CAVALEIROS de Maria Pe... · que toda a Igreja saúda, venera, exalta nos me ... são do Reino de...
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Qpúscul&s de j&rnxcupõô'
CAVALEIROSDEM A R I A
9? Ti oíber TlXoriaux S. J.
OP Ú S C U L OS D í F O R M A Ç Ã Opara uso das Congregações Marianas de M oços
CAVALEIROS de MARIA1. Curso
para a formação de "chefes" marianos
por
P. WALTER MARIAUX 5. J.
Diretor do Secretariado Geral das
Congregações Marianas cm Roma
CONFEDEKAÇÀO NACIONAL DAS CONGREGAÇÕES MARIANA*
Rfo 4c Janeiro - Ruc Scncdor Dentas, 118-9.0 - Cstx* Poetai 1-561
I
CAVALEIROS de MARIA
f
Imprimi poteitRio dc Jcnciro, 25 d« Mcrço dc 1941
P. Luiz Riou S. J.
Prcp. Prov. do Brc*. CcntrcL
Imprimdtur
Rio dc Jcnciro, 90 dc Mcrço dc 1941 •f Scbcctilo
CirdiéJ Arccbltpo do Rio dc Jcoctoo
Congregados, para que êste livrinho?
Para fazer-vos “Cavaleiros de Maria”! Sabeis, quem é Mariat
E* aquela cuja imagem os primeiros cristãos gravavam nas paredes das Catacumbas;
que países e povos inteiros escolheram como poderosa Padroeira;
que toda a Igreja saúda, venera, exalta nos meses de Maio e Outubro;
que milhões saúdam diariamente com o Terço \que cada Sacerdote homenageia depois da S . Mis
sa: “Salve Rainha!” aquela a quem os fieis em todo o mundo acorrem em suas necessidades.
E* a esta Rainha que vós vos consagrastes para o serviço perpétuo, escolhendo-a como Senhora, Advogada e Mãe.
E J a Ela que prometestes lutar sob seus olhos e segundo seu exemplo no grande Exército ma- riano.
Ora, todo o exército precisa de oficiais, e o valor do exército depende da sua capacidade. Isto vale também para as fileiras da Virgem Santíssitna.
8Sabeis que os oficiais superiores, os Sacerdotes
são poucos e sobrecarregados. Por isso a Virgem Celeste procura oficiais leigos que ajudem aos Sacerdotes; que saibam tomar alguma responsabilidade no Exército mariano.
E estes queremos formar nos "Cursos” especializados oferecidos aqui! Queremos ter :
Cavaleiros da Virgem Santíssima que amem a Maria e que a saudem cada dia e saibam entusiasmar também os outros neste amor.
Cavaleiros de Maria que imitem as virtudes de Maria, especialmente a pureza, obediência e humildade, e que se esforcem por assinalar-se nelas.
Cavaleiros de Maria que combatam sem tréguas contra os inimigos de Cristo e de Maria, contra o demônio e o espírito mundano.
Cavaleiros de Maria que, sob a bandeira da Rainha Celeste, lutem pelo Reino de Jesús Cristo.
Queremos formar Cavaleiros de Maria que se sintam responsáveis no Exército mariano e ajudem ao P. Diretor no andamento da Congregação; que com palavras, com o exemplo e com o trabalho incentivem os outros a realizar os sublimes ideeis da Congregação Mariana.
•Chamamos estes Cavaleiros de Maria com a pa
lavra comum de "chefes”." Chefes” naturalmente não no sentido político
ou cultural, mas no terreno RELIG IO SO , — "che
9fes” na Congregação Marianal " Chefes” chamamos todos os congregados capazes e dispostos a tomar qualquer responsabilidade diante da Congregação Mariana, como membros da Diretoria, Presidentes das Seções, de grupos, de círculos de estudo etc.
Sabeis que a escolha destes " oficiais” è um direito do P. Diretor e dos congregados, porque segundo as Regras (N .* 20) eles são ou nomeados pelo P. Diretor ou eleitos pelos membros da Congregação. Este direito permanece absolutamente intacto. A formação que entendemos dar aos futuros chefes por meio de Cursos especializados, não tem outro fim senão o de F A C IL IT A R E S T A ESCO LH A, fornecendo uma boa preparação aos congregados mais ativos e dignos, e criando assim um grupo de ma- rianos que sejam E SP E C IA LM E N T E A P TO S para serem escolhidos como oficiais.
N Ã O E ’ UMA COISA N O V A que se introduz nas Congregações Marianas, exigindo os mesmos Estatutos um grupo de leigos que sejam aptos para ajudar ao P. Diretor no governo da C. M. (regra 18) e para dirigir — sob a suprema responsabilidade do Sacerdote — as seções, as academias, os círculos de estudo, etc. Ora, um tal ofício supõe, pelo menos hoje em dia, uma formação sólida e especial- lizada, e isto tanto mais urgentemente aqui no Brasil, onde o numero dos Padres é muito reduzido e a maioria dos Revmos. Vigários È extremamente sobrecarregada de trabalho.
10Por esta ratão temos a esperança que serão N U
M EROSOS os congregados que aceitem o convite para se formarem duma maneira especial nestes cursos de chefes.
És chamado!Dirigimos um apelo ao teu idealismo. E’ ver
dade que és leigo e não ouviste um chamado divino ao sacerdócio. Mas, sabes que há também um sacerdócio leigo. E a Igreja necessita hoje de leigos que colaborem na grande missão de recristianizar o mundo.
A tornar-te um apóstolo leigo, um chefe católico, eis a que te chamamos. Na Congregação Maria- na encontrarás a base e o campo apropriado desta atividade. Milhares de chefes católicos já sairam das Congregações.
Ainda ultimamente o Senhor Reverdy, membro da Junta Nacional da Ação Católica Francesa, num artigo publicado em “La Croix”, escreveu: “Pode-se verificar que na França as Congregações Marianas foram em verdade as inidadoras do grande movimento sodal católico que se desenvolveu desde o tempo de Leão X III. . . A Congregação Mariana pode reivindicar para si a paternidade de todas as criações atuais da Caridade em França.. . ”
Na Irlanda um congregado, modesto empregado de correio, fundou a “Legion of Mary ”, organização difundida hoje em muitos países.
12E foi com a ajuda dos congregados marianos
que no ano de 1833 um estudante de Paris, Frederico Ozanam, pôs os alicerces da grande obra das Conferências Vicentinas difundidas hoje em todo o mundo.
Em todos os paises saíram das Congregações Marianas inumeráveis “ leaders” do catolicismo na vida pública, homens que criaram obras magníficas no campo da imprensa, da vida social, da caridade, etc.
Hoje a Igreja está procurando estas almas de escol e generosas especialmente aqui na tua patria, o Brasil. E esperamos que tu serás um dos que aceitam o convite.
Que coisa queres, afinal de contas, na tua vida? Já pensaste nisto alguma vez? Certamente queres obter uma boa posição econômica e social. Mas sabes que as possibilidades econômicas são limitadas. Tua vida vai decorrer provavelmente como milhares de outras, com as mesmas esperanças, preocupações e desilusões. Mas, mesmo uma tal vida que, vista de fóra, parece mediocre e terra a terra, pode ter um valor infinito. Operário deante dos homens, podes ser oficial diante de Deus, oficial no exército de Cristo. Também a vida de S. Luiz e de S. João Berchmans foram vidas ordinárias como as de milhares de outros; e no entanto, como êles foram chefes dinâmicos de milhões de moços!
13Dá a tua vida um objetivo sublime. Apelo para
o teu idealismo. “Não expulses do teu peito o herói !” Porque um herói está escondido no peito de cada moço! Também no teu! .. .
O homem só vive uma vez!Lembro-me dum condiscípulo da minha juven
tude que passeando encontrei um dia num lugar muito solitário da floresta, absorto como parecia em reflexões. Que fazes aqui, perguntei, e êle respondeu com olhos ardentes: Meditei numa coisa. Em que coisa? Que vivemos uma vez só. Fiquei impressionado ; meu amigo descobrira uma verdade que todos sabemos, mas que facilmente perdemos de vista. Ele de fato tomou a sério a sua vida e tornou-se cientista de grande fama.
Também tu vives uma vez só. Não esbanjes o teu tempo. Aproveita cada dia para preparar-te ao ideal sublime de chefe católico. O moço geralmente não sabe estimar o valor do tempo. Acha coisa natural acordar cada dia de novo com os membros sãos. Na realidade, todo dia novo é um presente de Deus.
Alguns anos atrás, na Europa, dois sacerdotes amigos atravessaram a fronteira da pátria; um acompanhava o outro que, sôlto de um campo de concentração, viajava para uma Missão longínqua. Ao ver-se livre, o missionário lançou-se ao pescoço do amigo exclamando: Que felicidade estar são e livre! Não sabes que coisa quer dizer ter passado naquele
14inferno onde se perde toda a esperança de goe&r mais um dia de homem livre! Quantas vezes pensei e rezei a Deus: Oxalá pudesse passar um dia só em liberdade, dispondo das minhas ações! Como queria utilizar este tempo!
Aquele missionário conhecia o valor do tempo, de que podemos dispor. E nós, quantos dias passamos sem proveito! Os inimigos do nosso Rei Jesús Cristo são ativos, incansáveis. E nós, os amigos, deixaremos acaso passar o tempo sem fazer nada!
Não; entreguemo-nos cada dia ao serviço do nosso ideal: tomar-nos chefes católicos, arautos do Rei divino. Devemos crescer cada dia mais no zelo e na capacidade. Como à palmeira da tua patria se acrescenta cada ano um trecho a mais de caule, ganhando assim um palmo em altura, assim também deves crescer cada ano na altura do espírito religioso e na generosidade do teu caráter, caminhando para o Ideal.
E’s congregado mariano, consagrado a Maria para toda a vida. E ’s convidado a tomar-te verdadeiro cavaleiro da Virgem. Dos cavaleiros da Idade Média ouviste por certo que lutaram para a extensão do Reino de Cristo e a propagação da Fé católica e que compreenderam esta sua grande missão como serviço prestado a Maria, à Rainha celeste. Que depositaram os seus votos nas mãos de Maria para que Ela os oferecesse a Deus. Que receberam suas espadas do altar da Virgem Santíssima, como das mãos da própria Virgem. Que construíram como
15símbolo da sua devoção filial o “castelo de Maria", fortaleza altiva e poderosa na Prússia oriental. “Car valeiro da ordem de Santa Maria", chamavam-se êles, e, ainda que a sua organização tenha desaparecido no curso da história, o ideal do aerviço cavalheiresco à Virgem Santíssima entusiasma sempre de novo milhares de moços católicos.
Hoje também trata-se da extensão do Reino de Cristo, da influência de Cristo na vida particular e na vida pública. Sê meu cavaleiro, assim te chama a Rainha celeste, e luta pelo Reino do meu Filho. Podes acaso ver sem santa indignação, como os inimigos de Cristo dominam a vida das famílias e até a vida particular? Podes ver sem comoção, como dois mil anos depois da morte redentora do Salvador, milhares não conhecem o seu Evangelho e outros milhares que o conhecem vivem como os pagãos antes da sua chegada? Cristo, o Rei divino, precisa de lutadores decididos, abnegados, generosos. A Igreja precisa em todos os países de apóstolos do Evangelho.
No Norte da Espanha ergue-se uma serrania chamada pela forma carateristica dos seus picos rochosos “Montserrat” (monte serrado). Um pouco antes do cume acha-se um mosteiro, em cuja igreja se venera desde os tempos mais antigos uma imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesús.
Numa noite do ano 1522 entra um fidalgo na igreja, põe-se diante da imagem e fica ali apoiado na sua espada para montar guarda de honra a Maria
16Santíssima. Caem as sombras da noite, a igrçja torna-se escura, só a lampada do Tabernáculo cha- meja e o cavaleiro permanece de pé quasi imóvel com os olhos postos na imagem sagrada.
E ’ Inácio de Loiola. A graça de Deus tocou seu coração. Nesta noite realiza a ruptura definitiva com o mundo e o seu passado, lançando os alicerces duma vida nova. Não quer mais servir ao amor terreno, a ideais passageiros, a um reino profano. A partir desta noite, toda a sua vida será uma guarda de honra, um serviço voluntário prestado à sua Rainha celeste. Sob os olhos Dela combaterá pelos interesses do seu Divino Filho.
E cumpre a palavra. No dia seguinte dá suas roupas de homem rico a um pobre mendigo e retira-se depois à solidão de Manresa. Prepara-se com penitências e orações para uma vida de zêlo e de apostolado. Mais tarde funda juntamente com alguns companheiros a “ Companhia de Jesus”. E, como sabemos, é esta a ordem religiosa, cujos filhos um dia reuniram os alunos do Colégio Romano ante a imagem de Maria, lançando os fundamentos das Congregações Marianas, daquela organização que agrupa centenas de milhares de fieis como cavaleiros da Virgem Imaculada.
Pensa, caro congregado, diante do quadro da Tua Rainha, se não és também chamado ao serviço Dela e se não queres aceitar o nosso convite para formar-te como chefe na Congregação, em outras palavras, como verdadeiro Cavaleiro de Maria.
17O M É T O D O
desta formaçãoSerão criados dois graus de Chefes nas CC.
MM. Neste Opúsculo só falamos do primeiro grau.A formação compreende ires elementos:
O Curso,A preparação ao Exame final,O próprio Exame.
O Exame sc efetuará no minimo três meses após o Curso. Aos que passarem no Exame, será conferido um Diploma.
REQUISITOS PARA O PRIMEIRO GRAU DE CHEFESI. Condições prévias:
1. Conduta exemplar na C. M.2. Disposição constante de colaborar com a
C. M.3. Procedimento irrepreensível na Paróquia, na
Família e na Vida profissional.II. Conhecimentos teóricos:
1. Porque formação especial dos “chefes” ?2. Que significa ser “chefe” na C. M.? Rela
ções do chefe com Jesús Cristo.3. A fisionomia do chefe da C. M.4. O valor da devoção mariana para o chefe.
18III. Obrigações especiais:
1. Comunhão ao menos semana].2. Formação do caráter sob a direção espiritual
dum Padre.3. Leitura dum livro sério de formação duas ve
zes por semana.4. Rezar diariamente o Térço.
IV. Capacidades técnicas e de organização:1. Saber bem o Catecismo.2. Saber explicar aos congregados, em forma de
conversa, a matéria do 1.*, 2." e 3.* “ Opúsculos de formação”.
3. Conhecer o modo de ajudar a S. Missa c saber ensiná-lo aos outros.
4. Conhecer o uso do “ M issal”.5. Saber ensinar o comportamento na igreja
(agua benta, genuflexão, etc.).6. Saber ensinar a rezar em comum.7. Saber rezar em público sem .fórm ula fixa as
orações ordinárias (da manhã, da noite, depois da S. Comunhão).
8. Saber falar 5 minutos com uma preparação de alguns minutos.Saber ler e contar historietas de um modo atraente.
9 .
Explicaçõesdas Condições prévias
1. Conduta exemplar na C. M.Isto é evidente, pois aqueles, que como fu
turos chefes querem formar um grupo de élite na C. M., devem ser, eles mesmos, bons congregados. Praticamente podem ser admitidos a estes Cursos especiais só congregados que frequentem as reuniões, que se justificam no caso de serem impedidos, que tomam parte anualmente nos retiros fechados, etc.
2. Disposição constante de colaborar com a C. M.
Uma vez que a alma de cada ofício é precisamente a atitude pronta a serviço dos irmãos, a C. M. deve admitir como futuros chefes somente aqueles que já demonstraram esta vontade de ajudar ao P. Diretor e aos membros da Diretoria numa ocasião ou outra.
3. Procedimento irrepreensível na Paróquia, na Família e na Vida profissional.
Os chefes da C. M. devem gozar duma certa reputação pessoal perante os congregados e os demais católicos. Por conseguinte admitimos a esta
20formação especial só os congregados que sejam irrepreensíveis não só no cumprimento dos seus deveres religiosos, mas também na sua vida familiar, tratando como filhos os seus pais com grande respeito e obediência. Na vida profissional entre os companheiros devem êles dar o bom exemplo de verdadeiros cristãos, de moços de caráter e bons camaradas.
E X P L I C A Ç Õ E S dos Conhecimentos teoricos
Os futuros chefes devem conhecer a grande responsabilidade, o fim e os deveres relativos ao seu ofício. Recomendamos por isso que estudem bem os temas que se seguem:1. Porquê formação especial dos chefes?2. Que significa ser “chefe” na Congregação
Mariana?3. A fisionomia do chefe na Congregação.4. O valor da devoção mariana para o chefe.
1.PORQUE FORMAÇAO DOS C H EFES?Já expusemos (pag. 9) que entendemos pela
palavra “ chefe’* todos os congregados capazes e dispostos a tomar alguma responsabilidade diante da C. M. e a ajudar ao P. D iretor no governo da mesma.
Encaremos agora os motivos que nos impelem a dar uma formação especializada a este gru" po escolhido dos nossos congregados. Estes mo-
21tivos encontramo-los na mesma C. M., nas circunstâncias dos tempos atuais, na Igreja e, finalmente, na Pátria.
I. As razões da parte da C. M.1. Cada organização depende no seu desenvolví-
mento dos seus chefes.Eis um fato observado igualmente em tôda
a história como nos tempos presentes: só uma minoria ativa e bem organizada sacode a massa; a formação de pequenos grupos escolhidos é o meio mais eficaz para influenciar as multidões e para infundir nelas as próprias idéias, os mesmos objetivos e o mesmo entusiasmo.
Muito bem diz o famoso Cardeal Newman: “A graça atua e aperfeiçoa sempre a sua obra por meio do auxílio dum reduzido número de homens. E’ dos profundos conhecimentos dêles, é das suas firmes e claras conciências, é da sua devoção absoluta, é do sangue dos mártires e das orações dos santos, dos heroísmos e das energias concentradas numa palavra ou numa instituição, que o Céu se serve como de instrumento.’' (“Present position of'Catholics”).
Não foi, aliás, o mesmo Salvador quem segundo este princípio escolheu, formou e instruiu um pequenino grupo de discípulos, que deviam
21
tornar-se as colunas de Sua Igreja? E não é êste ainda o método usado pela Santa Igreja na formação dos Clérigos?
As melhores tropas, as mais bem armadas, de nada valem sem bons oficiais. E quem são estes “ oficiais” no exército mariano, senão os chefes leigos ao lado dos Sacerdotes?
O movimento mariano podia nascer aqui no Brasil e tomar esta prodigiosa extensão admirada por todos, sem chefes especialmente form ados; — mas poderá êle continuar a se desenvolver nas mesmas condições ? — E ’ uma lei da vida orgânica que o organismo, crescendo, deve formar e fortalecer cada vez mais o esqueleto. Ora, o esqueleto do movimento mariano são os chefes leigos.
A experiência quotidiana nos diz: os bons chefes são elementos decisivos para o florescimento de uma Congregação. Q uantas vezes um novo Presidente levanta o nível inteiro da Congregação ou o abaixa!
Êste problema é, no Brasil, duma importância capital por causa do numero reduzido dos Sacerdotes, do acúmulo de trabalho dos Padres, abrindo uma lacuna imensa que deve ser preenchida pelos católicos leigos.2 . A mesma estrutura da C. M . exige a formação
dos chefes.Os estatutos da C. M. falam de "um corpo
de congregados” que devem "ajudar ao Padre Diretor no governo e administração da Congre
23gação” êles ‘'constituem o Conselho de governo" (regra 18). “Assim como precedem aos outros na dignidade, assim devem êles excedê-los tanto mais na prática das virtudes e na « a ta observância das regras, quanto mais elevado for o cargo que tiverem” (regra 48). E a regra 49 os exorta a que “procurem cumprir com suma diligência os deveres do seu cargo para se tomarem fiéis auxiliares da autoridade do P. Diretor”. O Presidente é chamado “o braço direito do P. Diretor” (regra 53). São os mesmos leigos que teem que dirigir as seções, as academias, os círculos de estudo, as seções de apostolado.
Pode acaso um congregado qualquer cumprir estas tarefas? Certamente não. Pois, elas supõem vários conhecimentos e não poucas qualidades pessoais, numa palavra: uma formação sólida e especializada.
Podemos observar que especialmente nos últimos anos a importância do papel dos chefes leigos nas CC. MM. é muito frisada por escritores e diretores competentes nesta matéria.
Por exemplo diz o P. Bangha, primeiro Diretor do Secretariado Geral das CC. MM. em Roma, num discur- so que fez na Suíça em 1935: “ O Conselho deve guiar no verdadeiro sentido da palavra, e por isso tem que formar congregados que sejam capazes de guiar, de a^i- dar ativamente ao P. Diretor, de preocupar-se junto com ele com o progresso da C. M., de propor idéias e sugestões, de refletir sobre os meios mais aptos para a realização do duplo fim da Congregação, para elirmnar ou prever as dificuldades, capazes, enfim, de atrair e interessar novos membros, instruindo-os segundo as exigências da vida mariana."
24O P. Garagnani, Diretor da Prima Primária de Ro
ma» responde assim à objeção de que as CC. MM. não promovem suficientemente o espírito de responsabilidade e de iniciativa: "Na C. M. a paternal autoridade do Diretor pode muito bem unir-se» seja no Conselho» seja na ação» com certa liberdade dos congregados. O Diretor nfto deve fazer tudo sozinho» mas preocupe-se que os congregados desenvolvam a sua atividade» fecundada pela própria iniciativa, sobretudo mediante seções.”
Confirma isto o que narra o P. Ruiz Amado na biografia do célebre Diretor de Barcelona, P. Fiter S. J.» sobre a maneira que êste usou para formar os oficiais da sua C. M.: "O objetivo duma boa formação é ensinar ao jovem o uso da sua liberdade, preparando-o assim para o dia em que deverá decidir por si mesmo sobre o seu destino. . . O P. Fiter conseguiu isto na sua C. M. com bom êxito. Os seus moços não eram somente acostumados a obedecer, mas também a mandar, especialmente num certo âmbito, como presidentes, secretários, chefes das seções, etc..”
Citemos também um trecho do "Manuel des Di- recteurs” do P. Villaret, antigo Diretor do Secretariado Geral das CC. MM. em Roma: "As palavras da regra 18 indicam claramente que os membros da Congregação tomam realmente parte no seu govêmo, e indicam também que êles não são somente executores, mas colaboradores, e que o seu papel não se limita à estreita esfera das coisas materiais e externas, — por mais importantes que sejam para o bem comum, — mas que êste se extende a toda a vida e a toda a marcha da Congregação na consecução do seu duplo fim, numa palavra, ao governo mesmo da Congregação.”
Afinal é interessante lembrar uma resolução que formularam os PP. Diretores das CC. MM. de toda a Espanha, reunidos num Congresso em julho de 1940: "Dá excelentes resultados formar a todo o custo um grupo de congregados desinteressados e inteiramente entregues à Congregação e às suas obras, congregados que sejam como o braço direito do P. Diretor, nos quais pode êste confiar completamente, âstes são os que, tomando como
25próprias todas as coisas da Congregação, fazendo seus todos os planos do Diretor, arrastarão aos outros congregados e darão impulso a eficácia a quanto se empreenda para a maior glória de D eus..
Oxalá tivéssemos em cada Congregação um grupo assim de “chefes” exemplares, responsáveis e capazes! Como conseguí-lo?
E’ evidente que não caem do Céu, não crescem espontaneamente por si mesmos; mas é preciso formá-los!3. O fim apostólico da C. M. requer chefes for
mados,A segunda parte da primeira Regra diz que os congregados devem ser “bons cristãos que sinceramente se esforcem por salvar e santificar os
outros e a defender a Igreja de Jesús Cristo dos ataques da impiedade.” Os sublimes fins do apos- tolado católico constituem, pois, uma parte integrante desta organização. E nos estatutos da Ação Católica Brasileira foi expressamente estabelecido que as Congregações Marianas fazem coletivamente parte do movimento do apostolado leigo oficial da Ação Católica, havendo a obrigação de encaminhar além disto individualmente os congregados a inscrever-se nas fileiras da Ação Católica.
Ora, a contribuição das CC. MM. à Ação Católica será tanto mais eficaz e frutuosa, quanto melhor forem formados estes moços para agir com
26responsabilidade e iniciativa, em outras palavras,quanto mais se mostrarem verdadeiros "chefes” católicos.
Lem brem os também as magníficas palavras do Santo Padre Pio X II na sua Carta Apostólica dirigida ao P. Geral da Companhia de Jesús a 6 de Julho de 1940: “ Para a formação da mocidade concorrem poderosamente essas escolas de piedade e de apostolado cristão, as Congregações Marianas, com as quais a Igreja de Cristo pode sempre contar, como com tropas auxiliares, arregim entadas em batalhões pacificos sob o estandarte da Virgem M aria.” — Não é preciso provar que tropas arregim entadas em batalhões são ineficazes e sem valor, se não forem conduzidas por chefes capazes e bem formados.
Todos estão certamente de acordo sobre o princípio geral de que a massa dos jovens só pode ser conquistada para a vida cristã mediante uma “ élite”. Mas, sejamos francos: A Congregação M ariana atual representa porventura esta élite? Quero dizer: uma élite no sentido de que seus membros todos, sem exceção, sejam aposto- los fervorosos e capazes de conquistar os seus companheiros? Quem ousaria afirmar tal coisa? Sem dúvida, os jovens que ingressam na Congregação M ariana se distinguem pela vontade de serem católicos exemplares e neste sentido a Congregação Mariana é uma organização de élite. Mas,
27ela mesma necessita de um escolhido grupo de chefes bem formados para atuar e influir na paróquia e no meio como o fermento na massa.
II. As razões dos tempos atuais.1 . A s exigências dos tempos atuais requerem ainda
mais homens especializados.
A luta das idéias, mais extensa, mais viva e urgente, mais subtil e, portanto, mais perigosa, está muito mais generalizada hoje em dia. Quantas vezes nos tempos que correm, o jovem católico se vê obrigado a defender a Igreja, a refutar os argumentos dos adversários, a explicar a doutrina de Cristo a seus colegas e companheiros.
As idéias que se divulgam fóra da Igreja, os princípios que governam e dominam quasi toda a vida social (ciências, artes, literatura, educação, imprensa, ginástica, esportes, vida recreativa, teatros, cinemas, carnaval, etc., etc.), os grandes setores da vida familiar e individual, são acatólicos, laicizados e até mesmo anti-católicos. — Qual o católico, moço ou não, que consegue resistir a esta infecção causada por idéias e por costumes pagãos ?
E acrescentemos — com relação ao Brasil o alarmante perigo da propaganda sectaria do Protestantismo e Espiritismo, a contínua infiltração
28dc princípios neo-pagãos, (divinização da força física, da Pátria, Nação, etc.). Quem vencerá estes males, quem triunfará deste gravíssimos perigos ? Só o católico bem formado e bem instruído!— Ai de nós, ai do Catolicismo no Brasil, se a grande organização das Congregações Marianas,— que reune sob a bandeira católica, milhares e milhares de jovens de quasi todas as paróquias,— ai de nós se esta organização não compreender a importância e urgência de uma esmerada formação dos seus membros!
Ora, este trabalho de formação não será possível sem o auxílio concreto e sistemático dos nossos chefes leigos. Basta mencionar o número reduzido dos Sacerdotes, recordar o acúmulo de ocupações dos Padres, para se perceber a lacuna imensa que deve necessariamente ser preenchida pelos católicos leigos.
Conta-se que, conversando com alguns cardiais, perguntou certa vez Pio X: “ Qual é, hoje em dia, a coisa mais necessária para salvar a sociedade humana ?” As resposta• foram várias: “E* preciso erigir escolas católicas; devemos educar uma geração de sacerdotes perfeito s ../* — “ Não, replicou o Papa, o de que precisamos, em primeiro lugar, é, em cada paróquia, um grupo de leigos profundamente cristãos, formados, zelosos e verdadeiros apóstolos.”
Não sabemos se esta conversa é histórica ou não. E \ em todo caso, instrutiva. Porque, se essa diretriz do Papa tinha o seu valor há 30
29anos atrás, quanto mais hoje, quando as mesmas bases da vida social e da simples dignidade humana estão seriamente ameaçadas!
Ora, são precisamente estes apóstolos leigos bem instruídos e ativos que queremos formar nas fileiras dos nossos chefes marianos.2. O exemplo dos adversários.
E' muito instrutivo observar o cuidado com que os adversários da Igreja escolhem seus futuros dirigentes, levando-os a instruir-se e formar-se em institutos especializados durante anos e anos; imbuindo-os da teoria e da prática de um sistema anti-cristão, alimentando a ambição dos jovens com contínuas provas e repetidos exames; influenciando suas inteligências e vontades, — o homem todo — proporcionando-lhes instrutores os mais competentes para tais fins e abundância de todos os meios convenientes a tal formação.
Um exemplo: a formação dos chefes no Comunismo. No ano de 1937 publicou o “ Osservatore Romano” um resumo sobre este tema de que citamos o que segue:“Já de algum tempo para cá, existem na Rússia cursos especiais e sistemáticos para agitadores comunistas extrangeiros, nos quais êstes são cuidadosamente preparados para desempenhar as funções de chefes do partido comunista. Estes cursos são divididos em três grupos distintos, segundo o tipo de agitador que deve ser formado.Os Cursos do PRIM EIRO GRUPO duram de 7 meses a um ano, e se organizam ordinariamente em Moscou, Kiew, Karkow e Minsk. São frequentados por inscritos nas seções extrangeiras do partido, os quais se tenham distinguido por zelo e capacidade na orgamzaçao
30e propaganda e que aejam recomendado» pela» junta» Todo. .fto obrigado, a m o n T d L S S i curso nos quartéis preparados para este fim, e nlo do- dem ter contato senão com os professores. . . Acaba* dos os cursos teóricos, sempre entremeados de liçftes praticas, os estudantes são reenviados às Juntas regionais com o titulo de “revolucionários diplomados”.
Instituto tipo do SEGUNDO GRUPO é a "Universidade comunista para as minorias nacionais do Ociden- ^ que funciona em IMoscou. Esta possue diversas se- ções nacionais e os instrutores são escolhidos de preferência entre comunistas de diversos países. Pertencem a este segundo tipo muitas "universidades noturnas", também estas muito frequentadas. Os melhores alunos dos cursos são chamados a um maior aperfeiçoamento práticos e destinados, por isso, a dirigir círculos políticos na Republica Soviética e, depois de certo tempo, são devolvidos aos seus países de origem para alí organizarem e guiarem a propaganda da idéia comunista.O TERCEIRO GRUPO de cursos para a preparação revolucionária tem por expoente a famosa "Escola de Lenin” em Moscou, a respeito da qual se guarda o mais absoluto segredo. A maioria dos estudantes desta escola principal, definida como o cérebro da organização e propaganda bolchevista, compõe-se de comunistas extran- geiros, enviados i Rússia, para aprender nesta escola em teoria e na prática todos os assuntos delicados e difíceis de futuros chefes das organizações do partido... O ensino é feito com grande cuidado e com métodos apropriados, compreendendo, entre outras coisas, as seguintes matérias que formam a base para a ação comunista: teoria da direção do partido, os deveres dum deputado comunista no seio dum parlamento europeu, a tática de ação para a decomposição ou a espionagem entre os elementos da# forças armadas dum país, a espionagem na indústria e no campo da economia, a arte da guerra civil, da guerrilha, dos atentados terroristas. . .£» certo que com a ajuda e por meio destes elementos “diplomados”, o Komintera conduz, — em nome da Rússia Soviética — a ação destruidora e tenaz do movi
mento comunista em todos os países*
Qne espetáculo tráfico! Taafeae pessoas, I » to tempo, organixaçáo, dinheiro, H e ..., dos ao mal, à lota eo stn Cristo! Tsoto « fb p psrm, em ultima análise, aaia cotas perdida f W i,capazes de criar valores positivos qoe Isçaas • t o mem melhor e mais fdfat.
O outro lado, porem, onde nds caasbatnaaoa» évitorioso; e isto por principio f Cristo c a igra$a podem ser atormentados aó teatporariamcafts;sempre pertence a Bts o triunfo ftnel.
Por isso nío nos atemorizam os m p rro d -mentos dos advessários do Cristianismo. Nesse» Rei Jesós Cristo é sempre o mais forte.
Porém, ama coisa, compre dinè-lo. procora Jesús-Críato: colaboradores qne as im w f e n á Soa Cansa sem reservas, que manifestem o mane mo sélo em favor da Igreja qne os iasarifas contra ela, qne apliquem a mesma *tenacidade ao bem como aqueles ao mal. p e se sublimem ao mesmo espirito dc mrrifkio psrs espalhar o Evanfdho da Verdade como nqnriti o do erro.
Nlo devemos deixar vencer-noa pelos isusa»- fos! Corno os comunistas erigiram nama cidade da Rússia um monumento a Judas, o traidor, ao> sim nós levantaremos aos nossos eomçdse mona mentos a Cristo-Rs»; coa» Re» preparam oa pro- pagandistas do Ateísmo aas soas uariesnidadea s
32escolas, assim nós formamos fileiras de apóstolos da Verdade, oficiais e “chefes” do exército de Cristo nas nossas Congregações Marianas.
III. As razões da parte da Igreja.1 . A Ig re ja tem o d ire ito de gu iar o s jo v e n s , para
a salvação e perfe ição .
Porque a Igreja é Cristo; ora, Êle os remiu com o próprio sangue, e por todos morreu. A Igreja tem o dever e a vontade de fazer deles bons cristãos, pois que todos são batizados, tornando-se assim membros dela.
Quem fará este trabalho? Os Sacerdotes só não bastam. A Igreja conta conosco, com os chefes leigos.2 . E specialm ente hoje, a Ig re ja conta com as C on
gregações de nosso B ra sil.Porque na Europa se perdeu muito terreno.
Para compensar tantas e tão dolorosas perdas, a Providência Divina abre aqui uma porta. Também de nós dependerá que a Igreja não se desiluda nas suas esperanças...
São centenas e centenas cada ano. Que querem? A que aspiram? Certamente nem todos são santos, mas estão bem dispostos; para que? Para serem conduzidos a uma vida verdadeiramente cristã.
33Que coisa lhes deve dar a Congregação? — A
Congregação deve dar-lhes ricos meios para a salvação da alma, para aperfeiçoá-los, para tomá-los homens felizes e exemplares. E quantos acharam, deveras, na Congregação este auxílio! Quão numerosos são os que, aplicando os meios espirituais da C. M., se tornaram cristãos exemplares, homens felizes e santos!
E que multidão de jovens magnificamente dispostos ha no Brasil, que exclamam: Eis-nos! Formai-nos! Instruí-nos!
Estejamos, portanto, prontos para ensinar- lhes como vencer as tentações, como viver na graça santificante, como amar a Jesús e a Maria e como progredir nas virtudes cristãs! — Quão triste seria se a Congregação Mariana não conseguisse amoldar estes jovens, para utilizar esta magnífica disposição, que se encontra na juventude deste país. — Mas, de quem depende isto?
Certamente não só do Sacerdote. Está sobrecarregado.2 . D e v ó s depende este resu ltado .
Uma C. M., na qual um grupo de chefes auxilia o Diretor, torna a C. M. ativa, ocupa-se das reuniões, instrue os candidatos e os congregados, — fará a coisa mais importante, que há no mundo! Depende de vós!
34DO VOSSO EXEMPLO, que tanta influên
cia exerce nos companheiros! Quantos vencem o respeito humano, si acham quem corajosamente lhes dê o exemplo!
DA VOSSA PALAVRA! Quantos virão às reuniões, se forem convidados com gentileza e trazidos por seus amigos. Quantos perigos se evitam, se um bom amigo congregado adverte um jovem e o acompanha à Confissão e à Santa Comunhão.
DO VOSSO ZÊLO. Como será robustccida nos jovens a luz da Fé, quantos motivos fortíssimos de praticar virtudes, encontrarão eles na doutrina cristã, se vós vos adextrardes a ensinar-lhes esta doutrina, se tornardes interessantes e atraentes estas instruções.
IV. As razões com respeito à Pátria.
Amamos nossa pátria.Amamo-la em Deus. Mais alto que a pátria
está o próprio Deus, o bem infinito. Porque Êle nos deu esta pátria, porque Êle quer este amor, porisso, amamo-la.I. Queremos uma pátria obediente a Deus.
Que sirva a Deus: que professe a religião de Cristo. Queremos o Bras’1 católico, apostólico, romano.
35Estamos convencidos de que só um Brasil
assim será duradouro, feliz e forte. A obediência a Deus, a obediência à sua revelação, a seu Filho Jesus Cristo, é o unico fundamento estável dos Estados. Por amor à nossa Pátria lutemos para que a virtude cristã se desenvolva em todas as classes; que os funcionários de Estado sejam homens concienciosos e desinteressados; os educadores da juventude homens que respeitem a alma imortal da criança, que sejam capazes de educar filhos de Deus; os juizes, íntegros; os pais,cheios de espírito de sacrifício; a juventude amante da pureza de coração, disciplinada mais interior do que exteriormente, e tc ... Em uma palavra : Procuremos, que floresça a virtude cristã em todas as classes do nosso povo.2. D e q u em depende is to f
Por ventura não depende também de vós? Vós sois chamados a colaborar neste magnífico empreendimento, tão decisivo para o futuro da Pátria. Nossa juventude é o povo de amanhã que ora também formamos nas CC. MM. Que honra, mas também que responsabilidade em contribuir para o triunfo de uma coisa tão nobre! Seja embora pequeno e modesto o nosso posto, sabemos no entanto que o valor do “front” depende da fidelidade de cada soldado! Formemo- nos neste espírito, contribuindo assim para a formação católica de um Brasil católico.
362 .
QUE SIGNIFICA SER "C H EFE” NA C. M.?O chefe absoluto é Jesús.
1 . E sclareçam os um pouco o sig n ifica d o da palarvra “ c h e fe ” .E’ o que está à frente, que dirige outro, o
induz a fazer alguma coisa, que manda, dá ordens. .. ,E* ainda aquele que mostra o caminho que precede outros, que os dirige, conhecendo melhor do que êles a estrada...
Daí o poder alguém ser "chefe” em duplo sentido: investido de uma autoridade interior ou exterior; ou no sentido de um comandante ou no sentido de um guia, de uma personalidade eminente por seu saber, por suas qualidades etc.
Exemplo: Um grupo de soldados comandados por um oficial extraviou-se no caminho; o oficial dirige-se a um camponês, no qual confia porque afirma conhecer a estrada e querer conduzi-los. O oficial dá ordens. Todos seguem o camponês como guia. — Eis os dois significados de "chefes” : o oficial com sua autoridade exterior e o camponês com seu saber prático chefiando o grupo.
Há, pois, em todos os campos da cultura humana social, uma dupla hierarquia, a da autoridade exterior, e a da capacidade interior; a do poder de mando, e a da influência.
Qual será o caso ideal? Será naturalmente aquele no qual estas duas hierarquias coincidem; no qual a mesma pessoa reuna em si os dois signi
37ficados da palavra "chefe"; no qual aquele que possue a autoridade exterior, seja também o mais idôneo, o mais capaz e o mais digno de todos.
E’ uma questão de vida ou de morte para cada comunidade de evitar que se afastem estas duas hierarquias; de investir pelo menos nos postos mais importantes com a autoridade exterior àqueles que são os mais capazes e os mais dignos. Embora vigore em cada comunidade esta tendência, devemos admitir, que isto geralmente se consegue só aproximativamente. Em muitos casos são uns que mandam e outros que gozam da maior estima pessoal.2. Agora olhemos para Jesús Cristo.
Podemos-Lhe chamar “chefe” ? — Certamente! Mais ainda: file é o caso ideal de que falamos. Pois Êle é chefe no duplo sentido: investido com autoridade exterior, com o direito de mandar e, ao mesmo tempo, é o melhor, o mais capaz, o mais digno de todos: “Chefe” em todos os sentidos.
Ha mais: Jesús Cristo não só reune na sua pessoa os dois significados da palavra “chefe”, mas n’Êle estes dois significados são realizados no supremo grau que se pode imaginar. Jesús Cristo é o Chefe absoluto! Não ha pessoa que possua maior autoridade exterior. A razão está clara: Êle é verdadeiro Deus. Tem, portanto, o supremo direito sobre todas as creaturas. O Apocalipse chama-o “Rei dos Reis (Apoc. 1,5 e
3819,16) c a Igreja instituiu no ano 1925 uma festa especial para celebrar a sua Realeza eterna. Jesús Cristo pôde dizer de si mesmo: “Todo o poder me foi dado no Céu e na Terra”.
Jesús Cristo é, ao mesmo tempo o mais digno de todos os homens; pois Êle supera todos com a sua sabedoria e santidade. Êle é simplesmente o homem ideal!! Êle mesmo exige que todos os seus irmãos se tornem semelhantes a Êle, que o sigam e o imitem. “Aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração”. “Eu vos dou o exemplo para que vós procedais como Eu procedí”.E o Apóstolo das gentes exprime a mesma ideia, escrevendo aos Romanos que Deus “nos predestinou para nos fazer conformes à imagem do seu F ilh o ...” (Rom. 8,29).
Daí ser Êle o ideal absoluto dos homens que todos devem seguir tornando-se semelhantes a Êle. Daí ser Êle “chefe” no sentido absoluto !Jesús Cristo comunica-nos seu cargo de “chefe”.E ' C risto verdadeiram en te o único “ c h e fe ” ?
Não há também homens que participam deste cargo? Certamente: A hierarquia da Sta. Igreja tem a missão de dirigir os homens. Mas o Papa, os Bispos, os Párocos etc., nâo são dirigentes independentes dele. Comunica-lhes Jesús Cristo o grande ofício de Guia e de Rei. Dirigem eles e guiam em Seu nome! Com Sua autoridade !
39E os leigos? Quer Jesús que estes colabo
rem com a Hierarquia na salvação dos homens? Quem nos lembrou este dever? Foi especialmente o Papa Pio XI com seu apêlo à Ação Católica. T odos devem julgar-se responsáveis pelos seus irmãos. Ninguém poderá pois afirmar: não me cabe a mim ser guia e chefe dos outros. Todos os cristãos são chamados a esta missão que devem cumprir ao menos com a oração e o bom exemplo.
Mais: todo o cristão recebe para esta empresa uma espécie de consagração. Quando? Quando recebe o Sacramento do Santo Crisma.
Esta é a consagração do leigo para o aposto- lado. Ela contém não sómente o “mandato”, o dever, mas também a capacidade sobrenatural, conferindo-lhe as graças sacramentais necessárias a este dever.
Que quer, pois, de nós Jesús Cristo?Que suscitemos em nós o senso da respon
sabilidade ; que tomemos a sério nossa vocação de ser guias, chefes, dirigentes, no sentido profundo da palavra, — participando do grande ofício do mesmo Jesús.
O nosso ofício de “chefe”.Nosso ofício de chefe está, portanto, intima-
mente ligado a Jesús Cristo. Quer consideremos a idea fundamental, quer o fim ou os meios deste ofício, sempre encontraremos Jesús Cristo como elemento essencial.
40i . A idéia fu n dam en ta l do o fíc io de “ ch efe '' ê:
C r is to !Somos como que embaixadores de Cristo.
Que é o embaixador em si mesmo? Nada. Simples representante. Sc faz uma visita, se fala, se recebe honras, se é ofendido, — é sempre o próprio Rei que visita, que fala, que é honrado ou ofendido. O embaixador, como pessoa particular pouco significa, quase a ninguém interessa. — Jesús Cristo tem seus embaixadores no mundo. Em l.° lugar e por excelência os Bispos e Sacerdotes consagrados. Depois, colaborando com eles, nós, em medida mais restrita, porém no verdadeiro sentido.ISTO EXIGE DE NÓS:
SANTIDADE. E* coisa santa ser arauto do Santo dos Santos. A pessoa que leva a palavra sagrada do Salvador, que explica a doutrina santa, que conduz à fonte de santidade, aos Sacramentos, deve ser santa ou ao menos tender para a santidade.HUMILDADE. Nossa pessoa particular não conta. Como no ofício de embaixador, não se considera a nossa pessoa. Vale tão sòmente o Rei que representamos, a quem conduzimos e a quem servimos. Acreditais Jazer um favor a Cristo quando o servis? Não necessita de vós. Podería escolher tantos outros! Não somos dignos desta santa vocação. Ele nos chamou, ainda que indignos. Por conseguinte: Sejamos humildes!APLICAÇÃO SÉRIA. Tão nobre vocação não deve ficar à mercê do capricho de um eleito. Não se deve brincar com graças de tal valor. Tomemos a sério as lições de formação, as advertências, os exercícios práticos, embora insignificantes na aparência, pois servem a um fim importantíssimo! Todo o nosso interesse, todos os nossos pensamentos, todo o entusiasmo da nossa alma —- eis o que devemos dar a Cristo.
412. 0 objetivo deste ofício é: Cristo!
Chefes, Dirigentes, para dirigir! — Para on- ~ de? Para quem? Para um ideal mundano, pro
fano? Para ideais estabelecidos pelos homens? Pela moda? Acaso para o ideal do homem “dinâmico” ? Não, o único objetivo para o qual queremos conduzir os homens, é Jesús Cristo. Quem conduz a fins opostos a Cristo não é um condutor, mas um sedutor.
Todas as estradas pelas quais conduzimos, devem terminar em Cristo!
Para Cristo, quer dizer: que Ele se torne o verdadeiro e supremo Chefe das almas; que se torne o seu Amigo, o seu Rei e Senhor.
Para Cristo quer dizer: que os homens se prendam a Cristo objetivamente nos santos Sacramentos. Que se tornem cheios de sua graça. Se conseguimos que um companheiro se aproxime frequentemente da Mesa Eucarística, conseguimos o principal: ele encontrou Jesús Cristo.
Para Cristo quer dizer: que sejam postos em contato com Êle também subjetivamente, que Jesús viva nos seus pensamentos, no seu coração. Que conheçam a Jesús, sua doutrina maravilhosa; que sejam entusiastas de Jesús e O amem com toda a sua alma. Que O sirvam, observando os seus mandamentos.
Eis o objetivo do nosso ofício de chefes, eis o objetivo que encontramos na Paróquia e no meio da própria Congregação Mariana.
42Sigamos como exemplo São João Batista.Não quer ser senão aquele que prepara o ca
minha para Cristo. Não se julga digno de desatar as “correias das sandálias”. Mostra Jesús Eis o Cordeiro de Deus! Conduz os seus discípulos a Jesú s ... Procura diminuir-se, esconder- se diante de Jesús: “ E’ preciso que Êle cresça e eu diminua” . . .
Todos estes traços confirmam quanto foi dito acima.3 . Os meios deste ofício devem ser relacionadoS
com Cristo.O meio principal de nosso apostolado é nossa
própria pessoa.Nós mesmos devemos estar cheios de Jesús.
Pois, como póde alguém dar aquilo que não tem?Cheios de Cristo quer dizer: recebê-lo fre
quentemente na S. Comunhão. O chefe deve ser ainda neste ponto um guia, um exemplo segundo o qual os outros possam orientar-se. Porisso deve comungar mais frequentemente que os demais. (V. os requisitos para o Exame, p. 18. n.° 111,1).
Cheios de Cristo quer dizer: conhecer bein a pessoa de Cristo. Porisso exijamos dos nossos chefes que conheçam a S. Escritura, que formem uma idéia grande da personalidade de Cristo (Disto tratará o 3.° Opusculo de formação para os congregados). Exijamos que leiam regularmente um livro de formação religiosa. (V. os requisitos para o Exame, p. 18, n.0 III,3).
43Cheios de Cristo quer dizer: penetrar na dou
trina de Cristo, porque os nossos chefes devem ser capazes de explicar a outros a matéria religiosa contida nos “ Opúsculos de formação”. (Requisitos para o Exame, p. 18, n.* IV,2).
Cada um deve ser um “ Christophorus", isto é, uma pessoa que leva Cristo em si. Assim, j i o grande mártir Sto. Inácio de Antioquia, enquanto era transportado pelos soldados romanos para Roma, onde, no Coliseu, foi dilacerado pelos dentes das feras, escreveu na mesma viagem umas belíssimas cartas, nas quais admoesta os cristãos a não se esquecerem jamais de que são (desde o Batismo) Cristóforos — aqueles que levam a Cristo. Que título magnífico! Próprio dos chefes, encarregados que são de levar Cristo aos outros. Portadores de Cristo na alma, isto é, na graça santificante; no coração, isto é no seu amor, nos pensamentos e interesses, no modo todo de viver. — Todos conhecem a lenda de S. Cristóvão, que sem saber transportou o Menino Jesús através de um rio.
Os meios que aplicamos devem relacionar-se com Cristo.
A oração.E’ certamente o primeiro meio que deve uti
lizar um “chefe”. Rezar pelos congregados, especialmente por aqueles que estão sob sua responsabilidade, para que eles conheçam Jesús mais intimamente e cresçam no seu amor: prece ms- tocêntrica” !
44Orar para que sejam frutuosas as suas instru*
ções e Jesús abençoe as suas palavras. Rogar a Maria que implore abundantes graças para os jovens, dispondo-lhes os corações para o bem e tc . .. Um chefe que não reza pelos seus moços, não é verdadeiro chefe.
O exemplo.
Que é o bom exemplo? Não é somente uma ação singular. E* a pregação que faz a pessoa inteira. Em nosso ser Cristo deve tornar-se quasi visivel. Não totalmente, não em toda a sua grandiosidade e santidade, compreende-se. Somos homens fracos e limitados. Mas deve ser visivel em nós alguma coisa da humildade, pureza, piedade, bondade, do atnor a Deus e aos homens, das virtudes que Jesús praticou no máximo grau.
Contemplando-se, observando-se (e como se observam mutuamente os jovens!), vendo sua piedade, devoção a Maria, sua paciência e bondade, seu amor à pureza, seu desinteresse, espírito de sacrifício, etc. — vendo estas virtudes, devem vê-las irradiando-se da imagem de Jesús.
Um exemplo: Um Missionário viaja rumo a umatribu indígena pouco conhecida. Na fronteira da região em que procura entrar, vêm-lhe ao encontro alguns índios, pedindo-lhe que pare e volte para traz. Apresenta-se um guerreiro com um arco, aponta e abate uma ave no voo. Voltando-se para o Missionário, diz: Viste? O nosso Cacique sabe abater assim as aves voando, e sabe ainda muito mais. . . Um segundo índio apresen- ta-se e lança o seu machado que à longa distância corta uma arvore, ficando o Missionário espantado de tanta habilidade e força. — Viste? diz o guerreiro: Assim o nosso Cacique sabe ferir seus inimigos, e . .. mais ain
45d a ... Um terceiro índio mostra sua capacidade na luta corporal contra outro: com duas ou três manobras põe por terra um inimigo maior e mais musculoso do que êle. Acrescenta também êle: Viste? Assim o nosso Chefe sabe lançar por terra a quem quiser... e gabc-o melhor e mais rapidamente do que eu. Um quarto salta sobre um cavalo e, correndo em terrível galope, atira flechas sobre certo objeto, sem jamais errar o alvo. Segue-se ura quinto e um sexto, e outros, mostrando todos capacidades portentosas, e explicando ao Missionário: Quanto sabe cada um de nós é uma parcela do que sabe o nosso Chefe. Cada um de nós conhece uma coisa, mas êle as conhece todas juntas e melhor do que nós. Viste uma imagem do nosso Chefe em nós.
Cristo, o Rei supremo, envia seus mensageiros. Entre êles estamos nós. Somos enviados para falar dêle, para manifestar algo das suas grandiosas faculdades e virtudes. Muito mais difíceis e importantes são as qualidades das quais devemos falar ao mundo — a pureza, a bondade, o zêlo das almas, a piedade, o sincero amor desinteressado, a obediência, o espírito de sacrifício . . . E ’ Êle nosso Mestre. Alguma coisa de suas magníficas qualidades espirituais deve tornar-se visivel em nós.
A p a la v ra .Ainda na palavra do chefe deve viver Jesús.
Supérfluo é dizer que jamais sua palavra deve servir ao mal, ao pecado, a conversas baixas, a calúnias, à ira e coisas semelhantes. Não, servirá só a Cristo e à sua causa. O Dirigente convidará, encorajará, exortará sempre a todos para que trilhem os caminhos que conduzem a Cristo, com sua palavra explcará a doutrina de Jesús.*.
463.
A FISIONOMIA DO CHEFE NA C. M.Considerámos a importância do cargo de che
fe, especialmente hoje em dia. Vimos também sua essência inteira perguntando: que é ser chefe ? E tirámos as consequências. Consideremos agora mais de perto o ofício do chefe. Que tipo de chefe é o que nós queremos formar, qual é a sua fisionomia?
Três quadros observados na vida da C. M.Primeiro quadro.Recebo um dia uma carta em que o Presi
dente duma Congregação pede minha visita. Apenas chegado àquela cidade, começam os “chefes” que me acompanham, a queixar-se do seu Padre Diretor. “E’ muito difícil trabalhar com êle, dizem; tem idéias muito atrasadas. Ultimamente proibiu uma reunião recreativa que estava já toda preparada, sob o pretêxto de não lhe termos mostrado antes o programa. Ele quer saber tudo, intrometendo-se até no governo externo da Congregação. E' tão rígido que não quer admitir, nem sequer no grupo do teatro, nem nas seções esportivas, congregados que uma vez ou outra faltaram às Comunhões gerais. Declarou uma vez inválida uma decisão da Diretoria ainda que tivesse sido votada por unanimidade... Que fazer? Observa-se em tudo a falta de confiança em nós. Não somos mais crianças; nós todos fomos eleitos legitimamente pelos congregados e podemos, portanto, exigir que também o P. Dire
47tor respeite a nossa autoridade. De outra forma, todos os membros da Diretoria estão decididos a demitir-se na primeira ocasião/'
Assim falam estes “chefes", e quando dto algumas regras do “Manual” que insistem na obediência dos chefes ao P. Diretor, acham esta concepção muito “antiquada”.Segundo qu adro .
Fui certa vez visitar uma C. M. Estava para começar a Missa oficial da Congregação. O Diretor estava à porta da Sacristia chamando por sinais alguém para ajudar no altar. Após alguma hesitação um rapaz chega à sacristia e sai pouco depois, começando a ajudar. Eu procurava a Congregação, mas só depois de algum tempo conseguí distinguir pequenos grupos de jovens, dos quais poucos traziam a “fita” ; todos dispersos entre o povo e a maioria nos bancos do fundo. Nenhum canto, nenhuma prece... tudo silencioso. Só a porta da Igreja batia com ruido sempre renovado: muitos chegaram tarde. No momento da Comunhão havia alguns jovens entre muitas senhoras à mesa eucarística. Após a S. Missa o Diretor expõe o Santíssimo, ajoelha-se sobre os degraus do altar e entôa um canto. Organista, evidentemente, não há. O povo canta muito lentamente. Entrementes, o coroinha fôra preparar o incenso. Volta finalmente e emquanto o sacerdote incensa o Santíssimo, reina silêncio. Depois o Diretor recita uma prece, entoa o Tantum ergo e dá a bênção.
48Vai em seguida fazer a reunião num salão
vizinho. Um ar que sufoca; abrem-se as janelas; enfileiram-se as cadeiras. Afinal podemos começar. Na mesa da presidência 3 ou 4 jovens de fita põem-se à direita e à esquerda do Diretor. Este reza uma oração e dá a palavra ao sr. Secretário, que lê a ata da última sessão. Depois, o P. Diretor faz uma alocução. São comunicadas algumas notícias... No fim, o Diretor propõe que se cante um hino; mas os congregados não conseguem pôr-se de acordo sobre o cântico a eleger, porque não há nenhum conhecido por todos. . .
Onde se acham os chefes? Quasi o único que fala e organiza é o P. Diretor. Parece que nesta C. M. não existe uma Diretoria; os seus membros são quasi invisíveis; pelo menos são absolutamente passivos.Terceiro quadro.
Outro dia chego de trem a uma cidade para visitar a C. M. Na estação estão três congregados que me acompanham à Igreja. O Diretor da C. M. está à porta da sacristia. “Acompanharam- no, Snr. Padre” ? pergunta. “ S im ...” “Tinha dado seu bilhete ao Presidente. Bem”. Vai ao altar. Um quadro contrário do precedente. Havia tudo: sacristão, ajudantes, organista. Os congregados nos bancos da frente, todos com a fita; um rezava; todos respondiam em côro. Os cantos executados com entusiasmo. Longas fileiras diante da S. Mesa, recolhidos recebiam a S. Comunhão. Não faltava nada. Uma edificação,
49uma pregação para a paróquia toda. — Em seguida o Diretor pergunta ao Presidente: “Está tudo preparado para a reunião?" "Sim, mas peço que V. R. nos espere com o Padre para os acompanharmos"... Vamos para a sala da C. M., diante da porta duas fileiras de jovens que cumprimentam ; um pequerrucho recita alguns versos. Entramos todos. A imagem de Nossa Senhora no meio de bandeiras e flores. Na mesa da presidência o Diretor conversa comigo, sem se preocupar muito do programa. O Secretário lê a estatística dos membros e das obras da C. M. Depois se levantam, um após outro, três congregados, — são os chefes das diversas Seções e nos dão breve relação. Igualmente o instrutor dos aspirantes e o Chefe dos moços casados brevemente prestam contas dos seus ofícios. Pergunto ao Diretor sobre o programa, êste d iz: "Deixei tudo isto ao Presidente; não sei exatamente como se desenrolará o programa". Segue- se uma pequena representação religiosa no teatro- zinho. À minha pergunta sobre a peça, o Diretor responde rindo: "Também não vi a peça; um dos chefes encarrega-se disto". No fim perguntei: "Quem escolheu os cantos e as orações durante a Missa"? "Os chefes", diz o Padre Diretor. "Oh! se tivesse que pensar em tudo isso, a C. M. seria para mim um pêso; estou já tão ocupado"! "E na verdade que é a C. M."? O Diretor reflete: "é a sementeira do apostolado leigo. . . "
E os chefes? — "Estes formam o meu Estado Maior no apostolado com a juventude. Em cada reunião da Diretoria falamos do calendário do mês
50e distribuímos o trabalho”. E as seções de apostolado? — “Cada Chefe de Seção estuda no princípio de cada ano um programa para a atividade da sua Seção e propõe-no à Diretoria. Depois de ser aprovado, não me ocupo mais dêle; o Chefe de Seção realiza-lo-á por sua própria iniciativa, e no fim do ano ler-se-á um relatório, expondo os resultados e também as dificuldades. Os chefes nada fazem de importante sem primeiro falar com a Diretoria ou comigo em particular; durante o ano porem, êles mesmos respondem pela execução. Eu apoio muito a sua autoridade e exijo que os congregados lhes obedeçam, como exijo que os chefes me obedeçam a mim”.
Parece-me supérfluo perguntar, qual destes quadros nos revela a verdadeira fisionomia da Congregação Mariana.
O papel dos chefes.Repara-se imediatamente que no primeiro
quadro os “chefes” não teem nenhuma idéia da estrutura da C. M., nem das regras, nem do ideal mariano que deveriam realizar. Para eles a Congregação Mariana é uma especie de clube em que recreação, esporte e teatro ocupam o primeiro lugar; acham que o P. Diretor, é um homem “atrasado”, porque, com todo o direito, se opõe a essa orientação errada. Reclamam uma autoridade independente da do P. Diretor, negando a este o direito de “intrometer-se” no governo externo. Provam que nunca leram as regras que tão claramente falam da subordinação dos chefes ao Padre em tudo. O melhor que podem fazer será pedir a
51sua demissão, e quanto antes! — Êles apresentam aquela caricatura de “chefes" leigos que sucumbem aos perigos típicos da sua posição: Independentes, obstinados, teimosos, superficiais, sem espirito interior, e muito cheios de si mesmos.
No segundo quadro os chefes parecem carregados de defeitos quasi contrários: Não têm nenhuma iniciativa, nem verdadeiro interesse pela Congregação. Em lugar de auxiliar ao P. Diretor permanecem passivos, obrigando o Sacerdote a fazer tudo sozinho, até as coisas mais simples e exteriores. Este tipo também não conhece as regras que exigem oficiais ativos, interessados, zelosos.
Muito diferente é o terceiro quadro. Eis o tipo genuíno de chefes! Porque é que esta Congregação pode apresentar uma sementeira de apostolado leigo e o Estado Maior das obras entre os jovens? Porque ali se encontram verdadeiros “chefes". E quais são os traços característicos do chefe? Resumimo-los em três atitudes as quais, como veremos em breve, constituem um ideal não muito facil de realizar.A . T êm verdadeira au toridade e responsabilidade
— m as tam bém são obedientes.1. Têm verdadeira autoridade e responsa
bilidade.a) Parecerá isto contrário à caraterística das
Congregações Marianas; diz-se muitas vezes: “Nas CC. MM. só o Diretor está revestido duma verdadeira autoridade; vós, os leigos, não
52tendes mais a fazer do que ouví-lo e obedecer- lhe’' .— Será isto verdade? — Não. Que dizem as regras? Falam claramente de “Oficiais”, distinguindo maiores e menores. Falam de seções que são dirigidas pelos próprios leigos. Dizem claramente que os oficiais maiores “constituem o Conselho de govêrno” da C. M., que êles devem “ajudar ao P. Diretor no govêrno e na administração da Congregação”, (.regra ltf), que tomam parte nas reuniões do Conselho “com voto deliberativo” (regra 56), que o Presidente é “como o braço direito do P. Diretor” (regra 53) etc.
As regras reconhecem, portanto, a existência de verdadeiros chefes revestidos de autoridade e responsabilidade.
b) Pràticamente, como se mostra isto? Enumeremos alguns exemplos:
Os chefes podem organizar pessoalmente os programas das reuniões, ocupar-se do controle das obrigações disciplinares dos congregados, visitar e exortar os faltosos; são ordinariamente êles que organizam os programas do trabalho para os diversos grupos e seções; depois de aprovados realizam-nos com verdadeira autoridade e iniciativa, procuram êles mesmos vencer as dificuldades que ocorrem. . . Em resumo: Sentem-se responsáveis pelo andamento geral da Congregação Mariana.
Numa cidade européia um chefe dizia na reunião da Diretoria: “Peço que me confieis todos os ajudantes de Missa desta Paróquia”. Entre
53garam-lhos e fez uma obra tão impressionante com estes meninos, que de outras paróquias vinham pessoas para se edificar com o espetáculo de piedade e de ordem apresentado por estes coroinhas.
Acontece, às vezes, que o P. Diretor não pode comparecer às reuniões da C. M. Neste caso, os chefes devem ser capazes de tomar a direção da reunião, conforme a maneira de agir do P. Diretor. Em tais ocasiões é que se vê se a C. M. dispõe no >eu Conselho de chefes que consideram a obra da C. M. como sua e possuem autoridade suficiente para substituir o P. Diretor num caso excepcional.
2. Por outra parte devem ser obedientes. — (Regras 22, 49, 50).
A regra o diz elaramente. Teem uma verdadeira autoridade mas participada da autoridade do Diretor. Antes de executar qualquer obra, devem propor sinceramente os seus planos ao Diretor ou privadamente ou no Conselho. Durante a execução devem observar com toda lealdade as diretrizes dadas pelo Diretor ou pela Diretoria. Depois da execução devem apresentar um relatório sincero e completo do trabalho feito.
Precisamos de chefes que queiram obedecer. Que não sigam sua própria cabeça. Se qualquer proposta, ainda que ótima segundo a sua maneira de ver, não fôr aprovada, devem renunciar a ela; devem saber esperar outra ocasião mais propícia e conveniente, sem se tornarem importunos.
54B. C h efes a tivo s e, apesar d isso , h o m e m de in ten
sa v id a in terior.
1. Chefes ativos.Devem ser verdadeiros o^ciais, e num oficio,
trabalha-se. Titulares que têm somente o título de “chefes”, não correspondem ao conceito das nossas regras. Homens de iniciativa própria, e com a conciência da responsabilidade! Homens que sabem propor, que refletem nos meios para obter o resultado disto ou daquilo. Çue se interessam pelas reuniões, pelas festas, pelas obras de apostolado, etc., na Paróquia ou ro meio em que vivem. Não podem descansar nem dar por completa a sua obra de apostolado, enquanto não conquistarem os últimos dos seus companheiros para uma vida católica fervorosa.
Os congregados mexicanos deram magnífico exemplo neste sentido. Nos anos passados, diversos Estados do México permitiram oficialmente apenas a um Sacerdote residir no território do Estado. Por conseguinte, muitas Congregações durante anos passaram quasi sem ver um Padre. Sabemos, porém, por meio de relatórios enviados a Roma, que em muitos casos os chefes leigos, em lugar de renunciar a toda atividade da C. M., tomavam-se por isto mesmo mais ativos, substituindo o Padre, na medida do possivel, de maneira que as atividades da C. M. não foram interrompidas. Na cidade de Chihuahua, por exemplo, as seções de caridade, o ensino religioso aos operários, as academias, os círculos de estudo, funcionaram como antes com a mesma pontualidade e regularidade e cada domingo os membros da seçlo catequética ensinavam mais de 500 crianças em 5 lugares diversos.
55Que bênção do Ccu é ter chcícs ativos, zelo
sos, trabalhadores, que não desanimam diante das dificuldades!
2. Mas homens de vida interior.Seria fechar os olhos a realidade não ver um
grande perigo no apostolado moderno, conce- bendo-o num sentido de demasiada exteriorização, como trabalho puramente teemeo e de organização. Todo Sacerdote com um pouco de experien- cia reconhece este perigo. Muito facilmente os apóstolos leigos esquecem que o apostolado cristão não é essencialmente outra coisa, do que a irradiação duma personalidade proíundamente cristã.
Este perigo é hoje mais atual do que nunca, visto que os objetivçs no campo do apostolado são nos nossos tempos imensos, variados e difíceis, e os próprios leigos vivem sobrecarregados de trabalho, proveniente da deficiência de sacerdotes. E, em resumo, não é mais que a realização daquelas palavras do Cardiai Marmaggi: “Os leigos devem levar em si mesmos o Deus que desejam comunicar aos outros''.
Um sacerdote que foi ajudar um Vigário na transformação de um club recreativo em uma obra de apostolado, disse ao Vigário, que desejava distribuir logo vários cargos de responsabilidade: “Não, ainda é cedo; esperemos, que estas moços façam o retiro fechado três anos a fio, que fequentem a Comunhão assiduamente e tomem convições profundas e práticas da vida cristã”.
56A atividade do congregado deve jorrar natu
ralmente da sua intensa vida espiritual. Retiros fechados, comunhão frequente e mesmo quotidiana, direção espiritual, exercícios de piedade constantes e bem feitos, exames de conciência sinceros, e tc .-, são os melhores meios para a formação do apóstolo.C. H o m e n s capazes e, apesar disso , m o d esto s e hu
m ildes.
1. Homens capazes.Os chefes devem ser homens que gozam
da estima geral, também na sua vida privada e profissional. Por motivos religiosos um congregado que é comerciante deve ser um bom comerciante; si é medico deve ser bom médico, si é empregado bom empregado etc. O congregado tem que se interessar pela sua profissão, mostrar- se zeloso no fazer os exames necessários, ser estimado pelos seus superiores. Suponhamos que se faça um inquérito entre os seus colegas no escritório, trabalho, na universidade, na oficina, no laboratório etc., sobre o que pensam de você, — que dirão? Pelo menos deveríam dizer que você, no lugar do trabalho, está sério, assíduo, bom companheiro, etc.
Os chefes devem mostrar aptidão para dirigir as obras da C. M. Naturalmente não basta a boa vontade para saber dirigir grupos e seções, para organizar festas religiosas, para conquistar novos colegas para a C. M. Por isso os che
57fes devem formar-se sistematicamente, estudar a bibliografia conveniente, procurar aproveitar das experiências de outras CC. e de outras organizações; devem conhecer bem a doutrina da Igreja, saber responder às objeções contra a Fé. Devem querer aperfeiçoar-se e tomar a sério o seu ofício no qual se querem tornar competentes.
Em Barcelona a C. M. da Imaculada e de S. Luiz mantém 7 Centros escolares, apresentando cada um, um vasto sistema de ensino primário e catequético. Em cada Centro trabalham mais de 30 congregados que todo o domingo ensinam a centenas e centenas de crianças. São os mesmos marianos encarregados da direção e administração destes “ Centros” que teem cada um seu “ Diretor”, — um verdadeiro Diretor escolar — com Secretaria, com um corpo de professores, que em parte devem ser pagos, com vigilantes, etc.. E ’ uma obra que testemunha não somente o magnífico espirito de sacrifício dos congregados, mas também uma capacidade ex> traordinária de dirigir e organizar com autoridade e iniciativa. Naturalmente trabalham estes chefes sempre em dependência da Congregação Mariana e do seu Diretor.2. Ao mesmo tempo: homens modestos e
humildes.Encontrei chefes muito capazes, que se jul
gavam absolutamente necessários. Êles se faziam rogar muitas vezes antes de aceitar um trabalho; faziam sentir que tudo dependia deles. E quantas vezes ouví a queixa, de que os nossos apóstolos leigos mostram demais a tendência de pôr-se em evidência, de fazer furor com os próprios discursos, de procurar aplausos etc. Sempre observei que os fiéis e também os não-católicos perce
58bem logo o sentido de semelhantes atitudes. E muitas vezes encontra-se por esta razão uma certa aversão, uma latente oposição ao apostolado leigo.
Tive uma vez uma palestra com universitários católicos, moços piedosos e falámos sobre o apostolado. Extranhei que todos, uns quinze, mostrassem aversão ao apostolado leigo. E a razão? “Não queremos ser objeto de ingênuas tentativas de conversão por parte desses vaidosos apóstolos leigos”. Esta sentença revela aquilo que falta muitas vezes aos leigos, que trabalham no terreno do apostolado: aquele tato, aquela delicadeza, simplicidade, humildade, espirito de sa- crificio, que foram as atitudes essenciais de Jesús Cristo em oome do qual êles se apresentam.
Ordinariamente o Diretor encontra com facilidade um congregado que está pronto a fazer um discurso em público, mas quantas vezes deve êle andar à procura de quem o ajude no trabalho duro e quase invisível da preparação duma função religiosa e coisas parecidas. E, em realidade, um apostolado sólido não é realizável sem um trabalho quotidiano e minucioso. Tal trabalho com o tempo torna-se sempre coisa aborrecida. Pois é necessário renunciar a tempo livre, a recreações, a divertimentos; é precisa fazer visitas desagradáveis e que muitas vezes parecem inúteis. E ’ preciso tolerar desprezo e irrisões, sem porém perder o otimismo. Tudo isso supõe uma virtude sólida, supõe humildade e desinteresse.
59Insistimos neste ponto. O perigo de se pro
curar a si próprio, de satisfazer a própria vaidade, surge quasi espontaneamente, sobretudo nos principiantes. Lembro-me que, depois de ter dado um curso para apóstolos leigos e ter feito apelo aos jovens a que mostrassem ao seu Vigário, com um aperto de mão a sua prontidão em ajudá-lo na Paróquia, já o primeiro que se apresentou, dizia solenemente: “Prometo estar à disposição do apostolado leigo na paróquia”, acrescentando espontaneamente: “Como chefe” ! Compreendí que aquela mesma noite devia fazer mais uma instrução sôbre o essencial do apostolado que consiste não no comandar os seus companheiros, mas em serví-los.
Quem conhece um pouco o caráter especial da C. M., deverá conceder que toda a sua estrutura e todo o seu espírito visa excitar e incutir nos seus membros esta simplicidade, modéstia e humildade. Basta lêr as regras dos oficiais da C. M. onde se fala de obediência, modéstia, submissão e disciplina.
Resumindo, devemos confessar que é um ideal muito sublime que as regras desenham do “chefe” na Congregação Mariana. Não seria provavelmente tão difícil realizar um lado da caraterís- tica que expusemos, isto é, formar homens de responsabilidade, ativos e capazes, ou, por outro lado, homens obedientes, de vida interior, modestos e humildes. Mas, a dificuldade consiste precisamente em coordenar estas atitudes, em tê-las todas juntas, apresentando assim um tipo religioso, rico, amplo e equilibrado.
604.
O VALOR DA DEVOÇÃO MARIANA PARA O CHEFE.
Eis o ideal do Cavaleiro de Maria: o verdadeiro cavaleiro é forte, viril, corajoso, capaz e ativo; mas, ao mesmo tempo, deve distinguir-se por uma profunda humildade, reverência, delicadeza. Ideal do moço, do homem católico! Ideal da santidade cristã!
Cavaleiros de Maria!E’ um ideal grandioso, o que encarámos.
Oxalá tivéssemos tais chefes em todas as CC. MM.
Mas, como alcançar um ideal tão sublime? Um ideal que evidentemente supera as nossas forças humanas, que é tão contrário às nossas paixões ?
Voltemo-nos para Maria. Ela nos conduz a Jesús Cristo. Queremos ser "Cavaleiros de Maria”. E não é em vão que nos chamamos Congregação Mariana. Não é em vão que concluímos um contrato com Maria na nossa admissão na C. M. E Ela que nos aceitou como seus filhos e cavaleiros, não nos deixará sós neste importan- tissimo negócio.
Volvamos, portanto, os nossos olhos para Maria, nossa Mãe e Guia.
61Maria como Mãe.
E‘ dever de mãe alimentar os filhos. Mãe nenhuma pode ver os filhos sofrer fome. E Maria é boa Mãe. Como podería recusar o alimento espiritual, isto é, a graça, a um filho que a ela recorra ?
Peçamos, pois, a Maria a força sobrenatural, a energia que necessitamos para o nosso apostolado. Peçamos-lhe graças abundantes.A . Em prim eiro lugar para n ós m esm os.
As virtudes de um apóstolo, zêlo, reta intenção, prontidão para o sacrifício, etc. não podemos consegui-las com as nossas próprias forças. Deus chamou-nos ao apostolado, atraindo-nos para a Congregação, e certamente está disposto a dar- nos com abundância as graças necessárias, postas desde já, à nossa disposição. Entretanto, Deus nos dá essas graças por intermédio da Santíssima Virgem.
Nas bodas de Caná o Senhor nos revelou como nada pode recusar ao pedido de sua Mãe. Recorramos, pois, a Ela.
Acaso não foi Ela que educou todos os Santos que adornam os altares da Igreja? Não conhecemos um só Santo que não tenha sido grande devoto da Virgem Celeste. Foram-no muito particularmente os grandes apóstolos e fundadores de ordens religiosas, que propagaram a devoção a Nossa Senhora em todas as classes do povo catolico; como S. Domingos com o Terço, S. Francisco de Assiz, Sto. Afonso de Liguorí, fundador dos PP. Redentoristas, com a sua imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, S. Joio Bosco, fundador dos PP. Salesianos, com a sua devoção a Maria Auxiliadora e tantos outros.
62Há certos perigos aos quais está exposto o
apóstolo zeloso, tais como exterioridade, desobediência, orgulho, — perigos inerentes ao encargo de apóstolo leigo. E’ Maria quem nos ajudará a vencê-los.Rezemos pois: “ Maria, fazei-me um fervoroso apóstolo, ativo e amante da vida interior. Não permitais que me torne um “aes sonans et cym- balum tinniens”, “um metal que sôa ou como o cymbalo que tine”, — como diz o Apóstolo (1 Cor. 13,1). Fazei de mim um homem de iniciativa, mas ao mesmo tempo obediente. Dai-me um grande respeito pela dignidade sacerdotal. Dai- me sinceridade, simplicidade na colaboração com os Sacerdotes e a convicção de que obra nenhuma florescerá sem a submissão às diretrizes dos escolhidos por Jesús Cristo para Pastores do seu Corpo Místico. Pedi ao Vosso divino Filho a graça de eu cumprir as obrigações inerentes ao meu cargo, para que me torne capaz e competente nos negócios que me são confiados e, ao mesmo tempo, livre do orgulho, tão oposto ao verdadeiro espírito cristão. Fazei-me amigo da modéstia, da simplicidade e da humildade, de modo que o meu único orgulho seja de servir-vos e ao vosso Filho, meu Rei e Salvador”.B. Em segundo lugar : Para os outros.
O Apóstolo leigo necessita de graças para aqueles sobre os quais quer ter influência. Por mais eloquentes e insistentes que sejam as suas exortações, e numerosos os meios de quêTlãnça mão para conduzí-los ao bem, — nenhum esfôrço
63será profícuo, se a graça de Deus não iluminar as inteligências e mover as vontades dos tíbios.
Quantas vezes não o experimenta o Sacerdote» O mesmo se dá com o apóstolo leigo.
Certamente devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance, não poupando pena e esforço, visitas e boas leituras, palavras e mais palavras. Mas sempre lembrando-nos de que só Deus com a sua graça fecunda a obra. E quantas vezes não nos faz esperar longo tempo pelo sucesso, para nos ensinar a nossa total dependência!
Disto, que se segue? Que devemos por meio de orações e sacrifícios impetrar de Deus poderosos auxííios sobrenaturais. Nunca deve o apos- tolo leigo trabalhar com as almas desamparado da graça divina.
Então, a quem nos dirigiremos, para obtermos as graças do Ceu? Naturalmente à nossa Mãe celeste. Sendo Ela Mãe de todos também o é dos filhos desviados que vivem afastados de Deus pelo pecado e pela indiferença. O Senhor no-la deu por Mãe e a Ela deu o que sobretudo é próprio da Mãe: o coração materno.
Pouco antes da guerra de 1914 numa cidade européia ensinava filosofia na Universidade um Professor que, embora batizado como católico, ficara completamente ateu e era conhecido pelas suas invectivas contra a Igreja. Toda vez que, por acaso, aparecia um Padre numa aula dele, era certo ouvir uma observaçfto sarcástica do Professor.Certo dia, um Padre lhe pediu corajosamente contas destas injurias; nasceu uma longa disputa e o Professor foi-se tomando cada vez mais hesitante. Nos dias seguintes o Çacerdote pôde continuar as conversas, mas nlo conseguiu cbnvenco-ta couqdetameute da fali>
64dade das soas opiniões. Ent&o o Padre, que era Diretor duma Congregação Mariana, dirigiu-se a seus moços, exclamando: — “ Quem de vós tomará parte numa novena a Maria Santíssima para obter a conversão duma pessoa de grande influência?’' Quasi todos prometeram participar. Antes de se passarem os nove dias, tocou o telefone na casa do Padre; era o Professor que lhe pedia uma visita. — “Não sei como explicar, disse, mas não me sinto mais tranquilo. Devo começar uma vida nova.” Confessou-se e tornou-se deveras outro homem. Na aula seguinte fez em publico uma declaração da mudança das suas convicções. E desde aquele tempo tornou-se por muitos anos um dos mais zelosos apóstolos leigos entre os estudantes da Universidade.
Apelemos, pois, para o amor materno de Maria. Lembremos-Lhe:
"Está em perigo a salvação eterna de um de vossos filhos! São ineficazes todas as minhas palavras e admoestações, se a graça divina não lhe tocar o coração. Vós podeis proporcionar-lhe esta graça porque sois a poderosa Medianeira de todas as graças, a rica Dispensadora dos tesouros da Redenção e o refúgio seguro dos pecadores. Nunca se ouviu dizer que tivesseis rejeitado uma petição filial. . . ”
O verdadeiro apóstolo leigo sempre reza desta maneira pelos seus amigos e companheiros, faz pequenoé sacrifícios nessa intenção e alia a si, nos seus esforços apostólicos, a Maria, Mãe dos pecadores.
Maria como modelo.Consideramos Nossa Senhora como a des
crevem os Evangelistas. As suas caraterísticas não são porventura os mesmos traços que conhecemos como essenciais aos Cavaleiros, aos che
65fes? Não é Maria o exemplo perfeito da vida interior, da obediência, da modéstia? A devoção a Nossa Senhora é pois especialmente apta para preservar os chefes dos perigos inerentes ao seu cargo.A . A vida in terior de M aria contrária à perigosis-
sim a exterioridade.Perigo grande e não raro.Numa C. M. eu observei como o maestro de
música dava péssimo exemplo de vida aos congregados; noutra os mais ativos no esporte eram os mais relaxados nas práticas de piedade. Em outras ainda os do griípo do teatro faltavam quasi sempre à Comunhão geral. Encontrei Congregações em que as reuniões eram, ia a dizer, miseráveis, enquanto que as Seções recreativas, como esporte, teatro, etc., eram brilhantes. — Eis o perigo da exterioridade!
Maria é-nos um exemplo de vida interior. A * Sagrada Escritura assim diz: “Omnis gloria fi-
liae regis ab intus”. Toda a glória, toda a beleza espiritual da Filha do Rei, de Maria, está no interior, no seu coração. Porque Deus a amou e admirou tanto, a ponto de enviar um anjo a saudá-la? Porque Ela é cheia de graça, “gratia ple- na”, cheia de vida divina, de santidade, de virtude. E’ a riqueza interior que Deus elogia. Maria contemplava Jesús, meditava suas palavras, imitava suas ações e sintonizava-se com os seus sentimentos. Eis a vida interior! Todos os pensamentos de Maria concentravam-se em seu Filho.
66Ela é a mais “cristocêntrica” dc todos os San
tos. Nenhum motivo, nenhuma tendência vivia no seu coração que não fôsse sobrenatural.
Aprendamos, pois, com ela a apreciar e praticar a vida interior, a oração recolhida, a meditação, e a intenção reta que encara todas as coisas sempre sob o ponto de vista sobrenatural.
Assim fazendo o Chefe não se assemelha à bananeira cuja força se esgota numa só produção de frutos, precisando brotar nova planta para produzir outros. E’ esse o símbolo do chefe pobre de vida espiritual. Esgota-se facilmente na sua atividade quem tem falta de vitalidade interior e de reservas espirituais.
O verdadeiro chefe deve assemelhar-se à laranjeira que produz frutos com tanta vitalidade e em tanta abundância que parece inexaurivel.
A alma dum chefe sem vida interior e vazia de graças, é como uma terra sem sementes, estéril. A alma do chefe sem oração, é como uma terra sem sol. Como pode haver fertilidade onde não há o calor do contato com Deus, na oração?B . A obediência de M a ria , con trária à in d epen
dência.
Grande é o perigo da independência; principalmente para o chefe que é absorvido pela sua obra, que, identificando-se com os seus projetos, quer realizá-los com todas as forças da sua alma. Quem trabalha e se dedica completamentc à sua
67obra, sente a tensão entre a iniciativa e a obediência. E encontram-se chefes que renunciam à virtude da obediência, realizando os seus projetos por sua conta, às escondidas do Diretor, obtendo as vezes a aprovação do Sacerdote por meios ilegais.
Ser um chefe muito ativo e, ao mesmo tempo, verdadeiramente obediente, supõe uma sólida virtude.
Eis o que sucede as vezes: O chefe tem um plano que ele mesmo acha magnífico; expõe-no ao P. Diretor. Entretanto êste é de opinião contrária, apoiando-se na sua experiência. Objetivamente é difícil decidir quem tem razão e, ás vezes, a opinião do chefe pode ser mesmo a mais acertada.
Todavia mesmo neste caso, o Diretor permanece Diretor e último responsável; ele deve exigir obediência. — Quem não percebe que o encargo de chefe requer uma grande e sólida virtude? E como consegui-la? — Meditando no exemplo de Maria.
A obediência é uma das caraterísticas de Maria. Um chefe que ama Nossa Senhora e procura imitá-la, não pode deixar de amar esta virtude Basta refletir sôbre as duas passagens importantes da vida de Maria, a Anunciação e o Gólgota. quando concebe a Jesús e quando O perde. Nesses dois momentos qual é a atitude profunda de Maria? — a renúncia à vontade própria, e a submissão total à vontade divina. Grande exemplo para o chefe!
68No momento da Anunciação, observamos que
Maria faz a sua pergunta “ Como pode ser isto?” unicamente porque são aparentemente contraditórias as duas expressões da vontade divina: Virgindade (non cognoscere virum) e maternidade (concipies. . . ) . Mas apenas esclarecida a vontade de Deus de tornar ambas as coisas possíveis simultaneamente por um milagre, não lhe escapa uma observação, uma dúvida siquer, mas diz a palavra magnífica de submissão completa à vontade de Deus: “ Ecce ancilla D om in i...” “ Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra”.
No Gólgota, Deus exige de Maria uma obediência heróica, sobrehumana. A mãe assiste à morte do próprio Filho! Jamais se leu na história da humanidade, que fôsse exigida, na execução de um condenado, a presença da mãe inocente. Seria uma extrema crueldade! O mais natural é que, no momento da execução, os amigos da família afastem a mãe do lugar sinistro e a preparem com delicadeza para suportar a dolorosa mensagem. Aqui não. O próprio Deus exige de Maria o heroísmo de presenciar a morte de seu Filho, a todas as suas dôres, de ver todas as suas chagas, até mesmo aquela que lhe abriu o Coração. Isso só se pode exigir de uma alma heróica. E de fáto, no Calvário, Maria se torna a Rainha dos Mártires. Que exemplo para um chefe, filho e cavaleiro de Maria! Quando a obediência lhe parecer difícil, quanta força encontrará no exemplo de sua celeste Mãe!
69C. A hum ildade e m od éstia de M aria , con tra o P erig o do orgulho .
E' grande, mais uma vez, êste perigo.O chefe é distinguido com título e autori
dade; tem direito de dar ordens e de exigir obediência (regra 44); está sempre em evidência e ocupa os primeiros lugares; aparece em páblico e recebe aplausos. Somos homens. E como tais corremos o risco de nos deixar fascinar pelas honras, pelos primeiros lugares. Podem-se ouvir, às vezes, queixas contra tal atitude de chefes, e por isso há Sacerdotes que se recusam a dar aos leigos autoridade e responsabilidade. Ser capaz e todavia não se mostrar como tal, supõe grande virtude!
Mas será impossível obtê-la do coração dos nossos chefes? Parece-me que não, desde que estes se esforcem por ser verdadeiros “Cavaleiros de Maria”, e que haja um cultivo sincero da modéstia e da humildade, aprendida no semblante de Maria Santíssima.
Que modêlo de modéstia e de humildade é, de fato, a SSma. Virgem! Ela é eleita para uma dignidade singular, incomparável. Como são ridículas essas fumaças de grandeza, de capacidade, de honras etc. que encontramos no mundo, diante da dignidade da Mãe de Deus! E Maria tem con- ciência dessa riqueza: “Eis que já desde agora todas as gerações me chamarão bemaventurada... ” Maria sabe que está acima de todos os homens.
70E a reação? “ (Deus) poz os olhos na baixeza da sua serva. . . Depôs do trono os poderosos e elevou os hum ildes..." (Luc. 1,48 ss.).
Lição de humildade para os homens capazes e elevados, eis o Magnificat! E é esta a atitude de Maria durante toda a vida. Está sempre em último lugar e é apenas mencionada na Sagrada Escritura! A mais santa mulher é a mais oculta, a mais modesta. Eis o exemplo de Maria!
E' essa a melhor escola para os nossos chefes. Um Dirigente que pensa em Nossa Senhora e seriamente se esforça por imitar o exemplo da Virgem humilde, não pode permanecer orgulhoso, cheio de si, ávido de honras e gratidão; não se pode vangloriar de suas pequenas qualidades, tendo deante dos olhos o exemplo daquela que, possuindo uma dignidade quasi infinita, como diz Santo Tomáz, é a criatura mais humilde e a mais modesta.
Imitando as virtudes de Maria, os nossos chefes realizarão o tipo de homem capaz e 9imples, que é simpático e apreciado de todos.
O chefe do pessoal de uma importante firma industrial, acertava sempre na escolha de empregados, dentre os muitos que se apresentavam ; nunca se saiu mal. Certa vez, perguntando-lhe o Diretor, qual era a sua orientação que tio bons resultados dava, respondeu:
“Escolho de preferência os mais modestos. Já observastes um jogo de foot-ball ou de tenis? Os piores jogadores são sempre os mais bem ves
71tidos, os possuidores das raquetes mais caras. Os bons jogadores dispensam tudo isso. Quem não dá tão grande valor à sua pessoa, e me responde com calma, modéstia e firmeza às minhas perguntas sem falar da sua pessoa — é sempre o mais capaz".
A razão é obvia. Um tal homem não precisa jactar-se, exagerar as suas qualidades, valer-se de meios externos para lhe aumentar a importância, — as qualidades se recomendam por si mesmas.
Na França viveu no fim do século passado um dos mais conhecidos industriais da época, Léon Harmei, que, com energia e excepcional generosidade, pôs em pratica os princípios da doutrina social da Igreja. Foi um homem amado e venerado pelo escol da sua patria. Num tempo de capitalismo extremado foi exemplo fulgurante para os seus coevos.O traço mais característico deste apóstolo leigo exemplar foi a sua grande humildade e modéstia. Nas demonstrações da vida católica ou em relatórios sobre suas beneméritas realizações sempre teve o maior cuidado de evitar que aparecesse o seu nome. Os biógrafos relatam que foi habilíssimo em procurar meios de ficar nos bastidores e pôr outros em cena. De modo que em muitas obras boas que iniciou, o publico jamais suspeitou que era ele o autor.Cavaleiros de Maria! Duas palavras subli
mes e de sentido profundo. A primeira nos chama e incentiva às altitudes da grandeza humana, religiosa, cristã. Ser “ Cavaleiro", ser forte, capaz, corajoso e, ao mesmo tempo, respeitoso, nobre, modesto e humilde, — a que ideal maior poderiamos encaminhar o moço católico? — Mas a beleza longínqua e demais sublime deste ideal torna-se vizinha, quasi tangível, se consideramos a
72segunda palavra: "de Maria". Sim, guiados pela mão materna de Maria, animados e ajudados pelos auxílios sobrenaturais da "Medianeira” poderosa, empenhamos todas as nossas forças, todo nosso idealismo juvenil para realizar este objetivo e tomar-nos, cada vez mais,
Cavaleiros de Maria.
E X P L I C A Ç Õ E S das Obrigações especiais
Estas se impõem como consequências das considerações teóricas citadas.
Aliás, há muitíssimos simples congregados que as realizam espontaneamente durante anos e anos; de maneira que não é demais exigir estas práticas também dos futuros chefes.
(V. os requisitos para o Exame, p. 17).E X P L I C A Ç Õ E S das Capacidades técnicas
1. Saber bem o Catecismo.A Regra 33 diz que o congregado tem que
ser “acima de tudo um cristão exemplar, conformando perfeitamente a sua Fé e os seus costumes com o que ensina a S. Igreja Católica”.
Ora, é precisamente o catecismo que contêm o que ensina a S. Igreja. O Catecismo é para a vida cristã o que a taboada ou o saber ler e escrever para a vida cultural. — Repete-o, pois, talvez junto com um companheiro.
742. Saber explicar, em forma de conversa, a ma
téria do 1.*, 2 / e 3.* “ Opúsculo de formação”.Eis algumas sugestões práticas:Ler antes de tudo o capítulo correspondente
com atenção até compreender perfeitamente o seu conteúdo.
Não é preciso saber a matéria de cór; pódes explicá-la com o livro na mão.
Como a matéria está já apresentada em grande parte em forma de perguntas e respostas, não parece dificil ensiná-la.
Fazer muitas perguntas e dirigi-las sempre a outros.
Naturalmente não se trata de suscitar discussões sobre as verdades reveladas; mas as perguntas se formulam por razões de método, para interessar a todos e para obrigá-los a estar atentos a todo momento. Por isso, o ponto de partida será ordinariamente coisa conhecida, e pouco a pouco os moços encontrarão a resposta a perguntas mais difíceis.
Procura citar exemplos, comparações, pequenos traços pessoais dos teus arredores ou da vida do povo.
Pala sempre duma maneira viva, de modo que os discipulos sigam com interesse as tuas aulas.
Fazer repetir muitas vezes os assuntos já tratados e explicar uma verdade em conexão com a outra.
75Será bom cantar um cântico correspondente
ao assunto da aula, ler uma poesia etc., por ex.: em homenagem a Maria SSma., explicando os Capítulos 2 e 3 do primeiro “ Opúsculo”.3. Conhecer o modo de ajudar à Missa e saber
ensiná-lo aos outros.Que honra é o serviço do altar, próprio dos
Anjos do Ceu! O Rei de Saxônia, homem muito piedoso e congregado mariano, ajudou muitas vezes ao Sacerdote, ajoelhando-se no chão da sua igreja áulica de Dresden. Sendo um grande privilégio o serviço do altar, é preciso não deixá-lo exclusivamente aos meninos; recomenda-se muito o uso difundido em varias Congregações, de ajudarem em dias de festa os membros da Diretoria. E* preciso ajudar bem, com toda a atenção e sem falhas.
Para ensinar o serviço do altar é preciso conhecer os defeitos ordinários que os coroinhas cometem. Por exemplo: Comer as sílabas, porte negligente do corpo, olhar para as naves da igreja, deitar mal o vinho e a agua no cálice (Lavabo e Ablutio), em vez de o fazer lenta e uniformemente.
Informar-se também sobre a maneira da preparação para o serviço do alta. Ha paróquias em que os coroinhas se preparam na sacristia, recitando devotamente no genuflexório algumas orações, e fazem o mesmo depois da Missa, para agradecer a Nosso Senhor o beneficio recebido E’ muito para recomendar este costume; deve-se insistir em que na Sacristia a preparação para a
76S. Missa não se faça com risos e tagarelices. Durante as ceremônias o espirito dos moços esteja bem ocupado com atos de oração, que os olhos estejam voltados para o Santíssimo ou para a Cruz, etc.4. Conhecer o uso do Missal.
A Santa Missa, sendo a renovação do Sacrifício do nosso Rei sobre Gólgota, é o Centro de toda a vida católica. (V. “Na Família de Deus”, p. 165 ss). E’ portanto muito desejável que os congregados não só conheçam o profundo sentido deste mistério, mas entendam também as belíssimas orações e saibam avaliá-las, acompanhando o Sacerdote com o Missal. Muitas Congregações iniciam os seus membros no uso do Missal; naturalmente devem ser os chefes os primeiros a se familiarizarem com o uso deste livro. Aprende- se facilmente o uso do Missal com a prática, e desistimos aqui de explicações teóricas. Basta saber que cada futuro chefe deve ser capaz de marcar as orações duma Missa ordinária, ou dum Santo ou dum Domingo. — Lembramos a este propósito que o Concilio Plenário Brasileiro celebrado em 1939 baixou alguns decretos com respeito à reza em comum durante a Missa: A Comunidade dos fieis não deve responder ao mesmo tempo e todos juntos ao Sacerdote celebrante. Proíbe-se que reze em voz alta a “Secreta”, o "Canon” e as palavras da Consagração. (Dec. 199)* Parece supérfluo frisar que as Congregações Marianas obedecerão escrupulosamente a «stes decretos.
775. Saber ensinar o comportamento na igreja
(agua benta, genuflexão, etc.).Observastes alguma vez, como os moços se
comportam ordinariamente na igreja? Enumeremos os atos principais dum bom comportamento na igreja: Um devoto sinal da Cruz ao benzer-se com agua benta, pedindo o auxilio divino para afastar os maus espíritos que nos tentam; genuflexão com o joelho direito até ao chão, ficando ereta a parte superior do corpo. Não ocupar os bancos posteriores, mas ir para os da frente sem respeito humano; a primeira ocupação na igreja deve ser um ato de Fé e de adoração do nosso Rei alí presente.
Em que parte da S. Missa podem os fiéis sentar-se? (Desde Ofertório até Sanctus, e depois da5. Comunhão até à bênção final). — Que se pode rezar durante a Elevação? (“Meu Senhor e meu Deus”). — Como rezaremos no momento da S. Comunhão? (“Senhor, eü não sou digno... ”)6. Saber ensinar a rezar em comum.
Recordemos que toda oração em comum é uma profissão de Fé. Que toda a paróquia deve edificar-se também com a belez# da oração. A Igreja quer que no culto público atendamos à beleza da forma exterior. Que contraste de orações mal recitadas com os belos paramentos, com a beleza das fórmulas litúrgicas, etc.
Defeitos muitas vezes observados: o entoa- dor está nos primeiros bancos de modo que não se ouve o que recita; deve ao invés estar nas últimas fileiras. Muitas vezes o entoador começa
78demasiadamente baixo, recita muito rapidamente, etc. Os outros devem continuar no mesmo tom, fazer as pausas bem juntos, não murmurar, mas recitar em voz alta. O entoador dá também o sinal para sentar-se, levantar-se, ficar de pé, ajoelhar, etc.7. Saber rezar em público, sem fórmula fixa, as
orações ordinárias de manhã, de noite e a ação de graças depois da S. Comunhão.Compreende-se que o uso dum livro de pie
dade é, sem mais, recomendável. Entretanto, como está explicado no 2.* “Opúsculo de formação”, é utilíssimo exercitar-se em rezar também livremente, sem livros e sem fórmulas prefixadas. Uma das finalidades da formação religiosa na Congregação Mariana é precisamente tornar os moços capazes de vencer o mecanismo na oração, fazer-lhes compreender a beleza de uma oração espontânea. Evidentemente os chefes devem estar prontos e aptos a ensinar isto aos outros congregados.» Enumeremos os atos essencialmente requeridos para a respetiva oração. Para a oração de manhã: Agradecimento para o novo dia, oferecimento do dia e petição de novas graças para realizar os propositos.
A oração da noite contém também três atos: Agradecimento pelos benefícios do d ia; exame de conciência; contrição (perfeita) acompanhada do propósito de emenda.
Para a ação de graças depois da S. Comunhão: Saudação e homenagem a Jesús, agradecí-
79mento pela sua vinda a nós e por todas as graças d'Ele recebidas e, afinal, orações para se obterem copiosas graças para o futuro.Uma instrução minuciosa destas orações seencontra no 2.° “Opúsculo de formação" dos congregados. Não basta saber recitar estas preces no Exame dos chefes, mas é preciso demonstrar que os pensamentos destas orações sejam verdadeiramente proprios, sentidos e vividos; por isso será necessário repetí-los muitas vezes numa forma sempre nova.8. Saber falar 5 minutos com uma preparação
de alguns minutos.Exigimos isto no Exame não para tornar o
nosso futuro chefe imediatamente um grande orador — coisa impossível —, mas para induzí-lo a vencer a timidez e o respeito humano. E’ claro que um chefe mariano deve ter uma certa facilidade em expor as suas idéias. A oratória é um dos meios principais do apostolado, e a S. Igreja mostra a sua estima para com êste meio, obrigando cada aspirante ao Sacerdócio de fazer especiais Cursos de Eloquência sacra, chamada Homi- lética. Ora, os nossos congregados e sobretudo os chefes leigos que querem ajudar aos Padres no apostolado, têm muitas vezes ocasião de entusiasmar e instruir os fieis com um discurso. Aliás, uma certa eloquêqpia contribue muito ao aperfeiçoamento das aulas do catecismo e do ensino religioso em geral. — Para o exercício prático recomendamos escolher no princípio temas simples, como por ex.: dar um relatório sobre
80uma ceremônia religiosa, ou contar fatos edificantes da vida de congregados exemplares, utilizando por ex. o livro “ Arautos do Divino Rei".
9. Saber ler e contar historietas de um modoatraente.A razão porque um chefe deve ser capaz de
ler e contar em forma atraente historietas, é óbvia. Trata-se de tornar interessantes as reuniões, aulas de catecismo, instruções religiosas, etc. Cada chefe deve aprender a ser senhor da sua voz. Por isso escolha trechos de historietas ou poesias que apresentem contrastes: depois de um texto a recitar em voz alta, firme e forte, tome um outro que exige uma voz baixa, suave. Exagere-se isto no princípio para se convencer das grandes possibilidades de expressão da própria voz. Encontra-se rica matéria para tais exercícios do livro citado: “Arautos do Divino Rei”.
Estudar bem os “ Opúsculos de formação”, de modo que a matéria seja absolutamente clara. Procurar ocasiões de praticar a explicação. Frequentar as aulas dos aspirantes e observar como o Instrutor explica a matéria. Observar também os chefes, encarregados do ensino do catecismo e aprender o método. Quanto às orações, é preciso estudá-las, recitá-las frequentemente. Não é somente no 'Exame que as orações devem ser bem recitadas, mas elas devem ser uma parte integrante da nossa vida religiosa.
81Quanto à habilidade expressiva, na arte oratória, recomendamos que os futuros chefes façam juntos seus ensaios.
PREPARAÇÃO PARA O EXAMEO mais importante é a atitude interior do futuro chefe.Somos auxiliares de Jesús. Jesús não precisa
de nós. Mas Êle se digna utilizar-se da nossa colaboração.
Por isso devemos ser humildes. E ’ já uma prova de indignidade alguém julgar-se digno de tal cargo. E por ésse motivo ninguém pode exigir que um ofício lhe seja conferido. Quando muito, pode oferecer-se e nada mais. Depende do Diretor Sacerdote, a eleição de um chete. Nem devemos ficar invejosos ou ofender-nos, se um outro é eleito de preferência a nós.
A melhor preparação será meditar e remedi- tar aquilo que expusemos acima sobre o ideal do '"Cavaleiro de Maria”, sobre a sua fisionomia e o valor da devoção mariana para a sua formação. Exercitemo-nos nestas virtudes, pnncipaimente na atitude de servir. Ofereçamos pequenos serviços que tão numerosos se apresentam em cada C. M. Os futuros chefes devem conquistar a confiança do P. Diretor e a estima dos companheiros, mostrando-se exemplares na obediência, no zêlo apostólico e em toda a sua conduta.
Façamos todo o possível para que a nossa Congregação possua a maior graça que Nosso Senhor nos pode conceder: chefes, que sejam verdadeirosCavaleiros de Maria l
A p ên d ice :
REQUISITOS PARA O SEGUNDO GRAUI. Condições prévias.
1. Conduta exemplar na C. M.2. Vida irrepreensível como cristão na familia e na
vida profissional.3. Possuir o primeiro grau de chefe e ter desem
penhado um cargo na C. M. com bom exito.
II. Conhecimentos teóricos.
1. A estrutura caraterística da C. M., espedalmen- te a posição do Sacerdote e do chefe leigo.
2. As regras da C. M. e o Manual do congregado.3. O traço caraterístico mariano no semblante do
chefe: Vontade de servir.4. As virtudes necessárias sobretudo hoje em dia:
coragem, fortaleza, vontade de conquistar.
84III. Obrigações especiais.
1. Comunhão ao menos semanal.2. Formação do caráter sob a direção de um Padre.3. Reza diária do Terço.4. Meditação quotidiana.
IV. Capacidades técnicas e de organização.1. Conhecer todas as reuniões e iniciativas da C.M.
e ser capaz de dirigi-las.2. Conhecer as obrigações e objetivos de cada ofi
cio na C.M.3. Conhecer o papel da C.M. na paróquia e no meio
profissional.4. Saber ensinar a matéria dos “Opúsculos de for
mação”.5. Conhecer os principais métodos de apostolado.6. Saber fazer discursos e conferências sobre temas
religiosos.
Í N D I C E
P refác io ........................................................... 7És chamado....................................................... 11O método desta formação................................ 17Requisitos para o l.° grau de chefes ____ 17Explicações das Condições p ré v ia s .......... 19Explicações dos ^Conhecimentos teóricos.. 20
1 - Porque formação de chefes ? . . . . 202 - Que significa ser “chefe” na C.M. ? 363 - A fisionomia do chefe na C. M. 464 - 0 valor da devoção mariana
para o chefe............................... 60Explicações das Obrigações especiais---- 73Explicações das Capacidades té c n ic a s---- 73Preparação para o Exame.............................. 81Apêndice :
Requisitos para o 2.° grau de chefes 83