De Testemunho Cabal

227
‘D ˆ e Testemunho Cabal’ sobre o Reino de Deus

Transcript of De Testemunho Cabal

Page 1: De Testemunho Cabal

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Page 2: De Testemunho Cabal

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‘Dˆ

e Testemunho Cabal’sobre o Reino de Deus

Este livro pertence a

Cr´editos das fotos: p

´agina 4, Sec

˜ao 4: cortesia de Canada Wide; p

´agina 44, embaixo, e

´ındice de fotos e

ilustrac˜oes: Neue Berliner Illustrierte; p

´agina 84, embaixo, e

´ındice de fotos e ilustrac

˜oes: cortesia de Canada Wide

� 2009WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA

ASSOCIAC˜AO TORRE DE VIGIA DE B

´IBLIAS E TRATADOS

Todos os direitos reservados

EditorasWATCHTOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF NEW YORK, INC.

Brooklyn, New York, U.S.A.ASSOCIAC

˜AO TORRE DE VIGIA DE B

´IBLIAS E TRATADOS

Rodovia SP-141, km 43, Ces´ario Lange, SP, 18285-901, Brasil

Edic˜ao de 2011

Esta publicac˜ao n

˜ao

´e vendida. Ela faz parte de uma obra

educativa b´ıblica, mundial, mantida por donativos.

A menos que haja outra indicac˜ao, os textos b

´ıblicos citados s

˜ao da

Traduc˜

ao do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referˆ

encias.

“Bearing Thorough Witness” About God’s KingdomPortuguese (Brazilian Edition) (bt-T)

ISBN 978-85-7392-111-3

Made in Brazil Impresso no Brasil

Page 4: De Testemunho Cabal

Prezado proclamador do Reino:

Imagine que vocˆe

´e um dos ap

´ostolos que

est˜ao no monte das Oliveiras. Jesus aparece

na sua frente. Pouco antes de subir ao c´eu,

ele diz: “Ao chegar sobre v´os o esp

´ırito san-

to, recebereis poder e sereis testemunhas

de mim tanto em Jerusal´em como em toda a

Judeia e Samaria, e at´e

`a parte mais distan-

te da terra.” (Atos 1:8) Qual a sua reac˜ao?

Pode ser que vocˆe fique perplexo dian-

te de tamanha tarefa. Talvez se pergunte:

‘Como´e que n

´os, um pequeno grupo de dis-

c´ıpulos, vamos conseguir dar testemunho

“at´e

`a parte mais distante da terra”?’ Pode

ser que se lembre do aviso que Jesus deu na

noite anterior`a sua morte: “O escravo n

˜ao

´e maior do que o seu amo. Se me perse-

guiram a mim, perseguir˜ao tamb

´em a v

´os;

se observaram a minha palavra, observar˜ao

tamb´em a vossa. Mas, far

˜ao todas estas coi-

sas contra v´os por causa do meu nome, por-

que n˜ao conhecem aquele que me enviou.”

(Jo˜ao 15:20, 21) Ao refletir nessas palavras,

vocˆe talvez se pergunte: ‘Como vou conse-

guir dar testemunho cabal em face de tal

oposic˜ao e perseguic

˜ao?’

Hoje, n´os nos deparamos com perguntas

similares. Como Testemunhas de Jeov´a, nos-

sa comiss˜ao tamb

´em inclui dar testemunho

cabal “at´e

`a parte mais distante da terra” a

“pessoas de todas as nac˜oes”. (Mat. 28:19,

20) Como essa obra pode ser realizada, es-

pecialmente em vista da predita oposic˜ao?

Atos dos Ap´ostolos fornece-nos um rela-

to emocionante sobre como os ap´ostolos e

seus irm˜aos crist

˜aos no primeiro s

´eculo EC

conseguiram cumprir sua designac˜ao com a

ajuda de Jeov´a. O livro que voc

ˆe est

´a lendo

tem o objetivo de ajud´a-lo a analisar esse re-

lato e sentir a emoc˜ao dos eventos dram

´ati-

cos registrados no livro de Atos. Vocˆe ficar

´a

surpreso ao ver quantos paralelos existem

entre os servos de Deus do primeiro s´eculo

e o Seu povo hoje. Ver´a que esses paralelos

tˆem a ver n

˜ao apenas com a obra que reali-

zamos, mas tamb´em com a maneira como

estamos organizados para realiz´a-la. Refletir

nessas similaridades sem d´uvida fortalece-

r´a sua convicc

˜ao de que Jeov

´a Deus conti-

nua a dirigir a parte terrestre de sua organi-

zac˜ao.

Oramos sinceramente para que o estudo

do livro de Atos fortaleca sua confianca na

ajuda de Jeov´a e no poder sustentador do

esp´ırito santo. Desejamos que dessa forma

vocˆe se sinta encorajado a continuar ‘dando

testemunho cabal’ sobre o Reino de Deus e

ajudando outros a encontrar o caminho da

salvac˜ao. — Atos 28:23; 1 Tim. 4:16.

Seus irm˜

aos,

Corpo Governantedas Testemunhas de Jeova

Page 5: De Testemunho Cabal

‘De Testemunho Cabal’sobre o Reino de Deus

Page 6: De Testemunho Cabal

S U M´A R I O

C A P´I T U L O P

´A G I N A

INTRODUC˜

AO 1. “Ide . . . e fazei discıpulos” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 6

SEC˜

AO 1 “Enchestes Jerusal´

em com o vosso ensino”

2. “Sereis testemunhas de mim” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 14

3. “Cheios de espırito santo” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 21

4. “Homens indoutos e comuns” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 28

5. “Temos de obedecer a Deus como governante” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 37

SEC˜

AO 2 “Levantou-se grande perseguic˜ao contra a congregac

˜ao”

6. Estevao — “cheio de graca e de poder” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 45

7. Filipe declara “as boas novas a respeito de Jesus” � � � � � � � � � � � � � � � � � � 52

8. A congregacao “entrou . . . num perıodo de paz” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 60

SEC˜

AO 3 “Pessoas das nac˜oes . . . receberam a Palavra de Deus”

9. “Deus nao e parcial” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 69

10. “A palavra de Jeova crescia” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 77

SEC˜

AO 4 “Enviados pelo esp´ırito santo”

11. “Cheios de alegria e de espırito santo” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 85

12. “Falando com denodo pela autoridade de Jeova” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 93

Page 7: De Testemunho Cabal

C A P´I T U L O P

´A G I N A

SEC˜

AO 5 “Os ap´ostolos e os anci

˜aos ajuntaram-se”

13. “Havia ocorrido nao pouca dissensao” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 101

14. “Chegamos a um acordo unanime” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 108

SEC˜

AO 6 “Voltemos e visitemos os irm˜aos”

15. “Fortalecendo as congregacoes” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 117

16. “Passa a Macedonia” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 125

17. Paulo “raciocinou com eles a base das Escrituras” � � � � � � � � � � � � � � � � � 133

18. Incentivo para ‘buscar a Deus e realmente o achar’ � � � � � � � � � � � � � � � � 140

19. “Persiste em falar e em nao ficar calado” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 148

SEC˜

AO 7 Paulo ensina “publicamente e de casa em casa”

20. “A palavra . . . crescia e prevalecia” apesar de oposicao � � � � � � � � � � � � � 157

21. “Estou limpo do sangue de todos os homens” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 165

22. “Realize-se a vontade de Jeova” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 173

SEC˜

AO 8 Paulo prega o Reino de Deus “sem impedimento”

23. ‘Oucam a minha defesa’ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 181

24. “Tem coragem!” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 189

25. “Apelo para Cesar!” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 196

26. “Nem uma unica alma se perdera” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 203

27. ‘Dando testemunho cabal’ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 211

CONCLUS˜

AO 28. “Ate a parte mais distante da terra” � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 218´INDICE DE FOTOS E ILUSTRAC

˜OES � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 224

Page 8: De Testemunho Cabal

REBECCA, uma jovem Testemunha de Jeova de Gana, considera aescola seu territorio particular de pregacao. Ela sempre tem publica-coes bıblicas em sua mochila. Nos intervalos, ela procura oportunida-des para dar testemunho aos colegas. Rebecca ja iniciou estudos bıbli-cos com varios deles.

2 Na ilha de Madagascar, perto da costa leste da´

Africa, um casal depioneiros caminha regularmente cerca de 25 quilometros debaixo dosol tropical. Eles fazem isso para chegar a um povoado remoto e dirigirestudos bıblicos com pessoas interessadas.

3 Para alcancar pessoas que moram ao longo dos rios Paraguai eParana, Testemunhas de Jeova no Paraguai e voluntarios de outros15 paıses trabalharam juntos para construir um barco de 130 metroscubicos, que pode acomodar ate 12 pessoas. Usando essa casa flutuan-te, proclamadores zelosos do Reino divulgam as boas novas em regioesque de outra forma nao poderiam ser alcancadas.

4 No Extremo Norte, Testemunhas de Jeova no Alasca aproveitamuma oportunidade especial para dar testemunho durante a temporadade verao. Quando temperaturas mais amenas trazem os navios de cru-zeiro cheios de turistas de muitas nacionalidades, as Testemunhas deJeova locais ficam nas docas, expondo de modo atraente publicacoesbıblicas em varios idiomas. Nessa mesma regiao, um aviao mostrou-semuito util para chegar a povoados isolados, permitindo assim que asboas novas fossem divulgadas nas comunidades dos aleutes, atapas-cas, tsimshians e tlingits.

5 Larry, no Estado do Texas, EUA, tem um territorio especial — a casade repouso onde mora. Apesar de estar confinado a uma cadeira de ro-das por causa de um acidente, Larry mantem-se ocupado. Ele compar-tilha com outros a mensagem do Reino, incluindo sua esperanca bıbli-ca de que um dia, sob o governo do Reino, ele andara novamente. — Isa.35:5, 6.

6 Para assistir a uma assembleia no norte de Mianmar, um grupo deTestemunhas de Jeova saiu de Mandalay e viajou tres dias de balsa.Ansiosas para pregar as boas novas, elas levaram publicacoes bıblicas

1-6. De um exemplo real mostrando que as Testemunhas de Jeova pregam emsituacoes muito variadas.

C A P´I T U L O 1

“Ide . . . e fazei disc´ıpulos”

Vis˜

ao geral de Atos dos Ap´

ostolos esua relac

˜ao com nossos dias

6

Page 9: De Testemunho Cabal

e as ofereceram aos outros passageiros. Sempre que a balsa paravanuma cidade ou num povoado, esses pregadores dispostos desembar-cavam e logo percorriam a localidade, oferecendo publicacoes. Nessemeio-tempo, outros passageiros embarcavam, tornando-se um “novoterritorio” quando os publicadores do Reino retornavam.

7 Como mostram esses exemplos, adoradores zelosos de Jeova emtodo o mundo estao ‘dando testemunho cabal a respeito do reino deDeus’. (Atos 28:23) Eles vao de casa em casa, conversam com as pes-soas nas ruas e falam com elas no telefone. No onibus, caminhando noparque ou durante o intervalo do trabalho, eles estao sempre atentosa qualquer oportunidade para dar testemunho sobre o Reino de Deus.O metodo pode variar, mas o objetivo e o mesmo: pregar as boas novasonde quer que haja pessoas. — Mat. 10:11.

8 Sera que voce, prezado leitor, faz parte dessa multidao de proclama-dores do Reino que esta ativa em mais de 235 terras? Em caso afirma-tivo, voce contribui para a emocionante expansao da obra de pregacaodo Reino. O que ja foi feito no campo mundial e um verdadeiro milagre.Apesar de enormes obstaculos e desafios — ate mesmo proscricoes eperseguicao direta — as Testemunhas de Jeova estao dando testemu-nho cabal sobre o Reino de Deus a pessoas de todas as nacoes.

9 Isso levanta uma pergunta muito interessante: Por que nenhumobstaculo, nem mesmo a oposicao satanica, consegue parar o avancoda obra de pregacao do Reino? Para responder a essa pergunta, preci-samos voltar ao primeiro seculo EC. Afinal, a obra que nos fazemoscomo Testemunhas de Jeova e uma continuacao da obra que comecounaquela epoca.

Uma comiss˜ao de amplo alcance

10 O Fundador do cristianismo, Jesus Cristo, dedicou-se a pregacaodas boas novas do Reino de Deus; sua vida girava em torno disso. Emcerta ocasiao, ele explicou: “Tenho de declarar as boas novas do reinode Deus . . . , porque fui enviado para isso.” (Luc. 4:43) Jesus sabia queestava dando inıcio a uma obra que ele nao teria condicoes de terminarsozinho. Pouco antes de morrer, ele predisse que a mensagem do Reinoseria pregada “em todas as nacoes”. (Mar. 13:10) Mas como isso seriafeito, e por quem?

7. De que maneiras os adoradores de Jeova dao testemunho sobre o Reino de Deus,e qual e o objetivo deles?8, 9. (a) Por que a expansao da obra de pregacao do Reino e um verdadeiro milagre?(b) Que pergunta muito interessante surge, e o que precisamos fazer para obter aresposta?10. A que obra Jesus se dedicou, e o que ele sabia a respeito dessa obra?

“IDE . . . E FAZEI DISC´IPULOS” 7

Page 10: De Testemunho Cabal

11 Depois de sua morte e ressurreicao, Jesus apareceu a seus discı-pulos e lhes deu esta comissao importante: “Ide, portanto, e fazei discı-pulos de pessoas de todas as nacoes, batizando-as em o nome do Pai, edo Filho, e do espırito santo, ensinando-as a observar todas as coisasque vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, ate a termina-cao do sistema de coisas.” (Mat. 28:19, 20) As palavras “estou convosco”indicavam que os seguidores de Jesus teriam seu apoio ao realizarema obra de pregar e fazer discıpulos. Eles precisariam desse apoio, poisJesus havia predito que eles seriam “pessoas odiadas por todas as na-coes”. (Mat. 24:9) Os discıpulos tambem podiam contar com outra aju-da. Pouco antes de ascender ao ceu, Jesus disse-lhes que eles seriamfortalecidos pelo espırito santo para serem suas testemunhas “ate aparte mais distante da terra”. — Atos 1:8.

12 Surgem agora algumas perguntas importantes: Os apostolos deJesus e os outros discıpulos do primeiro seculo levaram a serio suacomissao? Esse grupo relativamente pequeno de homens e mulherescristaos deu testemunho cabal sobre o Reino de Deus, mesmo em facede perseguicao feroz? Eles realmente tiveram apoio celestial e ajuda doespırito santo de Jeova ao realizar a obra de fazer discıpulos? Essas eoutras perguntas similares sao respondidas no livro bıblico de Atos.

´E

vital saber as respostas. Por que? Conforme prometido por Jesus, aobra que ele comissionou continuaria “ate a terminacao do sistema decoisas”. Assim, essa comissao se estende a todos os cristaos verdadei-ros, incluindo a nos que vivemos neste tempo do fim. Por isso, temosprofundo interesse no registro historico encontrado no livro de Atos.

Vis˜ao geral do livro de Atos

13 Quem escreveu o livro de Atos? O livro nao identifica o escritor,mas suas palavras iniciais deixam claro que foi a mesma pessoa queescreveu o Evangelho de Lucas. (Luc. 1:1-4; Atos 1:1, 2) Assim, desde ostempos antigos, Lucas, “medico amado” e historiador cuidadoso, e con-siderado o escritor do livro de Atos. (Col. 4:14) O livro abrange um pe-rıodo de aproximadamente 28 anos, desde a ascensao de Jesus em33 EC ate por volta de 61 EC, pouco antes de Paulo ser solto da prisaoem Roma. O fato de Lucas incluir-se em algumas partes de sua narra-tiva sugere que ele estava presente em muitos dos acontecimentos quedescreve. (Atos 16:8-10; 20:5; 27:1)

´E provavel que Lucas, um pesquisa-

dor meticuloso, tenha obtido informacoes diretamente de Paulo, Barna-be, Filipe e outros mencionados no registro.

11. Que comissao importante Jesus deu a seus discıpulos, e que apoio eles teriampara cumpri-la?12. Que perguntas importantes surgem, e por que e vital saber as respostas?13, 14. (a) Quem foi o escritor do livro de Atos, e como ele obteve suas informacoes?(b) Qual e o conteudo do livro de Atos?

8 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 11: De Testemunho Cabal

14 Qual e o conteudo do livro de Atos? Alguns anos antes, em seuEvangelho, Lucas relatou o que Jesus disse e fez. Mas, no livro de Atos,ele registrou o que os seguidores de Jesus disseram e fizeram. Portan-to, Atos e um livro sobre pessoas que realizaram um trabalho extraor-dinario, embora muitas delas fossem vistas como ‘indoutas e comuns’.(Atos 4:13) Resumindo, o registro inspirado conta-nos como a congrega-cao crista foi formada e de que forma se desenvolveu. O livro de Atosmostra como os cristaos do primeiro seculo pregavam — seus metodose sua atitude. (Atos 4:31; 5:42) Descreve como o espırito santo ajudouna divulgacao das boas novas. (Atos 8:29, 39, 40; 13:1-3; 16:6; 18:24, 25)O livro da continuidade ao tema da Bıblia, que envolve o Reino deDeus sob Cristo, e mostra que a divulgacao da mensagem do Reino foibem-sucedida, mesmo em face de oposicao feroz. — Atos 8:12; 19:8;28:30, 31.

15 Realmente, analisar o livro de Atos e emocionante e fortalece a fe.Meditar no exemplo de coragem e zelo dos primeiros seguidores deCristo tocara nosso coracao. Seremos motivados a imitar a fe dos nos-sos irmaos do primeiro seculo. Estaremos mais bem equipados paracumprir nossa comissao de ‘ir e fazer discıpulos’. O livro que voce estalendo agora tem por objetivo ajuda-lo a fazer um estudo cuidadoso dolivro de Atos.

Uma ajuda para o estudo da B´ıblia

16 Quais sao os objetivos desta publicacao? Sao tres: (1) fortalecernossa conviccao de que Jeova, por meio do seu espırito santo, estaapoiando a obra de pregar o Reino e fazer discıpulos; (2) aumentar nos-so zelo no ministerio por analisar o exemplo dos seguidores de Cristodo primeiro seculo e (3) aprofundar nosso respeito pela organizacao deJeova e pelos que lideram a pregacao e a supervisao das congregacoes.

17 Qual e a estrutura deste livro? Notara que ele esta dividido em oitosecoes, cada uma abrangendo um trecho do livro de Atos. O objetivonao e fazer uma analise versıculo por versıculo, mas ajudar-nos a ex-trair licoes dos acontecimentos relatados e a por em pratica o queaprendermos. No inıcio dos capıtulos ha uma frase que destaca o temado capıtulo, alem de uma indicacao do trecho de Atos que sera anali-sado.

18 Ha outras caracterısticas neste livro que serao de ajuda no estudopessoal da Bıblia.

`A medida que voce refletir no relato bıblico, belas

15. Como uma analise do livro de Atos vai nos beneficiar?16. Quais sao os tres objetivos desta publicacao?17, 18. Qual e a estrutura deste livro, e quais caracterısticas o ajudarao no estudopessoal da Bıblia?

“IDE . . . E FAZEI DISC´IPULOS” 9

Page 12: De Testemunho Cabal

gravuras o ajudarao a visualizar acontecimentos emocionantes regis-trados no livro de Atos. Muitos capıtulos incluem quadros que acres-centam informacoes uteis. Certos quadros falam a respeito da vida dealgum personagem bıblico cuja fe e digna de ser imitada. Ja alguns

fornecem detalhes adicionais sobre luga-res, acontecimentos, costumes ou outrospersonagens mencionados em Atos. Asmargens largas permitem que voce facaanotacoes enquanto estuda.

19 Este livro pode ajudar voce a fazeruma autoanalise honesta. Nao importaha quanto tempo voce serve como pu-blicador do Reino, de vez em quando ebom parar e analisar suas prioridadesna vida e sua atitude com relacao a pre-gacao. (2 Cor. 13:5) Pergunte-se: ‘Conti-nuo encarando o ministerio com sensode urgencia? (1 Cor. 7:29-31) Prego asboas novas com zelo e conviccao? (1 Tes.1:5, 6) Faco o maximo que posso na obrade pregar e fazer discıpulos?’ — Col. 3:23.

20 Nunca nos esquecamos da nossa co-missao: realizar a importante obra depregar e fazer discıpulos. A urgencia des-sa comissao aumenta a cada dia quepassa. O fim deste sistema se aproximarapidamente. Nunca houve tantas vidasem jogo. Nao sabemos quantas pessoascorretamente dispostas ainda podemaceitar nossa mensagem. (Atos 13:48)Mas temos a responsabilidade de ajuda-las antes que seja tarde demais. — 1 Tim.4:16.

21´

E vital, entao, que imitemos o exem-plo dos proclamadores zelosos do Reinoque viveram no primeiro seculo. Deseja-mos que o estudo cuidadoso deste livro o

motive a pregar com cada vez mais zelo e coragem, e que voce seja for-talecido na sua determinacao de continuar ‘dando testemunho cabal arespeito do reino de Deus’. — Atos 28:23.

19. Que autoanalise devemos fazer de vez em quando?20, 21. Por que a nossa comissao e tao urgente, e qual deve ser a nossadeterminacao?

Trabalhe com senso de urgˆencia

em seu territ´orio designado

10 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 13: De Testemunho Cabal

“Ide . . . e fazei disc´ıpulos de pessoas de todas as nac

˜oes.”

— Mateus 28:19

Page 14: De Testemunho Cabal

33Jesus e ressuscitadoJesus comissiona seus

seguidores a fazer discıpulosDerramamento do espırito

santo no PentecostesA congregacao crista e formada

c. 33-34�Martırio de EstevaoO eunuco etıope e batizado

c. 34Saulo de Tarso e convertido

c. 34-36Saulo prega em Damasco

c. 36Primeira visita de Paulo a

Jerusalem como seguidor deCristo

Paulo visita Pedro emJerusalem (Gal. 1:18)

36Cornelio e convertidoGentios comecam a tornar-se

cristaos

c. 41O Evangelho de Mateus e

escritoPaulo recebe a visao do

“terceiro ceu” (2 Cor. 12:2)

c. 44´Agabo profetiza fomeMartırio de Tiago

(filho de Zebedeu)Pedro e preso e depois solto

milagrosamente

44Herodes Agripa I morre

c. 46A predita fome atinge o paısPaulo leva ajuda a Jerusalem

c. 47-48Primeira viagem missionaria

de Paulo

� Muitas datas sao aproximadas.O sımbolo “c.” significa “cerca de”;o sımbolo “a.”, “antes de”.

c. 49A questao da circuncisao surge

em AntioquiaReuniao em JerusalemPaulo corrige Pedro (Gal.

2:11-14)

c. 49-52Segunda viagem missionaria

de PauloBarnabe e Marcos pregam em

Chipre

c. 49-50Claudio expulsa os judeus de

Roma

c. 50Lucas junta-se a Paulo em

TroadePaulo tem a visao de um

homem da MacedoniaPaulo visita FiliposA congregacao filipense e

formadaA congregacao tessalonicense

e formadaPaulo visita Atenas

c. 50-52Paulo visita CorintoPaulo escreve

1 TessalonicensesPaulo escreve Galatas

c. 51Paulo escreve

2 Tessalonicenses

c. 52-56Terceira viagem missionaria

de Paulo

c. 52-55Paulo visita

´Efeso

c. 55Paulo escreve 1 CorıntiosTito e enviado a CorintoPaulo escreve 2 Corıntios

c. 56Paulo escreve RomanosPaulo ressuscita

ˆEutico em

Troade

Paulo e Lucas hospedam-se nacasa de Filipe, em Cesareia

Paulo e preso em Jerusalem

c. 56-58Paulo e mantido sob guarda

em CesareiaO Evangelho de Lucas

e escrito

c. 58Festo sucede Felix

58Herodes Agripa II ouve Paulo

c. 59-61Paulo e preso em Roma pela

primeira vez

c. 60-61Paulo escreve ColossensesPaulo escreve EfesiosPaulo escreve FilemonPaulo escreve Filipenses

c. 60-65O Evangelho de Marcos

e escrito

c. 61O livro de Atos e escritoPaulo escreve Hebreus

c. 61-64Paulo escreve 1 TimoteoTito e deixado em Creta

(Tito 1:5)Paulo escreve Tito

a. 62A Carta de Tiago e escrita

c. 62-641 Pedro e escrita

c. 642 Pedro e escrita

c. 65Paulo e preso em Roma pela

segunda vezPaulo escreve 2 TimoteoTito vai para a Dalmacia

(2 Tim. 4:10)Paulo e executado

DATAS IMPORTANTES NO AVANCO DO CRISTIANISMONO PRIMEIRO S

´ECULO EC

12

Page 15: De Testemunho Cabal

A partir do derramamento do espırito santo no Pentecostes de33 EC, os discıpulos de Jesus empenharam-se na obra de dartestemunho a respeito do Reino de Deus. Nesta secao, vamosanalisar o emocionante relato do nascimento do cristianismo,do testemunho cada vez mais intenso em Jerusalem e daposicao corajosa dos apostolos diante de crescente oposicao.

S E C˜

A O 1 ˙ A T O S 1 : 1 – 6 : 7

“ENCHESTES JERUSAL´

EMCOM O VOSSO ENSINO”

ATOS 5:28

Page 16: De Testemunho Cabal

ELES nao querem que tudo aquilo acabe. Para os apostolos, as ultimas se-manas foram emocionantes! Com a ressurreicao de Jesus, eles passaramda profunda tristeza a intensa alegria. Por 40 dias, Jesus apareceu repeti-das vezes, dando instrucao e encorajamento adicionais a seus seguidores.Hoje, porem, e o dia em que fara isso pela ultima vez.

2 Parados no monte das Oliveiras, os apostolos escutam cada palavra deJesus com muita atencao. Quando Jesus termina, o que para os aposto-los parece rapido demais, ele levanta as maos e os abencoa. Entao, come-ca a subir ao ceu. Seus seguidores mantem os olhos fixos em Jesus a medi-da que ele ascende ao ceu. Por fim, uma nuvem o encobre. Ele desaparece,mas os apostolos continuam olhando para o ceu. — Luc. 24:50; Atos 1:9, 10.

3 Essa cena marcou um momento decisivo na vida dos apostolos. O que

1-3. Como Jesus partiu da Terra, e que perguntas surgem?

C A P´I T U L O 2

“Sereis testemunhas de mim”Como Jesus preparou seus ap

´ostolos para

tomar a lideranca na obra de pregac˜

ao

Baseado em Atos 1:1-26

Page 17: De Testemunho Cabal

fariam agora que seu Mestre, Jesus Cristo, tinha ascendido ao ceu? Pode-mos ter certeza de que Jesus os havia preparado para continuarem a obraque ele comecou. Como ele os equipou para essa designacao importante,e como os apostolos agiram? De que maneira isso afeta os cristaos hoje?O primeiro capıtulo do livro de Atos contem respostas animadoras a essasperguntas.

“Muitas provas positivas” (Atos 1:1-5)

4 Lucas comeca seu relato dirigindo-se a Teofilo, o mesmo homem aquem escreveu seu Evangelho.� Nos versıculos iniciais, Lucas faz um re-sumo dos eventos registrados no fim do seu Evangelho, usando palavrasdiferentes e fornecendo mais detalhes. Assim, ele deixa claro que o livro deAtos e uma continuacao do seu relato anterior.

5 O que manteria forte a fe dos seguidores de Jesus? Lemos em Atos 1:3:“[Jesus] mostrou-se . . . vivo, por meio de muitas provas positivas.” Na Bı-blia, apenas Lucas, “o medico amado”, usou o termo traduzido “provas po-sitivas”. (Col. 4:14) Esse termo era usado em documentos de medicina esignifica “evidencias demonstraveis, conclusivas e confiaveis”. Jesus for-neceu provas desse tipo. Ele apareceu muitas vezes a seus seguidores— em algumas ocasioes, a um ou dois deles; em outras, a todos os aposto-los; e em uma ocasiao, a mais de 500 discıpulos. (1 Cor. 15:3-6) Provas real-mente incontestaveis!

6 Hoje, de forma similar, a fe dos cristaos verdadeiros baseia-se em “mui-tas provas positivas”. Sera que ha provas de que Jesus viveu na Terra, mor-reu por nossos pecados e foi ressuscitado? Com certeza! Relatos confia-veis de testemunhas oculares, registrados na Palavra inspirada de Deus,fornecem todas as provas convincentes de que precisamos. Estudar essesrelatos e orar a respeito deles pode fortalecer muito a nossa fe. Lembre-se:provas conclusivas podem fazer a diferenca entre a genuına fe e a meracredulidade. A genuına fe e essencial para ganhar a vida eterna. — Joao3:16.

7 Jesus tambem ‘contou a seus discıpulos as coisas a respeito do reinode Deus’. Por exemplo, ele explicou profecias que mostravam que o Messias

� Em seu Evangelho, Lucas trata Teofilo por “excelentıssimo”, levando alguns a con-cluir que Teofilo pode ter sido um homem importante que ainda nao havia se torna-do cristao. No livro de Atos, porem, Lucas dirige-se a ele simplesmente com as pala-vras “o Teofilo”. Alguns estudiosos sugerem que Teofilo se tornou cristao depois de lero Evangelho de Lucas e que, por isso, Lucas nao mais se dirige a ele como “excelen-tıssimo”, mas o trata como irmao espiritual.

4. Como Lucas comeca seu relato no livro de Atos?5, 6. (a) O que ajudaria os seguidores de Jesus a manter forte a fe? (b) Por quepodemos dizer que hoje a fe dos cristaos tambem se baseia em “muitas provaspositivas”?7. Que exemplo Jesus deixou aos seus seguidores quanto a ensinar e pregar?

“SEREIS TESTEMUNHAS DE MIM” 15

Page 18: De Testemunho Cabal

teria de sofrer e morrer. (Luc. 24:13-32, 46, 47) Por esclarecer assim seupapel como Messias, Jesus deu enfase ao Reino de Deus, pois ele era o Rei-Designado. O Reino sempre foi o tema da pregacao de Jesus, e esse tam-bem e o tema da pregacao dos seus seguidores hoje. — Mat. 24:14; Luc.4:43.

“At´

e`a parte mais distante da terra” (Atos 1:6-12)

8 No monte das Oliveiras, os apostolos reuniram-se com Jesus pela ulti-ma vez na Terra. Com grande expectativa, perguntaram-lhe: “Senhor, e nes-te tempo que restabeleces o reino a Israel?” (Atos 1:6) Nessa pergunta, osapostolos demonstraram que tinham duas ideias incorretas. Primeiro, elesachavam que o Reino de Deus seria restaurado ao Israel carnal. Segundo,eles esperavam que o prometido Reino comecasse seu domınio imediata-mente, ‘naquele tempo’. Como Jesus os ajudou a corrigir o modo como pen-savam?

9 Jesus sem duvida sabia que a primeira ideia seria logo corrigida. Narealidade, seus seguidores testemunhariam o nascimento de uma nova na-cao, o Israel espiritual, apenas dez dias mais tarde. Em breve, Deus deixa-ria de ter tratos com o Israel carnal. Quanto a segunda ideia, Jesus bon-dosamente lhes lembrou: “Nao vos cabe obter conhecimento dos temposou das epocas que o Pai tem colocado sob a sua propria jurisdicao.” (Atos1:7) Jeova e o Grande Cronometrista. Antes de morrer, o proprio Jesus dis-se que, naquela epoca, nem mesmo o Filho sabia ‘o dia e a hora’ em que ofim viria, mas “unicamente o Pai”. (Mat. 24:36) Hoje, do mesmo modo, quan-do cristaos se preocupam demais com a data do fim deste sistema de coi-sas, eles estao, na verdade, preocupando-se com algo que nao lhes “cabe”.

10 Mesmo assim, devemos tomar cuidado para nao ter um conceito ne-gativo dos apostolos de Jesus, que eram homens de muita fe. Humildemen-te, eles aceitaram a correcao que receberam de Jesus. Alem disso, emboraa pergunta deles se originasse de ideias incorretas, ela tambem revela-va uma boa atitude. Jesus havia aconselhado seus seguidores repetidasvezes: “Mantende-vos vigilantes.” (Mat. 24:42; 25:13; 26:41) Eles estavamespiritualmente alertas, bem atentos a evidencias de que Jeova agiria embreve. Precisamos cultivar essa mesma atitude hoje. Na verdade, estes “ulti-mos dias” decisivos tornam ainda mais urgente que facamos isso. — 2 Tim.3:1-5.

11 Jesus lembrou aos apostolos qual deveria ser a principal preocupa-cao deles. Ele disse: “Ao chegar sobre vos o espırito santo, recebereis poder

8, 9. (a) Que duas ideias incorretas os apostolos de Jesus demonstraram ter?(b) O que Jesus disse para corrigir o modo de pensar dos apostolos, e o que issoensina aos cristaos de hoje?10. Que atitude dos apostolos nos devemos cultivar, e por que?11, 12. (a) Que comissao Jesus deu a seus seguidores? (b) Por que era apropriadoque Jesus relacionasse o espırito santo com a comissao de pregar?

16 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 19: De Testemunho Cabal

e sereis testemunhas de mim tanto em Jerusalem como em toda a Judeiae Samaria, e ate a parte mais distante da terra.” (Atos 1:8) A ressurreicaode Jesus seria proclamada primeiro em Jerusalem, onde as pessoas o ti-nham entregado a morte. Dali, a mensagem seria espalhada por toda a Ju-deia, Samaria e entao mais alem.

12 Apropriadamente, foi so depois de repetir a promessa de enviar o es-pırito santo para ajudar seus seguidores que Jesus falou a respeito da co-missao de pregar. Essa e uma das mais de 40 vezes que a expressao “es-pırito santo” ocorre no livro de Atos. Vez apos vez, esse livro emocionantedeixa claro que nao podemos fazer a vontade de Jeova sem a ajuda do es-pırito santo. Como e importante, entao, orarmos regularmente, pedindoesse espırito! (Luc. 11:13) Hoje precisamos dele mais do que nunca.

13 O significado do que constitui ‘a parte mais distante da terra’ mudoudesde aqueles dias. Mesmo assim, conforme vimos no capıtulo anterior, asTestemunhas de Jeova aceitaram de coracao a comissao de pregar, poissabem que Deus deseja que todo tipo de pessoa ouca as boas novas deSeu Reino. (1 Tim. 2:3, 4) Voce esta empenhado nessa obra que salva vi-das? Nao ha obra mais gratificante e satisfatoria do que essa. Jeova lhedara a forca necessaria para realiza-la. O livro de Atos lhe mostrara quemetodos usar e que atitude desenvolver para ser bem-sucedido.

14 Como mencionado no inıcio deste capıtulo, Jesus subiu ao ceu e de-sapareceu. Apesar disso, os 11 apostolos continuaram parados, olhandopara cima. Por fim, dois anjos apareceram e, com brandura, repreenderamos apostolos: “Homens da Galileia, por que estais parados aı olhando parao ceu? Este Jesus, que dentre vos foi acolhido em cima, no ceu, vira assimda mesma maneira em que o observastes ir para o ceu.” (Atos 1:11) Seraque os anjos queriam dizer que Jesus retornaria no mesmo corpo, confor-me alguns religiosos ensinam? Nao. Como sabemos disso?

15 Os anjos disseram que Jesus voltaria “da mesma maneira”, nao namesma forma.� De que maneira Jesus partiu? Quando os anjos falaram,nao era mais possıvel ve-lo. Apenas os apostolos perceberam que Jesus ha-via deixado a Terra e estava indo para o ceu. Jesus voltaria de maneira si-milar. E assim aconteceu. Hoje, somente os que tem discernimento espi-ritual percebem que Jesus esta presente com poder regio. (Luc. 17:20)Precisamos discernir as evidencias da presenca de Cristo e falar sobre elasa outras pessoas para que tambem vejam a urgencia dos tempos em quevivemos.

� Aqui a Bıblia usa a palavra grega tro·pos, que significa “maneira”, e nao mor·fe, quesignifica “forma”.

13. Qual e a atual extensao da comissao de pregar dada por Deus, e por quedevemos aceitar de coracao essa comissao?14, 15. (a) O que os anjos disseram sobre a volta de Cristo, e o que eles queriamdizer? (Veja tambem a nota.) (b) Como a volta de Cristo ocorreu “da mesmamaneira” que a sua partida?

“SEREIS TESTEMUNHAS DE MIM” 17

Page 20: De Testemunho Cabal

“Indica qual destes . . . tens escolhido” (Atos 1:13-26)

16 Diante de tudo o que aconteceu, nao e de admirar que os apostolos te-nham ‘voltado para Jerusalem com grande alegria’. (Luc. 24:52) Mas comoeles reagiriam as orientacoes e instrucoes de Cristo? Em Atos capıtulo 1,versıculos 13 e 14, lemos que os apostolos estavam reunidos em um “quar-to de andar superior” e aprendemos alguns detalhes interessantes sobreas reunioes dos primeiros discıpulos. Naquela epoca, era comum as casasna Palestina terem um comodo no andar de cima, acessıvel por uma esca-da externa. Sera que esse “quarto de andar superior” ficava na casa men-cionada em Atos 12:12, que pertencia a mae de Marcos? Seja como for, eprovavel que fosse um lugar simples e adequado para os seguidores deCristo se reunirem. Mas quem esteve reunido ali, e o que fizeram?

17 Veja que naquela reuniao nao havia apenas os apostolos nem se tra-tava de uma reuniao exclusiva aos homens. “Algumas mulheres” estavamla, incluindo Maria, mae de Jesus. Essa e a ultima vez que a Bıblia men-ciona Maria de modo direto.

´E razoavel concluir que ela nao estava ali em

busca de destaque, mas humildemente se reunia para adoracao na com-panhia de seus irmaos espirituais. Deve ter sido consolador para Mariaver seus outros quatro filhos homens, que antes nao eram seguidores deJesus, reunidos ali. (Mat. 13:55; Joao 7:5) Esses homens haviam mudadodesde a morte e ressurreicao de Jesus, seu meio-irmao. — 1 Cor. 15:7.

18 Observe, tambem, por que esses discıpulos se reuniram: “De comumacordo, todos eles persistiam em oracao.” (Atos 1:14) Reunir-se sempre foiessencial na adoracao crista. Nos nos reunimos para encorajar uns aosoutros, receber instrucoes e conselhos e, acima de tudo, adorar nosso Paicelestial, Jeova, junto com nossos irmaos. Nossas oracoes e cantos de lou-vor nessas ocasioes agradam muito a Jeova e sao vitais para nos. Nuncadeixemos de nos reunir nessas ocasioes sagradas e edificantes! — Heb.10:24, 25.

19 Mas agora esses seguidores de Cristo estavam diante de um impor-tante assunto organizacional, e o apostolo Pedro tomou a iniciativa deaborda-lo. (Versıculos 15-26) Nao nos encoraja ver como Pedro se recupe-rou espiritualmente em poucas semanas, depois de negar seu Senhor tresvezes? (Mar. 14:72) Todos nos somos pecadores e precisamos de relatoscomo esse para nos lembrar que Jeova e ‘bom e esta pronto a perdoar’ osque se arrependem sinceramente. — Sal. 86:5.

20 Pedro chegou a conclusao de que Judas, o apostolo que havia traı-do Jesus, devia ser substituıdo. Mas por quem? Pedro disse que o novo

16-18. (a) Ao lermos Atos 1:13, 14, o que aprendemos a respeito das reunioescristas? (b) O que aprendemos do exemplo deixado por Maria, mae de Jesus?(c) Por que as reunioes cristas sao vitais hoje?19-21. (a) O que aprendemos do fato de Pedro ter desempenhado um papel ativona congregacao? (b) Por que foi necessario substituir Judas, e o que aprendemosdo modo como o assunto foi resolvido?

18 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 21: De Testemunho Cabal

apostolo deveria ser alguemque tivesse seguido a Je-sus durante Seu ministerioe que tivesse testemunha-do Sua ressurreicao. (Atos1:21, 22) Isso estava em har-monia com a promessa doproprio Jesus: “Vos, os queme seguistes, tambem esta-reis sentados em doze tro-nos, julgando as doze tribosde Israel.” (Mat. 19:28) Pelovisto, era do proposito de Jeova que 12 apostolos que tivessem seguido aJesus durante seu ministerio terrestre constituıssem as futuras “doze pe-dras de alicerce” da Nova Jerusalem. (Rev. 21:2, 14) Assim, Deus permitiuque Pedro entendesse que a seguinte profecia se aplicava a Judas: “Tomeoutro seu cargo de superintendencia.” — Sal. 109:8.

21 Como a escolha foi feita? Lancando-se sortes, uma pratica comum nostempos bıblicos. (Pro. 16:33) No entanto, essa e a ultima vez que a Bıbliafala a respeito de sortes sendo usadas dessa maneira. Pelo visto, o derra-mamento do espırito santo, que ocorreu depois, tornou aquele metodo ob-soleto. Observe, porem, por que foram usadas sortes. Os apostolos oraram:“

´O Jeova, tu que conheces os coracoes de todos, indica qual destes dois

homens tens escolhido.” (Atos 1:23, 24) Eles queriam que Jeova fizesse aescolha. Matias, provavelmente um dos 70 discıpulos que Jesus havia en-viado para pregar, foi o escolhido. Assim, Matias tornou-se um dos “doze”.�— Atos 6:2.

22 Esse incidente nos lembra da importancia de as coisas ocorrerem deforma organizada entre o povo de Deus. Ate hoje, homens responsaveis saodesignados para servir como superintendentes nas congregacoes. Os an-ciaos consideram com cuidado as qualificacoes bıblicas que se exigem dossuperintendentes e oram pedindo a orientacao do espırito santo. Por isso,a congregacao considera esses homens como designados pelo espırito san-to. Da nossa parte, nos permanecemos submissos e obedientes a lideran-ca desses homens, contribuindo para que haja um espırito de cooperacaona congregacao. — Heb. 13:17.

23 Depois de terem visto o ressuscitado Jesus e de terem feito algunsajustes organizacionais, aqueles discıpulos estavam fortalecidos e plena-mente preparados para o que aconteceria a seguir. O proximo capıtulo vaiconsiderar isso.

� Mais tarde, Paulo foi designado “apostolo para as nacoes”, mas nunca foi considera-do um dos 12. (Rom. 11:13; 1 Cor. 15:4-8) Ele nao tinha seguido a Jesus durante Seuministerio terrestre e, portanto, nao se habilitava para esse privilegio especial.

22, 23. Por que devemos ser submissos e obedientes aos que hoje exercem alideranca na congregacao?

N´os permanecemos submissos e obedientes

`a

lideranca dos superintendentes designados

Page 22: De Testemunho Cabal

“N´

os os ouvimos falar em nossas l´ınguas sobre

as coisas magn´ıficas de Deus.”

— Atos 2:11

Page 23: De Testemunho Cabal

AS RUAS de Jerusalem estao cheias; e as pessoas, animadas.� A fuma-ca sobe do altar do templo a medida que os levitas cantam o Halel (Sal-mos 113 a 118), provavelmente em estilo antifonico, em que uma partedo coro canta e a outra parte responde. Ha muitos visitantes nas ruas.Eles vieram de lugares tao distantes como Elao, Mesopotamia, Capado-cia, Ponto, Egito e Roma.� Qual e o motivo? A Festividade de Pentecos-tes, chamada tambem de o “dia dos primeiros frutos maduros”. (Num.28:26) Essa festividade anual marca o fim da colheita da cevada e o inı-cio da colheita do trigo.

´E um dia alegre.

2 Por volta das 9 horas dessa agradavel manha de maio de 33 EC,acontece algo que deixara pessoas admiradas durante seculos. De re-pente, ‘ocorre do ceu um ruıdo, bem semelhante ao duma forte brisa im-petuosa’, ou “parecido com o de uma ventania”. (Atos 2:2; Bıblia Facil deLer) O forte ruıdo enche a casa onde cerca de 120 discıpulos de Jesusestao reunidos. A seguir, acontece algo impressionante. Lınguas comoque de fogo tornam-se visıveis, uma sobre a cabeca de cada discıpulo.�Entao os discıpulos ficam “cheios de espırito santo” e comecam a falarem lınguas estrangeiras. Quando os discıpulos saem da casa e come-cam a falar com os visitantes que encontram nas ruas de Jerusalem,estes ficam boquiabertos, pois cada visitante os ouve “falar no seu pro-prio idioma”. — Atos 2:1-6.

3 Esse relato empolgante descreve um marco na historia da adoracaoverdadeira: a formacao do Israel espiritual, a congregacao dos cristaos

� Veja o quadro “Jerusalem — centro do judaısmo”, na pagina 23.� Veja os quadros “Roma — capital de um imperio”, na pagina 24; “Judeus na Meso-potamia e no Egito”, na pagina 25; e “O cristianismo em Ponto”, na pagina 26.� As “lınguas” nao eram de fogo literal, mas “como que de fogo”, pelo visto indicandoque aquela manifestacao vista sobre cada discıpulo tinha a aparencia e o brilho defogo.

1. Descreva o clima da Festividade de Pentecostes.2. Que eventos impressionantes ocorreram no Pentecostes de 33 EC?3. (a) Por que o Pentecostes de 33 EC pode ser considerado um marco na historiada adoracao verdadeira? (b) Qual e a relacao entre o discurso de Pedro e o uso das“chaves do reino”?

C A P´I T U L O 3

“Cheios de esp´ırito santo”

O resultado do derramamento doesp

´ırito santo no Pentecostes

Baseado em Atos 2:1-47

21

Page 24: De Testemunho Cabal

ungidos. (Gal. 6:16) Alem disso, quando Pedro se dirigiu a multidao na-quele dia, ele usou a primeira das tres “chaves do reino”. Cada uma des-sas chaves abriria uma porta de privilegios especiais para diferentesgrupos. (Mat. 16:18, 19) Essa primeira chave permitiu que judeus e pro-selitos aceitassem as boas novas e fossem ungidos com o espırito san-to de Deus.� Assim, eles se tornariam parte do Israel espiritual e, dessaforma, teriam a esperanca de governar como reis e sacerdotes duranteo Reino messianico. (Rev. 5:9, 10) Com o tempo, esse privilegio se esten-deria a samaritanos e entao a gentios. O que os cristaos hoje podemaprender dos eventos importantes que ocorreram no Pentecostes de33 EC?

“Todos eles estavam juntos no mesmo lugar” (Atos 2:1-4)

4 A congregacao crista teve inıcio com cerca de 120 discıpulos que “es-tavam juntos no mesmo lugar”, uma sala de sobrado, e que foram un-gidos com espırito santo. (Atos 2:1) No fim do dia, o numero de membrosbatizados daquela congregacao ja havia chegado a casa dos milhares.Mas esse era so o comeco do crescimento de uma organizacao que con-tinua a se expandir hoje. De fato, um grupo de homens e mulheres te-mentes a Deus, a atual congregacao crista, e o meio pelo qual as “boasnovas do reino” sao “pregadas em toda a terra habitada, em testemu-nho a todas as nacoes” antes do fim deste sistema. — Mat. 24:14.

5 A congregacao crista tambem seria fonte de encorajamento espiri-

� Veja o quadro “Quem eram os proselitos?” na pagina 27.

4. De que modo a atual congregacao crista e uma extensao da congregacao formadaem 33 EC?5. Qual seria a bencao de se associar com a congregacao crista, tanto no primeiroseculo como hoje?

Roma Mar Negro

MarCaspioBIT

´INIA PONTO

CAPAD´OCIA

Antioquia(da S

´ıria)

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RM

E D I T E R R ˆA N E O

MESOPOT ˆAMIA

EDIA

ARTIA

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BABIL ˆONIAEL

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GolfoP ´ersico

Jerusal´em

L´IBIA Alexandria JUDEIA

Mˆenfis

EGITO

ETI´

OPIA

Mar

Vermelho

Page 25: De Testemunho Cabal

tual para seus membros ungidos e, mais tarde, para as “outras ove-lhas”. (Joao 10:16) Paulo demonstrou seu apreco pelo apoio que osmembros da congregacao dao uns aos outros quando escreveu aos cris-taos em Roma: “Anseio ver-vos, para vos conferir algum dom espiritual,a fim de que sejais firmados; ou, antes, para que haja um intercambiode encorajamento entre vos, cada um por intermedio da fe que o outrotem, tanto a vossa como a minha.” — Rom. 1:11, 12.

6 Hoje, a congregacao crista tem os mesmos objetivos que tinha noprimeiro seculo. Jesus deu a seus discıpulos uma obra desafiadora eao mesmo tempo emocionante. Ele lhesdisse: “Fazei discıpulos de pessoas de to-das as nacoes, batizando-as em o nomedo Pai, e do Filho, e do espırito santo, ensi-nando-as a observar todas as coisas quevos ordenei.” — Mat. 28:19, 20.

7 A congregacao crista das Testemu-nhas de Jeova e o meio pelo qual essaobra e realizada hoje. Sem duvida e umdesafio pregar a pessoas de diferentesidiomas. Apesar disso, as Testemunhasde Jeova produzem publicacoes bıblicasem mais de 400 idiomas. Caso voce estejaassistindo regularmente as reunioes cris-tas e participando na obra de pregar oReino e fazer discıpulos, tem motivos parase alegrar. Voce esta entre os relativamen-te poucos na Terra que tem o privilegio dedar testemunho cabal a respeito do nomede Jeova!

8 Para ajudar voce a perseverar comalegria durante estes tempos crıticos,Jeova Deus providenciou uma associa-cao mundial de irmaos. Paulo escreveuaos cristaos hebreus: “Consideremo-nosuns aos outros para nos estimularmos aoamor e a obras excelentes, nao deixan-do de nos ajuntar, como e costume de al-guns, mas encorajando-nos uns aos ou-tros, e tanto mais quanto vedes chegar o

6, 7. Como a congregacao crista hoje estacumprindo a comissao dada por Jesus de pregara todas as nacoes?8. De que maneira os membros da congregacaosao abencoados individualmente?

“CHEIOS DE ESP´IRITO SANTO” 23

Muito do que acontece nos primeiros cap´ıtu-

los do livro de Atos se passa em Jerusal´em.

Essa cidade se localiza entre as colinas da cor-

dilheira central da Judeia, cerca de 55 quilˆo-

metros a leste do mar Mediterrˆaneo. Em

1070 AEC, o Rei Davi conquistou a fortaleza

que ficava no topo do monte Si˜ao, localizado

nessa cordilheira, e a cidade que cresceu em

volta dessa fortaleza se tornou a capital da an-

tiga nac˜ao de Israel.

Pr´oximo ao monte Si

˜ao est

´a o monte Mo-

ri´a, onde, de acordo com a antiga tradic

˜ao

judaica, Abra˜ao tentou sacrificar Isaque, uns

1.900 anos antes dos eventos descritos em

Atos. O monte Mori´a passou a fazer parte de

Jerusal´em quando Salom

˜ao construiu o pri-

meiro templo de Jeov´a no seu topo. Essa cons-

truc˜ao se tornou o centro da adorac

˜ao e da

vida p´ublica dos judeus.

Judeus devotos de todas as partes se reu-

niam no templo de Jeov´a para oferecer sacrif

´ı-

cios, prestar adorac˜ao e observar as

festividades peri´odicas. Eles faziam isso em

obediˆencia ao mandamento de Deus: “Tr

ˆes ve-

zes no ano, todo macho teu deve comparecer

perante Jeov´a, teu Deus, no lugar que ele es-

colher.” (Deut. 16:16) Jerusal´em tamb

´em era

a sede do Grande Sin´edrio — supremo tribunal

judaico e conselho administrativo nacional.

JERUSAL´

EM

— CENTRO DO JUDA´ISMO

Page 26: De Testemunho Cabal

dia.” (Heb. 10:24, 25) A congregacao cristae uma provisao de Jeova para que vocepossa encorajar outros e tambem ser en-corajado. Permaneca achegado a seus ir-maos espirituais. Nunca deixe de estarpresente as reunioes cristas!

“Cada um os ouvia falar no seu pr´oprio

idioma” (Atos 2:5-13)

9 Imagine como aquele diversificadogrupo de judeus e proselitos deve ter fica-do emocionado no Pentecostes de 33 EC.´E provavel que a maioria dos presentes ti-vesse um idioma em comum, talvez o gre-go ou o hebraico. Mas agora “cada umos ouvia [ou seja, os discıpulos] falar noseu proprio idioma”. (Atos 2:6) Ouvir asboas novas em sua lıngua materna comcerteza tocou o coracao daqueles ouvin-tes. Naturalmente, os cristaos de hoje naopossuem o dom milagroso de falar em lın-guas estrangeiras. No entanto, muitos setem colocado a disposicao para divulgar amensagem do Reino a pessoas de todasas nacionalidades. Como? Alguns apren-dem um novo idioma para poder apoiaruma congregacao de lıngua estrangeiraem sua regiao ou ate para se mudar paraoutro paıs. Com frequencia, eles obser-vam que os ouvintes ficam admirados pe-los seus esforcos.

10 Veja o caso de Christine, que fez umcurso de guzerate com outras sete Teste-munhas de Jeova. Ao encontrar com umacolega de trabalho cuja lıngua maternae o guzerate, Christine a cumprimentounesse idioma. A mulher ficou impressio-

nada e quis saber por que ela estava se esforcando para aprender gu-zerate. Christine pode entao dar um excelente testemunho. A mulherdisse-lhe: “Nenhuma outra religiao incentivaria seus membros a apren-der uma lıngua tao difıcil. Voces devem ter algo muito importante paradizer.”

9, 10. Como alguns se tem colocado a disposicao para pregar aos que falam outroidioma?

No per´ıodo abrangido pelo livro de Atos,

Roma era a maior e, politicamente, a mais im-portante cidade do mundo conhecido naquela´epoca. Era a capital de um imp

´erio que, no seu

auge, estendia-se desde a Bretanha at´e o Nor-

te da´Africa, e desde o oceano Atl

ˆantico at

´e o

golfo P´ersico.

Em Roma havia uma grande mistura de cul-turas, racas, l

´ınguas e superstic

˜oes. Uma rede

de estradas bem cuidadas trazia`a cidade via-

jantes e mercadorias de todos os cantos doimp

´erio. Pr

´oximo dali, no porto de

´Ostia, navios

de rotas comerciais movimentadas descarre-gavam alimentos e artigos de luxo que seriamusados na cidade.

No primeiro s´eculo EC, bem mais de um

milh˜ao de pessoas viviam em Roma. Talvez

metade da populac˜ao fosse composta de

escravos — criminosos condenados, filhosvendidos ou abandonados pelos pais e pri-sioneiros capturados durante campanhas daslegi

˜oes romanas. Entre os levados a Roma

como escravos estavam judeus de Jerusal´em.

Isso aconteceu logo ap´os a conquista des-

sa cidade pelo general romano Pompeu em63 AEC.

A maior parte das pessoas livres era mui-to pobre; dependia de subs

´ıdios do governo e

morava em alojamentos superlotados, de v´a-

rios andares. Os imperadores, por´em,

adornavam sua capital com alguns dos maismajestosos edif

´ıcios p

´ublicos j

´a vistos. Entre

esses havia teatros e grandes est´adios que

apresentavam pecas teatrais, lutas de gladia-dores e corridas de bigas (carros romanos)— tudo para o entretenimento gratuito dasmassas.

ROMA — CAPITAL DE UM IMP´

ERIO

Page 27: De Testemunho Cabal

11´

E claro que nem todos nos podemos aprender uma nova lıngua,mas podemos estar preparados para pregar a mensagem do Reino apessoas que falam outros idiomas. Como? Uma maneira e usar o folhe-to Boas Novas para Pessoas de Todas as Nacoes. Esse folheto con-tem uma mensagem breve em varios idiomas. Observe um caso emque essa publicacao foi bem usada. Uma famılia de Testemunhas deJeova visitou tres parques nacionais pouco depois do lancamento do fo-lheto. Nesses locais, encontraram pessoas das Filipinas, da Holanda,da

´India e do Paquistao. O marido disse:

“Apesar de todas elas falarem um poucode ingles, ficaram muito impressionadasquando lhes mostramos a mensagem emsua propria lıngua, mesmo estando a mi-lhares de quilometros de casa. Elas pude-ram notar claramente a natureza interna-cional de nossa obra e a uniao que haentre nos.”

“Pedro pˆos-se de p

´e” (Atos 2:14-37)

12 “Pedro pos-se de pe” para falar com amultidao de varias nacionalidades. (Atos2:14) A todos que estavam dispostos aouvir, ele explicou que o dom milagro-so de falar em lınguas tinha sido dadopor Deus em cumprimento da profecia deJoel: “Derramarei meu espırito sobre todasorte de carne.” (Joel 2:28) Antes de as-cender ao ceu, Jesus disse a seus discıpu-los: “Eu solicitarei ao Pai e ele vos daraoutro ajudador”, o qual Jesus identificoucomo “o espırito”. — Joao 14:16, 17.

13 Ao concluir seu discurso, Pedro foifranco ao dizer: “Que toda a casa de Is-rael saiba com certeza que Deus o fez tan-to Senhor como Cristo, a este Jesus, aquem pregastes numa estaca.” (Atos 2:36)

11. Como podemos fazer bom uso do folhetoBoas Novas para Pessoas de Todas as Nacoes?12. (a) Como a profecia de Joel ja apontava parao evento milagroso que ocorreu no Pentecostesde 33 EC? (b) Por que se esperava um cumpri-mento da profecia de Joel no primeiro seculo?13, 14. Como Pedro se esforcou para tocar ocoracao de seus ouvintes, e como podemosimita-lo?

“CHEIOS DE ESP´IRITO SANTO” 25

O livro The History of the Jewish People inthe Age of Jesus Christ (175 B.C.–A.D. 135)(Hist

´oria do Povo Judeu no Tempo de Jesus

Cristo [175 a.C.–135 a.D.]) declara: “Na Me-sopot

ˆamia, M

´edia e Babil

ˆonia moravam os

descendentes de membros do reino de deztribos [de Israel] e do reino de Jud

´a que ha-

viam sido deportados para l´a pelos ass

´ırios e

babilˆonios.” De acordo com Esdras 2:64, ape-

nas 42.360 homens israelitas, junto com suasesposas e filhos, retornaram a Jerusal

´em de-

pois do ex´ılio em Babil

ˆonia. Isso aconteceu em

537 AEC. O historiador judeu Fl´avio Josefo dis-

se que, no primeiro s´eculo EC, os judeus que

“moravam na regi˜ao de Babil

ˆonia” chegavam

a dezenas de milhares. Entre o terceiro e oquinto s

´eculos EC, as comunidades judaicas

ali produziram a obra conhecida como Talmu-de Babil

ˆonico.

Existem provas documentais que indicamque os judeus estavam presentes no Egitoj´a no sexto s

´eculo AEC. Durante esse per

´ıo-

do, Jeremias proclamou uma mensagem aosjudeus que viviam em v

´arios lugares do Egi-

to, incluindo Mˆenfis. (Jer. 44:1, nota)

´E bem

prov´avel que um grande n

´umero de judeus te-

nha imigrado para o Egito durante o per´ıodo

helen´ıstico. Josefo disse que os judeus esta-

vam entre os primeiros a se estabelecer emAlexandria. Com o tempo, uma parte inteirada cidade foi cedida a eles. No primeiro s

´ecu-

lo EC, o escritor judeu Filo afirmou que ummilh

˜ao de seus conterr

ˆaneos moravam no Egi-

to, desde “o lado [que faz divisa com a] L´ıbia

at´e a fronteira com a Eti

´opia”.

JUDEUS NA MESOPOTˆ

AMIA E NO EGITO

Page 28: De Testemunho Cabal

Evidentemente, a maioria das pessoas ali nao presenciou a morte de Je-sus na estaca de tortura. Mas, como membros da nacao, eles tambemtinham parte da culpa. Note, porem, que Pedro se dirigiu a seus compa-nheiros judeus de modo respeitoso, tentando tocar-lhes o coracao. O ob-jetivo de Pedro nao era condena-los, mas leva-los ao arrependimento.Sera que a multidao se ofendeu com as palavras de Pedro? De forma al-guma. Em vez disso, as pessoas ficaram ‘compungidas no coracao’. Per-guntaram: “O que havemos de fazer?” Sem duvida, o modo positivocomo Pedro falou contribuiu para tocar o coracao de muitos, levando-os a se arrepender. — Atos 2:37.

14 Assim como Pedro, nos tambem pode-mos tentar tocar o coracao das pessoas.Na pregacao, nao precisamos corrigirtodo conceito antibıblico que o mora-dor talvez tenha. Em vez disso, seria me-lhor nos concentrarmos naquilo que te-mos em comum com ele. Se fizermos isso,poderemos raciocinar com tato, usandoa Palavra de Deus. Em geral, as pessoassinceras aceitam nossa mensagem commais facilidade quando apresentamos asverdades bıblicas dessa forma.

“Cada um de v´os seja batizado”

(Atos 2:38-47)

15 No emocionante dia do Pentecostes de33 EC, Pedro disse a judeus e proselitosreceptivos: “Arrependei-vos, e cada um devos seja batizado.” (Atos 2:38) Em resulta-do disso, cerca de 3 mil pessoas foram bati-zadas, provavelmente em reservatorios emJerusalem ou perto dali.� Eles agiram porimpulso? Sera que esse relato serve de pre-cedente para que estudantes da Bıblia oufilhos de pais cristaos se apressem a se ba-

� Para efeito de comparacao, em 7 de agosto de1993, num congresso internacional das Testemu-nhas de Jeova em Kiev, Ucrania, 7.402 pessoas fo-ram batizadas em seis piscinas, o que levou duashoras e quinze minutos.

15. (a) O que Pedro disse a judeus e proselitos,e qual foi o resultado? (b) Por que milhares queouviram as boas novas no Pentecostes de 33 ECpuderam qualificar-se para o batismo naquelemesmo dia?

26 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Entre os que ouviram o discurso de Pedro

no Pentecostes de 33 EC estavam judeus de

Ponto, um distrito no norte da´Asia Menor.

(Atos 2:9) Pelo visto, alguns deles levaram

as boas novas`a sua terra natal ao voltarem

para casa, pois entre aqueles a quem Pedro

dirigiu a sua primeira carta estavam os que

haviam sido “espalhados” por lugares como

Ponto.� (1 Ped. 1:1) Sua carta revela que es-

ses crist˜aos estavam “contristados por v

´arias

provac˜oes” que sofreram em resultado de sua

f´e. (1 Ped. 1:6) Sem d

´uvida, essas inclu

´ıam

oposic˜ao e perseguic

˜ao.

Cartas trocadas entre Pl´ınio, o Moco, gover-

nador da prov´ıncia romana da Bit

´ınia e Ponto,

e o Imperador Trajano fazem alus˜ao a outras

provac˜oes que os crist

˜aos enfrentaram em

Ponto. Foi dali que, em 112 EC, Pl´ınio rela-

tou em uma de suas cartas que a “praga” do

cristianismo ameacava todas as pessoas, in-

dependentemente de sexo, idade ou posic˜ao

social. Pl´ınio dava aos acusados de ser cris-

t˜aos a oportunidade de negar isso, e aqueles

que se recusavam eram executados. Qualquer

um que amaldicoasse a Cristo ou rezasse aos

deuses ou`a est

´atua de Trajano era libertado.

Pl´ınio admitiu que essas eram coisas que ‘n

˜ao

se podia obrigar os que eram realmente cris-

t˜aos’ a fazer.

� O termo grego traduzido “espalhados” tamb´em pode

ser vertido “da Di´aspora”. Essa express

˜ao tem conotac

˜oes

judaicas, indicando que muitos dos primeiros convertidoseram de comunidades judaicas.

O CRISTIANISMO EM PONTO

Page 29: De Testemunho Cabal

“Tanto judeus como pros´elitos” escutaram a

pregac˜ao de Pedro no Pentecostes de 33 EC.

— Atos 2:10.

Um dos homens designados para cuidar da

“incumbˆencia necess

´aria” de distribuir ali-

mentos diariamente foi Nicolau, identificado

como “pros´elito de Antioquia”. (Atos 6:3-5)

Os pros´elitos eram gentios (n

˜ao judeus) que

se tinham convertido ao juda´ısmo. Eles eram

considerados judeus em todos os sentidos,

pois aceitavam o Deus e a Lei de Israel, rejei-

tavam todos os outros deuses, submetiam-se`a circuncis

˜ao (no caso dos homens) e torna-

vam-se parte da nac˜ao de Israel.

Depois que os judeus foram libertados do

ex´ılio em Babil

ˆonia, em 537 AEC, muitos de-

les se estabeleceram longe da terra de Israel,

mas continuaram a praticar o juda´ısmo. Por

causa disso, pessoas por todo o antigo Orien-

te M´edio e outros lugares tiveram contato com

a religi˜ao judaica. Antigos escritores, como

Hor´acio e S

ˆeneca, confirmam que in

´umeras

pessoas em diferentes terras simpatizaram

com os judeus e suas crencas, e passaram a

se associar com eles, tornando-se pros´elitos.

QUEM ERAM OS PROS´

ELITOS?

tizar antes de estarem prontos? De modoalgum. Lembre-se de que aqueles judeus eproselitos que foram batizados no Pente-costes de 33 EC eram aplicados estudan-tes da Palavra de Deus e faziam parte deuma nacao que antes era dedicada a Jeova.Alem disso, eles ja estavam demonstran-do seu zelo — em alguns casos, viajandograndes distancias para estarem presentesa essa festividade anual. Depois de aceita-rem as verdades vitais a respeito do papelde Jesus Cristo no cumprimento do pro-posito de Deus, eles estavam prontos paracontinuar servindo a Deus — mas agoracomo seguidores batizados de Cristo.

16 Aquele grupo com certeza tinha a ben-cao de Jeova. O relato diz: “Todos os que setornavam crentes estavam unidos em te-rem todas as coisas em comum, e foramvender as suas propriedades e bens, e dis-tribuir a receita entre todos, conforme al-guem tivesse necessidade.”� (Atos 2:44, 45)Certamente, todos os cristaos verdadeirosquerem imitar esse espırito de amor e ab-negacao.

17 A Bıblia mostra que, antes da dedica-cao e do batismo cristaos, varios passos sao necessarios. A pessoa preci-sa obter conhecimento da Palavra de Deus. (Joao 17:3) Ela tem de exercerfe e demonstrar genuıno arrependimento de seu anterior modo de vida.(Atos 3:19) Daı, precisa converter-se, ou dar meia-volta, e passar a agir emharmonia com a vontade de Deus. (Rom. 12:2; Efe. 4:23, 24) Depois de daresses passos, a pessoa dedica-se a Deus em oracao e entao e batizada.— Mat. 16:24; 1 Ped. 3:21.

18 Voce e um discıpulo dedicado e batizado de Jesus Cristo? Em casoafirmativo, seja grato pelo privilegio que recebeu. Como os discıpulos doprimeiro seculo que ficaram cheios de espırito santo, voce tambem podereceber poder de Jeova para dar testemunho cabal e fazer a vontade dele!

� Essa medida temporaria foi necessaria porque os visitantes permaneceram em Je-rusalem para obter mais instrucao espiritual. Foi uma acao voluntaria e nao deve serconfundida com alguma forma de comunismo. — Atos 5:1-4.

16. Como os cristaos do primeiro seculo demonstraram um espırito de abnegacao?17. Que passos sao necessarios para alguem se qualificar para o batismo?18. Que privilegio esta disponıvel para os discıpulos batizados de Cristo?

Page 30: De Testemunho Cabal

O SOL da tarde brilha sobre a multidao. Judeus devotos e discıpulos deCristo entram no complexo do templo. Logo sera “a hora da oracao”.� (Atos2:46; 3:1) Espremidos no meio da multidao, Pedro e Joao caminham emdirecao ao portao do templo chamado Belo, cujas portas imponentes saorevestidas de reluzente bronze da cidade de Corinto. Uma voz se sobres-sai no barulho da conversa e de pes arrastando no chao: um mendigo demeia-idade, manco de nascenca, clama por esmolas. — Atos 3:2; 4:22.

2`

A medida que Pedro e Joao se aproximam, o mendigo pede dinheirousando as mesmas palavras de sempre. Os apostolos param, o que cha-ma a atencao do homem e o deixa na expectativa de receber algo. “Nao pos-suo prata nem ouro”, diz Pedro, “mas o que tenho e o que te dou: Em nomede Jesus Cristo, o nazareno, anda!” Pedro segura o homem pela mao eo ajuda a levantar. Imagine a surpresa da multidao ao ver o homem man-co ficar de pe pela primeira vez na vida! (Atos 3:6, 7) Consegue visualizaro homem olhando admirado para suas pernas curadas, tentando dar seusprimeiros passos? Nao e para menos que ele comeca a pular de um ladopara outro e a louvar a Deus com alta voz!

3 Pasmada, a multidao corre ate Pedro e Joao, que estao na colunata deSalomao. Ali, no mesmo lugar em que Jesus muitas vezes ficava de pe eensinava, Pedro lhes diz o real significado do que acaba de acontecer.(Joao 10:23) Ele oferece a multidao e ao homem anteriormente manco umpresente mais valioso do que prata ou ouro. Esse presente envolve muitomais do que apenas saude restaurada.

´E a oportunidade de eles se arre-

penderem, de terem os pecados apagados e de se tornarem seguidores do“Agente Principal da vida” designado por Jeova, Jesus Cristo. — Atos 3:15.

4 Que dia marcante! Uma pessoa foi curada e agora podia andar. Outrosmilhares receberam a oportunidade de ser curados em sentido espiritual

� Oracoes eram feitas no templo junto com os sacrifıcios da manha e da noitinha.O sacrifıcio da noitinha ocorria na “nona hora”, ou seja, por volta das 15 horas.

1, 2. Que milagre Pedro e Joao realizaram perto do portao do templo?3. Que presente inigualavel e oferecido ao homem anteriormente manco e amultidao?4. (a) A cura milagrosa preparou o cenario para que confronto? (b) Que duasperguntas serao respondidas?

C A P´I T U L O 4

“Homens indoutos e comuns”Os ap

´ostolos agem com coragem

e Jeov´

a os abencoa

Baseado em Atos 3:1–5:11

28

Page 31: De Testemunho Cabal

a fim de que pudessem andar de um modo digno de Deus. (Col. 1:9, 10)Alem disso, os eventos daquele dia prepararam o cenario para um con-fronto entre os leais seguidores de Cristo e autoridades que tentariam im-pedi-los de cumprir o mandamento de Jesus de pregar a mensagem do Rei-no. (Atos 1:8) O que podemos aprender dos metodos usados e da atitudedemonstrada por Pedro e Joao — “homens indoutos e comuns” — ao da-rem testemunho a multidao?� (Atos 4:13) E de que forma podemos imitara maneira como eles e os outros discıpulos lidaram com a oposicao?

N˜ao “por interm

´edio de poder pessoal” (Atos 3:11-26)

5 Pedro e Joao ficaram de pe diante da multidao, sabendo que alguns alitalvez tivessem exigido que Jesus fosse executado na estaca. (Mar. 15:8-15;Atos 3:13-15) Pense na coragem que Pedro demonstrou ao declarar deste-midamente que o homem manco tinha sido curado no nome de Jesus. Pe-dro nao amenizou a verdade. De modo franco ele expos a parcela de culpaque a multidao tinha na morte de Cristo. Apesar disso, Pedro nao guarda-va ressentimento daquelas pessoas, pois haviam ‘agido em ignorancia’.(Atos 3:17) Ele tentou tocar-lhes o coracao, dirigindo-se a eles como a ir-maos e concentrando-se nos aspectos positivos da mensagem do Reino.Se eles se arrependessem e tivessem fe em Cristo, viriam “epocas de refri-gerio” da parte de Jeova. (Atos 3:19) Da mesma forma, nos precisamos sercorajosos e francos ao declarar o julgamento de Deus que esta por vir. Aomesmo tempo, nunca devemos ser rudes, duros ou crıticos. Em vez disso,encaramos aqueles a quem pregamos como irmaos em potencial e, iguaisa Pedro, nos nos concentramos principalmente nos aspectos positivos damensagem do Reino.

6 Os apostolos eram homens modestos. Eles nao tomaram para si o cre-dito daquele milagre que realizaram. Pedro disse a multidao: “Por que es-tais fitando os olhos em nos como se nos o tivessemos feito andar por in-termedio de poder pessoal ou de devocao piedosa?” (Atos 3:12) Pedro e osoutros apostolos sabiam que qualquer bem que realizassem no ministe-rio se devia ao poder de Deus, nao ao seu proprio. Por isso, eles modesta-mente dirigiram a Jeova e a Jesus todo o louvor por suas realizacoes.

7 Nos tambem precisamos ser modestos ao participar na obra de prega-cao do Reino.

´E verdade que o espırito de Deus nao habilita os cristaos

atuais a realizar curas milagrosas. Mesmo assim, podemos ajudar as pes-soas a desenvolver fe em Deus e em Cristo e a receber aquele mesmo pre-sente que Pedro ofereceu: a oportunidade de ter seus pecados perdoados

� Veja os quadros “Pedro — de pescador a ativo apostolo”, na pagina 30, e “Joao — odiscıpulo que Jesus amava”, na pagina 33.

5. O que aprendemos da maneira como Pedro falou a multidao?6. Como Pedro e Joao demonstraram humildade e modestia?7, 8. (a) Que presente podemos oferecer as pessoas? (b) Como a promessa de haverum “restabelecimento de todas as coisas” esta se cumprindo hoje?

“HOMENS INDOUTOS E COMUNS” 29

Page 32: De Testemunho Cabal

Nas Escrituras, Pedro´e identificado por cinco

nomes. Ele´e conhecido como Sime

˜ao em hebrai-

co, e pelo seu equivalente grego, Sim˜ao; e como

Pedro e seu equivalente sem´ıtico, Cefas. O ap

´os-

tolo tamb´em

´e identificado como Sim

˜ao Pedro,

uni˜ao de dois de seus nomes. — Mat. 10:2; 16:16;

Jo˜ao 1:42; Atos 15:14.

Pedro era casado, e sua sogra e seu irm˜ao mo-

ravam com ele. (Mar. 1:29-31) Ele era pescador

de Betsaida, cidade na margemnorte do mar da Galileia. (Jo

˜ao

1:44) Mais tarde, morou em Ca-farnaum, perto de Betsaida. (Luc.4:31, 38) Jesus estava no barco dePedro quando se dirigiu a uma mul-tid

˜ao que se reuniu na margem do

mar da Galileia. Logo depois dis-so, sob a orientac

˜ao de Jesus, por

meio de um milagre Pedro apa-nhou uma grande quantidade depeixes. Pedro ajoelhou-se, toma-do de medo; mas Jesus disse-lhe:“Para de estar com medo. Dora-vante apanhar

´as vivos a homens.”

(Luc. 5:1-11) Pedro pescava comseu irm

˜ao Andr

´e, bem como com

Tiago e Jo˜ao. Os quatro abandona-

ram seu neg´ocio pesqueiro quando

aceitaram o convite de Jesus para

se tornarem seus seguidores. (Mat. 4:18-22; Mar.1:16-18) Mais ou menos um ano depois, Pedroestava entre os 12 que Jesus escolheu como“ap

´ostolos”, que significa “enviados”. — Mar.

3:13-16.

Jesus escolhia Pedro, Tiago e Jo˜ao para acompa-

nh´a-lo em ocasi

˜oes especiais. Eles presenciaram

a transfigurac˜ao de Jesus, testemunharam a res-

surreic˜ao da filha de Jairo e viram a aflic

˜ao de

Jesus no jardim de Getsˆemani. (Mat. 17:1, 2;

26:36-46; Mar. 5:22-24, 35-42; Luc. 22:39-46)Os tr

ˆes, junto com Andr

´e, perguntaram a Jesus a

respeito do sinal de sua presenca. — Mar. 13:1-4.

Pedro era direto, ativo e`as vezes agia por im-

pulso. Parece que ele costumava falar antes dosoutros ap

´ostolos. Nos Evangelhos, encontramos

mais palavras de Pedro do que de todos os outros11 ap

´ostolos juntos. Em geral, era Pedro quem

fazia as perguntas e os outros ficavam calados.(Mat. 15:15; 18:21; 19:27-29; Luc. 12:41; Jo

˜ao

13:36-38) Foi ele que n˜ao quis que Jesus lavasse

seus p´es e, depois, ao ser repreendido, pediu que

Jesus lhe lavasse tamb´em as m

˜aos e a cabeca!

— Jo˜ao 13:5-10.

Fortes emoc˜oes levaram Pedro a tentar conven-

cer Jesus de que este n˜ao teria de sofrer nem

de ser morto. Jesus o repreendeu por essa fal-

ta de crit´erio. (Mat. 16:21-23) Na

´ultima noite de Jesus na Terra, Pe-dro disse que mesmo que todos osoutros ap

´ostolos abandonassem a

Jesus, ele nunca faria isso. QuandoJesus foi preso por seus inimigos,a coragem levou Pedro a defenderJesus com uma espada e mais tar-de a segui-lo at

´e o p

´atio da casa

do sumo sacerdote. Apesar disso,n

˜ao muito tempo depois, Pedro ne-

gou seu Mestre trˆes vezes e, ao se

dar conta do que havia feito, cho-rou amargamente. — Mat. 26:31-35, 51, 52, 69-75.

Pouco antes de Jesus aparecerpela primeira vez a seus ap

´ostolos

na Galileia ap´os sua ressurreic

˜ao,

Pedro disse que ia pescar, e outrosap

´ostolos foram com ele. De seu

barco, Pedro reconheceu Jesus na praia e, agindopor impulso, jogou-se na

´agua e nadou at

´e ele. Je-

sus estava preparando alguns peixes para seusap

´ostolos. Durante a refeic

˜ao, Jesus perguntou a

Pedro: ‘Amas-me mais do que a estes?’ referin-do-se aos peixes na frente deles. Jesus estavaincentivando Pedro a segui-lo por tempo integralem vez de se empenhar por uma carreira, como apescaria. — Jo

˜ao 21:1-22.

Por volta de 62-64 EC, Pedro divulgou as boasnovas em Babil

ˆonia, no atual Iraque, onde havia

uma grande populac˜ao de judeus. (1 Ped. 5:13)

Em Babilˆonia, Pedro escreveu a primeira, e possi-

velmente a segunda, das duas cartas inspiradasque levam seu nome. Jesus confiou a Pedro “ospoderes necess

´arios a um apostolado para com

os circuncisos”. (G´al. 2:8, 9) Com compaix

˜ao e vi-

gor, Pedro cumpriu sua comiss˜ao.

PEDRO — DE PESCADOR A ATIVO AP´

OSTOLO

Page 33: De Testemunho Cabal

e ser revigorados por Jeova. Todos os anos, centenas de milhares aceitamessa oportunidade e se tornam discıpulos batizados de Cristo.

8 Realmente, estamos vivendo no perıodo a que Pedro se referiu como“os tempos do restabelecimento de todas as coisas”. Em cumprimento dapalavra que “Deus falou por intermedio da boca dos seus santos profetasdos tempos antigos”, o Reino foi estabelecido no ceu em 1914. (Atos 3:21;Sal. 110:1-3; Dan. 4:16, 17) Pouco depois, Cristo comecou a supervisionara obra de restauracao espiritual na Terra. Em resultado disso, milhoestem sido atraıdos ao paraıso espiritual, tornando-se suditos do Reino deDeus. Eles se despiram da velha e corrompida personalidade e ‘se revesti-ram da nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus’.(Efe. 4:22-24) Como no caso da cura do mendigo manco, essa impressio-nante obra nao e realizada por esforcos humanos, mas pelo espırito deDeus. Assim como Pedro, devemos usar a Palavra de Deus de modo cora-joso e eficaz para ensinar outros. Qualquer exito que talvez tenhamos emajudar pessoas a se tornarem discıpulos de Cristo se deve ao poder deDeus, nao ao nosso proprio.

“N˜ao podemos parar de falar” (Atos 4:1-22)

9 O discurso de Pedro e o fato de o homem antes manco ter pulado e gri-tado de alegria causaram grande comocao. Diante disso, o capitao do tem-plo, responsavel pela seguranca da area do templo, e os principais sacer-dotes imediatamente foram investigar o assunto.

´E bem provavel que esses

homens fossem saduceus, uma seita rica e com grande poder polıtico quese esforcava em manter relacoes pacıficas com os romanos. Eles tambemrejeitavam a lei oral, tao prezada pelos fariseus, e desprezavam a crencana ressurreicao.� Imagine como eles ficaram furiosos ao encontrar Pedroe Joao no templo corajosamente ensinando que Jesus havia sido ressus-citado!

10 Os furiosos opositores jogaram Pedro e Joao na prisao e os levarama forca ate o supremo tribunal judaico no dia seguinte. Do ponto de vistadaqueles governantes arrogantes, Pedro e Joao eram “homens indoutos ecomuns” e nao tinham o direito de ensinar no templo. Eles nao tinham es-tudado em nenhuma escola religiosa reconhecida. No entanto, seu deste-mor e sua conviccao deixaram o tribunal admirado. Como Pedro e Joaoconseguiam falar tao bem? Uma das razoes era que eles “costumavam es-tar com Jesus”. (Atos 4:13) Seu Mestre os havia ensinado com verdadeiraautoridade, nao como os escribas. — Mat. 7:28, 29.

11 O tribunal ordenou que os apostolos parassem de pregar. Naquelasociedade, as ordens do tribunal tinham muito peso. Apenas algumas

� Veja o quadro “O sumo sacerdote e os principais sacerdotes”, na pagina 34.

9-11. (a) Como os lıderes judaicos reagiram a mensagem de Pedro e Joao? (b) O queos apostolos estavam decididos a fazer?

“HOMENS INDOUTOS E COMUNS” 31

Page 34: De Testemunho Cabal

semanas antes, esse mesmo tribunal havia declarado que Jesus mereciaa morte. (Mat. 26:59-66) Ainda assim, Pedro e Joao nao se sentiram inti-midados. Diante daqueles homens ricos, bem-instruıdos e influentes, Pe-dro e Joao destemidamente, mas com respeito, disseram: “Se e justo, a vis-ta de Deus, escutar antes a vos do que a Deus, julgai-o vos mesmos. Mas,quanto a nos, nao podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvi-mos.” — Atos 4:19, 20.

12 Voce tambem tem esse tipo de coragem? Como se sente quando tem aoportunidade de dar testemunho aosricos, aos bem-instruıdos e aos in-fluentes na sua localidade? E quan-do familiares, colegas de escola ou detrabalho o ridicularizam por causade suas crencas? Sente-se intimida-do? Em caso afirmativo, voce podesuperar esses sentimentos. Quandoesteve na Terra, Jesus ensinou osapostolos a defender suas crencascom confianca e respeito. (Mat. 10:11-18) Depois de ser ressuscitado, Je-sus prometeu a seus discıpulos quecontinuaria com eles “todos os dias,ate a terminacao do sistema de coi-sas”. (Mat. 28:20) Sob a orientacaode Jesus, a atual classe do “escravo”nos ensina a defender nossas cren-cas. (Mat. 24:45-47; 1 Ped. 3:15) Issoe feito por meio de instrucoes rece-bidas nas reunioes congregacionais,como a Escola do Ministerio Teocra-tico, e de publicacoes baseadas na

Bıblia, como o livro Raciocınios a Base das Escrituras. Sera que estamosfazendo bom uso dessas provisoes? Se fizermos isso, nossa coragem e con-viccao vao aumentar. E, como os apostolos, nao permitiremos que nadanos impeca de falar das maravilhosas verdades espirituais ‘que vimos eouvimos’.

“Elevaram . . . as suas vozes a Deus” (Atos 4:23-31)

13 Imediatamente depois de serem soltos da prisao, Pedro e Joao reuni-ram-se com os outros membros da congregacao. Juntos, eles “elevaram . . .as suas vozes a Deus” e oraram pedindo coragem para continuar a pregar.(Atos 4:24) Pedro estava bem ciente da tolice de confiar nas proprias for-cas ao tentar fazer a vontade de Deus. Apenas algumas semanas antes,

12. O que pode ajudar-nos a desenvolver coragem e conviccao?13, 14. O que devemos fazer quando enfrentamos oposicao, e por que?

N˜ao permita que nada impeca voc

ˆe de falar das

maravilhosas verdades espirituais que aprendeu

32 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 35: De Testemunho Cabal

O ap´ostolo Jo

˜ao era um dos filhos de Zebedeu

e irm˜ao do ap

´ostolo Tiago. Parece que sua m

˜ae

era Salom´e, possivelmente irm

˜a de Maria, m

˜ae

de Jesus. (Mat. 10:2; 27:55, 56; Mar. 15:40; Luc.

5:9, 10) Dessa forma, Jo˜ao pode ter sido parente

de Jesus. Pelo visto, a fam´ılia de Jo

˜ao tinha uma

boa condic˜ao financeira. O neg

´ocio

de pesca de Zebedeu era suficien-

temente grande a ponto de ele ter

empregados. (Mar. 1:20) Salom´e

acompanhava Jesus, realizava tare-

fas para ele quando ele estava na

Galileia e, quando ele morreu, ela

comprou aromas a fim de untar o

corpo dele, como parte do processo

de sepultamento. (Mar. 16:1; Jo˜ao

19:40) Pelo visto, Jo˜ao tinha sua

pr´opria casa. — Jo

˜ao 19:26, 27.

Jo˜ao foi um dos disc

´ıpulos de

Jo˜ao Batista. Provavelmente era

ele que estava com Andr´e quando

Jo˜ao Batista olhou para Jesus e dis-

se: “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo˜ao

1:35, 36, 40) Depois dessa oca-

si˜ao, Jo

˜ao, filho de Zebedeu, pelo

visto acompanhou Jesus at´e Can

´a,

onde testemunhou o Seu primeiro

milagre. (Jo˜ao 2:1-11) A forma v

´ı-

vida e a riqueza em detalhes com

que Jo˜ao descreve as atividades

posteriores de Jesus em Jerusa-

l´em, Samaria e na Galileia indicam

que ele tamb´em testemunhou es-

ses eventos. A prontid˜ao com que

Jo˜ao — assim como Tiago, Pedro e Andr

´e — aban-

donou suas redes de pesca, seu barco e seu meio

de vida quando Jesus o convidou a ser Seu segui-

dor comprova sua f´e. — Mat. 4:18-22.

Nos Evangelhos, Jo˜ao n

˜ao se destaca tanto

quanto Pedro. Mas Jo˜ao tamb

´em tinha uma per-

sonalidade forte, como indica o sobrenome que

Jesus deu a ele e a seu irm˜ao Tiago — Boanerges,

que significa “Filhos do Trov˜ao”. (Mar. 3:17) No co-

meco, Jo˜ao queria muito ter destaque, tanto que

ele e seu irm˜ao fizeram com que sua m

˜ae pedis-

se a Jesus que lhes desse posic˜oes privilegiadas

em seu Reino. Embora esse desejo fosse ego´ısta,

tamb´em era evid

ˆencia de sua f

´e em que o Reino

era uma realidade. A ambic˜ao desses dois irm

˜aos

deu a Jesus a chance de aconselhar todos os

seus ap´ostolos sobre a necessidade de demons-

trar humildade. — Mat. 20:20-28.

Jo˜ao manifestou sua forte perso-

nalidade quando tentou impedir que

certo homem expulsasse demˆonios

em nome de Jesus, visto que esse

homem n˜ao era um dos Seus se-

guidores. Em outra ocasi˜ao, Jesus

enviou mensageiros a uma aldeia sa-

maritana a fim de fazer alguns

preparativos para ele. Visto que as

pessoas ali se recusaram a receber

Jesus, Jo˜ao estava pronto para pedir

fogo do c´eu para destruir os habi-

tantes daquela aldeia. Por causa de

atitudes como essas, Jesus repreen-

deu Jo˜ao. Tudo indica que, com o

tempo, Jo˜ao passou a ser mais equi-

librado e misericordioso, qualidades

que antes aparentemente lhe falta-

vam. (Luc. 9:49-56) Apesar de suas

falhas, por´em, Jo

˜ao era “o disc

´ıpu-

lo a quem Jesus amava”. Por isso,

quando estava para morrer, Jesus

confiou sua m˜ae, Maria, aos cuida-

dos de Jo˜ao. — Jo

˜ao 19:26, 27; 21:7,

20, 24.

Jo˜ao viveu mais tempo do que os

outros ap´ostolos, como Jesus tinha

profetizado. (Jo˜ao 21:20-22) Jo

˜ao serviu fielmen-

te a Jeov´a por uns 70 anos. Perto do fim de sua

vida, durante o governo do imperador romano Do-

miciano, Jo˜ao foi exilado na ilha de Patmos “por ter

falado a respeito de Deus e ter dado testemunho de

Jesus”. Ali, por volta de 96 EC, Jo˜ao recebeu as

vis˜oes que registrou no livro de Revelac

˜ao. (Rev.

1:1, 2, 9) Segundo a tradic˜ao, ao ser libertado, Jo

˜ao

foi para´

Efeso, onde morreu por volta de 100 EC de-

pois de ter escrito o Evangelho que leva seu nome

e as cartas conhecidas como 1, 2 e 3 de Jo˜ao.

JO˜

AO — O DISC´IPULO QUE JESUS AMAVA

Page 36: De Testemunho Cabal

O sumo sacerdote representava o povo pe-

rante Deus. No primeiro s´eculo EC, ele

tamb´em presidia o Sin

´edrio. Junto com ele,

como l´ıderes dos judeus, estavam os prin-

cipais sacerdotes. Esse grupo era composto

por ex-sumos sacerdotes, como An´as, e por

homens de fam´ılias das quais os sumos sacer-

dotes eram escolhidos. Existiam talvez apenas

quatro ou cinco dessas fam´ılias. “O simples

fato de pertencer a uma das fam´ılias pri-

vilegiadas”, escreveu o erudito Emil Sch¨urer,

“devia conferir [`a pessoa] certo grau de prest

´ı-

gio” entre os sacerdotes.

As Escrituras indicam que o sumo sacer-

d´ocio era vital

´ıcio. (N

´um. 35:25) Durante o

per´ıodo abrangido pelo livro de Atos, por

´em, os

governadores romanos e os reis que governa-

vam com a permiss˜ao de Roma designavam e

destitu´ıam sumos sacerdotes como bem en-

tendiam. Mesmo assim, parece que quando

esses governantes pag˜aos designavam sumos

sacerdotes, eles os escolhiam da linhagem de

Ar˜ao.

O SUMO SACERDOTE E

OS PRINCIPAIS SACERDOTES

com excesso de confianca, ele havia dito a Jesus: “Ainda que todos os ou-tros tropecem em conexao contigo, eu nunca tropecarei!” Mas, como Je-sus predisse, Pedro logo cedeu ao medo do homem e negou seu amigo einstrutor. No entanto, Pedro aprendeu de seu erro. — Mat. 26:33, 34, 69-75.

14 Para cumprir sua comissao de ser testemunha de Cristo, voce preci-sa ter mais do que apenas determinacao. Quando opositores tentaremdestruir sua fe ou impedi-lo de pregar, siga o exemplo de Pedro e Joao. Orea Jeova pedindo forcas. Busque o apoio da congregacao. Diga aos anciaose a outros cristaos maduros as dificuldades que voce enfrenta. As oracoesde nossos irmaos podem nos dar forcas para perseverar. — Efe. 6:18; Tia.5:16.

15 Se alguma vez voce cedeu a pressao e parou de pregar por um tempo,nao fique desanimado. Lembre-se de que todos os apostolos pararam depregar por um perıodo depois da morte de Jesus, mas logo ficaram ativosnovamente. (Mat. 26:56; 28:10, 16-20) Em vez de permitir que erros passa-dos o desanimem, sera que pode aprender desses erros e usar o que apren-deu para fortalecer outros?

16 Pelo que devemos orar quando autori-dades nos oprimem? Observe que os dis-cıpulos nao pediram para ser poupadosdas provacoes. Eles se lembravam muitobem da declaracao de Jesus: “Se me per-seguiram a mim, perseguirao tambem avos.” (Joao 15:20) Em vez disso, esses leaisdiscıpulos pediram que Jeova ‘desse aten-cao’ as ameacas dos opositores. (Atos 4:29)Fica evidente que os discıpulos enxerga-vam alem das provacoes, reconhecendoque a perseguicao que enfrentavam era, naverdade, cumprimento de profecia. Eles sa-biam que, conforme Jesus os havia ensina-do a orar, a vontade de Deus seria ‘reali-zada na terra’ independentemente do quemeros governantes humanos pudessem di-zer. — Mat. 6:9, 10.

17 A fim de fazerem a vontade de Deus, osdiscıpulos oraram: “Concede aos teus es-cravos que persistam em falar a tua palavracom todo o denodo.” Qual foi a resposta deJeova? Imediatamente “foi abalado o lugar

15. Por que os que talvez tenham paradode pregar por um tempo nao devem ficardesanimados?16, 17. O que aprendemos da oracao feita pelosseguidores de Cristo em Jerusalem?

34 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 37: De Testemunho Cabal

onde estavam ajuntados; e todos juntos ficaram cheios de espırito santoe falaram a palavra de Deus com denodo”. (Atos 4:29-31) Nada pode impe-dir que a vontade de Deus seja feita. (Isa. 55:11) Por maior que sejam osobstaculos, por mais poderoso que seja o adversario, se ‘elevarmos nossavoz a Deus’ em oracao, podemos ter a certeza de que Ele nos dara forcaspara continuarmos a falar Sua palavra com destemor.

Prestaram contas “n˜ao a homens, mas a Deus” (Atos 4:32–5:11)

18 A recem-formada congregacao em Jerusalem logo chegou a mais de5 mil membros.� Apesar de terem diferentes formacoes, os discıpulos ti-nham “um so coracao e alma”. Eles estavam unidos na mesma mente ena mesma maneira de pensar. (Atos 4:32; 1 Cor. 1:10) Os discıpulos faziammais do que apenas pedir a Jeova que abencoasse seus esforcos. Elesapoiavam uns aos outros em sentido espiritual e, quando necessario, emsentido material. (1 Joao 3:16-18) Um exemplo disso foi o discıpulo Jose,chamado de Barnabe pelos apostolos. Ele vendeu um pedaco de terra quepossuıa e doou de coracao todo o valor para ajudar os que tinham vindode longe. Assim eles podiam ficar mais tempo em Jerusalem a fim deaprenderem mais sobre sua nova fe.

19 O casal Ananias e Safira tambem vendeu uma propriedade e fez umacontribuicao. Eles disseram ter dado todo o dinheiro, mas ‘retiveram se-cretamente parte do preco’. (Atos 5:2) Jeova tirou a vida daquele casal, naoporque a quantia doada fosse insuficiente, mas porque a motivacao delesera ma e eles mentiram. Eles ‘trapacearam, nao a homens, mas a Deus’.(Atos 5:4) Como os hipocritas a quem Jesus condenou, Ananias e Safiraestavam mais preocupados em obter a gloria de homens do que a aprova-cao de Deus. — Mat. 6:1-3.

20 Atualmente, milhoes de Testemunhas de Jeova apoiam a obra mun-dial de pregacao por meio de donativos, demonstrando o mesmo espıritode generosidade dos fieis discıpulos do primeiro seculo em Jerusalem.Ninguem e obrigado a dar de seu tempo ou de seu dinheiro para apoiaressa obra. De fato, Jeova nao quer que o sirvamos contra a nossa vonta-de ou por obrigacao. (2 Cor. 9:7) Quando damos algo a Jeova, ele se inte-ressa nao na quantidade, mas na nossa motivacao. (Mar. 12:41-44) Jamaisqueremos ser como Ananias e Safira, permitindo que nosso servico a Deusseja motivado pelo egoısmo ou pelo desejo de obter gloria. Em vez disso,como Pedro, Joao e Barnabe, queremos que o nosso servico a Jeova sejasempre motivado por genuıno amor a ele e ao proximo. — Mat. 22:37-40.

� Em 33 EC, talvez houvesse apenas uns 6 mil fariseus e um numero ainda menorde saduceus em Jerusalem. Essa pode ser outra razao pela qual esses dois gruposse sentiam cada vez mais ameacados pelos ensinos de Jesus.

18. O que os membros da congregacao em Jerusalem faziam uns pelos outros?19. Por que Jeova executou Ananias e Safira?20. O que aprendemos sobre o que Jeova espera quando damos algo a ele?

“HOMENS INDOUTOS E COMUNS” 35

Page 38: De Testemunho Cabal

“Trouxeram-nos assim e os postaramna sala do Sin

´edrio.”

— Atos 5:27

Page 39: De Testemunho Cabal

OS JU´IZES do Sinedrio estao furiosos! Os apostolos de Jesus estao sen-

do julgados perante esse supremo tribunal. Qual o motivo? Jose Cai-fas, o sumo sacerdote e presidente do Sinedrio, dirige-se a eles de formadura: “Nos vos ordenamos positivamente que nao ensinasseis a base des-te nome.” O furioso presidente nao quer nem pronunciar o nome de Je-sus. “E, ainda assim”, continua Caifas, “enchestes Jerusalem com o vossoensino, e estais resolvidos a trazer sobre nos o sangue deste homem”. (Atos5:28) A mensagem e clara: parar de pregar ou sofrer as consequencias!

2 Como os apostolos vao reagir? Sua comissao de pregar foi dada por Je-sus, cuja autoridade havia sido concedida por Deus. (Mat. 28:18-20) Seraque os apostolos vao ceder ao medo do homem e ser silenciados? Ou te-rao a coragem de permanecer firmes e continuar pregando? Na verdade,a questao se resume a isto: A quem eles vao obedecer? A Deus ou aos ho-mens? Sem hesitar, o apostolo Pedro fala por todos os apostolos. Suas pa-lavras sao claras e corajosas.

3 Como cristaos verdadeiros, estamos muito interessados em sabercomo os apostolos reagiram as ameacas do Sinedrio, pois a comissao depregar tambem se aplica a nos. Ao cumprirmos essa designacao dada porDeus, pode ser que nos tambem enfrentemos oposicao. (Mat. 10:22) Osopositores podem tentar limitar ou proibir nossa obra. O que faremos?Para nos ajudar nesse sentido, sera proveitoso considerar a atitude queos apostolos tomaram e os eventos que levaram ao julgamento deles dian-te do Sinedrio.�

“O anjo de Jeov´a abriu as portas” (Atos 5:12-21a)

4 Lembre-se de que na primeira vez que foram ordenados a parar de pre-gar, Pedro e Joao responderam: “Nao podemos parar de falar das coisas

� Veja o quadro “O Sinedrio — supremo tribunal dos judeus”, na pagina 39.

1-3. (a) Por que os apostolos foram levados diante do Sinedrio, e a que se resumea questao? (b) Por que estamos muito interessados na atitude tomada pelosapostolos?4, 5. Por que Caifas e os saduceus ficaram “cheios de ciume”?

C A P´I T U L O 5

“Temos de obedecer a Deuscomo governante”

Os ap´

ostolos tomam uma atitude quepassa a servir de modelo para todos

os crist˜

aos verdadeiros

Baseado em Atos 5:12–6:7

37

Page 40: De Testemunho Cabal

que vimos e ouvimos.” (Atos 4:20) Depois dessa situacao tensa com o Si-nedrio, Pedro, Joao e os outros apostolos continuaram a pregar no templo.Os apostolos realizaram grandes sinais, como curar doentes e expulsardemonios. Eles fizeram isso “na colunata de Salomao”, uma grande areacoberta do lado leste do templo onde muitos judeus costumavam reunir-se. Pelo visto, ate mesmo a sombra de Pedro curava as pessoas! Muitos queforam curados em sentido fısico aceitaram a mensagem de cura espiritual.Em resultado disso, “os crentes no Senhor continuavam a ser acrescidos,multidoes deles, tanto de homens como de mulheres”. — Atos 5:12-15.

5 Caifas e os saduceus, membros da seita religiosa a qual Caifas perten-cia, ficaram “cheios de ciume” e ordenaram que os apostolos fossem joga-dos na prisao. (Atos 5:17, 18) Por que os saduceus estavam furiosos? Osapostolos ensinavam que Jesus tinha sido ressuscitado, mas os saduceusnao acreditavam na ressurreicao. Os apostolos diziam que apenas porexercer fe em Jesus alguem poderia ser salvo; ja os saduceus temiam umarepresalia de Roma se as pessoas passassem a encarar Jesus como lıder.(Joao 11:48) Nao e de admirar que os saduceus estivessem decididos a si-lenciar os apostolos.

6 Hoje tambem os principais fomentadores de perseguicao contra os ser-vos de Jeova sao opositores religiosos. Eles muitas vezes tentam usar suainfluencia na polıtica e na mıdia para silenciar nossa pregacao. Sera quedeverıamos ficar surpresos com isso? Nao. Nossa mensagem expoe a reli-giao falsa. Por aceitarem as verdades da Bıblia, pessoas sinceras sao liber-tadas de crencas e praticas antibıblicas. (Joao 8:32)

´E de estranhar entao

que nossa mensagem muitas vezes leve lıderes religiosos a ficar cheios deodio e ciume?

7 Enquanto aguardavam na prisao seu julgamento, e possıvel que osapostolos se perguntassem se estavam para sofrer martırio as maos dosseus inimigos. (Mat. 24:9) Mas, durante a noite, aconteceu algo surpreen-dente: “O anjo de Jeova abriu as portas da prisao.”� (Atos 5:19) O anjo deu-lhes entao uma orientacao especıfica: ‘Tomem posicao no templo e persis-tam em falar.’ (Atos 5:20) Essa ordem sem duvida assegurou os apostolosde que eles estavam fazendo o que era certo. As palavras do anjo tambemdevem te-los encorajado a permanecer firmes independentemente do queacontecesse. Com forte fe e coragem, os apostolos “entraram no templo demadrugada e comecaram a ensinar”. — Atos 5:21.

8 Cada um de nos faria bem em se perguntar: ‘Sera que eu teria a fe e acoragem necessarias para continuar a pregar em circunstancias simila-

� Essa e a primeira das cerca de 20 referencias diretas a anjos no livro de Atos. An-tes dessa ocorrencia, anjos sao indiretamente mencionados em Atos 1:10 como “ho-mens em roupas brancas”.

6. Quem sao os principais fomentadores de perseguicao contra os servos de Jeovahoje, e por que nao devemos ficar surpresos com isso?7, 8. Que efeito a ordem do anjo sem duvida teve sobre os apostolos, e o quefarıamos bem em nos perguntar?

38 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 41: De Testemunho Cabal

res?’ Podemos nos sentir encorajados por saber que a obra vital de ‘dartestemunho cabal a respeito do reino de Deus’ tem apoio e orientacao an-gelica. — Atos 28:23; Rev. 14:6, 7.

“Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens”(Atos 5:21b-33)

9 Caifas e os outros juızes do Sinedrio agora estavam prontos para cui-dar do caso dos apostolos. Sem saber do que tinha acontecido na prisao,o tribunal mandou que guardas fossem buscar os prisioneiros. Imagine asurpresa dos guardas quando viram que os apostolos nao estavam na pri-sao, embora ela estivesse “fechada com toda a seguranca e [com] os guar-das postos as portas”. (Atos 5:23) Logo o capitao do templo ficou sabendoque os apostolos estavam de novo no templo, dando testemunho sobre Je-sus Cristo — o mesmo motivo pelo qual haviam sido presos! O capitao e osguardas foram imediatamente ao templo para capturar os prisioneiros eescolta-los ate o Sinedrio.

10 Conforme descrito no inıcio deste capıtulo, os furiosos lıderes religio-sos deixaram claro que os apostolos tinham de parar de pregar. Comoos apostolos reagiram? Agindo como por-ta-voz, Pedro respondeu com coragem: “Te-mos de obedecer a Deus como governanteantes que aos homens.” (Atos 5:29) Dessemodo, os apostolos estabeleceram um mo-delo para todos os cristaos verdadeiros. Osgovernantes humanos perdem o direito aobediencia quando proıbem o que Deus re-quer ou exigem o que Deus proıbe. Entao,em nossos dias, o que faremos caso as “au-toridades superiores” proıbam a pregacaodas boas novas? Nao poderemos deixar decumprir nossa designacao dada por Deus.(Rom. 13:1) Assim, encontraremos manei-ras discretas de continuar dando testemu-nho cabal sobre o Reino de Deus.

11 Nao e de surpreender que a reacao co-rajosa dos apostolos tenha levado aquelesjuızes frustrados a ficar ainda mais furio-sos e querer ‘eliminar’ os apostolos. (Atos5:33) O martırio parecia certo para aque-las testemunhas destemidas e zelosas. Maseles receberiam ajuda de uma fonte total-mente inesperada.

9-11. Como os apostolos reagiram a ordem doSinedrio de parar de pregar, e como isso estabe-leceu um modelo para os cristaos verdadeiros?

“TEMOS DE OBEDECER A DEUS COMO GOVERNANTE” 39

Embora a Judeia fosse uma prov´ıncia do

Imp´erio Romano, Roma permitia que os ju-

deus preservassem suas pr´oprias tradic

˜oes

e tivessem certa autonomia. Crimes meno-

res e casos civis eram julgados por tribunais

locais, mas as quest˜oes que esses tribunais

n˜ao podiam decidir eram encaminhadas ao

Sin´edrio, tamb

´em chamado Grande Sin

´e-

drio, em Jerusal´em. O Sin

´edrio funcionava

como supremo tribunal judaico e como con-

selho administrativo nacional. Tamb´em dava

a palavra final quanto`a interpretac

˜ao da lei

judaica, e sua autoridade era respeitada pe-

los judeus em toda a parte.

O Sin´edrio reunia-se na c

ˆamara de deci-

s˜ao, que provavelmente se localizava na´area do templo ou nas suas imediac

˜oes.

O conselho era formado por 71 membros:

o sumo sacerdote, que era o presidente;

outros nobres sacerdotais, incluindo os sa-

duceus; aristocratas leigos e escribas cultos.

As decis˜oes desse tribunal eram definitivas.

O SIN´

EDRIO

— SUPREMO TRIBUNAL DOS JUDEUS

Page 42: De Testemunho Cabal

“N˜ao podereis derrub

´a-los” (Atos 5:34-42)

12 Gamaliel, “instrutor da Lei, estimado por todo o povo”, manifestou-se.�Esse jurista devia ser muito respeitado pelos seus colegas, pois tomou afrente da situacao e ate mesmo “mandou que pusessem os [apostolos]para fora por um pouco de tempo”. (Atos 5:34) Ao mencionar anteriores re-voltas que logo fracassaram apos a morte de seus lıderes, Gamaliel incen-tivou o tribunal a ser paciente e tolerante ao lidar com os apostolos, cujoLıder, Jesus, tinha morrido havia pouco tempo. O argumento de Gamalielera muito convincente: “Nao vos metais com estes homens, mas deixai-osem paz; (porque, se este desıgnio ou esta obra for de homens, sera derru-bada; mas, se for de Deus, nao podereis derruba-los;) senao podereis tal-vez ser realmente achados como lutadores contra Deus.” (Atos 5:38, 39)Os juızes seguiram seu conselho. Mesmo assim, fizeram com que os apos-tolos fossem chibateados e ordenaram “que parassem de falar a base donome de Jesus”. — Atos 5:40.

13 Hoje, assim como no passado, Jeova pode fazer com que homens im-portantes como Gamaliel ajam em favor do Seu povo. (Pro. 21:1) Jeova podeusar seu espırito para levar governantes, juızes ou legisladores poderososa agir em harmonia com sua vontade. (Nee. 2:4-8) Mas, caso ele permitaque ‘soframos pela causa da justica’, podemos estar certos de duas coisas.(1 Ped. 3:14) Primeiro, Deus pode nos dar forcas para perseverar. (1 Cor.10:13) Segundo, os opositores ‘nao poderao derrubar’ a obra de Deus.— Isa. 54:17.

14 Sera que os maus-tratos diminuıram o animo dos apostolos ou enfra-queceram sua determinacao? De modo algum! Eles se “retiraram do Sine-drio, alegrando-se”. (Atos 5:41) “Alegrando-se”? Por que? Sem duvida naofoi por causa da dor provocada pelos maus-tratos. Eles se alegraram por-que sabiam que estavam sendo perseguidos por manter a integridade aJeova e seguir os passos de seu Exemplo, Jesus. — Mat. 5:11, 12.

15 Assim como nossos irmaos do primeiro seculo, nos tambem perseve-ramos com alegria quando sofremos por causa das boas novas. (1 Ped.4:12-14) Embora nao gostemos de ser ameacados, perseguidos ou presos,manter a integridade nos da profunda satisfacao. Veja, por exemplo, o casode Henryk Dornik, que suportou anos de maus-tratos sob governos totali-tarios. Ele se lembra de que em agosto de 1944 as autoridades decidiramenvia-lo junto com seu irmao a um campo de concentracao. Os opositoresdisseram: “

´E impossıvel convence-los a fazer qualquer coisa. Eles gostam

de ser martires.” O irmao Dornik explica: “Eu nao queria ser martir, mas

� Veja o quadro “Gamaliel — estimado entre os rabis”, na pagina 41.

12, 13. (a) Que conselho Gamaliel deu a seus colegas, e o que eles fizeram? (b) ComoJeova pode agir em favor do seu povo hoje, e do que podemos estar certos caso elepermita que ‘soframos pela causa da justica’?14, 15. (a) Como os apostolos reagiram aos maus-tratos que sofreram, e por que?(b) Relate um exemplo que mostre como o povo de Jeova persevera com alegria.

40 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 43: De Testemunho Cabal

sofrer com coragem e dignidade por causada minha lealdade a Jeova realmente medava alegria.” — Tia. 1:2-4.

16 Os apostolos nao perderam tempopara retomar sua obra de testemunho. Semse deixarem intimidar, eles continuaram“cada dia, no templo e de casa em casa”,a obra de “declarar as boas novas a res-peito do Cristo”.� (Atos 5:42) Esses procla-madores zelosos estavam determinados adar testemunho cabal. Observe que eles le-vavam a mensagem as casas das pessoas,conforme Jesus Cristo os havia orientado.(Mat. 10:7, 11-14) Sem duvida, foi assim queconseguiram encher Jerusalem com seusensinos. Hoje, as Testemunhas de Jeovasao conhecidas por seguir esse metodoapostolico de pregacao. Por visitarmos to-das as casas em nosso territorio, deixamosclaro que tambem queremos dar testemu-nho cabal, dando a todos a oportunidadede ouvir as boas novas. Sera que Jeova estaabencoando nosso ministerio de casa emcasa? Com certeza! Milhoes ja aceitaram amensagem do Reino neste tempo do fim, emuitos ouviram as boas novas pela primei-ra vez quando uma Testemunha de Jeovabateu na sua porta.

Homens qualificados para cuidar de uma “incumbˆencia necess

´aria”

(Atos 6:1-6)

17 A recem-formada congregacao enfrentava agora um perigo sutilque surgiu dentro da congregacao. Do que se tratava? Muitos dos discıpu-los que estavam sendo batizados nao eram de Jerusalem e queriam apren-der mais antes de voltar para casa. Essas pessoas precisavam de comida eoutros suprimentos, de modo que os discıpulos voluntariamente doaramdinheiro para atender a essas necessidades. (Atos 2:44-46; 4:34-37) Comisso, surgiu uma situacao delicada. “Na distribuicao diaria” de alimentos,as viuvas que falavam grego “estavam sendo passadas por alto”. (Atos 6:1)

� Veja o quadro “Pregacao ‘de casa em casa’ ”, na pagina 42.

16. Como os apostolos mostraram que estavam determinados a dar testemunhocabal, e como nos seguimos o metodo apostolico de pregacao?17-19. Que questao surgiu que poderia causar divisao, e o que os apostolos fizerampara resolver esse problema?

O Gamaliel mencionado no livro de Atos

costuma ser identificado como Gamaliel, o

Velho, neto de Hilel, o fundador da mais libe-

ral das duas escolas do farisa´ısmo. Gamaliel

ocupava uma posic˜ao de destaque no Sin

´e-

drio e era t˜ao estimado entre os rabis que

foi o primeiro a receber o t´ıtulo honor

´ıfico

“raban”. A M´ıxena diz: “Quando morreu o Ra-

ban Gamaliel, o Velho, cessou a gl´oria da

Lei, e morreram a pureza e a abstinˆencia.”

Atribui-se a ele a implementac˜ao de v

´arias

medidas humanit´arias. “De especial impor-

tˆancia”, diz a Encyclopaedia Judaica, “foi

a sua decis˜ao de permitir que uma mulher

casasse novamente mesmo que houves-

se apenas uma testemunha da morte de

seu marido”. Ele tamb´em teria promulgado

leis que protegiam esposas contra maridos

inescrupulosos e vi´uvas contra filhos ines-

crupulosos, e lutado para que os gentios

pobres tivessem o mesmo direito`a respiga

que os judeus pobres.

GAMALIEL

— ESTIMADO ENTRE OS RABIS

Page 44: De Testemunho Cabal

Mas isso nao acontecia com as que falavam hebraico. Parece, entao, que oproblema envolvia discriminacao. Poucas questoes tem tanto potencial paracausar divisao.

18 Os apostolos, atuando como corpo governante da crescente congrega-cao, reconheceram que nao seria sabio eles ‘deixarem a palavra de Deuspara distribuir comida’. (Atos 6:2) Para resolver esse assunto, eles orienta-ram os discıpulos a procurar sete homens “cheios de espırito e de sabedo-ria” a quem eles pudessem designar para cuidar dessa “incumbencia ne-cessaria”. (Atos 6:3) Era preciso usar homens qualificados porque aquelatarefa envolvia nao apenas distribuir alimentos, mas tambem lidar com di-nheiro, fazer compras e manter registros exatos. Todos os homens escolhi-dos tinham nome grego, o que talvez tenha ajudado as viuvas prejudicadasa ter mais confianca neles. Depois de considerarem as recomendacoes comoracao, os apostolos designaram os sete homens para cuidar dessa “incum-bencia necessaria”.�

19 Sera que cuidar da distribuicao de alimentos significava que aquelessete homens designados estavam agora isentos da responsabilidade de pre-gar as boas novas? Definitivamente nao! Um desses homens escolhidos foiEstevao, que se mostraria uma testemunha corajosa e determinada. (Atos6:8-10) Filipe tambem foi um dos sete e e chamado de “o evangelizador”.(Atos 21:8) Fica evidente entao que os sete homens continuaram a ser ze-losos pregadores do Reino.

� Esses homens provavelmente satisfaziam as qualificacoes basicas para um anciao,pois cuidar dessa “incumbencia necessaria” era um assunto serio. Mas as Escriturasnao indicam com exatidao quando homens comecaram a ser designados anciaos ousuperintendentes da congregacao crista.

42 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Apesar de o Sin´edrio ter proibido a atividade

de pregac˜ao dos disc

´ıpulos, eles continuaram a

pregar e ensinar “cada dia, no templo e de casa

em casa”. (Atos 5:42) O que exatamente signifi-

ca “de casa em casa”?

No grego original, a frase kat�·o´ı·kon literal-

mente significa “segundo [a] casa”. Muitos

tradutores dizem que a palavra ka·t´

a deve ser

entendida no sentido “distributivo”, ou seja, a

pregac˜ao dos disc

´ıpulos era “distribu

´ıda” pe-

las casas. Um uso parecido da palavra ka·t´

a

ocorre em Lucas 8:1, onde diz que Jesus pre-

gou “de cidade em cidade e de aldeia em

aldeia”.

O plural, kat�·o´ı·kous,

´e usado em Atos 20:20.

O ap´ostolo Paulo disse a superintendentes

crist˜aos: “N

˜ao me refreei de . . . vos ensinar

publicamente e de casa em casa.” Que Paulo

n˜ao se referia simplesmente a ensinar na casa

de anci˜aos, como alguns sugerem,

´e indicado

no vers´ıculo seguinte: “Mas, eu dei cabalmente

testemunho, tanto a judeus como a gregos, do

arrependimento para com Deus e da f´e em nos-

so Senhor Jesus.” (Atos 20:21) Companheiros

de adorac˜ao j

´a haviam se arrependido e de-

positado f´e em Jesus. Fica claro ent

˜ao que a

pregac˜ao e o ensino de casa em casa tinha a ver

com dar testemunho aos que n˜ao eram crist

˜aos.

PREGAC˜

AO “DE CASA EM CASA”

Page 45: De Testemunho Cabal

20 O povo de Jeova hoje segue o procedimentoadotado pelos apostolos. Homens recomenda-dos para cuidar de responsabilidades congre-gacionais tem de manifestar sabedoria divinae dar evidencias de que o espırito santo agesobre eles. Sob a orientacao do Corpo Gover-nante, homens que preenchem os requisitosbıblicos sao designados para servir como an-ciaos ou servos ministeriais nas congregacoes.�(1 Tim. 3:1-9, 12, 13) Pode-se dizer que os quepreenchem as qualificacoes foram designadospelo espırito santo. Esses homens diligentescuidam de muitas ‘incumbencias necessarias’.Por exemplo, anciaos podem providenciar ajudapratica para fieis irmaos idosos com reais ne-cessidades. (Tia. 1:27) Alguns anciaos se em-penham em construir Saloes do Reino, organi-zar congressos ou visitar medicos e hospitaispara tratar de assuntos relacionados a ques-tao do sangue. Servos ministeriais cuidam demuitas tarefas que nao envolvem diretamentepastoreio ou ensino. Todos esses homens qua-lificados precisam equilibrar suas responsabi-lidades congregacionais e organizacionais coma designacao dada por Deus de pregar as boasnovas do Reino. — 1 Cor. 9:16.

“A palavra de Deus crescia” (Atos 6:7)

21 Com o apoio de Jeova, a recem-formada congregacao sobreviveu a per-seguicao externa e evitou um problema interno que poderia causar divi-soes. A bencao de Jeova era evidente, pois lemos: “A palavra de Deus cres-cia e o numero dos discıpulos multiplicava-se grandemente em Jerusalem;e uma grande multidao de sacerdotes comecou a ser obediente a fe.” (Atos6:7) Esse e apenas um de varios relatorios do progresso da obra encontra-dos no livro de Atos. (Atos 9:31; 12:24; 16:5; 19:20; 28:31) Nos nossos dias,ouvir relatorios sobre o progresso da obra de pregacao do Reino em outraspartes do mundo nos da muito encorajamento.

22 La no primeiro seculo EC, os enfurecidos lıderes religiosos nao ti-nham a menor intencao de desistir da luta contra os discıpulos. Uma ondade perseguicao estava prestes a comecar. Logo, Estevao seria o alvo de vio-lenta oposicao, conforme veremos no proximo capıtulo.

� Embora a congregacao tenha recomendado os sete homens qualificados, a designa-cao em si foi feita pelos apostolos.

20. Como o povo de Deus hoje segue o procedimento apostolico?21, 22. O que mostra que Jeova abencoava a recem-formada congregacao?

Assim como os ap´ostolos,

n´os pregamos “de casa em casa”

Page 46: De Testemunho Cabal

Sera que os cristaos do primeiro seculo permitiram que a cres-cente oposicao os impedisse de dar testemunho sobre o Reinode Deus? Muito pelo contrario. Nesta secao, veremos que a fe-roz perseguicao na verdade resultou na expansao da obra depregacao.

S E C˜

A O 2 ˙ A T O S 6 : 8 – 9 : 4 3

“LEVANTOU-SE GRANDEPERSEGUIC

˜AO CONTRA

A CONGREGAC˜

AO”ATOS 8:1

Page 47: De Testemunho Cabal

ESTˆ

EV˜

AO esta diante do tribunal. Numa sala imponente, provavelmenteperto do templo em Jerusalem, 71 homens estao sentados em cadeirasdispostas em um grande semicırculo. Esse tribunal, o Sinedrio, esta reu-nido para julgar Estevao. Os juızes sao homens poderosos e influentes, ea grande maioria deles nao tem nenhum respeito por esse discıpulo deJesus. De fato, quem convocou o tribunal foi o Sumo Sacerdote Caifas, omesmo que presidia o Sinedrio quando esse supremo tribunal judaicocondenou Jesus Cristo a morte alguns meses antes. Sera que Estevaoesta assustado?

2 Ha algo notavel no semblante de Estevao nesse momento. Os juızesolham fixamente para ele e veem que seu rosto e “como o rosto dumanjo”. (Atos 6:15) Os anjos transmitem mensagens de Jeova Deus e porisso tem motivos para serem destemidos, serenos e tranquilos. O mesmoacontece com Estevao — ate mesmo aqueles juızes cheios de odio podemperceber isso. Como ele pode estar tao calmo?

3 Como cristaos, podemos aprender muito da resposta a essa pergunta.Tambem precisamos saber o que exatamente levou Estevao a esse mo-mento decisivo. Como ele ja havia defendido sua fe? E de que maneiraspodemos imita-lo?

“Aticaram o povo” (Atos 6:8-15)

4 Ja vimos que Estevao era muito valioso para a recem-formada congre-gacao crista. No capıtulo anterior deste livro, vimos que ele foi um dossete homens humildes que prontamente aceitaram dos apostolos a desig-nacao de prestar ajuda. E sua humildade nos impressiona ainda maisquando lembramos dos dons que esse homem recebeu de Jeova. Em Atos6:8, lemos que ele tinha recebido poder para realizar “grandes portentose sinais”, assim como alguns dos apostolos, e que era “cheio de graca e depoder”. O que isso quer dizer?

1-3. (a) Estevao esta diante de que situacao assustadora, mas qual e a sua reacao?(b) Que perguntas vamos considerar?4, 5. (a) Por que Estevao era muito valioso para a congregacao? (b) Em que sentidoEstevao era “cheio de graca e de poder”?

C A P´I T U L O 6

Estˆev

˜ao

— “cheio de graca e de poder”O que aprendemos do testemunho corajoso

de Estˆ

ev˜

ao perante o Sin´

edrio

Baseado em Atos 6:8–8:3

45

Page 48: De Testemunho Cabal

“Quando ouviram estas coisas, sentiram-se feridos nos corac˜

oese comecaram a ranger os dentes contra ele.”

— Atos 7:54

Page 49: De Testemunho Cabal

5 Estevao pelo visto lidava com as pessoas de modo bondoso, gentil ecativante. Pelo seu modo de falar, ele conquistava a confianca dos seusouvintes. Muitos deles ficavam convencidos que ele era sincero e que asverdades que ensinava lhes seriam proveitosas. Estevao era cheio de po-der porque o espırito de Jeova atuava sobre ele. Isso mostra que ele hu-mildemente se deixava guiar por esse espırito. Em vez de se vangloriar deseus dons e habilidades, ele direcionava todo o louvor a Jeova e mostravagenuıno interesse pelas pessoas com quem falava. Nao e de admirar queseus inimigos o considerassem uma ameaca!

6 Em certa ocasiao, varios homens discutiram com Estevao, mas ‘naopuderam fazer face a sabedoria e ao espırito com que ele falava’.� Frustra-dos, eles ‘secretamente induziram’ alguns homens a levantar acusacoescontra esse inocente seguidor de Cristo. Eles tambem “aticaram o povo”,bem como os anciaos e os escribas, de modo que Estevao foi levado a for-ca ao Sinedrio. (Atos 6:9-12) Os inimigos o acusaram de duas coisas:blasfemar a Deus e blasfemar a Moises. De que maneira ele teria feito es-sas coisas?

7 Os falsos acusadores diziam que Estevao tinha blasfemado a Deuspor ter falado contra ‘esse santo lugar’ — o templo em Jerusalem. (Atos6:13) Diziam tambem que ele tinha blasfemado a Moises por ter faladocontra a Lei mosaica, mudando costumes transmitidos por Moises. Essaera uma acusacao muito seria, visto que os judeus da epoca davam gran-de importancia ao templo, aos detalhes da Lei mosaica e as muitas tradi-coes orais que eles haviam acrescentado a essa Lei. Sendo assim, a acu-sacao significava que Estevao era um homem perigoso que merecia amorte.

8 Infelizmente, e comum pessoas religiosas usarem taticas similarespara causar problemas aos servos de Deus. Mesmo hoje, opositores reli-giosos as vezes instigam lıderes polıticos a perseguir as Testemunhas deJeova. Como devemos reagir quando somos confrontados com acusacoesfalsas ou distorcidas? Podemos aprender muito do exemplo de Estevao.

Um testemunho corajoso sobre “o Deus da gl´oria” (Atos 7:1-53)

9 Conforme mencionado no inıcio deste capıtulo, ao ser acusado, Este-vao permaneceu com o semblante sereno, como o de um anjo. Caifas

� Alguns desses inimigos pertenciam a “Sinagoga dos Libertos”. Pode ser que eles ti-vessem sido capturados pelos romanos e libertados mais tarde, ou talvez fossem es-cravos libertos que se tinham tornado proselitos. Alguns eram da Cilıcia, assim comoera Saulo de Tarso. O relato nao revela se Saulo estava entre aqueles cilicianos quenao eram capazes de refutar Estevao.

6-8. (a) Que duas acusacoes os inimigos de Estevao levantaram contra ele, e porque? (b) Por que o exemplo de Estevao e de ajuda para os cristaos de hoje?9, 10. Que afirmacao alguns crıticos fazem sobre o discurso de Estevao diante doSinedrio, e o que precisamos ter em mente?

ESTˆ

EV˜AO — “CHEIO DE GRACA E DE PODER” 47

Page 50: De Testemunho Cabal

virou-se entao para ele e perguntou: “Sao assim estas coisas?” (Atos 7:1)Era a vez de Estevao falar. E foi exatamente isso que ele fez!

10 Alguns crıticos atacam o discurso de Estevao, afirmando que, apesarde sua extensao, nao responde nem mesmo as acusacoes levantadas con-tra ele. Na verdade, porem, Estevao nos deu um excelente exemplo decomo “fazer uma defesa” das boas novas. (1 Ped. 3:15) Tenha em menteque Estevao foi acusado de blasfemar a Deus por difamar o templo, e deblasfemar a Moises por falar contra a Lei. A defesa de Estevao e um resu-mo de tres perıodos da historia de Israel e enfatiza cuidadosamente cer-tos pontos especıficos. Vamos considerar cada um desses perıodos.

11 A era dos patriarcas. (Atos 7:1-16) Estevao comecou falando sobreAbraao, a quem os judeus respeitavam por sua fe. Ao estabelecer esseponto em comum, Estevao enfatizou que Jeova, “o Deus da gloria”, apare-ceu pela primeira vez a Abraao na Mesopotamia. (Atos 7:2) Na verdade,aquele homem era residente forasteiro na Terra Prometida. Abraao nao ti-nha nem um templo nem a Lei mosaica. Como entao poderia alguem in-sistir que a fidelidade a Deus deve sempre depender de coisas desse tipo?

12 Jose, descendente de Abraao, tambemera muito estimado pelos ouvintes de Es-tevao, mas Estevao os lembrou de que osproprios irmaos de Jose, pais das tribosde Israel, perseguiram aquele homem jus-to e o venderam como escravo. Apesar dis-so, Deus o usou para salvar Israel da fome.Sem duvida, Estevao via as claras similari-dades entre Jose e Jesus Cristo, mas evi-tou fazer logo essa comparacao para queseus ouvintes continuassem a escuta-lo omaximo de tempo possıvel.

13 O tempo de Moises. (Atos 7:17-43) Es-tevao falou bastante sobre Moises, o quefoi sabio visto que muitos dos membrosdo Sinedrio eram saduceus, que rejeita-vam todos os livros da Bıblia que nao ti-vessem sido escritos por Moises. Lem-bre-se tambem de que Estevao havia sidoacusado de blasfemar a Moises. As pala-vras de Estevao foram uma resposta dire-ta a essa acusacao, pois mostraram que

11, 12. (a) Como Estevao fez bom uso do exemplode Abraao? (b) Por que o exemplo de Jose erarelevante para o discurso de Estevao?13. Como a analise do exemplo de Moisesrespondeu as acusacoes feitas contra Estevao, eque tema isso ajudou a desenvolver?

48 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

A palavra portuguesa “m´artir” deriva do

termo grego m´

ar·tys, que significa “testemu-nha”, ou seja, algu

´em que observa um ato

ou um evento. Mas a palavra grega significamais do que isso. Conforme um l

´exico grego,

na B´ıblia, a pessoa que

´e m

´ar·tys

´e “ativa” no

sentido de que toma uma ac˜ao. Ela “tem o de-

ver de contar o que viu e ouviu, declarar o quesabe”. Todos os crist

˜aos verdadeiros t

ˆem a

obrigac˜ao de dar testemunho do que sabem

sobre Jeov´a e seus prop

´ositos. (Luc. 24:48;

Atos 1:8) As Escrituras chamam Estˆev

˜ao de

“testemunha” por ele ter falado sobre Jesus.— Atos 22:20.

Para os crist˜aos, dar testemunho muitas

vezes resulta em oposic˜ao, pris

˜ao, espanca-

mento e at´e morte. Por isso, desde o segundo

s´eculo EC, “m

´artir” tamb

´em passou a referir-

se`a pessoa que sofre essas consequ

ˆencias

em vez de renunciar`a sua f

´e.

´E nesse sentido

que Estˆev

˜ao pode ser chamado de o primeiro

m´artir crist

˜ao. Mas, originalmente, a pessoa

era considerada “m´artir” n

˜ao porque houves-

se morrido, mas porque dava testemunho.

“M´

ARTIR” — EM QUE SENTIDO?

Page 51: De Testemunho Cabal

ele tinha grande respeito por Moises e pela Lei. (Atos 7:38) Estevao desta-cou que Moises tambem teve de enfrentar rejeicao da parte daqueles quetentou salvar. O povo rejeitou Moises quando ele tinha 40 anos e, mais de40 anos depois, desafiou sua lideranca em varias ocasioes.� Estevao as-sim foi coerente ao desenvolver um tema importante: o povo de Deus vezapos vez rejeitou aqueles a quem Jeova havia designado para lidera-los.

14 Estevao lembrou a seus ouvintes que Moises havia predito que umprofeta semelhante ao proprio Moises surgiria em Israel. Quem seriaesse profeta, e como seria recebido? Bem, Estevao deixou as respostas aessas perguntas para o final de seu discurso. Antes, Estevao destacou ou-tro ponto importante: Moises havia aprendido que qualquer solo pode tor-nar-se santo, como no caso do solo do arbusto ardente, onde Jeova haviafalado com ele. Entao, sera que se pode limitar ou restringir a adoracao aJeova a um unico local, como o templo em Jerusalem? Vejamos.

15 O tabernaculo e o templo. (Atos 7:44-50) Estevao lembrou ao tribunalque, antes de haver qualquer templo em Jerusalem, Deus havia ordenadoque Moises construısse um tabernaculo — uma estrutura movel paraadoracao, parecida com uma tenda. Quem ousaria dizer que o tabernacu-lo era inferior ao templo, ja que o proprio Moises havia prestado adoracaono tabernaculo?

16 Mais tarde, quando Salomao construiu o templo em Jerusalem, elefoi inspirado a transmitir uma licao vital em sua oracao. ParafraseandoSalomao, Estevao explicou que “o Altıssimo nao mora em casas feitas pormaos”. (Atos 7:48; 2 Cro. 6:18) Jeova pode usar um templo para realizarseus propositos, mas ele nao depende disso. Por que, entao, deveriamseus adoradores achar que a adoracao pura depende de um local cons-truıdo por maos humanas? Estevao concluiu seu argumento de formapoderosa, citando o livro de Isaıas: “O ceu e o meu trono e a terra e o meuescabelo. Que sorte de casa construireis para mim? diz Jeova. Ou qual eo lugar para o meu descanso? Nao foi a minha mao que fez todas essascoisas?” — Atos 7:49, 50; Isa. 66:1, 2.

17 Ao analisar o discurso de Estevao ate aqui, nao concorda que ele ex-pos com habilidade a atitude errada de seus acusadores? Ele mostrouque Jeova nao e rıgido nem preso a tradicoes, mas e flexıvel e com o pas-sar do tempo faz ajustes a fim de cumprir o seu proposito. Os que da-vam muita enfase aquele belo templo em Jerusalem e aos costumes e

� O discurso de Estevao contem informacoes que nao sao encontradas em nenhumoutro lugar na Bıblia, como fatos sobre a educacao egıpcia que Moises recebeu, suaidade quando fugiu pela primeira vez do Egito e quanto tempo ficou em Midia.

14. O uso do exemplo de Moises apoiou que pontos do discurso de Estevao?15, 16. (a) Por que o tabernaculo era relevante para o argumento de Estevao? (b) Porque Estevao mencionou o templo de Salomao em seu discurso?17. Como o discurso de Estevao (a) expos a atitude errada de seus ouvintes e(b) forneceu uma resposta as acusacoes contra ele?

ESTˆ

EV˜AO — “CHEIO DE GRACA E DE PODER” 49

Page 52: De Testemunho Cabal

tradicoes que se desenvolveram em torno da Lei mosaica desperceberamo verdadeiro objetivo por tras da Lei e do templo. Indiretamente, o discur-so de Estevao trouxe a tona a seguinte pergunta vital: Obedecer a Jeovanao seria a melhor maneira de honrar a Lei e o templo? De fato, com suaspalavras, Estevao forneceu uma excelente defesa de suas acoes, pois elehavia obedecido a Jeova da melhor maneira que podia.

18 O que aprendemos do discurso de Estevao? Ele estava bem familiari-zado com as Escrituras. Da mesma forma, precisamos ser estudantes di-ligentes da Palavra de Deus se quisermos manejar “corretamente a pala-vra da verdade”. (2 Tim. 2:15) Tambem podemos aprender da maneira queEstevao lidava com as pessoas, sendo gentil e usando de tato. Apesar deseus ouvintes serem extremamente hostis, ele procurou manter pontosem comum com eles ate onde foi possıvel, falando de assuntos que aque-les homens consideravam muito importantes. Estevao tambem se dirigiua eles com respeito, chamando de “pais” os homens em posicao de autori-dade. (Atos 7:2) Nos tambem precisamos apresentar as verdades da Pala-vra de Deus com “temperamento brando e profundo respeito”. — 1 Ped.3:15.

19 No entanto, nao deixamos de declarar as verdades da Palavra deDeus por medo de ofender as pessoas, nem amenizamos as mensagensde julgamento de Jeova. Estevao e um bom exemplo disso. Sem duvida elepercebia que todas aquelas provas que estava apresentando ao Sinedriocausavam pouco efeito naqueles juızes insensıveis. Assim, sob a influen-cia do espırito santo, ele concluiu seu discurso mostrando com coragemque aqueles juızes eram exatamente iguais a seus antepassados que ha-viam rejeitado Jose, Moises e todos os profetas. (Atos 7:51-53) Na verdade,aqueles juızes do Sinedrio tinham assassinado o Messias, cuja vinda ha-via sido predita por Moises e todos os profetas. Realmente, eles haviamviolado a Lei mosaica da pior maneira possıvel.

“Senhor Jesus, recebe meu esp´ırito” (Atos 7:54–8:3)

20 A verdade incontestavel das palavras de Estevao deixou aqueles juı-zes furiosos. Perdendo todo o decoro, eles ‘rangeram os dentes’ contra Es-tevao. Aquele homem fiel deve ter percebido que nao seria tratado comnenhuma misericordia, assim como seu Mestre, Jesus, tambem nao ha-via sido.

21 Estevao precisava de coragem para enfrentar o que estava para acon-tecer e, sem duvida, recebeu muito encorajamento da visao que Jeovabondosamente lhe deu naquele momento. Estevao viu a gloria de Deus etambem Jesus em pe a direita de Seu Pai. Enquanto Estevao descrevia a

18. De que maneiras devemos procurar imitar a Estevao?19. Como Estevao corajosamente transmitiu a mensagem de julgamento de Jeovaao Sinedrio?20, 21. Como o Sinedrio reagiu as palavras de Estevao, e como Jeova o fortaleceu?

50 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 53: De Testemunho Cabal

visao, os juızes taparam os ouvidos. Por que? Algum tempo antes, Jesushavia dito aquele tribunal que ele era o Messias e que em breve estaria adireita do Pai. (Mar. 14:62) A visao de Estevao provou que Jesus tinha fala-do a verdade. Aquele mesmo Sinedrio havia, na realidade, traıdo e as-sassinado o Messias! Todos avancaram contra Estevao ao mesmo tempopara apedreja-lo ate a morte.�

22 Em muitos sentidos, Estevao morreu da mesma maneira que seuMestre: em paz, com total confianca em Jeova e tendo perdoado seus as-sassinos. Ele disse: “Senhor Jesus, recebe meu espırito”, talvez porqueainda pudesse observar na visao o Filho do homem com Seu Pai. Comcerteza, Estevao conhecia as consoladoras palavras de Jesus: “Eu sou aressurreicao e a vida.” (Joao 11:25) Por fim, Estevao orou diretamente aDeus em alta voz: “Jeova, nao lhes imputes este pecado.” Apos dizer isso,ele adormeceu na morte. — Atos 7:59, 60.

23 Assim, Estevao tornou-se o primeiro martir entre os seguidores deCristo de que se tem registro. (Veja o quadro “ ‘Martir’ — em que sentido?”na pagina 48.) Infelizmente, porem, ele nao seria o ultimo. Ate os nossosdias, alguns servos fieis de Jeova tem sido mortos por fanaticos religio-sos, extremistas polıticos e outros crueis opositores. Ainda assim, temosmotivos para ser tao confiantes quanto Estevao. Jesus ja e Rei e estaexercendo o grande poder que seu Pai lhe deu. Nada o impedira de res-suscitar seus fieis seguidores. — Joao 5:28, 29.

24 Presenciando tudo isso estava um jovem chamado Saulo. Ele aprova-va o assassinato de Estevao e ate mesmo ficou tomando conta da vesti-menta daqueles que participaram do apedrejamento. Pouco depois, ele li-derou uma onda de perseguicao feroz. Mas a morte de Estevao deixariasua marca por muito tempo. Seu exemplo fortaleceria outros cristaos apermanecer fieis e a vencer assim como ele. Alem disso, Saulo — anos de-pois mais conhecido como Paulo — viria a se sentir profundamente arre-pendido por ter participado no assassinato de Estevao. (Atos 22:20) Ape-sar de ele ter ajudado a matar Estevao, mais tarde chegaria a conclusao:‘Eu era blasfemador, perseguidor e homem insolente.’ (1 Tim. 1:13) Comcerteza, Paulo nunca se esqueceu de Estevao e do poderoso discurso queeste deu naquele dia. Na verdade, alguns dos discursos e escritos de Pau-lo abordaram temas mencionados no discurso de Estevao. (Atos 7:48;17:24; Heb. 9:24) Com o tempo, Paulo aprendeu plenamente a seguir oexemplo de fe e coragem estabelecido por Estevao, um homem “cheio degraca e de poder”. A pergunta e: Nos faremos o mesmo?

�´

E pouco provavel que o Sinedrio tivesse autorizacao da lei romana para executar al-guem. (Joao 18:31) Seja como for, a morte de Estevao parece ter sido um assassinatorealizado por uma turba enfurecida em vez de uma execucao por decisao judicial.

22, 23. Em que sentidos a morte de Estevao foi similar a de seu Mestre, e como oscristaos hoje podem ser tao confiantes quanto Estevao?24. Qual foi a participacao de Saulo no martırio de Estevao, e quais foram algumasdas marcas deixadas pela morte deste homem fiel?

ESTˆ

EV˜AO — “CHEIO DE GRACA E DE PODER” 51

Page 54: De Testemunho Cabal

COMECA uma onda de violenta perseguicao e Saulo passa a tratar acongregacao “de modo ultrajante” — uma expressao que no idioma ori-ginal denota brutalidade. (Atos 8:3) Os discıpulos fogem e, para algu-mas pessoas, pode parecer que Saulo sera bem-sucedido em acabar como cristianismo. Mas espalhar os cristaos resulta em algo inesperado.Como assim?

2 Os que sao espalhados comecam a ‘declarar as boas novas da pala-vra’ nos lugares para onde fogem. (Atos 8:4) Imagine so! A perseguicaonao apenas falhou em silenciar as boas novas, mas acabou contribuin-do para a divulgacao da mensagem. Embora nao fosse sua intencao, aoespalharem os discıpulos, os perseguidores possibilitaram que a prega-cao do Reino alcancasse territorios bem distantes. Como veremos, algoparecido tem acontecido em nossos dias.

“Os que tinham sido espalhados” (Atos 8:4-8)

3 Um dos “que tinham sido espalhados” foi Filipe.� (Atos 8:4; veja oquadro “Filipe — ‘o evangelizador’ ”, na pagina 53.) Ele foi para Samaria.A maioria das pessoas nessa cidade ainda nao tinha ouvido as boas no-vas, pois certa vez Jesus havia instruıdo seus apostolos: “Nao entreisem cidade samaritana; mas, ide antes continuamente as ovelhas perdi-das da casa de Israel.” (Mat. 10:5, 6) No entanto, Jesus sabia que, no tem-po devido, Samaria receberia testemunho cabal, pois, antes de ascen-der ao ceu, ele disse: “Sereis testemunhas de mim tanto em Jerusalemcomo em toda a Judeia e Samaria, e ate a parte mais distante da terra.”— Atos 1:8.

� Esse nao se trata do apostolo Filipe, mas do Filipe que, conforme mencionado noCapıtulo 5 deste livro, estava entre os “sete homens acreditados” designados para or-ganizar a distribuicao diaria de alimentos entre as viuvas em Jerusalem, tanto asque falavam grego como as que falavam hebraico. — Atos 6:1-6.

1, 2. Como os esforcos para silenciar as boas novas tiveram efeito contrario noprimeiro seculo?3. (a) Quem era Filipe? (b) Por que a maioria das pessoas em Samaria ainda naotinha ouvido as boas novas? (c) O que Jesus havia predito que aconteceria comaquele territorio?

C A P´I T U L O 7

Filipe declara “as boas novasa respeito de Jesus”

Filipe d´

a exemplo como evangelizador

Baseado em Atos 8:4-40

52

Page 55: De Testemunho Cabal

4 Filipe viu que o campo em Samaria estava ‘branco para a colheita’.(Joao 4:35) Sua mensagem era como uma sombra no deserto para osque moravam ali, e nao e difıcil entender por que. Os judeus evitavamos samaritanos; muitos ate os tratavam com desprezo. Em contrastecom isso, os samaritanos descobriram que a mensagem das boas no-vas nao fazia distincao de pessoas, sendo muito diferente da mentalida-de fechada dos fariseus. Por dar testemunho com zelo e imparcialidadeem Samaria, Filipe mostrou que nao era influenciado pelo preconceitodos que desprezavam os samaritanos. Nao e de surpreender, entao, quemultidoes de samaritanos tenham ouvido Filipe “de comum acordo”.— Atos 8:6.

5 Hoje, assim como no primeiro seculo, a perseguicao ao povo deDeus nao consegue silenciar a pregacao. Vez apos vez, forcar os cris-taos a se mudar de um lugar para outro — ou manda-los para a pri-sao — so tem ajudado a levar a mensagem do Reino as pessoas nesseslugares. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, as Testemu-nhas de Jeova puderam dar um notavel testemunho em campos de

4. Como os samaritanos reagiram a mensagem de Filipe, e que fator talvez tenhacontribuıdo para isso?5-7. De exemplos de como o fato de os cristaos serem forcados a se mudar de umlugar para outro contribui para a divulgacao das boas novas.

FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 53

Quando os crist˜aos foram espalhados por cau-

sa da perseguic˜ao, Filipe foi para Samaria. Pelo

visto, ele cooperava de perto com

o corpo governante do primeiro s´e-

culo, pois, “quando os ap´ostolos

em Jerusal´em ouviram que Sama-

ria havia aceito a palavra de Deus,

mandaram-lhes Pedro e Jo˜ao”. O re-

sultado foi que os novos disc´ıpulos

ali receberam a d´adiva gratuita do

esp´ırito santo. — Atos 8:14-17.

Depois dos eventos registrados

em Atos cap´ıtulo 8, Filipe s

´o

´e men-

cionado mais umavez. Uns 20 anos

depois da pregac˜ao inicial de

Filipe, no final da terceira viagem

mission´aria de Paulo, o ap

´ostolo Paulo e seus

companheiros de viagem estavam a caminho de

Jerusal´em. O grupo desembarcou em Ptolemaida.

“No dia seguinte”, conta Lucas, “partimos e che-

gamos a Cesareia, e entramos na casa de Filipe,

o evangelizador, que era um dos sete homens, e

ficamos com ele. Este homem tinha

quatro filhas, virgens, que profetiza-

vam”. — Atos 21:8, 9.

Tudo indica que Filipe se havia

estabelecido no seu territ´orio de

pregac˜ao e constitu

´ıdo fam

´ılia.

´E significativo que Lucas se tenha

referido a ele como “o evange-

lizador”. As Escrituras usam esse

termo para descrever aqueles que

deixavam sua cidade natal para

pregar em regi˜oes onde as boas

novas ainda n˜ao haviam sido pre-

gadas.´

E evidente ent˜ao que o

zelo de Filipe pelo minist´erio permaneceu forte.

O fato de ele ter quatro filhas que profetizavam

com certeza´e uma indicac

˜ao de que Filipe ensi-

nou sua fam´ılia a amar e a servir a Jeov

´a.

FILIPE — “O EVANGELIZADOR”

Page 56: De Testemunho Cabal

“Ora, vendo Sim˜

ao que o esp´ırito era dado pela imposic

˜ao

das m˜

aos dos ap´

ostolos, ofereceu-lhes dinheiro.”— Atos 8:18

Page 57: De Testemunho Cabal

concentracao nazistas. Um judeu que conheceu as Testemunhas deJeova num desses campos disse: “A forca moral dos prisioneiros queeram Testemunhas de Jeova me convenceu de que a fe que eles tinhambaseava-se nas Escrituras, e eu mesmo acabei aderindo a essa fe.”

6 Em alguns casos, ate mesmo perseguidores receberam testemunhoe aceitaram a mensagem. Por exemplo, quando Franz Desch, uma Tes-temunha de Jeova, foi transferido para o campo de concentracao deGusen, na

´Austria, ele conseguiu dirigir um estudo da Bıblia para um

oficial da SS. Imagine a alegria que os dois sentiram quando anos maistarde eles se encontraram num congresso das Testemunhas de Jeovae ambos eram proclamadores das boas novas!

7 Algo parecido aconteceu quando a perseguicao obrigou cristaos afugir de um paıs para outro. Na decada de 70, por exemplo, um grandetestemunho foi dado em Mocambique quando Testemunhas de Jeova deMalaui foram forcadas a fugir para la. Mesmo quando mais tarde sur-giu oposicao em Mocambique, a obra de pregacao nao parou. “

´E verda-

de que alguns de nos foram detidos e presos varias vezes, devido a nossapregacao”, diz Francisco Coana. “No entanto, vendo que muitos aceita-vam a mensagem do Reino, sentıamo-nos confiantes de que Deus nosajudava, assim como ajudou os cristaos do primeiro seculo.”

8 Claro que a perseguicao nao e a unica razao do crescimento do cris-tianismo em territorios estrangeiros. Em decadas recentes, mudancaspolıticas e economicas tambem abriram oportunidades para que a men-sagem do Reino fosse levada a pessoas de varios idiomas e nacionalida-des. Alguns que viviam em zonas de guerra e em regioes muito pobresfugiram para paıses mais estaveis, onde comecaram a estudar a Bıblia.A chegada de muitos refugiados levou a formacao de territorios de lın-gua estrangeira. Por exemplo, na cidade de San Diego, California, EUA,falam-se mais de cem idiomas, e muitas congregacoes de lıngua estran-geira foram formadas ali. Voce se esforca para dar testemunho a pes-soas “de todas as nacoes, e tribos, e povos, e lınguas” no seu territorio?— Rev. 7:9.

“Dai-me tamb´

em esta autoridade” (Atos 8:9-25)

9 Filipe realizou muitos sinais em Samaria. Por exemplo, ele curou de-ficientes fısicos e ate mesmo expulsou espıritos inıquos. (Atos 8:6-8)Certo homem ficou particularmente impressionado com os dons mila-grosos de Filipe. Esse homem era Simao, um praticante de artes magi-cas tao respeitado que as pessoas diziam sobre ele: “Este homem e oPoder de Deus.” Mas agora Simao era testemunha ocular do verdadeiropoder de Deus, evidente nos milagres realizados por Filipe, e tornou-se

8. Que impacto mudancas polıticas e economicas tiveram na obra de pregacao?9. Quem era Simao, e o que pelo visto o levou a aproximar-se de Filipe?

FILIPE DECLARA “AS BOAS NOVAS A RESPEITO DE JESUS” 55

Page 58: De Testemunho Cabal

discıpulo. (Atos 8:9-13) Mais tarde, porem, as motivacoes de Simao fo-ram postas a prova. Como?

10 Quando os apostolos ficaram sabendo do aumento da obra em Sa-maria, enviaram Pedro e Joao para la. (Veja o quadro “Pedro usa as ‘cha-ves do reino’ ”, nesta pagina.) Ao chegarem, os dois apostolos puseramas maos sobre os novos discıpulos, e com isso cada um daqueles novosdiscıpulos recebeu espırito santo.� Ao ver aquilo, Simao ficou impressio-nado. “Dai-me tambem esta autoridade”, disse ele aos apostolos, “paraque todo aquele a quem eu impuser as minhas maos receba espıritosanto”. Simao ate mesmo lhes ofereceu dinheiro na esperanca de com-prar esse privilegio sagrado. — Atos 8:14-19.

11 A resposta que Pedro deu a Simao foi firme. “Pereca contigo a tuaprata”, disse o apostolo, “porque pensaste obter posse da dadiva gratui-ta de Deus por meio de dinheiro. Nao tens nem parte nem quinhao nes-te assunto, porque o teu coracao nao e reto a vista de Deus”. Pedro en-tao admoestou Simao a se arrepender e a orar pedindo perdao. “Suplicaa Jeova”, disse Pedro, “para que, se possıvel, te seja perdoada esta astu-cia do teu coracao [“esta sua trama”, New Jerusalem Bible]”. Pelo visto,Simao nao era uma pessoa ma; ele queria fazer o que era certo, mas mo-

� Pelo visto, naquela epoca, os novos discıpulos normalmente eram ungidos por espı-rito santo, ou o recebiam, ao serem batizados. Isso lhes dava a esperanca de no futu-ro serem reis e sacerdotes com Jesus no ceu. (2 Cor. 1:21, 22; Rev. 5:9, 10; 20:6) Mas,no caso mencionado no paragrafo, os novos discıpulos nao foram ungidos ao ser ba-tizados. Receber o espırito santo — e os dons milagrosos associados com ele — soacontecia depois que Pedro e Joao colocavam as maos sobre o cristao recem-batizado.

10. (a) O que Pedro e Joao fizeram em Samaria? (b) O que Simao fez ao ver queos novos discıpulos recebiam o espırito santo quando Pedro e Joao colocavam asmaos sobre eles?11. O que Pedro admoestou Simao a fazer, e como Simao reagiu?

56 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Jesus disse a Pedro: “Eu te darei as chaves

do reino dos c´eus.” (Mat. 16:19) O que Jesus

queria dizer? Sua referˆencia a “chaves” indica

que Pedro abriria, por assim dizer, a porta de co-

nhecimento e de oportunidades para diferentes

grupos entrarem no Reino messiˆanico. Em que

ocasi˜oes Pedro usou essas chaves?

˘ Pedro usou a primeira chave no Pentecostes

de 33 EC quando incentivou judeus e pros´

eli-

tos a se arrepender e ser batizados. Cerca de

3 mil pessoas fizeram isso e se tornaram pros-

pectivos herdeiros do Reino. — Atos 2:1-41.

˘ A segunda chave foi usada pouco depois do

mart´ırio de Est

ˆev

˜ao. Nessa ocasi

˜ao, Pedro e

Jo˜ao impuseram suas m

˜aos sobre samarita-

nos rec´em-batizados e, com isso, esses novos

disc´ıpulos receberam esp

´ırito santo. — Atos

8:14-17.˘ Pedro usou a terceira chave em 36 EC. Nesse

ano, o ap´ostolo estendeu a esperanca celestial

aos gentios incircuncisos. Isso ocorreu quando

ele deu testemunho a Corn´elio, primeiro gen-

tio incircunciso a se tornar disc´ıpulo crist

˜ao.

— Atos 10:1-48.

PEDRO USA AS “CHAVES DO REINO”

Page 59: De Testemunho Cabal

O termo grego eu·no´

u·khos, traduzido “eu-nuco”, pode se referir a um homem privadode sua capacidade de procriac

˜ao ou sim-

plesmente a um alto funcion´ario da corte.

Pode ser que funcion´arios da corte respon-

s´aveis pelo har

´em de um rei fossem de fato

castrados, mas a castrac˜ao n

˜ao era um re-

quisito para outros funcion´arios, como o

copeiro ou o tesoureiro do rei. O eunuco et´ıo-

pe a quem Filipe batizou pelo visto era umfuncion

´ario desse tipo, pois era encarregado

do tesouro real. Para efeito de comparac˜ao,

ele era como um ministro da fazenda.

O et´ıope tamb

´em era um pros

´elito, ou

seja, um n˜ao judeu que se tornou adorador

de Jeov´a. Na verdade, ele estava voltando de

Jerusal´em, onde havia ido adorar a Jeov

´a.

(Atos 8:27) Por causa disso, pode-se concluirque o et

´ıope n

˜ao era eunuco em sentido

literal, pois a Lei mosaica proibia homenscastrados de se tornar parte da congregac

˜ao

de Israel. — Deut. 23:1.

“EUNUCO” EM QUE SENTIDO?

mentaneamente se deixou levar por seusdesejos errados. De modo que ele implo-rou aos apostolos: “Fazei suplica a Jeovapor mim, para que nenhuma destas coi-sas que dissestes venha sobre mim.”— Atos 8:20-24.

12 A repreensao que Pedro deu a Simaoserve de aviso para os cristaos hoje. Naverdade, a palavra “simonia”, que se deri-va do nome Simao, surgiu por causa des-se incidente. “Simonia” refere-se a com-prar ou vender privilegios, em especial nocontexto religioso. A historia da cristan-dade apostata esta repleta de exemplosdessa pratica. De fato, a nona edicao daThe Encyclopædia Britannica (1878) ob-servou: “Um estudo da historia dos con-claves papais [eleicoes dos papas] da aoestudioso a conviccao de que nunca hou-ve uma eleicao que nao tivesse sido man-chada pela simonia e que, em muitos ca-sos, a simonia praticada nos conclavestem sido da especie mais grave, descara-da e aberta.”

13 Os cristaos precisam evitar o pecado da simonia. Por exemplo, elesnao devem tentar ganhar favores por dar presentes generosos ou mui-tos elogios aqueles que parecem estar em posicao de dar privilegios nacongregacao. Por outro lado, os que parecem ter condicoes de dar privi-legios devem tomar cuidado para nao mostrar favoritismo aos que saoricos. As duas situacoes sao exemplos de simonia. Realmente, todos osservos de Deus devem comportar-se como ‘menores’, esperando que oespırito de Jeova faca designacoes de privilegios de servico. (Luc. 9:48)Nao ha lugar na organizacao de Deus para aqueles que tentam ‘buscarsua propria gloria’. — Pro. 25:27.

“Sabes realmente o que est´as lendo?” (Atos 8:26-40)

14 O anjo de Jeova instruiu Filipe a viajar pela estrada que ia de Je-rusalem a Gaza. Se Filipe estivesse se perguntando por que devia ir atela, logo soube o motivo ao encontrar um eunuco etıope “lendo em voz

12. O que e “simonia”, e como esse laco e evidente na cristandade?13. De que maneiras os cristaos devem proteger-se contra a simonia?14, 15. (a) Quem era o “eunuco etıope”, e como Filipe o encontrou? (b) Como o etıopereagiu a mensagem de Filipe, e por que seu batismo nao foi um ato precipitado?(Veja a nota.)

Page 60: De Testemunho Cabal

alta Isaıas, o profeta”. (Veja o quadro “ ‘Eunuco’ em que sentido?” na pa-gina 57.) O espırito santo de Jeova moveu Filipe a se aproximar do car-ro daquele homem. “Sabes realmente o que estas lendo?” perguntou eleao etıope, correndo ao lado do carro. O etıope respondeu: “Como e queeu posso, a menos que alguem me guie?” — Atos 8:26-31.

15 O etıope convidou Filipe a entrar no carro. Imagine como deve tersido animada a conversa que eles tiveram! Por muito tempo, a identida-de da “ovelha”, ou “servo”, mencionada na profecia de Isaıas havia sidoum misterio. (Isa. 53:1-12) Mas, a medida que seguiam viagem, Filipe ex-plicou ao eunuco etıope que essa profecia havia se cumprido em JesusCristo. Como no caso daqueles que foram batizados no Pentecostes

de 33 EC, o etıope, que ja era proselito,soube imediatamente o que devia fazer.Ele disse a Filipe: “Eis um corpo de agua!O que me impede ser batizado?” O etıo-pe foi batizado por Filipe sem demora.�(Veja o quadro “Batismo em ‘um corpo deagua’ ”.) Depois disso, Filipe foi conduzi-do a uma nova designacao, em Asdode,onde continuou a declarar as boas novas.— Atos 8:32-40.

16 Os cristaos hoje tem o privilegio departicipar numa obra como a realizadapor Filipe. Com frequencia, eles tem aoportunidade de apresentar a mensagemdo Reino aqueles que encontram em si-tuacoes informais, como em viagens. Emmuitos casos, fica evidente que o conta-to com uma pessoa sincera nao e meracoincidencia. Isso e de esperar, pois a Bı-blia deixa claro que os anjos dirigem aobra de pregacao para que a mensagemalcance “toda nacao, e tribo, e lıngua, epovo”. (Rev. 14:6) A orientacao angelica naobra de pregacao cumpre exatamente oque Jesus predisse. Na sua ilustracao so-bre o joio e o trigo, Jesus disse que, duran-

� Isso nao foi um ato precipitado. Visto que eraproselito, o etıope ja conhecia as Escrituras, in-cluindo as profecias messianicas. Agora que ti-nha informacoes do papel de Jesus no propositode Deus, ele podia ser batizado sem demora.

16, 17. Como os anjos participam na obra depregacao hoje?

58 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Como´e realizado o batismo crist

˜ao? Al-

guns acreditam que basta derramar ouaspergir

´agua na cabeca da pessoa. Mas o

eunuco et´ıope foi batizado em “um corpo

de´agua”. O relato diz: “Ambos desceram

`a

´agua, tanto Filipe como o eunuco.” (Atos

8:36, 38) Se derramar ou aspergir´agua

fosse suficiente, n˜ao teria sido necess

´ario

que o eunuco parasse seu carro e fosse at´e

um “corpo de´agua”. Mesmo pouca

´agua,

como a que caberia em um odre, teria sidosuficiente. Na verdade,

´e prov

´avel que ele ti-

vesse um recipiente desse tipo, pois estavaviajando pela “estrada do deserto”. — Atos8:26.

De acordo com A Greek-English Lexicon(L

´exico Grego-Ingl

ˆes), de Liddell e Scott, a

palavra grega ba·pt´ı·zo — da qual se deri-

va a palavra “batizar” — significa “imergir,mergulhar”. As refer

ˆencias que a B

´ıblia

faz a batismo se harmonizam com essadefinic

˜ao. Jo

˜ao 3:23 diz que Jo

˜ao “estava

batizando em Enom, perto de Salim, porquehavia ali uma grande quantidade de

´agua”.

Da mesma forma, o relato sobre o batis-mo de Jesus diz: “Subindo da

´agua, [Jesus]

viu . . . os c´eus serem partidos.” (Mar. 1:9,

10) Dessa maneira, os crist˜aos verdadeiros

s˜ao apropriadamente batizados pela imer-

s˜ao completa em

´agua.

BATISMO EM “UM CORPO DE´

AGUA”

Page 61: De Testemunho Cabal

te a colheita, ou seja, no final do sistema de coisas, “os ceifeiros” seriam“os anjos”. Ele tambem disse que essas criaturas espirituais ‘reuniriamdentre o seu reino todas as coisas que causassem tropeco e os que fi-zessem o que e contra a lei’. (Mat. 13:37-41) Ao mesmo tempo, os anjosajuntariam os que Jeova deseja atrair a sua organizacao: os prospecti-vos herdeiros celestiais do Reino e, mais tarde, “uma grande multidao”de “outras ovelhas”. — Rev. 7:9; Joao 6:44, 65; 10:16.

17 Como prova de que isso esta acontecendo, algumas pessoas que en-contramos no ministerio dizem que estavam orando por orientacao es-piritual. Veja o que aconteceu com dois publicadores que pregavam jun-to com uma crianca. Quando as duas Testemunhas de Jeova estavampara encerrar a atividade de pregacao daquela manha, o menino quismuito falar na proxima casa. Na verdade, ele foi sozinho bater na por-ta! Ao verem que uma jovem senhora abriu a porta, os dois publicado-res aproximaram-se para falar com ela. Para a surpresa deles, a mu-lher explicou que havia acabado de orar pedindo a Deus que alguem avisitasse a fim de ajuda-la a entender a Bıblia. Ela aceitou um estudobıblico.

18 Como membro da congregacao crista, voce tem o privilegio de tra-balhar junto com os anjos na atual obra de pregacao, realizada em es-cala sem precedentes. Nunca subestime esse privilegio. Por perseverarem seus esforcos, voce sentira muita alegria a medida que continuar adeclarar “as boas novas a respeito de Jesus”. — Atos 8:35.

18. Por que nunca devemos subestimar o ministerio?

“Deus, quem quer que sejas, por favor, ajuda-me”

Page 62: De Testemunho Cabal

HOMENS de semblante sombrio aproximam-se de Damasco, onde pre-tendem executar um plano maligno. Os odiados discıpulos de Jesus se-rao arrancados de suas casas, amarrados, humilhados e arrastados ateJerusalem para enfrentar a furia do Sinedrio.

2 O lıder da turba, chamado Saulo, ja tem as maos manchadas de san-gue.� Recentemente, ele viu com aprovacao seus companheiros fana-ticos apedrejarem Estevao, fiel discıpulo de Jesus, ate a morte. (Atos7:57–8:1) Nao satisfeito em apenas perseguir os seguidores de Jesus quemoram em Jerusalem, Saulo torna-se como uma tocha acesa, espalhan-do as chamas da perseguicao. Ele quer acabar com a seita desprezıvelconhecida como “O Caminho”. — Atos 9:1, 2; 19:9; veja o quadro “A auto-ridade de Saulo em Damasco”, na pagina 61.

3 De repente, Saulo e envolvido por uma luz brilhante. Seus companhei-ros de viagem veem a luz e ficam abalados e sem palavras. Saulo fica cegoe cai no chao. Sem poder enxergar, ele ouve uma voz do ceu dizer: “Saulo,Saulo, por que me persegues?” Profundamente perplexo, Saulo pergunta:“Quem es, Senhor?” A resposta que Saulo ouve com certeza o deixa mui-to abalado: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues.” — Atos 9:3-5; 22:9.

4 O que aprendemos das palavras iniciais de Jesus a Saulo? Como po-demos beneficiar-nos de analisar os eventos relacionados com a conver-sao desse ex-perseguidor? E que licoes aprendemos da maneira como acongregacao usou o perıodo de paz que houve apos a conversao dele?

“Por que me persegues?” (Atos 9:1-5)

5 Quando Jesus falou com Saulo na estrada para Damasco, Ele naoperguntou: “Por que persegues meus discıpulos?” Como ja mencionado,ele disse: “Por que me persegues?” (Atos 9:4) Isso mostra que Jesus sen-

� Veja o quadro “Saulo — o fariseu”, na pagina 62.

1, 2. O que Saulo pretendia fazer em Damasco?3, 4. (a) O que aconteceu com Saulo? (b) Que perguntas vamos considerar?5, 6. O que aprendemos das palavras de Jesus a Saulo?

C A P´I T U L O 8

A congregac˜ao “entrou . . . num

per´ıodo de paz”

Saulo deixa de ser perseguidor cruele torna-se ministro zeloso

Baseado em Atos 9:1-43

60

Page 63: De Testemunho Cabal

te pessoalmente as provacoes que seus seguidores sofrem. — Mat. 25:34-40, 45.

6 Caso voce esteja sendo afligido por ter fe em Cristo, esteja certo deque tanto Jeova como Jesus sabem o que voce esta passando. (Mat.10:22, 28-31) Pode ser que no momento a provacao nao seja eliminada.Lembre-se de que Jesus viu o envolvimento de Saulo na morte de Este-vao. Tambem viu Saulo arrancar fieis discıpulos de suas casas em Jeru-salem. (Atos 8:3) Mesmo assim, Jesus nao interferiu naquelas ocasioes.Apesar disso, Jeova, por meio de Cristo, deu a Estevao e a outros discı-pulos a forca necessaria para permanecerem fieis.

7 Voce tambem pode perseverar em face de perseguicao. Como? (1) Es-teja determinado a permanecer leal, aconteca o que acontecer. (2) Peca aajuda de Jeova. (Fil. 4:6, 7) (3) Deixe a vinganca nas maos de Jeova.(Rom. 12:17-21) (4) Confie que Jeova lhe dara forcas para perseverar ateque ele ache apropriado remover a provacao. — Fil. 4:12, 13.

“Saulo, irm˜ao, o Senhor . . . enviou-me”

(Atos 9:6-17)

8 Depois de responder a pergunta deSaulo: “Quem es, Senhor?”, Jesus disse-lhe: “Levanta-te e entra na cidade, e ser-te-a dito o que tens de fazer.” (Atos 9:6)Sem poder enxergar, Saulo foi levado atesua hospedagem em Damasco, onde je-juou e orou por tres dias. Nesse meio-tempo, Jesus falou sobre Saulo com umdiscıpulo naquela cidade, um homem cha-mado Ananias, que tinha “boa reputacaoentre todos os judeus” que moravam emDamasco. — Atos 22:12.

9 Imagine os sentimentos conflitantesque Ananias deve ter tido! La estava o Ca-beca da congregacao, o ressuscitado Je-sus Cristo, falando com ele pessoalmen-te, escolhendo-o para uma designacaoespecial. Que privilegio; mas que desig-nacao difıcil! Quando soube que deveriafalar com Saulo, Ananias respondeu: “Se-nhor, eu ouvi muitos falar deste homem,

7. O que voce deve fazer para perseverar em facede perseguicao?8, 9. Como Ananias talvez se tenha sentidoquanto a sua designacao?

A CONGREGAC˜AO “ENTROU . . . NUM PER

´IODO DE PAZ” 61

Como Saulo obteve autoridade para pren-der crist

˜aos numa cidade estrangeira?

O Sin´edrio e o sumo sacerdote exerciam au-

toridade para ditar a moral que governava avida dos judeus em toda a parte, e, pelo visto,entre os poderes do sumo sacerdote estava aautoridade para extraditar criminosos. Assim,cartas do sumo sacerdote induziriam os an-ci

˜aos das sinagogas em Damasco a cooperar

com as instruc˜oes delineadas nelas. — Atos

9:1, 2.

Al´em disso, os romanos tinham dado aos

judeus autonomia para resolver seus pr´o-

prios assuntos jur´ıdicos. Isso explica como

os judeus puderam aplicar cinco vezes “qua-renta golpes menos um” no ap

´ostolo Paulo.

(2 Cor. 11:24) O livro de 1 Macabeus tamb´em

menciona uma carta escrita por um cˆonsul ro-

mano a Ptolomeu VIII do Egito, em 138 AEC,que fazia a seguinte exig

ˆencia: “Se alguns

malfeitores tiverem fugido [da Judeia] para oseu pa

´ıs, entreguem-nos a Sim

˜ao, o sumo sa-

cerdote, para que ele possa puni-los segundoa lei deles.” (1 Mac. 15:21) Em 47 AEC, J

´ulio

C´esar confirmou os privil

´egios dados anterior-

mente ao sumo sacerdote e o direito de esteresolver quaisquer quest

˜oes relacionadas aos

costumes judaicos.

A AUTORIDADE DE SAULO EM DAMASCO

Page 64: De Testemunho Cabal

quantas coisas prejudiciais ele fez aos teus santos em Jerusalem. E eletem aqui autoridade dos principais sacerdotes para por em lacos a todosos que invocam o teu nome.” — Atos 9:13, 14.

10 Jesus nao repreendeu Ananias por expressar sua preocupacao. Noentanto, deu-lhe orientacoes claras. Ao mesmo tempo lhe mostrou con-sideracao, dizendo-lhe por que queria que Ananias realizasse essa tare-fa incomum. Jesus disse a respeito de Saulo: “Este homem e para mimum vaso escolhido, para levar o meu nome as nacoes, bem como a reis eaos filhos de Israel. Pois eu lhe mostrarei claramente quantas coisas eletem de sofrer por meu nome.” (Atos 9:15, 16) Ananias obedeceu a Jesus

10. O que aprendemos sobre Jesus ao analisar o modo como ele lidou comAnanias?

62 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

O “jovem chamado Saulo” que aparece no relato

de Atos sobre o apedrejamento de Estˆev

˜ao era de

Tarso, capital da prov´ıncia romana da Cil

´ıcia, no sul

da atual Turquia. (Atos 7:58) Havia uma comuni-

dade judaica relativamente grande

naquela cidade. De acordo com o

que ele mesmo escreveu, Saulo ti-

nha sido “circuncidado no oitavo

dia” e era “da linhagem de Israel,

da tribo de Benjamim, hebreu nasci-

do de hebreus; com respeito`a lei,

fariseu”. Com certeza, essas eram

consideradas caracter´ısticas de um

judeu de alta categoria! — Fil. 3:5.

Saulo morava em uma grande e

pr´ospera cidade de neg

´ocios, um

centro da cultura grega. Por ter cres-

cido em Tarso, Saulo sabia falar

grego.´

E quase certo que ele

tenha recebido sua educac˜ao pri-

m´aria numa escola judaica. Saulo

aprendeu a fabricar tendas, uma ha-

bilidade t´ıpica da regi

˜ao em que morava.

´E bem

prov´avel que Saulo tenha aprendido essa profis-

s˜ao de seu pai enquanto ainda era jovem. — Atos

18:2, 3.

O relato de Atos tamb´em revela que Saulo nas-

ceu como cidad˜ao romano. (Atos 22:25-28) Isso

significa que um de seus antepassados j´a havia

adquirido esse direito. N˜ao se sabe como a fam

´ılia

de Saulo obteve cidadania romana. Seja como for,

esse privil´egio os colocava entre a elite de sua pro-

v´ıncia. Portanto, a formac

˜ao e a educac

˜ao de Saulo

o deixaram plenamente familiarizado com trˆes cul-

turas — judaica, grega e romana.

Provavelmente, quando tinha n˜ao

mais do que 13 anos, Saulo

mudou-se para Jerusal´em, a qua-

se 840 quilˆometros de Tarso, a fim

de continuar seus estudos. Nessa

cidade, Saulo estudou aos p´es de

Gamaliel, um muito estimado ins-

trutor da tradic˜ao farisaica. — Atos

22:3.

Esses estudos complementares,

compar´aveis a frequentar uma uni-

versidade atualmente, consistiam

em memorizac˜ao e em obter ins-

truc˜ao das Escrituras e da lei oral

judaica. Um aluno bem-sucedido de

Gamaliel teria uma carreira promis-

sora diante de si, e, pelo visto, Saulo

era esse tipo de aluno. Mais tarde, ele escreveu:

“Eu fazia mais progresso no juda´ısmo do que mui-

tos da minha pr´opria idade na minha raca, visto

que eu era muito mais zeloso das tradic˜oes de

meus pais.” (G´al. 1:14) Sem d

´uvida, foi o zelo de

Saulo pelas tradic˜oes judaicas que o tornou um

perseguidor implac´avel da rec

´em-formada congre-

gac˜ao crist

˜a.

SAULO — O FARISEU

Page 65: De Testemunho Cabal

prontamente. Ele encontrou o perseguidor Saulo e disse-lhe: “Saulo, ir-mao, o Senhor, o Jesus que te apareceu na estrada pela qual vieste, en-viou-me a fim de que recuperasses a vista e ficasses cheio de espıritosanto.” — Atos 9:17.

11 Aprendemos muito dos eventos envolvendo Jesus, Ananias e Saulo.Por exemplo, Jesus dirige ativamente a obra de pregacao, assim comoprometeu que faria. (Mat. 28:20) Embora nao fale diretamente com aspessoas hoje, Jesus dirige a obra de pregacao por meio da classe do es-cravo fiel, a quem ele, nos nossos dias, designou sobre todos os seusbens. (Mat. 24:45-47) A classe do “escravo”, representada pelo seu CorpoGovernante, envia publicadores, pioneiros e missionarios para encon-trar aqueles que querem saber mais sobre Cristo. Conforme menciona-do no capıtulo anterior, muitos desses sinceros oram pedindo orienta-cao e entao sao contatados pelas Testemunhas de Jeova. — Atos 9:11.

12 Ananias obedientemente aceitou a designacao que recebeu e foiabencoado. Voce obedece ao mandamento de dar testemunho cabal,mesmo quando a designacao o deixa apreensivo? Para alguns, ir de casaem casa e falar com estranhos pode causar ansiedade. Outros achamdesafiador pregar no comercio, nas ruas ou por telefone. Ananias supe-rou seu medo e teve a honra de ajudar Saulo a receber espırito santo.�Ananias foi bem-sucedido porque confiou em Jesus e encarou Saulocomo um irmao em potencial. Podemos superar nossos medos se, comoAnanias, confiarmos que Jesus esta dirigindo a obra de pregacao, tiver-mos empatia pelas pessoas e encararmos como irmaos em potencial atemesmo aqueles que nos fazem sentir muito intimidados. — Mat. 9:36.

Ele “comecou . . . a pregar Jesus” (Atos 9:18-30)

13 Saulo agiu prontamente de acordo com o que aprendeu. Depois deser curado, ele foi batizado e comecou a se associar com os discıpulosem Damasco. Mas fez mais do que isso. Ele “comecou imediatamente,nas sinagogas, a pregar Jesus, que Este e o Filho de Deus”. — Atos 9:20.

14 Se voce esta estudando a Bıblia, mas ainda nao e batizado, seguira oexemplo de Saulo, agindo prontamente de acordo com o que aprender?´E verdade que Saulo testemunhou pessoalmente um milagre realizado

� Como regra geral, os dons do espırito santo eram transmitidos por meio dos apos-tolos. Mas, no caso mencionado no paragrafo, parece que Jesus permitiu que Ana-nias transmitisse os dons do espırito a Seu “vaso escolhido”, Saulo. Depois de suaconversao, demorou um bom tempo ate Saulo ter contato com os 12 apostolos. Comcerteza, porem, ele estava ativo durante todo esse perıodo. Pelo visto, Jesus providen-ciou que Saulo tivesse os poderes de que precisava para cumprir sua designacao depregar.

11, 12. O que aprendemos dos eventos envolvendo Jesus, Ananias e Saulo?13, 14. Se voce esta estudando a Bıblia, mas ainda nao e batizado, o que podeaprender do exemplo de Saulo?

A CONGREGAC˜AO “ENTROU . . . NUM PER

´IODO DE PAZ” 63

Page 66: De Testemunho Cabal

por Cristo, e isso sem duvida contribuiu para motiva-lo a agir. Mas ou-tros tambem testemunharam milagres realizados por Jesus. Por exem-plo, um grupo de fariseus o viu curar a mao ressequida de um homem,e um grande numero dos judeus sabia que Jesus havia ressuscitado La-zaro. Mesmo assim, muitos deles permaneceram apaticos, ate mesmohostis. (Mar. 3:1-6; Joao 12:9, 10) Em contraste com isso, Saulo mudoucompletamente. Por que Saulo reagiu bem a mensagem enquanto outrosnao o fizeram? Porque temia mais a Deus do que a homens e era muitograto pela misericordia que Cristo lhe havia demonstrado. (Fil. 3:8) Sevoce reagir de modo similar, nao permitira que nada o impeca de partici-par na obra de pregacao e de se qualificar para o batismo.

15 Consegue imaginar a surpresa, o espanto e a raiva que devem ter seespalhado entre as multidoes quando Saulo comecou a pregar nas sina-gogas sobre Jesus? “Nao e este o homem que devastava em Jerusalemos que invocavam este nome?” perguntavam. (Atos 9:21) Quando explica-va por que havia mudado seu modo de pensar sobre Jesus, Saulo ‘pro-vava logicamente que aquele era o Cristo’. (Atos 9:22) Mas a logica nao euma chave mestra que abre toda mente presa a tradicoes e todo coracaodominado pelo orgulho. Ainda assim, Saulo nao desistiu.

16 Tres anos mais tarde, os judeus em Damasco ainda discutiam comSaulo. Por fim, procuraram mata-lo. (Atos 9:23; 2 Cor. 11:32, 33; Gal. 1:13-18) Quando essa trama se tornou conhecida, Saulo decidiu fugir discre-tamente, concordando que o descessem num cesto atraves de uma aber-tura no muro da cidade. Os que ajudaram Saulo a fugir sao descritospor Lucas como “seus discıpulos”, isto e, de Saulo. (Atos 9:25) Essas pa-lavras parecem indicar que pelo menos alguns dos que ouviram Sauloem Damasco reagiram bem a sua pregacao e se tornaram seguidores deCristo.

17 Quando voce comecou a falar a seus familiares, amigos e outros so-bre as coisas boas que estava aprendendo, talvez imaginasse que todosaceitariam a logica irrefutavel da verdade bıblica. Pode ser que alguns te-nham aceitado, mas muitos nao fizeram isso. De fato, membros de suapropria famılia talvez tenham tratado voce como inimigo. (Mat. 10:32-38) Mas, se voce continuar a aprimorar sua habilidade de raciocinar abase das Escrituras e mantiver a conduta crista, ate mesmo os que seopoem a voce poderao por fim mudar de atitude. — Atos 17:2; 1 Ped. 2:12;3:1, 2, 7.

18 Quando Saulo entrou em Jerusalem, e compreensıvel que os discı-pulos tenham ficado desconfiados em relacao as suas afirmacoes de

15, 16. O que Saulo fazia nas sinagogas, e como os judeus em Damasco reagiram?17. (a) De que maneiras as pessoas reagem a verdade bıblica? (b) O que devemoscontinuar a fazer, e por que?18, 19. (a) Quando Barnabe defendeu Saulo, qual foi o resultado? (b) Como podemosimitar a Barnabe e a Saulo?

64 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 67: De Testemunho Cabal

que agora era um discıpulo. Mas, quando Barnabe o defendeu, os apos-tolos o aceitaram, e Saulo ficou com eles por algum tempo. (Atos 9:26-28)Saulo era discreto, mas nao se envergonhava das boas novas. (Rom.1:16) Ele pregou com coragem em Jerusalem, o mesmo lugar onde elehavia iniciado uma perseguicao cruel contra os discıpulos de JesusCristo. Para o desespero dos judeus em Jerusalem, eles se deram contade que seu heroi havia tomado o lado dos inimigos e agora procuravammata-lo. “Quando os irmaos perceberam isso”, diz o relato, “trouxeram-no [a Saulo] para baixo a Cesareia e o enviaram a Tarso”. (Atos 9:30)Saulo submeteu-se a orientacao que Jesus deu por meio da congrega-cao, e tanto ele como a congregacao se beneficiaram disso.

19 Observe que Barnabe tomou a iniciativa de ajudar Saulo. Sem duvi-da, essa atitude bondosa ajudou a promover a cordial amizade que sedesenvolveu entre esses servos zelosos de Jeova. Voce, assim como Bar-nabe, ajuda de coracao os novos na congregacao, trabalhando com elesno servico de campo e ajudando-os a fazer progresso espiritual? Vocesera ricamente recompensado se fizer isso. Se voce e um novo publica-dor das boas novas, aceita, assim como Saulo, a ajuda que lhe e ofere-cida? Por trabalhar com publicadores mais experientes, voce vai apri-morar sua habilidade no ministerio, ser mais feliz e formar lacos deamizade que podem durar para sempre.

‘Muitos se tornaram crentes’ (Atos 9:31-43)

20 Depois de Saulo ter se convertido e ter deixado Jerusalem em segu-ranca, “a congregacao atraves de toda a Judeia, e Galileia, e Samaria, en-trou . . . num perıodo de paz”. (Atos 9:31) Como os discıpulos aproveita-ram essa “epoca favoravel”? (2 Tim. 4:2) O relato diz que eles estavam‘sendo edificados’. Os apostolos e outros irmaos da dianteira fortaleciama fe dos discıpulos e lideravam a congregacao a medida que ela “andavano temor de Jeova e no consolo do espırito santo”. Por exemplo, Pedroaproveitou a oportunidade para fortalecer os discıpulos na cidade deLida, na planıcie de Sarom. Seus esforcos fizeram com que muitos quemoravam em Lida e nos arredores se voltassem “para o Senhor”. (Atos9:32-35) Os discıpulos nao deixaram que outros objetivos os distraıs-sem, mas se empenharam em cuidar uns dos outros e em pregar asboas novas. O resultado foi que a congregacao ‘se multiplicava’.

21 No final do seculo 20, as Testemunhas de Jeova em muitos paısesentraram num “perıodo de paz” similar. Governos que por decadas opri-miram o povo de Deus de repente chegaram ao fim, e certas proscricoesa obra de pregacao foram amenizadas ou anuladas. Milhares de Teste-munhas de Jeova aproveitaram a oportunidade para pregar publica-mente, com excelentes resultados. Por exemplo, quando as Testemunhas

20, 21. Como os servos de Deus no passado e no presente tem aproveitado bem os‘perıodos de paz’?

A CONGREGAC˜AO “ENTROU . . . NUM PER

´IODO DE PAZ” 65

Page 68: De Testemunho Cabal

de Jeova na Russia foram reconhecidas oficialmente em 1991, havia me-nos de 16 mil proclamadores do Reino naquele paıs. Apenas 16 anosmais tarde, em 2007, mais de 150 mil pessoas pregavam zelosamente asboas novas.

22 Voce esta aproveitando a liberdade que tem? Se voce mora num paısem que ha liberdade religiosa, Satanas gostaria muito de induzi-lo a seempenhar por riquezas materiais, nao pelos interesses do Reino. (Mat.13:22) Nao se deixe desviar. Use bem quaisquer perıodos de relativa pazque voce talvez tenha. Encare-os como oportunidades para dar testemu-nho cabal e para edificar a congregacao. Lembre-se de que suas circuns-tancias podem mudar de uma hora para outra.

23 Veja o que aconteceu com uma discıpula chamada Tabita, ou Dor-cas.� Ela morava em Jope, uma cidade nao muito distante de Lida. Essafiel irma usava bem seu tempo e suas habilidades — ela era rica “emboas acoes e [em] dadivas de misericordia”. Mas, de repente, ela ficoudoente e morreu. Sua morte causou grande pesar aos discıpulos emJope, especialmente as viuvas que tinham sido beneficiadas por suabondade. Quando Pedro chegou a casa em que o corpo de Tabita estavasendo preparado para o enterro, ele realizou um milagre que ainda naohavia acontecido entre os apostolos de Jesus Cristo. Pedro orou e en-tao ressuscitou Tabita! Consegue imaginar a alegria que as viuvas eos outros discıpulos sentiram quando Pedro pediu que entrassem no

quarto, e eles viram que Tabita havia vol-tado a viver? Como esses eventos devemte-los fortalecido para as provacoes que osaguardavam! Podemos entender por que omilagre ‘se tornou conhecido em toda aJope, e muitos se tornaram crentes no Se-nhor’. — Atos 9:36-42.

24 Aprendemos duas licoes importantesdo relato consolador envolvendo Tabita.(1) A vida e passageira. Portanto, comoe importante fazer um bom nome pe-rante Deus enquanto pudermos! (Ecl. 7:1)(2) A esperanca da ressurreicao e certa.Jeova viu os inumeros atos de bondadeque Tabita realizou, e a recompensou por

� Veja o quadro “Dorcas — rica ‘em boas acoes’ ”,na pagina 67.

22. Como voce pode aproveitar a liberdade quetem?23, 24. (a) Que licoes aprendemos do relatoenvolvendo Tabita? (b) Qual deve ser a nossadeterminacao?

Como vocˆe pode imitar a Dorcas?

66 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 69: De Testemunho Cabal

isso. Ele se lembrara do nosso trabalho arduo e nos ressuscitara casomorramos antes do Armagedom. (Heb. 6:10) Portanto, quer estejamosenfrentando uma “epoca dificultosa”, quer usufruindo um “perıodo depaz”, perseveremos em dar testemunho cabal sobre Cristo. — 2 Tim. 4:2.

A CONGREGAC˜AO “ENTROU . . . NUM PER

´IODO DE PAZ” 67

Dorcas fazia parte da congregac˜ao crist

˜a na

cidade portu´aria de Jope. Seus companheiros

crist˜aos a amavam porque ela era rica “em boas

ac˜oes e [em] d

´adivas de miseric

´ordia”. (Atos 9:36)

Muitos judeus que moravam em regi˜oes onde a

populac˜ao era uma mistura de judeus e gentios

costumavam ter um nome hebraico ou aramai-co, e outro grego ou latino. Esse tamb

´em era

o caso de Dorcas. Seu nome gre-go, Dorcas, era traduzido “Tabita”em aramaico. Os dois nomes signifi-cam “Gazela”.

Parece que Dorcas adoeceu emorreu de repente. Conforme ocostume, seu corpo foi lavado empreparac

˜ao para o enterro. Depois

disso, o corpo foi deitado num quar-to de andar superior, possivelmentena casa da pr

´opria Dorcas. O cli-

ma quente do Oriente M´edio exigia

que os enterros fossem realizadosno dia da morte da pessoa ou nodia seguinte. Os crist

˜aos em Jope ti-

nham ouvido falar que o ap´ostolo

Pedro estava na cidade vizinha deLida. Havia tempo suficiente paraque Pedro pudesse chegar a Jope

antes de Dorcas ser enterrada, pois a distˆan-

cia entre essas duas cidades era de apenas uns18 quil

ˆometros — uma caminhada de cerca de

quatro horas. Assim a congregac˜ao enviou dois

homens para pedir a Pedro que fosse a Jope semdemora. (Atos 9:37, 38) Certo estudioso diz: “Erauma pr

´atica comum no antigo juda

´ısmo enviar

mensageiros aos pares a fim de que, entre outrascoisas, um pudesse comprovar o testemunho dooutro.”

O que aconteceu quando Pedro chegou a Jope?O relato diz: “Conduziram-no para cima ao quartode andar superior; e todas as vi

´uvas apresen-

taram-se a ele chorando e mostrando muitasroupas interiores e roupas exteriores que Dorcascostumava fazer enquanto estava com elas.” (Atos9:39) Dorcas era muito querida pelos membros dacongregac

˜ao porque, entre outros motivos, tinha o

costume de costurar para eles. Ela fazia t´unicas

(roupas interiores) e mantas (roupas exteriores)que eram usadas por cima da t

´unica. N

˜ao se sabe

se Dorcas pagava todo o materialou se apenas costurava. De qual-quer forma, ela era amada por suabondade e suas “d

´adivas de miseri-

c´ordia”.

O que Pedro viu naquele quartode andar superior deve t

ˆe-lo deixa-

do comovido. “Esse era um prantomuito diferente daquele obser-vado na casa de Jairo, onde haviamulheres contratadas para chorare tocadores de flauta fazendo mui-to barulho”, diz o estudioso RichardLenski. “Esse pranto [por Dorcas]n

˜ao era artificial como aquele.”

(Mat. 9:23) Era genu´ıno e de cora-

c˜ao. O fato de n

˜ao se mencionar um

marido leva muitos a concluir queDorcas era solteira.

Quando Jesus comissionou seus ap´ostolos, ele

lhes deu poder para ‘ressuscitar mortos’. (Mat.10:8) Pedro havia visto Jesus realizar milagresdesse tipo, incluindo a ressurreic

˜ao da filha de

Jairo. Mas ainda n˜ao havia registro de que um

ap´ostolo tivesse ressuscitado algu

´em. (Mar. 5:21-

24, 35-43) Agora, por´em, Pedro pediu que os ob-

servadores sa´ıssem do quarto de andar superior

e orou fervorosamente. Com isso, Tabita abriu osolhos e se sentou. Imagine a alegria que os cris-t

˜aos em Jope sentiram quando Pedro mostrou aos

santos e`as vi

´uvas que a querida Dorcas tinha vol-

tado a viver! — Atos 9:40-42.

DORCAS — RICA “EM BOAS AC˜

OES”

Page 70: De Testemunho Cabal

Sera que os judeus que seguiam a Jesus estariam dispostosa pregar as boas novas a gentios incircuncisos? Nesta secao,veremos como o espırito de Jeova lhes abriu o coracao e os aju-dou a superar o preconceito, dando grande impulso a obra dedar testemunho a todas as nacoes.

S E C˜

A O 3 ˙ A T O S 1 0 : 1 – 1 2 : 2 5

“PESSOAS DASNAC

˜OES . . . RECEBERAM

A PALAVRA DE DEUS”ATOS 11:1

Page 71: De Testemunho Cabal

´E O ANO de 36 EC. O sol de outono aquece Pedro enquanto ele ora noterraco de uma casa a beira-mar na cidade portuaria de Jope. Ja faz al-guns dias que ele esta hospedado nessa casa. O fato de ele estar ali re-vela um certo grau de imparcialidade. O proprietario da casa, um certoSimao, e curtidor, e nem todo judeu ficaria hospedado na casa de al-guem que tivesse essa profissao.� Mesmo assim, Pedro esta para apren-der uma importante licao a respeito da imparcialidade de Jeova.

2 Enquanto ora, Pedro cai em transe. A visao que ele tem deixaria qual-quer judeu escandalizado. Ele ve descer do ceu algo semelhante a umgrande lencol, por cima do qual ha animais impuros de acordo com aLei. Ao ouvir uma voz ordenar-lhe abater e comer os animais, Pedro res-ponde: “Nunca comi nada aviltado e impuro.” Nao uma nem duas, mastres vezes e dito a ele: “Para de chamar de aviltadas as coisas que Deuspurificou.” (Atos 10:14-16) A visao deixa Pedro confuso, mas nao por mui-to tempo.

3 O que significa a visao de Pedro?´

E importante compreender seu sig-nificado, pois ela nos ensina uma verdade profunda a respeito do concei-to de Jeova sobre as pessoas. Como cristaos verdadeiros, nao podemosdar testemunho cabal sobre o Reino de Deus a menos que tenhamos omesmo ponto de vista de Deus em relacao as pessoas. Para entender-mos o significado da visao de Pedro, examinemos os eventos dramaticosque aconteceram em torno dela.

“Fazia continuamente s´uplica a Deus” (Atos 10:1-8)

4 Pedro nem imaginava que no dia anterior em Cesareia, cerca de50 quilometros ao norte, um homem chamado Cornelio tambem havia

� Alguns judeus menosprezavam os curtidores porque a profissao deles exigia tercontato com a pele e a carcaca de animais e com substancias repugnantes necessa-rias para realizar o trabalho. Os curtidores eram considerados indignos de compare-cer ao templo, e seu local de trabalho nao podia ficar a menos de 50 covados, ou umpouco mais de 22 metros, de uma cidade. Isso talvez explique em parte por que a casade Simao ficava “a beira do mar”. — Atos 10:6.

1-3. Que visao Pedro teve, e por que precisamos compreender seu significado?4, 5. Quem era Cornelio, e o que aconteceu enquanto ele orava?

C A P´I T U L O 9

“Deus n˜ao

´e parcial”

A obra de pregac˜

ao estende-sea gentios incircuncisos

Baseado em Atos 10:1–11:30

69

Page 72: De Testemunho Cabal

tido uma visao. Cornelio, um centuriao do exercito romano, era um “ho-mem devoto”.� Ele tambem era um chefe de famılia exemplar, pois “temiaa Deus, junto com toda a sua famılia”. Cornelio nao era proselito; eragentio incircunciso. No entanto, demonstrava compaixao a judeus ne-cessitados, dando-lhes ajuda material. Esse homem sincero “fazia conti-nuamente suplica a Deus”. — Atos 10:2.

5 Por volta das 15 horas, Cornelio estava orando quando teve umavisao em que um anjo lhe disse: “Tuas oracoes e dadivas de misericor-dia tem ascendido como memoria perante Deus.” (Atos 10:4) Orienta-do pelo anjo, Cornelio mandou que homens fossem chamar o apostolo

Pedro. Como gentio incircunciso, Corneliologo entraria por uma porta que ate entaoestava fechada para ele: Cornelio recebe-ria a mensagem de salvacao.

6 Sera que hoje Deus responde as ora-coes de pessoas sinceras que desejam sa-ber a verdade sobre ele? Veja um exem-plo. Uma mulher na Albania aceitou umexemplar da revista A Sentinela que fa-lava sobre criacao de filhos.� Ela disse aTestemunha de Jeova que bateu em suaporta: “Acreditaria se eu dissesse que es-tava orando a Deus pedindo ajuda paracriar minhas filhas? Ele enviou voce! Oque voce disse e exatamente o que eu pre-cisava ouvir!” A mulher e suas filhas co-mecaram a estudar a Bıblia, e, mais tarde,seu marido passou a participar do estudo.

7 Sera que esse e um caso isolado? Deforma alguma! Casos como esse acon-tecem repetidas vezes em todo o mundo— algo muito frequente para ser mera coin-cidencia. Entao, o que podemos concluir?Primeiro, Jeova responde as oracoes de

� Veja o quadro “Cornelio e o exercito romano”,nesta pagina.� A mulher se interessou pelo artigo “Conse-lhos confiaveis para criar filhos”, publicado emA Sentinela de 1.o de novembro de 2006, pagi-nas 4 a 7.

6, 7. (a) Relate um caso mostrando que Deusresponde as oracoes de pessoas sinceras quedesejam saber a verdade sobre ele. (b) O quepodemos concluir de casos como esse?

70 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

As sedes administrativa e militar da pro-v

´ıncia romana da Judeia localizavam-se em

Cesareia. Sob o comando do governadorhavia de 500 a 1.000 cavaleiros. Ele tam-b

´em comandava cinco coortes, ou grupos

de infantaria, cujo tamanho podia variar en-tre 500 e 1.000 soldados cada uma. Essessoldados geralmente n

˜ao eram cidad

˜aos ro-

manos, mas eram recrutados das prov´ıncias

romanas. A maioria servia em Cesareia, mashavia destacamentos por toda a Judeia. Ha-via uma coorte com base permanente naTorre de Ant

ˆonia, em Jerusal

´em, para vigiar o

monte do Templo e a cidade. A presenca desoldados romanos em Jerusal

´em era refor-

cada durante as festividades judaicas paraconter poss

´ıveis tumultos.

Uma coorte era dividida em seis cent´urias.

Cada cent´uria tinha aproximadamente cem

homens e era comandada por um centuri˜ao.

O texto grego de Atos 10:1 diz que Corn´elio

era um centuri˜ao do chamado destacamen-

to italiano, provavelmente localizado emCesareia. Essa unidade talvez tenha sido aSegunda Coorte Italiana de Cidad

˜aos Roma-

nos Volunt´arios.� Os centuri

˜oes eram ricos e

tinham grande status social e militar. Elestalvez tivessem um sal

´ario 16 vezes maior do

que o de um soldado comum.

� Em latim, Cohors II Italica voluntariorum civium Roma-norum. H

´a evid

ˆencias de sua presenca na S

´ıria em 69 EC.

CORN´

ELIO

E O EX´

ERCITO ROMANO

Page 73: De Testemunho Cabal

pessoas sinceras que procuram conhece-lo. (1 Reis 8:41-43; Sal. 65:2) Se-gundo, os anjos nos apoiam na obra de pregacao. — Rev. 14:6, 7.

“Pedro estava . . . em grande perplexidade” (Atos 10:9-23a)

8 Ainda no terraco, “Pedro estava . . . em grande perplexidade” quanto aosignificado da visao quando os mensageiros de Cornelio se aproximaramda casa. (Atos 10:17) Depois de ter dito tres vezes que se recusaria a comeralimentos considerados impuros pela Lei, sera que Pedro estaria dispostoa acompanhar esses homens e entrar na casa de um gentio? De algumaforma, o espırito santo revelou a Pedro a vontade de Deus nesse assunto:“Eis que tres homens estao-te buscando. No entanto, levanta-te, desce evai com eles, nao duvidando nada, porque eu os mandei.” (Atos 10:19, 20)A visao dos animais impuros que Pedro havia tido sem duvida o preparoupara aceitar as orientacoes do espırito santo.

9 Pedro, ao saber que Cornelio havia sido instruıdo por Deus para man-dar busca-lo, convidou os mensageiros gentios a entrar na casa “e os hos-pedou”. (Atos 10:23a) Aquele obediente apostolo ja estava ajustando seumodo de agir aos acontecimentos recentes relacionados com o cumpri-mento da vontade de Deus.

10 Ate hoje, Jeova orienta seu povo progressivamente. (Pro. 4:18) Pormeio de seu espırito santo, ele guia “o escravo fiel e discreto” e seu CorpoGovernante. (Mat. 24:45)

`As vezes podemos receber ajustes em nosso en-

tendimento da Palavra de Deus, ou pode haver mudancas em certos pro-cedimentos organizacionais. Devemos nos perguntar: ‘Como reajo a essesajustes? Sou submisso as orientacoes do espırito de Deus nesses assun-tos?’

Pedro “mandou que fossem batizados” (Atos 10:23b-48)

11 No dia seguinte a visao de Pedro, ele e outros nove homens — os tresmensageiros enviados por Cornelio e “seis irmaos” judeus de Jope — fo-ram a Cesareia. (Atos 11:12) Na expectativa da chegada de Pedro, Cornelioreuniu “seus parentes e amigos ıntimos” — pelo visto todos gentios. (Atos10:24) Ao chegar, Pedro fez algo que antes consideraria inconcebıvel: en-trou na casa de um gentio incircunciso. Pedro explicou: “Vos bem sabeisquao ilıcito e para um judeu juntar-se ou chegar-se a um homem de outraraca; contudo, Deus mostrou-me que eu nao chamasse nenhum homemde aviltado ou impuro.” (Atos 10:28) A essa altura, Pedro ja havia entendi-do que aquela visao tinha por objetivo ensinar-lhe uma licao que nao se li-mitava ao tipo de alimento que alguem podia comer. Ele nao deveria ‘cha-mar nenhum homem [nem mesmo um gentio] de aviltado’.

8, 9. O que o espırito revelou a Pedro, e como Pedro reagiu?10. Como Jeova orienta seu povo, e que perguntas devemos fazer a nos mesmos?11, 12. O que Pedro fez ao chegar a Cesareia, e o que ele havia aprendido?

“DEUS N˜AO

´E PARCIAL” 71

Page 74: De Testemunho Cabal

12 Um grupo de pessoas interessadas esperava Pedro. “Estamos aquitodos presentes perante Deus para ouvir todas as coisas que foste man-dado dizer por Jeova”, explicou Cornelio. (Atos 10:33) Imagine como vocese sentiria se uma pessoa interessada lhe dissesse palavras como essas!Pedro comecou seu discurso com a seguinte declaracao poderosa: “Cer-tamente percebo que Deus nao e parcial, mas, em cada nacao, o homemque o teme e que faz a justica lhe e aceitavel.” (Atos 10:34, 35) Pedro ha-via aprendido que o conceito de Deus sobre as pessoas nao e determina-do por raca, nacionalidade ou qualquer outro fator externo. A seguir, Pe-dro deu testemunho sobre o ministerio, a morte e a ressurreicao deJesus.

13 De repente, algo inedito aconteceu. “Enquanto Pedro ainda falava”, oespırito santo foi derramado sobre aquelas “pessoas das nacoes”. (Atos10:44, 45) Esse e o unico caso registrado nas Escrituras em que o espı-rito santo foi derramado antes do batismo. Reconhecendo que aquilo erasinal da aprovacao de Deus, Pedro “mandou que [aqueles gentios] fos-sem batizados”. (Atos 10:48) A conversao desses gentios em 36 EC mar-cou o fim do perıodo de favor especial aos judeus. (Dan. 9:24-27) Ao exer-cer a lideranca naquela ocasiao, Pedro usou a terceira e ultima ‘chave doreino’. (Mat. 16:19) Essa chave abriu a porta para que gentios incircunci-sos se tornassem cristaos ungidos pelo espırito.

14 Como proclamadores do Reino hoje, reconhecemos que “com Deusnao ha parcialidade”. (Rom. 2:11) Ele deseja que “toda sorte de homenssejam salvos”. (1 Tim. 2:4) Por isso, nunca devemos julgar as pessoas abase de fatores externos. Nossa comissao e dar testemunho cabal sobreo Reino de Deus, e isso envolve pregar a todas as pessoas, independen-temente de raca, nacionalidade, aparencia ou religiao.

Eles “assentiram, e glorificaram a Deus” (Atos 11:1-18)

15 Provavelmente ansioso para relatar o que aconteceu, Pedro foi a Jeru-salem. Parece que a notıcia de que gentios incircuncisos haviam ‘recebidoa palavra de Deus’ chegou la antes dele. Pouco depois de Pedro chegar, “ospatrocinadores da circuncisao comecaram a contender com ele”. Eles es-tavam escandalizados, pois Pedro havia entrado na “casa de homens in-circuncisos e havia comido com eles”. (Atos 11:1-3) A questao nao era segentios podiam tornar-se seguidores de Cristo. Na realidade, aqueles dis-cıpulos judeus estavam insistindo que os gentios tinham de observar aLei — incluindo a circuncisao — a fim de que sua adoracao fosse aceitavela Jeova.

´E evidente que alguns discıpulos judeus tinham dificuldades

para aceitar o fim da Lei mosaica.

13, 14. (a) O que foi significativo quanto a conversao de Cornelio e de outros gentiosem 36 EC? (b) Por que nao devemos julgar as pessoas a base de fatores externos?15, 16. Por que alguns cristaos judeus discutiram com Pedro, e como ele justificousuas acoes?

72 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 75: De Testemunho Cabal

Antioquia da S´ıria ficava

`as margens do

rio Orontes, cerca de 30 quilˆometros rio aci-

ma do porto mediterrˆaneo de Sel

ˆeucia, e

uns 550 quilˆometros ao norte de Jerusa-

l´em. (Atos 13:4) Seleuco I Nic

´ator, primeiro

governante do Imp´erio Sel

ˆeucida, fundou An-

tioquia em 300 AEC. Sendo a capital desseimp

´erio, Antioquia logo se tornou uma cida-

de muito importante. Em 64 AEC, o generalromano Pompeu fez da S

´ıria uma prov

´ın-

cia romana, tendo Antioquia por capital. Noprimeiro s

´eculo EC, essa metr

´opole era a ter-

ceira maior cidade do Imp´erio Romano em

tamanho e riqueza, perdendo apenas paraRoma e Alexandria.

Antioquia era um centro comercial e pol´ıti-

co. Mercadorias de toda a S´ıria passavam

por ela antes de serem exportadas para oresto da bacia do Mediterr

ˆaneo. “Visto que

ficava perto da fronteira entre a regi˜ao ha-

bitada por gregos e romanos e osestados orientais”, diz um erudito, “ela eramuito mais cosmopolita do que a maioriadas cidades helen

´ısticas”. Havia uma gran-

de comunidade judaica em Antioquia e, deacordo com o historiador judeu Fl

´avio Josefo,

esses judeus “levaram muitos gregos [quemoravam ali] a tornar-se pros

´elitos”.

ANTIOQUIA DA S´IRIA

16 Como Pedro justificou suas acoes? Deacordo com Atos 11:4-16, ele mencionouquatro provas da orientacao divina nesseassunto: (1) a visao que ele teve (Versıculos4-10); (2) a ordem que ele recebeu do espıri-to santo (Versıculos 11, 12); (3) a visita doanjo a Cornelio (Versıculos 13, 14) e (4) oderramamento do espırito santo sobre osgentios. (Versıculos 15, 16) Pedro concluiucom uma pergunta que nao deixou mar-gem para duvidas: “Se Deus, portanto, deua mesma dadiva gratuita [do espırito san-to] a eles [os gentios que aceitaram a men-sagem] como tambem dera a nos [judeus],os que temos crido no Senhor Jesus Cris-to, quem era eu para poder obstar [ou im-pedir] a Deus?” — Atos 11:17.

17 O testemunho de Pedro colocou dian-te daqueles cristaos judeus uma prova de-cisiva. Sera que eles conseguiriam por delado qualquer traco de preconceito e acei-tar os gentios recem-batizados como seusirmaos cristaos? O relato nos diz: “Ora,quando [os apostolos e outros cristaosjudeus] ouviram estas coisas, assenti-ram, e glorificaram a Deus, dizendo: ‘Poisbem, Deus tem concedido tambem a pes-soas das nacoes o arrependimento com avida por objetivo.’ ” (Atos 11:18) Essa atitu-de positiva preservou a uniao da congregacao.

18 Hoje, manter a uniao pode ser um desafio, pois os adoradores verda-deiros sao “de todas as nacoes, e tribos, e povos, e lınguas”. (Rev. 7:9) As-sim, em muitas congregacoes encontramos pessoas de varias racas, for-macoes e culturas. Faremos bem em nos perguntar: ‘Consegui tirar domeu coracao qualquer traco de preconceito? Estou determinado a nuncapermitir que as atitudes deste mundo que causam divisao entre as pes-soas, incluindo nacionalismo, tribalismo, orgulho cultural e racismo, in-fluenciem o modo como trato meus irmaos cristaos?’ Lembre-se do queaconteceu com Pedro (Cefas) alguns anos depois da conversao dos primei-ros gentios. Deixando-se levar pelo preconceito de outros, ele “passou a re-tirar-se e a separar-se” dos cristaos gentios e teve de ser corrigido por

17, 18. (a) Que prova decisiva o testemunho de Pedro colocou diante dos cristaosjudeus? (b) Por que preservar a uniao da congregacao pode ser um desafio,e o que faremos bem em nos perguntar?

Page 76: De Testemunho Cabal

Paulo. (Gal. 2:11-14) Nunca deixemos de nos proteger contra o laco do pre-conceito.

‘Um grande n´umero tornou-se crente’ (Atos 11:19-26a)

19 Sera que os seguidores de Jesus passaram a pregar aos gentios incir-cuncisos? Observe o que aconteceu mais tarde em Antioquia da Sıria.�Essa cidade tinha uma grande comunidade judaica e havia pouca hostili-dade entre judeus e gentios. Sendo assim, Antioquia era um bom lugarpara pregar aos gentios. Foi ali que alguns discıpulos judeus comecarama declarar as boas novas “ao povo que falava grego”. (Atos 11:20) Essa pre-gacao se dirigia nao apenas aos judeus que falavam grego, mas tambemaos gentios incircuncisos. Jeova abencoou a obra, e ‘um grande numerotornou-se crente’. — Atos 11:21.

20 A fim de cuidar desse campo pronto para a colheita, a congregacao deJerusalem enviou Barnabe a Antioquia. Pelo visto, o interesse ali era mui-to grande, maior do que ele tinha condicoes de cuidar sozinho. Para aju-dar nessa obra, quem melhor do que Saulo, que viria a tornar-se apostolopara as nacoes? (Atos 9:15; Rom. 1:5) Sera que Barnabe iria encarar Sau-lo como rival? Pelo contrario, Barnabe mostrou a devida modestia. Ele to-mou a iniciativa de ir a Tarso procurar Saulo e traze-lo de volta a Antio-quia para ajudar. Juntos, eles passaram um ano edificando os discıpulosna congregacao daquela cidade. — Atos 11:22-26a.

21 Como podemos mostrar modestia ao cumprir nosso ministerio? Sermodesto envolve reconhecer as proprias limitacoes. Todos nos temos pon-tos fortes e habilidades diferentes. Por exemplo, alguns talvez tenham fa-cilidade para distribuir publicacoes, mas podem achar difıcil fazer revisi-tas e iniciar estudos bıblicos. Se voce deseja melhorar em algum aspectodo ministerio, que tal pedir ajuda? Fazer isso podera ajuda-lo a ser maisprodutivo e a ter maior alegria no ministerio. — 1 Cor. 9:26.

Proveram “uma subministrac˜ao de socorros” (Atos 11:26b-30)

22 Foi primeiro em Antioquia que “os discıpulos, por providencia di-vina, foram chamados cristaos”. (Atos 11:26b) Esse nome aprovado porDeus descreve bem aqueles que imitam o modo de vida de Cristo.

`A medi-

da que pessoas das nacoes se tornavam cristas, sera que judeus e gen-tios na congregacao passaram a se considerar irmaos espirituais? Veja o

� Veja o quadro “Antioquia da Sıria”, na pagina 73.

19. A quem os cristaos judeus em Antioquia passaram a pregar, e com queresultado?20, 21. Como Barnabe mostrou a devida modestia, e como nos podemos mostrarmodestia similar ao cumprir nosso ministerio?22, 23. Como os irmaos em Antioquia demonstraram amor fraternal, e como o povode Deus hoje age de maneira similar?

74 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 77: De Testemunho Cabal

“Corn´

elio, naturalmente, esperava-ose havia reunido seus parentes e amigos

´ıntimos.”

— Atos 10:24

Page 78: De Testemunho Cabal

que aconteceu quando houve uma grande fome por volta de 46 EC.� Nopassado, as fomes afetavam profundamente os pobres, que nao tinham di-nheiro guardado nem comida estocada. Pelo visto, muitos cristaos judeusque moravam na Judeia eram pobres. Assim, durante essa fome, eles pre-cisaram de suprimentos. Ao saberem dessa necessidade, os irmaos emAntioquia, incluindo cristaos gentios, proveram “uma subministracao desocorros” aos irmaos na Judeia. (Atos 11:29) Essa foi uma verdadeira ex-pressao de amor fraternal.

23 Nao e diferente entre o povo de Deus hoje. Quando ficamos sabendoque nossos irmaos em outro paıs ou em nossa regiao precisam de ajuda,procuramos ajuda-los de coracao. Comissoes de Filial organizam rapida-mente a formacao de comissoes de ajuda humanitaria para cuidar denossos irmaos que talvez tenham sido afetados por desastres naturaiscomo furacoes, terremotos e tsunamis. Todo esse esforco para ajudar nos-sos irmaos demonstra que fazemos parte de uma genuına fraternidade.— Joao 13:34, 35; 1 Joao 3:17.

24 Como cristaos verdadeiros, levamos a serio o significado da visao quePedro recebeu no terraco em Jope ha mais de 1.900 anos. Nos adoramosum Deus imparcial. Ele deseja que demos testemunho cabal sobre SeuReino, o que envolve pregar as pessoas independentemente de raca, nacio-nalidade ou posicao social. Assim, estejamos determinados a dar a todosos que quiserem ouvir a oportunidade de aceitar as boas novas. — Rom.10:11-13.

� Josefo, historiador judeu, faz referencia a essa “grande fome” que ocorreu durante oreinado do Imperador Claudio (41-54 EC).

24. Como podemos mostrar que levamos a serio o significado da visao que Pedrorecebeu?

Quando nossos irm˜aos precisam de ajuda, procuramos ajud

´a-los de corac

˜ao

76 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 79: De Testemunho Cabal

O ENORME portao de ferro bate forte atras de Pedro. Acorrentado entredois guardas romanos, ele e escoltado ate sua cela. Entao enfrenta longashoras, talvez dias, esperando saber o que lhe vai acontecer. Ali na sua celanao ha nada para ele ver alem de guardas, correntes, paredes e grades.

2 Quando a notıcia finalmente chega, ela nao e nada boa. O Rei HerodesAgripa I esta decidido a ver Pedro morto.� O plano do rei e apresentar Pe-dro ao povo depois da Pascoa; a execucao do apostolo sera um presentepara agradar as multidoes. Isso nao e apenas uma ameaca, pois nao fazmuito tempo que o apostolo Tiago foi executado por esse mesmo rei.

E a noite anterior ao dia marcado para a execucao. O que sera queesta passando pela mente de Pedro ali na escuridao de sua cela? Sera quesao as palavras de Jesus ditas anos antes, revelando que Pedro seriaamarrado e levado contra a sua vontade — para ser executado? (Joao21:18, 19) Talvez Pedro se esteja perguntando se ja chegou o momento deisso acontecer.

4 Se voce estivesse no lugar de Pedro, como se sentiria? Muitos entra-riam em desespero, achando que nao havia esperanca. Mas, para um ver-dadeiro seguidor de Jesus Cristo, sera que existe alguma situacao real-mente sem esperanca? O que podemos aprender do modo como Pedro eseus irmaos cristaos reagiram a perseguicao que sofreram? Vejamos.

“A congregac˜ao fazia intensamente orac

˜ao” (Atos 12:1-5)

5 Conforme vimos no capıtulo anterior, a conversao dos primeiros gen-tios — Cornelio e sua famılia — foi um acontecimento emocionante para acongregacao crista. Mas imagine o choque que deve ter sido para os ju-deus que nao eram cristaos ver muitos judeus e gentios adorando juntoslivremente na congregacao crista.

� Veja o quadro “Rei Herodes Agripa I”, na pagina 79.

1-4. Com que situacao difıcil Pedro se confrontou, e como voce se sentiria casoestivesse no lugar dele?5, 6. (a) Por que e como o Rei Herodes Agripa I atacou a congregacao crista?(b) Por que a morte de Tiago foi uma prova para a congregacao?

C A P´I T U L O 1 0

“A palavra de Jeov´a crescia”

Pedro´

e libertado,e a perseguic

˜ao n

˜ao consegue

impedir a pregac˜

ao das boas novas

Baseado em Atos 12:1-25

77

Page 80: De Testemunho Cabal

6 Herodes, um polıtico astuto, viu nisso uma oportunidade de ganhar ofavor dos judeus. Assim, ele comecou a maltratar os cristaos. Sem duvida,ele ficou sabendo que o apostolo Tiago havia sido alguem bem achegadoa Jesus Cristo. Por isso, Herodes “eliminou Tiago, irmao de Joao, pela es-pada”. (Atos 12:2) Que prova isso foi para a congregacao! Tiago estava en-tre os tres que haviam testemunhado a transfiguracao de Jesus e ou-tros milagres que nao foram presenciados pelos demais apostolos. (Mat.17:1, 2; Mar. 5:37-42) Por causa do zelo impetuoso de Tiago e de seu irmaoJoao, Jesus os havia chamado de “Filhos do Trovao”. (Mar. 3:17) Dessa for-ma, a congregacao perdeu alguem que era uma corajosa e fiel testemunhae um amado apostolo.

7 A execucao de Tiago agradou aos judeus, exatamente como Agripa es-perava. Animado com essa reacao, ele resolveu fazer de Pedro sua proxi-ma vıtima. Conforme descrito no inıcio deste capıtulo, ele mandou pren-der Pedro. Sabendo que no passado os apostolos ja haviam escapado daprisao, como vimos no Capıtulo 5 deste livro, Agripa nao quis arriscar-se.Para certificar-se de que nada saısse errado, ele ordenou que Pedro fosseacorrentado a 2 guardas e que 16 guardas trabalhassem em turnos, dia enoite, a fim de garantir que esse apostolo nao escapasse — caso contrario,a sentenca de Pedro recairia sobre os proprios guardas. Diante dessa si-tuacao terrıvel, o que os irmaos cristaos de Pedro poderiam fazer?

8 A congregacao sabia exatamente o que fazer. Atos 12:5 diz: “Conse-quentemente, Pedro estava sendo guardado na prisao; mas a congregacaofazia intensamente oracao a Deus por ele.” De fato, as oracoes da congre-gacao a favor de seu amado irmao eram suplicas intensas e de coracao.

7, 8. Como a congregacao reagiu a prisao de Pedro?

Oramos a favor de nossos irm˜aos que est

˜ao presos por causa de sua f

´e

78 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 81: De Testemunho Cabal

A morte de Tiago nao deixou esses cristaosdesanimados nem fez com que achassemque nao valia a pena orar. Jeova da grandeimportancia as oracoes. Se elas estiveremem harmonia com Sua vontade, ele as res-pondera. (Heb. 13:18, 19; Tia. 5:16) Essa euma licao de fe que os cristaos atuais de-vem levar a serio.

9 Voce sabe de irmaos cristaos que estaopassando por provacoes? Eles talvez es-tejam enfrentando perseguicao, proscricaoou desastres naturais. Por que nao incluiesses irmaos em suas sinceras oracoes?Pode ser que voce tambem saiba de irmaosque estao passando por dificuldades me-nos evidentes, como problemas familiares,desanimo ou alguma prova de fe. Se medi-tar antes de orar, voce talvez consiga pen-sar em varias pessoas que podera mencio-nar por nome quando falar com Jeova, o“Ouvinte de oracao”. (Sal. 65:2) Afinal, pre-cisamos que nossos irmaos espirituais fa-cam o mesmo por nos caso venhamos a en-frentar dificuldades.

“Vem seguir-me” (Atos 12:6-11)

10 Sera que Pedro estava preocupadocom o que o aguardava? Nao podemos afir-mar, mas durante sua ultima noite na pri-sao, ele dormia profundamente enquantoos dois guardas o vigiavam. Esse homemde fe sabia que independentemente do queacontecesse no dia seguinte, Jeova cui-daria dele. (Rom. 14:7, 8) Mas com certe-za Pedro nao esperava pelos eventos sur-preendentes que estavam para ocorrer. Derepente, uma luz brilhou na cela. Um anjo,pelo visto invisıvel aos guardas, apareceue, com tom de urgencia, mandou que Pedroacordasse. E aquelas correntes nas maos

9. No que se refere as oracoes, o que aprendemosdo exemplo deixado pelos cristaos que orarampor Pedro?10, 11. Descreva o modo como o anjo de Jeovalibertou Pedro da prisao.

Herodes Agripa I, respons´avel pela execu-

c˜ao de Tiago e pela pris

˜ao de Pedro, era

neto de Herodes, o Grande. Os Herodeseram uma dinastia pol

´ıtica que governava

os judeus. A fam´ılia era idumeia, ou seja,

edomita. Os idumeus eram judeus formais,visto que a circuncis

˜ao lhes havia sido im-

posta por volta de 125 AEC.

Herodes Agripa I nasceu em 10 AEC efoi educado em Roma. Ele fez amizade comv

´arios membros da fam

´ılia imperial. Um

desses amigos foi Caio, mais conhecidocomo Cal

´ıgula, que se tornou imperador

em 37 EC. Logo depois, Cal´ıgula proclamou

Agripa rei da Itureia, de Tracon´ıtis e de Abile-

ne. Mais tarde, Cal´ıgula expandiu o dom

´ınio

de Agripa, que passou a incluir a Galileia e aPereia.

Agripa estava em Roma quando Cal´ıgula

foi assassinado, em 41 EC. Relata-se queAgripa desempenhou um papel importanteem resolver a crise que surgiu em resultadodisso. Ele participou de negociac

˜oes tensas

entre o Senado romano e Cl´audio, outro de

seus amigos poderosos. Em resultado, Cl´au-

dio foi proclamado imperador e uma guerracivil foi evitada. Para recompensar Agripapor intermediar essas negociac

˜oes, Cl

´audio

o designou rei tamb´em sobre a Judeia e

Samaria, que desde 6 EC haviam sido ad-ministradas por procuradores romanos.Assim, Agripa tornou-se governante de qua-se o mesmo dom

´ınio de Herodes, o Grande.

A capital de Agripa era Jerusal´em, onde

ele ganhou o favor dos l´ıderes religiosos. Re-

lata-se que ele observava rigorosamente alei e as tradic

˜oes judaicas por, entre outras

coisas, oferecer sacrif´ıcios no templo todos

os dias, ler a Lei em p´ublico e desempe-

nhar “o papel de fiel protetor da f´e judaica”.

Mas ele mostrou que sua afirmac˜ao de ser

adorador de Deus era falsa por organizarcombates entre gladiadores e espet

´aculos

pag˜aos no teatro. Agripa foi descrito como

“traicoeiro, superficial, extravagante”.

REI HERODES AGRIPA I

Page 82: De Testemunho Cabal

do apostolo — correntes que pareciam tao fortes — simplesmente caıramno chao!

11 O anjo deu a Pedro uma serie de ordens diretas: “Levanta-te depres-sa! . . . Cinge-te e amarra as tuas sandalias. . . . Poe a tua roupa exterior.”Pedro obedeceu prontamente. Por fim, o anjo disse: “Vem seguir-me”, e foiisso o que Pedro fez. Eles saıram da cela, passaram bem na frente dosguardas parados do lado de fora e seguiram em silencio ate o enorme por-tao de ferro. Como conseguiriam passar pelo portao? Mesmo que essapergunta tivesse passado pela mente de Pedro, logo foi respondida. Quan-do eles se aproximaram do portao, este abriu “por si mesmo”. Em questaode segundos, eles passaram pelo portao, chegaram a rua e o anjo desapa-receu. Pedro foi deixado ali. De repente ele se deu conta de que tudo aqui-lo realmente tinha acontecido. Nao era uma visao. Ele estava livre! — Atos12:7-11.

12 Nao e consolador meditar no ilimitado poder que Jeova tem para sal-var seus servos? Pedro tinha sido preso por um rei que contava com oapoio da maior potencia polıtica que o mundo ja havia visto. Mesmo as-sim, Pedro saiu da prisao sem a menor dificuldade.

´E verdade que Jeova

nao realiza esse tipo de milagre para todos os seus servos. Ele nao fez issono caso de Tiago; nem mais tarde no caso do proprio Pedro, quando as pa-lavras de Jesus a respeito dele por fim se cumpriram. Atualmente, os cris-taos nao esperam ser libertados de forma milagrosa. Mas sabemos queJeova nao mudou. (Mal. 3:6) E em breve ele usara seu Filho para libertarincontaveis milhoes de pessoas da prisao mais difıcil de escapar — a mor-te. (Joao 5:28, 29) Saber disso pode nos dar muita coragem para enfren-tar provacoes.

“Viram-no e ficaram assombrados” (Atos 12:12-17)

13 Pedro ficou parado naquela rua escura, pensando para onde iria. En-tao, lembrou-se de que uma crista chamada Maria morava ali perto. Pare-ce que ela era viuva e tinha uma boa condicao financeira. Sua casa eragrande o suficiente para ser usada por uma congregacao. Ela era mae deJoao Marcos, mencionado aqui pela primeira vez no relato de Atos. Mar-cos por fim se tornou como um filho para Pedro. (1 Ped. 5:13) Naquela noi-te, muitos da congregacao estavam reunidos na casa de Maria, orandofervorosamente, apesar de ja ser bem tarde da noite. Com certeza eles ora-vam para que Pedro fosse libertado, mas nao esperavam a resposta queJeova lhes daria!

14 Pedro bateu no portao, que dava para um patio em frente a casa.Uma serva chamada Rode — um nome grego muito comum que significa

12. Por que pode ser consolador meditar em como Jeova libertou Pedro?13-15. (a) Como os membros da congregacao que estavam reunidos na casa deMaria reagiram a chegada de Pedro? (b) Em que o livro de Atos passa a concentrar-se, mas que efeito Pedro continuou a causar em seus irmaos espirituais?

80 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 83: De Testemunho Cabal

“Rosa” — foi atender. Ela nao conseguia acreditar no que estava ouvindo.Era a voz de Pedro! Ela ficou tao agitada que, em vez de abrir o portao, dei-xou Pedro parado na rua, correu para dentro da casa e tentou convencera congregacao de que Pedro estava la fora. Eles a chamaram de louca,mas ela nao era do tipo que desistia facilmente. Ela continuou insistindo,pois sabia que estava falando a verdade. Admitindo que ela poderia termesmo ouvido algo, alguns disseram que talvez se tratasse de um anjo re-presentando Pedro. (Atos 12:12-15) Enquanto isso, Pedro continuou ba-tendo no portao ate que, por fim, eles o abriram.

15 No portao, “viram-no e ficaram assombrados”! (Atos 12:16) Eles fica-ram tao felizes e fizeram tanto barulho que Pedro teve de acalma-los paraque pudesse contar o que lhe havia acontecido, pedir que transmitissemessa informacao ao discıpulo Tiago e aos outros irmaos e, entao, ir embo-ra antes que os soldados de Herodes o encontrassem. Pedro foi para umlugar mais seguro, onde pudesse continuar seu servico fiel. A partir des-se ponto, o livro de Atos passa a concentrar-se na obra e nas viagens doapostolo Paulo. Pedro sai de cena, com excecao de Atos capıtulo 15, ondeele ajuda a resolver a questao da circuncisao. Mas podemos estar certosde que ele fortaleceu a fe dos seus irmaos espirituais aonde quer que te-nha ido. Quando Pedro saiu da casa de Maria naquela noite, com certezaos irmaos reunidos ali estavam muito felizes.

16`

As vezes Jeova da aos seus servos muito mais do que eles esperam,deixando-os tao felizes que mal conseguem acreditar. Foi assim que os ir-maos espirituais de Pedro se sentiram naquela noite. E e assim que nostalvez nos sintamos quando recebemos as ricas bencaos de Jeova hoje.(Pro. 10:22) No futuro, veremos todas as promessas de Jeova se cumpri-rem em escala global. O que vai ocorrer sera tao maravilhoso que ultra-passa os limites da nossa imaginacao. Portanto, desde que permaneca-mos fieis, podemos ter a certeza de que havera muitas ocasioes felizes nofuturo.

“O anjo de Jeov´a o golpeou” (Atos 12:18-25)

17 A fuga de Pedro tambem surpreendeu Herodes, mas ele nao ficounem um pouco feliz. Herodes logo ordenou que Pedro fosse procurado emtoda a parte e entao mandou interrogar os guardas. Eles foram “levados apunicao”, provavelmente executados. (Atos 12:19) Herodes Agripa nuncasera lembrado por ter tido compaixao ou misericordia. Sera que esse ho-mem cruel foi punido?

18´

E provavel que Agripa se tenha sentido humilhado por nao conseguirmatar Pedro, mas logo encontrou uma maneira de recuperar seu orgulhoferido. Surgiu uma questao diplomatica em que alguns dos inimigos deHerodes Agripa se viram obrigados a pedir-lhe um acordo de paz, e ele

16. Por que o futuro certamente nos reserva muitas ocasioes felizes?17, 18. Que eventos levaram a bajulacao de Herodes?

“A PALAVRA DE JEOV´A CRESCIA” 81

Page 84: De Testemunho Cabal

sem duvida estava ansioso para fazer um discurso diante de uma grandeassistencia. Lucas relata que, ao se preparar para isso, “Herodes vestiu-seda roupa real”. Josefo, historiador judeu, escreveu que a vestimenta deHerodes era feita de prata, de modo que, quando a luz incidia sobre o rei,ele parecia reluzir com gloria. Entao, esse polıtico pretensioso fez um dis-curso. Querendo bajular Herodes, a multidao clamou: “A voz de um deuse nao de homem!” — Atos 12:20-22.

19 Essa gloria pertencia a Deus, e Ele estava vendo tudo aquilo! Herodesteve chance de evitar o pior. Ele poderia ter repreendido a multidao, oupelo menos nao ter concordado com ela. Em vez disso, ele se tornou umexemplo vivo do seguinte proverbio: “O orgulho vem antes da derrocada.”(Pro. 16:18) “O anjo de Jeova o golpeou instantaneamente”, fazendo comque aquele rei arrogante e egotista morresse de forma repugnante. Hero-des, “comido de vermes, expirou”. (Atos 12:23) Josefo tambem escreveuque Herodes Agripa foi golpeado de repente, e acrescentou que o rei con-cluiu que estava morrendo por ter aceitado a bajulacao da multidao. Jo-sefo escreveu que Agripa agonizou por cinco dias antes de morrer.�

20`

As vezes pode parecer que pessoas mas praticam todo tipo de malda-de sem sofrer as consequencias. Isso nao nos deve surpreender, pois “omundo inteiro jaz no poder do inıquo”. (1 Joao 5:19) Mesmo assim, servosfieis de Deus vez por outra se sentem aflitos quando parece que pessoasdesse tipo nao sao punidas. Por isso, relatos como esse nos consolam; ve-mos Jeova agindo, como que lembrando a todos os seus servos que eleama a justica. (Sal. 33:5) Mais cedo ou mais tarde, sua justica prevalecera.

21 Esse relato conclui com uma licao ainda mais animadora: “A palavrade Jeova crescia e se espalhava.” (Atos 12:24) Esse relatorio a respeito doprogresso da obra de pregacao talvez nos lembre da maneira em queJeova abencoa essa mesma obra em nossos dias. Fica claro que esse re-gistro no capıtulo 12 de Atos nao trata principalmente da morte de umapostolo e da fuga de outro. Fala a respeito de Jeova e das medidas que eletomou para frustrar as tentativas de Satanas de destruir a congregacaocrista e de acabar com a pregacao. Esses ataques de Satanas falharam.Todas as suas tramas futuras contra o povo de Jeova tambem falharao.(Isa. 54:17) No entanto, aqueles que ficam do lado de Jeova e de JesusCristo participam de uma obra que nunca vai falhar. Isso nao e encoraja-dor? Que grande privilegio e ajudarmos a espalhar “a palavra de Jeova”hoje!

� Certo medico escreveu que os sintomas descritos por Josefo e Lucas podem ter sidocausados por vermes que formaram uma mortıfera obstrucao intestinal. Vermes des-se tipo as vezes sao vomitados ou saem do corpo do paciente na hora da morte. Umaobra de referencia diz: “A exatidao profissional de Lucas como medico descreve o hor-ror da morte [de Herodes].”

19, 20. (a) Por que Jeova puniu Herodes? (b) Que consolo podemos obter do relatoda repentina morte de Herodes Agripa?21. Qual e a principal licao do capıtulo 12 de Atos, e por que isso nos consola hoje?

82 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 85: De Testemunho Cabal

“Chegaram ao port˜

ao de ferro que dava para a cidade,e este se lhes abriu por si mesmo.”

— Atos 12:10

Page 86: De Testemunho Cabal

Nesta secao, acompanharemos o apostolo Paulo em sua pri-meira viagem missionaria. Em uma cidade apos outra, oapostolo foi perseguido. Mesmo assim, guiado pelo espıritosanto, ele continuou a dar testemunho, formando novas con-gregacoes. Esse relato emocionante certamente nos incentivaraa ter ainda mais zelo em nosso ministerio.

S E C˜

A O 4 ˙ A T O S 1 3 : 1 – 1 4 : 2 8

“ENVIADOS PELOESP

´IRITO SANTO”

ATOS 13:4

Page 87: De Testemunho Cabal

´E UM dia emocionante para a congregacao em Antioquia. De todos os pro-fetas e instrutores ali, Barnabe e Saulo acabam de ser escolhidos pelo es-pırito santo para levar as boas novas a lugares distantes.� (Atos 13:1, 2)´E verdade que homens qualificados ja foram enviados como missionariosantes, so que foram designados a regioes onde o cristianismo ja estavaestabelecido. (Atos 8:14; 11:22) Dessa vez, Barnabe e Saulo — junto comJoao Marcos, que servira como assistente — serao enviados a lugaresonde as pessoas praticamente nunca ouviram as boas novas.

2 Uns 14 anos antes, Jesus disse a seus seguidores: “Sereis testemu-nhas de mim tanto em Jerusalem como em toda a Judeia e Samaria, eate a parte mais distante da terra.” (Atos 1:8) A designacao de Barnabe eSaulo para servir como missionarios dara um grande impulso ao cum-primento dessas palavras profeticas de Jesus.�

Separados “para a obra” (Atos 13:1-12)

3 Hoje, gracas a invencoes como o automovel e o aviao, as pessoas po-dem viajar grandes distancias em apenas uma ou duas horas. Mas naoera assim no primeiro seculo EC. Naquela epoca, a principal forma deviajar por terra era caminhar, muitas vezes por terrenos acidentados.Um dia de viagem, em que normalmente a pessoa percorria apenas uns30 quilometros, era muito cansativo.� Assim, apesar de Barnabe e Sau-lo certamente estarem ansiosos para comecar sua designacao, eles sa-biam que seria necessario muito esforco e abnegacao para cumpri-la.— Mat. 16:24.

� Veja o quadro “Barnabe — ‘Filho de Consolo’ ”, na pagina 86.� A essa altura ja existem congregacoes em lugares tao distantes quanto Antioquia daSıria — uns 550 quilometros ao norte de Jerusalem.� Veja o quadro “Nas estradas”, na pagina 87.

1, 2. O que havia de especial na viagem que Barnabe e Saulo estavam para fazer,e como seu trabalho ajudaria no cumprimento de Atos 1:8?3. O que tornava difıceis as longas viagens no primeiro seculo?

C A P´I T U L O 1 1

“Cheios de alegria ede esp

´ırito santo”

O exemplo de Paulo em lidar com pessoashostis que rejeitaram a mensagem

Baseado em Atos 13:1-52

85

Page 88: De Testemunho Cabal

4 Mas por que o espırito santo orientou especificamente que Barnabe eSaulo fossem separados “para a obra”? (Atos 13:2) A Bıblia nao diz. Massabemos que o espırito santo orientou a escolha desses homens. Nao haindicacao de que os profetas e instrutores em Antioquia tenham contesta-do essa decisao. Em vez disso, eles deram pleno apoio a designacao. Ima-gine como Barnabe e Saulo devem ter se sentido quando seus irmaos es-pirituais, sem inveja-los, ‘jejuaram e oraram, e puseram as suas maossobre eles e os deixaram ir’. (Atos 13:3) Nos tambem devemos apoiar aque-les que recebem designacoes teocraticas, incluindo os homens designa-dos como superintendentes nas congregacoes. Em vez de termos invejados que recebem esses privilegios, devemos ‘dar-lhes mais do que extraor-dinaria consideracao em amor, por causa do seu trabalho’. — 1 Tes. 5:13.

5 Depois de caminhar ate Seleucia, cidade portuaria perto de Antio-quia, Barnabe e Saulo navegaram ate a ilha de Chipre, uma viagem decerca de 200 quilometros.� Sendo natural de Chipre, Barnabe sem du-

� No primeiro seculo, um navio podia viajar cerca de 150 quilometros por dia quandoos ventos estavam favoraveis. Sob condicoes desfavoraveis, poderia levar muito maistempo para percorrer a mesma distancia.

4. (a) O que orientou a escolha de Barnabe e Saulo, e como seus companheiroscristaos reagiram a essa designacao? (b) Como podemos apoiar aqueles querecebem designacoes teocraticas?5. Descreva o que estava envolvido em dar testemunho na ilha de Chipre.

86 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Um membro destacado da pri-meira congregac

˜ao de Jerusa-

l´em era Jos

´e, um levita natural

de Chipre. Os ap´ostolos deram-

lhe outro nome que descreviabem sua personalidade: Barna-b

´e, que significa “Filho de Conso-

lo”. (Atos 4:36) Quando Barnab´e

via uma necessidade entre seuscompanheiros de adorac

˜ao, ele

logo procurava supri-la.

No Pentecostes de 33 EC, fo-ram batizados 3 mil novos dis-c

´ıpulos.

´E prov

´avel que muitos

desses tenham ido a Jerusal´em

apenas para a festividade e n˜ao planejassem fi-

car ali por muito tempo. A congregac˜ao preci-

sava de recursos para cuidar dessa multid˜ao.

Portanto, Barnab´e vendeu um pedaco de terra

e generosamente entregou o di-nheiro aos ap

´ostolos como con-

tribuic˜ao. — Atos 4:32-37.

Barnab´e era um superinten-

dente crist˜ao maduro e gosta-

va muito de ajudar outros. Foiele que ajudou o rec

´em-converti-

do Saulo de Tarso quando todosos outros disc

´ıpulos temiam este

ex-perseguidor por causa de suareputac

˜ao anterior. (Atos 9:26,

27) Barnab´e demonstrou humil-

dade quando Paulo repreendeua ele e a Pedro na quest

˜ao do

relacionamento apropriado en-tre crist

˜aos judeus e gentios. (G

´al. 2:9, 11-14)

Esses poucos exemplos mostram que Barnab´e

realmente fazia jus ao seu nome — “Filho deConsolo”.

BARNAB´

E — “FILHO DE CONSOLO”

Page 89: De Testemunho Cabal

vida estava ansioso para levar as boas no-vas as pessoas em sua terra natal. Ao che-garem a Salamina, uma cidade na costaleste da ilha, esses homens nao perderamtempo. Imediatamente, eles “comecaram apublicar a palavra de Deus nas sinagogasdos judeus”.� (Atos 13:5) Barnabe e Sau-lo viajaram de uma ponta a outra de Chi-pre, provavelmente dando testemunho nasprincipais cidades ao longo do caminho.Dependendo da rota que seguiram, essesmissionarios talvez tenham caminhadouns 220 quilometros.

6 A Chipre do primeiro seculo estavamergulhada na adoracao falsa. Isso fi-cou ainda mais evidente quando Barnabee Saulo chegaram a Pafos, na costa oesteda ilha. Ali, eles encontraram certo homemque era “feiticeiro, falso profeta, um judeucujo nome era Barjesus, e ele estava com oproconsul Sergio Paulo, homem inteligen-te”.� No primeiro seculo, muitos romanoscultos — ate mesmo alguem como SergioPaulo, um “homem inteligente” — costuma-vam recorrer a feiticeiros ou astrologos embusca de ajuda para tomar decisoes impor-tantes. Mesmo assim, Sergio Paulo ficouimpressionado com a mensagem do Reinoe ‘buscou seriamente ouvir a palavra deDeus’. Mas quem nao gostou nada dissofoi Barjesus, tambem conhecido pelo tıtu-lo Elimas, que significa “Feiticeiro”. — Atos13:6-8.

7 Barjesus era contra a mensagem do Reino. Ele sabia que a unicamaneira de proteger sua influente posicao como conselheiro de SergioPaulo era “desviar da fe o proconsul”. (Atos 13:8) Mas Saulo nao per-mitiria que um magico da corte desviasse o interesse de Sergio Paulo.Entao, o que Saulo fez? O relato diz: “Saulo, que e tambem Paulo, fi-cando cheio de espırito santo, olhou para [Barjesus] atentamente e dis-se: ‘

´O homem cheio de toda sorte de fraude e de toda sorte de vilania,

� Veja o quadro “Nas sinagogas dos judeus”, na pagina 89.� Chipre estava sob o controle do Senado romano. O principal administrador da ilhaera um governador com o tıtulo de proconsul.

6, 7. (a) Quem era Sergio Paulo, e por que Barjesus tentou impedi-lo de ouvir asboas novas? (b) Como Saulo frustrou a oposicao de Barjesus?

No mundo antigo, viajar por terra era maisdemorado, cansativo e, provavelmente, maiscaro do que viajar por mar. No entanto, a

´uni-

ca maneira de chegar a muitos lugares eraa p

´e.

Um viajante podia caminhar cerca de30 quil

ˆometros por dia. Ele ficava exposto

`as condic

˜oes clim

´aticas — sol, chuva, calor e

frio — e a ataques de ladr˜oes. O ap

´ostolo Pau-

lo disse que, durante suas muitas viagens,ficou v

´arias vezes “em perigos de rios, em pe-

rigos de salteadores de estradas”. — 2 Cor.11:26.

Uma ampla rede de estradas pavimenta-das atravessava o Imp

´erio Romano. Ao longo

das principais estradas, os viajantes podiamencontrar hospedarias que ficavam a umdia de viagem uma da outra. Entre as hos-pedarias havia tabernas onde se podiam ob-ter suprimentos b

´asicos. Escritores da

´epoca

descrevem essas hospedarias e tabernascomo lugares sujos, superlotados,

´umidos

e infestados de pulgas. Eram lugares dem

´a reputac

˜ao, frequentados por pessoas da

pior esp´ecie. Os propriet

´arios das hospeda-

rias muitas vezes roubavam os viajantes e in-clu

´ıam a prostituic

˜ao entre os servicos que

ofereciam.

Os crist˜aos com certeza faziam de tudo

para ficar longe desses lugares. Mas, quandoviajavam por terras onde n

˜ao tinham familia-

res nem conhecidos, eles praticamente n˜ao ti-

nham alternativa.

NAS ESTRADAS

Page 90: De Testemunho Cabal

o filho do Diabo, inimigo de tudo o quee justo, nao cessaras de torcer os ca-minhos direitos de Jeova? Pois bem, eisque a mao de Jeova esta sobre ti e fi-caras cego, nao vendo a luz do sol porum perıodo de tempo.’ Densa nevoa eescuridao caıram instantaneamente so-bre ele, e ele andava em volta buscandohomens para o conduzirem pela mao.”�Qual foi o resultado desse acontecimen-to milagroso? “O proconsul, vendo en-tao o que tinha acontecido, tornou-secrente, pois ficou assombrado com o en-sino de Jeova.” — Atos 13:9-12.

8 Paulo nao se sentiu intimidado porBarjesus. Da mesma forma, nao de-vemos sentir-nos intimidados quandoopositores tentam minar a fe daquelesque demonstram interesse na mensa-gem do Reino.

´E claro que nossas pala-

vras devem ‘ser sempre com graca, tem-peradas com sal’. (Col. 4:6) Por outro lado, nao queremos prejudicar oprogresso espiritual de uma pessoa interessada apenas para evitar confli-to com opositores. Tambem nao devemos permitir que o medo nos impecade desmascarar a religiao falsa, que ainda persiste em “torcer os cami-nhos direitos de Jeova” assim como Barjesus fez. (Atos 13:10) Como Pau-lo, declaremos com coragem a verdade, esforcando-nos para tocar o cora-cao dos sinceros. E, mesmo que o apoio de Deus nao pareca tao evidentecomo foi no caso de Paulo, podemos ter certeza de que Jeova usara seuespırito santo para atrair a verdade os merecedores. — Joao 6:44.

Uma “palavra de encorajamento” (Atos 13:13-43)

9 Pelo visto, ocorreu uma mudanca quando os homens partiram de Pa-fos rumo a Perge, na costa da

´Asia Menor — uma viagem de aproximada-

mente 250 quilometros pelo mar. Em Atos 13:13, esse grupo e identificado

� A partir desse momento, Saulo comecou a usar o nome Paulo. Alguns sugerem queele adotou esse nome romano em homenagem a Sergio Paulo. Mas o fato de que elecontinuou a usar o nome Paulo mesmo depois de partir de Chipre leva a outra expli-cacao: Paulo, “apostolo para as nacoes”, decidiu dali em diante usar seu nome roma-no, que ele provavelmente tinha desde a infancia. Pode ser que ele tambem tenha usa-do o nome Paulo porque a pronuncia grega de seu nome hebraico, Saulo, e bemparecida com a de uma palavra grega que tem ma conotacao. — Rom. 11:13.

8. Como podemos imitar a coragem de Paulo?9. Como Paulo e Barnabe estabeleceram um excelente exemplo para os que hojeexercem lideranca na congregacao?

Assim como Paulo, n´os defendemos a verdade

com coragem diante de oposic˜ao

Page 91: De Testemunho Cabal

como “os homens, junto com Paulo”. Essas palavras sugerem que Pau-lo passou a liderar o grupo. Mas nada indica que Barnabe tenha fica-do com inveja de Paulo. Ao contrario, esses dois homens continuarama trabalhar juntos para fazer a vontade de Jeova. Paulo e Barnabe es-tabeleceram um excelente exemplo para os que hoje exercem liderancana congregacao. Em vez de competirem entre si em busca de destaque,os cristaos lembram-se das palavras de Je-sus: “Todos vos sois irmaos.” Ele acrescen-tou: “Quem se enaltecer, sera humilhado, equem se humilhar, sera enaltecido.” — Mat.23:8, 12.

10 Quando o grupo chegou a Perge, JoaoMarcos deixou Paulo e Barnabe e voltoupara Jerusalem. O motivo de ele ter ido em-bora de repente nao e mencionado. Pauloe Barnabe seguiram viagem, indo de Per-ge a Antioquia da Pisıdia, uma cidade naprovıncia da Galacia. Essa nao era umaviagem facil, visto que Antioquia da Pisı-dia ficava a cerca de 1.100 metros acima donıvel do mar. As estradas nas montanhaseram acidentadas e perigosas, alem de co-nhecidas por haver muitos assaltantes.Como se isso nao bastasse, a essa alturaPaulo provavelmente enfrentava proble-mas de saude.�

11 Em Antioquia da Pisıdia, Paulo e Bar-nabe entraram na sinagoga no sabado. Orelato diz: “Depois da leitura publica da Leie dos Profetas, os presidentes da sinagogamandaram dizer-lhes: ‘Homens, irmaos, setiverdes alguma palavra de encorajamentopara o povo, dizei-a.’ ” (Atos 13:15) Paulo le-vantou-se para falar.

12 Paulo iniciou seu discurso dizendo:

� A carta de Paulo aos galatas foi escrita algunsanos mais tarde. Nessa carta, Paulo escreveu: “Foipor intermedio de uma doenca da minha carneque eu vos declarei as boas novas pela primeiravez.” — Gal. 4:13.

10. Descreva a viagem desde Perge ate Antioquiada Pisıdia.11, 12. Ao falar na sinagoga em Antioquia daPisıdia, como Paulo despertou o interesse daassistencia?

“CHEIOS DE ALEGRIA E DE ESP´IRITO SANTO” 89

A palavra “sinagoga” significa literalmen-

te “ajuntamento”. A princ´ıpio, referia-se a

uma reuni˜ao ou congregac

˜ao de judeus e

com o tempo passou a significar o local

onde a reuni˜ao era realizada.

Acredita-se que as primeiras sinagogas

tenham sido formadas durante ou imediata-

mente ap´os os 70 anos de ex

´ılio dos judeus

em Babilˆonia. As sinagogas eram lugares

para instruc˜ao, adorac

˜ao, leitura das Escri-

turas e orientac˜ao espiritual. No primeiro s

´e-

culo EC, cada cidade na Palestina tinha sua

pr´opria sinagoga. Cidades maiores tinham

mais de uma, e Jerusal´em tinha muitas.

Ap´os o ex

´ılio babil

ˆonico, por

´em, nem to-

dos os judeus voltaram para a Palestina.

Muitos se mudaram para outros pa´ıses

por motivos comerciais. J´a no quinto s

´e-

culo AEC, havia comunidades judaicas nos

127 distritos jurisdicionais do Imp´erio Per-

sa. (Ester 1:1; 3:8) Com o tempo, comuni-

dades judaicas tamb´em se desenvolveram

nas cidades ao redor do Mediterrˆaneo. Essa

dispers˜ao dos judeus ficou conhecida como

Di´aspora. Esses judeus tamb

´em formaram

sinagogas em todos os lugares onde se es-

tabeleceram.

Nas sinagogas, a Lei era lida e explica-

da todo s´abado. As leituras eram feitas em

uma tribuna, que ficava cercada em trˆes la-

dos por assentos. Qualquer homem judeu

devoto podia participar na leitura e em dar

instruc˜ao e orientac

˜ao espiritual.

NAS SINAGOGAS DOS JUDEUS

Page 92: De Testemunho Cabal

“Homens, israelitas e vos outros que temeis a Deus.” (Atos 13:16) Issomostra que a assistencia era composta de judeus e proselitos. Como Pau-lo despertou o interesse dessas pessoas, que nao reconheciam o papel de-sempenhado por Jesus no proposito de Deus? Primeiro, Paulo fez um re-sumo da historia da nacao judaica. Ele explicou de que maneira Jeova“enalteceu o povo durante a sua residencia como forasteiros na terra doEgito” e como, depois da libertacao do povo, Deus “suportou a . . . manei-ra de agir [deles] no ermo” por 40 anos. Paulo tambem disse como os is-raelitas conseguiram tomar posse da Terra Prometida e de que modoJeova “distribuiu-lhes a terra por sorte”. (Atos 13:17-19) Alguns sugeremque Paulo fazia alusao a certos trechos das Escrituras que haviam sido li-dos momentos antes como parte da observancia do sabado. Se isso forverdade, esse e ainda outro exemplo que mostra que Paulo sabia ‘tornar-se todas as coisas para pessoas de toda sorte’. — 1 Cor. 9:22.

13 Nos tambem devemos esforcar-nos a despertar o interesse daqueles aquem pregamos. Por exemplo, saber a formacao religiosa da pessoa podenos ajudar a escolher assuntos que sejam de especial interesse para ela.Alem disso, podemos citar passagens da Bıblia que ela talvez conheca.Tambem pode ser util pedir que a pessoa leia na propria Bıblia dela. Pro-cure maneiras de despertar o interesse de seus ouvintes.

14 A seguir, Paulo considerou como a linhagem dos reis israelitas levoua “um salvador, Jesus”, cujo precursor foi Joao Batista. Daı, Paulo descre-veu como Jesus foi morto e ressuscitado. (Atos 13:20-37) “Sabei, portan-to”, disse Paulo, “que por intermedio Deste se publica a vos o perdao depecados . . . Todo aquele que cre e declarado inculpe por meio Deste”. En-tao o apostolo deu a seus ouvintes o seguinte aviso: “Cuidai de que aqui-lo que se disse nos Profetas nao venha sobre vos: ‘Observai-o, desdenha-dores, e admirai-vos disso, e desaparecei, porque estou fazendo uma obranos vossos dias, uma obra que de modo algum acreditareis, mesmo quealguem a relatasse a vos em pormenores.’ ” A reacao ao discurso de Paulofoi impressionante. “O povo comecou a suplicar que se lhes falasse destesassuntos no sabado seguinte”, diz a Bıblia. Alem disso, depois que a reu-niao na sinagoga acabou, “muitos dos judeus e dos proselitos que adora-vam a Deus seguiram a Paulo e Barnabe”. — Atos 13:38-43.

N´os “nos voltamos para as nac

˜oes” (Atos 13:44-52)

15 No sabado seguinte, “quase toda a cidade” se reuniu para escutarPaulo. Isso nao agradou alguns judeus, que “comecaram a contradizer demodo blasfemo as coisas faladas por Paulo”. Corajosamente, Paulo e Bar-nabe disseram-lhes: “Era necessario que a palavra de Deus fosse falada

13. Como podemos despertar o interesse de nossos ouvintes?14. (a) Como Paulo apresentou as boas novas sobre Jesus, e que aviso ele deu?(b) Qual foi a reacao ao discurso de Paulo?15. O que aconteceu no sabado seguinte ao discurso de Paulo?

90 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 93: De Testemunho Cabal

“Levantaram uma perseguic˜

ao contra Paulo e Barnab´

e . . .E os disc

´ıpulos continuavam cheios de alegria e de esp

´ırito santo.”

— Atos 13:50-52

Page 94: De Testemunho Cabal

primeiro a vos. Visto que a repelis e nao vos julgais dignos da vida eterna,eis que nos voltamos para as nacoes. De fato, Jeova nos tem imposto omandamento nas seguintes palavras: ‘Eu te designei como luz das na-coes, para que sejas uma salvacao ate a extremidade da terra.’ ” — Atos13:44-47; Isa. 49:6.

16 Os gentios alegraram-se, e “todos os corretamente dispostos paracom a vida eterna tornaram-se crentes”. (Atos 13:48) Logo a palavra deJeova se espalhou por todo o paıs. Mas, como vimos, a reacao dos judeusfoi bem diferente. Na verdade, os missionarios disseram a eles que, em-bora a palavra de Deus lhes tivesse sido falada primeiro, eles escolheramrejeitar o Messias e, por isso, sofreriam o julgamento adverso de Deus. Osjudeus instigaram as mulheres bem-conceituadas e os homens de desta-que da cidade e eles “levantaram uma perseguicao contra Paulo e Bar-nabe, e lancaram-nos fora dos seus termos”. Como Paulo e Barnabe rea-giram? “Sacudiram contra eles o po dos seus pes e foram para Iconio.”Sera que esse foi o fim do cristianismo em Antioquia da Pisıdia? Claroque nao! Os discıpulos que permaneceram ali ‘continuaram cheios de ale-gria e de espırito santo’. — Atos 13:50-52.

17 O modo como esses discıpulos fieis reagiram a oposicao nos ensinauma valiosa licao. Nao paramos de pregar mesmo quando pessoas de des-taque neste mundo tentam nos fazer desistir de proclamar a nossa men-sagem. Observe tambem que, quando as pessoas em Antioquia rejeita-ram a mensagem, Paulo e Barnabe ‘sacudiram o po dos seus pes’. Essegesto nao indicava que eles estavam com raiva. Em vez disso, significavaque eles nao se responsabilizavam pelo que aconteceria com as pessoas.Esses missionarios perceberam que nao podiam controlar a reacao deoutros. Mas podiam controlar se continuariam a pregar. Eles com certe-za nao deixaram de pregar quando foram para Iconio!

18 E que dizer dos discıpulos que permaneceram em Antioquia?´

E ver-dade que o territorio deles era hostil. Mas sua alegria nao dependia dareceptividade das pessoas. Jesus disse: “Felizes sao os que ouvem a pa-lavra de Deus e a guardam!” (Luc. 11:28) E era exatamente isso que osdiscıpulos em Antioquia da Pisıdia estavam decididos a fazer.

19 Assim como Paulo e Barnabe, sempre nos lembremos de que nossaresponsabilidade e pregar as boas novas. A decisao de aceitar ou rejeitara mensagem depende exclusivamente de nossos ouvintes. Se aqueles aquem pregamos nao parecem receptivos, podemos aprender uma licaodos discıpulos do primeiro seculo. Por prezarmos a verdade e permitir-mos que o espırito santo nos guie, nos tambem podemos ter alegria, mes-mo diante de oposicao. — Gal. 5:18, 22.

16. Qual foi a reacao dos judeus as fortes palavras dos missionarios, e como Pauloe Barnabe reagiram a oposicao?17-19. De que maneiras podemos imitar o excelente exemplo de Paulo e Barnabe,e como fazer isso contribuira para a nossa alegria?

92 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 95: De Testemunho Cabal

A CIDADE de Listra esta em confusao. Um homem manco de nascencapula de alegria depois de ser curado por dois estranhos. As pessoas sus-piram de admiracao, e um sacerdote de Zeus traz coroas de flores paraos dois homens, que a multidao acredita serem deuses. Touros bufam eberram enquanto o sacerdote faz preparativos para sacrifica-los aos ho-mens. Paulo e Barnabe gritam protestos e rasgam suas vestes. Daı pu-lam para o meio da multidao e imploram para que nao sejam adorados.Mesmo assim, mal conseguem impedir a multidao de fazer isso.

2 Entao, opositores judeus chegam de Antioquia da Pisıdia e de Iconio.Por meio de calunias, eles envenenam a mente dos habitantes de Listra.A mesma multidao que antes queria adorar a Paulo agora o cerca e ati-ra-lhe pedras ate ele perder a consciencia. Depois de darem vazao a suaira, eles arrastam o corpo ferido de Paulo para fora dos portoes da cida-de e o deixam ali, achando que ele esta morto.

3 O que levou a esse incidente dramatico? O que os atuais procla-madores das boas novas podem aprender dos eventos que envolveramBarnabe, Paulo e os instaveis habitantes de Listra? E como os anciaoscristaos podem imitar o exemplo deixado por Barnabe e Paulo, que per-severaram fielmente em seu ministerio, “falando com denodo pela auto-ridade de Jeova”? — Atos 14:3.

‘Uma grande multid˜ao se tornou crente’ (Atos 14:1-7)

4 Nao muitos dias antes, Paulo e Barnabe haviam sido expulsos da ci-dade romana de Antioquia da Pisıdia depois que opositores judeus lhescausaram problemas. Mas, em vez de ficarem desanimados, os dois ho-mens ‘sacudiram o po dos seus pes’ contra os habitantes da cidadeque nao eram receptivos a mensagem. (Atos 13:50-52; Mat. 10:14) Pauloe Barnabe partiram pacificamente, deixando aqueles opositores entre-gues as consequencias que viriam da parte de Deus. (Atos 18:5, 6; 20:26)

1, 2. O que aconteceu enquanto Paulo e Barnabe estavam em Listra?3. Que perguntas vamos considerar neste capıtulo?4, 5. Por que Paulo e Barnabe viajaram para Iconio, e o que aconteceu ali?

C A P´I T U L O 1 2

“Falando com denodo pelaautoridade de Jeov

´a”

Paulo e Barnab´

e demonstramhumildade, perseveranca e coragem

Baseado em Atos 14:1-28

93

Page 96: De Testemunho Cabal

“Que vos desvieis destas coisas v˜

aspara o Deus vivente, que fez o c

´eu e a terra.”

— Atos 14:15

Page 97: De Testemunho Cabal

Sem perder a alegria, aqueles dois missionarios continuaram sua via-gem de pregacao. Caminhando cerca de 150 quilometros em direcao aosudeste, eles chegaram a um planalto fertil localizado entre os montesTauro e os montes Sultao.

5 Inicialmente, Paulo e Barnabe pararam em Iconio, uma das princi-pais cidades da provıncia romana da Galacia. Diferentemente das ou-tras cidades da regiao, Iconio era influenciada pela cultura grega.� Nes-sa cidade havia uma influente populacao judaica e um grande numerode proselitos. Como era seu costume, Paulo e Barnabe entraram na si-nagoga e comecaram a pregar. (Atos 13:5, 14) Eles “falaram de tal manei-ra, que uma grande multidao, tanto de judeus como de gregos, se torna-ram crentes”. — Atos 14:1.

6 Por que a maneira de Paulo e Barnabe falar era tao eficaz? Paulo eraum poco de sabedoria das Escrituras. Com habilidade, ele citava histo-ria, profecias e a Lei mosaica para provar que Jesus era o prometidoMessias. (Atos 13:15-31; 26:22, 23) Quanto a Barnabe, era bem evidenteseu interesse pelas pessoas. (Atos 4:36, 37; 9:27; 11:23, 24) Nenhum dosdois confiava em seu proprio entendimento, mas eles falavam “pela au-toridade de Jeova”. Como voce pode imitar esses missionarios em suapregacao? Conheca bem a Palavra de Deus. Selecione textos bıblicos quesejam de maior interesse para seus ouvintes. Procure maneiras praticasde consolar aqueles a quem voce prega. E sempre baseie seu ensino naautoridade da Palavra de Jeova, nao na sua propria sabedoria.

7 Mas nem todos em Iconio ficaram felizes ao ouvir o que Paulo e Bar-nabe tinham a dizer. “Judeus que nao criam”, continuou Lucas, “atica-vam e influenciavam injustamente as almas das pessoas das nacoescontra os irmaos”. Percebendo que era necessario ficar ali e defender asboas novas, Paulo e Barnabe ‘passaram um tempo consideravel falandocom denodo’. Em resultado disso, “a multidao da cidade estava dividida,e alguns eram a favor dos judeus, mas outros a favor dos apostolos”.(Atos 14:2-4) Hoje, as boas novas produzem resultados parecidos. Paraalguns, elas sao uma forca unificadora; para outros, um motivo de divi-sao. (Mat. 10:34-36) Caso sua famılia esteja dividida por causa de suaobediencia as boas novas, lembre-se de que a oposicao muitas vezes euma reacao a boatos infundados ou a calunias venenosas. Sua condutaexcelente pode ser um antıdoto para esse veneno e, com o tempo, podeabrandar o coracao dos que se opoem a voce. — 1 Ped. 2:12; 3:1, 2.

8 Depois de algum tempo, os opositores em Iconio tramaram apedrejar

� Veja o quadro “Iconio — cidade dos frıgios”, na pagina 96.

6. Por que Paulo e Barnabe eram instrutores eficazes, e como podemos imita-los?7. (a) Que resultados as boas novas produzem? (b) Caso sua famılia esteja divididapor causa de sua obediencia as boas novas, de que voce deve lembrar-se?8. Por que Paulo e Barnabe deixaram Iconio, e que licao podemos aprender de seuexemplo?

“FALANDO COM DENODO PELA AUTORIDADE DE JEOV´A” 95

Page 98: De Testemunho Cabal

Paulo e Barnabe. Ao saberem disso, esses dois missionarios decidiramir pregar em outro territorio. (Atos 14:5-7) Hoje, os proclamadores do Rei-no tambem agem com prudencia. Quando somos confrontados com ata-ques verbais, falamos com coragem. (Fil. 1:7; 1 Ped. 3:13-15) Mas, quan-

do ha ameaca de violencia, evitamos fazeralgo insensato que coloque desnecessa-riamente em perigo a nossa vida e a denossos irmaos espirituais. — Pro. 22:3.

Voltem-se “para o Deus vivente”(Atos 14:8-19)

9 Paulo e Barnabe seguiram para Listra,uma colonia romana cerca de 30 quilome-tros a sudoeste de Iconio. Listra mantinhafortes relacoes com Antioquia da Pisıdia,mas, diferentemente desta cidade, nao ti-nha uma importante comunidade judaica.Embora seja provavel que seus habitan-tes soubessem falar grego, a lıngua mater-na deles era o licaonico. Paulo e Barnabecomecaram a pregar numa area publica,talvez porque nao houvesse uma sinagogana cidade. Assim como Pedro havia feitoem Jerusalem, Paulo curou em Listra umhomem manco de nascenca. (Atos 14:8-10)Por causa do milagre que Pedro realizou,uma grande multidao aceitou a mensa-gem. (Atos 3:1-10) Mas, no caso do milagrerealizado por Paulo, o resultado foi bemdiferente.

10 Conforme descrito no inıcio deste ca-pıtulo, quando o homem manco pulou ecomecou a andar, a multidao em Listra,por ser paga, imediatamente tirou umaconclusao errada. Eles se referiram a Bar-nabe como Zeus, principal deus grego, e aPaulo como Hermes, filho de Zeus e porta-voz dos deuses. (Veja o quadro “Listra ea adoracao a Zeus e a Hermes”, na pagi-na 97.) Barnabe e Paulo, porem, estavamdeterminados a fazer a multidao entenderque eles falavam e agiam nao pela autori-

9, 10. Onde ficava Listra, e o que sabemos sobreseus habitantes?

96 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Icˆonio estava localizada num planalto

bem irrigado e f´ertil e ficava num cruzamen-

to de uma importante rota comercial que

ligava a S´ıria com Roma, Gr

´ecia e a prov

´ın-

cia romana da´Asia.

A religi˜ao local baseava-se na adorac

˜ao

de Cibele, a deusa fr´ıgia da fertilidade, e,

durante o per´ıodo helen

´ıstico, incorporou

tracos da adorac˜ao praticada pelos gregos.

A cidade veio a ficar sob dom´ınio romano

em 65 AEC e, no primeiro s´eculo EC, era

um grande e pr´ospero centro comercial e

agr´ıcola. Embora Ic

ˆonio fosse o lar de uma

influente populac˜ao judaica, a cidade pare-

ce ter preservado as caracter´ısticas da

cultura grega adquiridas durante o per´ıodo

helen´ıstico. O relato de Atos, na verdade,

fala de habitantes judeus e “gregos”. — Atos

14:1.

Icˆonio ficava na fronteira entre as regi

˜oes

da Licaˆonia e da Fr

´ıgia, na Gal

´acia. Certos

escritores antigos, como C´ıcero e Estrab

˜ao,

chamaram Icˆonio de cidade da Lica

ˆonia, e,

do ponto de vista geogr´afico, a cidade real-

mente pertencia a essa regi˜ao. No entanto,

o relato de Atos n˜ao inclui Ic

ˆonio como par-

te da Licaˆonia, onde a “l

´ıngua lica

ˆonica” era

falada. (Atos 14:1-6, 11) Por essa raz˜ao, cr

´ı-

ticos argumentavam que o relato de Atos

n˜ao era exato. Mas, em 1910, arque

´ologos

descobriram inscric˜oes na cidade indicando

que o fr´ıgio foi o idioma falado em Ic

ˆonio por

dois s´eculos ap

´os a visita de Paulo e Barna-

b´e. Assim, o escritor do livro de Atos estava

correto em distinguir Icˆonio das cidades da

Licaˆonia.

ICˆ

ONIO — CIDADE DOS FR´IGIOS

Page 99: De Testemunho Cabal

dade de deuses pagaos, mas pela autori-dade de Jeova, o unico Deus verdadeiro.— Atos 14:11-14.

11 Apesar daquelas circunstancias dra-maticas, Paulo e Barnabe ainda procu-raram tocar o coracao da assistencia damelhor maneira possıvel. Com esse inci-dente, Lucas registrou uma forma eficazde pregar as boas novas a pagaos. Obser-ve como Paulo e Barnabe raciocinaramcom seus ouvintes: “Homens, por que es-tais fazendo estas coisas? Nos tambemsomos humanos, tendo os mesmos pade-cimentos que vos, e vos estamos declaran-do as boas novas, para que vos desvieisdestas coisas vas para o Deus vivente, quefez o ceu e a terra, e o mar, e todas as coi-sas neles. Ele permitiu, nas geracoes pas-sadas, que todas as nacoes andassem nosseus proprios caminhos, embora, deveras,nao se deixou sem testemunho, por fa-zer o bem, dando-vos chuvas do ceu e es-tacoes frutıferas, enchendo os vossos co-racoes plenamente de alimento e de bomanimo.” — Atos 14:15-17.

12 Que licoes podemos aprender dessaspalavras que nos levam a reflexao? Pri-meiro, Paulo e Barnabe nao se considera-vam superiores aos que lhes escutavam.Eles nao fingiram ser algo que nao eram.Em vez disso, admitiram humildementeter as mesmas fraquezas que seus ouvin-tes pagaos.

´E verdade que Paulo e Barna-

be tinham recebido o espırito santo e sidolibertados de ensinos falsos. Tambem ha-viam sido abencoados com a esperancade reinar com Cristo. Mas eles sabiam queos habitantes de Listra poderiam receberessas mesmas bencaos se obedecessem aCristo.

13 Como encaramos as pessoas a quem

11-13. (a) O que Paulo e Barnabe disseram aoshabitantes de Listra? (b) Que licao podemosaprender das palavras de Paulo e Barnabe?

Listra estava localizada num vale isolado,afastado das principais estradas. C

´esar Au-

gusto fez da cidade uma colˆonia romana,

dando-lhe o nome Julia Felix Gemina Lustra.As tropas instaladas nessa cidade defen-diam a prov

´ıncia da Gal

´acia contra tribos

locais que viviam nas montanhas. Assim,a cidade era administrada de acordo comas leis civis romanas e seus funcion

´arios

tinham t´ıtulos latinos. Apesar disso, Listra

conservou grande parte de suas tradic˜oes e

permaneceu mais licaˆonica do que romana.

Tanto´e que os habitantes de Listra mencio-

nados no relato de Atos falavam a l´ıngua

licaˆonica.

Entre as descobertas arqueol´ogicas feitas

na regi˜ao da antiga Listra est

˜ao inscric

˜oes

que fazem referˆencia aos “sacerdotes de

Zeus” e uma est´atua do deus Hermes. Um

altar dedicado a Zeus e a Hermes tamb´em

foi encontrado na mesma regi˜ao.

Uma lenda escrita pelo poeta romano Ov´ı-

dio (43 AEC a 17 EC) fornece informac˜oes

que ajudam a entender melhor o relatode Atos. De acordo com Ov

´ıdio, J

´upiter e

Merc´urio, os equivalentes romanos aos

deuses gregos Zeus e Hermes, visitarama montanhosa regi

˜ao da Fr

´ıgia disfarcados

de homens mortais. Eles procuraram hos-pedagem em mil casas, mas ningu

´em os

recebeu. Apenas um casal idoso, Filˆemon e

Baucis, ofereceu-lhes hospedagem em suahumilde cabana. Em resultado disso, Zeuse Hermes transformaram aquela cabanaem um templo de m

´armore e ouro, fizeram

do casal idoso sacerdote e sacerdotisa, edestru

´ıram a casa daqueles que n

˜ao lhes

haviam oferecido hospedagem. “Caso oshabitantes de Listra se tenham lembradodessa lenda quando viram Paulo e Barnab

´e

curar o homem manco”, diz a obra The Bookof Acts in Its Graeco-Roman Setting (O Livrode Atos no Contexto Greco-Romano), “n

˜ao

´e

de surpreender que eles quisessem recebˆe-

los com sacrif´ıcios”.

LISTRA E A

ADORAC˜

AO A ZEUS E A HERMES

Page 100: De Testemunho Cabal

pregamos? Sera que as consideramos como pessoas iguais a nos?`

A me-dida que ajudamos outros a aprender as verdades da Palavra de Deus,sera que nos, como Paulo e Barnabe, evitamos querer ser bajulados poroutros? Charles Taze Russell, um destacado instrutor que tomou a fren-te na obra de pregacao no final do seculo 19 e inıcio do seculo 20, deuexemplo nesse respeito. Ele escreveu: “Nao queremos homenagem, nemreverencia, para nos mesmos ou para nossos escritos; nao desejamosser chamados de Reverendo ou Rabino.” O irmao Russell tinha a mesmaatitude humilde de Paulo e Barnabe. De forma similar, nosso objetivo aopregar nao e glorificar a nos mesmos, mas ajudar as pessoas a se volta-rem para “o Deus vivente”.

14 Considere uma segunda licao que podemos aprender desse discur-so. Paulo e Barnabe eram flexıveis. Diferentemente dos judeus e proseli-tos em Iconio, os habitantes de Listra tinham pouco ou nenhum conhe-cimento das Escrituras ou dos tratos de Deus com a nacao de Israel.Mas faziam parte de uma comunidade agrıcola. Listra era abencoadacom um clima ameno e um solo fertil. Aquelas pessoas podiam ver am-plas evidencias das qualidades do Criador, conforme reveladas em coi-sas como as estacoes frutıferas, e os missionarios usaram esse pontoem comum ao raciocinar com elas. — Rom. 1:19, 20.

15 Sera que tambem podemos ser flexıveis? Embora um agricultorpossa plantar o mesmo tipo de semente em varios de seus campos,ele precisa usar metodos diferentes para preparar o solo. Em algunscampos, a terra talvez ja esteja fofa, pronta para ser semeada. Em ou-tros, pode ser que a terra precise ser preparada. De modo similar, a se-mente que plantamos sempre e a mesma: a mensagem do Reino encon-trada na Palavra de Deus. No entanto, se formos como Paulo e Barnabe,tentaremos discernir a formacao religiosa e as circunstancias das pes-soas a quem pregamos. Daı, basearemos nossa apresentacao da mensa-gem do Reino nessas informacoes. — Luc. 8:11, 15.

16 Podemos aprender uma terceira licao do relato envolvendo Paulo,Barnabe e os habitantes de Listra. Apesar de nossos melhores esforcos,as vezes a semente que plantamos e ‘arrebatada’ ou cai em solo rocho-so. (Mat. 13:18-21) Se isso acontecer, nao desanime. Como Paulo maistarde lembrou aos discıpulos em Roma, “cada um de nos [incluindocada pessoa com quem falamos sobre a Palavra de Deus] prestara con-tas de si mesmo a Deus”. — Rom. 14:12.

“Encomendaram-nos a Jeov´a” (Atos 14:20-28)

17 Depois que Paulo foi arrastado para fora de Listra e dado como mor-

14-16. Que outras duas licoes podemos aprender das palavras de Paulo e Barnabeaos habitantes de Listra?17. Depois de deixar Derbe, aonde Paulo e Barnabe foram, e por que?

98 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 101: De Testemunho Cabal

to, os discıpulos o cercaram e ele se levantou e encontrou um lugar nacidade para passar a noite. No dia seguinte, Paulo e Barnabe iniciaramuma viagem de 100 quilometros ate Derbe. Mal podemos imaginar as do-res que Paulo sentiu durante essa difıcil viagem, tendo sido apedrejadopoucas horas antes. Mesmo assim, ele e Barnabe perseveraram e quan-do chegaram a Derbe fizeram “nao poucos discıpulos”. Daı, em vez de pe-garem o caminho mais curto para Antioquia da Sıria, que servia comouma especie de base para as suas atividades, eles “voltaram a Listra,e a Iconio, e a Antioquia” da Pisıdia. Com que objetivo? Para fortale-cer “as almas dos discıpulos, encorajando-os a permanecerem na fe”.(Atos 14:20-22) Que grande exemplo esses dois homens estabeleceram!Eles colocaram as necessidades da congregacao a frente de seus interes-ses pessoais. Atualmente, superintendentes viajantes e missionarios se-guem o exemplo deles.

18 Alem de fortalecer os discıpulos com suas palavras e exemplo, Pau-lo e Barnabe designaram “anciaos em cada congregacao”. Apesar de te-rem sido “enviados pelo espırito santo” nessa viagem missionaria, Pau-lo e Barnabe oraram e jejuaram quando ‘encomendaram os anciaos aJeova’. (Atos 13:1-4; 14:23) Hoje, segue-se um procedimento similar. An-tes de fazer uma recomendacao de designacao, o corpo de anciaos localanalisa com oracao se o irmao em consideracao satisfaz os requisitos bı-blicos. (1 Tim. 3:1-10, 12, 13; Tito 1:5-9) O tempo em que a pessoa ja estana verdade nao e o principal requisito. Em vez disso, a maneira de falar,a conduta e a reputacao da pessoa dao evidencia de ate que ponto o es-pırito santo opera em sua vida. Satisfazer os requisitos bıblicos para ossuperintendentes e o que determina se ele se qualifica para servir comopastor do rebanho. — Gal. 5:22, 23.

19 Os anciaos designados sabem que prestarao contas a Deus pelomodo como cuidam da congregacao. (Heb. 13:17; 1 Ped. 5:1-3) Como Pau-lo e Barnabe, os anciaos tomam a frente na obra de pregacao. Por meiode palavras, eles fortalecem seus companheiros de adoracao. E estaodispostos a colocar as necessidades da congregacao a frente de seus in-teresses pessoais. — Fil. 2:3, 4.

20 Quando finalmente Paulo e Barnabe retornaram a Antioquia da Sı-ria, lugar que usavam como base para suas viagens missionarias, elesrelataram “as muitas coisas que Deus tinha feito por meio deles, e queele abrira as nacoes a porta da fe”. (Atos 14:27) Ler sobre o trabalho fielde nossos irmaos cristaos e ver como Jeova abencoou seus esforcosvai nos encorajar a continuar “falando com denodo pela autoridade deJeova”.

18. O que esta envolvido na designacao de anciaos?19. Pelo que os anciaos prestarao contas, e como imitam a Paulo e Barnabe?20. Como nos beneficiamos de ler relatorios sobre o trabalho fiel de nossos irmaos?

“FALANDO COM DENODO PELA AUTORIDADE DE JEOV´A” 99

Page 102: De Testemunho Cabal

Uma intensa controversia passou a ameacar a paz e a uniaodas congregacoes. A quem as congregacoes recorreram em bus-ca de instrucoes e orientacoes para resolver a questao? Nestasecao, entenderemos melhor o modo como a congregacao do pri-meiro seculo estava organizada, o que serve de modelo para opovo de Deus hoje.

S E C˜

A O 5 ˙ A T O S 1 5 : 1 - 3 5

“OS AP´

OSTOLOS EOS ANCI

˜AOS AJUNTARAM-SE”

ATOS 15:6

Page 103: De Testemunho Cabal

CHEIOS de alegria, Paulo e Barnabe acabam de voltar para Antioquiada Sıria depois de sua primeira viagem missionaria. Eles estao entu-siasmados, pois Jeova ‘abriu as nacoes a porta da fe’. (Atos 14:26, 27)De fato, as pessoas em Antioquia nao falam em outra coisa a nao sernas boas novas, e “um grande numero” de gentios esta se achegando acongregacao nessa cidade. — Atos 11:20-26.

2 A empolgante notıcia sobre os muitos gentios que estao aceitando ocristianismo logo chega a Judeia. Mas, em vez de trazer alegria a todos,essa situacao faz com que a ja existente controversia sobre a circunci-sao fique ainda mais evidente. Qual deveria ser a relacao entre cristaosjudeus e nao judeus, e como estes ultimos deveriam encarar a Lei mo-saica? Essa questao causa tanta divergencia que ameaca dividir a con-gregacao crista em faccoes. Como esse assunto sera resolvido?

3`

A medida que considerarmos esse relato no livro de Atos, aprende-remos muitas licoes valiosas. Isso podera ajudar-nos a agir com sabe-doria caso surjam assuntos com o potencial de causar divisao em nos-sos dias.

“A menos que sejais circuncidados” (Atos 15:1)

4 O discıpulo Lucas escreveu: “Certos homens desceram . . . da Ju-deia [para Antioquia] e comecaram a ensinar os irmaos: ‘A menos quesejais circuncidados, segundo o costume de Moises, nao podeis ser sal-vos.’ ” (Atos 15:1) Nao se menciona se esses “certos homens” haviamsido fariseus antes de se converterem ao cristianismo. Mas, no mınimo,parece que foram influenciados pelo modo de pensar legalista daquelaseita judaica. Alem disso, eles talvez tenham afirmado erroneamenteque falavam em nome dos apostolos e dos anciaos de Jerusalem. (Atos

1-3. (a) Que acontecimentos levaram a divergencias que ameacavam dividir a antigacongregacao crista? (b) Como podemos beneficiar-nos de estudar esse relato no livrode Atos?4. Que afirmacoes erradas certos cristaos estavam fazendo, e que pergunta issolevanta?

C A P´I T U L O 1 3

“Havia ocorrido n˜ao

pouca dissens˜ao”

A quest˜

ao da circuncis˜

ao´e levada ao corpo governante

Baseado em Atos 15:1-12

101

Page 104: De Testemunho Cabal

15:23, 24) Mas por que os cristaos judeus ainda estavam promovendoa circuncisao uns 13 anos depois de Deus, por meio do apostolo Pedro,ter acolhido os gentios incircuncisos na congregacao crista?� — Atos10:24-29, 44-48.

5 Pode ter havido varios motivos. Primeiro, a circuncisao masculi-na foi instituıda pelo proprio Jeova e era sinal de uma relacao espe-cial com ele. Instituıda antes do pacto da Lei e mais tarde incorpora-da a esse pacto, a circuncisao comecou com Abraao e sua famılia.�(Lev. 12:2, 3) Sob a Lei mosaica, ate mesmo os estrangeiros tinham deser circuncidados antes de poder ter certos privilegios, como o de par-ticipar da Pascoa. (

ˆExo. 12:43, 44, 48, 49) De fato, na mente dos judeus,

um homem incircunciso era impuro, desprezıvel. — Isa. 52:1.6 Assim, os cristaos judeus precisavam ter fe e humildade para se

ajustarem a verdade revelada. O pacto da Lei havia sido substituıdopelo novo pacto, de modo que nascer como judeu nao mais tornava al-guem automaticamente membro do povo de Deus. E, para os cristaosjudeus que viviam em comunidades judaicas, como era o caso dos cris-taos na Judeia, era preciso coragem para reconhecer a Cristo e aceitaros gentios incircuncisos como irmaos espirituais. — Jer. 31:31-33; Luc.22:20.

E claro que os padroes de Deus nao haviam mudado. Prova disso eque o novo pacto manteve o espırito da Lei mosaica. (Mat. 22:36-40) Noque se refere a circuncisao, por exemplo, Paulo escreveu mais tarde:“Judeu e aquele que o e no ıntimo, e a sua circuncisao e a do coracao,por espırito, e nao por um codigo escrito.” (Rom. 2:29; Deut. 10:16) Os“certos homens” da Judeia nao tinham compreendido essas verdades eafirmavam que Deus nao havia cancelado a lei da circuncisao. Seraque eles dariam ouvidos a razao?

“Dissens˜ao e disputa” (Atos 15:2)

8 Lucas continuou: “Quando havia ocorrido nao pouca dissensao edisputa com eles da parte de Paulo e Barnabe, [os anciaos] providencia-ram que Paulo e Barnabe, e alguns outros deles, subissem ate os apos-

� Veja o quadro “A doutrina dos judaizantes”, na pagina 103.� O pacto da circuncisao nao era parte do pacto abraamico, que vigora ate hoje. Opacto abraamico entrou em vigor em 1943 AEC quando Abraao (entao Abrao) atraves-sou o rio Eufrates a caminho de Canaa. Ele tinha 75 anos naquela ocasiao. O pactoda circuncisao foi feito mais tarde, em 1919 AEC, quando Abraao tinha 99 anos. — Gen.12:1-8; 17:1, 9-14; Gal. 3:17.

5, 6. (a) O que talvez tenha motivado certos cristaos judeus a querer permanecerapegados a circuncisao? (b) O pacto da circuncisao era parte do pacto abraamico?Explique. (Veja a nota.)7. Que verdades “certos homens” nao haviam compreendido?8. Por que a questao da circuncisao foi levada ao corpo governante em Jerusalem?

102 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 105: De Testemunho Cabal

Mesmo depois de o corpo governante doprimeiro s

´eculo ter resolvido a quest

˜ao da

circuncis˜ao, alguns que afirmavam ser cris-

t˜aos obstinadamente continuaram a insistir

no assunto. O ap´ostolo Paulo os chamou de

“falsos irm˜aos” que queriam “desvirtuar as

boas novas acerca do Cristo”. — G´al. 1:7;

2:4; Tito 1:10.

Pelo visto, o objetivo dos judaizantes eraacalmar os judeus, e assim evitar que seopusessem ao cristianismo de modo t

˜ao

violento. (G´al. 6:12, 13) Os judaizantes insis-

tiam que a pessoa s´o podia ser considerada

justa se observasse a Lei mosaica em as-suntos tais como alimentac

˜ao, circuncis

˜ao e

festividades judaicas. — Col. 2:16.

Evidentemente, aqueles que pensavamassim n

˜ao se sentiam bem na presenca

de crist˜aos gentios. Infelizmente, at

´e mes-

mo v´arios crist

˜aos respeitados de formac

˜ao

judaica manifestavam essas atitudes preju-diciais. Por exemplo, quando representantesda congregac

˜ao de Jerusal

´em visitaram An-

tioquia, eles se mantiveram separados deseus irm

˜aos gentios. O pr

´oprio Pedro, que

at´e ent

˜ao se associava livremente com os

gentios, afastou-se deles — nem mesmo co-mendo com eles. De fato, ele agiu contra osmesmos princ

´ıpios que havia defendido an-

teriormente. Em resultado disso, Pedro foirepreendido por Paulo. — G

´al. 2:11-14.

A DOUTRINA DOS JUDAIZANTES

tolos e anciaos em Jerusalem, com respeito a esta disputa.”� (Atos 15:2)Aquela “dissensao e disputa” refletia fortes sentimentos e conviccoes deambos os lados, e a congregacao em Antioquia nao conseguiu resolvera controversia. A fim de preservar a paz e a uniao, a congregacao sa-biamente providenciou que a questao fosse levada aos “apostolos e an-ciaos em Jerusalem”, que formavam o corpo governante. O que podemosaprender dos anciaos em Antioquia?

9 Uma licao valiosa que aprendemos e que precisamos confiar na or-ganizacao de Deus. Considere o seguinte: os irmaos em Antioquia sa-biam que o corpo governante era composto inteiramente de cristaosde formacao judaica. Mesmo assim, eles confiavam que aqueles irmaosresolveriam a questao da circuncisao emharmonia com as Escrituras. Por que? Acongregacao confiava que Jeova orienta-ria os assuntos por meio do espırito santoe do Cabeca da congregacao crista, JesusCristo. (Mat. 28:18, 20; Efe. 1:22, 23) Atual-mente, quando surgirem questoes serias,imitemos o excelente exemplo dos cristaosem Antioquia por confiarmos na organiza-cao de Deus e no seu Corpo Governantede cristaos ungidos, que representa “o es-cravo fiel e discreto”. — Mat. 24:45.

10 Tambem somos lembrados do valorda humildade e da paciencia. Paulo e Bar-nabe tinham sido designados diretamentepelo espırito santo para ir as nacoes, masnao lancaram mao dessa autoridade pararesolver o assunto da circuncisao ali emAntioquia. (Atos 13:2, 3) Alem disso, Pauloescreveu mais tarde: “[Eu] subi [a Jeru-salem] em resultado duma revelacao”, in-dicando que tinha recebido orientacao deDeus sobre o assunto. (Gal. 2:2) Os an-ciaos hoje se esforcam para ter a mesmaatitude humilde e paciente quando sur-gem assuntos que podem causar divisao.

� Tito, um cristao grego que mais tarde se tornouamigo de confianca e mensageiro de Paulo, pare-ce ter sido um dos irmaos enviados. (Gal. 2:1; Tito1:4) Esse homem era um excelente exemplo deum gentio incircunciso ungido pelo espırito san-to. — Gal. 2:3.

9, 10. De que maneira os irmaos em Antioquia,bem como Paulo e Barnabe, deixaram umexcelente exemplo para nos?

“HAVIA OCORRIDO N˜AO POUCA DISSENS

˜AO” 103

Page 106: De Testemunho Cabal

Em vez de insistirem em suas proprias opinioes, eles buscam a Jeovapor consultar as Escrituras e as instrucoes e orientacoes fornecidaspela classe do “escravo”. — Fil. 2:2, 3.

11 Em alguns casos, talvez tenhamos de esperar que Jeova esclarecadeterminado assunto. Lembre-se de que os irmaos na epoca de Paulo ti-veram de esperar ate por volta de 49 EC — uns 13 anos depois de Corne-lio ter sido ungido em 36 EC — antes de Jeova dar uma solucao definiti-va para a questao da circuncisao dos gentios. Por que tanto tempo?Talvez Deus quisesse dar tempo suficiente para que judeus sincerosse ajustassem a essa mudanca tao grande de conceito. Afinal, o pac-to da circuncisao feito com Abraao, amado antepassado deles, durou1.900 anos, e o fim desse pacto com certeza nao era um assunto de pou-ca importancia. — Joao 16:12.

12´

E um grande privilegio ser instruıdo e moldado por nosso paciente ebondoso Pai celestial! Os resultados sao sempre bons e para nosso bene-fıcio. (Isa. 48:17, 18; 64:8) Assim, que nos nunca insistamos presuncosa-mente em nossas proprias ideias nem reajamos de modo negativo a mu-dancas organizacionais ou a ajustes no entendimento de certos textosbıblicos. (Ecl. 7:8) Caso voce perceba em si mesmo nem que seja uma pe-quena tendencia de reagir assim, por que nao medita com oracao nosprincıpios oportunos encontrados no capıtulo 15 do livro de Atos?�

13 Talvez precisemos ter paciencia ao estudar a Bıblia com pessoas queacham difıcil abandonar crencas falsas ou costumes antibıblicos queprezam ha muito tempo. Nesses casos, pode ser necessario dar tempopara que o espırito de Deus atue no coracao do estudante. (1 Cor. 3:6, 7)Tambem sera bom fazer disso assunto de oracao. De uma maneira ou deoutra e no momento certo, Deus nos ajudara a saber qual o melhor ca-minho a seguir. — 1 Joao 5:14.

Relataram “em pormenores” not´ıcias animadoras (Atos 15:3-5)

14 A narrativa de Lucas continua: “Depois de serem acompanhadosparte do caminho pela congregacao, estes homens continuaram viagem,tanto atraves da Fenıcia como atraves de Samaria, relatando em por-menores a conversao de pessoas das nacoes, e eles estavam causandogrande alegria a todos os irmaos.” (Atos 15:3) O fato de a congregacao teracompanhado Paulo, Barnabe e os outros viajantes parte do caminho foium ato de amor cristao que honrou esses irmaos, mostrando que a con-

� Veja o quadro “As Testemunhas de Jeova baseiam suas crencas na Bıblia”, na pagi-na 105.

11, 12. Por que e importante esperar em Jeova?13. Como podemos refletir a paciencia de Jeova em nosso ministerio?14, 15. Como a congregacao em Antioquia honrou Paulo, Barnabe e os irmaosque viajaram com eles, e como esses homens mostraram ser uma bencao paraseus irmaos espirituais?

104 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 107: De Testemunho Cabal

gregacao lhes desejava as bencaos deDeus. Mais uma vez os irmaos em Antio-quia estabeleceram um excelente exemplopara nos. Voce honra seus irmaos espiri-tuais, “especialmente os [anciaos] que tra-balham arduamente no falar e no ensi-nar”? — 1 Tim. 5:17.

15 No caminho, os viajantes mostraramser uma bencao para seus irmaos espiri-tuais na Fenıcia e em Samaria por con-tar “em pormenores” o que estava aconte-cendo no campo gentio. Entre os ouvintespossivelmente havia cristaos judeus quetinham fugido para aquelas regioes depoisdo martırio de Estevao. Da mesma formahoje, relatorios de como Jeova esta aben-coando a obra de fazer discıpulos sao umafonte de encorajamento para nossos ir-maos, especialmente para aqueles que so-frem provacoes. Voce tira pleno proveitodesses relatorios por assistir as reunioescristas, as assembleias e aos congressos,bem como por ler casos da vida real e biografias em nossas publicacoes?

16 Depois de viajar uns 550 quilometros para o sul, aquele grupo deAntioquia finalmente chegou a seu destino. Lucas escreveu: “Chegandoa Jerusalem, foram recebidos benevolamente pela congregacao e pelosapostolos e anciaos, e eles narraram as muitas coisas que Deus tinhafeito por meio deles.” (Atos 15:4) “Alguns dos da seita dos fariseus, quehaviam crido”, porem, “levantaram-se dos seus assentos e disseram: ‘

´E

necessario circuncida-los e adverti-los que observem a lei de Moises.’ ”(Atos 15:5) Obviamente, a questao da circuncisao de cristaos nao judeushavia se tornado um assunto muito serio e precisava ser resolvida.

“Os ap´ostolos e os anci

˜aos” reuniram-se (Atos 15:6-12)

17 “Ha sabedoria com os que se consultam mutuamente”, diz Prover-bios 13:10. Em harmonia com esse princıpio sensato, “os apostolos e osanciaos ajuntaram-se para considerar [a questao da circuncisao]”. (Atos15:6) “Os apostolos e os anciaos” representavam a inteira congregacaocrista, assim como o Corpo Governante faz em nossos dias. Por que“os anciaos” estavam servindo junto com os apostolos? Lembre-se deque o apostolo Tiago havia sido executado e que, pelo menos por um

16. O que mostra que a circuncisao havia se tornado um assunto muito serio?17. Quem fazia parte do corpo governante em Jerusalem, e qual pode ter sido omotivo de “os anciaos” terem sido incluıdos?

Conforme amplamente demonstrado no

caso da congregac˜ao crist

˜a do primeiro

s´eculo, a hist

´oria da adorac

˜ao verdadeira

´e um registro de cont

´ınuo esclarecimen-

to espiritual. (Pro. 4:18; Dan. 12:4, 9, 10;

Atos 15:7-9) Hoje tamb´em o povo de Jeov

´a

ajusta suas crencas`a verdade revelada da

B´ıblia; eles n

˜ao tentam fazer com que as

Escrituras se ajustem a seus pontos de vis-

ta. Observadores imparciais reconhecem

esse fato. Em seu livro Truth in Translation

(Verdade e Traduc˜ao), Jason David BeDuhn,

professor-associado de estudos religiosos da

Universidade do Norte do Arizona nos Esta-

dos Unidos, escreveu que as Testemunhas

de Jeov´a encaram a B

´ıblia “com uma certa

candura, . . . baseando seu sistema de cren-

cas e pr´aticas na pr

´opria B

´ıblia sem tentar

determinar o que ela deveria dizer”.

‘AS TESTEMUNHAS DE JEOV´

A

BASEIAM SUAS CRENCAS NA B´IBLIA’

Page 108: De Testemunho Cabal

tempo, o apostolo Pedro ficou preso. E se algo parecido acontecesse comoutros apostolos? A presenca de outros homens ungidos qualificados ga-rantiria que a congregacao continuasse a ter supervisao adequada.

18 Lucas continuou: “Ora, tendo havido muita disputa, levantou-se Pe-dro e [disse]: ‘Irmaos, bem sabeis que desde os primeiros dias Deus fezentre vos a escolha de que por intermedio da minha boca as pessoas dasnacoes ouvissem a palavra das boas novas e cressem; e Deus, que co-nhece o coracao, deu testemunho por dar-lhes o espırito santo, assimcomo dera tambem a nos. E ele nao fez nenhuma distincao entre nos eeles, mas purificou os coracoes deles pela fe.’ ” (Atos 15:7-9) De acordocom uma obra de referencia, a palavra grega traduzida “disputa” no ver-sıculo 7 tambem denota “busca”, “questionamento”. Pelo visto, os irmaosforam sinceros, expressando abertamente suas diferencas de opiniao.

19 As palavras poderosas de Pedro lembraram a todos que ele mesmoesteve presente quando os primeiros gentios incircuncisos, Cornelio esua famılia, foram ungidos pelo espırito santo em 36 EC. Sendo assim,se Jeova havia deixado de fazer distincao entre judeu e nao judeu, quemseriam os humanos para fazer o contrario? Alem disso, e a fe em Cristo,nao a obediencia a Lei mosaica, que purifica o coracao dos que creem.— Gal. 2:16.

20`

A base do incontestavel testemunho da palavra de Deus e do espıri-to santo, Pedro concluiu: “Ora, portanto, por que estais pondo Deus aprova por impor no pescoco dos discıpulos um jugo que nem os nossosantepassados nem nos somos capazes de levar? Ao contrario, confiamosem ser salvos por intermedio da benignidade imerecida do Senhor Je-sus, do mesmo modo como tambem essas pessoas.” (Atos 15:10, 11) Osque promoviam a circuncisao estavam na verdade “pondo Deus a prova”,ou ‘testando sua paciencia’, conforme diz outra traducao. Eles estavamtentando impor aos gentios um codigo de leis que os proprios judeusnao conseguiam cumprir plenamente e que, portanto, os condenava amorte. (Gal. 3:10) Em vez de promoverem a circuncisao, os judeus que es-tavam ouvindo a Pedro deveriam se sentir gratos a Deus pela bondadeimerecida Dele expressa por meio de Jesus.

21 Pelo visto, as palavras de Pedro tiveram um forte impacto nas pes-soas, pois “a multidao inteira ficou calada”. A seguir, Barnabe e Paulo re-lataram “os muitos sinais e portentos que Deus fizera por intermedio de-les entre as nacoes”. (Atos 15:12) Finalmente os apostolos e os anciaostinham condicoes de avaliar todas as evidencias e tomar uma decisaoque refletisse de modo claro a vontade de Deus na questao da circunci-sao.

18, 19. Que palavras poderosas Pedro disse, e a que conclusao seus ouvintes devemter chegado?20. Como os que promoviam a circuncisao estavam “pondo Deus a prova”?21. Qual foi a participacao de Barnabe e Paulo naquela reuniao?

106 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 109: De Testemunho Cabal

22 Da mesma forma hoje, quando os membros do Corpo Governante sereunem, eles buscam orientacao na Palavra de Deus e oram sincera-mente pedindo espırito santo. (Sal. 119:105; Mat. 7:7-11) Para esse fim,cada membro do Corpo Governante recebe com antecedencia uma pau-ta dos assuntos que serao considerados na reuniao a fim de que possameditar com oracao sobre eles. (Pro. 15:28) Nessas reunioes, esses ir-maos ungidos se expressam livremente e de modo respeitoso. A Bıblia eusada com frequencia nessas ocasioes.

23 Os anciaos congregacionais devem seguir esse exemplo. E, se depoisde uma reuniao de anciaos um assunto serio continuar sem solucao, ocorpo de anciaos pode consultar a sede local ou seus representantes de-signados, como os superintendentes viajantes. A sede local, por sua vez,pode escrever ao Corpo Governante se necessario.

24 De fato, Jeova abencoa aqueles que respeitam os procedimentos teo-craticos e que demonstram humildade, lealdade e paciencia. Como vere-mos no proximo capıtulo, entre as recompensas que Deus da por fazer-mos isso estao paz genuına, prosperidade espiritual e uniao crista.

22-24. (a) Como o Corpo Governante hoje segue o exemplo do corpo governantedo primeiro seculo? (b) Como todos os anciaos podem demonstrar respeito pelaautoridade teocratica?

Alguns insistiram:‘´

E necess´ario advertir os gentios que observem a lei de Mois

´es’

“HAVIA OCORRIDO N˜AO POUCA DISSENS

˜AO” 107

Page 110: De Testemunho Cabal

O SUSPENSE paira no ar. Os apostolos e os anciaos reunidos em umasala em Jerusalem olham uns para os outros, sentindo que chegarama um momento decisivo. A questao da circuncisao levantou perguntasimportantes. Os cristaos estao sob a Lei mosaica? Deve haver algumadistincao entre cristaos judeus e gentios?

2 Os homens da lideranca avaliaram muitas evidencias. Eles tem emmente a Palavra profetica de Deus e relatos convincentes de testemu-nhas oculares que revelaram a bencao de Jeova. Eles expressaram ple-namente suas opinioes. As provas referentes ao assunto em questaosao irrefutaveis. O espırito de Jeova esta indicando claramente o cami-nho a seguir. Sera que esses homens vao seguir essas orientacoes?

3 Exigira verdadeira fe e coragem aceitar a orientacao do espırito nes-se caso. Eles correm o risco de aumentar ainda mais o odio dos lıderesreligiosos judaicos. Alem disso, enfrentam resistencia de homens dacongregacao que estao determinados a levar o povo de Deus a depen-der novamente da Lei mosaica. O que o corpo governante vai fazer? Ve-jamos a resposta a essa pergunta e como esses homens estabeleceramum modelo que e seguido pelo Corpo Governante das Testemunhas deJeova hoje.

´E um modelo que nos tambem devemos seguir ao tomar de-

cisoes e ao enfrentar desafios em nossa vida como cristaos.

“As palavras dos Profetas” ajudam na decis˜ao (Atos 15:13-21)

4 O discıpulo Tiago, meio-irmao de Jesus, pronunciou-se.� Pelo visto,ele atuou como presidente da reuniao nessa ocasiao. Suas palavras pa-

� Veja o quadro “Tiago — ‘o irmao do Senhor’ ”, na pagina 112.

1, 2. (a) Com que perguntas importantes se deparou o corpo governante dacongregacao crista do primeiro seculo? (b) Que ajuda esses irmaos receberam parachegarem a conclusao correta?3. Como podemos nos beneficiar por examinar o relato de Atos capıtulo 15?4, 5. Que esclarecimento Tiago apresentou baseado na Palavra profetica de Deus?

C A P´I T U L O 1 4

“Chegamos a umacordo un

ˆanime”

Como o corpo governantechegou a uma decis

˜ao e como isso

serviu para unir as congregac˜

oes

Baseado em Atos 15:13-35

108

Page 111: De Testemunho Cabal

recem ter expressado o que todos do corpo governante estavam pen-sando. Tiago disse aos homens reunidos: “Simeao tem relatado cabal-mente como Deus, pela primeira vez, voltou a sua atencao para asnacoes, a fim de tirar delas um povo para o seu nome. E com isso con-cordam as palavras dos Profetas.” — Atos 15:14, 15.

5 O discurso feito por Simeao, ou Simao Pedro, e as evidencias apre-sentadas por Barnabe e Paulo provavelmente fizeram com que Tiago selembrasse de textos apropriados que esclareciam o assunto em ques-tao. (Joao 14:26) Por isso, ele disse: “Com isso concordam as palavrasdos Profetas.” Tiago citou entao as palavras de Amos 9:11, 12. Esse livroestava na parte das Escrituras Hebraicas em geral conhecida como “osProfetas”. (Mat. 22:40; Atos 15:16-18) Voce notara que as palavras cita-das por Tiago sao um pouco diferentes daquelas que encontramos nolivro de Amos hoje. Pelo visto, Tiago fez uma citacao da Septuaginta,uma traducao das Escrituras Hebraicas para o grego.

6 Por meio do profeta Amos, Jeova predisse que viria o tempo em queEle ergueria “a barraca de Davi”, ou seja, a linhagem real que levaria aoReino messianico. (Eze. 21:26, 27) Sera que Jeova novamente lidaria demodo exclusivo com os judeus carnais como nacao? Nao. A profeciaacrescenta que “pessoas de todas as nacoes” seriam ajuntadas como‘pessoas chamadas pelo nome de Deus’. Lembre-se do que Pedro tinhaacabado de testemunhar: “[Deus] nao fez nenhuma distincao entre nos[cristaos judeus] e eles [cristaos gentios], mas purificou os coracoes de-les pela fe.” (Atos 15:9) Em outras palavras, era da vontade de Deus quetanto judeus como gentios fossem ajuntados como herdeiros do Reino.(Rom. 8:17; Efe. 2:17-19) Em nenhum lugar essas profecias inspiradassugeriam que os cristaos gentios tivessem primeiro de ser circuncida-dos na carne ou tornar-se proselitos.

7 Movido pela evidencia bıblica e pelo poderoso testemunho que ha-via ouvido, Tiago apresentou o seguinte ponto de vista: “Por isso, a mi-nha decisao e nao afligir a esses das nacoes, que se voltam para Deus,mas escrever-lhes que se abstenham das coisas poluıdas por ıdolos, eda fornicacao, e do estrangulado, e do sangue. Pois, desde os temposantigos, Moises tem tido em cidade apos cidade os que o pregam, por-que ele esta sendo lido em voz alta nas sinagogas, cada sabado.” — Atos15:19-21.

8 Quando Tiago disse “por isso, a minha decisao e”, sera que ele esta-va impondo sua autoridade a seus irmaos, talvez como presidente dareuniao, e arbitrariamente decidindo o que tinha de ser feito? De formaalguma! A expressao grega traduzida “a minha decisao e” tambem podesignificar “eu avalio” ou “a minha opiniao e”. Longe de dominar todo o

6. Como as Escrituras ajudaram a esclarecer o assunto em questao?7, 8. (a) Que ponto de vista Tiago apresentou? (b) Como devemos entender aspalavras de Tiago?

“CHEGAMOS A UM ACORDO UNˆANIME” 109

Page 112: De Testemunho Cabal

Assim como os crist˜aos do primeiro s

´eculo,

as Testemunhas de Jeov´a hoje s

˜ao dirigidas por

um Corpo Governante de homens dedicados,ungidos por esp

´ırito santo, que represen-

tam “o escravo fiel e discreto”. (Mat. 24:45) Osmembros do Corpo Governante re

´unem-se se-

manalmente como grupo. Al´em disso, eles est

˜ao

organizados em seis comiss˜oes, cada uma com

suas responsabilidades.˘ A Comiss

˜ao dos Coordenadores

´e formada pe-

los coordenadores das outras comiss˜oes e

por um secret´ario que tamb

´em

´e membro do

Corpo Governante. Ela ajuda todas as comis-s

˜oes a operar de modo suave e eficiente. Essa

comiss˜ao supervisiona assuntos jur

´ıdicos e o

uso da m´ıdia quando isso

´e necess

´ario para

esclarecer nossas crencas. Toma providˆencias

quando cat´astrofes, perseguic

˜oes e outras

emergˆencias afetam as Testemunhas de Jeov

´a

em qualquer parte do mundo.˘ A Comiss

˜ao Editora supervisiona a impres-

s˜ao e a expedic

˜ao de publicac

˜oes b

´ıblicas.

Tamb´em supervisiona as gr

´aficas e as pro-

priedades administradas pelas associac˜oes

jur´ıdicas usadas pelas Testemunhas de Jeov

´a

e a construc˜ao de filiais e cong

ˆeneres, bem

como de Sal˜oes do Reino e Sal

˜oes de Assem-

bleias em pa´ıses com recursos limitados. Essa

comiss˜ao tamb

´em administra os donativos re-

cebidos para a obra mundial do Reino.˘ A Comiss

˜ao de Ensino supervisiona a ins-

truc˜ao dada em reuni

˜oes congregacionais,

assembleias e congressos. Tamb´em

´e respon-

s´avel pela produc

˜ao de programas de

´audio e

v´ıdeo. Prepara a mat

´eria usada na Escola de

Gileade, na Escola do Servico de Pioneiro e emoutras escolas, e providencia programas es-pirituais para os volunt

´arios que servem nas

filiais e congˆeneres.

˘ A Comiss˜

ao do Pessoal cuida do bem-estar f´ı-

sico e espiritual dos volunt´arios que servem

nas filiais e congˆeneres das Testemunhas de

Jeov´a em toda a Terra. Essa comiss

˜ao tamb

´em

supervisiona a designac˜ao de novos volunt

´a-

rios para servir nesses locais.˘ A Comiss

˜ao de Redac

˜ao supervisiona a produ-

c˜ao de alimento espiritual escrito, distribu

´ıdo

`as congregac

˜oes e ao p

´ublico em geral.

Tamb´em responde a perguntas b

´ıblicas, super-

visiona o trabalho de traduc˜ao feito em todo o

mundo e aprova textos como roteiros de dra-mas e esbocos de discursos.

˘ A Comiss˜

ao de Servico supervisiona a obrade pregac

˜ao, a preparac

˜ao do Nosso Minist

´e-

rio do Reino e assuntos que dizem respeitoa anci

˜aos de congregac

˜ao, superintendentes

viajantes e evangelizadores de tempo integral.Tamb

´em convida alunos para a Escola de Gi-

leade, que treina mission´arios, e para a Escola

de Treinamento Ministerial, cujo objetivo´e ins-

truir anci˜aos e servos ministeriais solteiros,

dando aos alunos de ambas as escolas desig-nac

˜oes ap

´os a formatura.

O Corpo Governante segue a orientac˜ao do

esp´ırito santo de Deus. Seus membros n

˜ao se

consideram os l´ıderes do povo de Jeov

´a. Em vez

disso, como todos os crist˜aos ungidos na Terra,

eles ‘seguem o Cordeiro, Jesus Cristo, para ondequer que ele v

´a’. — Rev. 14:4.

A ESTRUTURA DO CORPO GOVERNANTE HOJE

Page 113: De Testemunho Cabal

corpo, Tiago estava sugerindo o que fazer baseado nas evidencias quehavia ouvido e no que as Escrituras diziam sobre o assunto.

9 Sera que a sugestao de Tiago era boa? Certamente que sim, poismais tarde os apostolos e os anciaos a adotaram. E quais seriam os be-nefıcios? Por um lado, a recomendacao ‘nao afligiria’ os cristaos gen-tios, ou ‘nao lhes causaria problemas’, impondo a eles os requisitos daLei mosaica. (Atos 15:19; Bıblia Facil de Ler). Por outro lado, essa deci-sao mostraria respeito pela consciencia dos cristaos judeus, que aolongo dos anos haviam ouvido “Moises . . . sendo lido em voz alta nassinagogas, cada sabado”.� (Atos 15:21) A acao recomendada sem duvi-da fortaleceria o relacionamento entre cristaos judeus e gentios. Acimade tudo, agradaria a Jeova, pois estaria de acordo com o avanco deseu proposito. Que excelente maneira de resolver um problema queameacava a uniao e o bem-estar de toda acongregacao do povo de Deus! E que beloexemplo isso e para a congregacao cristahoje!

10 Conforme mencionado no capıtuloanterior, assim como o corpo governantedo primeiro seculo, o Corpo Governantedas Testemunhas de Jeova hoje busca aorientacao de Jeova, o Soberano Univer-sal, e de Jesus Cristo, o Cabeca da con-gregacao, em todos os assuntos.� (1 Cor.11:3) Como isso e feito? O irmao AlbertD. Schroeder, que serviu no Corpo Gover-nante desde 1974 ate o fim de sua carrei-ra terrestre, em marco de 2006, explicou:“O Corpo Governante se reune toda quar-ta-feira, abrindo a reuniao com uma ora-cao em que se pede a direcao do espıri-to de Jeova. Faz-se real esforco para verque todo assunto tratado e toda decisao tomada estejam em harmoniacom a Palavra de Deus, a Bıblia.” De modo similar, o irmao Milton G.

� Tiago sabiamente se referiu aos escritos de Moises, que incluıam nao apenas o co-digo da Lei, mas tambem coisas que antecederam a Lei, incluindo os tratos de Deuscom seus servos e indicacoes de Sua vontade. Por exemplo, o conceito de Deus sobreo sangue, o adulterio e a idolatria pode ser visto claramente em Genesis. (Gen. 9:3, 4;20:2-9; 35:2, 4) Dessa forma, Jeova revelou princıpios que todos os humanos sao obri-gados a obedecer, quer judeu, quer gentio.� Veja o quadro “A estrutura do Corpo Governante hoje”, na pagina 110.

9. Quais seriam os benefıcios de seguir a recomendacao de Tiago?10. Como o Corpo Governante hoje segue o padrao estabelecido pelo corpogovernante do primeiro seculo?

Albert Schroeder ao proferir um discurso emum congresso internacional em 1998

“CHEGAMOS A UM ACORDO UNˆANIME” 111

Page 114: De Testemunho Cabal

Tiago, um dos filhos de Jos´e e Maria,

´e alista-

do primeiro entre os meios-irm˜aos mais novos de

Jesus. (Mat. 13:54, 55) Assim, ele deve ter sidoo segundo filho de Maria. Tiago cresceu com Je-sus e estava a par de seu minist

´erio. Se n

˜ao

presenciou as “obras poderosas” de Jesus, pelomenos sabia delas. Durante o minist

´erio de Je-

sus, por´em, Tiago e seus irm

˜aos

“de fato, n˜ao estavam exercendo

f´e [em Jesus]”, o irm

˜ao mais ve-

lho deles. (Jo˜ao 7:5) Tiago talvez

at´e tenha pensado como os outros

parentes de Jesus que disseram:“Ele perdeu o ju

´ızo.” — Mar. 3:21.

Tudo isso mudou com a mortee ressurreic

˜ao de Jesus. Embora

as Escrituras Gregas mencionemquatro personagens chamadosTiago, ao que tudo indica foi aoseu meio-irm

˜ao Tiago que Jesus

apareceu pessoalmente em certaocasi

˜ao durante os 40 dias depois

de Sua ressurreic˜ao. (1 Cor. 15:7)

Isso pode ter levado Tiago`a con-

clus˜ao certa quanto

`a verdadeira

identidade de seu irm˜ao mais ve-

lho. Seja como for, menos de dezdias depois de Jesus ter ido para oc

´eu, Tiago, sua m

˜ae e seus irm

˜aos

estavam reunidos com os ap´os-

tolos num quarto de andar superior para orar.— Atos 1:13, 14.

Com o tempo, Tiago tornou-se um membromuito respeitado da congregac

˜ao em Jerusal

´em,

pelo visto sendo considerado como ap´ostolo,

ou “enviado”, daquela congregac˜ao. (G

´al. 1:18,

19) O papel destacado que Tiago desempenhavafica evidente no que o ap

´ostolo Pedro disse aos

disc´ıpulos depois de este ter sido libertado mila-

grosamente da pris˜ao: “Relatai estas coisas a

Tiago e aos irm˜aos.” (Atos 12:12, 17) Quando

a quest˜ao da circuncis

˜ao foi levada ‘aos ap

´os-

tolos e anci˜aos’ em Jerusal

´em, parece que foi

Tiago quem presidiu a reuni˜ao. (Atos 15:6-21)

E o ap´ostolo Paulo disse que Tiago, Cefas (Pe-

dro) e o ap´ostolo Jo

˜ao “pareciam ser colunas”

da congregac˜ao de Jerusal

´em. (G

´al. 2:9) Mesmo

anos depois, quando Paulo voltou a Jerusal´em

ap´os sua terceira viagem mission

´aria, ele fez um

relat´orio a ‘Tiago, e todos os anci

˜aos estavam

presentes’. — Atos 21:17-19.

Pelo visto, foi esse mesmo Tiago, a quem

Paulo chamou de “o irm˜ao do

Senhor”, que escreveu a carta,ou livro b

´ıblico, de Tiago. (G

´al.

1:19) Nessa carta, ele humilde-mente se identifica n

˜ao como

ap´ostolo nem como irm

˜ao de Je-

sus, mas como “escravo de Deuse do Senhor Jesus Cristo”. (Tia.1:1) Nela vemos que Tiago, assimcomo Jesus, era um bom obser-vador da natureza humana e dacriac

˜ao. Para ilustrar verdades

espirituais, Tiago fez referˆencia

a aspectos bem conhecidos danatureza, como mares agitados,c

´eus estrelados, sol abrasador, flo-

res delicadas, incˆendios florestais

e animais domesticados. (Tia. 1:6,11, 17; 3:5, 7) Suas observac

˜oes

divinamente inspiradas quanto`as atitudes e

`as ac

˜oes das pes-

soas d˜ao excelentes conselhos

sobre como manter relacionamen-tos saud

´aveis. — Tia. 1:19, 20; 3:2, 8-18.

As palavras de Paulo registradas em 1 Cor´ın-

tios 9:5 sugerem que Tiago era casado. A B´ıblia

n˜ao diz quando nem em que circunst

ˆancias

Tiago morreu. No entanto, o historiador judeu Jo-sefo escreveu que pouco depois da morte dogovernador romano P

´orcio Festo, por volta de

62 EC, e antes de seu sucessor, Albino, assu-mir o cargo, Anano (Ananias), o sumo sacerdote,“convocou os ju

´ızes do Sin

´edrio e levou perante

eles um homem chamado Tiago, irm˜ao de Jesus

que era chamado o Cristo, e alguns outros”. Deacordo com Josefo, Anano “os acusou de teremtransgredido a lei e os entregou para serem ape-drejados”.

TIAGO — “O IRM˜

AO DO SENHOR”

Page 115: De Testemunho Cabal

Henschel, que serviu por muito tempo como membro do Corpo Gover-nante e terminou sua carreira terrestre em marco de 2003, apresentouuma pergunta fundamental aos formandos da 101.a turma da EscolaBıblica de Gileade da Torre de Vigia. Ele perguntou: “Existe na Terrauma outra organizacao cujos dirigentes consultem a Palavra de Deus,a Bıblia, antes de tomar decisoes importantes?” A resposta e obvia.

Enviaram “homens escolhidos” (Atos 15:22-29)

11 O corpo governante em Jerusalem havia chegado a uma decisaounanime sobre a questao da circuncisao. Mas, para que todos os ir-maos nas congregacoes aceitassem a decisao, ela teria de ser transmi-tida de forma clara, positiva e encorajadora. Qual seria a melhor ma-neira de fazer isso? O relato explica: “Pareceu bem aos apostolos e aosanciaos, junto com toda a congregacao, enviar a Antioquia homens es-colhidos dentre eles, junto com Paulo e Barnabe, a saber, Judas, queera chamado Barsabas, e Silas, homens de lideranca entre os irmaos.”Alem disso, uma carta foi preparada e enviada com esses homens paraque fosse lida em todas as congregacoes em Antioquia, na Sıria e na Ci-lıcia. — Atos 15:22-26.

12 Como “homens de lideranca entre os irmaos”, Judas e Silas es-tavam plenamente qualificados para representar o corpo governante.O grupo de quatro homens deixaria claro que a mensagem que leva-vam nao era uma simples resposta a pergunta inicial; era uma diretrizdo corpo governante. A presenca de Judas e Silas, os “homens escolhi-dos”, ajudaria a fortalecer o vınculo de amor entre os cristaos judeusem Jerusalem e os cristaos gentios nas congregacoes. Que provisao sa-bia e amorosa! Sem duvida isso promoveu a paz e a harmonia entreo povo de Deus.

13 A carta forneceu orientacoes claras aos cristaos gentios nao ape-nas sobre a questao da circuncisao, mas tambem sobre o que eles pre-cisavam fazer para receber o favor e a bencao de Jeova. A parte princi-pal da carta dizia: “Pareceu bem ao espırito santo e a nos mesmos naovos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas ne-cessarias: de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ıdolos,e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicacao. Se vos guardar-des cuidadosamente destas coisas, prosperareis. Boa saude para vos!”— Atos 15:28, 29.

14 As Testemunhas de Jeova hoje, mesmo somando cerca de 7 milhoesde pessoas em bem mais de 100 mil congregacoes em todo o mundo,

11. Como a decisao do corpo governante foi transmitida as congregacoes?12, 13. Quais foram os benefıcios de enviar as congregacoes (a) Judas e Silas?(b) uma carta do corpo governante?14. Como e possıvel que o povo de Jeova seja unido neste mundo dividido?

“CHEGAMOS A UM ACORDO UNˆANIME” 113

Page 116: De Testemunho Cabal

sao bem unidas nas suas crencas e acoes. Como essa uniao e possıvel,especialmente em vista da confusao e da discordia que prevalecem nomundo hoje? Essa uniao se deve principalmente a orientacao clara e di-reta que Jesus Cristo, o Cabeca da congregacao, fornece por meio do “es-cravo fiel e discreto”, representado pelo seu Corpo Governante. (Mat.24:45-47) A uniao tambem e resultado do fato de a fraternidade mundialcooperar de coracao com essa orientacao.

“Alegraram-se com o encorajamento” (Atos 15:30-35)

15 O relato em Atos prossegue em dizer-nos que quando os irmaos en-viados de Jerusalem chegaram a Antioquia, eles “ajuntaram a multi-dao, e entregaram-lhes a carta”. Como os irmaos ali reagiram a orien-tacao do corpo governante? ‘Depois de lerem a carta, alegraram-se como encorajamento.’ (Atos 15:30, 31) Alem disso, Judas e Silas “encoraja-ram os irmaos com muitas dissertacoes e os fortaleceram”. Nesse sen-tido, os dois homens eram “profetas”, assim como Barnabe, Paulo eoutros tambem eram chamados profetas — um termo que se refereaqueles que declaram ou tornam conhecida a vontade de Deus. — Atos13:1; 15:32;

ˆExo. 7:1, 2.

16 Fica evidente que Jeova abencoou tudo o que transcorreu e con-duziu a questao para que fosse resolvida da melhor forma possıvel.Qual foi a chave para que tudo acabasse bem? Sem duvida foram asinstrucoes claras e oportunas do corpo governante, baseadas na Pala-vra de Deus e na orientacao do espırito santo. Alem disso, foi o modoamoroso como o corpo governante transmitiu suas decisoes as congre-gacoes.

17 Seguindo esse padrao, o Corpo Governante das Testemunhas deJeova hoje fornece orientacoes oportunas a fraternidade mundial. Asdecisoes tomadas sao transmitidas as congregacoes de forma clara edireta. Uma maneira de fazer isso e por meio das visitas dos superin-tendentes viajantes. Esses irmaos abnegados viajam de uma congrega-cao a outra, dando orientacoes claras e amoroso encorajamento. ComoPaulo e Barnabe, eles dedicam muito tempo ao ministerio, “ensinandoe declarando, tambem com muitos outros, as boas novas da palavra deJeova”. (Atos 15:35) Como Judas e Silas, eles ‘encorajam os irmaos commuitas dissertacoes e os fortalecem’.

18 E que dizer das congregacoes? O que permitira que as congrega-coes em toda a Terra continuem a ter paz e harmonia no atual mundo

15, 16. Qual foi o resultado da questao da circuncisao, e o que contribuiu paraesse resultado?17. Como foi estabelecido o padrao de alguns aspectos das visitas dossuperintendentes viajantes em nossos dias?18. O que o povo de Deus precisa fazer para continuar a ter Suas bencaos?

114 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 117: De Testemunho Cabal

dividido? Lembre-se de que foi o proprio discıpulo Tiago que escreveumais tarde: “A sabedoria de cima e primeiramente casta, depois pacıfi-ca, razoavel, pronta para obedecer . . . Alem disso, o fruto da justica tema sua semente semeada sob condicoes pacıficas para os que fazempaz.” (Tia. 3:17, 18) Nao sabemos se Tiago tinha a reuniao em Jerusalemem mente quando escreveu essas palavras. Mas a analise que fizemosdos eventos registrados em Atos, capıtulo 15, deixa claro que apenasquando ha uniao e cooperacao pode haver a bencao de Jeova.

19 Era bem evidente que agora havia paz e uniao na congregacao emAntioquia. Em vez de discutirem com Judas e Silas, os irmaos em An-tioquia alegraram-se com a visita deles, pois foi apenas depois de Ju-das e Silas “passarem ali algum tempo [que] os irmaos os deixaram irem paz para os que os tinham enviado”, ou seja, de volta a Jerusalem.�(Atos 15:33) Podemos estar certos de que os irmaos em Jerusalem tam-bem se alegraram quando ouviram o que esses dois homens tinham adizer sobre sua viagem. Gracas a bondade imerecida de Jeova, eles fo-ram bem-sucedidos em cumprir sua missao.

20 Paulo e Barnabe, que permaneceram em Antioquia, podiam agoraconcentrar seus esforcos em tomar a frente na obra de pregacao, assimcomo os superintendentes viajantes hoje fazem quando visitam as con-gregacoes. (Atos 13:2, 3) Que bencao para o povo de Jeova! Mas que pri-vilegios e bencaos adicionais Jeova deu a esses dois evangelizadoreszelosos? Veremos isso no proximo capıtulo.

� No versıculo 34, algumas traducoes da Bıblia inserem palavras, dizendo que Silasdecidiu permanecer em Antioquia. (Almeida, revista e corrigida) Mas tudo indica queessas palavras nao apareciam no texto original; elas foram acrescentadas mais tarde.

19, 20. (a) Como ficou evidente que havia paz e uniao na congregacao emAntioquia? (b) O que Paulo e Barnabe podiam fazer agora?

Os crist˜aos atuais beneficiam-se das provis

˜oes espirituais feitas

pelo Corpo Governante e seus representantes

Page 118: De Testemunho Cabal

Que papel importante os superintendentes viajantes desem-penham na congregacao crista? Como somos abencoadosquando aceitamos de coracao as designacoes que recebemos?Como podemos raciocinar de modo eficaz a base das Escri-turas, e por que precisamos adaptar-nos as pessoas a quempregamos? Descobriremos a resposta a essas e a outras per-guntas ao acompanharmos o apostolo Paulo na sua segundaviagem missionaria.

S E C˜

A O 6 ˙ A T O S 1 5 : 3 6 – 1 8 : 2 2

“VOLTEMOS EVISITEMOS OS IRM

˜AOS”

ATOS 15:36

Page 119: De Testemunho Cabal

`A MEDIDA que os viajantes seguem caminho atraves de estradas aci-dentadas entre uma cidade e outra, o apostolo Paulo esta pensativo aoolhar para o jovem ao seu lado. O nome do rapaz e Timoteo. Cheio deenergia, Timoteo talvez tenha uns 20 anos. Cada passo nessa nova via-gem o leva para mais longe de casa. Conforme o dia vai chegando ao fim,a regiao de Listra e Iconio fica cada vez mais para tras. O que os aguar-da? Paulo tem uma boa nocao, pois essa e a sua segunda viagem missio-naria. Ele sabe que havera muitos perigos e dificuldades. Mas como essejovem ao seu lado vai se sair?

2 Paulo confia em Timoteo, talvez mais do que este humilde jovem con-fie em si mesmo. Acontecimentos recentes deixaram Paulo mais conven-cido do que nunca de que ele precisa do companheiro certo de viagem.Paulo sabe que o trabalho a frente — visitar as congregacoes e fortalece-las — exigira que os ministros viajantes sejam unidos e bem determina-dos. Por que Paulo talvez se sinta assim? Um dos fatores pode ser umdesacordo que levou Paulo e Barnabe a se separarem.

3 Neste capıtulo, aprenderemos muito sobre a melhor maneira de re-solver desacordos. Tambem vamos aprender por que Paulo escolheu Ti-moteo como companheiro de viagem e entender melhor o papel vital dosque servem como superintendentes viajantes hoje.

“Voltemos e visitemos os irm˜aos” (Atos 15:36)

4 No capıtulo anterior, vimos como um grupo de quatro irmaos — Pau-lo, Barnabe, Judas e Silas — encorajou a congregacao em Antioquia coma decisao do corpo governante a respeito da circuncisao. O que Paulo feza seguir? Ele apresentou a Barnabe um novo plano de viagem, dizendo:“Acima de tudo, voltemos e visitemos os irmaos em cada uma das ci-dades em que publicamos a palavra de Jeova, para ver como estao.”

1-3. (a) Quem era o novo companheiro de viagem de Paulo, e como ele era?(b) O que aprenderemos neste capıtulo?4. Quais eram os objetivos da segunda viagem missionaria de Paulo?

C A P´I T U L O 1 5

“Fortalecendoas congregac

˜oes”

Ministros viajantes ajudamas congregac

˜oes a serem firmadas na f

´e

Baseado em Atos 15:36–16:5

117

Page 120: De Testemunho Cabal

O Evangelho de Marcos relata que aqueles que

prenderam Jesus tamb´em tentaram prender “cer-

to jovem” que “escapou nu”. (Mar. 14:51, 52)

Visto que Marcos, tamb´em conhecido como Jo

˜ao

Marcos, foi o´unico que registrou essa hist

´oria,

o jovem que ele mencionou pode ter sido ele

pr´oprio. Se esse for o caso, Mar-

cos teve pelo menos algum contato

com Jesus.

Uns 11 anos mais tarde, durante

a perseguic˜ao movida por Herodes

Agripa contra os crist˜aos, “muitos”

membros da congregac˜ao de Je-

rusal´em se reuniram para orar na

casa de Maria, m˜ae de Marcos.

Foi para essa casa que o ap´ostolo

Pedro se dirigiu ao ser milagrosa-

mente libertado da pris˜ao. (Atos

12:12) Assim, Marcos talvez tenha

sido criado numa casa que mais

tarde foi usada para realizar reu-

ni˜oes crist

˜as. Sem d

´uvida, Marcos

conhecia bem os primeiros disc´ı-

pulos de Jesus, que por sua vez

exerceram uma boa influˆencia so-

bre ele.

Marcos serviu lado a lado com

v´arios superintendentes das con-

gregac˜oes crist

˜as do primeiro

s´eculo. At

´e onde sabemos, seu pri-

meiro privil´egio de servico foi trabalhar com o

seu primo Barnab´e e o ap

´ostolo Paulo na desig-

nac˜ao deles em Antioquia da S

´ıria. (Atos 12:25)

Quando Barnab´e e Paulo iniciaram sua primeira

viagem mission´aria, Marcos viajou com eles, pri-

meiro para Chipre e depois para a´Asia Menor.

Dali, Marcos voltou para Jerusal´em por motivos

n˜ao mencionados. (Atos 13:4, 13) Depois de um

desacordo entre Barnab´e e Paulo a respeito de

Marcos, conforme descrito em Atos cap´ıtulo 15,

Marcos e Barnab´e continuaram seu servico mis-

sion´ario em Chipre. — Atos 15:36-39.

Com certeza, qualquer lembranca daquele de-

sacordo j´a havia sido esquecida por volta de

60 EC ou 61 EC, ano em que Marcos estava no-

vamente trabalhando com Paulo, dessa vez em

Roma. Paulo, que estava preso naquela cidade,

escreveu`a congregac

˜ao em Colossos: “Aristar-

co, meu companheiro de cativeiro, manda-vos os

seus cumprimentos, e assim tamb´em Marcos, pri-

mo de Barnab´e, (a respeito de quem recebestes

mandado para o acolher, se for ter

convosco).” (Col. 4:10) Assim, Pau-

lo estava pensando em enviar Jo˜ao

Marcos de Roma a Colossos como

seu representante.

Em algum momento entre 62 EC

e 64 EC, Marcos serviu com o ap´os-

tolo Pedro em Babilˆonia. Conforme

menciona o Cap´ıtulo 10 deste livro,

eles desenvolveram um relaciona-

mento achegado, pois Pedro refe-

riu-se a esse homem mais jovem

como “Marcos, meu filho”. — 1 Ped.

5:13.

Ent˜ao, por volta de 65 EC, quan-

do o ap´ostolo Paulo foi preso pela

segunda vez em Roma, ele escre-

veu a seu companheiro de servico

Tim´oteo, que estava em

´Efeso:

“Toma a Marcos e traze-o contigo,

porque ele me´e

´util para ministrar.”

(2 Tim. 4:11) Sem d´uvida, Marcos

aceitou prontamente o convite e fez

a viagem de´

Efeso a Roma. N˜ao

´e

de admirar que Barnab´e, Paulo e Pedro gostas-

sem tanto de Marcos!

O maior de todos os privil´egios de Marcos foi

ser inspirado por Jeov´a para escrever um Evange-

lho. Segundo a tradic˜ao, Marcos obteve muitas

informac˜oes do ap

´ostolo Pedro. Os fatos parecem

apoiar essa ideia, pois o relato de Marcos cont´em

detalhes que apenas uma testemunha ocular,

como Pedro, saberia. Mas parece que Marcos

escreveu seu Evangelho em Roma, n˜ao em Ba-

bilˆonia quando estava com Pedro. Marcos usou

muitas express˜oes em latim e traduziu termos he-

braicos que de outra forma seriam dif´ıceis para os

n˜ao judeus entenderem. Assim, parece que ele

escreveu primariamente para os gentios.

MARCOS RECEBE MUITOS PRIVIL´

EGIOS

Page 121: De Testemunho Cabal

(Atos 15:36) Paulo nao estava sugerindo uma mera visita social a essescristaos recem-convertidos. O livro de Atos revela os verdadeiros objeti-vos da segunda viagem missionaria de Paulo. Primeiro, ele continuariaa transmitir as decisoes tomadas pelo corpo governante. (Atos 16:4) Se-gundo, como superintendente viajante, Paulo estava decidido a encora-jar as congregacoes em sentido espiritual, ajudando-as a serem firma-das na fe. (Rom. 1:11, 12) Como a organizacao das Testemunhas de Jeovahoje segue esse modelo estabelecido pelos apostolos?

5 Hoje, Cristo usa o Corpo Governante das Testemunhas de Jeovapara orientar sua congregacao. Por meio de cartas, publicacoes, reu-nioes e outros meios de comunicacao, esses fieis homens ungidos daoorientacao e encorajamento as congregacoes no mundo inteiro. O CorpoGovernante tambem procura manter contato mais direto com as congre-gacoes por meio dos superintendentes viajantes. O proprio Corpo Gover-nante designa milhares de anciaos qualificados em todo o mundo paraservirem como ministros viajantes.

6 Os superintendentes viajantes atuais concentram-se em dar atencaoindividual e encorajamento espiritual a todos os irmaos nas congrega-coes que visitam. Como? Por seguirem o modelo estabelecido por cris-taos do primeiro seculo como Paulo. Ele deu o seguinte incentivo a outrosuperintendente como ele: “Prega a palavra, ocupa-te nisso urgentemen-te, em epoca favoravel, em epoca dificultosa, repreende, adverte, exorta,com toda a longanimidade e arte de ensino. . . . Faze a obra dum evange-lizador.” — 2 Tim. 4:2, 5.

7 Em harmonia com essas palavras, o superintendente viajante — esua esposa, se for casado — participa com os publicadores locais em di-versos aspectos do ministerio. Esses irmaos e irmas viajantes sao zelo-sos na pregacao e habilidosos instrutores, caracterısticas que tem umefeito positivo sobre o rebanho. (Rom. 12:11; 2 Tim. 2:15) Os que partici-pam nessa modalidade de servico se destacam por seu amor abnegado.De bom grado, dao de si mesmos, enfrentando condicoes climaticas des-favoraveis e ate mesmo viajando por regioes perigosas. (Fil. 2:3, 4) Os su-perintendentes viajantes tambem encorajam, ensinam e aconselham ascongregacoes por meio de discursos baseados na Bıblia. Todos os ir-maos na congregacao sao beneficiados por observar a conduta dessesministros viajantes e imitar sua fe. — Heb. 13:7.

“Um forte acesso de ira” (Atos 15:37-41)

8 Barnabe gostou da sugestao de Paulo de ‘visitar os irmaos’. Osdois haviam feito um bom trabalho como companheiros de viagem e

5. Como o Corpo Governante hoje da orientacao e encorajamento as congregacoes?6, 7. Quais sao algumas responsabilidades dos superintendentes viajantes?8. Como Barnabe reagiu ao convite de Paulo?

“FORTALECENDO AS CONGREGAC˜

OES” 119

Page 122: De Testemunho Cabal

ja conheciam as regioes e os povos que visitariam. (Atos 13:2–14:28) Por-tanto, parecia uma boa ideia servir juntos nessa designacao. Mas surgiuum problema. Atos 15:37 relata: “Barnabe, da sua parte, estava resolvidoa levar consigo tambem Joao, que se chamava Marcos.” Barnabe naoestava apenas dando uma sugestao. Ele “estava resolvido” a levar seuprimo Marcos nessa viagem missionaria.

9 Paulo nao concordou. Por que? O relato diz: “Paulo nao achava cor-reto que levassem [Marcos], visto que se tinha afastado deles desde Pan-fılia e nao tinha ido com eles a obra.” (Atos 15:38) Marcos havia acompa-nhado Paulo e Barnabe na primeira viagem missionaria, mas nao ficoucom eles ate o fim. (Atos 12:25; 13:13) No comeco da viagem, ainda naPanfılia, Marcos deixou a designacao e foi para casa, em Jerusalem.A Bıblia nao diz por que ele foi embora, mas, pelo visto, o apostolo Pauloencarou a atitude de Marcos como irresponsavel. Paulo talvez tivesseduvidas quanto a se Marcos era um homem de confianca.

10 Mesmo assim, Barnabe insistia em levar Marcos. Mas Paulo era taoinsistente quanto ele em nao querer fazer isso. “Em vista disso, houveum forte acesso de ira, de modo que se separaram um do outro”, diz Atos15:39. Barnabe navegou para Chipre, a ilha onde havia nascido, levandoMarcos junto com ele. Paulo deu continuidade a seus planos. Lemos:“Paulo selecionou Silas e partiu, depois de ter sido confiado pelos ir-maos a benignidade imerecida de Jeova.” (Atos 15:40) Juntos, eles via-jaram “pela Sıria e pela Cilıcia, fortalecendo as congregacoes”. — Atos15:41.

11 Esse relato talvez nos lembre de nossa natureza imperfeita. Paulo eBarnabe haviam sido designados como representantes especiais do cor-po governante, e e provavel que o proprio Paulo se tenha tornado mem-bro desse grupo. Mas, no caso envolvendo Marcos, as imperfeicoes hu-manas de Paulo e Barnabe falaram mais alto. Sera que eles permitiramque essa situacao abalasse permanentemente o relacionamento entreeles? Embora fossem imperfeitos, Paulo e Barnabe eram humildes, ten-do a mente de Cristo. Com o tempo, eles sem duvida perdoaram um aooutro, demonstrando um espırito cristao de amor fraternal. (Efe. 4:1-3)Mais tarde, Paulo e Marcos trabalharam juntos em outras designacoesteocraticas.� — Col. 4:10.

12 Esse acesso de ira foi um incidente isolado; nao era da natureza de

� Veja o quadro “Marcos recebe muitos privilegios”, na pagina 118.

9. Por que Paulo discordou de Barnabe?10. A que levou o desacordo entre Paulo e Barnabe, e com que resultado?11. Que qualidades sao essenciais para evitarmos que um desacordo abalepermanentemente a relacao entre nos e alguem que nos ofendeu?12. Que qualidades os atuais superintendentes cristaos devem ter em imitacao aPaulo e Barnabe?

120 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 123: De Testemunho Cabal

Tim´oteo era um assistente muito estimado pelo

ap´ostolo Paulo. Depois de terem trabalhado juntos

por uns 11 anos, Paulo podia escrever a respeito

de Tim´oteo: “N

˜ao tenho a nenhum outro de dispo-

sic˜ao igual

`a dele, que cuidar

´a genuinamente das

coisas referentes a v´os. V

´os . . . conheceis a pro-

va que ele deu de si mesmo, que

ele trabalhou como escravo comigo

na promoc˜ao das boas novas, como

um filho junto ao pai.” (Fil. 2:20, 22)

Tim´oteo sempre estava disposto a

dar de si mesmo a fim de promo-

ver a obra de pregac˜ao, tornando-se

assim algu´em muito amado pelo

ap´ostolo Paulo e deixando um exce-

lente exemplo para n´os.

Filho de pai grego e de m˜ae judia,

Tim´oteo parece ter sido criado na

cidade de Listra. Sua m˜ae, Eunice,

e sua av´o Loide ensinaram-lhe as

Escrituras desde a infˆancia. (Atos

16:1, 3; 2 Tim. 1:5; 3:14, 15) Tanto

elas como Tim´oteo provavelmente

aceitaram o cristianismo durante a

primeira visita de Paulo a Listra.

Quando Paulo voltou a Listra al-

guns anos mais tarde, Tim´oteo talvez tivesse uns

20 anos. J´a nessa

´epoca, “os irm

˜aos em Listra

e Icˆonio davam dele bom relato”. (Atos 16:2) O

esp´ırito de Deus havia inspirado “predic

˜oes” a

respeito desse jovem e, em harmonia com elas,

Paulo e os anci˜aos locais convidaram Tim

´oteo

para um privil´egio especial de servico: ser missio-

n´ario junto com Paulo. (1 Tim. 1:18; 4:14; 2 Tim.

1:6) Tim´oteo teve de deixar sua fam

´ılia e, a fim de

evitar uma poss´ıvel causa para tropeco entre os

judeus a quem Tim´oteo visitaria, ele teve de se

submeter`a circuncis

˜ao. — Atos 16:3.

Tim´oteo viajou muito. Ele pregou com Paulo e

Silas em Filipos, com Silas na Bereia, e depois

sozinho em Tessalˆonica. Quando se encontrou no-

vamente com Paulo em Corinto, Tim´oteo tinha

boas not´ıcias sobre o amor e a f

´e dos tessaloni-

censes, apesar das tribulac˜oes que eles sofriam.

(Atos 16:6–17:14; 1 Tes. 3:2-6) Ao receber not´ı-

cias perturbadoras sobre os irm˜aos em Corinto,

Paulo, que estava em´

Efeso, pensou em enviar Ti-

m´oteo de volta a Corinto. (1 Cor. 4:17) De

´Efeso,

Paulo mais tarde enviou Tim´oteo e Erasto

`a Mace-

dˆonia. Mas, quando Paulo escreveu aos romanos,

Tim´oteo estava mais uma vez com ele em Corinto.

(Atos 19:22; Rom. 16:21) Essas s˜ao

apenas algumas das viagens que

Tim´oteo fez pela “promoc

˜ao das

boas novas”.

Tim´oteo talvez hesitasse um pou-

co em exercer autoridade, o que´e

indicado pelo encorajamento que

Paulo lhe deu: “Nenhum homem

jamais menospreze a tua mocida-

de.” (1 Tim. 4:12) Mas Paulo

confiava em Tim´oteo a ponto de

lhe dar as seguintes instruc˜oes ao

envi´a-lo a uma congregac

˜ao pro-

blem´atica: ‘Manda a certos que n

˜ao

ensinem doutrina diferente.’ (1 Tim.

1:3) Paulo tamb´em deu a Tim

´oteo

autoridade para designar superin-

tendentes e servos ministeriais nas

congregac˜oes. — 1 Tim. 5:22.

As excelentes qualidades de Ti-

m´oteo fizeram dele algu

´em muito amado por

Paulo. As Escrituras revelam que esse homem

mais jovem era um amigo achegado, fiel e afetuo-

so, como um filho. Paulo podia escrever que se

lembrava das l´agrimas de Tim

´oteo, ansiava v

ˆe-lo e

orava por ele. Como um pai preocupado, Paulo

tamb´em deu a Tim

´oteo conselhos sobre seus “fre-

quentes casos de doenca”, pelo visto problemas

de estˆomago. — 1 Tim. 5:23; 2 Tim. 1:3, 4.

Quando Paulo foi preso pela primeira vez em

Roma, Tim´oteo ficou ao seu lado. Pelo menos em

uma ocasi˜ao, Tim

´oteo tamb

´em ficou preso. (Fil

ˆem.

1; Heb. 13:23) Pode-se notar a profunda amizade

que havia entre esses dois homens no pedido que

Paulo fez quando percebeu que estava para mor-

rer. Ele escreveu a Tim´oteo: “Faze o m

´aximo para

vir ter comigo em breve.” (2 Tim. 4:6-9) As Escritu-

ras n˜ao mencionam se Tim

´oteo chegou a tempo

de ver seu querido instrutor.

TIM´

OTEO EMPENHA-SE “NA PROMOC˜

AO DAS BOAS NOVAS”

Page 124: De Testemunho Cabal

Paulo e Barnabe agir assim. Barnabe era conhecido por ser um homembondoso e generoso, tanto que, em vez de chama-lo de Jose, seu nomeproprio, os apostolos deram-lhe o nome Barnabe, que significa “Filho deConsolo”. Paulo tambem era conhecido por ser amoroso e gentil. (1 Tes.2:7, 8) Em imitacao a Paulo e Barnabe, todos os superintendentes cris-taos hoje, incluindo os ministros viajantes, sempre devem esforcar-separa demonstrar humildade e para tratar com amor outros anciaos etodo o rebanho. — 1 Ped. 5:2, 3.

“Davam dele bom relato” (Atos 16:1-3)

13 Em sua segunda viagem missionaria, Paulo passou pela provınciaromana da Galacia, onde algumas congregacoes ja haviam sido forma-das. Por fim, ele “chegou . . . a Derbe e tambem a Listra”. O relato conti-nua: “Havia ali um certo discıpulo de nome Timoteo, filho duma mulherjudia crente, mas de pai grego.” — Atos 16:1.�

14 Pelo visto, Paulo havia conhecido a famılia de Timoteo durante suaprimeira viagem aquela regiao, por volta de 47 EC. Passados dois ou tresanos desde aquela ocasiao, na sua segunda visita, Paulo percebeu que ojovem Timoteo tinha bom potencial, pois os irmaos “davam dele bom re-lato”. Nao era apenas em Listra, sua cidade natal, que os irmaos tinhamum bom conceito de Timoteo. O relato explica que tambem em Iconio, auns 30 quilometros, os irmaos diziam boas coisas a respeito dele. (Atos16:2) Guiados pelo espırito santo, os anciaos deram a Timoteo uma se-ria responsabilidade: servir como ministro viajante, ajudando Paulo eSilas. — Atos 16:3.

15 Como Timoteo conseguiu fazer um nome tao bom para si apesar deser bem jovem? Sera que foi por causa de sua inteligencia, sua aparen-cia ou suas habilidades naturais? Em geral, sao essas coisas que im-pressionam as pessoas. Ate mesmo o profeta Samuel se deixou influen-ciar demais pelas aparencias em certa ocasiao. Mas Jeova lembrou-lhe:“Nao como o homem ve e o modo de Deus ver, pois o mero homem ve oque aparece aos olhos, mas quanto a Jeova, ele ve o que o coracao e.”(1 Sam. 16:7) Nao foram as caracterısticas fısicas ou intelectuais de Ti-moteo que fizeram com que ele tivesse um bom nome entre seus irmaos,mas sim o que ele era no coracao.

16 Anos mais tarde, o apostolo Paulo mencionou algumas qualidades

� Veja o quadro “Timoteo empenha-se ‘na promocao das boas novas’ ”, na pagina 121.

13, 14. (a) Quem era Timoteo, e como Paulo talvez o tenha conhecido? (b) O quelevou Paulo a ver que Timoteo tinha bom potencial? (c) Que designacao Timoteorecebeu?15, 16. Como Timoteo conseguiu fazer um nome tao bom para si mesmo?

122 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 125: De Testemunho Cabal

espirituais de Timoteo. Paulo descreveu a boa disposicao de Timoteo,seu amor abnegado e seu zelo ao cuidar de designacoes teocraticas. (Fil.2:20-22) Timoteo tambem era conhecido por ter fe “sem qualquer hipo-crisia”. — 2 Tim. 1:5.

17 Hoje, muitos jovens imitam a Timoteo por cultivar qualidades queagradam a Deus. Assim, fazem um bom nome perante Jeova e seu povoapesar de sua pouca idade. (Pro. 22:1; 1 Tim. 4:15) Eles demonstram fesem hipocrisia, recusando-se a levar uma vida dupla. (Sal. 26:4) Em re-sultado disso, podem ser bem uteis na congregacao, assim como Timo-teo. Quando eles se qualificam como publicadores das boas novas e,com o tempo, dedicam-se a Jeova e sao batizados, todos os seus amigose parentes que amam a Jeova se sentem muito encorajados!

“Firmadas na f´e” (Atos 16:4, 5)

18 Paulo e Timoteo trabalharam juntos por anos. Como ministros via-jantes, eles cumpriram muitas designacoes representando o corpo go-vernante. A Bıblia diz: “Enquanto viajavam atraves das cidades, entrega-vam aos que estavam ali, para a sua observancia, os decretos decididospelos apostolos e anciaos, que estavam em Jerusalem.” (Atos 16:4) Pelovisto, as congregacoes realmente seguiam as orientacoes dos apostolose anciaos de Jerusalem. Por serem obedientes, ‘as congregacoes conti-nuavam a ser firmadas na fe e a aumentar em numero, dia a dia’. — Atos16:5.

19 De modo similar, hoje as Testemunhas de Jeova sao abencoadas porserem submissas e obedientes as orientacoes que recebem dos que “to-mam a dianteira” entre elas. (Heb. 13:17) Visto que a cena do mundo estasempre mudando, e vital que os cristaos se mantenham em dia com oalimento espiritual fornecido pelo “escravo fiel e discreto”. (Mat. 24:45;1 Cor. 7:29-31) Fazermos isso pode evitar a ruına espiritual e nos ajudara permanecer sem mancha do mundo. — Tia. 1:27.

20´

E verdade que os superintendentes cristaos atuais, incluindo osmembros do Corpo Governante, sao imperfeitos, assim como eram Pau-lo, Barnabe, Marcos e outros anciaos ungidos do primeiro seculo. (Rom.5:12; Tia. 3:2) Mas, visto que os irmaos do Corpo Governante seguem deperto a Palavra de Deus e se apegam ao padrao estabelecido pelos apos-tolos, eles sao dignos de confianca. (2 Tim. 1:13, 14) Em resultado disso,as congregacoes sao fortalecidas e firmadas na fe.

17. Como os jovens podem imitar a Timoteo?18. (a) Que privilegios Paulo e Timoteo tiveram como ministros viajantes? (b) Comoas congregacoes foram abencoadas?19, 20. Por que os cristaos devem ser obedientes aos que “tomam a dianteira”?

“FORTALECENDO AS CONGREGAC˜

OES” 123

Page 126: De Testemunho Cabal

“Portanto, de Trˆ

oade fizemo-nos ao mar.”

— Atos 16:11

Page 127: De Testemunho Cabal

UM GRUPO de mulheres deixa a cidade de Filipos na Macedonia. Nao de-mora muito e elas chegam a um rio estreito chamado Gangites. Como decostume, elas se sentam a margem do rio para orar ao Deus de Israel. Jeovaas observa. — 2 Cro. 16:9; Sal. 65:2.

2 Enquanto isso, mais de 800 quilometros a leste de Filipos, um grupo dehomens parte da cidade de Listra, no sul da Galacia. Dias depois, eles che-gam a uma estrada romana pavimentada que vai em direcao ao oeste, rumoa regiao mais povoada do distrito da

´Asia. Os homens — Paulo, Silas e Timo-

teo — estao ansiosos para viajar por essa estrada a fim de visitar´

Efeso eoutras cidades onde milhares de pessoas precisam ouvir as boas novas so-bre Cristo. Mas, antes mesmo de comecarem essa viagem, o espırito santoos impede de prosseguir de uma forma nao mencionada. Eles sao proibidosde pregar na

´Asia. Por que? Jesus, por meio do espırito de Deus, quer fazer

com que o grupo de Paulo atravesse toda a´

Asia Menor, cruze o mar Egeu eva em direcao as margens do pequeno rio Gangites.

3 O modo como Jesus guiou Paulo e seus companheiros durante essa via-gem incomum ate a Macedonia nos ensina licoes valiosas hoje. Assim, ve-jamos alguns dos eventos que ocorreram durante a segunda viagem mis-sionaria de Paulo, que comecou por volta de 49 EC.

‘Tiramos a conclus˜ao de que Deus nos convocara’ (Atos 16:6-15)

4 Impedidos de pregar na´

Asia, Paulo e seus companheiros foram em di-recao ao norte para pregar nas cidades da Bitınia. A fim de chegarem la,eles talvez tenham caminhado varios dias por estradas nao pavimentadasentre as regioes pouco povoadas da Frıgia e da Galacia. Mas, ao se aproxi-marem da Bitınia, Jesus usou mais uma vez o espırito santo para impedi-los. (Atos 16:6, 7) A essa altura, os homens ja deviam estar confusos. Sa-biam o que pregar e como pregar, mas nao sabiam onde pregar. Haviambatido, por assim dizer, na porta que dava para a

´Asia, mas em vao. Haviam

1-3. (a) Como Paulo e seus companheiros viram a orientacao do espırito santo?(b) Que eventos vamos examinar?4, 5. (a) O que aconteceu com o grupo de Paulo perto da Bitınia? (b) Que decisao osdiscıpulos tomaram, e qual foi o resultado?

C A P´I T U L O 1 6

“Passa`a Maced

ˆonia”

Os mission´

arios s˜

ao abencoados poraceitar uma designac

˜ao e enfrentar

a perseguic˜

ao com alegria

Baseado em Atos 16:6-40

125

Page 128: De Testemunho Cabal

batido na porta que dava para a Bitınia, mas novamente em vao. Mesmo as-sim, Paulo estava decidido a continuar batendo ate encontrar alguma por-ta que se abrisse. Os homens tomaram, entao, uma decisao que nao pare-cia fazer sentido: foram para o oeste e andaram 550 quilometros, passandopor varias cidades ate chegarem ao porto de Troade, de onde poderiam na-vegar para a Macedonia. (Atos 16:8) Foi em Troade que Paulo bateu em umaterceira porta, mas dessa vez ela se abriu amplamente.

5 Lucas, escritor do Evangelho que leva seu nome, juntou-se ao grupo dePaulo em Troade. Ele relata o que aconteceu: “Durante a noite, apareceu aPaulo uma visao: certo homem macedonio estava em pe, suplicando-lhe edizendo: ‘Passa a Macedonia e ajuda-nos.’ Ora, assim que ele viu a visao,procuramos passar a Macedonia, tirando a conclusao de que Deus nos con-vocara para declarar-lhes as boas novas.”� (Atos 16:9, 10) Finalmente Paulosoube onde pregar. Ele deve ter ficado muito feliz por nao ter desistido nametade do caminho. Sem demora, os quatro homens navegaram para a Ma-cedonia.

6 Que licao podemos aprender desse relato? Observe o seguinte: foi so-mente depois de Paulo ter partido para a

´Asia que o espırito santo indicou

a vontade de Deus; foi somente depois de Paulo ter se aproximado da Bitı-nia que Jesus interveio; e foi somente depois de Paulo ter chegado a Troadeque Jesus o orientou a ir a Macedonia. Jesus, como Cabeca da congrega-

� Veja o quadro “Lucas — escritor do livro de Atos”, na pagina 128.

6, 7. (a) O que podemos aprender do que aconteceu durante a viagem de Paulo?(b) A exemplo do que aconteceu com Paulo, que certeza podemos ter?

Como n´os hoje podemos ‘passar

`a Maced

ˆonia’?

Page 129: De Testemunho Cabal

cao, pode nos orientar de modo similar hoje. (Col. 1:18) Por exemplo, talvezestejamos pensando ja por algum tempo em servir como pioneiros ou emnos mudar para uma regiao onde ha maior necessidade de publicadores doReino. Mas pode ser somente depois de darmos passos especıficos para al-cancar nosso alvo que Jesus, por meio do espırito de Deus, nos guiara. Porque? Pense no seguinte exemplo: um motorista pode virar seu carro para adireita ou para a esquerda somente se o carro estiver em movimento. Damesma forma, no que diz respeito a expandir nosso ministerio, Jesus nosorienta, mas apenas se estivermos em “movimento”, ou seja, se estivermosrealmente nos esforcando a fazer isso.

7 Mas e se nossos esforcos nao produzem logo resultado? Devemos desis-tir, achando que o espırito de Deus nao nos esta orientando? Nao. Lembre-se de que Paulo tambem enfrentou contratempos. Mesmo assim, ele conti-nuou procurando ate achar uma porta que se abrisse. Podemos ter certezade que nossa perseveranca em procurar “uma porta larga para atividade”tambem sera recompensada. — 1 Cor. 16:9.

8 Depois de chegarem ao distrito da Macedonia, o grupo de Paulo viajoupara Filipos, uma cidade cujos habitantes tinham orgulho de ser cidadaosromanos. Para os soldados romanos reformados que moravam ali, a coloniade Filipos era como uma pequena Italia — uma Roma em miniatura bem nomeio da Macedonia. Fora do portao da cidade, ao lado de um rio estreito, osmissionarios encontraram um local que acharam ser “um lugar de ora-cao”.� No sabado, eles foram aquele local e encontraram varias mulheresreunidas ali para adorar a Deus. Os discıpulos sentaram-se e falaram comelas. Uma mulher chamada Lıdia “estava escutando, e Jeova abriu-lhe am-plamente o coracao”. Lıdia ficou tao comovida com o que aprendeu dos mis-sionarios que ela e os de sua casa foram batizados. Entao ela insistiu paraque Paulo e seus companheiros ficassem na sua casa.� — Atos 16:13-15.

9 Imagine a alegria que o batismo de Lıdia causou. Paulo deve ter ficadomuito feliz por ter aceitado o convite para ‘passar a Macedonia’ e por Jeovater usado a ele e seus companheiros para responder as oracoes daquelasmulheres que temiam a Deus. Hoje, muitos irmaos — jovens e idosos, sol-teiros e casados — tambem se mudam para regioes onde a necessidade depublicadores do Reino e maior.

´E verdade que eles enfrentam dificuldades,

mas isso nao e nada comparado a satisfacao que sentem quando encon-tram pessoas como Lıdia, que aceitam as verdades da Bıblia. Sera quevoce pode fazer ajustes que lhe permitiriam ‘passar’ a um territorio onde

� Os judeus talvez fossem proibidos de ter uma sinagoga em Filipos por causa da ca-racterıstica militar da cidade. Ou pode ser que ali nao houvesse dez homens judeus,o mınimo necessario para estabelecer uma sinagoga.� Veja o quadro “Lıdia — vendedora de purpura”, na pagina 132.

8. (a) Descreva a cidade de Filipos. (b) Qual foi o resultado alegre da pregacao dePaulo no “lugar de oracao”?9. Como muitos hoje imitam o exemplo de Paulo, e que bencaos recebem?

“PASSA`A MACED

ˆONIA” 127

Page 130: De Testemunho Cabal

At´e o cap

´ıtulo 16, vers

´ıculo 9, o livro de Atos

´e

narrado apenas em terceira pessoa, ou seja, o es-

critor limita-se a descrever as palavras e ac˜oes

de outras pessoas, n˜ao se incluindo na narra-

tiva. Em Atos 16:10, 11, por´em, esse estilo de

escrita muda. No vers´ıculo 11, por exemplo, o es-

critor diz: “De Trˆoade [n

´os] fizemo-nos ao mar e

fomos diretamente`a Samotr

´acia.”

´E nesse ponto

da narrativa que o escritor, Lucas,passa a participar dos acontecimen-

tos. Mas, visto que o nome Lucas

n˜ao aparece em nenhum lugar em

Atos dos Ap´ostolos, como sabemos

que ele foi realmente o escritor?

Podemos saber a resposta por

considerar a introduc˜ao do livro de

Atos e a do Evangelho de Lucas. As

duas introduc˜oes s

˜ao dirigidas a um

certo “Te´ofilo”. (Luc.1:1, 3; Atos 1:1)

O livro de Atos comeca com as se-

guintes palavras: “O primeiro relato,´o Te

´ofilo, eu compus a respeito de

todas as coisas que Jesus principiou

tanto a fazer como a ensinar.” Visto

que muitas autoridades dos tempos

antigos concordam que “o primeiro

relato”, o Evangelho, foi escrito por

Lucas, ele tamb´em deve ter sido o

escritor do livro de Atos.

N˜ao sabemos muito sobre Lucas.

Seu nome s´o aparece tr

ˆes vezes

na B´ıblia. O ap

´ostolo Paulo chama

Lucas de “o m´edico amado” e de

um de seus “colaboradores”. (Col.

4:14; Filˆem. 24) As partes do livro

de Atos em que Lucas se inclui na narrativa in-

dicam que ele primeiro acompanhou o ap´ostolo

Paulo de Trˆoade at

´e Filipos, por volta de 50 EC,

mas que quando Paulo deixou Filipos, Lucas n˜ao

estava mais com ele. Os dois encontraram-se no-

vamente em Filipos por volta de 56 EC e viajaram

com mais sete irm˜aos desde Filipos at

´e Jerusa-

l´em, onde Paulo foi preso. Dois anos mais tarde,

Lucas acompanhou Paulo, que ainda estava pre-

so, desde Cesareia at´e Roma. (Atos 16:10-17, 40;

20:5–21:17; 24:27; 27:1–28:16) Quando Paulo,

que havia sido preso pela segunda vez em Roma,

percebeu que sua execuc˜ao estava pr

´oxima, “ape-

nas Lucas” estava com ele. (2 Tim. 4:6, 11) Fica

claro que Lucas viajava longas distˆancias e estava

disposto a enfrentar dificuldades por causa das

boas novas.

Lucas n˜ao afirmou ter presencia-

do o que escreveu sobre Jesus. Em

vez disso, ele disse ter procura-

do “compilar uma declarac˜ao dos

fatos” baseada em relatos de “tes-

temunhas oculares”. Al´em do mais,

ele ‘pesquisou todas as coisas com

exatid˜ao, desde o in

´ıcio’, para ‘es-

crevˆe-las em ordem l

´ogica’. (Luc.

1:1-3) O resultado dos esforcos de

Lucas mostram que ele era um pes-

quisador cuidadoso. A fim de reunir

informac˜oes, ele talvez tenha en-

trevistado Elisabete, Maria (m˜ae de

Jesus) e outras pessoas. Muito do

que ele escreveu n˜ao

´e encontra-

do nos outros Evangelhos. — Luc.

1:5-80.

Paulo disse que Lucas era m´edi-

co, e podemos ver em seus escritos

o interesse que um m´edico tem

naqueles que sofrem. Para citar ape-

nas alguns exemplos: Lucas disse

que, quando Jesus curou um homem

endemoninhado, o demˆonio saiu do

homem “sem lhe fazer dano”; que a

sogra do ap´ostolo Pedro estava com

“febre alta”; e que uma mulher que Jesus ajudou ti-

nha “um esp´ırito de fraqueza, j

´a por dezoito anos,

e ela estava encurvada e n˜ao podia absolutamen-

te endireitar-se”. — Luc. 4:35, 38; 13:11.´

E evidente que Lucas sempre colocou a “obra

do Senhor” em primeiro lugar na vida. (1 Cor.

15:58) Seu objetivo n˜ao era buscar destaque ou

uma carreira secular, mas ajudar outros a conhe-

cer e a servir a Jeov´a.

LUCAS — ESCRITOR DO LIVRO DE ATOS

Page 131: De Testemunho Cabal

a necessidade e maior? Voce recebera muitas bencaos se fizer isso. Porexemplo, veja o caso de Aaron, um irmao de 20 e poucos anos que se mu-dou para um paıs da America Central. Suas palavras refletem os sentimen-tos de muitos outros irmaos: “Servir em outro paıs tem me ajudado a cres-cer espiritualmente e a me achegar mais a Jeova. E o servico de campo emuito bom — dirijo oito estudos bıblicos!”

“A multid˜ao levantou-se . . . contra eles” (Atos 16:16-24)

10 Satanas com certeza ficou furioso pelas boas novas terem se estabele-cido numa parte do mundo onde ele e seus demonios dominavam sem in-terferencia. Nao e de admirar que os demonios estivessem envolvidos nareviravolta que estava para acontecer com Paulo e seus companheiros. En-quanto estes visitavam o lugar de oracao, uma serva possuıda por um de-monio, e que ganhava muito dinheiro para seus donos fazendo predicoes,comecou a seguir o grupo de Paulo. Ela gritava: “Estes homens sao escra-vos do Deus Altıssimo, que vos estao publicando o caminho da salvacao.”Pode ser que o demonio tenha feito a serva gritar essas palavras para dar aentender que as predicoes feitas por ela e os ensinos de Paulo vinham damesma fonte. Dessa forma, as pessoas ali prestariam atencao a serva emvez de aos verdadeiros seguidores de Cristo. Mas Paulo silenciou a servapor expulsar o demonio. — Atos 16:16-18.

11 Quando os donos da serva viram que haviam perdido seu meio facil deganhar dinheiro, ficaram furiosos. Eles arrastaram Paulo e Silas ate a feira,onde os magistrados — autoridades que representavam Roma — realizavamaudiencias. Os donos aproveitaram-se do preconceito e do patriotismo dosjuızes, como que dizendo: ‘Esses judeus estao causando muita confusaopor ensinarem costumes que nos romanos nao podemos aceitar.’ Suas pa-lavras logo surtiram efeito. “A multidao [na feira] levantou-se toda contra[Paulo e Silas]”, e os magistrados deram ordens para que eles fossem “es-pancados com varas”. Depois disso, Paulo e Silas foram levados a forcapara a prisao. O carcereiro jogou os homens feridos na prisao interior eprendeu-lhes os pes no tronco. (Atos 16:19-24) Quando o carcereiro fechoua porta, a escuridao naquela masmorra devia ter sido tao grande que Pauloe Silas mal conseguiam enxergar um ao outro. No entanto, Jeova os estavavendo. — Sal. 139:12.

12 Anos antes, Jesus havia alertado seus seguidores que eles seriam per-seguidos. (Joao 15:20) Por isso, quando o grupo de Paulo passou a Macedo-nia, eles sabiam que podiam enfrentar oposicao. Assim, quando a persegui-cao veio, em vez de acharem que tinham perdido o favor de Jeova, eles a

10. Como os demonios estavam envolvidos na reviravolta que aconteceu com Pauloe seus companheiros?11. O que aconteceu com Paulo e Silas depois que Paulo expulsou da serva odemonio?12. (a) Como os discıpulos de Cristo encararam a perseguicao, e por que? (b) Quetipos de oposicao ainda sao usados por Satanas e seus agentes?

“PASSA`A MACED

ˆONIA” 129

Page 132: De Testemunho Cabal

encararam como demonstracao da ira de Satanas. Hoje, os agentes de Sa-tanas ainda usam os mesmos metodos usados em Filipos. Na escola e nolocal de trabalho, opositores falam mentiras a nosso respeito, provocandooposicao. Em alguns paıses, opositores religiosos levantam acusacoes con-tra nos em tribunais, como que dizendo: ‘Essas Testemunhas de Jeova cau-sam muita confusao por ensinarem costumes que nos “tradicionalistas”nao podemos aceitar.’ Em alguns lugares, nossos irmaos sao espancados ejogados na prisao. No entanto, Jeova os esta vendo. — 1 Ped. 3:12.

“Batizados sem demora” (Atos 16:25-34)

13 Paulo e Silas devem ter precisado de algum tempo para se recuperaremdos eventos turbulentos daquele dia. Por volta da meia-noite, porem, eles jase haviam recuperado do espancamento o suficiente para ‘orar e louvar aDeus com cantico’. De repente, um terremoto abalou a prisao. O carcereiroacordou e, vendo que as portas estavam abertas, ficou com medo de que osprisioneiros tivessem fugido. Sabendo que seria punido por deixa-los fugir,ele “puxou a sua espada e estava prestes a acabar consigo”. Mas Paulo cla-mou: “Nao te facas dano, pois estamos todos aqui!” O aflito carcereiro per-guntou: “Senhores, o que tenho de fazer para ser salvo?” Paulo e Silas naopodiam salva-lo; apenas Jesus podia. Entao eles responderam: “Cre no Se-nhor Jesus e seras salvo.” — Atos 16:25-31.

14 Sera que a pergunta do carcereiro era sincera? Paulo nao duvidou dasinceridade do homem. O carcereiro era gentio; nao tinha conhecimentodas Escrituras. Antes de poder se tornar cristao, ele precisava aprender eaceitar verdades bıblicas basicas. De modo que Paulo e Silas tiraram tem-po para falar “a palavra de Jeova a ele”. Os homens ficaram tao envolvidosem ensinar as Escrituras que talvez se tenham esquecido da dor dos golpesque haviam recebido. Mas o carcereiro viu as feridas profundas nas costasdeles e as limpou. Entao ele e os de sua casa “foram batizados sem demo-ra”. Que bencao Paulo e Silas receberam por enfrentar a perseguicao comalegria! — Atos 16:32-34.

15 Assim como Paulo e Silas, muitas Testemunhas de Jeova hoje pregamas boas novas enquanto estao presas por causa de sua fe, com otimos re-sultados. Por exemplo, em certo paıs onde nossas atividades eram proibi-das, houve uma epoca em que 40% de todas as Testemunhas de Jeovahaviam aprendido a verdade enquanto estavam na prisao! (Isa. 54:17) Ob-serve, tambem, que o carcereiro so pediu ajuda depois que o terremoto aba-lou a prisao. Da mesma forma hoje, algumas pessoas que nunca deramatencao a mensagem do Reino talvez a aceitem quando sua vida pessoal e

13. O que levou o carcereiro a perguntar: “O que tenho de fazer para ser salvo?”14. (a) Que ajuda Paulo e Silas deram ao carcereiro? (b) Que bencao Paulo e Silasreceberam por enfrentar a perseguicao com alegria?15. (a) Como muitas Testemunhas de Jeova hoje imitam o exemplo de Paulo eSilas? (b) Por que devemos continuar a revisitar os moradores em nosso territorio?

130 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 133: De Testemunho Cabal

abalada por alguma tragedia. Nao deixarmos de fielmente visitar e revisitaros moradores em nosso territorio garantira que estejamos ali para ajudarquando uma situacao dessas surgir.

“Agora nos lancam fora secretamente?” (Atos 16:35-40)

16 Na manha apos o espancamento, os magistrados ordenaram que Pau-lo e Silas fossem libertados. Mas Paulo disse: “Chibatearam-nos publica-mente sem condenacao, a homens que sao romanos, e lancaram-nos naprisao; e agora nos lancam fora secretamente? Nao, deveras, mas que ve-nham eles mesmos e nos levem para fora.” Ao saberem que os dois homenseram cidadaos romanos, os magistrados “ficaram temerosos”, pois tinhamviolado os direitos daqueles discıpulos.� Agora a situacao havia mudadode figura. Os discıpulos tinham sido espancados publicamente; entao osmagistrados tinham de pedir desculpas publicamente. Eles imploraram aPaulo e Silas que deixassem Filipos. Os dois concordaram, mas primeirotiraram tempo para encorajar o crescente grupo de novos discıpulos. Sopartiram depois disso.

17 Caso seus direitos como cidadaos romanos tivessem sido respeitadosantes, pode ser que Paulo e Silas nao tivessem sido espancados. (Atos22:25, 26) Mas, se isso acontecesse, os discıpulos em Filipos poderiam ficarcom a impressao de que aqueles homens tinham usado esses direitos paraevitar sofrer em nome de Cristo. Como isso afetaria a fe dos discıpulos quenao tinham cidadania romana? Afinal, para eles a lei nao serviria de prote-cao contra espancamentos. Por isso, ao suportarem a punicao, Paulo e Si-las deram exemplo aos novos discıpulos, mostrando que os seguidores deCristo podem manter-se firmes diante de perseguicao. Alem disso, por exi-girem o reconhecimento de sua cidadania, Paulo e Silas obrigaram os ma-gistrados a admitir publicamente que tinham violado a lei. Isso, por sua vez,talvez fizesse os magistrados pensar duas vezes antes de maltratar os com-panheiros de adoracao de Paulo e poderia fornecer certa medida de prote-cao legal contra ataques similares no futuro.

18 Hoje, os superintendentes tambem orientam a congregacao crista pormeio de seu exemplo. O que quer que esperem que seus companheiros deadoracao facam, os pastores cristaos estao dispostos a fazer. Da mesmaforma, assim como Paulo, nos avaliamos bem quando e como usar nossos

� A lei romana estabelecia que um cidadao sempre tinha o direito de ser julgado pe-rante um tribunal e nunca deveria ser punido em publico sem antes ter sido conde-nado.

16. Como a situacao mudou de figura no dia apos o espancamento de Paulo eSilas?17. Que importante licao os novos discıpulos aprenderiam por observar aperseveranca de Paulo e Silas?18. (a) Como os superintendentes cristaos hoje imitam o exemplo de Paulo?(b) Como nos ‘defendemos e estabelecemos legalmente as boas novas’ em nossosdias?

“PASSA`A MACED

ˆONIA” 131

Page 134: De Testemunho Cabal

direitos legais para obter protecao. Se necessario, nos recorremos a tribu-nais locais, nacionais e ate mesmo internacionais a fim de obter protecaolegal para realizar livremente nossa adoracao. Nosso objetivo nao e promo-ver alguma reforma social, mas “defender e estabelecer legalmente as boasnovas”, conforme Paulo escreveu a congregacao em Filipos uns dez anosdepois de ter ficado preso ali. (Fil. 1:7) Ainda assim, independentemente doresultado desses processos legais, nos, como Paulo e seus companheiros,estamos decididos a continuar ‘declarando as boas novas’ onde quer que oespırito de Deus nos oriente a fazer isso. — Atos 16:10.

132 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

L´ıdia morava em Filipos, uma cidade importante

na Macedˆonia. Ela era natural de Tiatira, uma ci-

dade na regi˜ao chamada L

´ıdia, no oeste da

´Asia

Menor. O trabalho de L´ıdia como vendedora de

p´urpura a levou a cruzar o mar Egeu e ir morar

em Filipos. Pelo visto, ela comercializava arti-

gos variados de p´urpura — tapetes,

tapecarias, tecidos e mesmo coran-

tes. Uma inscric˜ao encontrada em

Filipos comprova que havia uma as-

sociac˜ao de vendedores de p

´urpura

nessa cidade.

L´ıdia

´e descrita como “adoradora

de Deus”, o que pode indicar que

ela era pros´elita. (Atos 16:14) Ela

talvez se tenha tornado adoradora

de Jeov´a em Tiatira. Ali, diferen-

temente de Filipos, havia um local

onde os judeus se reuniam. Alguns

acham que L´ıdia era um apelido que

significa “mulher de L´ıdia” e que

esse nome lhe foi dado em Filipos.

Mas existem provas documentais

que mostram que a palavra L´ıdia

tamb´em era usada como nome pr

´o-

prio.

Desde os dias de Homero, no

nono ou oitavo s´eculo AEC, os l

´ıdios

e os habitantes da regi˜ao eram fa-

mosos por sua habilidade em usar p´urpura para

tingir tecidos. Realmente, as´aguas de Tiatira eram

conhecidas por produzir “as tonalidades mais bri-

lhantes e dur´aveis”.

Os artigos de p´urpura eram considerados de

luxo; apenas os ricos tinham condic˜oes de ad-

quiri-los. Embora o corante p´urpura pudesse ser

extra´ıdo de diferentes fontes, o melhor e mais

caro, usado no tratamento de linho fino, vinha de

moluscos do Mediterrˆaneo. Os tecidos dessa cor

eram muito caros, pois s´o era poss

´ıvel extrair uma

quantidade extremamente pequena

de corante de cada molusco, sen-

do necess´arios uns 8 mil moluscos

para obter apenas um grama desse

precioso l´ıquido.

´E bem prov

´avel que L

´ıdia fosse

uma comerciante rica e bem-suce-

dida, pois trabalhar com p´urpura

exigia investir muito dinheiro. Al´em

disso, L´ıdia tinha uma casa grande o

suficiente para hospedar quatro pes-

soas — Paulo, Silas, Tim´oteo e

Lucas. A referˆencia que a B

´ıblia faz

`a sua “fam

´ılia” pode significar que

ela morava com parentes. Mas a pa-

lavra grega traduzida “fam´ılia” pode

indicar que ela tinha escravos e ser-

vos. (Atos 16:15) E o fato de Paulo

e Silas terem se encontrado com

alguns irm˜aos na casa dessa mu-

lher hospitaleira antes de deixarem

a cidade sugere que essa casa se

tornou um local de reuni˜oes para os

primeiros crist˜aos em Filipos. — Atos 16:40.

Quando Paulo escreveu`a congregac

˜ao em Fili-

pos uns dez anos mais tarde, ele n˜ao mencionou

L´ıdia. Assim, tudo que sabemos sobre ela se en-

contra em Atos cap´ıtulo 16.

L´IDIA — VENDEDORA DE P

´URPURA

Page 135: De Testemunho Cabal

A ESTRADA muito movimentada, construıda por excelentes engenheirosromanos, atravessa montanhas escarpadas. Vez por outra, os sons mistu-ram-se nessa estrada — o zurro de jumentos, o barulho das rodas das car-rocas ao passarem sobre grossas pedras de pavimentacao, e vozes deviajantes de todo tipo, incluindo provavelmente soldados, comerciantes eartesaos. Tres amigos — Paulo, Silas e Timoteo — estao nessa estrada fa-zendo uma viagem de aproximadamente 130 quilometros desde Filiposate Tessalonica. A viagem nao e nada facil, especialmente para Paulo e Si-las. Eles ainda estao se recuperando dos ferimentos causados pelo espan-camento que sofreram em Filipos. — Atos 16:22, 23.

2 O que esses tres homens fazem para nao pensar no longo caminhoque tem pela frente? Conversar com certeza ajuda. Eles ainda tem bemviva na mente a emocao que sentiram quando o carcereiro la em Filipos esua famılia se tornaram discıpulos. Aquele acontecimento deixou essesviajantes ainda mais decididos a continuar proclamando a palavra deDeus. Mas, conforme se aproximam da cidade costeira de Tessalonica,eles talvez se perguntem como os judeus nessa cidade vao recebe-los.Sera que eles vao ser atacados, ou ate mesmo espancados, como aconte-ceu em Filipos?

3 Mais tarde, Paulo escreveu aos cristaos em Tessalonica sobre como sesentiu naquela ocasiao: “Depois de primeiro termos sofrido e termos sidotratados com insolencia em Filipos (conforme sabeis), ficamos denoda-dos, por meio de nosso Deus, para falar-vos as boas novas de Deus combastante luta.” (1 Tes. 2:2) Com essas palavras, Paulo parece indicar quetinha receio de entrar na cidade de Tessalonica, especialmente depois doque aconteceu em Filipos. Voce ja se sentiu como Paulo?

`As vezes acha

muito difıcil proclamar as boas novas? Paulo confiava em Jeova para for-talece-lo — ajuda-lo a reunir a coragem que precisava. Estudar o exemplode Paulo pode ajudar voce a fazer o mesmo. — 1 Cor. 4:16.

1, 2. Quem estava fazendo a viagem desde Filipos ate Tessalonica, e que coisastalvez lhes estivessem passando pela mente?3. Como o exemplo de Paulo em reunir coragem para pregar pode nos ajudar?

C A P´I T U L O 17

Paulo “raciocinou com eles`a base das Escrituras”

A base para um bom ensino eo excelente exemplo dos bereanos

Baseado em Atos 17:1-15

133

Page 136: De Testemunho Cabal

Paulo “raciocinou . . .`a base das Escrituras” (Atos 17:1-3)

4 O relato nos diz que, enquanto esteve em Tessalonica, Paulo pregou nasinagoga por tres sabados. Sera que isso quer dizer que sua visita aquelacidade durou apenas tres semanas? Nao necessariamente. Nos nao sabe-mos quando Paulo foi a sinagoga pela primeira vez depois de chegar a ci-dade. Alem disso, as cartas de Paulo indicam que, enquanto em Tessalo-nica, ele e seus companheiros trabalharam para se sustentar. (1 Tes. 2:9;2 Tes. 3:7, 8) Tambem, durante o tempo em que ficou ali, por duas vezesPaulo recebeu suprimentos de seus irmaos em Filipos. (Fil. 4:16) De modoque ele provavelmente ficou em Tessalonica mais do que apenas tres se-manas.

5 Tendo criado coragem para pregar, Paulo falou aos que estavam reuni-dos na sinagoga. Como de costume, Paulo “raciocinou com eles a base dasEscrituras, explicando e provando com referencias que era necessarioque o Cristo sofresse e fosse levantado dentre os mortos, e dizendo: ‘Estee o Cristo, este Jesus, que eu vos publico.’ ” (Atos 17:2, 3) Observe que Pau-lo nao tentava apelar para a emocao; ele apelava para a razao. Ele sabiaque os que frequentavam a sinagoga conheciam e respeitavam as Escritu-ras. Mas eles nao as entendiam plenamente. Assim, Paulo usava as Es-crituras para argumentar, explicar e provar que Jesus de Nazare era oprometido Messias, ou Cristo.

6 Paulo seguiu o modelo estabelecido por Jesus, que usava as Escritu-ras como base de seu ensino. Durante seu ministerio, por exemplo, Jesusmostrou a seus seguidores que, segundo as Escrituras, o Filho do homemteria de sofrer, morrer e ser ressuscitado. (Mat. 16:21) Depois de sua res-surreicao, Jesus apareceu a seus discıpulos. Sem duvida, esse fato em siseria o suficiente para mostrar que ele tinha falado a verdade. Mas Jesusfez mais do que isso. Sobre o que ele disse a certos discıpulos, lemos:“Principiando por Moises e por todos os Profetas, interpretou-lhes em to-das as Escrituras as coisas referentes a si mesmo.” Com que resultado?Os discıpulos disseram: “Nao se nos abrasavam os coracoes [isto e, naonos sentıamos muito animados] quando nos falava na estrada, ao nosabrir plenamente as Escrituras?” — Luc. 24:32.

7 A mensagem da Palavra de Deus tem poder. (Heb. 4:12) Por isso, oscristaos hoje baseiam seus ensinos nessa Palavra, assim como Paulo,os outros apostolos e o proprio Jesus fizeram. Nos tambem raciocina-mos com as pessoas, explicamos o significado das Escrituras e provamosaquilo que ensinamos por abrir a Bıblia e mostrar aos moradores o que

4. Por que e provavel que Paulo tenha ficado mais do que apenas tres semanas emTessalonica?5. Como Paulo procurava raciocinar com as pessoas?6. Como Jesus raciocinava a base das Escrituras, e com que resultado?7. Por que e importante basear nas Escrituras aquilo que ensinamos?

134 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

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ela diz. Afinal, a mensagem que levamos nao e nossa. Por usarmos sem-pre a Bıblia, ajudamos as pessoas a ver que proclamamos nao as nossasproprias ideias, mas os ensinos de Deus. Nos tambem somos ajudados asempre nos lembrar de que a mensagem que pregamos se baseia firme-mente na Palavra de Deus.

´E totalmente confiavel. Saber isso nao lhe da

confianca para pregar com coragem, assim como Paulo?

‘Alguns se tornaram crentes’ (Atos 17:4-9)

8 Paulo ja havia visto pessoalmente como eram verdadeiras as palavras deJesus: “O escravo nao e maior do que o seu amo. Se me perseguiram a mim,perseguirao tambem a vos; se observaram a minha palavra, observarao tam-bem a vossa.” (Joao 15:20) Foi exatamente isso que Paulo viu acontecer emTessalonica — alguns estavam ansiosos para ‘observar a palavra’, ao passoque outros se opunham a ela. Quanto aqueles que reagiram bem, Lucas es-creveu: “Alguns deles [dos judeus] tornaram-se crentes [cristaos] e associa-ram-se com Paulo e Silas, e assim fizeram tambem uma grande multidaodos gregos que adoravam a Deus e nao poucas das mulheres de destaque.”(Atos 17:4) Sem duvida esses novos discıpulos ficaram felizes por terem re-cebido ajuda para entender mais claramente as Escrituras.

9 Apesar de alguns terem gostado das palavras de Paulo, outros ficaramcom raiva dele. Alguns judeus em Tessalonica ficaram com ciumes dePaulo por ele ter sido bem-sucedido em convencer “uma grande multidaodos gregos” a aceitar a mensagem. Com a intencao de fazerem proselitos,aqueles judeus haviam ensinado as Escrituras Hebraicas aos gentios gre-gos e, por isso, achavam que estes lhes pertenciam. Mas agora era comose Paulo lhes estivesse roubando aqueles gregos — bem ali na sinagoga!Os judeus ficaram furiosos.

10 Lucas nos informa o que aconteceu a seguir: “Os judeus, ficando comciume, acolheram na sua companhia certos homens inıquos dos vadiosda feira e formaram uma turba, e passaram a lancar a cidade num alvo-roco. E eles assaltaram a casa de Jasao e buscavam [trazer Paulo e Silas]para fora a rale. Quando nao os acharam, arrastaram Jasao e certos ir-maos perante os governantes da cidade, clamando: ‘Estes homens quetem subvertido a terra habitada estao tambem presentes aqui, e Jasao re-cebeu-os com hospitalidade. E todos estes homens agem em oposicao aosdecretos de Cesar, dizendo que ha outro rei, Jesus.’ ” (Atos 17:5-7) Como aacao dessa turba afetaria Paulo e seus companheiros?

11 Turbas sao terrıveis. Sao como as aguas violentas e descontroladas

8-10. (a) De que formas as pessoas em Tessalonica reagiram as boas novas? (b) Porque alguns judeus estavam com ciumes de Paulo? (c) Como os opositores judeusreagiram?11. Que acusacoes foram feitas contra Paulo e seus companheiros de pregacao,e que decreto os acusadores talvez tivessem em mente? (Veja a nota.)

PAULO “RACIOCINOU COM ELES`A BASE DAS ESCRITURAS” 135

Page 138: De Testemunho Cabal

de um rio durante uma enchente — arrastam tudo que estiver no cami-nho. Essa foi a arma que os judeus usaram na tentativa de se livrar dePaulo e Silas. Entao, depois de os judeus terem lancado a cidade num“alvoroco”, eles tentaram convencer as autoridades de que os discıpuloshaviam cometido crimes graves. Primeiro acusaram Paulo e os outrosproclamadores do Reino de terem “subvertido a terra habitada”, emboraPaulo e seus companheiros nao tivessem causado o alvoroco em Tessalo-nica. Ja a segunda acusacao foi bem mais grave. Os judeus disseram queos missionarios proclamavam a existencia de outro rei, Jesus, violandoassim os decretos do imperador.�

12 Lembre-se de que os lıderes religiosos haviam feito uma acusacao si-milar contra Jesus. Eles disseram a Pilatos: “Achamos este homem sub-vertendo a nossa nacao . . . e dizendo que ele mesmo e Cristo, um rei.”(Luc. 23:2) Pilatos, possivelmente temendo que o imperador pudesse con-cluir que ele tolerava alta traicao, condenou Jesus a morte. Da mesma for-ma, as acusacoes contra os cristaos em Tessalonica poderiam ter tido se-rias consequencias. Uma obra de referencia menciona: “Nao e exagerodizer que os cristaos estavam em grande perigo por causa dessa acusa-cao, pois ‘a mera insinuacao de traicao contra os imperadores quase sem-pre era fatal para o acusado’.” Sera que esse odioso ataque alcancaria seuobjetivo?

13 A turba falhou em parar a obra de pregacao em Tessalonica. Por que?Um dos motivos foi que Paulo e Silas nao puderam ser encontrados. Alemdisso, parece que os governantes da cidade nao ficaram convencidos deque as acusacoes eram validas. Depois de exigirem uma “fianca”, eles li-bertaram Jasao e os outros irmaos. (Atos 17:8, 9) Seguindo o conselho deJesus para os cristaos serem “cautelosos como as serpentes, contudo,inocentes como as pombas”, Paulo prudentemente fugiu do perigo paraque pudesse continuar sua pregacao em outro lugar. (Mat. 10:16) Fica cla-ro que o fato de Paulo criar coragem nao o levou a ser imprudente. Comoos cristaos hoje podem imitar seu exemplo?

14 Atualmente, os clerigos da cristandade muitas vezes instigam turbascontra as Testemunhas de Jeova. Acusando-as de sedicao e traicao, elesmanipulam os governantes para que se oponham a elas. Assim como

� De acordo com um erudito, houve naquele tempo um decreto de Cesar proibindoqualquer predicao “da vinda de um novo rei ou reino, especialmente um que fosse su-plantar ou julgar o imperador”. Os inimigos de Paulo podem muito bem ter deturpa-do a mensagem do apostolo, afirmando que era uma violacao desse decreto. Veja oquadro “Os imperadores romanos e o livro de Atos”, na pagina 137.

12. O que mostra que as acusacoes contra os cristaos em Tessalonica poderiam tertido serias consequencias?13, 14. (a) Por que a turba falhou em parar a obra de pregacao em Tessalonica?(b) De que forma Paulo seguiu o conselho de Cristo sobre ser cauteloso, e comopodemos imitar o seu exemplo?

136 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 139: De Testemunho Cabal

aqueles perseguidores do primeiro secu-lo, os opositores atuais sao motivados pelociume. Seja como for, os cristaos verdadei-ros procuram nao se envolver sem necessi-dade em problemas. Sempre que possıvel,evitamos confrontos com pessoas iradas edesarrazoadas, procurando continuar nos-sa obra em paz, talvez voltando mais tardequando as coisas tiverem acalmado.

Eles eram “de mentalidade mais nobre”(Atos 17:10-15)

15 Pelo bem da seguranca, Paulo e Si-las foram enviados a Bereia, a aproxima-damente 65 quilometros de Tessalonica.Quando eles chegaram la, Paulo foi a si-nagoga e falou com as pessoas reunidasali. Como era bom encontrar uma assis-tencia receptiva! Lucas escreveu que os ju-deus de Bereia eram “de mentalidade maisnobre do que os de Tessalonica, pois re-cebiam a palavra com o maior anelo men-tal, examinando cuidadosamente as Escri-turas, cada dia, quanto a se estas coisaseram assim”. (Atos 17:10, 11) Sera que es-sas palavras desmereciam as pessoas emTessalonica que aceitaram a verdade? Deforma alguma. Mais tarde, Paulo escreveu-lhes: “Agradecemos a Deus incessante-mente, porque, quando recebestes a pala-vra de Deus, que ouvistes de nos, vos aaceitastes, nao como a palavra de homens,mas, pelo que verazmente e, como a pala-vra de Deus, que tambem esta operandoem vos, crentes.” (1 Tes. 2:13) Mas o quefazia com que esses judeus em Bereia fos-sem de mentalidade tao nobre?

16 Os bereanos ouviram algo totalmen-te novo, mas nao ficaram desconfiadosnem foram crıticos. Ao mesmo tempo,nao se mostraram ingenuos. Primeiro, eles

15. Como os bereanos reagiram as boas novas?16. Por que os bereanos foram apropriadamentedescritos como pessoas de ‘mentalidade nobre’?

Todos os eventos registrados no livro de

Atos — na realidade, todos os registrados

nas Escrituras Gregas Crist˜as — acontece-

ram dentro dos limites do Imp´erio Romano.

Assim, a autoridade secular suprema era

sempre o imperador romano. Ele era aquele

a quem os judeus em Tessalˆonica esta-

vam se referindo ao falar dos “decretos de

C´esar”. (Atos 17:7) Quatro imperadores go-

vernaram durante o per´ıodo abrangido pelo

livro de Atos: Tib´erio, Caio, Cl

´audio I e Nero.

˘ Tib´

erio (14-37 EC) foi imperador durante

todo o minist´erio de Jesus e os primei-

ros anos da congregac˜ao crist

˜a. Ele foi

o C´esar a quem os judeus se referiam

no julgamento de Jesus quando gritaram

para Pilatos: “Se livrares este homem,

n˜ao

´es amigo de C

´esar. . . . N

˜ao temos rei

sen˜ao C

´esar.” — Jo

˜ao 19:12, 15.

˘ Caio, tamb´em conhecido como Cal

´ıgula

(37-41 EC), n˜ao

´e mencionado nas Escritu-

ras Gregas Crist˜as.

˘ Cl´

audio I (41-54 EC)´e mencionado duas

vezes no livro de Atos. Conforme predito

pelo profeta crist˜ao

´Agabo, “uma grande

fome”, que ocorreu por volta de 46 EC,

veio “sobre toda a terra habitada . . . no

tempo de Cl´audio”. Al

´em disso, em 49 EC

ou no comeco de 50 EC, Cl´audio ‘orde-

nou que todos os judeus se afastassem

de Roma’, um decreto que fez com que´Aquila e Priscila se mudassem para Co-

rinto, onde conheceram o ap´ostolo Paulo.

— Atos 11:28; 18:1, 2.˘ Nero (54-68 EC) foi o C

´esar a quem Pau-

lo apelou. (Atos 25:11) Diz-se que esse

imperador mais tarde culpou os crist˜aos

pelo incˆendio que destruiu boa parte de

Roma por volta de 64 EC. Pouco depois

disso, em cerca de 65 EC, o ap´ostolo Pau-

lo foi preso pela segunda vez em Roma e

executado.

OS IMPERADORES ROMANOS

E O LIVRO DE ATOS

Page 140: De Testemunho Cabal

ouviram com atencao o que Paulo tinha a dizer. Daı, verificaram nas Es-crituras o que Paulo lhes havia explicado. Eles estudaram diligentementea Palavra de Deus nao apenas aos sabados, mas todos os dias. E fizeramisso com muito “anelo mental”, dedicando-se a entender as Escrituras aluz daquele novo ensino. Por fim, eles mostraram que eram humildes osuficiente para fazer mudancas, pois “muitos deles tornaram-se crentes”.(Atos 17:12) Nao e de admirar que Lucas os descreva como pessoas de‘mentalidade nobre’.

17 Mal sabiam os bereanos que o registro de sua reacao as boas novasseria preservado na Palavra de Deus como um excelente exemplo de ‘men-talidade nobre’ e espiritual. Eles fizeram exatamente o que Paulo espera-va e o que Jeova Deus queria que fizessem. Nos tambem incentivamos aspessoas a agir assim: examinar a Bıblia com atencao para que adquiramuma fe baseada firmemente na Palavra de Deus. Mas, depois de nos tor-narmos cristaos, sera que nao ha mais necessidade de ter mentalidadenobre? Ao contrario, torna-se ainda mais importante ter o forte desejo deaprender de Jeova e aplicar prontamente seus ensinos. Desse modo, per-mitimos que Jeova nos molde e nos treine de acordo com a sua vontade.(Isa. 64:8) Assim, continuaremos agradando ao nosso Pai celestial, sendoprodutivos no seu servico.

18 Paulo nao ficou muito tempo em Bereia. Lemos: “Quando os judeusde Tessalonica souberam que a palavra de Deus estava sendo publicadapor Paulo tambem em Bereia, foram tambem para la incitar e agitar asmassas. Entao, os irmaos mandaram Paulo imediatamente embora, parair ate o mar; mas tanto Silas como Timoteo permaneceram ali. No entan-to, os que acompanhavam Paulo levaram-no ate Atenas, e, depois de rece-berem mandado para que Silas e Timoteo viessem ter com ele o maisdepressa possıvel, partiram.” (Atos 17:13-15) Aqueles inimigos das boasnovas eram muito persistentes. Como se nao bastasse terem expulsadoPaulo de Tessalonica, eles viajaram ate Bereia e tentaram causar ali omesmo tipo de problema, mas tudo em vao. Paulo sabia que seu territorioera extenso, de modo que simplesmente foi pregar em outro lugar. Quenos tambem estejamos decididos a frustrar os esforcos daqueles que que-rem parar a obra de pregacao!

19 Por ter dado testemunho cabal aos judeus em Tessalonica e em Be-reia, Paulo certamente aprendeu muito sobre a importancia de dar teste-munho com coragem e de raciocinar a base das Escrituras. Nos tambemaprendemos. Mas agora Paulo pregaria a uma assistencia diferente: osgentios de Atenas. Como ele se sairia nessa cidade? Veremos isso no pro-ximo capıtulo.

17. Por que o exemplo dos bereanos e tao elogiavel, e como podemos continuar aimitar esse exemplo mesmo depois de servir a Jeova por muito tempo?18, 19. (a) Por que Paulo deixou Bereia, mas como demonstrou perseveranca dignade ser imitada? (b) A quem Paulo pregaria a seguir, e onde?

138 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 141: De Testemunho Cabal

“Eles . . . buscavam trazˆ

e-los para fora`

a ral´

e.”— Atos 17:5

Page 142: De Testemunho Cabal

PAULO esta muito incomodado. Ele esta em Atenas, Grecia, o centro de eru-dicao onde Socrates, Platao e Aristoteles ensinaram. Atenas e uma cidademuito religiosa. Em toda a parte — nos templos, nas pracas publicas e nasruas — Paulo ve inumeros ıdolos, pois os atenienses adoram um panteao dedeuses. Paulo sabe o que Jeova, o Deus verdadeiro, pensa a respeito da ido-latria. (

ˆExo. 20:4, 5) O fiel apostolo tem o mesmo ponto de vista de Jeova

— ele tem aversao a ıdolos.2 O que Paulo ve ao entrar na agora, ou praca principal, o deixa muito es-

candalizado. Enfileiradas ao longo do canto noroeste da praca, perto da en-trada principal, ha um grande numero de estatuas falicas do deus Hermes.A praca esta cheia de santuarios. Como esse zeloso apostolo vai pregar nes-sa cidade tomada pela idolatria? Sera que ele conseguira reprimir sua aver-sao a ıdolos e encontrar uma base de comum acordo com seus ouvintes?Vai conseguir ajudar alguem a buscar o Deus verdadeiro e realmente oachar?

3 O discurso de Paulo aos homens cultos de Atenas, conforme registradoem Atos 17:22-31, e um modelo de eloquencia, tato e discernimento. Por es-tudarmos o exemplo de Paulo, podemos aprender muito sobre como estabe-lecer uma base de comum acordo com nossos ouvintes e, assim, ajuda-losa raciocinar.

Paulo ensina “na feira” (Atos 17:16-21)

4 Paulo visitou Atenas em cerca de 50 EC, durante sua segunda viagemmissionaria.� Enquanto esperava Silas e Timoteo chegarem de Bereia, Pau-lo “comecou a raciocinar na sinagoga com os judeus”, como era seu costu-me. Ele tambem encontrou um territorio onde pudesse falar com os nao ju-deus de Atenas — “na feira”, ou agora. (Atos 17:17) Localizada a noroeste da

� Veja o quadro “Atenas — capital cultural do mundo antigo”, na pagina 142.

1-3. (a) Por que o apostolo Paulo ficou muito incomodado ao chegar a Atenas?(b) O que podemos aprender por estudar o exemplo de Paulo?4, 5. Onde Paulo pregou em Atenas, e por que nao seria nada facil convencer aspessoas ali?

C A P´I T U L O 1 8

Incentivo para ‘buscar a Deuse realmente o achar’

Paulo estabelece uma base de comum acordocom seus ouvintes e se adapta a eles

Baseado em Atos 17:16-34

140

Page 143: De Testemunho Cabal

Acropole, a agora de Atenas tinha aproximadamente 250 metros de compri-mento por 200 metros de largura. A agora era muito mais do que uma fei-ra; era a praca principal da cidade. Uma obra de referencia diz que esse lu-gar era “o centro economico, polıtico e cultural da cidade”. Os ateniensesgostavam muito de se reunir ali para participar em debates filosoficos.

5 Nao seria nada facil convencer as pessoas na agora. Entre elas estavamos epicureus e os estoicos, membros de escolas rivais de filosofia.� Os epi-cureus acreditavam que a vida surgiu por acaso. Seu conceito a respeito davida resumia-se no seguinte: “Nao ha por que temer a Deus; nao ha dor namorte; o bem e alcancavel; o mal e suportavel”. Os estoicos davam enfase arazao e a logica e nao acreditavam que Deus fosse uma Pessoa. Nem os epi-cureus nem os estoicos acreditavam na ressurreicao conforme era ensi-nada pelos discıpulos de Cristo. Evidentemente, os conceitos filosoficosdesses dois grupos eram incompatıveis com as elevadas verdades do verda-deiro cristianismo, sobre o qual Paulo pregava.

6 Como os filosofos gregos reagiram ao ensino de Paulo? Alguns usaramuma palavra que significa “paroleiro” ou “apanhador de sementes” para sereferir a ele. (Atos 17:18, nota) Sobre essa palavra grega, certo erudito disse:“A palavra originalmente se referia a um pequeno passaro que ficava apa-nhando sementes. Mais tarde, passou a ser aplicada a pessoas que apa-nhavam sobras de alimentos e outras coisas sem valor na feira. Depoisdisso, passou a se referir, em sentido figurado, a pessoas que colhiam infor-macoes a esmo apenas para repeti-las, sem realmente entende-las.” Em ou-tras palavras, aqueles homens cultos estavam dizendo que Paulo era umplagiador ignorante. Mas, conforme veremos, Paulo nao se deixou intimidarpor esses rotulos depreciativos.

7 Hoje nao e diferente. Como Testemunhas de Jeova, nos temos sido fre-quentemente rotulados de modo depreciativo por causa de nossas crencasbaseadas na Bıblia. Por exemplo, alguns educadores ensinam que a evolu-cao e um fato e insistem que quem e inteligente aceita esse ensino. Em ou-tras palavras, eles rotulam de ignorantes os que se recusam a acreditarnessa teoria. Esses homens instruıdos querem fazer as pessoas acreditarque nos somos ‘apanhadores de sementes’ pelo fato de apresentarmos oque a Bıblia diz e mostrarmos evidencias de projeto na natureza. Mas nosnao nos deixamos intimidar por essa atitude. Em vez disso, falamos comconviccao quando defendemos nossa crenca de que a vida na Terra e resul-tado do trabalho de um Projetista inteligente, Jeova Deus. — Rev. 4:11.

8 Outros que ouviram Paulo na feira tiveram uma reacao diferente. Di-ziam: “Ele parece ser publicador de deidades estrangeiras.” (Atos 17:18)Sera que Paulo estava mesmo apresentando novos deuses aos atenienses?

� Veja o quadro “Os epicureus e os estoicos”, na pagina 144.

6, 7. Como alguns filosofos gregos reagiram ao ensino de Paulo, e que reacao similarnos as vezes encontramos hoje?8. (a) Como alguns reagiram a pregacao de Paulo? (b) Quando a Bıblia diz que Paulofoi levado ao Areopago, o que isso talvez signifique? (Veja a nota na pagina 142.)

INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ACHAR’ 141

Page 144: De Testemunho Cabal

Esse era um assunto serio, pois lembrava uma das acusacoes pelas quaisSocrates havia sido julgado e condenado a morte seculos antes. Nao e deadmirar que Paulo tenha sido levado ate o Areopago a fim de explicar os en-sinos que para os atenienses pareciam estranhos.� Como Paulo defenderiasua mensagem perante pessoas que nao tinham nenhum conhecimentodas Escrituras?

“Homens de Atenas, eu observei” (Atos 17:22, 23)

9 Lembre-se de que Paulo estava muito incomodado com toda a idolatriaque havia visto. Mas, em vez de fazer um ataque descontrolado contra aadoracao de ıdolos, ele manteve a calma. Com bastante tato, Paulo procu-

� Localizado a noroeste da Acropole, o Areopago era uma colina que servia como lo-cal onde o conselho principal de Atenas costumava reunir-se. O termo “Areopago”pode se referir tanto ao conselho como a propria colina. Assim, ha diferencas de opi-niao entre os estudiosos quanto a se Paulo foi levado para essa colina ou para pertodali, ou se ele foi levado para uma reuniao do conselho em outro lugar, talvez naagora.

9-11. (a) Como Paulo procurou estabelecer uma base de comum acordo com suaassistencia? (b) Como podemos imitar o exemplo de Paulo em nosso ministerio?

142 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Antes mesmo de a hist´oria de Atenas comecar

a ser registrada no s´etimo s

´eculo AEC, a Acr

´opole

de Atenas j´a era uma cidadela bem fortificada.

Atenas tornou-se a principal cidade do distrito da´Atica e dominava uma

´area de mais ou menos

2.500 quilˆometros quadrados cercada por monta-

nhas e pelo mar. O nome da cidade parece estar

relacionado com o nome Atena, a deusa padroei-

ra da cidade.

No sexto s´eculo AEC, S

´olon, um legislador ate-

niense, reformou os sistemas social, pol´ıtico,

jur´ıdico e econ

ˆomico da cidade. Ele melhorou a

qualidade de vida dos pobres e estabeleceu a base

para um governo democr´atico. Mas tratava-se de

uma democracia apenas para as pessoas livres, e

grande parte da populac˜ao da cidade era compos-

ta de escravos.

Ap´os as vit

´orias gregas sobre os persas no quin-

to s´eculo AEC, Atenas tornou-se a capital de um

pequeno imp´erio cujo com

´ercio mar

´ıtimo ia desde

a It´alia e a Sic

´ılia a oeste at

´e Chipre e a S

´ıria a les-

te. No auge de seu esplendor, Atenas era o centro

cultural do mundo antigo, destacando-se nas artes

pl´asticas, no teatro, na filosofia, na ret

´orica e nas

ciˆencias. Muitos pr

´edios p

´ublicos e templos ador-

navam a cidade. Sua paisagem era dominada pela

Acr´opole, um monte imponente onde se localizava

o Partenon, templo onde ficava uma est´atua de

12 metros de altura, feita de ouro e de marfim, da

deusa Atena.

Atenas foi conquistada v´arias vezes: primeiro pe-

los espartanos, depois pelos macedˆonios e por

fim pelos romanos, que saquearam as riquezas

da cidade. Mesmo assim, na´epoca do ap

´ostolo

Paulo, Atenas ainda tinha prest´ıgio por causa de

seu passado glorioso. Na verdade, a cidade nun-

ca foi incorporada a nenhuma prov´ıncia romana.

Ela tinha autonomia jur´ıdica sobre seus cidad

˜aos

e isenc˜ao de impostos romanos. Apesar de suas

maiores gl´orias terem ficado no passado, Atenas

continuou sendo uma cidade universit´aria para

onde os ricos enviavam seus filhos para estudar.

ATENAS — CAPITAL CULTURAL DO MUNDO ANTIGO

Page 145: De Testemunho Cabal

rou convencer seus ouvintes por estabelecer uma base de comum acordo.Ele comecou dizendo: “Homens de Atenas, eu observei que em todas as coi-sas pareceis mais dados ao temor das deidades do que os outros.” (Atos17:22) De certa forma, Paulo estava dizendo: ‘Vejo que voces sao muito reli-giosos.’ Desse modo, Paulo sabiamente os elogiou por terem inclinacao es-piritual. Ele reconhecia que alguns que sao cegados por crencas falsas tal-vez tenham um bom coracao. Afinal, Paulo sabia que ele mesmo ja haviasido ‘ignorante e tinha agido com falta de fe’. — 1 Tim. 1:13.

10 Construindo sobre a base que tinha lancado, Paulo mencionou algoque ele havia observado; uma prova concreta da religiosidade dos atenien-ses — um altar dedicado “A um Deus Desconhecido”. De acordo com certafonte, “os gregos e outros povos costumavam dedicar altares a ‘deuses des-conhecidos’ por medo de ofender algum deus que talvez nao tivessem in-cluıdo em sua adoracao”. Por meio desse altar, os atenienses reconheciama existencia de um Deus desconhecido a eles. Paulo usou o fato de haveresse altar ali como ponto de partida para falar das boas novas. Ele expli-cou: “Aquilo a que sem o saber dais devocao piedosa, isso e o que eu vos pu-blico.” (Atos 17:23) O argumento de Paulo era sutil, mas poderoso. Ele naoestava pregando um deus novo ou ‘estrangeiro’, como alguns o haviam acu-sado. Ele estava ensinando sobre o Deus que eles nao conheciam — o Deusverdadeiro.

11 Como podemos imitar o exemplo de Paulo em nosso ministerio? Se for-mos atentos, talvez observemos objetos religiosos que uma pessoa estausando ou tem a mostra em sua casa ou no seu jardim, indicando que elae religiosa. Talvez possamos dizer: ‘Vejo que voce e uma pessoa religiosa.Gosto de falar com pessoas que dao valor a assuntos espirituais.’ Por usar-mos de tato e levarmos em conta os sentimentos religiosos da pessoa, po-demos lancar uma base de comum acordo sobre a qual construir. Lembre-se de que nao e nosso objetivo prejulgar outros com base em suas crencas.Entre nossos irmaos ha muitos que no passado acreditavam sinceramentenos ensinos da religiao falsa.

Deus ‘n˜ao est

´a longe de cada um de n

´os’ (Atos 17:24-28)

12 Paulo havia lancado uma base de comum acordo, mas sera que conse-guiria continuar a construir sobre ela ao dar testemunho? Sabendo queseus ouvintes eram instruıdos na filosofia grega e nao conheciam as Escri-turas, ele adaptou de diversas maneiras seu modo de pregar. Primeiro, eleapresentou ensinos bıblicos sem citar diretamente as Escrituras. Segundo,ele se incluiu nas suas declaracoes por as vezes usar as palavras “nos” e“nos”, mostrando assim que nao era diferente de seus ouvintes. Terceiro, fezcitacoes da literatura grega para mostrar que algumas coisas que estavaensinando se harmonizavam com escritos que eles aceitavam. Examine-mos agora o poderoso discurso de Paulo. Que verdades importantes eletransmitiu a respeito do Deus que era desconhecido pelos atenienses?

12. Como Paulo adaptou o seu modo de pregar aos seus ouvintes?

INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ACHAR’ 143

Page 146: De Testemunho Cabal

Os epicureus e os estoicos eram seguidores

de duas escolas distintas de filosofia. Nenhum

dos dois grupos acreditava numa ressurreic˜ao.

Apesar de crerem na existˆencia de deuses,

os epicureus achavam que esses n˜ao estavam

interessados nos humanos. Por isso, acre-

ditavam que os deuses n˜ao recompensariam

nem puniriam os homens e, portanto, orac˜oes

e sacrif´ıcios eram in

´uteis. Os epicureus acre-

ditavam que o bem supremo na vida era o

prazer. A falta de princ´ıpio moral caracterizava

seu modo de pensar e suas ac˜oes. Mas eles

incentivavam a moderac˜ao porque servia de

protec˜ao das m

´as consequ

ˆencias dos exces-

sos. Buscavam o conhecimento apenas para

se livrarem de medos e superstic˜oes religio-

sas.

Os estoicos, por outro lado, acreditavam que

todas as coisas faziam parte de uma deida-

de impessoal e que a alma humana emanava

de tal fonte. Alguns estoicos criam que a alma

um dia seria destru´ıda junto com o Universo.

Outros acreditavam que a alma seria por fim

reabsorvida por essa deidade. De acordo com

fil´osofos estoicos, para obter felicidade era ne-

cess´ario seguir as leis da natureza.

OS EPICUREUS E OS ESTOICOS

13 Deus criou o Universo. Paulo disse: “ODeus que fez o mundo e todas as coisasnele, sendo, como Este e, Senhor do ceu eda terra, nao mora em templos feitos pormaos.”� (Atos 17:24) O Universo nao surgiupor acaso. O Deus verdadeiro e o Criador detodas as coisas. (Sal. 146:6) Diferentementede Atena ou das outras deidades cuja gloriadependia de templos, santuarios e altares,nenhum templo feito por maos humanaspode conter o Soberano Senhor do ceu e daTerra. (1 Reis 8:27) A mensagem de Pauloera clara: o Deus verdadeiro e maior do quequaisquer ıdolos ou templos feitos pelo ho-mem. — Isa. 40:18-26.

14 Deus nao depende de humanos. Os ido-latras costumavam vestir suas imagenscom roupas ostentosas, enche-las de pre-sentes caros ou dar-lhes comida e bebida— como se os ıdolos precisassem dessascoisas. Mas alguns dos filosofos gregos queassistiam ao discurso de Paulo talvez acre-ditassem que um deus nao precisaria denada dos humanos. Nesse caso, eles semduvida concordaram com as palavras dePaulo de que Deus nao e “assistido pormaos humanas, como se necessitasse de al-guma coisa”. Realmente, nao ha nada mate-rial que os humanos possam dar ao Cria-

dor. Na realidade, e Deus quem da aos humanos o que eles precisam— “vida, e folego, e todas as coisas”, incluindo o sol, a chuva e o solo produ-tivo. (Atos 17:25; Gen. 2:7) Assim, Deus, Aquele que da todas as coisas, naodepende dos humanos, os que se beneficiam de Suas dadivas.

15 Deus criou o homem. Os atenienses consideravam-se superiores aquem nao era grego. Mas o nacionalismo e o orgulho racial vao contra a ver-dade bıblica. (Deut. 10:17) Paulo abordou esse assunto delicado usando de

� A palavra grega traduzida “mundo” e ko·smos, que os gregos usavam para se referirao Universo.

´E possıvel que nessa ocasiao Paulo, que estava tentando manter uma

base de comum acordo com seus ouvintes gregos, tenha usado o termo nesse sen-tido.

13. O que Paulo explicou a respeito da origem do Universo, e que mensagem suaspalavras transmitiram?14. Como Paulo mostrou que Deus nao depende dos humanos?15. Como Paulo abordou a questao de os atenienses se considerarem superiores aquem nao era grego, e o que podemos aprender desse exemplo?

Page 147: De Testemunho Cabal

tato e habilidade. Referindo-se ao relato de Genesis sobre Adao, o pai detoda a raca humana, ele disse: “[Deus] fez de um so homem toda nacao doshomens.” (Gen. 1:26-28; Atos 17:26) Suas palavras com certeza fizeram comque seus ouvintes parassem para pensar, e dificilmente eles deixaram deentender o ponto: visto que todos os humanos tem um ancestral em co-mum, nenhuma raca ou nacionalidade e superior a outra. Aprendemosuma importante licao desse exemplo. Embora queiramos ter tato e ser ra-zoaveis ao dar testemunho, nao amenizamos a forca da verdade bıblica ape-nas para torna-la mais aceitavel a outros.

16 Deus intencionou que os humanos fossem achegados a ele. Mesmo queos filosofos presentes ao discurso de Paulo tenham tentado por muito tem-po, eles jamais conseguiram explicar satisfatoriamente o objetivo da exis-tencia humana. Mas Paulo revelou aos atenienses o proposito do Criadorpara os humanos, dizendo que Deus criou os homens “para buscarem aDeus, se tateassem por ele e realmente o achassem, embora, de fato, nao es-teja longe de cada um de nos”. (Atos 17:27) O Deus que era desconhecidopelos atenienses nao e de forma alguma impossıvel de conhecer. Ao contra-rio, ele nao esta longe daqueles que realmente querem acha-lo e aprendersobre ele. (Sal. 145:18) Observe que Paulo usou a palavra “nos”, incluindo asi mesmo entre aqueles que precisavam ‘buscar’ a Deus e ‘tatear’ por ele.

17 Os humanos devem sentir-se atraıdos a Deus. Paulo disse que, por

16. Qual o proposito do Criador para os humanos?17, 18. Por que os humanos devem sentir-se atraıdos a Deus, e o que podemosaprender da forma como Paulo tornou a mensagem mais atraente a suaassistencia?

Procure estabelecer uma base de comum acordo sobre a qual construir

INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ACHAR’ 145

Page 148: De Testemunho Cabal

causa de Deus, nos “temos vida, e nos movemos, e existimos”. Alguns eru-ditos dizem que Paulo estava se referindo as palavras de Epimenides, umpoeta da ilha de Creta que viveu no sexto seculo AEC e que era “um perso-nagem importante na tradicao religiosa de Atenas”. Paulo deu uma outrarazao pela qual os humanos deveriam sentir-se atraıdos a Deus: “Certosdos poetas entre vos [disseram]: ‘Pois nos tambem somos progenie dele.’ ”(Atos 17:28) Os humanos devem sentir que tem um vınculo com Deus, poisele criou o homem de quem todos os humanos sao descendentes. Para tor-nar a mensagem mais atraente a assistencia, Paulo sabiamente citou tre-chos de escritos gregos que seus ouvintes sem duvida respeitavam.� Emharmonia com o exemplo de Paulo, podemos vez por outra fazer citacoes daHistoria, de enciclopedias ou de outras obras de referencia bem conheci-das. Por exemplo, uma citacao apropriada de uma fonte respeitada talvezajude alguem que nao e Testemunha de Jeova a se convencer da origempaga de certas praticas ou costumes da religiao falsa.

18 Ate esse ponto de seu discurso, Paulo transmitiu importantes verdadessobre Deus, adaptando com habilidade suas palavras a sua assistencia.O que o apostolo queria que seus ouvintes atenienses fizessem com essasinformacoes vitais? Sem demora, ele passou a falar sobre isso ao dar conti-nuidade ao seu discurso.

´E da vontade de Deus que “todos, em toda a parte,se arrependam” (Atos 17:29-31)

19 Paulo estava pronto para incentivar seus ouvintes a agir. Referindo-senovamente aos escritos gregos, ele disse: “Visto, pois, que somos progeniede Deus, nao devemos imaginar que o Ser Divino seja semelhante a ouro,ou prata, ou pedra, semelhante a algo esculpido pela arte e inventividade dohomem.” (Atos 17:29) De fato, se os humanos foram criados por Deus, entaocomo Deus poderia assumir a forma de ıdolos, que sao criados por ho-mens? O argumento sutil de Paulo expos a tolice de adorar ıdolos feitospelo homem. (Sal. 115:4-8; Isa. 44:9-20) Ao dizer “[nos] nao devemos . . . ”,Paulo de certa forma tornou sua repreensao menos dolorosa.

20 O apostolo deixou claro que eles precisavam agir: “Deus nao tem toma-do em conta os tempos de tal ignorancia [do fato de que Deus desaprova osque adoram ıdolos], no entanto, agora ele esta dizendo a humanidade quetodos, em toda a parte, se arrependam.” (Atos 17:30) Alguns dos ouvintestalvez tenham ficado chocados ao ouvir que deveriam arrepender-se. Mas opoderoso discurso de Paulo deixou claro que eles deviam a vida a Deus eque, por isso, tinham de prestar contas a Ele. Os atenienses precisavam

� Paulo citou um trecho de Os Fenomenos, poema sobre astronomia escrito pelo poe-ta estoico Arato. Outros escritos gregos, incluindo o Hino a Zeus, do poeta estoicoCleanto, usam fraseologia similar.

19, 20. (a) Como Paulo usou de tato ao expor a tolice de adorar ıdolos feitos peloshomens? (b) O que os ouvintes de Paulo precisavam fazer?

146 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 149: De Testemunho Cabal

buscar a Deus, aprender a verdade sobre ele e harmonizar toda a sua vidacom essa verdade. Para os atenienses isso significava reconhecer que a ido-latria e um pecado e deixar de pratica-la.

21 Paulo terminou seu discurso com palavras que davam muito em quepensar: “[Deus] fixou um dia em que se propos julgar em justica a terra ha-bitada, por meio dum homem a quem designou, e ele tem fornecido garan-tia a todos os homens, visto que o ressuscitou dentre os mortos.” (Atos17:31) Um futuro Dia de Julgamento — que motivo serio para buscar o Deusverdadeiro e acha-lo! Paulo nao mencionou o nome do Juiz designado. Emvez disso, Paulo disse algo surpreendente sobre esse Juiz: ele tinha vividocomo homem, morrido e sido ressuscitado por Deus!

22 Essa conclusao motivadora e cheia de significado para nos. Sabemosque o Juiz designado por Deus e o ressuscitado Jesus Cristo. (Joao 5:22)Tambem sabemos que o Dia do Julgamento durara mil anos e que se apro-xima rapidamente. (Rev. 20:4, 6) Nao temos medo do Dia do Julgamento,pois entendemos que ele trara indescritıveis bencaos aos que forem jul-gados fieis. A realizacao de nossa esperanca de ter um futuro glorioso egarantido pelo maior dos milagres: a ressurreicao de Jesus Cristo.

“Alguns . . . se tornaram crentes” (Atos 17:32-34)

23 O discurso de Paulo provocou diferentes reacoes. “Alguns comecarama mofar” quando ouviram falar de uma ressurreicao. Outros foram educa-dos, mas nao tomaram uma posicao. Disseram: “Nos te ouviremos sobreisso ainda outra vez.” (Atos 17:32) Mas houve os que reagiram favoravel-mente: “Alguns homens juntaram-se a ele e se tornaram crentes, entre osquais havia tambem Dionısio, juiz do tribunal do Areopago, e uma mulherde nome Damaris, e outros alem deles.” (Atos 17:34) Encontramos reacoessimilares em nosso ministerio. Algumas pessoas talvez zombem de nos,ao passo que outras sao educadas, mas indiferentes. No entanto, ficamosmuito felizes quando alguns aceitam a mensagem do Reino e se tornamcristaos.

24 Refletir no discurso de Paulo nos ensina muitas coisas: como fazerapresentacoes logicas e convincentes; como nos adaptar a assistencia; anecessidade de ser pacientes e de usar de tato com aqueles que estao ce-gados pela religiao falsa; e a importancia de nunca amenizar a verdade bı-blica apenas para agradar os ouvintes. Por imitar o exemplo do apostoloPaulo, nos podemos nos tornar instrutores mais eficientes no ministeriode campo. E os superintendentes, por sua vez, podem se tornar instrutoresmais bem qualificados na congregacao. Assim estaremos bem equipadospara ajudar outros a ‘buscar a Deus e realmente o achar’. — Atos 17:27.

21, 22. Com que palavras Paulo terminou o seu discurso, e o que elas significampara nos?23. Que diferentes reacoes o discurso de Paulo provocou?24. O que podemos aprender do discurso que Paulo fez no Areopago?

INCENTIVO PARA ‘BUSCAR A DEUS E REALMENTE O ACHAR’ 147

Page 150: De Testemunho Cabal

O ANO de 50 EC esta para terminar. O apostolo Paulo esta em Corinto,um rico centro comercial onde ha uma grande populacao de gregos, roma-nos e judeus.� Paulo nao esta ali para comprar ou vender mercadoriasnem para procurar trabalho. Ele esta em Corinto por um motivo muitomais nobre: dar testemunho sobre o Reino de Deus. Ao mesmo tempo,Paulo precisa de um lugar para ficar e esta decidido a nao ser uma cargaem sentido financeiro para outros. Ele nao quer dar a ninguem a impres-sao de que esta vivendo a custa da palavra de Deus. O que ele vai fazer?

2 Paulo sabe um ofıcio — fabricacao de tendas. Por ser um trabalho bra-cal, esse ofıcio nao e facil, mas Paulo esta disposto a trabalhar nisso parase sustentar. Sera que ele vai encontrar trabalho nessa cidade movimen-tada? Encontrara um lugar adequado para ficar? Apesar desses desafios,Paulo nao perde de vista seu principal trabalho, o ministerio.

3 Paulo acabou ficando em Corinto por um bom tempo, e seu ministerioali deu muito fruto. O que podemos aprender das atividades de Paulo emCorinto que nos ajudara a dar testemunho cabal sobre o Reino de Deusem nosso territorio?

“Eram fabricantes de tendas por profiss˜ao” (Atos 18:1-4)

4 Pouco depois de chegar a Corinto, Paulo conheceu um casal hospi-taleiro — um judeu chamado

´Aquila, e sua esposa, Priscila, ou Prisca.

O casal mudou-se para Corinto por causa de um decreto do ImperadorClaudio ordenando que “todos os judeus se afastassem de Roma”. (Atos18:1, 2)

´Aquila e Priscila nao so receberam Paulo em sua casa como o con-

vidaram a trabalhar com eles. Lemos: “Em razao de serem da mesma pro-fissao, [Paulo] ficou no lar deles, e trabalhavam, pois eram fabricantes detendas por profissao.” (Atos 18:3) Paulo ficou na casa desse bondoso ca-

� Veja o quadro “Corinto — senhora de dois mares”, na pagina 149.

1-3. Por que o apostolo Paulo foi a Corinto, e que desafios ele enfrentou ali?4, 5. (a) Onde Paulo ficou enquanto esteve em Corinto, e que trabalho fez para sesustentar? (b) Como Paulo talvez tenha aprendido a fabricar tendas?

C A P´I T U L O 1 9

“Persiste em falar eem n

˜ao ficar calado”

Paulo trabalha para se sustentar,mas d

´a prioridade ao minist

´erio

Baseado em Atos 18:1-22

148

Page 151: De Testemunho Cabal

sal durante seu ministerio em Corinto. Noperıodo em que morou com eles, Paulo tal-vez tenha escrito algumas das cartas quemais tarde se tornaram parte do canon daBıblia.�

5 Como e que Paulo, um homem instruı-do “aos pes de Gamaliel”, tambem sabiafabricar tendas? (Atos 22:3) Pelo visto, osjudeus do primeiro seculo nao achavamque ensinar um ofıcio a seus filhos fossealgo que estivesse abaixo de sua dignida-de, mesmo que esses jovens ainda fossemreceber educacao adicional. Paulo era deTarso, na Cilıcia, regiao famosa por um te-cido chamado cilicium, usado para fabricartendas. Sendo assim, e provavel que Paulotenha aprendido esse ofıcio ainda jovem.O que estava envolvido na fabricacao detendas? Esse trabalho podia envolver tecero pano de tenda ou cortar e costurar o teci-do grosso e rustico a fim de fabricar as ten-das. Seja como for, era um trabalho arduo.

6 Paulo nao considerava a fabricacao detendas sua vocacao, ou carreira. Ele traba-lhava nisso apenas para se sustentar en-quanto realizava seu ministerio, declaran-do as boas novas “sem custo”. (2 Cor. 11:7)E como

´Aquila e Priscila encaravam a pro-

fissao que tinham? Por serem cristaos, elessem duvida tinham o mesmo ponto de vis-ta de Paulo. De fato, quando Paulo deixouCorinto em 52 EC,

´Aquila e Priscila deixa-

ram casa e trabalho e foram com ele para´Efeso, onde sua casa passou a ser usa-da como local de reuniao da congregacaoali. (1 Cor. 16:19) Mais tarde, eles voltaram

� Veja o quadro “Cartas inspiradas que fornece-ram encorajamento”, na pagina 150.

6, 7. (a) Como Paulo encarava a fabricacao detendas, e o que indica que

´Aquila e Priscila

tinham um ponto de vista parecido? (b) Comoos cristaos hoje seguem o exemplo de Paulo,´Aquila e Priscila?

A Corinto antiga ficava num istmo, ou es-treita faixa de terra, que ligava a Gr

´ecia conti-

nental ao norte com a pen´ınsula do Pelopone-

so ao sul. Esse istmo tinha uns 6 quilˆometros

de largura em seu ponto mais estreito, demodo que Corinto tinha dois portos: no gol-fo de Corinto ficava o porto de Lecaion, queatendia

`as rotas mar

´ıtimas que seguiam para

a It´alia, a Sic

´ılia e a Espanha, a oeste; no gol-

fo Sarˆonico ficava o porto de Cencreia, que

atendia`as rotas mar

´ıtimas do mar Egeu, da´

Asia Menor, da S´ıria e do Egito.

Visto que os fortes ventos no mar ao extre-mo sul do Peloponeso tornavam perigosas asviagens mar

´ıtimas, em geral os comandantes

dos navios de carga preferiam ancorar em umdos dois portos de Corinto, transportar a car-ga por terra e coloc

´a-la num navio no porto

do outro lado do istmo. Barcos leves podiamat

´e mesmo ser puxados de um lado do istmo

para o outro numa plataforma que passavapor cima de uma estrada pavimentada que iade mar a mar. Assim, a localizac

˜ao da cidade

permitia que ela dominasse o com´ercio ma-

r´ıtimo de leste a oeste e tamb

´em o com

´er-

cio terrestre de norte a sul. O ativo com´ercio

levava a Corinto n˜ao apenas riquezas, mas

tamb´em a promiscuidade comum a muitos

portos.

Nos dias do ap´ostolo Paulo, Corinto era a

capital da prov´ıncia romana da Acaia e um

importante centro administrativo. A diversi-dade religiosa da cidade

´e comprovada pela

presenca de um templo usado para a adora-c

˜ao do imperador, santu

´arios e templos dedi-

cados a v´arias divindades gregas e eg

´ıpcias,

al´em de uma sinagoga judaica. — Atos 18:4.

As competic˜oes atl

´eticas realizadas perto

de Corinto a cada dois anos perdiam em im-port

ˆancia apenas para os Jogos Ol

´ımpicos.

Paulo estava em Corinto quando as competi-c

˜oes de 51 EC foram realizadas. Assim, co-

menta certo dicion´ario b

´ıblico, “dificilmente

´e

mera coincidˆencia o fato de que a primeira

vez em que [Paulo] fez alus˜ao ao atletismo te-

nha sido numa carta aos cor´ıntios”. — 1 Cor.

9:24-27.

CORINTO — SENHORA DE DOIS MARES

Page 152: De Testemunho Cabal

para Roma e depois foram novamente para´

Efeso. Esse zeloso casal colo-cava os interesses do Reino em primeiro lugar e, de coracao, dava de sipara servir a outros, ganhando assim a gratidao de “todas as congrega-coes das nacoes”. — Rom. 16:3-5; 2 Tim. 4:19.

7 Os cristaos hoje seguem o exemplo de Paulo,´

Aquila e Priscila. Minis-tros zelosos trabalham arduamente ‘para nao impor qualquer fardo dis-pendioso’ a outros. (1 Tes. 2:9)

´E elogiavel que muitos proclamadores do

Reino de tempo integral trabalhem meio perıodo ou realizem trabalhostemporarios para se sustentar no que realmente e sua vocacao, o minis-terio cristao. Como

´Aquila e Priscila, muitos servos de Jeova bondosos

oferecem hospedagem aos superintendentes viajantes. Os que ‘seguem oproceder da hospitalidade’ dessa forma sabem como e animador e encora-jador fazer isso. — Rom. 12:13.

150 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Durante os 18 meses que ficou em Corinto, porvolta de 50-52 EC, o ap

´ostolo Paulo escreveu pelo

menos duas cartas que se tornaram parte das Es-crituras Gregas Crist

˜as — Primeira e Segunda aos

Tessalonicenses. Ele escreveu sua Carta aos G´ala-

tas nesse mesmo per´ıodo ou pouco depois.

Primeira aos Tessalonicenses´e o primeiro dos

escritos inspirados de Paulo. O ap´ostolo visitou

Tessalˆonica por volta de 50 EC, durante sua se-

gunda viagem mission´aria. A congregac

˜ao formada

ali logo teve de enfrentar oposic˜ao, o que obri-

gou Paulo e Silas a deixar a cidade. (Atos 17:1-10,13) Preocupado com o bem-estar da rec

´em-forma-

da congregac˜ao, Paulo tentou voltar para l

´a duas

vezes, mas “Satan´as se interp

ˆos no [seu] cami-

nho”. Por isso, Paulo enviou Tim´oteo para consolar

e fortalecer os irm˜aos. Provavelmente no final de

50 EC, Tim´oteo voltou a Corinto, levando a Pau-

lo um bom relat´orio a respeito da congregac

˜ao

em Tessalˆonica. Depois disso, Paulo escreveu essa

carta. — 1 Tes. 2:17–3:7.

Segunda aos Tessalonicenses provavelmentefoi escrita pouco depois da primeira carta, talvezem 51 EC. Que foi escrita em Corinto

´e sugerido

pelo fato de que, em ambas as cartas, Tim´oteo e

Silvano (chamado Silas no livro de Atos) enviaramcumprimentos junto com Paulo e n

˜ao h

´a registro

de que esses trˆes homens tenham servido juntos

novamente depois que Paulo esteve nessa cidade.

(Atos 18:5, 18; 1 Tes. 1:1; 2 Tes. 1:1) Por que Pauloescreveu essa segunda carta? Pelo visto ele haviarecebido outras not

´ıcias a respeito da congrega-

c˜ao, talvez por meio da mesma pessoa que havia

entregado a primeira carta. Essas not´ıcias moti-

varam Paulo a n˜ao apenas elogiar os irm

˜aos por

seu amor e perseveranca, mas tamb´em a corrigir o

conceito equivocado de alguns que achavam que apresenca do Senhor era iminente. — 2 Tes. 1:3-12;2:1, 2.

Na Carta aos G´

alatas, Paulo d´a a entender que

j´a havia visitado os irm

˜aos na Gal

´acia pelo me-

nos duas vezes. Em 47-48 EC, Paulo e Barnab´e

visitaram Antioquia da Pis´ıdia, Ic

ˆonio, Listra e Der-

be, cidades que ficavam na prov´ıncia romana da

Gal´acia. Em 49 EC, Paulo visitou novamente essa

regi˜ao junto com Silas. (Atos 13:1–14:23; 16:1-6)

Paulo escreveu a carta porque os judaizantes, quechegaram ali logo depois de ele ter deixado a re-gi

˜ao, estavam ensinando que a circuncis

˜ao e a

observˆancia da Lei de Mois

´es eram necess

´arias

para os crist˜aos. Sem d

´uvida, Paulo escreveu aos

g´alatas assim que ouviu falar desses ensinos fal-

sos.´

E poss´ıvel que ele tenha escrito essa carta

enquanto esteve em Corinto, mas pode ser tam-b

´em que a tenha escrito de

´Efeso, durante uma

breve escala na sua viagem de volta a Antioquia daS

´ıria, ou da pr

´opria Antioquia quando chegou l

´a.

— Atos 18:18-23.

CARTAS INSPIRADAS QUE FORNECERAM ENCORAJAMENTO

Page 153: De Testemunho Cabal

“Muitos dos cor´ıntios . . . comecaram a crer” (Atos 18:5-8)

8 Que Paulo encarava seu trabalho secular apenas como um meio paraalcancar seu objetivo principal ficou evidente quando Silas e Timoteo che-garam da Macedonia com presentes generosos. (2 Cor. 11:9) Imediatamen-te, Paulo “comecou a ocupar-se intensamente com a palavra [“dedicou-se exclusivamente a pregacao”, Almeida, Edicao Contemporanea]”. (Atos18:5) Mas esse intenso testemunho aos judeus gerou consideravel oposi-cao. Para deixar claro que nao tinha culpa pelo fato de os judeus terem re-cusado a mensagem salvadora de vidas sobre o Cristo, Paulo sacudiusuas roupas e disse a esses opositores: “O vosso sangue caia sobre asvossas cabecas. Eu estou limpo. Doravante irei as pessoas das nacoes.”— Atos 18:6; Eze. 3:18, 19.

9 Onde Paulo pregaria entao? Um homem chamado Tıcio Justo, pelo vis-to um proselito que morava ao lado da sinagoga, abriu as portas de seular para Paulo. Assim, Paulo saiu da sinagoga e entrou na casa desse ho-mem. (Atos 18:7) Paulo continuou morando com

´Aquila e Priscila enquan-

to estava em Corinto, mas a casa de Tıcio Justo tornou-se o centro desuas atividades de pregacao.

10 Sera que a afirmacao de Paulo de que ele iria a pessoas das nacoessignifica que ele parou completamente de pregar a todos os judeus e pro-selitos, mesmo os receptivos? Dificilmente esse era o caso. Por exemplo,“Crispo, o presidente da sinagoga, tornou-se crente no Senhor, e assimtambem todos os de sua famılia”. Pelo visto, muitos dos que frequentavama sinagoga se juntaram a Crispo, pois a Bıblia diz: “Muitos dos corıntios,que tinham ouvido, comecaram a crer e a ser batizados.” (Atos 18:8) As-sim, a casa de Tıcio Justo tornou-se o local onde a recem-formada congre-gacao crista de Corinto se reunia. Se esse relato tiver sido escrito em or-dem cronologica, como e o estilo de Lucas, entao a conversao daquelesjudeus ou proselitos aconteceu depois de Paulo ter sacudido suas roupas.Nesse caso, isso revelaria muito sobre a razoabilidade do apostolo.

11 Em muitos paıses hoje, as igrejas da cristandade estao bem estabele-cidas e exercem forte influencia sobre seus membros. Em alguns paısese ilhas, os missionarios da cristandade converteram um grande numerode pessoas. Muitos que afirmam ser cristaos estao presos a tradicoes, as-sim como os judeus em Corinto no primeiro seculo. Mas, iguais a Paulo,nos, Testemunhas de Jeova, zelosamente pregamos a essas pessoas, apro-veitando qualquer conhecimento das Escrituras que elas talvez tenham

8, 9. Como Paulo reagiu quando os judeus se opuseram ao seu intenso testemunho,e onde ele foi pregar a partir de entao?10. O que mostra que Paulo nao estava decidido a pregar apenas as pessoas dasnacoes?11. Como as Testemunhas de Jeova hoje imitam a Paulo ao pregar as pessoas queafirmam ser cristas?

“PERSISTE EM FALAR E EM N˜AO FICAR CALADO” 151

Page 154: De Testemunho Cabal

Atos 18:18 diz que, enquanto esteve em

Cencreia, Paulo ‘cortou rente o cabelo, pois

tinha um voto’. Que tipo de voto era?

Em geral, um voto´e uma promessa sole-

ne feita voluntariamente a Deus em que a

pessoa se compromete a realizar certo ato,

fazer uma oferta ou viver sob determinada

condic˜ao. Alguns acham que Paulo cortou o

cabelo a fim de cumprir um voto de nazireu.

Mas deve-se notar que, de acordo com as

Escrituras, ao completar o per´ıodo de servi-

co especial a Jeov´a, um nazireu tinha de

rapar a cabeca “`a entrada da tenda de reu-

ni˜ao”. Isso parece indicar que esse requisito

s´o podia ser cumprido em Jerusal

´em e, por-

tanto, n˜ao em Cencreia. — N

´um. 6:5, 18.

O relato de Atos n˜ao diz quando Paulo fez

esse voto. Ele pode at´e mesmo o ter feito

antes de se tornar crist˜ao. O relato tamb

´em

n˜ao diz se Paulo fez algum pedido espec

´ıfi-

co a Jeov´a. Uma obra de refer

ˆencia sugere

que o fato de Paulo ter rapado o cabelo

pode ter sido “uma express˜ao de agrade-

cimento a Deus por Sua protec˜ao, a qual

permitiu que [Paulo] completasse seu minis-

t´erio em Corinto”.

O VOTO DE PAULO

ao transmitir-lhes as verdades bıblicas.Mesmo quando elas se opoem a nos ouquando seus lıderes religiosos nos perse-guem, nao perdemos a esperanca. Entreaqueles que “tem zelo de Deus, mas naosegundo o conhecimento exato”, pode ha-ver muitos mansos que precisam ser en-contrados. — Rom. 10:2.

‘Tenho muitas pessoas nesta cidade’(Atos 18:9-17)

12 Caso Paulo se tenha perguntado se de-veria continuar ou nao seu ministerio emCorinto, ele logo obteve a resposta na noi-te em que o Senhor Jesus apareceu a eleem uma visao e disse: ‘Nao temas, mas per-siste em falar e em nao ficar calado, por-que eu estou contigo e nenhum homem teassaltara para fazer-te dano; porque tenhomuitas pessoas nesta cidade.’ (Atos 18:9,10) Que visao encorajadora! O proprio Se-nhor garantiu a Paulo que o protegeria dequalquer dano e que havia muitos merece-dores na cidade. Qual foi a reacao de Pauloaquela visao? Lemos: “Demorou ali um anoe seis meses, ensinando entre eles a pala-vra de Deus.” — Atos 18:11.

13 Depois de passar cerca de um ano emCorinto, Paulo obteve uma prova adicionaldo apoio do Senhor. “Os judeus levanta-ram-se de comum acordo contra Paulo e le-

varam-no perante a cadeira de juiz”, chamada be·ma. (Atos 18:12) Consi-derada por alguns como uma plataforma elevada, feita de marmore azul ebranco e repleta de figuras entalhadas, a be·ma talvez ficasse perto docentro da praca principal de Corinto. A area em frente a be·ma talvez fos-se grande o suficiente para reunir um numero consideravel de pessoas.Descobertas arqueologicas sugerem que a cadeira de juiz ficava a apenasalguns passos da sinagoga e, portanto, perto da casa de Tıcio Justo. Ao seaproximar da be·ma, Paulo talvez se tenha lembrado do apedrejamento deEstevao, que as vezes e chamado de primeiro martir cristao. Paulo, na

12. Que garantia Paulo recebeu em uma visao?13. Do que Paulo talvez se tenha lembrado ao se aproximar da cadeira de juiz, maspor que podia esperar um resultado diferente?

Page 155: De Testemunho Cabal

epoca conhecido como Saulo, havia aprovado “o assassınio dele”. (Atos8:1) Sera que algo parecido aconteceria agora com Paulo? Nao, pois Jesushavia prometido: “Ninguem lhe . . . fara mal.” — Atos 18:10; Bıblia Facil deLer.

14 O que aconteceu quando Paulo chegou a cadeira de juiz? O magistra-do que a ocupava era Galio, proconsul da Acaia e irmao mais velho do fi-losofo romano Seneca. Os judeus lancaram a seguinte acusacao contraPaulo: “Esta pessoa, contrario a lei, conduz os homens a outra persuasaona adoracao de Deus.” (Atos 18:13) Os judeus deram a entender que Pau-lo estava convertendo pessoas ilegalmente. Mas Galio viu que Paulo naohavia cometido nenhuma “injustica” e que nao era culpado de nenhum“ato inıquo de vilania”. (Atos 18:14) Galio nao tinha a menor intencao dese envolver nas controversias dos judeus. Tanto e que, antes mesmo quePaulo pudesse dizer qualquer coisa em sua defesa, Galio deu o caso porencerrado. Os acusadores ficaram com raiva e a descarregaram em Sos-tenes, que talvez tivesse substituıdo Crispo como presidente da sinagoga.Eles agarraram Sostenes “e espancaram-no na frente da cadeira de juiz”.— Atos 18:17.

15 Por que Galio nao impediu que a multidao espancasse Sostenes? Ga-lio talvez achasse que Sostenes fosse o lıder da turba que se virou contraPaulo e que, portanto, estava tendo o que merecia. Qualquer que tenhasido o caso, e possıvel que esse incidente tenha tido um resultado positi-vo. Em sua primeira carta a congregacao de Corinto, escrita varios anosmais tarde, Paulo referiu-se a certo Sostenes como irmao. (1 Cor. 1:1, 2)Sera que esse era o mesmo Sostenes que havia sido espancado em Corin-to? Em caso afirmativo, aquela experiencia dolorosa talvez tenha ajudadoSostenes a aceitar o cristianismo.

16 Lembre-se de que foi depois de os judeus terem rejeitado a pregacaode Paulo que o Senhor Jesus lhe garantiu: “Nao temas, mas persiste emfalar e em nao ficar calado, porque eu estou contigo.” (Atos 18:9, 10) Faze-mos bem em ter essas palavras em mente, especialmente quando nossamensagem nao e aceita. Nunca se esqueca de que Jeova ve o coracao eatrai os sinceros. (1 Sam. 16:7; Joao 6:44) Isso e um grande incentivo paranos mantermos ocupados no ministerio. Todos os anos, centenas de mi-lhares de pessoas sao batizadas — centenas a cada dia. Aos que obede-cem ao mandamento de ‘fazer discıpulos de pessoas de todas as nacoes’,Jesus garante: “Estou convosco todos os dias, ate a terminacao do siste-ma de coisas.” — Mat. 28:19, 20.

14, 15. (a) Que acusacao os judeus lancaram contra Paulo, e por que Galio deuo caso por encerrado? (b) O que aconteceu com Sostenes, e qual pode ter sidoo resultado disso?16. Que influencia devem ter sobre nosso ministerio as seguintes palavras doSenhor: “Persiste em falar e em nao ficar calado, porque eu estou contigo”?

“PERSISTE EM FALAR E EM N˜AO FICAR CALADO” 153

Page 156: De Testemunho Cabal

“Se Jeov´a quiser” (Atos 18:18-22)

17 Nao se pode afirmar se a atitude de Galio em relacao aos acusadores dePaulo resultou num perıodo de paz para a recem-formada congregacao cris-ta de Corinto. Mas Paulo ficou ali “mais alguns dias” antes de se despedirdos irmaos. Em meados do primeiro semestre de 52 EC, ele fez planos de ira Sıria de navio, partindo do porto de Cencreia, que ficava uns 11 quilome-tros a leste de Corinto. Antes de sair de Cencreia, porem, Paulo ‘cortou renteo cabelo, pois tinha um voto’.� (Atos 18:18) Depois disso, ele levou

´Aquila e

Priscila com ele e atravessou o mar Egeu rumo a´

Efeso, na´

Asia Menor.18 Enquanto o navio partia de Cencreia, Paulo provavelmente refletia no

perıodo que passou em Corinto. Ele tinha muitas boas lembrancas e mo-tivos para ter um grande senso de realizacao. Seu ministerio de 18 mesesali deu muitos frutos. A primeira congregacao em Corinto havia sido for-mada, e a casa de Tıcio Justo era seu local de reuniao. Entre os que se ha-viam tornado cristaos estavam Tıcio Justo, Crispo e sua famılia, e mui-tos outros. Paulo amava esses novos irmaos, pois os havia ajudado ase tornarem cristaos. Mais tarde, Paulo escreveria a eles, descrevendo-oscomo uma carta de recomendacao inscrita em seu coracao. Nos tambemnos sentimos achegados aqueles a quem tivemos o privilegio de ajudar aaceitar a adoracao verdadeira. Como e recompensador ver essas “cartas[vivas] de recomendacao”! — 2 Cor. 3:1-3.

19 Ao chegar a´

Efeso, Paulo foi direto ao trabalho; ele “entrou na sinago-ga e raciocinou com os judeus”. (Atos 18:19) Dessa vez, Paulo ficou poucotempo em

´Efeso. Embora lhe tivessem pedido para ficar mais tempo, Pau-

lo “nao consentiu nisso”. Ao se despedir, ele disse aos efesios: “Volta-rei novamente a vos, se Jeova quiser.” (Atos 18:20, 21) Paulo certamentereconhecia que havia muito trabalho de pregacao a ser feito em

´Efeso.

O apostolo pretendia voltar, mas decidiu deixar esse assunto nas maos deJeova. Nao e esse um bom exemplo para termos em mente? Ao buscarmosalcancar alvos espirituais, precisamos tomar a iniciativa. Mas sempre de-vemos confiar na orientacao de Jeova e procurar agir de acordo com suavontade. — Tia. 4:15.

20 Depois de deixar´

Aquila e Priscila em´

Efeso, Paulo foi de navio ate Ce-sareia. Pelo visto, ele “subiu” a Jerusalem e cumprimentou a congrega-cao ali. (Atos 18:22; nota) Entao Paulo foi para Antioquia da Sıria, localque servia como uma especie de base para as suas atividades missiona-rias. Sua segunda viagem missionaria havia sido concluıda com sucesso.O que o aguardava na sua proxima e ultima viagem missionaria?

� Veja o quadro “O voto de Paulo”, na pagina 152.

17, 18. Em que Paulo talvez tenha refletido ao viajar para´

Efeso?19, 20. O que Paulo fez ao chegar a

´Efeso, e o que aprendemos dele a respeito de

buscar alvos espirituais?

154 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 157: De Testemunho Cabal

“Com isso os enxotou de diante da cadeira de juiz.”— Atos 18:16

Page 158: De Testemunho Cabal

Por que precisamos mostrar humildade e ser flexıveis ao en-sinar outros? Qual o principal metodo de pregacao das boasnovas? Como podemos mostrar que fazer a vontade de Deus emais importante do que buscar os nossos proprios interesses?O relato emocionante da terceira e ultima viagem missionariade Paulo pode nos ajudar a responder a essas perguntas vitais.

S E C˜

A O 7 ˙ A T O S 1 8 : 2 3 – 21 : 17

PAULO ENSINA“PUBLICAMENTE EDE CASA EM CASA”

ATOS 20:20

Page 159: De Testemunho Cabal

NAS ruas de´

Efeso so se ouve gritaria e o forte barulho de multidoes cor-rendo. Uma turba se formou, causando um grande tumulto! Dois com-panheiros de viagem do apostolo Paulo sao agarrados e arrastados pelamultidao. A larga rua do comercio, enfeitada por colunas, fica vazia amedida que as pessoas se juntam a furiosa e crescente multidao que in-vade o enorme anfiteatro da cidade, com capacidade para 25 mil pes-soas. A maioria dos presentes nem sabe o que causou esse alvoroco,mas suspeita que seu templo e sua amada deusa

´Artemis estao sendo

ameacados. Assim, comecam a gritar sem parar: “Grande e a´

Artemisdos efesios!” — Atos 19:34.

2 Novamente vemos Satanas tentando usar uma turba violenta paraimpedir a divulgacao das boas novas do Reino de Deus.

´E claro que a

ameaca de violencia nao e a unica tatica de Satanas. Neste capıtulo,analisaremos varias taticas que ele usou para tentar acabar com a obrae com a uniao dos cristaos do primeiro seculo. Mais importante do queisso, veremos que seus metodos falharam, pois ‘a palavra de Jeova cres-ceu e prevaleceu de modo poderoso’. (Atos 19:20) Por que aqueles cris-taos foram bem-sucedidos? Pelas mesmas razoes que nos somos hoje.

´E

claro que o merito e de Jeova; nao nosso. Mas, assim como os cristaosdo primeiro seculo, nos precisamos fazer nossa parte. Com a ajuda doespırito de Jeova, podemos desenvolver qualidades que nos ajudarao aser bem-sucedidos no ministerio. Vamos analisar primeiro o exemplo deApolo.

“Ele era bem versado nas Escrituras” (Atos 18:24-28)

3 Apolo chegou na cidade de´

Efeso enquanto Paulo estava indo parala durante sua terceira viagem missionaria. Apolo era judeu e natu-ral da famosa cidade de Alexandria, no Egito. Ele tinha varias qualida-des notaveis. Expressava-se muito bem. Alem de ser eloquente, “ele era

1, 2. (a) Que perigo Paulo e seus companheiros enfrentaram em´

Efeso? (b) O quevamos analisar neste capıtulo?3, 4. O que

´Aquila e Priscila perceberam com respeito ao conhecimento de Apolo,

e como lidaram com isso?

C A P´I T U L O 2 0

“A palavra . . . crescia eprevalecia” apesar de oposic

˜ao

Apolo e Paulo contribuem parao cont

´ınuo avanco das boas novas

Baseado em Atos 18:23–19:41

157

Page 160: De Testemunho Cabal

“Homens, bem sabeis que a nossa prosperidadevem deste neg

´ocio.”

— Atos 19:25

Page 161: De Testemunho Cabal

bem versado nas Escrituras”. Tambem era “fervoroso no espırito”. Cheiode zelo, Apolo falava destemidamente diante dos judeus na sinagoga.— Atos 18:24, 25.

Aquila e Priscila ouviram um discurso de Apolo. Com certeza eles fi-caram muito animados ao ouvi-lo ensinar “com precisao as coisas a res-peito de Jesus”. O que ele disse sobre Jesus era correto. Mas nao demo-rou muito para esse casal cristao perceber que o conhecimento de Apoloera incompleto, pois ele estava “familiarizado apenas com o batismo deJoao”. Esse humilde casal, cuja profissao era fabricar tendas, nao ficouinibido diante da eloquencia e grande instrucao de Apolo. Em vez disso,eles “acolheram-no na sua companhia e expuseram-lhe mais correta-mente o caminho de Deus”. (Atos 18:25, 26) Como esse homem eloquen-te e bem instruıdo reagiu? Pelo visto, ele demonstrou uma das qualida-des mais importantes que um cristao pode desenvolver — a humildade.

5 Por aceitar a ajuda de´

Aquila e Priscila, Apolo tornou-se mais utilcomo servo de Jeova. Ele viajou para a Acaia, onde “ajudou grandemen-te” os irmaos. Sua pregacao tambem foi eficiente contra os judeus da-quela regiao que insistiam que Jesus nao era o prometido Messias. Lu-cas relata: “[Apolo] provava cabalmente, com intensidade e em publico,que os judeus estavam errados, demonstrando pelas Escrituras que Je-sus era o Cristo.” (Atos 18:27, 28) Apolo tornou-se uma grande bencao!De fato, ele era outra razao pela qual “a palavra de Jeova” continuava aprevalecer. O que podemos aprender do exemplo de Apolo?

6 Cultivar humildade e essencial para os cristaos. Cada um de nos eabencoado com varios dons — quer sejam habilidades naturais, expe-riencia de vida, quer conhecimento adquirido. Mas a humildade deveprevalecer sobre os dons que temos. Caso contrario, nossos pontos for-tes podem se tornar nossas fraquezas. Poderıamos nos tornar solo fertilpara a erva daninha do orgulho. (1 Cor. 4:7; Tia. 4:6) Se formos realmen-te humildes, nos nos esforcaremos para considerar os outros como su-periores a nos. (Fil. 2:3) Nao ficaremos ofendidos quando formos corrigi-dos nem criaremos resistencia ao sermos ensinados por outros. Nao nosapegaremos obstinadamente a nossas proprias ideias quando desco-brirmos que essas nao estao de acordo com as orientacoes mais atuali-zadas do espırito santo. Enquanto demonstrarmos humildade, seremosuteis a Jeova e a seu Filho. — Luc. 1:51, 52.

7 A humildade tambem e capaz de eliminar qualquer espırito de rivali-dade. Consegue imaginar o quanto Satanas queria causar divisoes en-tre os primeiros cristaos? Ele teria ficado muito feliz se tivesse conse-guido fazer com que dois irmaos tao ativos na verdade como Apolo e

5, 6. O que fez de Apolo uma pessoa mais util para Jeova, e o que podemosaprender de seu exemplo?7. Como Paulo e Apolo deram um excelente exemplo de humildade?

“A PALAVRA . . . CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIC˜AO 159

Page 162: De Testemunho Cabal

Paulo se tornassem rivais que, motivados por ciumes, competissem porinfluencia entre as congregacoes. Isso poderia facilmente ter acontecido.Afinal, em Corinto, alguns cristaos comecaram a dizer: “Eu pertenco aPaulo”, enquanto outros diziam: “Mas eu a Apolo.” Sera que Paulo eApolo incentivavam essas atitudes que poderiam causar divisao dentroda congregacao? Nao! Ao contrario, Paulo reconhecia a contribuicao deApolo para a obra de pregacao, tanto que lhe dava privilegios de servico.Apolo, por sua vez, seguia as orientacoes de Paulo. (1 Cor. 1:10-12; 3:6, 9;Tito 3:12, 13) Esse e um excelente exemplo de como agir com humildadeao trabalharmos junto com nossos irmaos.

“Usando de persuas˜ao a respeito do reino” (Atos 18:23; 19:1-10)

8 Paulo havia prometido retornar a´

Efeso, e ele cumpriu sua palavra.�(Atos 18:20, 21) Mas observe qual foi o caminho que Paulo fez para retor-nar a

´Efeso. Ele estava em Antioquia da Sıria. O caminho mais facil se-

ria fazer uma pequena viagem ate Seleucia, embarcar num navio e ir di-reto para

´Efeso. Mas, em vez disso, ele viajou “pelas regioes interiores”.

Segundo certa estimativa, a viagem de Paulo, conforme registrada emAtos 18:23 e 19:1, foi de cerca de 1.600 quilometros! Por que Paulo esco-lheu o trajeto mais difıcil? Porque ele queria ‘fortalecer todos os discıpu-los’. (Atos 18:23) Sua terceira viagem missionaria, assim como as duasanteriores, exigiria muito dele, mas Paulo tinha certeza de que todo o es-forco valeria a pena. Hoje, os ministros viajantes e suas esposas demons-tram disposicao similar. Nao somos gratos por seu amor abnegado?

9 Ao chegar a´

Efeso, Paulo encontrou um grupo de cerca de 12 discıpu-los de Joao Batista. Eles haviam sido batizados no batismo de Joaoquando esse batismo nao era mais valido. Alem disso, eles pareciam sa-ber pouco ou nada sobre o espırito santo. Paulo explicou-lhes o entendi-mento mais atualizado, e, como Apolo, eles se mostraram humildes e an-siosos para aprender. Depois de serem batizados no nome de Jesus, elesreceberam espırito santo e alguns dons milagrosos. Isso deixa claro queestar em dia com os avancos da organizacao teocratica de Jeova resultaem bencaos. — Atos 19:1-7.

10 Logo aconteceu outro exemplo de progresso. Por tres meses, Paulopregou com coragem na sinagoga. Apesar de ele ter ‘usado de persuasaoa respeito do reino de Deus’, alguns ficaram obstinados e se tornaramverdadeiros opositores. Em vez de perder tempo com aqueles que esta-

� Veja o quadro “´

Efeso — capital da´

Asia”, na pagina 161.

8. Que caminho Paulo fez para retornar a´

Efeso, e por que?9. Por que um grupo de discıpulos precisava ser batizado novamente, e que licaoaprendemos deles?10. Por que Paulo saiu da sinagoga e foi para um auditorio, e que exemplo issoestabeleceu para nosso ministerio?

160 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 163: De Testemunho Cabal

vam “falando injuriosamente sobre O Caminho”, Paulo tomou providen-cias para falar no auditorio de uma escola. (Atos 19:8, 9) Os que deseja-vam fazer progresso espiritual precisavamsair da sinagoga e ir ate o auditorio. As-sim como Paulo, nos talvez decidamos en-cerrar uma conversa quando percebemosque o morador nao quer ouvir ou so querdiscutir. Ainda ha muitas pessoas seme-lhantes a ovelhas que precisam ouvir nos-sa mensagem animadora.

11 Paulo talvez falasse naquele auditoriotodos os dias, desde cerca das 11 horas atepor volta das 16 horas. (Atos 19:9, nota)Esse talvez fosse o perıodo mais calmo dodia, mas ao mesmo tempo o mais quente,quando muitos paravam de trabalhar paracomer e descansar. Se Paulo tiver seguidoessa programacao por dois anos comple-tos, ele passou bem mais de 3 mil horasensinando a palavra de Deus.� Essa e umaoutra razao pela qual a palavra de Jeovacontinuava a crescer e a prevalecer. Pauloera diligente e flexıvel. Ele adaptou a pro-gramacao de seu ministerio as necessida-des das pessoas naquela localidade. Qualfoi o resultado? “Todos os que habitavamno distrito da

´Asia, tanto judeus como gre-

gos, ouviram a palavra do Senhor.” (Atos19:10) Sem duvida, ele deu um testemunhocabal!

12 Hoje, as Testemunhas de Jeova tam-bem sao diligentes e flexıveis. Nos nos es-forcamos para falar com as pessoas quan-do e onde elas podem ser encontradas.Damos testemunho nas ruas, no comer-cio e em estacionamentos. Podemos entrarem contato com as pessoas por telefone oupor carta. E, no servico de casa em casa,

� Paulo tambem escreveu 1 Corıntios enquanto es-tava em

´Efeso.

11, 12. (a) Como Paulo deixou um exemplo em serdiligente e flexıvel? (b) Como as Testemunhas deJeova tem se esforcado a ser diligentes e flexıveisem seu ministerio?

“A PALAVRA . . . CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIC˜AO 161

´Efeso era a maior cidade no oeste da

´Asia

Menor. Nos dias do ap´ostolo Paulo, sua popu-

lac˜ao provavelmente ultrapassava os 250 mil

habitantes. Como capital da prov´ıncia romana

da´Asia,

´Efeso orgulhosamente ostentava o

t´ıtulo de “Primeira e Mais Importante Metr

´o-

pole da´Asia”.

Por causa do com´ercio e da religi

˜ao,

´Efeso

era uma cidade muito rica. Seu porto, locali-

zado perto da foz de um rio naveg´avel, ficava

no cruzamento de rotas comerciais.´

Efeso

n˜ao era lar apenas do famoso templo de

´Arte-

mis, mas tamb´em de santu

´arios e templos

de in´umeras outras deidades greco-romanas,

eg´ıpcias e anatolianas.

O templo de´Artemis, aclamado como uma

das sete maravilhas do mundo antigo, media

por volta de 105 metros por 50 metros. Ele

tinha umas cem colunas de m´armore, cada

uma com cerca de 1,8 metro de diˆametro na

base e aproximadamente 17 metros de altu-

ra. O templo era considerado santo e sagrado

em toda a regi˜ao do Mediterr

ˆaneo antigo, e

grandes somas de dinheiro eram confiadas`a

protec˜ao de

´Artemis, de modo que o templo

tamb´em se tornou o mais importante centro

banc´ario da

´Asia.

Outras construc˜oes importantes em

´Efeso

eram um est´adio para competic

˜oes atl

´eticas,

e possivelmente at´e para lutas de gladiado-

res, um teatro, pracas p´ublicas e comerciais,

e colunatas que abrigavam lojas.

O ge´ografo grego Estrab

˜ao relata que o

porto de´

Efeso tinha problemas com asso-

reamento. Por causa disso, com o tempo a

cidade deixou de funcionar como porto e foi

abandonada. Visto que nenhuma cidade mo-

derna fica no mesmo local, quem hoje visita

as ru´ınas de

´Efeso pode, por assim dizer, vol-

tar ao mundo antigo.

´EFESO — CAPITAL DA

´ASIA

Page 164: De Testemunho Cabal

fazemos esforcos para encontrar os mora-dores no horario em que e mais provavelque estejam em casa.

“A palavra . . . crescia e prevalecia”apesar dos esp

´ıritos in

´ıquos

(Atos 19:11-22)

13 Lucas nos informa que um notavel pe-rıodo se seguiu. Jeova habilitou Paulo arealizar “obras extraordinarias de poder”.So de levar as pessoas os panos e aven-tais que Paulo usava, elas eram curadas; eos espıritos inıquos, expulsos.� (Atos 19:11,12) Essas impressionantes vitorias sobreas forcas de Satanas chamavam muitaatencao, o que nem sempre era algo bom.

14 Certos “judeus itinerantes, que prati-cavam a expulsao dos demonios”, tenta-ram imitar os milagres de Paulo. Algunsdesses judeus tentaram expulsar demo-

nios por invocar o nome de Jesus e de Paulo. Lucas cita o exemplo dossete filhos de Ceva — membros de uma famılia sacerdotal — que procu-raram fazer isso. O demonio disse a eles: “Eu sei de Jesus e estou fami-liarizado com Paulo; mas quem sois vos?” Entao, o homem com o demo-nio atacou aqueles impostores, pulando em cima deles como uma fera efazendo com que saıssem correndo, feridos e nus. (Atos 19:13-16) Isso foiuma vitoria para “a palavra de Jeova”, pois o contraste entre o poderdado a Paulo e a incapacidade daqueles falsos religiosos nao poderia tersido mais claro. Milhoes hoje cometem o erro de achar que apenas cla-mar o nome de Jesus ou dizer que e “cristao” e suficiente. Mas Jesus in-dicou que so os que realmente fazem a vontade de seu pai tem verdadei-ra esperanca para o futuro. — Mat. 7:21-23.

15 A humilhacao dos filhos de Ceva fez com que muitos passassem atemer a Deus, levando varias pessoas a se tornar cristas e a abandonarpraticas espıritas. A cultura dos efesios sofria forte influencia das artesmagicas. Feiticarias e amuletos eram comuns, bem como encantamen-

� Pode ser que os panos fossem lencos que Paulo usava na testa para evitar que osuor escorresse pelos olhos. O fato de Paulo usar aventais nessa epoca sugere que eletrabalhava no ofıcio de fabricar tendas no seu tempo livre, talvez de manha cedo.— Atos 20:34, 35.

13, 14. (a) O que Jeova habilitou Paulo a realizar? (b) Que erro cometeram os filhosde Ceva, e como muitos da cristandade hoje fazem o mesmo?15. No que se refere ao espiritismo e a objetos ligados a essa pratica, como podemosimitar os efesios?

N´os nos esforcamos para encontrar as pessoas

onde quer que elas estejam

Page 165: De Testemunho Cabal

tos, muitas vezes na forma escrita. Muitos efesios se sentiram motivadosa juntar seus livros de artes magicas e queima-los em publico, emborapelo visto valessem o equivalente a dezenas de milhares de dolares.� Lu-cas relata: “A palavra de Jeova crescia e prevalecia assim de modo pode-roso.” (Atos 19:17-20) Essa foi uma grande vitoria da verdade sobre a fal-sidade e o demonismo. Aquelas pessoas nos deixaram um excelenteexemplo. Nos tambem vivemos num mundo mergulhado no espiritismo.Se percebermos que temos algum objeto ligado ao espiritismo, devemosfazer assim como os efesios — livrar-nos dele imediatamente. Mantenha-mo-nos longe dessas praticas repugnantes, custe o que custar.

“Surgiu uma perturbac˜ao nada pequena” (Atos 19:23-41)

16 Vamos agora analisar a tatica de Satanas descrita no inıcio destecapıtulo. Lucas escreveu que “surgiu uma perturbacao nada pequena arespeito do Caminho”. Ele nao estava exagerando.� (Atos 19:23) Um pra-teiro chamado Demetrio deu inıcio ao problema. Ele conseguiu a aten-cao de outros prateiros por primeiro lembrar-lhes que a renda deles de-pendia da venda de ıdolos. Ele prosseguiu dizendo que a mensagem quePaulo pregava era ruim para os negocios, pois os cristaos nao adoravamıdolos. Daı ele apelou para o orgulho que seus ouvintes tinham de suacidade e de sua nacao, alertando-os que sua deusa

´Artemis e o templo

mundialmente conhecido que os efesios haviam dedicado a ela estavamcorrendo perigo de serem ‘reduzidos a nada’. — Atos 19:24-27.

17 O discurso de Demetrio teve o resultado esperado. Os prateiros co-mecaram a repetir vez apos vez: “Grande e a

´Artemis dos efesios!” e a ci-

dade foi tomada pela confusao, dando inıcio a turba fanatica descrita nocomeco deste capıtulo.� Por ter um espırito abnegado, Paulo quis entrarno anfiteatro a fim de falar com a multidao, mas os discıpulos insistiramque ele ficasse longe do perigo. Um certo Alexandre ficou em pe dian-te da multidao e tentou falar. Como era judeu, talvez estivesse ansio-so para explicar a diferenca entre os judeus e aqueles cristaos. Essas

� Lucas diz que o valor era de 50 mil moedas de prata. Caso Lucas estivesse se refe-rindo ao denario, um trabalhador comum levaria 50 mil dias, ou seja, por volta de137 anos, trabalhando sete dias por semana, para ganhar essa quantia.� Alguns dizem que Paulo se referiu a esse incidente quando disse aos corıntios: “Es-tavamos muito incertos ate mesmo quanto as nossas vidas.” (2 Cor. 1:8) Mas pode serque ele tivesse em mente uma ocasiao mais perigosa. Quando Paulo escreveu que ‘lu-tou com feras em

´Efeso’, ele talvez estivesse se referindo a alguma ocasiao em que teve

de enfrentar animais ferozes em uma arena ou talvez a oposicao feroz por parte dehumanos. (1 Cor. 15:32) Tanto a interpretacao literal como a figurada sao possıveis.� Associacoes de profissionais, chamadas guildas, podiam ser muito influentes. Cer-ca de um seculo mais tarde, por exemplo, a guilda dos padeiros provocou uma confu-sao similar em

´Efeso.

16, 17. (a) Descreva como Demetrio deu inıcio a confusao em´

Efeso. (b) Como osefesios demonstraram seu fanatismo?

“A PALAVRA . . . CRESCIA E PREVALECIA” APESAR DE OPOSIC˜AO 163

Page 166: De Testemunho Cabal

explicacoes nao significariam nada para aquela multidao. Quando per-ceberam que ele era judeu, comecaram a gritar: “Grande e a

´Artemis dos

efesios!” abafando as palavras de Alexandre. Isso continuou por cerca deduas horas. Desde aquela epoca, o fanatismo religioso nao mudou. Atehoje faz as pessoas agirem de modo completamente irracional. — Atos19:28-34.

18 Finalmente, o escrivao da cidade acalmou a multidao. Essa autori-dade competente e sensata assegurou a turba que aqueles cristaos naorepresentavam nenhum perigo ao templo e a sua deusa; que Paulo eseus companheiros nao haviam cometido nenhum crime contra o tem-plo de

´Artemis; e que havia procedimentos legais para apresentar tais

questoes. Talvez o argumento mais convincente tenha sido lembrar-lhesde que eles corriam o risco de cair no desfavor de Roma por causa da-quele ajuntamento ilegal e desordenado. Entao, ele dissolveu a multidao.Com a mesma rapidez com que havia ficado irada, a multidao acalmou-se por causa dessas palavras sensatas e razoaveis. — Atos 19:35-41.

19 Essa nao foi a primeira vez que um homem de bom senso que ocu-pava uma posicao de autoridade agiu em favor dos seguidores de Jesus,nem seria a ultima. De fato, o apostolo Joao previu numa visao que du-rante estes ultimos dias os elementos estaveis deste mundo, retratadospela terra, iriam ‘tragar’ uma grande enxurrada de perseguicao satanicacontra os seguidores de Jesus. (Rev. 12:15, 16) Isso realmente tem acon-tecido. Em muitos casos, juızes imparciais decidem a favor dos direitosdas Testemunhas de Jeova de se reunir para adoracao e de divulgar asboas novas a outros.

´E claro que a nossa conduta pode contribuir mui-

to para tais vitorias. A conduta de Paulo pelo visto fez com que algu-mas autoridades em

´Efeso tivessem certa simpatia e respeito por ele, de

modo que queriam ve-lo em seguranca. (Atos 19:31) Que a nossa condu-ta respeitosa e honesta tambem possa causar uma boa impressao na-queles com quem temos contato. Nunca sabemos quais podem ser osefeitos a longo prazo.

20 Nao e emocionante ver como “a palavra de Jeova crescia e prevale-cia” no primeiro seculo? Tambem e emocionante ver como Jeova estapor tras de vitorias similares em nossos dias. Gostaria de ter o privilegiode dar uma contribuicao, mesmo que pequena, a essas vitorias? Entaoaprenda dos exemplos que consideramos. Seja humilde, mantenha-seem dia com a organizacao de Jeova, continue a trabalhar arduamente,rejeite o espiritismo, e faca o maximo para dar um bom testemunho pormeio de sua conduta honesta e respeitosa.

18, 19. (a) Como o escrivao da cidade acalmou a turba em´

Efeso? (b) Como o povo deJeova as vezes e protegido pelas autoridades, e como nossa conduta pode contribuirpara essa protecao?20. (a) Como voce se sente a respeito do fato de a palavra de Jeova ter prevalecidono primeiro seculo e continuar a prevalecer hoje? (b) Qual a sua determinacao noque se refere as vitorias de Jeova em nossos dias?

164 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 167: De Testemunho Cabal

PAULO esta numa sala lotada no terceiro andar de uma casa em Troa-de. Ele fala por um bom tempo aos irmaos, pois essa e a ultima noite queestara com eles. Ja e meia-noite. A sala esta abafada e talvez com fuma-ca, pois ha varias lamparinas acesas ali. Um jovem chamado

ˆEutico esta

sentado em uma das janelas. Enquanto Paulo esta falando,ˆ

Eutico caino sono e despenca da janela!

2 Por ser medico, Lucas provavelmente e um dos primeiros a correrpara fora e examinar o jovem. Lucas nao tem duvidas:

ˆEutico esta “mor-

to”. (Atos 20:9) Entao acontece um milagre. Paulo lanca-se sobre o joveme diz a multidao: “Parai de levantar um clamor, pois a sua alma estanele.” Paulo trouxe

ˆEutico de volta a vida. — Atos 20:10.

3 Esse acontecimento mostra o poder do espırito santo de Deus. Paulonao podia ser responsabilizado pela morte de

ˆEutico. Mesmo assim, ele

nao queria que a morte daquele jovem estragasse essa importante oca-siao ou fizesse alguem tropecar espiritualmente. Por ressuscitar

ˆEutico,

Paulo consolou a congregacao e deixou os irmaos ali fortalecidos paracontinuarem seu ministerio.

´E evidente que Paulo se preocupava muito

com a vida de outros. Somos lembrados de suas palavras: “Estou limpodo sangue de todos os homens.” (Atos 20:26) Vejamos como o exemplo dePaulo pode nos ajudar nesse respeito.

Ele “saiu a fim de viajar para a Macedˆonia” (Atos 20:1, 2)

4 Conforme vimos no capıtulo anterior, Paulo tinha enfrentado umaprova difıcil. Seu ministerio em

´Efeso havia causado uma grande confu-

sao. De fato, os prateiros, cujo sustento dependia da adoracao de´

Arte-mis, tinham feito um tumulto! “Tendo diminuıdo o alvoroco”, Atos 20:1relata, “Paulo mandou chamar os discıpulos, e, tendo-os encorajado edespedindo-se deles, saiu a fim de viajar para a Macedonia”.

1-3. (a) Descreva as circunstancias em torno da morte deˆ

Eutico. (b) O que Paulofez, e o que esse acontecimento mostra a respeito dele?4. Que prova difıcil Paulo tinha enfrentado?

C A P´I T U L O 2 1

“Estou limpo do sanguede todos os homens”O zelo de Paulo no minist

´erio

e seus conselhos para os anci˜

aos

Baseado em Atos 20:1-38

165

Page 168: De Testemunho Cabal

5 A caminho da Macedonia, Paulo parou no porto de Troade e ficou al-gum tempo nessa cidade. Paulo esperava que Tito, que havia sido envia-do a Corinto, se encontrasse com ele em Troade. (2 Cor. 2:12, 13) Mas,quando ficou obvio que Tito nao viria, Paulo seguiu viagem ate a Mace-donia e talvez tenha ficado la por mais ou menos um ano, ‘encorajandocom muitas palavras os que havia ali’.� (Atos 20:2) Por fim, Tito encon-trou-se com Paulo na Macedonia, levando boas notıcias a respeito dareacao dos corıntios a primeira carta de Paulo. (2 Cor. 7:5-7) Isso moti-vou Paulo a escrever outra carta a eles, conhecida hoje como 2 Corın-tios.

E interessante notar que Lucas usa as palavras “encorajado” e “en-corajar” para descrever as visitas que Paulo fez aos irmaos em

´Efeso e

na Macedonia. Essas palavras descrevem muito bem a atitude de Pauloem relacao a seus irmaos. Diferentemente dos fariseus, que tratavamoutros com desprezo, Paulo encarava as ovelhas de Deus como seus co-laboradores. (Joao 7:47-49; 1 Cor. 3:9) Ele mantinha essa atitude mesmoquando precisava dar fortes conselhos. — 2 Cor. 2:4.

� Veja o quadro “As cartas que Paulo escreveu na Macedonia”, nesta pagina.

5, 6. (a) Quanto tempo Paulo talvez tenha ficado na Macedonia, e o que ele fez pelosirmaos ali? (b) Que atitude Paulo mantinha em relacao aos irmaos?

166 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Em 2 Cor´ıntios, Paulo disse que, quando che-

gou`a Maced

ˆonia, ele estava preocupado com

seus irm˜aos em Corinto. Mas Tito trouxe-lhe

boas not´ıcias de Corinto, e isso deixou Paulo

mais tranquilo. Foi ent˜ao que Paulo, por volta de

55 EC, escreveu 2 Cor´ıntios. Nessa carta, ele in-

dica que ainda estava na Macedˆonia. (2 Cor.

7:5-7; 9:2-4) Uma das coisas que tinha em men-

te durante esse per´ıodo era terminar a coleta

de dinheiro para os santos na Judeia. (2 Cor.

8:18-21) Ele tamb´em estava preocupado com

a presenca de “falsos ap´ostolos, trabalhadores

fraudulentos” em Corinto. — 2 Cor. 11:5, 13, 14.´

E poss´ıvel que a carta de Paulo a Tito tenha

sido escrita na Macedˆonia. Em algum momento

entre os anos 61 EC e 64 EC, depois de ter sido

libertado de seu primeiro aprisionamento em

Roma, Paulo visitou a ilha de Creta. Ele deixou

Tito ali para corrigir alguns problemas e fazer

designac˜oes. (Tito 1:5) Paulo pediu que Tito o

encontrasse em Nic´opolis. Havia mais de uma

cidade com esse nome na regi˜ao do Mediterr

ˆa-

neo naquela´epoca, mas parece mais prov

´avel

que Paulo estivesse se referindo`a Nic

´opolis

que ficava no noroeste da Gr´ecia. O ap

´ostolo

provavelmente estava servindo naquela regi˜ao

quando escreveu a Tito. — Tito 3:12.

Paulo tamb´em escreveu 1 Tim

´oteo entre seus

dois aprisionamentos em Roma, entre 61 EC e

64 EC. Na introduc˜ao dessa carta, vemos que

Paulo pediu a Tim´oteo para permanecer em

´Efe-

so ao passo que ele pr´oprio iria

`a Maced

ˆonia.

(1 Tim. 1:3) Parece que foi de l´a que Paulo escre-

veu essa carta a Tim´oteo. Nela, Paulo falou a

Tim´oteo como um pai, dando-lhe conselhos, en-

corajamento e orientac˜oes sobre determinados

procedimentos a serem seguidos nas congrega-

c˜oes.

AS CARTAS QUE PAULO ESCREVEU NA MACEDˆ

ONIA

Page 169: De Testemunho Cabal

7 Hoje, os anciaos congregacionais e os superintendentes viajantes es-forcam-se para imitar o exemplo de Paulo. Mesmo ao dar repreensao,seu objetivo e fortalecer os que precisam de ajuda. Com empatia, os su-perintendentes procuram encorajar os irmaos em vez de condena-los.Um superintendente viajante experiente expressou isso da seguinte for-ma: “A maioria de nossos irmaos quer fazer o que e direito, mas elesmuitas vezes lutam com frustracoes, temores e o sentimento de que saoincapazes de lidar com seus problemas.” Os superintendentes podemser uma fonte de encorajamento para esses irmaos. — Heb. 12:12, 13.

“Formavam uma conspirac˜ao contra ele” (Atos 20:3, 4)

8 Da Macedonia, Paulo foi a Corinto.� Depois de passar tres meses ali,ele estava ansioso para ir a Cencreia, de onde planejava pegar um barcopara a Sıria. De la, ele teria condicoes de ir a Jerusalem e entregaras contribuicoes aos irmaos que estavam passando necessidade.� (Atos24:17; Rom. 15:25, 26) Mas uma inesperada reviravolta nos acontecimen-tos mudou os planos de Paulo. Atos 20:3 relata: “Os judeus formavamuma conspiracao contra ele.”

9 Nao e de surpreender que os judeus nutrissem muito odio por Pau-lo, pois eles o consideravam um apostata. Anteriormente, o ministeriodele havia resultado na conversao de Crispo — uma pessoa de destaquena sinagoga de Corinto. (Atos 18:7, 8; 1 Cor. 1:14) Em outra ocasiao, os ju-deus em Corinto haviam levantado acusacoes contra Paulo diante deGalio, proconsul da Acaia. Mas Galio encerrou o caso, declarando quenao havia base para as acusacoes — decisao que deixou os inimigos dePaulo furiosos. (Atos 18:12-17) Pode ser que os judeus em Corinto sou-bessem, ou pelo menos presumissem, que Paulo logo pegaria um bar-co ali perto, em Cencreia, e assim armaram uma emboscada para ele.O que Paulo faria?

10 Pensando na sua propria seguranca — e a fim de proteger o dinhei-ro que lhe havia sido confiado — Paulo decidiu ficar longe de Cencreia evoltar pelo caminho de onde veio, passando pela Macedonia. Natural-mente, a viagem por terra tambem tinha seus perigos. Naquela epoca,assaltantes costumavam ficar de tocaia nas estradas. Ate mesmo ashospedarias podiam ser locais perigosos. Apesar disso, Paulo preferiu

�´

E provavel que Paulo tenha escrito a carta aos Romanos durante essa visita a Co-rinto.� Veja o quadro “Paulo entrega contribuicoes para ajudar os irmaos necessitados”, napagina 169.

7. Como os superintendentes cristaos hoje podem imitar o exemplo de Paulo?8, 9. (a) O que interrompeu os planos de Paulo de pegar um barco para a Sıria?(b) Por que os judeus talvez tenham nutrido muito odio por Paulo?10. Sera que Paulo evitou ir a Cencreia por falta de coragem? Explique.

“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 167

Page 170: De Testemunho Cabal

correr os riscos de uma viagem por terra a enfrentar o que o aguardavaem Cencreia. Felizmente, ele nao estava viajando sozinho. Nessa etapade sua viagem missionaria, os companheiros de Paulo incluıam Aristar-co, Gaio, Segundo, Sopater, Timoteo, Tıquico e Trofimo. — Atos 20:3, 4.

11 Assim como Paulo, os cristaos hoje tomam precaucoes para se pro-teger quando estao no ministerio. Em algumas regioes, em vez de fica-rem sozinhos, eles andam em grupos, ou pelo menos em pares. E comoagem quando sao perseguidos? Os cristaos sabem que a perseguicao einevitavel. (Joao 15:20; 2 Tim. 3:12) Mas nem por isso se expoem delibe-radamente ao perigo. Veja o exemplo de Jesus. Em certa ocasiao, quan-do opositores em Jerusalem comecaram a pegar pedras para atirar nele,“Jesus se escondeu e saiu do templo”. (Joao 8:59) Mais tarde, quando osjudeus estavam planejando mata-lo, “Jesus nao andava mais publica-mente entre os judeus, mas partiu dali para o paıs perto do ermo”. (Joao11:54) Jesus tomou precaucoes razoaveis para se proteger quando fazerisso nao entrava em conflito com a vontade de Deus para ele. Hoje oscristaos fazem o mesmo. — Mat. 10:16.

Eles foram “consolados al´em de medida” (Atos 20:5-12)

12 Paulo e seus companheiros viajaram juntos pela Macedonia e entao,pelo que parece, tomaram caminhos diferentes e mais tarde se encontra-ram novamente em Troade.� O relato diz: “Em cinco dias fomos ter comeles em Troade.”� (Atos 20:6) Foi nessa cidade que o jovem

ˆEutico foi res-

suscitado, como descrito no inıcio deste capıtulo. Imagine como os ir-maos se sentiram ao ver seu amigo

ˆEutico vivo novamente. Conforme diz

o relato, eles foram “consolados alem de medida”. — Atos 20:12.13

´E claro que milagres desse tipo nao acontecem hoje. Mesmo assim,

os que perderam pessoas queridas na morte sao “consolados alem demedida” pela esperanca bıblica da ressurreicao. (Joao 5:28, 29) Penseno seguinte: por ser imperfeito,

ˆEutico acabou morrendo novamente.

(Rom. 6:23) Mas os que forem ressuscitados no novo mundo de Deus te-rao a perspectiva de viver para sempre! Alem disso, os que sao ressus-citados para reinar com Jesus no ceu sao revestidos de imortalidade.(1 Cor. 15:51-53) Os cristaos hoje — quer dos ungidos, quer das “outras

� Visto que Atos 20:5, 6 e narrado em primeira pessoa, parece que Lucas se juntounovamente a Paulo em Filipos depois de ter sido deixado ali por Paulo algum tempoantes. — Atos 16:10-17, 40.� A viagem desde Filipos ate Troade levou cinco dias. Pode ser que os ventos nao es-tivessem favoraveis, pois anteriormente essa mesma viagem havia sido feita em ape-nas dois dias. — Atos 16:11.

11. Como os cristaos hoje tomam precaucoes razoaveis para se proteger, e queexemplo Jesus deixou nesse sentido?12, 13. (a) Que efeito a ressurreicao de

ˆEutico teve na congregacao? (b) Que

esperanca bıblica consola os que perdem pessoas queridas na morte?

168 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 171: De Testemunho Cabal

ovelhas” — tem bons motivos para se sentirem “consolados alem de me-dida”. — Joao 10:16.

“Publicamente e de casa em casa” (Atos 20:13-24)

14 Paulo e seu grupo viajaram de Troade a Assos e depois a Mitilene,Quios, Samos e Mileto. O objetivo de Paulo era chegar a Jerusalem atempo da Festividade de Pentecostes; sua pressa para chegar a Jerusa-lem explica por que ele escolheu uma embarcacao que nao pararia em´Efeso nessa viagem de volta. Mas, visto que Paulo queria conversar comos anciaos de

´Efeso, o apostolo pediu que eles o encontrassem em Mile-

to. (Atos 20:13-17) Quando eles chegaram, Paulo disse-lhes: “Bem sabeiscomo, desde o primeiro dia em que pisei no distrito da

´Asia, eu estive

convosco todo o tempo, trabalhando como escravo para o Senhor, com amaior humildade mental, e com lagrimas e provacoes, que me sobrevie-ram pelas conspiracoes dos judeus; ao passo que nao me refreei de vosfalar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publica-mente e de casa em casa. Mas, eu dei cabalmente testemunho, tanto ajudeus como a gregos, do arrependimento para com Deus e da fe emnosso Senhor Jesus.” — Atos 20:18-21.

14. O que Paulo disse aos anciaos de´

Efeso quando os encontrou em Mileto?

“ESTOU LIMPO DO SANGUE DE TODOS OS HOMENS” 169

Nos anos que se seguiram ao Pentecostes de33 EC, os crist

˜aos em Jerusal

´em sofreram mui-

tas dificuldades — fome, perseguic˜ao e o saque

de seus bens. Em consequˆencia disso, alguns es-

tavam passando necessidade. (Atos 11:27–12:1;

Heb. 10:32-34) Assim, por volta de 49 EC, quan-

do os anci˜aos em Jerusal

´em orientaram Paulo a

concentrar sua pregac˜ao entre os gentios, eles

o incentivaram a se ‘lembrar dos pobres’. E foi

exatamente isso que Paulo fez, supervisionando

a coleta de recursos nas congregac˜oes. — G

´al.

2:10.

Em 55 EC, Paulo disse aos cor´ıntios: “Assim

como dei ordens`as congregac

˜oes da Gal

´acia, fa-

zei do mesmo modo tamb´em v

´os. Todo primeiro

dia da semana, cada um de v´os, na sua pr

´opria

casa, ponha algo de lado, em reserva, confor-

me tiver prosperado, para que, quando eu chegar,

n˜ao se facam ent

˜ao as coletas. Mas, quando eu

for a´ı, aos homens que v

´os aprovardes por cartas,

a estes eu enviarei para levarem a vossa bondosad

´adiva a Jerusal

´em.” (1 Cor. 16:1-3) Pouco depois,

quando Paulo escreveu aos cor´ıntios sua segun-

da carta inspirada, ele os incentivou a deixarem

suas contribuic˜oes preparadas e mencionou que

os macedˆonios tamb

´em estavam contribuindo.

— 2 Cor. 8:1–9:15.

Assim, foi no ano de 56 EC que representantes

de v´arias congregac

˜oes se encontraram com Pau-

lo para entregar o valor total da coleta. O fato

de nove homens viajarem juntos n˜ao apenas deu

certa medida de seguranca, mas tamb´em prote-

geu Paulo de qualquer poss´ıvel acusac

˜ao de ter

usado mal os recursos doados. (2 Cor. 8:20) En-

tregar essas contribuic˜oes era o principal objetivo

da viagem de Paulo a Jerusal´em. (Rom. 15:25,

26) Mais tarde, Paulo fez a seguinte observac˜ao

ao Governador F´elix: “Depois de certo n

´umero de

anos, cheguei para trazer d´adivas de miseric

´ordia

`a minha nac

˜ao, e ofertas.” — Atos 24:17.

PAULO ENTREGA CONTRIBUIC˜

OES PARA AJUDAR OS IRM˜

AOS NECESSITADOS

Page 172: De Testemunho Cabal

15 Ha muitas formas de alcancar as pessoas com as boas novas hoje.Como Paulo, nos nos esforcamos a ir onde quer que haja pessoas, sejaem pontos de onibus, em ruas movimentadas, seja no comercio. Mas irde casa em casa continua a ser o principal metodo de pregacao das Tes-temunhas de Jeova. Por que? Por um lado, a pregacao de casa em casada a todos a oportunidade de ouvir a mensagem do Reino regularmente,demonstrando assim a imparcialidade de Deus. Permite tambem que ossinceros recebam ajuda individualizada de acordo com suas necessida-des. Alem disso, o ministerio de casa em casa fortalece a fe e a perseve-ranca dos que se empenham nessa atividade. Realmente, uma marcaregistrada dos cristaos verdadeiros hoje e seu zelo em pregar “publica-mente e de casa em casa”.

16 Paulo explicou aos anciaos de´

Efeso que ele nao sabia os perigosque o aguardavam ao voltar a Jerusalem. “Nao obstante, nao levo a mi-nha alma em conta como estimada por mim”, disse-lhes, “desde que eupossa terminar a minha carreira e o ministerio que recebi do Senhor Je-sus, para dar testemunho cabal das boas novas da benignidade imereci-da de Deus”. (Atos 20:24) Destemidamente, Paulo recusou-se a deixarque qualquer circunstancia — fosse saude fraca ou amarga oposicao — oimpedisse de cumprir sua designacao.

17 Hoje tambem os cristaos enfrentam varios tipos de circunstanciasnegativas. Alguns enfrentam proscricao e perseguicao. Outros corajo-samente lutam contra debilitantes doencas fısicas ou emocionais. Osjovens lidam com a pressao de colegas na escola. Nao importam ascircunstancias em que estejam, as Testemunhas de Jeova mostram de-terminacao, assim como Paulo. Estao decididas a “dar testemunho ca-bal das boas novas”.

“Prestai atenc˜ao a v

´os mesmos e a todo o rebanho” (Atos 20:25-38)

18 A seguir, Paulo deu forte conselho aos anciaos de´

Efeso, usando seuproprio modo de vida como exemplo. Primeiro, ele os informou que essaprovavelmente seria a ultima vez que o veriam. Entao ele disse: “Estoulimpo do sangue de todos os homens, pois nao me refreei de falar a todosvos todo o conselho de Deus.” Como os anciaos de

´Efeso poderiam imi-

tar a Paulo e dessa forma nao terem culpa de sangue? Ele lhes disse:“Prestai atencao a vos mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o es-pırito santo vos designou superintendentes para pastorear a congre-gacao de Deus, que ele comprou com o sangue do seu proprio Filho.”

15. Quais sao algumas vantagens da pregacao de casa em casa?16, 17. Como Paulo mostrou que era destemido, e como os cristaos hoje imitam seuexemplo?18. Como Paulo se manteve livre de culpa de sangue, e como os anciaos de

´Efeso

poderiam fazer o mesmo?

170 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 173: De Testemunho Cabal

“Irrompeu muito choro entre eles todos.”— Atos 20:37

Page 174: De Testemunho Cabal

(Atos 20:26-28) Paulo avisou que “lobos opressivos” se infiltrariam norebanho e ‘falariam coisas deturpadas, para atrair a si os discıpulos’.O que os anciaos deveriam fazer? “Mantende-vos despertos”, avisou Pau-lo, “e lembrai-vos de que por tres anos, noite e dia, nao cessei de admoes-tar a cada um de vos, com lagrimas”. — Atos 20:29-31.

19 Esses “lobos opressivos” apareceram no final do primeiro seculo.Por volta de 98 EC, o apostolo Joao escreveu: “[Ha] muitos anticristos; . . .Saıram do nosso meio, mas nao eram dos nossos; pois, se tivessem sidodos nossos, teriam permanecido conosco.” (1 Joao 2:18, 19) No terceiroseculo, a apostasia ja havia levado ao surgimento da classe clerical dacristandade, e no quarto seculo o Imperador Constantino deu reconhe-cimento oficial a essa forma corrupta de “cristianismo”. Por terem ado-tado rituais pagaos, dando-lhes uma aparencia “crista”, os lıderes reli-giosos de fato ‘falaram coisas deturpadas’. Ainda se podem ver os efeitosde tal apostasia nos ensinos e costumes da cristandade.

20 O modo de vida do apostolo Paulo estava em nıtido contraste com odaqueles que mais tarde se aproveitariam do rebanho. Ele trabalhavapara se sustentar a fim de nao ser um fardo para a congregacao. Seusesforcos a favor dos irmaos nao tinham por objetivo obter riquezas. Pau-lo incentivou os anciaos efesios a demonstrarem um espırito abnegado.“Tendes de auxiliar os que sao fracos”, disse-lhes Paulo, “e tendes de terem mente as palavras do Senhor Jesus, quando ele mesmo disse: ‘Hamais felicidade em dar do que ha em receber.’ ” — Atos 20:35.

21 Assim como Paulo, os anciaos cristaos hoje sao abnegados. Em con-traste com os clerigos da cristandade, que tiram proveito de seu re-banho, aqueles a quem se confia a responsabilidade de “pastorear acongregacao de Deus” cumprem com suas responsabilidades de modoaltruısta. O orgulho e a ambicao nao tem lugar na congregacao cris-ta, pois os que ‘buscam a sua propria gloria’ falharao a longo prazo.(Pro. 25:27) A presuncao so leva a desonra. — Pro. 11:2.

22 Paulo era muito amado pelos irmaos por causa do genuıno amorque ele proprio demonstrava a eles. De fato, quando chegou a hora dePaulo ir embora, “irrompeu muito choro entre eles todos, e lancaram-seao pescoco de Paulo e o beijaram ternamente”. (Atos 20:37, 38) Os cris-taos prezam e amam muito aqueles que, assim como Paulo, dao de simesmos a favor do rebanho. Depois de analisar o excelente exemplo dePaulo, nao concorda que ele nao exagerou nem foi presuncoso ao dizer:“Estou limpo do sangue de todos os homens”? — Atos 20:26.

19. Que apostasia se desenvolveu no final do primeiro seculo, e a que isso levounos seculos seguintes?20, 21. Como Paulo demonstrou um espırito abnegado, e como os anciaos cristaospodem fazer o mesmo hoje?22. O que tornou Paulo uma pessoa muito amada pelos anciaos de

´Efeso?

172 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 175: De Testemunho Cabal

TODOS em Mileto estao emocionados com a partida de Paulo e Lucas.Para esses dois missionarios, nao e facil ter de se despedir dos anciaosefesios, a quem tanto amam. Os dois estao no conves do navio. Em suabagagem ha suprimentos para a viagem. Eles tambem estao levando ascontribuicoes que recolheram para os cristaos que estao passando neces-sidade na Judeia e nao veem a hora de poder entregar o dinheiro a essesirmaos.

2 Uma suave brisa enche as velas, e o navio afasta-se do barulhentocais. Os dois homens, e os outros sete que viajam com eles, olham para ossemblantes tristes dos irmaos na costa. (Atos 20:4, 14, 15) Os viajantesdao adeus ate nao conseguirem mais ver seus amigos na praia.

3 Por cerca de tres anos, Paulo trabalhou lado a lado com os anciaos de´Efeso. Mas agora, orientado pelo espırito santo, ele esta a caminho de Je-rusalem. Ate certo ponto, ele sabe o que o aguarda. Anteriormente, ele ha-via dito aos anciaos: “Amarrado no espırito, viajo para Jerusalem, emborasem saber o que me acontecera nela, exceto que o espırito santo, de cida-de em cidade, me da repetidamente testemunho, dizendo que me aguar-dam lacos e tribulacoes.” (Atos 20:22, 23) Apesar do perigo, Paulo sente-se“amarrado no espırito”, ou seja, ele se sente na obrigacao de seguir aorientacao do espırito e ir a Jerusalem, e tambem esta disposto a fa-zer isso. Ele nao quer morrer, mas fazer a vontade de Deus e o maisimportante para ele.

E assim que voce se sente? Quando nos dedicamos a Jeova, solene-mente prometemos que fazer a vontade dele seria a coisa mais importan-te em nossa vida. Analisar o exemplo do fiel apostolo Paulo sera proveito-so para nos.

Passaram pela “ilha de Chipre” (Atos 21:1-3)

5 O navio em que estavam Paulo e seus companheiros ‘tomou um rumo

1-4. Por que Paulo estava indo a Jerusalem, e o que o aguardava ali?5. Que percurso Paulo e seus companheiros fizeram ate Tiro?

C A P´I T U L O 2 2

“Realize-se a vontadede Jeov

´a”

Decidido a fazer a vontade de Deus,Paulo vai a Jerusal

´em

Baseado em Atos 21:1-17

173

Page 176: De Testemunho Cabal

direto’, ou seja, navegou a favor do vento, sem fazer zigue-zague, ate che-gar a Cos mais tarde naquele mesmo dia. (Atos 21:1) Parece que o navioficou ancorado ali durante a noite antes de zarpar para Rodes e Patara.Em Patara, na costa sul da

´Asia Menor, os irmaos embarcaram em um

grande navio de carga, que os levou direto a Tiro, na Fenıcia. No caminho,eles passaram pela “ilha de Chipre . . . pela esquerda [a bombordo]” do na-vio. (Atos 21:3) Por que Lucas, o escritor do livro de Atos, mencionou essedetalhe?

6 Talvez Paulo tenha apontado para a ilha e mencionado algumas dascoisas que passou ali. Na sua primeira viagem missionaria, por volta denove anos antes, Paulo, Barnabe e Joao Marcos encontraram o feiticeiroElimas, que se opos a pregacao deles. (Atos 13:4-12) Ver aquela ilha e re-fletir no que havia ocorrido ali pode ter encorajado Paulo e o fortalecidopara o que estava para acontecer. Nos tambem podemos nos beneficiarpor refletir em como Deus nos tem abencoado e ajudado a enfrentar pro-vacoes. Esse tipo de reflexao pode nos ajudar a nos sentir como Davi, que

6. (a) Por que ver a ilha de Chipre talvez tenha encorajado Paulo? (b) Ao refletir emcomo Jeova tem abencoado e ajudado voce, a que conclusao voce chega?

174 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Durante o per´ıodo abrangido pelo livro de Atos,

Cesareia era a capital da prov´ıncia romana da

Judeia e o local onde ficava a base de seu contin-

gente militar e o governador. Herodes, o Grande,

construiu a cidade e deu-lhe o nome em home-

nagem a C´esar Augusto. Cesareia tinha todas as

caracter´ısticas das cidades pag

˜as e helen

´ısticas

dos seus dias — um templo dedicado`a “divindade”

de C´esar, um teatro, um hip

´odromo e um anfitea-

tro. A populac˜ao era predominantemente gentia.

Cesareia era uma cidade portu´aria fortificada.

A ambic˜ao de Herodes era que o novo complexo

portu´ario ali, chamado Sebastos (grego para Au-

gusto), equipado com um grande quebra-mar na

costa que, de outra forma, n˜ao teria condic

˜oes de

atracar navios, rivalizasse com Alexandria como o

centro comercial do Mediterrˆaneo oriental. Embo-

ra nunca tenha superado Alexandria, Cesareia de

fato alcancou prest´ıgio internacional por causa de

sua posic˜ao estrat

´egica em importantes rotas co-

merciais.

O evangelizador Filipe pregou as boas novas em

Cesareia e parece que ele constituiu fam´ılia ali.

(Atos 8:40; 21:8, 9) Era a cidade onde o centuri˜ao

romano Corn´elio servia e foi o local de sua conver-

s˜ao. — Atos 10:1.

O ap´ostolo Paulo visitou Cesareia v

´arias vezes.

Pouco depois da convers˜ao de Paulo, quando

seus inimigos planejaram mat´a-lo, os disc

´ıpulos

prontamente retiraram seu novo irm˜ao de Je-

rusal´em e o levaram o mais r

´apido poss

´ıvel at

´e

Cesareia, numa viagem de 90 quilˆometros, a fim

de o enviarem de navio para Tarso. Paulo pas-

sou pelo porto de Cesareia quando estava indo a

Jerusal´em no final de sua segunda e de sua ter-

ceira viagem mission´aria. (Atos 9:28-30; 18:21,

22; 21:7, 8) Ele ficou dois anos preso no pal´a-

cio de Herodes em Cesareia. Ali, em diferentes

ocasi˜oes, Paulo conversou com F

´elix, Festo e Agri-

pa, e dali ele por fim partiu de navio para Roma.

— Atos 23:33-35; 24:27–25:4; 27:1.

CESAREIA — CAPITAL DA PROV´INCIA ROMANA DA JUDEIA

Page 177: De Testemunho Cabal

escreveu: “Muitas sao as calamidades do justo, mas Jeova o livra de todaselas.” — Sal. 34:19.

“Achamos os disc´ıpulos” (Atos 21:4-9)

7 Paulo reconhecia o valor da associacao crista e tinha muita vontadede estar com os irmaos. Lucas escreve o que ele proprio e os outros via-jantes fizeram ao chegar a Tiro: “Procurando, achamos os discıpulos.”(Atos 21:4) Sabendo que havia cristaos em Tiro, os viajantes os procura-ram e provavelmente ficaram com eles. Uma das maiores bencaos de co-nhecer a verdade e que, nao importa aonde formos, encontraremos ir-maos que pensam como nos e que nos receberao bem. Os que amam aDeus e praticam a adoracao verdadeira tem amigos em todo o mundo.

8 Ao descrever os sete dias que os viajantes ficaram em Tiro, Lucas re-gistra algo que pode parecer estranho a princıpio: “Por intermedio do es-pırito, [os irmaos em Tiro] disseram repetidas vezes a Paulo que nao pu-sesse pe em Jerusalem.” (Atos 21:4) Sera que Jeova nao queria mais quePaulo fosse a Jerusalem? Esse nao era o caso. O espırito havia indicadoque Paulo seria maltratado em Jerusalem, nao que ele deveria evitar ir aessa cidade. Parece que, por meio do espırito santo, os irmaos em Tiroconcluıram corretamente que Paulo enfrentaria dificuldades em Jerusa-lem. Assim, por estarem preocupados com o bem-estar de Paulo, eles o in-centivaram a nao ir aquela cidade. Eles queriam proteger Paulo do perigoque o aguardava, e isso era compreensıvel. Mesmo assim, decidido a fazera vontade de Jeova, Paulo continuou sua viagem ate Jerusalem. — Atos21:12.

9 Ao ouvir a preocupacao dos irmaos, Paulo talvez se tenha lembradode que Jesus enfrentou objecao similar depois de ter dito aos discıpulosque ele iria a Jerusalem, sofreria muitas coisas e seria morto. Levado pe-las emocoes, Pedro disse a Jesus: “Se benigno contigo mesmo, Senhor;nao teras absolutamente tal destino.” Jesus respondeu: “Para tras demim, Satanas! Tu es para mim pedra de tropeco, porque nao tens os pen-samentos de Deus, mas os de homens.” (Mat. 16:21-23) Jesus estava deci-dido a aceitar o proceder abnegado que Deus lhe havia designado. Paulotinha a mesma determinacao. Os irmaos em Tiro, assim como o apostoloPedro, sem duvida tinham boas intencoes, mas nao discerniam a vonta-de de Deus.

10 A ideia de poupar-se ou de adotar a lei do menor esforco atrai a mui-tos hoje. As pessoas de modo geral procuram uma religiao que as deixe a

7. O que os viajantes fizeram ao chegar a Tiro?8. Como devemos entender Atos 21:4?9, 10. (a) De qual situacao Paulo talvez se tenha lembrado ao ouvir a preocupacaodos irmaos em Tiro? (b) Que ideia e comum no mundo hoje, e como isso secontrasta com as palavras de Jesus?

“REALIZE-SE A VONTADE DE JEOV´A” 175

Page 178: De Testemunho Cabal

vontade e que nao exija muito de seusmembros. Em contraste com isso, Je-sus destacou a necessidade de ter umaatitude mental totalmente diferente. Eledisse a seus discıpulos: “Se alguem quervir apos mim negue-se a si mesmo eapanhe a sua estaca de tortura, e siga-me continuamente.” (Mat. 16:24) Seguira Jesus e o proceder sabio e correto,mas nao e o mais facil.

11 Logo chegou a hora de Paulo, Lucase os outros que estavam com eles pros-seguirem viagem. A descricao de suapartida e comovente. Mostra a afeicaoque os irmaos em Tiro tinham por Pauloe o grande apoio que davam ao ministe-rio dele. Os homens, as mulheres e ascriancas acompanharam Paulo e os ou-tros viajantes ate a praia. Como grupo,eles se ajoelharam e oraram, e entao sedespediram. Depois disso, Paulo, Lucase seus companheiros pegaram um bar-co e continuaram ate Ptolemaida, onde

encontraram os irmaos e ficaram com eles por um dia. — Atos 21:5-7.12 A seguir, Lucas relata, Paulo e os que viajavam com ele partiram para

Cesareia. Chegando la, eles ‘entraram na casa de Filipe, o evangelizador’.�(Atos 21:8) Eles devem ter se alegrado muito de ver Filipe. Uns 20 anosantes em Jerusalem, ele tinha sido designado pelos apostolos para aju-dar na distribuicao de alimentos na entao recem-formada congregacaocrista. Filipe tinha um longo registro de pregacao zelosa. Lembre-se deque, quando a perseguicao espalhou os discıpulos, Filipe foi para Sama-ria e comecou a pregar. Mais tarde, ele pregou ao eunuco etıope e o bati-zou. (Atos 6:2-6; 8:4-13, 26-38) Que excelente registro de servico fiel!

13 Filipe nao tinha perdido seu zelo pelo ministerio. Morando agora emCesareia, ele ainda estava ocupado na pregacao, conforme Lucas indicaao chama-lo de “o evangelizador”. Tambem ficamos sabendo que ele ago-ra tinha quatro filhas que profetizavam, o que sugere que elas seguiramos passos do pai.� (Atos 21:9) Isso mostra que Filipe deve ter se esforcadomuito para edificar a espiritualidade de sua famılia. Os chefes de famılia

� Veja o quadro “Cesareia — capital da provıncia romana da Judeia”, na pagina 174.� Veja o quadro “As mulheres podiam ser ministras cristas?” na pagina 177.

11. Como os discıpulos em Tiro mostraram que amavam e apoiavam Paulo?12, 13. (a) Que registro de servico fiel Filipe tinha? (b) Como Filipe e um bomexemplo para os chefes de famılia cristaos hoje?

Seguir o exemplo de Jesus exigeum esp

´ırito abnegado

Page 179: De Testemunho Cabal

fazem bem em imitar o exemplo de Filipe, tomando a dianteira no minis-terio e ajudando os filhos a desenvolver amor pelo servico de pregacao.

14 Num lugar apos outro, Paulo procurava os irmaos e passava tempocom eles. Com certeza os irmaos locais estavam ansiosos para mostrarhospitalidade a esse missionario viajante e seus companheiros. Essas vi-sitas sem duvida resultavam em “um intercambio de encorajamento”.(Rom. 1:11, 12) Hoje tambem ha oportunidades similares. Ha muitos be-nefıcios em abrir as portas de nosso lar, mesmo que seja humilde, paraum superintendente viajante e sua esposa.— Rom. 12:13.

“Estou pronto . . . para morrer”(Atos 21:10-14)

15 Durante o tempo em que Paulo ficoucom Filipe, chegou outro visitante respeita-do —

´Agabo. Os que estavam na casa de

Filipe sabiam que´

Agabo era profeta; elehavia predito uma grande fome durante oreinado de Claudio. (Atos 11:27, 28) Talvezeles se estivessem perguntando: ‘Por que´Agabo veio? Que mensagem ele traz?’ To-dos olhavam atentamente para

´Agabo en-

quanto ele pegava o cinto que Paulo usava— uma faixa de tecido que poderia guar-dar dinheiro e outros itens.

´Agabo amarrou

seus proprios pes e maos com esse cinto.Entao comecou a falar. Sua mensagem eramuito seria: “Assim diz o espırito santo: ‘Aohomem a quem pertence este cinto, os ju-deus amarrarao desta maneira em Jerusa-lem e o entregarao as maos de pessoas dasnacoes.’ ” — Atos 21:11.

16 A profecia confirmou que Paulo iria aJerusalem. Tambem indicou que seus tra-tos com os judeus ali resultariam em eleser entregue “as maos de pessoas das na-coes”. A profecia teve um profundo impactonos que estavam presentes. Lucas escreve:“Ora, quando ouvimos isso, tanto nos como

14. Sem duvida, qual foi o resultado das visitasde Paulo a seus irmaos cristaos, e que oportuni-dades similares existem hoje?15, 16. Que mensagem

´Agabo trouxe, e que efeito

ela teve nos que a ouviram?

“REALIZE-SE A VONTADE DE JEOV´A” 177

Qual era o papel das mulheres na congre-

gac˜ao crist

˜a do primeiro s

´eculo? Ser

´a que

elas podiam ser ministras?

Jesus instruiu seus seguidores a pregar

as boas novas do Reino e fazer disc´ıpulos.

(Mat. 28:19, 20; Atos 1:8) Essa comiss˜ao de

ser ministro das boas novas se aplica a to-

dos os crist˜aos, aos homens e

`as mulheres;

aos jovens e`as jovens. Isso pode ser visto

na profecia encontrada em Joel 2:28, 29.

O ap´ostolo Pedro mostrou que essa profe-

cia teve um cumprimento no Pentecostes de

33 EC: “ ‘Nos´ultimos dias’, diz Deus, ‘derra-

marei do meu esp´ırito sobre toda sorte de

carne, e vossos filhos e vossas filhas pro-

fetizar˜ao . . . e at

´e mesmo sobre os meus

escravos e sobre as minhas escravas derra-

marei naqueles dias do meu esp´ırito, e eles

profetizar˜ao’.” (Atos 2:17, 18) Conforme vi-

mos neste cap´ıtulo, o evangelizador Filipe

tinha quatro filhas que profetizavam. — Atos

21:8, 9.

Mas, no que diz respeito a ensinar na con-

gregac˜ao, a Palavra de Deus restringiu isso

a homens crist˜aos designados como supe-

rintendentes e servos ministeriais. (1 Tim.

3:1-13; Tito 1:5-9) Na verdade, Paulo dis-

se: “N˜ao permito que a mulher ensine ou

exerca autoridade sobre o homem, mas que

esteja em silˆencio.” — 1 Tim. 2:12.

AS MULHERES PODIAM SER

MINISTRAS CRIST˜

AS?

Page 180: De Testemunho Cabal

os daquele lugar comecamos a suplicar-lhe que nao subisse a Jerusalem.Paulo respondeu entao: ‘Que estais fazendo, chorando e enfraquecendo omeu coracao? Ficai certos de que estou pronto nao so para ser amarrado,mas tambem para morrer em Jerusalem pelo nome do Senhor Jesus.’ ”— Atos 21:12, 13.

17 Imagine a cena. Os irmaos, incluindo Lucas, tentam convencer Pauloa nao prosseguir viagem. Alguns choram. Comovido pela preocupacaoamorosa que os irmaos mostram por ele, Paulo carinhosamente diz queeles estao lhe “enfraquecendo o . . . coracao”, ou, como algumas traducoesvertem o grego, eles estao “partindo [seu] coracao”. Apesar disso, ele per-manece firme em sua decisao, e, assim como quando encontrou com osirmaos em Tiro, ele nao permitira que suplicas ou lagrimas o facam vaci-lar. Em vez disso, Paulo lhes explica por que ele deve prosseguir. Que co-ragem e determinacao ele mostrou! Assim como Jesus havia feito, Pauloestava decidido a ir a Jerusalem. (Heb. 12:2) Paulo nao estava procuran-do ser um martir, mas, se isso acontecesse, ele consideraria uma honramorrer como seguidor de Cristo Jesus.

18 Como os irmaos reagiram? Resumindo, eles reagiram respeitosamen-te. Lemos: “Quando ele nao se deixou dissuadir, assentimos com as pala-vras: ‘Realize-se a vontade de Jeova.’ ” (Atos 21:14) Os que tentaram con-vencer Paulo a nao ir a Jerusalem nao ficaram insistindo para que ascoisas ocorressem conforme eles queriam. Escutaram Paulo e cederam,reconhecendo e aceitando a vontade de Jeova, apesar de isso ser difıcilpara eles. Paulo tinha iniciado uma jornada que por fim o levaria a mor-te. Seria mais facil para ele se aqueles que o amavam nao tentassem faze-lo desistir.

19 Aprendemos uma importante licao do que aconteceu com Paulo:nunca queremos tentar convencer outros a nao se empenhar por umproceder abnegado no servico a Deus. Podemos aplicar essa licao a mui-tas situacoes, nao apenas as que envolvem vida ou morte. Por exemplo,ao passo que muitos pais cristaos acham difıcil ver seus filhos saıremde casa para servir a Jeova em designacoes distantes, eles estao decidi-dos a nao desencoraja-los. Phyllis, que mora na Inglaterra, lembra-se decomo se sentiu quando sua filha unica iniciou o servico missionario na´Africa. “Foi uma epoca em que fiquei muito emotiva”, disse Phyllis. “Paramim foi difıcil saber que ela ficaria tao longe. Eu fiquei triste e orgulho-sa ao mesmo tempo. Orei muito sobre isso. Mas a decisao era dela, e eununca tentei faze-la desistir. Afinal, eu sempre a havia ensinado a colo-car os interesses do Reino em primeiro lugar. Minha filha serve em de-signacoes no estrangeiro ha 30 anos, e eu agradeco a Jeova todos osdias pela fidelidade dela.” Como e bom quando apoiamos irmaos abne-gados!

17, 18. Como Paulo permaneceu firme em sua decisao, e como os irmaos reagiram?19. Que licao valiosa aprendemos do que aconteceu com Paulo?

178 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 181: De Testemunho Cabal

“Os irm˜aos nos receberam de bom grado” (Atos 21:15-17)

20 Foram feitos preparativos, e Paulo prosseguiu viagem. Alguns ir-maos de Cesareia o acompanharam, dando assim uma prova de seuapoio de todo o coracao.

´E interessante notar que em todos os pontos da

viagem ate Jerusalem, Paulo e os que o acompanhavam procuraram ocompanheirismo dos irmaos cristaos. La em Tiro, eles encontraram osdiscıpulos e permaneceram com eles por sete dias. Em Ptolemaida, cum-primentaram seus irmaos e passaram um dia com eles. E, em Cesareia,eles ficaram por alguns dias na casa de Filipe. A seguir, conforme men-cionado acima, alguns irmaos de Cesareia acompanharam Paulo e osoutros viajantes ate Jerusalem, onde todos foram acolhidos por Mnason,um antigo discıpulo. Lucas relata: “Ao chegarmos a Jerusalem, os ir-maos nos receberam de bom grado.” — Atos 21:17.

21 Fica claro que Paulo queria estar com os que tinham a mesma feque ele. O apostolo era encorajado por seus irmaos, assim como nostambem somos hoje. Sem duvida, esse encorajamento fortaleceu Paulopara enfrentar os opositores irados que tentariam mata-lo.

20, 21. O que mostra que Paulo desejava estar com seus irmaos, e por que elequeria estar com os que tinham a mesma fe que ele?

´E bom apoiarmos irm

˜aos abnegados

Page 182: De Testemunho Cabal

Nesta secao, acompanharemos o apostolo Paulo enquanto eleenfrenta turbas enfurecidas, suporta encarceramentos e com-parece diante do tribunal de uma autoridade romana aposoutra. Em todas essas circunstancias, o apostolo continua adar testemunho sobre o Reino de Deus. Ao analisar a emo-cionante conclusao do livro de Atos, pergunte-se: ‘Como possoimitar esse corajoso e zeloso evangelizador?’

S E C˜

A O 8 ˙ A T O S 2 1 : 1 8 – 2 8 : 3 1

PAULO PREGAO REINO DE DEUS

“SEM IMPEDIMENTO”ATOS 28:31

Page 183: De Testemunho Cabal

JERUSAL´

EM! Mais uma vez Paulo esta andando por suas ruas estreitase movimentadas. Nenhuma outra cidade na Terra esta tao intimamente li-gada a historia dos tratos de Jeova com o Seu povo. De modo geral, seushabitantes tem muito orgulho desse passado glorioso. Paulo sabe quegrande parte dos cristaos nessa cidade esta confiando demais no passa-do, deixando de acompanhar o desenrolar do proposito de Jeova. Dessemodo, Paulo ve que os irmaos ali sao carentes nao so em sentido material,o motivo pelo qual ele saiu de

´Efeso e retornou a Jerusalem, mas tambem

em sentido espiritual. (Atos 19:21) Apesar de saber dos perigos que oaguardavam, ele nao mudou seus planos de visitar a cidade.

2 O que Paulo enfrentara em Jerusalem? Um dos desafios vira dos pro-prios seguidores de Cristo, alguns dos quais estao perturbados com os ru-mores sobre Paulo. Desafios ainda maiores virao dos inimigos de Cris-to. Eles vao lancar acusacoes falsas contra Paulo, espanca-lo e ameacarmata-lo. Ao mesmo tempo, esses acontecimentos conturbados darao aPaulo a oportunidade de fazer uma defesa. Sua humildade, coragem e feao lidar com esses desafios fornecem um excelente exemplo aos cristaoshoje. Vejamos como.

“Comecaram a glorificar a Deus” (Atos 21:18-20a)

3 No dia seguinte a sua chegada a Jerusalem, Paulo e seus companhei-ros foram ver os anciaos que exerciam a lideranca na congregacao. Ne-nhum dos apostolos ainda vivos e mencionado no relato; talvez naquelaepoca todos eles ja tivessem partido para servir em outras partes do mun-do. No entanto, Tiago, irmao de Jesus, ainda estava la. (Gal. 2:9) Tiago pro-vavelmente presidiu a reuniao quando “todos os anciaos estavam presen-tes” com Paulo. — Atos 21:18.

4 Paulo cumprimentou os anciaos “e comecou a dar em pormenores umrelato das coisas que Deus fizera entre as nacoes por intermedio do mi-nisterio dele”. (Atos 21:19) Como aquele relato deve ter sido encorajador!

1, 2. O que levou o apostolo Paulo a voltar a Jerusalem, e que desafios eleenfrentaria ali?3-5. (a) A que reuniao Paulo esteve presente em Jerusalem, e o que foi falado ali?(b) Que licoes podemos aprender da reuniao de Paulo com os anciaos emJerusalem?

C A P´I T U L O 2 3

‘Oucam a minha defesa’Paulo defende a verdade diante

de turbas enfurecidas e do Sin´

edrio

Baseado em Atos 21:18–23:10

181

Page 184: De Testemunho Cabal

Hoje nos tambem ficamos animados ao ouvir a respeito do progresso daobra em outros paıses. — Pro. 25:25.

5 Em algum momento de seu discurso, Paulo deve ter se referido as con-tribuicoes que havia trazido da Europa. A preocupacao que os irmaos delugares distantes mostraram deve ter animado o coracao dos que ouviamo relatorio de Paulo, tanto que, em resultado disso, “[os anciaos] comeca-ram a glorificar a Deus”. (Atos 21:20a) Da mesma forma, muitos que hojeenfrentam catastrofes ou doencas graves ficam profundamente comovi-dos quando seus irmaos oferecem ajuda e palavras de encorajamento nahora certa.

Muitos ainda eram “zelosos da Lei” (Atos 21:20b, 21)

6 Os anciaos entao revelaram a Paulo que havia um problema na Judeiadiretamente relacionado com ele. Disseram: “Observas, irmao, quantosmilhares de crentes ha entre os judeus; e todos eles sao zelosos da Lei.Mas eles ouviram rumores a respeito de ti, de que tens ensinado a todosos judeus entre as nacoes uma apostasia contra Moises, dizendo-lhesque nao circuncidem os seus filhos nem andem nos costumes solenes.”�— Atos 21:20b, 21.

7 Por que, bem mais de 20 anos depois de a Lei mosaica ter sido aboli-da, tantos cristaos ainda insistiam que era necessario guarda-la? (Col.2:14) Em 49 EC, os apostolos e os anciaos reunidos em Jerusalem tinham

� Para cuidar das necessidades espirituais de tantos cristaos judeus, deve ter havidomuitas congregacoes que se reuniam em casas particulares.

6. De que problema Paulo ficou sabendo?7, 8. (a) Que modo de pensar equivocado alguns cristaos na Judeia tinham? (b) Porque o modo de pensar equivocado de alguns cristaos judeus nao significava queeles eram apostatas?

182

Page 185: De Testemunho Cabal

enviado uma carta as congregacoes explicando que nao era necessarioque os cristaos gentios se submetessem a circuncisao e obedecessem aLei mosaica. (Atos 15:23-29) Mas a carta nao havia mencionado os cris-taos judeus, muitos dos quais nao entendiam que a Lei mosaica nao eramais valida.

8 Sera que esse modo de pensar equivocado significava que aqueles dis-cıpulos judeus nao se qualificavam como cristaos? De modo algum. Naoera o caso de eles no passado terem sido adoradores de deuses pagaos eagora continuarem a seguir os costumes religiosos de sua fe anterior.A Lei que era tao importante para aqueles judeus tementes a Deus tinhasido dada por Jeova. Nao havia nada nela que fosse demonıaco ou erradoem si mesmo. Mas a Lei tinha a ver com o pacto anterior, ao passo que oscristaos estavam agora sob o novo pacto. No que dizia respeito a adoracaopura, as observancias do pacto da Lei estavam obsoletas. Os cristaos he-breus que eram zelosos da Lei nao entendiam esse ponto nem confiavamplenamente que a congregacao crista era agora o caminho para se obtera justica perante Deus. Eles precisavam harmonizar seu modo de pensarcom a revelacao progressiva da verdade.� — Jer. 31:31-34; Luc. 22:20.

“N˜ao h

´a nada nos rumores” (Atos 21:22-26)

9 Que dizer dos rumores de que Paulo estava ensinando os judeus entreas nacoes a ‘nao circuncidar os filhos nem andar nos costumes solenes’?

� Poucos anos depois, o apostolo Paulo escreveu sua carta aos hebreus, na qual de-monstrou a superioridade do novo pacto. Nessa carta, ele mostrou claramente que onovo pacto invalidou o pacto anterior. Alem de prover argumentos convincentes queos cristaos judeus poderiam usar ao responder aos judeus que os criticavam, a po-derosa linha de raciocınio de Paulo sem duvida fortaleceu a fe dos cristaos que da-vam enfase indevida a Lei mosaica. — Heb. 8:7-13.

9. O que Paulo ensinava a respeito da Lei mosaica?

Quando nenhum princ´ıpio b

´ıblico estava envolvido, Paulo cedia. Voc

ˆe faz o mesmo?

Page 186: De Testemunho Cabal

As autoridades romanas geralmente n˜ao

interferiam nos assuntos das prov´ıncias. De

modo geral, a lei judaica governava os assun-

tos judaicos. Os romanos s´o se envolveram

no caso de Paulo porque a turba que se for-

mou devido`a presenca dele no templo era

uma ameaca`a ordem p

´ublica.

As autoridades romanas tinham conside-r

´avel poder sobre os s

´uditos das prov

´ıncias

que n˜ao tinham cidadania romana. No en-

tanto, a situac˜ao era diferente em relac

˜ao

aos cidad˜aos romanos.� A cidadania con-

cedia`a pessoa certos privil

´egios que eram

reconhecidos e respeitados em todo o im-

p´erio. Era ilegal, por exemplo, prender ou

espancar um cidad˜ao romano que n

˜ao tives-

se sido condenado, visto que esse tipo de

tratamento era considerado pr´oprio apenas

para os escravos. Os cidad˜aos romanos tam-

b´em tinham o direito de apelar das decis

˜oes

do governador da prov´ıncia para o impera-

dor, em Roma.

A cidadania romana podia ser obtida dediversas maneiras. Uma delas era por heran-

ca. Vez por outra, os imperadores concediamcidadania a certos indiv

´ıduos ou

`a popula-

c˜ao livre de toda uma cidade ou distrito por

causa de servicos prestados. Escravos que

comprassem sua liberdade de um cidad˜ao

romano, ou que fossem libertados por umromano, ganhavam a cidadania. O mesmo

acontecia com veteranos das forcas arma-das auxiliares que fossem dispensados do

ex´ercito. Pelo visto, em determinadas cir-

cunstˆancias, tamb

´em era poss

´ıvel comprar a

cidadania, pois o comandante militar Cl´au-

dio L´ısias disse a Paulo: “Eu comprei estes

direitos de cidad˜ao por grande soma de di-

nheiro.” Paulo respondeu: “Eu at´e nasci

com eles.” (Atos 22:28) Assim, um dos ante-

passados masculinos de Paulo deve ter dealgum modo adquirido a cidadania romana,

embora n˜ao se saiba como isso aconteceu.

� No primeiro s´eculo EC, poucos cidad

˜aos romanos vi-

viam na Judeia. Foi somente no terceiro s´eculo que todos

os s´uditos das prov

´ıncias receberam cidadania romana.

A LEI ROMANA E OS CIDAD˜

AOS ROMANOS

Paulo era um apostolo para os gentios e,para eles, Paulo reafirmava a decisao deque os gentios nao precisavam obedecer aLei. Ele tambem expunha o erro de qual-quer um que tentasse persuadir os cris-taos gentios a realizar a circuncisao comosinal de obediencia a Lei mosaica. (Gal.5:1-7) Nas cidades que visitava, Paulo tam-bem pregava as boas novas aos judeus. Elecom certeza explicava aos judeus recepti-vos que a morte de Jesus havia tornadoa Lei obsoleta e que a pessoa podia obteruma posicao justa por meio da fe, nao porobras da Lei. — Rom. 2:28, 29; 3:21-26.

10 Ao mesmo tempo, Paulo mostrava con-sideracao por aqueles que se sentiam bemobservando alguns costumes judaicos,como nao trabalhar no sabado ou evitarcertos alimentos. (Rom. 14:1-6) E ele naoestabelecia regras sobre a circuncisao. Naverdade, Paulo circuncidou Timoteo paraque os judeus nao ficassem desconfiadosde Timoteo, cujo pai era grego. (Atos 16:3)A circuncisao era um assunto de decisaopessoal. Paulo disse aos galatas: “Nem acircuncisao nem a incircuncisao e de qual-quer valor, mas a fe que opera por interme-dio do amor e.” (Gal. 5:6) No entanto, sercircuncidado para estar de acordo com aLei ou apresentar essa pratica como algonecessario para ter a aprovacao de Jeovarevelaria falta de fe.

11 Assim, os rumores, embora infunda-dos, perturbavam os cristaos judeus. Poresse motivo, os anciaos deram a seguinteorientacao a Paulo: “Ha conosco quatro ho-mens que tem um voto sobre si. Toma con-tigo estes homens e purifica-te cerimonial-mente junto com eles, e toma conta dasdespesas deles, para que se lhes rape a ca-beca. E todos saberao assim que nao ha

10. Que atitude equilibrada Paulo tinha sobreassuntos relacionados a Lei e a circuncisao?11. Que orientacao os anciaos deram a Paulo,e o que estaria envolvido em segui-la? (Vejatambem a nota.)

Page 187: De Testemunho Cabal

nada nos rumores que se contavam acerca de ti, mas que estas andandoordeiramente, guardando tambem tu mesmo a Lei.”� — Atos 21:23, 24.

12 Paulo poderia ter alegado que o verdadeiro problema nao eram os ru-mores a respeito dele, e sim o zelo dos cristaos judeus pela Lei mosaica.Mas ele estava disposto a ceder, desde que nao tivesse de violar princıpiosdivinos. Algum tempo antes, ele tinha escrito: “Para os debaixo de lei tor-nei-me como debaixo de lei, embora eu mesmo nao estivesse debaixo delei, para ganhar os debaixo de lei.” (1 Cor. 9:20) Em harmonia com isso,Paulo cooperou com os anciaos de Jerusalem e se tornou ‘como que de-baixo de lei’. Ao fazer isso, ele estabeleceu um excelente exemplo para noshoje no que diz respeito a cooperar com os anciaos e a nao insistir em fa-zer as coisas do nosso jeito. — Heb. 13:17.

‘Ele n˜ao

´e apto para viver!’ (Atos 21:27–22:30)

13 As coisas nao foram bem no templo. Perto do fim do perıodo do cumpri-mento dos votos, judeus da

´Asia viram Paulo e falsamente o acusaram de

levar gentios ao templo, provocando um tumulto. Se o comandante militarromano nao tivesse intervindo, Paulo teria sido espancado ate a morte. Ain-da assim, o comandante romano prendeu o apostolo. A partir daquele dia,levaria mais de quatro anos para Paulo ganhar a liberdade novamente. Eele ainda nao estava fora de perigo. Quando o comandante perguntou aosjudeus por que estavam atacando Paulo, eles gritaram diferentes acusa-coes. No meio daquele tumulto, o comandante nao conseguiu entendernada. Por fim, o apostolo teve de ser literalmente carregado para um lugarmais seguro. Quando Paulo e os soldados romanos estavam para entrar noquartel, Paulo disse ao comandante: “Rogo-te . . . que me permitas falar aopovo.” (Atos 21:39) O comandante concordou, e Paulo corajosamente pas-sou a defender sua fe.

14 ‘Oucam a minha defesa’, comecou Paulo. (Atos 22:1) Paulo dirigiu-se amultidao em hebraico, o que fez com que eles se acalmassem. Ele explicou

� Eruditos sugerem que aqueles homens haviam feito um voto de nazireu. (Num. 6:1-21)

´E verdade que a Lei mosaica, sob a qual esse voto teria sido feito, nao era mais

valida. Mesmo assim, Paulo talvez tenha concluıdo que nao seria errado os homenscumprirem um voto feito a Jeova. Portanto, nao seria errado Paulo pagar as despesasdeles e acompanha-los. Nao sabemos exatamente que tipo de voto estava envolvido.De qualquer forma, e improvavel que Paulo tivesse apoiado a oferta de um sacrifıciode animais (como feito pelos nazireus), acreditando que isso purificaria os homensde seus pecados. O sacrifıcio perfeito de Cristo havia tirado desses sacrifıcios qual-quer valor expiatorio. O que quer que Paulo tenha feito, podemos estar certos de queele nao concordaria com nada que violasse sua consciencia.

12. Como a reacao de Paulo a orientacao dos anciaos em Jerusalem demonstrouuma atitude flexıvel e cooperadora?13. (a) Por que certos judeus causaram um tumulto no templo? (b) Como a vida dePaulo foi salva?14, 15. (a) O que Paulo explicou aos judeus? (b) O que o comandante romano fezpara descobrir o motivo do odio dos judeus?

‘OUCAM A MINHA DEFESA’ 185

Page 188: De Testemunho Cabal

com franqueza por que se tinha tornado seguidor de Cristo. Ao fazer isso,Paulo habilmente mencionou pontos que os judeus poderiam verificar sedesejassem. Paulo havia estudado aos pes do famoso Gamaliel e tinha per-seguido os seguidores de Cristo, conforme alguns dos presentes provavel-mente sabiam. Mas, quando estava a caminho de Damasco, ele teve uma vi-sao do ressuscitado Jesus, que falou com ele. Os companheiros de viagemde Paulo viram uma luz brilhante e escutaram uma voz, mas nao “ouviramcom entendimento” as palavras. (Atos 9:7; 22:9, nota) Depois disso, Paulo,que estava cego por causa da visao que havia tido, teve de ser conduzidopor seus companheiros ate Damasco. La Ananias, um homem conhecidopelos judeus daquela regiao, milagrosamente curou Paulo.

15 Paulo prosseguiu dizendo que, depois de seu retorno a Jerusalem, Je-sus apareceu a ele no templo. Nesse momento, os judeus ficaram muito agi-tados e clamaram: “Tira tal homem da terra, pois nao e apto para viver!”(Atos 22:22) Para salvar Paulo, o comandante fez com que ele fosse levadoao quartel. Decidido a descobrir o motivo do odio dos judeus contra Paulo,o comandante ordenou que Paulo fosse preparado para ser interrogadosob acoitamento. Paulo, porem, aproveitando-se de uma protecao legal quetinha a sua disposicao, revelou que era cidadao romano. De modo similarhoje, os adoradores de Jeova tem usado as protecoes legais disponıveispara defender a fe. (Veja o quadro “A lei romana e os cidadaos romanos”, napagina 184, e o quadro “Batalhas jurıdicas nos tempos atuais”, abaixo.) Aosaber da cidadania romana de Paulo, o comandante viu que teria de encon-

186 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Assim como o ap´ostolo Paulo, as Testemunhas

de Jeov´a hoje usam todo recurso legal dispon

´ı-

vel para defender seu direito de pregar as boas

novas. Elas tˆem sido zelosas em “defender e es-

tabelecer legalmente as boas novas”. — Fil. 1:7.

Nas d´ecadas de 20 e 30, centenas delas fo-

ram presas por distribuir publicac˜oes b

´ıblicas.

Por exemplo, em 1926, havia 897 casos penden-

tes em tribunais alem˜aes. As disputas jur

´ıdicas

eram tantas que foi necess´ario estabelecer um

departamento jur´ıdico na sede da Alemanha.

Nos anos 30, apenas nos Estados Unidos, ha-

via centenas de detenc˜oes todo ano por causa

da pregac˜ao de casa em casa. Em 1936, esse

n´umero subiu para 1.149. Com o objetivo de

fornecer amparo legal, um departamento jur´ıdi-

co tamb´em foi estabelecido nos Estados Unidos.

De 1933 a 1939, as Testemunhas de Jeov´a na

Romˆenia enfrentaram 530 processos judiciais.

Mas muitas apelac˜oes

`a Suprema Corte da Ro-

mˆenia tiveram decis

˜oes favor

´aveis. Situac

˜oes

parecidas ocorreram em muitos outros pa´ıses.

Dificuldades jur´ıdicas surgem quando crist

˜aos,

por quest˜ao de consci

ˆencia, n

˜ao concordam em

participar de atividades que violariam sua neu-tralidade. (Isa. 2:2-4; Jo

˜ao 17:14) Opositores os

tˆem acusado falsamente de sedic

˜ao, o que

`as

vezes resulta em total proscric˜ao de suas ati-

vidades. Mas, com o passar dos anos, muitosgovernos t

ˆem reconhecido que as Testemunhas

de Jeov´a n

˜ao representam nenhuma ameaca a

eles.�

� Para uma considerac˜ao das vit

´orias jur

´ıdicas das Testemu-

nhas de Jeov´a em v

´arios pa

´ıses, veja o cap

´ıtulo 30 do livro Tes-

temunhas de Jeov´

a — Proclamadores do Reino de Deus.

BATALHAS JUR´IDICAS NOS TEMPOS ATUAIS

Page 189: De Testemunho Cabal

trar outra maneira de obter mais informa-coes. No dia seguinte, ele apresentou Pauloperante o Sinedrio, o supremo tribunal dosjudeus, que se reuniu especialmente paraisso.

“Eu sou fariseu” (Atos 23:1-10)

16 Comecando sua defesa perante o Si-nedrio, Paulo disse: “Homens, irmaos, eume comportei perante Deus com uma cons-ciencia perfeitamente limpa, ate o dia dehoje.” (Atos 23:1) Ele nao conseguiu falarmais do que isso. O relato diz: “Em vista dis-so, o sumo sacerdote Ananias mandou queos que estavam em pe junto dele lhe bates-sem na boca.” (Atos 23:2) Que insulto! Eque demonstracao de preconceito, tacharPaulo de mentiroso antes de quaisquer pro-vas terem sido apresentadas! Nao e de ad-mirar que Paulo tenha respondido: “Deuste batera, parede caiada. Assentas-te tu aomesmo tempo para me julgar segundo a Lei,e, transgredindo a Lei, mandas que me ba-tam?” — Atos 23:3.

17 Alguns dos presentes ficaram choca-dos — nao com aquele que bateu em Paulo, mas com a reacao do apostolo.Eles exigiram uma explicacao: “Injurias tu o sumo sacerdote de Deus?” Emresposta, Paulo deu-lhes uma licao de humildade e respeito pela Lei. Eledisse: “Irmaos, eu nao sabia que era o sumo sacerdote. Pois esta escri-to: ‘Nao deves falar injuriosamente dum governante do teu povo.’ ”� (Atos23:4, 5;

ˆExo. 22:28) Paulo adotou entao uma estrategia diferente. Tendo no-

tado que o Sinedrio era composto de fariseus e saduceus, ele disse: “Ho-mens, irmaos, eu sou fariseu, filho de fariseus.

´E por causa da esperanca

da ressurreicao dos mortos que estou sendo julgado.” — Atos 23:6.18 Por que Paulo disse que era fariseu? Porque ele era “filho de fari-

seus” — de uma famılia que pertencia aquela seita. Assim, muitos ainda o

� Alguns sugerem que Paulo nao reconheceu o sumo sacerdote porque tinha visaofraca. Ou pode ser que, por ter ficado tanto tempo fora de Jerusalem, ele nao tenhaconseguido reconhecer o sumo sacerdote em exercıcio. Outra possibilidade e que, porcausa da multidao, Paulo simplesmente nao pode ver quem deu a ordem para que ba-tessem nele.

16, 17. (a) Descreva o que aconteceu quando Paulo falou ao Sinedrio. (b) Ao sergolpeado, como Paulo deu um exemplo de humildade?18. Por que Paulo disse que era fariseu, e como podemos usar uma linha deraciocınio similar em determinadas circunstancias?

Assim como Paulo, n´os procuramos

estabelecer uma base de comum acordoquando falamos com pessoas

de outra religi˜ao

Page 190: De Testemunho Cabal

considerariam fariseu.�Mas como Paulo podia associar sua crenca na res-surreicao com a dos fariseus? Relata-se que os fariseus acreditavam queuma alma consciente sobrevivia a morte e que a alma dos justos viveria no-vamente num corpo humano. Paulo nao concordava com essas crencas.Ele cria na ressurreicao conforme ensinada por Jesus. (Joao 5:25-29) Ain-da assim, Paulo concordava com os fariseus na questao de que havia espe-ranca de vida apos a morte, o que era contrario ao que os saduceus ensina-vam, pois eles nao acreditavam em uma vida futura. Nos podemos usaruma linha de raciocınio similar ao conversar com catolicos e protestantes.Podemos dizer que, assim como eles, nos acreditamos em Deus.

´E verdade

que eles talvez acreditem na Trindade ao passo que nos cremos no Deus daBıblia. Ainda assim, tanto eles como nos acreditamos que Deus existe.

19 A declaracao de Paulo dividiu o Sinedrio. O relato diz: “Irrompeu . . .uma grande gritaria, e alguns dos escribas do partido dos fariseus se le-vantaram e comecaram a contender ferozmente, dizendo: ‘Nao achamosnada de errado neste homem; mas, se um espırito ou um anjo falou comele —.’ ” (Atos 23:9) A simples ideia de que um anjo talvez tivesse falado comPaulo era repugnante para os saduceus, que nao acreditavam em anjos.(Veja o quadro “Os saduceus e os fariseus”, abaixo.) O tumulto ficou taogrande que o comandante militar romano mais uma vez salvou o apostolo.(Atos 23:10) Mesmo assim, Paulo nao estava fora de perigo. O que aconte-ceria com o apostolo agora? Aprenderemos mais no capıtulo seguinte.

� Em 49 EC, quando os apostolos e os anciaos estavam analisando se os gentios ti-nham de obedecer a Lei mosaica, alguns dos cristaos presentes foram identificadoscomo “dos da seita dos fariseus, que haviam crido”. (Atos 15:5) Pelo visto, aquelescristaos ainda eram, em certo sentido, identificados com sua formacao farisaica.

19. Por que a reuniao do Sinedrio acabou em tumulto?

188 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

O Sin´edrio, conselho administrativo nacional

e supremo tribunal dos judeus, era controladopor duas seitas rivais — os saduceus e os fari-seus. De acordo com Fl

´avio Josefo, historiador

do primeiro s´eculo, a principal diferenca entre

esses dois grupos era que os fariseus procura-vam impor

`as pessoas um grande n

´umero de

observˆancias tradicionais, ao passo que os sa-

duceus consideravam obrigat´orio apenas o que

estava escrito na Lei de Mois´es. As duas escolas

de pensamento estavam unidas em sua oposi-c

˜ao a Jesus.

Parece que os saduceus, que basicamenteeram conservadores, tinham fortes ligac

˜oes com

o sacerd´ocio. Tudo indica que An

´as e Caif

´as,

que haviam sido sumos sacerdotes, pertenciama essa seita poderosa. (Atos 5:17) Josefo diz, po-r

´em, que os ensinos dessa seita “s

´o persuadiam

os ricos”.

Por outro lado, os fariseus exerciam grande in-flu

ˆencia sobre as massas. Mas seus conceitos,

que inclu´ıam a insist

ˆencia na excessiva pureza

cerimonial, tornavam a observˆancia da Lei um

fardo para as pessoas. Diferentemente dos sadu-ceus, os fariseus atribu

´ıam muita import

ˆancia ao

destino e acreditavam que a alma sobrevivia`a

morte, ap´os a qual a alma receberia o que mere-

cia — uma recompensa por suas virtudes ou umapunic

˜ao por seus pecados.

OS SADUCEUS E OS FARISEUS

Page 191: De Testemunho Cabal

PAULO acaba de ser arrancado das garras de uma turba furiosa em Je-rusalem e esta novamente preso. A perseguicao que o zeloso apostoloesta enfrentando nessa cidade nao o surpreende. Foi-lhe dito que espe-rasse sofrer “lacos e tribulacoes” ali. (Atos 20:22, 23) E, embora nao saibaexatamente o que o aguarda, Paulo sabe que continuara a sofrer pelonome de Jesus. — Atos 9:16.

2 Ate mesmo profetas cristaos avisaram Paulo que ele seria preso e en-tregue “as maos de pessoas das nacoes”. (Atos 21:4, 10, 11) Nao faz muitotempo que uma multidao de judeus tentou mata-lo, e pouco depois pare-cia que ele ‘seria dilacerado’ pelos membros do Sinedrio enquanto elesdiscutiam por causa dele. Agora o apostolo e prisioneiro sob a guardade soldados romanos e esta aguardando mais julgamentos e acusacoes.(Atos 21:31; 23:10) Realmente, o apostolo Paulo precisa de encorajamento.

3 Neste tempo do fim, sabemos que “todos os que desejarem viver comdevocao piedosa em associacao com Cristo Jesus tambem serao perse-guidos”. (2 Tim. 3:12) De tempos em tempos, nos tambem precisamos deencorajamento para continuar nossa obra de pregacao. Somos muito gra-tos pelas oportunas e animadoras palavras que recebemos por meio daspublicacoes e das reunioes providenciadas pelo “escravo fiel e discreto”.(Mat. 24:45) Jeova nos garante que nenhum inimigo das boas novas serabem-sucedido. Eles nao vao destruir os servos de Deus como grupo nemimpedir sua obra de pregacao. (Isa. 54:17; Jer. 1:19) Mas que dizer doapostolo Paulo? Sera que ele recebeu encorajamento para continuar dan-do testemunho cabal sobre o Reino de Deus apesar de oposicao? Em casoafirmativo, qual foi o encorajamento, e como ele reagiu?

Uma “conspirac˜ao juramentada” falha (Atos 23:11-34)

4 O apostolo Paulo recebeu o tao necessario encorajamento na noiteapos ter sido resgatado do tumulto no Sinedrio. O relato inspirado nosdiz: “O Senhor estava em pe ao lado dele e disse: ‘Tem coragem! Pois

1, 2. Por que a perseguicao que Paulo enfrentou em Jerusalem nao o surpreendeu?3. De onde nos recebemos encorajamento para continuar nossa obra de pregacao?4, 5. Que encorajamento Paulo recebeu, e por que esse encorajamento chegou nahora certa?

C A P´I T U L O 2 4

“Tem coragem!”Os judeus tramam matar Paulo,e ele se defende perante F

´elix

Baseado em Atos 23:11–24:27

189

Page 192: De Testemunho Cabal

“Mais de quarenta homens deles est˜

ao de tocaia.”

— Atos 23:21

Page 193: De Testemunho Cabal

assim como tens dado testemunho cabal em Jerusalem concernente ascoisas a respeito de mim, teras de dar tambem testemunho em Roma.’ ”(Atos 23:11) Com essas palavras encorajadoras de Jesus, Paulo obteve ga-rantia de livramento. Ele soube que sobreviveria para chegar a Roma eque teria o privilegio de dar testemunho sobre Jesus ali.

5 O encorajamento que Paulo recebeu chegou na hora certa. No dia se-guinte, mais de 40 judeus “formaram uma conspiracao e obrigaram-secom uma maldicao, dizendo que nem comeriam nem beberiam ate mata-rem Paulo”. Aqueles judeus estavam tao determinados a se livrar do apos-tolo que juraram mata-lo, acreditando que sofreriam uma maldicao, ouuma desgraca, se nao fizessem isso. (Atos 23:12-15) O plano deles, apro-vado pelos anciaos e principais sacerdotes, era chamar Paulo ao Sinedriopara mais um interrogatorio, como que para esclarecer certos assuntossobre ele. Mas, no caminho que levava ao Sinedrio, os conspiradores esta-riam de tocaia para atacar Paulo e mata-lo.

6 O sobrinho de Paulo, porem, ficou sabendo da trama e contou a ele.Paulo, por sua vez, fez com que o jovem relatasse isso ao comandante mi-litar romano Claudio Lısias. (Atos 23:16-22) Com certeza Jeova ama os jo-vens que, assim como esse sobrinho de Paulo cujo nome nao e menciona-do, corajosamente colocam o bem-estar do povo de Deus a frente de seuproprio e fielmente fazem tudo que podem para promover os interessesdo Reino.

7 Ao saber da trama contra Paulo, Claudio Lısias, que comandava milhomens, imediatamente ordenou que uma guarda militar de 470 solda-dos, lanceiros e cavaleiros fosse formada para deixar Jerusalem naquelanoite e levar Paulo em seguranca a Cesareia. Uma vez la, ele seria entre-gue ao Governador Felix.� Cesareia era a capital administrativa da Ju-deia e o lugar onde ficava o principal quartel das forcas militares roma-nas dessa provıncia. Um numero consideravel de judeus morava nessacidade, mas a maior parte da populacao era gentia. A ordem publica ali secontrastava com a de Jerusalem, onde muitos demonstravam forte pre-conceito religioso e se envolviam em turbas.

8 Cumprindo a lei romana, Lısias enviou uma carta a Felix explicandoo caso. Lısias mencionou que, ao saber que Paulo era cidadao romano, eleo resgatou para que este nao fosse “eliminado” pelos judeus. Lısias disseque nao encontrou em Paulo nenhuma falta que “merecesse a morte oulacos”, mas, por causa de uma trama contra Paulo, ele o estava entregan-do a Felix para que o governador pudesse ouvir os acusadores e decidiro caso. — Atos 23:25-30.

� Veja o quadro “Felix — procurador da Judeia”, na pagina 193.

6. Como a trama de matar Paulo foi descoberta, e o que os jovens de hoje podemaprender desse relato?7, 8. Que providencias Claudio Lısias tomou para garantir a seguranca de Paulo?

“TEM CORAGEM!” 191

Page 194: De Testemunho Cabal

9 Sera que Lısias foi verıdico no que escreveu? Nao totalmente. Pareceque ele estava tentando causar uma boa impressao. Nao foi por ter desco-berto que Paulo era cidadao romano que Lısias o resgatou. Alem disso, Lı-sias nao mencionou que tinha mandado ‘amarrar Paulo com duas ca-deias’ nem que mais tarde tinha ordenado que ele fosse “examinado sobacoites”. (Atos 21:30-34; 22:24-29) Com essas acoes, Lısias tinha violadoos direitos de Paulo como cidadao romano. Hoje, Satanas usa o fanatis-mo religioso dos opositores para aticar as chamas da perseguicao, e podeser que tenhamos nossa liberdade civil violada. Mas, como Paulo, os ser-vos de Deus podem muitas vezes se valer dos direitos que tem como cida-daos de determinado paıs e procurar a protecao da lei.

“Falo prontamente em minha defesa” (Atos 23:35–24:21)

10 Em Cesareia, Paulo foi “mantido sob guarda, no palacio pretoriano deHerodes”, para esperar ate que os acusadores chegassem de Jerusalem.(Atos 23:35) Cinco dias depois, eles chegaram — o Sumo Sacerdote Ana-nias, um orador publico chamado Tertulo e um grupo de anciaos. Tertuloprimeiro elogiou Felix pelo que ele estava fazendo em prol dos judeus,pelo visto para deixa-lo lisonjeado e obter seu favor.� Entao, indo para oponto em questao, Tertulo referiu-se a Paulo da seguinte maneira: “Estehomem e uma peste e atica sedicoes entre todos os judeus, por toda a ter-ra habitada, e . . . e ponta de lanca da seita dos nazarenos, um que tentoutambem profanar o templo e de quem nos apoderamos.” Os judeus queestavam com ele “juntaram-se ao ataque, asseverando que todas estascoisas eram assim”. (Atos 24:5, 6, 9) Aticar sedicao, liderar uma seita pe-rigosa e profanar o templo — essas eram acusacoes serias e poderiam re-sultar em pena de morte.

11 Paulo entao teve permissao para falar. “Falo prontamente em mi-nha defesa”, comecou ele. Paulo foi taxativo ao negar todas as acusacoes.O apostolo nao tinha profanado o templo nem tinha tentado aticar sedi-cao. Ele destacou que, na verdade, havia ficado fora de Jerusalem por“certo numero de anos” e que tinha chegado com “dadivas de misericor-

� Tertulo agradeceu a Felix pela “grande paz” que ele trouxe a nacao. No entanto, averdade era que durante o governo de Felix houve menos paz na Judeia do que emqualquer outra administracao ate a revolta contra Roma. Tambem estava longe de serverdade dizer que os judeus tinham “grande gratidao” pelas reformas que Felix tinhafeito. Na realidade, Felix era desprezado pela maioria dos judeus por ter tornado avida deles opressiva e por usar de brutalidade para acabar com as revoltas do povo.— Atos 24:2, 3.

9. (a) De que maneira os direitos de Paulo como cidadao romano foram violados?(b) Por que talvez seja preciso nos valer dos nossos direitos como cidadaos dedeterminado paıs?10. Que acusacoes serias foram levantadas contra Paulo?11, 12. Como Paulo refutou as acusacoes contra ele?

192 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 195: De Testemunho Cabal

Por volta de 52 EC, o imperador

romano Cl´audio designou Ant

ˆonio

F´elix, um de seus protegidos, como

procurador, ou governador, da Ju-

deia. F´elix era um escravo liberto

que, assim como seu irm˜ao Palas,

havia sido escravo da fam´ılia do

imperador. A designac˜ao de um ex-

escravo para o cargo de procurador

com poderes militares era algo sem

precedentes.

Por causa da influˆencia que seu

irm˜ao tinha sobre o imperador, F

´elix “acredita-

va que podia cometer todo tipo de barbaridade

sem ser punido”, diz o historiador romano T´acito.

Como procurador, F´elix “praticava toda esp

´ecie de

crueldade e lasc´ıvia, exercendo o

poder de rei com todos os instintos

dum escravo”. Durante seu manda-

to como procurador, F´elix casou-se

com Drusila, filha de Herodes Agri-

pa I, depois de a ter seduzido a

abandonar o marido. F´elix tratou o

ap´ostolo Paulo de forma corrupta

e ilegal, achando que poderia rece-

ber suborno dele.

A administrac˜ao de F

´elix era t

˜ao

corrupta e opressiva que em 58 EC

o Imperador Nero o destituiu do cargo e mandouque voltasse para Roma. Um grupo de judeus via-

jou para l´a a fim de acus

´a-lo de corrupc

˜ao, mas

relata-se que Palas livrou seu irm˜ao da punic

˜ao.

ELIX — PROCURADOR DA JUDEIA

dia” — contribuicoes para os cristaos cuja pobreza talvez fosse resultadoda fome e da perseguicao. Paulo insistiu que estava “cerimonialmentelimpo” antes de entrar no templo e que se esforcava para ter a conscien-cia limpa de “nao ter cometido ofensa contra Deus e homens”. — Atos24:10-13, 16-18.

12 Paulo admitiu, porem, ter prestado servico sagrado ao Deus de seusantepassados ‘segundo o caminho que eles chamavam de “seita” ’. Masele insistiu que acreditava em “todas as coisas expostas na Lei e escri-tas nos Profetas” e que, assim como seus acusadores, ele tinha a espe-ranca de “uma ressurreicao tanto de justos como de injustos”. Pauloentao desafiou seus acusadores: “Que os homens aqui digam de si mes-mos o que acharam de errado, quando eu estava perante o Sinedrio, ex-ceto com respeito a esta unica pronunciacao que clamei enquanto esta-va diante deles: ‘

´E por causa da ressurreicao dos mortos que hoje estou

sendo julgado diante de vos!’ ” — Atos 24:14, 15, 20, 21.13 Paulo estabeleceu um bom exemplo para nos imitarmos caso seja-

mos alguma vez levados perante autoridades por causa de nossa ado-racao e sejamos acusados falsamente de ser agitadores, sediciosos oumembros de uma “seita perigosa”. Diferentemente de Tertulo, Paulo naotentou bajular o governador com palavras lisonjeiras. Paulo permane-ceu calmo e foi respeitoso. Usando de tato, ele deu um testemunho claroe verdadeiro. Ele mencionou que os “judeus do distrito da

´Asia” que o

haviam acusado de profanar o templo nao estavam presentes e que,

13-15. Por que podemos considerar Paulo um bom exemplo de alguem que deu umcorajoso testemunho diante de autoridades?

Page 196: De Testemunho Cabal

legalmente, ele tinha o direito de confronta-los e ouvir suas acusacoes.— Atos 24:18, 19.

14 O mais notavel e que Paulo nao se refreou de dar testemunho sobresuas crencas. Com coragem, o apostolo reiterou sua crenca na ressurrei-cao, a mesma questao que havia criado um tumulto quando ele estavadiante do Sinedrio. (Atos 23:6-10) Por que Paulo enfatizou a esperancada ressurreicao ao fazer sua defesa? Porque era a questao da ressurrei-cao — e, mais especificamente, a crenca em Jesus e na Sua ressurrei-cao — que estava no centro da controversia. De fato, Paulo estava nessasituacao por ter dado testemunho sobre Jesus e sobre Sua ressurreicao— algo que aqueles opositores se recusavam a aceitar. — Atos 26:6-8,22, 23.

15 Como Paulo, nos podemos dar um testemunho corajoso e derivarforcas do que Jesus disse a seus discıpulos: “Vos sereis pessoas odiadaspor todos, por causa do meu nome. Mas aquele que tiver perseverado ateo fim e o que sera salvo.” Sera que devemos nos preocupar com o que di-zer? Nao, pois Jesus deu a seguinte garantia: “Quando vos levarem paravos entregar, nao estejais ansiosos de antemao sobre o que haveis de fa-lar; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque nao sois vosquem fala, mas o espırito santo.” — Mar. 13:9-13.

“F´elix ficou amedrontado” (Atos 24:22-27)

16 Essa nao foi a primeira vez que o Governador Felix tinha ouvido so-bre a fe crista. O relato diz: “Sabendo Felix com bastante exatidao os as-suntos referentes a este Caminho [primeiro termo usado para se referirao cristianismo], comecou a livrar-se dos homens com evasivas e disse:‘Quando Lısias, o comandante militar, descer, decidirei estes assuntosque vos envolvem.’ E ele ordenou ao oficial do exercito que o homem fos-se guardado e que houvesse algum abrandamento da detencao, e quenao proibisse a nenhum do seu povo que o servisse.” — Atos 24:22, 23.

17 Alguns dias mais tarde, Felix, com sua esposa Drusila, uma judia,mandou chamar Paulo e “escutou sobre a crenca em Cristo Jesus”. (Atos24:24) No entanto, quando Paulo falou sobre “a justica, o autodomınio eo julgamento por vir, Felix ficou amedrontado”, possivelmente porqueessas coisas incomodavam sua consciencia devido ao proceder inıquoque tinha. Entao ele dispensou Paulo, dizendo: “Por ora vai-te embora,mas, quando eu tiver um tempo oportuno, mandarei buscar-te novamen-te.” Felix viu Paulo muitas vezes depois disso nao porque queria apren-der a verdade, mas porque esperava que Paulo o subornasse. — Atos24:25, 26.

16, 17. (a) Como Felix agiu no julgamento de Paulo? (b) Por que talvez Felix tenhaficado com medo, mas por qual motivo continuou a ver Paulo?

194 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 197: De Testemunho Cabal

18 Por que Paulo falou com Felix e sua esposa sobre “a justica e o auto-domınio, e o julgamento por vir”? Lembre-se de que eles queriam saber oque estava envolvido na “crenca em Cristo Jesus”. Paulo, que conhecia ohistorico de imoralidade, crueldade e injustica que eles tinham, estavadeixando bem claro o que se esperava de todos que quisessem se tornarseguidores de Jesus. O que Paulo disse mostrou o nıtido contraste entreos padroes justos de Deus e o modo de vida que Felix e sua esposa leva-vam. Isso deveria te-los ajudado a ver que todos os humanos tem de pres-tar contas a Deus pelo que pensam, dizem e fazem, e que mais importan-te do que o julgamento que Paulo receberia era o julgamento que elesteriam diante de Deus. Nao e de admirar que Felix tenha ‘ficado ame-drontado’!

19 No nosso ministerio, talvez encontremos pessoas como Felix. A prin-cıpio, elas podem parecer interessadas na verdade, mas na realidade naoquerem mudar seu proceder egoısta. Devemos ser cautelosos ao ajudartais pessoas. Mas, assim como Paulo, podemos usar de tato ao mostrar-lhes os padroes justos de Deus. Talvez a verdade toque o coracao delas.No entanto, se ficar evidente que elas nao tem nenhum interesse emabandonar o modo de vida pecaminoso, nos nao insistiremos em conven-ce-las a mudar. Em vez disso, usaremos nosso tempo para procurar pes-soas que realmente estao buscando a verdade.

20 No caso de Felix, vemos a verdadeira condicao de seu coracao nestaspalavras: “Decorridos dois anos, Felix foi sucedido por Porcio Festo; e,visto que Felix desejava ganhar o favor dos judeus, deixou Paulo pre-so.” (Atos 24:27) Felix com certeza nao estava genuinamente interessadono bem-estar de Paulo. Felix sabia que os seguidores do “Caminho” naoeram sediciosos nem revolucionarios. (Atos 19:23) Ele tambem sabia quePaulo nao tinha violado nenhuma lei romana. Mesmo assim, Felix man-teve o apostolo preso para poder “ganhar o favor dos judeus”.

21 Conforme mostra o ultimo versıculo do capıtulo 24 de Atos, Pauloainda estava preso quando Porcio Festo sucedeu Felix como governador.Com isso, Paulo foi entregue a essa outra autoridade, e deu-se inıcio auma serie de audiencias. De fato, esse corajoso apostolo foi ‘arrastado pe-rante reis e governadores’. (Luc. 21:12) Como veremos, ele mais tarde deutestemunho ao governante mais poderoso de seus dias. Durante tudoisso, Paulo nunca vacilou na sua fe. Sem duvida ele continuou a derivarforcas das palavras de Jesus: “Tem coragem!”

18. Por que Paulo falou com Felix e sua esposa sobre “a justica e o autodomınio,e o julgamento por vir”?19, 20. (a) No nosso ministerio, como devemos lidar com pessoas que pareceminteressadas na verdade, mas que na realidade nao querem mudar seu procederegoısta? (b) Como sabemos que Felix nao estava genuinamente interessado nobem-estar de Paulo?21. O que aconteceu com Paulo depois que Porcio Festo se tornou governador,e o que sem duvida continuou a fortalecer Paulo?

“TEM CORAGEM!” 195

Page 198: De Testemunho Cabal

PAULO continua sob forte vigilancia em Cesareia. Dois anos antes,quando havia retornado a Judeia, os judeus tentaram mata-lo pelo me-nos tres vezes em questao de poucos dias. (Atos 21:27-36; 23:10, 12-15,27) Ate agora seus inimigos nao foram bem-sucedidos, mas ainda naodesistiram. Ao perceber que pode cair nas maos deles, Paulo diz ao go-vernador romano Festo: “Apelo para Cesar!” — Atos 25:11.

2 Sera que Jeova apoiou a decisao de Paulo de apelar para o impera-dor de Roma? A resposta e importante para nos que damos testemunhocabal sobre o Reino de Deus neste tempo do fim. Precisamos saber sePaulo estabeleceu um exemplo para nos no que se refere a “defender eestabelecer legalmente as boas novas”. — Fil. 1:7.

“Perante a cadeira de juiz” (Atos 25:1-12)

3 Tres dias depois de tomar posse como governador da Judeia, Festofoi a Jerusalem.� La ele ouviu os principais sacerdotes e os homens dedestaque dos judeus acusarem Paulo de ter cometido crimes graves.Eles sabiam que o novo governador estava sendo pressionado a mantera paz com eles e com todos os judeus. Assim, pediram um favor a Festo:trazer Paulo a Jerusalem e julga-lo ali. Mas havia um plano maligno portras desse pedido. Os inimigos de Paulo estavam planejando mata-lo naestrada que ia de Cesareia a Jerusalem. Festo recusou o pedido, dizendo:“Descam comigo [a Cesareia] os que estao em poder entre vos e o acu-sem, se ha algo de condenavel nesse homem.” (Atos 25:5) Desse modo,Paulo escapou mais uma vez da morte.

4 Durante todas as provacoes de Paulo, Jeova o sustentou por meio doSenhor Jesus Cristo. Lembre-se de que, em uma visao, Jesus disse a seuapostolo: “Tem coragem!” (Atos 23:11) Hoje, os servos de Deus tambem

� Veja o quadro “O procurador romano Porcio Festo”, na pagina 199.

1, 2. (a) Em que situacao Paulo se encontrava? (b) Que pergunta surge quanto adecisao de Paulo de apelar para Cesar?3, 4. (a) O que estava por tras do pedido dos judeus de levar Paulo a Jerusalem,e como ele escapou da morte? (b) Como Jeova sustenta seus servos hoje, assimcomo fez com Paulo?

C A P´I T U L O 2 5

“Apelo para C´esar!”

Paulo estabelece um exemplode como defender as boas novas

Baseado em Atos 25:1–26:32

196

Page 199: De Testemunho Cabal

enfrentam obstaculos e ameacas. Jeova nao nos protege de todas as di-ficuldades, mas nos da a sabedoria e a forca necessarias para perseve-rar. Sempre podemos contar com “o poder alem do normal” que nossoamoroso Deus nos da. — 2 Cor. 4:7.

5 Alguns dias mais tarde, Festo “assentou-se na cadeira de juiz” em Ce-sareia.� Diante dele estavam Paulo e os acusadores. Em resposta as acu-sacoes infundadas de seus inimigos, Paulo rebateu: “Nem contra a Leidos judeus, nem contra o templo, nem contra Cesar cometi qualquer pe-cado.” O apostolo era inocente e merecia ser libertado. Qual seria a deci-sao de Festo? Querendo obter o favor dos judeus, ele perguntou a Paulo:“Desejas subir a Jerusalem e ser julgado ali diante de mim a respeitodessas coisas?” (Atos 25:6-9) Que proposta absurda! Se Paulo fosse en-viado de volta a Jerusalem, ele seria julgado por seus acusadores, e suamorte seria certa. Nesse respeito, Festo estava colocando seus interessespolıticos acima da verdadeira justica. Um governador anterior, Poncio Pi-latos, havia agido de forma parecida num caso envolvendo um prisio-neiro muito mais importante. (Joao 19:12-16) Atualmente, alguns juı-zes talvez tambem cedam a pressao polıtica. Assim, nao devemos ficar

� A “cadeira de juiz” era uma cadeira colocada sobre uma plataforma. Ficava nessaposicao elevada para indicar que as decisoes do juiz tinham peso e carater decisivo.Pilatos sentou-se em uma cadeira de juiz quando examinou as acusacoes contra Je-sus.

5. Como Festo lidou com Paulo?

N´os apelamos de decis

˜oes judiciais desfavor

´aveis

“APELO PARA C´

ESAR!” 197

Page 200: De Testemunho Cabal

surpresos quando tribunais se decidem contrario as provas em casosenvolvendo o povo de Deus.

6 O desejo de Festo de agradar os judeus poderia ter colocado a vida dePaulo em perigo. Por isso, Paulo valeu-se de um direito que tinha comocidadao romano. Ele disse a Festo: “Estou perante a cadeira de juiz deCesar, onde devo ser julgado. Nao tenho feito nenhuma injustica aos ju-deus, como tu mesmo estas descobrindo muito bem. . . . Apelo para Ce-sar!” Uma vez feito, um apelo como esse geralmente nao podia ser revo-gado. Festo enfatizou isso ao dizer: “Para Cesar apelaste, para Cesariras.” (Atos 25:10-12) Por apelar a uma autoridade jurıdica superior, Pau-lo estabeleceu um precedente para os cristaos verdadeiros hoje. Quandoopositores tentam causar “desgraca por meio de decreto”, as Testemu-nhas de Jeova se valem de recursos jurıdicos para defender as boasnovas.� — Sal. 94:20.

7 Assim, depois de dois anos na prisao, acusado de crimes que nao co-meteu, foi concedida a Paulo a oportunidade de apresentar seu caso emRoma. Mas, antes de Paulo partir, outro governante quis ve-lo.

“N˜ao me tornei desobediente” (Atos 25:13–26:23)

8 Alguns dias depois de Paulo ter apelado para Cesar na presenca deFesto, o Rei Agripa e sua irma Berenice fizeram “uma visita de cortesia”ao novo governador.� Nos dias do Imperio Romano, as autoridades ti-nham o costume de fazer tais visitas a novos governadores. Ao parabeni-zar Festo por sua nomeacao, Agripa estava sem duvida tentando fortale-cer lacos polıticos e pessoais que poderiam ser-lhe uteis no futuro. — Atos25:13.

9 Festo falou a respeito de Paulo ao rei, e Agripa ficou curioso para ou-vir o apostolo. No dia seguinte, os dois governantes sentaram-se na cadei-ra de juiz. Mas todo aquele poder e ostentacao nao eram de modo algummais impressionantes do que as palavras que o prisioneiro diante delesestava para dizer. — Atos 25:22-27.

10 Paulo respeitosamente agradeceu ao Rei Agripa a oportunidade de sedefender perante ele, reconhecendo que o rei era perito em todos os cos-tumes bem como nas controversias entre os judeus. Paulo passou a des-crever sua vida no passado: “Vivi como fariseu, segundo a seita mais

� Veja o quadro “Apelacoes a favor da adoracao verdadeira nos tempos atuais”, na pa-gina 200.� Veja o quadro “Rei Herodes Agripa II”, na pagina 201.

6, 7. Por que Paulo apelou para Cesar, e que precedente ele estabeleceu para oscristaos verdadeiros hoje?8, 9. Por que o Rei Agripa visitou Cesareia?10, 11. Como Paulo mostrou respeito por Agripa, e que detalhes a respeito de seuproprio passado o apostolo revelou ao rei?

198 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 201: De Testemunho Cabal

Os´unicos relatos de testemu-

nhas oculares que temos a

respeito de P´orcio Festo est

˜ao re-

gistrados no livro de Atos e nos

escritos de Fl´avio Josefo. Festo

sucedeu F´elix como procurador

da Judeia por volta de 58 EC e

pelo visto morreu no cargo depois

de ter governado apenas dois ou

trˆes anos.

Em geral, Festo parece ter sido

um procurador competente e pru-

dente, em contraste com seu

antecessor, F´elix, e seu suces-

sor, Albino. No in´ıcio do mandato

de Festo, havia muitos bandidos na Judeia.

De acordo com Josefo, “Festo . . . resolveu punir

os que causavam problemas no pa´ıs. Assim ele

capturou a maioria dos assaltan-

tes e executou um grande n´umero

deles”. Durante o governo de

Festo, os judeus constru´ıram um

muro para impedir o Rei Agripa

de ver o que acontecia na´area

do templo. De in´ıcio, Festo orde-

nou que os judeus derrubassem o

muro. Mas, a pedido deles, Festo

mais tarde permitiu que apresen-

tassem o assunto ao imperador

romano Nero.

Festo parece ter sido firme con-

tra os criminosos e rebeldes.

Mas, a fim de manter boas re-

lac˜oes com os judeus, ele estava disposto a

deixar a justica de lado, pelo menos nos seus

tratos com o ap´ostolo Paulo.

O PROCURADOR ROMANO P´

ORCIO FESTO

estrita da nossa forma de adoracao.” (Atos 26:5) Como fariseu, Paulo es-perava pela vinda do Messias. Agora, como cristao, Paulo corajosamenteidentificava Jesus Cristo como o tao aguardado Messias. Uma crenca queele e seus acusadores tinham em comum, a de que Deus cumpriria a pro-messa que havia feito aos antepassados deles, era o motivo de Paulo es-tar sendo julgado naquele dia. Essa questao deixou Agripa ainda mais in-teressado no que Paulo tinha a dizer.�

11 Relembrando a epoca em que tratava os cristaos com crueldade, Pau-lo disse: “Eu, da minha parte, realmente pensei no meu ıntimo que deviacometer muitos atos de oposicao contra o nome de Jesus, o nazareno. . . .Visto que eu estava extremamente enfurecido contra eles [os seguidoresde Cristo], fui ao ponto de persegui-los ate mesmo nas cidades de fora.”(Atos 26:9-11) Paulo nao estava exagerando. Muitas pessoas sabiam domodo violento como ele havia perseguido os cristaos. (Gal. 1:13, 23) Agri-pa talvez se perguntasse: ‘O que poderia ter levado um homem assim amudar?’

12 Essa pergunta foi respondida pelas seguintes palavras de Paulo:“Viajava eu para Damasco, com autoridade e comissao da parte dosprincipais sacerdotes, quando vi ao meio-dia, na estrada, o rei, uma luz,

� Por ser cristao, Paulo aceitava Jesus como o Messias. Os judeus, que rejeitavamJesus, encaravam Paulo como apostata. — Atos 21:21, 27, 28.

12, 13. (a) Como Paulo descreveu sua conversao? (b) Em que sentido Paulo estava‘dando pontapes contra as aguilhadas’?

Page 202: De Testemunho Cabal

alem do brilho do sol, reluzir do ceu emvolta de mim e em volta dos que viaja-vam comigo. E caindo todos nos ao chao,ouvi uma voz dizer-me no idioma hebraico:‘Saulo, Saulo, por que me persegues? Durote e persistir em dar pontapes contra asaguilhadas.’ Mas eu disse: ‘Quem es, Se-nhor?’ E o Senhor disse: ‘Eu sou Jesus, aquem tu persegues.’ ”� — Atos 26:12-15.

13 Antes desse acontecimento sobrenatu-ral, Paulo estava como que ‘dando pon-tapes contra as aguilhadas’. Assim comoum animal de carga se machucaria desne-cessariamente por ficar chutando a pontaafiada de uma aguilhada, Paulo havia seferido em sentido espiritual por agir con-tra a vontade de Deus. Por aparecer a Pau-lo na estrada para Damasco, o ressuscita-do Jesus fez com que esse homem sincero,porem obviamente mal orientado, mudas-se seu modo de pensar. — Joao 16:1, 2.

14 Paulo realmente fez mudancas dras-ticas em sua vida. Dirigindo-se a Agripa,ele disse: “Nao me tornei desobediente avisao celestial, mas, tanto aos em Damas-co, primeiro, como aos em Jerusalem, epor todo o paıs da Judeia, e as nacoes, fuilevar a mensagem de que se arrependes-sem e se voltassem para Deus por fazeremobras proprias de arrependimento.” (Atos26:19, 20) Ja por muitos anos Paulo estavacumprindo a comissao que Jesus Cristolhe tinha dado naquela visao ao meio-dia.Com que resultados? Os que aceitavam asboas novas que Paulo pregava se arrepen-

� No que se refere as palavras de Paulo de que eleestava viajando “ao meio-dia”, certo erudito bıbli-co diz: “A menos que estivesse com muita pressa,um viajante costumava descansar durante o ca-lor do meio-dia. Assim vemos como Paulo estavaempenhando toda a sua forca em cumprir essamissao de perseguicao.”

14, 15. O que Paulo disse com respeito asmudancas que havia feito em sua vida?

As Testemunhas de Jeov´a

`as vezes apelam a

supremos tribunais com o objetivo de removerobst

´aculos

`a pregac

˜ao das boas novas do Rei-

no de Deus. Vejamos dois exemplos.

Em 28 de marco de 1938, a Suprema Cor-te dos Estados Unidos revogou a decis

˜ao de

um tribunal estadual, inocentando assim umgrupo de Testemunhas de Jeov

´a que haviam

sido presas por distribuir publicac˜oes b

´ıblicas

na cidade de Griffin, Ge´orgia, EUA. Essa foi a

primeira de muitas apelac˜oes feitas a esse su-

premo tribunal no que se refere ao direito dasTestemunhas de Jeov

´a de pregar as boas no-

vas.�

Outro caso aconteceu na Gr´ecia, envolven-

do uma Testemunha de Jeov´a chamada Minos

Kokkinakis. Num per´ıodo de 48 anos, ele foi

preso mais de 60 vezes, acusado de “pro-selitismo”. Em 18 ocasi

˜oes ele foi levado a

julgamento. Ele passou anos na pris˜ao e no

ex´ılio em ilhas remotas do mar Egeu. Ap

´os

sua´ultima condenac

˜ao, em 1986, o irm

˜ao

Kokkinakis perdeu as apelac˜oes que fez aos

tribunais superiores da Gr´ecia. Ent

˜ao recor-

reu`a Corte Europeia dos Direitos Humanos

(CEDH). Em 25 de marco de 1993, essa Cortedeclarou que a Gr

´ecia havia violado a liberda-

de de religi˜ao do irm

˜ao Kokkinakis.

As Testemunhas de Jeov´a t

ˆem apelado

`a

CEDH em dezenas de casos, sendo vitoriosasna maioria deles. Nenhuma outra organizac

˜ao,

religiosa ou n˜ao, tem sido t

˜ao bem-sucedi-

da em defender os direitos humanos b´asicos

diante da CEDH.

Ser´a que outros se beneficiam das vit

´orias

jur´ıdicas das Testemunhas de Jeov

´a? O eru-

dito Charles C. Haynes escreveu: “Todos n´os

temos uma d´ıvida de gratid

˜ao

`as Testemunhas

de Jeov´a. N

˜ao importa quantas vezes sejam in-

sultadas, expulsas de uma cidade, ou mesmosofram agress

˜oes f

´ısicas, elas continuam a lu-

tar por sua (e, por conseguinte, pela nossa)liberdade de religi

˜ao. E, quando elas ganham,

todos n´os ganhamos.”

� Para um exemplo mais recente, veja o relato a respei-to da decis

˜ao da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre

liberdade de express˜ao publicado na revista Despertai! de

8 janeiro de 2003, p´aginas 3-11.

APELAC˜

OES A FAVOR DA ADORAC˜

AO

VERDADEIRA NOS TEMPOS ATUAIS

Page 203: De Testemunho Cabal

O Agripa mencionado em Atos cap´ıtulo 25 era

o Rei Herodes Agripa II, bisneto de Herodes, o

Grande, e filho do Herodes que ha-

via perseguido a congregac˜ao de

Jerusal´em 14 anos antes. (Atos

12:1) Agripa foi o´ultimo pr

´ıncipe

da dinastia dos Herodes.

Quando seu pai morreu, em

44 EC, Agripa, ent˜ao com 17 anos,

estava em Roma sendo educado na

corte do imperador romano Cl´au-

dio. Os conselheiros do imperador

consideravam Agripa muito jovem

para herdar o dom´ınio de seu

pai; por isso, um governador roma-

no foi nomeado. Mesmo assim, de

acordo com Fl´avio Josefo, enquanto

Agripa ainda estava em Roma, ele

intervinha a favor dos judeus e re-

presentava os interesses deles.

Por volta de 50 EC, Cl´audio de-

signou Agripa rei de C´alcis e, em

53 EC, rei da Itureia, de Tracon´ıtis e de Abilene.

Agripa tamb´em recebeu a supervis

˜ao do templo

de Jerusal´em e autoridade para

designar os sumos sacerdotes ju-

deus. Nero, sucessor de Cl´audio,

estendeu o dom´ınio de Agripa, que

passou a incluir partes da Galileia

e da Pereia. Na´epoca em que co-

nheceu Paulo, Agripa estava em

Cesareia com sua irm˜a Berenice,

que havia abandonado o marido,

rei da Cil´ıcia. — Atos 25:13.

Em 66 EC, quando os esforcos

de Agripa para acalmar a rebe-

li˜ao dos judeus contra Roma

falharam, ele mesmo se tornou

alvo dos rebeldes e foi obrigado

a juntar-se aos romanos. Depois

que os judeus foram derrotados, o

novo imperador, Vespasiano, deu

a Agripa outros territ´orios como re-

compensa.

REI HERODES AGRIPA II

diam de sua conduta imoral e desonesta e passavam a servir a Deus. Es-sas pessoas se tornavam bons cidadaos, demonstrando respeito pela leie pela ordem publica.

15 Mas esses benefıcios nao significavam nada para os opositores ju-deus de Paulo. Ele disse: “Por esta razao se apoderaram de mim os ju-deus no templo e tentaram matar-me. No entanto, visto que obtive a ajudaque vem de Deus, continuo ate o dia de hoje a dar testemunho tanto apequenos como a grandes.” — Atos 26:21, 22.

16 Como cristaos verdadeiros, devemos estar “sempre prontos para fa-zer uma defesa” de nossa fe. (1 Ped. 3:15) Ao falarmos com juızes e gover-nantes sobre as nossas crencas, pode ser de ajuda imitar o modo comoPaulo falou com Agripa e Festo. Se respeitosamente falarmos como asverdades bıblicas tem melhorado a vida das pessoas — nao so a nossa,mas tambem a dos que aceitam a nossa mensagem — talvez consigamostocar o coracao dessas altas autoridades.

16. Como podemos imitar a Paulo ao falar com juızes e governantes sobre asnossas crencas?

“APELO PARA C´

ESAR!” 201

Page 204: De Testemunho Cabal

‘Tu me persuadirias a tornar-me crist˜ao’ (Atos 26:24-32)

17`

A medida que escutavam o testemunho convincente de Paulo, os doisgovernantes nao conseguiam continuar indiferentes. Veja o que aconte-ceu: “Ora, [quando Paulo falou] estas coisas em sua defesa, Festo disseem voz alta: ‘Estas ficando louco, Paulo! A grande erudicao esta-te levan-do a loucura!’ ” (Atos 26:24) A forte reacao de Festo talvez tenha reveladouma atitude vista tambem hoje. Muitas pessoas encaram como fanaticosos que ensinam o que a Bıblia realmente diz. Os intelectuais do mundomuitas vezes acham difıcil aceitar o ensino bıblico da ressurreicao.

18 Mas Paulo tinha uma resposta para o governador: “Nao estou fican-do louco, Excelencia, Festo, mas estou proferindo declaracoes de verdadee de bom juızo. Na realidade, o rei a quem estou falando com franquezabem sabe estas coisas. . . . Cres tu nos Profetas, Rei Agripa? Sei que cres.”Agripa respondeu: “Em pouco tempo me persuadirias a tornar-me cris-tao.” (Atos 26:25-28) Essas palavras, quer tenham sido sinceras, quernao, mostram que o testemunho de Paulo afetou profundamente o rei.

19 Entao Agripa e Festo se levantaram, indicando assim que a audien-cia estava encerrada. “Ao se retirarem, comecaram a falar entre si, dizen-do: ‘Este homem nao pratica nada que mereca a morte ou lacos.’ Alemdisso, Agripa disse a Festo: ‘Este homem podia ter sido livrado, se nao ti-vesse apelado para Cesar.’ ” (Atos 26:31, 32) Eles sabiam que aquele ho-mem que estivera diante deles era inocente. A partir de entao, eles talvezpassassem a ter um conceito mais positivo sobre os cristaos.

20 Nenhum dos dois governantes poderosos mencionados nesse relatoparece ter aceitado as boas novas do Reino de Deus. Sera que foi provei-toso o apostolo Paulo comparecer diante desses homens? A resposta esim. O fato de Paulo ter sido ‘arrastado perante reis e governadores’ naJudeia resultou num testemunho a autoridades romanas que de outraforma nao teria sido possıvel. (Luc. 21:12, 13) Alem disso, o que ele passoue a fe que demonstrou durante as provacoes fortaleceu seus irmaos espi-rituais. — Fil. 1:12-14.

21 O mesmo acontece hoje. Por perseverarmos na obra do Reino, apesarde provacoes e oposicao, podemos ter muitos resultados positivos. Talvezconsigamos dar testemunho a autoridades que nao conseguirıamos al-cancar de outra forma. E a nossa perseveranca fiel pode ser uma fonte deencorajamento para nossos irmaos cristaos, motivando-os a demonstrarainda mais coragem na obra de dar testemunho cabal sobre o Reino deDeus.

17. Como Festo reagiu a defesa de Paulo, e que atitude similar e vista hoje?18. Como Paulo respondeu a Festo, e de que maneira Agripa reagiu a essa resposta?19. A que conclusao Festo e Agripa chegaram a respeito de Paulo?20. Em que resultou o testemunho que Paulo deu a autoridades?21. Que resultados positivos podemos ter por perseverarmos na obra do Reino?

202 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 205: De Testemunho Cabal

“PARA Cesar iras.” Paulo nao para de pensar nessas palavras do governa-dor Festo, pois elas terao um grande impacto sobre o seu futuro. Pauloesta preso ha dois anos, de modo que a longa viagem a Roma ao menossignificara uma mudanca de ares. (Atos 25:12) Mas as vıvidas lembrancasque Paulo tem de suas viagens marıtimas incluem muito mais do que bri-sas refrescantes e belos pores do sol. Assim, a ideia de ter de fazer essaviagem para comparecer perante Cesar deve fazer Paulo refletir seriamen-te a respeito do que o aguarda.

2 Paulo ja enfrentou “perigos no mar” muitas vezes, tendo sobrevivido atres naufragios e ate mesmo passado uma noite e um dia em mar aberto.(2 Cor. 11:25, 26) Alem disso, essa viagem sera bem diferente das viagensmissionarias que ele fazia quando era um homem livre. Paulo viajaracomo prisioneiro e por uma enorme distancia — mais de 3 mil quilome-tros de Cesareia a Roma. Sera que ele conseguira sair sao e salvo dessaviagem? Mesmo que consiga, sera que vai ser condenado a morte ao che-gar a Roma? Lembre-se de que ele sera julgado pela autoridade mais po-derosa do mundo de Satanas daquela epoca.

3 Depois de tudo que voce leu a respeito de Paulo, acha que ele perdeu aesperanca ou entrou em desespero por causa do que lhe poderia aconte-cer?

´E claro que nao! Embora Paulo soubesse que enfrentaria dificulda-

des, ele nao sabia que forma essas assumiriam. Entao por que ele deve-ria permitir que sua alegria no ministerio fosse sufocada por ansiedadescausadas por coisas que estavam alem de seu controle? (Mat. 6:27, 34)Paulo sabia que a vontade de Jeova era que ele aproveitasse toda oportu-nidade para pregar as boas novas do Reino de Deus as pessoas, mesmoas autoridades seculares. (Atos 9:15) Paulo estava decidido a viver a altu-ra de sua comissao, independentemente do que acontecesse. Nao e essatambem a nossa determinacao? Portanto, acompanhemos Paulo nessaviagem historica e analisemos como podemos nos beneficiar de seu exem-plo.

1, 2. Que tipo de viagem Paulo estava para fazer, e com o que ele talvez estivessepreocupado?3. O que Paulo estava decidido a fazer, e o que vamos analisar neste capıtulo?

C A P´I T U L O 2 6

“Nem uma´unica alma

se perder´a”

Ao enfrentar naufr´

agio, Paulo demonstragrande f

´e e amor pelas pessoas

Baseado em Atos 27:1–28:10

203

Page 206: De Testemunho Cabal

No mundo antigo, os navios eram usadosprincipalmente para o transporte de cargas en

˜ao eram projetados especificamente para

levar passageiros. Quem quisesse fazer umaviagem tinha de procurar um navio mercante

que estivesse indo na direc˜ao desejada, ne-

gociar o preco da passagem e ent˜ao esperar

at´e o navio zarpar.

Milhares de embarcac˜oes cruzavam o

Mediterrˆaneo para transportar g

ˆeneros ali-

ment´ıcios e outras mercadorias. Muitos que

viajavam nesses navios tinham de dormir no

conv´es, talvez em abrigos em forma de tenda

que eles pr´oprios montavam

`a noite e des-

montavam de manh˜a. Eles tamb

´em tinham

de levar consigo tudo que precisassem paraa viagem, incluindo comida e cobertores.

A durac˜ao das viagens dependia totalmente

dos ventos. Por causa do tempo ruim no inver-

no, a temporada de navegac˜ao geralmente

era considerada encerrada de meados de no-

vembro a meados de marco.

VIAGENS MAR´ITIMAS E

ROTAS COMERCIAIS

POPA PROA

Vela grandeTraquete

ˆAncoras

Remos do leme

“Os ventos eram contr´arios” (Atos 27:1-7a)

4 Paulo e alguns outros prisioneiros foram colocados sob a guarda de umoficial romano chamado Julio, que decidiu embarcar em um navio mercan-te que havia chegado a Cesareia. Esse navio tinha vindo de Adramıtio, umporto na costa oeste da

´Asia Menor, do lado oposto a cidade de Mitilene na

ilha de Lesbos. De Cesareia, esse navio viajaria em direcao ao norte e depoisao oeste, fazendo paradas a fim de descarregar e carregar mercadorias.Essas embarcacoes nao eram projetadas para proporcionar conforto aos

passageiros, muito menos aos prisioneiros.(Veja o quadro “Viagens marıtimas e rotascomerciais”.) Felizmente, Paulo nao seria ounico cristao no meio daquele grupo de cri-minosos. Pelo menos dois irmaos cristaosestavam com ele — Aristarco e Lucas. Natu-ralmente, foi Lucas quem escreveu o relato.Nao sabemos se esses dois leais amigos dePaulo pagaram suas passagens ou se em-barcaram como servos dele. — Atos 27:1, 2.

5 Depois de passar um dia no mar e de terviajado cerca de 110 quilometros em dire-cao ao norte, o navio atracou em Sıdon, nacosta da Sıria. Pelo visto, Julio nao tratouPaulo como um prisioneiro comum, possi-velmente porque Paulo era um cidadao ro-mano cuja culpa nao havia sido provada.(Atos 22:27, 28; 26:31, 32) Julio permitiu quePaulo desembarcasse em terra firme paraver os irmaos. Os cristaos ali devem ter fica-do muito alegres em poder cuidar do apos-tolo depois de sua longa prisao! Conseguepensar em ocasioes em que voce tambem po-deria demonstrar amorosa hospitalidade e,desse modo, ser encorajado? — Atos 27:3.

6 Depois de partir de Sıdon, o navio conti-nuou subindo pela costa e passou pela Cilı-cia, perto de Tarso, cidade natal de Paulo.Lucas nao diz se o navio fez outras paradas,embora inclua o detalhe sombrio de que “osventos eram contrarios”. (Atos 27:4, 5) Ainda

4. Em que tipo de embarcacao Paulo comecousua viagem, e quem estava com ele?5. De que companheirismo Paulo pode desfrutarem Sıdon, e o que podemos aprender disso?6-8. Como foi a viagem de Paulo desde Sıdon ateCnido, e que oportunidades Paulo provavelmenteaproveitou para pregar?

204 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 207: De Testemunho Cabal

assim, podemos imaginar Paulo aproveitando toda oportunidade para pre-gar as boas novas. Paulo sem duvida deu testemunho a prisioneiros e a ou-tras pessoas que estavam a bordo, incluindo a tripulacao e os soldados, bemcomo a pessoas nos portos em que o navio atracou. Sera que nos, da mesmaforma, aproveitamos as oportunidades que temos para pregar?

7 Por fim, o navio chegou a Mirra, um porto na costa sul da´

Asia Menor. AliPaulo e outros tiveram de trocar de embarcacao para chegar a seu destino,Roma. (Atos 27:6) Naquela epoca, o Egito era um grande fornecedor de graospara Roma, e navios egıpcios que transportavam esse tipo de carga atraca-vam em Mirra. Julio encontrou um desses navios e fez com que os soldadose prisioneiros embarcassem nele. Essa embarcacao devia ser bem maior doque a primeira. Ela estava transportando uma carga valiosa de trigo, bemcomo 276 pessoas — a tripulacao, os soldados, os prisioneiros e provavel-mente outros que estavam indo para Roma.

´E claro que com essa troca de

navios o numero de pessoas a quem Paulo podia pregar aumentou, e ele semduvida aproveitou essa situacao.

8 A proxima parada seria Cnido, no sudoeste da´

Asia Menor. Com ventosfavoraveis, um navio poderia percorrer essa distancia em cerca de um dia.Mas Lucas relata que eles ‘navegaram vagarosamente por muitos dias e che-garam com dificuldade a Cnido’. (Atos 27:7a) As condicoes de navegacao ha-viam piorado. (Veja o quadro “Os ventos contrarios do Mediterraneo”, na pa-gina 208.) Imagine como as pessoas a bordo deveriam estar se sentindo amedida que o navio lutava contra os fortes ventos e as aguas agitadas.

“Violentamente sacudidos pela tempestade” (Atos 27:7b-26)

9 De Cnido, o capitao do navio planejava seguir viagem em direcao ao oes-te, mas Lucas, uma testemunha ocular, relata: “O vento nao nos deixavaprosseguir.” (Atos 27:7b) Ao se afastar do continente, o navio se desviou dacorrente costeira, e um forte vento contrario vindo do norte o empurrou nadirecao sul, talvez muito rapido. Assim como a ilha de Chipre havia anterior-mente protegido o navio costeiro contra os ventos desfavoraveis, dessa vez ailha de Creta fez o mesmo. Depois que o navio passou pelo promontorio deSalmone, no extremo leste de Creta, as coisas melhoraram um pouco. Porque? O navio havia chegado a sotavento da ilha (lado contrario aquele deonde sopra o vento), ou sua parte sul, e por isso estava protegido de ventosfortes. Imagine o alıvio que as pessoas a bordo devem ter sentido — pelo me-nos por um tempo! Mas, enquanto o navio continuasse no mar, a tripulacaotinha motivos para se preocupar, pois o inverno estava chegando.

10 Lucas relata com exatidao: “Costeando [Creta] com dificuldade, chega-mos a certo lugar chamado Bons Portos.” Mesmo protegidos pela terra fir-me, nao era facil controlar o navio. Mas finalmente eles encontraram um an-coradouro em uma pequena baıa, provavelmente na regiao logo antes de acosta seguir em direcao ao norte. Quanto tempo ficaram ali? Lucas diz quefoi um “tempo consideravel”, mas o calendario nao estava a favor deles. Emsetembro/outubro, navegar era mais perigoso. — Atos 27:8, 9.

9, 10. Que dificuldades surgiram nas proximidades de Creta?

“NEM UMA´

UNICA ALMA SE PERDER´A” 205

Page 208: De Testemunho Cabal

‘Ele deu gracas a Deus perante todos.’— Atos 27:35

Page 209: De Testemunho Cabal

11 Alguns passageiros podem ter pedido a opiniao de Paulo por causa daexperiencia que ele tinha em navegar pelo Mediterraneo. Ele recomendouque o navio nao seguisse viagem. Caso contrario, haveria ‘dano e grandeperda’, talvez ate mesmo a perda de vidas. Mas o piloto e o dono do navio que-riam prosseguir viagem, possivelmente achando que era urgente encontrarum lugar mais seguro. Eles convenceram Julio, e a maioria achava que erapreciso tentar chegar a Fenix, um porto que estava um pouco mais adiantena costa. Esse porto talvez fosse um lugar maior e melhor para passar o in-verno. Assim, quando uma suave, porem enganosa, brisa vinda do sul so-prou, o navio partiu. — Atos 27:10-13.

12 Entao surgiu outro problema: um “vento tempestuoso” vindo do nordes-te. Por um tempo, eles encontraram protecao atras de uma “ilha pequenachamada Cauda”, a uns 65 quilometros de Bons Portos. Mas o navio aindacorria o perigo de ser levado para o sul ate se chocar contra os bancos deareia perto da

´Africa. Desesperados para evitar isso, os marinheiros icaram

o bote que o navio estava rebocando. Isso exigiu um grande esforco, pois eprovavel que o bote estivesse cheio de agua. Entao eles lutaram para refor-car o casco do navio, amarrando-o com cordas ou correntes para que aspranchas de madeira nao se desprendessem. Daı eles arriaram os apare-lhos — a vela grande ou talvez o cordame — e fizeram de tudo para manter onavio contra o vento e passar pela tempestade. Imagine como essa situacaodeve ter sido amedrontadora! Mesmo todos esses esforcos nao foram sufi-cientes, pois o navio continuou sendo ‘violentamente sacudido pela tempes-tade’. No terceiro dia, eles lancaram ao mar a armacao do navio, provavel-mente para recuperar a flutuabilidade. — Atos 27:14-19.

13 O pavor deve ter tomado conta do navio. Mas Paulo e seus companhei-ros estavam confiantes, pois o Senhor havia anteriormente garantido aPaulo que ele daria testemunho em Roma. (Atos 19:21; 23:11) Um anjo con-firmaria essa promessa mais tarde. Mas, durante duas semanas, noite e dia,a tempestade nao parou. Por causa da contınua chuva e das densas nuvensque cobriam o sol e as estrelas, o piloto nao tinha como saber a localizacaodo navio ou a direcao em que estava indo. Ate uma refeicao teria sido algofora de cogitacao. Como alguem poderia pensar em comer em vista do frio,da chuva, dos enjoos e do medo?

14 Paulo ficou de pe no meio deles. Ele mencionou o aviso que dera antes,nao como que dizendo: ‘Eu avisei’, mas para mostrar que aqueles aconteci-mentos provavam que valia a pena dar atencao as suas palavras. Daı, eledisse: “Recomendo-vos que tenhais bom animo, pois nem uma unica almase perdera, mas apenas o barco.” (Atos 27:21, 22) Essas palavras devem teranimado muito as pessoas ali! Paulo tambem deve ter ficado muito feliz por

11. Que sugestao Paulo deu aos que estavam no navio com ele, mas que decisao foitomada?12. Que perigos o navio enfrentou depois de deixar Creta, e como a tripulacaotentou evitar um desastre?13. Qual deve ter sido a situacao a bordo do navio de Paulo durante a tempestade?14, 15. (a) Ao falar com as pessoas que estavam no navio com ele, por que Paulomencionou o aviso que lhes tinha dado antes? (b) O que podemos aprender damensagem de esperanca que Paulo transmitiu aquelas pessoas?

“NEM UMA´

UNICA ALMA SE PERDER´A” 207

Page 210: De Testemunho Cabal

Jeova ter lhe dado essa mensagem de esperanca para partilhar com as pes-soas.

´E vital nos lembrarmos de que Jeova se importa com a vida de cada ser

humano. Todas as pessoas sao importantes para ele. O apostolo Pedro es-creveu: “Jeova . . . nao deseja que alguem seja destruıdo, mas deseja que to-dos alcancem o arrependimento.” (2 Ped. 3:9) Como e urgente, entao, quenos esforcemos a partilhar a mensagem de esperanca da parte de Jeova como maximo numero de pessoas possıvel! Vidas preciosas estao em jogo.

15 Paulo sem duvida tinha dado testemunho a muitas pessoas no naviosobre a “esperanca da promessa que Deus fizera”. (Atos 26:6; Col. 1:5) Ago-ra, com a grande possibilidade de um naufragio, Paulo podia oferecer-lhesum forte motivo para terem esperanca de um livramento mais imediato. Eledisse: “Esta noite se pos ao meu lado um anjo . . . , dizendo: ‘Nao temas, Pau-lo. Tens de comparecer perante Cesar, e, eis que Deus te doou todos os quenavegam contigo.’ ” Paulo os exortou: “Portanto, homens, tende bom animo;pois eu acredito em Deus, que sera exatamente assim como me foi dito. Noentanto, temos de ser lancados numa certa ilha.” — Atos 27:23-26.

“Todos atingiram terra a salvo” (Atos 27:27-44)

16 Depois de duas semanas aterrorizantes, durante as quais o navio foi

16, 17. (a) Em que ocasiao Paulo orou, e qual foi o resultado de ele ter feito isso?(b) Como se cumpriu a predicao que Paulo tinha feito?

208 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Os ventos e as estac˜oes determinavam em grande

parte quando os navios mercantes navegavam o Me-diterr

ˆaneo, ou Grande Mar, bem como sua rota. No

extremo leste do mar, durante o ver˜ao do hemisf

´erio

norte, de junho a setembro, os ventos geralmente so-pram de oeste a leste. Isso fazia com que navegar avela em direc

˜ao ao leste fosse mais f

´acil, conforme

Paulo pˆode perceber ao voltar de sua terceira viagem

mission´aria. O navio em que ele e seus companhei-

ros estavam partiu de Mileto, passou por Rodes eatracou em P

´atara. Dali, a viagem a Tiro, na costa da

Fen´ıcia, foi r

´apida e praticamente em linha reta. Lu-

cas escreveu que, quando passaram por Chipre, essailha estava

`a esquerda deles, o que significa que pas-

saram pelo lado sul de Chipre. — Atos 21:1-3.

E que dizer de navegar na direc˜ao oposta, indo

para o oeste? Os navios podiam ir nessa direc˜ao se-

guindo uma rota similar, caso os ventos permitissem.Mas

`as vezes isso era praticamente imposs

´ıvel. “No

inverno”, diz a The International Standard Bible Ency-clopedia (Enciclop

´edia B

´ıblica Padr

˜ao Internacional),

“as condic˜oes atmosf

´ericas s

˜ao muito menos est

´a-

veis, e ciclones poderosos se movem em direc˜ao

ao leste, atravessando o Mediterrˆaneo e trazendo

com eles ventos fortes,`as vezes extremamente for-

tes, e em geral chuva torrencial e at´e neve”. Sob tais

condic˜oes, os perigos eram grandes.

Em quase todas as estac˜oes, as embarcac

˜oes

perto da costa podiam navegar para o norte seguin-do a costa da Palestina e continuar para o oestenavegando ao longo da Panf

´ılia, onde brisas vin-

das do continente e correntes mar´ıtimas em direc

˜ao

ao oeste podiam ajudar os navios. Esse foi o casoda embarcac

˜ao na qual o prisioneiro Paulo fez o

primeiro trecho de sua viagem a Roma. Mesmo as-sim, os ventos poderiam soprar ao ‘contr

´ario’. (Atos

27:4)´

E poss´ıvel que o navio de gr

˜aos que se des-

taca no relato de Lucas tenha sa´ıdo do Egito indo

em direc˜ao ao norte e ent

˜ao tenha contornado Chi-

pre, passando pelas´aguas entre essa ilha e a

´Asia

Menor, estando assim protegido do vento. De Mirra,o capit

˜ao pretendia continuar em direc

˜ao ao oes-

te, contornando a extremidade da Gr´ecia e subindo

pela costa oeste da It´alia. (Atos 27:5, 6) Mas os ven-

tos e a´epoca do ano reservavam algo diferente para

aquela viagem.

OS VENTOS CONTR´

ARIOS DO MEDITERRˆ

ANEO

Page 211: De Testemunho Cabal

Diversas ilhas j´a foram apontadas como a

ilha de “Malta” onde Paulo naufragou. Uma

teoria identificou certa ilha perto de Cor-

fu, pr´oximo da costa oeste da Gr

´ecia. Outra

ideia se baseia na palavra usada no livro

de Atos para “Malta”. A palavra grega´e Me-

l´ı·te. Assim, alguns disseram que era a ilha

Melite il´ırica, agora conhecida como Mljet,

localizada perto da costa da Cro´acia, no

mar Adri´atico.

´E verdade que Atos 27:27 menciona o “mar

de´Adria”, mas, nos dias de Paulo, “

´Adria”

abrangia uma´area maior que a do atual

mar Adri´atico. Inclu

´ıa o mar J

ˆonico e as

´aguas

ao leste da Sic´ılia e ao oeste de Creta, incluin-

do assim o mar perto da atual ilha de Malta.

O navio em que Paulo viajava foi obrigado a

ir em direc˜ao ao sul, de Cnido at

´e o sul de

Creta. Em vista da direc˜ao predominante dos

ventos naquela tempestade,´e pouco prov

´avel

que o navio tenha ent˜ao dado meia-volta e na-

vegado em direc˜ao ao norte at

´e Mljet ou a

uma ilha perto de Corfu. Assim,´e mais pro-

v´avel que a localizac

˜ao de Malta fosse bem

mais ao oeste. Isso faz da ilha de Malta, ao

sul da Sic´ılia, o local prov

´avel do naufr

´agio.

ONDE FICAVA MALTA?

empurrado pelo vento uns 870 quilometros,os marinheiros comecaram a suspeitar queo navio estava se aproximando de terra fir-me, talvez por terem ouvido o som de ondasquebrando na costa. Da popa, eles lancaramancoras ao mar para impedir que o navioficasse a deriva e manter a proa em dire-cao a terra firme caso tivessem condicoes deencalhar o navio na praia. Nesse momento,eles tentaram fugir do navio, mas foram im-pedidos pelos soldados quando Paulo dis-se: “A menos que estes homens permane-cam no barco, nao podeis ser salvos.” Com onavio agora um pouco mais estavel, Pauloaconselhou a todos que se alimentassem,garantindo-lhes mais uma vez que sobrevi-veriam. Entao, Paulo “deu gracas a Deus pe-rante todos eles”. (Atos 27:31, 35) Ao fazeressa oracao de agradecimento, Paulo esta-beleceu um exemplo para Lucas, Aristarco eos cristaos de hoje. Sera que suas oracoespublicas sao fonte de encorajamento e con-solo para outros?

17 Depois da oracao de Paulo, “todos fica-ram . . . animados e comecaram tambem atomar alimento”. (Atos 27:36) Daı deixaramo navio ainda mais leve por lancar ao mar acarga, permitindo que o casco do navio naoficasse tao fundo dentro da agua ao se apro-ximar da praia. Quando amanheceu, a tri-pulacao cortou as ancoras, soltou os remosdo leme que ficavam na popa e icou o traque-te, pequena vela na frente da embarcacao, para que fosse mais facil mano-brar o navio enquanto os marinheiros tentassem faze-lo encalhar perto dapraia. Ao fazerem isso, a frente do navio ficou presa, talvez num banco deareia ou na lama, e a popa comecou a despedacar-se por causa da forca vio-lenta das ondas. Alguns soldados queriam matar os prisioneiros para quenao escapassem, mas Julio os impediu. Ele incentivou todos a nadar ouboiar em direcao a praia. O que Paulo havia predito se cumpriu — todas as276 pessoas a bordo sobreviveram. De fato, “todos atingiram terra a salvo”.Mas onde eles estavam? — Atos 27:44.

“Extraordin´ario humanitarismo” (Atos 28:1-10)

18 Os sobreviventes estavam na ilha de Malta, ao sul da Sicılia. (Veja o

18-20. Como as pessoas de Malta mostraram “extraordinario humanitarismo”, eque milagre Deus realizou por meio de Paulo?

Page 212: De Testemunho Cabal

quadro “Onde ficava Malta?”, na pagina 209.) As pessoas da ilha que falavamoutro idioma lhes demonstraram “extraordinario humanitarismo”. (Atos28:2) Eles fizeram uma fogueira para aqueles estrangeiros que haviam che-gado ali encharcados e tremendo de frio. O fogo os ajudou a se aquecer ape-sar do frio e da chuva. Tambem deu margem para que ocorresse um milagre.

19 A fim de contribuir para o bem de todos, Paulo recolheu alguns gravetose os colocou no fogo. Ao fazer isso, uma vıbora venenosa apareceu e o mor-deu, prendendo-se na sua mao. Os malteses pensaram que aquilo era algumtipo de punicao divina.�

20 As pessoas locais que viram Paulo ser mordido pela vıbora pensaramque ele ‘incharia com uma inflamacao’. Segundo uma obra de referencia, apalavra no idioma original encontrada aqui e “um termo medico”. Nao e deadmirar que uma expressao como essa tenha logo vindo a mente de “Lucas,o medico amado”. (Atos 28:6; Col. 4:14) De qualquer forma, Paulo, sacudindoa mao, lancou fora a serpente venenosa e nao sofreu dano algum.

21 Um rico proprietario de terras chamado Publio morava na regiao. Eletalvez fosse a principal autoridade romana em Malta. Lucas o descreveucomo o “homem de destaque da ilha”, usando exatamente o mesmo tıtuloque foi encontrado em duas inscricoes maltesas. Ele hospitaleiramente re-cebeu Paulo e seus companheiros por tres dias em seu lar. No entanto, o paide Publio estava doente. Mais uma vez, Lucas descreveu um quadro clınicocom precisao. Ele escreveu que o homem “estava de cama, afligido por febree disenteria”, usando os termos medicos exatos para descrever a doenca.Paulo orou e colocou suas maos sobre o homem, e ele foi curado. Profunda-mente impressionadas por esse milagre, as pessoas da regiao trouxeram ou-tros doentes para serem curados, bem como suprimentos para atender asnecessidades de Paulo e seus companheiros. — Atos 28:7-10.

22 A exatidao com que essa parte da viagem de Paulo e descrita e digna denota. Um professor universitario disse: “O relato de Lucas . . . se destacacomo um dos mais vıvidos exemplos de narrativa descritiva em toda a Bı-blia. Seus detalhes sobre as viagens marıtimas no primeiro seculo sao taoprecisos e seu retrato da situacao no Mediterraneo oriental e tao correto[que o relato deve ter se baseado em anotacoes feitas num diario].” Lucaspode muito bem ter feito essas anotacoes enquanto viajava com o apostolo.Nesse caso, a proxima parte da viagem tambem lhe deu muito sobre o queescrever. O que aconteceria com Paulo quando ele e seus companheiros fi-nalmente chegassem a Roma? Vejamos.

� O fato de as pessoas saberem de tais cobras indica que havia vıboras na ilha na-quele tempo. Atualmente, nao existem vıboras em Malta. Isso pode ser resultado demudancas no seu habitat ao longo dos seculos. Ou pode ser que o aumento no nume-ro de habitantes na ilha tenha levado a erradicacao das vıboras.

21. (a) Que exemplos de declaracoes exatas encontramos nessa parte do relato deLucas? (b) Que milagres Paulo realizou, e que efeito isso teve nas pessoas de Malta?22. (a) Como certo professor universitario elogiou o relato de Lucas sobre a viagema Roma? (b) O que consideraremos no proximo capıtulo?

210 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 213: De Testemunho Cabal

ESTAMOS em cerca de 59 EC. Uma embarcacao cuja figura de proa sao os“Filhos de Zeus”, provavelmente um grande navio para transportar graos,navega desde a ilha mediterranea de Malta ate a Italia. A bordo estao oapostolo Paulo — um prisioneiro sob escolta — e seus companheiros cris-taos Lucas e Aristarco. (Atos 27:2) Diferentemente da tripulacao, essesevangelizadores nao buscam a protecao dos filhos do deus grego Zeus — osgemeos Castor e Polux. (Atos 28:11, nota) Em vez disso, Paulo e seus com-panheiros servem a Jeova, o Deus que revelou que Paulo daria testemu-nho sobre a verdade em Roma e compareceria perante Cesar. — Atos 23:11;27:24.

2 Tres dias depois de atracar em Siracusa, uma bela cidade da Sicıliaquase tao importante quanto Atenas e Roma, o navio parte para Regio, noextremo sul da penınsula Italica. Entao, com a ajuda de um vento vindo dosul, a embarcacao faz a viagem de 320 quilometros ate o porto italiano dePuteoli (perto de onde hoje fica Napoles) mais rapido do que o normal, che-gando ao porto no segundo dia. — Atos 28:12, 13.

3 Paulo agora esta na parte final de sua viagem a Roma, onde compare-cera perante o Imperador Nero. Durante todo o percurso da viagem, “oDeus de todo o consolo” tem estado com Paulo. (2 Cor. 1:3) Conforme vere-mos, esse apoio nao diminui, nem Paulo perde o zelo como missionario.

“Paulo agradeceu a Deus e tomou coragem” (Atos 28:14, 15)

4 Em Puteoli, Paulo e seus companheiros ‘acharam alguns irmaos, e es-tes suplicaram que ficassem com eles sete dias’. (Atos 28:14) Que mara-vilhoso exemplo de hospitalidade crista! Podemos ter certeza de que ahospitalidade daqueles irmaos foi mais do que recompensada pelo encora-jamento espiritual que receberam de Paulo e seus companheiros. Mas porque se concedeu tanta liberdade a um prisioneiro sob guarda? Possivel-mente porque o apostolo tinha conquistado a total confianca dos guardasromanos.

1. Que confianca Paulo e seus companheiros tem, e por que?2, 3. Que trajeto o navio de Paulo fez, e quem apoiou Paulo durante todo o percursoda viagem?4, 5. (a) Como Paulo e seus companheiros foram recebidos em Puteoli, e qual podeter sido o motivo de terem concedido tanta liberdade a Paulo? (b) Mesmo na prisao,como os cristaos podem se beneficiar de sua boa conduta?

C A P´I T U L O 2 7

‘Dando testemunho cabal’Preso em Roma, Paulo continua a pregar

Baseado em Atos 28:11-31

211

Page 214: De Testemunho Cabal

5 Da mesma forma hoje, servos de Jeova que estao presos muitas vezesrecebem certas liberdades e privilegios por causa de sua conduta crista.Na Romenia, por exemplo, um homem que cumpria pena de 75 anos porroubo comecou a estudar a Palavra de Deus e fez uma notavel mudan-

ca de personalidade. Por causa disso, asautoridades carcerarias deram-lhe a tare-fa de fazer compras para a prisao, o queenvolvia ir a cidade sem escolta. Natural-mente, o mais importante e que nossa boaconduta glorifica a Jeova. — 1 Ped. 2:12.

6 De Puteoli, Paulo e seus companhei-ros provavelmente caminharam cerca de50 quilometros ate a cidade de Capua,onde pegaram a Via

´Apia, estrada que le-

vava a Roma. Dessa famosa estrada pavi-mentada com grandes e achatados blocosde lava era possıvel ver paisagens magnıfi-cas do interior da Italia e, em certos tre-chos, do mar Mediterraneo. A estrada tam-bem passava pelos pantanos pontinos,que ficavam a cerca de 60 quilometros deRoma e onde se localizava a Feira de

´Apio.

Quando os irmaos em Roma “ouviram anotıcia a nosso respeito”, escreveu Lucas,alguns foram ate a Feira de

´Apio, ao pas-

so que outros ficaram esperando nas TresTavernas, uma parada de descanso a cer-ca de 50 quilometros de Roma. Que amorextraordinario! — Atos 28:15.

7 A Feira de´

Apio nao era um lugar con-fortavel para os viajantes exaustos depoisde uma viagem difıcil. O poeta romano Ho-racio descreveu essa feira como “lotada debarqueiros e de donos de hospedaria gros-seiros”. Ele escreveu que “a agua era extre-mamente repugnante”. Ele ate se recusoua comer ali! Apesar de todos os desconfor-tos, porem, os irmaos que vieram de Romaesperaram alegremente por Paulo e pelosque estavam com ele para acompanha-losnessa parte final da viagem.

6, 7. Como os irmaos romanos mostraramextraordinario amor?

212 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Cinco cartas do ap´ostolo Paulo foram es-

critas por volta de 60-61 EC, durante sua

primeira pris˜ao em Roma. Na carta a Fil

ˆe-

mon, um irm˜ao na f

´e, Paulo explica que o

escravo fugitivo de Filˆemon, On

´esimo, tinha

se tornado crist˜ao. Paulo era o pai espiritual

de On´esimo e estava enviando esse escravo

“anteriormente in´util” de volta ao seu dono

como um irm˜ao crist

˜ao. — Fil

ˆem. 10-12, 16.

Em Colossenses, Paulo indica que On´esi-

mo era ‘do meio’ deles. (Col. 4:9) On´esimo e

seu irm˜ao crist

˜aoT

´ıquico tiveram o privil

´egio

de entregar tanto as cartas mencionadas

acima como a Carta aos Ef´

esios, tamb´em

escrita por Paulo. — Ef´e. 6:21.

Ao escrever Filipenses, Paulo menciona

suas “cadeias” e mais uma vez fala sobre a

situac˜ao do portador da carta — dessa vez,

Epafrodito. Os filipenses tinham enviado

Epafrodito para ajudar Paulo. Mas Epa-

frodito ficou doente e quase morreu. Ele

tamb´em havia ficado deprimido porque os

filipenses ‘ouviram que ele tinha adoecido’.

Por isso, Paulo disse a eles que prezassem

a “homens desta sorte”. — Fil. 1:7; 2:25-30.

A Carta aos Hebreus foi dirigida aos cris-

t˜aos hebreus na Judeia. Embora essa carta

n˜ao identifique especificamente o escritor,

as evidˆencias apontam para Paulo. O estilo

de argumentac˜ao

´e t

´ıpico dele. Paulo envia

cumprimentos da It´alia e menciona Tim

´o-

teo, que estava com ele em Roma. — Fil. 1:1;

Col. 1:1; Filˆem. 1; Heb. 13:23, 24.

AS CINCO CARTAS ESCRITAS POR PAULO

DURANTE SUA PRIMEIRA PRIS˜

AO EM ROMA

Page 215: De Testemunho Cabal

8 ‘Avistando’ seus irmaos, diz o relato, “Paulo agradeceu a Deus e tomoucoragem”. (Atos 28:15) De fato, so de ver esses queridos irmaos, alguns dosquais o apostolo talvez conhecesse pessoalmente, ele se sentiu fortalecidoe animado. Por que Paulo agradeceu a Deus? Ele sabia que o amor abne-gado e um aspecto do fruto do espırito. (Gal. 5:22) Hoje tambem o espıritosanto move os cristaos a fazer sacrifıcios a favor uns dos outros e a conso-lar os que precisam. — 1 Tes. 5:11, 14.

9 Por exemplo, o espırito santo move irmaos espirituais a mostrar hospi-talidade a superintendentes viajantes, missionarios e outros servos detempo integral, muitos dos quais fizeram grandes sacrifıcios para expan-dir seu servico a Jeova. Pergunte-se: ‘Sera que eu posso fazer mais paraapoiar a visita do superintendente de circuito, talvez mostrando hospitali-dade a ele e a sua esposa, caso ele seja casado? Posso fazer planos paratrabalhar com eles no ministerio?’ Em troca, voce talvez receba ricas ben-caos. Por exemplo, imagine a alegria que os irmaos romanos sentiram aoouvir Paulo e seus companheiros relatar algumas das muitas experien-cias encorajadoras que vivenciaram! — Atos 15:3, 4.

“Em toda a parte se fala contra ela” (Atos 28:16-22)

10 Quando o grupo de viajantes finalmente entrou em Roma, “permitiu-se a Paulo que ficasse sozinho com um soldado para guarda-lo”. (Atos28:16) Os mantidos em prisao domiciliar geralmente ficavam presos a umguarda por uma corrente para nao fugirem. Apesar de estar preso ao guar-da, Paulo era um proclamador do Reino, e uma corrente com certeza nao ofaria ficar calado. Por isso, depois de descansar da viagem por apenas tresdias, ele convocou os homens de destaque dos judeus em Roma a fim de seapresentar a eles e dar-lhes testemunho.

11 “Homens, irmaos”, disse Paulo, “embora eu nao tivesse feito nada con-trario ao povo ou aos costumes de nossos antepassados, fui entreguecomo prisioneiro, de Jerusalem, as maos dos romanos. E estes, depois defeito um exame, desejavam livrar-me, visto que nao havia em mim nenhu-ma causa para a morte. Mas, quando os judeus persistiam em falar contraisso, fiquei compelido a apelar para Cesar, mas nao como se tivesse algopara acusar a minha nacao”. — Atos 28:17-19.

12 Por se dirigir aqueles judeus como “irmaos”, Paulo tentou estabeleceruma base de comum acordo com eles e eliminar qualquer preconceitoque talvez tivessem. (1 Cor. 9:20) Ele tambem deixou claro que nao es-tava ali para acusar os judeus, mas para apelar a Cesar. No entanto,

8. Por que Paulo agradeceu a Deus ao ‘avistar’ seus irmaos?9. Como podemos mostrar a mesma atitude demonstrada pelos irmaos que seencontraram com Paulo?10. Quais eram as circunstancias de Paulo em Roma, e o que o apostolo fez poucodepois de sua chegada?11, 12. Ao falar com os judeus locais, como Paulo tentou eliminar qualquerpreconceito que eles talvez tivessem?

‘DANDO TESTEMUNHO CABAL’ 213

Page 216: De Testemunho Cabal

a comunidade judaica local nao estava sabendo da apelacao de Paulo.(Atos 28:21) Por que houve essa clara falha de comunicacao da parte dosjudeus na Judeia? Uma obra de referencia diz: “O navio de Paulo deve tersido um dos primeiros que chegaram a Italia depois do inverno, e nao teriasido possıvel que representantes das autoridades judaicas em Jerusalem,ou mesmo uma carta sobre o caso, tivessem chegado antes disso.”

13 Paulo entao apresentou a mensagem do Reino por meio de uma decla-racao que com certeza despertaria a curiosidade de seus convidados ju-deus. Ele disse: “Realmente, por esta razao supliquei para vos ver e falar,pois tenho estas cadeias em volta de mim por causa da esperanca de Is-rael.” (Atos 28:20)

´E claro que essa esperanca estava fortemente relaciona-

da com o Messias e seu Reino, conforme proclamava a congregacao crista.“Achamos correto ouvir de ti quais os teus pensamentos”, responderam osanciaos judeus, “porque, deveras, quanto a esta seita, e sabido por nos queem toda a parte se fala contra ela”. — Atos 28:22.

14 Quando temos a oportunidade de pregar as boas novas, podemos imi-tar a Paulo por fazer declaracoes que deem o que pensar ou perguntas quedespertem o interesse de nossos ouvintes. Podem-se encontrar excelentessugestoes em publicacoes como Raciocınios a Base das Escrituras e Bene-ficie-se da Escola do Ministerio Teocratico. Voce esta fazendo bom uso des-sas publicacoes?

13, 14. Como Paulo apresentou a mensagem do Reino, e como podemos imitar seuexemplo?

214 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Provavelmente por volta de 61 EC, Paulo com-pareceu perante o Imperador Nero, que pelovisto o declarou inocente. N

˜ao sabemos muito

sobre as atividades do ap´ostolo depois disso. Se

ele tiver ido`a Espanha, conforme havia plane-

jado, deve ter feito isso durante esse per´ıodo.

(Rom. 15:28) Paulo alcancou “o extremo limitedo O[este]”, escreveu Clemente de Roma por vol-ta de 95 EC.

Das trˆes cartas que Paulo escreveu depois

de ter sido libertado — 1 e 2 Tim´oteo e Tito —

ficamos sabendo que Paulo visitou Creta, Ma-ced

ˆonia, Nic

´opolis e Tr

ˆoade. (1 Tim. 1:3; 2 Tim.

4:13; Tito 1:5; 3:12) Pode ter sido em Nic´opo-

lis, na Gr´ecia, que ele foi preso novamente. Seja

como for, por volta de 65 EC, ele estava pre-so de novo em Roma. Dessa vez, por

´em, Nero

n˜ao mostraria compaix

˜ao. De fato, segundo o

historiador romano T´acito, quando um inc

ˆendio

devastou Roma em 64 EC, Nero culpou falsa-mente os crist

˜aos e iniciou uma campanha de

perseguic˜ao brutal.

Na sua segunda carta a Tim´oteo, Paulo, es-

perando morrer em breve, pediu que Tim´oteo e

Marcos fossem a Roma o mais r´apido poss

´ıvel

para vˆe-lo.

´E digna de nota a coragem demons-

trada por Lucas e Ones´ıforo, que arriscaram a

vida para consolar Paulo. (2 Tim. 1:16, 17; 4:6-9,11) Realmente, quem professasse publicamenteo cristianismo arriscava ser preso e morto portortura. Paulo provavelmente sofreu mart

´ırio

logo depois de escrever sua´ultima carta a Tim

´o-

teo por volta de 65 EC. Relata-se que o pr´oprio

Nero teve uma morte violenta uns trˆes anos de-

pois do mart´ırio de Paulo.

A VIDA DE PAULO DEPOIS DE 61 EC

Page 217: De Testemunho Cabal

‘Dar testemunho cabal’ — um modelo para n´os (Atos 28:23-29)

15 No dia escolhido, os judeus locais “vieram em maior numero” ate o lo-cal onde Paulo estava preso. Entao Paulo passou a “dar cabalmente teste-munho a respeito do reino de Deus” e a “usar de persuasao para com elesconcernente a Jesus, tanto pela lei de Moises como pelos Profetas, de ma-nha ate a noite”. (Atos 28:23) Quatro pontos se destacam no testemunhode Paulo. Primeiro, ele se concentrou no Reino de Deus. Segundo, ele ten-tou convencer seus ouvintes a aceitar a mensagem “por usar de persua-sao”. Terceiro, ele raciocinou a base das Escrituras. Quarto, ele foi abnega-do, dando testemunho “de manha ate a noite”. Que excelente exemplo paranos! Qual foi o resultado desse testemunho? “Alguns comecaram a acredi-tar”, ao passo que outros nao. Surgiram divergencias entre as pessoas eelas “comecaram a retirar-se”, diz Lucas. — Atos 28:24, 25a.

16 Essa reacao nao surpreendeu Paulo, pois estava de acordo com a pro-fecia bıblica e ele ja havia observado esse tipo de reacao antes. (Atos 13:42-47; 18:5, 6; 19:8, 9) Por isso, Paulo disse a seus convidados nao receptivos,que estavam de saıda: “O espırito santo falou aptamente por intermedio deIsaıas, o profeta, a vossos antepassados, dizendo: ‘Vai a este povo e dize:“Ouvindo ouvireis, mas de modo algum entendereis; e, olhando olhareis,mas de modo algum vereis. Pois o coracao deste povo tem ficado embota-do.” ’ ” (Atos 28:25b-27) O termo no idioma original vertido “embotado” in-dica um coracao “engrossado”, ou “engordado”, impedindo assim que amensagem do Reino penetre nele. (Atos 28:27, nota) Que situacao lamen-tavel!

17 Em conclusao, Paulo disse que, diferentemente de seus ouvintes ju-deus, ‘as nacoes certamente escutariam’. (Atos 28:28; Sal. 67:2; Isa. 11:10)De fato, o apostolo sabia do que estava falando, pois tinha pessoalmentevisto muitos gentios reagirem bem a mensagem do Reino. — Atos 13:48;14:27.

18 Assim como Paulo, nao devemos levar para o lado pessoal quando aspessoas rejeitam as boas novas. Afinal, sabemos que a maioria nao encon-trara a estrada da vida. (Mat. 7:13, 14) Por outro lado, quando pessoas sin-ceras tomam realmente posicao a favor da adoracao verdadeira, devemosnos alegrar e recebe-las de bracos abertos. — Luc. 15:7.

“Pregando-lhes o reino de Deus” (Atos 28:30, 31)

19 Lucas conclui sua narrativa num tom positivo e cordial, dizendo:

15. Que quatro pontos se destacam no testemunho de Paulo?16-18. Por que Paulo nao se surpreendeu com a reacao negativa dos judeusromanos, e como devemos nos sentir quando nossa mensagem e rejeitada?19. Como Paulo aproveitou bem o tempo em que esteve preso?

‘DANDO TESTEMUNHO CABAL’ 215

Page 218: De Testemunho Cabal

“[Paulo] permaneceu . . . por dois anos inteiros na sua propria casa aluga-da e recebia benevolamente a todos os que vinham ve-lo, pregando-lhes oreino de Deus e ensinando com a maior franqueza no falar as coisas con-cernentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento.” (Atos 28:30, 31) Queexcelente exemplo de hospitalidade, fe e zelo!

20 Um dos que Paulo recebeu bondosamente foi um homem chamadoOnesimo, um escravo fugitivo de Colossos. Paulo ajudou Onesimo a setornar cristao, e Onesimo, por sua vez, tornou-se um “fiel e amado irmao”para Paulo. De fato, Paulo o descreveu como “meu filho, para quem metornei pai”. (Col. 4:9; Filem. 10-12) Onesimo deve ter animado muito aPaulo!�

21 Outros tambem se beneficiaram do excelente exemplo de Paulo. Paraos filipenses, ele escreveu: “Os meus assuntos tem resultado mais para oprogresso das boas novas do que de outro modo, de maneira que as mi-nhas cadeias se tem tornado conhecimento publico, em associacao comCristo, entre toda a Guarda Pretoriana e todos os demais; e a maioria dosirmaos no Senhor, sentindo confianca em razao das minhas cadeias, es-tao mostrando tanto mais coragem para falar destemidamente a palavrade Deus.” — Fil. 1:12-14.

22 Paulo aproveitou seu encarceramento em Roma para escrever cartasimportantes que hoje fazem parte das Escrituras Gregas Cristas.�

´E inte-

ressante notar que, em sua carta aos efesios, Paulo usou uma armaduraromana para ilustrar a armadura espiritual crista. (Efe. 6:11-17) Ele talveztenha tido essa ideia enquanto olhava para o soldado que o vigiava. (Atos28:16) Qual e a licao para nos? Se formos observadores, podemos encon-trar boas ilustracoes no ambiente a nossa volta.

23 Na epoca de sua libertacao, que nao e mencionada no livro de Atos,Paulo ja estava preso havia uns quatro anos — dois em Cesareia e dois emRoma.� (Atos 23:35; 24:27) Mas ele manteve uma atitude positiva, fazendotudo que podia no servico a Deus. Da mesma forma, muitos servos deJeova hoje, apesar de estarem presos injustamente por causa de sua fe,

� Paulo queria que Onesimo ficasse ali com ele, mas isso violaria a lei romana e in-fringiria os direitos do dono de Onesimo, o cristao Filemon. Por isso, Onesimo retor-nou para Filemon, levando consigo uma carta de Paulo que incentivava Filemon a re-ceber bem seu escravo, como um irmao espiritual. — Filem. 13-19.� Veja o quadro “As cinco cartas escritas por Paulo durante sua primeira prisao emRoma”, na pagina 212.� Veja o quadro “A vida de Paulo depois de 61 EC”, na pagina 214.

20, 21. Mencione como o ministerio de Paulo em Roma beneficiou outros.22. Como Paulo aproveitou seu encarceramento em Roma?23, 24. Iguais a Paulo, como muitos cristaos da atualidade mostram uma atitudepositiva apesar de terem sido presos injustamente?

216 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 219: De Testemunho Cabal

Por volta de 61 EC, enquanto o ap´ostolo

Paulo estava preso em Roma, ele escreveuque as “boas novas” tinham sido “prega-das em toda a criac

˜ao debaixo do c

´eu”. (Col.

1:23) Como devemos entender essa decla-rac

˜ao?

Parece que Paulo estava descrevendoem termos gerais at

´e onde as “boas no-

vas” tinham sido levadas. Por exemplo,Alexandre, o Grande, havia invadido a

´Asia e

chegado at´e a fronteira da

´India no quar-

to s´eculo AEC. J

´ulio C

´esar tinha invadido a

Bretanha em 55 AEC, e Cl´audio tinha subju-

gado a parte sul daquela ilha, anexando-aao Imp

´erio Romano em 43 EC. O Extremo

Oriente tamb´em era conhecido, pois produ-

zia seda de excelente qualidade.

Ser´a que as boas novas haviam sido pre-

gadas na Bretanha, na China e no ExtremoOriente? Isso parece improv

´avel. De fato,

quando Paulo escreveu aos colossenses,ele ainda n

˜ao tinha alcancado seu pr

´oprio

alvo, estabelecido por volta de 56 EC, depregar no ent

˜ao “territ

´orio virgem” da Espa-

nha. (Rom. 15:20, 23, 24) Apesar disso, porvolta de 61 EC, a mensagem do Reino eraamplamente conhecida. No m

´ınimo, a men-

sagem alcancou a terra natal dos judeus epros

´elitos que foram batizados no Pentecos-

tes de 33 EC, bem como as terras visitadaspelos ap

´ostolos de Jesus. — Atos 2:1, 8-11,

41, 42.

BOAS NOVAS

“PREGADAS EM TODA A CRIAC˜

AO”

mantem sua alegria e continuam a pre-gar. Veja o exemplo de Adolfo, que foi pre-so na Espanha por causa de sua neu-tralidade crista. “Estamos impressionadoscom voce”, disse certo oficial. “Temos feitode tudo para atormentar a sua vida, mas,quanto mais duros somos, mais voce sorrie fala palavras bondosas.”

24 Com o tempo, passaram a ter tantaconfianca em Adolfo que a porta de suacela ficava aberta. Soldados iam ate a celadele para fazer perguntas sobre a Bıblia.Um deles ate entrava na cela de Adolfo paraler a Bıblia, enquanto Adolfo ficava de guar-da. Dessa forma, era o prisioneiro quem “vi-giava” o guarda! Que os excelentes exem-plos de fieis Testemunhas de Jeova comoessa nos motivem a ter “tanto mais cora-gem para falar destemidamente a palavrade Deus”, mesmo sob circunstancias difı-ceis.

25 Um apostolo de Cristo em prisao domi-ciliar ‘pregando o reino de Deus’ a todosque o visitavam — essa e sem duvida umaanimadora conclusao da empolgante nar-rativa do livro de Atos! No primeiro capıtu-lo, lemos a comissao que Jesus deu a seusseguidores quando disse: “Ao chegar sobrevos o espırito santo, recebereis poder e se-reis testemunhas de mim tanto em Jerusa-lem como em toda a Judeia e Samaria, e atea parte mais distante da terra.” (Atos 1:8)Menos de 30 anos depois, a mensagem doReino estava sendo ‘pregada em toda a criacao debaixo do ceu’.� (Col. 1:23)Que testemunho do poder do espırito de Deus! — Zac. 4:6.

26 Hoje, o mesmo espırito tem dado poder aos remanescentes dos irmaosde Cristo, junto com seus companheiros das “outras ovelhas”, para conti-nuarem a ‘dar testemunho cabal a respeito do reino de Deus’ em mais de230 paıses. (Joao 10:16; Atos 28:23) Voce esta participando plenamentenessa obra?

� Veja o quadro “Boas novas ‘pregadas em toda a criacao’ ”.

25, 26. Em pouco menos de 30 anos, o apostolo Paulo viu o cumprimento de quemaravilhosa profecia, e como isso se compara aos nossos dias?

Page 220: De Testemunho Cabal

ELES davam testemunho de modo zeloso. Sentiam-se impelidos no coracaoa aceitar a ajuda e a orientacao do espırito santo. A perseguicao nao os si-lenciava. E eram ricamente abencoados por Jeova. Tudo isso foi verdade nocaso dos primeiros cristaos e tambem e verdade no caso das Testemunhasde Jeova hoje.

2 Com certeza os relatos encontrados no livro de Atos encorajaram voce efortaleceram a sua fe. Esse livro cheio de acao e especial, pois e o unico re-lato divinamente inspirado sobre o inıcio do cristianismo.

3 O livro de Atos menciona 95 pessoas, 32 terras, 54 cidades e 9 ilhas.´E um relato emocionante sobre pessoas — pessoas comuns, religiosos arro-gantes, polıticos orgulhosos, perseguidores ferozes. Mas, acima de tudo, eum relato sobre nossos irmaos do primeiro seculo que, alem de lidar comos desafios da vida, pregavam as boas novas com zelo.

4 Quase 2 mil anos nos separam das atividades dos zelosos apostolos Pe-dro e Paulo, do medico amado Lucas, do generoso Barnabe, do corajoso Es-tevao, da bondosa Dorcas, da hospitaleira Lıdia e de tantas outras teste-munhas fieis. Apesar disso, nos nos sentimos achegados a eles. Por que?Porque temos a mesma comissao de fazer discıpulos. (Mat. 28:19, 20) Comosomos abencoados de ter uma participacao nela!

5 Reflita na comissao que Jesus deu a seus seguidores. “Ao chegar sobrevos o espırito santo, recebereis poder”, disse ele, “e sereis testemunhas demim tanto em Jerusalem como em toda a Judeia e Samaria, e ate a partemais distante da terra”. (Atos 1:8) Primeiro, o espırito santo deu poder aosdiscıpulos para serem testemunhas “em Jerusalem”. (Atos 1:1–8:3) A se-guir, sob a orientacao do espırito, eles deram testemunho “em toda a Judeia

1. Que paralelos existem entre os primeiros cristaos e as Testemunhas de Jeovahoje?2, 3. O que e especialmente digno de nota sobre o livro de Atos?4. Por que nos sentimos achegados a pessoas como o apostolo Paulo, Dorcas eoutras testemunhas fieis do passado?5. Em que lugares os primeiros seguidores de Jesus passaram a cumprir suacomissao de pregar?

C A P´I T U L O 2 8

“At´e

`a parte mais

distante da terra”As Testemunhas de Jeov

´a

continuam a obra que teve in´ıcio

com os seguidores de Jesus Cristo noprimeiro s

´eculo de nossa Era Comum

218

Page 221: De Testemunho Cabal

e Samaria”. (Atos 8:4–13:3) Entao eles comecaram a levar as boas novas“ate a parte mais distante da terra”. — Atos 13:4–28:31.

6 Nossos irmaos do primeiro seculo nao tinham todos os livros das Escri-turas Sagradas para usar na sua obra de dar testemunho. O Evangelho deMateus nao estava disponıvel ate pelo menos 41 EC. Apenas algumas car-tas de Paulo foram escritas antes de o livro de Atos ter sido completado emcerca de 61 EC. Assim, os primeiros cristaos nao tinham um exemplar pes-soal da Bıblia. Tambem nao tinham uma variedade de publicacoes para dei-xar com os interessados.

´E verdade que os cristaos judeus ouviam a leitu-

ra das Escrituras Hebraicas na sinagoga antes de se tornarem discıpulosde Jesus. (2 Cor. 3:14-16) Mas ate eles precisavam ser estudantes aplicados,visto que provavelmente tinham de citar os textos de memoria.

7 Hoje, a maioria de nos tem um exemplar pessoal da Bıblia e uma gran-de quantidade de publicacoes bıblicas. Estamos fazendo discıpulos por de-clarar as boas novas em mais de 230 terras e em muitos idiomas.

Poder por meio do esp´ırito santo

8 Quando Jesus comissionou seus seguidores a serem testemunhas, elelhes disse: “Ao chegar sobre vos o espırito santo, recebereis poder.” Sob aorientacao do espırito santo, ou forca ativa, de Deus os seguidores de Jesusserviriam por fim como testemunhas em toda a Terra. Por meio do espıritosanto, Pedro e Paulo realizaram curas, expulsaram demonios e ate ressusci-taram pessoas! No entanto, o poder transmitido pelo espırito santo cumpriuum objetivo mais importante: habilitou os apostolos e os outros discıpulos atransmitir conhecimento exato que significa vida eterna. — Joao 17:3.

9 No dia do Pentecostes de 33 EC, os discıpulos de Jesus falaram “em lın-guas diferentes, assim como o espırito lhes concedia fazer pronunciacao”.Dessa forma, eles deram testemunho sobre “as coisas magnıficas de Deus”.(Atos 2:1-4, 11) Nos nao falamos milagrosamente em lınguas hoje. Com aajuda do espırito santo, porem, a classe do escravo fiel esta produzindo pu-blicacoes bıblicas em muitos idiomas, incluindo as revistas A Sentinela eDespertai!, as quais tem uma tiragem que chega a milhoes de exemplarestodos os meses. Tudo isso nos habilita a declarar “as coisas magnıficas deDeus” a pessoas de todas as nacoes, tribos e lınguas. — Rev. 7:9.

10 Desde 1989, a classe do “escravo” tem se preocupado especialmente emtornar a Traducao do Novo Mundo das Escrituras Sagradas disponıvel emmuitos idiomas. Essa Bıblia ja foi traduzida para dezenas de lınguas — mi-lhoes de exemplares ja foram impressos e muitos outros estao a caminho.Apenas Deus e seu espırito poderiam fazer com que esses esforcos fossembem-sucedidos.

6, 7. Ao realizar nosso ministerio, que vantagens temos que os nossos irmaos doprimeiro seculo nao tinham?8, 9. (a) O que o espırito santo habilitou os discıpulos de Jesus a fazer? (b) O que aclasse do escravo fiel esta produzindo com a ajuda do espırito de Deus?10. Desde 1989, o que esta sendo feito no que diz respeito a traducao da Bıblia?

“AT´

E`A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 219

Page 222: De Testemunho Cabal

11 As publicacoes das Testemunhas de Jeova sao traduzidas para mais de470 idiomas. O servico de traducao esta sendo feito por centenas de cris-taos voluntarios em mais de 130 paıses. Isso nao nos deveria surpreender,pois nenhuma outra organizacao na Terra e guiada pelo espırito santo para‘dar testemunho cabal’ em todo o mundo sobre Jeova Deus, seu Rei messia-nico e o estabelecido Reino celestial! — Atos 28:23.

12 Quando Paulo deu testemunho a judeus e gentios em Antioquia da Pi-sıdia, “os corretamente dispostos para com a vida eterna tornaram-se cren-tes”. (Atos 13:48) Lucas conclui o livro de Atos dizendo que Paulo estava‘pregando o reino de Deus com a maior franqueza no falar, sem impedimen-to’. (Atos 28:31) Onde o apostolo estava pregando? Em Roma, a capital deuma potencia mundial. Quer por meio de discursos, quer por outros meios,os primeiros seguidores de Jesus fizeram todo o seu trabalho de pregacaocom a ajuda e a orientacao do espırito santo.

Perseveranca apesar de perseguic˜ao

13 Quando os primeiros seguidores de Jesus sofreram perseguicao, elespediram a Jeova que lhes desse coragem. Qual foi o resultado? Eles ficaramcheios de espırito santo e foram fortalecidos para falar a palavra de Deuscom coragem. (Atos 4:18-31) Nos tambem oramos pedindo sabedoria e forcapara continuar a dar testemunho apesar de perseguicao. (Tia. 1:2-8) Conti-nuamos a pregar porque somos abencoados por Deus e ajudados pelo espı-rito santo. Nada impede a obra de dar testemunho, nem intensa oposicao,nem brutal perseguicao. Quando somos perseguidos, certamente precisa-mos orar pedindo espırito santo, sabedoria e coragem para declarar asboas novas. — Luc. 11:13.

14 Estevao deu um corajoso testemunho antes de morrer as maos de seusinimigos. (Atos 6:5; 7:54-60) Na “grande perseguicao” que surgiu naqueletempo, todos os discıpulos, exceto os apostolos, foram espalhados por todaa Judeia e Samaria. Mas aquilo nao parou a obra de dar testemunho. Fili-pe foi para Samaria ‘pregar o Cristo’ e fez isso com excelentes resultados.(Atos 8:1-8, 14, 15, 25) Alem disso, somos informados: “Os que tinham sidoespalhados pela tribulacao que surgiu por causa de Estevao foram ate a Fe-nıcia, e Chipre, e Antioquia, nao falando a palavra a ninguem, senao a ju-deus. No entanto, dentre eles havia alguns homens de Chipre e de Cirene,que vieram a Antioquia e comecaram a falar ao povo que falava grego, de-clarando as boas novas do Senhor Jesus.” (Atos 11:19, 20) Naquela epoca, aperseguicao difundiu a mensagem do Reino.

11. O que esta sendo feito com respeito a traducao das publicacoes dasTestemunhas de Jeova?12. O que habilitou Paulo e outros cristaos a realizar a obra de dar testemunho?13. Por que devemos orar quando enfrentamos perseguicao?14, 15. (a) Qual foi o resultado da “tribulacao que surgiu por causa de Estevao”?(b) Em nossos dias, como muitas pessoas na Siberia aprenderam a verdade?

220 ‘Dˆ

E TESTEMUNHO CABAL’ SOBRE O REINO DE DEUS

Page 223: De Testemunho Cabal

15 Em nossos dias, algo similar aconteceu na ex-Uniao Sovietica. Espe-cialmente nos anos 50, centenas de Testemunhas de Jeova foram exiladaspara a Siberia e espalhadas em varios assentamentos. Por isso, as boas no-vas eram divulgadas em cada vez mais lugares naquele vasto paıs. Teriasido impossıvel para tantas Testemunhas de Jeova conseguir o dinheironecessario para viajar ate 10 mil quilometros a fim de proclamar as boasnovas. Mas o proprio governo os enviou atraves do paıs. “Com o tempo”, dis-se um irmao, “as proprias autoridades possibilitaram que milhares de pes-soas sinceras na Siberia aprendessem a verdade”.

Ricamente abencoados por Jeov´a

16 Os primeiros cristaos sem duvida tinham as bencaos de Jeova. Pauloe outros plantavam e regavam, “mas Deus o fazia crescer”. (1 Cor. 3:5, 6) Re-latorios no livro de Atos dao provas desse crescimento por causa das ben-caos de Jeova sobre a obra de dar testemunho. Por exemplo, “a palavra deDeus crescia e o numero dos discıpulos multiplicava-se grandemente emJerusalem”. (Atos 6:7) Com o aumento da obra de pregacao, “a congregacaoatraves de toda a Judeia, e Galileia, e Samaria, entrou . . . num perıodo depaz, sendo edificada; e, como andava no temor [reverente] de Jeova e no con-solo do espırito santo, multiplicava-se”. — Atos 9:31.

17 Em Antioquia da Sıria, tanto judeus como pessoas que falavam gregoouviram a verdade por meio de testemunhas corajosas. “Alem disso”, diz orelato, “a mao de Jeova estava com eles, e um grande numero, tornando-secrentes, voltaram-se para o Senhor”. (Atos 11:21) Sobre o progresso adicio-nal que houve naquela cidade, lemos: “A palavra de Jeova crescia e se espa-lhava.” (Atos 12:24) E, quando a obra de pregacao entre os gentios, feita porPaulo e por outros, estava a todo vapor, “a palavra de Jeova crescia e preva-lecia . . . de modo poderoso”. — Atos 19:20.

18 “A mao de Jeova” sem duvida esta conosco hoje tambem. Esse e o mo-tivo pelo qual tantas pessoas estao aceitando a verdade e simbolizando suadedicacao a Deus por meio do batismo. Alem disso, e apenas com a ajuda ea bencao de Deus que conseguimos enfrentar dura oposicao — as vezes, in-tensa perseguicao — e ser bem-sucedidos em cumprir nosso ministerio, as-sim como aconteceu com Paulo e outros cristaos do primeiro seculo. (Atos14:19-21) Jeova Deus sempre nos da a ajuda que precisamos. Seus “bracosque duram indefinidamente” sem falta nos ajudam em todas as nossas pro-vacoes. (Deut. 33:27) Tenhamos sempre em mente que, por causa de seugrande nome, Jeova nunca abandona seu povo. — 1 Sam. 12:22; Sal. 94:14.

19 Para ilustrar, vejamos o exemplo da famılia do irmao Harald Abt. Vistoque ele persistia em dar testemunho, os nazistas o enviaram para o campo

16, 17. O livro de Atos nos da que provas das bencaos de Jeova sobre a obra de dartestemunho?18, 19. (a) Como sabemos que “a mao de Jeova” esta conosco? (b) De um exemploque mostre que Jeova nao abandona seu povo.

“AT´

E`A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 221

Page 224: De Testemunho Cabal

“ . . . at´

e`

a parte mais distante da terra.”— Atos 1:8

Page 225: De Testemunho Cabal

de concentracao de Sachsenhausen durante a Segunda Guerra Mundial.Em maio de 1942, a Gestapo foi a casa de sua esposa, Elsa, e levou a filhi-nha deles. Elsa foi presa e acabou passando por varios campos de concen-tracao. “Meus anos nos campos . . . alemaes ensinaram-me uma licao im-portante”, disse a irma Elsa. “Esta e: quao grandemente o espırito de Jeovapode fortalecer-nos quando sob provacoes extremas! Antes de ser presa, euhavia lido uma carta de uma irma que dizia que, sob severa provacao, o es-pırito de Jeova produz em nos tranquilidade. Pensei que ela estivesse exa-gerando um pouco. Mas, quando eu mesma passei por provacoes, descobrique aquilo que ela dissera era verdade.

´E realmente assim que acontece.

´E

difıcil imaginar isso se a pessoa nunca passou por essa experiencia. Masrealmente aconteceu comigo.”

Continue a dar testemunho cabal!

20 O livro de Atos termina com Paulo zelosamente ‘pregando o reino deDeus’. (Atos 28:31) Visto que estava em prisao domiciliar, ele nao tinha li-berdade para pregar de casa em casa em Roma. Mesmo assim, ele conti-nuou a dar testemunho a todos que iam ate ele. Hoje, alguns de nossosqueridos irmaos nao podem sair de casa por causa de sua saude; talvez es-tejam acamados ou vivam em casas de repouso por causa de sua idadeavancada ou enfermidade. Ainda assim, seu amor a Deus e seu desejo dedar testemunho sao tao fortes como nunca. Oramos por eles e podemosapropriadamente pedir a nosso Pai celestial que lhes permita entrar emcontato com pessoas que desejam aprender sobre ele e seus maravilhosospropositos.

21 A maioria de nos pode participar no ministerio de casa em casa e emoutras modalidades da obra de fazer discıpulos. Entao que cada um de nosfaca todo o possıvel para cumprir seu papel como proclamador do Reino,participando em dar testemunho “ate a parte mais distante da terra”. Essaobra deve ser feita com senso de urgencia, pois “o sinal” da presenca deCristo esta bem claro. (Mat. 24:3-14) Nao ha tempo a perder. Agora mesmotemos “bastante para fazer na obra do Senhor”. — 1 Cor. 15:58.

22 Enquanto aguardamos “chegar o grande e atemorizante dia de Jeova”,estejamos decididos a dar um testemunho corajoso e fiel. (Joel 2:31) Aindaencontraremos muitas pessoas como os bereanos que “recebiam a palavracom o maior anelo mental”. (Atos 17:10, 11) Demos entao testemunho ateque oucamos, por assim dizer, as palavras: “Muito bem, escravo bom e fiel!”(Mat. 25:23) Se zelosamente cumprirmos a nossa parte na obra de fazer dis-cıpulos hoje e continuarmos fieis a Jeova, com certeza nos alegraremos portoda a eternidade de ter tido o privilegio de participar em ‘dar testemunhocabal’ sobre o Reino de Deus!

20. O que Paulo fez enquanto esteve em prisao domiciliar, e como isso pode servirde encorajamento para alguns de nossos irmaos?21. Por que devemos dar testemunho com senso de urgencia?22. O que devemos estar decididos a fazer enquanto aguardamos o dia de Jeova?

“AT´

E`A PARTE MAIS DISTANTE DA TERRA” 223

Page 226: De Testemunho Cabal

P E R F I S B I O G R´A F I C O S 27 Pros

´elitos 30 Pedro 33 Jo

˜ao 34 Sacerdotes 41 Gamaliel 53 Filipe 57 Eunuco et

´ıope

62 Saulo 67 Dorcas 70 Corn´elio 79 Herodes Agripa I 86 Barnab

´e 112 Tiago 118 Marcos 121 Tim

´oteo 128 Lucas 132 L

´ıdia

137 Imperadores 144 Epicureus e estoicos 188 Saduceus e fariseus 193 F´elix 199 P

´orcio Festo 201 Herodes Agripa II

´I N D I C E D E F O T O S E I L U S T R A C

˜O E S C O M O N

´U M E R O D A P

´A G I N A

Capas Paulo, Dorcas, G´alio, Lucas, um oficial do templo

com os ap´ostolos, um saduceu, Paulo sendo escoltado at

´e

Cesareia e testemunho sendo dado nos tempos atuais,com carro de som e fon

´ografo.

1 Paulo, acorrentado, e Lucas a bordo de um navio decarga a caminho de Roma.

2, 3 Irm˜aos J. E. Barr e T. Jaracz, membros do Corpo

Governante, em frente a um mapa-m´undi.

11 Jesus, em um monte na Galileia, comissiona os11 ap

´ostolos fi

´eis e outros seguidores a pregar as boas

novas.

14 Jesus ascende ao c´eu enquanto os ap

´ostolos

observam.

20 No Pentecostes, os disc´ıpulos comecam a dar

testemunho em l´ınguas estrangeiras.

36 Os ap´ostolos diante do enfurecido Caif

´as. Os oficiais do

templo aguardam ordens do Sin´edrio para efetuar pris

˜oes.

44 Embaixo: depois da Segunda Guerra Mundial, umtribunal da Alemanha Oriental sentencia Testemunhas deJeov

´a acusadas injustamente de serem espi

˜as americanas.

— Peri´odico Neue Berliner Illustrierte, 3 de outubro de 1950.

46 Estˆev

˜ao

´e acusado diante do Sin

´edrio. Saduceus ricos

aparecem em segundo plano, e fariseus ultraortodoxos emprimeiro plano.

54 Pedro imp˜oe suas m

˜aos em um novo disc

´ıpulo; Sim

˜ao

est´a atr

´as de Pedro segurando uma bolsa de moedas.

75 Pedro e seus companheiros de viagem entram nacasa de Corn

´elio, que veste um manto especial pendurado

em seu ombro esquerdo, indicando sua posic˜ao como

centuri˜ao.

83 Pedro´e conduzido por um anjo; a Torre de Ant

ˆonia

´e

possivelmente o local onde Pedro ficou preso.

84 Embaixo: turba violenta perto de Montreal, Quebec,em 1945. — Peri

´odico Weekend Magazine, julho de 1956.

91 Paulo e Barnab´e s

˜ao expulsos de Antioquia da Pis

´ıdia.

O novo aqueduto da cidade, provavelmente constru´ıdo no

comeco do primeiro s´eculo EC, aparece em segundo plano.

94 Paulo e Barnab´e tentam impedir as pessoas em

Listra de ador´a-los. Os sacrif

´ıcios p

´ublicos costumavam ser

ocasi˜oes animadas, com muito barulho e m

´usica.

100 No alto: Silas e Judas encorajam a congregac˜ao

em Antioquia da S´ıria. (Atos 15:30-32) Embaixo: um

superintendente de circuito fala a uma congregac˜ao em

Uganda.

107 A congregac˜ao de Jerusal

´em se re

´une numa casa

particular.

110 Fileira da frente, da esquerda para a direita: GerritL

¨osch, David Splane, John Barr, Theodore Jaracz; fileira de

tr´as, da esquerda para a direita: Stephen Lett, Anthony

Morris, Guy Pierce, Samuel Herd, Geoffrey Jackson.

124 Paulo e Tim´oteo retratados a bordo de um navio

mercante romano. Um farol pode ser visto a distˆancia.

139 Paulo e Silas, num p´atio protegido por grades,

escapam de uma turba enfurecida.

155 G´alio censura os acusadores de Paulo. G

´alio veste

roupas pr´oprias de seu cargo: uma toga branca imperial

com uma faixa roxa larga e o calcei, um tipo de sapato.

158 Dem´etrio fala com prateiros em

´Efeso. Santu

´arios de

prata da deusa´Artemis s

˜ao vendidos como lembrancas.

171 Paulo e seus companheiros embarcam em um navio.O Grande Monumento do Porto, constru

´ıdo no primeiro

s´eculo AEC, aparece em segundo plano.

180 Embaixo: durante a proscric˜ao

`as publicac

˜oes no

Canad´a, na d

´ecada de 40, um jovem Testemunha de Jeov

´a

entrega secretamente publicac˜oes b

´ıblicas. (Encenac

˜ao.)

182 Paulo cede ao pedido dos anci˜aos. Lucas e Tim

´oteo,

sentados ao fundo, ajudam na entrega das contribuic˜oes.

190 O sobrinho de Paulo fala com Cl´audio L

´ısias na

Torre de Antˆonia, possivelmente o local onde Paulo ficou

preso. O templo de Herodes aparece em segundo plano.

206 Paulo ora a favor dos viajantes exaustos no por˜ao de

um navio de carga.

222 O prisioneiro Paulo, acorrentado a um soldadoromano, observa uma parte da cidade de Roma.

Gostaria de obter mais informac˜

oes?Contate as Testemunhas de Jeov

´a pelo site www.watchtower.org

Page 227: De Testemunho Cabal

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