Debora p paula amostragem e rastreabilidade

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AMOSTRAGEM E RASTREABILIDADE Débora Pires Paula Controle Biológico Laboratórios de Ecologia e Biossegurança e Bioquímica e Biologia Molecular [email protected]

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AMOSTRAGEM E RASTREABILIDADE

Débora Pires Paula

Controle Biológico

Laboratórios de Ecologia e Biossegurança e Bioquímica e Biologia Molecular

[email protected]

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AMOSTRAGEM

Estudo de um pequeno grupo de elementos, considerado idôneo, retirado de uma

população que se pretende conhecer, com margem de erro aceitável.

Monitoramento pós-liberação comercial

Amostragem

Segurança alimentar

Fluxo de genes

Organismos não-alvo

Caracterização do OGM

Fiscalização MAPA

Pré-liberação comercial Pós

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Critérios ideais para amostragem

- Grupo controle (comparador – isolínea – e linhagens de referência) (EFSA, 2008)

no mesmo estágio fisiológico, idade e condições ambientais.

- Número de repetições (importância do experimento piloto). Determinação do

número ideal baseada no estudo caso-a-caso.

- Réplicas múltiplas temporal e espacial para capturar uma série de interações

entre ambiente vs gene (pressões bióticas e abióticas) (p.18, Codex 2003).

- Reprodutibilidade (importância de aliquotar e preservar amostras).

- Boas Práticas de Laboratório (BPL) (OECD, 1998).

- Análise estatística descritiva e inferencial.

Boas Práticas de Laboratório (BPL) tratam da organização, processo e das condições

sob as quais estudos de laboratório são planejados, executados, monitorados,

registrados e relatados. As BPL têm como intenção promover a qualidade e validação

dos resultados de pesquisa (OECD, 1998).

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Exemplo 1:

Milho com alto teor de lisina (LY038), o OGM e seu comparador em cinco locais diferentes

(Reynolds et al., 2004), porém apenas comparou um único ano.

A: Isolínea vs linhagens de referência. A

isolínea é a linhagem mais estreitamente

relacionada ao OGM teste e deve ser

cultivada conjuntamente com o OGM em

vários locais e anos (pS9, EFSA 2008).

B: Os componentes individuais "C", "M" e

"Y“ são também comparados ao OGM e

sua isolínea para determinar se o OGM e

a isolínea estão fora do intervalo do

parâmetro estudado relatado para as

culturas convencionais com um histórico

de uso seguro.

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ESTUDO : Comparação do número médio de ovos eclodidos das joaninhas

alimentadas com pulgões, entre plantas que expressam uma proteína X (GM) e que

não a expressam (isolínea ou linhagens de referência)

Deseja-se averiguar se joaninhas são afetadas pela uma proteína exógena X

Exemplo 2 (fictício):

Slide adaptado da aula

“Experimentação e Estatística”,

Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Antes de tudo precisamos formular as hipóteses a serem testadas:

M1 = Número médio de ovos eclodidos ao consumir pulgões das plantas GM

M2 = Número médio de ovos eclodidos ao consumir pulgões das plantas não-GM

Hipótese do pesquisador (Hipótese Nula) H0 (Usual testar a igualdade)

H0: M1 = M2

Hipótese alternativa (“contra-hipótese” ) H1

H1: M1 ≠ M2

A média de ovos eclodidos é estatisticamente

equivalente quando as joaninhas se alimentam de pulgões das plantas GM e não-GM

A média de ovos eclodidos é estatisticamente

é diferente quando as joaninhas se alimentam de pulgões das plantas GM e não-GM

Slide adaptado da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Unidade experimental: planta

Do lado direito de uma casa-de-vegetação colocou-se um vaso com a planta (idade = 2 meses)

que expressa a proteína X (T1);

Do lado esquerdo da estufa colocou-se um vaso com a planta (idade = 1 ano)

que não expressa a proteína X (T2);

Em cada planta foram colocadas 2 joaninhas e 2 pulgões;

• 24 horas depois, observou-se em T1 o número de ovos eclodidos pelas joaninhas;

• 48 horas depois, observou-se em T2 o número de ovos eclodidos pelas joaninhas;

P1 P2

Montagem do experimento

Slide adaptado da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Slide adaptado da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

Planta 1 Planta 2

Joaninha1 30 60

Joaninha2 100 120

Média 65 90

Desvio 49 42

CV% 76 47

O coeficiente de variação (C.V.) é o desvio padrão expresso como uma

porcentagem média.

%100*

x

sCV

DESVIO PADRÃO

MÉDIA

Baixa dispersão: CV 15%

Média dispersão: CV 15-30%

Alta dispersão: CV 30%

Depende muito

da área pesquisada

Conclusão do pesquisador: O número médio de ovos eclodidos é significativamente

maior para as joaninhas não expostas a proteína.

Posso confiar???

Variabilidade experimental

Quão homogênea

é a amostra

“Erro experimental”

RESULTADO:

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Influência da variabilidade experimental no teste

de hipótese

d1

d2

d3

d4

d5

d6

Di Distância de cada ponto em relação a média

Média do Grupo 2

Uso um valor para representar as repetições

de todo o grupo.

Esse ponto deve ser acompanhado de uma medida

que demonstre o quanto ele é confiável.

Esse acompanhante pode ser a média das distâncias di

(d1)2 + (d2)2 +...+(d6)2/(6-1)

uma soma

de quadrados

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

d1

d2

d3 d4

d5

d6 Di Distância de cada ponto em relação a média

Média do Grupo 1

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Para comparar esses dois grupos, decompomos a variabilidade em duas partes:

Parte que mede o efeito real

dos grupos

Parte que contém aquilo que não é possível

controlar no experimento

ERRO (RESIDUO)

+

(PARTE 1) (PARTE 2)

PARTE1

PARTE2 Se isso for muito grande, indica que meus tratamentos diferem

PARTE1

PARTE2

Se for pequeno, indica que os tratamentos não diferem

significativamente que a diferença é por conta do acaso.

COM BASE NESSAS OBSERVAÇÕES

REJEITAMOS OU NÃO A HIPÓTESE TESTADA.

SOMA DE QUADRADOS DOS

TRATAMENTOS

SOMA DE QUADRADOS DOS

RESÍDUOS

Slide adaptado da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Se esforços não forem feitos no sentido de controlar ao máximo as possíveis

causas de variabilidade do experimento podemos cometer erros graves, como:

Falar que as joaninhas são afetadas pela

proteína X quando na verdade não são! Falar que as joaninhas

não são afetadas pela

proteína X quando na verdade são!

Slide adaptado da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Em suma....

Podemos controlas as causas de variação de um experimento, através de:

• Repetição de unidades experimentais;

• Uniformidade da amostra;

• Casualização dos indivíduos experimentais aos

tratamentos;

• Uniformidade do meio;

• Uniformidade na aplicação de tratamento.

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Número de Repetições

Deve-se saber que esse número depende de vários fatores:

variabilidade do meio em que se realiza o experimento;

número de tratamentos em estudo;

recursos financeiros, físico, humano, etc.

Na Literatura, existem vários métodos para determinar o número ótimo de repetições:

Ensaios de uniformidade;

Métodos de simulação;

Métodos baseados em ensaios anteriores;

Curvas características de operação;

Alguns usam a fórmula:

Tais meios são trabalhosos e nem sempre chegam a resultados satisfatórios.

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Uma regra prática, que tem surtido bons resultados na experimentação agrícola e

zootécnica, é a de que os ensaios devem ter, no mínimo, 20 parcelas e/ou 10

graus de liberdade para o resíduo ou erro experimental.

Voltando em nosso exemplo...

Vamos supor que o experimento foi feito em esquema inteiramente casualizado (DIC),

são dois tratamentos, então...

Lembrando que os G.L do resíduo no DIC é kr – k, então:

kr – k ≥ 10

2r ≥ 12

r ≥ 6

Para cada tratamento usar pelo menos 6 plantas.

E o número de Joaninhas e Pulgões????

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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2

E

ZSn

Então, o tamanho da amostra

irá depender, além da variabilidade dos

dados, do erro que o pesquisador permite

cometer e do grau de confiança adotado.

Podemos usar a ferramenta de amostragem aleatória simples (AAS)

desvio padrão

é o erro permissível Amostragem

Aleatória

Simples

para

a média

(AAS)

valor da variável normal padrão associado

ao grau de confiança adotado

90% = 1.645

95% = 1.96

99% = 2.58

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Exemplo de aplicação da AAS

Vamos supor que em experimentos passados detectou-se que em média

as joaninhas apresentaram uma variabilidade em torno de 25 ovos eclodidos.

E que o pesquisador quer ter 90% de confiança que seu erro de estimativa (E) seja

de no máximo 5. Quantas Joaninhas serão necessárias?

Seriam necessárias 70 joaninhas.

705

)25(645.12

n

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Outras Técnicas de amostragem

• Vimos que quanto mais heterogênea uma população maior será a exigência

quanto ao tamanho amostral.

Então, se a população for muito heterôgenea, teremos :

SOLUÇÃO:

PODEMOS HOMOGENEIZAR A POPULAÇÃO:

DIVIDIR EM ESTRATOS HOMOGÊNEOS

+ =

AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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População Heterogênea

Divido a população

em estratos homogêneos

Em cada estrato posso fazer uma amostragem aleatória simples (AAS)!

AAS

AAS

AAS

Nossa amostra!!!

+ + = n

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Outras técnicas (não muito utilizadas nas Ciências Biológicas) ...

• Amostragem Sistemática

• Amostragem por Conglomerados

Slide da aula “Experimentação e Estatística”, Dra. Joseane Padilha, Cenargen

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Exemplo 3: Caso do algodão Bt Bollgard Evento 531 Monsanto – Março 2005

“(...) Diante do exposto, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio após a

análise de biossegurança do algodão Bollgard evento 531, processo 01200.001471/2003-

01, delibera favoravelmente à sua liberação para plantio comercial e consumo humano e

animal, mediante as condicionantes: (i) a Monsanto do Brasil Ltda., empresa detentora da

tecnologia Bollgard, deverá fornecer as seqüências dos iniciadores (primers) para

detecção de evento específico aos órgãos de registro e fiscalização; (ii) respeitar as

zonas de exclusão para o plantio de algodão geneticamente modificado, conforme

proposto por Barroso e Freire (2004) e definir e limitar a época de plantio do algodão

Bollgard evento 531 nas diferentes regiões produtoras de algodão, principalmente em

localidades com cultivos de algodão safrinha; (iii) deverão ser preconizadas áreas de

refúgio com cultivares não transgênicas de algodão correspondentes a 20% da área a ser

cultivada com o algodão Bollgard evento 531, localizadas a distâncias inferiores a 800 m;

(iv) adotar práticas de manejo conservacionista da cultura do algodoeiro, tais como a

destruição da soqueira, a queima para controle de doenças, a rotação de culturas, o

emprego de culturas armadilhas e o controle biológico. Aos órgãos de fiscalização

competentes cabe garantir o cumprimento das exigências contidas no Parecer Técnico

Prévio Conclusivo, principalmente aquelas relativas às áreas de refúgio e zonas de

exclusão. Não há restrições ao uso do OGM em análise e seus derivados, desde que

obedecidas as exigências contidas no Parecer Técnico Prévio Conclusivo. Assim sendo,

a CTNBio considera que essa atividade não é potencialmente causadora de significativa

degradação do meio ambiente e da saúde humana. (...)”

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RASTREABILIDADE

Cadeia logística de informação sobre determinado produto que permite conhecer o histórico de

produção (matérias-prima, local, circunstância, intervenientes), os processos de recepção,

armazenamento, produção e expedição até comercialização (cadeia de distribuição).

Indústria agro-alimentar

Objetivos:

* Informar os consumidores graças à rotulagem de produtos derivados de OGM

* Criar uma rede de segurança baseada na rastreabilidade dos produtos em qualquer

fase da produção e colocação no mercado

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A rastreabilidade dos OGM abrange tanto produtos ou elementos de produtos, inclusive

sementes, quanto dos produtos destinados à alimentação humana ou animal

produzidos a partir de OGM.

A rede de segurança permite o controle e verificação das alegações nutricionais feitas

nos rótulos, o acompanhamento dos potenciais efeitos na saúde humana e no ambiente

e a retirada de produtos do mercado, se for verificado um risco imprevisto para a saúde

humana ou para o ambiente.

Rotulagem de OGM no Brasil: Decreto 4680/03, IN 1 e 22, Portaria 2658/03

“Art. 2º - Na comercialização de alimentos e ingredientes alimentares destinados ao

consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de OGMs, com

presença acima do limite de 1% do produto, o consumidor deverá ser informado da

natureza transgênica do produto.

(...)

- Os alimentos e ingredientes produzidos a partir de animais alimentados com ração

contendo ingredientes transgênicos deverão ser rotulados (rastreabilidade).”

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União Européia

Garante a rastreabilidade e a rotulagem dos organismos geneticamente modificados e dos

produtos produzidos a partir de OGM ao longo de toda a cadeia alimentar.

As regras de rastreabilidade aplicam-se a todos os OGM; consequentemente, os

pedidos de OGM destinados à alimentação humana ou animal (Regulamento

1829/2003/CE) devem respeitá-las, tal como os pedidos de OGM destinados a cultivo

(Directiva 2001/18/CE, parte C).

No caso dos produtos destinados à alimentação humana ou animal, incluindo os

destinados diretamente à transformação, os vestígios de OGM continuarão a ser

isentos da obrigação de rotulagem se não ultrapassarem o limite máximo de 0,9% e

se a sua presença for involuntária e tecnicamente impossível de evitar.

Os Estados-Membros asseguram a aplicação de medidas de inspecção e de controle

dos produtos, incluindo o controle por amostragem e as análises quantitativas e

qualitativas dos alimentos.

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Sites sobre OGM e Biossegurança

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

http://www.ctnbio.gov.br/

Biosafety Clearing House (BCH):

http://bch.cbd.int/

European Food Safety Authority (EFSA):

http://www.efsa.europa.eu/EFSA/efsa_locale-1178620753812_home.htm

Codex Alimentarius:

http://www.codexalimentarius.net/web/index_en.jsp

Biosafety Assessment Tool (BAT):

https://bat.genok.org/bat/