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Capa e Edição de ArteCyntia de Souza Levy

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De Volta para o Passado

Sérgio Levy

1ª Edição

São PauloEDIÇÃO DO AUTOR

2013

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Í N D I C E

Prefácio 07

Agradecimentos 09

Capítulo I A Cidade onde Nasci 11

Capítulo II A Família 23POESIA DO AUTOR No Meu Mundo Absurdo 53

Capítulo III O Buracão 57

Capítulo IV O Campinho e as “Peladas 69POESIA DO AUTOR A Influência da Bola 77

Capítulo V A Vizinhança 83

Capítulo VI Rotina de Aventuras 97

Capítulo VII Asas à Imaginação 105POESIA DO AUTOR Poesia Caipira 113

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Capítulo VIII Caçadores do Buracão Perdido 119

Capítulo IX Urgências… Médicas 125

Capítulo X Pilotos de Outrora 129

Capítulo XI Ora Bolinhas! 133

Capítulo XII Quem conta um Conto… 137

Capítulo XIII As Belas Artes 147

Capítulo XIV Animais de Estimação 151

Capítulo XV Nosso Ford 1929 155

Capítulo XVI Os Quitutes 157

Capítulo XVII Os Finalmentes 161POESIA DO AUTOR Ciclo Vital 167

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Prefácio.

Este livro começou como uma simples narrativa dasinúmeras formas com as quais as crianças de anti-gamente se divertiam, mesmo sem ter as infindáveis

variedades de brinquedos hoje industrializados e vendidosa preço de ouro, para, no final, serem jogados e abandona-dos num canto depois de apenas alguns minutos de lazer. Aidéia inicial era baseada tão e unicamente em memórias,porém, depois de algum tempo, algo mais foi amadurecen-do, no sentido de abranger um pouco de ficção com idéias eexperiências vivenciadas no decorrer de várias décadas, bemcomo de incluir algumas poesias e frases, que buscam tra-duzir um pouco da filosofia de vida e a maneira como oautor encara o mundo de hoje.

Ainda que de uma forma descontraída, há uma des-crição detalhada da cidade de Sorocaba e da velocidade dastransformações que a tornaram uma cidade rica e super-populosa, bem como repleta de histórias e peculiaridades,

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fazendo com que ainda mantenha características de umatípica cidade do interior paulista.

Espero que o público infantil se sinta entusiasmado osuficiente para até mesmo tentar trazer novamente à bailaalgumas das brincadeiras e jogos de outrora, e que o públi-co adulto, de uma certa forma se sinta recompensado pelaoportunidade de mergulhar de novo num mundo parecidocom o surrealismo quando comparado ao que vivemos nosdias atuais.

NOTA DO AUTOR

Os personagens desta narrativa, com exceção dos familiares, embora reais,tiveram seus nomes trocados por fictícios para preservação de sua privacidade.

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Agradecimentos.

Agradeço a minha querida esposa, Virgínia, minhacompanheira inseparável de todos os bons e mausmomentos de minha vida; meus dois queridos fi-

lhos, Cyntia e Denis, que, além de muito trabalho, tambémme deram (e continuam dando) uma boa parte da alegriaque sinto até hoje; meus familiares, pela descrição que tivede realizar dos mesmos dentro da minha mais egoísta dasvisões, e de todos os personagens, voluntários ou não, que,de certa forma, deram consistência a esta vívida experiên-cia aqui relatada!

Agradecimento especial para a minha filha Cyntia porter realizado todo o trabalho editorial desta obra, bem comopela confecção de sua capa, que traduz de forma bastantesucinta o seu conteúdo.

Partes desta narrativa são fruto da mais pura imagi-nação do autor que, por muitas vezes, sonhou de olhos aber-tos, visando estimular os sentidos e a reflexão dos leitores.

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C a p í t u l o I

A Cidade onde Nasci“Antigamente, tudo era melhor e mais bonito!”

Esta é uma curta história da infância vivenciada peloautor na cidade de Sorocaba, Estado de São Paulo,abrangendo os anos entre 1954 e 1967, ou seja, uma

época dos chamados “Bons Tempos”, pois a vida naquelesdias era bem diferente da de hoje, principalmente no que tangeà criminalidade e a confiança que todos tinham nas pessoas.

Tempos onde ainda se dormia de porta aberta durantea noite, as pessoas colocavam cadeiras nas ruas pela tardepara bater papo com os vizinhos, amigos e visitas vinham eentravam sem cerimônia ou aviso prévio e todos eram bemrecebidos, não importando o motivo, com café fresco e chei-roso e um bolo simples, de fubá mesmo, quando a visita che-gava realmente de surpresa ou de “última hora”.

A cidade de Sorocaba de então já era conhecida como a“Manchester Paulista” pelas suas numerosas indústrias e fá-bricas, principalmente metalúrgicas e têxteis; possuía uns 100mil habitantes, na grande maioria, operários e comerciantes,

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incluindo-se aqui os famosos visitadores de porta em porta,geralmente judeus imigrados, vendendo todo tipo de artigospara o lar, mas principalmente roupas e tapetes contidosem grandes malas carregadas pelo dia todo pelos bairrosda cidade.

A maioria da população ainda entoava um forte sota-que caipira, perdendo somente para os visitantes dePiracicaba, reconhecidamente tido como o mais caipira dossotaques do interior (na modesta opinião dos sorocabanos,é lógico!).

Embora uma cidade progressista pelas suas indústri-as e comércio bastante variado, seus moradores ainda eramna maioria de média ou baixa renda, vivendo à custa decompras “no fiado”, através das famigeradas “cadernetas”,onde as compras eram anotadas pelos comerciantes das“vendinhas” e mercadinhos da região onde se morava e oacerto era realizado no final de cada mês. Minha famílianão era exceção e tínhamos cadernetas na vendinha maispróxima, no açougue, na farmácia e no barzinho da esqui-na quase na entrada do grupo escolar.

Este bar, denominado Bar do “Gushiken”, era o localonde eu e meus irmãos comprávamos sanduíches de pre-sunto e queijo, outras vezes de queijo e mortadela, acom-panhado por uma garrafinha vazia de Coca-Cola, que man-dávamos encher com xarope de groselha ou ananás (xaro-pe de abacaxi) e completando o restante do volume comágua. A tampa era aquela famosa tampinha vermelha deplástico meio mole que tinha uma pequena alça que se

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encaixava perfeitamente no pescoço da garrafa para não seperder com facilidade e que vedava a garrafa contra os va-zamentos! Os filhos do Gushiken eram participantes ativosde nossas peladas no campinho situado dentro do Buracão,conforme teremos a oportunidade de descrever mais práfrente com mais detalhes.

Como toda cidade do interior, Sorocaba tinha a praçada igreja matriz, igreja esta de estilo meio barroco, meiomoderno, a construção mais alta da cidade durante uns bonsanos. Nesta praça, aos sábados e domingos os jovens fazi-am o conhecido “footing”, ou seja, as moças caminhavamnuma direção ao redor da praça e os moços iam na direçãocontrária para paquerar as donzelas conforme iam se cru-zando. Era a maneira mais tradicional de se começar umnamoro. Nessa mesma praça, além da igreja, havia um pe-queno hotel, único na cidade naquela oportunidade, cha-mado Schrepel, se não me engano; alguns pequenos barese lanchonetes, o Clube Recreativo, onde eram realizados osmais tradicionais bailes de formatura e o Carnaval maisbadalado da cidade. Um pouco mais afastado, ao lado di-reito da igreja ficava um dos dois cinemas de então, o CineCaracante, pertencente a uma das famílias mais conhecidase tradicionais da cidade.

Na praça principal, como acontece com inúmeras ci-dades interioranas brasileiras, ficava o famoso coreto,formato circular e deslocado um pouco do centro, onde nosfins de semana havia sempre uma bandinha tocando músi-cas típicas comemorativas ou simplesmente festivas.

CAPÍTULO I – A Cidade Onde Nasci

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Como o asfalto ainda não havia chegado à cidade, todas asprincipais ruas tanto do centro, como as que ficavam nasproximidades, eram recobertas com paralelepípedos, peda-ços de granito apenas posicionados no chão e com areiaentre os mesmos.

O outro cinema, também situado bem próximo destecentro comercial da cidade, era o São José, onde invariavel-mente eu ia com os amigos na matinê de domingo. Nessesdomingos a programação era tipicamente extensa, com umdesenho no começo da sessão (normalmente, um desenhodo Tom e Jerry), um seriado que a gente seguia de perto,como Flash Gordon, Superhomem, O Sombra e outros, umfilme classe B, de terror ou mistério geralmente assustadorpara as crianças de idade próxima a da minha (8 a 12 anos),como “Tarântula”, “O Monstro da Lagoa Negra”, “A Mulherde 15 Metros”, “O Incrível Homem que Encolheu”, “A BolhaAssassina”, o “Escorpião Negro”, “O Monstro da Bomba H”e um filme principal, geralmente um faroeste com artistashoje lendários, como Henry Fonda, John Wayne, BurtLancaster, Charles Bronson, Lee Marvin e outros.

Alguns personificavam as histórias em quadrinhos,como “Tarzan”, com Johnny Weismuller ou Gordon Scott, ou“Maciste”, outro personagem cheio de músculos e filho dedeuses do Olimpo, ou então filmes de série também deriva-dos de gibis, como Hopalong Cassidy, Zorro e Tonto, RoyRogers e Capitão Marvel, este, conhecido pela transformaçãoem superherói que voava e era resistente à tudo, inclusivebalas, depois de pronunciar a palavra mágica, “Shazam”!

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Os cinemas possuíam uma parte ao nível do chão eoutra acima, conhecida como “balcão”, onde muitas vezesíamos “armados” com tubos de bambus, coletados no matoe lixados e tratados para tal finalidade e papéis recortadoscom os quais fazíamos canudinhos e assoprávamos atravésdos tubos de bambu nos cabelos das moças que usavamlaquê e que, portanto, não podiam retirá-los, sob pena dedesmancharem todo seu penteado!

Esta ferramenta era igualmente usada nos enxus exis-tentes nas casas vizinhas de onde morávamos, provocandoum alvoroço nas abelhas que os faziam. Era muito comum sepassear pela redondeza e observar um sem número de enxustodos cheios de canudinhos de papel por toda a área expos-ta! O bom dessa arma é que a gente não precisava chegarmuito perto das abelhas e assim evitava as “ferroadas” fero-zes quando a gente se distraía e não saía correndo a tempo!

Outra “arma” utilizada pelos moleques era o atiradorde grãos de feijão, feito com duas caixas vazias de fósforos,unidas por fita isolante e acopladas a um elástico de espes-sura acima de 0,5 cm para permitir a colocação dos feijõese então, ao se empurrar o elástico para cima de um anteparocolocado na parte traseira da caixa que se segurava,o elástico se soltava e enviava o grão de feijão com velocida-de razoável para atingir distâncias de 6 a 10 metros! De cimado balcão a gente se divertia atirando na criançada de baixoe observando-os a procurarem pelos meliantes infantis!

A cidade de Sorocaba dos anos 55 era ainda pequenae podia-se atravessá-la a pé sem problemas. Ao contrário

CAPÍTULO I – A Cidade Onde Nasci