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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião Comissões Episcopais deComunicação Social dasConferências Episcopais dePortugal e Espanha22 - Semana de.. Paulo Rocha24 - Dossier Dia de Portugal

26 - Entrevista José da Silva46 - Multimédia48 - Estante50 - Concílio Vaticano II52 - Agenda54 - Por estes dias56 - Programação Religiosa57 - Minuto Positivo58 - Liturgia60 - Jubileu da Misericórdia62 - Fundação AIS64 - LusoFonias

Foto da capa: LusaFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Encontro Ibéricodebateu Igreja eMedia[ver+]

Novos Santospara a Igreja[ver+]

Portugal e asComunidades[ver+]

Paulo Rocha| Sérgio Marques |Octávio Carmo | Manuel Barbosa

Paulo Aido | Tony Neves | FernandoCassola Marques

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Partidas e regressos

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O Dia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas tem o condãode, anualmente, recordar que o país tem hámuitos séculos mais população do que assuas fronteiras encerram e que, afinal, nãosomos tão pequenos como nos habituamosa pensar. Hoje a questão da emigraçãovoltou à ordem do dia, colocando osportugueses diante da questão de saber seos que partem algum dia voltarão.Pensamos no que se perde, que é muito.Mas outras coisas ficam.Milhões de portugueses, lusodescendentese pessoas com ligação direta a Portugal

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vivem nos cinco continentes econstituem uma das principaisriquezas do país, a nível cultural,económico emesmo religioso.São ainda um questionamento ànossa “portugalidade”: há umadiferença entre ‘estar’ numa terrae ‘ser’ dessa terra. Quem partenunca deixa de ser e muitos dosque nunca cá estiveram, comoos filhos ou netos dosemigrantes, têm Portugal comoreferência do que são.

Qualquer consideração sobre aquestão migratória é, antes demais, uma reflexão sobre a vidareal, a dor, o amor: recordemos osentimento de tantas mães eavós que viram partir os seusfilhos e netos para terrasdistantes. Partidas e chegadas,encontros e desencontros,diálogos e conflitos com oconhecido e o desconhecido.Que nunca nos esqueçamosdisso.

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Hospital de São José, Lisboa: Conferência de imprensa da equipa clinica queacompanhou uma mulher grávida (37 anos) que ficou em morte cerebral

desde 20 de Fevereiro – 15 semanas - e teve um rapaz, com 2,350 quilos,após gestação de 32 semanas, a 07 junho 2016. Foto: Neverfall / Global

Imagens

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-“Verifico que o decreto enviado parapromulgação não acolhe as condiçõescumulativas formuladas pelo ConselhoNacional de Ética e para as Ciências daVida, como claramente explicita adeclaração de voto de vencido do GrupoParlamentar do Partido ComunistaPortuguês.”Veto do presidente da República, MarceloRebelo de Sousa, ao decreto daAssembleia da República sobre as“barrigas de aluguer”, 07 jun 2016, inpresidencia.pt “A FIFA está ao lado da FederaçãoPortuguesa e vamos trabalhar juntos parao bem do futebol. Para um futebol novo,moderno, com vídeo árbitro, comtransparência e humildade”Presidente da FIFA, Gianni Infantini, 07 jun2016, em Portugal, in Sapo Desporto “Entendemos que é justa uma melhoriasalarial dos trabalhadores. Mas é incorretoe até é imoral que neste momento se abrauma exceção para elevar os salários ou osvencimentos dos gestores da CGD, sejameles quem forem”,Secretário-geral da CGTP-IN, ArménioCarlos, 07 jun 2016, in Diário de Notícias

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Media: Encontro Ibérico sublinhouimportância de abertura ecolaboração

Os bispos de Portugal e Espanhaque coordenam o setor dos medianas respetivas ConferênciaEpiscopais reuniram-se nos Açorespara o seu encontro ibérico eafirmaram a necessidade de incluir“ideias que chegam de fora” nosseus projetos de comunicação.“Se abandonarmos a

autorreferencialidade, podemosencontrar valiosos contributos parao nosso trabalho na comunicaçãoquando saímos ao encontrodaqueles que habitam as periferiasexistenciais”, referem os bispos nodocumento conclusivo.Os membros das ComissõesEpiscopais que coordenam o setordos media

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estiveram na cidade de PontaDelgada, ilha de São Miguel. “Émais uma oportunidade para trocarimpressões, trocar informações,trocar experiências. Na sequênciado que têm sido os encontros emanos anteriores, é uma experiênciahumanamente muito enriquecedorae ajuda a iluminar aquilo que são asnossas preocupações, a encontrarrespostas”, disse o presidente daComissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e ComunicaçõesSociais de Portugal.À Agência ECCLESIA, D. Pio Alvesexplicou que no encontro entre asduas comissões ibéricas é sempreabordada uma questão concreta domundo da comunicação e sublinhaque existe um “estreitamento derelações, troca de informações econhecimentos” que ajudam a quese situem “com mais realismo” noque é “o panorama concreto dacomunicação em Portugal”.‘Parcerias e redes na comunicaçãona Igreja’ foi o tema para a reuniãode trabalho, no Centro Pastoral PioXII, da Diocese de Angra.O diretor do Secretariado de Meiosde Comunicação Social daConferência Episcopal Espanholadefendeu durante os trabalhos quea

comunicação em rede na IgrejaCatólica exige preparação econfiança recíproca e tem de partirda “escuta”. Para o padre JoséGabriel Vera, as parcerias emcomunicação devem fundamentar-se numa relação de “confiança naspessoas”, na certeza de que todas“trabalham na mesma direção”.Para o padre José Gabriel Vera, asredes sociais “não servem parafazer homilias ou sermões”, mas têmde ser um “lugar de encontro ondeas pessoas se sentem escutadaspela Igreja”. “Não são um placard deanúncios, onde a Igreja coloca oque faz, mas uma sala, um pátioonde a Igreja dialoga com aspessoas”, disse o responsável daCEE.Carmo Rodeia, colaboradora doportal da internet ‘Igreja Açores’,apresentou no Encontro Ibérico aestratégia de comunicação naDiocese de Angra, que potenciou a“rede local” da Igreja Católica e ados meios dos meios decomunicação social regionais comomeio de agilizar a comunicação.O Encontro Ibérico das ComissõesEpiscopais de Comunicação Socialde Portugal e Espanha terminouesta quarta-feira, com aapresentação das conclusões (verpágina 20).

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Papa envia mensagem para oCongresso Eucarístico NacionalO Papa Francisco deseja que o IVCongresso Eucarístico Nacional quecomeça hoje em Fátima seja umaoportunidade de reflexão sobre aimportância da misericórdia, nummundo marcado pelo“antropocentrismo desordenado”.“Nesta nossa época, em que umantropocentrismo desordenado geraum estilo de vida desordenado, nãodeveria surpreender que,juntamente com a omnipresença doparadigma tecnocrático se adore opoder humano sem limites”, refere acarta de nomeação do enviadoespecial para o evento, citando aencíclica ‘Laudato Si’.Francisco escreve que, peranteeste cenário, “os homens têmnecessidade da adoraçãoverdadeira e humilde, feita diante doSantíssimo Sacramento”.O representante do Papa neste IVCongresso Eucarístico Nacional é oprefeito da Congregação para osInstitutos de Vida Consagrada eSociedades de Vida Apostólica(Santa Sé), cardeal João Braz deAviz, natural do Brasil.O pontífice argentino designouainda

como membros da Missão Pontifíciao reitor do Santuário de Fátima,padre Carlos Cabecinhas, e osecretário da Conferência EpiscopalPortuguesa, padre Manuel Barbosa.“Aos homens, atribulados por tantase tão grandes angústias, a Igrejamostra continuamente o caminho dasalvação e oferece às almas o pãodelicioso e a bebida salutar, remédioda imortalidade, instituído peloSenhor Jesus na Última Ceia”,refere Francisco.O Papa elogia a decisão depromover este congresso, cujo temaé ‘Viver a Eucaristia, fonte demisericórdia’, como forma depreparar “um acontecimento damaior importância”, isto é, “acomemoração dos cem anos dasaparições da Rainha da Paz, emFátima”.

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Comissão Nacional Justiça e Pazdenuncia desigualdadesA Comissão Nacional Justiça e Paz(CNJP) denunciou a “desigualdade”na repartição de sacrifícios emPortugal e alertou para o fossocrescente entre ricos e pobres.“Uma desigualdade na repartição desacrifícios necessários queprejudique os mais pobres ofendeelementares sentimentos de justiçae o princípio da solicitudepreferencial pelos mais pobres quedeve orientar a ação do Estado”,refere o organismo laical ligado àConferência Episcopal Portuguesa.A nota ‘Atenção aos mais pobres’,enviada à Agência ECCLESIA,sublinha que “níveis excessivos ecrescentes de desigualdade”prejudicam a coesão social e o“sentido de pertença à empresa e àcomunidade global”.Em maio, o Instituto Nacional deEstatística (INE) revelou que o fossoentre as famílias portuguesas commaiores rendimentos e as de maisbaixos recursos aumentou entre2004 e 2014, sendo que a quebrado rendimento médio da populaçãoem geral atingiu 16,5% entre 2010 e2013,A CNJP considera que, apesar de aredução de salários e pensões tersido “proporcionalmente mais

acentuada nos mais elevados”, aredução de apoios sociais,“precisamente quando eles erammais necessários, provocou talefeito”. “A pobreza constitui umaofensa à dignidade humana e, porisso, uma violação dos direitoshumanos”.Para o organismo católico, éurgente alertar para a necessidadede “outra atenção aos mais pobres”,também os “desprovidos deprojeção mediática e força política eeleitoral”. “Para tal, não basta areposição de salários e pensõesque continua a beneficiar mais,proporcionalmente, a classe média,nem acreditar ilusoriamente queterminou a necessidade desacrifícios imposta pela exigência deredução das dívidas pública eprivada”, conclui o documento.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Religioso beneditino frei Bernardo de Vasconcelos declarado venerável

Entrevista sobre o projeto «Dates Católicos»

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Dois novos santos para a Igreja

O Papa presidiu no Vaticano àcanonização de Santo Estanislau eSanta Isabel Hesselblad, naturais daPolónia e da Suécia,respetivamente, e disse que aressurreição de Jesus é a respostaao sofrimento da humanidade. “NaPaixão de Cristo, temos a respostade Deus ao grito angustiado, e àsvezes indignado, que a experiênciado sofrimento e da morte suscita emnós. É preciso não fugir da Cruz,mas permanecer lá”, declarou, nahomilia da Missa que decorreu naPraça de São Pedro.Milhares de pessoas participaramna

cerimónia de canonização doreligioso polaco EstanislauPapczysnki (1631-1701), fundadorda Congregação dos Marianos daImaculada Conceição da BeatíssimaVirgem Maria, e da religiosa suecaMaria Isabel Hesselblad (1870-1957), fundadora da Ordem doSantíssimo Salvador de SantaBrígida.Santo Estanislau, fundador daprimeira congregação masculina naPolónia, é recordado pela biografiaoficial do Vaticano como um “mestreespiritual” e um escritor “prolífico”que convidou as pessoas a“contemplar a misericórdia de Deus”.

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O superior geral da congregação,padre Andrzej Pakula, recordou o“exemplo de total dedicação a Cristoe à Igreja” do novo santo. “Foi umprofícuo escritor de livros deespiritualidade para promover aconfiança à misericórdia de Deus ea santidade dos religiosos e dosleigos”, recorda.Santo Estanislau Papczysnki tornou-se famoso em Varsóvia comoprofessor de retórica e professorede espiritualidade, contando-seentre os seus penitentes o entãonúncio apostólico na Polónia,Antonio Pignatelli, futuro PapaInocêncio XII.A Congregação dos Marianos foiimplantada em Portugal em 1754;uma delegação portuguesaacompanha a celebração noVaticano.Já religiosa sueca Maria Isabel

Hesselblad (1870-1957), converteu-se ao catolicismo e destacou-sepelo serviço aos mais pobres, tendoprotegido famílias de judeus durantea perseguição nazi, em Roma.A nova santa católica foi umaenfermeira, emigrante nos EUA,onde trabalhou no Hospital Roosvelt(Nova Iorque), em contacto compopulações vulneráveis; em 1902converteu-se do luteranismo aocatolicismo e no ano seguintemudou-se para Roma, onde em1911 fundou a Ordem do SantíssimoSalvador de Santa Brígida,inspirando-se na primeira religiosasueca a ser canonizada.Maria Isabel Hesselblad tinha sidobeatificada pelo Papa João Paulo IIa 9 de abril do ano 2000.

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Igreja é a família de JesusO Papa Francisco afirmou noVaticano que a Igreja é “a família deJesus”, falando perante milhares depessoas reunidas na Praça de SãoPedro para a audiência públicasemanal. “A Igreja é a família deJesus, na qual se derrama o seuamor: é este amor que a Igrejaguarda e quer dar a todos”, realçou,numa intervenção que decorreu naPraça de São Pedro.O Papa partiu do relato do “primeiromilagre” de Jesus no Evangelhosegundo São João, a transformaçãoda água em vinho numas bodas emCaná da Galileia. Franciscoapresentou este episódio comosímbolo da “nova aliança de amor”entre Jesus e cada crente, um “atode misericórdia” que é o“fundamento” da fé cristã.“A vida cristã é a resposta a esteamor, é como a história de doisenamorados: Deus e o homemencontram-se, procuram-se,descobrem-se, celebram-se eamam-se, precisamente como oamado e a amada no Cântico dosCânticos. Tudo o resto éconsequência desta relação”,precisou.A catequese apresentou o vinhocomo expressão da “abundância” esublinhou a “vergonha” que teriarepresentado para os noivos de

Caná não o poder oferecer aosseus convidados. “Imaginem vocêsacabarem a festa do casamento abeber chá?”, gracejou.Francisco assinalou depois que foiMaria, mãe de Jesus, a tomar ainiciativa de resolver o problema,junto do seu filho, dizendo aosempregados: “Fazei o que Ele vosdisser’”. “É curioso, são as suasúltimas palavras relatadas peloEvangelho, são a herança queoferece a todos nós”, acrescentou.O encontro tinha começado com umcumprimento especial: “Gostaria desaudar um grupo de casais, ali aofundo, a celebrar o 50.º aniversáriode casamento. Este sim é o vinhobom da família! O vosso é umtestemunho que os casais jovens -que vou cumprimentar depois - e osjovens devem aprender. É um belotestemunho, obrigado pelo vossotestemunho".

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Nova legislação para abusos sexuaisO Papa Francisco publicou novasorientações legislativas quepreveem a remoção do cargo debispos que sejam consideradosnegligentes na gestão de casos deabusos sexuais de menores eadultos vulneráveis. Osresponsáveis por dioceses católicasdos vários ritos podem ser"legitimamente" removidos do seuencargo, caso se determine quetenham "por negligência, realizadoou omitido atos que tenhamprovocado dano grave a outros”,tanto a pessoas como àcomunidade.O Motu Proprio (documentolegislativo de iniciativa pessoal dopontífice), intitulado ‘Como uma mãeamorosa’, sublinha que "a missãode proteção e do cuidado" dizrespeito à toda Igreja, mas envolveem particular os bispos. "O bispodiocesano ou o eparca pode serremovido apenas quando tenhaobjetivamente falhado de maneiragrave à diligência que lhe é pedidapelo seu ofício pastoral, ainda quesem grave culpa moral da suaparte", precisa.No caso de abusos sobre menoresou adultos vulneráveis "é suficienteque a falta de diligência seja grave".“O dano pode ser equilíbrio físico,moral ou espiritual”, especifica o

documento assinado por Francisco.O Papa sublinha que “empregaruma particular diligência” emproteger aqueles que são “os maisvulneráveis entre as pessoas a elesconfiadas” é dever dos bisposdiocesanos e dos superioresmaiores de Institutos Religiosos edas Sociedades de Vida Apostólicade Direito Pontifício. Franciscoindica também que quando osindícios são “sérios” a autoridadecompetente da Cúria Romana podecomeçar “uma investigação” einformar a pessoa que tem aoportunidade de defesa “com osmeios previstos pela lei”, através dedepoimentos e documentos.O artigo seguinte explica que, antesde decidir, a Congregaçãocompetente deve reunir-se, senecessário, com outros bispos daConferência Episcopal à qual oinvestigado faz parte.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Vaticano promove congresso internacional contra «preconceito» face à lepra

Jubileu dos Sacerdotes celebrado em Roma com o Papa Francisco

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Conclusões do Encontro Ibérico2016Nós, bispos das ComissõesEpiscopais de Comunicação Socialdas Conferências Episcopais dePortugal e Espanha, realizámosentre os dias 6 e 8 de junho o nossoencontro anual de trabalho, nacidade de Ponta Delgada (Açores,Portugal), com o tema “Parcerias eredes na comunicação na Igreja”. Ocontexto histórico e geográfico donosso encontro permitiu verificar inloco o trabalho de comunicaçãonuma diocese insular, formada pornove Ilhas, que tem na comunicaçãoum fator de encontro e decomunhão para a Igreja local. Provadisso é o número de comunicadoresque esta terra deu à comunicaçãoem Portugal, na Igreja e fora dela.A passagem evangélica da rede (Lc5, 1-12), com a sua riquezasimbólica, foi o fio condutor danossa reflexão. A força da rede decomunicação é a do seu fio e doseu nó mais frágil, por isso, énecessário rever as redes paratorna-las cada vez mais importantespara a missão da Igreja.A partir das conferênciasapresentadas e do diálogo que elasnos suscitaram, desejamos ofereceras conclusões do nosso trabalhopara potenciar parcerias no mundoda comunicação das redes sociais.

1. A comunicação é imprescindívelpara a missão da Igreja. A Igrejaexiste para comunicar a mensagemde salvação, é a sua identidade.Esta comunicação deve ter emconta a atual cultura mediática e,por isso, deve caraterizar-se pelarapidez, a simplicidade, aproximidade e uma apresentaçãoatraente da mensagem. 2. Na comunicação devemostambém estar atentos às ideias quechegam de fora dos nossos âmbitos.Se abandonarmos aautorreferencialidade, podemosencontrar valiosos contributos parao nosso trabalho na comunicaçãoquando saímos ao encontrodaqueles que habitam as periferiasexistenciais. 3. As redes sociais devem superar omodelo unidirecional e ser lugaresde encontro e de diálogo com aspessoas que habitam o continentedigital. Como diz o Papa Franciscona sua Mensagem para o DiaMundial das Comunicações Sociaisdeste ano, “a comunicação tem opoder de criar pontes, favorecer oencontro e a inclusão, enriquecendoassim a sociedade”.

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4. O serviço de comunicação naIgreja deve ser desenvolvido comprofissionalismo e, sempre quepossível, por profissionais queassumam o seu trabalho como umamissão eclesial. Estes devemformar-se para ser lugar deencontro entre a instituição e acomunicação, entre a Igreja e osmeios de comunicação social.5. A confiança nos comunicadoresda Igreja é um valor imprescindívelpara a eficácia da comunicação.Essa confiança é devida tanto aosque na Igreja têm aresponsabilidade de governar comoàqueles que, nos meios decomunicação, encontram neles umafonte imprescindível para cumprir asua missão. A confiançafundamenta-se na verdade, natransparência e no estabelecimentode relações pessoais de qualidade.6. O exemplo do Papa Franciscoilumina o mundo da comunicaçãopela proximidade e coerência quemanifesta. É um valioso modelopara os comunicadores. Ao realizar esta reflexão, queremos

valorizar e agradecer o trabalho dosprofissionais da comunicação.Oferecemos a cada um deles, comoproposta para um profissionalismoao serviço das pessoas, as palavrasdo Papa Francisco na suaúltima Mensagem para o 50º DiaMundial das Comunicações Sociais:“Comunicar significa partilhar, e apartilha exige a escuta, oacolhimento”. Continua o PapaFrancisco, “as palavras podemconstruir pontes entre as pessoas,as famílias, os grupos sociais, ospovos. E isto acontece tanto noambiente físico como no digital”.Convidamos todos os profissionaisda comunicação, neste ano jubilar,“a redescobrirem o poder que amisericórdia tem de curar asrelações dilaceradas e restaurar apaz e a harmonia entre as famílias enas comunidades”.Ponta Delgada, 8 de junho de 2016

Comissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e ComunicaçõesSociais Comisión Episcopal de Medios deComunicación Social de España

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Partir para fazer da vida“um lugar de beleza”

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

10 de junho é o dia que socialmente mais meafeta por nele se assinalar o Dia de Portugal, deCamões e sobretudo das ComunidadesPortuguesas. Mais do que histórias de emigraçãona família – que também as há - ou na região deonde também saí, são sobretudo os migrantes daatualidade e as travessias que levam à mortede pessoas que chamamos refugiados e que,também por isso, são emigrantes, que confirmamesses sentimentos.Emigrar é bom e mau, produz emoções positivase negativas, gera esperança e tambémansiedade provocada pela indefinição de muitaspartidas. Na atualidade, quem tem de partirporque não encontra o essencial para viver noambiente onde nasceu tem de ter a coragem e acapacidade de recriar laços familiares, quandopossível, ou pelo

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menos de amizade num novo lugar,numa nova cultura, num novoambiente. Quem o consegue é umherói! Quando essa condiçãoessencial para ser emigrante não éconquistada, a comunidade deacolhimento tem de se interrogar esobretudo os empregadores e os“facilitadores” de trabalho devemcolocar a mão na consciência – se aencontrarem – porque muitos dosinsucessos entre os que emigramtêm na sua origem comportamentoscorruptos em contexto laboral.Infelizmente, os fluxos migratórios,as travessias dos refugiados e adecisão de partir para sítiosdesconhecidos tem com frequênciana sua origem uma obrigação,quando deveria estar uma opção: Aopção de partir ao encontro domelhor para cada um, para afamília, para uma comunidade.

Por outro lado, felizmente hácontextos da mobilidade que têm nasua origem uma escolha: Nasmigrações e sobretudo no turismo.O local que esta fotografiadocumenta foi visitado esta semana.É a Lagoa do Fogo, na Ilha de SãoMiguel. Vi-a num dia de céu aberto,com muito sol e poucas nuvens. Umlocal emblemático dos Açores, paramuitos a lagoa mais bonita, quesugere esse ideal a manter sempreno horizonte quando está em causaa mobilidade humana: partir deveriaser sempre uma opção e em ordema destinos que provocam encontroscom o que é belo… Sobretudo osque transformam a vida em lugaresde beleza.(O Papa Emérito Bento XVI afirmouem Portugal no dia 12 de maio de2010: “Fazei coisas belas, massobretudo tornai as vossas vidaslugares de beleza”)

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O 10 de junho está no centro desta edição o Semanário ECCLESIA,que evoca a experiência e a presença da Igreja Católica junto

dos emigrantes portugueses em várias partes do mundo, comdestaque para França, que este ano acolhe os momentos

conclusivos das comemorações oficiais do Dia de Portugal,de Camões e das Comunidades Portuguesas.

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Agenda do Presidente da República Portuguesa - 10 junho 2016 10h00 – Cerimónia MilitarComemorativa do Dia de Portugal,de Camões e das ComunidadesPortuguesasLocal: Terreiro do Paço, LisboaContinência pelas Forças emParadaRevista às Forças em ParadaCerimónia de Homenagem aosMortos em CombateIntervenção do Presidente daComissão Organizadora dasComemorações, Prof. Doutor JoãoCaraçaIntervenção do Presidente daRepúblicaImposição de Condecorações1.º Cabo Auxiliar Enfermeiro AntónioVitório Barriga Alves Nunes(Medalha da Cruz de Guerra de 3ªClasse)Soldado José António BaptistaSantana (Medalha da Cruz deGuerra de 4ª Classe)Soldado de Transmissões AntónioMaria Alves (Medalha da Cruz deGuerra de 4ª Classe)Coronel Técnico Operador deComunicações e de CriptografiaArmando de Jesus Marques Leitão(Medalha de Serviços Distintos,Grau Prata)Sargento-Chefe de Infantaria JoséAntónio dos Santos Gouveia(Medalha de Serviços Distintos,Grau Cobre)Cabo Telegrafista Luís AlbertoVasques Lopes (Medalha de MéritoMilitar de 4ª Classe)

Desfile das Forças em ParadaDesfile NavalDesfile MotorizadoDesfile AéreoDesfile Apeado12h00 – Fim da Cerimónia Militar Deslocação do Presidente daRepública para Paris18h15 – Encontro do Presidente daRepública e do Primeiro-Ministrocom o Presidente da RepúblicaFrancesa e o Primeiro-MinistroFrancêsLocal: Palácio do Eliseu, Paris19h00 – Celebrações oficiais do Diade Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesaspresididas pelo Presidente daRepúblicaLocal: Mairie de ParisIntervenção da Maire de ParisIntervenção do Presidente daRepública FrancesaCerimónia de imposição de insígnias(Dama/Cavaleiro da Ordem daLiberdade):Margarida de Santos SousaJosé GonçalvesManuela GonçalvesNatália Teixeira SyedIntervenção do Presidente daComissão Organizadora dasComemoraçõesIntervenção do Presidente daRepública

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Portugueses «empurrados»para a emigração para“salvar a vida” A 10 de junho, dia de Portugal, de Camões e das ComunidadesPortuguesas. Este ano, pela primeira vez, as comemorações oficiaisacontecem também fora de Portugal, em Paris, junto de uma das maisantigas comunidades portuguesas. José Coutinho da Silva faz parte dessacomunidade há 45 anos e foi com ele que a Agência ECCLESIA quis sabercomo é vivido cada 10 de junho. Apesar da distância, também numaconversa pelo telefone, falar de Portugal “mexe por dentro” e há umapalavra que está sempre presente: saudade.

Entrevista conduzida por Sónia Neves Agência ECCLESIA (AE) – Quesignificado tem a comemoração doDia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas, esteano com a presença do presidenteda República?José Coutinho da Silva (JCS) – Estacomemoração com o presidente daRepública aqui em França, além desurpreendente, corresponde a umatentativa de recuperar o tempoperdido. Tenho refletido sobre osmotivos que o terão levado a estadecisão e penso que pode serentendido como uma maneira de

voltar a dar a esperança a muitaspessoas, sobretudo aos emigrantesmais recentes em França, àscamadas mais jovens da Naçãoportuguesa que não encontroufuturo em Portugal e que, paramuitos, foi uma esperança perdida.Esta é uma tentativa de dizer queainda continuamos a serportugueses e que Portugal, onosso retângulo, continua a pensarem nós. Eu leio este acontecimentocomo um voltar a dar a esperança amuitas pessoas que podemos edevemos reconhecer comoportugueses.

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Sentimo-nos esquecidosAE – Os jovens licenciadosportugueses foram ‘’empurrados’’para emigrar… Acredita que estaatitude de comemorar o Dia dePortugal junto de uma comunidadeportuguesa emigrante, pode serconsiderado um ato dereconciliação?JCS – Não sei se será dereconciliação, mas uma janelaaberta para perspetivas deesperança, isso sim. É evidente quea vida se torna cada vez mais durapara as pessoas. Isto de

serem empurrados para fora, pormuitas razões mas a maior pornecessidade, marca muito e feremuito profundamente a vida… Maspenso que o facto de dizer queforam empurrados e agora háalguém que pensa em nós e o paísvai estar focado na nossa realidade,através das televisões, ou outrosmeios de comunicação social,através dos discursos.Eu sei que a emigração durantemuito tempo foi deixada de lado,sentimo-nos esquecidos, ouincompreendidos,

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ignorados, tornámo-nostransparentes para o nosso país,mas penso que esta é umatentativa. Será interessante vercomo é que nos podemosreconhecer como portugueses. Éevidente que a situação, hoje, comos anos que passam, as nossasgerações são diferentes, os novosque vieram com quem me vouencontrando estão muito revoltadoscom a situação em Portugal e háoutros que têm uma maneira deolhar para Portugal como nós, queviemos para cá há 40 anos. É ummau momento a passar. Talvezpossamos voltar a Portugal, mas hámuita gente revoltada e, outros, quese foram acomodando a esta vidanormal de 20, 30, 40 anos deemigração, já com filhos, netos e,alguns, já com bisnetos aqui nestasterras de emigração. Cada vez maissomos gente daqui com raízes ememória em Portugal.A saudade ganha uma dimensãomuito particular à força de passar osanos aqui em França, mas julgo quepode ser um momento interessante.Conhecendo um pouco do que é anossa emigração, estes milhares depessoas estão completamentedesligados de Portugal, a não serpela

família. Vê-se isso pelo reduzidonúmero de participação nas últimaseleições (97% de abstenção).Estamos ligados à nossa família,aldeias e festas. Para nós, tudo oque passa em Portugal é umapresença permanente, que vivemoscom apreensão. Estamos muito maisligados aos feitos dos futebolistas ede alguns cantores - nem sempre osmelhores que por aqui vêm ganhardinheiro -, mas há sempre umaligação sentimental.

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AE – Entendo que ainda faz sentidofalar em saudade…JCS – Eu penso que sim. Aquilo quenos caracteriza como povopertencente à portugalidade são aslágrimas que nos vêm aos olhosquando pensamos em Portugal,quando vemos na televisãoacontecimentos que nos chocam,situações difíceis, tudo isto mexemuito cá por dentro. Não estamosinsensíveis ao que vive o nossopovo. Emigração colocaportugueses a exploraroutros portuguesesAE – Há cerca de 45 anos, quandofoi para França, levava muitossonhos e desejos. Como é que olhapara a juventude portuguesa queagora chega aí?JCS – A juventude que chega…(suspira) Eu tenho falado comvárias pessoas e é curioso quetemos dificuldade em reconhecer-nos do

mesmo povo. Nós éramos gentefabricada no tempo da ditadura, comum certo nível escolar muito inferioraos que aqui chegam e hojesentimos que os jovens chegam coma ideia que ‘sou europeu, tenhodireitos e reivindico-os’. A nossamaneira de pensar era virmos de‘orelha baixa’ para nos sujeitarmos atudo. Talvez a deceção maior e ochoque ainda maior é que muitagente chega cá e depois encontra-se em situações difíceis, sujeito aaceitar todo o tipo detrabalho e, infelizmente, e digo isto

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com muita vergonha, caindo nasmãos de portugueses exploradoresque, estando cá há muito tempo,criaram fortuna e se esqueceram deonde vieram.A emigração é um espaço e umtempo favorável a que cada um denós se posicione em relação a umaHistória.

Eu sei de onde vim, procuro umcaminho para onde vou e há muitagente que o dinheiro os fezesquecer de onde vieram…Conheço imensa gente nova quechegou cá e caiu nessas mãos.Felizmente que os empresáriosportugueses não são todos assimmas há muita gente que seaproveita desta novas vagasmigratórias e ainda me choca maisquando alguns são consideradosempresários de sucesso e atérecebem medalhas mas ninguém sepreocupa sobre quem se apoia osucesso deles. É uma linguagemdura mas, infelizmente, é o que vouverificando por cá.

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Portugueses ajudam a serIgreja nestes locaisAE – Os novos emigrantesprocuram menos a comunidadeportuguesa… e a comunidadecatólica? Há uma procura deespiritualidade por parte de quemchega?JCS – A comunidade católicaatualmente vai-se situando à partede algumas comunidades aindaconstituídas na região parisiense.Na quase totalidade das diocesesde França, os portugueses que seaproximaram ou que se deixaramaproximar pela Igreja têm umapresença importante na vida dasdiferentes comunidades paroquiais.Eu vejo, por exemplo, na minhaparóquia, em que somos cristãos de20 ou 30 nacionalidades diferentese os portugueses aqui, como emmuitas comunidades, ajudam aconstruir a Igreja e a ser Igrejanestes locais. É evidente que aindahá na região parisiense algumascomunidades portuguesas, mas hámuito poucos sacerdotesportugueses presentes e, aliás, foiuma norma corrente, nunca houvemuitos sacerdotes que pudessemou que aceitassem vir ou que aIgreja portuguesa quisesse

enviar para França. Em cadaparóquia há ainda a presença deum punhado muito significativo deportugueses que procuram ter assuas manifestações próprias emvolta da Nossa Senhora de Fátima,manifestando e participando nasatividades da paróquia. Penso quemuito poderíamos dar mas aindaestamos marcados por uma Igrejaem que só consumíamos, não nosera nada pedido, não nos puxavapara sermos mais responsáveis.Falo das gerações mais antigasporque as novas gerações vêmmarcadas por um afastamento daprática religiosa que não é próprioao facto de estar em França, mas jáo viviam antes de virem para cá.

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AE – Há assim algum desejo paraeste Dia de Portugal, de Camões edas Comunidades Portuguesas?Algo que sente como emigrante…JCS – O desejo que possomanifestar é que continuemos aabrir os olhos para as realidadesconcretas do nosso povo e daspessoas que vêm. Quem emigrounão veio para ser rico mas para“salvar a vida”, ou seja, construir umfuturo. As pessoas podem vir

com ilusões, esperança mas sótentando abrir os olhos para arealidade poderemos construir estepovo dentro e fora do país. Fala-seagora do europeu de Futebol, ‘nãosomos 11 mas 11 milhões’ erapreciso que isto criasse raízesprofundas em cada um de nós paraque continuemos a ser o quesomos, um povo de cabeçalevantada no meio de outros.

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Uma celebração no presente,do passado e do futuroA diretora da Obra Católica deMigrações, Eugénia Quaresma,considera o 10 de junho “um dia dememória mas também celebraçãode futuro” e alerta para aimportância de “criar pontes” com ascomunidades na diáspora seja pelasentidades politicas como asreligiosas.“Espera-se que o 10 de junho sejauma celebração no presente, dopassado e do futuro. Devíamoscelebrar com alegria, recordar que adiáspora também é Portugal,durante muitos anos não se deuouvidos. As pessoas falavam, apopulação falava,

a diáspora falava somos Portugal,defendemos e acreditamosem Portugal”, assinalou aresponsável à Agência ECCLESIA.As comemorações do dia dePortugal podem ter “outrossignificados” e um efeito de união,de construção “de pontes” porque opaís pode ser construído a partir dedentro e “também lá fora”.“Estamos numa altura da história emque não nos podemos fechar emnacionalismos. É importanteressaltar o valor da naçãoportuguesa, o que tem de maispositivo, a capacidade

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de dialogar com outras culturas, deempreender, de aprender econstruir”, desenvolveu EugéniaQuaresma.Com os números da migração aultrapassar os dois milhões nosúltimos anos, a entrevistada alertapara os ressentimentos,especialmente, dos mais novos dosanos recentes com quem “é precisoreconciliar essa memória” erecordar os valores que “edificamcomo povo e como pessoas”.Para a responsável do organismoda Igreja Católica em Portugal osemigrantes não podem serprocurados “em determinadascircunstâncias”, “para pedir coisasou do ponto de vista financeiro”.“Elas não esquecem, é uma questãode preservação da identidade, o

reavivar de tradições sejamculturais, gastronómicas, religiosas.Há uma grande sede em mostrareste Portugal em crescimento”,acrescenta.A diretora da Obra Católica deMigrações observa ainda que anível eclesial as comunidades têm o“papel de redescobrirem o seupotencial evangelizador” detestemunho e “mostrarem que a fécontinua a fazer sentido” com otestemunho cristão no trabalho e naescola.“A vivência da fé não pode seresquecida, é preciso que as nossascomunidades não se sintamabandonadas. É preciso aprofundaressa vivência e só se vive e só seaprofunda mais em comunidade enão de forma isolada”, concluiEugénia Quaresma.

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Madeira: sociedade global, plural epoliédrica e multicultural

A sociedade madeirense é umasociedade global, plural e poliédricae multicultural, que influencia quemcom ela se cruza e se deixa marcarpelas culturas com que interage.Aberta à diferença, não se deixouagrilhoar às ilhas que a viu nascer:o mar sempre foi uma estradaimensa para onde quer quedesejasse ir. E foi, e criou laços, econstituiu família, e prosperou, emanteve a ligação à terra, à cultura,à sua matrizi dentitária eestabeleceu

comunidades, e associações emanteve vivo a o espíritomadeirense. Levou consigo aautenticidade, a estoicidade, aresiliência, o desejo de vencer ecom essas características tãopróprias da Madeirensidade ganhouprestígio, influência e relevância nasvárias nações de acolhimento.As grandes comunidadesimplantadas na Venezuela, África doSul, Austrália, Reino Unido, EstadosUnidos, Brasil,entre outras, são osverdadeiros e melhoresembaixadores da nossa

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terra e da nossa matriz identitária.O Governo Regional conhece bem oprotagonismo e a importânciadestas comunidades, que seconstituem como um ativoestratégico da Madeira que nãopoderá ser desvalorizado. Osnossos artistas, os nossoscientistas, os nossos empresários,os nossos milhares de estudantes elicenciados, a nossa gente maissimples e, tantas vezes, a maisdedicada, permitem manter vivas asnossas tradições e constituem, apar com a população residente, onosso mais valioso património.Porque próximos das comunidades,intuímos e partilhamos dos seusanseios e ansiedades. Sabemos dagrande preocupação que o povomadeirense espalhado por todo omundo mantém para com aVenezuela e temos vindo aacompanhar de perto a situaçãopolítica, respeitando, como nãopoderia deixar de ser, a soberaniadaquele país amigo, com quemmantemos relações diplomáticas hádécadas e que deve encontrar, noquadro das suas instituições, aresolução para os seus problemasinternos. Grande parte da nossacomunidade naquele país écomposta por cidadãosvenezuelanos que certamenteestarão disponíveis para ajudaraquela que também é a sua pátria. Sabemos, igualmente, que osnossos

conterrâneos se preocupam com arealidade política e económica donosso país. Deram o seu contributodurante anos a fio, confiando einvestindo nas instituiçõesportuguesas e neste momentosentem-se defraudados eespoliados, pela crise do sistemafinanceiro que depauperou aspoupanças de toda uma vida detrabalho. Este é um capital deconfiança que temos,inevitavelmente, de recuperar.As ligações entre a Diáspora e aMadeira são também uma das suasprincipais preocupações, e muitoconcretamente as ligações aéreascom Joanesburgo e Caracas.No quadro das nossascompetências, temos vindo acooperar institucionalmente com oGoverno da República no sentido deultrapassar estes constrangimentosque têm dificultado a vida às nossascomunidades. De uma coisa podemestar certos: as comunidadesmadeirenses são uma prioridadepolítica da qual não desistimos nemprescindimos, conforme se confirmapela criação do Fórum MadeiraGlobal e do Conselho da DiásporaMadeirense, criados recentemente eque terão e sua concretização nosdias 8 e 9 de agosto.

Sérgio MarquesSecretário Regional dos Assuntos

Parlamentares e Europeus

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Missão Católica de LínguaPortuguesade Nürnberg

A Missão Católica de LínguaPortuguesa de Nuremberga existedesde 1976.Como o próprio nome indica, estaMissão, na pessoa do Padre por elaresponsável, atende pastoralmentetodos os falantes da língua deCamões: Portugal, Brasil, Angola,Moçambique, Guiné Bissau, S.Tomé e Príncipe, Timor e CaboVerde.

É vasto o espaço geográfico deacção desta missão que abrangetodo o norte da Baviera.Ao longo dos seus 40 anos deexistência foram-se formandocomunidades nesta ou naquelacidade desta região.Foram crescendo umas,desaparecendo outras, conforme ointeresse e o número deportugueses

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existentes nessas paragens. À data,são cinco as comunidades de que aMissão se ocupa de modo regular.Esporadicamente assiste aindagrupos ou pessoas que vãosolicitando o acompanhamento eserviços do pároco.Em cada comunidade existe umgrupo de 3 a 5 pessoas que, emconjunto com as outrascomunidades, formam o ConselhoPastoral da Missão.Pequenos grupos de animaçãolitúrgica, concretamente no que dizrespeito ao canto, à proclamação daPalavra; grupos de acólitos, gruposde catequese; grupos de jovens;grupos de senhoras, formam e dãovida ao que se chama a MissãoCatólica de Língua Portuguesa deNuremberga.Com um território tão vasto(equivalente a quase metade dePortugal) torna-se difícil fazer umtrabalho pastoral aprofundado. Poresse motivo, algumas comunidadessão visitadas apenas uma vez pormês.A preparação de noivos para ocasamento, de jovens e adultospara o crisma, de pais e padrinhospara o baptismo, são outrasactividades que têm lugar em cadacomunidade devido à grandedistância a que estas se encontram.E, claro está, a

Eucarístia é sempre o momentomais importante e que reúne o maiornúmero de pessoas.Há ainda todo um trabalho deacolhimento social e espiritual quese concretiza na visita aos doentese aos presos, no acompanhamentodas famílias enlutadas ou naassistência social aosdesempregados.A Missão tem prestado umaparticular atenção aos recémchegados que apesar de possuiremuma formação superior à daprimeira imigração, nem por isso têmo caminho mais facilitado.

Padre Joaquim da Costa

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Bélgica: Religioso portuguêscomenta importância da língua eligação à cultura maternaO frade dominicano Eugénio Boléoestá desde 2001 na capital daBélgica, em Bruxelas, ondeacompanha as dificuldades edesafios da comunidadeportuguesa, como as distâncias daigreja e a língua, que, atualmente,são cerca de 80 mil pessoas.O frade português começa pordestacar que a Bélgica tem umcontexto específico por causa dos“milhares de funcionários da UniãoEuropeia, que têm um estatuto civildiferente” dos outros emigrantes.“Numa cidade como Bruxelas, que édo tamanho de Lisboa há mais de140 nacionalidades. Um universomuito mais pequeno que Paris eLondres as pessoas têm vizinhos detodas as línguas, culturas e muda asituação dos portugueses”, explicouà Agência ECCLESIA.Frei Eugénio Boléo assinala que alíngua “é muito importante” e,“infelizmente”, com cerca de 6 miljovens em idade escolar “apenas700 estão no ensino de português”,e mais tarde vai ter“consequências

Eugénio Boléo importantes”: “Acham que oportuguês não vale nada emboraseja a terceira língua europeia deexpressão mundial.”O frade dominicano alerta que ascrianças “quase nem falam” a línguamaterna e os que falam “um

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bocadinho” não leem nem escreveme existe “toda uma parte da cultura”que lhes “escapa”.A viver na ComunidadeInternacional dos PadresDominicanos de Bruxelas, desde2001, o religioso português contaque as pessoas “vivem todas muitodispersas das Igrejas onde há missaem português e têm de fazer entre10 a 20 quilómetros paraparticiparem na Eucaristia.Ter os filhos na frequentar acatequese em português “é umesforço enorme” e nas duascomunidades na capital da Bélgica,Bruxelas, esta formação cristã inicialé “o tesouro”, mesmo com “muitasdificuldades”.“As crianças mais pequenas nãofalam português e a catequese temde

ser quase bilingue mas é tesouro”,acrescenta.Frei Eugenio Boléo comenta ainda agrande diferença, para melhor, notrabalho das mulheres ao longo dosúltimos 10 anos porque quandochegou “a grande parte era ilegal”.“A maioria trabalha ligada àslimpezas, porteiras e há uns 10 anosficaram quase todas legais o quemelhorou muito o estatuto,descontam, têm segurança social,conta para a reforma. Antesdependiam muito dos maridos e hojesentem-se muito mais à vontade,mais seguras”, desenvolveu.As declarações do frade portuguêsresultam de uma parceria com oprograma de rádio ‘Raízes de Cá’,da RCF Bruxelles.

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Igreja ao lado dos emigrantesno LuxemburgoA Igreja Católica acompanha deperto há mais de 50 anos osemigrantes no Luxemburgo, umapresença destacada pelocoordenador da Pastoral de LínguaPortuguesa no Luxemburgo, opadre Rui Pedro.O missionário scalabriniano estápresente na comunidade de Esch-sur-Alzette, no sul do Luxemburgo, eacolhe muitos dos emigrantesportugueses que procuram acomunidade na ajuda dadocumentação ao que o centro deescuta social tenta dar resposta.Cerca de 110 mil portugueses vivemnaquele pequeno país constituídopor meio milhão de habitantes, ondeo padre Rui Pedro encontra pertode 2500 pessoas em cada domingo.A comunidade dinamiza celebraçõesdominicais, catequese, formação deleigos, atendimento pastoral, visitasa doentes e a reclusos, reuniõescom clero luxemburguês eparticipação na diocese, para alémda animação de uma associaçãosocial.Entre as dificuldades que seencontram no terreno, o religioso

aponta à Agência ECCLESIA o factode os portugueses constituírem umacomunidade numerosa e “exigente anível da tradição religiosa popular”,para além do processo deintegração eclesial devido àreestruturação jurídica e económicaem ato na diocese.Os portugueses têm de aprender aviver num pequeno país que “é einsiste em continuar trilingue”. Já doponto de vista da Igreja, sente-se “ainsuficiente formação cristã e poucadisponibilidade dos leigos”.Para o futuro existem projetos decatequese em língua portuguesa(340 crianças e 80 jovens/adultos)em duas comunidades e para ascrianças fronteiriças da vizinhaFrança.O Luxemburgo acolhe cincocelebrações eucarísticas dominicaisem cinco cidades e a comunidadeportuguesa é acompanhada poruma equipa de animação: 1sacerdote, 2 leigos assistentespastorais e grupo de voluntários(catequistas, grupos corais,visitadores doentes, grupo doCentro Social).

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A Comissão Episcopal da PastoralSocial e Mobilidade Humana e aObra Católica Portuguesa deMigrações enviaram em 2015 umamensagem à missão portuguesa noLuxemburgo, por ocasião dos seus50 anos de missão no país.

No texto, os dois organismosdestacam a importância desta datae tudo o que ela “significa deemoção e memória” para aquelesque, ao longo “de diferentesgerações”, apoiaram a integraçãodas comunidades de emigrantesportugueses no Luxemburgo.

No dia 10 de junho – Dia de Portugal, de Camões e das ComunidadesPortuguesas – tem lugar às 10h00, na Praça Joseph Thorn, bairro deMerl, na capital do Luxemburgo a tradicional cerimónia de deposição deuma coroa de flores no busto do poeta Luiz Vaz de Camões. A cerimónia,que será aberta ao público, é presidida, em representação do Governoportuguês, pela Ministra da Administração Interna, Constança Urbano deSousa.

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Cambridge, religiosidade e tradiçõesportuguesa no Canadá

O assistente da Obra CatólicaPortuguesa de Migrações esteverecentemente no Canadá maispropriamente em Cambridge, no sulda Província do Ontário, e viu umacomunidade “viva” e ativa queparoquialmente está “envelhecida”mas mantém a dinâmica.“Eles têm muitas coisas, Impérios

do Espírito Santo, bastantes clubesde futebol, associações. A maiorpadaria portuguesa é enorme efornece o pão a quase toda a gente.Há muitas lojas com produtosportugueses”, contou frei FranciscoSales sobre uma comunidade“empenhada e ativa” que é“interessante” de se conhecer.À Agência ECCLESIA, o assistente

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da Obra Católica Portuguesa deMigrações comentou que a nívelparoquial a comunidade deCambridge, no Canadá, “é viva” eexistem muitos grupos de animaçãomusical, entre outros.Contudo, relata o frade franciscano,as gerações mais novas “nãoaderem tanto” e vê-se “muita genteidosa” porque a “comunidadetambém está envelhecida, não háemigração”.“Falta a catequese, as paróquiasnão têm e, normalmente, dá umagrande vida. Faz parte da cultura acatequese ser dada na escolacatólica e os sacramentos também,pode ser muito positivo e educativomas das comunidades mais mortacom menos vida”, desenvolve o freiFrancisco Sales.A comunidade portuguesa deCambridge foi fundada há 56 anos eeste ano celebra duas efemérides:Os 50 anos da construção da igrejaparoquial e os 25 anos daconstrução da capela do SenhorSanto Cristo e da “primeira festa”em sua honra.Foi esta a festa que levou oassistente da Obra CatólicaPortuguesa de Migrações aoCanadá uma vez que foi convidadoa presidir às celebrações

do Senhor Santo Cristo dosMilagres, na Paróquia de NossaSenhora de Fátima, “uma dasparóquias nacionais portuguesas”. AIgreja do Canadá instituiu asparóquias nacionais, ligadas a cadacultura.Cambridge fica no sul da Provínciado Ontário, no Canadá e tem 140mil habitantes; A comunidadeportuguesa e lusodescendentes temcerca de 42 a 45 mil elementos.“A maioria dos que conheço e vejosão da Ilha de Santa Maria, dosAçores. É interessante queescolheram como festa quemanifestasse a unidade da paróquiao Santo Cristo do Milagres, que é deSão Miguel”, comenta o freiFrancisco Sales acrescentado quetambém há muitas pessoas da IlhaTerceira e o pároco, o padre AntónioCunha, é natural de Braga.Uma comunidade que foi crescendoe hoje tem grande expressão, comos pais a incentivarem os filhos aestudar sendo que hálusodescendentes em variadíssimasáreas profissionais como médicos,advogados.A presença de portugueses noCanadá é do século XVI mas aemigração só começou a terexpressão a partir de 1953.

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«Contra a Eutanásia»,apelo à vida de um agnóstico

O livro ‘Contra a Eutanásia’, domédico francês Lucien Israël, “umverdadeiro apelo à vida” e foiapresentado este domingo na Feirado Livro de Lisboa, e juntoumédicos como Gentil Martins eGermano de Sousa. Numcomunicado enviado hoje à AgênciaECCLESIA, a Paulus Editora informaque o médico autor do prefácio daobra ‘Contra a Eutanásia’ disse que“é um

verdadeiro apelo à vida de umindivíduo que se diz agnóstico”.O médico Luís Paulino Pereiraexplicou que o apelo à vida faz-seprimeiro, “citando as verdadeirasmaravilhas da medicina” e, depois,“tudo aquilo que é preciso fazerpara preservar a vida”.Segundo o médico de MedicinaFamiliar, colaborador assíduo dojornal ‘Sol’, o livro ‘Contra aEutanásia’,

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escrito por um homem de ciência,um leigo, um não-crente, tem umalinguagem acessível que “toda agente entende”, por isso, na Feirado Livro de Lisboa incentivou a quetodos leiam e tirem as suasconclusões.O autor do livro, o médico eprofessor universitário dePneumologia e Oncologia, LucienIsraël, deu aulas em França,Estados Unidos da América, Canadáe Japão e fundou o Laboratório deOncologia Celular e MolecularHumana, em Paris; Foi membro daAcademia de Ciências de NovaIorque. Segundo a Paulus estiverampresentes “dezenas de pessoas”,onde se desatacaram o médicocatólico Gentil Martins e Germanode Sousa, antigo bastonário daOrdem dos Médicos.Em declarações à revista ‘’FamíliaCristã, Gentil Martins, cirurgiãoplástico e pediátrico, comentou quea Constituição Portuguesa “diz noArt. 44.º que a vida humana éinviolável”: “Eu julguei que inviolávelé algo que não é alterável, emportuguês. Se a Constituição daRepública Portuguesa diz que a vidahumana é inviolável como é quedepois podem aprovar a eutanásia?”.Para Germano de Sousa é errado

colocar o debate sobre a legalizaçãoda eutanásia apenas na esfera doreligioso: “Sou contra a eutanásia.Não me movem questões religiosas.Movem-me questões de ética edeontologia.”A apresentação da nova obra com achancela Multinova - Editores eLivreiros marcou o seurelançamento como editora aoserviço da sociedade e da cultura.A Paulus Editora é desde outubrode 2015, a sócia maioritária daMultinova – Editores e Livreiros eassumiu o Conselho deAdministração.Na Feira do Livro de Lisboa, opresidente do Conselho deAdministração da Multinovadestacou a importância desselançamento uma vez que “nãoeditava nenhum livro há mais deuma década”.Os temas que irão acompanhar orenascer da Multinova como editorasão aqueles que estavam na suaorigem, “livros com valores humanose cristãos que ajudam a criar umasociedade mais humana, mais justa,mais fraterna”, disse o padre JoséCarlos Nunes, este domingo.

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Fundação Batalha de Aljubarrotahttp://www.fundacao-aljubarrota.pt/ Na semana em que comemoramosmais um dia de Portugal, deCamões e das ComunidadesPortuguesas, sugiro uma visita aoespaço virtual inteiramentededicado à Batalha de Aljubarrota.“Para Portugal, esta batalha,ocorrida no planalto de S. Jorge nodia 14 de Agosto de 1385, constituiuum dos acontecimentos maisdecisivos da sua história. Sem ela, opequeno reino português teria,muito provavelmente, sido absorvidopara sempre pelo seu poderosovizinho castelhano.” Portanto,pensamos que faz todo o sentido,aprendermos um pouco mais sobreo que se passou por terras deAlcobaça. Para isso, digite oendereço www.fundacao-aljubarrota.pt que é o sítio daFundação Batalha de Aljubarrota(FBA), que tem como principal meta

“valorizar e dignificar uma parte dopatrimónio cultural Portuguêsassociada aos principais campos debatalha existentes em Portugal”.Na página inicial além de sermospresenteados com um extraordináriovídeo interativo que representa ocenário medieval, encontramos umespaço com um design simples, masbastante eficaz, onde os conteúdosde qualidade estão nos principaisdestaques. Na opção “atividades evisitas” encontra tudo aquilo quepode fazer neste centrointerpretativo, que possui“atividades para todas as idades:visitas ao campo de batalha,oficinas, atividades ao ar livre, emuito mais”. Caso pretenda sabermais acerca da FBA,nomeadamente a sua história, osestatutos, os corpos sociais e outrosdados, basta clicar em “a fundação”.No item “a Batalha de Aljubarrota”encontramos um registo histórico detudo aquilo que se

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passou, desde o contexto político, àbatalha propriamente dita e quais asconsequências desta ação. Em“campos de Batalha”, descobrimosum conjunto de disputas guerreirasque ocorreram em terreno nacional,todas elas relacionadas com oacontecimento do planalto de S.Jorge. Ao entrarmos em“multimédia”, dispomos de umagaleria de imagens com um registonotável de iconografia medieval eainda um cem número de registoscartográficos. Temos ainda um jogo

de xadrez que podemos jogar numtabuleiro bem desenhado.Por último em “visita 360” somospresenteados com a possibilidadede explorarmos todo o espaço destecentro interpretativo através do usoda tecnologia 360º.Aqui fica a sugestão de visita virtuala um magnífico espaço para quepossa preparar melhor uma visitareal e assim conhecer mais ahistória do nosso país.

Fernando Cassola [email protected]

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II Concílio do Vaticano: Os«Encontrosdo café» com açúcar conciliar

Durante o período do II Concílio do Vaticano (1962-65), as novidades saídas da assembleia magnaconvocada pelo Papa João XXIII e continuada peloPapa Paulo VI eram debatidas e refletidas empequenos grupos porque a informação que chegava aPortugal era escassa.Existia um grupo no Seminário de Almada (na alturafazia parte do Patriarcado de Lisboa) que se reunianos denominados «Encontros de Café» para assimilaras normas emanadas do II Concílio do Vaticano. Umdesses elementos era o padre Albino Cleto (maistarde nomeado bispo auxiliar de Lisboa e,posteriormente, bispo de Coimbra).Na obra «D. Albino Cleto – Memórias de uma vidaplena» da autoria de José António Santos lê-se quedurante o período conciliar a “vida do padre Albino vaidecorrer muito por dinamismos gerados pelostrabalhos dos padres conciliares e pelas notícias queiam chegando de Roma”. O ainda padre Albino Cleto(nasceu em 1935 e faleceu em 2012) acompanha o IIConcílio do Vaticano pela «Information CatholiqueInternationale», “revista católica progressista queinspirava cuidados à polícia política” (In: InêsDentinho, «O bispo todo-o-terreno», Independente, 16de janeiro de 1998).No Seminário de Almada, o padre Albino Cleto integraa equipa de formadores, juntamente com outrossacerdotes, daquela instituição. E sob o pretexto da“oferta de um café, após o almoço, o padre AntónioJorge (também ele formador) passou a organizarencontros regulares no seu gabinete”. O padreAntónio Jorge tinha contactos “com instânciasestrangeiras de

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documentação, durante o concílio epós-concílio”, com o grupo daMoraes, António Alçada Baptista eJoão Bénard da Costa, que fizerama revista «O Tempo e o Modo», acooperativa «Pragma» e, fora doseminário, “integrava a equipacoordenadora de um jornalclandestino policopiado, o projetoeditorial «Direito à Informação»” (Lê-se na obra de José António Santos,página 140).De toda essa rede de contactos, opadre António Jorge recebia“notícias frescas, que disponibilizavanos encontros do café, o lugaronde

se construía o ambiente propício àprojeção e abertura a novoshorizontes, que rasgavam outrasperspetivas teológicas, sociais epolíticas”.Os momentos de café destes padresda equipa formadora do Semináriode Almada eram verdadeirastertúlias teológico-pastorais, ondeos participantes encontravam meiosde reflexão mais profunda epartilhada. O fermento do II Concíliodo Vaticano chegava timidamente,mas era um pilar reflexivo para ospadres mais arrojados.

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Junho 2016 11 de junho. Fátima - Peregrinação da Diocesede Bragança-Miranda ao Santuáriode Fátima (termina a 12 de junho) . Fátima, 10h00 - A FranciscanasMissionárias de Nossa Senhora vãoreunir a “família” que vive essecarisma para celebrar 140 anos depresença em Portugal com umaperegrinação ao Santuário deFátima . Porto, 16h30 - Igreja de SantoAntónio dos Congregados -Conferência sobre «A Igreja e opoder político em Portugal no séculoXVIII» por D. Carlos Azevedo queaborda a carta dogmático-políticacontra a inquisição do congregadoportuense, padre João Moutinho. . Porto - Igreja Paroquial deValongo, 21h15 - Concerto eaudição da Escola Diocesana deMinistérios Litúrgicos integradano Centro de Cultura Católica doPorto

14 de junho. Aveiro, Mercado Manuel Firmino,17h00 - O livro “O Padre dasPrisões – um ensaio sobre a vida doPe. João Gonçalves” vai serapresentado na Feira do Livro deAveiro. . Porto - Igreja de Nossa Senhorada Conceição, 21h30 - Conferênciasobre «A Jesus Cristo e aPedagogia da Misericórdia» porCarlos Meneses e promovida pelaParóquia da Senhora da Conceição(Porto). 15 de junho. Convento dos Cardaes, Lisboa,18h00 - O livro ‘A Mensagem deFátima na Rússia’, do jornalista JoséMilhazes, vai ser apresentado no dia15 de junho. . Porto - Igreja da Senhora daConceição, 21h30 - Conferênciasobre «A pedagogia da misericórdiae a ação pastoral», por CarlosMeneses e promovida pela Paróquiada Senhora da Conceição (Porto).

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- A paróquia de Santa Maria de Belém, no Mosteiro

dos Jerónimos, em Lisboa, acolhe dia 10 de junho umconcerto do organista sueco Hans-Ola-Ericsson, umafigura mundial da música de inspiração religiosa. Oevento tem início previsto para as 17h30 com entradalivre. - A Fundação Sol sem Fronteiras, organização não-governamental para o Desenvolvimento, convida acelebrar o Santo António no Largo da Graça, emLisboa, no dia 12 de junho, a partir das 20h00, “comsardinhas, febras, bebida, música e muita animação”.No dia 15, a animação continua no Páteo dosTanoeiros, na Calçada do Combro, por trás da Igrejade Santa Catarina, pelas 19h00, com uma sardinhadasolidária. - No Museu Municipal de Portalegre, continua patenteaté 26 de junho a exposição “Imagens de Fé – ExVotos da Diocese de Portalegre-Castelo Branco. - Um olhar contemporâneo sobre as 14 Obras deMisericórdia, é a proposta de uma mostra comtrabalhos de vários artistas nacionais que vai estarexposta até 10 de julho, no Museu e Igreja daMisericórdia do Porto. - O auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras vai serpalco no dia 16 de junho, pelas 21h30, da iniciativa “ODiálogo Inter-Religioso”, com a participação derepresentantes das três religiões mais influentes emPortugal. O presidente da comunidade islâmica deLisboa, Abdool Vakil; a vice-presidente da ComunidadeIsraelita presente na mesma cidade, Esther Mucznik, eo frei Bento Domingues, professor e teólogo católico,membro da Ordem dos Dominicanos.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

10h30 - Oitavo Dia 11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 12 de junho - Santo António de Lisboa,doutor da Igreja Segunda-feira, dia 13 - SantoAntónio: Lugares e tradições Terça-feira, dia 14 -Entrevista. EMRC na escola Quarta-feira, dia 15 dejunho - Informação eentrevista a Nelson Ribeiro,diretor da FCH da UCP Quinta-feira, dia 16 - Informação e entrevista aopadre Jerónimo Nunes, missionário da Boa Nova Sexta-feira, dia 17 - Análise à liturgia de domingopelos padres Nélio Pita e Robson Cruz. Antena 1Domingo, dia 12 de junho - 06h00 - Lisboa: casa deSanto António Segunda a sexta-feira, 13 a 17 de junho - 22h45 -O Santo António, doutor da Igreja - perspetivas eopiniões.

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Ano C – 11.º Domingo do TempoComum É Cristo quevive em mim

Lancemos um breve relance sobre a liturgia daPalavra deste 11.º domingo do tempo comum, tão emsintonia com o Ano Santo da Misericórdia que estamosa viver. Apresenta-nos um Deus de bondade e demisericórdia, que detesta o pecado, mas ama opecador; por isso, Ele multiplica “a fundo perdido” aoferta da salvação. Da descoberta de um Deus assim,brota o amor e a vontade de vivermos uma vida nova,integrados na sua família.A primeira leitura apresenta-nos, através da históriado pecador David, um Deus que não pactua com opecado; mas que também não abandona essepecador que reconhece a sua falta e aceita o dom damisericórdia.Na segunda leitura, Paulo garante-nos que a salvaçãoé um dom gratuito que Deus oferece, não umaconquista humana. Para ter acesso a esse dom, não éfundamental cumprir ritos e viver na observânciaescrupulosa das leis; mas é preciso aderir a Jesus eidentificar-se com o Cristo do amor e da entrega: éisso que conduz à vida plena.O Evangelho coloca diante dos nossos olhos a figurade uma “mulher da cidade que era pecadora” e quevem chorar aos pés de Jesus. Lucas dá a entenderque o amor da mulher resulta de haver experimentadoa misericórdia de Deus. O dom gratuito do perdãogera amor e vida nova. Deus sabe isso; é por isso queage assim.Estamos em pleno mês do Coração de Jesus.Podemos acolher a Palavra deste domingo sob essaluz, tentando descobrir e meditar as atitudes querecebemos do Coração de Jesus, tão presentes naliturgia de hoje, como o Amor, a Misericórdia, oPerdão, a Bondade; e rezar essas atitudes emambiente de adoração, vivendo-as quotidianamente,sempre com empenho.Só assim estamos a construir o Reino do Coração 58

de Jesus nas pessoas e nasociedade. Um Reino bem diferentede tantos reinos que nos queremimpor neste mundo!Ser profeta da civilização do amoracontece na medida em que anossa existência estiver baseada noCoração de Jesus Cristo,contemplado e amado, na Eucaristiacelebrada e adorada, na Palavraescutada e anunciada.Ser profeta da civilização do amoracontece na medida em quetestemunhamos e anunciamos oAmor de Deus, construindo o Reinodo Amor de Deus no coração doshomens e

mulheres do nosso tempo: um reinode justiça e paz, de amor emisericórdia, de perdão ecompaixão, de verdade e liberdade,de respeito e promoção dos direitoshumanos.Continuemos a viver fecundamenteeste mês do Coração de Jesus,identificados com Ele e levados pelaessencial indicação de São Paulo:«Já não sou eu que vivo, é Cristoque vive em mim». Que assim sejanas nossas vidas e famílias, nasnossas comunidades eclesiais ereligiosas!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Algarve: Padres da diocesecelebraram jubileu

Os sacerdotes da Diocese doAlgarve celebraram esta segunda-feira o seu jubileu, no contextodeste Ano Santo da Misericórdia,proclamado pelo Papa Francisco(dezembro de 2015 a novembro de2016).A Eucaristia teve lugar em SantaMaria de Tavira, uma das igrejasjubilares

algarvias, onde o bispo diocesanodestacou alguns temas que tinhamsido abordados na homilia do PapaFrancisco durante o Jubileu dosSacerdotes celebrado no Vaticano.D. Manuel Quintas destacou a“ligação contínua” entre aresponsabilidade de “anunciar emfidelidade” o Evangelho

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e a obrigação de escutar. Oprelado alertou os presbíteros paraa importância de criar espaço “paraque Deus fale”, de modo a que “sejaescutado com toda a atenção”,lembrando que “Ele fala até de umamaneira intensa”.“Se o profeta é aquele que fala emnome de Deus, tem que escutarAquele que fala senão começa afalar em nome pessoal e, em vez derealizar aquilo que é projeto deDeus para o povo, começa arealizar aquilo que são os seusprojetos e começa a aparecer maisa palavra ‘eu’ do que a palavra ‘tu’”,advertiu, numa intervençãodivulgada hoje pelo jornal diocesano‘Folha do Domingo’.A celebração ocorreu no contextodo Dia do Clero que, anualmente,

bispo, padres e diáconos doAlgarve assinalam no mês de junho.D. Manuel Quintas evidenciou umadas finalidades deste Ano daMisericórdia para os sacerdotes.“Um dos aspetos é procurar oessencial da nossa vida, pôr de ladoo acidental que tantas vezes nosocupa, preocupa, nos cansa, nosarrasa e nos stressa”, afirmou,lembrando que Deus não abandonaaqueles que escolhe e que cada umé “escolhido e amado a partir dopróprio coração” de Deus.A Eucaristia teve início com apassagem do clero pela Porta Santadaquela igreja jubilar, a porta dobatistério, e a renovação daspromessas batismais. O Dia doClero prosseguiu com uma visita aHuelva (Espanha).

O bispo de Santarém destacou a importância de viver-se uma verdadeiraperegrinação no Jubileu dos Sacerdotes da diocese e a partir da liturgiarefletiu sobre como “cultivar a alegria” de ir à procura “de quem andaperdido”.A partir das palavras do Papa Francisco, o bispo de Santarém explicouque as pessoas “precisam de ser escutadas com atenção ecompreensão” e esperam dos padres “proximidade, entrega,acompanhamento”. “Sofrem com o distanciamento, autorreferencialidadeou insensibilidade dos sacerdotes. […] A capacidade de relação é,portanto, um critério decisivo do pastor de misericórdia”, disse D. ManuelPelino.O prelado contextualizou que o Evangelho apresentou a imagem do“pastor misericordioso”, e só nessa perspetiva se pode “compreender aatitude do pastor da parábola” que “não é uma lógica económica de lucromas de amor”.

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A história (quase) esquecida da Igreja no Mali

A vida por um fioDepois da tentativa deimposição da “sharia”, a leiislâmica mais rigorosa, porgrupos jihadistas em 2012,quase não há presença cristã nonorte do Mali. Mesmo no restodo país, são poucos. E todossentem-se ameaçados. Sexta-feira, dia 20 de Novembro de2015. Hotel Radisson Blu, emBamako, capital do Mali. Passavampoucos minutos das seis damadrugada quando se escutaramos primeiros gritos, os primeirostiros. O hotel de luxo, frequentadoessencialmente por ocidentais,transformou-se, num ápice, numcampo de batalha. O ataque, quecausaria 27 mortos, foi reivindicadopor um grupo islamita radical, o Al-Murabitun, ligado à Al-Qaeda noMagreb Islâmico, e ocorreu apenasuma semana depois dos atentadosem Paris, cometidos pelo auto-proclamado “Estado Islâmico”. Atragédia na França terminou comcerca de 130 mortos e mais de 300feridos. Ainda hoje todos recordamesse ataque. O do Mali já caiu noesquecimento. Domingo, 29 Maio, 5capacetes azuis foram mortos numaemboscada no centro do país,

no que parece ser uma nova ondade violência terrorista. Na sexta-feiraanterior, dia 27, outros cincosoldados perderam a vida numaemboscada na região de Kidal. A 7de Janeiro deu-se o rapto de umareligiosa suíça, Beatrice Stockly.Num vídeo, a Al-Qaeda do MagrebeIslâmico (AQMI) reivindicou essesequestro afirmando que “Beatrice éuma freira suíça que declarouguerra ao Islão procurandocristianizar os muçulmanos”. O Malicontinua a ser um terreno fértil paraa actuação de grupos armados,apesar da intervenção militarfrancesa em 2013. “Apanhados peladesgraça”Por causa da violência e dainstabilidade, os cristãos são cadavez mais raros no país,especialmente ao norte. O padreGermain Arama, da diocese deMopti, no centro do Mali, étestemunha disso. “São muitopoucos e quase todos expatriados”,explica à Fundação AIS. A presençada Igreja aí é praticamenteinexistente. “A situação é muitodifícil”, explica Arama. “Há atentadossuicidas, bombas que

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explodem aqui e ali. Todo o trabalhopastoral está em ‘stand by’. O únicopadre que celebra missa no nortetem de ir num avião militar. No Norte– explica este sacerdote – quandoalguém sai de casa para ir trabalhar,despede-se da família pois nãosabe se voltará a encontrá-la noregresso.”No Mali é impossível esquecer ostempos terríveis em que o país foiocupado pelos jihadistas queimpuseram punições comoflagelações, amputações e

execuções. Nesses meses de terror,os jihadistas andaram “à caça desacerdotes e religiosos”. Desde oepicentro da crise, em 2012, a igrejado Mali tem sido apoiada pelaFundação AIS, com uma ajuda deemergência para as populações emfuga. Ainda hoje, essa ajuda éessencial. De facto, no Mali, oscristãos são cada vez menos eestão todos inquietos. Para oscristãos, no Mali, a vida pode estarmesmo por um fio.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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A praga do Trabalho Infantil

Tony Neves Espiritano

As crianças têm de crescer felizes. Precisam deuma família que as ame, de uma terra em paz eliberdade, de condições mínimas para viver comdignidade.Ora, o trabalho infantil arrasa todas estascondições prévias para um crescimento sadio. AComunidade dos Países de Língua Portuguesa(CPLP) dedica este ano ao combate sem tréguasao flagelo do trabalho infantil.Em boa parte da Lusofonia (como acontece emgrande parte do mundo), há muitas crianças quecrescem sem ter tempo para brincar, sem ir àescola, sem acesso aos cuidados maiselementares de saúde. Muitas das crianças nãovivem numa habitação condigna e algumaspassam os dias e as noites nas ruas.Drama enorme é a do tráfico de crianças. Muitassão compradas e vendidas como se faz ocomércio de gado ou de coisas numa feira oumercado. Tal indignidade é punida pelas leis detodos os Estados, mas praticada um pouco portodo o lado.Outra situação degradante prende-se com aexploração sexual de crianças. A pedofilia é umcrime de bradar aos céus e todas as leis sãopoucas para punir os infractores e todos oscuidados não são demais para proteger ascrianças deste perigo que espreita em cadaesquina da vida.A falta de acesso à escolaridade ‘dita’ obrigatóriae o insucesso escolar de muitas crianças põemem causa os sistemas de Educação denumerosos países. Há casos em que as criançasnão vão à

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escola porque não têm escola porperto. Há situações em que oabsentismo escolar se prende coma extrema pobreza das famílias oucom o facto de haver crianças quenão têm familiares que cuide bemdelas.Vacinas e outros cuidados médicoselementares estão longe debeneficiar todas as crianças domundo. As guerras, a pobrezageneralizada, a corrupção dosserviços públicos de saúde, odesleixo de algumas famílias…sãofactores que têm afastado criançasdos cuidados básicos de saúde aque têm direito.Finalmente, a questão do trabalhoinfantil. Inventam-se muitas razõespara se matar o futuro das crianças.Diz-se que trabalhar um pouco não

faz mal a ninguém, até educa!Apresenta-se a justificação de queos livros não enchem a barriga nemcobrem o corpo e, por isso, é maisimportante trabalhar que estudar! Eassim se abre as portas a um dosmaiores flagelos dos temposactuais, a praga do trabalho infantilque é necessário combater comtodas as forças e por todos osmeios.Todos queremos uma sociedadehabitada por gente feliz, séria ecompetente. Para tal, não se podemqueimar etapas e há que permitir àscrianças e jovens uma formaçãointegral que ajude a construir osadultos do futuro. Sem escola –sejamos realistas – não há futuroque se assegure com dignidade.

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