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7. CATEGORIA TRABALHO E O DEBATE DO SERVIÇO SOCIAL Encontra a profissão a partir dos métodos teóricos e metodológicos ganha ênfase na década de 60, momento de expansão do serviço social e de suas escolas, e se espraia até 80, no período de (ré) democratização da sociedade brasileira, após longos e violentos anos de ditadura militar. Nesses anos, que demarcaram o que Netto (1998) denomina de movimento de reconceituação, o serviço social passa a questionar e problematizar sua intervenção e produção científica. Apenas na década de 80, com a apropriação – não mais velada pelos ditames da ditadura militar – da teoria marxiana e marxista, a profissão vem construindo uma hegemonia norteada pela teoria crítica. No desencadear desse processo histórico, o serviço social foi se refazendo, negando o conservadorismo, o positivismo, as práticas voluntaristas e filantrópicas, partindo para um direcionamento ético e político em prol da classe trabalhadora, na luta pelo acesso aos direitos e pela legitimação de outros segmentos sociais. Nesse contexto de renovação e crítica ao serviço social tradicional, passa-se a compreender a natureza da profissão e seus objetivos na sociedade, norteando-a com princípios e diretrizes interventivas, fundamentadas e determinadas por uma direção social que tem na liberdade seu valor ético central. Além de refletir sobre si mesmo, o serviço social passa, principalmente na década de 1990, a produzir conhecimentos sobre a atuação profissional, a realidade brasileira e as políticas sociais. No decorrer dessas produções, que determinam veementemente a existência da profissão, surgem consensos e dissensos em relação a algumas temáticas, o que propicia um debate profícuo e bem fundamentado entre autores/as que servem de

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7. CATEGORIA TRABALHO E O DEBATE DO SERVIO SOCIAL

Encontra a profisso a partir dos mtodos tericos e metodolgicos ganha nfase na dcada de 60, momento de expanso do servio social e de suas escolas, e se espraia at 80, no perodo de (r) democratizao da sociedade brasileira, aps longos e violentos anos de ditadura militar. Nesses anos, que demarcaram o que Netto (1998) denomina de movimento de reconceituao, o servio social passa a questionar e problematizar sua interveno e produo cientfica. Apenas na dcada de 80, com a apropriao no mais velada pelos ditames da ditadura militar da teoria marxiana e marxista, a profisso vem construindo uma hegemonia norteada pela teoria crtica. No desencadear desse processo histrico, o servio social foi se refazendo, negando o conservadorismo, o positivismo, as prticas voluntaristas e filantrpicas, partindo para um direcionamento tico e poltico em prol da classe trabalhadora, na luta pelo acesso aos direitos e pela legitimao de outros segmentos sociais. Nesse contexto de renovao e crtica ao servio social tradicional, passa-se a compreender a natureza da profisso e seus objetivos na sociedade, norteando-a com princpios e diretrizes interventivas, fundamentadas e determinadas por uma direo social que tem na liberdade seu valor tico central. Alm de refletir sobre si mesmo, o servio social passa, principalmente na dcada de 1990, a produzir conhecimentos sobre a atuao profissional, a realidade brasileira e as polticas sociais. No decorrer dessas produes, que determinam veementemente a existncia da profisso, surgem consensos e dissensos em relao a algumas temticas, o que propicia um debate profcuo e bem fundamentado entre autores/as que servem de referncia para a categoria profissional. Esse debate, tanto em espaos polticos como em produes tericas, adensa os conhecimentos j existentes e cria novos. Uma das polmicas13 instauradas no interior da categoria se servio social ou no trabalho. Refletir sobre isso se faz importante ao sinalizar, de acordo com Lessa , como os assistentes sociais concebem a histria e a identidade da profisso. Essa polmica no vaga e ilegtima: antes de tudo, apresenta o nvel de intensificao da produo encampada pelo servio social nos ltimos anos e indica o desenvolvimento de sua relao mais rica e dinmica com o conjunto das cincias humanas. Analisar a atuao profissional como prxis social requer um entendimento do trabalho em seu sentido concreto e abstrato a partir do processo histrico, enfocando as alteraes na produo e reproduo das relaes capitalistas que determinam mudanas nas condies e relaes de trabalho. Pesquisas e produes sobre a atuao profissional, seu estatuto de assalariamento, as configuraes do mercado de trabalho, os condicionantes que incidem na autonomia profissional e a materializao ou no do projeto tico-poltico so questes que contribuem para o entendimento da profisso nos espaos scio ocupacionais, que, mesmo diante de suas especificidades, mesmo ditame do sistema capitalista. A reflexo sobre o projeto tico-poltico encontra-se intrinsecamente imbricada com a anlise da prxis do servio social na contemporaneidade. Como romper com o messianismo, o fatalismo e o voluntarismo no mbito interventivo? Um dos caminhos possveis o aprofundamento terico-crtico de desvelamento dos limites e possibilidades do fazer profissionalEm uma poca em que se propaga o fim do trabalho como eixo explicador do surgimento do indivduo social, buscando reflexes sobre temas mais contemporneos que explicitem contundentemente a realidade em que se vive, parece estranho e ultrapassado para alguns produzir e pensar sobre a ontologia do ser social, seu fundamento e seus desdobramentos. Engana-se quem considera a discusso sobre o trabalho em seu sentido ontolgico algo ultrapassado e de menor valor, pois nenhuma outra produo e categoria cientfica conseguiu analisar, explicar e determinar o surgimento do ser social, das relaes produtivas e reprodutivas da sociedade de modo pelo trabalho.