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DE QUE MANEIRA A LITERATURA PODE CONTRIBUIR COMO

RECURSO METODOLÓGICO NAS AULAS DE CIÊNCIAS?

Luciane Hass1

[email protected] COSTA, Maria Eugênia-UEPG/PR2

[email protected]

O presente estudo teve como objetivo buscar subsídios teórico-metodológicos em outras disciplinas, como a utilização de Literatura no ensino de Ciências, onde o processo investigativo foi norteado pela questão: de que maneira a Literatura pode contribuir como recurso metodológico nas aulas de Ciências? Como acontece uma aprendizagem significativa? Nesse sentido, foram promovidas Oficinas de Leitura no ano de 2011 com a participação de alunos de Ensino Fundamental onde se buscou veicular a literatura a alguns conteúdos de Ciências de forma a promover uma aprendizagem significativa. O encaminhamento metodológico foi alicerçado em diferentes estratégias no desenvolvimento dos temas, abordando questões ligadas aos órgãos reprodutores da planta, com a utilização do livro O Menino do Dedo Verde; e o tema de saúde com a utilização do livro As aventuras e Perigos de um copo D’ água, e do conto Tênia, do livro Fábulas Parasitológicas. Como meio de divulgação da pesquisa e socialização dos conhecimentos, o relato desse artigo constitui-se num documento acerca das experiências vivenciadas pela autora. Durante a elaboração do projeto, houve a construção do material lúdico didático pedagógico e a sua implementação na escola.

Palavras-chave: Literatura. Ensino. Ciências

ABSTRACT

This study aims to seek theoretical-methodological in other disciplines, such as the use of literature in teaching science, where the investigative process is guided by such questions as: how Literature can contribute as a methodology in science lessons? As a meaningful learning? In this sense, reading Workshops were held in 2011 with the participation of students from elementary school where he sought to convey the contents of some literature on science in order to promote meaningful learning. The routing methodology was founded on different strategies in the development of themes addressing issues related to the reproductive organs of the plant, using the book The Boy in the Green Thumb, and the health system using the book The Adventures and Perils of a D cup 'water, and the tale tapeworm, parasitological book Fables. As a means of disseminating research and socialization of knowledge, reported in this article constitutes a documentary on the experiences lived by the author. During the preparation of the project was to build a toy didactic teaching and its implementation in school.

Keywords: Literature. Education. Science

1 Rede Estadual de Ensino do Paraná, CPEV–Telêmaco Borba integrante do Programa PDE/2010-SEED/Pr.2 Prof.ª do Departamento de Biologia geral da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG.

1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho é resultado do processo de formação continuada da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), especificamente do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), desenvolvido ao longo dos anos de 2010 e 2011,

em parceria com as IES e NREs, decorrente da intervenção pedagógica realizada no

Colégio Estadual Presidente Vargas, na cidade de Telêmaco Borba, Estado do Paraná,

com 25 alunos da 6° série do Ensino Fundamental, totalizando 64 horas.

A disciplina de ciências tem como objeto de estudo o conhecimento científico

que resulta na investigação da natureza. Do ponto de vista cientifico, entende-se por

natureza o conjunto de elementos integradores que constitui o universo em toda sua

complexidade. Ao ser humano, então, cabe interpretar os fenômenos observados na

natureza, resultantes das relações entre os elementos fundamentais como espaço,

tempo, matéria, movimento, força, campo, energia e vida.

Desenvolveu-se, neste trabalho, uma proposta pedagógica que pudesse

apresentar novas maneiras de se ensinar Ciências. Ao planejarmos uma atividade de

leitura e analisarmos seu funcionamento, buscamos elementos que possam contribuir

para que sejam, cada vez mais, construídas propostas prazerosas e significativas para a

aprendizagem de concepções sobre Ciências Naturais.

No ensino de qualquer disciplina é visível a importância de se trabalhar novas

concepções metodológicas, privilegiando ações substantivas entre o que o educando já

sabe e os novos conceitos que irão ser trabalhados com mediação do professor. É

importante, também, que o professor use diferentes metodologias, resultando numa

complexa rede de interações entre estudantes, professor e conhecimento.

Na disciplina de Ciências conceitos e teorias de outras disciplinas também

devem ser discutidas, auxiliando na compreensão dos conteúdos, buscando em seus

quadros conceituais os referenciais teóricos que possibilitem uma abordagem mais

abrangente deste objeto de estudo.

Para o desenvolvimento deste trabalho, os subsídios teóricos nas quais se

apoiou foram a aprendizagem significativa, conceito central da teoria da aprendizagem

de Ausubel (1980, p.31) e a percepção de Moreira e Masini, (1982, p.20), cujo conceito,

no processo de ensino, pressupõe a valorização dos conhecimentos prévios do

educando que foram aliados à compreensão do que é transmitido. Também foram

consideradas as opiniões de outros autores a respeito de questões que envolvem esta

metodologia na sala da leitura, principalmente a de Linsingen (2008).

Neste trabalho, buscou-se desenvolver a competência leitora dos alunos,

melhorando, desta forma, o processo ensino-aprendizagem dos conteúdos de ciências.

Espera-se, com este artigo, contribuir para que se estimule o uso da Literatura, em

especial, o uso da Literatura infanto-juvenil no ensino de Ciências.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O significado do conteúdo e da disciplina varia de acordo com os objetivos

de cada sujeito. Se o aluno não perceber a utilidade daquilo que está sendo exposto,

esse interesse diminui.

Aprendizagem significativa é o conceito central da teoria da aprendizagem

de Ausubel (1968). Segundo Moreira e Masini (1982,p.20) "a aprendizagem significativa

é um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se, de maneira

substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura de

conhecimento do indivíduo". Em outras palavras, os novos conhecimentos que se

adquirem relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui.

O conhecimento, a vontade, o interesse, a motivação e a informação

deverão interagir e ligar-se aos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno

para que ele aprenda.

Outro ponto relevante que se menciona nas Diretrizes Curriculares do Ensino de

Ciências Estado do Paraná (PARANÁ, 2008, p.16) é a valorização existencial do aluno e

de seus interesses, respeitando os saberes adquiridos.

De acordo com Moran (2008, p.1), para desenvolver aprendizagens signifi-

cativas dentro do contexto escolar, o professor deverá partir de situações concretas, de

histórias, casos, pesquisas, práticas para o aluno incorporar essas informações, re-

flexões e teorias a partir do concreto.

A escola precisa partir de onde o aluno está: das suas preocupações, ne-

cessidades, curiosidades e, então, construir um currículo que dialogue continuamente

com a vida, com o cotidiano; uma escola centrada efetivamente no aluno. Nesse sentido,

para aprender, o aluno precisa ser envolvido no processo, portanto, só existe aprendiza-

gem, quando há participação consciente do aluno.

No ensino de Ciências, a seleção dos conteúdos deve considerar a relevância

dos mesmos para o entendimento do mundo atual e do período histórico, para que, desta

forma, essa disciplina tenha sua própria identidade.

Ricon e Almeida (1991, p.09) analisam, em seus artigos o papel da leitura

em sala de aula (no caso do Ensino de Ciências) quando afirmam que os textos literários

são uma possibilidade de o estudante desenvolver o gosto pela leitura, e que este hábito

e atitude devem permanecer após a conclusão dos estudos:

Bom leitor, o estudante continuará mais tarde, já fora da escola, a buscar informações necessárias à vida de um cidadão, a checar notícias, a es-tudar, a se aprofundar num tema, ou simplesmente, a se dedicar à leitura pelo prazer de ler (RICON e ALMEIDA, 1991, p.09).

A metodologia, portanto, deve promover o entendimento do objeto de estu-

do desta disciplina. Estas inter-relações devem fundamentar-se nos Conteúdos Estrutu-

rantes da Disciplina de Ciências.

O material usado pelo professor também deve ter algum significado para

possibilitar a compreensão teórica dos conceitos e a verbalização dos mesmos. A Ciên-

cia não utiliza um único método para todas as suas especificidades, o que gera para o

ensino de Ciências, a necessidade de um pluralismo metodológico que considere a diver-

sidade de abordagens, estratégias e recursos pedagógicos e tecnológicos e a amplitude

de conhecimentos científicos a serem abordados na escola.

As relações que se estabelecem entre o estudante e o conhecimento a ser ensi-

nado pela mediação do professor dependem da organização dos conteúdos cognitivos,

afirma Moreira (1999, apud PARANÁ, 2008.p.29). Assim, a construção dos significados é

resultado de uma complexa rede de interações composta por, no mínimo, três elementos:

o estudante, os conteúdos científicos escolares e o professor mediador do conhecimento.

Por meio destas relações contextuais os alunos podem estabelecer interações de maior

significado entre o que já conhecem e o que é novo.

Nas Diretrizes Curriculares do Ensino (PARANÁ, 2008, p.29), conceitos, teorias

e metodologias de outras disciplinas também são chamados às discussões, podendo au-

xiliar na compreensão dos conteúdos das diversas disciplinas que compõe o Currículo

escolar.

As disciplinas escolares não são isoladas, mas a partir das especificidades

próprias de cada disciplina, chamam outras disciplinas para ajudar no processo do ensi-

no-aprendizagem dentro da sala de aula, tais como podemos observar nos conteúdos de

Ciências que aparecem como temas de outras disciplinas.

Para Linsingen (2008, p.22), pode-se conceber a conexão entre Literatura e

Ensino de Ciências, conhecendo o entendimento que os literatos têm sobre Ciência, sen-

do possível utilizá-lo como um intermediário entre o senso comum e conhecimento cientí-

fico.

Outro ponto relevante é que a leitura, elemento essencial das práticas curri-

culares de todas as disciplinas básicas do processo educativo de escolarização, possibili-

ta a apropriação científica de um saber essencial para a atuação dos educados no ambi-

ente do qual fazem parte.

Ao discutir sobre a importância da literatura dentro do ensino de ciências,

concordo com Linsingen (2008, p.16) quando diz que “a Literatura Infantil traz potenciais

contribuições para o Ensino de Ciências, levando em conta seu caráter lúdico, atraente e

dinâmico, estimulador do leitor e formador de consciência-de-mundo”.

O lúdico é um assunto que tem conquistado a educação, seu uso permite

um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e

o desenvolvimento.

O grande objetivo e finalidades que levam um leitor a um texto são amplos

e variados: devanear, preencher um momento de lazer, buscar informações concretas,

informar-se sobre um determinado fato, confirmar ou refutar sobre um conhecimento

prévio, aplicar os conhecimentos obtidos com a leitura na realização de um trabalho de

metodologias adequadas, de material de apoio potencialmente significativo e da

ancoragem em conhecimentos especificamente presentes em sua estrutura.

A mesma autora afirma que os conteúdos dos textos literários, mais

subjetivos, quando confrontados com os conteúdos científicos, mais objetivos, podem

servir como instrumento de abrangência, de questionamentos, ou de complemento. É por

isto que a mediação pelo professor de Ciências é imprescindível, e é por este motivo que

a incorporação da literatura na formação do educador de Ciências deverá ser

considerada, com bastante seriedade.

Para Linsingen (2008, p.67):

“é válido ao educador conhecer as alternativas viáveis presentes nas diversas manifestações literárias, e capturar os conceitos científicos pre-sentes nos textos e verificar se são ou não autênticos. Sendo autênticos, é uma base para iniciar um assunto com os estudantes”.

Nessas condições, é preciso que o professor elabore e pesquise um mate-

rial que pode ser útil para sua prática docente, que favoreça e facilite as atividades de en-

sino do professor e de aprendizagem por parte do aluno.

Os textos infantis, em especial, os ficcionais, fornecem possibilidades de

desvio daquilo que é oferecido pelo próprio texto, isto é, oferece a chance de ler sobre a

leitura.

Como afirma Garcia (2006, p.172-177), o professor, ao apropriar-se de um

texto literário, pode administrar o seu fazer pedagógico de modo a propiciar ao aluno

uma conexão entre sua vida cotidiana e os conteúdos escolares, podendo discutir ques-

tões que estão além, não apenas das relacionadas com a realidade do aluno, devendo

contribuir no processo de inserção social, oferecendo instrumentos de compreensão em

relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas.

Segundo Brayner (2005, p.65), o educador deve conhecer as diversas ma-

nifestações literárias e analisar os conteúdos presentes nestes textos; se os conceitos ci-

entíficos são verdadeiros é uma base para iniciar estudos com seus alunos, não sendo,

deve confrontá-los.

Zanetic (2004, p.46) defende idéia de que há uma crise no processo de

leitura, o que vem se intensificando cada vez mais, e que ela não é problema somente

do educador professor da língua portuguesa, ela é problema de todo o educador.

Neste contexto, observa-se que ler é uma atividade muito importante dentro

do Ensino de Ciências, que ainda é pouco explorada, estando pouco presente em traba-

lhos. Os professores percebem que a leitura e a escrita são de fundamental importância

para o entendimento dos conteúdos, sabendo que não é de hoje que encontramos pes-

soas com dificuldade de passar para o papel as suas idéias a respeito de algo, porque

não têm informação suficiente sobre um assunto específico.

Nesse sentido, a inclusão da literatura no ensino de Ciências, e não apenas

como uma disciplina independente, sendo sim, contextualizada com os conteúdos que

são ensinados na proposta de ensino da disciplina, pode ser considerada um marco para

o Ensino Fundamental. Propiciar que o educando tenha, cada vez mais, contato intenso

com textos literários contribui de forma positiva para que o objetivo de formação de alu-

nos leitores seja alcançado. Através de observações empíricas e conversação informal

com professores é possível constatar que a leitura é de fundamental importância para o

entendimento dos conteúdos.

A leitura, então, é vista como um meio de organizar os conceitos científicos,

de construir, amparar, organizar e ampliar as interações sociais entre os professores,

seus alunos e a comunidade escolar (Silva, 2005, p.72). Quando a escola utiliza o livro,

todos podem agregar novos conhecimentos, usando os bons exemplos da história.

Desta forma, quem escolhe o livro é o professor e os princípios que ele

segue, adquire papel de relevância, pois ambos podem trabalhar transmitindo ou

compartilhando saberes, podendo atuar em favor da libertação do aluno.

3- O uso da Literatura como estratégia metodológica para o professor de Ciências.

Para esta intervenção foi elaborado um material didático-pedagógico lúdico,

e foram promovidas oficinas de leituras com os seguintes livros: O Menino do Dedo

Verde, de Maurice Druon, As Aventuras e Perigos de um copo d' água, de Julieta Godoy

Ladeira e um conto do livro Fábulas Parasitológicas de Pedro Linard, onde procuramos

transitar pela concepção interdisciplinar da literatura infantil como eixo integrador das

atividades.

O projeto foi desenvolvido em 2011, no Colégio Estadual Presidente

Vargas, município de Telêmaco Borba, Paraná com, aproximadamente, 25 alunos da 6°

série do Ensino Fundamental, no período do contra turno. Para que este projeto fosse

desenvolvido, foram propostas atividades lúdicas como um caminho de desenvolvimento

do gosto pela leitura e, principalmente, a integração dos conteúdos de Ciências com a

literatura infanto-juvenil.

Durante a implementação do projeto, fizemos o acompanhamento das atividades

educacionais realizadas, registramos sistematicamente a participação dos alunos e as

dificuldades observadas. À medida que as atividades foram desenvolvidas, os alunos

foram solicitados que as registrassem, para que o professor pudesse fazer uma

avaliação. Os relatórios e os depoimentos dos alunos constituíram a fonte de dados para

a análise.

A seguir, apresentam-se as atividades desenvolvidas, seguidas da análise

dos dados obtidos neste estudo, tendo como espaço principal a biblioteca, a sala de

informática e o laboratório de ciências. Para realização das atividades propostas, os

alunos foram divididos em equipes de cinco alunos.

3. 1 O MENINO DO DEDO VERDE

DRUON, Maurice. O Menino do Dedo Verde. Tradução de Dom Marcos Barbosa. 29. ed. São Paulo: José Olympio, 1983.149 p.

Conteúdo Estruturante: Sistemas biológicos

Conteúdo Específico: Os vegetais: Os órgãos reprodutivos da planta

Tempo de duração: 24 horas

Ao desenvolver este trabalho tivemos os seguintes objetivos:

Incentivar as relações pessoais entre os alunos; investigar, estimular a ca-

pacidade de organização e observação; promover a expressão clara e objetiva sobre o li-

vro lido, direcionando a um posicionamento dos alunos, crítico e construtivo sobre os

problemas apresentados; trabalhar o conteúdo de Ciências relativo aos órgãos reproduti-

vos dos vegetais.

Resumo:

Tistu é um menino que vive na cidade chamada Mirapólvora numa grande casa, a Casa-que-Brilha com o Senhor Pai, Dona Mamãe e o seu querido pônei Ginástico. Eles são ricos, pois o Sr Papai tem uma fábrica de canhões. Para grande decepção de todos, Tistu dorme nas aulas. Sr Papai resolve fazer com que Tistu aprenda as coisas vendo-as e vivenciando-as. As aulas serão com o jardineiro Bigode e com o gerente da fábrica de canhões, o Sr Trovões.

Na primeira aula, o jardineiro bigode descobre um dom fantástico em Tistu: o menino tem o dedo verde! Isto significa que, onde ele colocar o dedo nascerá flores! Porém as pessoas grandes não iriam entender este dom. Seria melhor mantê-lo em segredo. Bigode se transforma no conselheiro de Tistu

Com o Sr Trovões Tistu conhece um pouco do lado triste do mundo: a miséria, a prisão, o hospital. Ele resolve alegrar estes ambientes colocando seu dedo lá, mas no anonimato. Para o espanto da população, o presídio ficou com tantas flores que as portas não conseguiam mais fechar. Mas os presos não queriam fugir, pois estavam maravilhados! As flores da favela absorveram o lamaçal e enfeitaram as casas, transformando a favela em atração turística. A menina do hospital, que antes contava os buraquinhos do teto para passar o tempo agora conta botões de rosas, que nascem em volta do seu leito. A cidade, e a vida das pessoas da cidade, mudaram completamente.

Tistu, então, conhece a fábrica do Sr Papai. Ele fica inconformado com o mal que os canhões e as guerras trazem. Secretamente, coloca o dedo nos canhões que estavam sendo enviados para uma guerra. Resultado: a guerra fracassa, pois ao invés de bombas, os canhões lançaram flores. A fábrica é arruinada. Vendo o desespero do Sr Papai, Tistu resolve revelar que foi ele quem colocou as flores nos canhões e prova isso fazendo nascer uma flor no quadro de seu avô, na parede. Sr Papai resolve então transformar a fábrica de canhões em fábrica de flores. A cidade passa a se chamar Miraflores.

Um dia Tistu recebe a notícia de que o jardineiro Bigode tinha ido viajar que estava dormindo. Confuso com as informações, Tistu pergunta para seu pônei o que aconteceu com Bigode. Ele revela: Bigode morreu. E este é o único mal em que as flores não podem fazer nada.

- Se Bigode morreu, ele está no céu. Então, vou construir uma escada com minhas flores para ele descer! Conclui Tistu. Após construir a escala, era impossível ver onde ela estava terminando. Sumia no céu. Tistu esperou, mas bigode não desce. Então ele resolve ir buscá-lo. Seu pônei tenta impedi-lo sem sucesso. Tistu sobe a escada, vê sua casa diminuindo, vê as nuvens, perde seus chinelinhos e escuta a voz do Bigode: - Ah, você está aqui! (Druon, 1983.110 p.)

Durante a leitura na Oficina de Literatura "O menino do dedo verde"

observou-se que o nome do protagonista da História é João Batista, mas que, devido à

insistência do menino por ser assim chamado, as pessoas não conseguiam mais

pronunciar seu nome e puseram-se a chamá-lo de Tistu. (p. 6).

Também no primeiro capítulo, tem-se uma descrição de como são seus pais

e do menino. O menino tem cabelos louros e crespos na ponta, olhos azuis e faces

rosadas (p. 11); Senhor Papai, “tinha os cabelos negros cuidadosamente fixados com

brilhantina; era alto e se vestia com apuro; não se via grão de poeira na gola de seu

paletó, e perfumava-se com água-de-colônia” (p. 12); Dona Mamãe, comparada a flores:

pele macia e unhas vermelhas, como rosas, e perfume de buquê (p. 12).

Trata-se de uma família rica que morava em uma casa esplêndida com vários

carros e cavalos de raça. No capítulo segundo aparece Ginástico, o pônei de quem o

menino gosta muito.

Durante a análise do nome da cidade Mirapólvora “pólvora utilizadas nos

canhões” os alunos fizeram a observação que o seu nome deve-se à fábrica de canhões

do _ “Senhor Papai” _ que, pela linha de herança, viria a ser futuramente de Tistu.

Observou-se, também, que Dona Mamãe havia-lhe ensinado os rudimentos da leitura, da

escrita e do cálculo (p. 23). Ele é mandado para a escola, e fica por lá apenas por três

dias.

”A escola produziu em Tistu um resultado imprevisível e lamentável. Quando começava o lento desfile das letras que caminham a passo pelo quadro-negro, quando começava a se desenrolar a monótona corrente dos três--vezes-três, dos cinco-vezes-cinco, dos sete-vezes-sete, Tistu sentia uma coceira no olho esquerdo e logo caía no mais profundo sono” (p. 24).

Um fato marcante durante a leitura do livro foi quando o Menino volta para

casa com uma carta que dizia “seu filho não é como todo mundo. Não é possível

conservá-lo na escola” (p. 25). Diante deste fato _ “Senhor Papai” _ resolve colocá-lo em

um novo sistema de educação, onde o professor utiliza uma metodologia com a qual os

conteúdos estudados seriam aprendidos a partir de observação no local onde elas se

encontravam (p. 31-32).

A primeira aula do sistema novo é, então, uma lição de jardim com o Senhor

Bigode. Esse é quem descobre o ‘polegar verde’ que dá nome à obra. O professor-

jardineiro é descrito como um Senhor de pouca conversa, e não muito amável (p. 35).

Durante a aula, entretanto, Tistu descobre por que o jardineiro falava pouco com as

pessoas: ele conversava o dia inteiro, com as flores (p. 37).

Sobre o talento, os alunos entenderam que se trata de uma aptidão ou uma

capacidade que pode significar uma vocação como: dançar, tocar instrumentos, pintar e,

no caso da compreensão do texto, Tistu tinha habilidade de tocar seu polegar em objetos

e transformá-los em flores.

Na questão que fala sobre o temperamento explosivo de Sr, Trovões eles

disseram que ele tem esse temperamento explosivo porque morou no exército, tinha

orelhas muito vermelhas, ficava sempre muito bravo. Eram confiantes em suas

respostas.

Após, realizou-se, juntamente com os alunos, a análise dos personagens do

livro e do local onde se passa a história. Os alunos representaram com material de

desenho a seguinte cena do livro:

Secretamente, coloca o dedo nos canhões que estavam sendo enviados para uma guerra. Resultado: a guerra fracassa, pois ao invés de bombas, os canhões lançaram flores. “A fábrica é arruinada”. (p. 39). Os desenhos foram expostos no mural da escola.

A partir da observação dos cartazes produzidos pelos alunos, viu-se que a

maioria deles expressou, em seus desenhos e textos, o canhão e as flores que saiam do

canhão que remetiam ao livro. Pôde-se observar nos desenhos que os alunos faziam

essa articulação entre a história contada no livro e a disciplina de Ciência.

FONTE:HASS,L.(2011) FONTE:HASS,L.(2011)

FONTE:HASS,L.(2011) FONTE:HASS,L.(2011)

Com esses resultados, pode-se dizer que esse livro trouxe bons ganchos para o

estudo dos órgãos reprodutores das plantas.

De acordo com Bachelard (1996), a linguagem científica pode se apresentar

como um entrave ao ensino de ciências, portanto, uma aproximação à linguagem

cotidiana, também presente na literatura, se faz necessária. Desta forma, sugere-se o

uso dos textos literários para a realização desta aproximação, e com isso facilitar a

aprendizagem dos conteúdos científicos que são destinados aos órgãos reprodutores

das plantas.

Na aula seguinte, os alunos foram levados ao laboratório de informática,

onde trabalharam com sites que falavam das partes das flores. Cada aluno pode ler sua

pesquisa para os demais colegas e esta atividade foi finalizada com os Jogos de ciências

e Biologia do site http://www.sobiologia.com.br/jogos.php em que foi estimulada a

capacidade de interpretar o conteúdo das partes da flor. Atente-se para o depoimento do

aluno Jonas:

“Esta atividade é um jeito de aprender o conteúdo sobre as partes

da flor de maneira muito divertida, onde através do jogo podemos com o

mouse colocar o nome das partes da flor. Quando a gente erra a palavra

volta ao seu lugar, avisando que a gente colocou as partes no lugar

errado.”

A atividade não foi mais bem sucedida em virtude de os alunos não

dominarem o computador, por isso, gastou-se muito tempo na execução. Nela foram

trabalhados os eixos da oralidade, leitura e escrita. Cada aluno apresentou sua pesquisa

aos demais colegas.

Os alunos realizaram as atividades com o Jogo da Memória com mais êxito.

Após a realização destas atividades seguiu-se para a parte prática do nosso projeto,

onde foram confeccionadas tulipas de pano.

Materiais: Tecidos de algodão estampado, lápis, fita floral ou fita de cetim,

espuma, linha e agulha, cola quente, bolas de isopor.

Como foram confeccionadas estas flores:

a) Cortou-se quatro retângulos para as flores e oito para as folhas no tamanho

desejado (usamos o tamanho 12×8).

b) Colou-se a bola de isopor ao meio, depois um lápis espetado.

c) Para as folhas: foram colocados dois retângulo, um sobre o outro (com o lado

direito virado para dentro) e riscou-se no tecido o desenho de uma folha. Uma costura foi

passada sobre o risco ou pontos de alinhavo. Desvirou-se a folha para o lado direito e, se

necessário, uma costura nas beiradas para dar melhor acabamento.

d) Para confeccionar as flores, dobrou-se o retângulo ao meio, alinhavando pelo

avesso.

e) O lápis foi passado pelo meio do retângulo (ainda pelo avesso) e em seguida,

com agulha e linha, ara prender o retângulo na parte de baixo da bola de isopor.

Colocou-se um pouco de manta acrílica ao redor da bola de isopor, para ficar mais

fofinha. Em seguida o tecido foi virado para cima, de modo que do lado direito, assim

fazendo a flor.

O encontro seguinte foi realizado no laboratório de Ciências. Para o estudo da

morfologia da flor, foi selecionada a Azaléia por ser muito comum e apresentar estruturas

bem definidas.

Os alunos realizaram o seguinte procedimento: usando o estilete separaram as

partes da flor: sépalas, pétalas, estames, pistilo e pedúnculo. Em cima de uma folha de

papel sulfite foi colocada cada uma das estruturas, utilizou-se fita adesiva para fixar as

partes do vegetal no papel e foi escrito o nome de cada parte e a função delas.

Também, neste encontro, foram observados os grãos de pólen e a

formação dos tubos polínicos. Aproveitou-se para discutir as características morfológicas

de polinizadores e polinizados, verificando suas possíveis correspondências. Realizou-se

a seguinte atividade: sobre uma lâmina de microscópio foi pingada uma gota de solução

de sacarose 5% e colocados, por cima da gota, alguns grãos de pólen retirados de flores

de maria-sem-vergonha (Impatiens sp); a lâmina com os grãos de pólen foi levada ao

microscópio.

Os grupos realizaram observações periódicas deste material, e enquanto aguar-

davam o desenvolvimento do tubo polínico, assistiram a um vídeo: Os desafios da vida,

A vida secreta das plantas: a floração – de David Attenborough’s; que contém informa-

ções sobre diferentes tipos de polinização.

Para realização das próximas atividades os alunos foram divididos em equi-

pe com cinco componentes:

- Observando um Hibisco, Hibiscus rosa-sinensis:

Anotações da atividade proposta para as equipes:

O pedúnculo é uma haste que sustenta a flor, as sépalas e pétalas são as

partes coloridas da flor as quais têm função de atrair polinizadores, como borboletas,

abelhas e aves. No interior de uma flor encontramos os estames, que são formados por

filamentos – os filetes, com extremidades geralmente amarelas - as anteras. O conjunto

de estames que encontramos em uma flor é denominado de androceu (que significa casa

do homem). Na antera estão os grãos de pólen, onde irão se formar os gametas

masculinos. Já o gameta feminino das flores é a oosfera que é encontrada nos óvulos

presentes nos pistilos. É possível também observar que o pistilo é dividido em três

partes, estigma, estilete, e o ovário (onde ficam os óvulos).

As principais funções do cálice e da corola de uma flor é atrair os animais

polinizadores e proteger a porção que contém os gametas. Esses animais polinizadores

transportam os grãos de pólen contendo os gametas masculinos de uma flor para o

pistilo de outra flor, onde estão os óvulos como os gametas femininos, contribuindo assim

para que haja a fecundação e depois a produção de frutos e sementes.

-Observando uma Inflorescência: a Margarida, Chrysanthemum frutescens:

Usando uma lupa observamos uma margarida: após intervenção da

professora explicando que a margarida é um conjunto de flores, os alunos registraram

que “viram muitas flores reunidas, que formam um miolo amarelo”. No entanto, não

entenderam bem a organização das flores na margarida.

Para melhor compreensão do que foi observado na lupa, imagens com o

recurso da TV pendrive, foram utilizadas, simultaneamente à seguinte intervenção:

“Você verá que há ali reunidas dois tipos de flores: umas formam o miolo amarelo, com pétalas unidas em forma de tubo, e outras formam as bordas brancas, como pétalas liguladas, (em forma de língua) que são maiores e mais vistosas. As flores desabrocham, gradativamente, da extremidade para o centro e, assim, apresentam muitas flores para a polinização por um longo período de tempo. Quando muitas flores estão assim reunidas, chamamos de inflorescência.”

Para entendimento do termo “Inflorescência” os alunos recorreram ao

dicionário e fizeram suas anotações. Outras inflorescências foram apresentadas a

partir da TV pendrive.

- Observando frutas e sementes:

Leitura e interpretação do texto: “Aprendendo sobre frutos”

Para iniciar este trabalho explicamos que o fruto é uma estrutura presente

em todas as angiospermas onde as sementes são protegidas enquanto amadurecem; é

uma estrutura que se origina do desenvolvimento do ovário da flor.

- Observando um Tomate, Lycopersicon esculentum:

Nesta atividade, os alunos conseguiram conceituar as funções do fruto que

são a de proteger as sementes, podendo servir de matéria orgânica quando cai no chão,

função de servir de alimento para os seres vivos.

Para identificar as partes do fruto, foi observado um tomate aberto e

verificou-se que o fruto é dividido em três partes: epicarpo, mesocarpo e endocarpo.

Após a explanação das partes do fruto em suas anotações eles

reconheceram que o epicarpo, ou casca, é a parte mais externa do fruto, o mesocarpo é

a camada intermediária e o endocarpo, a mais interna, envolve a semente ou as

sementes. No caso do tomate o endocarpo é apenas uma camada de células no

mesocarpo, sem função de proteger a semente. Neste momento foi feita a seguinte

intervenção:

“Também nos frutos podemos observar os que são carnosos como o caso do tomate e frutos secos como a vagem do feijão, que quando está seca a semente que está dentro dela se solta”. Também temos na natureza os pseudofrutos como a maçã.

Observou-se que houve um entendimento sobre as partes do fruto nestas

atividades. Eles também citaram, em suas anotações, outros exemplos de frutos e

percebeu-se que houve um entendimento do que é fruto seco e carnoso.

Passou-se, então a trabalhar com sementes, com o objetivo de estudar a

sua função e a germinação. Com referência ao livro, este parágrafo

Bom dia, Senhor Bigode! – disse Tistu, tirando seu chapéu. Vamos ver do que você é capaz. Está vendo este monte de terras e estes vasos? Você vai encher os vasos de terra e enfiar o polegar bem no meio, para fazer um buraco. Depois ponha tudo em fila, ao longo do muro. “Então a gente coloca no buraco as sementes que a gente quiser” (p. 36).

Discutiu-se, então, porque as sementes são consideradas órgãos

importantes para garantir o surgimento e desenvolvimento de uma nova planta. A seguir,

foi feita uma explanação sobre as partes das sementes e os alunos anotaram o

significado de cada parte.

Atividade prática:

Material:

Sementes de feijão, placas de petri, lupa, caderno de desenho e bloco de

anotações.

Procedimento:

Os alunos deixaram as sementes de feijão em repouso nas placas de petri

com água por algumas horas, e estas sementes foram separadas em duas partes. Com

uma lupa observou-se o embrião, onde se encontram as reservas nutritivas da semente.

Após a observação da semente de feijão e a explanação realizada pela professora, os

alunos, em suas anotações, demonstraram entendimento quanto às partes da semente e

a sua função. Os alunos concluíram ainda que a semente é muito importante, porque

contém o embrião e sua casca o protege.

3.2 AS AVENTURAS E PERIGOS DE UM COPO D’ ÁGUA

LADEIRA, Julieta Godoy. As aventuras de um copo d’água. 20. ed. São Paulo: Atual, 2009. 57p.

Conteúdo Estruturante: A água.

Conteúdo Específico: Poluição das águas, doenças causadas pela água.

Tempo de Duração: 20 horas.

As atividades desenvolvidas a partir da leitura deste livro objetivaram o

conhecimento dos principais problemas de saúde que envolvem a água contaminada e

da necessidade do uso da água de qualidade para preservação da boa saúde. Durante

sua leitura, foi passada uma série de informações sobre as doenças que podem ser

transmitidas pela água quando a tomamos sem ser tratada.

Pesquisaram-se em diversos livros didáticos da biblioteca as principais doenças

que são transmitidas pela água e os alunos elaboraram um cartaz para a síntese do

conteúdo. Com a pesquisa realizada, eles entenderam que algumas doenças podem ser

transmitidas pela água não tratada, ou por pequenos insetos que podem se desenvolver

na água dos rios, lago e até mesmo em pequenos reservatórios como no caso do copo

com água do livro “As aventuras e perigos de um Copo d’ água”.

“Quando ingerimos água contaminada podemos adquirir doenças como: cólera, disenteria amebiana, disenteria bacilar, febre tifóide, giardíase, hepatite infecciosa, leptospirose, paralisia infantil além de podermos adquirir diversas verminoses".

O resultado desse trabalho foi positivo, principalmente por o conteúdo “água”

pertencer ao cotidiano do aluno.

3.3 FÁBULAS PARASITOLÓGICAS

LINARDI, P. M. Fábulas parasitológicas: novas histórias para estudo dos parasitos. São Paulo: Tecmed, 2008. 132 p.

Conteúdo estruturante: Platelmintos

Conteúdo Específico: Doenças causadas por Platelmintos

Tempo de Duração: 20 horas

Conto: A comitiva da solitária.

No interior do tubo digestivo de João, uma Taenia solium enfrentava uma profunda crise depressiva. Enfastiada pela vida solitária desejava a todo custo, ser expelida pelo ânus do seu hospedeiro, encerrando assim um longo período de sofrimento.

_Que tédio, em que vida infeliz, sem nenhuma companhia aqui, neste túnel escuro. Nem as minhas proglotes eu vejo, já elimino habitualmente, por ocasiões das defecações do João!

E, melancolicamente, prosseguia: Daqui não escuto nem os puns do João. É muito sofrimento, sô!

Minha vida é muito confinada e este lugar me lembra presídios. Ahhh, os presídios têm solitários, mas sou uma solitária de presídios têm solitárias, mas sou uma solitária de presídios!

Interrompendo momentaneamente toda amargura, o verme consegue enfim arquitetar um plano para sua libertação:

_Vou esquecer que sou uma solitária e mentalizar apenas que sou uma Taenia solium. Se a Tênia lembra tenesmo, vou produzir uns daqueles bem fortes, de modo a forçar este cara que me hospeda a buscar algum tratamento que venha culminar na minha eliminação!

Sentindo dores fortes e dores abdominais, náuseas e tonturas, João procura atendimento médico, já que mesmo tendo vontade, não consegue defecar. O Doutor lhe recomenda sentar-se em uma bacia com água quente, logo após a ingestão de um preparo obtido pela trituração de uns 300 gramas de sementes frescas de abobora em leite. Após evacuar, e diante daqueles 2 metros de Tênia expelida, o paciente lhe rende ultima homenagem: Que seja você a única, a primeira e a última! (LINARD, 2008, p.19).

A leitura deste conto agradou muito aos alunos, por sua abordagem cômica.

A partir deste conto, foi confeccionada uma Tênia feita de papel e material

reciclável. Com os dois recursos, os alunos compreenderam a morfologia da Taenia. Foi

dada a seguinte explicação:

“cada proglote possui os aparelhos reprodutores femininos e masculinos e que quanto mais próximas do colo, mais jovens são as proglotes e ainda que constantemente, ocorre brotamento de novos proglotes a partir do colo da tênia, e à medida que se afastam do colo, aumentam de tamanho, amadurecem sexualmente e fecundam-se. Em cada proglote grávida, com exceção do útero, os demais órgãos se degeneram e ela então se destaca do corpo do animal carregando consigo cerca de 80.000 a 100.000 ovos."

Logo, após a explanação do ciclo de vida, os alunos levaram para casa um

questionário, para ser respondido juntamente com a família, e que tinha como tema

‘Educando para a Saúde’ em que se enfocou o tema as parasitoses humanas.

Pela observação dos resultados percebeu-se que a maioria das famílias

apresenta carência de orientações em relação às doenças veiculadas pela água e

manipulação dos alimentos. Muitos alunos pertencem a vários bairros da cidade que não

possuem saneamento básico, contribuindo, desta forma, para a proliferação destas

verminoses.

Na realização da atividade seguinte foi lido o texto pela professora adaptado

do livro de Pedro Linard.

Comendo carne de porco. Ela está um pouco crua. Mas estou ven-do umas bolinhas na carne, parece ser grãos de pipoca...

-Sou uma bolinha do tamanho de uma pipoca agora estou no in-testino do ser humano. De dentro da bolinha vai sair um verme com uma cabeça e quatro ventosas e alguns ganchos, com as quais vou fixar na pa-rede do seu intestino. Nesta fase não sou muito longa. A partir da retirada dos nutrientes da fixação nas paredes do seu intestino vou crescer. Com certeza vou crescer muito!_Portanto se alimente bem! Com as ventosas e ganchos vou retirar o alimento que preciso para ficar com forma de fita e muito comprida. Neste momento já estou bem adulto! Estou fixado no in-testino de um ser humano pela minha cabeça que é pequena. Meu corpo é formado por anéis muito achatados uns grudados nos outros tenho quase quatro metros. Sendo que a minha cabeça é bem mais fina que meu corpo. Ah! Como sou muito só neste intestino. Observo que tenho os dois siste-mas genitais. Assim sou chamada de hermafrodita. Posso gerar meus ovos sozinha. A parte feminina do meu anel pode ser fecundada pela parte mas-culina de um anel próximo ou do mesmo anel. Depois o último anel do meu corpo fica grávido, e por isso sou bem mais gordinho.

-Eu agora estou no último anel de um verme chato, formado por anéis em forma de fita. Acabei de me desprender. Estou grávido e cheio de ovos. Vou descer pelo intestino do ser humano que estou parasitando e li-berar esses ovos com suas fezes.

-Sou um porco e me alimento de resto de comida em um brejo. Nesta comida tem ovos de um verme (50 mil aproximadamente). Estes ovos se transformaram em pequenas bolinhas e chegam ao meu intestino. Al-gum tempo depois eles furam as paredes do meu intestino e chegam ao meu músculo, onde se transformam em bolinhas parecidas com pipocas._Mas pretendo ficar aqui somente por um tempo!

Após a leitura do texto acima, a tarefa do grupo foi elaborar um desenho, o

mais fiel possível, relativo às informações contidas no texto. Cada grupo formou um cír-

culo onde expuseram e compartilharam os desenhos produzidos, apontando todas as

etapas da teníase, verificando se estavam certas de acordo com o texto.

Fonte: Hass,L.(2011)

Fonte: Hass,L.(2011)

Essas atividades foram realizadas com interesse pelos alunos e a maioria

desenhou corretamente o ciclo da tênia.

4 - AVALIAÇÃO DO PROJETO PELOS ALUNOS

Os alunos avaliaram o Projeto, respondendo as seguintes perguntas:

- Você gostou da Oficina de leitura na biblioteca nas aulas de Ciências?

- Quais as atividades que foram aplicadas nas aulas que você gostou? Você

gostaria que suas aulas fossem através de leituras de livros? Por quê?

- O que você aprendeu através dessas aulas? Escreva algo sobre a Professora

que aplicou o projeto. Opinião dos alunos:

- Gostamos, porque nunca lemos um livro nas aulas de Ciências, só em Língua Portuguesa.

- A gente lê o livro, e depois relacionamos a história com o conteúdo como: flor, fruto e semente. .Aprendemos as partes de uma flor, sementes e muitas outras coisas que foram tiradas do texto.

- A atividade que mais gostamos de fazer, foi a tulipa de pano, na opinião das meninas, para os meninos foi desenhar o ciclo da Teníase.

Entretanto, pelo resultado das atividades e pelo visível interesse dos alunos,

na maioria dos encontros, pode-se dizer que em linhas gerais a proposta pedagógica do

projeto foi positiva. Ressalta-se que a aplicação de propostas dessa natureza exige um

período mais longo a fim de se obterem resultados mais eficazes. Um trabalho contínuo,

motivado por atividades lúdicas, com certeza, trará resultados bem significativos.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se sabe, são grandes os desafios que ainda encontramos no ensino

de Ciências nas séries finais do Ensino Fundamental. Portanto, acredito que pesquisas

como esta, que visam à procura por alternativas para esse ensino, possuem relevância e

podem oferecer alguma contribuição para o crescimento intelectual e promover de fato

uma postura democrática e crítica em relação aos desafios cotidianos.

A proposta do trabalho foi discutir sobre o uso de três títulos literários no

ensino de Ciências. Assim, a partir dos resultados obtidos, é possível levantar algumas

considerações. Pelos resultados do trabalho desenvolvido nestas oficinas foi possível

confirmar as promissoras possibilidades instrumentais destes três títulos, por exibir,

através de uma leitura prazerosa, conceitos científicos corretos, relações éticas;

conhecimentos morfológicos dos seres vivos.

Desta forma, acredito que este trabalho de caráter lúdico/metodológico

possa servir de base ou inspiração para outras atividades. A incorporação da literatura

infanto-juvenil na formação do educador de Ciências deve ser considerada com

suficiente seriedade, pois, quando levada para a aula de Ciência, estabelece um diálogo

inteligente com o mundo, problematizando, de maneira crítica e consciente, temas e

saberes.

Há necessidade da integração entre a postura do professor diante das

abordagens metodológicas existentes e a sua aplicabilidade, conduzindo a novos

espaços para uma aprendizagem constante e dinâmica. Através da busca constante

de formação e aperfeiçoamento, aliada à disponibilidade de compartilhar idéias, o

professor não pode ficar no comodismo de apenas repassar conhecimento, mas buscar

construí-lo de maneira significativa para os alunos. Estar sempre em contato com

possibilidades enriquecedoras de aprendizagem possibilita uma maior facilidade em

realizar qualquer atividade.

As atividades podem ser desenvolvidas no espaço físico que habitualmente

é destinado para as aulas. Contudo, é necessário modificar a habitual disposição dos

alunos em fileiras para trabalhar em grupos ou em semicírculos. Essa disposição auxilia

na interação entre os alunos.

Quanto a mim, diante das horas dispensadas à execução deste trabalho,

percebo que este me auxiliou, encaminhando para a busca de possibilidades e formas

diferenciadas de ensinar e aprender.

Com isso, concluo que o uso da literatura infanto-juvenil no ensino de

Ciência das séries finais do Ensino Fundamental, com uma metodologia, é muito útil no

processo de ensino-aprendizagem, mostrando-se como um potencializador da

aprendizagem de conteúdos científicos, sobretudo por promover a motivação dos alunos

para o seu estudo.

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUSUBEL, D. NOVAK, JD; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

BACHELARD, G. A. A formação do espírito científico: Contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto. 1996.

BRAYNER, Flávio Henrique A. Como salvar a educação (e o sujeito) pela literatura: sobre Philippe Meirieu e Jorge Larrosa. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro: n. 29, maio/ago. 2005.

DRUON, M. O menino do dedo verde. 29 ed. Rio de Janeiro: Jose Olimypio. 1983. 110 p.

GARCIA, Wladimir, A.C. A semiose literária do ensino. In DIAS, Maria de Fátima S. SOUZA, Suzane Cassiani. SEARA, Izabel Cristiane (Ogrs). ”Formação de Professores: Experiências e reflexões”. 1 ed. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2006. (172-177). 177 p.

LADEIRA, Julieta Godoy. As aventuras de um copo d’água. 20. ed. São Paulo: Atual, 2009. 57p.

LINARDI, P. M. Fábulas parasitológicas. São Paulo: Atheneu, 2008. 132 p.

LINSINGEN, Luana. Literatura infantil no ensino de ciências: articulações a partir da análise de uma coleção de livros. 2008.146p. Dissertação (Mestrado em Educação Científico-Tecnológica) – Programa de Pós-Graduação em Educação Científico-Tecnológica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2008.

MOREIRA, Marco e MASINI, Elcie. "Aprendizagem Significativa - A teoria de

David Ausubel". São Paulo: Moraes. 1982.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Curitiba: SEED, 2008.

RICON, A. E. e ALMEIDA, M. J. P. M.de. Ensino da física e leitura.Leitura:

teoria &prática, Campinas, SP, ano 10, n. 18, pp.7-16,dez. 1991

SILVA, Theodoro Da. A produção da leitura na escola- pesquisas e

propostas. 2. ed. São Paulo: Ática, 2005.

ZANETIC, João. Física e literatura: uma possível integração no ensino. Cad. CEDES, Campinas: ano XVIII, n.41, 46-61, jul. 2004.

Sites consultados:

www. botanica online.com.br/geral/arquivos/bmaterial1.pdf .Acesso em

27/05/2012

http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/arquivos/File/imagens/2010/ciencias/pole

n_abobora.jpg .Acesso em 07/07/2011.

http://www.sobiologia.com.br/jogos.php. Acesso em 20/06/2011.

Documentos On line:

MORAN, José M. Aprendizagem Significativa. 2008. Disponível em: www.eca.usp.br/prof/moran; http://www.escola2000.org.br/comunique/entrevistas/verent. aspx?id=47. Acesso em 18 abril de 2011.