organizada sacode a massa; a formação de pequenos grupos escolhidos é o meio mais eficaz para influenciar as multidões e para infundir nelas as próprias idéias, os mesmos objetivos e o mesmo entusiasmo.

Muito bem diz o famoso Cardeal Newman: “A graça atua e aperfeiçoa sempre a sua obra por meio do auxílio dum reduzido número de homens. E’ dos profundos conhecimentos dêles, é das suas firmes e claras conciências, é da sua devoção absoluta, é do sangue dos mártires e das orações dos santos, dos heroísmos e das energias concen­tradas numa palavra ou numa instituição, que o Céu se serve como de instrumento.’' (“Present position of'Catholics”).

Não foi, aliás, o mesmo Salvador quem se­gundo este princípio escolheu, formou e instruiu um pequenino grupo de discípulos, que deviam

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tornar-se as colunas de Sua Igreja? E não é êste ainda o método usado pela Santa Igreja na forma­ção dos Clérigos?

As melhores tropas, as mais bem armadas, de nada valem sem bons oficiais. E quem são estes “ oficiais” no exército mariano, senão os che­fes leigos ao lado dos Sacerdotes?

O movimento mariano podia nascer aqui no Brasil e tomar esta prodigiosa extensão admirada por todos, sem chefes especialmente form ados; — mas poderá êle continuar a se desenvolver nas mesmas condições ? — E ’ uma lei da vida orgâni­ca que o organismo, crescendo, deve formar e for­talecer cada vez mais o esqueleto. Ora, o esque­leto do movimento mariano são os chefes leigos.

A experiência quotidiana nos diz: os bons chefes são elementos decisivos para o florescimen­to de uma Congregação. Q uantas vezes um novo Presidente levanta o nível inteiro da Congrega­ção ou o abaixa!

Êste problema é, no Brasil, duma importân­cia capital por causa do numero reduzido dos Sa­cerdotes, do acúmulo de trabalho dos Padres, abrindo uma lacuna imensa que deve ser preen­chida pelos católicos leigos.2 . A mesma estrutura da C. M . exige a formação

dos chefes.Os estatutos da C. M. falam de "um corpo

de congregados” que devem "ajudar ao Padre Diretor no governo e administração da Congre­

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23gação” êles ‘'constituem o Conselho de gover­no" (regra 18). “Assim como precedem aos ou­tros na dignidade, assim devem êles excedê-los tanto mais na prática das virtudes e na « a ta observância das regras, quanto mais elevado for o cargo que tiverem” (regra 48). E a regra 49 os exorta a que “procurem cumprir com suma diligência os deveres do seu cargo para se toma­rem fiéis auxiliares da autoridade do P. Diretor”. O Presidente é chamado “o braço direito do P. Diretor” (regra 53). São os mesmos leigos que teem que dirigir as seções, as academias, os cír­culos de estudo, as seções de apostolado.

Pode acaso um congregado qualquer cumprir estas tarefas? Certamente não. Pois, elas su­põem vários conhecimentos e não poucas quali­dades pessoais, numa palavra: uma formação só­lida e especializada.

Podemos observar que especialmente nos úl­timos anos a importância do papel dos chefes lei­gos nas CC. MM. é muito frisada por escritores e diretores competentes nesta matéria.

Por exemplo diz o P. Bangha, primeiro Diretor do Secretariado Geral das CC. MM. em Roma, num discur- so que fez na Suíça em 1935: “ O Conselho deve guiar no verdadeiro sentido da palavra, e por isso tem que for­mar congregados que sejam capazes de guiar, de a^i- dar ativamente ao P. Diretor, de preocupar-se junto com ele com o progresso da C. M., de propor idéias e sugestões, de refletir sobre os meios mais aptos para a realização do duplo fim da Congregação, para elirmnar ou prever as dificuldades, capazes, enfim, de atrair e in­teressar novos membros, instruindo-os segundo as exi­gências da vida mariana."

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24O P. Garagnani, Diretor da Prima Primária de Ro­

ma» responde assim à objeção de que as CC. MM. não promovem suficientemente o espírito de responsabilidade e de iniciativa: "Na C. M. a paternal autoridade do Di­retor pode muito bem unir-se» seja no Conselho» seja na ação» com certa liberdade dos congregados. O Diretor nfto deve fazer tudo sozinho» mas preocupe-se que os congregados desenvolvam a sua atividade» fecundada pe­la própria iniciativa, sobretudo mediante seções.”

Confirma isto o que narra o P. Ruiz Amado na bio­grafia do célebre Diretor de Barcelona, P. Fiter S. J.» sobre a maneira que êste usou para formar os oficiais da sua C. M.: "O objetivo duma boa formação é ensi­nar ao jovem o uso da sua liberdade, preparando-o assim para o dia em que deverá decidir por si mesmo sobre o seu destino. . . O P. Fiter conseguiu isto na sua C. M. com bom êxito. Os seus moços não eram somente acos­tumados a obedecer, mas também a mandar, especial­mente num certo âmbito, como presidentes, secretários, chefes das seções, etc..”

Citemos também um trecho do "Manuel des Di- recteurs” do P. Villaret, antigo Diretor do Secretariado Geral das CC. MM. em Roma: "As palavras da regra 18 indicam claramente que os membros da Congregação to­mam realmente parte no seu govêmo, e indicam também que êles não são somente executores, mas colaboradores, e que o seu papel não se limita à estreita esfera das coi­sas materiais e externas, — por mais importantes que se­jam para o bem comum, — mas que êste se extende a to­da a vida e a toda a marcha da Congregação na conse­cução do seu duplo fim, numa palavra, ao governo mes­mo da Congregação.”

Afinal é interessante lembrar uma resolução que for­mularam os PP. Diretores das CC. MM. de toda a Espa­nha, reunidos num Congresso em julho de 1940: "Dá ex­celentes resultados formar a todo o custo um grupo de congregados desinteressados e inteiramente entregues à Congregação e às suas obras, congregados que sejam co­mo o braço direito do P. Diretor, nos quais pode êste con­fiar completamente, âstes são os que, tomando como

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25próprias todas as coisas da Congregação, fazendo seus todos os planos do Diretor, arrastarão aos outros con­gregados e darão impulso a eficácia a quanto se empreen­da para a maior glória de D eus..

Oxalá tivéssemos em cada Congregação um grupo assim de “chefes” exemplares, responsá­veis e capazes! Como conseguí-lo?

E’ evidente que não caem do Céu, não cres­cem espontaneamente por si mesmos; mas é pre­ciso formá-los!3. O fim apostólico da C. M. requer chefes for­

mados,A segunda parte da primeira Regra diz que os congregados devem ser “bons cristãos que sin­ceramente se esforcem por salvar e santificar os

outros e a defender a Igreja de Jesús Cristo dos ataques da impiedade.” Os sublimes fins do apos- tolado católico constituem, pois, uma parte inte­grante desta organização. E nos estatutos da Ação Católica Brasileira foi expressamente esta­belecido que as Congregações Marianas fazem co­letivamente parte do movimento do apostolado leigo oficial da Ação Católica, havendo a obriga­ção de encaminhar além disto individualmente os congregados a inscrever-se nas fileiras da Ação Católica.

Ora, a contribuição das CC. MM. à Ação Ca­tólica será tanto mais eficaz e frutuosa, quanto me­lhor forem formados estes moços para agir com

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26responsabilidade e iniciativa, em outras palavras,quanto mais se mostrarem verdadeiros "chefes” católicos.

Lem brem os também as magníficas palavras do Santo Padre Pio X II na sua Carta Apostólica dirigida ao P. Geral da Companhia de Jesús a 6 de Julho de 1940: “ Para a formação da mocidade concorrem poderosamente essas escolas de pieda­de e de apostolado cristão, as Congregações Ma­rianas, com as quais a Igreja de Cristo pode sem­pre contar, como com tropas auxiliares, arregi­m entadas em batalhões pacificos sob o estandar­te da Virgem M aria.” — Não é preciso provar que tropas arregim entadas em batalhões são ine­ficazes e sem valor, se não forem conduzidas por chefes capazes e bem formados.

Todos estão certamente de acordo sobre o princípio geral de que a massa dos jovens só pode ser conquistada para a vida cristã mediante uma “ élite”. Mas, sejamos francos: A Congre­gação M ariana atual representa porventura esta élite? Quero dizer: uma élite no sentido de que seus membros todos, sem exceção, sejam aposto- los fervorosos e capazes de conquistar os seus companheiros? Quem ousaria afirmar tal coisa? Sem dúvida, os jovens que ingressam na Congre­gação M ariana se distinguem pela vontade de se­rem católicos exemplares e neste sentido a Con­gregação Mariana é uma organização de élite. Mas,

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27ela mesma necessita de um escolhido grupo de chefes bem formados para atuar e influir na pa­róquia e no meio como o fermento na massa.

II. As razões dos tempos atuais.1 . A s exigências dos tempos atuais requerem ainda

mais homens especializados.

A luta das idéias, mais extensa, mais viva e urgente, mais subtil e, portanto, mais perigosa, está muito mais generalizada hoje em dia. Quan­tas vezes nos tempos que correm, o jovem cató­lico se vê obrigado a defender a Igreja, a refu­tar os argumentos dos adversários, a explicar a doutrina de Cristo a seus colegas e companheiros.

As idéias que se divulgam fóra da Igreja, os princípios que governam e dominam quasi toda a vida social (ciências, artes, literatura, educação, imprensa, ginástica, esportes, vida recreativa, tea­tros, cinemas, carnaval, etc., etc.), os grandes se­tores da vida familiar e individual, são acatólicos, laicizados e até mesmo anti-católicos. — Qual o católico, moço ou não, que consegue resistir a esta infecção causada por idéias e por costumes pagãos ?

E acrescentemos — com relação ao Brasil o alarmante perigo da propaganda sectaria do Pro­testantismo e Espiritismo, a contínua infiltração

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28dc princípios neo-pagãos, (divinização da força física, da Pátria, Nação, etc.). Quem vencerá es­tes males, quem triunfará deste gravíssimos peri­gos ? Só o católico bem formado e bem instruído!— Ai de nós, ai do Catolicismo no Brasil, se a grande organização das Congregações Marianas,— que reune sob a bandeira católica, milhares e milhares de jovens de quasi todas as paróquias,— ai de nós se esta organização não compreender a importância e urgência de uma esmerada for­mação dos seus membros!

Ora, este trabalho de formação não será pos­sível sem o auxílio concreto e sistemático dos nossos chefes leigos. Basta mencionar o número reduzido dos Sacerdotes, recordar o acúmulo de ocupações dos Padres, para se perceber a lacuna imensa que deve necessariamente ser preenchida pelos católicos leigos.

Conta-se que, conversando com alguns cardiais, per­guntou certa vez Pio X: “ Qual é, hoje em dia, a coisa mais necessária para salvar a sociedade humana ?” As resposta• foram várias: “E* preciso erigir escolas cató­licas; devemos educar uma geração de sacerdotes perfei­to s ../* — “ Não, replicou o Papa, o de que precisa­mos, em primeiro lugar, é, em cada paróquia, um grupo de leigos profundamente cristãos, formados, zelosos e verdadeiros apóstolos.”

Não sabemos se esta conversa é histórica ou não. E \ em todo caso, instrutiva. Porque, se essa diretriz do Papa tinha o seu valor há 30

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29anos atrás, quanto mais hoje, quando as mesmas bases da vida social e da simples dignidade hu­mana estão seriamente ameaçadas!

Ora, são precisamente estes apóstolos leigos bem instruídos e ativos que queremos formar nas fileiras dos nossos chefes marianos.2. O exemplo dos adversários.

E' muito instrutivo observar o cuidado com que os adversários da Igreja escolhem seus futu­ros dirigentes, levando-os a instruir-se e formar-se em institutos especializados durante anos e anos; imbuindo-os da teoria e da prática de um sistema anti-cristão, alimentando a ambição dos jovens com contínuas provas e repetidos exames; in­fluenciando suas inteligências e vontades, — o ho­mem todo — proporcionando-lhes instrutores os mais competentes para tais fins e abundância de todos os meios convenientes a tal formação.

Um exemplo: a formação dos chefes no Comunis­mo. No ano de 1937 publicou o “ Osservatore Romano” um resumo sobre este tema de que citamos o que segue:“Já de algum tempo para cá, existem na Rússia cur­sos especiais e sistemáticos para agitadores comunistas extrangeiros, nos quais êstes são cuidadosamente prepa­rados para desempenhar as funções de chefes do partido comunista. Estes cursos são divididos em três grupos distintos, segundo o tipo de agitador que deve ser for­mado.Os Cursos do PRIM EIRO GRUPO duram de 7 me­ses a um ano, e se organizam ordinariamente em Moscou, Kiew, Karkow e Minsk. São frequentados por inscri­tos nas seções extrangeiras do partido, os quais se te­nham distinguido por zelo e capacidade na orgamzaçao

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30e propaganda e que aejam recomendado» pela» junta» Todo. .fto obrigado, a m o n T d L S S i curso nos quartéis preparados para este fim, e nlo do- dem ter contato senão com os professores. . . Acaba* dos os cursos teóricos, sempre entremeados de liçftes praticas, os estudantes são reenviados às Juntas regio­nais com o titulo de “revolucionários diplomados”.

Instituto tipo do SEGUNDO GRUPO é a "Univer­sidade comunista para as minorias nacionais do Ociden- ^ que funciona em IMoscou. Esta possue diversas se- ções nacionais e os instrutores são escolhidos de prefe­rência entre comunistas de diversos países. Pertencem a este segundo tipo muitas "universidades noturnas", também estas muito frequentadas. Os melhores alunos dos cursos são chamados a um maior aperfeiçoamento práticos e destinados, por isso, a dirigir círculos políticos na Republica Soviética e, depois de certo tempo, são de­volvidos aos seus países de origem para alí organizarem e guiarem a propaganda da idéia comunista.O TERCEIRO GRUPO de cursos para a prepara­ção revolucionária tem por expoente a famosa "Escola de Lenin” em Moscou, a respeito da qual se guarda o mais absoluto segredo. A maioria dos estudantes desta escola principal, definida como o cérebro da organização e propaganda bolchevista, compõe-se de comunistas extran- geiros, enviados i Rússia, para aprender nesta escola em teoria e na prática todos os assuntos delicados e difíceis de futuros chefes das organizações do partido... O en­sino é feito com grande cuidado e com métodos apro­priados, compreendendo, entre outras coisas, as seguin­tes matérias que formam a base para a ação comunista: teoria da direção do partido, os deveres dum deputado comunista no seio dum parlamento europeu, a tática de ação para a decomposição ou a espionagem entre os ele­mentos da# forças armadas dum país, a espionagem na indústria e no campo da economia, a arte da guerra civil, da guerrilha, dos atentados terroristas. . .£» certo que com a ajuda e por meio destes elemen­tos “diplomados”, o Komintera conduz, — em nome da Rússia Soviética — a ação destruidora e tenaz do movi­

mento comunista em todos os países*

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Qne espetáculo tráfico! Taafeae pessoas, I » to tempo, organixaçáo, dinheiro, H e ..., dos ao mal, à lota eo stn Cristo! Tsoto « fb p psrm, em ultima análise, aaia cotas perdida f W i,capazes de criar valores positivos qoe Isçaas • t o mem melhor e mais fdfat.

O outro lado, porem, onde nds caasbatnaaoa» évitorioso; e isto por principio f Cristo c a igra$a podem ser atormentados aó teatporariamcafts;sempre pertence a Bts o triunfo ftnel.

Por isso nío nos atemorizam os m p rro d -mentos dos advessários do Cristianismo. Nesse» Rei Jesós Cristo é sempre o mais forte.

Porém, ama coisa, compre dinè-lo. procora Jesús-Críato: colaboradores qne as im w f e n á Soa Cansa sem reservas, que manifestem o mane mo sélo em favor da Igreja qne os iasarifas contra ela, qne apliquem a mesma *tenacidade ao bem como aqueles ao mal. p e se sublimem ao mesmo espirito dc mrrifkio psrs es­palhar o Evanfdho da Verdade como nqnriti o do erro.

Nlo devemos deixar vencer-noa pelos isusa»- fos! Corno os comunistas erigiram nama cidade da Rússia um monumento a Judas, o traidor, ao> sim nós levantaremos aos nossos eomçdse mona mentos a Cristo-Rs»; coa» Re» preparam oa pro- pagandistas do Ateísmo aas soas uariesnidadea s

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32escolas, assim nós formamos fileiras de apóstolos da Verdade, oficiais e “chefes” do exército de Cristo nas nossas Congregações Marianas.

III. As razões da parte da Igreja.1 . A Ig re ja tem o d ire ito de gu iar o s jo v e n s , para

a salvação e perfe ição .

Porque a Igreja é Cristo; ora, Êle os remiu com o próprio sangue, e por todos morreu. A Igreja tem o dever e a vontade de fazer deles bons cristãos, pois que todos são batizados, tor­nando-se assim membros dela.

Quem fará este trabalho? Os Sacerdotes só não bastam. A Igreja conta conosco, com os che­fes leigos.2 . E specialm ente hoje, a Ig re ja conta com as C on ­

gregações de nosso B ra sil.Porque na Europa se perdeu muito terreno.

Para compensar tantas e tão dolorosas perdas, a Providência Divina abre aqui uma porta. Tam­bém de nós dependerá que a Igreja não se desi­luda nas suas esperanças...

São centenas e centenas cada ano. Que que­rem? A que aspiram? Certamente nem todos são santos, mas estão bem dispostos; para que? Para serem conduzidos a uma vida verdadeira­mente cristã.

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33Que coisa lhes deve dar a Congregação? — A

Congregação deve dar-lhes ricos meios para a sal­vação da alma, para aperfeiçoá-los, para tomá-los homens felizes e exemplares. E quantos acha­ram, deveras, na Congregação este auxílio! Quão numerosos são os que, aplicando os meios espi­rituais da C. M., se tornaram cristãos exempla­res, homens felizes e santos!

E que multidão de jovens magnificamente dispostos ha no Brasil, que exclamam: Eis-nos! Formai-nos! Instruí-nos!

Estejamos, portanto, prontos para ensinar- lhes como vencer as tentações, como viver na graça santificante, como amar a Jesús e a Maria e como progredir nas virtudes cristãs! — Quão triste seria se a Congregação Mariana não conse­guisse amoldar estes jovens, para utilizar esta magnífica disposição, que se encontra na juven­tude deste país. — Mas, de quem depende isto?

Certamente não só do Sacerdote. Está so­brecarregado.2 . D e v ó s depende este resu ltado .

Uma C. M., na qual um grupo de chefes au­xilia o Diretor, torna a C. M. ativa, ocupa-se das reuniões, instrue os candidatos e os congregados, — fará a coisa mais importante, que há no mun­do! Depende de vós!

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34DO VOSSO EXEMPLO, que tanta influên­

cia exerce nos companheiros! Quantos vencem o respeito humano, si acham quem corajosamen­te lhes dê o exemplo!

DA VOSSA PALAVRA! Quantos virão às reuniões, se forem convidados com gentileza e trazidos por seus amigos. Quantos perigos se evi­tam, se um bom amigo congregado adverte um jovem e o acompanha à Confissão e à Santa Co­munhão.

DO VOSSO ZÊLO. Como será robustccida nos jovens a luz da Fé, quantos motivos fortíssi­mos de praticar virtudes, encontrarão eles na dou­trina cristã, se vós vos adextrardes a ensinar-lhes esta doutrina, se tornardes interessantes e atraen­tes estas instruções.

IV. As razões com respeito à Pátria.

Amamos nossa pátria.Amamo-la em Deus. Mais alto que a pátria

está o próprio Deus, o bem infinito. Porque Êle nos deu esta pátria, porque Êle quer este amor, porisso, amamo-la.I. Queremos uma pátria obediente a Deus.

Que sirva a Deus: que professe a religião de Cristo. Queremos o Bras’1 católico, apostólico, romano.

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35Estamos convencidos de que só um Brasil

assim será duradouro, feliz e forte. A obediên­cia a Deus, a obediência à sua revelação, a seu Filho Jesus Cristo, é o unico fundamento estável dos Estados. Por amor à nossa Pátria lutemos para que a virtude cristã se desenvolva em todas as classes; que os funcionários de Estado sejam homens concienciosos e desinteressados; os edu­cadores da juventude homens que respeitem a alma imortal da criança, que sejam capazes de educar filhos de Deus; os juizes, íntegros; os pais,cheios de espírito de sacrifício; a juventude aman­te da pureza de coração, disciplinada mais inte­rior do que exteriormente, e tc ... Em uma pala­vra : Procuremos, que floresça a virtude cristã em todas as classes do nosso povo.2. D e q u em depende is to f

Por ventura não depende também de vós? Vós sois chamados a colaborar neste magnífico empreendimento, tão decisivo para o futuro da Pátria. Nossa juventude é o povo de amanhã que ora também formamos nas CC. MM. Que honra, mas também que responsabilidade em con­tribuir para o triunfo de uma coisa tão nobre! Seja embora pequeno e modesto o nosso posto, sabemos no entanto que o valor do “front” de­pende da fidelidade de cada soldado! Formemo- nos neste espírito, contribuindo assim para a for­mação católica de um Brasil católico.

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362 .

QUE SIGNIFICA SER "C H EFE” NA C. M.?O chefe absoluto é Jesús.

1 . E sclareçam os um pouco o sig n ifica d o da palarvra “ c h e fe ” .E’ o que está à frente, que dirige outro, o

induz a fazer alguma coisa, que manda, dá or­dens. .. ,E* ainda aquele que mostra o caminho que precede outros, que os dirige, conhecendo melhor do que êles a estrada...

Daí o poder alguém ser "chefe” em duplo sentido: investido de uma autoridade interior ou exterior; ou no sentido de um comandante ou no sentido de um guia, de uma personalidade emi­nente por seu saber, por suas qualidades etc.

Exemplo: Um grupo de soldados comanda­dos por um oficial extraviou-se no caminho; o oficial dirige-se a um camponês, no qual confia porque afirma conhecer a estrada e querer con­duzi-los. O oficial dá ordens. Todos seguem o camponês como guia. — Eis os dois significados de "chefes” : o oficial com sua autoridade exterior e o camponês com seu saber prático chefiando o grupo.

Há, pois, em todos os campos da cultura hu­mana social, uma dupla hierarquia, a da autori­dade exterior, e a da capacidade interior; a do po­der de mando, e a da influência.

Qual será o caso ideal? Será naturalmente aquele no qual estas duas hierarquias coincidem; no qual a mesma pessoa reuna em si os dois signi­

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37ficados da palavra "chefe"; no qual aquele que possue a autoridade exterior, seja também o mais idôneo, o mais capaz e o mais digno de todos.

E’ uma questão de vida ou de morte para cada comunidade de evitar que se afastem estas duas hierarquias; de investir pelo menos nos pos­tos mais importantes com a autoridade exterior àqueles que são os mais capazes e os mais dignos. Embora vigore em cada comunidade esta tendên­cia, devemos admitir, que isto geralmente se con­segue só aproximativamente. Em muitos casos são uns que mandam e outros que gozam da maior estima pessoal.2. Agora olhemos para Jesús Cristo.

Podemos-Lhe chamar “chefe” ? — Certamen­te! Mais ainda: file é o caso ideal de que fala­mos. Pois Êle é chefe no duplo sentido: inves­tido com autoridade exterior, com o direito de mandar e, ao mesmo tempo, é o melhor, o mais capaz, o mais digno de todos: “Chefe” em todos os sentidos.

Ha mais: Jesús Cristo não só reune na sua pessoa os dois significados da palavra “chefe”, mas n’Êle estes dois significados são realizados no supremo grau que se pode imaginar. Jesús Cristo é o Chefe absoluto! Não ha pessoa que possua maior autoridade exterior. A razão está clara: Êle é verdadeiro Deus. Tem, portanto, o supremo direito sobre todas as creaturas. O Apo­calipse chama-o “Rei dos Reis (Apoc. 1,5 e

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3819,16) c a Igreja instituiu no ano 1925 uma festa especial para celebrar a sua Realeza eterna. Jesús Cristo pôde dizer de si mesmo: “Todo o poder me foi dado no Céu e na Terra”.

Jesús Cristo é, ao mesmo tempo o mais digno de todos os homens; pois Êle supera todos com a sua sabedoria e santidade. Êle é simplesmente o homem ideal!! Êle mesmo exige que todos os seus irmãos se tornem semelhantes a Êle, que o sigam e o imitem. “Aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração”. “Eu vos dou o exemplo para que vós procedais como Eu pro­cedí”.E o Apóstolo das gentes exprime a mesma ideia, escrevendo aos Romanos que Deus “nos predestinou para nos fazer conformes à imagem do seu F ilh o ...” (Rom. 8,29).

Daí ser Êle o ideal absoluto dos homens que todos devem seguir tornando-se semelhantes a Êle. Daí ser Êle “chefe” no sentido absoluto !Jesús Cristo comunica-nos seu cargo de “chefe”.E ' C risto verdadeiram en te o único “ c h e fe ” ?

Não há também homens que participam des­te cargo? Certamente: A hierarquia da Sta. Igreja tem a missão de dirigir os homens. Mas o Papa, os Bispos, os Párocos etc., nâo são diri­gentes independentes dele. Comunica-lhes Jesús Cristo o grande ofício de Guia e de Rei. Dirigem eles e guiam em Seu nome! Com Sua autori­dade !

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39E os leigos? Quer Jesús que estes colabo­

rem com a Hierarquia na salvação dos homens? Quem nos lembrou este dever? Foi especialmen­te o Papa Pio XI com seu apêlo à Ação Católica. T odos devem julgar-se responsáveis pelos seus ir­mãos. Ninguém poderá pois afirmar: não me cabe a mim ser guia e chefe dos outros. Todos os cristãos são chamados a esta missão que de­vem cumprir ao menos com a oração e o bom exemplo.

Mais: todo o cristão recebe para esta empre­sa uma espécie de consagração. Quando? Quan­do recebe o Sacramento do Santo Crisma.

Esta é a consagração do leigo para o aposto- lado. Ela contém não sómente o “mandato”, o de­ver, mas também a capacidade sobrenatural, con­ferindo-lhe as graças sacramentais necessárias a este dever.

Que quer, pois, de nós Jesús Cristo?Que suscitemos em nós o senso da respon­

sabilidade ; que tomemos a sério nossa vocação de ser guias, chefes, dirigentes, no sentido profundo da palavra, — participando do grande ofício do mesmo Jesús.

O nosso ofício de “chefe”.Nosso ofício de chefe está, portanto, intima-

mente ligado a Jesús Cristo. Quer consideremos a idea fundamental, quer o fim ou os meios deste ofício, sempre encontraremos Jesús Cristo como elemento essencial.

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40i . A idéia fu n dam en ta l do o fíc io de “ ch efe '' ê:

C r is to !Somos como que embaixadores de Cristo.

Que é o embaixador em si mesmo? Nada. Sim­ples representante. Sc faz uma visita, se fala, se recebe honras, se é ofendido, — é sempre o pró­prio Rei que visita, que fala, que é honrado ou ofendido. O embaixador, como pessoa particular pouco significa, quase a ninguém interessa. — Jesús Cristo tem seus embaixadores no mundo. Em l.° lugar e por excelência os Bispos e Sacer­dotes consagrados. Depois, colaborando com eles, nós, em medida mais restrita, porém no verda­deiro sentido.ISTO EXIGE DE NÓS:

SANTIDADE. E* coisa santa ser arauto do Santo dos Santos. A pessoa que leva a palavra sagrada do Salvador, que explica a doutrina santa, que conduz à fonte de santidade, aos Sacramentos, deve ser santa ou ao menos tender para a santidade.HUMILDADE. Nossa pessoa particular não conta. Como no ofício de embaixador, não se considera a nossa pessoa. Vale tão sòmente o Rei que represen­tamos, a quem conduzimos e a quem servimos. Acre­ditais Jazer um favor a Cristo quando o servis? Não necessita de vós. Podería escolher tantos outros! Não somos dignos desta santa vocação. Ele nos chamou, ainda que indignos. Por conseguinte: Sejamos hu­mildes!APLICAÇÃO SÉRIA. Tão nobre vocação não deve ficar à mercê do capricho de um eleito. Não se deve brincar com graças de tal valor. Tomemos a sé­rio as lições de formação, as advertências, os exercícios práticos, embora insignificantes na aparência, pois ser­vem a um fim importantíssimo! Todo o nosso in­teresse, todos os nossos pensamentos, todo o entusias­mo da nossa alma —- eis o que devemos dar a Cristo.

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412. 0 objetivo deste ofício é: Cristo!

Chefes, Dirigentes, para dirigir! — Para on- ~ de? Para quem? Para um ideal mundano, pro­

fano? Para ideais estabelecidos pelos homens? Pela moda? Acaso para o ideal do homem “dinâ­mico” ? Não, o único objetivo para o qual que­remos conduzir os homens, é Jesús Cristo. Quem conduz a fins opostos a Cristo não é um condu­tor, mas um sedutor.

Todas as estradas pelas quais conduzimos, devem terminar em Cristo!

Para Cristo, quer dizer: que Ele se torne o verdadeiro e supremo Chefe das almas; que se torne o seu Amigo, o seu Rei e Senhor.

Para Cristo quer dizer: que os homens se prendam a Cristo objetivamente nos santos Sa­cramentos. Que se tornem cheios de sua graça. Se conseguimos que um companheiro se aproxi­me frequentemente da Mesa Eucarística, conse­guimos o principal: ele encontrou Jesús Cristo.

Para Cristo quer dizer: que sejam postos em contato com Êle também subjetivamente, que Je­sús viva nos seus pensamentos, no seu coração. Que conheçam a Jesús, sua doutrina maravilhosa; que sejam entusiastas de Jesús e O amem com toda a sua alma. Que O sirvam, observando os seus mandamentos.

Eis o objetivo do nosso ofício de chefes, eis o objetivo que encontramos na Paróquia e no meio da própria Congregação Mariana.

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42Sigamos como exemplo São João Batista.Não quer ser senão aquele que prepara o ca­

minha para Cristo. Não se julga digno de desa­tar as “correias das sandálias”. Mostra Jesús Eis o Cordeiro de Deus! Conduz os seus discí­pulos a Jesú s ... Procura diminuir-se, esconder- se diante de Jesús: “ E’ preciso que Êle cresça e eu diminua” . . .

Todos estes traços confirmam quanto foi dito acima.3 . Os meios deste ofício devem ser relacionadoS

com Cristo.O meio principal de nosso apostolado é nossa

própria pessoa.Nós mesmos devemos estar cheios de Jesús.

Pois, como póde alguém dar aquilo que não tem?Cheios de Cristo quer dizer: recebê-lo fre­

quentemente na S. Comunhão. O chefe deve ser ainda neste ponto um guia, um exemplo segundo o qual os outros possam orientar-se. Porisso deve comungar mais frequentemente que os demais. (V. os requisitos para o Exame, p. 18. n.° 111,1).

Cheios de Cristo quer dizer: conhecer bein a pessoa de Cristo. Porisso exijamos dos nossos chefes que conheçam a S. Escritura, que formem uma idéia grande da personalidade de Cristo (Dis­to tratará o 3.° Opusculo de formação para os con­gregados). Exijamos que leiam regularmente um livro de formação religiosa. (V. os requisitos para o Exame, p. 18, n.0 III,3).

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43Cheios de Cristo quer dizer: penetrar na dou­

trina de Cristo, porque os nossos chefes devem ser capazes de explicar a outros a matéria religiosa contida nos “ Opúsculos de formação”. (Requisi­tos para o Exame, p. 18, n.* IV,2).

Cada um deve ser um “ Christophorus", isto é, uma pessoa que leva Cristo em si. Assim, j i o grande mártir Sto. Inácio de Antioquia, enquan­to era transportado pelos soldados romanos para Roma, onde, no Coliseu, foi dilacerado pelos den­tes das feras, escreveu na mesma viagem umas belíssimas cartas, nas quais admoesta os cris­tãos a não se esquecerem jamais de que são (des­de o Batismo) Cristóforos — aqueles que levam a Cristo. Que título magnífico! Próprio dos che­fes, encarregados que são de levar Cristo aos ou­tros. Portadores de Cristo na alma, isto é, na graça santificante; no coração, isto é no seu amor, nos pensamentos e interesses, no modo todo de viver. — Todos conhecem a lenda de S. Cristó­vão, que sem saber transportou o Menino Jesús através de um rio.

Os meios que aplicamos devem relacionar-se com Cristo.

A oração.E’ certamente o primeiro meio que deve uti­

lizar um “chefe”. Rezar pelos congregados, es­pecialmente por aqueles que estão sob sua res­ponsabilidade, para que eles conheçam Jesús mais intimamente e cresçam no seu amor: prece ms- tocêntrica” !

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44Orar para que sejam frutuosas as suas instru*

ções e Jesús abençoe as suas palavras. Rogar a Maria que implore abundantes graças para os jo­vens, dispondo-lhes os corações para o bem e tc . .. Um chefe que não reza pelos seus moços, não é verdadeiro chefe.

O exemplo.

Que é o bom exemplo? Não é somente uma ação singular. E* a pregação que faz a pessoa inteira. Em nosso ser Cristo deve tornar-se quasi visivel. Não totalmente, não em toda a sua gran­diosidade e santidade, compreende-se. Somos ho­mens fracos e limitados. Mas deve ser visivel em nós alguma coisa da humildade, pureza, pie­dade, bondade, do atnor a Deus e aos homens, das virtudes que Jesús praticou no máximo grau.

Contemplando-se, observando-se (e como se observam mutuamente os jovens!), vendo sua piedade, devoção a Maria, sua paciência e bon­dade, seu amor à pureza, seu desinteresse, espí­rito de sacrifício, etc. — vendo estas virtudes, de­vem vê-las irradiando-se da imagem de Jesús.

Um exemplo: Um Missionário viaja rumo a umatribu indígena pouco conhecida. Na fronteira da região em que procura entrar, vêm-lhe ao encontro alguns ín­dios, pedindo-lhe que pare e volte para traz. Apresen­ta-se um guerreiro com um arco, aponta e abate uma ave no voo. Voltando-se para o Missionário, diz: Vis­te? O nosso Cacique sabe abater assim as aves voando, e sabe ainda muito mais. . . Um segundo índio apresen- ta-se e lança o seu machado que à longa distância cor­ta uma arvore, ficando o Missionário espantado de tan­ta habilidade e força. — Viste? diz o guerreiro: Assim o nosso Cacique sabe ferir seus inimigos, e . .. mais ain­

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45d a ... Um terceiro índio mostra sua capacidade na luta corporal contra outro: com duas ou três manobras põe por terra um inimigo maior e mais musculoso do que êle. Acrescenta também êle: Viste? Assim o nosso Chefe sabe lançar por terra a quem quiser... e gabc-o melhor e mais rapidamente do que eu. Um quarto sal­ta sobre um cavalo e, correndo em terrível galope, ati­ra flechas sobre certo objeto, sem jamais errar o alvo. Segue-se ura quinto e um sexto, e outros, mostrando todos capacidades portentosas, e explicando ao Missio­nário: Quanto sabe cada um de nós é uma parcela do que sabe o nosso Chefe. Cada um de nós conhece uma coisa, mas êle as conhece todas juntas e melhor do que nós. Viste uma imagem do nosso Chefe em nós.

Cristo, o Rei supremo, envia seus mensagei­ros. Entre êles estamos nós. Somos enviados para falar dêle, para manifestar algo das suas grandiosas faculdades e virtudes. Muito mais di­fíceis e importantes são as qualidades das quais devemos falar ao mundo — a pureza, a bon­dade, o zêlo das almas, a piedade, o sincero amor desinteressado, a obediência, o espírito de sacri­fício . . . E ’ Êle nosso Mestre. Alguma coisa de suas magníficas qualidades espirituais deve tor­nar-se visivel em nós.

A p a la v ra .Ainda na palavra do chefe deve viver Jesús.

Supérfluo é dizer que jamais sua palavra deve servir ao mal, ao pecado, a conversas baixas, a calúnias, à ira e coisas semelhantes. Não, ser­virá só a Cristo e à sua causa. O Dirigente con­vidará, encorajará, exortará sempre a todos para que trilhem os caminhos que conduzem a Cristo, com sua palavra explcará a doutrina de Jesús.*.

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463.

A FISIONOMIA DO CHEFE NA C. M.Considerámos a importância do cargo de che­

fe, especialmente hoje em dia. Vimos também sua essência inteira perguntando: que é ser chefe ? E tirámos as consequências. Consideremos agora mais de perto o ofício do chefe. Que tipo de chefe é o que nós queremos formar, qual é a sua fisionomia?

Três quadros observados na vida da C. M.Primeiro quadro.Recebo um dia uma carta em que o Presi­

dente duma Congregação pede minha visita. Ape­nas chegado àquela cidade, começam os “chefes” que me acompanham, a queixar-se do seu Padre Diretor. “E’ muito difícil trabalhar com êle, di­zem; tem idéias muito atrasadas. Ultimamente proibiu uma reunião recreativa que estava já toda preparada, sob o pretêxto de não lhe termos mos­trado antes o programa. Ele quer saber tudo, in­trometendo-se até no governo externo da Con­gregação. E' tão rígido que não quer admitir, nem sequer no grupo do teatro, nem nas seções esportivas, congregados que uma vez ou outra faltaram às Comunhões gerais. Declarou uma vez inválida uma decisão da Diretoria ainda que tivesse sido votada por unanimidade... Que fa­zer? Observa-se em tudo a falta de confiança em nós. Não somos mais crianças; nós todos fo­mos eleitos legitimamente pelos congregados e podemos, portanto, exigir que também o P. Dire­

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47tor respeite a nossa autoridade. De outra forma, todos os membros da Diretoria estão decididos a demitir-se na primeira ocasião/'

Assim falam estes “chefes", e quando dto algumas regras do “Manual” que insistem na obediência dos chefes ao P. Diretor, acham esta concepção muito “antiquada”.Segundo qu adro .

Fui certa vez visitar uma C. M. Estava para começar a Missa oficial da Congregação. O Di­retor estava à porta da Sacristia chamando por sinais alguém para ajudar no altar. Após alguma hesitação um rapaz chega à sacristia e sai pouco depois, começando a ajudar. Eu procurava a Congregação, mas só depois de algum tempo con­seguí distinguir pequenos grupos de jovens, dos quais poucos traziam a “fita” ; todos dispersos entre o povo e a maioria nos bancos do fundo. Nenhum canto, nenhuma prece... tudo silencio­so. Só a porta da Igreja batia com ruido sempre renovado: muitos chegaram tarde. No momento da Comunhão havia alguns jovens entre muitas senhoras à mesa eucarística. Após a S. Missa o Diretor expõe o Santíssimo, ajoelha-se sobre os degraus do altar e entôa um canto. Organista, evidentemente, não há. O povo canta muito len­tamente. Entrementes, o coroinha fôra preparar o incenso. Volta finalmente e emquanto o sacer­dote incensa o Santíssimo, reina silêncio. De­pois o Diretor recita uma prece, entoa o Tantum ergo e dá a bênção.

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48Vai em seguida fazer a reunião num salão

vizinho. Um ar que sufoca; abrem-se as janelas; enfileiram-se as cadeiras. Afinal podemos come­çar. Na mesa da presidência 3 ou 4 jovens de fita põem-se à direita e à esquerda do Diretor. Este reza uma oração e dá a palavra ao sr. Se­cretário, que lê a ata da última sessão. Depois, o P. Diretor faz uma alocução. São comunica­das algumas notícias... No fim, o Diretor pro­põe que se cante um hino; mas os congregados não conseguem pôr-se de acordo sobre o cântico a eleger, porque não há nenhum conhecido por todos. . .

Onde se acham os chefes? Quasi o único que fala e organiza é o P. Diretor. Parece que nesta C. M. não existe uma Diretoria; os seus membros são quasi invisíveis; pelo menos são ab­solutamente passivos.Terceiro quadro.

Outro dia chego de trem a uma cidade para visitar a C. M. Na estação estão três congrega­dos que me acompanham à Igreja. O Diretor da C. M. está à porta da sacristia. “Acompanharam- no, Snr. Padre” ? pergunta. “ S im ...” “Tinha dado seu bilhete ao Presidente. Bem”. Vai ao altar. Um quadro contrário do precedente. Ha­via tudo: sacristão, ajudantes, organista. Os con­gregados nos bancos da frente, todos com a fita; um rezava; todos respondiam em côro. Os can­tos executados com entusiasmo. Longas filei­ras diante da S. Mesa, recolhidos recebiam a S. Comunhão. Não faltava nada. Uma edificação,

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49uma pregação para a paróquia toda. — Em se­guida o Diretor pergunta ao Presidente: “Está tudo preparado para a reunião?" "Sim, mas peço que V. R. nos espere com o Padre para os acom­panharmos"... Vamos para a sala da C. M., diante da porta duas fileiras de jovens que cum­primentam ; um pequerrucho recita alguns ver­sos. Entramos todos. A imagem de Nossa Senhora no meio de bandeiras e flores. Na mesa da presidência o Diretor conversa comigo, sem se preocupar muito do programa. O Secretário lê a estatística dos membros e das obras da C. M. Depois se levantam, um após outro, três congre­gados, — são os chefes das diversas Seções e nos dão breve relação. Igualmente o instrutor dos aspirantes e o Chefe dos moços casados bre­vemente prestam contas dos seus ofícios. Per­gunto ao Diretor sobre o programa, êste d iz: "Deixei tudo isto ao Presidente; não sei exata­mente como se desenrolará o programa". Segue- se uma pequena representação religiosa no teatro- zinho. À minha pergunta sobre a peça, o Dire­tor responde rindo: "Também não vi a peça; um dos chefes encarrega-se disto". No fim per­guntei: "Quem escolheu os cantos e as orações durante a Missa"? "Os chefes", diz o Padre Di­retor. "Oh! se tivesse que pensar em tudo isso, a C. M. seria para mim um pêso; estou já tão ocupado"! "E na verdade que é a C. M."? O Diretor reflete: "é a sementeira do apostolado leigo. . . "

E os chefes? — "Estes formam o meu Estado Maior no apostolado com a juventude. Em cada reunião da Diretoria falamos do calendário do mês

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50e distribuímos o trabalho”. E as seções de apos­tolado? — “Cada Chefe de Seção estuda no prin­cípio de cada ano um programa para a atividade da sua Seção e propõe-no à Diretoria. Depois de ser aprovado, não me ocupo mais dêle; o Chefe de Seção realiza-lo-á por sua própria iniciativa, e no fim do ano ler-se-á um relatório, expondo os resultados e também as dificuldades. Os chefes nada fazem de importante sem primeiro falar com a Diretoria ou comigo em particular; du­rante o ano porem, êles mesmos respondem pela execução. Eu apoio muito a sua autoridade e exijo que os congregados lhes obedeçam, como exijo que os chefes me obedeçam a mim”.

Parece-me supérfluo perguntar, qual destes quadros nos revela a verdadeira fisionomia da Congregação Mariana.

O papel dos chefes.Repara-se imediatamente que no primeiro

quadro os “chefes” não teem nenhuma idéia da estrutura da C. M., nem das regras, nem do ideal mariano que deveriam realizar. Para eles a Con­gregação Mariana é uma especie de clube em que recreação, esporte e teatro ocupam o primeiro lu­gar; acham que o P. Diretor, é um homem “atra­sado”, porque, com todo o direito, se opõe a essa orientação errada. Reclamam uma autoridade in­dependente da do P. Diretor, negando a este o di­reito de “intrometer-se” no governo externo. Provam que nunca leram as regras que tão clara­mente falam da subordinação dos chefes ao Padre em tudo. O melhor que podem fazer será pedir a

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51sua demissão, e quanto antes! — Êles apresen­tam aquela caricatura de “chefes" leigos que su­cumbem aos perigos típicos da sua posição: In­dependentes, obstinados, teimosos, superficiais, sem espirito interior, e muito cheios de si mesmos.

No segundo quadro os chefes parecem carre­gados de defeitos quasi contrários: Não têm ne­nhuma iniciativa, nem verdadeiro interesse pela Congregação. Em lugar de auxiliar ao P. Dire­tor permanecem passivos, obrigando o Sacerdote a fazer tudo sozinho, até as coisas mais simples e exteriores. Este tipo também não conhece as re­gras que exigem oficiais ativos, interessados, ze­losos.

Muito diferente é o terceiro quadro. Eis o tipo genuíno de chefes! Porque é que esta Con­gregação pode apresentar uma sementeira de apostolado leigo e o Estado Maior das obras en­tre os jovens? Porque ali se encontram verdadei­ros “chefes". E quais são os traços característi­cos do chefe? Resumimo-los em três atitudes as quais, como veremos em breve, constituem um ideal não muito facil de realizar.A . T êm verdadeira au toridade e responsabilidade

— m as tam bém são obedientes.1. Têm verdadeira autoridade e responsa­

bilidade.a) Parecerá isto contrário à caraterística das

Congregações Marianas; diz-se muitas vezes: “Nas CC. MM. só o Diretor está revestido duma verdadeira autoridade; vós, os leigos, não

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52tendes mais a fazer do que ouví-lo e obedecer- lhe’' .— Será isto verdade? — Não. Que dizem as regras? Falam claramente de “Oficiais”, dis­tinguindo maiores e menores. Falam de seções que são dirigidas pelos próprios leigos. Dizem claramente que os oficiais maiores “constituem o Conselho de govêrno” da C. M., que êles devem “ajudar ao P. Diretor no govêrno e na admi­nistração da Congregação”, (.regra ltf), que to­mam parte nas reuniões do Conselho “com voto deliberativo” (regra 56), que o Presidente é “co­mo o braço direito do P. Diretor” (regra 53) etc.

As regras reconhecem, portanto, a existência de verdadeiros chefes revestidos de autoridade e responsabilidade.

b) Pràticamente, como se mostra isto? Enu­meremos alguns exemplos:

Os chefes podem organizar pessoalmente os programas das reuniões, ocupar-se do controle das obrigações disciplinares dos congregados, vi­sitar e exortar os faltosos; são ordinariamente êles que organizam os programas do trabalho pa­ra os diversos grupos e seções; depois de aprova­dos realizam-nos com verdadeira autoridade e ini­ciativa, procuram êles mesmos vencer as dificul­dades que ocorrem. . . Em resumo: Sentem-se responsáveis pelo andamento geral da Congrega­ção Mariana.

Numa cidade européia um chefe dizia na reu­nião da Diretoria: “Peço que me confieis todos os ajudantes de Missa desta Paróquia”. Entre­

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53garam-lhos e fez uma obra tão impressionante com estes meninos, que de outras paróquias vi­nham pessoas para se edificar com o espetáculo de piedade e de ordem apresentado por estes co­roinhas.

Acontece, às vezes, que o P. Diretor não po­de comparecer às reuniões da C. M. Neste caso, os chefes devem ser capazes de tomar a direção da reunião, conforme a maneira de agir do P. Di­retor. Em tais ocasiões é que se vê se a C. M. dispõe no >eu Conselho de chefes que consideram a obra da C. M. como sua e possuem autoridade suficiente para substituir o P. Diretor num caso excepcional.

2. Por outra parte devem ser obedientes. — (Regras 22, 49, 50).

A regra o diz elaramente. Teem uma verda­deira autoridade mas participada da autoridade do Diretor. Antes de executar qualquer obra, devem propor sinceramente os seus planos ao Diretor ou privadamente ou no Conselho. Du­rante a execução devem observar com toda leal­dade as diretrizes dadas pelo Diretor ou pela Di­retoria. Depois da execução devem apresentar um relatório sincero e completo do trabalho feito.

Precisamos de chefes que queiram obedecer. Que não sigam sua própria cabeça. Se qualquer proposta, ainda que ótima segundo a sua maneira de ver, não fôr aprovada, devem renunciar a ela; devem saber esperar outra ocasião mais propícia e conveniente, sem se tornarem importunos.

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54B. C h efes a tivo s e, apesar d isso , h o m e m de in ten ­

sa v id a in terior.

1. Chefes ativos.Devem ser verdadeiros o^ciais, e num oficio,

trabalha-se. Titulares que têm somente o título de “chefes”, não correspondem ao conceito das nossas regras. Homens de iniciativa própria, e com a conciência da responsabilidade! Homens que sabem propor, que refletem nos meios para obter o resultado disto ou daquilo. Çue se inte­ressam pelas reuniões, pelas festas, pelas obras de apostolado, etc., na Paróquia ou ro meio em que vivem. Não podem descansar nem dar por completa a sua obra de apostolado, enquanto não conquistarem os últimos dos seus companheiros para uma vida católica fervorosa.

Os congregados mexicanos deram magnífico exem­plo neste sentido. Nos anos passados, diversos Esta­dos do México permitiram oficialmente apenas a um Sa­cerdote residir no território do Estado. Por conseguinte, muitas Congregações durante anos passaram quasi sem ver um Padre. Sabemos, porém, por meio de relatórios enviados a Roma, que em muitos casos os chefes leigos, em lugar de renunciar a toda atividade da C. M., toma­vam-se por isto mesmo mais ativos, substituindo o Pa­dre, na medida do possivel, de maneira que as ativida­des da C. M. não foram interrompidas. Na cidade de Chihuahua, por exemplo, as seções de caridade, o ensi­no religioso aos operários, as academias, os círculos de estudo, funcionaram como antes com a mesma pontua­lidade e regularidade e cada domingo os membros da seçlo catequética ensinavam mais de 500 crianças em 5 lugares diversos.

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55Que bênção do Ccu é ter chcícs ativos, zelo­

sos, trabalhadores, que não desanimam diante das dificuldades!

2. Mas homens de vida interior.Seria fechar os olhos a realidade não ver um

grande perigo no apostolado moderno, conce- bendo-o num sentido de demasiada exteriorização, como trabalho puramente teemeo e de organiza­ção. Todo Sacerdote com um pouco de experien- cia reconhece este perigo. Muito facilmente os apóstolos leigos esquecem que o apostolado cris­tão não é essencialmente outra coisa, do que a irradiação duma personalidade proíundamente cristã.

Este perigo é hoje mais atual do que nunca, visto que os objetivçs no campo do apostolado são nos nossos tempos imensos, variados e difí­ceis, e os próprios leigos vivem sobrecarregados de trabalho, proveniente da deficiência de sacer­dotes. E, em resumo, não é mais que a realiza­ção daquelas palavras do Cardiai Marmaggi: “Os leigos devem levar em si mesmos o Deus que de­sejam comunicar aos outros''.

Um sacerdote que foi ajudar um Vigário na transformação de um club recreativo em uma obra de apostolado, disse ao Vigário, que deseja­va distribuir logo vários cargos de responsabili­dade: “Não, ainda é cedo; esperemos, que estas moços façam o retiro fechado três anos a fio, que fequentem a Comunhão assiduamente e tomem convições profundas e práticas da vida cristã”.

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56A atividade do congregado deve jorrar natu­

ralmente da sua intensa vida espiritual. Retiros fechados, comunhão frequente e mesmo quotidia­na, direção espiritual, exercícios de piedade cons­tantes e bem feitos, exames de conciência since­ros, e tc .-, são os melhores meios para a forma­ção do apóstolo.C. H o m e n s capazes e, apesar disso , m o d esto s e hu ­

m ildes.

1. Homens capazes.Os chefes devem ser homens que gozam

da estima geral, também na sua vida privada e profissional. Por motivos religiosos um congre­gado que é comerciante deve ser um bom comer­ciante; si é medico deve ser bom médico, si é empregado bom empregado etc. O congregado tem que se interessar pela sua profissão, mostrar- se zeloso no fazer os exames necessários, ser es­timado pelos seus superiores. Suponhamos que se faça um inquérito entre os seus colegas no es­critório, trabalho, na universidade, na oficina, no laboratório etc., sobre o que pensam de você, — que dirão? Pelo menos deveríam dizer que você, no lugar do trabalho, está sério, assíduo, bom companheiro, etc.

Os chefes devem mostrar aptidão para diri­gir as obras da C. M. Naturalmente não basta a boa vontade para saber dirigir grupos e seções, para organizar festas religiosas, para conquistar novos colegas para a C. M. Por isso os che­

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57fes devem formar-se sistematicamente, estudar a bibliografia conveniente, procurar aproveitar das experiências de outras CC. e de outras organiza­ções; devem conhecer bem a doutrina da Igreja, saber responder às objeções contra a Fé. Devem querer aperfeiçoar-se e tomar a sério o seu ofício no qual se querem tornar competentes.

Em Barcelona a C. M. da Imaculada e de S. Luiz mantém 7 Centros escolares, apresentando cada um, um vasto sistema de ensino primário e catequético. Em ca­da Centro trabalham mais de 30 congregados que todo o domingo ensinam a centenas e centenas de crianças. São os mesmos marianos encarregados da direção e administração destes “ Centros” que teem cada um seu “ Diretor”, — um verdadeiro Diretor escolar — com Se­cretaria, com um corpo de professores, que em parte de­vem ser pagos, com vigilantes, etc.. E ’ uma obra que testemunha não somente o magnífico espirito de sacrifí­cio dos congregados, mas também uma capacidade ex> traordinária de dirigir e organizar com autoridade e ini­ciativa. Naturalmente trabalham estes chefes sempre em dependência da Congregação Mariana e do seu Di­retor.2. Ao mesmo tempo: homens modestos e

humildes.Encontrei chefes muito capazes, que se jul­

gavam absolutamente necessários. Êles se faziam rogar muitas vezes antes de aceitar um trabalho; faziam sentir que tudo dependia deles. E quan­tas vezes ouví a queixa, de que os nossos após­tolos leigos mostram demais a tendência de pôr-se em evidência, de fazer furor com os próprios dis­cursos, de procurar aplausos etc. Sempre obser­vei que os fiéis e também os não-católicos perce­

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58bem logo o sentido de semelhantes atitudes. E muitas vezes encontra-se por esta razão uma cer­ta aversão, uma latente oposição ao apostolado leigo.

Tive uma vez uma palestra com universitá­rios católicos, moços piedosos e falámos sobre o apostolado. Extranhei que todos, uns quinze, mostrassem aversão ao apostolado leigo. E a ra­zão? “Não queremos ser objeto de ingênuas ten­tativas de conversão por parte desses vaidosos apóstolos leigos”. Esta sentença revela aquilo que falta muitas vezes aos leigos, que trabalham no terreno do apostolado: aquele tato, aquela de­licadeza, simplicidade, humildade, espirito de sa- crificio, que foram as atitudes essenciais de Jesús Cristo em oome do qual êles se apresentam.

Ordinariamente o Diretor encontra com fa­cilidade um congregado que está pronto a fazer um discurso em público, mas quantas vezes deve êle andar à procura de quem o ajude no trabalho duro e quase invisível da preparação duma fun­ção religiosa e coisas parecidas. E, em realidade, um apostolado sólido não é realizável sem um trabalho quotidiano e minucioso. Tal trabalho com o tempo torna-se sempre coisa aborrecida. Pois é necessário renunciar a tempo livre, a re­creações, a divertimentos; é precisa fazer visitas desagradáveis e que muitas vezes parecem inú­teis. E ’ preciso tolerar desprezo e irrisões, sem porém perder o otimismo. Tudo isso supõe uma virtude sólida, supõe humildade e desinteresse.

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59Insistimos neste ponto. O perigo de se pro­

curar a si próprio, de satisfazer a própria vaidade, surge quasi espontaneamente, sobretudo nos prin­cipiantes. Lembro-me que, depois de ter dado um curso para apóstolos leigos e ter feito apelo aos jovens a que mostrassem ao seu Vigário, com um aperto de mão a sua prontidão em ajudá-lo na Paróquia, já o primeiro que se apresentou, dizia solenemente: “Prometo estar à disposi­ção do apostolado leigo na paróquia”, acrescen­tando espontaneamente: “Como chefe” ! Com­preendí que aquela mesma noite devia fazer mais uma instrução sôbre o essencial do apostolado que consiste não no comandar os seus compa­nheiros, mas em serví-los.

Quem conhece um pouco o caráter especial da C. M., deverá conceder que toda a sua es­trutura e todo o seu espírito visa excitar e in­cutir nos seus membros esta simplicidade, modés­tia e humildade. Basta lêr as regras dos oficiais da C. M. onde se fala de obediência, modéstia, submissão e disciplina.

Resumindo, devemos confessar que é um ideal muito sublime que as regras desenham do “che­fe” na Congregação Mariana. Não seria prova­velmente tão difícil realizar um lado da caraterís- tica que expusemos, isto é, formar homens de res­ponsabilidade, ativos e capazes, ou, por outro la­do, homens obedientes, de vida interior, modestos e humildes. Mas, a dificuldade consiste precisa­mente em coordenar estas atitudes, em tê-las to­das juntas, apresentando assim um tipo religioso, rico, amplo e equilibrado.

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604.

O VALOR DA DEVOÇÃO MARIANA PARA O CHEFE.

Eis o ideal do Cavaleiro de Maria: o ver­dadeiro cavaleiro é forte, viril, corajoso, capaz e ativo; mas, ao mesmo tempo, deve distinguir-se por uma profunda humildade, reverência, delica­deza. Ideal do moço, do homem católico! Ideal da santidade cristã!

Cavaleiros de Maria!E’ um ideal grandioso, o que encarámos.

Oxalá tivéssemos tais chefes em todas as CC. MM.

Mas, como alcançar um ideal tão sublime? Um ideal que evidentemente supera as nossas for­ças humanas, que é tão contrário às nossas paixões ?

Voltemo-nos para Maria. Ela nos conduz a Jesús Cristo. Queremos ser "Cavaleiros de Ma­ria”. E não é em vão que nos chamamos Con­gregação Mariana. Não é em vão que concluímos um contrato com Maria na nossa admissão na C. M. E Ela que nos aceitou como seus filhos e cavaleiros, não nos deixará sós neste importan- tissimo negócio.

Volvamos, portanto, os nossos olhos para Maria, nossa Mãe e Guia.

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61Maria como Mãe.

E‘ dever de mãe alimentar os filhos. Mãe nenhuma pode ver os filhos sofrer fome. E Ma­ria é boa Mãe. Como podería recusar o alimento espiritual, isto é, a graça, a um filho que a ela recorra ?

Peçamos, pois, a Maria a força sobrenatural, a energia que necessitamos para o nosso aposto­lado. Peçamos-lhe graças abundantes.A . Em prim eiro lugar para n ós m esm os.

As virtudes de um apóstolo, zêlo, reta inten­ção, prontidão para o sacrifício, etc. não podemos consegui-las com as nossas próprias forças. Deus chamou-nos ao apostolado, atraindo-nos para a Congregação, e certamente está disposto a dar- nos com abundância as graças necessárias, postas desde já, à nossa disposição. Entretanto, Deus nos dá essas graças por intermédio da Santíssima Virgem.

Nas bodas de Caná o Senhor nos revelou como nada pode recusar ao pedido de sua Mãe. Recorramos, pois, a Ela.

Acaso não foi Ela que educou todos os Santos que adornam os altares da Igreja? Não conhecemos um só Santo que não tenha sido grande devoto da Virgem Celeste. Foram-no muito particularmente os grandes apóstolos e fundadores de ordens religiosas, que propagaram a devoção a Nossa Senhora em todas as classes do povo catolico; como S. Domingos com o Terço, S. Francisco de Assiz, Sto. Afonso de Liguorí, fundador dos PP. Redentoristas, com a sua imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, S. Joio Bosco, fundador dos PP. Salesianos, com a sua devoção a Ma­ria Auxiliadora e tantos outros.

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62Há certos perigos aos quais está exposto o

apóstolo zeloso, tais como exterioridade, desobe­diência, orgulho, — perigos inerentes ao encar­go de apóstolo leigo. E’ Maria quem nos ajudará a vencê-los.Rezemos pois: “ Maria, fazei-me um fervoro­so apóstolo, ativo e amante da vida interior. Não permitais que me torne um “aes sonans et cym- balum tinniens”, “um metal que sôa ou como o cymbalo que tine”, — como diz o Apóstolo (1 Cor. 13,1). Fazei de mim um homem de inicia­tiva, mas ao mesmo tempo obediente. Dai-me um grande respeito pela dignidade sacerdotal. Dai- me sinceridade, simplicidade na colaboração com os Sacerdotes e a convicção de que obra nenhuma florescerá sem a submissão às diretrizes dos es­colhidos por Jesús Cristo para Pastores do seu Corpo Místico. Pedi ao Vosso divino Filho a graça de eu cumprir as obrigações inerentes ao meu cargo, para que me torne capaz e competen­te nos negócios que me são confiados e, ao mesmo tempo, livre do orgulho, tão oposto ao verdadeiro espírito cristão. Fazei-me amigo da modéstia, da simplicidade e da humildade, de modo que o meu único orgulho seja de servir-vos e ao vosso Filho, meu Rei e Salvador”.B. Em segundo lugar : Para os outros.

O Apóstolo leigo necessita de graças para aqueles sobre os quais quer ter influência. Por mais eloquentes e insistentes que sejam as suas exortações, e numerosos os meios de quêTlãnça mão para conduzí-los ao bem, — nenhum esfôrço

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63será profícuo, se a graça de Deus não iluminar as inteligências e mover as vontades dos tíbios.

Quantas vezes não o experimenta o Sacerdo­te» O mesmo se dá com o apóstolo leigo.

Certamente devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance, não poupando pena e esforço, vi­sitas e boas leituras, palavras e mais palavras. Mas sempre lembrando-nos de que só Deus com a sua graça fecunda a obra. E quantas vezes não nos faz esperar longo tempo pelo sucesso, para nos ensinar a nossa total dependência!

Disto, que se segue? Que devemos por meio de orações e sacrifícios impetrar de Deus pode­rosos auxííios sobrenaturais. Nunca deve o apos- tolo leigo trabalhar com as almas desamparado da graça divina.

Então, a quem nos dirigiremos, para obtermos as graças do Ceu? Naturalmente à nossa Mãe celeste. Sendo Ela Mãe de todos também o é dos filhos desviados que vivem afastados de Deus pelo pecado e pela indiferença. O Senhor no-la deu por Mãe e a Ela deu o que sobretudo é pró­prio da Mãe: o coração materno.

Pouco antes da guerra de 1914 numa cidade euro­péia ensinava filosofia na Universidade um Professor que, embora batizado como católico, ficara completa­mente ateu e era conhecido pelas suas invectivas contra a Igreja. Toda vez que, por acaso, aparecia um Padre numa aula dele, era certo ouvir uma observaçfto sar­cástica do Professor.Certo dia, um Padre lhe pediu corajosamente con­tas destas injurias; nasceu uma longa disputa e o Pro­fessor foi-se tomando cada vez mais hesitante. Nos dias seguintes o Çacerdote pôde continuar as conversas, mas nlo conseguiu cbnvenco-ta couqdetameute da fali>

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64dade das soas opiniões. Ent&o o Padre, que era Dire­tor duma Congregação Mariana, dirigiu-se a seus mo­ços, exclamando: — “ Quem de vós tomará parte numa novena a Maria Santíssima para obter a conversão duma pessoa de grande influência?’' Quasi todos promete­ram participar. Antes de se passarem os nove dias, tocou o telefone na casa do Padre; era o Professor que lhe pedia uma visita. — “Não sei como explicar, disse, mas não me sinto mais tranquilo. Devo começar uma vida nova.” Confessou-se e tornou-se deveras outro homem. Na aula seguinte fez em publico uma decla­ração da mudança das suas convicções. E desde aque­le tempo tornou-se por muitos anos um dos mais zelo­sos apóstolos leigos entre os estudantes da Universidade.

Apelemos, pois, para o amor materno de Ma­ria. Lembremos-Lhe:

"Está em perigo a salvação eterna de um de vossos filhos! São ineficazes todas as minhas pa­lavras e admoestações, se a graça divina não lhe tocar o coração. Vós podeis proporcionar-lhe es­ta graça porque sois a poderosa Medianeira de todas as graças, a rica Dispensadora dos tesouros da Redenção e o refúgio seguro dos pecadores. Nunca se ouviu dizer que tivesseis rejeitado uma petição filial. . . ”

O verdadeiro apóstolo leigo sempre reza des­ta maneira pelos seus amigos e companheiros, faz pequenoé sacrifícios nessa intenção e alia a si, nos seus esforços apostólicos, a Maria, Mãe dos pe­cadores.

Maria como modelo.Consideramos Nossa Senhora como a des­

crevem os Evangelistas. As suas caraterísticas não são porventura os mesmos traços que conhe­cemos como essenciais aos Cavaleiros, aos che­

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65fes? Não é Maria o exemplo perfeito da vida in­terior, da obediência, da modéstia? A devoção a Nossa Senhora é pois especialmente apta para preservar os chefes dos perigos inerentes ao seu cargo.A . A vida in terior de M aria contrária à perigosis-

sim a exterioridade.Perigo grande e não raro.Numa C. M. eu observei como o maestro de

música dava péssimo exemplo de vida aos con­gregados; noutra os mais ativos no esporte eram os mais relaxados nas práticas de piedade. Em outras ainda os do griípo do teatro faltavam quasi sempre à Comunhão geral. Encontrei Congrega­ções em que as reuniões eram, ia a dizer, mise­ráveis, enquanto que as Seções recreativas, como esporte, teatro, etc., eram brilhantes. — Eis o perigo da exterioridade!

Maria é-nos um exemplo de vida interior. A * Sagrada Escritura assim diz: “Omnis gloria fi-

liae regis ab intus”. Toda a glória, toda a beleza espiritual da Filha do Rei, de Maria, está no in­terior, no seu coração. Porque Deus a amou e admirou tanto, a ponto de enviar um anjo a sau­dá-la? Porque Ela é cheia de graça, “gratia ple- na”, cheia de vida divina, de santidade, de virtude. E’ a riqueza interior que Deus elogia. Maria con­templava Jesús, meditava suas palavras, imitava suas ações e sintonizava-se com os seus sentimen­tos. Eis a vida interior! Todos os pensamentos de Maria concentravam-se em seu Filho.

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66Ela é a mais “cristocêntrica” dc todos os San­

tos. Nenhum motivo, nenhuma tendência vivia no seu coração que não fôsse sobrenatural.

Aprendamos, pois, com ela a apreciar e pra­ticar a vida interior, a oração recolhida, a medi­tação, e a intenção reta que encara todas as coi­sas sempre sob o ponto de vista sobrenatural.

Assim fazendo o Chefe não se assemelha à bananeira cuja força se esgota numa só produção de frutos, precisando brotar nova planta para pro­duzir outros. E’ esse o símbolo do chefe pobre de vida espiritual. Esgota-se facilmente na sua atividade quem tem falta de vitalidade interior e de reservas espirituais.

O verdadeiro chefe deve assemelhar-se à la­ranjeira que produz frutos com tanta vitalidade e em tanta abundância que parece inexaurivel.

A alma dum chefe sem vida interior e vazia de graças, é como uma terra sem sementes, es­téril. A alma do chefe sem oração, é como uma terra sem sol. Como pode haver fertilidade onde não há o calor do contato com Deus, na oração?B . A obediência de M a ria , con trária à in d epen ­

dência.

Grande é o perigo da independência; princi­palmente para o chefe que é absorvido pela sua obra, que, identificando-se com os seus projetos, quer realizá-los com todas as forças da sua alma. Quem trabalha e se dedica completamentc à sua

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67obra, sente a tensão entre a iniciativa e a obe­diência. E encontram-se chefes que renunciam à virtude da obediência, realizando os seus pro­jetos por sua conta, às escondidas do Diretor, obtendo as vezes a aprovação do Sacerdote por meios ilegais.

Ser um chefe muito ativo e, ao mesmo tempo, verdadeiramente obediente, supõe uma sólida vir­tude.

Eis o que sucede as vezes: O chefe tem um plano que ele mesmo acha magnífico; expõe-no ao P. Diretor. Entretanto êste é de opinião contrá­ria, apoiando-se na sua experiência. Objetivamen­te é difícil decidir quem tem razão e, ás vezes, a opinião do chefe pode ser mesmo a mais acer­tada.

Todavia mesmo neste caso, o Diretor perma­nece Diretor e último responsável; ele deve exi­gir obediência. — Quem não percebe que o en­cargo de chefe requer uma grande e sólida vir­tude? E como consegui-la? — Meditando no exemplo de Maria.

A obediência é uma das caraterísticas de Ma­ria. Um chefe que ama Nossa Senhora e procura imitá-la, não pode deixar de amar esta virtude Basta refletir sôbre as duas passagens importan­tes da vida de Maria, a Anunciação e o Gólgota. quando concebe a Jesús e quando O perde. Nes­ses dois momentos qual é a atitude profunda de Maria? — a renúncia à vontade própria, e a sub­missão total à vontade divina. Grande exemplo para o chefe!

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68No momento da Anunciação, observamos que

Maria faz a sua pergunta “ Como pode ser isto?” unicamente porque são aparentemente contraditó­rias as duas expressões da vontade divina: Vir­gindade (non cognoscere virum) e maternidade (concipies. . . ) . Mas apenas esclarecida a vonta­de de Deus de tornar ambas as coisas possíveis simultaneamente por um milagre, não lhe escapa uma observação, uma dúvida siquer, mas diz a palavra magnífica de submissão completa à von­tade de Deus: “ Ecce ancilla D om in i...” “ Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segun­do tua palavra”.

No Gólgota, Deus exige de Maria uma obe­diência heróica, sobrehumana. A mãe assiste à morte do próprio Filho! Jamais se leu na his­tória da humanidade, que fôsse exigida, na exe­cução de um condenado, a presença da mãe ino­cente. Seria uma extrema crueldade! O mais natural é que, no momento da execução, os ami­gos da família afastem a mãe do lugar sinistro e a preparem com delicadeza para suportar a dolo­rosa mensagem. Aqui não. O próprio Deus exige de Maria o heroísmo de presenciar a morte de seu Filho, a todas as suas dôres, de ver todas as suas chagas, até mesmo aquela que lhe abriu o Cora­ção. Isso só se pode exigir de uma alma he­róica. E de fáto, no Calvário, Maria se torna a Rainha dos Mártires. Que exemplo para um che­fe, filho e cavaleiro de Maria! Quando a obe­diência lhe parecer difícil, quanta força encon­trará no exemplo de sua celeste Mãe!

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69C. A hum ildade e m od éstia de M aria , con tra o P erig o do orgulho .

E' grande, mais uma vez, êste perigo.O chefe é distinguido com título e autori­

dade; tem direito de dar ordens e de exigir obe­diência (regra 44); está sempre em evidência e ocupa os primeiros lugares; aparece em páblico e recebe aplausos. Somos homens. E como tais corremos o risco de nos deixar fascinar pelas hon­ras, pelos primeiros lugares. Podem-se ouvir, às vezes, queixas contra tal atitude de chefes, e por isso há Sacerdotes que se recusam a dar aos lei­gos autoridade e responsabilidade. Ser capaz e todavia não se mostrar como tal, supõe grande virtude!

Mas será impossível obtê-la do coração dos nossos chefes? Parece-me que não, desde que estes se esforcem por ser verdadeiros “Cavaleiros de Maria”, e que haja um cultivo sincero da modéstia e da humildade, aprendida no semblan­te de Maria Santíssima.

Que modêlo de modéstia e de humildade é, de fato, a SSma. Virgem! Ela é eleita para uma dignidade singular, incomparável. Como são ri­dículas essas fumaças de grandeza, de capacidade, de honras etc. que encontramos no mundo, diante da dignidade da Mãe de Deus! E Maria tem con- ciência dessa riqueza: “Eis que já desde agora to­das as gerações me chamarão bemaventurada... ” Maria sabe que está acima de todos os homens.

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70E a reação? “ (Deus) poz os olhos na baixeza da sua serva. . . Depôs do trono os poderosos e ele­vou os hum ildes..." (Luc. 1,48 ss.).

Lição de humildade para os homens capazes e elevados, eis o Magnificat! E é esta a atitude de Maria durante toda a vida. Está sempre em último lugar e é apenas mencionada na Sagrada Escritura! A mais santa mulher é a mais oculta, a mais modesta. Eis o exemplo de Maria!

E' essa a melhor escola para os nossos che­fes. Um Dirigente que pensa em Nossa Senhora e seriamente se esforça por imitar o exemplo da Virgem humilde, não pode permanecer orgulhoso, cheio de si, ávido de honras e gratidão; não se pode vangloriar de suas pequenas qualidades, ten­do deante dos olhos o exemplo daquela que, pos­suindo uma dignidade quasi infinita, como diz Santo Tomáz, é a criatura mais humilde e a mais modesta.

Imitando as virtudes de Maria, os nossos che­fes realizarão o tipo de homem capaz e 9imples, que é simpático e apreciado de todos.

O chefe do pessoal de uma importante firma industrial, acertava sempre na escolha de empre­gados, dentre os muitos que se apresentavam ; nunca se saiu mal. Certa vez, perguntando-lhe o Diretor, qual era a sua orientação que tio bons resultados dava, respondeu:

“Escolho de preferência os mais modestos. Já observastes um jogo de foot-ball ou de tenis? Os piores jogadores são sempre os mais bem ves­

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71tidos, os possuidores das raquetes mais caras. Os bons jogadores dispensam tudo isso. Quem não dá tão grande valor à sua pessoa, e me responde com calma, modéstia e firmeza às minhas per­guntas sem falar da sua pessoa — é sempre o mais capaz".

A razão é obvia. Um tal homem não precisa jactar-se, exagerar as suas qualidades, valer-se de meios externos para lhe aumentar a importância, — as qualidades se recomendam por si mesmas.

Na França viveu no fim do século passado um dos mais conhecidos industriais da época, Léon Harmei, que, com energia e excepcional generosidade, pôs em pratica os princípios da doutrina social da Igreja. Foi um ho­mem amado e venerado pelo escol da sua patria. Num tempo de capitalismo extremado foi exemplo fulgurante para os seus coevos.O traço mais característico deste apóstolo leigo exemplar foi a sua grande humildade e modéstia. Nas demonstrações da vida católica ou em relatórios sobre suas beneméritas realizações sempre teve o maior cuida­do de evitar que aparecesse o seu nome. Os biógrafos relatam que foi habilíssimo em procurar meios de ficar nos bastidores e pôr outros em cena. De modo que em muitas obras boas que iniciou, o publico jamais suspei­tou que era ele o autor.Cavaleiros de Maria! Duas palavras subli­

mes e de sentido profundo. A primeira nos cha­ma e incentiva às altitudes da grandeza humana, religiosa, cristã. Ser “ Cavaleiro", ser forte, ca­paz, corajoso e, ao mesmo tempo, respeitoso, no­bre, modesto e humilde, — a que ideal maior po­deriamos encaminhar o moço católico? — Mas a beleza longínqua e demais sublime deste ideal tor­na-se vizinha, quasi tangível, se consideramos a

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72segunda palavra: "de Maria". Sim, guiados pela mão materna de Maria, animados e ajudados pe­los auxílios sobrenaturais da "Medianeira” pode­rosa, empenhamos todas as nossas forças, todo nosso idealismo juvenil para realizar este obje­tivo e tomar-nos, cada vez mais,

Cavaleiros de Maria.

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E X P L I C A Ç Õ E S das Obrigações especiais

Estas se impõem como consequências das considerações teóricas citadas.

Aliás, há muitíssimos simples congregados que as realizam espontaneamente durante anos e anos; de maneira que não é demais exigir estas práticas também dos futuros chefes.

(V. os requisitos para o Exame, p. 17).E X P L I C A Ç Õ E S das Capacidades técnicas

1. Saber bem o Catecismo.A Regra 33 diz que o congregado tem que

ser “acima de tudo um cristão exemplar, confor­mando perfeitamente a sua Fé e os seus costumes com o que ensina a S. Igreja Católica”.

Ora, é precisamente o catecismo que contêm o que ensina a S. Igreja. O Catecismo é para a vida cristã o que a taboada ou o saber ler e es­crever para a vida cultural. — Repete-o, pois, tal­vez junto com um companheiro.

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742. Saber explicar, em forma de conversa, a ma­

téria do 1.*, 2 / e 3.* “ Opúsculo de formação”.Eis algumas sugestões práticas:Ler antes de tudo o capítulo correspondente

com atenção até compreender perfeitamente o seu conteúdo.

Não é preciso saber a matéria de cór; pódes explicá-la com o livro na mão.

Como a matéria está já apresentada em gran­de parte em forma de perguntas e respostas, não parece dificil ensiná-la.

Fazer muitas perguntas e dirigi-las sempre a outros.

Naturalmente não se trata de suscitar dis­cussões sobre as verdades reveladas; mas as per­guntas se formulam por razões de método, para interessar a todos e para obrigá-los a estar aten­tos a todo momento. Por isso, o ponto de par­tida será ordinariamente coisa conhecida, e pouco a pouco os moços encontrarão a resposta a per­guntas mais difíceis.

Procura citar exemplos, comparações, peque­nos traços pessoais dos teus arredores ou da vida do povo.

Pala sempre duma maneira viva, de modo que os discipulos sigam com interesse as tuas aulas.

Fazer repetir muitas vezes os assuntos já tra­tados e explicar uma verdade em conexão com a outra.

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75Será bom cantar um cântico correspondente

ao assunto da aula, ler uma poesia etc., por ex.: em homenagem a Maria SSma., explicando os Ca­pítulos 2 e 3 do primeiro “ Opúsculo”.3. Conhecer o modo de ajudar à Missa e saber

ensiná-lo aos outros.Que honra é o serviço do altar, próprio dos

Anjos do Ceu! O Rei de Saxônia, homem muito piedoso e congregado mariano, ajudou muitas ve­zes ao Sacerdote, ajoelhando-se no chão da sua igreja áulica de Dresden. Sendo um grande pri­vilégio o serviço do altar, é preciso não deixá-lo exclusivamente aos meninos; recomenda-se muito o uso difundido em varias Congregações, de aju­darem em dias de festa os membros da Diretoria. E* preciso ajudar bem, com toda a atenção e sem falhas.

Para ensinar o serviço do altar é preciso co­nhecer os defeitos ordinários que os coroinhas co­metem. Por exemplo: Comer as sílabas, porte negligente do corpo, olhar para as naves da igre­ja, deitar mal o vinho e a agua no cálice (Lavabo e Ablutio), em vez de o fazer lenta e uniforme­mente.

Informar-se também sobre a maneira da pre­paração para o serviço do alta. Ha paróquias em que os coroinhas se preparam na sacristia, re­citando devotamente no genuflexório algumas orações, e fazem o mesmo depois da Missa, para agradecer a Nosso Senhor o beneficio recebido E’ muito para recomendar este costume; deve-se insistir em que na Sacristia a preparação para a

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76S. Missa não se faça com risos e tagarelices. Du­rante as ceremônias o espirito dos moços esteja bem ocupado com atos de oração, que os olhos estejam voltados para o Santíssimo ou para a Cruz, etc.4. Conhecer o uso do Missal.

A Santa Missa, sendo a renovação do Sacri­fício do nosso Rei sobre Gólgota, é o Centro de toda a vida católica. (V. “Na Família de Deus”, p. 165 ss). E’ portanto muito desejável que os congregados não só conheçam o profundo sentido deste mistério, mas entendam também as belíssi­mas orações e saibam avaliá-las, acompanhando o Sacerdote com o Missal. Muitas Congregações iniciam os seus membros no uso do Missal; na­turalmente devem ser os chefes os primeiros a se familiarizarem com o uso deste livro. Aprende- se facilmente o uso do Missal com a prática, e desistimos aqui de explicações teóricas. Basta saber que cada futuro chefe deve ser capaz de marcar as orações duma Missa ordinária, ou dum Santo ou dum Domingo. — Lembramos a este propósito que o Concilio Plenário Brasileiro ce­lebrado em 1939 baixou alguns decretos com res­peito à reza em comum durante a Missa: A Co­munidade dos fieis não deve responder ao mesmo tempo e todos juntos ao Sacerdote celebrante. Proíbe-se que reze em voz alta a “Secreta”, o "Canon” e as palavras da Consagração. (Dec. 199)* Parece supérfluo frisar que as Congrega­ções Marianas obedecerão escrupulosamente a «stes decretos.

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775. Saber ensinar o comportamento na igreja

(agua benta, genuflexão, etc.).Observastes alguma vez, como os moços se

comportam ordinariamente na igreja? Enumere­mos os atos principais dum bom comportamento na igreja: Um devoto sinal da Cruz ao benzer-se com agua benta, pedindo o auxilio divino para afastar os maus espíritos que nos tentam; genu­flexão com o joelho direito até ao chão, ficando ereta a parte superior do corpo. Não ocupar os bancos posteriores, mas ir para os da frente sem respeito humano; a primeira ocupação na igreja deve ser um ato de Fé e de adoração do nosso Rei alí presente.

Em que parte da S. Missa podem os fiéis sen­tar-se? (Desde Ofertório até Sanctus, e depois da5. Comunhão até à bênção final). — Que se pode rezar durante a Elevação? (“Meu Senhor e meu Deus”). — Como rezaremos no momento da S. Comunhão? (“Senhor, eü não sou digno... ”)6. Saber ensinar a rezar em comum.

Recordemos que toda oração em comum é uma profissão de Fé. Que toda a paróquia deve edificar-se também com a belez# da oração. A Igreja quer que no culto público atendamos à be­leza da forma exterior. Que contraste de orações mal recitadas com os belos paramentos, com a be­leza das fórmulas litúrgicas, etc.

Defeitos muitas vezes observados: o entoa- dor está nos primeiros bancos de modo que não se ouve o que recita; deve ao invés estar nas úl­timas fileiras. Muitas vezes o entoador começa

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78demasiadamente baixo, recita muito rapidamente, etc. Os outros devem continuar no mesmo tom, fazer as pausas bem juntos, não murmurar, mas recitar em voz alta. O entoador dá também o si­nal para sentar-se, levantar-se, ficar de pé, ajoe­lhar, etc.7. Saber rezar em público, sem fórmula fixa, as

orações ordinárias de manhã, de noite e a ação de graças depois da S. Comunhão.Compreende-se que o uso dum livro de pie­

dade é, sem mais, recomendável. Entretanto, co­mo está explicado no 2.* “Opúsculo de forma­ção”, é utilíssimo exercitar-se em rezar também livremente, sem livros e sem fórmulas prefixadas. Uma das finalidades da formação religiosa na Congregação Mariana é precisamente tornar os moços capazes de vencer o mecanismo na oração, fazer-lhes compreender a beleza de uma oração espontânea. Evidentemente os chefes devem es­tar prontos e aptos a ensinar isto aos outros con­gregados.» Enumeremos os atos essencialmente requeri­dos para a respetiva oração. Para a oração de manhã: Agradecimento para o novo dia, ofereci­mento do dia e petição de novas graças para rea­lizar os propositos.

A oração da noite contém também três atos: Agradecimento pelos benefícios do d ia; exame de conciência; contrição (perfeita) acompanhada do propósito de emenda.

Para a ação de graças depois da S. Comu­nhão: Saudação e homenagem a Jesús, agradecí-

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79mento pela sua vinda a nós e por todas as graças d'Ele recebidas e, afinal, orações para se obterem copiosas graças para o futuro.Uma instrução minuciosa destas orações seencontra no 2.° “Opúsculo de formação" dos con­gregados. Não basta saber recitar estas preces no Exame dos chefes, mas é preciso demonstrar que os pensamentos destas orações sejam verda­deiramente proprios, sentidos e vividos; por isso será necessário repetí-los muitas vezes numa for­ma sempre nova.8. Saber falar 5 minutos com uma preparação

de alguns minutos.Exigimos isto no Exame não para tornar o

nosso futuro chefe imediatamente um grande ora­dor — coisa impossível —, mas para induzí-lo a vencer a timidez e o respeito humano. E’ claro que um chefe mariano deve ter uma certa facili­dade em expor as suas idéias. A oratória é um dos meios principais do apostolado, e a S. Igreja mostra a sua estima para com êste meio, obrigan­do cada aspirante ao Sacerdócio de fazer espe­ciais Cursos de Eloquência sacra, chamada Homi- lética. Ora, os nossos congregados e sobretudo os chefes leigos que querem ajudar aos Padres no apostolado, têm muitas vezes ocasião de en­tusiasmar e instruir os fieis com um discurso. Aliás, uma certa eloquêqpia contribue muito ao aperfeiçoamento das aulas do catecismo e do en­sino religioso em geral. — Para o exercício prá­tico recomendamos escolher no princípio temas simples, como por ex.: dar um relatório sobre

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80uma ceremônia religiosa, ou contar fatos edifi­cantes da vida de congregados exemplares, utili­zando por ex. o livro “ Arautos do Divino Rei".

9. Saber ler e contar historietas de um modoatraente.A razão porque um chefe deve ser capaz de

ler e contar em forma atraente historietas, é óbvia. Trata-se de tornar interessantes as reu­niões, aulas de catecismo, instruções religiosas, etc. Cada chefe deve aprender a ser senhor da sua voz. Por isso escolha trechos de historietas ou poesias que apresentem contrastes: depois de um texto a recitar em voz alta, firme e forte, tome um outro que exige uma voz baixa, suave. Exa­gere-se isto no princípio para se convencer das grandes possibilidades de expressão da própria voz. Encontra-se rica matéria para tais exercí­cios do livro citado: “Arautos do Divino Rei”.

Estudar bem os “ Opúsculos de formação”, de modo que a matéria seja absolutamente clara. Procurar ocasiões de praticar a explicação. Fre­quentar as aulas dos aspirantes e observar como o Instrutor explica a matéria. Observar também os chefes, encarregados do ensino do catecismo e aprender o método. Quanto às orações, é pre­ciso estudá-las, recitá-las frequentemente. Não é somente no 'Exame que as orações devem ser bem recitadas, mas elas devem ser uma parte integran­te da nossa vida religiosa.

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81Quanto à habilidade expressiva, na arte ora­tória, recomendamos que os futuros chefes façam juntos seus ensaios.

PREPARAÇÃO PARA O EXAMEO mais importante é a atitude interior do fu­turo chefe.Somos auxiliares de Jesús. Jesús não precisa

de nós. Mas Êle se digna utilizar-se da nossa colaboração.

Por isso devemos ser humildes. E ’ já uma prova de indignidade alguém julgar-se digno de tal cargo. E por ésse motivo ninguém pode exi­gir que um ofício lhe seja conferido. Quando muito, pode oferecer-se e nada mais. Depende do Diretor Sacerdote, a eleição de um chete. Nem devemos ficar invejosos ou ofender-nos, se um outro é eleito de preferência a nós.

A melhor preparação será meditar e remedi- tar aquilo que expusemos acima sobre o ideal do '"Cavaleiro de Maria”, sobre a sua fisionomia e o valor da devoção mariana para a sua formação. Exercitemo-nos nestas virtudes, pnncipaimente na atitude de servir. Ofereçamos pequenos ser­viços que tão numerosos se apresentam em cada C. M. Os futuros chefes devem conquistar a con­fiança do P. Diretor e a estima dos companheiros, mostrando-se exemplares na obediência, no zêlo apostólico e em toda a sua conduta.

Façamos todo o possível para que a nossa Congregação possua a maior graça que Nosso Senhor nos pode conceder: chefes, que sejam ver­dadeirosCavaleiros de Maria l

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A p ên d ice :

REQUISITOS PARA O SEGUNDO GRAUI. Condições prévias.

1. Conduta exemplar na C. M.2. Vida irrepreensível como cristão na familia e na

vida profissional.3. Possuir o primeiro grau de chefe e ter desem­

penhado um cargo na C. M. com bom exito.

II. Conhecimentos teóricos.

1. A estrutura caraterística da C. M., espedalmen- te a posição do Sacerdote e do chefe leigo.

2. As regras da C. M. e o Manual do congregado.3. O traço caraterístico mariano no semblante do

chefe: Vontade de servir.4. As virtudes necessárias sobretudo hoje em dia:

coragem, fortaleza, vontade de conquistar.

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84III. Obrigações especiais.

1. Comunhão ao menos semanal.2. Formação do caráter sob a direção de um Padre.3. Reza diária do Terço.4. Meditação quotidiana.

IV. Capacidades técnicas e de organização.1. Conhecer todas as reuniões e iniciativas da C.M.

e ser capaz de dirigi-las.2. Conhecer as obrigações e objetivos de cada ofi­

cio na C.M.3. Conhecer o papel da C.M. na paróquia e no meio

profissional.4. Saber ensinar a matéria dos “Opúsculos de for­

mação”.5. Conhecer os principais métodos de apostolado.6. Saber fazer discursos e conferências sobre temas

religiosos.

Page 87: CAVALEIROS de Maria Pe... · que toda a Igreja saúda, venera, exalta nos me ... são do Reino de Cristo e a propagação da Fé cató lica e que compreenderam esta sua grande missão

Í N D I C E

P refác io ........................................................... 7És chamado....................................................... 11O método desta formação................................ 17Requisitos para o l.° grau de chefes ____ 17Explicações das Condições p ré v ia s .......... 19Explicações dos ^Conhecimentos teóricos.. 20

1 - Porque formação de chefes ? . . . . 202 - Que significa ser “chefe” na C.M. ? 363 - A fisionomia do chefe na C. M. 464 - 0 valor da devoção mariana

para o chefe............................... 60Explicações das Obrigações especiais---- 73Explicações das Capacidades té c n ic a s---- 73Preparação para o Exame.............................. 81Apêndice :

Requisitos para o 2.° grau de chefes 83